UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTECENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
AVALIAÇÃO SOCIAL DE EMPREENDIMENTOS AGROINDUSTRIAIS: UMESTUDO NA CARCINICULTURA
por
ORILDO SÁVIO DE OLIVEIRA SILVA
BACHAREL EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS, UFRN, 1983
TESE SUBMETIDA AO PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DAUNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE
MESTRE DAS CIÊNCIAS EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Março, 2005
2003 ORILDO SÁVIO DE OLIVEIRA SILVATODOS OS DIREITOS RESERVADOS.
O autor aqui designado concede ao Programa de Engenharia de Produção da UniversidadeFederal do Rio Grande do Norte permissão para reproduzir, distribuir, comunicar aopúblico, em papel ou meio eletrônico, esta obra, no todo ou em parte, nos termos da lei.
Assinatura do Autor______________________________________
APROVADO POR:
______________________________________________________Sérgio Marques Júnior, Dr. – Orientador, Presidente
______________________________________________________Karen Maria da Costa Mattos, Dra. – Membro Examinador
_______________________________________________________ Maristélio da Cruz Costa, Dr. – Membro Examinador
CURRICULUM VITAE
Atuação Profissional
Chefe do Setor de Despacho de carga da COSERN - 1978-1979Analista de Organização e Métodos da COSERN – 1989 - 1984Membro da Comissão Permanente de Licitação da COSERN – 1982-1984Chefe da Divisão de Administração da Frota da COSERN – 1986 - 1988Chefe da Divisão de Orçamento da COSERN – 1989-1990Chefe da Divisão de Arrecadação e Tributos da COSERN – 1991-1992Economista da COSERN – 1993-1998Professor da UnP das disciplinas: Economia Monetária, Teoria Macroeconômica I e II eDesenvolvimento SocioeconômicoDiretor Adjunto do Curso de Ciências Econômicas da UnP – 1990 a1994 - 2001Diretor: 1995 a 2000-2003 a 2005.Vice Presidente do Conselho Regional de Economia – CORECON –1999 e 2004.Presidente do Conselho Regional de Economia – CORECON – 2000-2001.Coordenador do Comitê de Políticas Públicas da Organização Não Governamental “Natal2015”.Assessor Técnico da Secretaria Municipal de Administração Recursos Humanos eFinanças – SEMAF – 2003.Chefe do Setor de Transportes da Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social –SEMTAS – 2004Chefe do Setor Financeiro do Sistema FIERN – 2005.
Trabalho Publicado no VI ENGEMA – USP.ACEITABILIDADE DE PRODUTOS PARA A CONSTRUÇÃO CIVIL PRODUZIDOSA BASE DE FIBRA DE COCO NA VISÃO DE ESPECIALISTAS DO SETOR: Umestudo de caso para a cidade de Natal.
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Orildo Sávio de Oliveira Silva é Bacharel em CiênciasEconômicas pela Universidade Federal do Rio Grandedo Norte - UFRN, com especializações em Docência deNível Superior e Planejamento e ConsultoriaEmpresarial pela Universidade Potiguar. É filho deRoque José da Silva e Hilda Medeiros de Oliveira Silva,nascido no dia 07 de Novembro de 1956, na cidade doNatal no Rio Grande do Norte.
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho aos meus pais e principalmente a minha mulher que é
também a minha companheira de todos os momentos, que sempre me inspiraram e me
deram forças para seguir em frente, mesmo privando-os de minha presença e atenção.
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AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, a minha esposa, aos meus amigos e companheiros da UnP,
ao Chanceler da UnP, ao meu orientador, aos professores e diretores do PEP, o meu muito
obrigado pela oportunidade, pelo apoio, pela compreensão e pela força ao longo dessa
caminhada.
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Resumo da Tese apresentada à UFRN como parte dos requisitos necessários para aobtenção do grau de Mestre em Ciências em Engenharia de produção.
AVALIAÇÃO SOCIAL DE EMPREENDIMENTOS AGROINDUSTRIAIS: UMESTUDO NA CARCINICULTURA.
ORILDO SÁVIO DE OLIVEIRA SILVA
Março, 2005
Orientador: Sérgio Marques Júnior, Dr.Curso: Mestrado em Ciências em Engenharia de Produção
O objetivo desse trabalho foi investigar a contribuição social da atividade econômicadenominada de carcinicultura, para o município de Canguaretama no Rio Grande do Norte,a partir da visão dos moradores do citado município, sendo enfocados aspectosambientais, aspectos de produção, consumo de energia, geração de empregos e renda, einvestimentos na área social, para a melhoria de vida da população local. Foi realizada umapesquisa amostral do tipo Survey com 234 pessoas daquele município de um universo de27.011 habitantes. Foi escolhido esse município porque o mesmo é um dos principaisprodutores de camarões no Estado, além de contar com as principais fazendas de criação elaboratórios de melhoramento genético dessa cultura. O instrumento de pesquisa utilizado,foi o questionário com perguntas abertas e fechadas. Resultados mostram que grandemaioria declarou pouco conhecimento com relação ao processo produtivo da atividade dacarcinicultura e reconheceram como principal benefício da mesma, a geração de empregos.Em termos de associação entre variáveis, não se verificou relacionamento entre asvariáveis investigadas do grupo perfil e a variável dependente que expressa a opinião doentrevistado quanto aos benefícios sociais gerados pela atividade. Ou seja, em termos degênero, não há diferença de percepção entre homens e mulheres sobre os benefícios sociaisadvindos da carcinicultura. De forma análoga, não se observa diferença de percepção sobreos benefícios sociais da atividade entre as diferentes faixas de escolaridade, idade e rendafamiliar da população entrevistada.
Palavras-Chave: Carcinicultura, Impactos Ambientais, Avaliação Social.
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Abstract of the Thesis presented to UFRN as part of the necessary requirements for theobtaining of Master's degree of Sciences in Production Engineering.
Orildo Sávio de Oliveira Silva
March, 2005
Thesis Supervisor: Sérgio Marques Júnior, Dr.Program: Master of Science in Production Engineering.
The objective of that work was to investigate the social contribution of the denominatedeconomical activity of shrimp aquaculture, for Canguaretama in Rio Grande do Norte state,under mentioned municipal residents' perception, being focused enviromental aspects,production aspects, generation of jobs and income, for life improvement of the localpopulation. A survey sample was accomplished with 234 people of that site in an universeof 27.011 inhabitants. It site was chosen because it has been cosidered one of the mainshrimp producer in the State, besides counting with the main creation farms and geneticimprovement laboratories of that culture. A form with open and closed questions was used.The great majority said to know the activity of the shrimp aquaculture and they recognizedas main benefit of the same, the generation of jobs. However the environmental impactswere recognized caused by the activity in the section. The withdrawal of municipal taxesreduces the possibility of social investments for the area, for the city hall. The export of theproduct being made through ports of other capitals of the Northeast, the contribution thatthat activity can come to have in the state economical growth also decreases, once theparrots are with the States exporters. An important factor is the consumption of energy,that the activity impelled in that municipal district.
Key-Words: Shrimp Aquaculture, Environmental Impacts, Social Evaluation.
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SUMÁRIO
Lista de Tabelas............................................................................................................... ixLista de Figuras................................................................................................................ x1 – Introdução ................................................................................................................. 11.1 – Contextualização .................................................................................................... 11.2 - Objetivos ............................................................................................................... 31.3 - Relevância .............................................................................................................. 31.4 – Organização do Trabalho ..................................................................................... 42 – Referencial Teórico ................................................................................................... 52.1 – Considerações Econômicas e o Agronegócio........................................................ 52.2 – Considerações Históricas sobre a Carcinicultura .............................................. 102.3 – Considerações Históricas Sobre a Carcinicultura no Rio Grande do Norte ... 152.4 – Impactos Ambientais da Carcinicultura ............................................................. 192.5 - Avaliação Social de Projetos: Um Enfoque Conceitual ..................................... 253 – Metodologia da Pesquisa de Campo ....................................................................... 333.1 - População em Estudo ............................................................................................. 333.2 - Plano Amostral ....................................................................................................... 333.3 - Instrumento de Coleta de Dados ........................................................................... 343.4 - Método de Coleta de Dados ................................................................................... 373.5 - Técnicas de Análise dos Dados .............................................................................. 373.5.1 – Análise Descritiva e xploratória ........................................................................ 373.5.2 – Análise de Regresão Linear Múltipla ............................................................... 383.5.3 - Análise de Associação Entre Variáveis ............................................................ 384 – Resultados da Pesquisa ............................................................................................. 404.1 – Considerações Históricas Sobre Canguaretama.................................................. 404.2 – Perfil da Amostra Utilizada................................................................................... 404.3 – Análise Descritiva da Amostra.............................................................................. 444.4 – Análise de Regressão Múltipla ............................................................................. 584.5 – Análise de Associação Entre Variáveis ................................................................ 604.5.1 – Análise de Associação Entre Variáveis de Perfil e BEN_GER ....................... 604.5.2 - Análise de Associação Entre Variáveis BEN_GER e Outras Variáveis......... 614.5.3 – Análise de Associação Entre a Variável IMPACT e Variáveis de Perfil ....... 635 – Conclusões 665.1 – Considerações Gerais ............................................................................................ 665.2 – Conclusões da Pesquisa de Campo........................................................................ 675.3 – Limitações do Trabalho ........................................................................................ 695.4 – Recomendações para Trabalhos Futuros ............................................................ 69Referências ...................................................................................................................... 70Anexos ..............................................................................................................................Anexo I – Instrumento de Pesquisa ...............................................................................Anexo II – Matriz de Correlação ..................................................................................
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Lista de Tabelas............................................................................................................... ixTabela 2.1 – Investimentos para Gerar um Emprego Direto...................................... 14Tabela 3.1 – Variáveis e Descrição das Variáveis Utilizadas no estudo..................... 36Tabela 4.2.1– Número de Entrevistados por Gênero .................................................. 41Tabela 4.2.2 – Número de Pessoas por Família............................................................ 42Tabela 4.2.3 – Nível de Escolaridade............................................................................. 42Tabela 4.2.4 – Renda Familiar mensal.......................................................................... 43Tabela 4.2.5 – Faixa Etária............................................................................................. 44Tabela 4.3.1 – Percepção da População Quanto aos Benefícios da Carcinicultura... 47Tabela 4.3.2 – Percepção da População Quanto aos Malefícios da Carcinicultura.. 49Tabela 4.3.3 – Avaliação do Entrevistado Quanto aos Benefícios Gerados............... 54Tabela 4.3.4 – Hectares das Fazendas de Carcinicultura em Canguaretama............ 55Tabela 4.3.5 – Tempo de Atuação da Atividade de Carcinicultura............................ 56Tabela 4.3.6 - Situação de Emprego Antes da Carcinicultura.................................... 56Tabela 4.3.7 – Possíveis Alterações na Renda Advindas da Carcinicultura.............. 57Tabela 4.3.8 – Envolvimento em Atividades Sociais ................................................... 57Tabela 4.4.1 – Análise de Variância (ANOVA) ............................................................ 58Tabela 4.4.2 – Variáveis que se Revelaram Significativas no Modelo........................ 59Tabela 4.5.1 – Análise de Associação entre Variáveis do Grupo Perfil...................... 61Tabela 4.5.2 – Análise de Associação entre a Variável BEN_GER e Outras............. 62Tabela 4.5.3 – Análise de Associação entre a Variável BEN_GER e
IMPACT.........
63
Tabela 4.5.4 – Análise de Associação entre a Variável BEN_GER e IMPACT....... 63Tabela 4.5.5 - Análise de Associação entre a Variável Perfil e Impact....................... 64Tabela 4.5.6 – Análise de Associação entre a Variável Perfil e Impact(Esperada)... 64Tabela 4.5.7 - Análise de Associação entre a Variável Perfil e Impact(Observada) 64
ix
Lista de Figuras x
Figura 2.1 – Camarão Vannamei................................................................................... 12Figura 2.2 – Do Mangue ao Viveiro .............................................................................. 15Figura 2.3 – Viveiros de Camarões no Rio Grande do Norte...................................... 17Figura 4.3.1 – Grau de Impacto ao meio Ambiente...................................................... 45Figura 4.3.2 – Benefícios Sociais da Carcinicultura .................................................... 46Figura 4.3.3 – Nível de Investimento em Ações Sociais .............................................. 50Figura 4.3.4 – Grau de Conhecimento Sobre a Carcinicultura................................... 51Figura 4.3.5 – Grau de Envolvimento da Família ........................................................ 52Figura 4.3.6 – Mudanças na Renda Familiar ............................................................... 53
x
1
Capítulo 1
Introdução
1.1 – Contextualização
O rápido crescimento do cultivo do camarão marinho no mundo, observado nas
últimas duas décadas, principalmente nos países costeiros tropicais emergentes da Ásia e das
Américas, teve e continua tendo por base de sustentação, a crescente demanda do produto no
mercado internacional, o atrativo nível de rentabilidade da atividade e a sua capacidade de
gerar renda, emprego e divisas para o desenvolvimento dos países produtores.
O hemisfério oriental é responsável pela maior parte da produção mundial do
camarão cultivado, sendo os principais produtores, por ordem de importância, China,
Tailândia, Indonésia, Vietnam, Índia e Bangladesh. Em relação ao hemisfério ocidental,
dentre os países produtores sobressaem o Equador como o mais importante, seguido pelo
Brasil, México, Honduras, Panamá, Colômbia e Peru. Esse rápido desenvolvimento da
atividade comercial em importantes áreas tropicais do mundo vem sendo acompanhado de
crescentes preocupações sobre a sua sustentabilidade ambiental.
Entretanto, as análises de risco a que vem sendo submetida a atividade do camarão
cultivado em termos mundiais, põem em evidência que as doenças ocasionadas por vírus,
constituem um fator de risco importante a ser considerado já que provocam perdas
consideráveis de produtividade e produção, tais como as que ocorreram na China, Taiwan,
Tailândia e Indonésia, e, posteriormente, no Equador, Peru e Panamá.
Uma análise do desenvolvimento atual do cultivo de camarões marinhos no mundo
permite concluir que os produtores e os governos nacionais, devido aos êxitos e obstáculos
enfrentados, estão hoje muito mais conscientes das ações e medidas que devem acompanhar a
exploração comercial do camarão nas áreas de sustentabilidade ambiental, de biossegurança,
de investigações cientificas e de gestão de qualidade, entre outras, sem as quais a estabilidade
e a longevidade do seguimento podem ficar comprometidas.
A produção de camarão em cativeiro no Brasil tomou um impulso muito grande a
partir da década de noventa e já se coloca entre os dez maiores produtores mundiais, com o
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nordeste se concretizando como a área de maior produção dessa atividade. Dentro dessa
região, o estado do Rio Grande do Norte, juntamente com o Estado do Ceará, disputam
hectare a hectare o primeiro lugar em produção. A produção nacional passou de 2.385
toneladas produzidas em 1994 para uma produção estimada em 2003 acima de 100.000
toneladas (ABCC, 2003).
A elevada participação do pequeno produtor, inclusive daquele com tamanho
familiar, confere uma característica especial à carcinicultura brasileira já que a sua expansão
pode contribuir para o esforço nacional de uma melhor distribuição da renda no meio rural.
Por sua vez, a grande e média empresa com um maior domínio sobre a área
produtiva, representa um fator positivo para assegurar eficiência tecnológica e comercial ao
desenvolvimento da carcinicultura nacional já que a escala de produção e a dimensão
comercial com que trabalha permitem a verticalização do processo produtivo (laboratório de
pós-larvas, fazenda de engorda e centro de processamento) tornando o agronegócio muito
mais eficiente. Adicionalmente, a grande empresa produtora/exportadora cria as condições
para o funcionamento do sistema de parceria técnica e comercial de integração com o
pequeno produtor dedicado à fase de engorda, com amplos benefícios para as partes
interessadas.
Em termos das condições climáticas prevalecentes na costa do Brasil, especialmente
na do Nordeste, no que se refere à estabilidade da temperatura e luminosidade, é
perfeitamente possível cultivar o camarão durante os doze meses do ano.
Porém a preocupação com o meio ambiente fez surgir no mundo, organismos
voltados para a sua proteção, que acreditam que a atividade de carcinicultura provoca
degradação do meio ambiente, enquanto os produtores de camarões alegam que preservam o
meio ambiente e suas fazendas se localizam em áreas antes utilizadas por outras atividades,
como a atividade salineira.
Os ecologistas dizem que essa atividade é responsável pela devastação dos mangues
e que essa devastação vai tirar o sustento de milhares de pessoas que sobreviviam da retirada
das diversas espécies dos mangues para si e para toda a sua família, sem contar que a
carcinicultura, nome dado ao cultivo do camarão em cativeiro, está dizimando com as
espécies nativas dos mangues, já existindo uma grande dificuldade de se encontrar o
caranguejo em regiões onde essa espécie era abundante.
Outra preocupação no mundo atualmente globalizado é com a geração de empregos
para a população em geral. Nesse aspecto os produtores de camarões alegam que essa
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atividade, cria dois novos empregos diretos a cada hectare de produção, sendo portanto,
segundo essa afirmativa, uma atividade geradora de emprego e renda.
Diante de toda essa discussão surgem técnicas para avaliar impactos ambientais,
bem como avaliar projetos, e como as reivindicações sociais são cada vez maiores, surgem
também técnicas para se avaliar o impacto social, em termos de geração de emprego e renda,
que a atividade da carcinicultura pode influenciar.
1.2 – Objetivos
Baseando-se na importância de investigar fatores direcionadores da participação
pública na tomada de decisão de ações que afetam o bem-estar, o objetivo do presente
trabalho foi investigar a percepção de uma comunidade sobre os benefícios sociais advindos
da atividade da carcinicultura no local onde estão instaladas fazendas de criação de camarão.
1.3 – Relevância
A carcinicultura apresenta-se como uma atividade altamente lucrativa, tanto para os
produtores, quanto para a região à qual está inserida, não só pela geração de empregos, como
também pela geração de dividendos, uma vez que é parte integrante das exportações,
melhorando o desempenho da balança comercial, não só do Estado, como do próprio País. No
entanto, pouco tem se pesquisado a respeito dos benefícios sociais para a população como um
todo. Nesse sentido o presente trabalho torna-se relevante pela contribuição na apresentação
de algumas situações inerentes à atividade, quanto à percepção pela comunidade afetada, dos
benefícios criados pelo setor, bem como pelos impactos causados por essa atividade, trazendo
subsídios às autoridade, aos órgãos interessados e a população em geral para a tomada de
decisão, quanto ao apoio e melhor compreensão desse segmento econômico.
Do ponto de vista acadêmico, este trabalho visa contribuir com a geração de dados e
informações que auxiliem nos estudos de técnicas e práticas de avaliação social de projetos,
assim como na identificação de fatores direcionadores de percepção pública frente às
atividades produtivas, contribuindo para a construção de modelos de tomada de decisão mais
apropriados para a realidade do setor.
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1.4 – Organização do Trabalho
O trabalho está organizado em 5 (cinco) capítulos. O primeiro capítulo apresenta
uma introdução ao trabalho enfocando a contextualização da problemática tratada ao longo do
texto.
O segundo capítulo apresenta a base referencial teórica sobre o assunto, fazendo
considerações econômicas desde os clássicos até os dias atuais, ainda, considerações e
conceitos sobre a carcinicultura no mundo, no Brasil e no Rio Grande do Norte, apresentando
uma discussão entre o uso do mangue para o desenvolvimento da atividade.
O terceiro capítulo apresenta a metodologia utilizada para a confecção do mesmo,
mostrando a população em estudo, o plano amostral, o instrumento de coleta de dados, o
método de coleta de dados e algumas considerações sobre a técnica de análise de dados
utilizada.
O quarto capítulo apresenta o resultado da pesquisa de campo, enfocando a
validação da pesquisa, a análise descritiva e exploratória das informações coletadas e análise
multivariada dos dados.
O quinto capítulo apresenta as conclusões e considerações finais. Finalizando, são
apresentadas as referências bibliográficas utilizadas assim como o material em apêndice,e
anexo pertinente à confecção do trabalho.
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Capítulo 2
Referencial Teórico
2.1 – Considerações Econômicas e o Agronegócio
Para se tratar sobre qualquer tema relativo à produção relacionada ao meio agrícola,
faz-se necessário buscar-se informações históricas sobre o aparecimento do movimento
agrícola no mundo, que se confunde com a própria história da moeda. Lopes e Rossetti
(1998) afirmam que:
Os primeiros agrupamentos humanos, em geral nômades, teriam sobrevividosob padrões bastante simples de atividade econômica. .... Estas formasrudimentares de relacionamento econômico seriam, todavia, profundamentealteradas a partir do instante em que se verificou aquilo que os historiadoresdenominam de Primeira Revolução Agrícola, traduzida pela fixação decertos grupos humanos em determinadas áreas. ... O nomadismo foigradativamente cedendo lugar a uma forma sedentária de vida. Emdecorrência, a vida social tornou-se mais complexa, a produção diversificou-se, com a criação de instrumentos de trabalho e utensílios exigidos pelasnovas formas de produção e novos padrões de vida. (p.16-17)
Adiantando-se um pouco na história, vê-se que antes, da publicação do livro a
Riqueza das Nações de Adam Smith, por volta de 1776, o pensamento econômico
predominante na Europa era o Mercantilismo que presumia que a riqueza de uma nação
dependia principalmente de seu comércio exterior, pois na medida que um país importasse
menos do que exportasse, haveria uma entrada líquida de moeda o que elevaria a sua riqueza.
Porém Petty, citado por Santos e Almeida(1983), contestando o pensamento mercantilista,
aponta o trabalho e não o comércio, como o principal fator gerador de riqueza. Já os
Fisiocratas apontam somente a agricultura como provendo o excedente que depois é repartido
entre as demais classes da sociedade.
Entretanto, Smith citado por Baraúna (1983), acreditava que a riqueza de uma nação
é expressa pelo seu produto per-capita, o que é aceito até hoje. Com base na teoria valor-
trabalho, o autor mostra que o crescimento da riqueza de uma nação depende essencialmente
da produtividade do trabalho. Contestando os Fisiocratas, ele demonstrou que todas as
atividades que produzem mercadorias produzem valor.
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Ricardo, citado por Sandroni (1983) acreditava que o avanço da divisão de trabalho
proporcionaria uma inesgotável expansão da produtividade, levando a um crescimento
econômico cada vez maior. O autor reconhecia que o sistema industrial representava grandes
potencialidades de expandir a produtividade do trabalho, mas não acreditava que o progresso
tecnológico pudesse elevar de forma permanente a produtividade do solo. Porém acreditava
que com a aplicação de políticas corretas, poderia retardar a vinda do estado estacionário.
Buscando-se definições atuais para os termos agrícolas, segundo Sandroni (1999):
Agricultura é a atividade produtiva integrante do setor primário daeconomia. Caracteriza-se pela produção de bens alimentícios e matériasprimas decorrentes do cultivo de plantas e da criação de animais. Naprodução agrícola entram três fatores básicos: o Trabalho, a Terra e oCapital. Numa unidade agrícola, quando o emprego do capital é o fatorpredominante, diz-se que se trata de agricultura intensiva. No caso de ser aterra, trata-se de agricultura extensiva.(1999, p.18)
A agricultura, no entanto, passa por várias fases, sendo uma delas o processo
histórico da passagem dos complexos rurais para os complexos agroindustriais, que segundo
Silva (1996, p.1). O elemento fundamental desse processo histórico é o desenvolvimento do
mercado interno no Capitalismo.
Segundo Lênin apud Silva (1996, p.1) esse processo é definido como:
Processo fundamental da criação do mercado interno é a divisão social dotrabalho. Apóia-se em que, da agricultura separam-se, um após outro,diferentes tipos de transformação das matérias e formam-se ramos industriaiscom existência própria, que trocam seus produtos (que agora já sãomercadorias) por produtos da agricultura. Dessa maneira, a própriaagricultura se transforma em indústria e nela se opera idêntico processo deespecialização.
Segundo Ferguson (1999, p.144) A Teoria da Produção consiste de uma análise de
como o empresário – dado o estado da arte ou da tecnologia – combina os vários insumos para
obter determinado volume de produção de forma economicamente eficiente.
Já para Byrns e Stone (1996, p.143) A produção ocorre quando os bens são
transformados para se tornarem mais úteis na forma, no espaço, na propriedade ou no tempo,
e envolve o uso do conhecimento para aplicar energia e transformar os materiais.
Buscando-se uma definição para produto, segundo Sandroni (1999):
Em sentido amplo, produto é o conjunto de todos os bens e serviçosresultantes da atividade produtiva de um indivíduo, empresa, ou nação. Nocaso de nação diz-se Produto Nacional Bruto (PNB). Mais especificamente,e conforme o setor da atividade econômica, distingue-se o produto industrial,o produto agrícola e outros. Alguns economistas distinguem bem de produto:os bens são objetos materiais destinados a satisfação das necessidades
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humanas, o produto é o resultado geral da ação transformadora do homemsobre a natureza. (1999, p.497)
Faz-se necessário buscar também uma definição para agroindústria para melhorcaracterizar a atividade agrícola de criação de camarões em cativeiro. Segundo Sandroni(1999):
Agroindústria é a atividade constituída pela junção dos processos produtivosagrícolas e industriais no âmbito de um mesmo capital social, ou quando talnão acontece, a atividade caracteriza-se pela grande proximidade física entrea área que produz a matéria-prima agrícola e o seu processamento industrial.Com a crescente preponderância da indústria sobre a agricultura e asubordinação desta última à primeira, proporções crescentes das atividadesagrícolas encontram-se hoje totalmente submetida ao capital industrial,sendo esta uma tendência mundial. (1999, p.18)
Também se faz necessário averiguar o conceito de renda, pois é um dos fatores a ser
verificado quanto à atividade em estudo e ainda segundo Sandroni (1999):
Renda é a sobre-remuneração devida à inelasticidade decorrente do caráterlimitado de certos fatores de produção (especialmente a terra) ou nainadaptação temporária da oferta à procura. No sentido amplo o termo éusado para designar a Renda Nacional. Denomina também um fluxo deunidade monetária por unidade de tempo. O economista clássico AlfredMarshall introduziu o conceito de “excedente do consumidor” ou “renda doconsumidor” para designar a diferença entre o preço que alguém se dispõe apagar por certo bem e o preço realmente pago.(1999, p.520)
O outro item que se faz necessário conhecer é o conceito de emprego que segundo
Sandroni (1999) pode ser definido como:
Em sentido amplo, é o uso do fator de produção por uma empresa.Estritamente, é a função, o cargo, ou ocupação remunerada exercida por umapessoa. A oferta total de empregos que um sistema econômico podeproporcionar depende do que se produz, da tecnologia empregada e dapolítica econômica governamental e empresarial. Numa economia demercado, distingui-se três categorias entre a população economicamenteativa -PEA: Empregadores, Empregado, e trabalhadores autônomos. (1999,p.203)
Porém, segundo Keynes apud Fusfeld (2001, p.177) O emprego depende da
demanda agregada, cujos componentes, no setor privado, são os gastos de consumo e o
investimento das empresas, enquanto o nível de gastos de investimento depende da taxa de
juros e da taxa de retorno esperada dos novos investimentos.
Segundo Araújo e Modenesi (1978):
O objetivo de promoção do desenvolvimento através da elevação do nível deoferta pressupõe uma situação em que os recursos são escassos, em especialno que diz respeito ao fator capital. Em análise econômica, pode-sereconhecer vários sentidos do termo escassez, e a diferenciação seráimportante no entendimento do desempenho das instituições financeiras.
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Um bem é escasso simplesmente porque se encontra no mercado e não éoferecido gratuitamente; nesse sentido, todos os produtos manufaturados etodos os fatores de produção são escassos, não ocorrendo especificidade daparte de países subdesenvolvidos. Um fator pode ser considerado escassoquando o seu mercado está em desequilíbrio, isto é, a procura é superior àoferta. Finalmente, diz-se que um fator é escasso em um país quando seestabelecem comparações acerca do estoque de capital per capita, porexemplo. Se em um país o estoque de capital per capita é cerca de um quintodo de outro país, é razoável supor que as rendas per capita dos doisguardarão proporcionalidade semelhante, a menos que as funções deprodução divirjam significativamente.
Segundo ainda os mesmos autores:
Além das incertezas e riscos inerentes a qualquer novo empreendimento, arentabilidade dos investimentos no Brasil é afetada pelas políticasgovernamentais, a ponto de as projeções terem validade bastante limitada.Pouco adianta a análise de mercado, por exemplo, se os preços não sãofixados no mercado, mas sim administrados pelo governo federal, que podeou não sancionar uma situação de escassez ou, ainda, pode ou não autorizarimportações com o objetivo de impedir a alta de preços, ou decidirsimplesmente congelar os preços, como política antiinflacionária. Sabe-seque no Brasil a política de controle dos preços é afetada pelo poderreivindicatório dos setores controlados e por uma conjunção de outrosfatores, cujo comportamento é de difícil previsibilidade. Com isso, tornam-se muito incertas as projeções que se alongam por um ou mais qüinqüênios.Do mesmo modo, os salários não são fixados livremente no mercado,estando os reajustes submetidos à legislação federal; para estimá-los épreciso estimar a taxa de inflação. Os valores projetados a preços constantes,técnica usual, têm contra si a extrema diversidade das elevações de preços,particularmente nesse sistema misto de preços liberados e preçoscontrolados. No que diz respeito aos valores de um projeto, as taxas médiaspodem conduzir a conclusões enganosas.
Segundo Maia (1999, p.27), se importamos geramos desemprego. Se produzimos
geramos empregos. Então por que importar? Ele mesmo responde dizendo que as diferenças
geográficas dos países tem suas produções em função de custos menores e muitas vezes sai
mais barato importar do que produzir, além do país importador poder adquirir produtos de alta
tecnologia.
Então surge a pergunta, por que exportar, se muitas vezes não se tem nem o
suficiente para o consumo interno? Thompson apud Maia (1999, p.33) afirmam que Para cada
bilhão de dólares de exportação, são criados cerca de cinqüenta mil empregos.
Como a atividade de criação de camarões em cativeiro vem crescendo a níveis
inacreditáveis e o trabalho se propõe a investigar se esse crescimento traz desenvolvimento, se
faz necessário buscar a diferença desses conceitos. Segundo Sandroni (1999):
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Crescimento econômico é o aumento da capacidade produtiva da economiae, portanto, da produção de bens e serviços de determinado país ou áreaeconômica. É definido basicamente pelo índice de crescimento anual doProduto Nacional Bruto – PNB per capta. É indicado ainda pelo índice decrescimento da força de trabalho, pela proporção da receita nacional poupadae investida, e pelo grau de aperfeiçoamento tecnológico. (1999, p.141);Enquanto que desenvolvimento econômico é o crescimento econômicoacompanhado pela melhoria do padrão de vida da população e poralterações fundamentais na estrutura de sua economia (1999, p.169).
Segundo Furtado Apud Magalhães (1984):
As primeiras idéias sobre desenvolvimento econômico, definido comoaumento do fluxo de bens e serviços mais rápido que a expansãodemográfica, foram sendo progressivamente substituídas por outras referidasa um conjunto de transformações sociais que adquirem sentido a partir deum sistema de valores intuído ou explicitado.
Assim abordando agora o tema carcinicultura, atividade esta, inserida no setor
primário da economia e sendo seu produto apreciado por consumidores do mundo todo,
alcançando elevados índices de crescimento, verificado ao longo do presente trabalho. Faz-se
necessário contudo ver-se o retorno social dessa atividade que, ainda segundo Magalhães
(1984) citando vários autores, observa-se que:
Maximizar o retorno social significa obter, pela seleção de projetos, o maiorefeito positivo em direção aos objetivos almejados, os quais, entretanto,variam de critério a critério. Para Little e Mirrlees (1968), o objetivo émaximizar o valor atual do fluxo de divisas livres à disposição do governo.Para Dasgupta, Sen e Marglin (1972), é o valor atual do fluxo de consumoagregado. Para Harberger (1972), é o valor atual do fluxo de diferenças entreo ganho proporcionado pela expansão da oferta (e queda dos preços) e ocusto de oportunidade, por não ter aplicado tais recursos em outrosempreendimentos. E, para Squire e Tak (1979), o objetivo é, também,maximizar o valor atual do fluxo de divisas livres (poupança), mascondicionado à obtenção de uma carta de distribuição de renda.
Segundo Relatório do Banco Mundial editado por FURTADO e BELT (2000, p. 13),
explicando a relação entre os recursos naturais e projetos de desenvolvimento:
Assuntos de recurso ambientais e naturais podem ser cruciais ao sucesso oufracasso de projetos de desenvolvimento, programas, ou políticas. Emrecentes anos, a tendência foi analisar o impacto das políticasmacroeconômicas globais no meio ambiente, além de avaliar o setor - eimpactos projetos específicos no meio ambiente.Avaliar impactos ambientais se tornou uma parte importante de análise decusto benefício, ao longo de como os objetivos tradicionais de eficiênciaeconômica, equidade, e viabilidade financeira e administrativa.Os impactos das atividades econômicas no meio ambiente podem serdivididos em três grandes categorias como segue:
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* Impactos físicos, por exemplo, perda da camada superficial do solo fértil,levada junto com a água,* Impactos biológicos, por exemplo, perda de planta e espécies de animal.* Impactos sociológicos, por exemplo, deslocamento de pessoas locais deum local de construção de represa e / ou erosão cultural.Incorporando Considerações ambientais em análises de custo benefícioenvolve essencialmente identificar impactos e imputando um valor a eles.
Diante dos conceitos de crescimento e desenvolvimento econômico, já citados,
busca-se mais adiante, esclarecer se a atividade de criação de camarão em cativeiro provoca
um crescimento ou um desenvolvimento econômico para a região onde está inserida.
2.2 – Considerações Históricas sobre a Carcinicultura
A mídia escrita e televisiva destaca o crescimento da carcinicultura no mundo, no
Brasil, no Nordeste e no Rio Grande do Norte. Neste Estado, verifica-se que um dos
principais municípios produtores é Canguaretama. Esse capítulo se propõe a dar uma visão
histórica sobre esse importante segmento produtor e exportador.
Buscando-se informações históricas sobre o surgimento da atividade denominada
carcinicultura, que os especialistas traduzem como criação de camarões em cativeiro,
Guimarães (2003) afirma que:
A história moderna do cultivo de camarões teve o seu início na década de 30.Quem tudo começou, pode-se dizer, foi um jovem cientista da Universidadede Tóquio, em 1933, Motosaku Fuginaga. Ele iniciou suas pesquisas em umpequeno e precário laboratório em Oyanoshima, Amakusa. A primeiraespécie pesquisa foi o Panaeus Japonicus, quando uma fêmea trazida dasprofundezas do mar desovou em um aquário de seu laboratório, que contudo,por não saber como alimenta-los, morreram 48 horas após o seu nascimento,em uma fase denominada ZOEA. Fuginaga descobriu entretanto, que seisanos após o início de suas pesquisas, que as larvas no estágio de ZOEA,estavam sendo cultivadas com sucesso, alimentadas com uma cultura pura deuma distomácea chamada Skeletonema Costatum, um método pioneiroimaginado pelo professor Yoshiyuki Matusue da Universidade de Tóquio.Desde então foi mais fácil cultivar os camarões através de todas as suas faseslarvais, desde o ovo, passando pelos estágios de Nauplius, Zoea, Mysis ePós-larva.
O mesmo autor considera que mesmo assim as coisas não foram tão simples e:
Foi necessário que se passassem mais de vinte anos ainda, até 1964, para quese obtivessem técnicas que permitissem alcançar um nível prático. Aaparição da Artemia Salina no mercado, após a II Guerra Mundial, foi quepermitiu uma minimização da mortalidade existente nos estágios de pós-larva. O cultivo de camarões em viveiros em uma escala industrial foiiniciada por M. Fujinaga em 1963, em Yamaguchi e a partir daí começam asurgir no Japão as fazendas de camarões. Em 1964 o cientista Jiro Kittaka,
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desenvolveu uma técnica que consistia em criar larvas de camarões emtanques de concreto com volumes de até duzentas toneladas, onde introduziufertilizantes químicos para a obtenção de uma policultura de algasmicroscópicas que alimentavam as larvas.
Alguns anos ainda se passaram até que essa técnica chamasse a atenção do mundo e
segundo ainda a mesma fonte:
Em Outubro de 1971 chegou ao Japão o norte-americano Cornelius R.Mockpara se encontrar com Fujinaga, num encontro de filosofias de trabalhodiferentes, porém com um objetivo comum. O americano realizava umtrabalho sobre cultivo de camarões em Galveston, no Texas, que consistiaem cultivar camarões do ovo ao pós-larva, em tanques de duas toneladas,alimentando as larvas com culturas de algas microscópicas concentradas econgeladas.
Porém, os japoneses encontravam algumas dificuldades para o prosseguimento da
carcinicultura, dentre as quais pode-se destacar: ausência de grandes áreas de solos
impermeáveis e inverno rigoroso (o que impossibilita o cultivo durante o período), preços
elevados por hectare de áreas próprias para o cultivo e ausência de ventos capazes de oxigenar
as águas dos viveiros.
Dados da Associação Brasileira de Criadores de Camarões (ABCC, 2003) informam
que o rápido crescimento mundial do cultivo do camarão marinho nas últimas duas décadas,
notadamente nos países costeiros tropicais emergentes da Ásia e das Américas, teve e
continua tendo por base de sustentação a crescente demanda do produto no mercado
internacional, o atrativo nível de rentabilidade do agronegócio e a sua capacidade de gerar
renda, emprego e divisas para o desenvolvimento dos países produtores. No ano 2001, a
produção mundial do camarão cultivado chegou a 1,1 milhão de toneladas, ou seja, 30% do
volume total registrado em todo o mundo. Isso significa que apesar do acentuado crescimento
da produção derivada do cultivo, de 215.000 toneladas em 1985 para o nível atual de 1,1
milhão de toneladas, o camarão extraído dos mares continua ter maior peso em relação à
oferta global do produto. O hemisfério oriental é responsável pela maior parte da produção
mundial do camarão cultivado, sendo os principais produtores, por ordem de importância,
Tailândia, China, Indonésia, Vietnam, Índia e Bangladesh.
Em relação ao hemisfério ocidental, os dados de ABCC (2003) mostram que, dentre
os países produtores, sobressaem o Equador como o mais importante, seguido pelo Brasil,
México, Honduras, Panamá, Colômbia e Peru. A crescente demanda registrada nos principais
centros importadores de camarão - EUA, Europa e Japão - tem sido responsável pela
manutenção de um nível de preço atrativo e remunerador para o produto cultivado. O
consumo per capita nos EUA, principal mercado importador, mostrou um consistente
12
incremento na última década. Em 2001, as importações de camarão desse mercado chegaram
a 400.337 toneladas. O mercado da União Européia realizou importações da ordem de
405.000 toneladas. O Japão, apesar da crise que vem afetando o desempenho de sua
economia, se mantém como o maior mercado consumidor de toda a Ásia, tendo importado,
em 2001, 250.000 toneladas.
Buscando-se informações, sobre a produção de camarões no Brasil, encontra-se em
relatório do Ministério da Agricultura e do Abastecimento(2004) um breve histórico da
carcinicultura brasileira, dividida em três etapas, sendo os primeiros passos ensaiados na
década de 70, com o cultivo em termos empresariais acontecendo somente no início dos anos
80, com a espécie denominada Penaeus Japonicus, que devido a sua inaptidão às baixas
salinilidades, a criação foi direcionada para as espécies P. Subtíles, P. Schmitti, P.
Brasilienses e P. Paulensis, só que a sua baixa produtividade e pouca lucratividade
provocaram a desativação e a reconversão a salinas de diversas fazendas na Região Nordeste.
No Rio Grande do Norte, a área de cultivo foi reduzida para menos de 100 hectares. A
segunda etapa teve início em 1993, quando optou-se pela cultivo do Litopenaeus Vannamei,
espécie com capacidade de adaptação às mais variadas condições locais de cultivo.
A figura 2.1 apresenta o camarão Litopenaeus Vannamei, que é a espécie que os
produtores norteriograndenses cultivam.
Figura 2.1 – Camarão Vannamei (Litopenaeus Vannamei) cultivado no Rio Grande do NorteFonte: ABCC (2003)
Nessa etapa, observa-se também uma sensível melhora na qualidade das rações
comerciais desse cultivo, que tem sido um fator importante para o aumento da produtividade
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dos viveiros. A terceira, e última etapa, é a que o país começa a viver atualmente, após a
consolidação da tecnologia de reprodução e engorda, o alcance da auto-suficiência na
produção de pós-larva, a oferta de uma ração de qualidade e o despertar do setor produtivo
para a importância da qualidade do produto final.
Segundo a ABCC (2003), em 2001, a produção de camarão cultivado no Brasil
chegou a 40.000 toneladas, das quais 37.575 (94,0%) foram originadas na Região Nordeste,
onde a carcinicultura vem se desenvolvendo em ritmo acelerado a partir de 1996 quando se
consolidou a viabilidade técnica e econômica do agronegócio com a espécie importada da
costa do Pacífico, o Litopenaeus vannamei. Para situar a posição do Brasil em termos
mundiais, as 40.000 toneladas, que colocam o país na nona posição entre os maiores países
produtores, representam apenas 3,0% da produção mundial e 13,0% das 300.000 toneladas
produzidas no mesmo ano pela Tailândia, que ocupa o primeiro lugar na produção do camarão
cultivado.
Passando a observar as vantagens comparativas da carcinicultura pode-se constatar
nas publicações da Associação Brasileira de Criadores de Camarões – ABCC que:
Na longa faixa rural costeira do Brasil, especialmente a que corresponde àRegião Nordeste, nas zonas adjacentes aos Manguezais da faixa que seestende ao sul da Bahia ao Norte do Maranhão, onde a produção agrícola élimitada ou inexistente pela condição de solos arenosos e água salobra, ocultivo de camarão marinho se apresenta como uma das raras alternativaseconômicas capazes de gerar renda e emprego e modificar o quadro depobreza rural que predomina nessas zonas. No Nordeste brasileiro éperfeitamente viável utilizar os 365 dias do ano para o cultivo de camarão,permitindo-se realizar três ciclos anuais de produção, enquanto que emoutros países da Ásia, são aproveitados apenas 240 dias e apenas dois ciclosanuais de produção.
Além dessa vantagem absoluta, a ABCC apresenta outras vantagens como estradas
pavimentadas, para o escoamento da produção, energia elétrica, comunicação, portos
marítimos e aeroportos. Esta associação estima que na Região Nordeste do Brasil. Entre áreas
adjacentes aos Manguezais, salinas e viveiros de peixes desativados, existem 300.000
(trezentos mil) hectares propícios para a expansão do cultivo do camarão marinho, que se for
totalmente aproveitada proporcionaria uma produção anual de 1,5 Milhão de toneladas,
geraria US$ 7,5 bilhão de renda e 1,3 Milhões de empregos diretos e indiretos. A associação
apresenta ainda uma tabela que mostra as vantagens comparativas de investimento na
carcinicultura, representada aqui pela tabela 2.1.
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Tabela 2.1 – Investimentos para Gerar um Emprego Direto
Atividade Custo em Us$Cultivo do Camarão 13.880
Indústria Automobilística 91.000Indústria Química 220.000
Pecuária 100.000Turismo 66.000
Fonte: ABCC (2003)
Segundo ainda a ABCC (2003), o camarão cultivado brasileiro detém algumas
características relacionadas com a sua sustentabilidade ambiental que devem ser realçadas em
qualquer fórum de negociações de comércio exterior. Entre elas cabe destacar as seguintes:
1. O produto nacional é livre de doenças viróticas, principalmente do vírusda Mancha Branca (White Spot Shrimp Virus -WSSV) que na década de 90ocasionou sérios problemas aos países produtores da Ásia e do Pacífico Sul-americano, alguns dos quais ainda afetados na atualidade. As medidas debiossegurança adotadas pelo Ministério da Agricultura com o apoio daABCC para evitar a entrada no país de crustáceos, seus produtos e sub-produtos, que representam alto risco de difusão da enfermidade, continuamvigentes e vêm mantendo o Brasil livre do referido vírus, bem como deoutros como o Cabeça Amarela, o Taura e outras vibrioses.2. A tecnologia em uso no Brasil é o resultado de um esforço de validação depráticas tecnológicas, muitas das quais voltadas para manter a qualidade daágua e, portanto, para minimizar os possíveis efeitos dos efluentes do cultivono meio ambiente. O uso corrente da aeração mecânica para aumentar adisponibilidade de oxigênio dissolvido, das bandejas tipo comedouro quepermitem a dosagem racional da ração eliminando metabolitos e bactériasindesejáveis, do tratamento de fundo de viveiros para corrigir problemas deacidez do solo, entre outras, contribuem para manter a água em boaqualidade reduzindo ou minimizando possíveis impactos ambientais dosefluentes.3. A combinação da qualidade natural da água salobra dos estuáriosbrasileiros com o uso de práticas tecnológicas voltadas para evitar ouminimizar possíveis causas de degradação da água de cultivo, permite odesenvolvimento do camarão no Brasil sem o uso de qualquer tipo deantibiótico, o que confere ao produto final um alto grau de qualidadecomercial e reforça a sustentabilidade ambiental de seu cultivo ao manter osecossistemas livres dessa substância química.4. Como resultado dos entendimentos mantidos com os órgãos responsáveispela regulamentação ambiental da atividade, o setor produtivo passou aadotar a prática da bacia de sedimentação como fase intermediária darecirculação ou deságüe dos efluentes, o que representa mais um passoavançado e decisivo para colocar o camarão brasileiro como ambientalmentesadio ou limpo.5. A ABCC, com a participação de seus associados produtores, elaborou eestá implementando o “Código de Conduta e de Práticas de Manejo para oDesenvolvimento de uma Carcinicultura Ambiental e SocialmenteResponsável”.
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Em contraste a essas vantagens comparativas, verifica-se a existência de impactos
ambientais significativos na atividade, em virtude, por exemplo, das mudanças provocadas no
mangue com a construção de um viveiro de criação de camarões. A figura 2.2 retrata o
manguezal do estuário do Mamanguape que abrigava siris, mexilhões e camarões, porém com
os tanques tratados hoje, a mesma região tornou-se um viveiro de camarões; as outras
espécies sumiram.
Figura 2.2 – Do Mangue ao viveiro de camarões na Paraíba.Fonte: Candisani (2002)
Segundo Candisani ( 2003 ):
As imagens acima parecem mostrar que o estuário do Rio Mamanguape, naParaíba, agora está mais bonito. O canal lamacento, cercado de pequenasárvores retorcidas, cujas raízes serviam de toca para caranguejos, siris, pituse mexilhões, foi substituído por vastos tanques rasos onde proliferamtoneladas de camarões que fazem a festa dos fregueses das feiras erestaurantes do litoral. Mas a aparência esconde um problema ecológico jáexperimentado por outros países e causa de prejuízos irreparáveis. Trata-seda substituição de quilômetros de manguezais do norte e nordeste do paíspor instalações de engorda do camarão trazido do Oceano Pacífico quedestroem o ecossistema, contaminam as águas e favorecem a erosão costeira.
2.3 – Considerações Históricas Sobre a Carcinicultura no Rio Grande do Norte
Segundo Guimarães (1981), falando sobre o início da atividade carcinicultura no
Estado do Rio Grande do Norte:
A comprovação da existência de uma tecnologia definida e da adequação dascondições climáticas e de solo e água, elegeu o cultivo de camarões comoum projeto prioritário em nosso Estado. Os seus principais objetivos seriam:
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pesquisas básicas que determinariam o conhecimento das condições naturaisdas áreas consideradas favoráveis a implantação de tal cultura; pesquisasaplicadas que determinariam a adaptação às nossas condições das técnicas decultivo de camarões, desenvolvidas, testadas e aprovadas com sucesso emoutros países. Algumas das repercussões econômicas e sociais adviriam doêxito do projeto, teriam como efeitos diretos a substituição da atividade deexploração do sal pelas pequenas e médias salinas em processos de extinção;o aproveitamento das áreas ociosas próprias ao cultivo de espécie marinha; aampliação da capacidade de frigorificação do Estado; a criação de milharesde empregos diretos e indiretos (para uma fazenda de 1000 hectares, seriamnecessárias diretamente, 300 pessoas); a geração segura e continuada dedivisas com a exportação de um produto de extrema aceitação no mercadointernacional.
Segundo o autor, foi então que no ano de 1973, que o Governador do Estado, através
do BDRN, autorizou a implantação e a operação do Projeto Camarão. Foi assinado também
um convênio com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN, para a realização
das pesquisas programadas do Projeto Camarão.
Guimarães (1981) afirma que:
Para a realização das pesquisas e dos experimentos de campo foi instalado àmargem esquerda do Rio Potengí um núcleo onde concentraria a maior partedas mesmas. O projeto determina também a construção de outros seisnúcleos distribuídos desde o início da costa oriental do Estado, até o final desua costa setentrional. Seriam localizados em áreas favoráveis para a culturado camarão, tais como Canguaretama, Ares, Guamaré, Macau, Areia Brancae Mossoró. Após os resultados das pesquisas nesses núcleos, e secomprovada a viabilidade daquele tipo de cultura, viria um programa deimplantação de fazendas sob a orientação técnica do projeto. Em Natal, fez-se pela primeira vez no Brasil desova larvicultura com sucesso através daespécie Panaeus Brasilienses.
Segundo ainda a mesma fonte, a mudança de governo mostraria mais tarde, também
a mudança de prioridades, e os recursos necessários às pesquisas ficavam cada vez mais
escassos. Em 1975, o projeto camarão perdia o seu vínculo com o BDRN e era acolhido pela
Secretaria Estadual de Agricultura. Em 1976 o coordenador geral do projeto conseguiu apoio
financeiro da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste – SUDENE, com o Banco
do Nordeste do Brasil – BNB, com o Banco Nacional de Desenvolvimento – BNDE, , com o
Conselho Nacional de Pesquisa – CNPq, com a Superintendência de Desenvolvimento da
Pesca – SUDEPE e com a sociedade Civil de Desenvolvimento e Pesquisas (Brascan
Nordeste). Porém o dinheiro conseguido demorava para atingir seu destino inicial. Em 1977
sai o primeiro técnico do Projeto, o próprio Guimarães, a atividade foi sofrendo com a falta de
recursos para investimento em pesquisa, sendo posteriormente abandonada, só retomando a
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atividade a partir de 1996 com a iniciativa privada, a inclusão da espécie Litopenaeus
Vannamei, e pelo aparecimento no mercado de ração de qualidade.
Segundo Costa (2003, p.38):
A carcinicultura está vivendo a sua época de apogeu. É o produto nº 1 dapauta de exportação do Rio Grande do Norte com 27,103 milhões de dólaresexportados de janeiro a maio deste ano, ou seja, crescimento de 42,2 emrelação ao mesmo período de 2002 de acordo com a Secretaria Estadual deIndústria, Comércio, Ciência e Tecnologia. No ano passado, o camarãomarinho potiguar fortaleceu a balança comercial do Estado com R$ 47,493milhões de dólares, mantendo-se na liderança em relação aos outros produtosmandados para o mercado externo, como melão, óleo bruto, castanha de cajue as camisetas t-shirt.
Para ilustração da atividade no Estado do Rio Grande do Norte, a figura 2.3
apresenta viveiros em uma fazenda de criação de camarões.
Figura 2.3 – Viveiros de camarões no RN. Fonte: ABCC (2003)
Comparando-se a produção do Rio Grande do Norte com a Produção Nacional
observa-se nas afirmativas de Salim (2003, p.39):
Atualmente a área de produção do país chega a aproximadamente a 13 milhectares de fazendas de camarão em produção. Desse total o RN já tem4.500 hectares em plena atividade. Até dezembro do ano passado, o Brasiltinha 11,2 mil hectares e o RN 3.600 hectares. Em 2002, o país exportou 155milhões de dólares e o Rn mais de 47 milhões. A produção brasileiraalcançou pouco mais de 60 mil toneladas em 2002, das quais 18,5 mil foramdo RN. Parte dessa estatística não aparece na contabilidade oficial dasexportações do Estado. Primeiro por que uma parte se destina ao mercadointerno e segundo pelo fato de uma certa quantidade ser exportada pelosportos dos estados de Pernambuco e ceará.
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Quanto ao total de produtores, Marques (2003, p. 40), afirma que: ”até o ano de
2002, o RN contava com 280 produtores num total brasileiro de 680, hoje o RN já conta com
320 produtores, com 79% de pequenos produtores (até 10 hectares), 17% de médios
produtores( 10 a 50 hectares)e 4% de grandes produtores(acima de 50 hectares)”.
Segundo o mesmo autor:
A cadeia produtiva do camarão conta no Estado com 438 fazendas deengorda, 9 laboratórios de larvicicultura, 9 unidades de beneficiamento, 5laboratórios de análise de água e 4 fábricas de ração. A produção de pós-larva saltou de 2,56 bilhões em 2001 para 4,9 bilhões em 2002. Os empregosdiretos e indiretos passaram de 9.000 em 2001 para 13.466 em 2002.
O estado do Rio Grande do Norte possui 400 quilômetros de zona costeira,
apresentando um potencial de aproximadamente 30.000 hectares de área propícia para a
atividade de criação de camarão marinho. Em 2002, os técnicos da EMPARN já previam que
o Estado teria em 2003, 4.000 hectares de fazendas de criação de camarão marinho
distribuídas em 21 municípios, totalizando aproximadamente 232 fazendas em operação, o
que representaria 45% de todas as fazendas atuando no país, que perfariam um total de 507
fazendas.
De acordo com Arimar França, alguns viveiros pequenos operam na clandestinidade,
mas garante que a maior parte dos empreendimentos está em áreas de antigas salinas,
desmatadas décadas atrás e onde o mangue não consegue rebrotar. Outras áreas aproveitadas
são os chamados apicuns ou alagados, clareiras naturais onde o mangue não cresce por causa
da alta concentração de sal no solo. "Nós empresários defendemos brutalmente a ecologia,
pois sabemos da importância do mangue". Segundo o autor, o Rio Grande do Norte tem 103
mil hectares de salinas em atividade ou abandonadas e 400 mil hectares de mangue. "Se temos
4 mil hectares de fazendas de camarão, isso representa só 1% do manguezal do Estado".
Em 2002 a produção de camarão no Rio Grande do Norte já representa 30,77% de
toda a produção brasileira, com aproximadamente 270 produtores, apresenta-se como líder
nacional, tanto em área cultivada com 3,591 ha, como em tonelada produzida, com
aproximadamente 18.500 toneladas, com o preço internacional alcançando de R$ 3,90 por
quilograma (ABCC,2003).
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2.4 – Impactos Ambientais da Carcinicultura
Não existe qualquer atividade econômica que não cause algum tipo de impacto
ambiental, portanto faz-se necessário uma verificação dos impactos que alguns atribuem à
carcinicultura. De acordo com Biao et al. (2004), a aquacultura mundial tem crescido
rapidamente na última década, em uma média aproximada de mais de 10% ao ano.
Principalmente devido aos efeitos combinados do aumento da população mundial e o aumento
da demanda por produtos aqüicolas nos países desenvolvidos. Apesar desse significante
crescimento, a atividade tem gerado muitas preocupações com relação a sustentabilidade
ambiental (Queiroz et al., 2003).
Impactos ambientais adversos na carcinicultura tem sido reportado em literatura (e.g.
Flaherty and Karnjakeson, 1995). As mais sérias preocupações estão relacionadas à destruição
dos mangues e outros ambientes aquáticos sensíveis, conversão de terras agricultáveis em
terras pobres, do ponto de vista agronômico, poluição da água resultante da utilização de
substâncias químicas em afluentes, excessivo uso de drogas, antibióticos ou outros produtos
químicos utilizados para controle de doenças animais, utilização ineficiente de alimentação
marinha ou outro recurso, vazamento de tanques, excessivo uso de água subterrânea,
disseminação de doenças animais em ambientes sensíveis, efeitos negativos na biodiversidade
causados pela fuga de espécie animal não nativa, e conflitos no uso da terra e da água.
Estudo realizado por Boyd (1992) mostra que:
Durante a construção de viveiros de camarão, o solo superior removido daárea que será transformada em leito do viveiro, em geral é usado para aconstrução de diques. Os leitos dos novos viveiros, usualmente, consistem desubsolos com baixa concentração de matéria orgânica. Depois que aconstrução do viveiro estiver concluída e as operações de aqüicultura foreminiciadas, os plânctons mortos da coluna de água se sedimentarão no leito.Outras fontes de matéria orgânica, incluindo fertilizantes orgânicos,alimentos não consumidos, fezes de animais cultivados e esqueletos decamarão em mutação, também, se sedimentam no leito dos viveiros. Oscriadores de camarão e de peixe crêem que a matéria orgânica acumula-seem altas concentrações no fundo dos viveiros e que causa deterioração naqualidade do sedimento com impacto negativo na qualidade da água. (ediçãode abril 2003 da revista The ADVOCATE).
No Equador, segundo GÔNGORA, 70% do mangue foi reduzido depois da criação
de camarão, introduzida no país em 1967. Segundo ele, 25% da população do país depende
dos manguezais e 5% desta foi obrigada a migrar para outras áreas.
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Buscando informações históricas sobre os males que sofreram essa cultura em outros
países, ESCOBAR (2001) afirma que:
Entre 1989 e 1999, a indústria asiática perdeu US$ 1 bilhão eminvestimentos por causa da autocontaminação de viveiros, segundo o biólogoAristotelino Ferreira, chefe do Departamento de Botânica, Ecologia eZoologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). NaTailândia, mais da metade das fazendas de camarão fecharam em menos dedez anos. No Equador, o maior produtor de camarão cultivado no HemisférioOcidental, cerca de 150 mil hectares de mangue - metade da área total desseecossistema - foram destruídos nos últimos 30 anos para a construção deviveiros de camarão, segundo a organização Greenpeace.
As análises de risco usadas mundialmente no cultivo do camarão, põem em
evidência que as doenças ocasionadas por vírus, a exemplo do que ocorre com outros
segmentos agropecuários, constituem um fator de risco importante a ser considerado já que
provocam perdas consideráveis de produtividade e produção, tais como as que ocorreram na
China, Taiwan, Tailândia e Indonésia, e, posteriormente, no Equador, Peru e Panamá. As
medidas de biossegurança se apresentam, como de vital importância tanto para a prevenção
como a minimização dos efeitos ocasionados pelas viroses.
Especialistas calculam que haja mais de 200 mil hectares de fazenda de camarão nos
países acima citados, e que 75% deles são ilegais. Em 1999, uma epidemia viral, nesses
países, a chamada doença da mancha branca, quase dizimou a indústria, cuja produção anual
caiu de 130 mil toneladas em 1997 para 45 mil toneladas, no ano passado. "Cerca de 75% das
fazendas faliram", afirma o biólogo especialista em manguezais Clemente Coelho Júnior, do
Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (Escobar, 2001).
Como solução o mesmo autor aponta que:
A solução é transferir a criação para longe do mangue, com sistemasfechados de reciclagem para o reaproveitamento dos efluentes,segundo Ferreira, da UFRN. Na Indonésia, viveiros de camarão só sãopermitidos a 200 metros da costa. A longo prazo, é mais baratobombear água de longe do que tratar água do mangue. A prática foiadotada em vários países asiáticos e já funciona em algunsempreendimentos no Brasil.
Dados do Ministério do meio Ambiente (2000) mostram que:
O Brasil tem uma das maiores extensões de manguezais do mundo. Estesocorrem ao longo do litoral Sudeste-Sul brasileiro, margeando estuários,lagunas e enseadas, desde o Cabo Orange no Amapá até o Município deLaguna, em Santa Catarina. Os mangues abrangem uma superfície total de
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mais de 10.000 km², a grande maioria na Costa Norte. Os mangues sãoprotegidos por legislação federal, devido à importância que representam parao ambiente marinho. São fundamentais para a procriação e o crescimentodos filhotes de vários animais, como rota migratória de aves e alimentaçãode peixes. Além disso, colaboram para o enriquecimento das águas marinhascom sais nutrientes e matéria orgânica. Os manguezais fornecem uma ricaalimentação protéica para a população litorânea brasileira: a pesca artesanalde peixes, camarões, caranguejos e moluscos, que são para os moradores dolitoral a principal fonte de subsistência. Os manguezais são conhecidos comoberçários, porque existe uma série de animais que se reproduzem nesteslocais. Ali, os filhotes também são criados. Os camarões se reproduzem nomar, na região da plataforma continental. Suas larvas migram para as regiõesdos manguezais, onde se alimentam e crescem antes de retornarem ao mar.Uma grande variedade de peixes costuma entrar no mangue para sereproduzir e se alimentar, como os robalos e as tainhas. Muitas aves utilizamesse ambiente para procriar. Podem ser espécies que habitam os mangues ouaves migratórias, que usam os manguezais para se alimentar e descansar. Sãoguarás, colhereiros, garças, socós e martins-pescadores. Ao contrário deoutras florestas, os manguezais não são muito ricos em espécies, porém sedestacam pela grande abundância das populações que neles vivem. Por isso,podem ser considerados um dos mais produtivos ambientes naturais doBrasil. (Projeto Manguezal, 2000)
Como grande parte das fazendas de criação e engorda de camarão se localizam em
áreas de mangue, faz-se necessário verificar como se encontra a carcinicultura no Brasil.
Segundo ABCC (2003):
A atividade de cultivo de camarão marinho é o segmento da aqüiculturamundial que mais cresceu nas últimas 2 (duas) décadas nos países sub-tropicais e tropicais em desenvolvimento. Em 1999, a produção mundialdesse setor foi de 814.000 toneladas, ocupando uma área de 1.251.000hectares gerando cerca de 6 milhões de empregos diretos e indiretos e umareceita a nível de produtor da ordem de US$ 7,5 bilhões de dólares. ATailândia se destacou como maior produtor mundial, cuja exploração de80.000 hectares, numa costa de 2.600 km, contribuiu para uma produção de200.000 toneladas (2.500 kg/há/ano), o que representou uma receita de US$2 bilhões de dólares e uma geração de 400.000 empregos diretos e indiretos.No ocidente, o Equador manteve sua liderança e, mesmo enfrentando sériosproblemas virais, os mesmos que em 1996 afetaram a Tailândia, explorou100.000 hectares, numa costa de 800 km, obtendo uma produção de 85.000toneladas (850 kg/há/ano),com faturamento de US$ 510 milhões de dólares egeração de 600.000 empregos diretos e indiretos. O Brasil já explora aatividade de carcinicultura desde o início da década de 80, mas somente àpartir da 2ª metade da década de 90 é que esse setor definiu uma tecnologiaque permitisse o aproveitamento do imenso potencial natural que o paísapresenta nas suas diversas macro-regiões, especialmente na região nordeste,que detém atualmente 97% da produção nacional de camarão cultivado. Parailustrar o expressivo crescimento que o setor vem apresentando nos últimos3 (três) anos, basta citar que a produção de 1997 (3.600 toneladas) passoupara 7.260 toneladas em 1998; 15.000 toneladas em 1999 e 25.000 toneladasem 2000, com 40.000 toneladas em 2001.
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Guimarães (2003) afirma que:
Dos 7 (sete) mil hectares de viveiros em operação, o mínimo, menos de 1%foi construído em cima de mangues degradados. E os mangues foramdegradados pelos pequenos produtores que não tiveram orientaçãonecessária. DBO significa Demanda Bioquímica de Oxigênio, é umparâmetro que determina a poluição. Nas fazendas de camarões encontreiníveis de 4 a 10,2 mg/l. Nos esgotos em Natal, Canguaretama, em Guamaré ,em Pendências, eu encontrei média de 300 mg/l. Nos viveiros existe umafauna de bactérias heterotróficas naturais que transformam a matériaorgânica em uréia e esta em nitrato, o nitrato em nitrito e o nitrito emnitrogênio líquido, que é liberado. Como as águas estão paradas, maisparadas do que nos rios, existem raios ultravioletas que matam as bactériaspatogênicas ali existentes.
O mesmo autor, debatendo sobre estudo realizado por técnicos do mundo inteiro,
assim como sobre os principais fatores de degradação, hierarquizados decrescentemente pelo
seu potencial negativo, afirma que:
Em 1º lugar a degradar o ambiente do planeta estão os pólos químicos,metais pesados e distritos industriais; em 2º lugar a especulação imobiliária efundiária; em 3º lugar os portos e terminais; em 4º lugar a agropecuária e osagrotóxicos; em 5º lugar o desmatamento com a lenha, o carvão e asespeculações; em 6º lugar estão as usinas açucareiras e alcooleiras; em 7ºlugar a pesca predatória; em 8º lugar os aterros; em 9º lugar as salinas; em10º lugar o lixo; em 11º lugar a mineração; em 12º lugar a invasão dereservas; em 13º a privatização de zonas costeiras; em 14º lugar a exploraçãopetroleira; em 15º lugar as drenagens; em 16º lugar a aqüicultura.
Pensando-se na carcinicultura como geradora de empregos, pode-se observar que,
segundo ABCC (2003), no Brasil a carcinicultura é a atividade que mais emprega, depois da
fruticultura irrigada, mostrando os seguintes dados:
O camarão cultivado é intensivo no uso de mão-de-obra ao gerar, nascondições da tecnologia em uso no Brasil, 2,0 empregos diretos por hectarede viveiro produtivo considerando toda a sua cadeia produtiva (laboratório,fazenda e centro de processamento). Para os 10.000 ha atualmente emprodução, o agronegócio está contribuindo com 20.000 empregos diretospara o mercado de trabalho, dos quais um pouco mais de 95% estãodestinados a trabalhadores não qualificados de comunidades rurais da costabrasileira. Em relação aos empregos indiretos, vale lembrar que a produçãodo camarão demanda importantes insumos industriais como alimentosconcentrados, fertilizantes, calcários, bem como uma variedade deequipamentos como aeradores mecânicos, equipamentos de frio,equipamentos e materiais elétricos e de laboratórios de larvicultura,medidores de parâmetros hidrológicos, etc. Tomando em conta todos essesrequerimentos, pode-se estimar que para cada emprego direto, o camarãocultivado está gerando 2,5 empregos indiretos, o que significa, atualmente,50.000 postos de trabalho indiretos. Ou seja, a oferta laboral da indústria docamarão cultivado no Brasil, na metade do ano 2002, já ultrapassa 70.000empregos diretos e indiretos. Das atividades produtivas do setor primário daeconomia do Nordeste, o cultivo do camarão juntamente com a fruticulturairrigada do vale do São Francisco assume a liderança na geração de
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emprego. Da análise das exportações brasileiras de camarão cultivado, em2001, feita pelo DPA do Ministério da Agricultura, foram retiradas asseguintes observações:(a) Aproximadamente 50,0% das exportações brasileiras de camarãocultivado foram embarcadas para os Estados Unidos por um valor de US$52.955.000,00. A participação do camarão brasileiro no mercado norte-americano, que importou em 2001 a extraordinária cifra de 400.336toneladas, foi apenas de 3,63%.(b) Os restantes 50% foram destinados à União Européia com a França e aEspanha absorvendo 80% do total importado.(c) Depois da China, o Brasil é o país que obteve os menores níveis de preçodo camarão no mercado dos Estados Unidos; para o camarão 61/70,enquanto o Equador conseguiu US$ 6,65/kg; Honduras, US$ 6,31/kg;Tailândia, 5,89/kg, o preço médio do camarão do Brasil ficou em US$5,68/kg, apenas superior ao da China que foi de US$ 5,42.
Verificando-se informações da ABCC, observa-se que existe um código de conduta e de
prática de manejo para o desenvolvimento de uma carcinicultura ambiental e socialmente responsável,
a ser seguido pelos associados, dentre os compromissos, destacam-se:
a) a posse da terra deve estar regularizada;b) deverão ser priorizados trabalhadores locais;c) trabalhadores deverão ser recompensados satisfatoriamente e deconformidade com os padrões locais de remuneração;d) as características hídricas, incluindo os tipos de marés, a influência daágua doce e as utilizações existentes da água serão avaliadas, e o projeto dafazenda será acomodado dentro dessas características, sem alterá-las demodo negativo;e) a qualidade de água estuarina ou marinha nas zonas adjacentes aosempreendimentos deverá ser avaliada quanto aos aspectos físico-químicos ebiológicos;f) o histórico da exploração prévia da região da região onde seráimplantado o empreendimento deverá ser utilizado como subsídio paraavaliação da água e do solo na exploração comercial do camarão;g) as fazendas não deverão ser construídas em áreas ecologicamentesensíveis, nem em locais onde não seja viável corrigir problemasrelacionados com solos altamente ácidos e altamente orgânicos;h) durante a construção serão usados métodos e práticas que reduzem aerosão, a infiltração e a percolação de águas dos viveiros;i) as estruturas de adução e de drenagem dos viveiros serão construídascom os controles que permitam um uso eficiente da água;j) a infra-estrutura da fazenda e os caminhos de acesso internos eexternos, não deverão alterar o fluxo natural das águas, nem contribuir para asalinização dos solos adjacentes;k) as zonas cobertas com vegetação natural, adjacentes aos viveiros,deverão ser mantidas como reserva ecológica, funcionando como biofiltrosdas águas de descargas da fazenda. Os efluentes das descargas não serãotransferidos a zonas de águas estancadas, a não ser àquelas exclusivamenteconstruídas e destinadas para tal fim;l) deverá ser considerado na definição dos leiautes o direcionamento dasdescargas dos viveiros para bacias de sedimentação ou bosques demanguezais;
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m) as técnicas de construção deverão se fundamentar na prática de cortese aterros levando em consideração as necessidades de compactação ouadensamento, bem como de proteção com pedras e vegetação, de modo aminimizar o processo de erosão natural;n) a área da fazenda deverá ficar completamente limpa ao final daconstrução, sem acúmulos de terra ou quaisquer outros materiais não usados,depósitos de resíduos ou lixos derivados dos materiais utilizados;o) as áreas dos manguezais não serão utilizadas para a implantação defazendas de camarão;p) se a implantação do projeto de engenharia da fazenda exigir o uso deáreas de manguezais para a construção de canais e ou estradas de acesso,será proposta aos órgãos ambientais uma compensação via reflorestamentode área equivalente à utilizada;q) a instalação e a operação da fazenda de camarão serão conduzidas detal maneira que não interferirão nas atividades tradicionais de sobrevivênciadas comunidades locais que dependem dos ambientes estuarinos.
Observa-se uma clara intenção de interligar a atividade de carcinicultura com a
preservação ambiental, em busca de um desenvolvimento sustentável, porém como nem todos
os donos de fazendas são cadastrados na ABCC e as recomendações desse código de conduta,
só surgirão algum tempo após o início da atividade, faz-se necessário averiguar se todas essas
recomendações estão sendo cumpridas para se checar os impactos que os órgãos
ambientalistas apregoam que está acontecendo aos mangues com essa atividade.
De acordo com Sousa (2003), a carcinicultura pode interagir com o meio ambiente de
forma neutra, positiva ou negativa. No entanto, as interações negativas são as mais visíveis.
Os impactos relacionados com a carcinicultura também podem ser classificados como
impactos da carcinicultura sobre o meio ambiente ou do meio ambiente sobre a carcinicultura.
Nesse aspecto, o impacto sobre os manguezais pode ser considerado uma das principais
causas de degradação ambiental gerada pela atividade. Os manguezais possuem importante
papel na exportação de nutrientes para o mar, na estabilização das áreas costeiras, como
sustentáculo econômico das comunidades costeiras, e muitas outras utilidades. O impacto da
destruição dos manguezais é difícil de ser determinado, mas não existe dúvida de que reflete
em importantes mudanças ecológicas, oceanográficas e sócio-econômicas.
As áreas de manguezais destruídas para construção de viveiros de camarão é muito
difícil de serem determinadas, mas nas Filipinas, Tailândia, Indonésia, índia, Equador e
Honduras, a indústria contribui significativamente para sua redução (Primavera, 1998).
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2.5 - Avaliação Social de Projetos: Um Enfoque Conceitual
Desde os primórdios da civilização, o homem tem desenvolvido esforços para
dominar a natureza, buscando melhorar as condições de conforto e qualidade de vida da
humanidade. Nesse contexto exige-se que o desenvolvimento econômico seja alcançado
conjuntamente com o desenvolvimento humano.
Segundo Carvalho (2000):
Diante da complexidade que a questão social assume no mundocontemporâneo e particularmente no Brasil, a avaliação de políticas eprogramas sociais torna-se igualmente um imperativo ético. A avaliaçãosistemática e contínua pode ser estratégica na oferta de informaçõessubstantivas que possibilitem o exercício do controle social (mecanismovalioso de democratização da gestão pública) e referenciem avanços naefetividade das ações sociais.
Segundo Yeganiantz e Macedo (2002), buscando introduzir metodologias de
avaliação social escreveram que:
O desenvolvimento econômico e social vem sendo, ao longo dos tempos,embasado na ciência e na tecnologia. Nesse contexto, os processos deprodução de bens e serviços se tornam mais densos e mais adequados àsatividades produtivas, objetivando a eficiência e a redução dos impactosambientais negativos e o incremento do impacto social positivo. Num mundocom economias globalizadas, o setor agropecuário representa uma estratégiade crescimento baseado no desenvolvimento sustentável. A tecnologiaagropecuária pode ser entendida como uma relação social de produção quese relaciona com um grande acervo de conhecimentos técnico-científicos,intensamente utilizada em escala planetária, na melhoria da qualidade devida das nações. O importante neste trabalho é responder a seguinte questão:qual a metodologia apropriada para mensurar os impactos sociais dapesquisa agropecuária?A área mais complexa e também mais completa para fins de avaliação dosimpactos da pesquisa é, sem dúvida, a social. Na verdade, no mundo real, osimpactos acontecem de forma agregada e não individualizados. No casodeste trabalho, os impactos são identificados como sócio-econômico-ambientais, o que significa identificá-los de maneira holística, ou seja, aavaliação envolve a qualidade de vida das pessoas, dos grupos sociais emesmo do Planeta.
Segundo Adulis (2002), escrevendo sobre o processo de avaliação social:
A avaliação de um programa social consiste, basicamente em formularperguntas precisas a respeito de um ou vários aspectos do programa, quepodem estar associadas ao planejamento, execução ou resultados do mesmo.Os processos de avaliação de projetos sociais envolvem, geralmente asseguintes atividades:1- Planejamento/desenho do processo de avaliação
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2- Levantamento dos dados/trabalho de campo3- Sistematização e processamento dos dados4- Análise das informações5- Elaboração de relatório com os resultados encontrados e recomendações6- Disseminação e uso das conclusões junto a diferentes públicos, como
funcionários, usuários, financiadores e parceiros.
Segundo Veloso e Chaib (1999) em seus artigos sobre avaliação econômica e social:
Enquanto em países denominados industrializados são necessáriasprovidências para questões como: chuvas ácidas, poluição atmosférica e lixotóxico; nos países subdesenvolvidos, os problemas ambientais que sãoenfatizados dizem respeito a desmatamentos mal conduzidos, desertificação,pressões demográficas, erosões dos solos, poluição da água, entre outros.Assim, embora o uso intensivo de recursos não-renováveis (que tem sido abase da denominada revolução verde) e de maquinaria tem possibilitado,altos níveis de produção agrícola em diferentes partes do mundo, éimportante ressaltar a conseqüente degradação ambiental resultante desseprocesso, quando ocorre um inadequado planejamento e uso dos recursosnaturais.
Segundo Cavalcanti(2002), citando dados do Instituto de Pesquisas Econômicas
Aplicadas – IPEA, dos 55% das empresas nordestinas que declararam ter investido em ações
sociais em 1999, 60% delas são de pequeno porte. Nessa pesquisa, 88 mil empresas privadas
foram pesquisadas no Nordeste e a Bahia aparece como a primeira com 70% de contribuição.
Os estados restantes, inclusive o Rio Grande do Norte, variaram entre 45 e 50%, ou seja,
abaixo da média regional. De toda a região, apenas 19% das empresas não beneficiam a
comunidade e os seus funcionários (VALOR ECONÔMICO,2002).
Antes da década de 90 do século XX, falar-se em benefícios sociais, políticas sociais
ou até mesmo, Avaliação Social de Projetos, referia-se a ações dos governos, Federal,
Estadual ou Municipal. Porém segundo Bombal e Krotsch , citados por Schommer (2002):
O século XX pode ser lembrado pelos progressos alcançados pela ciência emvárias áreas. Também pode ser descrito por um período cruel – guerras,conflitos étnicos, religiosos, violência urbana, racismo, drogas e doençasainda vitimando muitas pessoas. Mas talvez fique marcado justamente comoo século da desigualdade. Muita riqueza foi gerada, mas persistem elevadosníveis de pobreza e desigualdade social. É evidente hoje a falta de equilíbrioentre transformação produtiva e equidade social, competitividade e coesãosocial, eficiência e solidariedade, crescimento e distribuição de resultados.
Segundo Daniel. também citado por Schommer (2002):
A afirmação da democracia gera avanços em termos de cidadania, que têmcomo base o fortalecimento de uma esfera pública, na qual os interessesprivados transformam-se em interesses públicos. Forma-se uma novaconsciência, ampliada em sua noção de inter-relação e interdependênciaentre os fenômenos que afetam a todos, seja no campo da ecologia, da
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economia, da saúde ou da política. Migra-se da dicotomia público-privado,na qual interesses e ações privadas são facilmente diferenciadas do interessee ação pública, para um espaço onde agentes sociais e do desenvolvimento,públicos e privados relacionam-se, condicionam-se e interpenetram-se deforma que é difícil identificar seus limites.
Voltando-se para o pensamento de Bombal e Krotsch, citado por Schommer (2002),
pode-se observar que:
Nas inter-relações desse espaço político, novos padrões desse espaçopúblico, novos padrões de comportamento levam as organizações adiferentes estratégias de atuação. São geradas organizações diferenciadas,identificadas por sua permeabilidade e hibridismo, incorporandocaracterísticas globais e locais, públicas e privadas, da burocracia tradicionale da fluidez interorganizacional. Termos como cooperação, redes, parcerias ealianças ganham espaços em várias áreas. Defende-se que as alianças entreorganizações das três esferas levam a maior sustentabilidade de projetos, àpotencialização de recursos econômicos, de gestão e de conhecimento, àparticipação social e ao incremento da produtividade dos insumos.
Analisando-se a participação das empresas nacionais nos projetos sociais, verifica-se
que tal atividade não é novidade. Porém, somente nos últimos anos é que vêm crescendo e
ganhando nova roupagem. Observando-se o comentário de Johnson e Scholes também citados
por Schommer (2002):
A idéia de Responsabilidade Social das empresas também tem sidodifundida no Brasil, pressupondo que a atividade empresarial envolvecompromissos com a cadeia produtiva da empresa: clientes, funcionários efornecedores, além das comunidades, ambiente e sociedade. Uma versão daResponsabilidade Social tornou-se conhecida na década de 90 como a teoriade stakeholders da empresa, que são indivíduos ou grupos que dependem daorganização para alcançar suas metas. E dos quais a empresa tambémdepende para funcionar.
Para se ter uma real posição dos efeitos causados por tais políticas, até para ter-se a
certeza da eficácia e necessidade das mesmas, surge modelos de avaliação social. Nesse
ponto, faz-se necessário o conhecimento de alguns conceitos preparatórios. Segundo Ricklefs
(1996) “ecologia é a ciência através da qual estudamos como os organismos (animais, plantas
e microorganismos) interagem dentro e no mundo natural.” O mesmo autor afirma que
“Todas as atividades humanas têm conseqüências para o meio ambiente. A pesca, a caça, a
pastagem, a coleta de madeira para combustível, o desmatamento e coisas do gênero são
clássicas interações consumidor-recurso.”
Segundo ainda Ricklefs (1996) “tanto voluntária quanto involuntariamente, os
humanos levaram outras espécies para todos os lugares por onde viajaram. Os alienígenas
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podem ter efeitos graves nos hábitats nativos.Os efeitos das espécies introduzidas são muito
difíceis de predizer”
Segundo Fischer (2002, p.325) “ ... são ainda muito insuficientes os estudos sobre a
participação de empresas brasileiras em atividades sociais. Isso porque durante muito tempo
atividades desse tipo estiveram ligadas a uma atuação tópica ou ações promovidas por valores
religiosos.”
Buscando-se informações sobre responsabilidade social, dentre tantos conceitos
pode-se mencionar que: Responsabilidade social é o reconhecimento e assunção pelos
cidadãos, individualmente e em conjunto, dos seus deveres para com a comunidade em que
vivem e a sociedade em geral. Caracteriza-se pela adoção de atitudes, comportamentos e
práticas positivas e construtivas, que contribuem para concretizar o bem comum e elevar a
qualidade de vida de todos.
Segundo Orchis et all. (2001):
As empresas enfrentam desafios relativos a novas tecnologias,competitividade, produtividade, redução de custos, saturação de mercadostradicionais necessidade de abertura de novos mercado, dentre outros. Alémdestes, se apresenta também o desafio social, que é originado de diferentesdemandas a sociedade. A responsabilidade social empresarial é entendidacomo o relacionamento ético da empresa com todos os grupos de interesseque influenciam ou são impactados pela atuação da mesma (stakeholders),assim como o respeito o meio ambiente e investimento em ações sociais. Odesenvolvimento da comunidade em que está inserida, a preservação domeio ambiente, uma comunicação transparente interna e externa,investimento no ambiente de trabalho, no bem estar dos funcionários, oretorno dos acionistas, a satisfação dos clientes e a sinergia com osstakeholders, são exemplos de ações que caracterizam responsabilidadesocial empresarial.
Os mesmos autores definem stakeholders como sendo “os grupos de interesses
(público interno; comunidade; fornecedores; acionistas, proprietários e investidores; governo;
concorrentes, clientes e sociedade) que se relacionam, afetam e são afetados pela organização
e suas atividades.”
Citando ainda os mesmos autores, com relação aos benefícios advindos da adoção de
responsabilidade social, verifica-se que:
A adoção da responsabilidade social por uma empresa pode, além de trazerbenefícios para a sociedade como um todo, trazer inúmeros benefícios para amesma.... A correta prática da responsabilidade social pode melhorar odesempenho e a sustentabilidade a médio e longo prazo da empresa,proporcionando: valor agregado à imagem corporativa; motivação dopúblico interno; posição influente nas decisões de compra; vantagem
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competitiva; facilidade no acesso ao capital e financiamento; influênciapositiva na cadeia produtiva; reconhecimento dos dirigentes como líderesempresariais e melhoria do clima organizacional, dentre outros... Conformepesquisa realizada pelo Instituto Ethos em parceria com o jornal ValorEconômico publicada em junho de 2000, na prática a maioria dosconsumidores brasileiros ainda não considera o grau de responsabilidadesocial da empresa na decisão de compra... No entanto, a mesma pesquisamostra uma tendência na exigência das práticas socialmente responsáveisentre os consumidores brasileiros.
Para saber-se sobre a qualidade de vida da população faz-se necessário buscar o
conceito definido pela Organização das Nações Unidas denominado de Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH), que é calculado levando em conta não só o PIB per capita
como também a renda, a longevidade e o grau de instrução.
Buscando-se ainda informações sobre Indicador Social, pode-se chegar ao conceito
que determina como sendo o procedimento estatístico que tem por objetivo qualificar o grau
de bem estar ou qualidade de vida de uma população. Podendo-se incluir como indicadores
sociais, o nível de emprego, a qualidade de habitação, o nível de instrução, a mobilidade
social, os serviços de transporte e de saúde, a educação e o perfil social, as oportunidades de
lazer, o grau de depredação dos recursos naturais não-renováveis, poluição do ar, da água e
sonora. (Sandroni, 2002, p.296)
São definidos como indicadores econômicos o conjunto de dados estatísticos,
passíveis de mudanças e oscilações, capaz de dar uma idéia do estado de uma economia em
um determinado período, ou data. (Sandroni, 2002, p.296).
Pode-se definir longevidade como a medida de esperança de vida que a população
tem ao nascer. Instrução pode ser definida como sendo a medida dada por uma combinação
entre as taxas de alfabetização e de matrículas nos três níveis de ensino.
Faz-se necessário ainda, buscar-se informações sobre desenvolvimento social,
definido como “processo de desenvolvimento do fator humano na sociedade, o que inclui a
promoção dos direitos humanos e participação no processo de decisão política e em todos os
esforços que objetivem um desenvolvimento global visando alcançar justiça e bem estar para
todos.
E como não poderia deixar de ser, para um melhor entendimento do tema
pesquisado, faz-se necessário saber um pouco mais sobre avaliação de impacto social que os
profissionais da área afirmam possibilitar medir o real valor de um investimento social, tendo
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como um fundamento, a promoção de políticas públicas já existentes para o desenvolvimento
socioeconômico de uma região.
Informações históricas sobre avaliação social, mostram que, no final dos anos 70, o
Banco Mundial já registrava o seu desejo em condicionar seu apoio a projetos nos países
emergentes à aplicação de uma metodologia de análise denominada de Avaliação Social de
Projetos diferente da utilizada por outros organismos.
Tradicionalmente, as avaliações realizadas na área social têm se limitado ao aspecto
financeiro das intervenções, não se preocupando em mensurar seus benefícios econômicos e
impactos sociais. Em contrapartida, a Avaliação de Impacto Social consiste na correlação de
três níveis de análise (financeira, econômica e social).
Segundo Mourão (1979):
A idéia central da avaliação social de projetos era que, devido às distorçõesexistentes nos preços de mercado nos países subdesenvolvidos, a alocação derecursos, feita segundo critérios de lucratividade privados, nãocorresponderia à alocação mais eficiente para a sociedade como um todo.
Segundo Cavalcanti (2002):
As empresas da região Sudeste aparecem como as que mais investem emações sociais para a população, com 67% de investimentos, seguidas doNordeste com 55%, Centro-Oeste com 50%, Norte com 49% e Sul 46%. Emse tratando de Estados a liderança está com Minas Gerais , onde 80% dasempresas mantêm algum tipo de investimento social. Em São Paulo essepercentual cai para 66% e no Rio de Janeiro 59% das empresas realizamalgum tipo de ação social não obrigatória em prol de comunidades carentes,a maioria deles voltados para a assistência social. Se a ResponsabilidadeSocial já faz parte da pauta de 80% das grandes empresas brasileiras, opercentual despenca para 47% quando reflete a realidade das microempresas.(Valor – 25/07/02)
Apesar dos investimentos sociais estarem apresentando um considerável
crescimento, no Brasil muitos deles não estão sendo avaliados de modo a verificar se os
objetivos propostas estão sendo cumpridos. Muitos empreendedores sociais ainda se
preocupam mais em demonstrar que seus projetos são viáveis realizando análises baseadas na
qualidade do serviço que é prestado. Com esse tipo de análise é possível verificar retorno de
imagem, satisfação do público interno e externo, reconhecimento da importância do trabalho
que é desenvolvido, entre outros, o que não garante que os projetos sejam viáveis do ponto de
vista econômico e social. Uma nova metodologia de avaliação de impacto social vem sendo
desenvolvida pela John Snow do Brasil, fundamentada em estudos, conceitos, teorias e
concepções de vários autores nacionais e internacionais da atualidade e tenta utilizar o que há
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de melhor em sistemas de avaliação de impacto, de maneira a tornar os resultados mais
próximos da realidade possível. A metodologia tem como base três níveis de análise de
investimento que irão indicar os resultados e retornos alcançados pelos investimentos sociais
a saber: Análise Financeira (definição de custo-efetividade); Análise Econômica (definição da
razão custo-benefício) e a Análise Social (definição do índice de redução das diferenças
sociais).
Segundo Nelson citado por Schommer (2002), existem várias formas de relação das
empresas com o social, que variam de acordo com os objetivos estratégicos de cada uma.
Contudo, podem ser definidos em três eixos principais, a saber:
- Atuando eticamente em suas atividades produtivas (ambiente,políticas adequadas de recursos humanos, cooperação tecnológica, qualidadee gestão ambientais, maximização dos insumos, apoio ao desenvolvimentode empresas locais como fornecedores e distribuídos);- Mediante investimento social, não apenas através de doaçõesfilantrópicas, mas também compartilhando capacidade gerencial e técnica,desenvolvendo programas de voluntariado empresarial, adotando iniciativasde marketing social, apoiando iniciativas de desenvolvimento comunitário;
- Mediante contribuição ao debate sobre políticas públicas, colaborandono desenvolvimento de políticas fiscais, educacionais, produtivas,ambientais e outras.
-Segundo ainda Schommer (2002):
“Os modelos de atuação direta no social depende de vários fatores, comohistória, cultura, tamanho, valores e estratégias.Empresas podem criarorganizações específicas para a ação social, como um instituto(juridicamente associação) ou uma fundação.Podem atuar através de umsetor dentro da empresa, promovendo parcerias com outras organizações,doando recursos financeiros e participando, com maior ou menor grau deenvolvimento, das decisões e execução das ações.”
O papel do governo, definindo políticas públicas sociais é de fundamental
importância para qualquer programa de desenvolvimento social. Porém, segundo Silva e
Melo (2000), a análise empírica de políticas públicas, revela que os formuladores de política
operam em um ambiente carregado de incertezas que se manifestam em vários níveis, a saber:
- Em primeiro lugar, os formuladores de política, como também ospróprios especialistas e estudiosos, enfrentam grandes limitações cognitivassobre os fenômenos sobre os quais intervêm.Tais limitações derivam, emúltima instância, da complexidade dos fenômenos sociais com os quais lidame das próprias limitações dos conhecimentos das disciplinas sociais sobre asociedade;
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- Em segundo lugar, os formuladores de política não controlam nemmuito menos tem condições de prever as contingências que podem afetar opollicy environment no futuro;- Em terceiro Lugar, planos ou programas são documentos quedelimitam apenas um conjunto limitado de cursos de ação e decisões que osagentes devem seguir ou tomar. Um amplo espaço para o comportamentodiscricionário dos agentes implementadores está aberto.Freqüentementeavaliado de forma negativa pela cultura burocrática dominante, esse espaço éo lugar de práticas inovadoras e criativas.- Em quarto lugar, os formuladores expressam suas preferênciasindividuais ou coletivas através de programas e políticas, cujo conteúdosubstantivo pode ser divergente daquele da coletividade. Projetos eprogramas não podem ser vistos como um projeto ideal e coletivo, mas comouma experimentação social.
Segundo Barreto e Távora Júnior (1998):
O principal objetivo da avaliação de projetos é determinar a viabilidade dosinvestimentos mediante o uso de critérios que busquem uma ordenação, deforma a excluir as opções menos atrativas ou mais arriscadas. Essaordenação envolve métodos de avaliação que, quando se leva emconsideração situações de interesse público, tornam-se um pouco maiscomplicados do que quando se avaliam projetos de interesse privado. Assim,projetos públicos requerem métodos mais elaborados para a sua avaliação.Os projetos públicos têm como objetivo fornecer bens e serviços que possamaumentar o bem estar da sociedade. Para dar suporte a tomada de decisõesgovernamentais, o método de análise custo-benefício é o que cumpre melhoras exigências, embora se utilize de técnicas de avaliação de projetosprivados para atribuir valor social a todos os efeitos de determinado projeto.A valoração dos recursos ambientais torna-se uma questão primordial parapromover uma ação mais eficaz na tomada de decisão sobre projetospúblicos. Qualquer que seja o projeto público de investimento, este deve sercomposto das seguintes etapas: estudos de mercado; estudos referentes atamanho e localização; aspectos técnicos e de engenharia; avaliação dosimpactos ambientais; definição das medidas necessárias para se mitigar osimpactos ao meio ambiente; estimação dos benefícios e dos custos (inclusiveambientais); cálculo do valor do investimento a ser realizado; definição daforma de financiamento (fontes e recursos); análise financeira; análise derisco e incerteza; análise final, recomendações e conclusões.
Inúmeros outros trabalhos de pesquisadores proeminentes da sociedade brasileira
nos tratam da avaliação social de projetos. Todos eles mostram a importância de se ter que
levar em consideração os componentes da área social e ambiental, visto ser cada vez maior a
desigualdade em uma sociedade cada vez mais carente com o crescente desequilíbrio social.
Entretanto, a visão da população afetada pela atividade impactante tem sido pouco
considerada nos modelos clássicos de avaliação de projetos. É nesse aspecto que o presente
trabalho visa incorporar algumas sugestões, cujas considerações metodológicas são
apresentadas a seguir.
33
Capítulo 3
Metodologia da Pesquisa de Campo
Este capítulo tem por finalidade apresentar a metodologia desenvolvida na pesquisa
de campo executada, descrevendo a população em estudo, o plano amostral, o instrumento de
coleta de dados utilizado, dimensionamento da amostra, descrição do processo de coleta de
dados e as técnicas utilizadas para análise dos dados.
3.1 População em Estudo
Segundo Moore (2000), “população é um grupo total de indivíduos, sobre qual
desejamos informações”. De acordo com o objetivo desta pesquisa, foi selecionado a
população com as seguintes características: habitantes do município de Canguaretama no
Estado do Rio Grande do Norte, no ano de 2003. A população foi baseada em um percentual
estatístico da população constante no Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística – IBGE (2000) . Os números mostram que a população do município
era de 27.000 (vinte e sete Mil ) habitantes.
3.2. Plano Amostral
Segundo Anderson e Outros (2002) “é importante entender que os resultados da
amostra fornecem, somente estimativas dos valores das características da população”.
Para determinação do tamanho da amostra, foi considerado o número de habitantes do
município constante do Censo Demográfico de 2000, de acordo com as técnicas estatísticas de
amostragem e outros parâmetros que permite compensar erros amostrais, tornando-se a
representatividade da amostra significante diante da população.
34
Utilizando-se a Fórmula para cálculo da amostra de Triola, (1998):
22
2
)1(ˆˆ
ˆˆ
Nqp
qpNn
zz
em que:
N = Número Total de Habitantes (população)
p = Proporção referente a variável mais importante, como não se tem informações sobre a
mesma, assumimos o valor para a qual a variância é máxima, ou seja, p = 0,5 e q = 1 – p.
Segundo Anderson et al. (2002), o valor p = 0,5 é usado freqüentemente quando
nenhuma outra informação está disponível, e conseqüentemente fornecerá a maior
recomendação de tamanho da amostra.
= 0,05 Erro Amostral
z = 1,96 a abscissa da curva normal padrão para o nível de confiança de 95%. De acordo com
os cálculos, deveria ser coletada uma amostra de 240 habitantes. Porém foram entrevistados
234 habitantes
.
Cálculo de erro amostral com nível de confiança de 95%
1N
nN
n
pqz
= 0,0674 = 6,74%
3.3 Instrumento de Coleta de Dados
A pesquisa utilizou, como instrumento de coleta de dados, um formulário estruturado
(anexo). Decidiu-se por considerar as questões que podem contribuir para mensurar e avaliar
os parâmetros antecedentes e conseqüentes de avaliação social da atividade Carcinicultura no
município de Canguaretama, sob o ponto de vista de seus habitantes.
35
As variáveis mensuráveis foram:
Grau de Impactos ao Meio Ambiente;
Benefícios para a cidade advindos da carcinicultura;
Benefícios Sócias advindos da carcinicultura;
Malefícios para a cidade advindos da carcinicultura;
Investimentos Sociais da Prefeitura;
Conhecimento da população sobre carcinicultura;
Envolvimento das famílias com a carcinicultura;
Benefícios da carcinicultura para as famílias;
Quanto aos benefícios que a carcinicultura trouxe para as famílias;
Tempo de duração da atividade de criação de camarões;
Existência de emprego nas famílias antes da carcinicultura;
Alterações na renda das família após a carcinicultura;
Envolvimento das famílias nas atividades sociais do município;
População quanto ao sexo;
Número de membros da família;
População quanto a escolaridade;
Renda familiar mensal;
Faixa etária dos habitantes.
O formulário foi elaborado com questões fechadas, mensuradas em escala
diferencial de característica discreta. A tabela 3.a apresenta as variáveis e a descrição das
variáveis utilizadas no estudo.
36
Tabela 3.1. Variáveis e Descrição das variáveis utilizadas no estudo
Nome da Variável Descrição da Variável GrupoIMPACT Opinião do entrevistado quanto o grau de impacto ao Meio Ambiente
gerado na Carcinicultura.BEN_SAL Opinião do entrevistado quanto aos benefícios que a carcinicultura
trouxe para o salário das pessoas.BEN_EMP Opinião do entrevistado quanto aos benefícios que a carcinicultura
trouxe para o emprego na cidade.BEN_AUM Opinião do entrevistado quanto aos benefícios que a carcinicultura
trouxe para o aumento das vendas no comércio.BEN_MEE Opinião do entrevistado quanto aos benefícios que a carcinicultura
trouxe a melhoria na educação das pessoas.BEN_MED Opinião do entrevistado quanto aos benefícios que a calcinicultura
trouxe a melhoria na distribuição de renda.BEN_MES Opinião do entrevistado quanto aos benefícios que a calcinicultura
trouxe a melhoria na saúde da população.BEN_MST Opinião do entrevistado quanto aos benefícios que a calcinicultura
trouxe a melhoria no setor de transportes.BEN_SAT Opinião do entrevistado quanto aos benefícios que a calcinicultura
trouxe a melhoria na satisfação dos moradores da cidade.BEN_DES Opinião do entrevistado quanto aos benefícios que a calcinicultura
trouxe a melhoria no desenvolvimento da região.BEN_INV Opinião do entrevistado quanto aos benefícios que a calcinicultura
trouxe a melhoria nos investimentos de empresas na cidade.BEN_GER Opinião do entrevistado quanto aos benefícios que a calcinicultura
trouxe a melhoria de uma maneira geral.
BenefíciosSociais
MAL_CRI Opinião do entrevistado quanto aos malefícios que a calciniculturatrouxe ao aumento na criminalidade.
MAL_VIO Opinião do entrevistado quanto aos malefícios que a calciniculturatrouxe ao aumento na violência.
MAL_PRO Opinião do entrevistado quanto aos malefícios que a calciniculturatrouxe ao aumento na prostituição.
MAL_DRO Opinião do entrevistado quanto aos malefícios que a calciniculturatrouxe ao aumento no uso de drogas.
MAL_POL Opinião do entrevistado quanto aos malefícios que a calciniculturatrouxe ao aumento na Poluição da cidade.
MAL_DEG Opinião do entrevistado quanto aos malefícios que a calciniculturatrouxe ao aumento na degradação ambiental
MalefíciosSociais
INVEST Opinião do entrevistado quanto o grau de investimento em ações sociaisrealizadas pela prefeitura após o surgimento da carcinicultura .
Investimentos
CONHEC Opinião do entrevistado quanto o grau de seu conhecimento em relaçãoa criação de camarão.
Conhecimento
ENVOLV Opinião do entrevistado quanto o grau de envolvimento de sua famíliacom a criação de camarão.
Envolvimento
BSF Opinião do entrevistado quanto aos benefícios que a calciniculturatrouxe a melhoria dos salários da família.
BEF Opinião do entrevistado quanto aos benefícios que a calciniculturatrouxe a melhoria dos empregos da família.
BLF Opinião do entrevistado quanto aos benefícios que a calciniculturatrouxe a melhoria do lazer da família.
BSF Opinião do entrevistado quanto aos benefícios que a calciniculturatrouxe a melhoria da saúde da família.
BEDF Opinião do entrevistado quanto aos benefícios que a calciniculturatrouxe a melhoria na educação da família.
BGF Opinião do entrevistado quanto aos benefícios Gerais que acalcinicultura trouxe para a família.
BenefíciosSociais àsFamílias
TEMP Opinião do entrevistado quanto ao tempo que durará a calcinicultura na Tempo de
37
região. DuraçãoEMP Opinião do entrevistado quanto a ter emprego antes da calcinicultura. Emprego
MUD_REV Opinião do entrevistado quanto a mudanças na renda da família com acalcinicultura.
Renda
ENV_VOL Opinião do entrevistado quanto a sua participação em trabalhosvoluntários na vizinhança após a calcinicultura.
ENV_COM Opinião do entrevistado, se tivesse um comércio, quanto a dar prioridadede emprego a pessoas de sua vizinhança.
ENV_REV Opinião do entrevistado quanto a sua participação em reuniões navizinhança para resolver problemas no seu bairro.
ENV_ASS Opinião do entrevistado quanto a sua participação em associaçõescomunitárias.
ENV_DIN Opinião do entrevistado quanto a sua contribuição em dinheiro parainstituições de caridade.
ENV_SER Opinião do entrevistado quanto a sua participação co serviços eminstituições de caridade.
EnvolvimentoSocial
SEXO Entrevistado quanto ao Gênero.NPF Entrevistado quanto ao número de pessoas existentes na família.
RENDA Entrevistado quanto a sua renda familiar mensal.IDADE Entrevistado quanto a sua faixa etária.
Perfil
Fonte: Autor, 2004
3.4 Método de Coleta de Dados
A proposta elaborada para este estudo contempla a pesquisa exploratória descritiva
do tipo Survey com a utilização, como instrumento de pesquisa, de um questionário
estruturado para entrevistar elementos da amostra escolhida da população. O referido
Questionário, se encontra disponível no Anexo I desta dissertação. O método utilizado para a
coleta de dados foi a entrevista pessoal. Os elementos pesquisados foram os habitantes do
município de Canguaretama no Estado do Rio Grande do Norte, escolhidos aleatoriamente, no
mês de Agosto de 2004.
3.5 Técnicas de Análise dos Dados
Diante das ferramentas estatísticas utilizadas para análise e interpretação dos dados
fornecidos pelos habitantes , trabalhada a estatística descritiva e análise de regressão múltipla.
3.5.1 Análise Descritiva e Exploratória
A estatística descritiva e exploratória consiste na organização de tabelas, figuras e
medidas exploradas no sentido de facilitar a interpretação e compreensão das informações.
38
3.5.2 Análise de Regressão Linear Múltipla
Segundo Triola (1999), “uma equação de regressão múltipla expressa um
relacionamento linear entre uma variável dependente y e duas ou mais variáveis
independentes (x1, x2, x3, ...,xk )”. Cada uma das variáveis independentes tem sua contribuição
para a predição da variável y (variável dependente). A análise de regressão múltipla nos
possibilita a entender que a variável dependente está sendo explicada, enquanto que as
variáveis independentes estão fazendo a previsão da variável dependente.
Forma geral da equação de regressão múltipla estimada:
y = bo + b1x1 + b2x2 + ... + bkxk +
Outras medidas utilizadas como ferramentas de análise estatísticas:
ANOVA – Segundo Anderson e Outros. “a análise de variância da tabela é usada
para resumir os valores da análise, apresentado o valor da estatística F de
significância.” Determina se existe relação significativa entre a variável dependente e
o conjunto de variáveis explicativas.
R2 (Coeficiente Múltiplo de Determinação) – É uma medida de eficiência do ajuste da
equação de regressão múltipla. É interpretado como a proporção da variação na
variável dependente que é explicada pela equação de regressão múltipla estimada.
Matriz de Correlação – No formulário da pesquisa existem varias variáveis
independentes que não entraram no modelo, mas contribuíram com as variáveis que
entraram, essas variáveis não foram selecionadas para entrarem no modelo, mas tem
alta correlação com as que faz parte do modelo e com a variável dependente.
3.5.3 - Análise de Associação Entre Variáveis
Como forma de se analisar associação entre variáveis, foi utilizado nesse estudo o
Teste de hipótese Qui-Quadrado (X2) de Pearson. Este teste foi utilizado por permitir testar a
significância entre a associação de duas variáveis, de modo a obter uma compreensão básica
dos dados e das relações entre variáveis. O limite de aceitar ou rejeitar H0 pode ser feito pela
39
Comparação do valor p com o nível de significância correspondente à 0,05.
A aplicação do Qui-Quadrado ( 2) por intermédio dos testes de independência,
envolve a utilização de duas variáveis, de modo que a hipótese a ser testada é a de que as duas
variáveis são estatisticamente independentes, sendo que as observações são classificadas
segundo os atributos definidos nos questionários, e assim são colocados em uma tabela de
contingência.
A partir dos procedimentos apresentados, foi realizada a pesquisa de campo, cujos
resultados são apresentados e discutidos a seguir.
40
Capitulo 4
Resultados da Pesquisa
4.1 – Considerações Históricas Sobre Canguaretama.
Com relação a Canguaretama, os livros de história e geografia dão conta que o
município está localizado na Região Agreste do Rio Grande do Norte, distante 79 quilômetros
da capital do Estado, têm uma área de 280 Km2 e uma população definida pelo Censo
demográfico de 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE como 27.011
mil habitantes, teve como primeiro núcleo colonizador a aldeia de Gramació, fundada em
1743 pelo padre Jesuíta André do Sacramento, em obediência à Carta Régia de 3 de maio de
1755, a aldeia passou a condição de Vila com o nome de Vila Flor, porém com a expulsão dos
Jesuítas, a sede municipal de Vila Flor foi transferida para o povoado de Uruá com a
denominação de Vila de Canguaretama que significa Vale das Matas, que a circunscrição
religiosa da povoação dava o nome de Penha, conservado pela Lei Provincial nº 468, de 1860.
Porém foi pela lei número 567 de 1858 que Canguaretama desmembrou-se de Natal e tornou-
se município. A Lei provincial nº 955, de 16 de Abril de 1885, elevou a sede do município à
categoria de cidade. Dentre os 27.011 habitantes de Canguaretama, 13.561 são homens e
13.450 são mulheres, 8.575 têm idade inferior a 18 anos e 2.122 têm idade superior a 60 anos.
O Município de Canguaretama possui, segundo informações da Associação
Brasileira de Criadores de Camarões – ABCC, 14(Quatorze) proprietários de fazendas de
criação de camarão, totalizando 205,59 hectares nos 74 viveiros existentes.
4.2 – Resultados da Pesquisa
Como forma de caracterizar a amostra utilizada, as tabelas de números 4.2.1 a 4.2.5
apresentam o perfil da amostra utilizada no levantamento utilizado. A tabela 4.2.1 mostra o
número de entrevistados por gênero e verifica-se uma ligeira superioridade em relação ao
41
número de pessoas do sexo masculino, o que caracteriza um empate técnico entre o número
de pessoas de sexos opostos.
Tabela nº 4.2.1 - Número de Entrevistados por Gênero.
QuantidadesComponentes
Total %Masculino 121 51,7Feminino 111 47,4
Sem Resposta 2 0,9
Total 234 100Fonte: Pesquisa de Campo
Para o município de Canguaretama, o Anuário Estatístico do Rio Grande do Norte
de 2002 (SEPLAN, 2002), apresenta que a população é composta de 50,2% de elementos
masculinos e 49,8 % de elementos femininos. Verifica-se que a amostra utilizada nesse estudo
apresenta valores aproximados àqueles obtidos pelo Governo do Estado do Rio Grande do
norte, o que valida a amostra utilizada. È interessante verificar pelos dados apresentados pelo
Anuário Estatístico que, com relação à situação do domicílio do morador, 62,5% da
população é residente em área urbana, ao passo que 27,5% declararam-se residentes em área
rural. Nesta situação, espera-se que a carcinicultura tenha tanto o efeito na zona rural,
principal local de produção do camarão, assim como na zona urbana, vista que a maioria da
população empregada na atividade pode vir a residir em área urbana. Sob esse aspecto, há
necessidade de maiores investigações.
A tabela 4.2.2 apresenta o número de pessoas por famílias no município de
Canguaretama. Observa-se uma grande variedade do número de pessoas por famílias no
município, variando em uma faixa de 01 a 20 componentes por família, com faixa entre 04 e
06 componentes se sobressaindo entre as demais. Isso leva a crer que as famílias desse
município ainda são bastante numerosas.
42
Tabela nº 4.2.2 – Número de Pessoas por FamíliaNúmero Quantidades %
01 02 0,902 21 9,003 29 12,404 46 19,605 46 19,606 39 16,707 16 6,808 9 3,809 7 3,010 6 2,611 1 0,412 2 0,813 1 0,415 3 1,216 2 0,817 1 0,420 1 0,4
Não Respondeu 2 0,8Fonte: Pesquisa de Campo.
A Tabela 4.2.3 apresenta o nível de escolaridade das pessoas entrevistadas no
município de Canguaretama, onde a grande maioria tem o primeiro grau incompleto ou
completo, com um percentual abaixo de 7% de pessoas com o terceiro grau completo, o que
sugere a pouca qualificação dos trabalhadores residentes no município.
Tabela nº 4.2.3 – Nível de EscolaridadeEscolaridade Quantidade %
1º Grau Incompleto 101 43,1
1º Grau Completo 57 24,4
2º Grau Completo 57 24,4
3º Grau Completo 16 6,8
Não Respondeu 3 1,3
Total 234 100Fonte: Pesquisa de Campo
Segundo dados do Anuário Estatístico do Rio Grande do Norte, ano de 2002
(SEPLAN, 2002) de um total de 56 estabelecimentos de ensino, 20 estão localizados em área
rural. Desse total, 8 estabelecimentos são de dependência administrativa estadual, 43 são de
dependência administrativa municipal e somente 5 estabelecimentos educacionais são de
dependência particular.
43
A tabela 4.2.4 apresenta a renda familiar dos entrevistados para o município de
Canguaretama, onde a grande maioria declara possuir um nível de renda situado na faixa de
até R$ 500,00 (69,2%). Este fato pode sugerir a existência de relação entre o baixo nível de
instrução e as baixas rendas, apesar de numerosas as famílias.
Tabela nº 4.2.4 – Renda Familiar Mensal
Escolaridade Quantidade %
Até R$ 500 162 69,2
Entre R$ 500 e R$ 1.000 54 23,1
Entre R$ 1.000 w R$ 2.000 15 6,5
Acima de R$ 2.000 1 0,4
Não Respondeu 2 0,8
Total 234 100
Fonte: Pesquisa de Campo.
Em termos de população economicamente ativa, para o estado do Rio Grande do
Norte, de um total de 2.273.145 habitantes, dos quais 1.112.811 são homens (48,9%) e
1.160.334 são mulheres (51,1%), 54,4 % da população é considerada economicamente ativa,
ao passo que 48,9% dos habitantes do Estado não são considerados economicamente ativos
(SEPLAN,2002). Para o estudo, foi considerada pessoa economicamente ativa, aquela com 10
anos ou mais de idade, independentemente do sexo ou condição de atividade. Neste caso
também foram consideradas nas estatísticas as pessoas que não apresentaram declaração da
condição de atividade.
A Tabela 4.2.5 apresenta a faixa etária dos entrevistados (amostra) para o município
de Canguaretama. Pelos dados apresentados, verifica-se que a maioria situa-se na faixa de 21
a 40 anos de idade, ou seja 54,3%. Entretanto, é interessante verificar o percentual de
elementos acima de 40 anos (31%) o que pode vir a sugerir que a população local, baseando-
se nos dados apresentados pela amostra obtida, está envelhecendo.
44
Tabela nº 4.2.5 – Faixa Etária
Escolaridade Quantidade %
Menos do que 20 anos 31 13,2Entre 21 e 30 anos 59 25,2Entre 31 e 40 anos 68 29,1Mais de 40 anos 73 31,2Não Respondeu 3 1,3Total 234 100
Fonte: Pesquisa de Campo
4.3 – Análise Descritiva da Amostra
Como forma de investigação inicial, foi feita uma pesquisa junto aos jornais locais
para se verificar informações sobre a atividade de criação de camarões em cativeiro no
município de Canguaretama, que enfocavam a percepção da população quanto ao impacto
ambiental gerado pela atividade, assim como a percepção se essa atividade trazia algum
benefício para a população. Buscava-se substanciar a criação da hipótese de que, na visão da
população local, a carcinicultura não traz benefícios sociais para o município em que está
inserida. Como o município estava incluído na fase inicial do projeto camarão, até mesmo
pelas suas áreas favoráveis ao cultivo, o crescimento dessa cultura foi bastante acelerado, o
que causou comentários nos principais jornais do Estado. O jornal “A Tribuna do Norte”, por
exemplo, em sua edição de 02.03.01, em um artigo cujo título é “Devastação em Macaíba
Ameaça Caranguejos”, informa que os pescadores denunciam que os proprietários de terra
próximas ao mangue do rio Potengi, especificamente em Mangabeira, município de Macaíba,
estão devastando a vegetação para ampliar a área de criação de camarões, provocando a
redução da quantidade de caranguejos.
Para se criar subsídios para a discussão dessa hipótese, realizou-se uma pesquisa de
campo, tipo Survey, utilizando uma amostra de 234 moradores do município de
Canguaretama, escolhidos aleatoriamente, de um universo de 27.011 habitantes, cujos
principais dados tabulados são apresentados em tabelas e figuras. Nesses termos, a figura
4.3.1 apresenta a opinião dos entrevistados com relação ao grau de impactos ao meio
ambiente gerados na atividade da carcinicultura.
45
No
of o
bse
rva
çõ
es
4544
43
52
32
18
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
Não traz ImpactosPoucos Impactos
Impactos RegularesGrandes Impactos
Muitos ImpactosSem Opinião
Variável IMPACT
Figura 4.3.1. Opinião dos entrevistados quanto o grau de impactos ao meio ambiente geradosna atividade da Carcinicultura.
Fonte: Pesquisa de Campo.
Pelos dados apresentados na figura 4.3.1 verifica-se a grande variabilidade de respostas.
De um total de 234 respostas obtidas, nota-se que a grande maioria, 84 elementos (35,9% da
amostra) acredita que a carcinicultura traz grandes ou muitos grandes impactos ao meio
ambiente. Entretanto um grande número de pessoas (38% da amostra) acredita que essa
atividade não traz impactos, ou traz apenas pequenos impactos. Provavelmente, esses dados
sugerem que ainda há um grande desconhecimento do processo produtivo dessa atividade,
assim como as suas conseqüências, dentre os moradores pesquisados. É interessante ainda
notar o número de indivíduos que não apresentaram opinião sobre a questão, o que reforça a
tese de pouco conhecimento do assunto entre os pesquisados, ou provavelmente, questões do
ponto de vista ambiental ainda não fazem, parte das discussões da população em geral.
Eventualmente, o termo impacto ambiental pode nem ser do domínio da maioria das pessoas
envolvidas com a amostra, ou mesmo que ainda não se verifica opinião formada sobre o
assunto. Foi observado que os entrevistados tiveram alguma dificuldade de compreender na
essência o que venha a ser considerado impacto ambiental.
A figura 4.3.2 apresenta a opinião dos entrevistados quanto aos benefícios sociais que a
carcinicultura trouxe a cidade.
46
No
of o
bse
rva
çõ
es
15
5856
58
35
12
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
75
Não Traz BenefíciosPoucos Benefícios
Benefícios RegularesGrandes Benefícios
Excelentes BenefícioSem Opinião
Variável Ben-GER
Figura 4.3.2 - Opinião dos entrevistados quanto aos benefícios sociais que a carcinicultura
trouxe para a cidade
Fonte: Pesquisa de Campo.
Pelos dados apresentados na figura 4.3.2, observa-se que há uma distribuição
bastante uniforme de opiniões, ou seja, variabilidade de respostas, apresentando-se como bem
distribuída a opinião dos que acham que a carcinicultura traz poucos ou nenhum benefício
para a cidade (31,2% da amostra) e os que acham que traz muitos e grandes benefícios (39,7
% da amostra). Há também um número considerável de pessoas que não expressaram a sua
opinião(em trono de 5% da amostra), o que sugere a pouca informação sobre o assunto.
É interessante verificar a percepção dos entrevistados quanto aos benefícios sociais
gerados em determinados itens, cujos dados tabulados estão apresentados na tabela 4.3.1.
47
Tabela 4.3.1 – Percepção da População quanto aos Benefícios da Carcinicultura por item.
NãoTrouxe
Benefícios
PoucosBenefícios
BenefíciosRegulares
GrandesBenefícios
ExcelentesBenefícios
SemOpiniãoItem
Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %Salário das Pessoas 23 9,8 22 9,4 37 15,8 118 50,4 25 10,7 9 3,9
Emprego na Cidade 11 4,7 13 5,6 30 12,8 136 58,1 40 17,1 4 1,7
Aumento das Vendas noComércio 13 5,5 18 7,7 59 25,2 116 49,6 13 5,5 15 6,5
Melhoria na Educaçãodas Pessoas 34 14,5 45 19,2 53 22,6 65 27,9 9 3,8 28 12,0
Melhoria na Distribuiçãoda Renda 16 6,8 23 9,8 66 28,2 98 42,0 5 2,1 26 11,1
Melhoria na Saúde daPopulação 52 22,2 42 18,0 46 19,7 59 25,2 4 1,7 31 13,2
Melhoria no Setor deTransportes 34 14,5 37 15,8 54 23,1 76 32,5 8 3,4 25 10,7
Satisfação dos Moradoresda Cidade 17 7,3 27 11,5 58 24,8 97 41,5 18 7,7 17 7,3
Desenvolvimento daRegião 23 9,8 28 12,0 38 16,2 114 48,7 17 7,3 14 6,0
Investimento deEmpresas na Cidade 58 24,9 31 13,2 38 16,2 65 27,8 16 6,8 26 11,1
Fonte: Pesquisa de Campo.
Verifica-se pela tabela 4.3.1 que no item salários, a maioria dos entrevistados
acredita que a carcinicultura traz grandes benefícios, com percentual acima de 50%, enquanto
que as pessoas que acreditam que a carcinicultura não trouxe, ou trouxe poucos benefícios
para os salários das pessoas, apresenta um percentual de 19,2%. Já com relação ao item
empregos a maioria dos entrevistados acredita que a carcinicultura traz grandes benefícios,
com percentual acima de 58%, enquanto que as pessoas que acreditam que a carcinicultura
não trouxe, ou trouxe poucos benefícios para os empregos das pessoas, apresenta um
percentual de 10,3%.
No que se refere ao item aumento das vendas no comércio, a maioria dos
entrevistados acredita que a carcinicultura traz grandes benefícios, com percentual acima de
49%, no entanto as pessoas que acreditam que a carcinicultura não trouxe, ou trouxe poucos
benefícios para elevação das vendas no comércio local, apresenta um percentual de 13,2%.
Já no item educação, as respostas dos entrevistados apresentam um relativo
equilíbrio entre os que acham que a carcinicultura não traz ou traz poucos benefícios, e
aqueles que acreditam que traz grandes benefícios, com percentuais de 37% e 27%
respectivamente,
48
Porém o percentual de 12% de pessoal sem opinião reforça a tese de que os entrevistados não
tem uma opinião formada sobre o assunto.
No item distribuição de renda a maioria dos entrevistados acredita que a
carcinicultura traz grandes benefícios, com percentual acima de 42%, enquanto que as pessoas
que acreditam que a carcinicultura não trouxe, ou trouxe poucos benefícios para as rendas das
mesmas, apresenta um percentual de 16,6%. Novamente o percentual acima de 11% de
pessoas sem opinião sobre o assunto, denota pouco conhecimento dos entrevistados sobre a
abordagem. Entretanto, no item saúde, os dados mostram que a maioria dos entrevistados
acredita que a carcinicultura não traz ou traz poucos benefícios para a saúde da população,
com um percentual de 40,2%. Porém o percentual acima de 13% de pessoas sem opinião
sobre o assunto apresenta-se bastante elevado.
No item transportes, os dados apresentam também um relativo equilíbrio entre os
que acham que a carcinicultura não traz ou traz poucos benefícios e os que acreditam que essa
atividade traz grandes benefícios, com percentuais de 30,3 e 32,5% respectivamente. Esses
percentuais, juntamente com o percentual de 10,7% de pessoas sem opinião, também podem
sugerir que os entrevistados não têm opinião formada sobre o assunto. Com relação ao item
satisfação dos moradores, os dados mostram que a maioria dos entrevistados acredita que a
carcinicultura trouxe grandes benefícios, com percentual acima de 41%.
No item desenvolvimento da região, os dados também mostram que a maioria dos
entrevistados acredita que a carcinicultura trouxe grandes benefícios, com um percentual de
48,7%. Em formato semelhante, no item investimento de empresas na cidade, os resultados
mostram que a maioria credita que as empresas não fazem ou fazem poucos investimentos na
cidade, com um percentual de 38,1%, porém o percentual acima de 11% de pessoas sem
opinião sobre o assunto, mais uma vez, constitui-se em um percentual bastante elevado.
A Tabela 4.3.2 apresenta a condição negativa da carcinicultura, observando-a pelo
prisma dos malefícios que a atividade trouxe para o local. É interessante verificar que os mais
altos percentuais estão no item “Não trouxe modificação” , com intervalos que variam entre
22,7% a 63,2%. No entanto no item “Aumento na Depredação Ambiental”, 22,7% dos
entrevistados sinalizaram a existência da situação, ou seja, pelo menos uma fatia da população
já tem ciência que a atividade da carcinicultura causa danos ao meio ambiente. Para o mais
auto percentual já mencionado, o item “Não houve aumento da violência” , com 63,2%,
traduzindo o sentimento das pessoas não atribuindo a violência social ao cultivo do camarão.
49
Na condição de opiniões nos dois itens de “Grandes e Muito grandes modificações” a
média percentual foi de 16,1% e 6,2% respectivamente. Assim, apenas 22,0% em média da
amostra responderam que a carcinicultura trouxe malefícios à região.
Tabela 4.3.2 – Percepção da População quanto aos Malefícios da Carcinicultura por item.
Não TrouxeModificação
PoucaModificação
ModificaçõesRegulares
GrandesModificações
MuitoGrandes
Modificações
SemOpinião
Item
Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %Aumento da
criminalidade 132 56,4 36 15,4 27 11,5 27 11,5 3 1,3 9 3,9Aumento da
violência 148 63,2 26 11,1 25 10,8 27 11,5 4 1,7 4 1,7Aumento daProstituição 138 59,0 21 9,0 21 9,0 41 17,5 8 3,4 5 2,1Aumento do
Uso de Drogas 119 50,8 28 12,0 19 8,1 40 17,1 18 7,7 10 4,3Aumento naPoluição da
Cidade 101 3,2 43 18,4 32 13,7 32 3,7 14 6,0 12 5,0Aumento naDepredaçãoAmbiental 53 22,7 34 14,5 25 10,7 60 25,6 40 17,1 22 9,4
Fonte: Pesquisa de Campo.
De uma forma geral, os resultados que enfocam a questões da pesquisa sobre os
benefícios sociais que a carcinicultura trouxe para o município, mostram que um certo
equilíbrio entre os que acham que a carcinicultura não traz ou traz poucos benefícios e os que
acham que traz grandes benefícios, com percentuais de 31,2% e 24,8%, porém juntando-se o
resultado de grandes benefícios ao de excelentes benefícios, se obtém o percentual de 39,7%,
que passa a ser uma pequena maioria, porém esses dados sugerem um certo desconhecimento
do assunto pelos entrevistados.
A figura 4.3.3 apresenta a opinião dos entrevistados sobre o nível de investimentos
em ações sociais que foram realizados pela Prefeitura no município após o incremento das
atividades da carcinicultura nos últimos 5 anos.
50
No
of o
bse
rva
çõ
es
65
57
34
44
15
19
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
Sem InvestimentosPoucos Investimentos
Investimentos RegulaAlguns Investimentos
Muitos InvestimentosSem Opinião
Variável INVEST
Figura 4.3.3 - Opinião dos entrevistados sobre o nível de investimentos em ações sociais que
foram realizados pela Prefeitura Municipal no município.
Fonte: Pesquisa de Campo.
Pelos dados apresentados na figura 4.3.3, observa-se que a distribuição dessa vez,
não foi tão uniforme assim, com a grande maioria (em torno de 52,1% da população
amostrada) achando que a prefeitura não faz qualquer investimento, ou fez apenas poucos
investimentos na área social, após a implantação da carcinicultura na cidade. Eventualmente
tal fato pode expressar falta de percepção da população com a relação existente entre as
atividades empresariais privadas e possíveis conseqüências, em termos de política pública
(Utilização de impostos advindos da atividade por exemplo). Chama a atenção mais uma vez
o número de entrevistados que não expressaram a sua opinião quanto a questão formulada
(em torno de 8% da amostra), o que sugere novamente a falta de informação sobre o assunto.
A figura 4.3.4 apresenta a avaliação do entrevistado quanto ao grau de conhecimento
sobre a criação de camarão.
51
No o
f observ
ações
103
74
40
14
2 1
0
7
14
21
28
35
42
49
56
63
70
77
84
91
98
105
Sem ConhecimentoPouco Conhecimento
Conhecimento RegularMuito Conhecimento
Sem Opinião
Variável CONHEC
Figura 4.3.4 - Avaliação do entrevistado quanto o grau de conhecimento sobre a criação de camarãoFonte: Pesquisa de Campo.
Pelos dados apresentados na figura 4.3.4, observa-se que a maioria absoluta não tem
conhecimento, ou tem apenas pouco conhecimento sobre a criação de camarão (75,6%). Esse
dado impressiona por ser o município em questão, um dos maiores produtores de camarão em
cativeiro do Estado. Registra-se ainda como posição extrema da amostra , 6,0% das pessoas
que afirmaram ter muito conhecimento sobre o tema.
Verifica-se que o número de pessoas que externaram não ter opinião sobre essa
questão, foi insignificante, portanto quase a totalidade reconhece não ter conhecimento sobre
a atividade de carcinicultura, apesar de ser uma atividade econômica predominante no
município.
A figura 4.3.5 apresenta o grau de envolvimento da família do entrevistado com a
criação de camarão.
52
No
de
Ob
se
rva
çõ
es
98
75
39
19
3
0
7
14
21
28
35
42
49
56
63
70
77
84
91
98
105
Sem EnvolvimentoPouco Envolvimento
Envolvimento RegularMuito Envolvimento
Sem Opinião
Variável ENVOLV
Figura 4.3.5 - Avaliação do entrevistado quanto o grau de envolvimento da família com a criação de camarão
Fonte: Pesquisa de campo.
Pelos dados apresentados na figura 4.3.5, observa-se que a grande maioria dos
entrevistados respondeu que a sua família não tem qualquer envolvimento ou tem pouco
envolvimento com a criação de camarões (73,9% da população amostrada), apesar dos
criadores insistirem na tese da geração de empregos no município. Deve-se destacar que esse
estudo foi realizado em zona urbana e, conforme pode ser verificado pelos dados apresentados
pelo Anuário Estatístico de 2002 (SEPLAN, 2002), 27,5% da população do município reside
em área rural, população essa, provavelmente mais afetada pela atividade da produção de
camarão. Isso sugere uma maior investigação futura sobre a origem dos trabalhadores dessa
atividade no município.
Destaca-se que um número insignificante de entrevistados deixou de emitir a sua
opinião sobre o assunto.
A figura 4.3.6 apresenta a avaliação do entrevistado quanto a existência de mudança
de renda na família com a produção de camarão na cidade.
53
No d
e O
bserv
ações
109
6062
3
0
8
16
24
32
40
48
56
64
72
80
88
96
104
112
Sem Mudança Pouca Mudança Mudança Significativ Sem Opinião
Variável MUD_RED
Figura 4.3.6 -Avaliação do entrevistado sobre a existência de mudança de renda familiar coma produção de camarão na cidade de Canguaretama em 2005.Fonte: Pesquisa de Campo.
Pelos dados apresentados na figura 4.3.6, observa-se que a distribuição também não
é uniforme, com a grande maioria achando que a carcinicultura não trouxe mudanças, ou
trouxe apenas poucas mudanças na renda familiar, o que leva a crer que, baseando-se nas
informações e características da população amostrada, essa atividade não está gerando o
emprego desejado, ou novamente, o entrevistado tem pouco ou nenhum conhecimento sobre
o assunto.
A Tabela 4.3.3 apresenta, na opinião dos entrevistados, os benefícios que a
atividade da carcinicultura traz para as famílias do município em determinados itens
específicos. No tocante aos salários, a maioria acredita que essa atividade não traz aumento de
salário para as famílias do município. Com relação ao item emprego, a maioria acredita que a
carcinicultura traz grandes benefícios no aumento de emprego para as famílias, o que
contradiz o item anterior que diz não aumentar os salários das famílias. No entanto, a
compreensão dos entrevistados quando responderam o item em referência a outras famílias,
não necessariamente à sua.
No item lazer, a grande maioria acredita que essa atividade econômica não traz
melhorias de lazer para as suas famílias. Isso leva a acreditar que os empregos gerados não
criam renda suficiente para melhorias nas atividades de lazer das famílias, ou mesmo não
54
existem benefícios sociais na região advindos da carcinicultura. Da mesma forma, com
relação ao item saúde, a maioria também acredita que a atividade em questão não traz nenhum
benefício, o que sugere também que o implemento no emprego não gera renda suficiente para
a melhoria dos níveis de saúde.
No item educação dos filhos, a grande maioria também acredita que a carcinicultura
não traz nenhum benefício, fato que poderá gerar outra investigação científica para averiguar
se os filhos das famílias que trabalham na carcinicultura não estão tendo condições de
melhorias de estudos e se não há nenhuma melhoria educacional dos pais que possam ser
transferidas para os filhos. Partindo do princípio que os itens avaliados deveriam
naturalmente, estar contidos no contexto dos benefícios sociais da região, é intuitivo
pressupor que o universo da amostra não observou qualquer melhoria nos níveis mencionados
em função da atividade da carcinicultura. É sempre bom lembrar que a pesquisa ocorreu
essencialmente na zona urbana.
Tabela 4.3.3 – Avaliação do Entrevistado Quanto aos Benefícios gerados, em itensespecíficos, para as famílias do município de Canguaretama, 2005.
NãoBenef.
PoucosBenef.
Benef.Regul.
GrandeBenef.
Excel.Benef.
SemOpinião
Itens
Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %
Aumento no Salário 80 34,2 41 17,5 23 9,8 68 29,1 10 4,3 12 5,1
Aumento no Emprego 59 25,2 34 14,5 29 12,5 90 38,5 13 5,5 9 3,8
Aumento no Lazer 93 39,7 50 21,4 22 9,4 42 17,9 6 2,6 21 9,0
Aumento da Saúde 87 37,3 53 22,6 27 11,5 38 16,2 7 3,0 22 9,4
Aumento na Educaçãodos Filhos
89 38,0 45 19,2 29 12,4 39 16,7 11 4,7 21 9,0
Fonte: Pesquisa de Campo.
A tabela 4.3.4 apresenta dados da ABCC relativos à quantidade de fazendas de
criatórios de camarões em Canguaretama, pela área estimada de produção, cuja catalogação
apresenta o valor de 15 fazendas com a quantidade de hectares.
55
Tabela 4.3.4 – Hectares das Fazendas de Carcinicultura em Canguaretama
Fazendas ha %Fazenda Curimataú de Camarões S.A. 127,5 19,6Fazenda Formosa 50,00 7,7José Maria da Cruz 1,00 0,1Aluízio Vicente Rodrigues 1,00 0,1Francisco Fernandes da Silva 1,00 0,1João Jorge Filho 15,30 2,3Cia. de Maricultura do Brasil Ltda 120,00 18,5Armando José da Silva 20,00 3,1Camanor Produtos Marinhos Ltda 95,00 14,6Maricultura do Nordeste Ltda 110,00 17,0Formosa Maricultura Ltda 87,00 13,4Vasconcelos e Murilo Costa 8,00 1,2João Batista de Oliveira 3,20 0,5Lenildo José Cavalcante 7,50 1,1Alexandre C. Teixeira de Carvalho 4,40 0,7Total 650,9 100
Fonte: ABCC, 2003.
Os dados mostram que 650 hectares da região são empregados na atividade de criação
de camarões em cativeiro, e partindo-se do pressuposto de que, segundo a estimativa da
própria ABCC, há uma geração de 2 empregos diretos por hectare, então os hectares de área
de produção deveriam estar gerando no município 1.301 empregos diretos e como a
população de Canguaretama é de aproximadamente 27.000 pessoas, então a carcinicultura
estaria empregando quase 5% da população residente.
Como não se pode utilizar a população como um todo para esse cálculo e sim a
população economicamente ativa - PEA, que segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística – IBGE, deve constar apenas a população com pessoas de 10 anos até 65 anos ou
mais de idade, que o Censo demográfico 2000 desse instituto diz ser de 20.054, então o
percentual cresce para 6,5%. Porém como a carcinicultura não emprega crianças, até por ser
uma prática ilegal, para efeito desse cálculo retiram-se os jovens na faixa etária de 10 a 17
anos, o que perfaz um total de 14.846 trabalhadores, o que dá um percentual de 8,8% dos
empregos no município. Verificando-se ainda os dados da tabela 4.2.9 que trata do número de
entrevistados que trabalham na carcinicultura, verifica-se que um percentual de
aproximadamente 11% dos residentes trabalham nessa atividade, percentual que ultrapassa os
8,8% do cálculo anterior. Se for verificado quanto 11% representa dos moradores totais,
verifica-se que 2.971 habitantes trabalham nessa atividade na região.
56
A Tabela 4.3.5 apresenta, na opinião dos entrevistados, o tempo de duração da
atividade de criação de camarão na região onde está inserido o município de Canguaretama.
Conforme pode ser verificado, na opinião de seus moradores, para 63,7% da população
entrevistada, a atividade dura muito pouco, o que leva a crer que os moradores acreditam que
essa atividade veio para ficar por muito tempo no município.
Tabela nº 4.3.5 – Opinião dos Entrevistados Quanto ao Tempo de Duração da Atividade deCalcinicultura no Município de Canguaretam, 2005.
QuantidadesComponentes
Total %
Não Dura Muito Tempo 12 5,1Dura Pouco Tempo 53 22,6
Dura Muito Tempo 149 63,7
Sem Opinião 20 8,6
Total 234 100
Fonte: Pesquisa de Campo.
A Tabela 4.3.6 apresenta a situação de emprego dos entrevistados antes da
carcinicultura no município. Verifica-se que a grande maioria respondeu que não tinha
emprego antes da carcinicultura. Porém deve-se ressaltar que a pergunta não esclarece
totalmente que após a carcinicultura passou a trabalhar nessa atividade, mas deixa uma
reflexão de que realmente essa atividade é geradora de emprego.
Tabela nº 4.3.6 – Situação declarada dos Entrevistados Sobre a Questão: Tinha EmpregoAntes da Carcinicultura?
QuantidadesComponentes
Total %Sim 86 36,7Não 141 60,3
Não Respondeu 7 3,0
Total 234 100
Fonte: Pesquisa de Campo.
A Tabela 4.3.7 apresenta informação sobre a existência de mudança na renda da
família com a produção de camarão na cidade. Observa-se que a maioria dos entrevistados
(47%) respondeu que não houve qualquer mudança. Isso sugere que as pessoas que
57
responderam essa questão, ou não entenderam ou não têm conhecimento de que venha a ser,
renda familiar, pois se eles acreditam que houve geração de emprego, conseqüentemente
houve aumento da renda familiar.
Tabela 4.3.7 Informação dos Entrevistados Quanto às Possíveis Alterações na RendaAdvindas da Carcinicultura no Município de Canguaretama, 2005.
QuantidadesComponentes
Total %Não Houve Qualquer Mudança 110 47,0Mudou Pouco 59 25,2
Houve Mudança Significativa 62 26,5
Sem Opinião 3 1,3
Total 234 100Fonte: Pesquisa de Campo.
A tabela 4.3.8 apresenta o nível de desenvolvimento dos entrevistados com atividades
sociais do município. Com relação ao desenvolvimento de atividades relacionadas a trabalhos
voluntários, a maioria respondeu que nunca se envolveu em trabalhos voluntários. No item
prioridade para contratar pessoas do município, caso tivessem negócios no mesmo, a maioria
respondeu que essa seria sempre uma prioridade sua.
Com relação a questão de participação em reuniões comunitárias, a maioria respondeu
que nunca participou de reuniões comunitárias, bem como de associações comunitárias e
instituições de caridade.
Tabela nº 4.3.8 – Envolvimento em atividades sociais das famílias no Município deCanguaretama, 2005
Nunca Quase As Quase Sempre Sem
Nunca Vezes Sempre Opinião
Atividade
Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %
Trabalhos Voluntários 209 89,3 6 2,6 9 3,8 1 0,4 8 3,5 1 0,4
Prioridade para contratar 23 9,8 7 3,0 10 4,3 21 9,0 172 73,5 1 0,4
Participo de Reuniões 195 83,3 10 4,3 8 3,5 5 2,1 15 6,4 1 0,4
Associação Comunitárias 208 89,0 10 4,3 6 2,5 4 1,7 5 2,1 1 0,4
Instituições de CaridadeR$ 164 70,0 15 6,6 34 14,5 11 4,7 9 3,8 1 0,4
Instituições de Caridade-S 179 77,0 16 6,8 27 11,5 3 1,3 7 3,0 1 0,4Fonte: Pesquisa de Campo.
58
4.4 - Análise de Regressão Múltipla
Nesta análise, procurou-se verificar, através de regressão linear múltipla, o
relacionamento entre as variáveis relacionadas a percepção do entrevistado quanto aos
benefícios sociais gerados pela atividade da carcinicultura. Para tanto, utilizou-se como
variável dependente, a variável BEN_GER (opinião dos entrevistados quanto aos benefícios que
a carcinicultura trouxe a melhoria de uma maneira geral), relacionando-a com as variáveis
independentes BEN_SAL (opinião do entrevistado quanto aos benefícios que a carcinicultura
trouxe para o salário das pessoas ), BEN_EMP ( opinião do entrevistado quanto aos benefícios
que a carcinicultura trouxe para o emprego na cidade), BEN_AUM (opinião do entrevistado
quanto aos benefícios que a carcinicultura trouxe para o aumento das vendas no comércio),
BEN_MES (opinião do entrevistado quanto aos benefícios que a carcinicultura trouxe para a
melhoria na educação das pessoas ), BEN_MED ( opinião do entrevistado quanto aos
benefícios que a carcinicultura trouxe para a melhoria na distribuição de renda), BEN_MES
(opinião do entrevistado quanto aos benefícios que a carcinicultura trouxe a melhoria na saúde
da população), BEN_MST ( opinião do entrevistado quanto aos benefícios que a carcinicultura
trouxe para a melhoria no setor de transportes ), BEN_SAT ( opinião do entrevistado quanto
aos benefícios que a carcinicultura trouxe para a melhoria na satisfação dos moradores da
cidade), BEN_DES ( opinião do entrevistado quanto aos benefícios que a carcinicultura trouxe
para a melhoria no desenvolvimento da região ) e BEN_INV ( opinião do entrevistado quanto
aos benefícios que a carcinicultura trouxe para a melhoria nos investimentos de empresas na
cidade).
A tabela 4.4. l apresenta os resultados da Análise de Variância:
Tabela 4.4.1 - Análise de Variância (ANOVA) para o teste de significância para as variáveisrelacionadas aos benefícios sociais da carcinicultura no Município de Canguaretama, 2005.
Soma dosQuadrados
Graus deLiberdade
QuadradoMédio
F/
Valor deProbabilidade p
Regressão 65,7429 3 21,91430 19,15827 < 0,000001
Residual 173,8661 152 1,14386
Total 239,6090
Fonte: Pesquisa de Campo
Em função do valor de probabilidade p obtido na análise de variância (p < 0,00001)deduz-se que o modelo d e análise linear é adequado para descrever o relacionamento entre a
59
variável dependente BEN_GER (opinião do entrevistado quanto aos benefícios que a
carcinicultura trouxe a melhoria de uma maneira geral) e as variáveis independentes
utilizadas. Nessa situação, realizou-se a análise de regressão linear múltipla, cujas variáveis
que se apresentaram significativas para o modelo de regressão, são apresentados na tabela
4.4.2.
Tabela 4.4.2. Variáveis que se revelaram significativas ao modelo e parâmetros de regressão
Variáveis Beta Erro Padrão B Erro Padrão t (152) Valor dede Beta B Probabilidade p
Intercepto - - 0,115133 0,434191 0,265166 0,791241BEN_EMP 0,293589 0,070503 0,411585 0,098838 4,164221 0,000052
BEN_MST 0,228703 0,070150 0,244164 0,074893 3,260174 0,001374
BENJNV 0,282759 0,069942 0,255169 0,063118 4,042758 0,000084
Fonte: Pesquisa de Campo
Para essa análise, o coeficiente de correlação r obtido foi de 0,524. A partir dos dados
apresentados pela tabela 4.4.2, verifica-se que as variáveis independentes que compuseram o
modelo foram BEN_EMP (opinião do entrevistado quanto aos benefícios que a carcinicultura
trouxe para o emprego na cidade), BEN_MST (opinião do entrevistado quanto aos benefícios
que a carcinicultura trouxe para a melhoria no setor de transportes), e BENJNV (opinião do
entrevistado quanto aos benefícios que a carcinicultura trouxe para a melhoria nos
investimentos de empresas na cidade). Nota-se que a percepção dos entrevistados sobre
benefício os benefícios gerais que a carcinicultura trouxe para' a região estão ligados
fortemente ao emprego gerado na região, mesmo não existindo evidências da geração
intensiva de empregos, assim como a percepção no aumento de investimentos de empresas na
região, provavelmente ou certamente neste caso as ligadas ao setor da carcinicultura.
É interessante observar o comportamento da variável BEN_MST, que expressa a
percepção quantos aos benefícios gerados para a melhoria dos transportes na região. É fato
que o incremento de uma atividade produtiva na região, gerando empregos, faz com que se
aumente o fluxo de transporte, principalmente rodoviário, visto a necessidade de se adequar
um sistema que possibilite as empregados chegarem ao local de trabalho. Para uma melhor
caracterização dessa situação, há a necessidade de maiores investigações sobre a questão,
situação essa que não foi considerada alvo desse trabalho.
60
Em anexo, é apresentada a matriz de correlação entre as variáveis relacionadas aos
benefícios sociais da carcinicultura na região.
4.5 - Análise de Associação entre Variáveis
A proposta deste é investigar as possíveis associações entre as variáveis analisadas e a
variável dependente BEN_GER (opinião do entrevistado quanto aos benefícios sociais que a
carcinicultura trouxe para a cidade, de uma maneira geral), utilizando o teste Qui-quadrado.
Como critério admitido para a existência de associação entre as variáveis, pode-se inferir uma
relação significativa entre as respostas dos pesquisados, quando este alcança um p-valor
menor ou igual a 5% ( < 0,05).
4.5.1. Análise de Associação entre as Variáveis de Perfil e BEN_GER
Para se investigar a associação entre as variáveis de perfil e a variável BEN_GER
(opinião do entrevistado quanto aos benefícios que a carcinicultura trouxe para a cidade, de
uma maneira geral), houve a necessidade de se agrupar respostas dos entrevistados em itens
de algumas questões propostas. Para a variável ESCOL (nível de escolaridade do
entrevistado), em função do baixo nível de escolaridade apresentada pêlos entrevistados da
amostra, foi necessário agrupar as respostas em dois grupos: aqueles que não tinham o
primeiro grau completo e aqueles que tinham o primeiro grau completo. Para a variável
RENDA (renda familiar dos entrevistados), houve a necessidade de se agrupar as respostas
em dois níveis: aqueles cuja renda familiar atingia até o limite de R$500,00 e aqueles cuja
renda familiar era superior a R$500,00. Para a variável IDADE (faixa etária do entrevistado),
em função de poucos elementos entrevistados se encontrarem na faixa etária superior a 40
anos, optou-se por retirar tais elementos da análise.
A tabela 4.5.1 apresenta a análise de associação entre as variáveis do grupo Perfil com
a variável considerada dependente BEN_GER (opinião do entrevistado quanto aos benefícios
que a carcinicultura trouxe para a cidade, de uma maneira geral):
61
Tabela 4.5.1. Análise de associação entre as variáveis do grupo Perfil com a variávelconsiderada dependente BEN_GER
Variável Descrição da Variável N Valor de p
SEXO Entrevistado quanto ao Género. 207 0,924
ESCOL Entrevistado quanto à escolaridade 206 0,061
RENDA Entrevistado quanto a sua renda familiar mensal. 207 0,713
IDADE Faixa etária do Entrevistado 206 0,796
Fonte:Pesquisa de Campo
Conforme os dados apresentados na tabela 4.5.1 e utilizando-se o critério para se
considerar como significativa a associação entre variáveis cujo valor de probabilidade p for
inferior a 0,05, observa-se a não existência de associação entre as variáveis investigadas do
grupo perfil e a variável dependente BEN_GER. Ou seja, em termos de género, não há
diferença de percepção entre homens e mulheres sobre os benefícios sociais advindos da
carcinicultura. De forma análoga, não se observa diferença de percepção sobre os benefícios
sociais da atividade entre as diferentes faixas de escolaridade, idade e renda familiar da
população entrevistada.
4.5.2. Análise de Associação entre a variável BEN_GER e outras Variáveis
Nessa situação, procurou-se investigar possíveis associação entre a variável
dependente BEN_GER (opinião do entrevistado quanto aos benefícios que a carcinicultura
trouxe para a cidade, de uma maneira geral) e variáveis relacionadas às questões ambientais,
de conhecimento e envolvimento com a atividade, assim como com variáveis relacionadas à
geração de emprego e renda da atividade.
De forma semelhante que a análise anterior, houve a necessidade de se agrupar
respostas dos entrevistados em itens de algumas questões propostas, para que a condição
mínima para o uso do teste qui-quadrado fosse atingida (nesse estudo, adotou-se o valor de
que cada "caseia" da matriz gerada na análise qui-quadrado tivesse pelo menos 05
componentes). Dessa forma, a opção "não traz benefícios" da variável BEN_GER não foi
considerada na análise. A variável CONHEC (grau declarado do conhecimento do
entrevistado em relação a criação de camarão) foi agrupada em três níveis: Não tem
conhecimento, pouco conhecimento e conhecimento regular.
Nestes termos, a tabela 4.5.2 apresenta a análise de associação entre a variável
considerada dependente BEN_GER (opinião do entrevistado quanto aos benefícios que a
62
carcinicultura trouxe para a cidade, de uma maneira geral), com as variáveis IMPACT
(opinião do entrevistado quanto o grau de impacto ao meio ambiente gerado na
carcinicultura), CONHEC (grau declarado do conhecimento do entrevistado em relação a
criação de camarão), ENVOLV ( grau declarado de envolvimento de sua família com a criação
de camarão) e EMPRE (Informação do entrevistado quanto a ter emprego antes da
carcinicultura).
Tabela 4.5.2. Análise de associação entre a variável considerada dependente BEN_GER eoutras variáveisVariável Descrição da Variável N Valor de p
IMPACT Opinião do entrevistado quanto o grau de impacto aoMeio Ambiente gerado na Carcinicultura
197 0,0048
CONHEC Grau declarado do conhecimento do entrevistado emrelação a criação de camarão
206 0,6462
ENVOLV Grau declarado de envolvimento de sua família com acriação de camarão
205 0,4433
EMPRE Informação do entrevistado quanto a ter empregoantes da carcinicultura
206 0,0605
Fonte: Pesquisa de Campo.
Conforme os dados apresentados na tabela 4.5.2 e utilizando-se o critério para se
considerar como significativa a associação entre variáveis cujo valor de probabilidade p for
inferior a 0,05, observa-se que existe associação entre as variáveis BEN_GER e IMPACT
(valor de probabilidade p de 0,0048). Pelas tabelas de freqüência esperada e observada
(tabelas 4.5.3 e 4.5.4, respectivamente), verifica-se que o número observado de entrevistados
que acreditam que a carcinicultura traz excelentes benefícios sociais para a cidade e não gera
impactos ambientais (15 elementos) e maior do que o esperado (6,36548). Provavelmente, o
pouco conhecimento expresso pêlos entrevistados sobre o processo produtivo da atividade,
principalmente no que se refere à temática ambiental, esteja tendenciando esse
comportamento de respostas, onde a percepção econômica, que através da análise de
regressão múltipla, é fortemente expressa pela geração de emprego, se sobressai sobre os
aspectos ambientais da atividade.
63
Tabela 4.5.3. Análise de associação entre a variável considerada dependente BEN_GER eIMPACT - Freqüência Esperada
Poucos Benefícios Regulares Grande Beneficio Excelentes Benef.
Não gerai
10,60914 10,22335 10,80203 6,36548
Poucos Impactos 11,72589 11,29949 11,93909 7,03553
Impacto Regular 11,44670 11,03046 11,65482 6,86802
Grande Impacto 13,12183 12,64467 13,36041 7,87310
Muito GrandeI
8,09645 7,80203 8,24365 4,85787
Fonte: Pesquisa de campo.
Tabela 4.5.4. Análise de associação entre a variável considerada dependente BEN_GER eIMPACT - Freqüência Observada
Pouco Benefício Regulares Grande Beneficio Excelentes Benef.
Não gerai
7 8 8 15
Poucos Impactos 14 8 14 6
Impacto Regular 16 10 12 3
Grande Impacto 11 20 13 3
Muito GrandeI
7 7 9 6
Fonte: Pesquisa de Campo
Não se observou associação entre as variáveis ENVOLV (grau declarado de
envolvimento de sua família com a criação de camarão) e EMPRE (informação do
entrevistado quanto a ter emprego antes da carcinicultura) com a variável dependente
BEN_GER. É interessante verificar que tal comportamento também ocorre com a variável
CONHEC (grau declarado do conhecimento do entrevistado em relação a criação de
camarão). Provavelmente, o nível de conhecimento sobre a atividade produtiva ainda é
incipiente para gerar pensamento crítico sobre os benefícios ou malefícios advindos da
atividade da carcinicultura no local.
4.5.9. Análise de Associação entre a variável IMPACT e Variáveis de Perfil
A tabela 4.5.5 apresenta a análise de associação entre as variáveis do grupo Perfil com
a variável agora considerada dependente IMPACT (opinião do entrevistado quanto o grau de
impacto ao meio ambiente gerado na carcinicultura). O objetivo foi o de verificar se existe
diferença de percepção da comunidade afetada, em termos de características de perfil, quanto aos
impactos ambientais gerados na atividade:
64
Tabela 4.5.5. Análise de associação entre as variáveis do grupo Perfil com a variávelconsiderada dependente IMPACTVariável Descrição da Variável N Valor de p
SEXO Entrevistado quanto ao Género. 216 0,433
ESCOL Entrevistado quanto à escolaridade 215 0,007
RENDA Entrevistado quanto a sua renda familiar mensal. 207 0,504
IDADE Faixa etária do Entrevistado 206 0,150
Fonte: Pesquisa de Campo
Conforme pode ser observado na tabela 4.5.5, não se observou relação de dependência
entre as variáveis SEXO (gênero do entrevistado), RENDA (relida familiar mensal do
entrevistado) e IDADE (faixa etária do entrevistado), visto que o valor de probabilidade p foi
superior a 0,05. Entretanto, verificou-se relação de dependência entre a variável IMPACT e a
variável ESCOL (escolaridade do entrevistado). Pelas tabelas de freqüência esperada e
observada (tabelas 4.5.6 e 4.5.7, respectivamente), verifica-se que o número observado de
pessoas que apresentam o primeiro grau completo e acreditam que a atividade traz muitos
impactos ambientais (17) é maior do que o número esperado (9,94884):
Tabela 4.5.6. Análise de associação entre as variáveis do grupo Perfil com a variávelconsiderada dependente IMPACT - Freqüência Esperada
Sem Primeiro Grau Completo Com Primeiro Grau Completo
Não gera impactos 30,5581 Í4,44186
Poucos Impactos 29,8791 1 14,12093
Impacto Regular 29,2000 13,80000
Grande Impacto 35,3116 16,68837
Muito GrandeI
21,0512 9,94884
Fonte: Pesquisa de Campo
Tabela 4.5.7. Análise de associação entre as variáveis do grupo Perfil com a variávelconsiderada dependente IMPACT - Freqüência Observada
Sem Primeiro Grau Completo Com Primeiro Grau Completo
Não gera impactos 38 7
Poucos Impactos 31 13
Impacto Regular 34 9
Grande Impacto 29 23
Muito GrandeI
14 17
Fonte: Pesquisa de Campo
65
Nesse caso, um nível educacional maior pressupõe-se a existência de maior quantidade
de informações, que por sua vez pode levar a um maior entendimento das questões ambientais
que ocorrem tanto ao nível de município quanto em relação à atividade produtiva em questão,
o que demonstra a importância do desenvolvimento de práticas de educação ambiental na
conscientização das pessoas no que se refere aos impactos ambientais gerados pelas
atividades produtivas.
66
Capítulo 5Conclusões
Este capítulo apresenta as conclusões o trabalho, enfocando considerações gerais,
conclusões da pesquisa de campo, limitações do trabalho e recomendações para trabalhos
futuros.
5.1. Considerações Gerais
Baseando-se nos resultados encontrados e na pesquisa bibliográfica realizada, algumas
considerações podem ser apresentadas:
- Dados da Associação Brasileira de Criadores de Camarões (ABCC, 2003) informam
que o rápido crescimento mundial do cultivo do camarão marinho nas últimas duas décadas,
notadamente nos países costeiros tropicais emergentes da Ásia e das Américas, teve e
continua tendo por base de sustentação a crescente demanda do produto no mercado
internacional, o atrativo nível de rentabilidade do agro-negócio e a sua capacidade de gerar
renda, emprego e divisas para o desenvolvimento dos países produtores. Em 2002 a produção
de camarão no Rio Grande do Norte já representa 30,77% de toda a produção brasileira, com
aproximadamente 270 produtores, apresenta-se como líder nacional, tanto em área cultivada
com 3,591 ha, como em tonelada produzida, com aproximadamente 18.500 toneladas, com o
preço internacional alcançando de R$ 3,90 por quilograma.
- Os produtores afirmam que a atividade de criação de camarões em cativeiro
proporciona a geração de dois empregos diretos por hectare de viveiro, fato que não fica
comprovado quando se compara o número de empregados das fazendas, com as suas áreas de
cultivo.
- Foi visto que a carcinicultura vem crescendo a níveis elevados no Brasil, no nordeste
e principalmente no Rio Grande do Norte, cujo município de Canguaretama é um dos principais
pólos de produção. Entretanto, quando a atividade utiliza das áreas de mangue, contribui para a
devastação do mesmo e o extermínio de outras espécies nativas desse tipo de terreno, fato que
é contestado pêlos produtores que alegam que só se utilizam das áreas de mangue, onde já
existia anteriormente salinas desativadas. No Equador, 70% do mangue foi reduzido depois da
67
criação de camarão, introduzida no país em 1967. 25% da população do país depende dos
manguezais e 5% desta foi obrigada a migrar para outras áreas.
- O conceito de avaliação social apesar de estar em foco desde a década de 70, somente
em meados da década de 90 tomou impulso. Vários segmentos da sociedade passaram a exigir
projetos na área social e empresas se engajaram nessa idéia formando parcerias com o setor
público e conquistando mais mercado. Com a implementação de investimentos em projetos
públicos, surge a necessidade de se avaliar os seus efeitos, não só para se medir o custo-
benefício, mas para medirem-se os reais impactos desses projetos na melhoria da sociedade.
Vários pesquisadores já apresentaram trabalhos na área de Avaliação Social de Projetos,
inclusive com o desenvolvimento de técnicas diferentes, que, contudo levam ao mesmo
caminho que é avaliar as melhorias para a comunidade decorrentes de investimentos em
projetos sociais.
- Responsabilidade social é o reconhecimento e assunção pelos cidadãos,
individualmente e em conjunto, dos seus deveres para com a comunidade em que vivem e a
sociedade em geral. Caracteriza-se pela adoção de atitudes, comportamentos e práticas
positivas e construtivas, que contribuem para concretizar o bem comum e elevar a qualidade de
vida de todos.
- Vários pesquisadores já apresentaram trabalhos na área de Avaliação Social de
Projetos, inclusive com o desenvolvimento de técnicas diferentes, que, contudo levam ao
mesmo caminho que é avaliar as melhorias para a comunidade decorrentes de investimentos em
projetos sociais.
5.2. Conclusões da pesquisa de campo
A pesquisa feita com uma considerável amostra da população revela que o único
benefício social advindo da carcinicultura é a geração de emprego e conseqüentemente de
renda, que apesar de ser em média de um salário mínimo por trabalhador, devido ao
percentual de 11% da população está envolvida nessa atividade, gera uma renda considerável
para a região.
Pela análise descritiva, verifica-se grande variabilidade de respostas com relação ao
grau de impactos ambientais gerados ao meio ambiente na atividade da carcinicultura. De um
total de 234 respostas obtidas, verifica-se que a grande maioria 84 elementos (35.9% da
amostra) acredita que a carcinicultura traz grandes ou muito grandes impactos ao meio
68
ambiente. Entretanto, um grande número de pessoas (38% da amostra) acredita que essa
atividade não traz impacto ou traz apenas pequenos impactos. Provavelmente, estes dados
sugerem que ainda há um grande desconhecimento do processo produtivo dessa atividade,
assim como as suas conseqüências, dentre os moradores pesquisados.
Também se verificou variabilidade de respostas quantos aos benefícios sociais
oriundos da atividade. Para 31,2 % dos entrevistados, a carcinocultura traz pouco ou nenhum
benefício para a cidade, ao passo que 39,7% dos entrevistados acreditam que a atividade traz
grandes benefícios. Há também um número considerável de pessoas que não expressaram a sua
opinião (em torno de 5% da amostra), o que sugere a existência de pouca informação sobre o
assunto.
Foi observado que a maioria absoluta não tem conhecimento, ou tem apenas pouco
conhecimento sobre a criação de camarão (75,6%). Esse dado impressiona por ser o
município em questão, um dos maiores produtores de camarão em cativeiro do Estado.
Registra-se ainda como posição extrema da amostra, 6,0% das pessoas que afirmaram ter
muito conhecimento sobre o tema.
Com relação a análise de regressão múltipla, verifica-se que as variáveis antecedentes
que compuseram o modelo de regressão linear foram BEN_EMP (opinião do entrevistado
quanto aos benefícios que a carcinicultura trouxe para o emprego na cidade), BEN_MST
(opinião do entrevistado quanto aos benefícios que a carcinicultura trouxe para a melhoria no
setor de transportes), e BEN_INV (opinião do entrevistado quanto aos benefícios que a
carcinicultura trouxe para a melhoria nos investimentos de empresas na cidade). Nota-se que a
percepção dos entrevistados sobre benefício os benefícios gerais que a carcinicultura trouxe
para a região estão ligados fortemente ao emprego gerado na região, mesmo não existindo
evidências da geração intensiva de empregos, assim como a percepção no aumento de
investimentos de empresas na região, provavelmente ou certamente, neste caso, as ligadas ao
setor da carcinicultura.
Em termos de associação entre variáveis, não se verificou relacionamento entre as
variáveis investigadas do grupo perfil e a variável dependente BEN_GER. Ou seja, em termos de
gênero, não há diferença de percepção entre homens e mulheres sobre os benefícios sociais
advindos da carcinicultura. De forma análoga, não se observa diferença de percepção sobre os
benefícios sociais da atividade entre as diferentes faixas de escolaridade, idade e renda
familiar da população entrevistada. Somente se verificou relacionamento entre BEN_GER e a
variável IMPACT (opinião do entrevistado quanto o grau de impacto ao meio ambiente
gerado na carcinicultura). Pêlos dados analisados, expressos nas tabelas de freqüência
69
observada e esperada, verifica-se que o número observado de entrevistados que acreditam que a
carcinicultura traz excelentes benefícios sociais para a cidade e não gera impactos ambientais e
maior do que o esperado.
5.3. Limitações do Trabalho
Algumas limitações desta pesquisa podem ser consideradas. Eventualmente, o uso do
instrumento de pesquisa proposto neste estudo, levantamento utilizando-se questionário com
respostas diretas, pode enviezar as respostas, em função da má compreensão da questão pelo
respondente, assim como má formulação da própria questão. É fato que as informações
referentes sobre renda, conhecimento sobre os aspectos operacionais da atividade,
principalmente em termos ambientais, assim como a variável nível de emprego, foram
coletadas a partir de declarações dos entrevistados e não medição direta. Esse fato
eventualmente pode não corresponder a realidade.
Em termos metodológicos, a pesquisa foi realizada em zona urbana. Como a atividade
da carcinicultura ocorre na zona rural, eventualmente seus efeitos possam ser melhores
percebidos nesse local, não afetando em demasia a população que foi alvo dessa investigação.
Com relação aos testes estatísticos utilizados, deve-se ressaltar que a análise de
regressão múltipla foi realizada com dados coletados em 5 níveis, em função do tipo de
questionário utilizado. Entende-se que seria mais adequado, para o uso de análise de regressão
linear múltipla, questões com maiores níveis de resposta, fazendo com que os resultados
obtidos nesse estudo sejam uma aproximação.
5.4. Recomendações para Trabalhos Futuros
A partir dos resultados e discussão apresentada ao longo do texto, algumas sugestões
para trabalhos futuros podem ser apresentadas:
- Investigar a percepção do empresariado ligado a carcinocultura sobre os benefícios, em
termos de competitividade, passíveis de serem obtidos a partir da prática da responsabilidade
social na atividade;
- Investigar mecanismos de implementação de práticas ambientais na carcinocultura ;
- Investigar mecanismos de aprimoramento da participação pública em programas sociais de
projetos.
- Estudos de casos.
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