2- Integrações
Esta temática aborda as relações que se produzem entre arquitetura e contexto físico e cultural, e as respostas que VPRG Arquitetos formula para integrar a produção em diferentes situações, que foram agrupadas em quatro áreas de pensamento: 1-Relações entre arquitetura e cidade 2-Relações entre arquitetura nova e arquitetura existente 3-Relações entre arquitetura e contexto 4-Relações entre arquitetura e paisagem
2.1- Arquitetura e cidade
A integração entre arquitetura e cidade é um tema universal e sempre presente na disciplina. A cidade, manifestação cultural por excelência, constitui a conjunção organizada de todas as arquiteturas. É possível ler nela uma ordem implícita, que determina uma hierarquia de objetos que traduzem os valores que possui a sociedade que a habita. A compreensão dessa ordem se torna essencial ao anexar novas peças à complexa trama de objetos que a compõe. Entender quando um objeto deve tornar se estruturante de uma determinada situação ou, pelo contrario, acompanhante ou coadjuvante de uma realidade urbana, resulta fundamental no ato de incorporar novos edifícios à estrutura existente da cidade.
A idéia de cidade conformada por monumentos estruturantes da sua imagem e por uma trama de espaços e objetos que dá forma ao conglomerado urbano está presente nas atitudes com que o escritório assume a integração de novos edifícios nas estruturas existentes. O edifício residencial em altura é o tipo arquitetônico que configura a cidade moderna, elemento que por repetição define sua imagem. Esta tipologia, transformada num dos maiores objetos de consumo da sociedade contemporânea, está sujeita a inúmeras condicionantes: as urbanísticas, que definem alturas, recuos, taxas de ocupação e, em alguns casos, até a sua concepção tipológica; as comerciais, que definem tamanhos e organização dos apartamentos e áreas sociais segundo as leis do mercado imobiliário; as imposições das construtoras, que determinam materiais, soluções construtivas e até recursos formais consagrados em função do menor custo de construção e da sua aceitação social e comercial. Neste contexto, as experimentações espaciais e as especulações morfológicas ficam limitadas a esses condicionamentos do mercado imobiliário.
O Tambaú Home Service é um empreendimento num terreno urbano relativamente pequeno, cuja configuração responde ao máximo aproveitamento dos parâmetros urbanísticos. Sua condição de edifício acompanhante do tecido urbano existente determinou uma volumetria simples, onde os peitoris recuados de janelas e varandas traçam linhas horizontais que marcam os contrastes de sol e sombra nas fachadas laterais. Um espaço de convivência no acesso ao edifício, coberto com uma pérgula metálica, definiu uma solução urbana inédita neste tipo de empreendimentos.
Edificio Tambaú Home Service João Pessoa-PB, 2004 Vera Pires e Roberto Ghione
Fachada - Tambaú Home Service
Estrutura- Tambaú Home Service
Luxor Tambaú é um edifício de
grande tamanho em relação às
construções existentes no contexto.
O partido arquitetônico resolve uma
planta em “U”, que fragmenta sua
percepção urbana, vinculando-o aos
edifícios do entorno, ao mesmo
tempo em que define um grande
espaço aberto integrado com a rua.
Esta solução favorece as melhores
vistas, orientação e ventilação para
todos os ambientes. A ordem rígida
da arquitetura, definida pelo terreno
retangular, contrasta com a
geometria livre e ondulante do
paisagismo, valorizando e
qualificando o conjunto. O
tratamento das fachadas procura
estabelecer uma variedade de
situações, como jogos de luzes e
sombras, definição do arremate da
cobertura, planos inclinados,
tendente a quebrar a possível
monotonia derivada do programa e
dos estritos condicionamentos das
normas de edificação.
Edificio Luxor João Pessoa-PB, 2005-2008 Vera Pires, Roberto Ghione e Fabio Galisa
Planta Baixa - Edifício Luxor Planta Baixa - Edificio Luxor
O projeto Capitão Rebelinho é um
edifício residencial definido pelo
máximo aproveitamento das normas
de edificação.
Na cidade de Recife, a morfologia dos
edifícios está definida pelo índice de
aproveitamento. Isto resulta numa
imagem urbana heterogenia, onde a
superfície dos terrenos urbanos
determina a morfologia dos edifícios.
Configurou-se assim o que podemos
chamar de “cidade de objetos”, sem
diálogo entre eles, resolvidos e
“acomodados” na trama urbana em
função das melhores condições de
vistas e ventilação.
Neste contexto, o projeto organiza seis apartamentos por andar em torno de
um espaço central de circulação de ventilação. Os apartamentos vão se
escalonando para favorecer suas condições de vistas ao mar e ventilação. O
resultado é uma volumetria inédita, que destaca os arremates com tratamento
diferenciado dos apartamentos dos pisos superiores.
2.2- Arquitetura nova – arquitetura existente
Este tema aborda as relações mais estreitas que existem entre a arquitetura
projetada e os edifícios existentes, sejam em situações de ampliações o
intervenções em estruturas já consolidadas ou nas relações de vizinhança com
edifícios significativos.
O Laboratório Diagnose é um projeto de
ampliação de uma casa existente de
linhas modernas, claramente influenciada
pela escola carioca, construída na
década de ’50 na cidade de Campina
Grande.
A nova intervenção propõe um
contraponto entre as inclinações dos
telhados da casa existente e do projeto
novo.
Na casa existente, onde se recuperou um
espaço de altura dupla original,
localizam-se as atividades de espera de
Edifício Capitão Rebelinho
Laboratório Análise Clinicas Diagnose Campina Grande- PB, 2002 Vera Pires e Roberto Ghione
público, recepção, consultórios e área administrativa. Na área nova estão
localizados os laboratórios e apoios de serviço. A articulação entre os dois
edifícios se resolveu com um jardim, espaço intersticial que qualifica o
empreendimento incorporando vegetação e favorecendo as condições de
iluminação e ventilação.
Este conjunto de três casas
localiza-se ao lado do condomínio
de praia construído em 1989,
projetado por Vera Pires e Gilson
Gonçalves.
A oportunidade de anexar um novo
conjunto a uma obra própria
permitiu valorizar ambos
empreendimentos, porem com
soluções diferentes derivadas de
programas distintos.
O novo conjunto, destinados a
casas de aluguel, determinou um
ritmo escalonado das casas para
dar privacidade aos terraços. A
três casas localizam-se de frente
para o mar, aproveitando as
melhores condições de vistas e
ventilação. As cobertas de telhas,
as alturas similares e os elementos
complementares de madeira
favorecem a integração visual entre os dois conjuntos. As transparências e
espaços internos de alturas duplas preservam as características que
distinguem a produção do escritório.
Laboratório Análises Clínicas Diagnose
Pátio- Laboratório Diagnose
O Centro de Convenções Enotel é a intervenção num edifício onde procurou se interferir o mínimo possível no visual da arquitetura existente. O projeto consistiu em transformar grandes espaços vazios em salas de convenções de diferentes características com todos seus apoios funcionais, um teatro, uma discoteca e uma sala de exposições localizada em
baixo de uma grande praça de acesso ao Hotel, originalmente projetada como estacionamento coberto.
A intervenção externa mais significativa foi na praça de acesso, onde colocaram se estruturas de madeira que sombreiam as expansões de áreas internas (foyer e espaços de convivência) criando um novo visual e corrigindo as proporções dos arcos que definem o contorno da praça. Na sala de exposições, os pilares existentes foram transformados em luminárias mediante umas pirâmides invertidas refletivas. Um jardim contornado por um banco qualifica o espaço e favorece a convivência.
Casas Marcelo Venicius Enseada dos Corais-PE, 2000 Vera Pies e Roberto Ghione
Centro de Convenções Enotel Porto de Galinhas-PE, 2007 Vera Pires e Roberto Ghione
O projeto para a ampliação do hotel Vela Branca é uma torre anexa
condicionada pelas limitações do código de edificação.
Tirou-se partido dos peitoris recuados para favorecer o sombreamento das
janelas e definir uma plástica de planos inclinados e arestas marcadas, que
contrastam com a ortogonalidade do edifício existente.
2.3- Arquitetura – contexto
Este tema aborda as relações da arquitetura com o contexto físico e cultural, procurando integrar os novos edifícios de uma maneira respeitosa das características da paisagem existente.
A pousada Caravelas de Pinzón localiza-se na beira mar do vilarejo de Gaibú, caracterizado por construções pequenas, todas elas com cobertas em telha canal. O projeto é fragmentado, assumindo as características das casas da vila, e criando uma arquitetura de pequenos espaços aconchegantes, próprios da ambiência de uma pousada a beira mar. A arquitetura fragmentada, de precisa geometria que define os espaços interiores, configura um espaço aberto para o mar, que favorece as vistas de todos os apartamentos assim como suas condições de ventilação. Amplos beirais sombreados definem o caráter “praieiro” desta pousada. Os espaços sociais, que alternam situações de alturas duplas com pequenos locais de estar e convivência, estão atravessados por
Implantação - Pousada Caravelas de Pinzón
Interior - Enotel
uma passarela em madeira que permite as vivencias em planos diferentes, assim como a percepção da praia desde diferentes posições dentro do edifício.
3.4- Arquitetura – paisagem
Este tema aborda as relações da arquitetura com a paisagem natural, procurando sempre as integrações visuais entre interior e exterior, perto e longe, vegetação e construção, artificialidade e naturalidade.
A casa da Fazenda Massapé responde a um programa especial, que consta de várias construções localizadas ao redor de um açude: um local de convivência, com salas de estar, terraços, comedor e apoio gourmet; uma área de serviço vinculada; uma casa principal, local de moradia da família; apartamentos para hóspedes; uma capela. Todos os espaços possuem vistas para a lagoa próxima e para a serra de Santo Antônio, que forma um marco visual de extrema beleza. As vistas realçam os contrastes entre a vegetação “contida” do paisagismo imediato e a vegetação livre, da natureza dominante. Os ambientes são transparentes e favorecem uma total integração com a natureza
Pousada Caravelas de Pinzón Gaibú-PE, 2004-05 Vera Pires e Roberto Ghione
Fazenda Massapé Galanta-PB,2006 Vera Pires e Roberto Ghione
vegetal e animal que domina o espaço da fazenda. As plantas de geometria precisa facilitam uma construção simples com materiais tradicionais.
Uma consideração especial merece a capela, localizada na beira do açude. Sua concepção está em relação direta com a natureza, orientada para determinados árvores ou conjuntos vegetais existentes, promovendo a reflexão mediante o contraste entre a ordem divina, representada pela natureza, e a ordem terrena, representada pela arquitetura.
Os reflexos da capela na água do açude criam situações mutáveis em diferentes visuais até ela.
Capela - Fazenda Massapé
Princípios universais
Este tema aborda determinados princípios universais e transcendentes, que
estão na arquitetura de todos os tempos, adaptados as condições da produção
contemporânea. Esses princípios, presentes em toda a produção do escritório,
representam suas intenções de projeto e sintetizam se nos conceitos de
geometria, espaço, plástica, tecnologia e clima.
Em relação a geometria, o pensamento sintetiza se no conceito de que
arquitetura é poesia rigidamente determinada pela geometria. A geometria é o
instrumento que permite o domínio da racionalidade e o controle da construção
da arquitetura, nas condições possíveis no nosso contexto de país emergente.
Em relação a espaço, o escritório considera que é o instrumento que permite
controlar e provocar situações emotivas na arquitetura.
A plástica é o instrumento que identifica, diferencia e qualifica a arquitetura
mediante as leis de harmonia e proporções que permitem alcançar a condição
da beleza. Ela permite tirar partido das expressões dos materiais, das
situações de luzes e sombras que o clima sugere, da personalidade do
escritório, da valorização do contexto.
A tecnologia sintetiza as possibilidades técnicas do meio para a solução dos
problemas da arquitetura. Ela é o meio para alcançar as situações de emoção
e beleza através da plástica.
O clima, determinante para resolver as condições de habitabilidade e conforto,
define as características de presença da arquitetura no lugar.
A loja Benetti foi concebida em função
da geometria do terreno de esquina e
da existência de uma árvore de
grande porte existente.
O traçado da planta definiu dois
volumes, um triangular e um prisma
com um angulo curvo, integrados por
um vazio definido por um eixo visual
da árvore existente.
A articulação dos volumes permite gerar situações espaciais de grande
interesse, com predomínio na verticalidade do espaço central.
As alternâncias internas de lajes de concreto com mezaninos em metal e
madeira criam situações cambiantes. Recortes nas lajes e nos mezaninos
definem “espaços dentro do espaço”, criando diversidade dentro de uma
estrutura aparentemente homogenia.
Loja Benetti Recife-PE,1998-2000 Vera Pires, Roberto Ghione e Carmen Mayrinck
Corte- Loja Benetti
O Centro comercial Casagrande
é uma solução inédita, que
incorpora a coberta de telhas
com estruturas de madeira que
definem amplos beirais
sombreados a um tipo
arquitetônico não acostumado
com este tipo de materiais. A
estrutura de madeira apóia se
num pórtico de altura dupla em
tijolos, situação que gera uma
escala monumental, imprevista
para um centro comercial
relativamente pequeno. O
resultado é um conjunto que cria
surpresas e chama a atenção
comercial sobriamente através
da arquitetura, independente da
parafernália de recursos
comerciais que poluem a
imagem de empreendimentos
desta natureza.
Planta Baixa Térreo- Loja Benetti
Centro Comercial Casagrande Recife-PE, 2004 Vera Pires e Roberto Ghione
Greenplace é um pequeno centro empresarial localizado na área central de Campina Grande. A fachada, de só sete metros de largura, foi tratada como uma “jóia” dentro do contexto caótico das construções heterogenias do entorno. As salas se organizam em torno de um espaço central de altura dupla, com sistema de ventilação e iluminação zenital.
Plantas Baixas- Centro Comercial Casagrande
Interior - Centro Comercial Casagrande
Corte- Centro Comercial Casagrande
Empresarial Green place Campina Grande-PB,2005 Vera Pires e Roberto Ghione
Corais Flats é um conjunto de doze
apartamentos para férias, localizado de frente
para o mar na praia de Enseada dos Corais. A
repetição de um módulo de dois apartamentos
vinculados por uma escada gera a ordem da
fachada. Uma grande cobertura destinada a
atividades de lazer arremata a composição da
fachada com uma grande área de sombra, onde
se destacam pilares de madeira de altura dupla
que permitem marcar a presença deste edifício
no contexto da praia.
Condomínio Corais Flat Enseada dos Corais-PE, 2006 Vera Pires e Roberto Ghione
Planta Baixa térreo -Condomínio Corais Flat Planta Baixa 1° Pvto - Condomínio Corais Flat
A casa de Marcelo Queiroz é um projeto
de planta centralizada, com um espaço de
altura dupla que integra os ambientes
internos. Esta obra representa uma
evolução das propostas de Arquitetura 4
especialmente com a quebra da simetria.
Dois volumes independentes e diferentes
estruturam a obra. Uma grande coberta
integra e define a imagem da casa. Esta
estratégia permite trabalhar os conceitos
de variedade e unidade, de
homogeneidade e heterogeneidade,
integrando elementos diferenciados em
baixo de uma única coberta unificadora.
A geometria rígida viabiliza a obra com um sistema construtivo simples. A concepção da planta aberta e vazada evita espaços internos confinados e permitem a ventilação constante garantindo o conforto e a sustentabilidade desta obra.
Casa Marcelo Queiroz Muro Alto-PE, 2005
Vera Pires e Roberto Ghione
Planta Baixa Térreo - Casa Marcelo Queiroz
Planta Baixa 1° Pvto - Casa Marcelo Queiroz
A casa de Joanna Figueiredo, com o
mesmo programa, terreno e
localização que a de Marcelo
Queiroz, representa uma alternativa
de planta centralizada com uma
geometria diferente, cujo resultado é
uma volumetria alternativa que
permitiu verificar as possibilidades da
estratégia de trabalhar os conceitos
de variedade e unidade.
Nas casas de Inês e Carlos Vital (ano 1995) e
de Débora Barros (ano 2009) persiste a
utilização de pontes de madeira como
elemento de conexão dos espaços internos,
que integram alturas duplas e evitam
situações de
confinamento.
Casa Joana Figueiredo Muro Alto-PE, 2005Vera Pires e Roberto Ghione
Casa Inês e Carlos Vital Recife-PE, 1995 Vera Pires e Ronaldo Malkevicks
A utilização de pérgulas como
elementos de transição entre
espaços abertos e cobertos
persistem na casa de Hidalgo Acioly
(ano 1987) e no condomínio
Varandas do Atlântico (ano 2005).
A integração entre arquitetura e paisagem
natural e a mutua valorização através de
visuais para pontos de interesse
manifestam se nos projetos para a casa
Amaragy (ano 1995) e para a capela da
Fazenda Massapé (ano 2009).
O escritório produze obras para diferentes programas e requerimentos. Porém, as casas concentram a maior atenção, pois permitem experimentações espaciais e técnicas que verificam se com rapidez. A necessária personalização dos projetos instiga soluções sempre diferenciadas. Segue a continuação uma serie de casas onde é possível verificar princípios de projeto que definem o pensamento de VPRG Arquitetos, cujos aspetos principais podem ser categorizados nos seguintes itens:
Casa Hidalgo Acioly
Varandas do Atlântico
Casa Amaragy
Capela- Fazenda Massapé
- Geometria clara e precisa, que facilita a construção - Espaços internos abertos e integrados, que evitam situações de confinamento - Alturas duplas e escadas que possibilitam uma apreensão dinâmica e variada dos espaços internos - Concepção vazada, que aumenta a sensação de amplitude dos espaços interiores e favorece as ventilações e o conforto - Sistema construtivo tradicional, com tetos inclinados e telha canal - Sombra e ventilação cruzada, como elementos adequados ao clima tropical - Sistema construtivo utilizado como expressão plástica e visual, tanto interna
como externa - Sustentabilidade, com projetos adaptados naturalmente aos requerimentos climáticos.
Casa Kátia e Nelson Hezel
Casa Paulo Marcelo
Renata e Guilherme Lemos
Casa Marcelo Venicius e Dulce 1
Casa Marcelo Venicius e Dulce 2
Casa Patrícia Soares Lemos
Casa Débora Barros
Os projetos de casas para o condomínio 3 Lagoas responde ao encargo de
protótipos adequados a diferentes tipos de terrenos, com diferentes
topografias, para programas diferenciados, com o condicionante de serem
todos com coberta de laje e telha canal a duas águas, situação que facilita o
processo construtivo.
Persistências e aportes
Nesta seção estão descritos alguns princípios universais e transcendentes do ato de projetar e suas adequações ao contexto local. Esses temas, desenvolvidos por Arquitetura 4, persistem na produção de VPRG Arquitetos com continuidades e aportes que são visualizados na comparação de obras dos dois períodos.
Nas casas de Lajinha (ano 1973)
e de Glaucia e Marcos Gusmão
(ano 2008) pode ser observada a
continuidade de princípios
considerados adequados para a
arquitetura no Nordeste, como a
utilização de tetos inclinados com
telha canal, as áreas de sombra
generosas, os elementos
vazados que garantem uma
permanente ventilação cruzada
natural, a tecnologia tradicional e
a plasticidade derivada de uma
Casa Glaucia e Marcos Gusmão Casa Clélia e Marcos Cezar
Projeto Atmosfera 2 Projeto Atmosfera 1
Casa Lajinha - João Lyra
Casa Marcos Gusmão
proposta geométrica clara e precisa.
As casas de Hidalgo Acioly (ano 1987)
e de Clélia e Marcos Cezar (ano
2009), ambas as casas de praia,
possuem similitude na concepção do
espaço centralizado de altura dupla,
transparente, em continuidade com os
espaços exteriores, assim como os
pilares de isentos das fachadas que
outorgam uma idéia de escala
inusitada para este tipo de projetos.
As casas de Eleonora Freitas (ano 1985)
e de Marcelo Venicius (ano 2009) tiram
partido do pátio como elemento
estruturador do projeto. Na casa de
Eleonora Freitas, o pátio qualifica o
espaço social enquanto que na casa de
Marcelo Venicius o pátio constitui um
espaço aberto definido por estruturas em
madeira que aglutina todos os
ambientes internos e externos.
Casa Hidalgo Acioly
Casa Clélia e Marcos Cezar
Casa Eleonora Freitas
Casa Marcelo Venicius
As casas de Hilton Gayoso (ano 1986) e de
Marcelo Queiroz (ano 2005) possuem
plantas centralizadas, com espaços de
altura dupla que integram todos os
ambientes internos, favorecem a ventilação
natural cruzada, criam sensação de
amplitude e integram interior com exterior.
Na primeira predomina uma rigorosa
simetria enquanto que na segunda a
proposta é assimétrica. Nesta, as partes que
compõem a casa são trabalhadas com mais
liberdade atendendo as solicitações
programáticas.
Como resultado da assimetria no
projeto da casa de Marcelo Queiroz
(ano 2005), a expressão plástica
resulta mais rica e movimentada em
relação à estaticidade da casa de
Hilton Gayoso (ano 1986). A
estratégia de projeto consistiu em
construir dois volumes autônomos e
variados e unificar todo com uma
coberta unitária de geometria muito
precisa.
Plantas Baixas- Hilton Gayoso e
Marcelo Queiroz
Casa Marcelo Queiroz
Casa Hilton Gayoso
Nos interiores de ambas as casas predomina a espacialidade de altura dupla,
as pontes de vinculação das áreas internas (que evita corredores e espaços
interiores confinados), a presença das escadas como elementos principais e a
leitura da geometria e do sistema construtivo externo no interior da casa.
Nos interiores das casas de Paulo Gayoso
(ano 1978) e de Renata e Guilherme Lemos
(ano 2005) verificam se o tratamento
escultórico dos interiores, tirando partido dos
desníveis e da articulação dos espaços.
Nas casas de Neves Caetano (ano 1991) e de
Moraes (ano 1999) verificam se a expressão plástica
das estruturas em madeira como elementos que
definem as fachadas e evidenciam o sistema
construtivo.
Casa Hilton Gayoso Casa Marcelo Queiroz
Casa Paulo Gayoso Casa Renata e Guilherme Lemos
Casa Moraes Casa Neves Caetano
Na casa de Neves Caetano (ano 1991) e no
Laboratório Diagnose (ano 2002) os pátios
internos qualificam os ambientes interiores,
favorecem as condições de iluminação e
estimulam as ventilações.
Nas casas de Múcio e Elizabeth Sátiro (ano
1984) e de Marcelo Barbalho (ano 1998) as
integrações de espaços abertos interiores em
alturas duplas evitam situações de confinamento
e criam sensação de amplitude.
A integração de áreas internas definindo
situações de surpresas e de fluidez espacial
estão presentes na casa de Múcio e Elizabeth
Sátiro (ano 1984) e de Paulo Marcelo de
Carvalho (ano 2005).
Laboratório Diagnose
Casa Marcelo
Barbalho
Casa Múcio e
Elizabeth Sátiro
Casa Múcio Sátiro
Nas casas de Eliseo Nunes (ano 1980) e de Renata e Guilherme Lemos (ano 2005) a plástica derivada da geometria do telhado integra um amplo alpendre perimetral com a altura dupla que integra os espaços interiores.
Nas casas de Hidalgo Acioly (1987) e de Paulo Marcelo de Carvalho (2005) as escadas tornam se protagonistas do espaço e as pontes integram térreo e primeiro pavimentos gerando situações de fluidez e dinâmica interior.
Na casa Severino Oliveira (ano 1974) assim como no conjunto Morada do Atlântico (ano 2002) predomina o trabalho volumétrico, que contrasta as massas definidas por muros e empenas com os telhados que emergem definido áreas de sombras.
Casa Eliseo Nunes
Casa Renata e Guilherme Lemos
Casa Hidalgo Acioly Casa Paulo Marcelo
Casa Severino Oliveira
Morada do Atlântico
Na casa de Waldeck Felinto
(ano 1984) e na Fazenda
Massapé (ano 2006)
predominam a horizontalidade
definida pelos telhados e áreas
de sombra assim como a
integração entre arquitetura e
paisagem.
Nas casas Bernadete e Jaime da Fonte (ano 1974) e
Joana Figueiredo (ano 2005) destacam se as
volumetrias definidas e os contrastes entre luzes e
sombras que enriquecem o tratamento plástico da
arquitetura.
Nos conjuntos Enseada dos Corais (ano 1989)
e Corais Flats (ano 2006) destacam se as
ordens duplas dos pilares, de alvenaria num
caso, de madeira no outro, que melhoram a
relação de escala destes edifícios com o
contexto da praia.
Casa Waldeck Fellinto
Fazenda Massapé
Casa Berdanete e Jaime da Fonte Casa Joana Figueiredo
Condomínio Enseada dos Corais Condomínio Corais Flats
Nas casas de Iamina e Roberto Braga (ano
1988) e de Kátia e Nelson Hezel (ano 2005)
destacam se os contrapontos entre a
horizontalidade da composição e a
verticalidade de alguns elementos, como as
caixas de água.
Na casa Amaragy (ano 1995) e na
Fazenda Massapé (ano 2006) destacam
se os espaços cobertos e abertos, que
definem áreas de sombra e articulam
exterior e interior criando sensações de
amplitude e seqüências espaciais.
Nas casas de Jaime da Fonte (ano
1974), de Paulo Marcelo de Carvalho
(ano 2005) e de Glaucia e Marcos
Gusmão (ano 2009) persiste a
utilização de espaços de dupla altura,
com ambientes integrados e sem
situações de confinamento
Casa Iamina e Roberto Braga Casa Kátia e Nelson Hezel
Casa Amagary
Fazenda Massapé
Casa Paulo Marcelo
No conjunto Enseada dos Corais (ano 1989) e
na casa de Clélia e Marcos Cezar (ano 2009)
destaca se a utilização do cobogó, elemento
da arquitetura popular que favorece as
ventilações.
As casas de Hidalgo Acioly (ano
1987) e de Paulo Marcelo de
Carvalho (ano 2005) possuem
terraços articulados com os
espaços internos, com áreas em
altura dupla. Na primeira
predomina a simetria e na segunda
Casa Jaime da Fonte
Conjunto Enseada dos Corais
Casa Clélia e Marcos Cézar
Casa Hidalgo Acioly Casa Paulo Marcelo de Carvalho
Casa Glaucia e Marcos Gusmão
a integração de elementos diferenciados em baixo de um telhado unificador.
A ordem de altura dupla com pilares
independentes da fachada, assim como
os elementos que marcam a transição
entre os espaços cobertos e abertos estão
presentes no condomínio Enseada dos
Corais (ano 1989) e na casa de Clélia e
Marcos Cezar (ano 2009).
Nas casas de Hidalgo Acioly (ano 1987) e de
Clélia e Marcos Cezar (ano 2009) persistem as
transparências que integram interior e exterior
através de espaços de altura dupla.
Na casa de Marcolino Lincoln (ano 1994) e na
loja Benetti (ano 1999) persiste a espacialidade
de acentuada verticalidade que integram os
ambientes interiores.
Condomínio Enseada dos Corais Casa Clélia e Marcos Cezar
Casa Hidalgo Acioly Casa Clélia e Marcos Cezar
Loja Benetti
Casa Marcolino
Lincoln