Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
ELOETH KALISKA PIVA
“A ASSISTÊNCIA HUMANIZADA AO RECÉM-NASCIDO EM UMA UNIDADE DE
TERAPIA INTENSIVA NEONATAL”
CASCAVEL2005
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
ELOETH KALISKA PIVA
“A ASSISTÊNCIA HUMANIZADA AO RECÉM-NASCIDO EM UMA UNIDADE DE
TERAPIA INTENSIVA NEONATAL”
Trabalho apresentado para a conclusão do curso de Fisioterapia, do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – campus de Cascavel.Orientadora: Profª. Cláudia Rejane Lima de Macedo.Co-orientadora: Profª. Erica Fernanda Osaku
CASCAVEL2005
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TERMO DE APROVAÇÃO
ELOETH KALISKA PIVA
“A ASSISTÊNCIA HUMANIZADA AO RECÉM-NASCIDO EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL”
Trabalho de Conclusão do Curso apresentado à Banca Avaliadora como requisito parcial para obtenção do título de graduado em Fisioterapia, na Universidade Estadual do Oeste do Paraná.
......................................................................................Orientadora Profª Cláudia Rejane Lima de Macedo
Colegiado Fisioterapia - UNIOESTE
..............................................................................Co-Orientadora Profª Erica Fernanda Osaku
Colegiado Fisioterapia – UNIOESTE
..................................................................Alessandra Crystian Engles dos Reis
Enfermeira
Cascavel, 21 de novembro de 2005.
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Ao meu amor Jean...
Que dividiu comigo todos os dias dessa conquista.
A minha família...
Que sempre compartilhou dos meus ideais.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço...
... a Deus por me acompanhar e me guiar por todos os caminhos.
... em especial ao meu amor Jean pelos momentos de alegria, compreensão, e pelo amor
verdadeiro que foi tão decisivo durante minha graduação.
... aos meus pais Eloi e Salete pelo incentivo e por nunca me deixarem desistir diante dos
obstáculos.
... aos meus irmãos Graziele, Luana e João Pedro que sempre me apoiaram como verdadeiros
amigos e companheiros em todas as circunstâncias.
... aos meus amigos Mirian, Carine, Ronny, Juliana Marques, Cláudia e Flávio, entre outros pelos
momentos divertidos que passamos e as dificuldades que enfrentamos.
... a minha orientadora Cláudia e co-orientadora Erica, coordenadoras do projeto, pela disposição
e pelo tempo despendido para a realização deste trabalho.
... a equipe de enfermagem da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Hospital Policlínica
Cascavel por ter permitido a realização e colaborado com este trabalho.
... a enfermeira Alessandra por seu profissionalismo, interesse e dedicação com este trabalho e
com a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Hospital Policlínica Cascavel.
... ao Prof. Carlos que me mostrou uma maneira de ver a Fisioterapia muito interessante e pela
ajuda com os dados desse trabalho.
... e a todos que de maneira direta ou indireta contribuíram para a realização e conclusão do
trabalho.
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...“Quando olho uma criança ela me inspira
dois sentimentos, ternura pelo que é, e respeito
pelo que possa ser”...
Jean Piaget
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RESUMO
O desenvolvimento de tecnologias modernizando o atendimento intensivo direcionou a assistência para o lado técnico deixando-a menos humana. A humanização da UTIN busca resgatar a atenção e a individualidade nos cuidados. O objetivo deste trabalho foi analisar o conhecimento da equipe de enfermagem da unidade de terapia intensiva neonatal do Hospital Policlínica Cascavel a respeito da humanização. A metodologia adotada é do tipo exploratória descritiva e utiliza para a coleta dos dados um questionário quantiqualitativo sobre os aspectos da humanização inserida no ambiente neonatal, e através da observação estruturada por um instrumento de observação utilizado após as palestras. A análise do questionário quantiqualitativo revelou que a equipe de enfermagem apresenta bom conhecimento dos aspectos da humanização na UTIN, porém há falhas da equipe em alguns aspectos como não entender por humanização o estado físico e psicológico do profissional, e em aspectos como somente 33,33 % dos profissionais utilizarem luvas para o contato com resíduos orgânicos, 66,66% deles ao falar com o neonato se referem a ele como bebê, e 73,33 % não realizam a mudança de decúbito. As palestras buscaram enfatizar e aprimorar o conhecimento da equipe, e depois delas serem realizadas aplicou-se o instrumento de observação o qual levantou como situações menos humanizadas as emergências, a dependência do número de recém-nascidos internados para humanizar, e a substituição de algum profissional do grupo. Conclui-se então que a equipe apresenta bom conhecimento a respeito da humanização o qual foi enfatizado e aprimorado pelas palestras, mas existem situações como as emergências, os períodos onde aumentam o número de neonatos internados os quais influenciam negativamente na assistência humanizada.
Palavras-chaves: Humanizar, Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, Recém-nascido.
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ABSTRACT
The development of technologies modernizing the intensive attendance directed the assistance for the side technician leaving it little human being. The humanize of the UTIN search to rescue the attention and the individuality in the cares. The objective of this work was to analyze the knowledge of the team of nursing of the unit of neonatal intensive therapy of the Hospital Polyclinic Rattlesnake regarding the humanize. The adopted methodology is of the descriptive exploratory type and uses for the collection of the data a quantiqualitativo questionnaire on the aspects of the inserted humanize in the neonatal environment, and through the comment structuralized for an instrument of comment used after the lectures. The analysis of the quantiqualitativo questionnaire disclosed that the nursing team presents good knowledge of the aspects of the humanize in the UTIN, however has imperfections of the team in some aspects as not to understand for humanize the physical and psychological state of the professional, and in aspects as 33,33 % of the professionals only to use gloves for the contact with organic residues, 66,66% of them to speech with the just-born if relate it as baby, and 73,33 % do not carry through the change of decubitus. The lectures had searched to emphasize and to improve the knowledge of the team, and after them being carried through the comment instrument was applied which raised as less humanize situations the emergencies, the just-been born dependence of the number of interned to humanize, and the substitution of some professional of the group. It concludes then that the team presents good knowledge regarding the humanize which was emphasized and improved for the lectures, but exists situations as the emergencies, the periods where they increase the number of interned just-born which influence negative in the humanize assistance.
Key words: Humanize, Unit of Intensive Therapy Neonatal, Just-born.
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SUMÁRIO
RESUMO ......................................................................................................................................... 7 ABSTRACT .................................................................................................................................... 8 SUMÁRIO ....................................................................................................................................... 9 LISTA DE ILUSTRAÇÕES ........................................................................................................ 10 LISTA DE TABELAS E QUADROS ......................................................................................... 11 LISTA DE GRÁFICOS ............................................................................................................... 12 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ................................................................................. 13 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 14 1.1 Justificativa ............................................................................................................................. 16 1.2 Objetivos ................................................................................................................................. 17 1.2.1 Geral ...................................................................................................................................... 17 1.2.2 Específicos ............................................................................................................................. 17 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................................... 18 2.1 A História Da UTI Neonatal .................................................................................................. 18 2.2 Os Princípios E Fundamentos Da Humanização ................................................................ 21 2.3 A Humanização Inserida No Ambiente Da UTI Neonatal .................................................. 24 2.3.1 O Ambiente Neonatal E A Influência Sobre O Neonato ....................................................... 25 2.3.1.1 Os Aspectos Sensoriais Do Ambiente Da UTI Neonatal ................................................... 29 2.3.1.1.1 A Sonoridade Do Ambiente ............................................................................................ 30 2.3.1.1.2 A Luminosidade Do Ambiente ........................................................................................ 33 2.3.1.2 Os Aspectos Físicos E A Organização Do Ambiente Da UTI Neonatal ............................ 35 2.3.1.3 O Manuseio E A Higiene Na Assistência Prestada Ao Neonato ....................................... 39 2.3.1.4 Atenção Nos Procedimentos Com O Recém-nascido ........................................................ 41 2.3.1.5 O Posicionamento Do Recém-nascido ............................................................................... 43 2.3.1.6 A Comunicação Através Do Toque Com O Recém-nascido .............................................. 50 2.3.2 A Família Do Recém-nascido Na UTI Neonatal ................................................................... 54 2.3.2.1 O Vínculo Afetivo Dos Pais Com Os Recém-nascidos ...................................................... 56 2.3.2.2 A Relação Entre A Equipe De Enfermagem E Os Familiares Do Neonato ....................... 57 2.3.3 A Humanização E A Equipe Multidisciplinar ....................................................................... 59 2.3.3.1 A Influência Do Estresse Sobre A Equipe Multidisciplinar ............................................... 61 3. METODOLOGIA ..................................................................................................................... 64 3.1 Caracterização Dos Materiais E Métodos ............................................................................ 64 3.2 Critérios De Inclusão .............................................................................................................. 66 3.3 Critérios De Exclusão ............................................................................................................. 67 3.4 Análise Dos Dados .................................................................................................................. 67 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................ 68 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 91 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................... 93 ANEXO 1 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ...................... 101 APÊNDICE 1 – QUESTIONÁRIO QUANTIQUALITATIVO ............................................. 103 APÊNDICE 2 – INSTRUMENTO DE OBSERVAÇÃO ........................................................ 108 INSTRUMENTO DE OBSERVAÇÃO .................................................................................... 110
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
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LISTA DE TABELAS E QUADROS
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LISTA DE GRÁFICOS
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
cm – centímetro
dB – decibéis
FC – Freqüência cardíaca
FR – Freqüência respiratória
g – grama
Hz - Hertz
mmHg – milímetros de mercúrio
O2 - Oxigênio
p – Página
PNHAH – Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar
RN – Recém-nascido
RNs – Recém-nascidos
SNC – Sistema Nervoso Central
SUS – Sistema Único de Saúde
UTI – Unidade de Terapia Intensiva
UTIs – Unidades de Terapia Intensiva
UTIN – Unidade de Terapia Intensiva Neonatal
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1. INTRODUÇÃO
Os princípios da sofisticada assistência neonatal surgiram na década de 1890 em Paris
com o obstetra francês Pierre Budin, o qual foi o responsável pela interação entre temperatura,
incubadora, mortalidade, controle das infecções, e a relação entre o recém-nascido e sua mãe
(LEONE e TRONCHIN, 2001).
Desde então o desenvolvimento de tecnologias, unidades de terapia intensiva cada vez
mais avançadas e modernas, e com o aumento da disponibilidade de equipamentos invasivos e
não invasivos o ambiente da UTI passou a ser mais mecanicista e menos humano. A implantação
de modernas unidades de terapia intensiva neonatal repercutiu na redução da mortalidade
especialmente dos recém-nascidos prematuros, mas estas unidades especializadas podem estar
contribuindo para o surgimento de iatrogenias no processo de crescimento e desenvolvimento
destas crianças (SCOCHI, RIUL, GARCIA et. al., 2001).
A atenção dos pesquisadores e profissionais neonatais nos últimos anos está direcionada
para o desenvolvimento das crianças que passaram pela unidade de terapia intensiva neonatal,
com maior destaque aos prematuros extremos, e o que vem gerando essa atenção é o impacto do
ambiente e dos cuidados intensivos sobre o processo do desenvolvimento dos neonatos (TAMEZ
e SILVA, 2002).
O ambiente neonatal em geral é caracterizado por luminosidade intensa e barulhos
desagradáveis produzidos por equipamentos, vozes, telefones, alarmes e fechamento das portas
da incubadora. Essas características associadas aos procedimentos de assistência e a separação do
binômio mãe-filho propiciam ao recém-nascido uma situação estressante, considerando-se que o
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ambiente uterino antes lhe fornecia aconchego e proteção, e o ambiente da Unidade de Terapia
Intensiva exige constante adaptação.
O estresse gerado na UTIN atinge também a equipe multidisciplinar que ali atua, sendo
que os profissionais da equipe de enfermagem são os mais afetados pelo estresse e ansiedade que
se originam em virtude da gravidade dos pacientes, da sobrecarga de atividades e do contato
direto e freqüente com situações de risco (MAGALHÃES, GUANAES, CELLI et. al., 2004).
Em vista das características do ambiente neonatal e sua influência no desenvolvimento
dos recém-nascidos é que se verifica a importância de humanizar o ambiente da unidade de
terapia intensiva neonatal. Segundo Knobel (2002) humanizar a UTIN significa respeitar e cuidar
do neonato de forma individualizada e como um todo, desde suas necessidades, como as
necessidades da sua família, e da interação da equipe como um grupo, sendo que pequenas
atitudes podem indicar um processo de humanização pela equipe, como por exemplo chamar o
paciente pelo nome; utilizar tom de voz calmo, realizar os procedimentos de maneira atenciosa,
buscar boa relação de atenção e dedicação aos familiares, realizar reuniões como forma de
aperfeiçoar a assistência e trocar conhecimentos entre os profissionais dividindo as ansiedades e
o estresse gerado.
A assistência humanizada centrada na criança e na família depende muito da motivação
do profissional inserido no ambiente da unidade de terapia intensiva. Pois a humanização não é
apenas uma questão de mudanças nas instalações físicas, mas sim mudanças de comportamento e
atitudes frente ao paciente e seus familiares, sendo que os profissionais responsáveis pela
assistência direta ou indireta do neonato são os grandes responsáveis pela humanização do
ambiente (MAGALHÃES, GUANAES, CELLI et. al., 2004).
O estudo tem por objetivo analisar o conhecimento da equipe de enfermagem da unidade
de terapia intensiva neonatal do Hospital Policlínica Cascavel a respeito da humanização.
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1.1 Justificativa
Os recém-nascidos hospitalizados na unidade de terapia intensiva neonatal não dispõem
muitas vezes de condições humanizadas na assistência prestada pela equipe de enfermagem e
pelos demais profissionais da equipe multidisciplinar, isto devido à visão mecanicista que deixou
de lado o profissional humano.
Os profissionais na unidade de terapia intensiva valorizam mais a prática tecnicista, os
equipamentos sofisticados, do que a relação humana com o paciente, a qual se torna fria,
fragmentada, simplificada e, às vezes, distante. Assim a relação com o paciente se estabelece
centrada no saber científico e no comprimento das normas e rotinas o que normalmente propicia
o distanciamento entre a equipe e o paciente, bem como com a sua família (NASCIMENTO e
MARTINS, 2003).
A importância da humanização no ambiente da unidade de terapia intensiva neonatal se
fundamenta no conceito da integridade do ser de maneira que o recém-nascido possa ser acolhido
em todos os aspectos e não somente pela sua patologia, recebendo assim uma assistência digna e
humana resultante da sensibilização comportamental dos segmentos envolvidos e não de uma
imposição de direitos e deveres (MAGALHÃES, GUANAES, CELLI et. al., 2004).
A humanização da unidade de terapia intensiva neonatal revela-se pelo envolvimento de
toda a equipe multidisciplinar que trabalha nesse ambiente, pois ela é inserida e nutrida pela
integração dos profissionais na busca por melhor atendimento dos neonatos e por um melhor
ambiente de trabalho para todos.
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1.2 Objetivos
1.2.1 Geral
O objetivo deste estudo foi analisar o conhecimento da equipe de enfermagem da unidade
de terapia intensiva neonatal do Hospital Policlínica Cascavel a respeito da humanização.
1.2.2 Específicos
•Enfatizar e aprimorar o conhecimento da equipe de enfermagem sobre a humanização
inserida na assistência ao neonato, através de palestras realizadas no ambiente de trabalho.
•Demonstrar a importância da fisioterapia na UTI neonatal, através das palestras ministradas
no ambiente neonatal, a fim de evidenciar que a humanização depende da integração dos
profissionais que compõem a equipe multidisciplinar.
•Observar a aplicação da assistência humanizada pela equipe de enfermagem aos neonatos.
•Verificar as situações e condições em que os aspectos relacionados à humanização,
acontecem e não acontecem na unidade de terapia intensiva neonatal.
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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 A História Da UTI Neonatal
A neonatologia teve inicio com a integração dos ideais do médico obstetra Dr. Pierre
Budin e do médico pediatra Dr. Julius Hess, que observaram a necessidade de propiciar maior
atenção às crianças recém-nascidas e assim estar lhes oferecendo maiores cuidados. Em meados
do século XIX, as crianças não tinham tanta importância para os médicos, assim não existiam
instituições que se dedicassem aos seus cuidados, e as taxas de mortalidade infantil eram elevadas
principalmente entre os recém-nascidos prematuros (RODRIGUES e OLIVEIRA, 2004).
Segundo Harrison e Kositsky (1983)1 a criação da assistência neonatal teve início na
França e estendeu-se para os Estados Unidos na década de 20. No final do século XIX, o Dr.
Tarnier, de Paris desenhou uma incubadora para os lactantes prematuros e criou a ciência da
neonatologia com o auxilio de Pierre Budin, com o intuito de estudar as necessidades e
problemas específicos dos lactantes prematuros. Martin Couney, aluno do Dr. Tarnier, apresentou
lactantes prematuros em suas incubadoras em feiras de toda a Europa e dos Estados Unidos
durante quase 30 anos, como um modo de ganhar dinheiro, para ser usado no tratamento de
lactantes e remunerar as equipes. Embora seus esforços tenham salvado a vida de muitos
lactantes, semeou algumas inimizades com a exposição e então optou por fixá-la em Couney
Island, New York. Apesar das inimizades oriundas pela exposição realizada de tal forma as
alternativas de Martin Couney para manter a vida dos lactantes prematuros tornaram-se populares 1 HARRISON, H., & KOSITSKY, A. The premature baby book. New York: St. Martin’s Press, 1983.
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e promoveram a criação de berçários para prematuros em hospitais por todo os Estados Unidos
(HARRISON e KOSITSKY,1983 apud RATLIFFE, 2002).
Os variados centros que se estabeleceram por todo os Estados Unidos foram sendo
formados por pessoas que visitaram o Dr. Hess e a Miss Evelyn Ludeen, enfermeira que
trabalhava com o Dr. Hess, para adquirirem aprendizagem. Os centros faziam uso dos princípios
do obstetra Budin e do pediatra Hess promovendo aos recém-nascidos prematuros a assistência
adequada prestada por enfermeiras com treinamento (AVERY, 1984).
Os avanços médicos e tecnológicos da época propiciaram grandes mudanças no cuidado
neonatal durante e após o parto, e os pediatras assumiram um grande papel no tratamento
neonatal. Na primeira década do século XX, os pediatras contribuíam para a medicina neonatal
com estudos sobre a alimentação e a prematuridade , e as curvas de crescimento eram utilizadas
para estabelecer as demandas de energia (RODRIGUES e OLIVEIRA, 2004).
Os berçários foram se desenvolvendo conforme surgiram novas informações. O principal
cuidado no inicio era o controle da temperatura dos recém-nascidos prematuros através das
incubadoras. Mas nos anos 40 surgiram novas técnicas terapêuticas como a utilização de
antibióticos e do oxigênio, as quais foram adaptadas principalmente em relação à concentração
para evitar a ocorrência dos efeitos colaterais graves que poderiam ser causados como lesões
oculares e auditivas (RATLIFFE, 2002).
Os avanços científicos na neonatologia buscaram reduzir os níveis de mortalidade entre
os recém-nascidos, a infecção hospitalar presente nas maternidades foi controlada através do
isolamento estrito do recém-nascido, mas isto ocasionou a separação entre mãe e filho, afetando
de maneira direta o vínculo entre eles e o aleitamento (RODRIGUES e OLIVEIRA, 2004).
Desde 1907 no primeiro texto escrito pelo obstetra Budin já demonstrava a preocupação
com o vínculo mãe-filho, sendo que ele recomendou que as mães deviam ser encorajadas a
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amamentar seus filhos para aumentar a produção do leite, promoveu o uso de incubadoras com
paredes de vidro para a visualização do recém-nascido por sua mãe, e permitiu que as mães
visitassem e cuidassem de seus filhos. Mas com a criação dos centros hospitalares para atender
aos prematuros obteve-se a separação dos neonatos de suas mães (KLAUS e KENNELL, 1993).
A intervenção precoce sempre foi muito questionada pelos psicólogos e pelos
neonatologistas. Um por estar preocupado com o desenvolvimento psicomotor do lactante e o
outro por estar lutando pela sobrevivência imediata do recém-nascido. Então em alguns centros
regionais de atendimento ao recém-nascido a separação da mãe e do filho foi sendo diminuída
pela instituição de centros de cuidados intermediários ao recém-nascido (AVERY, 1984).
O agrupamento dos neonatos com patologias graves em unidades especiais para um
tratamento mais efetivo denominado maternidades para tratamentos especiais, e por conseguinte
de unidade de tratamento intensivo para os recém nascidos, somente foi implantada na década de
70 pelos pediatras, cirurgiões e anestesiologistas infantis (RODRIGUES e OLIVEIRA, 2004).
Na década de 80 foram observados grandes progressos em direção a melhora da taxa de
sobrevida e na qualidade dos sobreviventes das unidades de atendimento intensivo, pois se
revelou que as técnicas modernas que abrangiam a administração de fluídos e monitoramento
correto do oxigênio, temperatura ideal do ambiente, freqüência respiratória e cardíaca,
empregadas no tratamento do prematuro proporcionavam a ele uma chance levemente maior do
que a do a termo de vir a apresentar deficiências (KLAUS e KENNELL, 1993).
2.2 Os Princípios E Fundamentos Da Humanização
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A área da saúde vem sofrendo limitações em suas práticas para responder de maneira
afetiva e atenciosa com a saúde dos indivíduos, das populações. Isso se revela um contraste em
relação ao desenvolvimento tecnológico e aperfeiçoamento das técnicas cada vez mais evidente e
ao mesmo tempo uma preocupação com propostas de mudanças.
Os movimentos de reformas sanitárias, as Conferências de Saúde e os grupos militantes
ligados a ações pelo desenvolvimento da consciência cidadã, os quais atuaram a partir da década
de 80 foram responsáveis pela origem do movimento do processo de humanização. Esse processo
foi institucionalizado com a constituição de 1988 e com a estruturação do SUS. Assim a idéia de
humanização passou a ser compreendida como a valorização dos diferentes sujeitos envolvidos
na produção da saúde (REIS, MARAZINA, GALLO, 2004).
Na área hospitalar e no setor da UTI a concentração de tecnologia e valorização da ciência
se intensificou, e isso levou ao detrimento do homem e seus valores humanos. Em 1995 os
intensivistas André Guanaes e Paulo Jesuíno inauguraram a Unidade de Cuidados Intensivos do
Hospital Santo Amaro, na Bahia, inspirada no humanismo estabelecendo-se como um marco para
a humanização da medicina intensiva no Brasil (MAGALHÃES, GUANAES, CELLI et. al.,
2004).
Em maio de 2000, o Ministério de Saúde regulamentou o Programa Nacional de
Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH), e a pauta da 11ª Conferência Nacional de
Saúde teve incluso a humanização em dezembro de 2000. O programa nos dias de hoje foi
substituído por uma política de assistência intitulada por Humaniza Sus (DESLANDES, 2004).
O rápido crescimento de Unidades de Cuidados Intensivos na década de 60 trouxe o
progresso tecnológico que disponibilizou equipamentos invasivos e não invasivos para medir,
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monitorar, e regular os sistemas orgânicos. O que tornou os cuidados intensivos mais aversivos,
solitários e desumanizantes (TABET e CASTRO, [s.d.]).
O desenvolvimento das Unidades de Terapia Intensiva tem sido observado no aspecto
arquitetônico, no aspecto tecnológico, e na constante busca pela humanização em que se revela
no conforto físico e psicológico. A humanização deve estar presente nas equipes de terapia
intensiva como um indicador de qualidade de serviços (KNOBEL, 1998).
“Humanizar é fazer boas ações, demonstrar ternura e respeito, sentir o outro. É ver o outro
como um ser humano, um ser total - corpo, mente, emoção e espírito” (NASCIMENTO e
MARTINS, 2003: p. 16).
A palavra humanização foi determinada para definir esse processo de mudanças pela
ênfase ao humano, e renasceu para valorizar o gênero humano. Esse processo envolve todos os
membros da equipe fazendo com que as responsabilidades da equipe se estendam além das
intervenções tecnológicas e cientificas no paciente (MAGALHÃES, GUANAES, CELLI et. al.,
2004).
O termo humanização revela uma ampla variedade de iniciativas responsáveis por definir
a forma de assistência empregada que evidencia a qualidade do cuidado técnico, mas também
reconhecendo os direitos dos pacientes, de sua subjetividade e cultura, além do reconhecimento e
valorização do profissional e a comunicação entre as equipes (DESLANDES, 2004).
Humanizar não depende de uma técnica, de uma fórmula, é um processo ligado à
experiência e prática que interliga todas as atividades das pessoas que trabalham, promovendo o
tratamento de maneira mais humano dentro das circunstâncias peculiares encontradas no meio
hospitalar (FRONZA, CARVALHO, FLORES et. al., 1999).
A humanização se revela a condução ao crescimento, autonomia, e desenvolvimento dos
indivíduos, dos grupos, dos povos e das nações. Pois estabelece maneiras de criatividade,
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reciprocidade entre os homens em condição individual e em grupo, com relação aos direitos e
deveres favorecendo o bem estar humano (BARBOSA e RODRIGUES, 2004).
A proposta da política nacional a respeito da humanização quer modificar o modelo de
assistência hospitalar tornando-o centrado na comunicação e no diálogo entre os pacientes e
usuários, profissionais e gestores, proporcionando mudanças na cultura de atendimento e
levando-se em consideração a necessidade de aperfeiçoar a qualidade dos serviços prestados. A
humanização é a forma de se oferecer atendimento de qualidade, inter-relacionando os avanços
tecnológicos com o bom relacionamento (DESLANDES, 2004).
Não se questiona a importância da tecnologia servindo a favor da vida humana, com a
observação constante e intensiva, o que se tem questionado e julgado é com relação até que ponto
essa evolução tecnológica promove o crescimento e a harmonia, já que quando questionados os
próprios profissionais da área da saúde não desejam uma UTI para si ou para entes queridos
preferindo morrer dormindo e quando muito doentes (CINTRA, NISHID, NUNES, 2003).
O resgate da humanização nos centros de terapia intensiva implica na atenção a três itens
de grande importância que são o cuidado disponibilizado ao paciente e seus familiares que se
encontram em situação de fragilidade e desconsideração, a atenção ao profissional da saúde que
atua na equipe confrontada diariamente com sofrimento, e as peculiaridades do ambiente físico
nocivo (KNOBEL, 1998).
As iniciativas de humanização procuram intensificar o desenvolvimento de uma nova
cultura que fortaleça a política de respeito e valorização humana. Humanizar o ambiente
hospitalar é fortalecer o comportamento ético, o cuidado técnico-científico interado com o
cuidado que incorpora o acolhimento diferente baseado na singularidade. É adotar uma maneira
em que profissionais e usuários considerem o conjunto dos aspectos físicos, subjetivos e sociais e
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possam alcançar benefícios mútuos para a saúde dos usuários, dos profissionais e da comunidade
(PENIDO, GORETTI, BAMBIRRA et. al., 2004).
2.3 A Humanização Inserida No Ambiente Da UTI Neonatal
Os recém-nascidos que necessitavam de cuidados especiais como os prematuros passaram
a receber um tratamento intensivo com o surgimento das Unidades de Terapia Intensiva
Neonatal, e assim os avanços na assistência neonatal foram baseados em pesquisas que levaram
ao desenvolvimento e aplicação nos centros neonatais de sistemas de suporte de vida, monitores,
equipamentos, técnicas, e os mais variados exames para diagnóstico (OSKI, DEANGELIS,
WARSHAW, 1992).
O inicio do processo de humanização teve fundamentação na necessidade de modificar a
atenção destinada aos pais do recém-nascido. Nos paises europeus no século XIX, adotou-se nos
berçários o alojamento conjunto dos pais e seus filhos internados, sendo que isso só foi
implantado no Brasil nos anos 70. Os recém-nascidos a termo passaram a ter então a companhia
de suas mães durante o período de internamento (SAGRE, ARMELLINI, MARINO, 1995).
O próprio ambiente por abranger aparelhagens sofisticadas, tornou o clima impessoal,
diminuindo as oportunidades para a interação humana. O atendimento humanizado depende
muito de um clima confortável no ambiente, pois ele influencia no tipo de assistência prestada
aos pacientes pelos profissionais (EINLOFT, ZEN, FUHRMEISTER et. al., 1996).
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2.3.1 O Ambiente Neonatal E A Influência Sobre O Neonato
A mortalidade infantil principalmente dos recém-nascidos prematuros diminuiu nas
últimas décadas devido ao avanço tecnológico na neonatologia. Esse avanço acarretou mudanças
no ambiente da UTI neonatal propiciando aos recém-nascidos um espaço bem diferente do meio
intra-uterino. No útero materno o neonato encontra um ambiente que predispõem o crescimento e
desenvolvimento, permitindo repouso e sono profundo o que promove o crescimento e a
maturação cerebral adequada, já no ambiente extra-uterino encontrado numa UTIN se depara
com iluminação constante e intensa, barulho, interrupção dos períodos de sono pelos
procedimentos e atividades o que proporciona prejuízo no desenvolvimento neuromotor
(TAMEZ e SILVA, 2002).
O ambiente da UTI é diferente dos outros setores de internação de um hospital. Ele possui
algumas características próprias como tubos, drenos, fios, luzes, aparelhos, alarmes e outros, e a
convivência diária dos profissionais e dos pacientes internados com situações de risco, a
necessidade do conhecimento técnico-científico e dos equipamentos para garantir o tratamento
das patologias, a ansiedade presente entre a equipe de profissionais, os familiares e o paciente
(NASCIMENTO e MARTINS, 2003).
Segundo Vila e Rossi (2002) as unidades de terapia intensiva oferecem um dos ambientes
mais agressivos, tensos e traumatizantes do hospital. Os fatores que revelam esse ambiente
agressivo não atingem apenas os pacientes, mas também a equipe multiprofissional e os
familiares do paciente internado.
A intervenção na busca da sobrevivência do recém-nascido tornou os cuidados e a atenção
dos profissionais direcionada as técnicas, rotinas e procedimentos que devem ser realizados. O
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que fica a margem é a consideração de que o profissional não está apenas cuidando do corpo do
RN e sim também do cérebro em desenvolvimento. O SNC dos recém-nascidos a termo se adapta
melhor ao ambiente extra-uterino, no entanto os prematuros são mais vulneráveis as influências
nocivas do ambiente (TAMEZ e SILVA, 2002).
O prematuro no ambiente intra-uterino está completamente adaptado para as
características deste que são a falta de luminosidade, contensão física em meio a líquido e a
estimulação vestibular provocada pelos movimentos maternos. Ao nascer encontram no novo
ambiente excesso de luminosidade, ruídos, movimentos constantes, e interrupções dos seus ciclos
de sono (SCOCHI, RIUL, GARCIA et. al., 2001).
A UTIN é um ambiente superestimulante e compromete o processo de desenvolvimento
devido aos receptores sensoriais dos recém-nascidos serem sensíveis ao ambiente. O recém-
nascido prematuro apresenta o cérebro imaturo para processar e registrar as informações
sensoriais, o que o torna sensitivo e incapaz de selecionar as informações recebidas pela falta de
controles inibitórios (RODARTE, SCOCHI, LEITE et. al., 2005).
A observação do comportamento do neonato auxilia em perceber a forma do seu ambiente
e a capacidade que ele possui em reagir aos estímulos que o afetam, e na forma da relação que os
outros estabelecem com ele. Observar o comportamento pode ser fundamental para perceber
alterações geradas pelo estresse vivenciado no ambiente tão estimulante (WONG, 1999).
Os RNs têm intensa interação com as pessoas que os cercam mesmo quando nascem
prematuramente, assim os familiares influenciam o comportamento do bebê e este influencia o
comportamento dos membros familiares e das pessoas que cuidam deles. As pessoas ansiosas,
inseguras e irritadas podem estressar os neonatos provocando um comportamento agitado e
choroso (FONTES, 2002).
O ambiente da UTIN é prejudicial à integração e a estabilização das funções motoras e
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comportamentais, mas tanto o ambiente físico quanto os cuidados com a assistência podem
favorecer a estabilidade em relação à postura e o comportamento desde que sejam interpretados
os sinais evidenciados pelo recém-nascido, que vão desde comportamentos positivos como a
coloração da pele rosada, a respiração tranqüila até comportamentos negativos como choro,
desvio do olhar, entre outros (BURNS e MACDONALD, 1999).
Os recém-nascidos têm dificuldades para lidar com o estresse, o que pode afetar a função
hipotalâmica refletindo efeitos sobre o crescimento e desenvolvimento, produção de calor, e os
mais variados mecanismos neurológicos. Devido a isso a observação atenta aos sinais do estresse,
e a intervenção para amenizar o comportamento desorganizado do recém-nascido são benéficos
(WONG, 1999).
Os sinais de estresse e instabilidade fisiológica nem sempre são evidentes imediatamente
após a intervenção, alguns sinais são manifestados somente 5 a 10 minutos após. Com o estresse
e o RN estando agitado realiza-se a contenção com as mãos, promovendo a flexão dos membros e
mantendo-os na linha média, evitando naquele momento qualquer forma de estimulação como
falar, tocar, ou embalar, e se houver necessidade de despertar o RN estressado para realizar
algum procedimento a ação deve ser gentil, falando com ele antes de tocá-lo. A facilitação da
auto-regulação do recém-nascido permite que o esforço que ele realiza para ajustar-se ao estresse
seja menor, isso é possível deixando que ele leve as mãos à boca ou próximo do rosto, sugue o
dedo, flexione os membros inferiores para promover conforto, o que é facilitado pelo adequado
posicionamento (TAMEZ e SILVA, 2002).
O quadro a seguir revela os sinais de estresse evidenciados em respostas dos neonatos
prematuros que levam o profissional a percepção das condutas de uma má adaptação aos
estímulos fornecido pelo meio ambiente da UTIN (SCOCHI, RIUL, GARCIA et al., 2001).
Quadro 1 - Sinais de estresse que indicam má adaptação do prematuro aos estímulos ambientais
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Sinal autonômico e visceral Sinal motor Sinais de informaçãoFlutuações da freqüência
cardíaca e respiratória
Pausas respiratórias
Flacidez motora Sono difuso ou vigília com
soluços e contração facial
Mudanças de cor: pálido,
acinzentado ou cianose
Mudanças do tônus muscular Movimentos oculares circulares
Estertores, tosse, bocejos,
suspiros
Hiperextensão dos braços,
pernas e tronco
Irritabilidade
Convulsões Mãos e dedos abertos Olhos viradosMá tolerância alimentar Extensão da língua Faces de pânico, hiperalertaNáuseas, salivação Manobras de proteção: mãos
no rosto, sinal de pare
Choro contínuo que não
diminui ao consoloTremores, sobressalto Atividade difusa Rápidas oscilações do estadoFonte: MARRESE, 19962 apud SCOCHI, RIUL, GARCIA et. al., 2001.
As respostas provocadas pelos eventos ambientais colaboram para a instabilidade dos
sistemas autonômico e visceral, e conseqüentemente para o sistema motor. As reações como
apnéia, bradicardia ou diminuição do tônus muscular resultam da interação com o ambiente, e o
neonato procura estabelecer um equilíbrio a fim de obter o controle e regular suas respostas
(TECKLIN, 2002).
O nascimento é um processo que pode ser aprimorado de maneira que dentro do ambiente
de internação possa se estabelecer condições que facilitem o desenvolvimento da criança e o seu
esquema organizacional, repercutindo numa adaptação adequada ao ambiente extra-uterino e
melhorando a qualidade de vida (SAGRE, ARMELLINI, MARINO, 1995).
2 MARRESE, A. M. El ambiente de la UCI neonatal y su influencia en el desarrollo del prematuro: un desafío para enfermería. Medicina Perinatal y Neonatal, v. 1, n. 1, p. 11-21, 1996.
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2.3.1.1 Os Aspectos Sensoriais Do Ambiente Da UTI Neonatal
O ambiente de uma UTI muitas vezes transmite a sensação de um lugar assustador e frio,
devido à agitação e a fonte de estímulos constantes proporcionados pela luminosidade intensa,
alarmes tocando, pessoas falando alto, e tudo isso reflete sobre os pacientes, familiares e
profissionais, os quais sofrem uma importante sobrecarga sensorial (MAGALHÃES,
GUANAES, CELLI et. al., 2004).
O neonato é capaz de perceber o ambiente á sua volta distinguindo entre cheiros e gostos,
gerando respostas ao toque e aos movimentos, se defendendo de estímulos, vendo e ouvindo,
buscando controlar o ambiente com seu comportamento e fazendo uso de suas capacidades
sensoriais que são: a visão, audição, tato, paladar e olfato, ele interage com o ambiente
(KENNER, 2001).
O nascimento conta com a imaturidade do desenvolvimento, o tempo reduzido que o feto
passa no ambiente uterino, cujo qual é ideal para esse desenvolvimento devido ao
amadurecimento dos sistemas interativos que dependem da mielinização e das conexões
dendriticas neuronais, são interrompidos pelo nascimento antecipado revelando perdas sensitivas
que afetam o sistema vestibular, tátil-cinestésico e auditivo (SOUZA, 1999).
Essa perda no desenvolvimento sensorial do recém-nascido associada aos procedimentos
adotados na unidade de terapia intensiva neonatal para manter a vida, bem como ao ambiente
contribui para limitar o desenvolvimento da força muscular, do controle motor e do controle
autonômico (BURNS e MCDONALD, 1999).
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2.3.1.1.1 A Sonoridade Do Ambiente
O feto pode ouvir sons extra-uterinos e ruídos que advem do corpo materno, após o
nascimento o recém-nascido se vira em direção aos sons, se assusta com ruídos elevados e
também é dotado da capacidade de distinguir os tipos de sons com base na freqüência, na
intensidade, na altura, e no padrão, podendo determinar a direção de onde o som está vindo,
assim o RN responde mais a sons abaixo de 4.000 Hz, e a voz humana em geral está entre 500 e
900 Hz (KENNER, 2001; KLAUS e KLAUS, 1989).
O neonato no útero materno é constantemente e regularmente exposto ao nível sonoro de
mais de 72 decibéis, mas este som sofre amenização devido a sua passagem através do líquido
aminiótico. No ambiente de uma unidade de terapia intensiva neonatal a preocupação com os
níveis de ruído é evidenciada na possível influência do som no sono, nos recursos fisiológicos, e
até mesmo nos danos provocados a cóclea com perda da audição (SCOCHI, RIUL, GARCIA et.
al., 1995).
O ambiente fechado da UTI neonatal possibilita uma maior poluição sonora o que se
revela um dos fatores altamente estressantes. Os níveis de ruídos compatíveis com o conforto
acústico nas áreas hospitalares de unidades de terapia intensiva devem estar entre 45 e 55 dB
(MAGALHÃES, GUANAES, CELLI et. al., 2004).
Nas incubadouras os recém-nascidos são providos constantemente por estímulos auditivos
exagerados e não adequados. Com a estimulação realizada de forma adequada como por exemplo
através da música, o neonato manifesta respostas comportamentais como um olhar com atenção e
movimentos orofaciais (SAGRE, ARMELLINI, MARINO, 1995).
Na década de 70 havia uma grande preocupação com o ruído presente nas incubadoras,
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mas no Brasil essa preocupação só se refletiu em estudos a partir da década de 90, e até então não
tinha nenhuma legislação além das normas da Acadêmia Americana de Pediatria, que
determinasse os níveis de ruídos aceitáveis no ambiente da UTIN. Em 1997, a legislação
brasileira determinou como permitido a exposição dos recém-nascidos a ruídos de no máximo até
60 dB (RODARTE, SCOCHI, LEITE et. al., 2005).
O ruído em uma incubadora fica em média em torno de 55 a 60 dB. Mas os neonatos
contam ainda com outras fontes sonoras como rádios, a voz humana e o som da abertura e
fechamento da porta da incubadora o que gera em torno um acréscimo de 10 a 40 dB, assim a
exposição a intensidades sonoras como estas associadas à utilização de drogas ototóxicas são
fatores relevantes aos distúrbios auditivos (KOPELMAN, MIGOSHI, GUINSBURG, 1998).
No ambiente da UTIN, os alarmes dos equipamentos, o movimento de aparelhos grandes
como o do raios-x, sons de telefone, arrastamento de cadeiras, tom de voz elevado das pessoas,
troca e passagem de plantões são os principais responsáveis pelo nível de ruído além do
recomendado, visto que o nível de ruído pode atingir intencidades de 110 dB e em algumas
situações até 120 dB (SCOCHI, RIUL, GARCIA et. al., 2001).
Algumas ações podem provocar intensidades de ruídos altas, como ao colocar a
mamadeira em cima da incubadora 84 dB, fechar a portinhola da incubadora 80 dB, alarme da
incubadora 67 dB, conversação normal 45 a 50 dB, e o cochicho 30 dB. O barulho do ambiente
faz com que as pessoas falem mais alto, assim a consciência do controle sonoro no ambiente
neonatal é muito importante (TAMEZ e SILVA, 2002).
As formas de respostas produzidas pelos neonatos aos estímulos sonoros vão desde
movimentos da cabeça, tremor das pálpebras, franzimento da testa, choro, até acordar do sono.
Sendo que estímulos mais sonoros ocasionam mais movimentos corpóreos, e maior interferência
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na ação respiratória e circulatória enquanto que estímulos auditivos de longa duração levam a
diminuição dos movimentos corpóreos (ECKERT, 1993).
Os níveis de ruído na UTIN oferecem agressão principalmente a audição dos neonatos
prematuros podendo causar até perda auditiva por lesionar a cóclea, e interferem no repouso e no
sono do recém-nascido o que leva a alterações na maturação cerebral, a fadiga, causando irritação
e agitação com choro freqüente, aumentando o consumo de O2 e a FC, refletindo no ganho de
peso lento, no consumo calórico aumentado e na modificação da irrigação craniana
intraventricular, com risco de hemorragia intracraniana (TAMEZ e SILVA, 2002).
Essas respostas podem ser evitadas diminuindo os ruídos excessivos, ou seja, os rádios e
telefones devem ficar longe das incubadoras ou berços, e evitar a poluição sonora com a
orientação da equipe e quanto à conscientização desta para eliminar os ruídos excessivos
(KOPELMAN, MIGOSHI, GUINSBURG, 1998).
Estabelecer uma regulagem do nível dos alarmes e orientar a equipe sobre o barulho
produzido pelas conversas, e atitudes eficazes através de respostas imediatas aos alarmes
disparados, manipulação da incubadora com cuidado, evitar apoiar objetos e golpear dedos sobre
as superfícies das incubadoras, sinalizar o ambiente da UTI neonatal como área de silêncio,
estabelecer períodos por plantão em que se diminui a rotina e os procedimentos, a fim de obter
um bom controle acústico do ambiente (TAMEZ e SILVA, 2002, NASCIMENTO e MARTINS,
2003).
2.3.1.1.2 A Luminosidade Do Ambiente
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Logo após o nascimento o recém-nascido responde a movimentos no ambiente fixando o
olhar e acompanhando objetos brilhantes, mas ele é sensível a luz e faz caretas ou franze as
sobrancelhas, reage virando a cabeça para longe quando a luz é dirigida para seus olhos, como
também abre os olhos prontamente na penumbra (KENNER, 2001).
A luminosidade do ambiente da UTIN pode ter efeitos negativos sobre o crescimento e
desenvolvimento principalmente do recém-nascido pré-termo, os pesquisadores e profissionais
têm buscado modificar os níveis de luminosidade nas unidades neonatais tentando imitar de certa
forma a penumbra do ambiente intra-uterino (BRANDON, HOLDITCH, BELYEA, 2002).
O recém-nascido exposto diretamente e constantemente à luz fluorescente do ambiente
pode desenvolver alterações no ciclo sono/vigília com interferência no ritmo padrão dia e noite, e
quanto aos prematuros principalmente os abaixo de 1000 g essa exposição pode colaborar para o
aumento da incidência da retinopatia da prematuridade, devido a alterações do desenvolvimento
normal da retina (KOPELMAN, MIGOSHI, GUINSBURG, 1998; TAMEZ e SILVA, 2002).
As mudanças na intensidade da luz, não importando a diferença de intensidade produzem
respostas imediatas excitatórias, já períodos prolongados de uma mesma intensidade resultam em
diminuição da atividade do RN, sendo que ocorrendo a redução súbita dos estímulos visuais é
permitido o aumento da atividade provocando imediata adaptação ao escuro (ECKERT, 1993).
No ambiente da UTIN não há muitas vezes o estabelecimento de níveis adequados de
luminosidade e o neonato é exposto diariamente a essa fonte de superestimulação. A academia
Americana de Pediatria recomenda uma intensidade de luz de 100 velas candecentes ao nível do
neonato para uma boa visualização (SCOCHI, RIUL, GARCIA et. al., 2001).
Para promover o sono profundo, descanso, facilitar o ritmo dia/noite pode-se reduzir as
luzes por certos períodos ou cobrir as incubadoras totalmente fazendo com que o ambiente fique
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mais escuro. É importante que existam períodos de claridade moderada para estimulação e para
ocorrer à maturação da retina, assim pode-se cobrir parcialmente as incubadoras e berços
(TAMEZ e SILVA, 2002).
Figura 01 – Incubadora coberta totalmente para proteger da incidência da luz.Fonte: TAMEZ e SILVA, 2002.
A incubadora e/ou o berço podem ser cobertos na parte ântero-superior para impedir a
incidência da luz diretamente apenas sobre a face e olhos do recém-nascido, assim evitando
qualquer situação de estresse pela luminosidade, mas permitindo que ele possa perceber a
claridade do dia preservando a diferença entre o dia e a noite (SOUZA, 1999).
Figura 02 – Berço protegido da luz parcialmente.
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Fonte: TAMEZ e SILVA, 2002.
O controle da luminosidade do ambiente da unidade de terapia intensiva neonatal depende
muito dos profissionais que estão em contato com o neonato, pois deve partir deles a iniciativa e
o bom senso na hora de determinar a intensidade da luz e os períodos em que o ambiente é
adequado de maneira que a luminosidade seja suficiente apenas para realizar os procedimentos e
identificar as alterações na coloração da pele dos RNs.
2.3.1.2 Os Aspectos Físicos E A Organização Do Ambiente Da UTI Neonatal
A unidade de terapia intensiva neonatal concentra a interação de uma equipe
multidisciplinar especialmente treinada e tecnologia altamente sofisticada em equipamentos, para
que os neonatos possam receber o melhor tratamento. Assim a estrutura organizacional é muito
importante para as interações humanas que aí ocorrem (EINLOFT, ZEN, FUHRMEISTER et.
al., 1996).
O planejamento físico e funcional de uma UTIN deve considerar as condições
socioeconômicas da comunidade, os recursos humanos, materiais e financeiros disponíveis, e as
adaptações às condições do local e da época. O número de leitos disponíveis deve acompanhar a
estimativa de nascidos vivos, a média de permanência hospitalar, a taxa de mortalidade e o índice
de prematuridade (LEONE e TROCHIN, 2001).
A estruturação física adequada de uma UTI abrange um número suficiente de
profissionais treinados para a assistência especializada e observação contínua, uma estruturação
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física adequada, equipamentos necessários e sua constante manutenção, uma administração
voltada para os padrões de assistência e para o contínuo treinamento dos profissionais que
compõem a equipe (CINTRA, NISHID, NUNES, 2003).
O ambiente físico das UTIs foi identificado nos últimos tempos como um obstáculo à
prática da aproximação das famílias aos cuidados prestados aos neonatos, no contexto neonatal é
essencial um ótimo planejamento deste ambiente para adequar aos familiares e poder assim
executar o cuidado centrado na família. A unidade deve ser projetada para facilitar o fluxo de
circulação e flexível para adaptar-se a evolução rápida da tecnologia dos equipamentos, e dos
procedimentos (FOURNIER, [s.d.])
Os equipamentos necessários a UTI, associados à utilização demasiada do espaço físico
proporcionam um ambiente estressante e angustiante para o paciente, os familiares e para os
profissionais que prestam assistência. Essa situação atenta para a importância do processo de
humanização das UTIs (MAGALHÃES, GUANAES, CELLI et. al., 2004).
As influências fornecidas pelo ambiente sobre o RN, os familiares e os profissionais
integrantes da equipe multidisciplinar são físicas, psicológicas e fisiológicas. Como a criança é o
principal foco terapêutico os elementos ambientais, materiais, e físicos passam a ser peças
fundamentais para o tratamento, os familiares agem como espectadores e os profissionais
responsáveis passam a sofrer influências no estado de tensão nervosa, gerado pela necessidade de
atenção e alerta constante pela carga emocional que envolve as decisões e jornadas prolongadas
(PIVA, CARVALHO, GARCIA, 1997).
As UTIs devem ser planejadas para proporcionar privacidade no cuidado do paciente, e ao
mesmo tempo não causar sentimento de abandono a ele, o que é evitado pela fácil visualização da
equipe. Devem proporcionar proximidade no contato com a família, e a interação e descanso da
equipe, sem comprometer a atenção e o cuidado (KNOBEL, 1998).
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Há o reconhecimento de que não ter recursos tecnológicos, quando estes são de
necessidade, pode se revelar uma situação de estresse e conflito entre profissionais e usuários,
desumanizando a assistência prestada. Embora isto constitua a qualidade do sistema, o fator
humano é considerado o mais estratégico, pois as tecnologias não funcionam sozinhas e seus
benefícios se constatam pela influência do relacionamento estabelecido entre o profissional e o
paciente (DESLANDES, 2004).
A relação do pessoal de enfermagem por paciente na UTI neonatal recomendada varia
desde 2:1 para pacientes extremamente graves, 1:1 para cuidados intensivos e 1:2 para cuidados
intermediários. A enfermagem tem papel fundamental na UTIN, no mínimo um enfermeiro com
experiência em cuidados intensivos neonatais deve estar presente por tempo integral na unidade,
sendo este responsável por elaborar normas e rotinas da unidade e coordenar treinamentos para
sua equipe, a fim de promover um trabalho de iniciativa, liderança e responsabilidade (SOUZA,
2000).
O enfermeiro responsável pela UTIN pode buscar além de um novo desempenho dos
profissionais, o incentivo a um melhor ambiente neonatal através de pequenas atitudes e
influências sobre a prática desses profissionais. Existem condições e medidas que proporcionam
o melhor bem estar das pessoas que fazem parte do ambiente neonatal.
O acesso à luz natural através de janelas que possam ser abertas durante o dia é
significativo para o bem estar dos familiares, dos profissionais e do RN para acompanhar o ciclo
natural dia/noite. Assim como a iluminação regulável a qual possibilita noção dia/noite e
orientação quanto ao tempo (MAGALHÃES, GUANAES, CELLI et. al., 2004).
A incubadora ou o berço deve ter o nome do recém-nascido com frases agradáveis fixado
a fim de lembrar que ele é bem vindo, sendo uma alternativa que influencia os pais e a equipe
com sensações boas e reforça as relações. À distância entre as incubadoras deve ser razoável para
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que os pais possam colocar uma cadeira e ficar próximos dela no horário de visita, elas têm que
ficar posicionadas longe de telefones, portas e janelas para proteger os neonatos de barulhos e
mudanças de temperatura (SOUZA, 1999).
O rápido acesso ao berço ou a incubadora dos neonatos deve ser facilitado, organizando o
espaço físico permitindo a assistência por vários profissionais, principalmente perante as
situações de emergências em que é inevitável muitas vezes o uso do ventilador mecânico, do
oxigênio, ar comprimido e do vácuo, bem como de tomadas elétricas para a monitoração
(SOUZA, 2000).
Em cada compartimento do berçário deve haver um lavatório com água quente e fria,
torneira acionada com o cotovelo ou pedal, saboneteira controlada por pedal com sabão
germicida e um depósito para toalhas descartáveis. E também recipientes para roupas sujas,
fraldas acionados por pedal ou como hamper forrado e tampado por um saco coletor (SAGRE,
ARMELLINI, MARINO, 1995).
A presença de plantas na área externa ou na sala de espera é agradável e suaviza o
ambiente e a decoração do ambiente da UTI neonatal não precisa ser pálido e frio, e sim pelo
contrário quadros, cortinas e outros elementos decorativos favorecem a absorção de ruídos. Os
painéis informativos permitem uma educação continuada em humanização combatendo a
poluição sonora, incentivando o contato físico com o paciente através do toque, a lavagem das
mãos (NASCIMENTO e MARTINS, 2003; MAGALHÃES, GUANAES, CELLI et. al., 2004).
A UTI pode ser um ambiente saudável e restaurador, só que para isso é necessário o
desenvolvimento e a instauração da humanização através de alternativas utilizadas com o
objetivo de abordar o paciente, os familiares, e os profissionais da equipe multidisciplinar de
forma a proporcionar um ambiente acolhedor (KNOBEL, 1998).
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2.3.1.3 O Manuseio E A Higiene Na Assistência Prestada Ao Neonato
No final da década de 70 os RNs das unidades de terapia intensiva neonatais eram
manuseados em torno de 120 vezes ao dia, já na década de 80 as manipulações passaram a ser
monitoradas e controladas, mas ainda assim eram manuseados em torno de 60 vezes ao dia, e os
períodos de manuseio tinham apenas intervalos de no máximo 20 a 25 minutos, o que tem séria
influência no controle hemodinâmico do RN (BADA, 2001).
O exagero de procedimentos invasivos e não invasivos não permitem que os recém-
nascidos possam dispor do tempo de sono necessário para o seu desenvolvimento neurológico
adequado. Assim as UTIs têm optado por estabelecer horários programados e em blocos, ou seja,
programando toda a equipe multidisciplinar para realizar suas intervenções em horários
agrupados e determinados para proporcionar ao RN maior descanso (FERREIRA e MADEIRA,
2004).
Os RNs gravemente enfermos geralmente recebem mais intervenções que os menos
graves, o que lhes acarreta mais conseqüências devido sua condição de fragilidade. O excesso de
manuseio muitas vezes desnecessário é causa freqüente de infecções, hipoxemia, apnéia, aumento
da pressão intracraniana, alteração do fluxo cerebral e hipertensão (CARVALHO, 2000).
As alterações hemodinâmicas desses RNs mais enfermos podem ser minimizadas com a
manutenção do ambiente ideal, reduzindo a luz, a poluição sonora, limitando as técnicas
invasivas e a freqüência de manuseios, mantendo a temperatura ideal, monitorando a oxigenação,
sincronizando os procedimentos, assim minimizando a estimulação dos RNs (BADA, 2001).
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Um neonato em fase de desenvolvimento inicial a estimulação pode promover uma
atividade irregular e sinais vitais irregulares, assim deve se evitar o manuseio abrupto do recém-
nascido devendo utilizar movimentos lentos e controlados mantendo os membros dele juntos ao
seu corpo numa mudança de posição e buscando uma estimulação ambiental mínima (WONG,
1999).
Uma das medidas mais importante frente o controle das infecções no ambiente hospitalar
é sem dúvida lavar as mãos, pois as mãos abrigam microorganismos e os transferem de um lugar
para outro assim disseminando entre os paciente. O intenso manuseio e uso de técnicas invasivas
na UTIN aumenta o risco de aquisição de infecções favorecido pela imaturidade do sistema de
defesa dos recém-nascidos (MENDONÇA, FERNANDES, AZEVEDO et. al., 2003).
A lavagem das mãos deve ser realizada com água e sabão antes e após cada procedimento
no qual a utilização de luvas é imprescindível, depois utilizar álcool 70% para a assepsia. É
recomendado retirar os anéis, pulseiras e relógios, por dificultarem a lavagem e reterem umidade
(SOUZA, 2000).
O Ministério da Saúde procurou estabelecer normas a respeito do procedimento de lavar
as mãos com o objetivo de tornar um procedimento comum no ambiente da saúde, embora as
campanhas realizadas e demais formas educativas visando a higienização das mãos, elas
continuam sendo a fonte mais propensa de contaminação e disseminação dos microorganismos
(MENDONÇA, FERNANDES, AZEVEDO et. al., 2003).
As luvas devem ser utilizadas a fim de evitar a contaminação com materiais infectantes,
mas usar luvas não substitui a lavagem das mãos a qual deve ser feita antes e após o uso das
mesmas. As luvas devem ser trocadas de um recém-nascido para outro e entre um procedimento e
outro realizado com o mesmo paciente, sendo utilizadas para dar banho aos recém-nascidos,
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trocar a fralda, para realizar a punção venosa, coleta de sangue, urina, fezes e secreções, para a
higiene oral, e cuidados pós-morte (NAGANUMA, KAKEHASHI, BARBOSA et. al., 1995).
2.3.1.4 Atenção Nos Procedimentos Com O Recém-nascido
A pele do RN é muito sensível e não está totalmente formada ao nascimento, ela se torna
uma barreira efetiva com duas a quatro semanas de vida independente da idade gestacional. Mas
em locais que sofreram alguma lesão seja por micropore, adesivos, eletrodos ou outros materiais,
essa pele necessitará de cuidados especiais (FERREIRA e MADEIRA, 2004).
Os cuidados com o RN devem ser agrupados em períodos curtos fornecendo tempo para
que ele se reorganize e acalme-se entre os procedimentos e cuidados. Saber ler a linguagem dos
recém-nascidos identificando suas respostas psicomotoras auxilia na observação dos sinais, e as
respostas fornecidas tornam mais efetiva a atuação do profissional (TAMEZ e SILVA, 2002).
Os recém-nascidos devem ser manuseados e confortados com total atenção aos sinais
transmitidos pelo seu comportamento, acalmá-los através do contato e carícias, da voz, dos
movimentos, e estabelecer o contato visual a modo de promover um comportamento estável, são
medidas que devem ser realizadas pelos responsáveis (BURNS e MCDONALD, 1999).
A dor pode ser avaliada no RN através de modificações fisiológicas ou comportamentais,
as respostas verificáveis são a motora com alteração do tônus muscular e dos movimentos
corporais, a mímica facial, o choro e o padrão sono/vigília. Pode-se adotar medidas para diminuir
as agressões sofridas pelos RNs realizando os cuidados apropriadamente, e através de recursos
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como a sucção não nutritiva e a água com açúcar que modulam o desconforto e auxiliam o RN a
se organizar minimizando as repercussões da dor, bem como o tratamento farmacológico
indicado em processos demorados e dolorosos (KOPELMAN, MIGOSHI, GUINSBURG, 1998).
Os RNs podem revelar efeitos da dor provocada como aumento da freqüência cardíaca, da
pressão arterial, diminuição da saturação de oxigênio, sudorese palmar, aumento da pressão
intracraniana, alterações hormonais e metabólicas, aumento do estado de vigília, irritabilidade,
alterações alimentares, vômitos, e a perda do interesse pela sucção (WONG, 1999).
Ao realizar procedimentos dolorosos é possível que esses causem agitação e estresse,
pode-se estar intervindo para minimizar esses efeitos através da contenção dos membros do RNs
com as mãos ou com alguma coberta, pois ajuda a manter a organização do neonato e se acaso
ocorrer à desorganização ele retorna ao estado organizado mais rápido (TAMEZ e SILVA, 2002).
2.3.1.5 O Posicionamento Do Recém-nascido
Os cuidados intensivos neonatais levam em conta o posicionamento dos recém-nascidos
pré-termos porque auxilia na melhora do quadro clínico e fornece estímulos adequados para o
correto desenvolvimento motor devida às influências sobre o sistema fisiológico, a flexão
fisiológica do recém-nascido, e sobre o comportamento dos neonatos.
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Figura 03 – Posição de flexão do neonato.Fonte: WONG, 1999.
A finalidade de posicionar os recém-nascidos adequadamente considera a promoção da
estabilidade fisiológica e a facilitação da flexão das extremidades e do tronco, o que lhe oferecem
um balanço e a centralização, os quais serão decisivos para a aquisição do sugar, do controle da
cabeça na linha média, do controle da pelve na posição sentada, na sustentação do peso do corpo,
da estabilidade dos ombros e tronco, engatinhar e caminhar (TAMEZ e SILVA, 2002).
A mudança de decúbito é muito importante para os RNs, embora eles não tolerem a
manipulação excessiva, a mudança de posição é necessária devido à pobreza de tecido
subcutâneo, muscular e a sensibilidade da sua pele, o que aumenta a incidência de lesões de pele
e avaliando o risco beneficio o posicionamento é benéfico (FERREIRA e MADEIRA, 2004).
Respeitando a manipulação mínima a mudança de posição pode ser feita aproveitando os
momentos em que outros procedimentos, que fazem parte da assistência são realizados como os
de rotina: banho, alimentação, exames laboratoriais, pois o sono é fundamental para o RN ganhar
peso e fortalecer seu sistema imunológico (SOUZA, 1999).
Os recém-nascidos têm muitos benefícios com a alteração de decúbito e com o
posicionamento realizados a cada 1,5 a 2 horas, visto que esses benefícios se destinam ao
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aparelho respiratório evitando a estase das secreções e facilitando a reexpansão pulmonar em
áreas com atelectasias, e para o desenvolvimento neurossensorial e psicomotor do RN, além de
propiciar maior conforto e evitar lesões na pele (KOPELMAN, MIGOSHI, GUINSBURG,
1998).
As forças mecânicas externas que agem sobre as estruturas corporais caso sejam exercidas
de forma inadequada sobre os ossos fazem com que ocorra a sua modelagem originando
deformidades que afetam o desenvolvimento normal dos recém-nascidos, e os ossos são
acompanhados por outras estruturas como os músculos, tendões e tecidos adjacentes os quais
também são afetados (TAMEZ e SILVA, 2002).
Os prematuros possuem uma hipotonia global a qual associada à força da gravidade e a
manutenção por tempo prolongado em uma única posição acarreta em alterações posturais
freqüentemente encontradas como: hiperextensão da cervical, elevação dos ombros, membros
superiores abduzidos com retração da cintura escapular, membros inferiores em abdução e com
rotação externa e pé em eversão, menos comum são os aplainamentos dos ossos da cabeça
(KOPELMAN, MIGOSHI, GUINSBURG, 1998).
A posição do pescoço em hiperextensão pode prenunciar o desenvolvimento de padrões e
de mobilidades anormais, relacionados entre si para compensar a estabilidade proximal
inadequada. A partir da hiperextensão do pescoço, a fixação ou estabilidade postural anormal
pode ser levada para o bloqueio seqüencial nas regiões do ombro, pelve e quadril, levando a
dificuldades para caminhar de forma correta, para levantar peso e trazer as mãos à linha média do
corpo, entre outros problemas (UMPHRED, 1994).
Com a estabilização do estado clínico do neonato prematuro o tônus da musculatura
também responde com melhora. Os neonatos mais ativos buscam adquirir estabilidade postural e
orientação em seu ambiente, assim podem em uma superfície firme como a parede da incubadora
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executarem empurrões rítmicos contra a parede procurando pela estabilidade, em vista disso é
importante a criação de limites e apoios para incentivar os movimentos de flexão do RN e para
que ele possa encostar os membros, ao mesmo tempo em que promove a estabilidade pela
contenção (BURNS e MCDONALD, 1999).
Figura 04 – O neonato buscando orientação em seu ambiente.Fonte: http://www.sciencephotolibrary.com
Existem vários recursos passiveis de utilização para promover o posicionamento dos
neonatos como a pele de cordeiro, que permite a estimulação tátil e facilita a flexão na posição
prono, os colchões de água propiciam estímulo proprioceptivo e vestibular contribuindo para
diminuir a incidência de apnéias. Com relação à manutenção da posição o uso de anteparos na
forma de rolinhos é útil e podem ser feitos com fraldas de pano ou travesseiros (KOPELMAN,
MIGOSHI, GUINSBURG, 1998).
O posicionamento em decúbito dorsal é recomendado somente quando necessário, são
utilizados rolos para amparar os membros inferiores evitando a rotação externa e a abdução do
quadril respeitando a flexão fisiológica do RN, a cabeça deve ficar em posição neutra devendo
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ser amparada também e os membros superiores não devem ficar abduzidos (SAGRE,
ARMELLINI, MARINO, 1995).
Figura 05 – O posicionamento em supino com apoio de um neonato em fototerapia.Fonte:http://www.sciencephotolibrary.com
O decúbito dorsal limita extrinsecamente a expansão pulmonar pelo contato com o leito, e
prejudica a incursão do diafragma pela acomodação das vísceras sobre ele, assim diminui a
capacidade residual funcional favorecendo o fechamento das vias aéreas e a diminuição das
trocas gasosas (KOIDE, SANTOS, IANDOLI Jr., 2004).
As posturas extensoras são intensificadas na postura em decúbito dorsal, o reflexo tônico
assimétrico para o lado em que se vira a cabeça presente nos RNs pode ser intensificado nessa
posição ocasionando também a assimetria do tronco e a assimetria persistente da cabeça. Os
neonatos na posição dorsal mantêm a cabeça hiperestendida e os ombros largados para trás o que
dificulta a movimentação da cabeça e dos membros superiores em direção à boca, já na posição
ventral levantam a cabeça com maior freqüência reduzindo os efeitos da posição prolongada da
cabeça (BURNS e MCDONALD, 1999).
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Figura 06 – Reflexo Tônico Assimétrico presente no lactante.Fonte: FLEHMIG, 2002.
O decúbito ventral busca eliminar as desvantagens encontradas no posicionamento em
dorsal promovendo alterações na pressão transpulmonar, o que pode ser devido à diminuição do
peso do coração e outras estruturas do mediastino sobre o parênquima pulmonar, e também a
diminuição do peso sobre a parte inferior do pulmão causada pelo peso das vísceras abominais
(KOIDE, SANTOS, IANDOLI Jr., 2004).
O RN em decúbito ventral obtém melhora na distribuição do fluxo sangüíneo recrutando
mais alvéolos com redução do shunt e elevação da pressão arterial de oxigênio, o prematuro
revela melhor regulação dos padrões de sono/vigília, minimiza os efeitos do refluxo
gastroesofágico e reduz os riscos de aspirações, possibilitando melhores habilidades de organizar-
se na posição prona (TECKLIN, 2002).
As vantagens da posição ventral considerando o desenvolvimento neuropsicomotor são a
possibilidade dos movimentos de cabeça, cintura escapular e pescoço, levar a mão à boca e sugá-
la, a extensão dos músculos do tórax, do pescoço e o estímulo visual. Os quadris e membros
superiores são deixados livres para realizarem movimentos espontâneos (SAGRE, ARMELLINI,
MARINO, 1995).
O posicionamento em decúbito ventral é realizado com rolos que asseguram a flexão
fisiológica do neonato. Suas desvantagens são a menor visualização do RN, a posição da cabeça
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que pode alterar a resistência do fluxo aéreo por deformação das vias aéreas superiores e do tubo
endotraqueal com o qual deve-se ter cuidados para evitar a extubação (KOPELMAN, MIGOSHI,
GUINSBURG, 1998).
Figura 07 – Posição prona não respeitando a flexão fisiológica sem apoios com rolos.Fonte: TAMEZ e SILVA, 2002.
Figura 08 – Posicionamento em decúbito ventral com apoios mantendo a flexão.Fonte: BURNS e MACDONALD, 1999.
O decúbito lateral é recomendado devido aos efeitos reduzidos da gravidade e a promoção
de respostas flexoras na linha média, sendo que o desenvolvimento simétrico é intensificado pela
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alteração do decúbito entre lateral direito e esquerdo. O decúbito lateral direito auxilia no
esvaziamento gástrico pelo posicionamento do estômago (TECKLIN, 2002).
Figura 09 – Decúbito lateral direito auxilia no esvaziamento gástrico.Fonte: WONG, 1999.
Uma das vantagens da posição lateral é sua influência sobre o desenvolvimento
neuropsicomotor, por não exercer nenhum efeito negativo sobre a oxigenação, e pela melhor
orientação entre a mão e a linha média, e entre a mão e a boca, rolos feitos de lençóis nas costas
como apoio dos ombros até as nádegas e flexionando a pelve é uma maneira de garantir a flexão
fisiológica (KOPELMAN, MIGOSHI, GUINSBURG, 1998).
Figura 10 – Posicionamento em decúbito lateral com apoio do rolo.Fonte: BURNS e MACDONALD, 1999.
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A postura sentada para o neonato promove a experiência na vertical deixando o RN mais
alerta, ele deve ser acomodado com adaptações para aumentar o tônus flexor e essas adaptações
podem ser assentos infantis para bonecas ajustados na incubadora entre outros dispositivos
comerciais disponíveis (TECKLIN, 2002).
2.3.1.6 A Comunicação Através Do Toque Com O Recém-nascido
As habilidades interativas e o sistema sensitivo do recém-nascido só passaram a ser
reconhecidos a partir da metade do século XX. Sua habilidade de comunicar-se abrange um grau
de suavidade, modulação e regulação dos sistemas funcionais autônomo, motor, estado, de
atenção e interação, e o sistema auto-regulador, os quais interagem e preparam o RN para
responder aos estímulos (TAMEZ e SILVA, 2002).
A comunicação permite estabelecer contato e envolve comportamentos e relacionamentos,
cujo quais são responsáveis pela associação entre as pessoas e com o mundo ao seu redor.
Através da comunicação os profissionais podem criar maneiras e condições de efetuar mudanças
que promovam o bem estar ao paciente (POTTER e PERRY, 1998).
O comportamento do RN deve ser utilizado na comunicação a fim de avaliar se ele está se
adaptando frente ao estresse e ao novo ambiente. A não ocorrência da adaptação possibilita
intervenções para fazer o neonato acalmar-se e estabilizar-se, por isso é importante ouvir o que
ele está comunicando para depois intervir (TAMEZ e SILVA).
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O contato com o olhar é fundamental quando se fala com o recém-nascido, assim a face
deve estar sempre voltada na direção e no nível dos olhos do RN. A comunicação não verbal
também figura como expressão do humano e de sua busca por ser compreendido, sendo
importante a associação das duas para uma assistência efetiva (BURNS e MCDONALD, 1999,
DESLANDES, 2004).
Figura 11 – Face voltada na direção do recém-nascido.Fonte: WONG, 1999.
O toque tem a finalidade de contato pessoal durante a assistência prestada podendo estar
associado à tarefa ou ser apenas por intuito afetivo, ou ambos, o associado à tarefa envolve o
contato pessoal necessário para a realização dos procedimentos, já o afetivo é utilizado para
demonstrar algum sentimento ou emoção devendo ser usado com cautela de acordo com o
paciente (TIMBY, 2002).
Muito valorizado devido ser um ato mais espontâneo e autentico do que a comunicação
verbal, o toque transmite várias mensagens como afeição, apoio emocional, ternura e atenção
pessoal, sendo um instrumento terapêutico muito útil ao ser utilizado pelos profissionais durante
as intervenções sempre respeitando a compreensão e aceitação do toque (POTTER e PERRY,
1998).
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O toque é uma importante ferramenta em meio ao ambiente repleto de equipamentos e
tecnologias que contribuem para a deixá-lo menos humano, quando não relacionado a uma tarefa
é visto como um toque afetivo e intervem na terapêutica transmitindo sensações de interesse,
empatia, conforto e aproximação (NASCIMENTO e MARTINS, 2003).
O primeiro ato de comunicação estabelecido entre a mãe o recém-nascido é através do
toque, e o RN pode reagir de formas variadas ao primeiro contato, desde respostas exageradas ao
estímulo tátil, mas isso não deve ser interpretado de maneira negativa e sim satisfatória sendo
sempre incentivado, a não ser que o neonato esteja criticamente enfermo, então podem ser
adotadas outras formas de comunicação como a fala em tom baixo sentado ao lado do leito
(WONG, 1999).
Figura 12 – O toque da mãe no seu filho.Fonte: WONG, 1999.
A conversa da mãe com seu filho e o carinho através do toque são intervenções benéficas
ao RN, as quais não resultam em aumento da hemorragia intraventricular, e sim tem efeito
satisfatório elevando a saturação de O2. Esse tipo de estimulação tátil e verbal é de suma
importância na relação entre mãe e filho depois da fase de instabilidade do neonato (BADA,
2001).
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A estimulação tátil é eficaz, diminui a incidência de apnéias e bradicardias, os toques
leves podem provocar cócegas devido à hipersensibilidade tátil dos lactantes e tem apenas o
objetivo de proporcionar ao neonato uma experiência não dolorosa. Já os toques executados com
maior pressão são melhores aceitos pelos neonatos principalmente na região da cabeça e do
tronco (KOPELMAN, MIGOSHI, GUINSBURG, 1998).
O uso do toque pela equipe de enfermagem e outros profissionais pode ser de grande
relevância para a humanização da assistência, sendo um instrumento de interação positivo se
utilizado de maneira satisfatória com o paciente e familiares. Ele transmite cuidados e apoio
desenvolvendo a habilidade da comunicação valorizando a relação estabelecida e proporcionando
atenção (TABET e CASTRO, [s.d.]).
2.3.2 A Família Do Recém-nascido Na UTI Neonatal
A aceitação dos pais no ambiente da UTIN demorou anos para ser efetivo, antes as
famílias eram ignoradas e afastadas através de normas rígidas nos berçários, fazendo com que os
pais se sentissem excluídos da vida e de qualquer relação com seus filhos. A justificativa para tal
ação era o controle das infecções no ambiente neonatal, pois se acreditava que impedindo a
entrada dos familiares o risco de infecções era menor, os estudos realizados desde então não
conseguiram provar nenhum aumento do contágio infeccioso com a entrada dos pais na UTIN
assim liberando a entrada e permanência dos pais no ambiente neonatal (LEONE e TRONCHIN,
2001).
Desde sua concepção o recém-nascido pertence a um contexto familiar, havendo a
necessidade de preservar esse contexto, manter, incentivar a continuidade do vínculo da criança
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com seus pais preservando o ambiente de afeto necessário ao desenvolvimento físico e emocional
do RN, tocando-o em uma relação de interação prazerosa desde que expressado pela
manifestação de afeto verbal e tátil (AVERY, 1984).
O nascimento de uma criança de risco é um evento estressante para a família, as
instabilidade e necessidades de cuidados intensivos fazem a família viver sentimentos
imprevisíveis em que a ansiedade, a tristeza e a melancolia surgem de maneira a afetar o
comportamento dos familiares gerado pela separação do bebê, e a incerteza da sobrevivência
(PADOVANI, LINHARES, CARVALHO et. al., 2004).
Os sentimentos de culpa e ansiedade são mais aparentes na mãe durante o período de
internação do seu filho, ela teme que alguma coisa que ela fez ou deixou de fazer durante a
gravidez causou a prematuridade. Essas emoções perturbadas e conflitantes são acentuadas pela
separação, situação na qual ela se vê numa posição periférica e não principal na atenção aos
cuidados do neonato. A dificuldade para experimentar sentimentos maternos não é restrita as
mães de bebês prematuros, mas a todas as mães em que for negado um contato íntimo com seus
bebês (KLAUS e KENNELL, 1993).
O confronto dos pais com o ambiente estressante e confuso, leva ao choque pela
hospitalização, pois se sentem impotentes para assumir os cuidados do seu filho com ele
apresentando risco de vida. A assistência aos pais e a participação da família nos cuidados
hospitalares dos neonatos contribuem para atenuar esses sentimentos que levam a fragilidade da
relação pais e filho (SCOCHI, KOKUDAY, RIUL et. al., 2003).
As famílias reagem aos eventos estressantes de diversas formas e se adaptam, pois quando
eles experimentam os fatores estressantes tentam estabelecer uma reação adequada à situação
sendo necessário uma alteração na estrutura familiar e/ou na interação da família com a
circunstância, obtendo um equilíbrio para superar o momento de crise. A equipe de enfermagem
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pode intervir a ponto de auxiliar os membros da família a lidar com os eventos estressantes
(WONG, 1999).
Os familiares têm necessidade de obter informações honestas sobre o paciente, ter certeza
do melhor tratamento a se oferecer ao paciente, falar sobre o que estão sentindo no momento
difícil que precisam superar, ter informações e explicações sobre os procedimentos e
equipamentos da UTI, serem envolvidos no plano de cuidados, para promover um núcleo familiar
coeso (KNOBEL, 1998).
A relação entre os familiares e o neonato tem que ser estimulada e reforçada durante as
atividades realizadas pelos pais no cuidado e a interação com o RN, sendo responsável à
enfermagem por estabelecer essa relação, pois isso também ajuda no contato e na comunicação
entre os pais e o profissional da enfermagem responsável (WONG, 1999).
2.3.2.1 O Vínculo Afetivo Dos Pais Com Os Recém-nascidos
Logo após o parto é importante que a mãe entre em contato com o recém-nascido para que
possa ocorrer o fortalecimento do vínculo afetivo, caso não ocorra esse contato inicial formarão
vínculos frágeis com maiores riscos de transtornos na relação da mãe com o RN. A equipe deve
intervir para que ocorra o fortalecimento desse vínculo, já que a mãe e o bebê estão intimamente
envolvido um com o outro em numerosos níveis sensoriais, sendo que seus comportamentos
matem o par junto, o bebê provoca comportamentos da mãe que são interessantes para ele e a
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mãe provoca comportamentos no bebê que são gratificantes para ela (KLAUS e KENNELL,
1993).
As relações afetivas entre pais e filhos são definidas através da ligação que ocorre logo
após o nascimento e reflete os sentimentos dos pais com relação ao recém-nascido, e também
através do vínculo estabelecido a partir de sentimentos recíprocos entre pais e filhos, se
desenvolvendo gradualmente com o passar do tempo. O vínculo com os pais é fundamental para
o desenvolvimento mental e físico normal da criança (BEHRMAN e KLIEGMAN, 2004).
O fortalecimento do vínculo familiar com o neonato pode ser observado através de
comportamentos que indicam a formação das ligações emocionais entre o recém-nascido e a
família, sendo que esses comportamentos abrangem despir e tocar o recém-nascido, sorrir, beijar,
conversar com o neonato, abraçar, embalar e acariciar, trazendo a criança próxima ao corpo
(WONG, 1999).
O recém-nascido fixa o olhar em uma face próxima geralmente durante a amamentação e
em momentos de acariciamento, pois ele parece achar a face humana curiosa, quando se mostra
ao RN um rosto humano e um desenho abstrato ele prefere o rosto humano, esse comportamento
é responsável por reforçar a ligação com seus pais porque quando os neonatos estão serenos e
alertas fixam o olhar com interesse e são capazes de responder ao que vêem neste rosto, e imitar
expressões (KENNER, 2001; KLAUS e KLAUS, 1989).
Os neonatos têm potencial para influenciar e transformar o seu ambiente estabelecendo
interação com os pais e outras pessoas de maneiras positivas. O vínculo com os pais pode ser
influenciado através do reconhecimento das individualidades e características dos neonatos, por
exemplo à posição face a face onde os olhos da mãe e do recém-nascido entram em contato visual
no mesmo plano vertical é significativo na formação dos laços afetivos (WONG, 1999).
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2.3.2.2 A Relação Entre A Equipe De Enfermagem E Os Familiares Do Neonato
Na UTIN trabalhar com os neonatos significa trabalhar com as atitudes e sentimentos dos
pais, buscando entender e conciliar o funcionamento emocional, a postura crítica, a hostilidade,
os valores que os pais trazem consigo e amenizando os sentimentos de ansiedade, medo,
fantasias, e rejeições observadas na relação entre pais e filhos. A equipe atua no sentido de
facilitar o vínculo com medidas como: a assistência adequada aos RNs e aos pais dentro de um
enfoque biológico, psicológico e social, orienta e educa os pais nos cuidados com o filho para
proteção da saúde e do desenvolvimento harmonioso da criança (LEONE e TRONCHIN, 2001).
Os pais percebem a internação de seu filho como algo assustador o que está relacionado
ao ambiente da UTIN, e ficam fragilizados a ponto de alguns se tornarem ausentes durante a
internação da criança, a equipe que oferece cuidados tende a encarar o fato como falta de
interesse, mas é importante buscar o porquê desta situação que pode ser devido ao pânico diante
do ambiente, medo de estabelecer uma ligação com o bebê e perdê-lo, impossibilidade de deixar
outros filhos sozinhos e até falta de dinheiro para pagar a passagem (LAMY, GOMES,
CARVALHO, 1997).
Os profissionais que trabalham nas unidades neonatais devem facilitar o contato precoce
entre pais e neonatos prematuros estabelecendo oportunidades para o vínculo e apego, sabendo
que esse processo é gerado gradualmente no decorrer da convivência entre pais e filhos, pois a
separação pode ocasionar um dano na ligação existente entre eles (SCOCHI, KOKUDAY, RIUL
et al, 2003).
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A enfermagem é responsável pelo preparo dos pais para verem o recém-nascido pela
primeira vez, eles devem ser preparados antes da visita quanto ao aspecto do bebê, os
equipamentos conectados a ele e sobre o ambiente da UTIN, ou seja, o que vão encontrar lá que
possa gerar sentimentos desagradáveis. Os familiares devem fazer parte da assistência do RN
sendo orientados pelo enfermeiro que estabelecerá formas de interação e comunicação com os
pais, passando as informações com clareza. A sensibilidade do profissional é essencial para
identificar o que as mães precisam, dando-lhes apoio e compartilhando suas duvidas, medos e
incertezas (REIS, VETORELLI, VIEIRA, [s.d.]).
Os pais precisam ser preparados para as informações em linguagem clara e apropriada, e
incentivados a tocar, no começo irão tocar apreensivos com medo de machucar geralmente
tocando nos pés ou nas costas do bebê, sendo incentivados também a escolher o nome do RN
colocando o nome no leito. A relação de confiança e afetividade estabelecida com a equipe
diminui a tensão e a angustia permitindo aos pais perguntarem, dizer o que pensam e sentem,
manifestarem suas duvidas e anseios (LEONE e TRONCHIN, 2001).
O trabalho integrado da equipe revela intervenções que beneficiam os pais, como mostrar
os gestos, gostos do RN a fim de diferencia-lo dos demais neonatos, facilitando a aproximação,
envolvendo os pais nos cuidados básicos, incentivando o contato pele a pele desde que o RN
esteja estável, auxiliam no afeiçoamento, incentiva o aleitamento materno, e durante a visita
dirigir a atenção dos pais para o filho ao invés do ambiente (TAMEZ e SILVA, 2002).
2.3.3 A Humanização E A Equipe Multidisciplinar
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O processo de humanização tem por expectativas a melhor qualidade de atendimento
prestado ao paciente e de melhores condições de trabalho para os profissionais, assim considera-
se de suma importância cuidar dos próprios profissionais da saúde formando equipes de trabalho
saudáveis (DESLANDES, 2004).
Os profissionais que trabalham na UTI lidam com pacientes críticos e enfrentam uma
grande tensão, eles também precisam de cuidados e de tratamento humano, pois o ambiente
influencia na assistência que o técnico presta ao paciente, então cada integrante da equipe deve se
comprometer com o bom funcionamento da unidade já que o trabalho é criado por todos
(EINLOFT, ZEN, FUHRNIEISTER, 1996).
Em vista do estresse enfrentado pelo profissional no ambiente da UTI neonatal não se
pode descuidar do grupo, pois o resultado do trabalho do profissional depende da equipe como
um todo. Um dos fatores mais estressantes para os profissionais é a falta de coleguismo entre a
equipe a qual faz parte (CINTRA, NISHID, NUNES, 2003).
A deficiência encontrada com relação ao diálogo e a comunicação entre os profissionais, o
paciente, os familiares, e entre os próprios profissionais influenciam na relação estabelecida. A
falta de troca de informações, a debilidade de atenção e do ouvir, comprometem o atendimento e
mantêm os profissionais em condições de sofrimento e desgaste (DESLANDES, 2004).
Os conflitos dentro da equipe podem ser gerados por sentimentos de ciúmes e rivalidade
que podem se manifestar diante das técnicas, e até mesmo sobre quem se sente mais dono do
paciente, sendo que estes sentimentos podem prejudicar a dinâmica do funcionamento do grupo.
Em vista da necessidade de diminuir o risco de morte dos pacientes, a equipe pode adoecer
psicologicamente, então ela precisa substituir a concepção de que ser bom é ser capaz,
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competitivo e eficiente, pela recuperação do humano dentro do próprio profissional conciliando
isso com a tecnologia (KOPELMAN, MIGOSHI, GUINSBURG, 1998).
A equipe atuante na UTI deve participar de treinamentos para seu serviço de forma a
elaborar e permitir uma constante atualização e reciclagem dos profissionais que compõem a
equipe, proporcionando conhecimento científico e habilidades técnicas específicas que visam
melhora no atendimento e no desempenho do profissional (PIVA, CARVALHO, GARCIA,
1997).
Programas de educação continuada, estímulos pelo bom desempenho moral e financeiro,
encontros sociais e integração entre os membros da equipe, apoio psicológico, avaliação dos
aspectos que causam estresse, e organização de grupos de discussões são alternativas adotadas
que levam ao reconhecimento do profissional e uma melhor qualidade de trabalho e atuação
(NASCIMENTO e MARTINS, 2003).
É fundamental, no processo de humanização, entender a equipe de maneira
interdisciplinar, atuando e potencializando as ações entre si, respeitando o potencial de cada um e
estando atenta, colaborando para o trabalho interativo, contribuindo para o saber interdisciplinar,
facilitando sempre o processo comunicacional e estruturando grupos pra reuniões cientificas,
discussão de casos clínicos, buscando aperfeiçoar o atendimento aos pacientes, trocando
informações e conhecimentos, que permitirão aos profissionais acrescentar conhecimentos e
dividir ansiedades, favorecendo o surgimento de soluções (MAGALHÃES, GUANAES, CELLI
et. al., 2004).
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2.3.3.1 A Influência Do Estresse Sobre A Equipe Multidisciplinar
A equipe hospitalar sofre psiquicamente e isso é identificado pelas jornadas prolongadas,
pelo ritmo acelerado de trabalho, a não existência de momentos de descanso, a responsabilidade
por cada tarefa que assegura a sobrevida do paciente. Intercorrências como mudança repentina no
estado clínico de um paciente, aumentam a tensão e a ansiedade, ocasionando inquietude na
equipe e fazendo com que os profissionais avaliem suas capacidades de trabalhar no ambiente da
UTI (MAGALHÃES, GUANAES, CELLI et. al., 2004).
Os profissionais da saúde que trabalham em UTI confrontam diariamente com questões
relativas a morte, causando estresse devida à gama de estímulos emocionais nocivos, aos quais os
profissionais da saúde estão constantemente expostos, a solicitação de decisões rápidas e
precisas, a cruel e desumana tarefa de “selecionar” quem usa este ou aquele equipamento,
conviver com limitações no ambiente neonatal contrapondo com o as expectativas e cobranças
sobre os profissionais pelos pacientes, familiares, instituição hospitalar e ate mesmo pelo próprio
profissional (MAGALHÃES, GUANAES, CELLI et. al., 2004).
O estresse na UTI é gerado através do ambiente de crise, pelo risco de vida dos pacientes,
sobrecarga de trabalho, e pela falta de reconhecimento pelos profissionais e se manifesta na
forma de fadiga física e emocional, tensão e ansiedade. A equipe que atua na UTI esta exposta a
um nível maior de estresse do que em qualquer outro setor hospitalar, pois lida não somente com
a assistência aos pacientes e familiares e também com emoções e conflitos (VILA e ROSSI,
2002).
A exposição aos fatores estressantes resulta em reações psicológicas adaptativas
produzidas pelo organismo na busca do equilíbrio. Esses comportamentos psicológicos são
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adquiridos pela aprendizagem e experiências, sendo um mecanismo de luta para combater o
estresse, e podem ser construtivos ou destrutivos. Os construtivos auxiliam a pessoa a aceitar e a
resolver os conflitos que causam estresse, enquanto que os destrutivos não auxiliam a pessoa a
enfrentar os fatores estressantes e provocam alterações na personalidade, na capacidade das
pessoas em lidar com problemas, e até mesmo na capacidade funcional do indivíduo (POTTER e
PERRY, 1998).
O medo e a ansiedade são estratégias de defesa dos profissionais e devem ser superados
para minimizar as psicopatologias causadas por eles. O profissional na busca por maior satisfação
em seu trabalho precisa organizar o ambiente, interferir por um tratamento humanizado, diminuir
os agentes estressores (MAGALHÃES, GUANAES, CELLI et. al., 2004).
A identificação no ambiente de trabalho dos fatores estressantes e a realização de ações
para eliminá-los ou amenizá-los podem ser alternativas viáveis para resolver os problemas. O
profissional deve admitir que o estresse está presente e que cada pessoa irá reagir a ele de acordo
com sua percepção do fator que gera o estresse. As técnicas de abordagem do estresse devem ser
dirigidas as mudanças das reações provocadas por um estressor (POTTER e PERRY, 1998).
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3 METODOLOGIA
A pesquisa é do tipo exploratória descritiva definida como um estudo que objetiva
descrever determinado fenômeno mediante a pesquisa de campo para aquisição de informações
e/ou conhecimentos a respeito de um problema, buscando a comprovação ou descoberta de uma
resposta que revele novos fenômenos ou uma relação existente (MARCONI e LAKATOS, 1996).
A técnica determinada para a coleta dos dados foi um questionário quantiqualitativo
elaborado com base na literatura encontrada sobre o tema, com perguntas abertas, fechadas e de
múltipla escolha , cujo qual, é uma forma de observação direta extensiva de acordo com Marconi
e Lakatos (1996), e também pela forma da observação direta intensiva, através da observação
estruturada, a qual utilizou para a coleta dos dados ou fenômenos observados um instrumento
para responder a propósitos pré-estabelecidos .
3.1 Caracterização Dos Materiais E Métodos
O presente estudo foi realizado na UTI neonatal do Hospital Policlínica Cascavel no
Município de Cascavel, estado do Paraná, no período compreendido entre março e outubro de
2005, tendo como população alvo à equipe de enfermagem que atuou na UTIN nesse período. A
UTIN destina-se ao atendimento dos recém-nascidos, e conta com 13 leitos distribuídos entre 3
setores denominados A, B, C e um leito para isolamento de crianças infecto-contagiosas.
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Os profissionais da equipe de enfermagem eram divididos em quatro grupos com três
períodos de atuação da equipe matutino, vespertino e noturno, ou seja, um grupo fazia parte do
período matutino, outro do vespertino e os outros dois grupos do período noturno, num sistema
de rodízio, trabalhando numa noite e na outra não.
A técnica utilizada para a coleta dos dados foi à aplicação de um questionário
quantiqualitativo com 17 questões (apêndice 1) no período de março a maio de 2005,
previamente elaborado com base na literatura encontrada a cerca do tema, no qual constavam
questionamentos quanto à formação e tempo de atuação dos profissionais no cabeçalho do
questionário, e as 17 questões sobre humanização no setor neonatal, com o objetivo de analisar o
conhecimento da equipe de enfermagem sobre os aspectos da humanização.
Depois da aplicação deste questionário foram realizadas palestras sucintas no período de
junho a setembro de 2005 sobre assuntos abordados no processo de humanização do setor da
unidade de terapia intensiva neonatal, como forma de enfatizar e aprimorar o conhecimento da
equipe de enfermagem. Estas palestras foram divididas em cinco temas, sendo a primeira sobre a
humanização e seus benefícios, a segunda sobre o ambiente físico neonatal mais humano
enfatizando a organização do setor, o manuseio na assistência dos neonatos, a luminosidade, a
higiene e a sonoridade. A terceira abordou a importância e os tipos de toques, o posicionamento
dos neonatos, a quarta palestra foi sobre a interação da equipe de enfermagem com os pais dos
neonatos, e a quinta sobre a necessidade da realização de discussões falando da assistência
humanizada entre a equipe de enfermagem no dia-a-dia da unidade de terapia intensiva neonatal.
As palestras foram aplicadas para três turnos de atuação da equipe de enfermagem, sendo
que o noturno abordou os dois grupos da equipe que trabalhavam alternadamente. Procurou-se
realizar as palestras nos dias em que a maior parte dos profissionais que componham o grupo
estivesse presente.
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Após a realização de todas as palestras em cada grupo houve um período de observação
distribuído pelos três turnos durante o mês de outubro de 2005 através de um instrumento de
observação (apêndice 2), o qual direcionou as anotações feitas com base nos aspectos vistos,
ouvidos e examinados, tendo como objetivo verificar as situações e condições em que os aspectos
relacionados à humanização, não são devidamente aplicados na UTI neonatal.
3.2 Critérios De Inclusão
Foram inclusos no estudo os profissionais que compõem a equipe de enfermagem da UTI
neonatal do Hospital Policlínica Cascavel e que leram e assinaram o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (anexo 1).
A equipe de enfermagem foi escolhida para integrar o estudo por ser uma equipe coesa e
responsável por grande parte dos procedimentos realizados na UTIN, além de permanecer
constantemente e em tempo integral com os neonatos. A equipe é dividida em períodos de
plantões matutino, vespertino e noturno.
3.3 Critérios De Exclusão
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Foram excluídos do estudo os profissionais que fazem parte da equipe multidisciplinar,
como fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos e fonoaudiólogos, e também os profissionais da
enfermagem que fazem parte do setor da maternidade do Hospital Policlínica Cascavel devido a
não permanência constante e integral deles na UTI neonatal.
3.4 Análise Dos Dados
Os dados foram apresentados em três categorias, primeiro a caracterização da população
estudada, segundo os dados obtidos pelas questões quantitativas e qualitativas do questionário e a
terceira os dados pertinentes à observação estruturada baseada no instrumento pré-estabelecido.
A análise e interpretação dos dados levantados foram realizadas a partir de tabelas e
gráficos para a interpretação dos dados pertinentes as questões fechadas e de múltipla escolha do
questionário quantiqualitativo, e através de codificação aberta para a análise das questões abertas,
ou seja, nomeando fenômenos através de um exame exaustivo dos dados, do mesmo questionário.
Com relação ao instrumento de observação a análise transcorreu de forma exaustiva sobre as
anotações levantando os fenômenos observados.
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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Atuava na UTI neonatal uma equipe de enfermagem formada por 15 profissionais
divididos em duas categorias, enfermeiras e técnicas em enfermagem, distribuídas em 3 turnos de
trabalho. As informações foram coletadas através da aplicação do questionário quantiqualitativo
aos profissionais e através de um instrumento de observação realizado após o término das
palestras aplicadas, sendo a coleta dos dados realizada no período de março a outubro de 2005.
Após a análise do questionário quantiqualitativo pode-se caracterizar a população
estudada, a equipe de enfermagem da UTI neonatal do Hospital Policlínica Cascavel, e constatou-
se que era composta por 4 enfermeiras e 11 técnicas em enfermagem, não apresentando nenhuma
auxiliar de enfermagem. A média de idade encontrada entre os profissionais foi de
aproximadamente 32,6 anos e a idade variava de 23 a 42 anos entre eles.
A equipe de enfermagem era formada por 15 profissionais do sexo feminino que estavam
atuando profissionalmente em média 7,33 anos, sendo que havia profissionais atuando apenas há
1 ano e profissionais já com 24 anos de atuação. O tempo em que esses profissionais estavam
atuando profissionalmente na UTI neonatal do Hospital Policlínica Cascavel era de
aproximadamente 3,38 anos, variando em torno de 2 meses a 16 anos entre os profissionais. A
tabela abaixo demonstra os dados relativos a caracterização da população estudada que foram
apresentados acima.
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Tabela 01 – Caracterização da Equipe de Enfermagem da UTIN de acordo com o questionário quantiqualitativo.
Categoria Profissional DadosEnfermeiros 26,7% (04)Técnicos em enfermagem 73,3% (11)Auxiliar de enfermagem 0Total de Profissionais 15Variação da Idade dos Profissionais 23 anos a 42 anosMédia da Idade e Desvio Padrão 32,6 anos ± 3,53Gênero F:M 15 FTempo de Profissão Média (anos) Variação do tempoTempo de atuação nessa profissão 7,33 1 ano a 24 anosTempo de atuação na UTIN da Policlínica 3,38 2 meses a 16 anos
Fonte: A autora.
A análise das questões qualitativas foi realizada pelo exame exaustivo dos dados com
base na caracterização das respostas fornecidas pelos profissionais, a fim de classificar os
fenômenos enfatizando trechos escritos como fundamentais para a conclusão dos resultados.
Ao analisar a questão qualitativa a respeito do que os profissionais entendem por
humanização na assistência prestada ao recém-nascido (questão 01), pode-se verificar que as
respostas não incluíam todos os aspectos do conceito de humanização, devido à equipe não
relatar a importância do estado físico, psicológico, social e espiritual dos profissionais que a
compõem em relação à assistência.
As respostas revelam que alguns dos profissionais entendem por humanização na
assistência ao RN à participação dos pais na internação dos filhos, desde o acolhimento da
família, a visita estabelecida, a participação ativa na assistência ao neonato, a amamentação, e o
fortalecimento do vínculo afetivo com os pais. Fica evidente a preocupação dos profissionais com
a necessidade da participação dos pais, durante a permanência dos recém-nascidos no ambiente
da UTI neonatal.
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Outros profissionais da equipe revelaram entender por humanização na assistência ao
neonato a melhor qualidade de atendimento para estabelecer bem estar, conforto, integridade
física, social e espiritual, suprir as necessidades básicas dentro de um contexto holístico,
equipamentos, profissionais treinados e qualificados para o atendimento. Houve também
profissionais que relataram a importância tanto da família envolvida como a melhor qualidade de
atendimento aos neonatos.
Segundo Magalhães, Guanaes, Celli et. al. (2004), a humanização não é evidenciada por
uma maneira de fazer, assim como uma técnica, ela é um processo de vivência que envolve toda a
atividade de um ambiente, promovido pelas pessoas que fazem parte dele, e que desta maneira o
paciente possa receber um tratamento mais humano com base nas circunstâncias em que foi
internado e na individualização empregada na assistência. A humanização é a procura por
conforto físico, psíquico e espiritual do paciente, assim como da família e do profissional que
compõem a equipe.
Segundo Cintra, Nishid e Nunes (2003), a humanização das UTIs só será possível
partindo da própria humanização do profissional, pois não se pode humanizar a assistência ao
paciente crítico sem antes o profissional aprender a ser mais íntegro, e verdadeiro com ele mesmo
evitando comportamentos superficiais adotados somente no ambiente da UTI e que lhe provocam
transtornos por não conseguir ser ele mesmo.
Uma razão para isso é que as pessoas procuram maneiras de serem melhores e
progredirem exteriormente e não em conseqüência de melhorar o que elas são, pela maneira de
pensar e agir, e são capazes de transformar tudo, mas não de desenvolver-se. Harmonizar todas as
circunstâncias: físico, psíquico, social e espiritual determinará um desempenho novo em sua
prática, que fornecerá um padrão melhor no aspecto tangente a vida pessoal e profissional
(MENDES, TREVISAN, FERRAZ et. al., 2002).
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Na questão 16, quando questionados se já tinham vivenciado alguma situação na UTI
neonatal a qual entenderam como sendo humanizada, as respostas obtidas revelaram a
compreensão da maioria dos profissionais 60%, a respeito de pequenas atitudes as quais
revelaram a humanização vivenciada, como por exemplo: “um toque com carinho e afeto no
bebê”, “os pais participaram de todos os momentos trocando a fralda, no banho”, “o RN ficou
sobre o peito nu de sua mãe com leve penumbra e com a música que sua mãe ouvia na gestação
num ambiente tranqüilo”.
Outros profissionais 20%, citaram como situação humanizada vivenciada por eles na UTI
neonatal, questões que não descrevem a humanização presente ou mesmo não deixam claro a
humanização, por não serem respostas adequadas à pergunta realizada, como por exemplo:
“sempre quando vou fazer um procedimento”, não descreveu a situação entendida por ele como
humanizada sempre que ele vai fazer um procedimento, ou ainda, “na diluição do medicamento
adequadamente” está é uma tarefa que exige técnica, não deixou claro o lado humano.
Dos profissionais da equipe 20% não responderam a questão deixando-a em branco, ou
responderam que não vivenciaram nenhuma situação, ou que não lembravam de situações
vivenciadas entendidas como humanizadas.
Na questão 02, quando abordado se à instituição oferece condições para que os
profissionais possam prestar uma assistência humanizada ao neonato, 46,66% dos profissionais
responderam que a instituição oferece condições, 40% deles responderam que quase sempre
oferece e 13, 33% que não oferece condições (tabela 02).
Tabela 02 – Referente à instituição oferecer condições de prestar a assistência humanizada.
Profissionais (%/valor numérico) Respostas46,66% (07) Sim, oferece condições.40% (06) Quase sempre oferece condições.13,33% (02) Não oferece condições.
Fonte: A autora.
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Os aspectos físicos, os equipamentos fornecidos, o número de profissionais disponíveis
para assistência, os treinamentos e qualificações desses profissionais, as normas gerais de uma
UTI neonatal são questões entre outras que contribuem e/ou facilitam a presença da humanização
no ambiente da UTI neonatal, mas não são justificativas para não executar a humanização e
colocá-la em prática.
Os profissionais devem compreender que suas atitudes e ações são diferenciais que
revelam e inserem a humanização, e que ela pode ser vivenciada no cotidiano da UTIN tornando
a assistência mais digna, assim como o ambiente no qual trabalham mais humano, facilitando as
relações e buscando harmonia.
Em relação à questão 03 referente aos profissionais terem alguma dificuldade para prestar
a assistência humanizada na UTI neonatal, 46,66% deles revelou ter dificuldades, enquanto que
53,33% responderam que não tem dificuldades em prestar a assistência humanizada ao neonato
(tabela 03).
Tabela 03 – Dificuldades para prestar a assistência humanizada.
Profissionais (%/valor) Respostas53,33% (08) Não têm dificuldades.46,66% (07) Têm dificuldades
Fonte: A autora.
As dificuldades para prestar a assistência humanizada relatadas pelos profissionais são: a
falta de tempo que foi citada por 57,16% dos profissionais que revelaram ter dificuldades, à
distância dos pais citada por 14,28% dos profissionais, o profissional técnico que precisa se
policiar para dar atenção ao paciente citada por 14,28% dos profissionais, e a desaprovação de
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atitudes do profissional pela equipe multidisciplinar citada por 14,28% dos profissionais (tabela
04).
Tabela 04 – As dificuldades apresentadas pelos profissionais.
Dificuldades Número de profissionais Falta de tempo 57,16% (04)Distância dos pais 14,28% (01)Profissional técnico 14,28% (01)Desaprovação das atitudes pela equipe 14,28% (01)
Fonte: A autora.
Verifica-se que a dificuldade para humanizar relatada pelos profissionais está baseada na
dificuldade de lidar com aspectos relacionados ao ambiente atual da unidade de terapia intensiva
neonatal repleto de tecnologia, com sobrecarga sensorial, com a entrada dos pais e familiares na
UTIN e com o trabalho a ser estabelecido numa equipe multidisciplinar.
A falta de tempo citada como dificuldade pelos profissionais chama atenção para as
emergências, para a sobrecarga de tarefas, onde o profissional se vê como se não tivesse tempo
para humanizar. Segundo Pauli e Bousso (2003), a agitação do ambiente da UTI neonatal faz com
que o profissional da enfermagem acredite que precisa ser rápido e prático na assistência em meio
à emergência, e também acredita que seu tempo deve ser dedicado a criança e assim depara com
a dificuldade para destinar esse tempo também aos pais.
Segundo Pauli e Bousso (2003), a presença dos pais do neonato é enfatizada como um
fator benéfico para o bem estar da criança e dos familiares, o profissional da enfermagem ao
precisar lidar com a presença dos pais deve ganhar a sua confiança, uma vez que é ele quem deve
auxiliar os pais a passar por essa experiência. É necessário que os profissionais tenham habilidade
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para trabalhar com as famílias nas diversas situações pelas quais elas passam, a fim de reduzir o
estresse e os conflitos da família com a equipe.
Em um estudo realizado por Lamy, Gomes e Carvalho (1997) a respeito da percepção dos
pais sobre a internação de seus filhos, um dos aspectos concluídos foi que os pais percebem a
internação de seus filhos como algo assustador estando relacionado com o ambiente neonatal,
eles fragilizados pela internação ficam a base das normas que vigoram na UTIN e na busca por
um atendimento mais humanizado é preciso estabelecer com os pais uma relação em que o
profissional deixe espaço para ouvir e responder perguntas, podendo adequar suas falas as
necessidades individuais dos pais.
É aceitável que o cuidado técnico seja visto como uma dificuldade para humanizar a
assistência já que esse está presente no ambiente da UTI cada vez mais sofisticado e
burocratizado, direcionando o cuidado para o científico centrado nas tarefas e agressivo com o
paciente, com a família e os profissionais, prevalecendo o cuidado curativo (VILA e ROSSI,
2002).
A dificuldade para trabalhar em equipe faz parte do cotidiano dos profissionais, por
exemplo à equipe pode apresentar resistência com relação à atitude de um profissional. A equipe
precisa reconhecer suas próprias limitações, seus valores e crenças, a fim de desenvolver
sentimentos de confiança em si mesma, estabelecendo um relacionamento harmonioso capaz de
promover um cuidado com qualidade (PAULI e BOUSSO, 2003).
A equipe ao ser questionada a respeito de ser capaz de adaptar a situação a cada paciente,
podendo assim oferecer um atendimento individualizado ao neonato (questão 04), 60%
responderam que são capazes, 20% responderam que quase sempre são capazes e por fim 20%
responderam não serem capazes de adaptar a situação a cada paciente (tabela 05).
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Tabela 05 – Referente aos profissionais serem capazes de prestar a assistência individualizada.
Profissionais (%/valor numérico) Respostas60% (09) Sim, são capazes de adaptar a situação.20% (03) Quase sempre são capazes de adaptar a situação.20% (03) Não são capazes de adaptar a situação.
Fonte: A autora.
A assistência humanizada é vista como a individualização frente às necessidades de cada
um, não se tratando apenas de mudanças nas instalações físicas, mas principalmente uma
mudança de comportamentos e atitudes do profissional frente ao paciente e seus familiares. A
realidade é que os profissionais que assistem diretamente e indiretamente os pacientes são os
verdadeiros responsáveis pela humanização presente no ambiente da UTI (MAGALHÃES,
GUANAES, CELLI et. al., 2004).
A respeito da lavagem das mãos na assistência abordada na questão 05 do questionário
quantiqualitativo, 60% dos profissionais revelaram lavar as mãos com água e sabão sempre que
iniciam um procedimento e ao término deste e/ou fazem uso de solução antisséptica, 33,33% dos
profissionais lavam as mãos com água e sabão antes e após realizar qualquer procedimento e/ou
fazem uso de solução antisséptica caso não tenha que entrar em contato com resíduos orgânicos,
e caso tenham utilizam luvas para realizar os procedimentos e 6,66% lavam e esfregam
freqüentemente as mãos e antebraços com água e sabão antes de qualquer procedimento (gráfico
01).
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Gráfico 01 – Assepsia das mãos e medidas de higiene adotadas pelos profissionais.
A lavagem das mãos na assistência
6,66%
93,33%
93,33%
33,33%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Lavam as mãos somente antes dosprocedimentos
Lavam as mãos antes e depois dosprocedimentos
Fazem uso de antisséptico
Fazem uso de luvas em contato comresíduos orgânicos
Ass
epsi
a da
s m
ãos
Porcentagem de profissionais
Fonte: A autora.
A higiene inserida na assistência chama atenção para os resultados obtidos pela não
utilização da luva nos procedimentos que envolvem o contato com resíduos orgânicos pela
maioria dos profissionais, mas a maioria deles lava as mãos antes e depois dos procedimentos, faz
uso de solução antisséptica entre os procedimentos, utilizando mais a luva para lidar com as fezes
do neonato, e não faz uso tanto da luva para punção devido à fragilidade do procedimento e a
maior segurança quanto a sensibilidade do local sem o uso das luvas.
A não utilização de luvas pelos profissionais para o contato com resíduos orgânicos e a
grande adesão pelo uso de soluções antissépticas revela a não conscientização da equipe pelo
benefício da luva na higiene. Segundo Naganuma, Kakehashi, Barbosa et. al. (1995) o uso de
luvas é fundamental para o manuseio de materiais infectantes, como secreções e sangue durante
os procedimentos, pois as luvas servem como uma barreira protetora entre os recém-nascidos e as
mãos dos profissionais.
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Um estudo realizado por Mendonça, Fernandes, Azevedo et. al. (2003), sobre a adesão
dos profissionais da saúde à lavagem das mãos em uma unidade de terapia intensiva neonatal
concluiu que os profissionais tinham uma alta adesão a lavagem das mãos, mas que nem sempre
estes utilizavam a técnica correta e não o faziam antes e após cada procedimento revelando a
necessidade de capacitação e orientação sobre a importância do ato para o controle de infecções.
A orientação, educação e conscientização dos profissionais a respeito da utilização da luva
no contato com resíduos orgânicos é fundamental, visto que as mãos são fontes de disseminação
de microorganismos infecciosos.
Ao analisar se a equipe faz a adequação do ambiente com relação ao dia/noite na UTI
neonatal (questão 06), 60% dos profissionais fazem a adequação do ambiente, 26,66% quase
sempre fazem essa adequação e 13,33% não realizam a adequação do ambiente. E analisando a
realização de penumbra sobre a incubadora (questão 07) 80% dos profissionais realizam, 13,33%
quase sempre realizam e 6,66% não realiza a penumbra (gráfico 02). A maioria da equipe faz a
adequação do ambiente e utiliza a penumbra como uma forma de adequar o ambiente.
Gráfico 02 – Relação entre os profissionais que realizam a adequação do ambiente e dos que realizam a penumbra.
0%10%20%30%40%50%60%70%80%
Porcentagem dos
profissionais
Realizama
penumbra
Adequamo
ambiente
Re lação e ntre a ade quação do ambie nte ao dia/noite e a re alização da pe numbra
NãoQuase sempreSim
Fonte: A autora.
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Uma medida importante no ambiente neonatal é a adequação do ambiente quanto ao dia e
a noite visto a importância de amenizar a intensidade de luz incidente durante o dia e a noite, e
respeitar a diferença estabelecida entre eles. A análise revelou que a maioria dos profissionais
realiza a adequação do ambiente, e a penumbra sobre a incubadora é uma alternativa bastante
adotada para diminuir a incidência de luz. A implantação de condições e medidas que evitem a
luz contínua são benéficas e devem ser incentivadas.
Em um estudo realizado por Brandon, Holditch e Belyea (2002) comparando a luz cíclica
com a penumbra contínua, revelou que a luz cíclica tem efeitos benéficos sobre o recém-nascido
permitindo maior ganho de peso, menor tempo em ventilação mecânica e de internação
hospitalar, bem como os recém-nascidos expostos somente à penumbra contínua demonstraram
não haver nenhum benefício com isso.
Através do instrumento de observação verificou-se que existe uma resistência de alguns
profissionais que trabalham no turno noturno com relação à adequação do ambiente e realização
da penumbra. Isto pode ser devido a uma convicção prevalente entre os profissionais quanto à
luminosidade do dia vindo externamente ser excessiva e não a luminosidade do ambiente interno
promovido por equipamentos de fototerapia, pela própria luz do ambiente que não é diminuída.
Estabelecer uma graduação da intensidade luminosa, a fim de minimizar a interferência da
luz no descanso noturno, auxilia no desenvolvimento do neonato possibilitando um sono
profundo e restaurador evitando que haja uma sobrecarga sensorial que possa causar ao recém-
nascido estresse pela influencia do ambiente (TAMEZ e SILVA, 2002).
O aspecto da poluição sonora foi abordado na questão 08, através do questionamento
quanto ao disparo de um alarme como por exemplo da incubadora se o profissional estivesse
ocupado numa tarefa a qual estivesse terminando. Dentre as opções de respostas 86,66% dos
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profissionais responderam que deixariam o que estavam fazendo se possível e imediatamente
desligariam, enquanto que 13,33% responderam que terminariam o que estavam fazendo e então
desligariam (tabela 06). Demonstrando dessa maneira que a maioria da equipe responderia
prontamente aos alarmes.
Tabela 06 – Ao disparo de alarmes a atitude do profissional que está terminando sua tarefa.
Profissionais (%/valor) Opções de respostas 13,33% (02) Terminaria o que estava fazendo e ia desligar.86,66% (13) Deixaria o que estava fazendo se possível e imediatamente desliga.
Fonte: A autora.
Outra abordagem do aspecto sonoro (questão 09) foi quanto se a equipe contribui para
diminuir a presença de ruídos no ambiente da UTI neonatal, a maioria dos profissionais 66,66%
dos profissionais revelaram que a equipe contribui sim, enquanto que 33,33% responderam que
às vezes contribui para diminuir a presença de ruídos (tabela 07).
Tabela 07 – Referente à equipe de enfermagem contribuir para diminuir os ruídos na UTIN.
Profissionais (%/valor numérico) Opções de respostas66,66% (10) Sim33,33% (05) Ás vezes
Fonte: A autora.
Os níveis de ruídos podem ser diminuídos no ambiente neonatal baixando o volume das
vozes, dos monitores, alarmes, telefones, respondendo rapidamente aos alarmes disparados,
manipulando a incubadora com cuidado, diminuindo a rotina e procedimentos dos plantões por
certos períodos, sinalizando a UTIN como área de silêncio e evitando a passagem de plantão
junto ao neonato (SCOCHI, RIUL, GARCIA et. al., 2001).
Em um estudo realizado por Rodarte, Scochi, Leite et. al. (2005) sobre o ruído gerado
durante a manipulação das incubadoras, revelou que o modo de manipulação cuidadoso é um
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meio efetivo para minimizar os níveis sonoros produzidos durante a manipulação. Mesmo a
manipulação cuidadosa gerou um forte nível de ruídos, mas com a manipulação brusca esse nível
quase triplica, destacando o papel da enfermagem nos cuidados prestados e manipulando a
incubadora constantemente, influenciando desta maneira diretamente na redução ou aumento do
ruído no ambiente.
Isso revela que a atuação do profissional na UTIN é de grande responsabilidade na
organização e modificação do ambiente para diminuir e eliminar os ruídos excedentes,
contribuindo para um ambiente menos estressante e com menos influências negativas sobre o
RN, os familiares e os próprios profissionais. Assim se verifica a importância da educação
continuada dos profissionais da UTIN.
Com relação à comunicação estabelecida com o neonato abordada na questão 10, a
maioria da equipe 73,33% dos profissionais se comunica falando e tocando no neonato, enquanto
que 20% dos profissionais às vezes se comunicam pela utilização da fala e do toque ao mesmo
tempo, somente 6,66% comunica-se apenas falando com o neonato e nenhum dos profissionais
utiliza somente o toque para se comunicar (tabela 08).
Na comunicação estabelecida com o neonato, o toque, a fala e a atenção são essenciais
para que essa comunicação seja satisfatória e interativa, pois o contato com o recém-nascido
nunca é neutro e influencia no comportamento do neonato e nas atitudes do próprio profissional
durante a assistência prestada, evidenciando a importância do toque.
Foi indagado também aos profissionais se ao realizarem algum procedimento eles falavam
para o recém-nascido sobre o que estavam fazendo durante aquela intervenção, a maioria da
equipe 86,66% dos profissionais responderam que falam o que estão fazendo independente do
neonato estar acordado ou não, e 13,33% dos profissionais responderam que falam, mas somente
se ele estiver acordado (tabela 08). Isso revela que grande parte da equipe estabelece uma
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comunicação baseada na fala e no toque com o neonato e que falam sobre o que estão fazendo
durante os procedimentos independente dele estar acordado ou não.
Despertar o recém-nascido de maneira gentil falando com ele antes de tocá-lo permite que
o recém-nascido possa despertar antes do procedimento ou do cuidado a ser realizado, assim
ocorre à manutenção da organização do neonato evitando que desencadeie uma situação
estressante para ele (TAMEZ e SILVA, 2002).
Tabela 08 – A comunicação com o neonato.
Profissionais (%/valor) Opções de respostas6,66% (01) Comunica-se falando com ele0% Comunica-se apenas tocando nele20% (03) Ás vezes comunica-se falando e tocando ao mesmo tempo73,33% (11) Ás vezes comunica-se falando e tocando ao mesmo tempo
Á respeito de falar para o recém-nascido sobre os procedimentos
13,33% (02)
86,66% (13)
Fala mas somente se ele estiver acordado
Fala independente de ele estar acordado ou não.Fonte: A autora.
Ao falar com o recém-nascido 66,66% dos profissionais da equipe chamam-no de bebê,
26,66% chama-o pelo nome, 6,66% fala sem chamá-lo de alguma coisa, e nenhum profissional
chama-o de recém-nascido de fulano, conforme demonstra o gráfico 03. A maioria dos
profissionais se refere ao neonato como bebê, deixando de lado um aspecto da individualidade
tão relevante na assistência humanizada. Segundo Knobel (2002), pequenas atitudes como
chamar o paciente pelo nome podem revelar a presença da humanização no ambiente neonatal.
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Gráfico 03 – Forma que os profissionais utilizam para chamar o neonato ou se referir a ele.
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%
Porcentagem de Profissionais
Recém-nascidode fulano
Sem chamá-lo dealguma coisa
Pelo nome
Bebê
Ao falar com o neonato os profissionais se referem a ele desta forma
Fonte: A autora.
A respeito da assistência integral de qualidade e humanizada, o enfermeiro deve organizar
o ambiente, executando os cuidados de acordo com a necessidade individualizada e a resposta de
cada neonato (SCOCHI, RIUL, GARCIA et. al., 2001). O cuidado humanizado segundo Vila e
Rossi (2002), está relacionado ao diálogo, a atitude dos profissionais, a identificação do paciente
pelo nome, a fim de personalizar a assistência prestada.
Na questão 13 foi abordado como o toque é utilizado na UTI neonatal a maioria dos
profissionais 53,33% toca o neonato devido o procedimento, mas aproveita para ser afetivo, e
46,66% dos profissionais toca sempre que acha necessário não necessariamente devido a um
procedimento (tabela 09). A análise permite afirmar que a equipe utiliza o toque afetivo com o
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neonato, mas que a maioria dos profissionais, embora a diferença seja pequena, utiliza o toque
afetivo somente no momento dos procedimentos.
Tabela 09 – O toque utilizado com o neonato.
Profissionais (%/valor) Opções de respostas53,33% (08) Toca devido ao procedimento, mas aproveita para ser
afetiva com o neonato e lhe fazer carinhos.46,66% (07) Toca sempre que acha necessário dar carinho ao neonato,
não necessariamente devido a um procedimento. Fonte: A autora.
Segundo Timby (2002) o toque é uma maneira não verbal de comunicação e que pode
oferecer conforto e afetividade, como pode estar somente associado à tarefa quando envolver
apenas o contato pessoal necessário durante a realização dos procedimentos na assistência da
enfermagem.
O toque pode enviar mensagens positivas e negativas para o paciente dependendo do
momento, do local e da forma com que ocorre, podendo ser usado tanto como instrumental,
quanto de maneira mais expressiva demonstrando afetividade e proximidade com o paciente. O
toque faz parte das atividades cotidianas do enfermeiro e deve ser utilizado na assistência a fim
de oferecer um cuidado integral aos aspectos biopsicoemocionais do paciente (ACQUA,
ARAUJO, SILVA, 1998).
O posicionamento foi analisado revelando que 73,33% dos profissionais não realizam a
mudança de decúbito, pois aconchegam o recém-nascido numa posição confortável em que ele
está mais acostumado, 20% dos profissionais quando realizam algum procedimento ás vezes
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realizam a mudança de decúbito, e 6,66% sempre que realizam algum procedimento mudam o
recém-nascido de decúbito (gráfico 04).
O aconchego do recém-nascido numa posição confortável e que ele está mais acostumado
revela que a maioria dos profissionais não realiza a mudança de decúbito, pois se ele está mais
acostumado a ficar em uma posição é porque suas experiências com relação às outras posições é
menor. A mudança de decúbito é um importante aspecto nos cuidados com o recém-nascido e
diversos estudos vêm sendo realizados a fim de verificar as vantagens da mudança de
posicionamento para os neonatos, principalmente os que estão em ventilação mecânica.
Gráfico 04 – Mudança de decúbito realizada pelos profissionais.
Mudança de decubito realizada pelos profissionais
73,33%
6,66%
20,00%
0%10%20%30%40%50%60%70%80%
Aconchega o RN naposição confortável e
de costume
Sempre mudam dedecúbito
Ás vezes mudamde decúbito
Por
cent
agem
dos
Pro
fissi
onai
s
Fonte: A autora.
Em um estudo realizado por Oliveira e Rugolo (1994), foi comparada a saturação do
oxigênio transcutâneo em recém-nascidos gravemente enfermos submetidos ao posicionamento
em supino e prono no qual observou-se maior estabilidade da saturação de O2 na posição prona
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nos RNs com patologias pulmonares, e ainda ao se mudar do decúbito supino para prono houve
significativo aumento na saturação sugerindo que a posição prona é ideal para RNs com
patologias pulmonares.
A mudança de posicionamento do neonato intensifica os padrões flexores, aumenta a
orientação da linha média, promove o alinhamento correto das extremidades e a organização. As
posições são alteradas freqüentemente para proporcionar experiências sensório-motoras
diversificadas, a percepção de diferentes sensações de peso, informações sobre a tensão de
diferentes grupos musculares, respeitando o estado clínico do neonato e sua tolerância a certas
mudanças (TECKLIN, 2002).
A análise da questão 15 a respeito do encorajamento e orientação das mães para iniciarem
a amamentação assim que possível, teve como resultado que a maioria da equipe 86,66% dos
profissionais orienta quanto ao inicio da amamentação e a persistência por parte da mãe, e
13,33% orientam quanto ao inicio da amamentação, mas acham que as mães que devem persistir
caso achem necessário (tabela 10).
Tabela 10 - Sobre o encorajamento e orientação das mães sobre a amamentação.
Profissionais (%/valor) Opções de respostas 86,66% (13) Sempre orientam quanto às mães iniciarem a
amamentação e a persistirem13,33% (02) Orientam, mas elas é que devem persistir caso achem
necessário.Fonte: A autora.
O aleitamento materno é o modo mais adequado de fornecer alimento para o crescimento
e desenvolvimento, com influência também na saúde biológica e emocional do binômio mãe-
filho (MANCINI e MELÉNDEZ, 2004). Uma das dificuldades enfrentadas pelas mães com os
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neonatos internados na UTI neonatal é vista justo com a amamentação devido à falta de
informações, devido à separação e ansiedade com a condição do neonato, e a falta de incentivo à
participação da mãe ativamente na recuperação de seu filho (TAMEZ e SILVA, 2002).
O sucesso da amamentação não depende somente da mãe de do RN e sim também do
profissional responsável pelos cuidados o qual é zela por educar e fornecer conhecimento com
direta participação no incentivo, estímulo e manutenção do aleitamento materno fazendo parte da
prestação de assistência ao binômio mãe-filho. A amamentação é uma contribuição para o bem
estar da criança e que só as mães podem fazer (SCOCHI, KOKUDAY, RIUL et. al., 2003).
A maioria dos profissionais 53,33% afirmou que existem discussões sobre a humanização
na UTI neonatal entre a equipe, 33,33% afirmaram que ás vezes há discussões e 13,33% que não
existem discussões na UTI neonatal sobre humanização (tabela 11).
Tabela 11 – Discussões sobre humanização entre a equipe de enfermagem na UTIN.
Profissionais (%/valor numérico) Respostas53,33% (08) Há discussões.33,33% (05) Ás vezes há discussões.13,33% (02) Não há discussões.
Fonte: A autora.
O ambiente da UTI é muito estressante e os profissionais que atuam nessa área são
pessoas com elevado nível de estresse e ansiedade devido à gravidade dos pacientes, a sobrecarga
de atividades e o contato direto com situações de emergência e risco (MAGALHÃES,
GUANAES, CELLI et. al., 2004).
É um ambiente instável com dias tranqüilos, mas também com dias agitados os quais
certos pacientes exigem atenção e cuidados de toda a equipe. A equipe precisa apreender a lidar
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com essas situações de emergência a fim de amenizar o estresse, a sobrecarga de trabalho
buscando tornar mais humana a assistência (VILA e ROSSI, 2002).
Para os profissionais que trabalham numa UTI e visam a humanização do ambiente o
primeiro passo é aceitar que existe estresse e influências negativas que provocam ansiedade e
conflitos, e depois procurar avaliar o seu papel dentro da equipe. Então reuniões entre os grupos
para discutir os conflitos, as situações vivenciadas, dividindo os anseios e o estresse é uma
maneira de harmonizar e melhorar o ambiente de trabalho (CINTRA, NISHID, NUNES, 2003).
A satisfação com o trabalho deve ser pretendida na UTI, os profissionais precisam buscar
o atendimento humanizado, levando em consideração o homem e tornando-o parte integrante do
trabalho. O profissional deve aprender a lidar com os fatores estressantes como o ambiente físico,
o sofrimento diante da morte, a carga excessiva de trabalho, o inter-relacionamento com a equipe,
minimizando as psicopatologias geradas por sentimentos como o medo e a ansiedade, que são
estratégias defensivas do ser humano (MAGALHÃES, GUANAES, CELLI et. al., 2004).
As palestras aplicadas buscaram enfatizar e aprimorar o conhecimento da equipe sobre a
humanização e tiveram resultado positivo como a atenção e o interesse dos profissionais pela
assistência mais humana, a ponto de sensibilizar a procura pelo conhecimento, maior dedicação e
atenção na assistência, despertando motivação em muitos profissionais.
A respeito do instrumento de observação realizado posteriormente as palestras as quais
salientaram os aspectos da humanização, pode-se analisá-lo a fim de buscar condições, situações
que ainda dificultam a humanização de ser inserida tanto no ambiente quanto na assistência
promovida pela equipe de enfermagem. A análise da observação revelou que os aspectos
humanos levados em consideração não são sempre aplicados no ambiente e na assistência do
neonato na UTI neonatal, pela existência de situações e condições que fazem com que a equipe
deixe de lado a humanização (tabela12).
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Tabela 12 – Situações e condições vivenciadas pela equipe que fazem com que os profissionais ás vezes deixem de lado a humanização.
Os aspectos que são deixados de lado Situações e/ou Condições que ás vezes deixam de
lado a humanização.Assistência individualizada É menos realizada em situações de emergência,
situação e/ou épocas em que o número de neonatos
internados aumenta.Lavagem das mãos e uso de luvas O uso de luvas é mais adotado para contato com
fezes, e menos para o contato com os demais
resíduos, e em situações e/ou épocas em que o
número de neonatos internados aumenta.Adequação do ambiente ao dia/noite Deixa de ser feita em situações de emergência, á
noite, e em situações e/ou épocas em que o número
de neonatos internados aumenta.A penumbra sobre a incubadora Sempre é realizada com a luz incidente que vem do
meio externo, e menos realizada quando a
luminosidade intensa é provocada por algum
equipamento ou no próprio ambiente interno.Ao disparo de alarmes resposta imediata Não é imediata quando procuram por algum
equipamento ou material necessário, durante a
assistência ao neonato e em situações e/ou épocas em
que o número de neonatos internados aumenta, na
troca de plantão também e menos freqüente.Uso do toque afetivo, da fala e atenção Não é utilizado na situação de emergência, e em
situações e/ou épocas em que o número de neonatos
internados aumenta, quando os RNs estão dormindo
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para realizar os procedimentos.Mudança de decúbito Menos realizada em situações e/ou épocas em que o
número de neonatos internados aumenta, e quando há
substituição do profissional do grupo naquele dia.Fonte: A autora.
A análise permite afirmar que as situações e/ou condições mais observadas como menos
humanizadas são as situações de emergências, situações onde o número de neonatos internados
aumenta, e a substituição de algum profissional do grupo naquele dia.
E que existem algumas resistências dos profissionais da equipe pela utilização de luvas
para entrar em contato com resíduos orgânicos na higiene perioral, nasal e das fezes, a
responderem imediatamente aos alarmes nas trocas de plantão, a alguns profissionais que
trabalham no turno da noite por adequar o ambiente ao dia e a noite, e ao uso do toque, da fala e
atenção quando os neonatos estão dormindo para realizar os procedimentos.
A resistência encontrada em alguns profissionais provavelmente deve-se ao fato de que o
tema humanização ainda é novo, e muitas UTIs como também os hospitais de forma geral estão
se adaptando e procurando conscientizar e educar suas equipes para que possam então oferecer
aos pacientes uma melhor qualidade no seu atendimento.
Contudo o trabalho alcançou sua meta, avaliou a humanização do ambiente, e
principalmente houve o feedback dos funcionários através da motivação, do interesse e da
vontade de se tornar mais humano.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através dos resultados obtidos podemos afirmar que a equipe de enfermagem do Hospital
Policlínica Cascavel possui um bom conhecimento a cerca dos aspectos da humanização inserida
na assistência neonatal. Porém há falhas da equipe em alguns aspectos analisados como em
relação ao bem estar físico, psíquico e espiritual do mesmo, no item da utilização das luvas para o
contato com resíduos orgânicos, ao chamar o recém-nascido de bebê e não pelo nome, e ao não
realizarem a mudança de decúbito.
As palestras sobre os aspectos da humanização foram de grande relevância ao abordarem
e enfatizarem o conhecimento dos profissionais, visto que na observação realizada após o término
delas a equipe passou a entender que a humanização devia partir dos próprios profissionais que
compõem a equipe multidisciplinar, das suas ações e comportamentos, refletindo sobre um
melhor posicionamento dos neonatos, na realização da mudança de decúbito a qual foi enfatizada
como de grande necessidade, na conscientização por chamar os neonatos pelo nome, no interesse
da equipe em zelar por um ambiente harmonioso e discutir sobre a humanização.
O presente estudo buscou enfatizar que a educação continuada dos profissionais que
trabalham na UTIN além de proporcionar melhora na qualidade do atendimento técnico e
científico, busca resgatar o humano, a atenção, a individualidade na assistência fazendo com que
o ambiente da UTIN deixe de ser estressante e nocivo para os neonatos, familiares e
profissionais.
Com os resultados obtidos dos questionários verificou-se que o trabalho cumpriu os
objetivos propostos, verificando o conhecimento dos profissionais da enfermagem a respeito de
humanização, podendo dessa forma ser discutida com a equipe os pontos positivos e negativos
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para que possam ser aperfeiçoados e que principalmente desmistificou o conceito de
humanização para esta equipe, mostrando que humanizar não é tão complicado, basta iniciativa,
vontade e amor pelo que se faz.
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ANEXO 1 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
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TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Nome da Pesquisa: A Humanização na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal
Pesquisadores Responsáveis: Cláudia Rejane Lima de Macedo e Erica Fernanda Osaku
Este trabalho tem o objetivo de estudar a humanização no ambiente da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. Os voluntários selecionados para este trabalho serão os profissionais que trabalham na UTI Neonatal do Hospital Policlínica Cascavel.O objetivo do trabalho é por em prática o processo de humanização. Para isso será realizada a humanização do ambiente e da equipe, e para a avaliação deste processo serão realizados questionários com a equipe da UTI Neonatal. Ao término do trabalho, os voluntários serão informados dos resultados obtidos.Como não será feito nenhum procedimento invasivo, não existe nenhum risco ou possibilidade de agravo à saúde.
Após ler e receber explicações sobre a pesquisa, e ter meus direitos de:
1.receber resposta a qualquer pergunta e esclarecimento sobre os procedimentos, riscos, benefícios e outros relacionados à pesquisa;2.retirar o consentimento a qualquer momento e deixar de participar do estudo;3.não ser identificado e ser mantido o caráter confidencial das informações relacionadas à privacidade;4.procurar esclarecimentos com o Comitê de Ética em Pesquisa da UNIOESTE, através do telefone 220-3131, em caso de dúvidas ou notificação de acontecimentos não previstos.
Declaro estar ciente do exposto e desejo participar da pesquisa.
Cascavel, _________de ____________________2005.
Nome do Participante:_____________________________________________________Assinatura do Participante:_________________________________________________
Nós, Cláudia Rejane Lima de Macedo e Erica Fernanda Osaku, declaramos que fornecemos todas as informações referentes ao estudo ao participante e/ou responsável.
_______________________________ Data:________/________/__________Cláudia Rejane L. Macedo
_______________________________ Data:________/________/__________Erica Fernanda Osaku
Telefones: (45) 3035-7544/ (45) 322-1686
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APÊNDICE 1 – QUESTIONÁRIO QUANTIQUALITATIVO
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Humanização na UTI neonatal
Questionário de Coleta de Dados:
Iniciais:_________________________ Idade:_________ Sexo:________________
Função dentro da UTI neonatal:
Enfermeiro.
Auxiliar de enfermagem.
Técnico em enfermagem.
Tempo de atuação nessa profissão:______________
Tempo de trabalho na UTI neonatal do hospital Policlínica: ______________________
1) O que você entende por humanização na assistência ao neonato?
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2)Esta instituição oferece condições para que a equipe de enfermagem preste uma assistência humanizada ao neonato?
Sim Não Quase sempre. Não sei.
Justifique:-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
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3)Você tem alguma dificuldade em estar prestando uma assistência humanizada na UTI neonatal? Qual dificuldade?
Sim Não Quase sempre. Não sei
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4)Você acha que a equipe de enfermagem é capaz de adaptar a situação a cada paciente, podendo assim oferecer um atendimento individualizado ao neonato?
Sim Não Quase sempre. Não sei
5) Quanto à lavagem das mãos:
Lavo e esfrego freqüentemente as mãos e antebraços com água e sabão, especialmente antes de qualquer procedimento.
Lavo as mãos com água e sabão sempre que inicio um procedimento e ao término deste e/ou então faço uso de solução antisséptica. Lavo as mãos com água e sabão antes e após realizar qualquer procedimento ou faço uso de solução antisséptica caso não tenha que entrar em contato com resíduos orgânicos, e caso tenha que entrar em contato utilizo luvas para realizar os procedimentos. 6) A equipe de enfermagem estabelece uma adequação do ambiente da UTI neonatal com respeito ao dia e a noite?
Sim.Não.Quase sempre Não sei
7) É permitida a realização de penumbra sobre as incubadoras?
Sim.Não.
Quase sempre
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Não sei8)Quando um alarme, por exemplo da incubadora, se ele dispara e você esta ocupada em alguma tarefa que já irá terminar:
Você termina o que estava fazendo e vai desligar. Larga o que estava fazendo se possível e imediatamente desliga.
9)Você acha que a equipe de enfermagem contribui para diminuir a presença de ruídos na UTI neonatal? Por quê? Sim Não.
Ás vezes. Não sei
Justifique sua resposta:---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
10)Como é a sua comunicação com o neonato?
Comunica-se falando com ele Comunica-se apenas tocando neleÁs vezes comunica-se falando e tocando ao mesmo tempo Comunica-se falando e tocando no neonato
11)Ao realizar algum procedimento, por exemplo trocar a fralda do neonato, você fala sobre o procedimento para ele? Sim, mas somente se ele estiver acordado. Sim, independente de ele estar acordado ou não. Não, nunca falo o que estou fazendo.
12) Quando você fala com o neonato:
Fala como Recém-nascido de fulano. Simplesmente fala sem chamá-lo de alguma coisa.
Fala chamando-o pelo nome. Fala chamando-o de bebê
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13)Quando você toca no neonato, como é esse toque?
Toca devido ao procedimento que deve ser realizado. Toca devido ao procedimento, mas aproveita para ser afetiva com o neonato e lhe fazer carinhos. Toca sempre que acha necessário dar carinho ao neonato, não necessariamente devido a um procedimento. 14)Quanto a mudar o neonato de decúbito:
Ao realizar algum procedimento com o neonato procura-se sempre aconchega-lo na posição que lhe é mais confortável e que ele está mais acostumado.
Sempre que realiza algum procedimento muda o neonato de decúbito. Quando realiza algum procedimento ás vezes mudam o neonato de decúbito. Existe horário determinado em que você deve mudar de decúbito todos os neonatos.
15) Existe o encorajamento e orientação das mães a iniciarem a amamentação assim que possível?
Sim, sempre são orientadas quanto a iniciarem a amamentação e a persistirem. Sim, sempre são orientadas quanto a iniciarem a amamentação.
Sim, são orientadas, mas elas é que devem persistir caso achem necessário. Não sei.
16)Alguma vez você vivenciou uma situação na UTI neonatal na qual entendeu como sendo humanizada? Descreva essa situação:
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
.17) Há discussões sobre humanização na UTI neonatal entre a equipe de enfermagem?
Sim Não Ás vezesCaso existam as discussões como elas ocorrem?
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APÊNDICE 2 – INSTRUMENTO DE OBSERVAÇÃO
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INSTRUMENTO DE OBSERVAÇÃO
1)A assistência prestada pela equipe de enfermagem realizada de forma individualizada frente
ás necessidades de cada neonato, com respeito e atenção, ouvindo e compartilhando com os
familiares. Em que situações isso não ocorre, ou isso ocorre sempre?
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______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
2)A equipe de enfermagem lava as mãos com água e sabão antes e após realizar qualquer
procedimento ou faz uso de solução antisséptica caso não tenha que entrar em contato com
resíduos orgânicos, e caso tenha que entrar em contato utiliza luvas para realizar os
procedimentos? Em que situações isso não ocorre, ou isso ocorre sempre?
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
3)A equipe de enfermagem realiza a penumbra sobre as incubadoras para evitar o excesso de
luminosidade incidente sobre os neonatos? Em que situações isso não ocorre, ou ocorre
sempre?
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4)Existe por parte da equipe de enfermagem uma adequação do ambiente da UTI neonatal
com relação ao dia e a noite? Em que situações isso não ocorre, ou é sempre realizada a
adequação?
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______________________________________________________________________________
5)A equipe de enfermagem responde prontamente aos alarmes disparados de incubadoras,
ventiladores mecânicos, bombas de infusão e outros? Em que situações isso não ocorre, ou
ocorre sempre?
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6)A equipe se comunica com os neonatos fazendo uso do toque afetivo, falando com o
neonato, dando atenção? Em que situações isso não ocorre, ou ocorre sempre?
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7)A equipe de enfermagem realiza a mudança de decúbito dos neonatos? Em que situações
isso não ocorre, ou é realizado sempre?
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