PRINCÍPIOS DA
TERAPÊUTICA
OBJECTIVO DA TERAPÊUTICA:
conseguir um determinado efeito (curativo, preventivo, … )
através da administração de uma ou várias substâncias com
ação farmacológica no organismo, com um mínimo de efeitos
adversos.
PRINCÍPIOS DA TERAPÊUTICA
DOSE PRESCRITA
•Adesão do paciente
•Erros na medicação
DOSE ADMINISTRADA
•Taxa e extensão da absorção
•Tamanho e composição corporal
•Distribuição nos líquidos corporais
•Ligação plasmática e tecidual
•Taxa de eliminação
CONCENTRAÇÃO NO LOCAL DE
AÇÃO
•Variáveis fisiológicas
•Fatores patológicos
•Fatores genéticos
•Interações com outros fármacos
•Desenvolvimento de tolerâncias
INTENSIDADE DO EFEITO
•Interação fármaco-receptor
•Estado funcional
•Efeitos de placebo
Factor es que deter m inam as r e lações ent r e as doses p r escr i tas
do fá r m aco e o e fe i to do m esm o.
PRINCÍPIOS DA TERAPÊUTICA
PRINCIPAIS CONCEITOS
EM FARMACOLOGIA
Substância activa: toda a matéria de origem humana, animal,
vegetal ou química, à qual se atribui uma actividade
apropriada para constituir um medicamento.
Excipiente: são as substâncias que existem nos
medicamentos e que completam a massa ou volume
especificado. Um excipiente é uma substância inactiva usada
como veículo para o princípio activo.
Medicamento: “Toda a substância ou composição que possua
propriedades curativas ou preventivas das doenças e dos seus
sintomas, do homem ou do animal, com vista a estabelecer
um diagnóstico médico ou a restaurar, corrigir ou modificar as
suas funções orgânicas” (Decreto-Lei 72/91 de 8 Fevereiro).
PRINCIPAIS CONCEITOS EM
FARMACOLOGIA
Substância tóxica – capaz de causar danos, de tal ordem
intensos, que a vida pode ser posta em risco – Morte ou
sequelas persistentes
Forma farmacêutica – Estado final que as substâncias activas
apresentam depois de submetidas às operações
farmacêuticas necessárias, a fim de facilitar a sua
administração e obter o maior efeito terapêutico desejado.
Placebo – fármaco ou procedimento inerte, e que apresenta
efeitos terapêuticos devido aos efeitos psicológicos
da crença do paciente de que está a ser tratado.
PRINCIPAIS CONCEITOS EM
FARMACOLOGIA
Dose – a quantidade capaz de provocar uma resposta
terapêutica desejada no paciente, preferencialmente sem
outras acções (efeitos colaterais) no organismo.
Posologia – Descreve a dose de um medicamento, os
intervalos entre as administrações e a duração do tratamento.
Denominação Comum Internacional (DCI) – denominação do
fármaco ou princípio farmacologicamente activo
recomendada pela Organização Mundial de Saúde.
PRINCIPAIS CONCEITOS EM
FARMACOLOGIA
Bioequivalência – consiste na demonstração de equivalência
farmacêutica entre produtos apresentados sob a mesma
forma farmacêutica, contendo idêntica composição
qualitativa e quantitativa de princípio (s) activo (s), e que
tenham comparável biodisponibilidade, quando estudados sob
um mesmo desenho experimental.
Biodisponibilidade – indica a velocidade e a extensão de
absorção de um princípio activo em uma forma de dosagem, a
partir de sua curva concentração/tempo na circulação
sistémica ou sua excreção na urina.
PRINCIPAIS CONCEITOS EM
FARMACOLOGIA
Medicamento Similar – aquele que contém o mesmo ou os mesmos princípios activos, apresenta a mesma concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêutica, preventiva ou diagnóstica, do medicamento de referência, podendo diferir somente em características relativas ao tamanho e forma do produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veículos, devendo sempre ser identificado por nome comercial ou marca.
Medicamento Genérico – medicamento similar a um produto de referência ou inovador, que se pretende ser com este intercambiável, geralmente produzido após a expiração ou renúncia da protecção de patente ou de outros direitos de exclusividade, comprovada a sua eficácia, segurança e qualidade, e designado pela DCI.
Medicamento de Referência – produto inovador cuja eficácia, segurança e qualidade foram comprovadas cientificamente junto do órgão competente.
PRINCIPAIS CONCEITOS EM
FARMACOLOGIA
Concentração terapêutica – concentração entre o nível
mínimo capaz de produzir efeito terapêutico e o nível mínimo
capaz de produzir efeito tóxico.
Resposta terapêutica – resultado dos fenómenos que ocorrem
após a administração de um medicamento.
Tolerância - diminuição da resposta a um fármaco, ou seja, a
diminuição do efeito farmacológico com a administração
repetida da substância.
PRINCIPAIS CONCEITOS EM
FARMACOLOGIA
EFEITO SECUNDÁRIO: efeito diferente daquele considerado como principal por um fármaco.
REACÇÃO ADVERSA: qualquer resposta a um medicamento que seja prejudicial , não intencional, e que ocorra nas doses normalmente util izadas em seres humanos para profilaxia, diagnóstico e tratamento de doenças, ou para a modificação de uma função fisiológica.
INTERACÇÃO: alterações que se produzem nos efeitos de um fármaco devido à ingestão simultânea de outro fármaco ou aos al imentos consumidos. Podem reduzir ou potenciarco efeito de um fármaco.
CONTRA-INDICAÇÃO: situação em que o fármaco não deve ser administrado.
PRECAUÇÕES ESPECIAIS DE ADMINISTRAÇÃO: cuidados específicos a ter com a administração de um fármaco (ex.: administrar em jejum)
PRINCIPAIS CONCEITOS EM
FARMACOLOGIA
Efeitos locais – reacções que só ocorrem no local de
administração do medicamento;
Efeitos sistémicos – efeitos ocorrem num órgão ou sistema
distante do local de administração ;
Efeitos sinérgicos – combinação dos efeitos de dois ou mais
fármacos, administrados simultaneamente – efeito final é
superior à soma dos efeitos de cada um deles isoladamente.
(ex.: relaxante muscular + analgésico)
Efeitos antagónicos – efeito oposto entre dois fármacos. (Ex.:
potássio / digitálicos. Potássio antagoniza a potência do
digitálico, sendo que ambos actuam ao nível da frequência
cardíaca.)
PRINCIPAIS CONCEITOS EM
FARMACOLOGIA
Fonte: Goodman & Gilman, As Bases Farmacológicas da Terapêutica, 2007 (modificado).
* Janela terapêutica: significa a área (ou faixa) entre a dose eficaz mínima e a dose máxima permitida. Portanto,
corresponde a uma faixa plasmática aceitável na qual os resultados terapêuticos são positivos.
* Cmáx: indica a máxima concentração de fármaco atingida na circulação.
* Tmáx: indica o tempo que leva para que a máxima concentração de fármaco seja atingida na circulação.
JANELA TERAPÊUTICA
*CEM (concentração eficaz mínima) ou
NPE (nível plasmático efetivo): menor
concentração do fármaco no plasma que
seja suficiente para manter, nos locais de
ação, a concentração adequada para
provocar o efeito farmacológico.
A duração da ação de um fármaco é
determinada pelo período de tempo
durante o qual as concentrações
permanecem acima da CEM. A resposta
do fármaco abaixo da CEM será
subterapêutica.
* CMT (concentração máxima tolerável): é
a maior concentração que o fármaco pode
atingir na circulação. Concentrações
maiores geram efeitos tóxicos.
PRINCÍPIOS GERAIS DE
TOXICOLOGIA
“Todas as substâncias são venenos; não
existe uma que não o seja. A dose certa
diferencia um veneno de um remédio.” Paracelso (1493-1541)
PRINCÍPIOS GERAIS TOXICOLOGIA
EFEITO TÓXICO:
reações indesejáveis provocadas por uma dose excessiva ou
por acumulação anormal do fármaco no organismo.
TOXICOLOGIA:
ciência que estuda os efeitos adversos das substâncias
químicas nos organismos vivos.
PRINCÍPIOS GERAIS TOXICOLOGIA
DL 50 - ou dose leta l média, dose que, quando administ rada, provoca a morte de 50% dos indiv íduos.
Ex posição aguda – os efe itos resu ltam de uma única administ ração .
Ex posição crón ica – os e feitos são resultantes da exposição a pequenas doses por longos períodos de tempo , como resultado de uma acumulação lenta.
Metabo l i tos tóx icos - produto do metabol ismo de um a determinada molécula o u substânc ia, com ação tóx ica no organismo.
Fototox ic idade – tox ic idade provocada pela ex pos ição d ireta ou indi reta à luz so lar ( inclui fotosens ibi l idade e fotoalergia)
PRINCÍPIOS GERAIS TOXICOLOGIA
TIPOS DE EFEITOS TÓXICOS:
Farmacológicos – causam um efeito farmacológico (ex.:
depressão do SNC);
Patológicos – causam um dano patológico (ex.: lesão
hepática);
Genotóxicos – causam alterações ao nível DNA (ex.: neoplasia
induzida por citotóxicos).
PRINCÍPIOS GERAIS TOXICOLOGIA
TRATAMENTO DE UMA INTOXICAÇÃO AGUDA:
1. Manutenção das funções vitais.
2. Identificação do tóxico.
3. Prevenção de absorção do tóxico:
por via digestiva – vómito, lavagem gástrica, di luição, catarse, administração de carvão ativado;
por via cutânea e ocular – lavagem.
4. Aumento da eliminação do tóxico:
Diurese forçada;
Alterações do pH urinário;
Hemodiálise;
Diálise peritoneal;
Hemoper fusão.
5. Utilização de antídoto:
Antídoto – substância util izada para anular ou diminuir os efeitos de um tóxico no organismo..
PRINCÍPIOS GERAIS TOXICOLOGIA
Exemplos de antídotos:
N - acet i l c i s te ína – intox icações por paracetamol
Bicarbonato sód io – intox icações por sal ic i latos (ex . : AAS)
Cloreto de amónio - intox icações por bases fracas (ex . : anfetaminas)
Etano l - intox icações por metanol e et i lenogl ico l
Flumazeni l - intox icações por benzodiazepinas
Labetalo l - intox icações por cocaína
Naloxona - intox icações por substâncias opiáceas
PRINCÍPIOS GERAIS TOXICOLOGIA
“o que o
organismo
faz ao
fármaco”
FARMACOCINÉTICA
CICLO GERAL DOS MEDICAMENTOS
ABSORÇÃO
DISTRIBUIÇÃO
METABOLIZAÇÃO
ELIMINAÇÃO
Definição: percurso do fármaco através de diferentes barreiras
celulares até ao sangue.
Factores que inf luenciam absorção:
Aspetos físico-químicos
Caraterísticas das vias utilizadas
Solubilidade do fármaco
Gradiente de concentração
Área de absorção
Duração contato
Intimidade de contato
I rrigação da superfície absorvente
Espessura da estrutura através da qual se faz a absorção
ABSORÇÃO
ABSORÇÃO
Para um medicamento atuar, precisa atingir uma concentração eficaz (concentração plasmática) no local onde a sua acção se exerce.
ADMINISTRAÇÃO SISTÉMICA
Directamente no sangue:
administração endovenosa
Outras vias: oral, inalatória,
intramuscular, …
ADMINISTRAÇÃO TÓPICA OU LOCAL
Directamente na pele ou mucosas
VIAS DE ADMINISTRAÇÃO
ABSORÇÃO
VIAS ENTÉRICAS
•sublingual, oral e retal
VIAS PARENTÉRICAS
•endovenosa (EV), intramuscular (IM), subcutânea (SC), inalatória e dérmica (percutânea)
VIA ENDOVENOSA
Desvantagens: deve apenas ser util izada quando não é possível recorrer a outras vias; apenas para administração de soluções aquosas; requer pessoal especializado para a administração; perigo acrescido de reação anafiláctica e risco de embolismo; possibilidade de efeitos cardiovasculares e respiratórios graves; deve ser administrada de forma muito lenta (mínimo de um minuto).
Vantagens: rapidez de ação; administração de medicamentos de difícil absorção por outras vias ou facilmente degradáveis ; administração de grandes quantidades de líquidos; administração de medicamentos com acção irritante local; maior controlo em medicamentos de janela terapêutica estreita.
ABSORÇÃO
VIA INTRAMUSCULAR
É a via mais utilizada como alternativa à via oral;
Possibilidade de administrar praticamente todos os fármacos (desde que tenham capacidade de atravessar a parede do capilar e não tenham ação irritante local);
Soluções aquosas absorvidas mais rapidamente que oleosas ou suspensões;
“bolsas” de libertação lenta – evita administrações repetidas.
Desvantagens: irritação local, dor, abcesso, impossibilidade de auto-administração e de administração de grandes volumes, risco de infeção local.
ABSORÇÃO
VIA SUBCUTÂNEA
Menor tolerância para medicamentos irritantes,
Absorção mais lenta que IM,
Permite auto-administração.
Alternativa à injeção: implantação (cirúrgica) de um
comprimido no tecido subcutâneo, constituindo-se um depósito
que permite a absorção lenta (dias a meses ou anos).
ABSORÇÃO
VIA ORAL
Mais cómoda, mais económica e mais frequentemente utilizada;
Permite auto-administração ;
Apta para uma vasta gama de fármacos;
Velocidade de absorção dependente de fatores como variação inter-individual , esvaziamento gástrico, trânsito intestinal , pH do meio, …;
Absorção maioritariamente ao nível do estômago e do intestino delgado.
Principais inconvenientes : tempo de latência, fármacos irr itantes da mucosa GI, inativação pelo conteúdo do tubo digestivo, interações, efeito primeira passagem (fármacos rápida e intensamente metabolizados pelo fígado não chegam a ser absorvidos) .
Solução: novos sistemas terapêuticos (sistemas de libertação modificada, fármacos encapsulados,… ) .
ABSORÇÃO
VIA RECTAL
Requer intestino limpo;
Administrações repetidas em intervalos regulares;
Menor tolerância à ação irritante dos medicamentos.
Vantagens: permite que cerca de 50% do fármaco escape à
metabolização hepática inicial, administração em crianças
pequenas, doentes com vómitos ou inconscientes.
ABSORÇÃO
VIA SUBLINGUAL
Pequena espessura do epitélio e rica vascularização – rápida absorção;
Exige caraterísticas específicas do medicamento;
Permite auto-administração;
Permite evitar metabolização hepática;
VIA INALATÓRIA
Pequena espessura do epitélio e rica vascularização;
Extensa área de absorção;
Possibilidade de absorção de moléculas relativamente grandes e até partículas sólidas.
ABSORÇÃO
VIA DÉRMICA (PERCUTÂNEA)
Absorção relativamente simples de fármacos lipofílicos;
Possibilidade de uso de dispositivos de libertação controlada;
Grande variação na absorção;
Facilidade de administração;
Menor risco de toxicidade.
OUTRAS VIAS
Via intra-óssea: por punção do externo, para infusão de soluções muito volumosas de sangue ou soros;
Via intra-tecal: para fármacos com acção no SNC e dificuldade em atravessar BHE.
ABSORÇÃO
Definição: transferência reversível das moléculas do espaço
intravascular para o espaço extravascular (órgãos, tecidos e
fluidos corporais).
Factores que condicionam a distr ibuição:
Idade
Sexo
Diferente irrigação dos órgãos ou tecidos
Equilíbrio entre a forma livre e ligada
Espessura da estrutura absorvente
DISTRIBUIÇÃO
DISTRIBUIÇÃO
DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA NO ORGANISMO
A distribuição é feita a part ir da corrente sanguínea por uma parte maior ou menor da água do organismo, dependente das suas características e da fisiologia dos diferentes órgão e tecidos.
Os fármacos que não passam a parede capilar ficam no compartimento plasmático.
Os fármacos que atravessam a parede capilar viajam para o compartimento extracelular, podendo depois atravessar as membranas celulares e atingir o espaço intracelular.
Os fármacos no espaço intracelular vêm a sua distr ibuição condicionada pela capacidade de irr igação do órgão. Assim:
Início da distr ibuição: fármaco maioritariamente nos tecidos muito irr igados (supra-renais, r im, cérebro);
Posteriormente: órgão de menor irr igação (músculo esquelético e vísceras;
Por fim: tecidos fracamente irr igados (tecido gordo).
Distr ibuição não uniforme condicionada por l igação às proteínas plasmáticas ou outros constituintes tecidulares ou BHE.
DISTRIBUIÇÃO
Definição: passagem do fármaco dos tecidos para o sangue
devido a alterações no gradiente de concentração.
Ocorre principalmente com fármacos muito lipofíl icos
Útil no caso de administração de bólus endovenoso
REDISTRIBUIÇÃO
Definição: (ou biotransformação) atuação de sistemas
enzimáticos sobre o fármaco que modificam a sua estrutura e,
consequentemente, as suas caraterísticas fisico-químicas e
farmacológicas.
Ocorre no rim, intestino e pulmão, sendo o local mais
relevante o fígado.
Os metabolitos tendem a ser mais hidrossolúveis
(preferencialmente sob a forma de sais hidrossolúveis) .
Mais facilmente excretáveis que fármacos originais.
Pode ser usada para obter metabolitos mais ativos que o
fármaco de origem.
METABOLIZAÇÃO
Factores que influenciam metabolização:
Etnia
Caraterísticas genéticas
Idade (redução da capacidade de biotransformação no recém
nascido e no idoso)
Patologias (especialmente envolvendo lesão do hepatócito)
Interações
Fenómeno de “indução enzimática”
METABOLIZAÇÃO
Definição: eliminação dos fármacos e seus metabolitos
Principais vias de excreção:
Renal
Biliar
Pulmonar
Com excepção da via pulmonar, são mais facilmente excretados
fármacos hidrossolúveis.
A via de eliminação pode ser escolhida para ação terapêutica
na mesma.
EXCREÇÃO
VIA RENAL:
É a via de maior importância e envolve processos como
filtração glomerular, secreção e reabsorção tubular
É possível alterar o pH urinário para modificar a excreção de
fármacos
A alcalinização da urina diminui a reabsorção tubular de
ácidos fracos e aumenta a das bases fracas
EXCREÇÃO
VIA BILIAR:
Maioritariamente por transporte activo;
Excreção nas fezes;
Fármacos podem ser total ou parcialmente reabsorvidos no intestino delgado, terminando por ser excretados pelo rim.
EXCREÇÃO
VIA PULMONAR:
Excreção de fármacos administrados por via inalatória, mas
também por via oral ou IM, como óleos e essências;
OUTRAS VIAS:
Secreções digestivas, sudorípara, lacrimal, tracto genital,
secreção láctea;
“o que o
fármaco
faz ao
organismo”
FARMACODINÂMICA (trata das ações farmacológicas e dos
mecanismos pelos quais os fármacos atuam)
A resposta é sempre a modificação de uma função já
existente e nunca a criação de uma nova.
Os fármacos podem exercer ação sem intervenção directa de
recetores.
FARMACODINÂMICA: MECANISMO GERAL
AÇÃO DOS FÁRMACOS
Interação fármaco -receptor
Modificação dos
recetores
Início processo
bioquímico Resposta
RECETORES:
Estrutura com a qual os fármacos interactuam para produzirem efeito num sistema biológico.
Macromoléculas proteicas, normalmente constituintes da membrana.
Têm que ter conformação mor fológica e “textura eléctrica” adequada aos fármacos
Interações fármaco-recetor : pontes de hidrogénio, l igações iónicas, l igações covalentes, forças Van der Waals
Recetores diferentes para cada família de fármacos ativos
Recetores próprios para cada substância endógena com funções fisiológicas
Substâncias exógenas podem ativar recetores de substâncias endógenas se tiverem a mesma conformação
Sofrem alterações adaptativas, modificando a sua susceptibilidade
Down e up regulation como alteração adaptativa
FARMACODINÂMICA: MECANISMO GERAL
AÇÃO DOS FÁRMACOS
TIPOS DE RECEPTORES:
FARMACODINÂMICA: MECANISMO GERAL
AÇÃO DOS FÁRMACOS
1 ) l i g a d o s a c a n a i s i ó n i c o s ; 2 ) a c o p l a d o s à p r o t e ín a G ; 3 ) l i g a d o s a c i n a s e s ; 4 ) r e c e t o r e s i n t r a c e lu la re s
FARMACODINÂMICA: MECANISMO GERAL
AÇÃO DOS FÁRMACOS
CONCEITO DE ANTAGONISTA:
Antagonismo competitivo: antagonista fixa-se ao recetor, impedindo que o agonista o faça.
Antagonismo não competitivo: resulta do efeito de dois agonistas com ação contrária.
AÇÕES NÃO MEDIADAS POR RECEPTORES:
Ações de natureza puramente física (ex.: manitol –
diurético osmótico)
Ações de natureza química inespecífica (ex. fármacos que
acidificam ou alcalinizam a urina)
Quelacção (interacção de um fármaco com um ião ou uma
pequena molécula, com a formação de um complexo
estável, um quelato)
FARMACODINÂMICA: MECANISMO GERAL
AÇÃO DOS FÁRMACOS
VARIABILIDADE
INTER-INDIVIDUAL
TIPOS DE VARIAÇÕES:
Variação farmacocinética – a variação ocorre por diferentes concentrações de substância ativa (s.a.) no local de acção, devido a diferenças na absorção, distribuição, metabolização ou excreção.
Variação farmacodinâmica – diferente resposta à mesma concentração de s.a.
Variação quantitativa – s .a. produz maior ou menor efeito e atua por diferentes períodos de tempo.
Variação qualitativa – s.a. difere no efeito exercido.
Variações idiossincrásicas – resultado de diferenças genéticas ou imunológicas entre indivíduos.
VARIABILIDADE INTER-INDIVIDUAL
PRINCIPAIS FACTORES DA VARIABILIDADE:
Idade
Etnia
Gravidez
Factores genéticos
Factores imunológicos
Estados patológicos
Interações entre fármacos
VARIABILIDADE INTER-INDIVIDUAL
ETNIA:
Chineses e caucasianos metabolizam etanol de maneira
diferente
Chineses mais sensíveis aos efeitos do propanolol e afro-
caribianos menos que os caucasianos (chineses metabolizam
o propanolol mais rapidamente)
VARIABILIDADE INTER-INDIVIDUAL
DIFERENÇAS FARMACODINÂMICAS
Podem resultar de factores genéticos,
mas também ambientais, como a
alimentação.
IDADE:
Principalmente devido a diferenças na eficiência da eliminação: está diminuída em recém-nascidos e idosos (s.a. produzem efeitos maiores e mais prolongados, maior risco de toxicidade por acumulação);
Factores fisiológicos (alteração dos reflexos cardiovasculares) ;
Factores patológicos (hipotermia);
Composição corporal (aumento massa gorda relativa altera volume de distribuição dos fármacos);
Maior consumo fármacos em idosos, logo maior probabilidade de interacções.
VARIABILIDADE INTER-INDIVIDUAL
IDADE E EXCRECÇÃO RENAL:
Ritmo de filtração glomerular (RFG) do recém nascido é cerca de
20% do adulto e função tubular também reduzida aumento
tempo semi-vida (t1/2) fármaco;
6 meses idade: função renal duas vezes superior ao adulto;
Aumento função renal é mais lento em crianças prematuras devido
imaturidade do rim;
RFG decresce a partir dos 20 anos: menos 25% aos 50 anos e
menos 50% aos 75 anos.
t 1/2 – tempo necessário para a eliminação de 50% do fármaco administrado.
VARIABILIDADE INTER-INDIVIDUAL
IDADE E METABOLISMO:
Enzimas com importante actividade metaból ica têm baixa at ividade nos
recém-nascidos, especialmente prematuros;
Cerca de oito semanas até ser at ingido o valor do adulto;
Atividade das enzimas declina com o aumento da idade:
Volume de distribuição de fármacos lipossolúveis aumenta (devido aumento massa gorda corporal)
Acumulação tecidual de determinadas substâncias
VARIABILIDADE INTER-INDIVIDUAL
Exemplo : Síndrome do “bebé cinzento” , causado por
acumulação tecidual de c lo ranfenico l (ant ibiót ico) ,
dev ido à sua lenta conjugação hepát ica.
GRAVIDEZ:
Gravidez causa alterações fisiológicas que alteram el iminação do fármaco;
Concentração plasmática albumina materna é reduzida – inf luencia l igação ao fármaco;
Débito cardíaco aumentado – aumento fluxo renal sanguíneo, aumento RFG, aumento eliminação;
Moléculas lipofílicas atravessam barreira placentária com facilidade;
Barreira placentária exclui alguns fármacos (ex.: heparina) – podem ser administrados cronicamente à mãe sem causar efeitos no feto;
VARIABILIDADE INTER-INDIVIDUAL
Fármacos que atravessam barreira placentária são lentamente el iminados – enzimas do fígado fetal metabolizam muito mais lentamente e r im fetal não é eficiente na eliminação, uma vez que os fármacos excretados penetram no l íquido amniót ico e são deglutidos pelo feto.
FACTORES GENÉTICOS:
Genes influenciam farmacocinética, farmacodinâmica e
susceptibil idade às reações idiossincrásicas;
Polimorfismos afetam sensibilidade individual às reações adversas;
REACÇÕES IDIOSSINCRÁSICAS:
Efeito do fármaco qualitativamente anormal e geralmente nocivo,
que ocorre numa pequena percentagem de indivíduos;
Normalmente resulta de anomalias genéticas;
Fatores imunológicos também têm papel importante;
Causas ainda mal compreendidas .
VARIABILIDADE INTER-INDIVIDUAL
DOENÇAS:
Défice na função renal ou hepática – predisposição para toxicidade;
Estase gástrica (enxaqueca, neuropatia diabét ica) – absorção
lentificada;
Doença ileal ou pancreática – absorção incompleta;
Síndrome nefrótica (proteinúria, edema e concentração plasmática
reduzida de albumina) – altera eliminação de fármacos por trocas na
ligação à albumina plasmática e causa insensibi lidade aos diuréticos;
Hipotiroidismo – sensibilidade aumentada a vários fármacos;
Hipotermina – reduz cleanance de muitos fármacos.
C LEANANCE - Medida da capacidade do organismo em el iminar um fármaco .
VARIABILIDADE INTER-INDIVIDUAL
INTERAÇÕES ENTRE FÁRMACOS:
A administração de um fármaco pode alterar a ação de outro por dois mecanismos:
Modificação do efeito farmacológico sem alteração da sua concentração no líquido tecidual;
Alteração da concentração que alcança o local de ação.
Exemplo: Varfarina compete com vitamina K, impedindo síntese hepática de vários fatores coagulação – se a produção intestinal de vitamina K for inibida (por antibióticos, por ex.) , a acção anticoagulante da varfarina aumenta.
VARIABILIDADE INTER-INDIVIDUAL
INTERAÇÕES ENTRE FÁRMACOS E ALIMENTOS:
A absorção gastrointestinal (GI) é diminuída pelos fármacos que
inibem o esvaziamento gástrico ou aumentada por fármacos que o
acelerem;
A formação de complexos pode inibir a absorção (ex.: Ca2+ e
tetraciclinas, colestiramina e varfarina ou digoxina);
A alteração do pH gástrico ou intestinal por ingestão de alimentos
ácidos pode alterar a absorção de fármacos (e até mesmo a
dissolução);
…
VARIABILIDADE INTER-INDIVIDUAL