173
OTIMIZAÇÃO COM EVOLUÇÃO DIFERENCIADA ADAPTATIVA COM DUPLA SUPERFÍCIE DE RESPOSTA DO VPL DE UMA UTE COMPLEXA E FLEXÍVEL Bruno Itagyba Paravidino Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Engenharia Mecânica. Orientador: Marcelo José Colaço Rio de Janeiro Setembro de 2013

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OTIMIZAÇÃO COM EVOLUÇÃO DIFERENCIADA ADAPTATIVA COM DUPLA

SUPERFÍCIE DE RESPOSTA DO VPL DE UMA UTE COMPLEXA E FLEXÍVEL

Bruno Itagyba Paravidino

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-graduação em Engenharia

Mecânica, COPPE, da Universidade Federal do

Rio de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de Mestre em

Engenharia Mecânica.

Orientador: Marcelo José Colaço

Rio de Janeiro

Setembro de 2013

OTIMIZAÇÃO COM EVOLUÇÃO DIFERENCIADA ADAPTATIVA COM DUPLA

SUPERFÍCIE DE RESPOSTA DO VPL DE UMA UTE COMPLEXA E FLEXÍVEL

Bruno Itagyba Paravidino

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO

LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA

(COPPE) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE

DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE

EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA MECÂNICA.

Examinada por:

________________________________________________

Prof. Marcelo José Colaço, Ph.D.

________________________________________________ Prof. Manuel Ernani de Carvalho Cruz, Ph.D.

________________________________________________ Dr. Leonardo dos Santos Reis Vieira, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

SETEMBRO DE 2013

iii

Paravidino, Bruno Itagyba

Otimização com Evolução Diferenciada Adaptativa

com Dupla Superfície de Resposta do VPL de uma UTE

Complexa e Flexível/ Bruno Itagyba Paravidino. – Rio de

Janeiro: UFRJ/COPPE, 2013.

XII, 161 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Marcelo José Colaço

Dissertação (mestrado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de

Engenharia Mecânica, 2013.

Referências Bibliográficas: p. 155-161.

1. Evolução Diferenciada Adaptativa. 2. Superfície de

Resposta. 3. Otimização. I. Colaço, Marcelo José. II.

Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE,

Programa de Engenharia Mecânica. III. Título.

iv

As minhas meninas

Lu e Lara.

v

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais por sempre me incentivarem aos estudos. A minha

esposa Lu e a minha linda filha Lara.

Agradeço aos meus colegas de trabalho por me ajudarem a conclusão do

trabalho, principalmente ao Thiago, Franciele e Alessandro.

vi

Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

OTIMIZAÇÃO COM EVOLUÇÃO DIFERENCIADA ADAPTATIVA COM DUPLA

SUPERFÍCIE DE RESPOSTA DO VPL DE UMA UTE COMPLEXA E FLEXÍVEL

Bruno Itagyba Paravidino

Setembro/2013

Orientador: Marcelo José Colaço

Programa: Engenharia Mecânica

Este trabalho apresenta um algoritmo de otimização, o ED2SR, que emprega

uma função interpolada no lugar de uma função objetivo a ser maximizada na

otimização de uma Usina Termelétrica complexa, a partir do método heurístico

Evolução Diferenciada. A função objetivo é representada pelo Valor Presente Líquido

de um empreendimento térmico, que leva em consideração um risco associado ao

investimento de apenas 5%, bem como as diversas flexibilidades operacionais existentes

num projeto de investimento em usinas termelétricas no Brasil. Para auxiliar as soluções

dos balanços de massa e energia de cada projeto e evitar a obtenção dos modelos físico

e termodinâmico de forma explícita, este trabalho faz uso do simulador de processos

Thermoflow. Durante o processo de maximização, para o cálculo da função objetivo, o

simulador de processo é chamado diversas vezes até que se obtenha um valor ótimo. É

constatado neste trabalho que a aplicação do modelo de Superfície de Resposta

formulado em funções de base radial, como método de interpolação da função objetivo

original, implica a redução do número de avaliações da função original, sem prejuízo

significante quando da obtenção do valor ótimo. Este trabalho mostra o

desenvolvimento de uma metodologia de investimento, que ao otimizar os parâmetros

do processo de geração de uma térmica, garante a lucratividade do empreendedor e

elimina o risco do seu Valor Presente Líquido ser negativo.

vii

Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

ADAPTIVE DIFFERENTIAL EVOLUTION WITH DOUBLE RESPONSE

SURFACE OPTIMIZATION OF A COMPLEX AND FLEXIBLE POWER PLANT’S

NPV

Bruno Itagyba Paravidino

September/2013

Advisor: Marcelo José Colaço

Department: Mechanical Engineering

This work presents an optimization algorithm, the ED2SR, which makes use of

an interpolation function in order to replace the objective function to be maximized in

the optimization of a complex power plant system. A heuristic method, called

Differential Evolution, was used for this task. The objective function is represented by

the Net Present Value of the project, which takes into account an investment risk of 5%,

as well as other investment flexibilities in power plants usually found in Brazil. To

solve the mass and energy conservation equations for each project and to avoid explicit

physical and thermodynamic models, this work makes use of the Thermoflow processes

simulator software. During the maximization process of the objective function, the

process simulator is called repeatedly until it obtains an optimal value of it. It is found

in this study that the application of a response surface model formulated in terms of

radial basis functions, as an approximation mathematical function of the original

physical problem, implies in a reduction of the number of evaluations of the original

objective function, without significant impairment of the optimal value obtained at the

end of the optimization task. This work shows the development of an investment

methodologies that, by optimizing the power plant’s parameters, eliminates the risk of

Net Present Value be negative and ensure the profitability of the investor.

viii

Sumário

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1

1.1 MOTIVAÇÃO ................................................................................................... 1

1.2 OBJETIVO ........................................................................................................ 3

1.3 FERRAMENTAS .............................................................................................. 4

1.3.1 Simulador Termodinâmico Thermoflow .................................................... 4

1.3.2 Plataforma de Cálculo MATLAB............................................................... 7

1.4 MÉTODO DE OTIMIZAÇÃO: UMA INTRODUÇÃO .................................. 8

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................... 11

2.1 SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO ............................................................... 11

2.2 ALGORITMOS EVOLUTIVOS..................................................................... 17

2.2.1 Evolução Diferenciada ............................................................................. 19

2.3 MÉTODO DA SUPERFÍCIE DE RESPOSTA .............................................. 24

3 COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA NO SEB .............................. 27

3.1 COMERCIALIZAÇÃO NO ACR .................................................................. 27

3.1.1 Contratos de Disponibilidade ................................................................... 29

3.1.2 Leilões De Energia Nova .......................................................................... 32

3.1.3 O Índice de Custo Benefício ..................................................................... 33

3.1.4 Metodologia de Cálculo do ICB ............................................................... 36

3.1.4.1 Disponibilidade ................................................................................. 36

3.1.4.2 Inflexibilidade ................................................................................... 36

3.1.4.3 Custo Variável Unitário - CVU ......................................................... 37

3.1.4.4 Custos Marginais de Operação - CMO ............................................. 39

3.1.4.5 COP e CEC........................................................................................ 41

3.1.4.6 Receita Fixa ....................................................................................... 42

3.2 COMERCIALIZAÇÃO NO ACL ................................................................... 43

3.3 MERCADO DE CURTO PRAZO .................................................................. 45

4 USINA TERMELÉTRICA ..................................................................................... 46

4.1 PLANTA DE GERAÇÃO: CICLO COMBINADO ....................................... 46

4.2 UTE-BASE ...................................................................................................... 48

4.2.1 UTE-Base no Thermoflow ....................................................................... 49

4.3 INTERFACE THERMOFLOW E MATLAB ................................................ 53

4.3.1 Convertendo a UTE-Base Em U-Link ..................................................... 54

4.3.2 Executando a UTE-Base no Matlab ......................................................... 55

ix

5 FUNÇÃO OBJETIVO ............................................................................................ 56

5.1 VPL DE UMA UTE FLEXÍVEL .................................................................... 56

5.1.1 Investimento ............................................................................................. 60

5.1.2 Receita do CCEAR ................................................................................... 61

5.1.3 Receita do Contrato PPA .......................................................................... 63

5.1.4 Outros Custos ........................................................................................... 65

5.1.5 VPL da UTE ............................................................................................. 66

5.2 ANÁLISE DE RISCO ..................................................................................... 68

5.3 SIMULAÇÃO DE MONTE CARLO ............................................................. 70

5.4 EXPRESSÃO FINAL PARA A FUNÇÃO OBJETIVO ................................ 72

6 ALGORITMO DE OTIMIZAÇÃO ........................................................................ 76

6.1 MÉTODO DA EVOLUÇÃO DIFERENCIADA ............................................ 76

6.1.1 Método Tradicional .................................................................................. 76

6.1.1.1 Mutação ............................................................................................. 77

6.1.1.2 Cruzamento ....................................................................................... 78

6.1.1.3 Seleção .............................................................................................. 80

6.1.2 Método Adotado: ED_Mod ...................................................................... 81

6.1.2.1 Adaptação dos Fatores de Cruzamento e Mutação ........................... 82

6.1.2.2 Pool de Estratégias de Mutação ........................................................ 87

6.1.2.3 Adaptação das Estratégias ................................................................. 90

6.1.2.4 ED_mod ............................................................................................. 93

6.2 MÉTODO DE SUPERFÍCIE DE RESPOSTA ............................................... 95

6.3 ALGORITMO PROPOSTO: ED2SR ............................................................ 100

6.3.1 H3_mod .................................................................................................. 100

6.3.1.1 SR .................................................................................................... 102

6.3.2 ED2SR .................................................................................................... 104

6.4 TESTE DE OTIMIZAÇÃO COM ED2SR: .................................................. 108

7 UTE ÓTIMA: UM ESTUDO DE CASO ............................................................. 117

7.1 MODELAGEM DO VALOR PRESENTE LÍQUIDO ................................. 117

7.1.1 Avaliação das Variáveis Comuns ........................................................... 118

7.1.1.1 Vida Útil .......................................................................................... 118

7.1.1.2 Taxa Mínima de Atratividade Anual e Mensal ............................... 119

7.1.1.3 Garantia Física da UTE ................................................................... 119

7.1.1.4 Disponibilidade da UTE .................................................................. 120

x

7.1.1.5 Inflexibilidade da UTE .................................................................... 121

7.1.1.6 Custo Variável Unitário – CVU ...................................................... 121

7.1.1.6.1 Custo Variável Unitário de Caráter Estrutural ............................. 123

7.1.1.6.2 Custo Variável Unitário de Caráter Operacional ......................... 123

7.1.1.7 Custo Marginal de Operação – CMO .............................................. 124

7.1.1.8 Preço de Liquidação das Diferenças – PLD .................................... 124

7.1.2 Receita da Comercialização de Energia no Ambiente Regulado ........... 126

7.1.2.1 Valor do ICB ................................................................................... 126

7.1.2.2 Valor do COP e CEC ...................................................................... 127

7.1.2.2.1 Custo de Operação ....................................................................... 127

7.1.2.2.2 Custo Econômico de Curto Prazo ................................................ 128

7.1.3 Receita da Comercialização de Energia no Ambiente Livre .................. 128

7.1.3.1 Preço da Energia Contratada ........................................................... 129

7.1.3.2 Custo Variável Unitário no mês t .................................................... 129

7.1.3.3 Número de Horas no Mês................................................................ 130

7.1.4 Custos Diversos ...................................................................................... 130

7.1.4.1 Investimento .................................................................................... 130

7.1.4.2 Outros Custos .................................................................................. 131

7.1.4.3 Impostos Diretos e de Renda ........................................................... 132

7.1.4.4 Depreciação ..................................................................................... 132

7.2 VALOR PRESENTE LÍQUIDO DA UTE-BASE ........................................ 133

7.3 OTIMIZANDO A UTE-BASE ..................................................................... 137

7.3.1 Otimizando Com o Algoritmo da ED_mod ............................................ 139

7.3.2 Otimizando Com o Algoritmo da ED2SR .............................................. 147

8 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 152

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 155

xi

NOMENCLATURAS

ACL Ambiente de Contratação Livre.

ACO Ant Colony Optimization (Método da Colônia de Formigas).

ACR Ambiente de Contratação Regulada.

AdapSS Adaptive Strategy Selection.

AEO Annual Energy Outlook.

AG Algoritmos Genéticos (Genetic Algorithms).

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica.

BP Busca em Padrões.

CCEAR Contratos de Comercialização de Energia Elétrica no Ambiente

Regulado.

CCEE Câmara de Comercialização de Energia Elétrica.

CEC Custo Econômico de Curto Prazo.

CMO Custo Marginal de Operação.

COP Custo de Operação.

CVU Custo Variável Unitário.

ED Evolução Diferenciada (Differential Evolution).

EIA Energy Information Administration.

EP Enxame de Partículas.

EPE Empresa de Pesquisa Energética.

GCPS Grupo Coordenador do Planejamento dos Sistemas Elétricos.

GEATbx Genetic and Evolutionary Algorithm Toolbox.

GF Garantia Física.

ICB Índice de Custo Benefício.

LEN Leilão de Energia Nova.

MAE Mercado Atacadista de Energia Elétrica.

MCP Mercado de Curto Prazo.

MCSD Mecanismo de Compensação de Sobras e Déficits para as Distribuidoras.

MME Ministério de Minas e Energia.

ONS Operador Nacional do Sistema.

PE Programação Evolutiva (Evolutionary Programming).

PEACE Plant Engineering And Construction Estimator.

PLD Preço de Liquidação das Diferenças.

xii

PNE Plano Nacional de Energia.

PPA Power Purchase Agreement.

RE-SEB Reestruturação do Setor Elétrico Brasileiro.

PSO Particle Swarm Otimization (Método do Enxame de Partículas).

RS Recozimento Simulado.

SCL Sistema de Contabilização e Liquidação.

SEB Setor Elétrico Brasileiro.

SMS Simulação de Monte Carlo

TMA Taxa Mínima de Atratividade

UTE Usina Termelétrica.

VPL Valor Presente Líquido.

1

1 INTRODUÇÃO

1.1 MOTIVAÇÃO

Diferente da grande maioria dos países, o Brasil tem sua matriz energética com

participação majoritária de fontes renováveis. O setor elétrico utiliza como base,

principalmente, a energia proveniente de usinas hidrelétricas e as demais fontes de

energia servem como complementares no caso de hidrologia desfavorável ou elevação

de demanda. As usinas termelétricas se enquadram neste segundo caso, sendo chamadas

a despachar em períodos secos, em que os reservatórios das usinas hidrelétricas estão

com seus níveis baixos, e também para atendimento da demanda nos horários de ponta.

Desde o início da década de 90 o Setor Elétrico Brasileiro (SEB) está sendo

profundamente reestruturado, com o objetivo de introduzir a livre competição nos

segmentos de geração e de comercialização, assim como possibilitar a inserção de

novos agentes na prestação dos serviços de energia elétrica (conduzida pelo Ministério

de Minas e Energia), preservando a lucratividade e o interesse destes em investir em

geração.

O modelo vigente de comercialização de energia elétrica no Brasil estabelece a

contratação da energia para atendimento da expansão do mercado consumidor das

distribuidoras por meio dos Leilões de Energia Nova, sendo o menor preço ofertado o

critério para a seleção dos empreendimentos vencedores.

Entre as vantagens da geração termelétrica, quando comparada com uma

hidrelétrica, estão o menor tempo para instalação, o menor investimento unitário

instalado (quantificado em R$/KW) e a flexibilidade para o atendimento da demanda.

Porém, investimentos em usinas termelétricas são classificados como de alto risco

devido ao alto custo da geração térmica, incerteza da taxa de câmbio, incerteza do preço

2

do gás natural, restrição de oferta de gás natural e a baixa probabilidade de ocorrer uma

hidrologia desfavorável, dentre outros.

A flexibilidade operacional imposta pela nova estrutura do setor, onde a

termelétrica flexível somente será despachada se o preço da energia no Mercado de

Curto Prazo (preço spot) estiver acima do seu custo operacional, agrega valor ao

investimento. Com isso, é imprescindível a obtenção de um modelo de avaliação de

projetos que capture as reais vantagens provenientes da flexibilidade operacional de

uma planta de geração termelétrica [1], que transforme esse tipo de operação flexível

em valor (receita), para que seja adicionado ao Valor Presente Líquido (VPL) do

empreendimento.

As características supracitadas tornam o Sistema Elétrico Brasileiro bastante

peculiar em sua configuração. Nesse sentido, o projeto de usinas termelétricas deve

atender as exigências de um mercado baseado em contrato bilateral na modalidade

Disponibilidade de Energia Elétrica (de acordo com o Decreto n° 5.163 de 30/7/2004 e

Lei n° 10.848 de 15/3/2004, art. 27 e 28, [2]) para geração de energia e ainda manter a

atratividade do negócio de geração para o investidor, dando a possibilidade de atuar no

mercado spot. Dado este contexto, a grande vantagem para a produção termelétrica está

no fato da térmica se declarar flexível perante o Operador Nacional do Sistema, ONS,

ao invés de atuar de forma inflexível1 [1].

Diante disso, é necessário desenvolver metodologias que garantam projetos

termelétricos otimizados e com baixos custos, levando em consideração as reais

vantagens provenientes da flexibilidade operacional de uma planta de geração

termelétrica instalada no Brasil.

1 Inflexibilidade corresponde ao montante de potência mínima que deve ser obrigatoriamente despendido e que não está sujeito, portanto, à regra de despacho do ONS.

3

1.2 OBJETIVO

Este trabalho teve como objetivo otimizar um ciclo combinado com três níveis

de pressão de vapor, reaquecimento, extração e indução, partir da avaliação das

possibilidades de ganho (receitas) provenientes de variáveis incertas como: atuar no

mercado spot (Mercado de Curto Prazo) ou no mercado de contratos bilaterais. Ou seja,

a otimização do ciclo de geração teve como função objetivo o Valor Presente Líquido

de uma térmica segundo as regras impostas pelo Setor Elétrico Brasileiro, levando em

consideração um risco associado ao investimento de apenas 5% e as diversas

flexibilidades existentes num projeto de investimento em usinas termelétricas no Brasil

[1-3].

Para o cálculo da função objetivo não foram desenvolvidos modelos físicos e

termodinâmicos de forma explícita para o ciclo de geração. Neste trabalho o simulador

de processo termodinâmico Thermoflow1 foi utilizado com o propósito de resolver os

balanços de massa e de energia para que o VPL fosse então calculado.

O principal objetivo da escolha do Thermoflow foi porque este apresenta um

banco de dados de custos completo para empreendimentos de usinas termelétricas. Nele,

são contemplados individualmente os principais sistemas e equipamentos, materiais,

custos de engenharia, custos de construção e montagem, todos compatíveis com os

preços praticados nos EUA. Um banco de dados dessa magnitude foi uma ferramenta de

grande valia para os cálculos de investimento do empreendimento, parte integrante da

função objetivo.

Para otimizar a planta termelétrica foi desenvolvida uma ferramenta

computacional que integra o Thermoflow com uma plataforma de cálculo

computacional, o MATLAB.

1 Pacote de programas de engenharia desenvolvido para a indústria de geração elétrica e cogeração.

4

Foi desenvolvido um código computacional que integra o algoritmo de

otimização baseado no método heurístico Evolução Diferenciada (ED) [4] com a função

objetivo, conforme visto na referência [5]. Como este trabalho utilizou um simulador de

processo termodinâmico para o cálculo da função objetivo, foi aplicado o método de

Superfície de Resposta na otimização da função objetivo com o intuito em diminuir o

número de simulações executadas pelo Thermoflow, ou seja, diminuir o número de

avaliações da função objetivo, reduzindo o custo computacional.

A grande diferença em relação ao que a referência [5] já aplicou em termos de

otimização de sistemas térmicos, foi a proposta de uma função objetivo, que leva em

consideração os riscos de um projeto de investimento termelétrico no Brasil; a

abordagem de modelos recentes do método da Evolução Diferenciada, considerando a

adaptação de seus parâmetros; a consideração de outros tipos de funções de base radial

no método de interpolação; a consideração de um critério baseado no erro dos mínimos

quadrados para a escolha do parâmetro de forma presente no método de Superfície de

Resposta, com intuito de melhorar a aproximação e contornar o mal condicionamento

da matriz de interpolação, conforme visto na referência [6]; a proposta de um algoritmo

de otimização que integra o método da Evolução Diferenciada Adaptativa com o

modelo de Superfície de Resposta, o ED2SR; e um teste de otimização utilizando o

ED2SR na otimização de cinco funções conhecidas: Beale; Branin; Easom; Sphere; e

Griewank.

1.3 FERRAMENTAS

1.3.1 Simulador Termodinâmico Thermoflow

O Thermoflow é um pacote de programas (software) de engenharia térmica

5

desenvolvido para a indústria de energia e cogeração, sendo comercializado desde 1987.

Com os programas do Thermoflow é possível modelar diferentes plantas de geração

termelétrica. Dentre os programas do pacote destacam-se: GTpro; GTMaster; SteamPro;

SteamMaster; e Thermoflex.

• GTpro: Este foi o primeiro programa desenvolvido para o pacote, sendo um

programa de projeto de plantas de geração e cogeração utilizando turbogeradores a gás.

Baseado em critérios de projeto termodinâmicos definidos pelo usuário, o programa

gera balanços de massa e energia e o projeto conceitual dos equipamentos mais

relevantes na planta. Aliado ao módulo PEACE (Plant Engineering And Construction

Estimator) gera ainda como dado de saída uma estimativa do custo total do

empreendimento, podendo, portanto, ser utilizado para estudos de viabilidade técnico-

econômicos;

• GTMaster: Este programa também simula modelos de plantas de cogeração e

ciclo combinado. No entanto, diferentemente do GTPro, seu objetivo principal é estudar

o comportamento de uma determinada planta quando operando em condições diferentes

das condições de projeto (off-design). Dessa forma, o GTMaster permite então estudar

diferentes cenários operacionais tanto para novos projetos quanto em plantas já

existentes;

• SteamPro: Neste programa é possível criar plantas de geração termelétrica que

sejam baseadas no ciclo Rankine. Assim como o GTPro, o usuário é responsável por

definir os principais critérios de projeto, tendo o auxílio do banco de dados do próprio

programa para decisão de parâmetros ainda não conhecidos na fase de projeto. Também

é utilizado junto com o módulo PEACE para estudos de viabilidade técnico-econômica

deste tipo de unidade;

6

• SteamMaster: Este o é equivalente do programa GTMaster para o SteamPro.

Permite estudar o comportamento de unidades novas já definidas ou unidades existentes

em condições off-design;

• Thermoflex: Diferente dos programas descritos anteriormente, que foram

desenvolvidos para atender projetos de plantas específicas (ciclos Rankine nos casos do

SteamPro e SteamMaster e ciclos Brayton+Rankine nos casos do GTPro e GTMaster), o

Thermoflex segue a filosofia fully-flexible. Com ele o usuário pode construir o modelo

de sua unidade com todas as particularidades necessárias, que de outra forma não

poderiam ser modeladas nos outros programas do pacote Thermoflow. No entanto, sua

maior flexibilidade é conseguida em detrimento da facilidade da construção dos

modelos que os outros programas possuem, justamente por serem destinados a

aplicações específicas. Portanto, o Thermoflex exige do usuário um maior

conhecimento técnico de ciclos e equipamentos e maior cuidado na elaboração dos

modelos, e certamente um maior dispêndio de tempo. Outra grande diferença entre os

outros programas e o Thermoflex é que este último não dispõe do módulo PEACE.

Além destes principais programas, o Thermoflow possui utilitários compatíveis

com a plataforma Excel, que permitem ao usuário explorar ao máximo o banco de dados

de plantas de geração termelétrica que o programa oferece, tanto no estudo de

elaboração de novos projetos quanto no estudo de alterações de plantas existentes.

Alguns dos utilitários mais conhecidos, compatíveis com a plataforma Excel, são o E-

Link e o TOPS. Entretanto, estes não serão abordados neste trabalho.

Outro utilitário menos conhecido é o U-Link. U-Link é a interface ActiveX do

software Thermoflow. Ele funciona em ambientes de programação que suportam

ActiveX dynamics link libraries (dll), como por exemplo: MATLAB; MS Excel; MS

7

Visual Base C; dentre outros. Ou seja, o U-Link permite o usuário criar uma interface

com modelos de plantas previamente construídas a partir dos programas do Thermoflow

(GTpro, GTMaster, SteamPro, SteamMaster, e Thermoflex) e manipulá-las em outro

ambiente de programação.

Com isso, o usuário tem a liberdade de utilizar os resultados previstos pelo

modelo do Thermoflow com outras informações, como por exemplo: informações do

desempenho previsto; de banco de dados financeiros; informações da disponibilidade do

equipamento mecânico; dados meteorológicos; previsão de demanda; etc.

Neste trabalho foram utilizados os seguintes programas: GTpro e U-Link.

1.3.2 Plataforma de Cálculo MATLAB

O MATLAB é uma plataforma da empresa MathWorks com linguagem de

programação de alto nível. Esta foi a plataforma utilizada para a criação das rotinas de

otimização através da implementação de algoritmos e com auxílio de procedimentos

prontos pertencentes à biblioteca do programa.

Através do MATLAB foram desenvolvidas as rotinas para o cálculo da função

objetivo, do algoritmo de otimização e para construção da superfície de resposta. É

durante a execução da função objetivo que o simulador de processo Thermoflow é

requisitado. Um conjunto de parâmetros de operação (variáveis de decisão) gerado pelo

algoritmo de otimização é fornecido ao Thermoflow através de linhas de comando

escritas no MATLAB, o qual também ordena que a simulação seja executada e por fim

extrai todas as informações necessárias para o cálculo do VPL de um empreendimento

termelétrico.

8

1.4 MÉTODO DE OTIMIZAÇÃO: UMA INTRODUÇÃO

O algoritmo de otimização desenvolvido neste trabalho foi baseado no Método

da Evolução Diferenciada (ED). Este método foi proposto por [4] em 1995 como uma

nova abordagem heurística baseada segundo a teoria de Darwin, onde os membros mais

fortes de uma população são mais capazes de sobreviver em uma determinada condição

ambiental.

O algoritmo da ED tradicional consiste em gerar aleatoriamente (a partir de uma

distribuição de probabilidade uniforme) uma população com NP indivíduos dentro do

domínio delimitado, sendo cada um dos NP indivíduos representado por um vetor de

variáveis de otimização. Para cada vetor (indivíduo) é calculada a função objetivo,

sendo este procedimento chamado de avaliação (evaluation).

Assim, esta população inicial sofre modificações a partir dos processos de

mutação (mutation), cruzamento (crossover) e seleção (selection), construindo-se uma

nova população (ou nova geração) a cada iteração.

Na realidade, a intenção dos processos de mutação e cruzamento é gerar

perturbações nos indivíduos da população corrente, para que assim, seja feita uma busca

pelo espaço de soluções.

O primeiro processo consiste em gerar um vetor mutante (mutant vector) para

cada vetor da população corrente. Este vetor é formado a partir de uma combinação

linear entre dois ou mais vetores escolhidos aleatoriamente da população corrente. Esta

combinação é ponderada por um fator de mutação F, sendo este fator mantido constante

durante todo o processo de otimização.

O segundo processo, o cruzamento, consiste em formar outro vetor, chamado de

vetor experimental (trial vector). Este vetor é composto pelas componentes (variáveis

de otimização) do vetor da população corrente e pelas componentes do vetor mutante

9

(criando no processo de mutação), ou seja, o vetor experimental é a mistura das

componentes dos outros dois vetores citados. A escolha de qual componente irá compor

o vetor experimental é feita a partir da comparação de um número aleatório (entre 0 e 1)

com o fator de cruzamento CR, sendo este fator, assim com o fator de mutação,

mantido constante durante todo o processo iterativo.

Por fim, a função objetivo é avaliada para o vetor experimental. No caso de uma

minimização, se o valor da função objetivo aplicada ao vetor experimental for menor do

que o valor dela aplicada ao vetor da população atual, então o vetor experimental

substitui o vetor da população na geração seguinte. Caso contrário, o vetor da população

atual é mantido na próxima geração. Esta última operação é chamada seleção e o

procedimento de otimização continua até que algum critério de parada seja cumprido.

Portanto, dada uma população inicial e definidos os valores dos fatores de

mutação e cruzamento (F e CR), os processos de mutação, cruzamento e seleção são

repetidos sucessivamente até que o procedimento de otimização seja encerrado (veja

Figura 1.1 a seguir).

Iniciação

Avaliação

Definir F e CR Repetir

Mutação

Cruzamento

Avaliação

Seleção

Até (critério de parada)

Figura 1.1 – Passos da ED

Na realidade o fator de mutação é responsável pelo mapeamento do domínio de

busca, ou seja, o fator F permite controlar uma convergência prematura. Já o fator de

cruzamento (CR) é responsável pela velocidade da convergência: quanto maior, mais

rápida será a convergência, segundo [7].

10

Diante do que foi exposto, o algoritmo da ED tradicional baseia-se numa ideia

muito simples, ou seja, uma busca global por meio da adição de vetores, que cria um

“sobrevivente” a partir do simples processo de seleção. Além disso, a ED é muito fácil

de ser implementada (poucas linhas de programação) em qualquer plataforma de

cálculo, contendo uma quantidade limitada de parâmetros a ser sintonizados (somente

NP, F e CR). Neste sentido, este método foi escolhido para servir de base para o

algoritmo de otimização proposto neste trabalho.

11

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este trabalho foi fundamentado a partir dos conceitos encontrados nas

referências bibliográficas que serão vistas a seguir: o atual modelo de comercialização

de energia elétrica no Brasil; método de otimização da Evolução Diferenciada; e o

método de aproximação da Superfície de Resposta.

2.1 SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO

Até o ano de 1995, o Setor Elétrico Brasileiro (SEB) era conduzido por

empresas federais e estaduais, ou seja, o Estado mantinha o monopólio do setor. Desde

o início da década de 90, ocorreram dois grandes processos de reforma do SEB que

contribuíram para o formato do modulo atual do setor.

O início do primeiro processo de reforma do Setor Elétrico Brasileiro ocorreu

em 1993 com a Lei nº 8.631, que extinguiu a equalização tarifária vigente e criou os

contratos de suprimento entre geradores e distribuidores. Em 1995, a reforma foi

marcada pela criação do Produtor Independente de Energia e foi criado o conceito de

Consumidor Livre, a partir da promulgação da Lei nº 9.074 de 1995 [2, 3].

Em 1996, coordenado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), foi

implantado o Projeto de Reestruturação do Setor Elétrico Brasileiro (Projeto RE-SEB).

Nele eram previstos: a necessidade de implantar a desverticalização das empresas de

energia elétrica, a partir das divisões dos segmentos de geração, transmissão e

distribuição; incentivar a competição nos segmentos de geração e comercialização; e

manter sob regulação os setores de distribuição e transmissão de energia elétrica,

considerados como monopólio naturais, sob regulação do Estado [8]. Este projeto foi

concluído em agosto de 1998.

12

Concomitante à criação do Projeto RE-SEB, foram implementadas mudanças de

cunho institucional para viabilizar alterações no setor elétrico, destacando-se: criação de

um órgão regulador (a Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL); criação de um

operador para o sistema elétrico nacional (Operador Nacional do Sistema Elétrico -

ONS); e criação de um ambiente para a realização das transações de compra e venda de

energia elétrica (o Mercado Atacadista de Energia Elétrica - MAE).

Todas essas medidas eram condizentes com o objetivo de aumentar a eficiência

dos serviços elétricos, restaurar o equilíbrio financeiro e sanear a crise no setor (gerada

com a crise da década de 80) atraindo novos investimentos. Porém, essas medidas não

foram eficazes, pois a reforma não foi eficiente em atrair investimentos para a

necessária expansão do sistema, o que, aliado ao crescimento da demanda e ao

deplecionamento dos reservatórios, levaram ao racionamento de energia elétrica em

2001 [9].

A crise de abastecimento de energia elétrica ocorrida em 2001 gerou uma série

de questionamentos em relação ao rumo do SEB. Com isso, visando adequar o primeiro

modelo (anteriormente citado), foi implantado em 2002 o Comitê de Revitalização do

Modelo do Setor Elétrico, com o intuito de obter propostas de alterações no SEB [8].

Com a entrada do novo governo em 2003, houve o início do segundo processo

de reforma do Setor Elétrico Brasileiro, ou seja, uma nova reestruturação onde foram

focados, sob a ótica do governo, os seguintes objetivos: garantir a segurança de

suprimento de energia elétrica; promover a modicidade tarifária, através da contratação

eficiente de energia para os consumidores regulados; e promover a inserção social no

setor elétrico, em particular através dos programas de universalização de atendimento.

Com isso, sustentado pelas Leis nº 10.847 e 10.848, de 15 de março de 2004 e

pelo Decreto nº 5.163, de 30 de julho de 2004, o Governo Federal lançou as bases do

13

novo modelo para o SEB, em que foram definidas: a criação de uma instituição

responsável pelo planejamento do setor elétrico a longo prazo (a Empresa de Pesquisa

Energética - EPE); a criação de uma instituição com a função de avaliar

permanentemente a segurança do suprimento de energia elétrica (o Comitê de

Monitoramento do Setor Elétrico - CMSE); e a criação de uma instituição para dar

continuidade às atividades do MAE, relativas à comercialização de energia elétrica no

sistema interligado (a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica - CCEE) [2, 8].

Na Tabela 2.1 estão representadas as diversas alterações que o Setor Elétrico

Brasileiro sofreu até chegar o modelo vigente.

Uma das grandes mudanças do novo modelo passa ser em relação à

comercialização de energia, a partir da instituição de dois tipos de ambientes para

celebração de contratos de compra e venda de energia: o Ambiente de Contratação

Regulada (ACR); e o Ambiente de Contratação Livre (ACL).

No ACR, as distribuidoras compram energia a longo prazo para o atendimento

dos seus consumidores cativos por meio de licitação na modalidade de leilões

conduzidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Neste ambiente

participam os Agentes Vendedores (comercializadores, geradores, produtores

independentes ou autoprodutores) e os de Distribuição, que são os compradores de

energia elétrica. A contratação neste ambiente é formalizada através de contratos

bilaterais regulados, denominados Contratos de Comercialização de Energia Elétrica no

Ambiente Regulado (CCEAR).

14

Tabela 2.1 - Transformações dos modelos do SEB [8]

No ACL participam os Agentes de Geração, os de Comercialização, os

Importadores e os Exportadores de energia, e os Consumidores Livres, onde são

firmados contratos bilaterais entre os mesmos e a negociação é livre. Os envolvidos

neste ambiente de contratação celebram contratos do tipo PPA (Power Purchase

Agreement), que é um contrato de compra e venda de energia por um período

determinado com condições pré-estabelecidas de preços e volumes, firmadas entre as

partes [10].

Os Agentes de Geração, sejam concessionários de serviço público de Geração,

Produtores Independentes de energia ou Autoprodutores, assim como os

Comercializadores, podem vender energia elétrica nos dois ambientes, mantendo o

caráter competitivo da geração, e todos os contratos, sejam do ACR ou do ACL, são

registrados na CCEE e servem de base para a contabilização e liquidação das diferenças

Modelo Antigo Modelo de Livre Mercado Novo Modelo

(até 1995) (1995 a 2003) (a partir de 2004)

Financiamento através de recursos públicos

Financiamento através de recursos públicos e privados

Financiamento através de recursos públicos e privados

Empresas vert icalizadasEmpresas divididas por atividade:

geração, transmissão, distribuição e comercialização

Empresas divididas por atividade: geração, transmissão, distribuição,

comercialização, importação e exportação.

Empresas predominantemente Estatais

Abertura e ênfase na privatização das Empresas

Convivência entre Empresas Estatais e Privadas

Monopólios - Competição inexistenteCompetição na geração e

comercializaçãoCompetição na geração e

comercialização

Consumidores Cativos Consumidores Livres e Cativos Consumidores Livres e Cativos

Tarifas reguladas em todos os segmentos

Preços livremente negociados na geração e comercialização

No ambiente livre: Preços livremente negociados na geração e

comercialização. No ambiente regulado: leilão e licitação pela menor

tarifa

Mercado Regulado Mercado LivreConvivência entre Mercados Livre e

ReguladoPlanejamento Determinativo - Grupo

Coordenador do Planejamento dos Sistemas Elétricos (GCPS)

Planejamento Indicativo pelo Conselho Nacional de Política

Energética (CNPE)

Planejamento pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE)

Contratação: 100% do MercadoContratação : 85% do mercado (até agosto/2003) e 95% mercado (até

dez./2004)

Contratação: 100% do mercado + reserva

Sobras/déficits do balanço energético rateados entre compradores

Sobras/déficits do balanço energético liquidados no MAE

Sobras/déficits do balanço energético liquidados na CCEE. Mecanismo de Compensação de Sobras e Déficits

(MCSD) para as Distribuidoras.

15

no Mercado de Curto Prazo [8]. Uma visão geral da comercialização de energia é

apresentada Figura 2.1, a seguir.

Figura 2.1 - Ambientes de Comercialização [8]

Além dos dois ambientes de contratação mencionados anteriormente, existe o

Mercado de Curto Prazo (MCP). O mercado se resume na apuração das diferenças entre

a energia contratada e a energia verificada e posterior valoração dessas diferenças ao

Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) ou preço spot. Exemplificando, para um

Agente Distribuidor apura-se a diferença entre o montante total contratado e o seu

consumo, e para um Agente Gerador apura-se a diferença entre o montante total

contratado e a geração, essas diferenças (podendo ser positivas ou negativas) são

valoradas pelo Preço de Liquidação das Diferenças que irão compor os pagamentos ou

recebimentos do Agente no âmbito da CCEE [8].

O PLD é determinado para cada patamar de carga e para cada submercado (Sul,

Sudeste/Centro-Oeste, Norte e Nordeste, totalizando quatro), tendo como base o custo

marginal de operação do sistema elétrico, limitado por um preço mínimo (PLD mínimo)

e um preço máximo (PLD máximo). Esses limites existem de acordo com legislação da

ANEEL, com validade entre a primeira e a última semana operativa de preços do ano.

Conforme descrito pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, a

16

metodologia para determinação do PLD é operacionalizada através do programa

NEWAVE. Este programa é utilizado para modelar o planejamento da operação

hidrotérmica, a partir do cálculo do Custo Marginal de Operação (CMO) do setor

elétrico nacional que, no caso brasileiro, serve de base para a definição do preço spot ou

Preço de Liquidação das Diferenças (PLD).

O modelo de planejamento de operação hidrotérmica (NEWAVE) representa as

energias afluentes modeladas por um processo auto regressivo periódico de ordem p,

PAR(p), aproximando o comportamento estocástico das vazões naturais. Os custos

marginais de operação apresentam uma volatilidade decorrente da aleatoriedade das

vazões afluentes. Como os preços da energia no curto prazo são calculados pelo CMO,

essa característica influencia os resultados econômicos da geração e comercialização de

energia elétrica [3].

Não foi escopo deste trabalho a abordagem da metodologia de cálculo utilizado

para o planejamento de operação, tampouco como o programa NEWAVE gera os

valores dos CMO. Entretanto, o CMO mencionado tem uma relação proporcionalmente

inversa com o volume de água contida nos reservatórios. Com isso, há maior

probabilidade deste custo ser pequeno na maioria do tempo, desfavorecendo a atuação

de qualquer empreendimento somente no Mercado de Curto Prazo. Ou seja, haverá

maior probabilidade do custo operacional do empreendimento ser maior do que o PLD

(ou preço spot) durante a vida útil do projeto [2].

Para efeito de cálculo e conclusão desta dissertação, foi utilizado o banco de

dados disponível no próprio site da CCEE [8], que contém os últimos valores de CMO

com previsões equivalentes a cinco anos.

Resumindo, a nova estrutura do Setor Elétrico Brasileiro classifica as usinas

termelétricas como Agentes Geradores, permitindo, com isso, às mesmas atuarem tanto

17

no Ambiente de Contratação Regulada, quanto no Ambiente de Contratação Livre e no

Mercado de Curto Prazo. Dado este contexto de flexibilidade operacional é

imprescindível a obtenção de um modelo de avaliação de projetos que capture as reais

vantagens provenientes da flexibilidade operacional de uma planta de geração

termelétrica, transformando esse tipo de operação flexível em valor (receita) para o

empreendimento termelétrico [1].

2.2 ALGORITMOS EVOLUTIVOS

Os algoritmos evolutivos, segundo a referência [11], são baseados nos princípios

da Teoria da Evolução e Genética, onde só há sobrevivência dos indivíduos mais aptos.

Os primeiros trabalhos envolvendo métodos evolutivos são datados da década de 30,

quando sistemas evolutivos naturais passaram a ser investigados como algoritmos de

exploração de função objetivo multimodal.

Porém, somente com o crescimento do acesso a computadores, a partir da

década de 60, que se intensificaram os desenvolvimentos de Algoritmo Evolutivos.

Acreditava-se na evolução biológica como uma potencial ferramenta para o processo de

otimização, possibilitando a sua utilização em problemas de engenharia.

Os métodos evolutivos são da classe dos métodos heurísticos (classe de

algoritmos de otimização estocástica), que utilizam estratégias de busca não

determinísticas. Esses métodos não estão fundamentados em complexos conceitos

matemáticos e não utilizam o gradiente da função objetivo para determinação da direção

de procura no processo iterativo de otimização (características marcantes dos métodos

determinísticos).

De acordo com a referência [12], os algoritmos evolutivos têm uma vantagem

importante sobre outros tipos de métodos numéricos, dentre os quais são citados os mais

18

importantes:

• Eles só exigem informações sobre a função objetivo (ou multiobjetivo) em si,

que pode ser explícita ou implícita, dando flexibilidade para lidar com um amplo

espectro de problemas;

• Apresentam simplicidade, ou seja, podem ser modelados com poucas e simples

linhas de código;

• Apresentam adaptação relativamente fácil para problemas das mais diversas

áreas;

• Eles podem ser aplicados a problema que apresentam funções objetivo (ou

multiobjetivo) descontínuas e não diferenciáveis;

• Podem facilmente escapar de ótimos locais.

Alguns dos Algoritmos Evolutivos mais comuns são: Algoritmos Genéticos [14]

(Genetic Algorithms, AG); Programação Evolutiva [15] (Evolutionary Programming,

PE) e a Evolução Diferenciada [4] (Differential Evolution, ED), dentre outros. Além

desses, existem alguns métodos baseados na analogia com o comportamento social de

espécies, como por exemplo, o Método do Enxame de Partículas [16] (Particle Swarm

Optimization, PSO) e o Método da Colônia de Formigas [17] (Ant Colony Optimization,

ACO), dentre outros.

Importantes trabalhos mostram as diferença entre os principais métodos

heurísticos aqui citados. A referência [13] mostra que o método da ED tem excelente

performance, quando comparado com outros algoritmos testados (PSO e AG). O mesmo

apresentou ser robusto, ter maior velocidade de convergência e encontrou o ótimo

global em quase todas as execuções do método, quando aplicado a funções numéricas

de benchmark. A referência [18] mostrou que o método da ED tem uma melhor

19

convergência do que o método AG, quando estes foram aplicados a problemas de

engenharia de diferentes áreas.

Atualmente o algoritmo da ED tem sido utilizado em muitos casos práticos de

engenharia [11] e vem se tornando progressivamente mais popular (quando comparado

com os outros métodos heurísticos), pois apresenta boas propriedades de convergência,

sendo considerado de fácil compreensão. Na realidade, segundo [7], esta popularidade

se deve ao fato do método cumprir com cinco requisitos que normalmente os usuários

exigem:

• Habilidade em lidar com funções não lineares, não diferenciáveis e multimodais;

• Permite cálculos paralelos de funções objetivo, quando esta tem um alto custo

computacional;

• Facilidade de uso e compreensão, ou seja, poucas variáveis de controle para

orientar a minimização ou maximização;

• Variáveis de controle robustas e de fácil de escolha;

• Convergência consistente para o mínimo global em tentativas independentes e

consecutivas.

2.2.1 Evolução Diferenciada

O algoritmo da Evolução Diferenciada (ED) foi proposto por [4] em 1995 como

uma nova abordagem heurística. A principal motivação para o desenvolvimento deste

algoritmo foi a lenta taxa de convergência e a dificuldade na determinação dos

parâmetros do polinômio de Chebychev exibida pelo algoritmo híbrido denominado

Recozimento Genético (Genectic Annealing). Foi durante a resolução deste problema

que [4] decidiu modificar o algoritmo híbrido de forma a trabalhar com codificação de

ponto flutuante e com operações aritméticas. Neste sentido, foi desenvolvido o operador

20

de mutação diferencial, o qual fundamenta o algoritmo da ED.

Em maio de 1996, o sucesso da ED foi demonstrado no Primeiro Concurso

Internacional em Otimização Evolutiva (First International Contest on Evolutionary

Optimization, 1st ICEO) e na Conferência Internacional sobre Computação Evolutiva

(International Conference on Evolutionary Computation - CEC) [19]. Nestes eventos o

algoritmo da ED terminou em terceiro lugar geral e em primeiro lugar entre os

algoritmos evolutivos.

Em 1997, a algoritmo da ED tradicional também foi apresentado no Segundo

Concurso Internacional em Otimização Evolutiva (2nd ICEO) [20] e acabou como um

dos melhores entre os algoritmos concorrentes.

Apesar da ED utilizar conceitos emprestados da ampla classe dos Algoritmos

Evolutivos, os resultados experimentais apresentados mostraram que o desempenho da

ED é melhor do que muitos dos Algoritmos Evolutivos mais comuns [7, 21]. Neste

sentido a ED ganhou popularidade por demostrar ser um algoritmo robusto, de fácil

compreensão e com poucos parâmetros de controle a serem definidos, como o tamanho

da população (NP), o fator de mutação (F) e o fator de cruzamento (CR) [7].

Entretanto, segundo a referência [22], embora o algoritmo da ED tradicional

proposto por [4] (apresentado brevemente na introdução deste trabalho, seção 1.4)

pareça ser, à primeira vista, muito eficiente, o mesmo esconde uma limitação. Se por

algum motivo o algoritmo não tiver sucesso na geração de indivíduos descendentes que

superem a população atual correspondente, o processo de busca será repetido com os

mesmos parâmetros de mutação (F) e cruzamento (CR) e provavelmente falhará por

cair em uma condição de estagnação indesejada. Em outras palavras, a principal

desvantagem da ED tradicional ocorre quando as ações inerentes ao método não forem

suficientes para gerar novas soluções promissoras, ficando a busca pelo valor ótimo

21

fortemente comprometida.

Na última década ficou evidente que o sucesso dos processos de otimização do

método da ED depende da correta definição dos seus parâmetros NP (tamanho da

população), F (fator de mutação) e CR (fator de cruzamento). Esta observação é

enfatizada em vários trabalhos, como por exemplo, nas referências [23, 24].

O tamanho da população NP corresponde à quantidade de vetores (ou

indivíduos) presentes em cada geração, sendo que cada indivíduo passa pelos processos

de mutação, cruzamento e seleção.

Para um determinado indivíduo estes processos podem ser benéficos, enquanto

para outros podem resultar em um desperdício de esforço computacional. Portanto, uma

população muito pequena pode promover uma quantidade muito limitada de processos

bem sucedidos, enquanto uma população muito grande pode conter um número elevado

de processos ineficazes. Em outras palavras, se o valor de NP for muito pequeno pode

causar convergência prematura e se for muito grande pode causar estagnação.

Segundo [15], a definição do valor de NP é semelhante ao que ocorre em outros

algoritmos evolutivos, quando se considera a dimensão (variáveis de otimização) do

problema para estimar a quantidade de indivíduos.

A referência [7] propõe um valor para NP igual a dez vezes a dimensão do

problema. No entanto, um estudo feito por [25], além de não confirmar esta proposta,

foi mostrado que uma população de tamanho menor do que a dimensionalidade do

problema pode ser o ideal em muitos casos.

A definição de valores ideais para os fatores de mutação (F) e cruzamento (CR)

é considerada uma tarefa desafiadora, por não ser simples e nem intuitiva, entretanto, é

crucial para garantir o sucesso do algoritmo.

Neste sentido, vários estudos têm sido propostos na literatura. A partir de uma

22

análise empírica, [22] chegou à conclusão que o uso de F igual a 1 não é recomendado,

pois provoca uma diminuição significativa do poder de explorar o domínio de busca.

Analogamente, o mesmo autor recomenda não utilizar um CR igual a 1, uma vez que

poderá diminuir drasticamente a possibilidade de criar vetores experimentais diferentes,

causando uma estagnação.

As referências [7, 26] recomendam utilizar valores entre [0,5; 1] e [0,8; 1] para

os fatores de mutação e cruzamento, respectivamente. Nos trabalhos publicados por [27,

28], os valores de F e CR foram fixados em 0,9, obtendo sucesso nos testes realizados.

A análise empírica relatada em [28], mostra que, em muitos casos, adotar F e CR

maiores do que 0,6 conduzem a resultados com melhor desempenho.

É fácil observar que na literatura existem várias propostas de valores ideais para

os parâmetros F e CR, confundindo assim, os usuários do algoritmo da ED, por ser

muitas vezes conflitantes.

Nos últimos anos, tornou-se claro para a comunidade científica que, apesar do

método da ED ser um bom algoritmo, existem margens consideráveis de melhoria na

estrutura do algoritmo, especialmente quando aplicado a problemas reais e de

engenharia. Com base nestas considerações, recentemente várias propostas de

modificações as estruturas da ED foram realizadas, destacando-se as adaptações dos

parâmetros F e CR durante o processo evolutivo [11-13, 23, 24, 29-36].

Segundo a referência [38], destacam-se na literatura como estado da arte os

algoritmos jDE [11], SaDE [23], JADE [35], EPSDE [33], CoDE [31], MDE_pBX [34].

Cada um destes algoritmos são modificações do método da ED tradicional proposto por

[4], onde adotam diferentes estratégias para adaptar os parâmetros F e CR e ainda

propõe outras estratégias de mutação, diferentes daquelas indicadas inicialmente por [4].

Nos últimos três anos alguns autores propuseram modificações ao algoritmo

23

JADE [35], destacando-se os algoritmos wJADE-4 [36] e AdapSS-JADE [37], propostos

nos anos de 2012 e 2011, respectivamente. Estes algoritmos obtiveram performance

melhor do que os considerados como estado da arte. Neste sentido, o algoritmo de

otimização utilizado nesta dissertação foi baseado nas propostas indicadas nos trabalhos

[36, 37], as quais serão abordadas com maiores detalhes na seção 6.1 do capítulo 6.

Quanto ao Uso da Evolução Diferenciada na Otimização de Sistemas Térmicos

Por se mostrar simples e robusto, o algoritmo da Evolução Diferenciada vem

sendo aplicado na solução de diversos problemas de engenharia na última década, tais

como: projeto de sistemas [39], sistemas lineares [40], transferência de calor [41],

projeto manipulador de robô [42], etc.

O método da ED também vem sendo aplicado aos problemas de otimização

ligados a sistema de geração e cogeração. No trabalho desenvolvido por [43] a ED foi

utilizada para otimizar um sistema de cogeração segundo o menor custo de

implementação, utilizando o conceito de termoeconomia, obtendo grande sucesso.

A referência [44] aplicou o algoritmo evolutivo na otimização termoeconômica

paramétrica do sistema benchmark de cogeração denominado CGAM. Segundo o autor,

o algoritmo se mostrou poderoso, proporcionando resultados de acordo com estudos

anteriores.

Em [45] foi apresentado a utilização de um algoritmo evolutivo para otimizar o

custo de implementação de uma UTE em ciclo combinado, segundo o conceito de

termoeconomia. Este trabalho fez uso do software comercial GateCycle para resolver o

balanço de massa e energia da planta térmica. No que diz respeito ao algoritmo de

otimização, foi utilizado o pacote de programação GEATbx (Genetic and Evolutionary

Algorithm Toolbox) disponível no MATLAB, obtendo grande sucesso.

24

A referência [46] equacionou e definiu uma estratégia de compra de energia

elétrica no leilão público para uma Distribuidora, considerando-se as restrições impostas

pelo Setor Elétrico Brasileiro (SEB). Para encontrar a melhor estratégia foi utilizado o

algoritmo da ED tradicional, obtendo o sucesso esperado.

Quanto a Otimização do VPL de uma UTE, Segundo as Regras do SEB

Foram encontradas na literatura várias propostas para equacionar o VPL de um

empreendimento termelétrico, segundo as regras impostas pelo Setor Elétrico Brasileiro.

Entretanto, nestes estudos as características da térmica eram conhecidas e o objetivo era

identificar qual a melhor forma de investir em um empreendimento previamente

conhecido [1-3, 47-53].

A proposta desta dissertação foi exatamente inversa, ou seja, identificada uma

forma de investir (podendo ser a melhor ou não) segundo as regras e restrições impostas

pelo SEB, o objetivo foi determinar os melhores parâmetros do processo de geração de

uma UTE para o tipo de investimento escolhido. Este tipo abordagem é nova e singular,

onde as referências citadas serviram apenas de base para que o Valor Presente Líquido

deste estudo fosse modelado.

Nos capítulos 3 e 5 será abordado com maior detalhe a formulação do VPL de

um empreendimento termelétrico instalado no Brasil adotada nesta dissertação,

atribuindo um risco de apenas 5%. Esta formulação foi utilizada como função objetivo

para otimizar o ciclo de geração, que será apresentado no capítulo 4.

2.3 MÉTODO DA SUPERFÍCIE DE RESPOSTA

Modelos de superfície de resposta são frequentemente usados na substituição de

modelos físicos complexos, quando o cálculo da função objetivo é dispendioso e

25

quando se tem um grande número de variáveis de decisão. Este modelo é usado no lugar

da formulação original, a fim de reduzir o custo computacional em problemas de

otimização [55].

A técnica de aproximação é construída a partir de uma formulação analítica

adequada, usando dados disponíveis sobre a função objetivo que se deseja substituir.

Uma das formulações mais populares são as funções de base radial (RBF1) [56].

Inicialmente, as RBF foram desenvolvidas para determinar soluções

aproximadas de equações diferenciais parciais. A referência [57] verificou que as

funções de base radial as RBF eram capazes de construir um esquema de interpolação

com propriedades favoráveis, tais como elevada eficiência, qualidade e capacidade de

lidar com dados dispersos, especialmente para os problemas de dimensão superior. A

referência [57] cita que as RBF apresentam qualidade de interpolação superior, quando

comparadas com outras técnicas de interpolação como, por exemplo, a transformada

Wavelet, a Expansão de Taylor e simulação sequencial gaussiana.

Várias aplicações em problemas de Engenharia Mecânica têm sido feitas nos

últimos anos, por exemplo, [5, 58, 59]. A referência [5] aplicou o modelo de superfície

de resposta num problema de otimização termoeconômica paramétrica do sistema

benchmark de cogeração CGAM utilizando um simulador termodinâmico e conclui que

o emprego deste método pode reduzir o número de avaliações da função objetivo em

muitos casos.

A grande vantagem do emprego desta técnica em funções objetivo implícitas

(como a deste trabalho) consiste em obter um modelo de aproximação analítico,

permitindo que a busca pelo ponto ótimo (durante um processo de otimização) seja mais

rápida do que no modelo original. Contudo, se um modelo de superfície de resposta for

1 Radial Basis Function

26

utilizado, o grau de fidelidade diminuirá, segundo a referência [5].

Com o intuito de diminuir o número de funções avaliadas (ou seja, diminuindo o

número de simulações do Thermoflow) durante o processo de otimização, neste trabalho

foi empregado o método de superfície de resposta formulado em RBF em substituição a

formulação original da função objetivo. Para contornar a perda de fidelidade por utilizar

uma função aproximada, foi utilizado o algoritmo H3 proposto por [55].

Assim, na seção 6.3.2 do capítulo 6 será apresentado o algoritmo de otimização

proposto neste trabalho, o ED2SR. Este algoritmo inicia-se fazendo uso da metodologia

de otimização proposta por [55], através do algoritmo H3, entretanto com algumas

modificações. E finaliza a otimização fazendo um intercâmbio entre o algoritmo H3

modificado e o método da Evolução Diferenciada Adaptativa.

27

3 COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA NO SEB

Como visto no capítulo 2, seção 2.1, no atual modelo do SEB as relações

comerciais se estabelecem no Ambiente de Contratação Regulada e no Ambiente de

Contratação Livre. O primeiro inclui o mercado cativo de energia das distribuidoras,

onde estas são obrigadas a comprar energia elétrica de todas as geradoras (incluindo

termelétricas) participantes dos leilões com contratos de longo prazo. O segundo inclui

a livre negociação, onde os consumidores livres e os comercializadores têm liberdade

para negociar a compra de energia elétrica, estabelecendo volumes, preços e prazos de

suprimento [8].

Os Agentes de Geração, Produtores Independentes de energia ou

Autoprodutores, assim como os Comercializadores, podem vender energia elétrica nos

dois ambientes, mantendo o caráter competitivo da geração e todos os contratos, sejam

no ACR ou do ACL, são registrados na CCEE e servem de base para a contabilização e

liquidação das diferenças no MCP [8].

3.1 COMERCIALIZAÇÃO NO ACR

A comercialização de energia elétrica neste ambiente ocorre por meio de leilões.

Todos os agentes vencedores (geradores, importadores e comercializadores) podem

vender a todos os distribuidores, onde a estes compradores há obrigação de adquirir

energia sempre através de leilão.

O art. 27 do decreto n° 5.163, de 30 de julho de 2004 [2], estabelece que os

vencedores dos leilões de energia proveniente de empreendimentos de geração novos ou

existentes deverão formalizar um contrato bilateral denominado Contrato de

Comercialização de Energia Elétrica no Ambiente Regulado (CCEAR), celebrado entre

28

cada agente vendedor e todos os agentes de distribuição.

Os CCEAR são especificados por meio dos editais publicados para cada leilão,

contendo cláusulas e condições fixas, como preço da energia, submercado de registro do

contrato e vigência de suprimento, os quais não são passíveis de alterações bilaterais por

parte dos agentes envolvidos.

Após a assinatura pelos agentes vendedores e compradores, os CCEAR são

registrados pela CCEE no Sistema de Contabilização e Liquidação (SCL), para que

possam ser considerados no processo de contabilização e liquidação financeira.

Existem duas modalidades de CCEAR: por quantidade de energia elétrica; e por

disponibilidade de energia elétrica.

No CCEAR por quantidade, os riscos hidrológicos da operação energética são

assumidos integralmente pelos geradores, cabendo a eles todos os custos referentes ao

fornecimento da energia contratada, devendo existir mecanismos específicos para o

rateio dos riscos financeiros decorrentes de diferenças de preços entre submercados e

eventualmente impostos aos agentes de distribuição que celebrarem contratos nessa

modalidade.

No CCEAR por disponibilidade, os custos decorrentes dos riscos hidrológicos e

eventuais exposições financeiras no Mercado de Curto Prazo, positivas ou negativas,

serão assumidos pelas distribuidoras, com repasse ao consumidor final, conforme

mecanismo definido pela ANEEL.

No Brasil, a contratação de energia por quantidade se aplica somente aos

empreendimentos de geração hidrelétrica e tem duração de 30 anos [47]. As usinas

termelétricas celebram contratos CCEAR na modalidade disponibilidade.

Como o espoco deste trabalho foi verificar o Valor Presente Líquido de uma

UTE flexível, não foi abordada a metodologia da receita (remuneração) do gerador

29

quando este celebra contrato na modalidade por quantidade.

A seguir, será visto a metodologia de cálculo da remuneração da UTE adotada

neste trabalho, quando esta celebra contratos na modalidade disponibilidade.

3.1.1 Contratos de Disponibilidade

Quando da participação nos leilões, os empreendimentos termelétricos (de ciclo

aberto ou combinado a gás natural) celebram contratos com os agentes distribuidores na

modalidade disponibilidade de energia elétrica. Neste caso, as distribuidoras “alugam” a

UTE, que deve estar disponível sempre que for chamada a despachar. Em troca, a usina

recebe uma receita fixa que deve ser suficiente para cobrir seus custos fixos, remunerar

seu investimento e garantir a lucratividade desejada.

Nesta modalidade de contratação, a liquidação das diferenças entre a energia

produzida (pela UTE) e contratada (pela distribuidora) é de responsabilidade das

distribuidoras, que passam a ser responsáveis por qualquer transação no MCP. Se a

usina produz mais energia do que a quantidade que foi contratada, este excedente

pertence ao distribuidor, que tem a prerrogativa de revender esta diferença no MCP. Por

outro lado, se a energia entregue pelo gerador for menor do que a energia contratada, o

distribuidor deverá comprar esta diferença no mercado spot. Ou seja, como descrito na

seção 3.1, o risco hidrológico é assumido pelas distribuidoras.

Em suma, a remuneração da UTE, num contrato por disponibilidade, é composta

por uma receita fixa e uma parcela variável, realizada em pagamentos mensais. A

receita fixa cobre os custos de combustível e de operação e manutenção associados à

inflexibilidade da UTE e demais custos, como: remuneração do investimento, custo de

conexão e uso dos sistemas de transmissão e distribuição, seguros e garantias da usina,

tributos e encargos necessários ao cumprimento do contrato. A parcela variável mensal

30

refere-se ao custo de produção da geração variável (aquela além da inflexibilidade

operativa), dada pelo produto do Custo Variável Unitário (CVU), em R$/MWh, pela

geração variável, em MWh. Este CVU deve cobrir todos os custos de operação da

termelétrica, exceto aqueles cobertos pela receita fixa.

Com tudo isso exposto, a remuneração de uma UTE e o pagamento da

distribuidora à primeira são dados da seguinte forma, respectivamente [47]:

( )

<⋅⋅≥⋅⋅−+⋅⋅

=OPttF

OPttTROPtFCCEAR CVUPLDse,hER

CVUPLDse,hGCVUCVUhERR

(3.1).

( )

<⋅⋅+⋅⋅≥⋅−⋅−⋅⋅+⋅⋅

=OPttttF

OPttTttTOPtFCCEAR CVUPLDse,hEPLDhER

CVUPLDse,hEGPLDhGCVUhERP

(3.2).

onde,

FR : receita fixa do contrato, em R$/MWh;

E: montante contratado no leilão, em MW;

TG : geração total da UTE, em MW;

tPLD : preço spot no período t, em R$/MWh;

OPCVU : custo variável unitário de caráter operacional1, em R$/MWh;

RCVU : custo variável unitário real da UTE, em R$/MWh;

th : número de horas no período t.

A equação (3.1) mostra a receita da UTE quando esta celebra contratos no

ambiente regulado. Quando o custo operacional for menor do que o Preço de

Liquidação das Diferenças em um determinado período, a termelétrica entra em

operação e fornece toda a energia gerada neste período ( TG ) ao distribuidor. Ainda

nesta situação, a térmica assume o risco do custo do combustível no período t não ser

1 Corresponde ao Custo Variável Unitário declarado a EPE, o qual é utilizado pelo ONS para definir quando do despacho da térmica. Maiores informações, ver seção 3.1.4.3 desta dissertação.

31

exatamente aquele declaro ao EPE, desta forma, o custo real de operação da termelétrica

( RCVU ) pode ser maior do que o previsto ( OPCVU ) e onerar a receita da UTE.

A equação (3.2) mostra o desembolso de uma distribuidora para adquirir a

energia contratada E. Conforme descrito anteriormente, a distribuidora sempre pagará

uma parcela fixa referente ao “aluguel” da térmica ( tF hER ⋅⋅ ). Entretanto, caso o custo

operacional da UTE seja menor do que o Preço de Liquidação das Diferenças em um

período t, então a distribuidora paga o custo operacional ( tTOP hGCVU ⋅⋅ ) a térmica,

adquirindo toda a energia gerada. Nesta mesma equação, nota-se que a distribuidora tem

a prerrogativa de liquidar a diferença entre o que foi comprado ( TG ) com o que foi

contratado (E) no Mercado de Curto Prazo ao preço do PLD. Assumindo, desta forma, o

ônus se esta diferença for negativa.

No caso em que o custo operacional for maior do que o Preço de Liquidação das

Diferenças em um determinado período, o UTE não opera, recebe o seu “aluguel” e a

distribuidora adquire a energia contratada E no MCP ao preço do PLD.

Assim, a equação (3.1) corresponde à receita da UTE quando esta celebra

contratos no ambiente regulado. Uma das parcelas mais importante desta equação é a

Receita Fixa ( FR ), sendo o seu valor aquele registrado no momento em que os agentes

envolvidos assinam e registram o contrato no âmbito do ACR após o leilão. Se esta

parcela receber um valor alto, beneficiará o vendedor, entretanto, o mesmo perderia

competitividade no leilão, pois estaria onerando o custo do comprador. Desta forma,

para quantificar esta Receita Fixa (FR ) foi levado em consideração as regras impostas a

uma térmica, quando da sua participação em Leilões de Energia Nova.

32

3.1.2 Leilões De Energia Nova

Os leilões são a principal forma de contratação de energia no Brasil. Por meio

desse mecanismo, concessionárias, permissionárias e autorizadas de serviço público de

distribuição (distribuidores) de energia elétrica do SIN garantem o atendimento à

totalidade de seu mercado no ACR.

O Leilão de Energia Nova (LEN), realizado pela CCEE, por delegação da

ANEEL, é o que possibilita a contratação a longo prazo da energia de futuros

empreendimentos de geração, sendo utilizado o critério de menor tarifa para definir os

vencedores do certame [8].

O LEN tem como finalidade atender ao aumento de carga das distribuidoras.

Este leilão pode ser de dois tipos: A-5 e A-3 (usinas que entram em operação comercial

em até cinco e três anos, respectivamente).

Os leilões de contratos de disponibilidade de energia elétrica (foco deste estudo)

funcionam para as distribuidoras como um contrato de opção. Como visto no item

anterior, a distribuidora paga um “aluguel” (receita fixa) e tem a opção, e não a

obrigação, de comprar a energia da UTE pelo custo variável de operação declarado pelo

gerador. Ou seja, se o preço spot for menor que o custo declarado, a distribuidora não

exerce a opção de compra e adquire a energia no MCP. Caso contrário, exerce a opção

reembolsando o gerador pelo preço de exercício, podendo ainda vender no MCP a

diferença entre o montante produzido pela usina e o montante contratado [47], conforme

a equação (3.2).

Para o distribuidor, o custo da energia contratado por disponibilidade é função

do preço de venda do gerador (receita fixa) e do preço de exercício declarado pelo

empreendedor (CVU). Quanto maior o valor de CVU, menor é a probabilidade de

despacho da usina, implicando maiores custos de compra de energia no MCP. Esta

33

observação há de ser levada em consideração no momento do leilão, para que os

empreendimentos de geração (vendedores de energia) sejam comparados em uma

mesma base [60].

No Brasil, o critério para priorização de projetos de geração em LEN é o

tradicional método do Índice de Custo Benefício (ICB). Ou seja, o ICB é utilizado para

a ordenação econômica de empreendimentos de geração termelétrica e,

consequentemente, como critério de contratação por meio de contratos de

disponibilidade de energia elétrica, sob o regime de autorização por 15 anos.

3.1.3 O Índice de Custo Benefício

Em um sistema de geração predominantemente hidroelétrico como o do Brasil, o

benefício energético da operação integrada de um empreendimento de geração

(hidroelétrica ou termelétrica) pode ser avaliado pela garantia física da usina, [60].

No caso das térmicas, a garantia física poderia ser calculada pela máxima

potência instalada que a UTE consegue gerar continuamente (valor conhecido como

disponibilidade da usina, que será visto mais adiante). Todavia, térmicas com diferentes

custos operativos (CVU) tem diferentes frequências de despacho, contribuindo de

maneira diferente para a confiabilidade do sistema elétrico [47]. Com isso, quanto maior

for o custo variável menor será a garantia física da usina atribuída pela EPE como

proporção de sua potência total instalada, uma vez que quanto maior for custo variável

menor será a probabilidade desta usina vir a ser despachada pelo ONS.

Para térmicas totalmente inflexíveis (sempre operando, independente do seu

custo operacional) a garantia física é igual a sua disponibilidade. À medida que a UTE

se torna flexível, a geração desta parte fica sujeita à opção do distribuidor, como visto

nos itens anteriores.

34

Sendo assim, a garantia física é definida como um percentual da disponibilidade,

podendo ser igual ou menor que a mesma. A magnitude deste percentual varia com o

nível de inflexibilidade e CVU declarados.

Na prática a garantia física é calculada à época do leilão, aplicando-se a

metodologia definida na Portaria MME 258, de 28 de julho de 2008, e o critério

definido na Resolução n° 9, de 28 de julho de 2008, do Conselho Nacional de Política

Energética (CNPE).

Assim, o ICB é definido pela razão entre o custo global do empreendimento e o

seu benefício energético. Como visto, o benefício energético é a garantia física da UTE

e o custo global compreende três parcelas: receita fixa anual; do custo de operação

(COP); e custo econômico de curto prazo (CEC).

A parcela da receita fixa anual é aquela que corresponde ao pagamento fixo da

distribuidora, devendo ser suficiente para remunerar o investimento da térmica,

incluindo todos os custos fixos inerentes ao empreendimento e o lucro desejado. Como

visto nos itens anteriores, esta parcela corresponde ao “aluguel” da usina por parte da

distribuidora.

O COP, expressos em R$/ano é o valor esperado anual do reembolso do custo de

operação acima da inflexibilidade1 operativa. Esta parcela (assim como a garantia física)

é também função do nível de inflexibilidade no despacho da UTE e do CVU declarado à

época do LEN, os quais determinam sua condição de despacho em função dos CMO

futuros observados no SIN. Portanto, trata-se de uma variável aleatória cujo valor

esperado é calculado com base em uma amostra de valores de CMO divulgados pelo

EPE [61, 62].

O CEC, expressos em R$/ano, corresponde ao valor esperado anual das

1 Inflexibilidade corresponde ao montante de potência mínima que deve ser obrigatoriamente despendido e que não está sujeito, portanto, à regra de despacho do ONS.

35

liquidações das diferenças no mercado de curto prazo das distribuidoras. Esta parcela

contabiliza os gastos e os ganhos da distribuidora no MCP, feita com base no CMO,

este último limitado aos preços de PLD mínimo e máximo. O Valor do CEC também é

função do nível de inflexibilidade no despacho da UTE e do CVU declarado pela usina

à época do LEN. Trata-se, portanto, de uma variável aleatória, cujo valor esperado é

calculado com base na mesma amostra de valores de CMO utilizada no cálculo da

parcela COP [60, 62].

Portanto, o ICB é calculado de acordo com a seguinte expressão:

GF

CECCOP

QL

RICB ano,F

⋅++

⋅=

87608760

(3.3).

Sendo,

GFxQL ⋅= (3.4).

onde,

ano,FR : receita fixa anual, em R$/ano;

QL: quantidade de lotes1 ofertados no leilão, MW médios;

COP: custo de operação, em R$/ano;

CEC: custo econômico de curto prazo, em R$/ano;

GF: garantia física, em MW médios;

8760: número de horas no ano;

x: fração da GF destinada ao ACR, valor entre [minx , 1].

É importante observar, que no caso de um empreendimento que deseja destinar

apenas uma fração (x) de sua garantia física ao ACR, sendo o restante para uso próprio

ou comercialização no ACL, o ICB, conforme equação (3.4), será calculado com base

nesta fração. Com isso, se a receita fixa não for diminuída na mesma proporção que a

1 Nos Leilões de Energia Nova o montante negociado é dividido em lotes, podendo esta divisão ser em kW ou MW, dependendo do leilão.

36

garantia física a usina perderá competitividade durante o leilão.

3.1.4 Metodologia de Cálculo do ICB

Nesta seção será abordada a metodologia de cálculo de cada uma destas parcelas

que compõe o ICB, equação (3.3), e outros conceitos e variáveis inerentes a UTE,

como: disponibilidade; inflexibilidade; custo variável unitário (custo de operação acima

da inflexibilidade); custos marginais de operação; e custos marginais de operação

limitados.

3.1.4.1 Disponibilidade

A disponibilidade é a máxima geração média mensal da UTE, em MW. Ou seja,

corresponde à potência instalada da usina, descontando as taxas de paradas por falha ou

manutenção, conforme equação a seguir:

( ) ( )IPTEIFFCapPotDisp maxlíq −⋅−⋅⋅= 11 (3.5).

onde,

líqPot : potência líquida instalada da usina em MW;

maxFCap : percentual da potência instalada que a usina gera continuamente;

TEIF: taxa média de indisponibilidade forçada;

IP: taxa de indisponibilidade programada.

3.1.4.2 Inflexibilidade

A inflexibilidade da usina, em MW, é o montante de potência mínima que deve

ser obrigatoriamente despendido e que não está sujeito, portanto, à regra de despacho do

37

ONS. A inflexibilidade da usina pode ser oriunda de razões tecnológicas como, por

exemplo, quando um equipamento específico exigir uma carga mínima de potência para

seu funcionamento adequado, ou proveniente de motivos econômicos como, por

exemplo, quando o contrato de fornecimento de gás natural for do tipo “take or pay”,

sendo economicamente inviável mantê-la desligada. Desta maneira, o nível de

inflexibilidade é calculado da seguinte forma:

DispInflexInflex % ⋅= (3.6).

onde,

%Inflex : proporção da potência que é inflexível, em %;

Disp: Disponibilidade da usina, MW, equação (3.5).

O investidor deve declarar à EPE a proporção de sua potência que é inflexível

( %Inflex ) e deve cobrar os gastos relativos à inflexibilidade na sua receita fixa anual.

3.1.4.3 Custo Variável Unitário - CVU

O CVU é o valor do custo variável, para cada MWh gerado pela usina, expresso

em R$/MWh, informados pelo gerador, necessários para cobrir todos os custos de

operação da usina, exceto os já cobertos pela receita fixa. Este custo é composto de duas

parcelas: a primeira vinculada ao custo do combustível, e a segunda vinculada aos

demais custos variáveis [63].

OeMCOMB CCCVU += (3.7).

onde,

COMBC : custo do combustível destinada à geração flexível, em R$/MWh;

OeMC : demais custos variáveis da usina, em R$/MWh.

De acordo com o disposto nas Portarias MME nº. 42, de 1º de março 2007 e nº.

38

46, de 9 de março de 2007 (com a redação dada na Portaria nº 175, de 16 de abril de

2009) destaca-se o cálculo de dois valores de CVU:

• O primeiro é de caráter estrutural (denominado ECVU ), detalhado no art. 5º da

Portaria MME nº 46/2007, sendo destinado ao cálculo dos parâmetros energéticos

como: Garantia Física (GF), Custo de Operação (COP) e Custo Econômico de Curto

Prazo (CEC), ou seja, o ICB, equação (3.3);

• O segundo tipo de CVU é aquele de caráter operacional (denominado OPCVU ),

definido no art. 3º da Portaria MME nº. 42, de 1º de março 2007, o qual definirá o

despacho do empreendimento, pelo ONS, acima da sua inflexibilidade operativa.

Ambos os CVU ( ECVU e OPCVU ) se diferenciam quanto ao cálculo do custo

do combustível, COMBC .

O custo do combustível para a formação do CVU estrutural ( ECVU ) é calculado

da seguinte forma:

REFCOMB PeiC ⋅⋅= 0 (3.8).

onde,

i: fator de conversão, transforma o preço do combustível, em 106Btu/MWh;

0e : média anual da taxa de câmbio divulgada pelo Banco Central, em R$/US$;

REFP : preço de referência, expectativa de preço futuro do combustível, em

US$/106Btu.

O fator de conversão, i, informado pelo agente no AEGE, constará no CCEAR,

permanecendo invariável por toda a vigência do contrato (embora este fator seja

dimensionalmente homogêneo ao consumo específico, o “heat rate”, ele não o

39

representa guardando apenas uma relação com o mesmo). Este fator deve ser declarado

com quatro casas decimais.

O preço de referência do combustível corresponde a expectativa de preço futuro

para o período de dez anos, no qual se inclui o ano de realização do leilão. Este valor é

estimado com base em projeções de combustíveis equivalentes, no cenário de referência

publicado pela Energy Information Administration (EIA) [64] no Annual Energy

Outlook (AEO), conforme metodologia descrita em Nota Técnica da EPE [63].

O custo do combustível para a formação do CVU operacional ( OPCVU ), o qual

está vinculado ao despacho do empreendimento pelo ONS, será determinado pelo preço

spot do gás natural Henry Hub, segundo a EIA [62], sendo os valores do fator de

conversão (i) e do custo de operação e manutenção variável (OeMC ) os mesmos

adotados para o CVU de caráter estrutural.

Resumindo, os custos variáveis unitários ECVU e OPCVU se diferenciam tanto

no valor do preço de combustível, em US$/106Btu, quando no valor da taxa de câmbio,

em R$/US$.

3.1.4.4 Custos Marginais de Operação - CMO

O CMO representa o custo de operação do sistema hidrotérmico brasileiro, para

gerar 1 MWh. Ou seja, se o custo de operação de uma UTE for menor do que o CMO,

então a térmica é despachada, caso contrário, não.

Para realizar o planejamento da operação do SIN é necessário realizar projeções

dos valores de CMO. Estes valores são obtidos de resultados de uma simulação da

operação mensal do SIN, com auxílio do modelo NEWAVE1. Com o resultado desta

1 Programa utilizado para modelar o planejamento de operação hidrotérmica. Este programa aproxima o comportamento estocástico das vazões naturais e gera distintos cenários de custo operacional do SEB.

40

simulação, obtém-se uma planilha de valores de CMO com 2.000 simulações para cada

mês ao longo de 5 anos (totalizando 60 meses), para cada um dos submercados1

considerados, a qual é publicada pela EPE [62].

Para efeito do cálculo tanto do ICB [60], equação (3.3), quanto do VPL foi

adotado apenas o critério de despacho por ordem de mérito (por razões energéticas) das

usinas termelétricas. Lembrando que há outros critérios como: razões elétricas e

segurança energética.

Assim, a regra de despacho mensal ocorre da seguinte maneira: quando o CVU

for inferior ao CMO, a UTE fica despachada no limite de sua disponibilidade, equação

(3.5); caso contrário, a usina gera o equivalente à sua inflexibilidade, equação (3.6). Em

termos matemáticos, escreve-se que:

onde,

s: corresponde ao submercado (1 a 4);

c: corresponde ao índice de cada cenário hidrológico (1 a 2000);

m: corresponde ao índice de cada mês (1 a 60);

mcsCMO ,, : custo marginal de operação, em R$/MWh;

ECVU : custo variável unitário de caráter estrutural, em R$/MWh;

mcG , : geração da térmica, para cada cenário e mês, MW;

mInflex : inflexibilidade de despacho da UTE, para cada mês, em MW;

mDisp : disponibilidade (geração máxima mensal) da usina, em MW.

Resumindo para cada submercado existe uma projeção de 60 meses (cinco

1 Sul, Sudeste/Centro-Oeste, Norte ou Nordeste. Havendo, desta forma, quatro submercados.

=∴<=∴≥

mm,cEm,c,s

mm,cEm,c,s

InflexGCVUCMO

DispGCVUCMO (3.9).

41

anos), sendo que para cada mês existem 2.000 possíveis cenários hidrológicos. Ou seja,

para cada um dos 60 meses existem 2.000 valores de CMO.

3.1.4.5 COP e CEC

O COP leva em conta o gasto adicional da térmica, considerada como um todo,

quando gera acima de sua inflexibilidade declarada. Este gasto compreende o custo

adicional do combustível propriamente dito e os custos incrementais de operação e

manutenção.

A média destes gastos em cada mês e para cada cenário de CMO, quando

multiplicado pelo número de horas em 12 meses, fornece o valor anual do COP

(R$/ano) da seguinte forma:

( )

87601 1 ⋅⋅

−⋅=∑∑

= =

cm

InflexGCVU

COP

m

i

c

jmm,cE

(3.10).

onde,

c: corresponde ao índice de cada cenário hidrológico (1 a 2000);

m: corresponde ao índice de cada mês (1 a 60);

ECVU : custo variável unitário de caráter estrutural, em R$/MWh;

mcG , : geração da térmica, MW, equação (3.9);

mInflex : inflexibilidade de despacho da UTE, para cada mês, em MW;

8760: número de horas no ano.

O CEC, como já mencionado na seção anterior, reflete os “ganhos” e as “perdas”

obtidos no MCP do distribuidor.

Assim, como o COP, o CEC é calculado para a térmica como um todo, para cada

mês e para cada uns dos possíveis cenário hidrológicos. Independentemente do valor do

42

seu CVU, a diferença entre a garantia física e a geração despachada da usina é valorada

pelo CMO limitado ao PLD mínimo e PLD máximo. Com isso, é calculada uma média

mensal de todos os possíveis “ganhos” e “perdas”, que quando multiplicado pelo

número de horas em 12 meses, fornece o valor anual do CEC, como segue:

( )

87601 1,

*,,

⋅⋅

−⋅=∑∑

= =

cm

GGFCMO

CEC

m

i

c

jmcmcs

(3.11).

onde,

c: corresponde ao índice de cada cenário hidrológico (1 a 2000);

m: corresponde ao índice de cada mês (1 a 60);

*,, mcsCMO : custo marginal de operação limitado, em R$/MWh;

GF: garantia física da UTE, em MW;

mcG , : geração da térmica, MW, equação (3.9);

8760: número de horas no ano.

3.1.4.6 Receita Fixa

A receita fixa é parte integrante tanto remuneração de uma UTE, equação (3.1),

quanto da formulação do ICB, equação (3.3). Maximizar a receita fixa sem levar em

consideração as restrições impostas no ACR, tornará o projeto termelétrico menos

competitivo durante o LEN. Neste sentido, foi adotado para este trabalho como receita

fixa o equacionamento do ICB. Com isso, substituindo a equação (3.4) em (3.3) e

colocando a receita fixa anual em evidência, obtém-se:

( )CECCOPICBGFxR ano,F −−⋅⋅⋅= 8760 (3.12).

onde,

ICB: índice de custo benefício, em R$/MWh;

43

COP: custo de operação, em R$/ano;

CEC: custo econômico de curto prazo, em R$/ano;

GF: garantia física, em MW médios;

8760: número de horas no ano;

x: fração da Garantia Física destinada ao ACR, valor entre [ minx , 1].

Dividindo a equação (3.12) pelo valor da garantia física (GF) e por 8.760 horas

no ano, obtém a receita fixa em R$/MWh. Ao substituir este resultado na equação (3.1)

é obtido à remuneração da UTE no âmbito do ACR.

3.2 COMERCIALIZAÇÃO NO ACL

Nesse ambiente, a comercialização de energia elétrica é feita com contratos

bilaterais ou com negociação de curto prazo (através do mercado spot). Esses contratos

são resultados da negociação entre agentes do setor elétrico, que são grandes

consumidores de energia, distribuidores e geradores.

No ACL podem participar os agentes de comercialização, geração, de

exportação, de importação, consumidores livres e consumidores especiais. Dessa

maneira, ficam de fora as distribuidoras, que apenas comercializam os seus excedentes

no MCP.

Neste trabalho, o montante de energia comercializada no ACL foi o excedente

do que foi ofertado no ACR. Ou seja, de acordo com as equações (3.4), parte integrante

da equação (3.3), foi comercializado no ACR um montante x da Garantia Física da

UTE. Desta forma, o excedente correspondeu a (1 - x) da Garantia Física.

Desta forma, se, por exemplo, um gerador tem 90% )90( ,x = da sua garantia

física direcionada ao mercado cativo (ACR), esse empreendedor comercializa os 10%

)101( ,x =− restantes no mercado livre (ACL).

44

Uma UTE, quando atua no ACL, faz um papel parecido com os dos geradores,

ou seja, caso a mesma gere acima da fração (1 - x) negociada, esta pode comercializar o

excedente no MCP, sendo que a UTE não tem a obrigação (tem a opção) de gerar. Ou

seja, se não for economicamente vantajoso gerar a energia contratada, a térmica pode

comprar a fração (1 - x) da energia contratada no mercado spot (Mercado de Curto

Prazo) e honrar seu contrato bilateral no ambiente livre.

Esse contrato é do tipo PPA (Power Purchase Agreement), que é um contrato de

compra e venda de energia por um período determinado com condições pré-

estabelecidas de preços e volumes (limitado ao montante da fração), firmadas entre as

partes envolvidas [10].

Diante desta flexibilidade operacional a remuneração de uma UTE neste

ambiente e os pagamentos dos consumidores livres são dados da seguinte forma,

respectivamente:

( )

<⋅⋅−⋅⋅≥⋅⋅

−⋅−⋅+⋅⋅=

OPtttPPAtPPAPPA

OPttRPPA

tPPAPPAttPPAPPA

PPA

CVUPLDse,hPLDEhEP

CVUPLDse,hCVUG

hEGPLDhEP

R

(3.13).

tPPAPPAPPA hEPPg ⋅⋅= (3.14).

onde,

PPAP : preço da energia contratada no PPA, em R$/MWh;

PPAE : energia contratada no PPA, em MW;

PPAG : geração total no PPA da UTE, em MW;

tPLD : preço spot de energia no período t, em R$/MWh;

OPCVU : custo variável unitário de caráter operacional, em R$/MWh;

RCVU : custo variável unitário real da UTE, em R$/MWh;

th : número de horas no período t.

45

Neste ambiente os empreendimentos termelétricos assumem os riscos

hidrológicos. Na equação (3.13) pode notar que a UTE sempre honrará seu contratado

PPA comprando no MCP, correndo o risco de obter uma remuneração negativa quando

o valor de PLD for maior do que o preço da energia contratada ( PPAP ).

Com isso, é necessário averiguar se um projeto exposto ao risco gera maiores

receitas do que aquele que somente negocia no ACR, além de verificar qual é o projeto

termelétrico que melhor se adequa ao risco hidrológico.

3.3 MERCADO DE CURTO PRAZO

Como visto nas seções (3.1) e (3.2), todos os contratos de compra e venda de

energia, quando celebrados nos ACR e ACL, devem ser registrados na CCEE, que

realiza a medição dos montantes efetivamente produzidos e consumidos por cada

agente. As diferenças apuradas, positivas ou negativas, são contabilizadas para posterior

liquidação financeira no mercado de curto prazo (MCP) e valoradas ao preço de

liquidação das diferenças (PLD), ou preço spot.

Assim, o MCP pode ser definido como o segmento da CCEE onde são

contabilizadas as diferenças entre os montantes de energia elétrica contratada pelos

agentes e os montantes de geração e de consumo efetivamente verificados e atribuídos

aos respectivos agentes.

No MCP não existem contratos, ocorrendo à contratação multilateral, conforme

as regras de comercialização [8].

46

4 USINA TERMELÉTRICA

Neste capítulo será apresentada a planta termelétrica que foi otimizada neste

trabalho, segundo a nova estrutura do Setor Elétrico Brasileiro. Assim, será detalhado

como foi feita a comunicação entre o simulador termodinâmico (pacotes de programa

Thermoflow) e a plataforma de calculo escolhido (Matlab) durante o processo iterativo

de otimização.

4.1 PLANTA DE GERAÇÃO: CICLO COMBINADO

O ciclo combinado é o processo de produção de energia elétrica utilizando

turbinas a gás e turbinas a vapor associadas em uma única planta. O combustível é

queimado em um uma turbina a gás e o calor contido nos gases de exaustão produz

vapor em uma caldeira de recuperação. Este vapor aciona uma turbina a vapor de

condensação. Tanto a turbina a gás quanto a turbina a vapor acionam geradores para

produção de energia elétrica.

A Figura 4.1 mostra um ciclo combinado típico. A parte tracejada corresponde à

turbina a gás, também conhecido como ciclo Brayton. Neste ciclo, a expansão dos gases

resultantes da queima do combustível (gás natural, por exemplo) aciona a turbina, que

está diretamente acoplada ao gerador e, desta forma, a potência mecânica é

transformada em potência elétrica.

A outra parte da Figura 4.1 (fora do tracejado) é conhecida como ciclo Rankine.

Neste ciclo, vapor é gerado a partir da água que circula por uma extensa rede de tubos

que revestem a parede da caldeira recuperadora, absorvendo o calor dos exaustos do

ciclo Brayton. O vapor movimenta as pás da turbina a vapor, fazendo com que seu rotor

gire, gerando potência mecânica. Através de um eixo, esta potência é transferida ao

47

gerador, que, transforma a potência mecânica em potência elétrica. Ao sair da turbina, o

vapor é resfriado em um condensador e convertido outra vez em água, retornando a

caldeira recuperadora, e dando início a um novo ciclo.

Figura 4.1 - Ciclo Combinado

O ciclo combinado corresponde ao acoplamento do ciclo Rankine ao ciclo

Brayton. Esta combinação prioriza a eficiência de conversão da energia do combustível

para a energia elétrica.

Desta forma as termelétricas a gás natural de ciclo combinado vêm sendo

adotadas em todo o mundo, desde a década de oitenta [66], e vem sendo a solução

escolhida para as termelétricas brasileiras a gás natural nos últimos anos, como por

exemplo: as duas térmicas vencedoras do LEN A-3 de 2011, UTE Baixada Fluminense

[67] e UTE Maranhão III [68]; e a UTE Mauá 3 [69], todas com previsão para entrar em

operação em 2014/1015.

48

Com isso, o tipo de planta termelétrica escolhida para ser otimizada neste

trabalho foi aquela que opera em ciclo combinado. Uma UTE foi modelada no

simulador termodinâmico Thermoflow com as características das últimas térmicas

vencedoras do LEN de 2011, sendo chamada de UTE-Base. A UTE-Base, como indica

o nome, serviu de base durante o processo iterativo de otimização, em busca do melhor

projeto, segundo as restrições impostas pelo Sistema Elétrico Brasileiro. Na próxima

seção será detalhada a construção da UTE-Base.

4.2 UTE-BASE

Como mencionado nas seções anteriores, para o cálculo e otimização da função

objetivo não foram desenvolvidos modelos físicos e termodinâmicos de forma explícita

para o ciclo de geração. Neste trabalho o simulador de processos Thermoflow foi

utilizado com o propósito de resolver os balanços de massa e de energia para que o VPL

seja então calculado.

A UTE-Base foi modelada de acordo com as principais características das

últimas térmicas que ganharam o LEN de 2011: UTE Baixada Fluminense, com

capacidade instalada de 530 MW e garantia física de 430,2 MW [67] ; e UTE Maranhão

III, com capacidade instalada de 499,22 MW e garantia física de 470,7 MW [68].

Ambas as térmicas são de ciclo combinado do tipo 2-2-1, ou seja, faz uso dois

turbogeradores a gás (TGG, conjunto turbina a gás e gerador dedicado), duas caldeiras

recuperadoras de calor (HRSG) e um turbogerador a vapor (TGV, conjunto turbina a

vapor e gerador dedicado).

Nas Figura 4.2 e Figura 4.3 seguem o diagrama esquemático e o infográfico

simplificado do tipo da térmica adotada para UTE-Base.

49

Figura 4.2 - Diagrama da UTE-Base [70]

Figura 4.3 – Infográfico da UTE-Base [70]

4.2.1 UTE-Base no Thermoflow

50

Dentre os programas que o pacote Thermoflow oferece, foi utilizado o GTpro

para simular a UTE-Base.

O GTpro se destina principalmente à obtenção do balanço de massa e energia de

plantas termelétricas em estado estacionário e seus respectivos resultados econômicos a

partir dos custos de equipamentos e de implementação do projeto. Para tanto, o GTpro

dispõe de um vasto banco de dados obtido diretamente de fabricantes de equipamentos,

o qual é renovado periodicamente, tanto no aspecto dos preços praticados no mercado,

quanto no tocante às características técnicas, como performance de máquinas, perdas de

carga, melhorias em modelos existentes e lançamentos. Por todos esses aspectos, os

programas Thermoflow são mundialmente utilizados por empresas em projetos de

usinas termelétricas, plantas de cogeração e casas de força de refinarias [70].

O projeto da UTE-Base seguiu um projeto standard default que o GTpro

oferece. Entretanto, para que ficasse de acordo com a realidade praticada na Baixada

Fluminense [67] e UTE Maranhão III [68], alguns detalhes de projeto foram

modificados. Assim, a UTE-Base foi projetada com as seguintes principais

características:

1- Geração em ciclo combinado do tipo 2-2-1: dois TGG; duas HRSG; e um TGV;

2- Dois TGG da General Eletric, modelo 7FA (modelo utilizado nas térmicas

vencedoras do LEN 2011);

3- Duas HRSG gerando vapor em três níveis de pressão, projetadas segundo a

menor temperatura da chaminé, definida em 90°C;

4- Turbina a vapor com três níveis de pressão, com reaquecimento e indução de

vapor de baixa pressão;

5- Condensador com desaerador integrado;

6- Torre de Resfriamento com resfriamento a ar.

51

Ao simular este projeto no Thermoflow, segundo máxima eficiência térmica

(correspondendo ao máximo aproveitamento do calor contido nos gases exaustos do

ciclo Brayton pelo ciclo Rankine), foram obtidos os seguintes resultados:

7- Potência Instalada Bruta, correspondente aos dois TGG e a Turbina a Vapor:

522 MW;

8- Potência Instalada Líquida, correspondente aos dois TGG e a Turbina a Vapor:

(descontado os consumos internos e respectivas perdas): 506 MW;

9- Eficiência Bruta do ciclo térmico: 56,82%;

10- Eficiência Líquida do ciclo térmico: 55,08%;

11- Heat Rate Líquido: 6,1991 106Btu/MWh;

12- Pressão, temperatura e vazão mássica do vapor na entrada da turbina a vapor:

124 bar, 566 °C e 362,4 t/h, respectivamente;

13- Pressão, temperatura e vazão mássica do vapor no reaquecimento: 27,6 bar, 566

°C e 433,3 t/h, respectivamente;

14- Pressão, temperatura e vazão mássica do vapor na indução: 3,582 bar, 208,6 °C

e 59,78 t/h respectivamente;

15- Pressão, temperatura e vazão mássica do vapor no condensador: 0,1263 bar,

50,47 °C e 503,4 t/h;

16- Vazão mássica da água de reposição: 4,236 t/h;

17- Vazão mássica de gás natural (combustível): 66,06 t/h;

18- Temperatura dos exaustos na entrada de cada HRSG: 615,9 °C;

19- Custo do Investimento: US$ 355.650.528,00.

A Figura 4.4, a seguir, mostra o resultado da UTE-Base simulado no

Thermoflow.

52

Figura 4.4 - Fluxograma da UTE-Base

53

Algumas das características listadas anteriormente (por exemplo, itens 12, 13 e

14) são variáveis do processo de geração que podem ser prescritas pelo usuário do

Thermoflow. Como descrito anteriormente, a ideia foi variar os seus valores (dentro de

um domínio definido) e, para cada conjunto de novos valores, para que fosse projetada

uma nova térmica com o software Thermoflow. Durante o processo de busca pelo

projeto ótimo, a iteração entre o Thermoflow e o algoritmo de otimização proposto (que

será visto nos próximos capítulos) ocorreu da seguinte forma:

1- O algoritmo fornece os novos valores para as variáveis do processo de geração

escolhidas através dos inputs do Thermoflow;

2- O algoritmo aciona o simulador, para que este projete a nova térmica, segundo

os novos valores das variáveis do processo de geração;

3- O algoritmo faz a leitura do novo projeto simulado através dos outputs do

Thermoflow.

Para que a primeira e a terceira etapa ocorra, é necessário definir as variáveis do

processo de geração como inputs e as variáveis necessárias para o cálculo da função

objetivo como output na UTE-Base, respectivamente.

Assim, na seção a seguir será abordado como foi criado o arquivo da UTE-Base

com seus respectivos inputs e outputs escolhidos pelo usuário, e como foi obtido a

comunicação entre o Thermoflow e Matlab.

4.3 INTERFACE THERMOFLOW E MATLAB

A integração entre o simulador (Thermoflow) e o programa de otimização

(Matlab) foi estabelecida, pois ambos possuem tecnologia COM (Component Object

Model) da Microsoft, que permite a comunicação entre estes dois softwares, [5].

O Thermoflow possui um utilitário chamado U-Link. O U-Link permite o

54

usuário criar uma interface com modelos de plantas previamente construídas a partir dos

programas do Thermoflow (neste caso, o GTpro) e manipulá-las em outro ambiente de

programação (o software Matlab, no caso desta dissertação).

Com isso, após criar a UTE-Base no Thermoflow (utilizando o pacote GTpro)

foi necessário converter este arquivo ao ambiente U-link, para que então fosse

manipulado pelo Matlab.

4.3.1 Convertendo a UTE-Base Em U-Link

Esta seção mostrará o passo a passo de como converter a UTE-Base criada no

ambiente de programação GTpro ao ambiente U-Link. Esta conversão pode ser

realizada em qualquer plataforma de cálculo, porém, neste trabalho foi utilizado o

Matlab. A seguir, na Tabela 4.1 seguem a linhas de programação utilizadas.

Tabela 4.1 - Convertendo o arquivo GTpro em U-Link

Ao aplicar as linhas de programação indicadas na Tabela 4.1 ao arquivo da

Linhas de Comando Descrição

TF = actxserver('TFULINKLxx.ULINK')

Estabelece a comunicação entre Matlab e Thermoflow.Obs.: "xx" corresponde a versão do Thermoflow. Neste trabalho foi utilizada a versão 23.

TF.ModelFileType = 0Define que será utilizado o pacote de programas do Thermoflow GTpro.

TF.ModelFileLoad('Nome_do_arquivo.gtp')Carrega o arquivo onde a planta térmica foi modelada no GTpro.

TF.SelectInputVariablesSeleciona as variáveis de entrada, que serão as variáveis de otimização.

TF.SelectOutputVariables Seleciona as variáveis de saída.

TF.FileSave('Nome_do_arquivo.ulk') Salva a planta térmica no formato U-Link.

55

UTE-Base, foi obtido o projeto base na extensão “ulk”. Assim, ficou possível manipular

as variáveis de entrada, executar um novo projeto e ler as variáveis de saída facilmente.

4.3.2 Executando a UTE-Base no Matlab

A manipulação do projeto da UTE-Base, agora no ambiente U-Link, através da

plataforma de cálculo Matlab foi estabelecida utilizando as linhas de programação

definidas na Tabela 4.2, a seguir:

Tabela 4.2 - Integração entre MATLAB e Thermoflow via U-Link

Linhas de Comando Descrição

TF = actxserver('TFULINKLxx.ULINK')

Estabelece a comunicação entre Matlab e Thermoflow.Obs.: "xx" corresponde a versão do Thermoflow. Neste trabalho foi utilizada a versão 23.

set(TF,'InputValue',i , x i)Fornece o valor da variável de otimização x i à

variável "i" definida como input .

TF.Compute Executa o simulador e calcula um novo projeto.

yi = TF.OutputValue(j) Faz a leitura da variável de sáida "j".

56

5 FUNÇÃO OBJETIVO

5.1 VPL DE UMA UTE FLEXÍVEL

O Valor Presente Líquido (VPL) é um dos indicadores financeiros mais

utilizados, por espelhar em termos presentes, a real lucratividade que um determinado

aporte financeiro retornará ao investidor. Para o seu cálculo utilizam-se métodos de

fluxos financeiros descontados, ou seja, todos os fluxos de caixa1 esperados são trazidos

ao valor presente a uma dada taxa de atratividade, que corresponde ao custo de

oportunidade do investidor. Se o cálculo do VPL chegar a um valor positivo, o

investimento tem um retorno superior à taxa de atratividade desejada, tão melhor quanto

maior for o valor do VPL.

De uma maneira bem simples, o VPL de qualquer projeto pode ser calculado da

seguinte forma:

( ) ITMA

FCVPL

n

tt

t

a

a

a −+

=∑=0 1

(5.1).

onde,

at : período em base anual;

atFC : fluxo de caixa no período at , em R$;

I: investimento inicial desprendido, em R$;

TMA: taxa mínima de atratividade (ou taxa de desconto), em %;

n; período final, normalmente correspondendo à vida útil do projeto.

No atual modelo do SEB, os empreendimentos de geração podem reservar um

percentual de sua energia assegurada (garantia física) para comercialização no mercado

cativo (ACR), podendo o restante ser negociado no mercado livre (ACL).

1 Fluxos de caixa são as entradas e as saídas de dinheiro ao longo do tempo que um determinado investimento promove.

57

Desta forma, nas seções a seguir será abordada a metodologia de cálculo adotada

para a composição de cada variável da equação (5.1), onde os fluxos de caixa foram

compostos das receitas oriundas da negociação tanto no ACR, quanto no ACL. Também

serão identificadas as variáveis de saída do simulador de processo (outputs do

Thermoflow) necessárias para quantificar o VPL do empreendimento termelétrico em

sua totalidade.

Entretanto, para que todas as receitas fossem quantificadas de acordo com cada

projeto termelétrico simulado no Thermoflow, algumas variáveis precisaram ser

dimensionadas, como: a garantia física; a disponibilidade, equação (3.5); a

inflexibilidade, equação (3.6); o custo variável unitário (CVU), equações (3.7) e (3.8); o

custo marginal de operação (CMO); e o preço de liquidação das diferenças (PLD) ou

preço spot da energia.

• Garantia Física da UTE

Como descrito na seção 3.1.3, a garantia física foi definida de acordo com a

seguinte equação:

PotGFGF % ⋅= (5.2).

onde,

Pot: potência instalada da térmica, 1° output do Thermoflow, em MW;

%GF : proporção da potência, em %.

• Disponibilidade da UTE

De acordo com a equação (3.5):

( ) ( )IPTEIFFCapPotDisp maxlíq −⋅−⋅⋅= 11 (5.3).

maxFCap corresponde ao Fator de Capacidade máximo. Este número está

58

relacionado quanto à térmica consegue gerar continuamente, ou seja, este valor leva em

consideração as variações das condições ambientais no decorrer de um ano. Como a

térmica foi dimensionada para uma condição ambiental (temperatura e umidade) média,

então foi assumindo um maxFCap igual a um. Com isso:

( ) ( )IPTEIFPotDisp líq −⋅−⋅= 11 (5.4).

onde,

líqPot : potência líquida instalada da térmica, 1° output do Thermoflow, em MW;

TEIF: taxa média de indisponibilidade forçada;

IP: taxa de indisponibilidade programada.

• Inflexibilidade da UTE

DispInflexInflex % ⋅= (5.5).

onde,

%Inflex : proporção da potência que é inflexível, em %, definida pelo investidor;

Disp: Disponibilidade da usina, MW, equação (5.4).

• Custo Variável Unitário - CVU

De acordo com as equações (3.7) e (3.8):

OeMREF CPeiCVU +⋅⋅= 0 (5.6).

onde,

OeMC : demais custos variáveis da usina, em R$/MWh.

i: fator de conversão, em 106Btu/MWh;

0e : média anual da taxa de câmbio divulgada pelo Banco Central, em R$/US$;

REFP : preço de referência, em US$/106Btu.

59

A única variável que faz com que o CVU se diferencie para cada projeto é o

fator de conversão i, pois este carrega uma relação com o heat rate (taxa de consumo

energético em combustível por potência elétrica gerada) da planta. Neste trabalho foi

adotado que o fator de conversão fosse igual ao valor do heat rate da térmica,

acrescentado de duas correções: uma em relação ao próprio valor do heat rate; e outra

em relação ao preço do combustível de referência. Estas duas correções serão abordadas

com maiores detalhes quando for apresentado o estudo de caso, capítulo 7.

Desta forma, o fator de conversão adotado foi definido da seguinte forma:

COMBHR CorCorHRi ⋅⋅= (5.7).

onde,

HR: heat rate da planta de geração, 2° output do Thermoflow, em 106Btu/MWh;

HRCor : correção do heat rate, em %;

COMBCor : correção do preço do combustível, em %;

Diante da equação (5.7) pode-se perceber que há um valor de CVU único para

cada valor de heat rate, ou seja, tanto o CVU de caráter estrutural, quanto o de caráter

operacional (ver seção 3.1.4.3) de uma UTE são únicos, de acordo com o valor do seu

heat rate.

• Custo Marginal de Operação - CMO

Os valores de CMO utilizados para calcular o VPL de um empreendimento

térmico foram aqueles disponibilizados pela Empresa de Pesquisa Energética [62]. Os

CMO são resultantes da simulação da operação realizada com o uso do modelo

NEWAVE. O NEWAVE é o modelo utilizado pelo ONS e pela CCEE no planejamento

da operação e na determinação do PLD. Este modelo gera 2.000 cenários de CMO por

mês, ao longo de 60 meses (5 anos). Ou seja, o CMO é uma variável aleatória, onde

60

para cada um dos 60 meses há 2.000 valores com distintas probabilidades de ocorrer.

• Preço de Liquidação das Diferenças - PLD

Os PLD correspondem ao preço da energia no mercado de curto prazo. Para este

estudo, os preços spot foram determinados com base nos CMO (disponibilizados pela

EPE), porém limitados ao valor máximo e mínimo, também divulgados pela EPE [62].

Como estes valores são, na maioria dos casos, o próprio CMO, então, o PLD também é

considerado uma variável aleatória.

Cumpre lembrar que as térmicas a gás podem vir a entrar em operação por

outras razões além daquela descrita acima. Para efeito de cálculo do VPL foi apenas

adotado o critério de despacho por ordem de mérito, ou seja, a UTE somente entra em

operação quando o CVU da mesma for menor do que o PLD. Ou seja, não foi levado

em consideração nos custos e nas receitas a entrada em operação da UTE por razões

elétricas (devido a uma necessidade no sistema) ou por segurança energética.

5.1.1 Investimento

Para o cálculo do investimento foi assumido que o custo total da UTE fosse

descontado ao longo dos anos de construção. Desta forma, o cálculo depende do tipo do

LEN: A-3 ou A-5. Por exemplo, se a térmica for participar de um LEN do tipo A-3,

então o custo total do investimento é dividido em três parcelas e cada uma destas é

trazida ao valor presente. Dito isso, o cálculo do investimento a ser desprendido ficou

da seguinte forma:

61

( )∑−

= +⋅

+⋅=1

0

2013

1

tipo

t a

CXTF

a

at

TMAtipo

CeCI (5.8).

Onde,

at : período em base anual;

TFC : custo do investimento, 3° output do Thermoflow, em US$;

CXC : custo de conexão ao SIN, em R$;

2013e : taxa de câmbio do ano 2013, R$/US$;

tipo: valor igual a 3 ou 5, dependendo tipo do LEN (A-3 ou A-5);

aTMA : taxa mínima de atratividade anual, em %.

5.1.2 Receita do CCEAR

A remuneração da UTE, quando esta comercializa no mercado cativo foi

valorada de acordo com a equação (3.1), reescrita abaixo:

( )

<⋅⋅≥⋅⋅−+⋅⋅

=OPttF

OPttTROPtFCCEAR CVUPLDse,hER

CVUPLDse,hGCVUCVUhERR

(5.9).

Como não foi escopo deste trabalho analisar o comportamento das receitas (tanto

no ACR, quanto no ACL) segundo as flutuações dos preços spot do combustível, então

na equação acima foi considerado que o valor do OPCVU (declarado no sistema AEGE,

quando da participação no LEN) fosse equivalente ao real custo operacional variável (

RCVU ) da térmica. Ou seja, qualquer ganho ou perda em relação ao preço do

combustível não foi considerado. Com isso, a equação (5.9), tomou o seguinte formato:

tFCCEAR hERR ⋅⋅= (5.10).

onde,

FR : receita fixa do contrato, em R$/MWh;

62

E: montante contratado no leilão, em MW;

th : número de horas no período t.

Substituindo na equação (5.10) o valor da receita fixa anual (convertida para

R$/MWh) calculada na equação (3.12), obtém-se

( )

tCCEAR hEGFx

CECCOPICBGFxR ⋅⋅

⋅⋅−−⋅⋅⋅=

8760

8760 (5.11).

Esta receita corresponde ao “aluguel” da térmica ao longo da vida útil do

projeto. Para obter a receita do CCEAR em base anual, basta substituir as horas do

período ( )th por 8.760 (que corresponde ao número de horas no ano) e o montante a ser

contratada no leilão (E) pela a fração da garantia física destinada ao mercado cativo

(x.GF). Desta forma:

( )CECCOPICBGFxRat,CCEAR −−⋅⋅⋅= 8760 (5.12).

Onde,

at : período em base anual;

x: fração da GF destinada ao ACR;

8760: número de horas no ano;

GF: garantia física, em MW médios;

ICB: índice de custo benefício, em R$/MWh;

COP: custo de operação, em R$/ano;

CEC: custo econômico de curto prazo, em R$/ano.

Com isso, fazendo uso dos respectivos valores de garantia física, de

disponibilidade, de inflexibilidade, CVU de caráter estrutural e CMO (todos calculado

na seção 5.1), cada uma das parcelas da equação (5.12) pode ser calculada conforme

descrito na seção 3.1.4.6.

63

5.1.3 Receita do Contrato PPA

A remuneração da UTE, quando esta comercializa no mercado livre foi valorada

de acordo com a equação (3.13), reescrita abaixo:

( )

<⋅⋅−⋅⋅≥⋅⋅

−⋅−⋅+⋅⋅=

OPtttPPAtPPAPPA

OPttRPPA

tPPAPPAttPPAPPA

PPA

CVUPLDse,hPLDEhEP

CVUPLDse,hCVUG

hEGPLDhEP

R

(5.13).

Onde,

PPAP : preço da energia contratada no PPA, em R$/MWh;

PPAE : energia contratada no PPA, em MW;

PPAG : geração total no PPA da UTE, em MW;

tPLD : preço spot de energia no período t, em R$/MWh;

OPCVU : custo variável unitário de caráter operacional1, em R$/MWh;

RCVU : custo variável unitário real da UTE, em R$/MWh;

th : número de horas no período t.

A seguir será abordada a forma de cálculo de cada parcela da equação (5.13).

• Energia contratada, PPAE

A energia a ser contratada no ACL correspondeu à fração da garantia física que

não foi destinada ao ACR, sendo assim:

( ) GFxEPPA ⋅−= 1 (5.14).

• Geração total, PPAG

Analogamente, a energia total gerada no ACL correspondeu à fração da

1 Corresponde ao Custo Variável Unitário declarado a EPE, o qual é utilizado pelo ONS para definir quando do despacho da térmica. Maiores informações, ver seção 3.1.4.3 desta dissertação.

64

disponibilidade total da térmica, conforme equação a seguir:

( ) DispxGPPA ⋅−= 1 (5.15).

• Número de horas no período, th

Como os valores de PLD são disponibilizados ao mês, então, o número de horas

no período correspondeu ao número de horas no mês.

Conforme descrito na seção 5.1.2, não foi escopo deste trabalho analisar o

comportamento das receitas (tanto no ACR, quanto no ACL) segundo as flutuações dos

preços spot do combustível, então na equação (5.13) foi considerado que o valor do

OPCVU fosse equivalente ao real custo operacional variável ( RCVU ) da térmica.

Diante de tudo que foi exposto, a equação (3.13), em R$/mês, ficou da seguinte

forma:

( ) ( ) tPPAOPttPPAtPPAt,PPA hG;CVUPLDmaxhEPLDPR ⋅⋅−+⋅⋅−= 0 (5.16).

Sendo,

( ) DispxGPPA ⋅−= 1 (5.17).

( ) GFxEPPA ⋅−= 1 (5.18).

Onde,

Disp: disponibilidade da UTE, em MW, equação (5.4);

GF: garantia física da UTE, em MW, equação (5.2);

PPAP : preço da energia contratada no PPA, em R$/MWh;

PPAE : energia contratada no PPA, em MW;

PPAG : geração total no PPA da UTE, em MW;

tPLD : preço spot de energia no período t, em R$/MWh;

65

OPCVU : custo variável unitário de caráter operacional, em R$/MWh;

th : número de horas no período t.

Para converter a equação (5.16) em R$/ano, aplicou-se a metodologia do valor

futuro num período de 12 meses, ou seja:

( )tm

tt,PPAt,PPA TMARR

a+⋅=∑

=

112

1

(5.19).

onde,

t: é o referido mês;

at : período em base anual;

tPPAR , : remuneração mensal do contrato PPA, equação (5.16);

mTMA : taxa mínima de atratividade mensal, em %.

Como neste trabalho o valor do PLD foi determinado com base no valor do

CMO, então, para cada mês “t” houve várias possibilidades de PLD, ou seja, houve

várias possibilidades de receita mensal do contrato PPA. Para cada mês existiram

cenários de PLD com valores altos e muitos outros com valores baixos. A existência de

vários cenários é o reflexo das incertezas dos afluentes, que foram transmitidas ao

CMO. Quando os volumes estão baixos cresce a probabilidade das térmicas entrarem

em operação e nestes casos os preços spot podem atingir valores muito altos. Diante

disso, houve a necessidade de ser analisado o risco inerente a estas incertezas. Nas

próximas seções será demostrado a metodologia adotada para lidar com estes vários

cenários de PLD.

5.1.4 Outros Custos

Para formalizar a receita líquida de uma térmica há necessidade de considerar

66

outros custos anuais, como por exemplo: o custo do uso do sistema de distribuição e

transmissão; o custo fixo de operação e manutenção; e o custo referente à garantia da

planta. O cálculo dos outros custos anuais ficou:

garantiatarifafixot,outros CCCCa

++= (5.20).

sendo,

8760⋅⋅= fixo,M&Obrutafixo CPotC (5.21).

8760⋅⋅= tust/tusdbrutatarifa CPotC (5.22).

( )CXTFgaratia CeC%C +⋅⋅= 20131 (5.23).

onde,

at : período em base anual;

brutaPot : potência bruta instalada da térmica, 4° output do Thermoflow, em MW;

fixoMOC ,& : custo fixo de operação e manutenção, em R$/MWh;

tusttusdC / : tarifa do uso dos sistemas de distribuição/transmissão, em R$/MWh;

TFC : custo do investimento, 3° output do Thermoflow, em US$;

CXC : custo de conexão ao SIN, em R$;

8.760: número de horas durante um ano.

5.1.5 VPL da UTE

O Valor Presente Líquido da planta de geração pode ser calculado a partir da

definição do fluxo de caixa (at

FC ) de cada período, conforme apresentado na equação

(5.1).

Para o cálculo do fluxo de caixa de cada período, este trabalho levou em

consideração os descontos referentes à aplicação dos impostos aplicados diretamente a

67

receita bruta e do imposto de renda. Com isso, o fluxo de caixa (at

FC ) foi definido da

seguinte forma:

( ) ( )[ ] ( )aaaaaa ttt,outrost,PPAt,CCEARt DeIRDeCIDRRFC +−⋅−−−⋅+= 11 (5.24).

Onde,

at : período em base anual;

at,CCEARR : receita no ACR (mercado cativo), em R$/ano, equação (5.12);

at,PPAR : receito no ACL (mercado livre), em R$/ano, equação (5.19);

at,outrosC : outros custos (O&M, tarifas, garantia), em R$/ano, equação (5.20);

ID: Impostos Diretos, em %;

IR: Imposto de Renda, em %;

atDe : depreciação, em R$/ano.

Em posse dos fluxos de caixa, equação (5.24), o Valor Presente foi calculado da

seguinte forma:

( ) ( )[ ]( )

( )∑= +

+−−−−⋅+=

T

tT

a

ttt,outrost,PPAt,CCEAR

a

aaaaa

TMA

DeIR.DeCIDRRVP

1 1

11 (5.25).

Onde,

at : período em base anual;

at,CCEARR : receita no ACR (mercado cativo), em R$/ano, equação (5.12);

at,PPAR : receita no ACL (mercado livre), em R$/ano, equação (5.19);

at,outrosC : outros custos (O&M, tarifas, garantia), em R$/ano, equação (5.20);

ID: Impostos Diretos, em %;

IR: Imposto de Renda, em %;

atDe : depreciação, em R$/ano;

68

aTMA : taxa mínima de atratividade anual, em %;

T: vida útil do projeto, período total.

A função da equação (5.25) foi trazer os fluxos de caixa para o marco zero, que

corresponde ao início de operação da térmica. Entretanto, para analisar o investimento

corretamente foi necessário trazer este montante ao marco atual, ou seja, antes da

construção ser realizada. Desta forma o Valor Presente Líquido foi calculado da

seguinte forma:

( ) ITMA

VPVPL

tipoa

−+

=1

(5.26).

Onde,

tipo: valor igual a 3 ou 5, dependendo tipo do LEN (A-3 ou A-5);

VP: Valor Presente dos fluxos de caixa, equação (5.25), em R$;

I: custo do investimento, equação (5.8), em R$;

aTMA : taxa mínima de atratividade anual, em %;

T: vida útil do projeto, período total.

5.2 ANÁLISE DE RISCO

No Sistema Elétrico Brasileiro as afluências naturais são aleatórias em razão da

incidência de chuvas. O uso de séries (ou cenários) históricas (dada pelo registro de

afluências observadas no passado) é insuficiente para compor uma amostra de tamanho

necessário para estimar índices de risco com incertezas aceitáveis. Entretanto, as

características básicas da série histórica podem ser capturadas por modelos estocásticos

capazes de produzir séries sintéticas de afluências, diferentes da série histórica, mas

igualmente prováveis. Como já mencionado nas seções anteriores, o modelo NEWAVE

realiza este tipo de procedimento, sendo este utilizado para o planejamento da operação

69

hidrotérmica no Brasil [3].

O NEWAVE gera, para cada mês, 2.000 cenários de custo marginal de operação

(representando o custo de operação do sistema hidrotérmico). Os CMO apresentam uma

volatilidade decorrente da aleatoriedade das vazões afluentes. Como o preço da energia

no mercado de curto prazo (o preço spot ou o PLD) é calculado pelo CMO, essa

característica influencia os resultados econômicos da geração e comercialização de

energia elétrica no mercado livre.

Com isso, a proposta da função objetivo neste trabalho foi capturar o risco de um

empreendimento termelétrico flexível através da distribuição de probabilidade de cada

série de cenários de cada um dos 60 meses, sendo este risco medido segundo a

probabilidade de ocorrência de um retorno ser inferior ao desejado.

De acordo com a planilha disponibilizada pela EPE [62], os valores de CMO são

apresentados da seguinte forma:

Tabela 5.1 - Amostra de valores de CMO [62]

mês1 mês2 mês3 ... mês59 mês60

cenário1 148,04 43,17 34,20 ... 19,50 19,48

cenário2 88,94 66,30 72,56 ... 41,02 51,73

cenário3 95,19 92,23 112,13 ... 10,63 1,62

...

...

...

... ...

...

cenário1999 65,13 0 0 ... 20,73 37,06

cenário2000 112,53 207,46 210,10 ... 19,18 40,68

Para o cálculo do VPL os CMO acima foram utilizados como preço spot, porém

limitados a um valor máximo e mínimo, sendo estes limites também disponibilizados

pela EPE.

Para cada cenário há respectivamente um valor de CMO para cada um dos 60

meses. Com isso, verificou-se que, ao utilizar estas previsões de CMO no cálculo da

70

remuneração da energia negociada no mercado livre, equação (5.19), diferentes cenários

de VPL seriam gerados, sendo alguns vantajosos e outros até negativos.

Diante disso, foi definida como função objetivo de um projeto termelétrico o

valor do VPL, no qual apenas 5% de todos os possíveis VPL (gerados a partir de cada

cenário de CMO) fossem menores do que o próprio. Ou seja, 95% de todos os possíveis

VPL teriam valores maiores do que o VPL escolhido para representar a função objetivo.

Assim, a função objetivo assumiu o valor do VPL com apenas 5% de risco de não

ocorrer.

Desta maneira, os cenários de CMO foram utilizados para determinar as

diferentes trajetórias dos preços spot, o que caracterizou um procedimento de simulação

de Monte Carlo. Cada conjunto de cenários (composto pelo respectivo cenário de cada

mês) foi considerado como uma trajetória dos PLD. Em uma Simulação de Monte

Carlo, cada conjunto de cenários de PLD é visto como uma amostra aleatória de todos

os possíveis conjuntos de cenários.

5.3 SIMULAÇÃO DE MONTE CARLO

O método de Monte Carlo é um procedimento numérico que se utiliza de

números aleatórios, ou pseudoaleatórios, para computar algumas quantidades não

necessariamente aleatórias, com base na Lei dos Grandes Números e no Teorema do

Limite Central. Devido à simplicidade das ideias envolvidas na concepção do método e

ao grande avanço dos computadores pessoais, o método de Monte Carlo se tornou uma

poderosa e atrativa ferramenta para lidar com problemas da teoria financeira [72].

A técnica de Monte Carlo consiste em gerar valores aleatórios para cada

distribuição de probabilidades dentro de um modelo com o objetivo de produzir

centenas ou milhares de cenários. A distribuição dos valores calculados (para cada caso)

71

deve refletir a probabilidade de ocorrência dos mesmos.

O método da Simulação de Monte Carlo (SMC) consiste basicamente nas

seguintes etapas [72, 73]:

1- Selecionar as variáveis aleatórias em estudo;

2- Identificar a função de probabilidade (ou distribuição) acumulada de cada

variável aleatória selecionada. Esta função pode ser uma distribuição teórica

(por exemplo, Uniforme, Triangular, Normal, Beta, Weibull, etc.) ou uma

distribuição empírica qualquer. A função de distribuição acumulada F(x) é a

qual fornece a probabilidade, P, em que X é menor ou igual a x. Assim:

( ) ( ) ( ) 10 onde , ≤≤≤= xFxXPxF (5.27).

3- Obter a função inversa G(F(x)), que calcule o valor de x para o valor de F(x)

correspondente. Então:

( )( ) xxFG = (5.28).

4- Validar o modelo estatístico pressuposto (passos 2 e 3), pela utilização de um

teste de aderência. Para a elaboração do teste de aderência, utiliza-se, por

exemplo, os testes Qui-Quadrado, Kolmogorov-Smirnov, ou o teste de

Anderson-Darling;

5- Gerar um número aleatório, r, a partir de uma distribuição uniforme com

intervalo [0,1]. Onde o valor de r representará o valor da função de distribuição

acumulada, F(x).

6- Gerar o valor para a variável de risco em estudo através da função inversa, a

partir do número aleatório r. Ou seja:

( ) xrG = (5.29).

O número r é gerado de uma distribuição uniforme [0,1] para permitir igual

72

oportunidade de que o valor x seja gerado em cada percentil do domínio com as

probabilidades equivalentes.

Apesar da técnica de Monte Carlo satisfazer o objetivo de se obter uma

amostragem aleatória, muitas partes da distribuição podem vir a ser subestimadas ou

superestimadas. Ainda assim, a distribuição pode ser melhor replicada se o número de

interações for muito grande. Ou seja, repetir os passos 5 e 6 em centenas ou milhares de

vezes [73].

5.4 EXPRESSÃO FINAL PARA A FUNÇÃO OBJETIVO

A princípio talvez não fosse necessário utilizar a Simulação de Monte Carlo para

gerar os cenários de PLD, uma vez que, conforme mencionado anteriormente, a EPE

[62] disponibiliza 2.000 cenários de CMO para cada um dos 60 meses. Entretanto há

dois grandes motivos para que fosse usado a SMC: primeiro porque a EPE apenas

disponibiliza cenários de CMO para os cinco primeiros anos de operação, e neste

trabalho, foi analisado um horizonte de 15 anos; segundo, para ter uma estimativa mais

precisa da função objetivo proposta, é considerado como boa prática um grande número

de simulações, por exemplo, 5.000, 10.000, ou maior [48, 72, 73].

Para contornar o primeiro problema citado, foi adotado o mesmo método visto

nas referências [1, 2], onde foi assumido que as funções de probabilidade acumuladas

dos cenários dos últimos 120 meses (aqueles não fornecidos pela EPE), teriam o mesmo

perfil de distribuição de probabilidade dos últimos 12 meses daqueles disponibilizados

pela EPE, respectivamente. Em relação ao segundo problema, foi aplicado a SMC com

10.000 iterações.

Desta forma, para determinar os cenários do PLD, foram criados 10.000 cenários

de CMO para cada um dos 180 meses (15 anos), onde cada um destes meses

73

correspondeu a uma variável aleatória no método SMC. Para simular o conjunto de

10.000 cenários de CMO, que representam o conjunto total de possibilidades, foram

aplicados os passos descritos na seção anterior da seguinte forma:

1- Selecionar as variáveis aleatórias: as variáveis aleatórias em estudo foram os

preços spot de cada um dos 180 meses;

2- Identificar a função de probabilidade acumulada de cada variável aleatória: neste

trabalho foi utilizada uma função empírica.

3- Obter a função inversa de F(x): matematicamente a inversa generalizada de uma

função de distribuição G(F(x)) é chamada função quantil da função de

distribuição F(x) [74]. Assim, a simulação de um novo cenário de uma variável

aleatória foi obtida utilizando uma função interna do MATLAB chamada

quantile.m. Esta função interpola um conjunto de cenários originais e gera,

empiricamente, um novo cenário, a partir do valor da F(x) fornecido. Ou seja:

( )( ) ( )( )xFGxFXquantilex == , (5.30).

4- Validar o modelo estatístico pressuposto: para validar o modelo admitido no

passo 3, foi utilizado o teste de hipótese Kolmogorov-Smirnov (KS) para duas

amostras. Este tipo de teste é utilizado para determinar se duas distribuições de

probabilidade subjacentes diferem uma da outra. Neste teste, a hipótese nula diz

que as duas amostras são oriundas de uma mesma distribuição de probabilidade

e a hipótese alternativa diz o contrário. O teste KS neste trabalho foi realizado

com uso de outra função interna do MATLAB: kstest2.m. Na prática, o teste foi

feito utilizando a equação (5.30), por exemplo, 10.000 vezes. Em seguida, foram

comparados esses 10.000 valores com os 2.000 valores originais de CMO,

conforme equação abaixo.

( )000.10 ,2 XXkstesth = (5.31).

74

Nesta dissertação obteve-se h igual à zero (ou seja, hipótese nula) para as 180

variáveis aleatórias consideradas. Desta forma, pode ser assumido que os valores

presentes em X (que representam os 2.000 valores de CMO da variável aleatória

analisada) e os valores gerados (000.10X ) são oriundos da mesma distribuição de

probabilidade acumulada.

5- Gerar um número aleatório, r, a partir de uma distribuição uniforme com

intervalo [0,1]: Neste caso foi utilizado a função rand() do MATLAB.

6- Gerar o valor para a variável de risco em estudo através da função inversa: após

o número aleatório r ter sido gerado no passo 5, o mesmo foi substituído na

equação (5.30), assim:

( )c,iic,i r,CMOquantilecmo = (5.32).

Onde,

i: corresponde ao mês analisado, i = 1 a 180;

c: cenário criado, sendo neste caso, c = 1 a 10.000;

iCMO : conjunto dos 2.000 valores disponibilizado pela EPE no mês i.

Com isso, fazendo uso da equação (5.32) foi possível gerar 10.000 cenários para

cada um dos 180 meses, calculando assim, 10.000 possíveis VPL. A partir destes

10.000 prováveis valores de VPL foi possível definir a função objetivo da seguinte

forma:

%),VPL(quantileVPL .% 5 000105 = (5.33).

Onde,

000.10VPL : conjunto dos 10.000 possíveis VPL calculados (um vetor coluna);

Nesta dissertação, o %5VPL , equação (5.33), foi escolhido como função objetivo

75

de um projeto termelétrico. Assim, durante o processo de otimização, foi assumido um

risco de apenas 5% do valor escolhido para representar a função objetivo não ocorrer.

76

6 ALGORITMO DE OTIMIZAÇÃO

No capítulo anterior foi descrita e formalizada a função objetivo a ser otimizada.

Nas seções a seguir deste capítulo será discutido a metodologia adotada como algoritmo

de otimização, sendo baseado no Método da Evolução Diferenciada fazendo uso de

funções interpoladas pelo Método Superfície de Resposta.

6.1 MÉTODO DA EVOLUÇÃO DIFERENCIADA

No algoritmo da Evolução Diferenciada tradicional os parâmetros de mutação

(F), de cruzamento (CR) e a estratégia de mutação são definidos no início do método e

permanecem imutáveis durante todo o processo de otimização.

Como mencionado na seção 2.2.1, o método adaptativo permite que estes

parâmetros (F e CR) e a estratégia se modifiquem a cada iteração, para cada um dos

indivíduos da população, melhorando o desempenho da otimização.

Nas seções, a seguir, será detalhado o algoritmo tradicional e apresentado o

algoritmo da ED utilizado neste trabalho (o ED_mod), levando em consideração as

adaptações dos fatores de cruzamento, mutação e da estratégia.

6.1.1 Método Tradicional

Como mencionado na referência bibliográfica (capítulo 2), o algoritmo da ED

tradicional [4, 7] inicia-se a partir da geração aleatória (com distribuição de

probabilidade uniforme) de uma população com NP indivíduos (vetores) dentro do

domínio delimitado, conforme a equação abaixo:

( )jjj,ijj,i LILSRLIpop −⋅+= (6.1).

Onde,

77

i = 1, 2, 3, ... , NP;

j = 1, 2, 3, ... , Nvar;

NP: tamanho da população;

Nvar: número de variáveis, ou seja, dimensão de cada vetor (indivíduo);

jLI : limite mínimo da variável j;

jLS : limite máximo da variável j;

jR : número aleatório com distribuição uniforme entre �0,1�;

pop: matriz referente a população inicial, contendo os NP indivíduos.

No método da evolução diferenciada tradicional há basicamente três processos.

Ou seja, para cada vetor da geração atual (G) ocorrem três modificações: mutação;

cruzamento; e seleção.

6.1.1.1 Mutação

No processo de mutação, para cada vetor da população corrente é gerado um

vetor mutante, também denominado de vetor diferencial. Este vetor pode ser criado a

partir de vários tipos de estratégias. A seguir, segue a lista das estratégias mais comuns

encontradas na literatura [7, 32, 36, 38, 75]:

1- DE/rand/1

( )Gr

Gr

Gr

Gi poppopFpopv

321−⋅+= (6.2).

2- DE/rand/2

( ) ( )Gr

Gr

Gr

Gr

Gr

Gi poppopFpoppopFpopv

54321−⋅+−⋅+= (6.3).

3- DE/best/1

78

( )Gr

Gr

Gotimo

Gi poppopFpopv

21−⋅+= (6.4).

4- DE/best/2

( ) ( )Gr

Gr

Gr

Gr

Gotimo

Gi poppopFpoppopFpopv

4321−⋅+−⋅+= (6.5).

5- DE/rand-to-best/1

( ) ( )Gr

Gr

Gr

Gotimo

Gr

Gi poppopFpoppopFpopv

3211−⋅+−⋅+= (6.6).

6- DE/current-to-best/1

( ) ( )Gr

Gr

Gi

Gotimo

Gi

Gi poppopFpoppopFpopv

21−⋅+−⋅+= (6.7).

7- DE/current-to-rand/1

( ) ( )Gr

Gr

Gi

Gr

Gi

Gi poppopFpoppoprandpopv

321−⋅+−⋅+= (6.8).

Onde,

G: geração corrente;

i = 1, 2, 3, ... , NP, posição do vetor corrente;

54321 rrrrri ≠≠≠≠≠ : índices (ou posições) escolhidos aleatoriamente;

F: fator de mutação;

Gpop : matriz referente a população da geração G, contendo os NP indivíduos;

Gotimopop : corresponde ao melhor indivíduo entre todos os existentes em Gpop .

De acordo com a referência [7], o método da ED tradicional utiliza a estratégia

de mutação DE/rand/1, equação (6.2), sendo F o fator de mutação de valor real e

constante no intervalo [0, 2]. Este fator controla a amplificação da variação da diferença

entre os vetores mutantes com a finalidade de controlar uma convergência prematura.

6.1.1.2 Cruzamento

79

Tipicamente no Método da Evolução Diferenciada são utilizados dois tipos de

cruzamento: o binomial e o exponencial [4, 7]. Na última década, o cruzamento

binomial foi ganhando popularidade frente ao exponencial [38]. Desta forma, nesta

dissertação foi adotado o cruzamento do tipo binomial.

No processo de cruzamento do método da ED tradicional, para cada vetor da

população atual é criado um vetor experimental. Este vetor é composto pelas

componentes do vetor da população atual (Gipop ) e pelas componentes do vetor

mutante ( Giv ), obtendo o seguinte formato:

{ }GNi

GNi

Gi

Gi

Gi uuuuu var,1var,2,1, ,,,, −⋅⋅⋅= (6.9).

Cada componente do vetor experimental é escolhida a partir da comparação de

um número aleatório (entre 0 e 1) com o fator de cruzamento, CR, conforme equação a

seguir.

( ) ( )

( ) ( )

≠≥

=<=

e se

ou se

jrandiCRrand,pop

jrandiCRrand,vu

jG

j,i

jG

j,iGj,i (6.10).

Onde,

i = 1, 2, 3, ... , NP;

j = 1, 2, 3, ... , Nvar;

jrand : número aleatório entre [0, 1] para cada j;

randi: escolha aleatória de um dos índices {1, 2, ..., Nvar}.

Pode ser observado na equação (6.10) que pelo menos uma componente do vetor

mutante estará presente no vetor experimental garantindo que o vetor experimental seja

sempre diferente do vetor da geração atual.

Uma vez que o vetor experimental esteja estruturado, avalia-se o valor da função

80

objetivo do mesmo. Note que a função objetivo pode ser representada tanto por uma

função implícita, quanto explícita, ou até por uma função interpolada.

6.1.1.3 Seleção

No processo de seleção ocorre a comparação do valor da função objetivo do

vetor atual ( Gipop ) como o valor da função objetivo calculado para o vetor

experimental ( Giu ) de acordo com a seguinte equação:

( ) ( )

=+

contrário caso ,

que dopior for se ,1

Gi

Gi

Gi

GiG

iu

popfufpoppop (6.11).

Onde,

i = 1, 2, 3, ... , NP;

Giu : vetor experimental;

( )Giuf : valor da função objetivo do vetor experimental;

Gipop : vetor i da população atual;

( )Gipopf : valor da função objetivo do vetor i da população atual;

1+Gipop : vetor i da população da próxima geração.

De acordo com a equação (6.11), se o valor da função objetivo aplicada ao vetor

experimental for igual ou melhor do que o valor dela aplicada ao vetor da população

corrente, então o vetor experimental substitui o vetor da população na geração seguinte.

Caso contrário, o vetor da população atual é mantido na próxima geração.

Por fim, estes procedimentos continuam até que algum critério de parada seja

cumprido.

Na Figura 6.1 pode ser visto um pseudo-algoritmo do Método da Evolução

81

Diferenciada tradicional.

Figura 6.1 - Pseudo-Algoritmo: ED tradicional [7]

6.1.2 Método Adotado: ED_Mod

O método da Evolução Diferenciada adotado neste trabalho foi baseado no

método tradicional visto na seção anterior, porém com três grandes modificações.

As duas primeiras modificações foram em relação à adaptação dos fatores de

cruzamento e mutação, associados a cada estratégia.

O algoritmo adotado faz uso de um pool de estratégias. Em cada iteração, cada

indivíduo da população é associado a uma das estratégias presentes no pool, de acordo

com a probabilidade que cada estratégia tem de ser escolhida.

01 Início

02 Definir Nvar, o número de variáveis

03 Definir NP, o número da população

04 Definir F e CR;

05 Criar população inicial aleatória {popi,0 |i = 1 a NP}

06 Avaliar a função objetivo para cada indivíduo.

07 Iniciar a contagem das gerações: g = 0;

08 While (algum critério de parada não é atingido) do

09 g = g + 1;

10 For i = 1 a NP

11 Escolher aleatoriamente r 1 ≠ r 2 ≠ r 3 ≠ i

12 v i = popr1,g + F .(popr2,g - popr3,g )

13 Gerar j rand = randint(1, Nvar)

14 For j = 1 a Nvar

15 if j = j rand or rand < CRi

16 u i,j,g = v i,j,g

17 else

18 u i,j,g = pop i,j,g

19 end if

20 end for

21 Avaliar a função objetivo de u i,g

22 if f (popi,g ) melhor f (u i,g )

23 popi,g+1 = popi,g

24 else

25 popi,g+1 = u i,g

26 end if

27 end for

28 end while

29end

82

Nas seções a seguir serão apresentados como ocorrem as adaptações dos fatores

de cruzamento, mutação e das estratégias, respectivamente, bem como, o pool de

estratégias.

Por fim, será apresentada a integração destas modificações ao método da ED

tradicional, formalizando assim, a Evolução Diferenciada adotada: ED_mod.

6.1.2.1 Adaptação dos Fatores de Cruzamento e Mutação

As primeiras modificações ao método da ED tradicional estão ligadas as

gerações independentes de novos fatores de mutação (F) e cruzamento (CR) para cada

indivíduo, em cada geração. Neste trabalho foi adotada a metodologia apresentada na

referência [36], que é uma modificação ao que foi utilizado no algoritmo JADE [35].

No algoritmo JADE o fator de cruzamento é gerado segundo uma distribuição

normal, com média igual a CRµ e desvio padrão igual a 0,1. Depois de gerado, o fator é

truncado em [0, 1].

( )10 ,,randnCR CRii µ= (6.12).

A média CRµ inicia com valor igual a 0,5, entretanto, a cada geração o seu valor

é atualizado da seguinte forma:

( ) ( )CRACRCR Smeancc ⋅+⋅−= µµ 1 (6.13).

Onde,

NP: número total de indivíduos da população;

c: constante com valor igual a 0,1;

CRS : conjunto composto por todos os fatores de cruzamento que obtiveram

sucesso na geração anterior;

( )*Amean : operador matemático responsável pela média aritmética;

83

De forma a manter a diversidade da população, analogamente, o fator de

mutação é gerado independentemente para cada indivíduo segundo uma distribuição de

Cauchy, com parâmetro de locação e de escala iguais a Fµ e 0,1, respectivamente.

( )10 ,,randcF Fii µ= (6.14).

i = 1, 2, 3, ... , NP;

NP: número total de indivíduos da população;

Caso o valor iF seja maior do que 1, o mesmo é truncado em 1, ou gerado

novamente se for menor ou igual a zero.

O parâmetro de locação Fµ inicia com valor igual a 0,5. Entretanto, a cada

geração, este parâmetro é atualizado da seguinte forma:

( ) ( )FLFF Smeancc ⋅+⋅−= µµ 1 (6.15).

Onde ( )*Lmean corresponde ao operador matemático responsável pela média de

Lehmer, assim:

( )∑

=

==F

F

S

jj

S

jj

FL

F

F

Smean

1

1

2

(6.16).

Onde,

c: constante com valor igual a 0,1;

FS : conjunto composto por todos os fatores de mutação que obtiveram sucesso

na geração anterior.

Neste trabalho foi utilizada esta metodologia de adaptação dos parâmetros,

84

porém as equações (6.13) e (6.15) foram calculadas de acordo com o que foi proposto

na referência [36].

As equações (6.13) e (6.15) mostram que a média CRµ e o parâmetro de locação

Fµ são atualizados de acordo com os valores de iCR e iF que obtiveram sucesso na

geração anterior, respectivamente. Esta forma de atualização pressupõe que todos os

valores de sucesso têm o mesmo peso. No entanto, intuitivamente, se, por exemplo, os

fatores 1CR e 1F são capazes de obter maior recompensa1 do que 2CR e 2F , então seria

mais adequado que fosse atribuído um peso mais elevado a estes, quando comparados

com os 2CR e 2F .

Com base na análise acima, a referência [36] propôs uma abordagem, onde os

valores médios ponderados são utilizados nas equações (6.13) e (6.15). Desta maneira,

os operadores ( )*Amean e ( )*Lmean são substituídos respectivamente por:

( ) ∑=

⋅=CRS

jjjCRwA CRwSmean

1

(6.17).

( )∑

=

=

⋅=

F

F

S

jjj

S

jjj

FwL

Fw

Fw

Smean

1

1

2

(6.18).

Onde,

CRS : conjunto composto por todos os fatores de cruzamento que obtiveram

sucesso na geração anterior;

FS : conjunto composto por todos os fatores de mutação que obtiveram sucesso

na geração anterior;

jw : peso atribuído a cada fator que obteve sucesso.

1 Quanto maior o sucesso na busca pelo o ponto ótimo, maior deve ser a recompensa atribuída aos parâmetros que foram responsáveis por achar um ponto melhor.

85

Desta forma, os novos operadores ( )*meanwA e ( )*meanwL , equações (6.17) e

(6.18), levam em consideração as respectivas recompensas, de acordo com o tamanho

do sucesso que cada fator proporcionou, sendo estas recompensas quantificadas de

acordo com a metodologia do fitness improvement, proposta na referência [76].

( ) ( ) ( )( ) ( ) ( )

−⋅

−⋅=

maximizarfor se ,

minimizarfor se

Gj

Gj

Gj

Gj

GjG

j

j

ufpopfuf

,ufpopfuf

δ

δ

η (6.19).

Onde,

j = 1, 2, ..., n, onde n é o número total de iCR e iF que obtiveram sucesso.

Repare que, n = CRS = FS ;

δ : melhor valor de função objetivo encontrada até o momento;

( )Gjpopf : valor da função objetivo do vetor j da população corrente;

( )Gjuf : valor da função objetivo do vetor experimental.

Na referência [37] a equação (6.19) é utilizada para quantificar as recompensas

de cada par de fatores ( iCR e iF ). Entretanto, nesta dissertação não foi utilizada a

formulação proposta na equação (6.19) por três grandes motivos:

1- Casoδ assumisse um valor igual a zero durante uma minimização ou ( )Gjuf

fosse zero durante um processo de maximização, então, todos os valores jη

também seriam nulos, o que não faria nenhum sentido uma vez que se deseja

mensurar as recompensas, ou seja, 0>jη ;

2- Caso ( )Gjuf fosse igual a zero durante uma minimização ou δ fosse zero

86

durante um processo de maximização, o valor jη correspondente assumiria um

valor infinito, o que iria trazer problemas numéricos no momento em que os

operadores ( )*meanwA e ( )*meanwL , equações (6.17) e (6.18), fossem aplicados;

3- Caso o sinal de δ fosse diferente de ( )Gjuf , o valor jη correspondente

assumiria um valor negativo, o que também não iria fazer nenhum sentido, pois

haveria uma recompensa negativa.

Em vista disso, antes de utilizar a equação (6.19), os valores das funções

objetivo ( )Gjuf e ( )G

jpopf , partes integrantes desta equação, foram normalizados

dentro de uma escala linear entre 1 e 100, conforme equação a seguir:

( ) 11100 +−⋅

−−

=minmax

minnorm ff

fff (6.20).

Sendo

( ) ( )[ ]Gi

Gimin uf;popfminf = (6.21).

( ) ( )[ ]Gi

Gimax uf;popfmaxf = (6.22).

Onde

i = 1, 2, 3, ... , NP;

NP: número total de indivíduos da população;

Assim, substituindo a equação (6.20) na equação (6.19), obtêm-se:

( ) ( ) ( )( ) ( ) ( )

−⋅

−⋅

=maximizarfor se ,

minimizarfor se

Gjnorm

Gjnorm

norm

Gjnorm

Gjnorm

GjnormG

jnorm

norm

j

ufpopfuf

,ufpopfuf

δ

δ

η (6.23).

j = 1, 2, ..., n, onde n é o número total de iCR e iF que obtiveram sucesso;

87

normδ : melhor valor de função objetivo encontrada até o momento, normalizada

entre [1, 100];

( )Gjnorm popf : valor da função objetivo vetor j da população corrente,

normalizada entre [1, 100];

( )Gjuf : valor da função objetivo do vetor experimental, normalizada entre [1,

100];

É fácil perceber que ao utilizar a equação (6.23) os três problemas citados

anteriormente são contornados, pois os valores de função objetivo normalizados nunca

serão menores do 1, nunca serão maiores do que 100 e sempre serão positivos.

Com isso, em posse das recompensas quantificadas, os pesos jw utilizados nas

equações (6.17) e (6.18) são calculados da seguinte forma:

=

=n

jj

jjw

1

η

η

(6.24).

Onde,

n: número total de iCR e iF que obtiveram sucesso;

i = 1, 2, 3, ... , NP;

NP: número total de indivíduos da população;

jη : recompensa calculada para cada par iCR e iF que obtiveram sucesso, a

partir da equação (6.23).

6.1.2.2 Pool de Estratégias de Mutação

No algoritmo da ED tradicional é adotada uma única estratégia de mutação no

88

decorrer de todo o método. Nos últimos 15 anos foram sugeridas outras diferentes

estratégias no intuito de aumentar a robustez do algoritmo subjacente. As estratégias

mais comuns encontradas na literatura foram listadas na seção 6.1.1.1, equações (6.2) a

(6.8).

Apesar destas estratégias aumentarem a robustez do algoritmo, a definição de

qual delas seria mais adequada para otimizar um determinado problema pode se tornar

inviável, por se configurar um processo de tentativa e erro.

Desta forma, no algoritmo utilizado neste trabalho foi adotado um pool de

estratégias contendo três distintas estratégias: a DE/rand-to-pbest/1, a qual foi utilizada

por [34-37]; a DE/rand/2, equação (6.3); e a DE/current-to-rand/1, equação (6.8).

• DE/rand-to-pbest/1

Esta estratégia de mutação vem sendo muito utilizada por alguns autores. Ela é

oriunda da estratégia DE/rand-to-best/1, equação (6.6), entretanto, com uma diferença

no vetor “best”. O vetor “pbest” desta nova estratégia não necessariamente será o

melhor vetor de toda a população. O mesmo pode aleatoriamente ser o segundo, o

terceiro, ou até o quarto melhor. Em cada iteração (ou geração) é definido um grupo dos

melhores vetores. A quantidade de melhores indivíduos presentes neste grupo é definida

pelo usuário, porém na literatura encontram-se valores referentes de 5% a 15% da

quantidade total de indivíduos de toda a população. Neste sentido, nesta dissertação foi

assumido um grupo “pbest” contendo 15% dos melhores vetores, ficando o vetor

mutante gerado por esta estratégia da seguinte forma:

( ) ( )Gr

Gri

Gr

Gotimopi

Gr

Gi poppopFpoppopFpopv

3211

~_ −⋅+−⋅+= (6.25).

Onde,

i = 1, 2, 3, ... , NP;

89

iF : fator de mutação correspondente a cada i da geração G;

Gotimoppop _ : corresponde a um vetor escolhido aleatoriamente entre o grupo

100p% dos melhores vetores1 da geração G;

Grpop1: vetor escolhido aleatoriamente da população pop, sendo ir ≠1 ;

Grpop2: vetor escolhido aleatoriamente da população pop, sendo irr ≠≠ 21 ;

Grpop3

~ : vetor escolhido aleatoriamente da população pop união com a população

A, sendo irrr ≠≠≠ 321 ;

Outra modificação proposta na referência [35] nesta estratégia está ligada a

utilização da população A corresponde ao Archive, que tem como objetivo manter a

diversidade das gerações.

Archive é o grupo de vetores que não obtiveram sucesso na geração anterior.

Inicialmente este grupo começa vazio e vai sendo preenchido com os vetores que seriam

eliminados durante o processo de seleção. A cada geração o grupo A é renovado.

Existem dois limites ao grupo A: não há vetores iguais; e o tamanho da população é

limitado a NP. Se o tamanho da população de A ultrapassar a NP, então, alguns vetores

de A são aleatoriamente removidos, mantendo no máximo NP distintos indivíduos.

• DE/rand/2

Apesar da estratégia DE/rand/1, equação (6.2), ser uma das mais utilizadas [38,

75], a DE/rand/2, equação (6.3), foi preferida a pertencer ao pool, pois esta tem chance

de gerar melhores permutações, o que permite gerar diferentes vetores experimentais.

Isso se deve ao fato da estratégia DE/rand/2 considerar dois diferenciais, ao passo que a

1 O grupo 100p% corresponde ao grupo formado por “p” melhores vetores de toda a população pop.

90

estratégia DE/rand/1 considera apenas um.

• DE/current-to-rand/1

Essa estratégia não faz uso do cruzamento, ou seja, esta gera automaticamente o

vetor experimental, sendo uma combinação do próprio vetor mutante com o vetor da

população correspondente (vetor alvo), ver equação (6.8). Esta estratégia foi muito

utilizada por vários autores que obtiveram resultados bastante competitivos [31, 32, 37].

6.1.2.3 Adaptação das Estratégias

O mecanismo de seleção das estratégias foi baseado no método AdapSS

(Adaptive Strategy Selection) adotado em [37]. O objetivo deste método é selecionar

automaticamente as estratégias de mutação presentes no pool, de acordo com o

desempenho de cada uma durante o processo de otimização.

Para isso, o método faz uso de duas avaliações. A primeira correspondendo a

recompensa de cada estratégia, a qual quantifica o impacto das estratégias durante a

otimização. A segunda referente ao mecanismo de seleção das estratégias que, com base

nas recompensas calculadas, escolhe qual estratégia deve ser aplicada.

No método AdapSS cada estratégia tem uma probabilidade definida de ser

escolhida. E durante cada iteração a probabilidade de cada estratégia é adaptada de

acordo com o seu desempenho nas iterações anteriores.

Desta forma, como neste trabalho há três estratégias presentes no pool, as

probabilidades de cada estratégia são apresentadas no seguinte formato:

( ) ( ) ( ) ( ){ } ( )

=≤≤∀= ∑=

3

1maxmin321 1;: onde ,,,

aaa gppppggpgpgpgP (6.26).

Onde,

91

g: geração (ou iteração) corrente;

a: estratégia “a”, onde a = 1, 2 e 3;

( )gp1 : corresponde a probabilidade da primeira estratégia ser escolhida;

( )gp2 : corresponde a probabilidade da segunda estratégia ser escolhida;

( )gp3 : corresponde a probabilidade da terceira estratégia ser escolhida;

minp : valor mínimo de uma probabilidade, para evitar que seja zero;

( ) minmax 11 pap ⋅−−= : sendo a a quantidade total de estratégias.

A cada nova geração as probabilidades de cada estratégia podem ser

recalculadas de duas formas: a primeira forma é atribuída à estratégia que obteve maior

sucesso na geração anterior, equação (6.27); e a outra forma é atribuída às estratégias

restantes, equação (6.28).

( ) ( ) ( )[ ]gppgpgpaaa *** max1 −⋅+=+ β (6.27).

( ) ( ) ( )[ ]gppgpgpaa aaa −+=+≠∀ min* 1: β (6.28).

Onde,

*a : estratégia que teve maior sucesso na geração G;

a: estratégia “a”, podendo ser igual a 1, 2 ou 3;

( ]1 ,0∈β : parâmetro que controla a taxa de crescimento das probabilidades.

A estratégia *a é definida a partir da quantificação numérica da qualidade de

cada estratégia, sendo que cada qualidade é calculada da seguinte maneira:

( ) ( ) ( )[ ]gqgrgqgq aaaa −⋅+=+ α)(1 (6.29).

Onde,

g: geração (ou iteração) corrente;

92

a: estratégia “a”, onde a = 1, 2 e 3;

( ]1 ,0∈α : parâmetro que controla a taxa de crescimento das qualidades;

( )gra : recompensa referente ao sucesso de cada estratégia durante a geração G.

Baseado na equação (6.29), a estratégia *a é aquela com maior valor de

( )1+gqa , ou seja:

( )( )1+= gqmaxarga aa* (6.30).

Por fim, para que as probabilidades sejam calculadas no início de cada geração é

necessário definir os valores de cada recompensa, ar .

As recompensas são quantificadas fazendo uso da metodologia do fitness

improvement adotada neste trabalho, ver equações (6.20) e (6.23).

No trabalho proposto por [37], o fitness improvement de cada indivíduo é

utilizado para quantificar as recompensas de cada estratégia. Desta forma, quando o

valor da função objetivo do vetor experimental não é melhor do que o do indivíduo

correspondente, então o fitness improvement correspondente é nulo ( 0=iη ).

Com isso, define-se aS como um conjunto de todos os fitness improvement que

obtiveram sucesso (aqueles diferentes de zero) para cada estratégia a (a = 1, 2 e 3)

durante a geração G. Em posse de cada conjunto aS (um para cada estratégia), as

recompensas são calculadas da seguinte forma:

( ) ( )a'a Smediagr = (6.31).

( ) ( )'''

'a

a r;r;rmax

rgr

321 = (6.32).

93

6.1.2.4 ED_mod

Estas três modificações descritas nas seções acima foram incorporadas ao

método da Evolução Diferenciada tradicional com intuito de tornar o método adaptativo

em relação aos fatores de cruzamento e mutação e às estratégias de mutação. Neste

trabalho, o algoritmo da ED modificado foi chamado de ED_mod.

Desta maneira, ao início de cada iteração do ED_mod são escolhidas

aleatoriamente uma das estratégias presentes no pool para cada um dos indivíduos da

população de acordo com suas respectivas probabilidades de escolha.

Como há três tipos de estratégias de mutação presente no pool, então, após

selecionar uma estratégia para cada indivíduo, a população total é dividida em três

grupos, cada um referente a uma estratégia.

Cada grupo tem o seu próprio fator de mutação e cruzamento, onde as

adaptações destes fatores ocorrem por grupo, não havendo nenhum tipo de mistura.

Na Figura 6.2 abaixo pode ser visualizado pseudo-algoritmo do método da

ED_mod adotado neste trabalho.

94

Figura 6.2 - Pseudo-Algoritmo: ED_mod

01 Início

02 Definir Nvar, o número de variáveis

03 NP = 10.Nvar, número da população

04 Definir µ CR = 0.5; µ F = 0.5;

05 Definir o grupo Archive: A = 0;

06 Criar população inicial aleatória {popi,0 |i = 1 a NP}

07 Avalia a função objetivo para cada indivíduo.

08 Iniciando a contagem das gerações: g = 0;

09 Definir quantidade de estratégias: K = 3;

10 Definir a qualidade inicial para cada estratégia a : q a (g ) = 0;

11 Definir a probabilidade inicial para cada estratégia a : p a (g ) = 1/K ;

12 While (algum critério de parada não é atingido) do

13 g = g + 1;

14 For i = 1 a NP

15 Selecionar a estratégia 'a ' de acordo com cada p a (g )

16 Escolher aleatoriamente r 1 ≠ r 2 ≠ r 3 ≠ r 4 ≠ r 5 ≠ i

17 Gerar CRa,i = randni (µ CR,a,0.1); F a,i = randci (µ F,a ,0.1)

18 Gerar j rand = randint(1, Nvar)

19 For j = 1 a Nvar

20 if j = j rand or rand < CRa,i

21 if a == 1

22 Escolher aleatoriamente poppotimo,g do grupo 100p%

23 u i,j,g é gerado com a estratégia 1!

24 else if a == 2

25 u i,j,g é gerado com a estratégia 2!

26 else if a == 3

27 u i,j,g é gerado com a estratégia 3!

28 end if

29 else

30 u i,j,g = pop i,j,g

31 end if

32 end for

33 Avaliar a função objetivo de u i,g

34 if f (popi,g ) melhor f (u i,g )

35 popi,g+1 = popi,g

36 η i = 0

37 else

38 popi,g+1 = u i,g

39 Calcular η i

40 popi,g → A; Atualizar o grupo Archive

41 CRa,i → SCRa, Guardar o valor de CR da estratégia a

42 F a,i → SFa, Guardar o valor de F da estratégia a

43 end if

44 end for

45 Remover vetores de A , tal que, |A | ≤ NP

46 Atualizar µ CRa e µ Fa para cada estratégia: a = 1, 2 e 3

47 Calcular r a (g ) para cada estratégia: a = 1, 2 e 3

48 Atualizar q a (g ) para cada estratégia: a = 1, 2 e 3

49 Atualizar p a (g ) para cada estratégia: a = 1, 2 e 3

50 end while

51end

95

6.2 MÉTODO DE SUPERFÍCIE DE RESPOSTA

De acordo com o que foi descrito na seção 2.3, modelos de superfície de

resposta são frequentemente usados na substituição de modelos físicos complexos, a fim

de reduzir o custo computacional em problemas de otimização.

Quando o cálculo da função objetivo é dispendioso e se tem um grande número

de variáveis de decisão, um método que pode se tornar viável é o uso de um modelo

substituto no lugar do modelo original. Estes modelos de substituição conhecidos como

modelos de superfície de resposta são construídos a partir de uma formulação analítica

adequada usando dados conhecidos sobre o modelo original.

A grande vantagem do emprego desta técnica é que uma vez construído o

modelo de aproximação, a busca pelo ponto ótimo nesta nova função é mais fácil e mais

rápida do que no modelo original para um conjunto de variáveis de decisão pertencente

ao domínio da superfície de resposta.

Assim, o primeiro passo para formular a função aproximada é elencar distintos

vetores dentro do domínio desejado e avaliar a função objetivo real de cada um destes

pontos. Estes pontos, conhecidos como pontos de interpolação, são escolhidos a partir

de uma geração aleatória uniformemente distribuída, conforme a equação abaixo:

( )jjj,ijj,i LILSRLIPsrPsr −⋅+== (6.33).

Onde,

i = 1, 2, 3, ..., Nsr;

j = 1, 2, 3, ..., Nvar;

Nsr: quantidade de pontos de interpolação distribuídos dentro do domínio;

Nvar: dimensão (número de variáveis) dos pontos (vetores);

jLI : limite mínimo da variável j;

96

jLS : limite máximo da variável j;

j,iR : número aleatório com distribuição uniforme entre [0, 1].

Segundo as referências [55-57] uma boa opção é utilizar no lugar de j,iR na

equação (6.33) a sequência de Sobol, pois este é um tipo sequência de baixa

discrepância, que tende a preencher o domínio de busca de modo mais uniforme e

organizado.

Com isso, após a avaliação da função objetivo original para os vetores gerados

pela equação (6.33), as duas informações necessárias para formular analiticamente a

função aproximada estão disponíveis: a matriz composta pelos vetores gerados, Psr ; e

o vetor compostos pelas avaliações da função objetivo original, ( )Psrf .

Neste trabalho foi adotado como o modelo de aproximação o método de

superfície de resposta formulado em RBF (funções de base radial), como visto no

trabalho de [55]. As funções de base radial são assim denominadas porque apresentam

simetria radial. São funções reais que dependem somente da distância entre dois pontos.

A formulação geral de uma função de base radial é descrita da seguinte forma:

( ) ( )ijj xxr −=φ (6.34).

Onde,

ix : centro da função;

ij xx − : distância euclidiana entre o vetor jx e ix .

Um modelo de aproximação através de funções de base radial é conseguido

somando-se diversas funções aplicadas a cada ponto de interpolação. A equação (6.35)

mostra o modelo de aproximação s(x), adotado por [55], que foi adotado neste trabalho.

97

Neste modelo, além de fazer uso do somatório das RBF, é utilizado um polinômio.

( ) ( ) ( ) ( )xfxpPsrxxsM

k

varN

jjkk,j

Nsr

iii ≈+⋅+−⋅= ∑∑∑

= == 10

11

ββφα (6.35).

Onde,

{ }varNvarN x,x,...,x,xx 121 −= ;

Nvar: dimensão do vetor x;

f(x): função objetivo original do vetor x;

iα : valor dos coeficientes constantes ligado a RBF;

k,jβ : valor dos coeficientes constantes ligado ao polinômio ( )jk xp ;

( )jk xp : polinômio de grau M, onde ( ) kjjk xxp = [55].

Ao substituir a equação (6.33) na equação (6.35), uma vez que os valores de

( )Psrf são conhecidos, os coeficientes iα e k,jβ podem ser obtidos resolvendo-se um

sistema linear de ( 1+⋅+ varNMNsr ) equações, pois (segundo a referência [55]) a

equação (6.35) é sujeita as seguintes restrições:

( ) ( )∑ ∑= =

=⋅=⋅Nsr

i

Nsr

i

k,ii,iki PsrPsrp

1 111 0αα (6.36).

( ) ( )∑ ∑= =

=⋅=⋅Nsr

i

Nsr

i

k,ii,iki PsrPsrp

1 122 0αα (6.37).

M

( ) ( )∑ ∑= =

=⋅=⋅Nsr

i

Nsr

i

kvarN,iivarN,iki PsrPsrp

1 1

0αα (6.38).

∑=

=Nsr

ii

1

0α (6.39).

Onde,

k = 1, 2, ..., M;

98

Nsr: quantidade de pontos de interpolação;

Nvar: dimensão dos vetores.

Assim, o sistema de equações montado fica da seguinte forma:

( )

=

00

Psrf

B

BAT β

α (6.40).

Sendo:

( ) ( )

( ) ( )

−−

−−=

NsrNsrNsr

Nsr

PsrPsrPsrPsr

PsrPsrPsrPsr

A

φφ

φφ

L

MOM

K

1

111

(6.41).

( )

( )

( )

( )

( )

( )

( )

( )

=k

varN,Nsr

kvarN,

k,Nsr

k,

varN,Nsr

varN,

,Nsr

,

Psr

Psr

Psr

Psr

Psr

Psr

Psr

Psr

B M

L

M

L

M

L

M

L

M

L

M

L

MM

1

1

11

1

11

11

111

1

1

(6.42).

=

Nsrα

αα M

1

(6.43).

( )

=

⋅ varNMβ

ββ

βM

1

0

(6.44).

( )( )

( )

=

NsrPsrf

Psrf

Psrf M

1

(6.45).

Onde,

Psr : matriz composta pelos vetores gerados pela equação (6.33);

Nsr: quantidade de pontos de interpolação;

Nvar: dimensão dos vetores;

M: grau do polinômio;

99

TB : matriz transposta de B.

Ao resolver o sistema de equação, equação (6.40), obtêm-se os respectivos

coeficientes α e β . Repare que a formalização da equação (6.40) distingue a matriz

total em duas matrizes, uma correspondendo aos valores das funções de base radiais

(matriz A) e outra correspondendo apenas aos polinômios de ordem M (matriz B).

Assim, é possível facilmente obter uma função aproximada para diferentes formulações

de RBF.

Neste trabalho foram adotados três tipos de RBF: a Multiquadrática, ( )jM rφ ; a

Gaussiana, ( )jG rφ ; e a Multiquadrática Cúbica, ( )jC rφ . A seguir, seguem suas

respectivas formulações:

( ) 22 crr jjM +=φ (6.46).

( ) ( )[ ]2jjG rcexpr ⋅−=φ (6.47).

( ) [ ]322 crr jjC +=φ (6.48).

Onde,

jr : distância euclidiana entre o vetor apurado e o vetor central do método;

c: fator de forma, valor constante a ser determinado pelo usuário, sendo 0>c .

Nesta seção foi apresentado como formular analiticamente uma função interpolada

pelo método de Superfície de Resposta. Na seção a seguir será apresentado o algoritmo de

otimização proposto por este trabalho, que fez uso do algoritmo da ED_mod (visto nas

seções anteriores) para otimizar a função aproximada.

100

6.3 ALGORITMO PROPOSTO: ED2SR

Nesta seção será apresentado o algoritmo proposto chamado ED2SR. Este

algoritmo inicia-se fazendo uso da metodologia de otimização proposta por [55], através

do algoritmo H3, porém com pequenas modificações. E finaliza a otimização fazendo

um intercâmbio entre o algoritmo H3 modificado e o método da ED_mod (visto nas

seções anteriores).

Assim, nas seções a seguir será apresentado o algoritmo H3 com as respectivas

modificações e a integração deste algoritmo (H3_mod) com o ED_mod formando o

ED2SR.

6.3.1 H3_mod

O que motivou a utilizar a metodologia de otimização proposta por [55] foi em

relação ao número de funções objetivo executadas durante cada iteração: no máximo

duas vezes.

A grande modificação ao que foi proposto por [55] foi em relação ao

procedimento utilizado para escolher a RBF (Mφ , Gφ ou Cφ , visto na seção anterior) e o

grau do polinômio (valor de M, visto na seção anterior) a serem utilizados para formular

analiticamente a função interpolada s(x), equação (6.35).

O procedimento global do algoritmo H3_mod foi baseado nos seguintes passos:

1- Carregar os pontos de interpolação responsáveis pela criação da Superfície de

Resposta e chamar de Psr. Carregar o valor da função objetivo real, f(x),

correspondente a cada vetor presente em Psr e chamar de f_Psr. Carregar os

pontos de treinamento e chamar de Ptr. Carregar o valor da função objetivo real,

f(x), correspondente a cada vetor presente em Ptr e chamar de f_Ptr;

101

2- Achar o melhor vetor (aquele com melhor valor de função objetivo real)

presente em Psr e chamar de xotimo;

3- Identificar na matriz Psr a posição do vetor mais distante de xotimo e chamar de

i far;

4- Gerar uma função interpolada a partir do método Superfície de Resposta com a

matriz Psr e o vetor coluna f_Psr. Para escolher a RBF (Mφ , Gφ ou Cφ , visto na

seção anterior) e o grau do polinômio (valor de M, visto na seção anterior) a

serem utilizados, o algoritmo utiliza os pontos de treinamento (Ptr) para testar a

Superfície de Resposta construída para cada par (φ , M). Desta forma, o par (φ ,

M) que proporcionar o menor erro RMS (Root Mean Square) são os candidatos a

gerar a função interpolada chamada de g(x). Na próxima seção será detalhada a

sub-rotina chamada SR, responsável pela definição do melhor par (φ , M);

5- Otimizar a função interpolada, g(x), com método da ED_mod (descrito na seção

6.1.2). Chamar o melhor ponto encontrado de xint. Calcular a função objetivo

real de xint: f(xint);

6- Se o valor de f(xint) for melhor do que todos os vetores presentes em Psr, então,

substituir o vetor de Psr na posição i far por xint. Caso contrário, gerar um novo

vetor e chamar de xnovo. Avaliar a f(xnovo) e substituir xnovo na posição i far da

matriz Psr.

Na Figura 6.3, a seguir, se encontra detalhado o algoritmo H3_mod utilizado

nesta dissertação.

102

Figura 6.3 - Pseudo-Algoritmo: H3_mod

6.3.1.1 SR

A cada vez que as linhas de programação do algoritmo H3_mod forem

utilizadas, de acordo com toda a metodologia descrita na seção 6.2, é necessário definir

a função RBF, o grau do polinômio e o fator de forma para que a função interpolada,

g(x), seja criada.

Este trabalho não fez uso do método cross-validation1 anunciado na referência

[55] como o procedimento padrão para as escolhas do melhor conjunto RBF, grau do

polinômio e fator de forma. Este método não se mostrou robusto, pois para uma mesma

população inicial de pontos, o mesmo não garantiu um repetitividade das escolhas.

1 Para maiores informações do cross-validation consultar a referência [55].

01 Início

02 Definir Nvar, o número de variáveis

Passo 1

03 Carrega Psr, os pontos de interpolação

04 Carregar f_Psr, os valores da f (x ) de cada vetor de Psr

05 Carregar Ptr , os pontos de treinamento

06 Carregar f_Ptr , os valores da f (x ) de cada vetor de Ptr

Passo 2

07 Calcular x otimo, vetor de Psr com melhor valor de f (x )

Passo 3

08 Calcular i far , posição do vetor mais distante de x otimo

Passo 4

Gerar uma função interpolada g (x ) usando o algoritmo SR

09 g (x ) = SR(Psr, f_Psr, Ptr , f_Ptr )

Passo 5

Calcular x int , ponto ótimo da g (x ) usando o algorimo DE_mod

10 x int = DE _mod(g (x ))

11 Avalia a função objetivo real, f (x ), do vetor x int

Passo 6

12 if f (xint ) melhor do que f (xotimo)

13 Psr ifar = x int , substitui x int na posição i far

14 f_Psrifar = f(x int )

15 else

16 Gerar i novo = SOBOL(1, Nvar), vetor pseudo aleatório

17 Gerar x novo, novo vetor dentro dos limites de busca, utilizando i novo

18 Avalia a função objetivo real, f (x ), do vetor x novo

19 Psr ifar = x novo, substitui x novo na posição i far

20 f_Psrifar = f(x novo)

21 end if

22end

103

Aliás, foi exatamente por este motivo que foi escolhido um método de otimização com

dupla superfície de resposta, pois para que houvesse repetitividade na escolha do melhor

conjunto (RBF, grau do polinômio e fator de forma) verificou-se a necessidade de haver

uma população independente que fizesse o papel de pontos de treinamento.

Em testes realizados foi constatado que a repetitividade depende diretamente da

quantidade e da qualidade dos pontos de treinamento. Desta forma, durante os processos

iterativos verificou-se que os pontos de treinamento também deveriam ser otimizados.

Assim, foi determinado que os pontos de treinamento fizessem o papel de uma segunda

superfície de resposta, como será descrito na próxima seção.

Para este trabalho foi criado uma sub-rotina chamada SR, que ao fornecer os

dados da superfície de resposta (Psr e f_Psr) e dos pontos de treinamento (Ptr e f_Ptr),

obtém-se a g(x). Esta rotina pode ser visualiza na Figura 6.4.

104

Figura 6.4 - Pseudo-Algoritmo: SR

6.3.2 ED2SR

Esta dissertação propôs um algoritmo de otimização baseado no Método da

Evolução Diferenciada Adaptativa (o ED_mod) fazendo uso de duas superfície de

01 Início

02 Carrega Psr, os pontos de interpolação

03 Carregar f_Psr, os valores da f (x ) de cada vetor de Psr

04 Carregar Ptr , os pontos de treinamento

05 Carregar f_Ptr , os valores da f (x ) de cada vetor de Ptr

06 Calcular D sr, matriz contendo as distântias euclidiana dos vetor de Psr

07 Definir c = min(D sr)/Nsr, fator de forma inicial

08 For i = -1 a 5

09 grau = i

Montar a matriz B

10 B = Matriz B (Psr, grau)

11 For j = 1 a 3

12 RBF = j

13 Verificar se o fator de forma será maximizado ou minimizado!

14 Definir passo

15 RMSapós = Inf

16 Do While RMSapós < RMSi,j

17 RMSi,j = RMSapós

18 c = c .passo, calculo do novo fator de forma

Montar a matriz A

19 A = Matriz A (D sr, RBF, c )

Construi a matriz M

20 M = [A , B | Btrans, 0]

Inverter a matriz M com a método SVD

21 M inv = SVD (M )

22 α = M inv . f_Psr

Avaliar a função interpolada nos pontos de treinamento

23 Calcular D tr , distância entre os vetores de Ptr e Psr

24 A tr = Matriz A (D tr , RBF, c )

25 B tr = Matriz B (Ptr , grau)

26 M tr = [A tr , Btr ]

27 f _Ptr int = M tr . α, valor da função interpolada de Ptr

28 error = f _Ptr - f _Ptrint

Calcular o RMS do vetor error

29 RMSi,j = RMS(error )

30 α i,j = α

31 c i,j = c

32 end do while

33 end for

34 end for

Identificar as posições i e j do menor valor de RMSi,j

35 [i , j ] = min (RMSi,j )

36 RBF = j , defini a melhor Função de Base Radial

37 grau = i , defini o melhor grau do polinômio

38 α = α i,j , defini os melhores coeficientes da função interpolada

39 c = c i,j , defini o melhor fator de forma

40end

105

resposta sendo chamado de ED2SR.

O algoritmo da ED2SR é dividido em duas partes. Na primeira, este utiliza duas

Superfícies de Respostas ao mesmo tempo (Psr1 e Psr2), enquanto na segunda parte é

criada uma única superfície, a partir dos melhores vetores presentes nas superfícies

anteriores.

O objetivo da primeira parte é que ambas as superfícies sejam otimizadas pelo

algoritmo H3_mod, onde em um determinado momento a superfície Psr2 é substituída

como pontos de treinamento, testando a interpolação criada com a superfície Psr1, sendo

este papel invertido em outro momento. Ainda nesta primeira parte, as superfícies

também trocam informações, caso seja encontrado algum um ponto ótimo.

A segunda parte começa após um determinado número de funções avaliadas,

onde os vetores presentes nas matrizes Psr1 e Psr2 formam um único grupo, sendo este

grupo divido em duas matrizes. Uma nova Superfície de Resposta é criada a partir dos

melhores vetores do grupo anteriormente formado, sendo esta superfície chamada Psr.

Os vetores restantes formam o grupo dos pontos de treinamento, Ptr. Assim, nesta

segunda parte apenas a superfície Psr é otimizada com o algoritmo H3_mod e os pontos

de treinamento somente irão testar as superfícies criadas.

Ainda nesta segunda parte, quando o método não for capaz de encontrar um

novo ótimo durante 10 iterações consecutivas, o algoritmo da ED_mod é aplicado nos

pontos Psr com o objetivo de diminuir a área da superfície, deixando os pontos mais

próximos e, com isso, melhorando a eficácia do algoritmo H3_mod.

Assim, o procedimento global do algoritmo da ED2SR seguem os seguintes

passos:

1- Gerar duas populações usando a função objetivo real, f(x). Sendo estas duas

populações chamadas de Psr1 e Psr2, respectivamente;

106

2- Aplicar o algoritmo H3_mod em cada população criada no passo anterior. Na

geração de cada função interpolada, g(x), utilizar a outra população como pontos

de treinamento, respeitando os limites de interpolação, para não haver

extrapolação;

3- Verificar qual população obteve sucesso na busca de um novo ponto ótimo

durante o segundo passo. Se Psr1 obtiver sucesso, incluir o melhor vetor de Psr1

em Psr2 e aplicar o segundo passo em Psr2 e, posteriormente retirar o vetor

incluso. Se Psr2 obtiver sucesso, repetir este procedimento na população Psr1.

Repetir este terceiro passo até que nenhum ótimo seja encontrado.

4- Se o número de funções avaliadas for maior do que 200 vezes a dimensão do

problema, seguir para o próximo passo, referente à segunda parte do algoritmo

da ED2SR. Caso contrário voltar ao segundo passo.

5- Definir a população Psr com os Nsr melhores vetores de Psr1 união com Psr2.

Definir a população Ptr com os vetores de Psr1 união com Psr2, que não foram

escolhidos para Psr;

6- Aplicar o algoritmo H3_mod na população Psr, utilizando a população Ptr

apenas como pontos de treinamento. Verificar se os pontos Ptr extrapolam a

interpolação. Se houver extrapolação, gerar novos pontos de treinamento e

certificar que o número total de vetores em Ptr não seja menor do que 60% de

Nsr;

7- Caso não seja encontrado um novo ponto ótimo durante 10 iterações seguidas,

então, aplicar o algoritmo da ED_mod na população Psr, utilizando a função

real;

8- Voltar ao sexto passo até que algum critério de parada seja atingido.

107

Estes passos podem ser visualizados nos pseudo-algoritmos a seguir. A Figura

6.5 corresponde à primeira parte do ED2SR e a Figura 6.6 corresponde à segunda parte.

Figura 6.5 - Pseudo-Algoritmo:Primeira parte do ED2SR

01 Início

02 Definir Nvar, o número de variáveis

03 Nsr1 = 15.Nvar, número da população da 1° Superfície

04 Nsr2 = 15.Nvar, número da população da 2° Superfície

05 Gerar r 1 = SOBOL(Nsr1 , Nvar), 1° matriz pseudo aleatório

06 Cria Psr1 , 1° população inicial com a matriz r 1

07 Calcular f_Psr1 , função objetivo de cada vetor de Psr1

08 Gerar r 2 = rand(Nsr2 , Nvar), 2° matriz aleatório

09 Cria Psr2 , 2° população inicial com a matriz r 2

10 Calcular f_Psr2 , função objetivo de cada vetor de Psr2

11 Calcular x otimo1, vetor de Psr1 com melhor valor de f (x )

12 Calcular x otimo2, vetor de Psr2 com melhor valor de f (x )

13 nfaval = Nsr1 + Nsr2 , número de funções avaliadas

14 While nfaval < 200.Nvar do

15 x otimo1_ant = x otimo1

Calcular x otimo1, usando o algorimo H3_mod

Sendo Psr1 os ponto de interpolação e Psr2 os pontos de treinamento

16 [x otimo1, nfaval] = H3_mod(Psr1 , f_Psr1 , Psr2 , f_Psr2 )

17 x otimo2_ant = x otimo2

Calcular x otimo2, usando o algorimo H3_mod

Sendo Psr2 os ponto de interpolação e Psr1 os pontos de treinamento

18 [x otimo2, nfaval] = H3_mod(Psr2 , f_Psr2 , Psr1 , f_Psr1 )

19 While (x otimo1 melhor x otimo1_ant) OU (x otimo2 melhor x otimo2_ant) do

20 Substitui x otimo1 por x otimo2 na população Psr2

21 Substitui x otimo2 por x otimo1 na população Psr1

22 if x otimo2 melhor do que x otimo2_ant

23 x otimo1_ant = x otimo1

24 [x otimo1, nfaval] = H3_mod(Psr1 , f_Psr1 , Psr2 , f_Psr2 )

25 end if

26 if x otimo1 melhor do que x otimo1_ant

27 x otimo2_ant = x otimo2

28 [x otimo2, nfaval] = H3_mod(Psr2 , f_Psr2 , Psr1 , f_Psr1 )

29 end if

30 Desfaz as trocas dos x otimo entre as populações Psr1 e Psr2

31 end while

32 end while

33 Nsr = 10.Nvar, número da população da Superfície Única

34 Definir Psr com os Nsr melhores vetores de [Psr1 ; Psr2 ]

35 Definir f _Psr com os Nsr melhores valores de [f_Psr1; f _Psr2 ]

36 Definir Ptr com os outros vetores de [Psr1 ; Psr2]

37 Definir f _Ptr com os outros valores de [f _Psr1 ; f _Psr2 ]

Aplicar a 2° parte do algoritmo ED2SR

38 [x otimo, f otimo] = 2°p_ED2SR(Psr, f_Psr, Ptr , f_Ptr , SOBOL, nfaval)

39end

108

Figura 6.6 - Pseudo-Algoritmo: segunda parte ED2SR

6.4 TESTE DE OTIMIZAÇÃO COM ED2SR:

Nesta seção serão apresentadas as comparações realizadas entre os algoritmos da

ED_mod e da ED2SR, quando aplicados a otimizações de algumas funções Benchmark

(funções de teste).

Foram escolhidas cinco funções de referência: Beale ( 1f ); Branin ( 2f ); Easom

( 3f ); Sphere ( 4f ); e Griewank ( 5f ). As três primeiras funções, Beale, Branin e Easom,

são bidimensionais, enquanto as outras podem assumir qualquer dimensão.

As formulações analíticas de cada uma destas funções estão representadas nas

equações a seguir, onde “n” corresponde a dimensão do problema:

01 Início

02 Definir Nvar, o número de variáveis

03 Carrega Psr, os pontos de interpolação

04 Carregar f_Psr, os valores da f (x ) de cada vetor de Psr

05 Carregar Ptr , os pontos de treinamento

06 Carregar f_Ptr , os valores da f (x ) de cada vetor de Ptr

07 Carregar nfaval, número de função objetivo já avaliada

08 Ntr min = 6.Nvar, Quantidade mínima de pontos de treinamento

09 niterED = 3.Nvar, número de iterações do algoritmo DE_mod

10 s_suc = 10, contagem de insucessos

11 While (algum critério de parada não é atingido) do

12 if s_suc == 10

13 s_suc = 0

Otimiza com DE_mod a população Psr em niterED iterações

14 [Psr, f_Psr, nfaval] = DE_mod(Psr, f_Psr, niterED)

15 end if

16 Calcular Ntr , número de vetores de Ptr dentro do limite de interp.

17 if Ntr < Ntr min

18 Gerar (Ntr min - Ntr ) novos pontos de treinamento

19 nfaval = nfaval + (Ntr min - Ntr )

20 end if

21 x otimo_ant = x otimo

Calcular x otimo, utilizando o algorimo H3_mod

Sendo Psr os ponto de interpolação e Ptr os pontos de treinamento

22 [x otimo, f otimo, nfaval] = H3_mod(Psr, f_Psr, Ptr , f_Ptr )

23 if x otimo melhor do que x otimo_ant

24 s_suc = 0, reinicia a contagem de insucessos

25 else

26 s_suc = s_suc + 1

27 end if

28 end while

29end

109

( ) ( ) ( ) ( )23211

22211

22111 625225251 xxx,xxx,xxx,xf ⋅+−+⋅+−+⋅+−= (6.49).

( ) ( ) 108

11106

5

4

151

2

12

21

22 +⋅

⋅−⋅+

−⋅+

⋅⋅−= xcos

xx,xxf

πππ (6.50).

( ) ( ) ( ) ( ) ( )[ ]22

21213 ππ −−−−⋅⋅−= xxexpxcosxcosxf (6.51).

( ) ∑=

=n

iixxf

1

24 (6.52).

( ) ∑ ∏= =

+

−=n

i

n

i

ii

i

xcos

xxf

1 1

2

5 14000

(6.53).

A primeira função teste corresponde a função Beale com 2 variáveis de

otimização. O limite de busca foi definido dentro do intervalo 5454 ,x, ≤≤− , onde o

mínimo global localiza-se em para x = (3, 0,5), sendo( ) 0=xf .

Na Figura 6.7 constam os resultados obtidos ao otimizar a função Beale com os

algoritmos ED_mod e ED2SR. Ambos os algoritmos encontraram o mínimo global,

sendo que o ED_mod necessitou calcular a função objetivo 3.620 vezes, quando o

ED2SR precisou apenas de 2.892.

O algoritmo da ED2SR se comportou muito bem no início do processo iterativo,

entretanto, necessitou fazer uso do método da Evolução Diferenciada para que o

resultado fosse refinado.

110

Figura 6.7 - Função Beale - 2D

A segunda função teste corresponde a função Branin com 2 variáveis de

otimização. O limite de busca foi definido dentro do intervalo 105 1 ≤≤− x e

150 2 ≤≤ x , onde o mínimo global encontra-se em x = (-π, 12,275), (π, 2,275),

(9,42478, 2,475), sendo( ) 3978870,xf = .

Na Figura 6.8 constam os resultados obtidos ao otimizar a função Branin com os

algoritmos ED_mod e ED2SR. Ambos os algoritmos encontraram o mínimo global,

sendo que o ED_mod encontrou o mínimo com um número menor de função objetivo.

Entretanto, apesar do ED_mod apresentar melhor resultado, o algoritmo da ED2SR

encontrou a região muito próxima a do mínimo global com apenas 423 cálculos de

função objetivo.

111

Figura 6.8 - Função Branin - 2D

A terceira função teste analisada foi a função Easom também com 2 variáveis de

otimização. O limite de busca foi definido dentro do intervalo 100100 ≤≤− x , onde o

mínimo global localiza-se em x = (π, π), sendo ( ) 1−=xf .

Na Figura 6.9 constam os resultados obtidos ao otimizar a função Easom com os

algoritmos ED_mod e ED2SR.

Ambos os algoritmos encontraram o mínimo global, sendo que o ED_mod

necessitou calcular a função objetivo mais de 5.000 vezes, quando o ED2SR precisou

apenas de 2.528.

112

Figura 6.9 - Função Easom - 2D

A quarta função teste analisada foi a função Sphere. Esta função foi otimizada

para 3 casos, com 2, 5 e 10 variáveis de otimização, respectivamente. O limite de busca

foi definido dentro do intervalo 100100 ≤≤− x , onde o mínimo global localiza-se em

0=x , sendo ( ) 0=xf .

Na Figura 6.10, Figura 6.11 e Figura 6.12 constam os resultados para os 3 casos

citados, respectivamente.

Nos três casos ambos os algoritmos encontraram o mínimo global. O algoritmo

da ED2SR foi extremamente superior ao ED_mod ao identificar a região do mínimo

global. Entretanto, com já observado na função Beale, o algoritmo da ED2SR necessitou

fazer uso do método da Evolução Diferenciada para que o resultado fosse refinado.

113

Figura 6.10 - Função Sphere - 2D

Figura 6.11 - Função Sphere - 5D

114

Figura 6.12 - Função Sphere - 10D

A quinta função teste analisada foi a função Griewank. Esta função também foi

otimizada para 3 casos, com 2, 5 e 10 variáveis de otimização, respectivamente. O

limite de busca foi definido dentro do intervalo 600600 ≤≤− x , onde o mínimo global

encontra-se em 0=x , sendo ( ) 0=xf .

Na Figura 6.13, Figura 6.14 e Figura 6.15 constam os resultados para os 3 casos

citados, respectivamente.

Nos três casos ambos os algoritmos encontraram o mínimo global. O algoritmo

da ED2SR encontrou o mínimo global com apenas 1.018, 2.949 e 5.265 cálculos de

funções objetivo para cada um dos três casos, respectivamente.

Para esta função o algoritmo da ED2SR foi superior ao ED_mod, quando este

último necessitou calcular 6.400, 41.600 e 90.200 funções objetivo para cada um dos

três casos, respectivamente.

115

Figura 6.13 - Função Griewank - 2D

Figura 6.14 - Função Griewank - 5D

116

Figura 6.15 - Função Griewank - 10D

Diante dos resultados obtidos com as funções de teste ficou evidente o benefício

obtido quando se utilizou o algoritmo de otimização com Superfície de Resposta.

Assim, no próximo capítulo serão apresentados os resultados quando o algoritmo

proposto (o ED2SR) foi utilizado para otimizar a função objetivo proposta nesta

dissertação: o VPL5% de um empreendimento termelétrico inserido no Brasil.

117

7 UTE ÓTIMA: UM ESTUDO DE CASO

No capítulo 5 foi apresentado um modelo de avaliação econômica de uma usina

termelétrica a gás natural inserida no Sistema Interligado Nacional, segundo a

contratação pela opção de disponibilidade de energia. Este modelo foi utilizado como

função objetivo nos algoritmos de otimização descritos no capítulo 6 (o ED_mod e o

ED2SR) para otimizar a UTE-Base proposta no capítulo 4.

Nas seções a seguir será apresentado como foi modelada e quantificada a função

objetivo, bem como os resultados obtidos com a sua otimização.

7.1 MODELAGEM DO VALOR PRESENTE LÍQUIDO

Para que fosse possível realizar a simulação dos fluxos de caixa descontados

pelas estratégias propostas neste trabalho (vistas nos capítulos 3 e 5), foi necessário

quantificar as receitas obtidas nos ambientes de comercialização regulado (ACR) e livre

(ACL), as receitas obtidas no mercado de curto prazo (MCP) e os respectivos custos.

Conforme discutido no capítulo 5, segundo as equações (5.8), (5.25) e (5.26), o

VPL de um empreendimento termelétrico foi modelado em função das seguintes

variáveis:

( )aaaa tat,outrost,PPAt,CCEAR De,IR,ID,TMA,tipo,T,I,C,R,RfVPL = (7.1).

Onde,

at : período em base anual;

at,CCEARR : receita no ACR (mercado cativo), em R$/ano, equação (5.12);

at,PPAR : receita no ACL (mercado livre), em R$/ano, equação (5.19);

at,outrosC : outros custos (O&M, tarifas, garantia), em R$/ano, equação (5.20);

118

ID: Impostos Diretos, em %;

IR: Imposto de Renda, em %;

atDe : depreciação, em R$/ano;

I: custo do investimento, em R$, equação (5.8);

tipo: LEN tipo A-3, ou seja, valor igual a 3;

aTMA : taxa mínima de atratividade anual, em %;

T: vida útil do projeto, período total.

Os valores das principais variáveis da equação (7.1), listadas acima, precisaram

ser estimados para a elaboração do estudo de caso. Esses valores foram obtidos por

meio de coleta de dados realizada em órgãos federais, institutos de pesquisa e estudos

acadêmicos anteriores.

Entretanto, para que estas principais variáveis da equação (7.1) fossem

quantificadas de acordo com cada projeto termelétrico simulado no Thermoflow, outras

variáveis precisaram ser dimensionadas, tais como: a garantia física; a disponibilidade; a

inflexibilidade; o custo variável unitário (CVU); o custo marginal de operação (CMO);

e o preço de liquidação das diferenças (PLD) ou preço spot da energia.

Assim, nas próximas seções serão abordados as equações e valores de cada

variável presente na equação (7.1), bem como as demais variáveis auxiliares para o seu

cálculo (chamadas de variáveis comuns).

7.1.1 Avaliação das Variáveis Comuns

7.1.1.1 Vida Útil

A vida útil representa o período de tempo que o empreendedor espera utilizar os

119

ativos da UTE. Nesta dissertação foi utilizado um período de 15 anos (ou 180 meses),

conforme referência [60], sendo contados após os anos referentes à construção do

empreendimento. No estudo de caso que será apresentado, a UTE foi avaliada para um

leilão do tipo A-3, sendo os três primeiros anos reservados para a construção da térmica.

7.1.1.2 Taxa Mínima de Atratividade Anual e Mensal

A Taxa Mínima de Atratividade (TMA) é o mínimo que um investidor se propõe

a ganhar quando faz um investimento. A definição desta taxa foi baseada nas taxas

utilizadas no Plano Nacional de Energia (PNE 2030) de 10%. Assim, neste trabalho

adotou-se como taxa mínima de atratividade anual o valor de 10%.

%TMAa 10= (7.2).

A taxa mínima de atratividade mensal foi calculada com base no valor atribuído

a taxa anual, desta forma:

( )[ ] %,,TMAm 79740100110112 =⋅−+= (7.3).

7.1.1.3 Garantia Física da UTE

Conforme equação (5.2) e identificando a primeira variável de saída do

Thermoflow como 1TF , a garantia física foi definida de acordo com a seguinte equação:

1TF.GFGF %= (7.4).

Onde,

1TF : potência instalada líquida da térmica, 1° output do Thermoflow, em MW;

%GF : proporção da potência, em %.

120

De acordo com a seção 3.1.3, a proporção da potência %GF é função do Custo

Variável Unitário (CVU) e da inflexibilidade operativa da UTE. Neste trabalho foi

assumido que não haveria inflexibilidade operativa, ou seja, foi considerada uma

inflexibilidade igual à zero (de acordo com a UTE Baixada Fluminense [67]).

Assim, de acordo com a metodologia de cálculo disponibilizada pela Empresa de

Pesquisa Energética (EPE) e assumindo uma inflexibilidade zero, foi possível gerar

valores de %GF em função do CVU estrutural (visto na seção 3.1.4.3). Desta forma, o

valor de %GF correspondente ao CVU da usina foi obtido a partir da interpolação linear

dos valores de %GF listados na tabela abaixo:

Tabela 7.1 - Valores de GF% versus CVU, com inflexibilidade igual a zero

7.1.1.4 Disponibilidade da UTE

A disponibilidade foi calculada de acordo com a equação (5.4), que faz uso da

potência instalada líquida (variável de saída do Thermoflow, 1TF ), assim:

( ) ( )IPTEIFTFDisp −⋅−⋅= 111 (7.5).

As variáveis TEIF e IP correspondem à taxa média de indisponibilidade forçada

e a taxa de indisponibilidade programada, respectivamente. Para usinas termelétricas

CVU [R$/MWh] 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0

%GF 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 99,91% 98,81% 97,67%

CVU [R$/MWh] 55,0 60,0 65,0 70,0 75,0 80,0 85,0 90,0 95,0 100,0

%GF 96,26% 94,73% 93,10% 91,43% 89,53% 87,59% 85,31% 83,15%81,20% 79,21%

CVU [R$/MWh] 105,0 110,0 115,0 120,0 125,0 130,0 135,0 140,0 145,0 150,0

%GF 77,03% 75,06% 73,03% 70,86% 69,04% 66,96% 64,88% 63,00%60,63% 59,08%

CVU [R$/MWh] 155,0 160,0 165,0 170,0 175,0 180,0 185,0 190,0 195,0 200,0

%GF 57,32% 55,75% 54,09% 52,44% 51,01% 49,61% 47,57% 45,89%44,67% 43,18%

CVU [R$/MWh] 205,0 210,0 215,0 220,0 225,0 230,0 235,0 240,0 245,0 250,0

%GF 42,26% 41,52% 40,67% 39,89% 39,33% 38,71% 38,16% 37,60%37,16% 36,62%

CVU [R$/MWh] 255,0 260,0 265,0 270,0 275,0 280,0 285,0 290,0 295,0 300,0

%GF 35,76% 35,28% 34,36% 34,00% 33,61% 33,35% 33,17% 32,80%32,46% 32,24%

121

são considerados como referência valores na ordem de 2% e 3,5%, respectivamente.

Com isso, a disponibilidade foi calculada em MW da seguinte forma:

194570 TF,Disp ⋅= (7.6).

Onde,

1TF : potência líquida instalada da térmica, 1° output do Thermoflow, em MW;

7.1.1.5 Inflexibilidade da UTE

Conforme já descrito, neste trabalho foi admitida uma inflexibilidade

operacional igual à zero. Assim, a equação (5.5) tomou a seguinte forma:

0=Inflex (7.7).

7.1.1.6 Custo Variável Unitário – CVU

De acordo com a seção 3.1.4.3 há dois tipos de CVU, sendo um de caráter

estrutural ( ECVU ) e outro para definir o despacho ( OPCVU ) da térmica. Ambos os

CVU fazem uso do mesmo fator de conversão i, equação (5.7), e do mesmo valor do

custo de operação e manutenção variável, OeMC .

Conforme equação (5.7), o fator de conversão foi calculado da seguinte forma:

COMBHR CorCorHRi ⋅⋅= (7.8).

Onde,

HR: heat rate da planta de geração, 2° output do Thermoflow, em 106Btu/MWh;

HRCor : correção do heat rate, em %;

COMBCor : correção do preço do combustível, em %;

122

O heat rate, que corresponde à taxa de consumo energético em combustível por

potência elétrica gerada da planta, foi obtido a partir de outra variável de saída do

Thermoflow, sendo chamada de 2TF .

A correção relacionada ao valor do heat rate, HRCor , tem a função de corrigir as

perdas inerentes à transmissão e distribuição de energia elétrica. Valores típicos para

estas perdas são de 2,5% e 1%, respectivamente. Desta forma:

( ) ( )01,01025,01

1

−⋅−=HRCor (7.9).

A correção relacionada ao preço do combustível, COMBCor , tem a função de

diminuir o risco quando o preço do combustível na prática for maior do que o previsto.

Assim, o valor de COMBCor correspondeu a razão entre a previsão do preço de

combustível no último ano da vida útil da UTE (no caso deste trabalho, ano 2031) e o

preço atual.

Assim, segundo a referência [64], no ano de 2031 a previsão do preço do gás

natural é de 5,630530 US$/106 Btu e o preço de referência considerado para o ano de

2013, segundo a referência [77], é de 3,94 US$/106 Btu.

3,94

5,630530=COMBCor (7.10).

Com isso, substituindo as equações (7.9) e (7.10) em (7.8), obtém:

24805,1 TFi ⋅= (7.11).

Onde,

2TF : heat rate da UTE, 2° output do Thermoflow, em 106Btu/MWh.

Segundo a referência [49] valores típicos de operação e manutenção variável são

da ordem de 10 R$/MWh. Desta forma, neste trabalho foi adotado este valor para o

custo de operação e manutenção variável, OeMC .

123

7.1.1.6.1 Custo Variável Unitário de Caráter Estrutural

O CVU estrutural é aquele utilizado no cálculo do custo de operação (COP) e

custo econômico de curto prazo (CEC), partes integrantes da receita no ambiente

regulado, equação (5.12). A taxa de câmbio e o preço do combustível de referência para

calcular o CVU estrutural são valores referenciais, disponibilizados pela EPE na época

de cada leilão. Assim, de acordo com a referência [77], a taxa de câmbio e preço do

combustível foram de 1,9484 R$/US$ e 3,94 US$/106 Btu, respectivamente.

Assim, substituindo esses valores e o valor de OeMC na equação (5.6), obteve-se:

10365511 2 +⋅= TF,CVUE (7.12).

Onde,

2TF : heat rate da UTE, 2° output do Thermoflow, em 106Btu/MWh.

7.1.1.6.2 Custo Variável Unitário de Caráter Operacional

O CVU referente ao despacho é aquele que define se a UTE entra em operação

ou não. Para calcular o este CVU, foi levado em consideração o valor do dólar médio.

Para o preço do combustível foi feito uma análise em relação às previsões dos seus

valores durante a vida útil do projeto termelétrico.

Pela razão da sua volatilidade, o câmbio considerado foi de 2,1303 R$/US$, que

corresponde à média dos últimos 6 meses. Estes valores estão disponíveis no site do

Banco Central do Brasil [78].

O preço do combustível foi definido como a média dos valores previstos para os

anos entre 2017 e 2031 (vida útil do projeto), sendo este valor de 4,8267 US$/106Btu.

Os valores de cada previsão estão disponíveis na referência [64].

124

Assim, o CVU de caráter operacional de cada UTE foi calculado da seguinte

forma:

10223115 2 +⋅= TF,CVUOP (7.13).

Onde,

2TF : heat rate da UTE, 2° output do Thermoflow, em 106Btu/MWh.

7.1.1.7 Custo Marginal de Operação – CMO

O CMO é aquele utilizado no cálculo do custo de operação (COP), equação

(3.10), e custo econômico de curto prazo (CEC), equação (3.11), partes integrantes da

receita no ambiente regulado, equação (5.12). Estes valores são disponibilizados pela

Empresa de Pesquisa Energética [62], na época do leilão. Neste trabalho foram

utilizadas as séries de CMO disponibilizadas na referência [79], correspondente ao

leilão ocorrido em agosto de 2013.

Para o cálculo do CEC foram utilizados valores de CMO limitados ao um Preço

de Liquidação das Diferenças máximo e outro mínimo, máxPLD e minPLD . De acordo

com a mesma referência [79] estes valores são de 780,03 R$/MWh e 14,13 R$/MWh,

respectivamente.

7.1.1.8 Preço de Liquidação das Diferenças – PLD

Os PLD correspondem ao preço da energia no mercado de curto prazo. Para este

estudo, os preços spot foram determinados com base nos CMO (disponibilizados pela

Empresa de Pesquisa Energética [62]), conforme descrito detalhadamente na seção 5.4.

Na realidade a EPE apenas disponibiliza valores futuros de CMO para os

primeiros 60 meses da vida útil do projeto. Como o VPL foi calculado para 180 meses

125

(15 anos), então, para os 120 meses restantes, esta dissertação utilizou o mesmo

mecanismo de cálculo visto nas referências [1, 2], quando os últimos 12 meses dos 60

iniciais foram repetidos para os 120 meses restantes.

Na realidade isso não quer dizer que as séries (ou cenários) de PLD foram

repetidas. O que realmente foi repetido foi a curva de distribuição acumulada empírica

dos CMO. Assim, as curvas de distribuição acumulada dos últimos 10 anos foram iguais

à distribuição acumulada do último ano disponibilizado pela EPE.

Desta forma, os cenários de PLD para cada um dos 180 meses foram obtidos a

partir da equação (5.32), sendo esta equação limitada a um valor máximo de 780,03

R$/MWh e um valor mínimo de 14,13 R$/MWh. Desta forma:

( )( )780,03 14,13 ;;cmomaxminPLD c,ic,i = (7.14).

Sendo,

( )c,iic,i r,CMOquantilecmo = (7.15).

Onde,

i: corresponde o mês analisado, i = 1 a 180;

c: cenário criado, sendo c = 1 a 10.000;

iCMO : conjunto dos 2.000 valores disponibilizado pela EPE no mês i.

c,ir : número aleatório a partir de uma distribuição uniforme com intervalo [0,1]

Desta maneira foram gerados aleatoriamente 10.000 valores de PLD para cada

um dos 180 meses (que corresponde ao tempo de vida útil do projeto, 15 anos), a partir

de cada uma das 180 curvas de distribuição de probabilidade acumulada empírica

(obtidas pelos 2.000 cenários de CMO de cada um dos 180 meses).

126

7.1.2 Receita da Comercialização de Energia no Ambiente Regulado

De acordo com a equação (5.12), a at,CCEARR foi definida em função das seguintes

variáveis:

( )CEC,COP,ICB,GF,x,fRat,CCEAR 8760= (7.16)

Onde,

ICB: índice de custo benefício, em R$/MWh;

COP: custo de operação, em R$/ano;

CEC: custo econômico de curto prazo, em R$/ano;

GF: garantia física, em MW médios;

8760: número de horas no ano;

x: fração da GF destinada ao Ambiente de Contratação Regulado.

7.1.2.1 Valor do ICB

Conforme descrito nas seções 3.1.2 e 3.1.3, na prática o ICB é utilizado para a

ordenação econômica de empreendimentos de geração termelétrica e,

consequentemente, como critério de contratação por meio de contratos de

disponibilidade de energia elétrica, sob o regime de autorização por 15 anos.

De acordo com a referência [62], o valor médio do ICB do Leilão de Energia

Nova (LEN) do tipo A-3 ocorrido em 2011 foi de 102,07 R$/MWh. Neste mesmo ano,

houve um LEN do tipo A-5, onde o ICB médio foi de 102,18 R$/MWh. Desta forma,

neste estudo foi adotado como valor do ICB a média destes dois valores citados:

( )

1251022

1810207102,

,,ICB =+= (7.17)

127

7.1.2.2 Valor do COP e CEC

Antes de modelar o Custo de Operação (COP) e o Custo Econômico de Curto

Prazo (CEC), foi necessário definir a geração. Desta forma, de acordo com a equação

(3.9), o valor da geração, m,cG , foi obtida da seguinte forma:

=∴<=∴≥

InflexGCVUCMO

DispGCVUCMO

m,cEm,c

m,cEm,c (7.18).

Onde,

c: corresponde ao índice de cada cenário hidrológico (1 a 2000);

m: corresponde ao índice de cada mês (1 a 60);

m,cCMO : custo marginal de operação, definido na seção 7.1.1.7, em R$/MWh;

ECVU : CVU estrutural, equação (7.12), em R$/MWh;

Inflex: inflexibilidade operativa, equação (7.7), em MW;

Disp: disponibilidade, equação (7.6), em MW.

7.1.2.2.1 Custo de Operação

De acordo com a equação (3.10), o Custo de Operação foi calculado da seguinte

forma:

( )

87601 1 ⋅⋅

−⋅=∑∑

= =

cm

InflexGCVU

COP

m

i

c

jm,cE

(7.19).

Onde,

c: corresponde ao índice de cada cenário hidrológico (1 a 2000);

m: corresponde ao índice de cada mês (1 a 60);

ECVU : CVU estrutural, equação (7.12), em R$/MWh;

128

mcG , : geração da térmica, para cada cenário e mês, em MW, equação (7.18);

Inflex: inflexibilidade operativa, equação (7.7), em MW;

8760: número de horas no ano.

7.1.2.2.2 Custo Econômico de Curto Prazo

O Custo Econômico de Curto Prazo foi calculado a partir da equação (3.11),

onde:

( )

87601 1 ⋅⋅

−⋅=∑∑

= =

cm

GGFCMO

CEC

m

i

c

jm,c

*m,c

(7.20).

Conforme descrito na seção 7.1.1.7, a parcela *m,cCMO corresponde ao valor do

m,cCMO limitado ao valor de máxPLD e minPLD . Assim:

( )( )780,03 14,13 ;;CMOmaxminCMO m,c*

m,c = (7.21).

Onde,

c: corresponde ao índice de cada cenário hidrológico (1 a 2000);

m: corresponde ao índice de cada mês (1 a 60);

GF: garantia física da UTE, em MW, equação (7.4);

mcG , : geração da térmica, para cada cenário e mês, em MW, equação (7.18);

8760: número de horas no ano.

7.1.3 Receita da Comercialização de Energia no Ambiente Livre

De acordo com a equação (5.16) e (5.19), a Receita do Contrato de

Comercialização de Energia no Ambiente Livre (at,PPAR ) foi definida em função das

seguintes variáveis:

129

( )mtttPPAt,PPA TMA,h,CVU,PLD,P,GF,DispfRa

= (7.22).

Onde,

PPAP : preço da energia contratada no PPA, em R$/MWh;

tPLD : preço spot no mês t, em R$/MWh, equação (7.14);

tCVU : custo variável unitário da UTE no mês t, em R$/MWh;

Disp: disponibilidade da UTE, em MW, equação (7.6);

GF: garantia física da UTE, em MW, equação (7.4);

mTMA : taxa mínima de atratividade mensal, em %, equação (7.3);

th : número de horas no mês t;

mTMA : taxa mínima de atratividade mensal, em %.

7.1.3.1 Preço da Energia Contratada

O preço da energia contratada (PPAP ) refere-se ao valor pago por MWh em

contratos de longo prazo de compra de energia elétrica incentivada no ambiente livre.

Na prática, por se tratarem de acordos bilaterais, os valores são definidos livremente

pelas partes e os agentes envolvidos não precisam informar os preços negociados.

As referências [49, 50] indicaram um valor de 155 R$/MWh, com isso, neste

trabalho foi adotado para preço de energia negociado no ambiente livre o valor de 155

R$/MWh.

7.1.3.2 Custo Variável Unitário no mês t

Neste trabalho foi adotado para todos os meses ao longo da vida útil do projeto o

mesmo valor do Custo Variável Unitário de caráter operacional, equação (7.13).

130

7.1.3.3 Número de Horas no Mês

Para o número de horas no mês, th , foi adotado um valor médio, que

corresponde ao número de horas em um ano divido por 12 meses, assim:

73012

8760==th (7.23).

7.1.4 Custos Diversos

7.1.4.1 Investimento

De acordo com a equação (5.8), o investimento necessário foi definido em

função das seguintes variáveis:

( )aCXTF TMA,tipo,e,C,CfI 2013= (7.24).

Onde,

TFC : custo do investimento, correspondendo ao 3TF , 3° output do Thermoflow,

em US$;

CXC : custo de conexão ao SIN, em R$;

2013e : taxa de câmbio de 2,1303, R$/US$, definido na seção 7.1.1.6.2;

tipo: LEN tipo A-3, ou seja, valor igual a 3;

aTMA : taxa mínima de atratividade anual, em %, equação (7.2).

O custo do empreendimento termelétrico disponibilizado pelo Thermoflow não

leva em consideração o valor real do custo de conexão ( CXC ) ao sistema elétrico

praticado no Brasil. Para uma termelétrica com potência instalada na ordem de 500 MW

131

a experiência operacional em empresas de energia indica um valor de R$ 40.000.000.

7.1.4.2 Outros Custos

Baseado na equação (5.20) a variável at,outrosC , referente a outros custos, foi

definida em função das seguintes variáveis:

( )2013e,C,C,C,PotfC TFtust/tusdfixo,M&Obrutat,outros a= (7.25).

Onde,

brutaPot : potência bruta instalada, correspondendo ao 4TF , 4° output do

Thermoflow, em MW;

fixoMOC ,& : custo fixo de operação e manutenção, em R$/MWh;

tusttusdC / : tarifa do uso dos sistemas de distribuição/transmissão, em R$/MWh;

TFC : custo do investimento, 3TF , 3° output do Thermoflow, em US$;

CXC : custo de conexão ao SIN, em R$, seção 7.1.4.1.

Os custos fixos são custos considerados constantes durante a vida útil de um

empreendimento térmico, como por exemplo, os encargos trabalhistas.

Não há na literatura valores disponíveis para o custo fixo de operação e

manutenção, entretanto a experiência operacional em empresa de energia indica um

valor em torno de um terço do valor considerado para o custo variável, que foi de 10

R$/MWh (seção 7.1.1.6.1). Neste trabalho foi assumido um valor de 3 R$/MWh para o

custo fixo de operação e manutenção, fixoMOC ,& .

De acordo com as referências [49, 50] foi considerado para tarifa tusttusdC / um

valor de 5 R$/MWh;

132

7.1.4.3 Impostos Diretos e de Renda

Segundo a referência [50], os impostos aplicados diretamente às receitas brutas

(ID) são da ordem de 9,75%. Para o imposto de renda (IR) considerou-se uma carga

tributária de 34%.

7.1.4.4 Depreciação

Depreciação é um custo ou a despesa decorrente do desgaste ou da

obsolescência dos ativos imobilizados (máquinas, veículos, móveis, imóveis e

instalações) da empresa.

Ao longo do tempo, com a obsolescência natural ou desgaste com uso na

produção, os ativos vão perdendo valor. Essa perda de valor é apropriada pela

contabilidade periodicamente até que esse ativo tenha valor reduzido à zero.

No Brasil, em termos contábeis, o cálculo da depreciação deve obedecer aos

critérios determinados pelo governo, através da Secretaria da Receita Federal [80], que

estipula o prazo de 5, 10 ou 25 anos para depreciar os ativos.

Neste trabalho adotou-se uma depreciação linear em dez anos, onde todo o valor

investido na planta de geração termelétrica foi depreciado e utilizado para abater o

imposto de renda, conforme visto na equação (5.24).

Dito isto, a depreciação anual foi calculada da seguinte forma:

( )

1020133 CX

t

CeTFDe

a

+⋅= (7.26).

3TF : custo do investimento, 3° output do Thermoflow, em US$;

CXC : custo de conexão ao SIN, em R$, seção 7.1.4.1;

2013e : taxa de câmbio de 2,1303, R$/US$, definido na seção 7.1.1.6.2.

133

Repare que o valor da depreciação somente foi aplicado aos primeiros 10 anos.

Como o projeto de investimento considerado neste trabalho tem vida útil de 15 anos,

então, o valor da depreciação para os 5 anos restantes foi considerado zero.

7.2 VALOR PRESENTE LÍQUIDO DA UTE-BASE

Para que o calculo do VPL fosse realizado, inicialmente foi definido quanto da

energia total gerada pela UTE seria negociada no mercado cativo (ACR) e no mercado

livre (ACL), respectivamente.

Segundo as referências [2, 8], um empreendimento termelétrico não pode

negociar menos dos 70% de sua energia assegurada (garantia física) no mercado cativo

(Ambiente de Contratação Regulado - ACR). Com isso, para este estudo foi

estabelecida que a UTE comercializar-se no ACR 85% da sua garantia física, sendo o

restante (15%) negociado no ambiente livre (ACL).

Assim, a partir do uso de todos os dados descritos nas seções anteriores e das

quantidades de energias negociadas em cada ambiente de contratação, a quantificação

do Valor Presente Líquido ficou em função apenas das variáveis de saída do

Thermoflow, ou seja:

( )4321 TF,TF,TF,TFfVPL= (7.27).

Onde,

1TF : potência líquida instalada da térmica, em MW;

2TF : heat rate da UTE, em 106Btu/MWh;

3TF : custo do investimento, em US$;

4TF : potência bruta instalada, em MW;

134

Com isso, foi possível calcular o VPL da UTE-Base (modelada no Thermoflow,

capítulo 4, seção 4.2). Recapitulando, a UTE-Base foi projetada com as seguintes

principais características:

1- Geração em ciclo combinado do tipo 2-2-1: dois TGG; duas HRSG; e um TGV;

2- Dois TGG da General Eletric, modelo 7FA (modelo utilizado nas térmicas

vencedoras do LEN 2011);

3- Duas HRSG gerando vapor em três níveis de pressão, projetadas segundo menor

temperatura da chaminé: 90°C;

4- Turbina a vapor com três níveis de pressão, com reaquecimento e indução de

vapor de baixa pressão;

5- Condensador com desaerador integrado;

6- Torre de Resfriamento com resfriamento a ar.

Ao simular este projeto no Thermoflow foi obtido um valor de 506 MW de

potência líquida instalada (1TF ), um heat rate de 6,1991 106Btu/MWh ( 2TF ), um custo

referencial de US$ 355.650.528,00 (3TF ) e uma potência instalada bruta de 522 MW

( 4TF ).

Substituindo os valores de 1TF , 2TF , 3TF e 4TF na equação (7.27) e levando em

consideração toda a filosofia de cálculo do VPL apresentada na seção 7.1 deste capítulo,

obteve-se 10.000 possíveis valores de VPL para a UTE-Base, um para cada cenário de

PLD, conforme apresentado na Figura 7.1, a seguir:

135

Figura 7.1 - Cenários de VPL

A partir destes 10.000 valores (cenários) de VPL foi possível traça a curva de

probabilidade acumulada da UTE-Base, como pode ser visto na Figura 7.2. Na Tabela

7.2 estão identificados os valores dos cenários mais otimista, mais pessimista, o ponto

de VPL igual à zero, o VPL médio e o VPL5%.

Tabela 7.2 - VPL da UTE-Base

1 2 3 ... T - 1 T

1 136,45 14,13 14,13 ... 27,67 79,66 VPL1

2 229,55 414,85 14,13 ... 33,43 78,63 VPL2

3 14,13 182,42 14,13 ... 68,80 14,13 VPL3

...

...

...

...

...

...

...

9.998 220,03 14,13 76,97... 50,48 21,13 VPL9.998

9.999 35,96 14,13 14,13... 14,13 85,94 VPL9.999

10.000 38,05 96,29 14,13... 54,79 211,55 VPL10.000

CenárioPLD t VPL

VPL Otimista 21,851 100%VPL Pessimista -57,721 0%VPL igual a zero 0 90,38%VPL médio -12,497 49,42%VPL5% - Função Objetivo -28,562 5%

Valor Presente Líquido da UTE-Base

Probabilidade de Ocorrer Valores Menores VPL [106 R$]

136

Figura 7.2 - Probabilidade Acumulada: UTE-Base

Analisando a Figura 7.2 em conjunto com a Tabela 7.2 foi possível notar que há

90,38% de chance do VPL da UTE-Base ser menor do zero, ou seja, o risco de um

empreendimento com as caraterística da UTE-Base não trazer retorno ao investidor é de

90,38%.

A visão otimista, apesar de propiciar um VPL de R$ 21,851x106, no ponto de

vista de um investidor não pode ser levada em consideração, pois a probabilidade deste

cenário ocorrer é praticamente nula.

Diante destes resultados, um investidor não pode apenas levar em consideração

o tipo de investimento. Além de escolher o melhor investimento, segundo as regras

impostas pelo Setor Elétrico Brasileiro, é necessário averiguar se o projeto que se deseja

investir é realmente o melhor tecnicamente.

Não foi encontrado na literatura este tipo de abordagem. Desta forma, baseado

nas configurações da UTE-Base, o objetivo deste trabalho foi otimizar os parâmetros do

processo de geração desta térmica, em busca de um projeto tecnicamente mais vantajoso

137

segundo as regras impostas pelo Setor Elétrico Brasileiro.

Na realidade, o ideal é mitigar ao máximo o risco de um projeto. Por isso, foi

adotado como função objetivo o valor do VPL com o risco de apenas 5% de não

ocorrer.

7.3 OTIMIZANDO A UTE-BASE

A UTE-Base foi projetada no Thermoflow segundo a máxima eficiência térmica

possível, onde todos os parâmetros do processo de geração foram escolhidos pelo

próprio software, conforme descrito na 4.2.1 do capítulo 4.

Para otimizar o projeto térmico da UTE-Base alguns parâmetros do processo de

geração foram escolhidos para serem prescritos e, com isso, modificar o projeto de

acordo com os novos valores.

Assim, antes de iniciar o processo de otimização, foram escolhidos os

parâmetros do processo de geração que mais impactam no dimensionamento dos

principais equipamentos, tais como, a turbina a vapor e as caldeiras recuperadoras de

calor. Como na planta Base há três níveis de pressão, foram escolhidas como variáveis

de otimização as pressões, temperaturas e vazões mássicas de vapor de alta pressão e de

reaquecimento, totalizando seis variáveis.

A cada novo conjunto de valores para estas 6 variáveis o Thermoflow projeta um

distinto projeto. Cada novo projeto tem equipamentos com dimensões e características

diferentes, proporcionando, por exemplo, novos custos, nova capacidade de geração,

eficiência térmica distinta, dentre outras modificações.

Durante o processo de otimização não foi modificado o tipo de turbina a gás

escolhida para o UTE-Base (seção 4.2.1). O simulador de processo Thermoflow não

permite modificar o tipo desta máquina, deixando livre para ser otimizado apenas o

138

ciclo Rankine do ciclo combinado (o ciclo Brayton continua o mesmo durante todo o

processo iterativo).

Assim, antes de iniciar o processo de otimização foi necessário definir o limite

de busca (domínio de busca) de cada variável de otimização escolhida.

Segundo a referência [81], os pares pressão e temperatura usuais na entrada de

uma turbina a vapor podem ser visualizados abaixo:

Figura 7.3 - Par Pressão e Temperatura na Entrada da Turbina a Vapor [81]

Para a pressão do vapor de alta, de acordo com a Figura 7.3, foram estabelecidos

como limites máximo e mínimo os valores de 131 e 100 bar, respectivamente. De

acordo com a mesma figura, para a temperatura do vapor de alta pressão foram

estabelecidos como limites máximo e mínimo os valores de 560 e 450 °C,

respectivamente.

Para a temperatura do vapor de média pressão foram adotados os mesmo limites

do vapor de alta pressão. Entretanto, para determinar as limites de busca da pressão de

média e das vazões mássicas de vapor, foram realizadas várias simulações no

Thermoflow em torno dos valores verificados na UTE-Base, sendo de 27,6 bar para a

pressão de média, 362,4 t/h para vazão mássica de alta pressão e 433,3 t/h para vazão

mássica de reaquecimento.

Os valores da pressão de média e das vazões de vapor foram variados até que o

simulador Thermoflow indicasse os limites físicos dos materiais (utilizados nos

equipamentos e nas tubulações em geral) ou indicasse o limite da geração de vapor, pois

Pressão do Vapor [bar] 1 a 200 201 a 315 316 a 399 400 a 450 451 a 482 483 a 510 511 e Maior

Acima de 17,24

17,25 a 41,37

41,38 a 62,01

62,02 a 103,43

103,44 e Maior

Temperatua do Vapor [°C]

139

esta grandeza está diretamente ligada a qualidade e a quantidade dos exaustos da turbina

a gás utilizada.

Desta forma, os limites máximos e mínimos para pressão de média foram de 35

e 20 bar, respectivamente. Foi definido para a vazão mássica de alta pressão o limite de

busca máximo de 400 t/h e mínimo de 300 t/h. Os limites de busca para a vazão mássica

referente ao reaquecimento foram de 470 t/h e 370 t/h, respectivamente.

Na Tabela 7.3 a seguir, e de acordo com Figura 7.3, estão disponíveis os limites

de busca de cada variável de otimização adotada neste trabalho.

Tabela 7.3 - Limites de Busca das Variáveis de Otimização

7.3.1 Otimizando Com o Algoritmo da ED_mod

Ao otimizar a UTE-Base segundo o algoritmo da ED_mod (apresentado no

capítulo 6, seção 6.1.2), obteve-se o resultado ótimo de R$ 23,449x106.

O valor do VPL5% da UTE-Base (ultima linha da Tabela 7.2) foi de R$ (-

28,562x106). Diante disso, é notório que ao otimizar tecnicamente o projeto térmico

houve um ganho de R$ 52,011x106, pois além de tornar o valor da função objetivo

positivo ainda o cresceu em R$ 23,449x106.

Na Tabela 7.4 e Tabela 7.5 são apresentados os valores das variáveis de

otimização e os valores das variáveis de saída do Thermoflow 1TF , 2TF , 3TF e 4TF ,

Máximo MínimoPressão de Vapor de Alta [bar] 131 100Temperatura de Vapor de Alta [°C] 560 450Pressão de Vapor de Reaquecimento [bar] 35 20Temperatura de Vapor de Reaquecimento [°C] 560 450Vazão Mássica de Vapor de Alta Pressão [t/h] 400 300Vazão Mássica de Vapor para Reaquecimento [t/h] 470 370

Variáveis de OtimizaçãoLimites de Busca

140

respectivamente. Alguns dos valores apresentados também podem ser visualizados na

Figura 7.4, que mostra o resultado da UTE-Ótima simulado no Thermoflow.

Tabela 7.4 - Variáveis de Otimização: UTE-Base vrs UTE-Ótima

Base ÓtimaPressão de Vapor de Alta [bar] 124,0003 100,0037Temperatura de Vapor de Alta [°C] 566,0001 483,5489Pressão de Vapor de Reaquecimento [bar] 27,6 24,9089Temperatura de Vapor de Reaquecimento [°C] 566,0001 482,9103Vazão Mássica de Vapor de Alta Pressão [t/h] 362,4166 398,2997Vazão Mássica de Vapor para Reaquecimento [t/h] 433,3301 390,1601

Variáveis de OtimizaçãoUTE

141

Figura 7.4 - Fluxograma da UTE-Ótima

142

Tabela 7.5 - Variáveis de Saída do Thermoflow: UTE-Base vrs UTE-Ótima

Na terceira linha da Tabela 7.5 constam os valores dos custos (na referência

Thermoflow) da UTE-Base e UTE-Ótima, respectivamente. Para que fosse possível

comparar os custos de cada projeto, foi necessário dividir estes custos pelos respectivos

valores de potência bruta instalada em kW.

Na quinta linha da Tabela 7.5 constam os índices do custo de instalação de cada

projeto. Percebe-se que para cada kW instalado o UTE-Ótima economiza

aproximadamente US$ 86, apesar de ser menos eficiente (segundo linha da Tabela 7.5)

e proporcionar uma potência líquida menor do que a UTE-Base (primeira linha da

Tabela 7.5).

Estas observações foram corroboradas ao analisar a Tabela 7.4, a qual apresenta

os valores das variáveis de otimização de cada projeto.

Apesar do projeto da UTE-Base fazer uso de uma quantidade menor de vazão

mássica de vapor de alta pressão (362,4166 t/h), a quantidade total de vapor que a

caldeira recuperadora de calor deste projeto evapora e superaquece é maior do que a do

projeto da UTE-Ótima. A UTE-Base evapora e superaquece 433,3301 t/h de vapor,

enquanto a UTE_Ótima evapora e superaquece 398,2997 t/h da vapor. Este é o primeiro

indício do projeto da UTE-Ótima ser mais barato, pois a cadeira deste projeto produz

uma quantidade menor de vapor, sendo refletido no custo do equipamento.

Base Ótima

TF 1 - Potência Líquida [MW] 505,8266 476,0897

TF 2 - Heat Rate [106Btu/MWh] 6,1991 6,5863

TF 3 - Custo do Investimento [106 US$] 355,651 292,372

TF 4 - Potência Bruta [MW] 521,8339 490,9094

Índice de Custo de Instalação [US$/kW] 681,540 595,572Função Objetivo - VPL5% [106 R$] -28,562 23,449

Variáveis de Sáida do ThermoflowUTE

143

O segundo indício pode ser notado ao reparar na quantidade de níveis de pressão

de vapor. A UTE-Base foi projetada com três níveis de pressão, entretanto, o nível de

média pressão do projeto da UTE-Ótima foi eliminado. Isso pode ser notado ao verificar

que a vazão mássica de reaquecimento no projeto ótimo (390,1601 t/h) é menor do que

a vazão total de vapor (398,2997 t/h), não havendo nenhuma vazão mássica adicional

sendo evaporada e superaquecida no nível de média pressão. Esta observação também

pode ser vista no fluxograma do processo de geração da UTE-Ótima (Figura 7.4), onde

mostra apenas dois níveis de pressão na caldeira, sendo um referente a baixa pressão e o

outra a alta pressão de vapor. Certamente o custo da caldeira recuperadora de calor da

UTE-Ótima é menor.

Na Tabela 7.6 a seguir estão listados os custos dos principais equipamentos (na

referência Thermoflow). Na terceira linha desta tabela estão referenciados os custos das

cadeiras recuperadoras de calor de cada projeto. A diferença em relação a este item

corresponde a aproximadamente US$ 26x106.

Outra diferença nos custos pode ser notada ao observar a segunda linha da

Tabela 7.6. Como as condições do vapor (pressão e temperatura) de alta pressão (Tabela

7.4, primeira e segunda linha) são menos severas no projeto da UTE-Ótima, isso é

refletido no custo da turbina a vapor.

O custo total de todos os equipamentos do projeto da UTE-Ótima é

aproximadamente US$ 168x106. A última linha da Tabela 7.6 mostra que a diferença do

custo total de todos os equipamentos entre os dois projetos é de aproximadamente US$

32x106.

Na terceira linha da Tabela 7.5 estão listados os custos dos investimentos (na

referência Thermoflow) da UTE-Base e da UTE-Ótima, respectivamente. A diferença

entre os dois investimentos corresponde a US$ 63,279x106. Assim, é possível observar

144

que a economia obtida somente entre os principais equipamentos (Tabela 7.6)

corresponde a 50,1% da total economia obtida no custo do investimento. Esta

observação mostra que os parâmetros do processo de geração (listados na Tabela 7.3,

pág. 139) escolhidos como variáveis de otimização impactaram diretamente no

dimensionamento dos principais equipamentos, o que certamente proporcionou a

geração de distintos projetos durante o processo iterativo na busca pelo melhor projeto

de geração segundo a função objetivo escolhida.

Tabela 7.6 - Custo dos Principais Equipamentos - Referência Thermoflow

Além do projeto ótimo se mostrar mais barato e tecnicamente mais simples, pois

eliminou um nível de pressão, ele também se adequou melhor aos moldes impostos pelo

Setor Elétrico Brasileiro, pois o risco ao investimento foi mitigado, conforme será visto

a seguir.

A Figura 7.5 mostra o perfil de probabilidade dos possíveis VPL da UTE-Ótima

construído a partir dos 10.000 cenários de VPL deste projeto ótimo. Neste gráfico estão

identificados os pontos dos cenários mais otimista, mais pessimista, de VPL igual à

zero, de VPL médio e o valor da função objetivo do projeto ótimo, o VPL5%.

Custo de Referência dos Principais EquipamentosBase Ótima Diferença

Turbina a Gás [US$]Turbina a Gás (2x) 98,154 98,154 0Turbina a Vapor [US$]Turbina a Vapor 28,630 24,069 4,561Caldeira [US$]Caldeira Recuperadora de Calor (2x) 47,113 20,939 26,174Condensador [US$]Condensador 2,516 2,336 0,180Outros 23,278 22,527 0,751

Outros [US$]Total 199,691 168,025 31,666

Principais Equipamentos UTE [106 US$]

145

Figura 7.5 - VPL Ótimo pelo Método da ED_mod

Na Tabela 7.7, estão identificados os valores de cada uma dos pontos presentes

na Figura 7.5.

Tabela 7.7 - VPL da UTE-Ótima pelo Método da ED_mod

Repare que todos os valores são maiores do que os apresentados para a UTE-

Base, Tabela 7.2 (pág. 135). O mais interessante foi que durante o processo de

otimização a estratégia de investimento escolhida se manteve constante durante todo o

processo iterativo. Entretanto, o risco foi mitigado. Esta conclusão pode ser observada

ao analisar a probabilidade de ocorrer VPL menores do que zero nos dois projetos.

Enquanto o projeto da UTE-Base promove uma probabilidade de 90,38% (Tabela 7.2),

VPL Otimista 70,272 100%VPL Pessimista -7,134 0%VPL igual a zero 0 0,02%VPL médio 38,649 49,12%VPL5% - Função Objetivo 23,449 5%

Valor Presente Líquido da UTE-ÓTIMA - ED _mod

Probabilidade de Ocorrer Valores Menores VPL [106 R$]

146

o projeto ótimo garante que a probabilidade de ocorrer VPL menor do zero é de 0,02%

(Tabela 7.7).

Na Tabela 7.8 a seguir é feito um paralelo entre os pontos evidenciados nas

curvas de probabilidade acumulada dos dois projetos. É notório que, além do projeto

ótimo mitigar o risco, garante VPL maiores do que o projeto da UTE-Base.

Tabela 7.8 - Pontos da Curva - UTE-Base vrs UTE-Ótima

Em relação ao desempenho do algoritmo da ED_mod durante a otimização, de

acordo com a Figura 7.6, este algoritmo necessitou de aproximadamente 30.000

cálculos da função objetivo para que a convergência fosse atingida, ressaltando que

cada função objetivo corresponde a uma rodada do software Thermoflow, que consumiu

de 4 a 5 segundos.

VPL Otimista 21,851 70,272VPL Pessimista -57,721 -7,134VPL médio -12,497 38,649VPL5% - Função Objetivo -28,562 23,449

Valor Presente Líquido UTE-Base [106 R$] UTE-Ótima [106 R$]

147

Figura 7.6 - Curva de Convergência: Método da ED_mod

O algoritmo da ED_mod necessitou de uma quantidade excessiva de cálculos de

função objetivo. Por este motivo, nesta dissertação foi modelado e proposto outro

algoritmo que fizesse uso do método da Superfície de Resposta durante os processos

iterativos (o ED2SR), com intuito de diminuir o número de simulações do Thermoflow.

7.3.2 Otimizando Com o Algoritmo da ED2SR

Ao otimizar a UTE-Base segundo o algoritmo da ED2SR (apresentado no

capítulo 6, seção 6.3.2), obteve-se o resultado ótimo de R$ 23,438x106.

De acordo com o que foi apresentado na seção anterior, o valor do VPL5% da

UTE-Ótima otimizada pelo algoritmo da ED_mod foi de R$ 23,449x106. Desta forma,

pode ser afirmado que ambos os métodos de otimização proporcionaram praticamente o

mesmo resultado, pois a diferença relativa entre os dois resultados foi menor do que

0,05%.

Esta observação pode ser corroborada ao comparar os valores das variáveis de

148

otimização e os valores das variáveis de saída do Thermoflow 1TF , 2TF , 3TF e 4TF

obtidos pelos dois métodos de otimização, disponibilizados nas Tabela 7.9 e Tabela

7.10.

Tabela 7.9 - Variáveis de Saída do Thermoflow: ED_mod vrs ED2SR

Tabela 7.10 - Variáveis de Saída do Thermoflow: ED_mod vrs ED2SR

De acordo com os resultados divulgados nas Tabela 7.9 e Tabela 7.10, é notório

que ambos os métodos de otimização proporcionaram praticamente os mesmos

resultados. Desta forma, a análise física e econômica entre a UTE-Base e UTE-Ótima

(otimizada pelo algoritmo da ED_mod) realizada na seção 7.3.1 é replicante ao projeto

ótimo obtido pelo algoritmo da ED2SR.

Outra forma de observar que os resultados podem ser considerados idênticos é

analisar a curva de probabilidade acumulada, construída a partir dos 10.000 cenários de

VPL deste projeto ótimo.

ED _mod ED2SRPressão de Vapor de Alta [bar] 100,0037 100,0129Temperatura de Vapor de Alta [°C] 483,5489 483,5814Pressão de Vapor de Reaquecimento [bar] 24,9089 24,9207Temperatura de Vapor de Reaquecimento [°C] 482,9103 482,9051Vazão Mássica de Vapor de Alta Pressão [t/h] 398,2997 398,2929Vazão Mássica de Vapor para Reaquecimento [t/h] 390,1601 390,1607

Variáveis de OtimizaçãoUTE-Ótima

ED _mod ED2SR

TF 1 - Potência Líquida [MW] 476,0897 476,0853

TF 2 - Heat Rate [106Btu/MWh] 6,5863 6,5864

TF 3 - Custo do Investimento [106 US$] 292,372 292,373

TF 4 - Potência Bruta [MW] 490,9094 490,9051

Índice de Custo de Instalação [US$/kW] 595,572 595,580Função Objetivo - VPL5% [106 R$] 23,449 23,438

UTE-ÓtimaVariáveis de Sáida do Thermoflow

149

Figura 7.7 - VPL Ótimo pelo Método da ED2SR

Na Figura 7.7 estão identificados os pontos dos cenários mais otimista, mais

pessimista, de VPL igual à zero, de VPL médio e o valor da função objetivo do projeto

ótimo, o VPL5%. Os valores de cada um dos pontos presentes pondem ser vistos na

Tabela 7.11. Note que o projeto otimizado pelo método da ED2SR garante uma

probabilidade de ocorrer VPL menor do zero de 0,02%, mesma observação feita ao

projeto otimizado pelo método da ED_mod (terceira linha da Tabela 7.7).

Tabela 7.11 - VPL da UTE-Base pelo Método da ED2SR

Na Tabela 7.12 a seguir é feito um paralelo entre os pontos evidenciados nas

VPL Otimista 70,261 100%VPL Pessimista -7,145 0%VPL igual a zero 0 0,02%VPL médio 38,638 49,12%VPL5% - Função Objetivo 23,438 5%

Valor Presente Líquido da UTE-ÓTIMA - ED2SR VPL [106 R$]

Probabilidade de Ocorrer Valores Menores

150

curvas de probabilidade acumulada nos dois projetos ótimos (Figura 7.5 e Figura 7.7,

respectivamente).

É notório que os dois projetos geraram resultados com diferenças relativas muito

pequenas (menores do que 0,2%), levando a acreditar que os resultados podem ser

considerados idênticos sem nenhuma perda de fidelidade.

Tabela 7.12 - Pontos da Curva da UTE-Ótima - ED_mod vrs ED2SR

Em relação à performance do algoritmo da ED2SR durante a otimização, de

acordo com a Figura 7.8 (linha tracejada), este algoritmo necessitou de

aproximadamente 5.000 cálculos de função objetivo para que a convergência fosse

atingida.

ED_mod ED2SR

VPL Otimista 70,272 70,261 0,016%

VPL Pessimista -7,134 -7,145 0,153%

VPL médio 38,649 38,638 0,029%

VPL5% - Função Objetivo 23,449 23,438 0,047%

Diferença Relativa

Valor Presente Líquido UTE-Ótima [106 R$]

151

Figura 7.8 - Comparação das Convergências

Apesar da diferença entre as respostas ótimas obtidas nos dois métodos ser

praticamente imperceptível, o tempo desprendido para convergência do método da

ED2SR foi extremamente inferior, quando comparado com o método da ED_mod.

Esta redução do tempo computacional ocorreu, pois o método da ED2SR

precisou calcular apenas 5.000 vezes a função objetivo, enquanto o algoritmo da

ED_mod precisou calcular 30.000 funções objetivo.

Desta forma, o uso de uma função aproximada (modelada pelo método da

Superfície de Resposta) promoveu uma redução em uma ordem de grandeza no número

de simulações do Thermoflow e garantiu a fidelidade da resposta, quando acoplada ao

método da Evolução Diferenciada.

152

8 CONCLUSÃO

Foi visto no decorrer desta dissertação que investimentos em usinas

termelétricas no Brasil são classificados como de alto risco devido ao alto custo da

geração térmica, incerteza da taxa de câmbio, incerteza do preço do gás natural e

principalmente a baixa probabilidade de ocorrer uma hidrologia desfavorável.

Neste sentido foram encontradas na literatura várias propostas de investimento

em empreendimento termelétrico, segundo as regras impostas pelo Setor Elétrico

Brasileiro [1-3, 47-54] de forma a contornar os riscos inerentes. Entretanto, em todos

estes estudos as características técnicas das térmicas analisadas eram sempre

conhecidas.

Desta forma, a partir de um tipo de investimento flexível (ou seja, poder atuar

tanto no mercado cativo, quanto no livre) definido, o objetivo deste trabalho foi otimizar

os parâmetros do processo de geração de uma termelétrica em busca de um projeto

tecnicamente mais vantajoso, segundo as regras impostas pelo Setor Elétrico Brasileiro.

O estudo de caso apresentado no capítulo 7 mostrou que um empreendedor não

pode apenas levar em consideração o tipo de investimento. Além de escolher o melhor

investimento, segundo as regras impostas pelo Setor Elétrico Brasileiro, é necessário

sempre averiguar se o projeto que se deseja investir é realmente o melhor tecnicamente.

Este trabalho mostrou a grande vantagem em otimizar os parâmetros de uma

térmica, pois encontrou um projeto mais barato e tecnicamente mais simples, além de

praticamente eliminar o risco do seu Valor Presente Líquido ser negativo (menor do que

zero).

Para o cálculo de cada função objetivo durante o processo de otimização não

foram desenvolvidos modelos físicos e termodinâmicos de forma explícita para o ciclo

térmico. Neste trabalho foi utilizado o simulador de processos Thermoflow (software

153

comercial) com o propósito de resolver os balanços de massa e de energia, para que o

Valor Presente Líquido fosse então calculado. Com isso, por utilizar um simulador de

processo o problema de otimização demostrou ser computacionalmente demorado, pois

cada simulação do Thermoflow requereu de 4 a 5 segundos.

Por este motivo, este trabalho propôs com sucesso o desenvolvimento e a

aplicação de um método de Superfície de Resposta em conjunto com o algoritmo de

otimização para auxiliar a redução do tempo computacional citado, a partir da redução

do número total de funções objetivos necessárias durante o processo de otimização.

Sobre a técnica de otimização empregada, conforme apresentado nos capítulos 2

e 6, foi utilizado um método de busca global e heurístico, a Evolução Diferenciada. Na

seção 6.4 do capítulo 6 foi demonstrada a eficácia deste método quando aplicada a

funções teste. Nesta mesma seção foi empregado o modelo de Superfície de Resposta

em conjunto com a Evolução Diferenciada, quando da otimização das mesmas funções

teste. Quando o método de otimização fez uso da Superfície de Resposta o número de

cálculo de função objetivo necessários para encontrar o ponto ótimo diminuiu

significativamente.

Este dois métodos de otimização (um sem Superfície de Resposta e o outro com

Superfície de Resposta) foram empregados na função objetivo proposta neste trabalho, o

Valor Presente Líquido de uma térmica segundo as regras impostas pelo Setor Elétrico

Brasileiro, associada a um risco de apenas 5%.

Ambos os métodos convergiram para o mesmo resultado. Entretanto o algoritmo

proposto, que utilizou o modelo de Superfície de Resposta, reduziu em uma ordem de

grandeza a quantidade de funções objetivo necessárias para achar o melhor projeto.

Como propostas, novos trabalhos poderiam testar o emprego da Superfície de

Resposta em problemas reais de engenharia em diferentes áreas, uma vez que este

154

método mostrou excelentes resultados quando testado em funções de teste e no

problema real proposto.

Os algoritmos empregados neste trabalho não foram testados para problemas

com variáveis de otimização maiores do que 10. Assim, trabalhos futuros poderiam

testar o emprego de algoritmos de otimização com Superfície de Resposta para otimizar

problemas desta magnitude e verificar a sua performance.

155

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