Atleta mirim: Natureza jurídica da sua condição
e a contribuição para o futebol.
Ricardo Georges Affonso Miguel
O problema.
“A dificuldade econômica das famílias tem sido a principal responsável
pela exploração de que são vítimas os menores, desde a primeira infância
e nas mais variadas épocas da humanidade.”
(BARROS, Alice Monteiro de. Contratos e regulamentações especiais de trabalho:
peculiaridades, aspectos controvertidos e tendências. 3. ed. São Paulo: LTr, 2008, p. 304)
O problema.
< 12 anos = criança
12 – 18 = adolescente (Profut: formação a partir de 12 anos VETO)
trabalho do menor a partir de 16 anos (PEC 35/2011)
> 14 = aprendiz
< 14 =
!?Redução da menoridade
para 14 anos
LEI Nº 9.615/98
Art. 3º O desporto pode ser reconhecido em qualquer das seguintes manifestações:
(...)
IV - desporto de formação, caracterizado pelo fomento e aquisição inicial dos conhecimentos
desportivos que garantam competência técnica na intervenção desportiva, com o objetivo de
promover o aperfeiçoamento qualitativo e quantitativo da prática desportiva em termos
recreativos, competitivos ou de alta competição.
DECRETO Nº 7.984/13
Art. 48. O atleta não profissional em formação, maior de quatorze e menor de vinte anos de
idade, poderá receber auxílio financeiro da entidade de prática desportiva formadora, sob a
forma de bolsa de aprendizagem livremente pactuada por contrato de formação desportiva, a
que se refere o § 4º do art. 29 da Lei nº 9.615, de 1998, sem vínculo empregatício entre as
partes.
O problema.
O problema.
Art. 227 da CRFB/88:
“É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao
adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à
saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.”
O problema.
Perda de atletas para outros países.
Ausência de identidade com o futebol brasileiro.
Solução.
Início da carreira:
Categoria fraldinha (escolhinha 12 – 14 anos)
Maior aderência do atleta menor ao clube formador.
Possibilidade de contratação do atleta menor.
Valorização de clubes e escolas.
Art. 29 da Lei nº 9.615/98 (Lei Pelé): indenização ao clube formador.
PROTEÇÃO CONTRA
EXPLORAÇÃO DO MENOR
A proposta.
A longo prazo: reforma da CRFB e legislação infraconstitucional permitindo contrato
de trabalho do atleta menor.
A curto prazo: contrato de natureza civil autorizado pelo juiz da Vara da Infância e
Juventude (art. 149, II, do ECA).
Proteção ao clube:
Previsão de multa em favor do clube formador a ser paga pelo clube aliciador (art.
932, I, do Código Civil)
A contribuição.
Natureza jurídica:
> 14 anos aprendiz (art. 428 da CLT)
vínculo de emprego proibido pela Lei Pelé
< 14 anos contrato de natureza civil
mediante autorização do juiz da infância e da juventude
(competência)
A contribuição.
- A transferência só pode ocorrer com o atleta formado pessoal,
psicológica e futebolisticamente.
- Proteção à saúde do atleta menor.
- Ação convergente: interesse do atleta, do clube e da seleção nacional.
O modelo.
Associação Alemã de Futebol (DFB): exigência de criação de
academias de futebol para jovens talentos como condição
para os clubes disputarem os campeonatos nacionais da
“Bundesliga” 1 e 2.
Investimento dos clubes mediante incentivo.
Com exceção de 2 atletas, os jogadores tetracampeões
saíram das modernas escolas de futebol da Alemanha.
Apenas 5 deles não disputaram o campeonato alemão de
2014.
O modelo.
Venda antecipada de ingressos.
Imigração de atletas e técnicos.
Cerveja liberada nos estádios.
Sucesso de público = interesse pela permanência do atleta
Futebol coletivo: a estrela é o time.
Início aos 10 anos. Acompanhamento de pedagogos, técnicos,
cozinheiros, motoristas e psicólogos. Infraestrutura (dormitórios,
salas de musculação e convivência, enfermaria, etc).
Não há rigidez quanto ao estilo de jogo ensinado. A única
obrigação é jogar com velocidade, diminuir espaços e evitar o
individualismo.
Exigência de bom desempenho nos estudos.
Patrocínio “simbiótico” (Volkswagen): não se limita ao binômio
investimento / publicidade.
O modelo.
A nossa realidade.
Enquanto isso, no Brasil...
... editam-se leis.
Obrigado.