gregório.pmd 23/8/2010, 14:438
UM CÓDICE SETECENTISTA INÉDITO DEGREGÓRIO DE MATTOS
gregório.pmd 23/8/2010, 14:431
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAReitorHeonir RochaVice-ReitorOthon Jambeiro
EDITORA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIADiretoraFlávia M. Garcia Rosa
Conselho Editorial
Ana Maria FernandesAurino Ribeiro FilhoEneida Leal CunhaInaiá Maria Moreira de CarvalhoJosé Crisóstomo de SouzaSérgio Augusto Soares de Mattos
EDUFBARua Augusto Viana, 37 - CanelaCEP: 40 110-060 - Salvador-BA
Tel/fax: (71)[email protected]
Atendemos pelo reembolso postal
gregório.pmd 23/8/2010, 14:432
UM CÓDICE SETECENTISTA INÉDITO DEGREGÓRIO DE MATTOS
Salvador2000
FERNANDO DA ROCHA PERESSILVIA LA REGINA
gregório.pmd 23/8/2010, 14:433
©2000 BY FERNANDO DA ROCHA PERES E SILVIA LA REGINA
DIREITOS PARA A LÍNGUA PORTUGUESA CEDIDOS ÀEDITORA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA.
FEITO O DEPÓSITO LEGAL.
ILUSTRAÇÃO DA CAPA
FOLHA DO MANUSCRITO SETECENTISTA(1762) DE GREGÓRIO DE MATTOS
FICHA CATALOGRÁFICA
ELABORADA POR PERCIVAL SOUSA DE JESUS
Um Códice setecentista: inédito de Gregório de Mattos / organizadopor Fernando da Rocha Peres e Silvia La Regina._ Salvador:EDUFBA,2000.254p. : il. ; 23cm._ (coleção nordestina ; 12)
Co-edição com as Universidades de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba, Sergipe, Piauí, Ceará, Maranhão, Bahia e Acre.
1. Literatura I. Peres, Fernando da Rocha II. La Regina, Silvia III. Título.
CDD: 800CDU: 091.1:82(81)
gregório.pmd 23/8/2010, 14:434
Dedico este trabalho a Luciana Stegagno Picchio, que me fezconhecer Gregório e a Vera Sales, com quem conheci a Bahia.
Silvia La Regina
Este livro é dedicado a Guita e José Mindlin, amigos detantos anos.
Fernando da Rocha Peres
gregório.pmd 23/8/2010, 14:435
gregório.pmd 23/8/2010, 14:436
AGRADECIMENTOS
A José e Guita Mindlin, que generosamen-te nos emprestaram o códice RBM,
permitindo a realização deste trabalho.
A Cristiane Pellegrino, que colaborou narealização do glossário.
A Erthos Albino de Souza, pelas preciosasinformações bibliográficas.
A Rosa Virgínia Mattos e Silva, a quemrecorremos para bons conselhos.
Ao Centro de Estudos Baianos da UFBA.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:437
gregório.pmd 23/8/2010, 14:438
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO. GREGÓRIO DE MATTOS: UM DESENHO NO TEMPO
13
CRONOLOGIA
23
IFORTUNA CRÍTICA GREGORIANA
27
IIOS CÓDICES DE GREGÓRIO DE MATTOS
33
IIIDESCRIÇÃO DO CÓDICE
55
IVCRITÉRIOS DE EDIÇÃO E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS GRÁFICAS
E ORTOGRÁFICAS DO CÓDICE RBM59
gregório.pmd 23/8/2010, 14:439
VÍNDICE DOS POEMAS
63
VITRANSCRIÇÃO DOS POEMAS
65
VIIGLOSSÁRIO
173
VIIIÍNDICE ONOMÁSTICO
197
IXÍNDICE TOPONÍMICO
209
BIBLIOGRAFIA
219
ANEXO. POEMAS INÉDITOS
237
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4310
ABREVIAÇÕES USADAS NO TEXTO
ABL Obras de Gregório de Matos. dir. de
Afrânio Peixoto. 6 vols. Rio: Publicações
da Academia Brasileira, 1923-1933
(Sacra, I, 1929; Lírica, II, 1923; Graciosa,
III, 1930; Satírica, IV e V, 1930; Ultima,
VI, 1933)
JA Gregório de Matos. Obra Poética. Ed
James Amado. Notas de E. Araújo. 2 vols.
Rio: Record, 1990
RBM Códice inédito setecentista, definido
assim por causa das iniciais dos dois
proprietários mais recentes (Rubens
Borba de Moraes e José Mindlin)
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4311
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4312
13
INTRODUÇÃO
GREGÓRIO DE MATTOS: UM DESENHO NO TEMPO
A PUBLICAÇÃO deste pequeno códice apógrafo de Gregório deMattos e Guerra (nosso poeta gentio), com inéditos, que pertenceu eintegrou à Biblioteca de Rubens Borba de Moraes, por mim visitadaem Bragança, São Paulo, na década de 1980, e hoje faz parte, em legado,à importante Biblioteca Mindlin (Guita e José), dá-nos a oportunidadepara reacentuar, em coleção interuniversitária e nordestina — commuita alegria fazemos parte deste espaço da cultura brasileira —, a vidado poeta e sua cronologia, assim como a possibilidade, em parceria comSilvia La Regina, hoje também especialista na obra do poeta, no conjuntodeste livro, de acentuar certos aspectos sobre o códice e a necessidade dafeitura de uma edição crítica do acervo gregoriano.
Há muitos anos estamos redesenhando a vida de um ho-mem controverso, não só pela questão da autoria do seu corpus poéti-co, mas também pelo levantamento sistemático e paciente de fontesprimárias, seu uso e interpretação, sobre o poeta, em diversos arquivos,para a construção de um puzzle que nos permita fazer a sua biografia,metodologicamente escorreita, sem as fantasias e desinformaçõesocorrentes, inclusive desfocadas.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4313
14
Neste sentido biográfico, já estamos instrumentados e as-sentados na escritura da vida de um poeta brasileiro do século XVII,com documentação de arquivos e bibliotecas de Portugal e Brasil, e doestrangeiro, pois desde a publicação, em 1983, do nosso livrinho Gregó-rio de Mattos e Guerra: uma revisão biográfica (Salvador: EdiçõesMacunaíma, 1983, 121 p.), que demos a lição do novo retrato dosatírico baiano, pois como disse o saudoso amigo Antonio Houaiss,em prefácio ao título acima: “Em verdade, pode-se ter comocerto que Fernando da Rocha Peres é quem mais longa, detenida econtinuadamente tem estudado a vida e indagado os apógrafos e edi-ções de sua obra, sabendo lê-los como raro tem sido feita a sua leitura.O fato é que a pesquisa histórica em torno de Gregório já atingiu uminesperável grau de documentação, pois há duas décadas a documen-tabilidade de sua vida era algo de que não se esperava muito. E a Fernan-do da Rocha Peres se deve o principal a esse respeito.”
Depois desta citação, longa e transcrita sem modéstia, po-rém necessária, vamos, resumidamente, pontilhar a vida do poeta GM(que será assim referido de agora em diante), deixando a sua biografia— que só aguarda patrocínio, editor e quejandos — para outra opor-tunidade.
Vamos falar de um homem, também poeta, certamente o demaior expressão na língua portuguesa do século XVII, cuja documen-tação (fontes primárias de arquivo) tiveram que ser mariscadas, comoostras e pérolas escondidas.
Este será um desenho, não um retrato por inteiro, com suacircunstância, que buscará, basicamente e prelibadamente, apagar osrabiscos tendenciosos que fizeram do poeta, desde o século XIX até aosdias de hoje, tratando-o como “capadócio”, nacionalista avant la let-tre, orixá, mulato e figurinhas que tais. A razão destes equívocos e bes-teiras é que os historiadores ficaram distantes do poeta, usando os seusversos, quando o fizeram, para ilustrar esta ou aquela passagem ouepisódio dos seus capítulos coloniais.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4314
15
Duas faturas biográficas existem antes da nossa “re-visão”:uma do século XVIII, de Manuel Pereira Rabelo, apensa a códices grego-rianos e com variantes publicadas, carregada de imprecisões,falhas e também informações preciosas, fartamente usada pelos desin-formados, com datações discrepantes e coisas tais; e a outra do histori-ador Pedro Calmon, A Vida Espantosa de Gregório de Matos (Rio, JoséOlympio, 1983, 220 p.), muito centrada nos poemas apógrafos de GM,como fontes subsidiárias, valiosa do ponto de vista da informação, ondesomos referidos várias vezes, novamente sem modéstia acadêmica,mas com a generosidade do mestre.
Reescrever a vida de um personagem do século XVII não étarefa fácil, a não ser que o escritor seja um romancista ou um histori-ador, um criador, que enverede pelas mentalidades, utilizandomigalhas da mínima trajetória conhecida do sujeito, como faz, brilhan-temente, o Carlo Ginzburg.
O caso de GM não é este, verdadeiramente, pois romanceá-lo, com desatenção, já foi feito (MIRANDA, Ana. Boca do Inferno. SãoPaulo: Companhia das Letras, 1989, 331 p.), e tratá-lo metodologica-mente, dando ênfase às mentalidades, seria descabido, pois, sobre osujeito, conta-se um “inesperável grau de documentação” — e outrasfontes que podem, ainda, ser localizadas — e um levantamento siste-mático do entorno do poeta, sua presença na Bahia, Portugal, Angola eRecife.
Passemos ao resumo da vida do poeta, pois não queremosenfastiar o leitor com escrita fiada e teórica, com as citações documentaisapós cada passo importante da sua história natural e cultural.
Gregório de Mattos e Guerra, filho de Gregório de Mattose Maria da Guerra (vide também nosso verbete na Mirador, 2ª.edição ou reimpressão), nasceu na Bahia, cidade do Salvador, em 1636(Sumários Matrimoniais da Câmara Eclesiástica de Lisboa, 1661,Maço 2, nº. 69, Biblioteca Nacional de Lisboa, Reservados), em regaçode poderosa e rica família, os Mattos da Bahia, como ele própriorefere-se em poema. Seu avô paterno, Pedro Gonçalves de Mattos, den-
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4315
16
tre outros misteres, foi arrematador de obras, fazendeiro, senhor deengenho, arrendatário de um dos elevadores da cidade (máquina parafazer subir e descer mercadorias), e, para mais que seja, familiar doSanto Ofício da Inquisição na Bahia, cargo ou prebenda, hoje exe-crado, mas, no século XVII, de enorme influência persecutória.
Sua avó, também Maria da Guerra, era proprietária de terrase escravos na Patatiba, região próxima a Santo Amaro da Purificação, norecôncavo da Bahia. Como pode-se ver, o nosso GM, desde o nascimen-to, esteve assentado nos lastros do poder colonial, chegando a ser, umseu primo, muito próximo da família, João de Mattos Aguiar, grandeprotetor e “provedor” da Santa Casa da Misericórdia da Bahia, um doshomens mais ricos da capital do Brasil, Salvador, considerado por A. J. R.Russel-Wood (Fidalgos e Filantropos, A Santa Casa da Misericórdiada Bahia, 1550-1755. Brasília: UNB, 1981, 383 p.) um “leviatã finan-ceiro”.
O pai do poeta, para sairmos desta genealogia e posses e afa-zeres (remetemos o leitor para: PERES, Fernando da Rocha. A FamíliaMattos na Bahia do Século XVII. Salvador: CEB/UFBA, 1989, 62 p.),Gregório de Mattos foi um homem “bom e honrado”, que participouativamente da vida da cidade, na sua administração, sendo membro doSenado da Câmara (Atas e Cartas do Senado da Câmara, com dataçõespara o século XVII, Salvador, Prefeitura Municipal, vários volumes) edeu-lhe condições materiais, mais que satisfatórias, para estudar noColégio dos Jesuítas, onde era difícil o ingresso, e de morar, com suaparentela nas cercanias do Terreiro de Jesus, muito próximos dos Ina-cianos, em “casas” cuja localização contestamos, mas certamente umsobrado bem situado e na área dos senhores.
Em 1642, aos seis anos de idade, GM já está sendo “mentali-zado” pelos Jesuítas, preparando-se para o seu giro futuro: viagem aPortugal, em 1650, aos 14 anos, quando faz suficiência de ingressopara a Universidade de Coimbra, onde matricula-se no ano de 1652,com exame de Bacharel, em 1660, e formatura em Cânones (DireitoCanônico), em 1661, fato este que lhe acrescenta um atributo ou nobi-
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4316
17
litação social a mais, além da terra, do dinheiro, da família influente, aeducação.
Da sua estadia em Lisboa e curso em Coimbra não vamosfalar neste texto, que tem de ser suscinto e, por isto mesmo, remeto oleitor para uma cronologia, ao final, e para o meu livrinho da “re-visão”,revelando aqui certos aspectos, neste artigo, que consideramos signifi-cativos para o desenho de GM.
Decide o poeta ficar em Lisboa — estamos convictos queGM detestava a Bahia, Salvador — para construir sua vida e carreira naCorte. Neste passo, casa, na metrópole, com a filha de um desembarga-dor da importante família dos Saraiva de Carvalho, com raízes na magis-tratura, D. Michaela de Andrade (Sumários Matrimoniais, etc., 1661,Maço 2, nº. 69), cartada esta, de conveniência mútua ou não, quepossibilita ao canonista, recém-formado, ingressar na judicatura.
Em 1662, logo no ano seguinte, o Bacharel, Licenciado, pas-sa por um processo de Habilitação de Genere, para leitura de bacharel,que consistia em escuta de testemunhas, na Bahia e em Guimarães(cidade ao norte de Portugal, de onde vieram os parentes e ancestrais deGM), para que o(s) sujeito(s) fosse(m) nomeado(s), e que compunha,em linhas gerais, responder se o pretendente ao cargo de juiz, no caso,possuía sangue de “infecta nação” (judeu, mouro, negro, mestiço) oudescendia de “oficial mecânico”. Como GM era bem nascido, branco (enão mulato, como dizem), rico, de clã poderosa, todas as respostasforam pela negativa, acentuando os bons acertos da linhagem do pre-tendente à Mercê, que será dada por D. Afonso VI, filho do “Restaura-dor” D. João IV, em 1663, com a nomeação do poeta (já conhecido emCoimbra, por seu talento), para Juiz de Fora de Alcácer do Sal, vila hojeperto de Lisboa, onde chegou a ser Provedor da Santa Casa de Misericór-dia.
A vigência de GM junto ao poder é tão evidente — dizem osmaleivosos que estamos “oficializando” ou destruindo (desconstruin-do?) a sua imagem — que ele vai participar de duas Cortes (“assem-bléia” onde se reuniam procuradores das cidades e vilas, nobreza e
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4317
18
clero para proporem aos reis as leis que julgavam úteis ao Estado, vota-rem impostos e tomarem deliberações sobre assuntos de interessepúblico), representando a Bahia, na defesa dos interesses dos seus habi-tantes “bons e honrados”, com delegação, em 1668 (27 de janeiro,Lisboa) e 1674 (20 de janeiro, Lisboa), pois foi Procurador do Senadoda Câmara, na capital do Reino, de 1672 a 1674. Nesta ocasião, GM tevea incumbência, já recusada pelas autoridades de Lisboa, de solicitar acriação de um Universidade na Bahia.
Antes, em 1671, GM estava no exercício de Juiz Civil (e deÓrfãos), em Lisboa, o que prova a sua rápida ascensão para a Corte,colado ao poder, em oito anos de percurso, desde Alcácer. Convémlembrar, de passagem, que GM teve lugar, se não importante, mas decerto relevo, na destituição de D. Afonso VI e na subida do RegenteD. Pedro II, o de lá, também filho de D. João IV, todos louvados pelo“sebastianista” Padre Antônio Vieira, pós-restauração do Reinode Portugal.
Em 1678, o importante Juiz GM (e Guerra), com sentençaspublicadas em 1682, por E. Alvarez Pegas, autor do Comentaria adOrdinationis Regni Portugalliae, ficará viúvo de D. Michaela, comquem não teve filhos, e começa a requerer uma “mercê ordinária” àSua Alteza D. Pedro II, para ascender a um desembargo em Lisboa.Intento vão, por intrigas ou poema que escreveu contra certa persona-gem importante, o célebre Marinícolas. GM o que recebe por seus ser-viços e, agora, com a intermediação de D. Gaspar Barata de Mendonça,Arcebispo da Bahia — o primeiro, que nem sequer vem tomar possedo cargo, por “achaques”—, são duas importantes prebendas dadaspelo Rei, Desembargador da Relação Eclesiástica da Bahia, em1679, por ser canonista, e, para tal munus, teve que ser tonsurado,aceitar ordens menores, pois podia ser padre, devido à sua formaçãoem Coimbra. Fica GM, depois desta “mercê”, aguardando a vinda de D.Gaspar Barata para a Bahia, o que não ocorre. Às pressas, três anosdepois de nomeado para a Relação Eclesiástica, volta GM para a suaterra, Salvador, capital da Bahia, do Brasil, do Governo Geral, da Colônia,
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4318
19
do arcebispado, e toma posse como Desembargador do Eclesiástico,função importantíssima na hierarquia do braço da Igreja Católica, noséculo XVII, e mais a tarefa de Tesoureiro-Mor da Sé, igreja primacialdo Brasil, cuja construção começou em 1552 e foi demolida em 1933(PERES, Fernando da Rocha. Memória da Sé. Salvador: Edições Macuna-íma/SCT, 1999, 255 p.)
Assentado nestes cargos ou mercês, GM aponta e apronta,dentro do “caldeirão baiano”(babel de língua, raças, sexo, corrupção,vícios, contrabando, agiotagem, escravidão, exploração, genocídios, reli-giosidade, cultos, etc.), desandando a sua sátira, contra tudo e todos (go-vernador, militares, juízes, advogados, unhates, negros, mulatos, índios,senhores de engenho, padres, freiras, toda a cidade e sua gente) e negan-do-se a receber ordens maiores e a vestir a batina, para ser do Desembar-go, é destituído de ambas as funções, Desembargador e Tesoureiroda Sé, ocasião em que, acreditamos, escreveu o poema A Nossa Sé daBahia, que está no códice RBM, agora publicado.
A partir deste novo salto, GM vai viver da advocacia e de ren-das — apesar de alguns “curiosos” pretenderem que ele sobreviveu naquase miséria e assim morreu — e iniciará, com seus amigos podero-sos, os Ravascos (sobrinhos do Padre Vieira) e outros (como pode servisto no Índice Onomástico anexo), as suas andanças pelo Recôncavobaiano e cercanias da cidade, Rio Vermelho, por exemplo, quando bro-taram deliciosos poemas, de atribuição a ser estudada, com passeios,farras, caçadas, cavalhadas, etc.
Com data ainda imprecisa, mais ainda supomos nos anos 80do século XVII, GM casará com Maria de Póvoas, mulher que dizem hu-milde e pobre. É deste período, estamos certos, que surge a galeria demulatas do poeta (que o aceitam e o recusam), de negras, de brancas, defreiras, todas cantadas em versos amorosos, eróticos, escatológicos. ComMaria de Póvoas, GM tem um filho, chamado Gonçalo (PERES, Os Filhos deGregório de Mattos e Guerra. Salvador: CEB/UFBA, 1969, 10 p.), referidoem poemas, o que facilita, de resto, a confirmação de autoria.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4319
20
Tanto GM não era um “miserável”, pobretão, que é admitidocomo Irmão da Santa Casa de Misericórdia da Bahia, influentís-sima instituição benemerente e protetora, e, nesta condição, pagaráuma dívida, contraída em dinheiro, com a Santa Casa de Lisboa (1691-1692).
Não pensem que GM deixou de ser apontado, em segredo, àInquisição, pois um desafeto, advogado, Promotor do Eclesiástico naBahia, Antonio Rodrigues da Costa (vide Índice Onomástico), irá de-nunciá-lo como herege, “sem modo de cristão”, em 1685. O processonão teve curso longo, GM não foi preso, como tanto sofreu o PadreVieira, acreditamos que devido ao seu “prestígio familiar”, com ligaçõesinquisitoriais. Este fato está relatado em nosso texto Gregório de Mat-tos e a Inquisição (Salvador: CEB/UFBA, 1987, 52 p.).
As situações na vida de GM começam a complicar-se depoisde sátiras que são feitas contra o Governador Antônio Luiz Gonçalvesda Câmara Coutinho, Governador-geral do Brasil (1690-1694), a quemo poeta solicita uma mercê, não atendida, e, por este motivo, começa aimprecar, batendo na autoridade maior, denunciando-o como sodo-mita, que era, companheiro do Capitão Luiz Ferreira de Noronha, ochefe-da-guarda.
No códice RBM — assim pode ser chamado pois é um“códice” e não um livro publicado, como aparece agora na capa darecente reimpressão da meritória edição de James Amado — lemosum poema (vide Índice Onomástico) contra o “neto de uma tapuia,que manducava de cuia”, o Coutinho. Os seus filhos resolvem “matarGM”, o que acontecia de comum no século XVII, matar ou mandar,pelas razões que tinham em defender a “honrinha” do pai.
Nesta direção, as coisas se atropelam e os amigos de GM, queos tinha e muitos, e seus familiares, resolvem mandar — alguns falamem “degredo”, com o que não concordamos — ou embarcar o poetanuma charrua, com os cavalos do rei, que estava no porto da Baía emdemanda de Angola, tudo com a conivência do seu amigo D. João deAlencastro, Governador, cuja lenda diz que mandou entesourar, com
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4320
21
livro público, em Palácio, a obra do poeta conhecida pelos letrados. Estecódice nunca foi localizado ou não existiu.
Lá, em Angola, naquele purgatório, “terra de pretos”, comodiz o poeta, revelando assim, e em outras situações, o seu lado precon-ceituoso (que me perdoem os angolanos e os amantes de um GM“politicamente correto”) vem à tona, não só na Bahia, onde habitava a“canalha infernal”, mas em outra possessão portuguesa, na África, deonde chegavam os escravos para os engenhos da Bahia e do nordeste.
Em Luanda, na capital de Angola, GM envolve-se, esperta-mente, em rebelião de militares, em 1694, no mesmo ano da sua apor-tada, sendo governador Henrique Jacques de Magalhães, ocorridaa revoltação por mudança de padrão monetário — moeda da terra,zimbo, por moeda portuguesa, cobre —, o que diminuirá o soldo datropa.
Aí, neste momento, revela-se uma faceta de GM, que, inclu-sive, escreveu um poema sobre o episódio castrense; ao aproximar-sedos militares para orientá-los, tinha a intenção de traí-los, entregá-los,como faz, com a execução dos líderes do movimento, em troca do seuretorno ao Brasil, não à Bahia (lugar perigoso para a sua integridadefísica e interdito), mas para Recife, onde morre, em 1695, de uma febrecontraída na África e fica enterrado no Hospício de Nossa Senhora daPenha.
Em homenagem à Rubens Borba de Moraes, modernista de1922, bibliófilo, conhecedor e estudioso de uma bibliografia brasiliana,que a tem publicada, em dois volumes (MORAES, Rubens Borba de. Bibli-ographia Brasiliana. USA/UCLA, Rio: Kosmos, 2 v., 1983, editada como“...a generous gift by the author’s devoted friend and fellow bibliophile”,que é José Mindlin), nesta edição do manuscrito apógrafo inédito apa-rece o seu ex-libris e também poemas inéditos, existentes no códice enão constantes nas edições da Academia Brasileira de Letras e na ediçãoJames Amado.
Assim termino, meio apressada e sinteticamente, avida contada e documentada de GM, sem os delírios de praxe e os
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4321
22
ataques contra os trabalhos acadêmicos, universitários. A nossa (sua)biografia está no forno e, quem sabe, aproveitando esta ondade biografismo, nós, que somos do ramo da História, possamos dizeraos literatos, aqueles que só consideram a obra — os teóricos da litera-tura — que a biografia é um gênero de longa datação e que autor eobra são, queiram ou não, indissociáveis. Claro que posso ler GM semme interessar em saber sobre sua “vidinha”, mas quanto mais souber,melhor para a compreensão da obra e do sujeito criador.
A fortuna da poesia de GM, que ficou guardada em códices,a sua grande maioria do século XVIII, feitos por copistas (por isto mes-mo obra apógrafa não autógrafa) é muito copiosa. A sua fortuna críticaé grande, com Araripe Jr., que publicou o primeiro livro alentado sobreo poeta, até Haroldo de Campos, que escreveu O Seqüestro do Barrocona Formação da Literatura Brasileira: o caso Gregório de Mattos,Salvador, FCJA, 1989, 125 p., obra de enorme valor para resituar GM emnossa literatura. A remissão aos códices aparece nesta edição de RBM,assim como uma alentada e oportuna e, quem sabe, lacunosa biblio-grafia.
Damos por finda nossa tarefa, às vésperas do entrudo baia-no, partindo para Portugal, neste fevereiro de 2000, para ficar longe dos“emascarados”, como disse o nosso GM, para futucar um pouco osarquivos e rever os amigos, longe das carnestolendas, de um país poucocentrado, onde os investimentos na cultura e na educação são irrisóri-os. Agora mesmo, quanto estão gastando com este “eventão” atribula-do, turístico e comemorativo dos 500 anos do Brasil? Se GM estivessevivo a resposta seria dada, com certeza.
FERNANDO DA ROCHA PERES*
_________________________
* Professor do Departamento de História da Faculdade de Filosofia
e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4322
23
CRONOLOGIA DO POETA GREGÓRIO DE MATTOS E GUERRA
1636 – Nascimento na Bahia1642 – Estudos com os Jesuítas na Bahia1650 – Viagem para Portugal1652 – Matrícula na Universidade de Coimbra1660 – Exame de Bacharel na Universidade de Coimbra1661– Formatura em Cânones na Universidade de
Coimbra Casamento em Lisboa1662 – Habilitação (de genere) para leitura de Bacharel1663 – Nomeação para Juiz de Fora de Alcácer do Sal – D.
Afonso VI1665/1666 – Provedor da Santa Casa de Misericórdia de
Alcácer do Sal1668 – Representante da Bahia, nas “Cortes”, Lisboa, 27
de janeiro1671/1672 – Juiz de Órfãos e Juiz do Cível, em Lisboa1672 – Procurador da Bahia (Senado da Câmara), em
Lisboa
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4323
24
1674 – Representante da Bahia, nas “Cortes”, Lisboa, 20e janeiroDestituição da ProcuradoriaBatismo de uma filha natural, em Lisboa
1678 – Viuvez em Lisboa1679 – Nomeação para Desembargador da Relação Eclesi-
ástica da Bahia1681 – Clérigo tonsurado: ordens menores1682 – Sentenças publicadas em E. Alvarez Pegas1682/1683 – Volta ao Brasil / Bahia1682 – Desembargador da Relação Eclesiástica e Tesourei-
ro-Mor da Sé baiana1684 – Destituição da Prebenda de Desembargador e
Tesoureiro-Mor da Sé1685 – Denunciado ao Tribunal do Santo Ofício de Lisboa /
Inquisição168(?) – Casamento na Bahia1691 – Admissão como Irmão da Santa Casa de Misericór-
dia da Bahia1692 – Pagamento de uma dívida em dinheiro à Santa
Casa de Lisboa1694 – Viagem (exílio?) para Angola
Envolvimento em rebelião de militares em Angola1695 – Volta ao Brasil / Recife
Morte em Recife
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4324
Este trabalho foi concebido de forma unitária e é produto daestreita colaboração entre os dois autores. Mais especificamente, FRP
escreveu a introdução, a cronologia e os capítulos 7, 8 e 9; SLR escreveu oscapítulos 1, 2, 3, 4 e organizou os capítulos 5, 6 e 10.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4325
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4326
27
IFORTUNA CRÍTICA GREGORIANA
AINDA que tenham transcorrido quase 150 anos depois damorte de Gregório de Mattos para que alguns poucos poemas a eleatribuídos fossem publicados pela primeira vez1, isto não significa queas obras do grande escritor barroco não fossem conhecidas, tanto noBrasil como em Portugal. A prova disso é o grande número de códicesmanuscritos de poemas gregorianos, copiados em Portugal e no Brasila partir do final do século XVII, infelizmente todos apógrafos (cf. ocap.2). Além disso, o poeta gozava de uma fama notável, como atesta ofato de terem lhe sido atribuídos ao longo do tempo muitos poemasevidentemente alheios (assim como aconteceu com a obra de Que-vedo) e como atestam também as referências à sua obra contidas nosautores contemporâneos ou do século seguinte2 e a própria Vida escri-ta pelo licenciado Rabelo, conservada em diferentes versões manuscri-tas. A não publicação (em Portugal, já que no Brasil ainda vigorava aproibição de imprimir) dependeria então de outros fatores, sobretudo,é de se imaginar, a censura metropolitana.
A partir de 1831, porém, inicialmente de forma tímida (devi-do principalmente ao rígido moralismo do século XIX, aliado à ingenui-
Silvia La Regina
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4327
28
dade crítica de quem interpretava tópoi narrativos e retóricos comobiografia real), sucessivamente com publicações cada vez mais amplase bem cuidadas, a obra atribuída a Gregório foi sendo publicada. Deve-mos lembrar antes de tudo o Florilégio do Varnhagen e a edição de ValeCabral, que seria das obras completas e só foi interrompida por causada morte do estudioso3. A primeira edição completa (ABL) só chegouno nosso século, graças ao esforço decenal de Afrânio Peixoto; aindaque com graves lacunas a nível exegético, e com a censura dos poemasditos “pornográficos”, os seis volumes da edição de Afrânio Peixoto(cada um contendo um ensaio crítico de estudiosos como PedroCalmon, Xavier Marques e outros) pela primeira vez restituíram umaimagem mais complexa e multifacetada do primeiro grande poeta daliteratura brasileira.
Em época mais recente, a edição em sete volumes realizadapor James Amado em 1968 (JA, republicada em dois volumes em1991) finalmente apresentou toda a obra conhecida como gregoriana,sem censuras nem cortes. Ainda assim esta também não é, nem nuncaquis ser, uma edição crítica, e por suas falhas textuais acaba permane-cendo num nível de alta e utilíssima divulgação.
De qualquer forma, hoje em dia são disponíveis inúmerasantologias da obra gregoriana, das quais merece citação pelo menos ade Wisnik4.
Cabe ainda notar como as obras do poetas estejam conhe-cendo traduções para as línguas mais variadas, como o alemão, o fran-cês, o italiano, o tcheco, o chinês.
São muitíssimos os filões da crítica gregoriana, que mereceela própria um estudo aprofundado, o qual conseqüentemente deveráser realizado em outra oportunidade. Importa aqui lembrar pelo me-nos a assim dita “questão gregoriana”, a questão do plágio, a biografiado poeta.
Os numerosos estudiosos que se debruçaram sobre a obrade Gregório nos últimos 150 anos podem ser divididos em dois grandesgrupos: os que, com maior ou menor entusiasmo, consideram válida a
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4328
29
obra do poeta e os que a consideram inferior à sua fama, desprovida deoriginalidade. Dentro destes grupos obviamente as posições são bastan-te diversificadas, mas ainda assim é patente a nítida divisão entre críticospró e contra Gregório. Pode-se dizer que tenha havido uma verdadeira“querelle Gregório de Mattos”, que Spina chamou de “questão gre-goriana”5, que empenhou inteiras gerações de críticos e muitas vezesrepresentou para eles uma verdadeira pedra de toque, sobre aquele foiconsiderado por alguns “um artista extraordinário [...] precursor daliteratura nacional, e [por outros] um garatujador de meia-tinta, umsemi-sátiro, um burlesco, um pícaro, que não passou de um servilimitador de poesias espanholas”6.
Hoje em dia de qualquer forma a facção contra-Gregórioreduziu-se muito e perdeu boa parte da acrimônia que muitas vezes acaracterizara; as eventuais polêmicas concernem aspectos da obra gre-goriana, já que ninguém mais questiona seu valor tout court.
Recentemente a crítica sobre o poeta baiano tem-se orienta-do sobre novas temáticas, seguindo orientações diferentes das tradicio-nais.
Entre os principais críticos favoráveis a Gregório podemosincluir Araripe Júnior (ainda que com muitos questionamentos mo-rais), Oliveira Lima, Sílvio Romero, Ronald de Carvalho, Pedro Calmon,Segismundo Spina. No outro grupo, Varnhagen, José Veríssimo, JoãoRibeiro, Sílvio Júlio, Paulo Rónai.
A questão que mais suscitou debates foi sem dúvida a doplágio, que criou infinitas e demoradas polêmicas. Alguns críticos nega-vam a Gregório qualquer originalidade, e só viam nele um plagiário, umcopista de obras alheias, um artesão especializado no roubo da palavrapoética dos outros (principalmente Góngora e Quevedo), incapaz decriações autônomas e independentes. Entre eles, podemos colocar oVarnhagen, Sílvio Júlio, Paulo Rónai, José Ares Montes7.
Defendem o poeta, entre outros, Spina, Wilson Martins,Augusto e Haroldo de Campos e João Carlos Teixeira Gomes8. Os doisúltimos comprovaram, por vias diferentes, como Gregório, longe de ser
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4329
30
um banal imitador de obras alheias, se inserisse perfeitamente na cul-tura e no gosto barroco, numa linha de tradição criativa que vinhadesde a antigüidade clássica e na qual o verdadeiro artista atuava numrebuscado processo de intertextualidade e recriação, ou também pro-cesso antropofágico ante litteram.
No que diz respeito à questão da linguagem gregoriana, omelhor autor ainda hoje é Spina, com vários ensaios9. Spina analisacuidadosamente os vários recursos utilizados por Gregório, tanto doponto de vista da retórica como do emprego de vocábulos tupi e africa-nos.
A questão da biografia de Gregório tem sido bastante com-plexa. Se por um lado os críticos costumavam ler a Vida de Rabelocomo uma verdadeira biografia e não como uma biografia romancea-da e repleta de tópoi, pelo outro muitos construíram uma biografia apartir dos poemas e, pior, dos títulos ou didascálias que os acompa-nham, num processo que bem exemplifica aquilo que foi chamado de“autoschediasma”: inventar a vida partir dos poemas10. Conseqüente-mente Gregório tem sido visto como um sátiro, um boêmio, um peca-dor arrependido e muito mais, e foi dada à sua poesia uma divisãocronológica na base da suposta biografia. Hoje em dia porém, depoisdos estudos de Pedro Calmon11 (este todavia às vezes não alheio a algunsautoschediasmi) e Fernando da Rocha Peres12 dispomos de uma bio-grafia bem documentada e baseada em documentos históricos.
NOTAS
1 In Januário da Cunha BARBOSA. Parnaso Brasileiro, ou colleção das melhores poezias dos poetas doBrasil, tanto ineditas como já impressas 2 vols. Rio: Typ. Imperial e Nacional 1829-1831 II, p.53-61.
2 Cfr. Silvia LA REGINA. A recepção de Gregório de Matos no século XVIII. Merope 8 (V) Gennaio 1993.p.45-57.
3 F.A. de VARNHAGEN. Florilégio da poesia brasileira ou colleção das mais notáveis composições dospoetas brasileiros falecidos, contendo as biografias de muitos deles, tudo precedido de um ensaio histó-
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4330
31
rico sobre as letras no Brasil. 3 vols. Rio: Publicações da Academia Brasileira, 1946 (I ed. Lisboa, ImprensaNacional 1850-1853). I, p.69-173 e III, p.310. Obras Poéticas de Gregório de Matos Guerra, precedidaspela vida do poeta pelo licenciado Manoel Pereira Rebello. Ed. Alfredo Vale CABRAL. vol.I - Sátiras. Rio:Tip.Nacional, 1882.
4 Gregório de Matos. Poemas escolhidos. Seleção, introdução e notas de José Miguel WISNIK. São Paulo:Cultrix, 1976.
5 Segismundo SPINA. Gregório de Matos. A literatura no Brasil. Dir. A.Coutinho. 3 vols. Rio: Editorial SulAmericana, 1955, I, 1, págs. 363-376: p.364.
6 Id. Gregório de Matos. São Paulo: Assunção, 1946 (há uma nova edição de 1995). págs.16-17.
7 Sílvio JULIO. Gregório de Matos e Quevedo. Penhascos. Rio: Coelho Branco, 1933. p.245-259. Osplágios de Gregório de Matos Guerra. Reações na literatura brasileira. Rio: H.Antunes 1938. p.102-137.Fundamentos da poesia brasileira. Rio: Coelho Branco, 1930. p.70-72. Da influência de Góngora nospoetas brasileiros do século XVII” Estudos de História da América, México, Inst Geografia e História1948, pp.309-343. Paulo RÓNAI. Um enigna da nossa história literária: Gregório de Matos. Revista doLivro, vol.I, n.3-4, 1956. p.55-66. José Ares MONTES. Góngora y la poesia portuguesa del siglo XVII.Madrid: Gredos, 1956. p.110; 340-41.
8 Augusto de CAMPOS. Da América que existe: Gregório de Matos. In Poesia Antipoesia, Antropofagia.SP, Cortez & Moraes 1978. Reimpresso in GM. Obra Poética.. Ed. J.Amado, 1990. p. 1292-1305. Arte finalpara Gregório. O anticrítico. São Paulo: Companhia das Letras, 1986. p.85-93. (antes em Antiantologiada poesia baiana .Salvador: GFM - Propeg, 1974). Haroldo de CAMPOS. A poesia barroca e a realidadenacional. Tendência n.4, 1962. Texto e história (1967). A operação do texto. São Paulo: Perspectiva,1976. p.13-22. Poética sincrônica. A arte no horizonte do provável. SP, Perspectiva 1969. Publicadoanteriormente em Correio da Manha, Rio: 22.10.1967. O seqüestro do barroco na Formação daliteratura brasileira: o caso Gregório de Matos Salvador: Fundação Casa de Jorge Amado, 1989. WilsonMARTINS. O caso Gregório de Matos.História da inteligência brasileira. 7 vols. São Paulo: Cultrix/EDUSP, 1976. I, p.225-233. João Carlos Teixeira. GOMES. Gregório de Matos, o Boca de Brasa,. Umestudo de plágio e criação intertextual. Petrópolis: Vozes 1985.
9 SPINA.Gregório de Matos. cit. Gregório de Matos. in A literatura no Brasil.cit A língua literária noperíodo colonial: o padrão português. Gregório de Matos. São Paulo, Revista do IEB da USP (22), 1980.p.61-75. Monografia do Marinícolas Revista Brasileira. Rio, ABL, VI, 17, jun/set 1946. p.89-99. Gregóriode Matos. Da Idade Média e outras idades. São Paulo: 1964. p.165-75.
10 Cf. sobre este assunto Luciana STEGAGNO PICCHIO. Biografia e autobiografia: due studi in marginealle biografie camoniane. Quaderni Portoghesi 7-8 (1980), p.21-111, nas p.44-45.
11 Pedro CALMON. A vida espantosa de Gregório de Matos. In ABL. vol.VI (Ultima), 1933, pp.23-58. Avida espantosa de Gregório de Matos. Rio: José Olympio / Brasília: INL, 1983.
12 Fernando da Rocha PERES. Negros e mulatos em Gregório de Mattos. Afro-Asia, ns.4-5, Centro deEstudos Afro-Orientais da UFBa: Salvador 1967, pp.59-75. Gregório de Mattos Guerra em Angola. Afro-Asia, ns.6-7, CEAO da UFBa: Salvador, 1968. pp.17-40. Gregório de Mattos Guerra: seu primeirocasamento. Universitas, Revista de Cultura da UFBa, n.1, Salvador, 1968, págs.135-142. Documentospara uma biografia de Gregório de Mattos Guerra. Universitas, Revista de Cultura da UFBa n.2. Salvador
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4331
32
1969. p.53-65. Os filhos de Gregório de Mattos Guerra. Salvador: Centro de Estudos Baianos, 1969.Gregório de Mattos Guerra - uma re-visão biográfica. Salvador: Macunaima, 1983. Quem pediu abenção a Gregório de Matos? Revista do Brasil n.3, Governo do Estado do Rio, Rio, 1985, pp.4-11.Gregório de Mattos e a Inquisição. Salvador: Centro de Estudos Baianos da UFBa, 1987. A famíliaMattos na Bahia do século XVII. Salvador: Centro de Estudos Baianos da UFBa, 1988.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4332
33
IIOS CÓDICES DE GREGÓRIO DE MATTOS
A QUESTÃO TEXTUAL DE GREGÓRIO DE MATTOS
ATÉ 1831, quando Januário da Cunha Barbosa incluiu emseu Parnaso Brasileiro1 oito poemas de Gregório de Mattos, não forapublicada nenhuma composição do poeta, e a inteira obra a ele atribu-ída ficara, na maioria das vezes desconhecida, nos vários códicesconservados em coleções particulares. Aquela primeira e parcial publi-cação foi intencionalmente de dimensões diminutas, porque Barbosaargumentava que, apesar de que os poemas de Gregório estivessem“manuscriptos em seis grossos volumes de quarto, alguns dos quaespossuimos”, era “tal a sua desenvoltura, que não convem dar-se à luzpública (...)”2.
Após esta, seguiram-se outras publicações, enquanto dimi-nuia gradativamente a censura das obras e aumentavam os poemasconsiderados publicáveis, até se chegar, em 1968, à edição realizada porJames Amado. Esta pode ser considerada um corpus de uma escolapoética, já que inclui todos os poemas atribuídos a Gregório em umdeterminado códice (aquele que aqui foi denominado AC), sem ne-
Silvia La Regina
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4333
34
nhuma esclusão, nem mesmo de textos que pertencem reconhecida-mente a outros autores.
A obra do poeta assim continua apresentando aos estudio-sos uma questão de fundamental importância, a da atribuição.
O extenso corpus gregoriano ainda não mereceu uma edi-ção crítica que possa restabelecer o texto de forma filologicamentecorreta. João Carlos Teixeira Gomes bem definiu as duas edições ABL eJA “precárias e insatisfatórias, fruto bem mais do esforço pioneiro dosseus organizadores do que de qualquer critério científico de críticatextual3 ”.
E Antônio Houaiss, num texto publicado na segunda ediçãode JA, escreveu que
A tradição de Gregório de Matos sofre uma eiva fundamental:seu texto impresso ou é parcial, ou é fundado sobre um só ramo,ou deriva de colação imperfeita, ou foi estabelecido com quasetotal ausência de critério filológico e ecdótico - ou é oriundo doconcurso daquelas imperfeiçoes4.
Ainda assim, mesmo considerando esta situação, no míni-mo catastrófica do ponto de vista exegético, não parece o caso de tran-qüilamente hipotizar a inexistência a nível literário de Gregório, comose o dele tivesse sido simplesmente um nome catalisador de um caóticouniverso poético mais ou menos contemporâneo, como fez WilsonMartins, que viu em Gregório “[...] uma espécie de costelação de poetas,em que os anônimos e desconhecidos se dissolvem na figura doepônimo [...] para formar esse grande e imaginário poeta brasileiro doséculo XVII”5: em suma, um Homero tropical.
Parece razoavelmente óbvio que, se os copistas, desde o sé-culo XVIII, atribuíram a Gregório os numerosíssimos poemas presen-tes nos códices, assim como evidentemente isto não comprova que ospoemas sejam realmente de sua autoria, ao mesmo tempo demonstracomo a fama do poeta tenha sempre sido grande e capaz de induzir os
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4334
35
compiladores dos apógrafos a creditar-lhe boa parte dos poemas decaráter satírico, principalmente, mas também lírico, religioso e enco-miástico.
Com relação à seríssima questão da atribuição das obrasditas gregorianas, gostaria de introduzir aqui a respeito da obra deGregório aquela noção de mouvance, ou movência, criada por PaulZumthor6 e sucessivamente aplicada não só à poesia medieval7 comotambém ao corpus de sonetos camonianos8. E é esta última análisea que nos interessa mais, pois demonstra como um modelo pensadopara textos da idade média seja perfeitamente funcional quando apli-cado a obras de séculos mais próximos do nosso. Especificamente,no caso de Gregório, podemos observar como aquele movimentoincessante do qual escreve Zumthor (“le texte bouge”)9 tenha acon-tecido em várias etapas: a primeira no momento da criação em si,influenciada por numerosos fatores – a ocasião, a memória in-voluntária, a citação intencional - que levaram o autor a utilizar umrepertório por assim dizer comunitário; e eventualmente reelaborar,em seguida, para uma outra ocasião, material anterior e já composto.Novamente seguindo Zumthor, podemos aqui falar mais de“variations” do que de variantes; termo que, ao mesmo tempo emque remete para o âmbito musical, dá democraticamente a todasestas “variações” estatuto de igualdade, sem conotá-las negativamen-te (“erros”) como costuma-se fazer com as variantes. Os copistassucessivamente devem ter realizado operações parecidas, ao recolhertextos de circulação só oral, ou dos quais existiam diferentes versõesdo mesmo autor, ou reelaborações alheias, naquela circularidade daqual falava-se acima. Por fim, no que diz respeito à atribuição, verifi-cou-se uma atração centrípeta na direção do nome que se destacavaentre os poetas a ele contemporâneos10.
De toda forma, é importantíssima a existência da biografiade Gregório escrita pelo Licenciado Manuel Pereira Rabelo: indepen-dentemente da confiabilidade dos fatos contados, vale o fato de ser aúnica biografia conhecida, como escreveu José Veríssimo, de um “au-
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4335
36
tor colonial”11 brasileiro; além do mais existem oito versões manuscri-tas (sete em códices do século XVIII) do texto de Rabelo12.
Assim, é razoável acreditar que o poeta Gregório tivesse umaposição de proeminência pelo menos na pátria, se não na metrópole.
OS CÓDICES
O corpus de Gregório de Mattos encontra-se espalhado emnumerosos códices, todos apógrafos: são conhecidos 23 códices apó-grafos setecentistas em 34 volumes, 2 códices copiados no século pas-sado e uma cópia de meados deste século; isto sem levar em conta os44 códices do tipo cancioneiro que contêm uma ou outra composiçãode Gregório.
RELAÇÃO DOS CÓDICES GREGORIANOS 13
BRASIL
Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro (BNRJ)BNRJ 50,56 Vida, e morte do Doutor Gregorio de Mattos
Guerra. I tomo. De obras Sacras, e Divinas. I e II PART. XVIII século.Em duas cores, títulos iniciais e desenhos em vermelho. 200x150 mm.215 págs. das quais as 172-215 contêm poemas religiosos de Eusébiode Mattos, irmão de Gregório. No catálogo da BNRJ, Pergaminhos ilu-minados e documentos preciosos, consta no n. 111. No começo (1-57) “Vida do doutor Gregorio de Mattos Guerra. Escrita peloLecenciado Manoel Pereyra Rabello”. No final, declarações e assinaturae sucessivos donos do códice no século XVIII; entre eles Antônio daRocha Pita. Da Col.Teresa Cristina Maria. Escrito na grafia de V/alle/C/abral: “Pertence a Sua Magestade o Imperador”. Afrânio Peixoto o cha-ma Códice Inocêncio-Pedro II I; James Amado, Códice Imperador(H). Amado supõe, acatando a opinião de Afrânio Peixoto, que estecódice e o BNRJ50,57A tenham sido adquiridos após o espólio da bibli-oteca de Inocêncio Francisco da Silva, o autor do Dicionário Bibliográ-fico Português, Lisboa, Imprensa Nacional, 1859.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4336
37
BNRJ50,57 (sem folha de rosto). Começa com uma Vida dodoutor Gregorio de Mattos Guerra (p.1-42). Segunda metade do XIXséculo. Caderno de folhas pautadas. 374 pp., sem índice. 27 x 19 cm.Anotações a lápis de Valle Cabral. A Vida ocupa as primeiras 42 páginas;as outras, numeradas de 43 a 374, contêm poemas de Gregório deMattos. Bibl.Nac. I-3.1 - n.°44 e cod. DCCLXIII/25-67. Col. Carvalho, Cat.Exp. Hist. do Brasil n. 15674. Este códice foi examinado por AfrânioPeixoto, que o denominou Códice Valle Cabral; por James Amado,que o define o Códice Carvalho (T).
BNRJ50,57A Doutor Gregorio de Mattos Guerra. Segundovolume do BNRJ50,56. Em duas cores. Títulos em vermelho. Numero-sos desenhos. Com anotação do proprietário: “Do Cappitam Mór JozêRodrigues LIMA”. 203x152 mm. 363 pp. e 9 de índice (no final). Adqui-rido pela B.N. nel 1939. Reg. B.N.S., mas.39/1948. Cat. Exp. Pergami-nhos Iluminados e Docs. Preciosos n.°112. Para James Amado é o“códice Capitão Mor” (J)
BNRJ50,58 Poesias. Século XVIII. 438 páginas e índice (anumeração passa de 199 a 300). 220x155 mm. Para James Amado é ocódice “de Carvalho 1” (M).
BNRJ50,58 A Poesias Século XVIII. 220x155 mm. 416 pági-nas e índice. Segundo volume do anterior. Carimbo: “Adolpho SoaresCardoso - Porto” e nota: “Offerecido por meu am.° m Vasco de Castro.Porto - maio de 1891.” Reg. BN 323 139-140/1961. Cat.Exp.Pergaminhos e Docs.Preciosos n.116. James Amado o chama Códicedo Conde e diz que integrava a biblioteca do Conde Vasco de Castro, emPetrópolis, biblioteca que em 1961, após várias mudanças de dono, foivendida à Biblioteca Nacional pela Livraria São José. Poucas páginasdepois, porém, Amado (gerando uma certa confusão no leitor) defineo códice com o nome de “de Carvalho 2” (N).
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4337
38
BNRJ50,59 Vida do grande poeta americano Gregorio deMattos e Guerra. Grafia do XVIII século. 447 páginas e índices. 204 x 145mm. Antes do texto poético há a Vida de Rabelo, que ocupa as págs.1-79.Este volume pertenceu a Afrânio Peixoto, que o doou à Biblioteca Nacio-nal em 1933. É o primeiro de dois volumes que chegaram à BibliotecaNacional por vias diversas. Cat.Exp.Pergaminhos e Docs.Preciososn.117, vol.I. Para James Amado, códice “Afrânio Peixoto, 1” (D)
BNRJ50,59A Poesias. Século XVIII. 204x135 mm. f.187 É osecondo volume do códice anterior, copiado pela mesma mão. Na pri-meira página escrito a lápis “de Carvalho”. O códice não está em boascondições e até p. 35 está praticamente ilegível. Afrânio Peixoto não oconsultou; Amado o chama Códice n.59 (F). Cat. Exp.Pergaminhos eDocs.Preciosos n.117, vol.II.
BNRJ50,60 Poezias do Doutor Gregorio de Mattos Guer-ra. Grafia do XVIII século. Muitas mãos, inicialmente muito ordenado elegível, depois muito confuso. Índice antes dos textos (6 págs.). 247folhas. 205 x 155 mm. Acima do título foi colado um brasão. Duasanotações na folha 1 v.: “C.Castello M.” e “Foi da Livraria de Pera. e Sza.”Com letra diferente: “(Inéditas)”. Comprado pela Biblioteca Nacionalem 1960. Registro BN 337696 e /1963. Na última folha, a lápis, “Camilloint.”. Cat.Exp.Pergaminhos e Docs. Preciosos, n.114. Amado o chamaCódice Camilo Castelo Branco (L) e deplora sua imprecisão.
BNRJ50,61 As obras poéticas do Dor Gregorio de MattosGuerra Divididas em 4 tomos Em que se contem as obras sacras,jocoserias, e satiricas, que a brevidade não permittio separar. Tomo2º Bahia anno de 1775. 204x147 mm. 456 páginas (228 fogli r e v),sem índice. Da p.113 a p.126 poemas atribuídos pelo copista a Eusébiode Mattos. É um dos pouquíssimos códices datados. Anotação a lápis:“Pertence a S. Mage. o Imperador, V/alle/C/abral/”. Adquirido no final doséculo XIX. Col. Thereza Cristina Maria. Cat. Exp. Pergaminhos Ilumi-
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4338
39
nados e Docs. Preciosos n.118. Peixoto se refere a este códice comCódice Inocêncio-Pedro II, 2; Amado o chama Códice Imperador II(I). É o segundo volume do códice MC.
BNRJ50,62 Obras varias Author o Famoso Satirico o Dou-tor Gregorio de Mattos Natural da Cidade da Bahia. Século XVIII.205x150mm. 819 páginas e 25 de índice. Na capa: “Afrânio Peixoto.Códice II”. O II tomo apresenta um ex-libris: “Libri boni amici” - Livra-ria de Francisco Teixeira. Anotações: “De Franc.° Xer de Basto” - “1650”[?] -e “À Biblioteca Nacional oferece Afrânio Peixoto. 20-XII-1933, 3.°centenário do nascimento do Poeta”. Adquirido pela BNRJ em 1933.Reg.BN 26/1933. Cat. Exp. Pergaminhos Iluminados e Docs. Precio-sos n.°113. Consultado por Afrânio Peixoto e James Amado, que o de-nomina Códice Afrânio Peixoto, 2 (E).
BNRJ50,63. Obras de Gregorio de Mattos. Na lombada:Obras Varias Tomo 15. Terminus post quem: 1726 (esta data é citadaduas vezes). 210x145mm. Índice em duas cores. Índice e 1022 páginas(511 r e v). Grafia do século XVIII. Dedicatória: “A Alberto de Faria Lça doamigo do coração João Ribeiro. 24 de junho de 1917”. Comprado pelaBNRJ em 1926. Reg. BN 10/1926. Cat.Exp.Pergaminhos e Docs. Preci-osos n.115. Os poemas de Gregório de Mattos estão nas páginas de 17r159r. O códice compreende também obras de outros autores, frequen-temente sem atribuição, entre as quais um romance para o casamentodo príncipe d. José (1714-1777, rei 1750-1777; por isso podemos de-duzir que o códice seja anterior a 1750) com a infanta d. Maria. Entreos autores, Tomás Pinto Brandão, Jacinto Freire de Andrada, Luís Ba-rão, Cônego de S. Augustinho, Manoel Pacheco Valadares, Manuel No-gueira de Souza, Francisco Caldeyra Paez Castelbranco, D. GasparCônego de Santo Augustinho, Sucarelo. Para Afrânio Peixoto, é o códiceMario Behring. Não fica claro se, na época em que Peixoto escreveu, ocódice integrava a coleção do Itamaraty ou já estava na Biblioteca Naci-onal14. Para James Amado é o códice João Ribeiro (K)
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4339
40
BNRJ50,64 e BNRJ50,65. Obras do Doutor Gregorio deMattos. Cópia em grafia atual, realizada em 1946 por Lino de Mattos.Dois volumes, o primeiro de 163 folhas, o segundo de 264. OBNRJ50,64 é a cópia dos manuscritos L/3/59 (hoje 3238) e R/3/64 daBiblioteca Nacional de Lisboa; o 50,65 é a cópia do 3576 da BibliotecaNacional de Lisboa. Após o índice do II volume, há a “Sátira ao Governode Portugal, por Gregório de Mattos, reçusitado em Pernambuco noano de 1713”. Na última página há uma anotação do copista: “Extraídodo Ms. R/3/64 de páginas, digo, de folhas 64 a 67, existentes na Bca.Nal.de La.” Col. Moreira da Fonseca. Reg. BN n.° 22595 e 22600/1946.Amado chama os dois volumes de Lino de Mattos 1 (A) e Lino de Mattos2 (B).
BNRJ50,66 Poesias de Gregorio de Matos Copiado em 1885por Lino de Assumpção e por ele doado em 1889 à Biblioteca Nacional. 33folhas. Cópia do manuscrito da Biblioteca de Évora, códice CXXX/t.17,folhas 183-232 e 328v. Além disso, no final do manuscrito, 1) “Carta queescreveu Gregório de mattos ao Conde do Pardo estando na Bahia comseu pay Marquez das Minas. Biblioteca de Évora, códice C V /1-9. Naquarta folha, a última, anotação de Lino de Assumpção: “A carta é emversos, no entanto copiados corridamente no códice”. 2) “Soneto deBernardo Vieyra Ravasco Secret.o do Estado do Brasil a seu irmam oPadre Antonio Vieyra Consoantes forçados”. 3) Soneto do Padre AntonioVeiyra em resposta ao antecedente de seu Irmam freitos mesmos conso-antes”. James Amado o denomina códice Évora (C).
Biblioteca do Itamaraty — Rio de JaneiroBI-L 15 – 1 Mattos Parnaso Poetico. 300 folhas numera-
das de 1 a 300v . 21,5 x 14 cm Anotação na contracapa: “Estas poesiassão de Gregorio de Mattos. Talvez seja dolas a coll. mais authentica: vistoque ate a enquadernação parece estranha, e acaso feita na Bahia p.algum curiozo”. James Amado o chama “códice novo” (S).
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4340
41
BI-L 15 – 2 4 volumes de 20,5 cm x 12,8 a) Obras sacras,e Moraes do Doutor Gregorio de Mattos Guerra Natural q^ foy dacidade da Bahia de Todos os Sanctos, capital dos Estados do Brazil.Tomo 1º das suas compoziçõens Metricas Em q~ no princîpio seinclûe a sua vida escrita por hû Am.te da sua memoria: e depoisapurada melhor por outro curiozo Engenho. Volume encadernadoem couro. Ex libris da Biblioteca Varnhagen. Antes dos textos poéticos,uma “Vida, e morte do Doutor Gregorio de Matos Guerra Escripta PelloLecenciado M.el Pereyra Rabelo E mais apurada despois por outro Enge-nho”. 140 páginas não numeradas de Vida. Em seguida, as ObrasSacras e Morais em 269 páginas e 7 de índices. James Amado odenomina códice Varnhagen 1 (O)
b) Obras profanas do Doutor Gregorio de Mattos GuerraNatural q^ foy da Bahia de Todos os Sanctos, Capital dos Estadosda America Portugueza. Tomo 2° das suas compozições métricasEscriptas, e destribuidas aqui pella ordem, e divizão dos Metros.Volume encadernado em couro. Ex libris da Biblioteca Varnhagen. 457páginas e 15 de índices. James Amado o denomina códice Varnhagen 2(P). No final do códice foram acrescentadas duas páginas de dimensõesmaiores, nas quais há, escrita por outra mão, em grafia confusa, uma“Lyra: Salve, Pater Apollo”.
c) Obras Profanas do Doutor Gregorio de Mattos Guerranatural, q^ foi da cidade da Bahia de Todos os Sanctos, Capital dosEstados da América Portuguesa. Tomo 3º das suas compozições métri-cas copiadas, e destribuîdas aquî pella devizam dos metros. Volumeencadernado em couro. Ex libris da Biblioteca Varnhagen. 484 páginas e13 de índices. James Amado o denomina códice Varnhagen 3 (Q)
d) Obras profanas do Doutor Gregorio de Mattos GuerraNatural que foy da Bahia de Todos os Sanctos, Capital dos Estadosda America Portugueza. Tomo 4º das suas compoziçõens métricas
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4341
42
Escriptas, e destribuîdas aqui pella ordem Devizão, ou separaçãodos Metroz
Volume encadernado em couro. Ex libris da Biblioteca Varn-hagen. 376 páginas, e 5 de índice. James Amado o denomina códiceVarnhagen 4 (R)
Biblioteca da UFRJCódice em quatro volumes, de propriedade da família do
prof. Celso Cunha, doado por E.Asensio em 1962. Os poemas estãodivididos por assunto. Este códice constitui a base da edição JA, e podeser denominado Asencio-Cunha, ou AC.
1. Mattos da Bahia que contem a vida do Dor. Gregório deMattos Guerra. Poesias Sacras e obsequiozas a Príncipes, Prelados,Personagens, e outros de distinção com a mescla de algumas sa-tyras aos mesmos. 485 páginas, índice dos títulos e dos primeiros ver-sos. Inclui as “Obras do Pe. Euzebio de Mattos A Payxão de Christo, S.N.Instituição do Diviníssimo Sacramento”. Inicia com a Vida de Rabelo.James Amado chama este códice “códice Licenciado” 1 (U)
2. Mattos da Bahia 2°Tomo Que contem várias poezias àClérigos, Frades, e Freyras e algumas obras discretas e tristes. 414páginas, índice dos títulos e dos primeiros versos. Na pag. 390: “Estasobras supposto andem em nome do Poeta com tudo não são suas:porque esta he de João de Brito Lima, e as mais seguintes de ThomazPinto Brandão, e por esta causa vão fora do seu lugar”. James Amadochama este códice “códice Licenciado” 2 (V)
3. Matos da Bahia 3° Tomo Que contem poezias judiciais,correções, de picaros, e desenvolturas do Poeta. 530 páginas, índicedos títulos e dos primeiros versos. James Amado chama este códice“códice Licenciado” 3 (X)
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4342
43
4. Mattos da Bahia 4° Tomo. Poezias amorosas, respey-tando as qualidades e proseguindo com as Damas de menos conta,e incertas com algums assuntos soltos, e deshonestos. 470 páginas,índice dos títulos e dos primeiros versos. Na p.470 começa uma seção“Maximas e sentenças de vida beata, urbana, e politica com outras dagalantaria, que pertencem aos dous amores Cupido, e Antheros ex-trahidas de varias poezias do Doutor Gregorio de Mattos”, de 30 páginas.James Amado chama este códice de “códice Licenciado” 4 (Y)
SalvadorAs obras poéticas do Dor Gregorio de Mattos Guerra Divi-
didas em 4 tomos Em que se contem as obras satiricas, que a brevi-dade não permittio separar. Tomo 1º Bahia anno de 1775. Códice(denominado MC) de uma antropóloga, encontrado há poucos anosnuma livraria antiquaria. O códice, integra o grupo de quatro volumesao qual pertence também o BNRJ50,61; são os únicos dois dos quais sepossa afirmar que foram copiados em Salvador, como se lê na folha derosto. Começa com 62 páginas não numeradas de Vida de Rabelo;seguem 380 páginas de textos poeticos (124, quase esclusivamentesatíricos) e índices. 20,4 x 14,7 cm.
São PauloCódice RBM. Veja a descrição no capítulo 3.
PORTUGAL
Biblioteca Nacional de LisboaBNL3576 Obras do Douctor Gregorio de Mattos e Guerra.
Secção dos Reservados, Colecção do Fundo Geral, antiga numeraçãoM-3-35. 229 folhas (r e v) e índices, num total de 251 folhas numera-das. Ver o BNRJ50,65, que é a cópia deste códice. 20,1 x 14,7 cm. Nocomeço aparece um brasão, que Fernando da Rocha Peres identificou
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4343
44
como sendo da família Salema15. Desenhos, três no começo e 5 no finaldo códice, e mão muito cuidadosa.
BNL3238 Obras do Doctor Gregorio de Mattos. Secção dosReservados, Colecção do Fundo Geral, antiga numeração L-3-59. Cópiano Rio (BNRJ50,64). 142 fls r e v. 24,5 x 17,5 cm
BNL13025. Obras do doutor Gregorio de Matos Assum-ptos varios As obras honestas tem a margem este sinal + E as des-honestas este •. Cópia do século XVIII aparentemente redigida poruma única mão, com algumas correçòes em outra grafia. Alguns títu-los em vermelho. Encadernado em couro, com desenhos em ouro nalombada Pertenceu a Jorge José da Cunha. 459 páginas.
Biblioteca da AjudaBA 50-I-2. Muza Protterva Lira desonnante Dezatinnado
emprego e Infelice disvello Obras do Doutor Gregorio de MattosBahia Recolhidas por hum curiozo anno de MDCCVI. 20,5 x 15,5 cm.965 páginas. Inclui também obras de outros autores. É o mais antigodos códices datados. Mão freqüentemente pouco clara, muitas palavrasilegíveis, grafia caótica e disposição confusa das obras: começa com ossonetos, como a maioria dos códices, depois transcreve décimas, ro-mances, mote e glosa, uma nova seção de sonetos, uoutras décimas,outros sonetos. Dois poemas são repetidos: “Huma com outra sãoduaz” (págs.121 e 170) e “Venho Madre de Deus ao vosso monte”(págs.743 e 840).
Biblioteca Pública Municipal do PortoBPMP1388. Obras de Gregorio de Matos e Guerra Natural
Da Cidade do Salvador, Bahia de todos os Santos. Feitos avariaspessoas no anno de 1690 Enovamente copiadas neste volume no de1748. 220 fls r e v e 10 de índice, no final. Freqüentemente descuidadoe às vezes quase ilegível. 20,8 x 15 cm.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4344
45
BPMP22. Poezias (ineditas) de Gregorio de Mattos Guer-ra. Códice em 2 volumes. Corresponde ao códice n.22 da coleção doConde de Azevedo. I vol: 555 pp. II vol: 556 pp.
Biblioteca Pública de ÉvoraBPE303 (Manizola). Sem folha de rosto; na lombada: O-
bras poeticas. Códice do “Núcleo Cimeliário da Biblioteca da Manizolaà Biblioteca Pública e Arquivo Distrital de Évora”, no n. 303 dos manus-critos. 342 fogli r e v. Páginas não numeradas.
20,5 (encadernação), 20 (folhas) x 14,5 cm. Da p. 1r a 44 r:Vida do Excellente poeta lyrico o Doutor Gregorio de Mattos Guerra.Seguem três páginas brancas e depois Poezias Sacras do DoutorGregorio de Mattos Guerra na p. 48r. Compreende poemas religiosos,mas também encomiásticos e satíricos. Termina com “Triste Bahia! ohquam dessemelhante” na p. 342 v. Sem índice.
BPE552 (Manizola)Poesias Lyricas de Gregorio de MattosCódice do “Núcleo Cimeliário da Biblioteca da Manizola à
Biblioteca Pública e Arquivo Distrital de Évora”, no n. 552 dei manos-critti. Na lombada Poesias liricas, T.II Carimbo: Francisco de MalloBreyner. 184 fogli r e v não numerados. 21,6 x 15,8 cm.
BPE587 (Manizola). Obras Sacras do Dr. Gregorio deMattos Guerra precedidas da sua vida e morte por Manoel PereiraRebello. Códice do Inventário de cedência e entrega do Núcleo Cime-liário da Biblioteca da Manizola à Biblioteca Pública e Arquivo Distritalde Évora, sob o nº 587 da II Parte dos Manuscritos. 224 páginas nume-radas. Nas páginas 1-58 a “Vida, e morte do Doutor Gregorio de MatosGuerra Escrita pelo Lecenciado Manoel Pereira Rabelo”. Na página se-guinte “Obras Deste Primeiro tomo Sacras Do Doutor Gregorio deMattos e Guerra a varios assumptos em que louva a Deos, e a seus
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4345
46
santos, como se verá. Anno de 1765”. Na página 61 começam as poe-mas. 20,6 x 15,3 cm.
Biblioteca Pública e Arquivo Distrital de BragaBPADB591. Coleção de poesias. 21 x 16 cm (encaderna-
ção) / 15 (texto). Segundo de dois volumes; o primeiro foi extraviado.Encadernação possivelmente da época. Compreende 338 folhas de355r a 693v, e 13 folhas de índices. Na primeira folha: “Do Dor. AntônioNumes q. as. o livro e não o soneto, nem as mays obras”. Talvez possaser identificado com o Dr. Antônio Numes da Veiga (1654-1715),ouvidor a Valença do Minho e autor de Perfeito Capitão (Lisboa,Deslandes 1709)16. De qualquer forma este soneto não aparece entreos que foram atribuídos a Gregório de Mattos: “Athaista buçal, Asnoinssolente”. No final uma “Taboada dos dous volumes” em 23 páginas,índice alfabético dividido por letras, transcrevendo a primeira linha dopoema. No códice “Formoso Tejo meu quam diferente” de FranciscoRodrigues Lobo (I vol, p. 68) e muitos outros poemas atribuídos aoutros autores.
USA
Library of Congress, WashingtonLC-P253 e LC-P254. Obras de Gregório de Mattos. 2 volu-
mes de 175 e 165 folhas respectivamente. O primeiro contém 110poemas de Gregório e 5 de Eusébio; o segundo 152 poemas de GM e 6de Eusébio. A lápis: “Estes dois volumes de Poesias de Gregório de Matospertencem ao Sr. Luiz Antonio Alves de Carvalho Filho, que m’os em-prestou. V.C. ‘L/ettra de Valle Cabral da B/blioteca/P/ublica? a quememprestei estes dous volumes para a sua edição das obras de Gregóriode Mattos, L.C.”. Um dos dois volumes começa com “A hua dama dor-mindo junto a hua fonte”; o outro com “A Iha de Itaparica”.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4346
47
LC-P255 Várias Poezias compostas pello Famozo Doutor,e insigne Poeta de nosso Seculo Gregório de Mattos e Guerra Juntasneste volume Por hum Coriozo, e no fim hum Índice, e tudo, quenelle se contem E hum Abecedario de todas as Obras Por forma, eordem Alfabetica: Cidade da Bahia Anno 1711. 407 pp. Índices. 20,5x 15,5 cm. Este códice foi consultado em cópia xerox por James Ama-do.
OBSERVAÇÕES SOBRE OS CÓDICES
Sabemos que as coletâneas de poemas gregorianos possivel-mente completas, ou visando ser, eram em quatro volumes; esta é umaobservação de Ferdinand Wolf17 e o estudo dos testemunhos que forampreservados a torna plausível. Dispomos de três exemplos destas coletâ-neas:
• O códice L 15-2 da Biblioteca do Itamaraty. São quatrovolumes que incluem a Vida de Rabelo e o texto poético numa grafiaclara e correta, e a matéria dividida por gêneros de forma ordenada.Varnhagen usou este códice para o seu Florilégio (v. Bibliografia) eAfrânio Peixoto consultou-o para a edição ABL.
• O códice Asencio-Cunha, transcrito por James Amadoem sua edição, tem uma divisão menos rigorosa; ele também começacom a Vida de Rabelo. Não foi possível confirmar a informação segun-do a qual recentemente o quarto volume deste códice teria sido extra-viado.
• O grupo formado por MC e BNRJ50,61, respectivamen-te o primeiro e o segundo volume de uma coletânea de quatro (MC: Asobras poéticas do Dor Gregorio de Mattos Guerra Divididas em 4tomos Em que se contem as obras satiricas, que a brevidade nãopermittio separar. Tomo 1º Bahia anno de 1775; BNRJ50,61: Asobras poéticas do Dor Gregorio de Mattos Guerra Divididas em 4tomos Em que se contem as obras sacras, jocoserias, e satiricas, quea brevidade não permittio separar. Tomo 2º Bahia anno de 1775).Aqui também a Vida antecede o texto poético.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4347
48
Disto pode-se concluir que:1. todas as coletâneas em quatro volumes que conhece-
mos foram compiladas após 1740 (terminus post quem da Vida deRabelo)18;
2. a iniciativa de juntar os poemas de Gregório pode real-mente ter sido de Rabelo, como acredita James Amado (mesmo quenada nos indique que o códice Asencio-Cunha realmente tenha sidoredigido materialmente por Rabelo)19, considerando que todas estascoletâneas são iniciadas pela Vida;
3. a disposição da matéria não é a mesma nos três códices,o que tornaria plausível uma ou mais intervenções sucessivas à primei-ra organização dos textos. Estas intervenções devem ter acontecidonum lapso de tempo relativamente curto, entre 1740 e 1775, data naqual foram redigidos MC e BNRJ50,61. De toda forma há grandes se-melhanças entre a organização de BNRJ50,61 e L 15-2, mas há diver-gências no texto da Vida, o que torna difícil acreditar que ambos sejamcodices descripti, cópias sem variantes do mesmo códice. A principaldiferença entre estas três coletâneas é a colocação da lírica sacra, queem L 15-2 e no Asencio-Cunha está no primeiro volume, enquanto nogrupo MC-BNRJ50,61 encontra-se neste último, que é o segundo vo-lume da coletânea (naturalmente, não sabemos o que haveria nosdemais dois). De qualquer forma devemos lembrar o título que apare-ce na folha de rosto do códice L 15-2: “[...] depois apurada melhor poroutro curiozo Engenho”.
Além disso, temos que levar em conta os demais códicessetecentistas em mais de um volume nos quais aparece a Vida:
BNRJ50,56 e BNRJ50,57ABNRJ50,59 e BNRJ50,59ANo caso destes códices, não temos nenhuma indicação quan-
to à presença de outros volumes; eles também teriam feito parte decoletâneas em quatro volumes? Ainda assim, há indícios: ambos, porexemplo, começam com a lírica sacra; porém, os poemas neles presentese sua ordenação divergem, o que deixa plausível alguma interpolação.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4348
49
Além do mais, conhecemos uma outra versão setecentistada Vida, redigida pouco antes de MC, no códice de Évora (BPE587): napágina 59 do códice lê-se “Obras Deste Primeiro tomo Sacras Do Dou-tor Gregorio de Mattos e Guerra a varios assumptos em que louva aDeos, e a seus santos, como se verá. Anno de 1765”. Novamente aqui aVida antecede a lírica religiosa, e novamente há a referência a umacoletânea em vários volumes.
Enfim, conhecemos códices em mais de um volume quenão incluem a Vida (BNRJ50,58 e BNRJ50,58A; LC-P253 e LCP254;BPMP22); isto pode simplesmente ser conseqüência da perda de ou-tros volumes, ou ao invés pode nos ajudar a conseguir uma dataçãoprecisa.
A análise dos códices impressiona antes de mais nada pelavariedade, pela quantidade e até pela distribuição geográfica: encontra-mos códices gregorianos em Portugal, na América do Sul e na Américado Norte, em oito cidades (nove se incluirmos os códices de tipo canci-oneiro presentes em Coimbra, que porém não consideramos nestarelação). Os códices apresentam poesia satírica, religiosa, lírica, enco-miástica; medida velha e medida nova; estão divididos por gênero e/oupor metro ou não apresentam divisão lógica alguma; são fruto de umaou mais mãos, ordenadas e cuidadosas ou confusas e descuidadas. Pelomomento, ainda não é possível realizar uma classificação. Pode sedizer, no entanto, que a extraordinária quantidade e qualidade de ma-terial atribuído a Gregório justifica e aliás torna cada vez mais necessáriae urgente a realização de uma edição crítica daquele que, fora de qual-quer dúvida, deve ser considerado como o maior poeta barroco delíngua portuguesa.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4349
50
Códi
ces s
etec
entis
tas d
e Gre
gório
de M
atto
s20
Cód
ice
Pág
inas
21L
ocal
Dat
ado
SN
BN
RJ
50,5
62221
5B
iblio
teca
Nac
iona
l do
Rio
>17
40
BN
RJ
50,5
7A36
3 +
9B
N R
io
BN
RJ
50,5
82343
8B
N R
io
BN
RJ
50,5
8A41
6B
N R
io
BN
RJ
50,5
92444
7B
N R
io>
1740
BN
RJ
50,5
9A37
4B
N R
io
BN
RJ
50,6
06+
247
BN
Rio
BN
RJ
50,6
12522
8 r
e v
BN
Rio
1775
BN
RJ
50,6
281
9 +
25
BN
Rio
BN
RJ
50,6
32651
1 r
e v
BN
Rio
>17
26 <
1750
BI
L 1
5 –1
300
r e
vB
iblio
teca
do
Itam
arat
y, R
io d
e Ja
neir
o
BI
L 1
5 –2
a27
269
+ 7
28B
I R
io>
1740
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4350
51
BI
L 1
5 –2
b45
7 +
15
BI
Rio
>17
40
BI
L 1
5 –2
c48
4 +
13
BI
Rio
>17
40
BI
L 1
5 –2
d37
6 +
5B
I R
io>
1740
UFR
J A
C 1
29
485
Bib
liote
ca d
a U
FR
J, R
io>
1740
UFR
J A
C 2
414
Bib
l. U
FR
J R
io>
1740
UFR
J A
C 3
530
Bib
l. U
FR
J R
io>
1740
UFR
J A
C 4
500
Bib
l. U
FR
J R
io>
1740
MC
380
+ 6
30S
alva
dor
1775
RB
M64
r e
vB
ibl.
Min
dlin
, São
Pau
lo17
62
BN
L 3
576
229
+ 2
2B
iblio
teca
Nac
iona
l de
Lis
boa
BN
L 3
238
142
r e
vB
N L
isbo
a
BN
L 1
3025
459
BN
Lis
boa
BA
50-
I-2
965
Bib
liote
ca d
a A
juda
, Lis
boa
1706
BP
MP
138
822
0 +
10
r e
vB
iblio
teca
Púb
lica
Mun
icip
al d
o P
orto
1748
BP
MP
22
a55
5B
PM
Por
to
BP
MP
22
b55
6B
PM
Por
to
BP
E 3
03 M
342
r e
vB
iblio
teca
Púb
lica
de
Évo
ra>
1740
BPE
552
M18
4 r
e v
BP
Évo
raB
PE 5
87 M
224
BP
Évo
ra17
65B
PAD
B 5
9133
8 +
13
r e
vB
ibl.
Públ
ica
e A
rq. D
istr
ital d
e B
raga
<171
5?L
C P
253
175
r e
vL
ibra
ry o
f Con
gres
s, W
ashi
ngto
nL
C P
254
165
r e
vL
C W
ashi
ngto
nL
C P
255
407
LC
Was
hing
ton
1711
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4351
52
NOTAS
1 Januário da Cunha BARBOSA. Parnaso Brasileiro cit.
2 id., Biografia dos brasileiros distinctos por letras, armas, virtudes, etc. in Revista Trimestral de Históriae Geografia, ou Jornal do Instituto Histórico-geográfico Brasileiro, Rio, III, n. 9, 1841, págs. 267-274,apud J.C.F. PINHEIRO. Curso Elementar de Literatura Nacional. Rio: Garnier, 1883. págs. 204-205.
3 GOMES. Gregório de Matos, cit. p.8.
4 Antônio HOUAISS. Tradiçao e problématica de Gregório de Matos, in JA, 1273-78: 1274.
5 Wilson MARTINS. História da Inteligência Brasileira. Cit. vol.I, p.227.
6 Cf. Paul ZUMTHOR. Intertextualité et mouvance. Littérature, 41, fév. 1981, pp. 8-16 e também Essai depoétique médiévale. Paris: Seuil, 1972 e A letra e a voz. A “literatura” medieval, São Paulo: Companhiadas Letras, 1993.
7 Celso CUNHA. Significância e movência na lírica trovadoresca. Questões de crítica textual. Rio deJaneiro: Tempo Brasileiro, 1985.
8 Cf. STEGAGNO PICCHIO. Camões lírico: Variantes de tradição e variantes de autor. Exemplos para oestudo da movência em textos camonianos in Atas da V Reunião Internacional de Camonistas, SãoPaulo: USP, 1992, págs. 285-309, e também Camões/Petrarca: studio di varianti, in Petrarca, Verona el’Europa, Padova: Antenore, 1997, pp.435-456. Leodegário de Azevedo questionou a utilização do con-ceito de movência neste contexto. Cf. Leodegário A.de AZEVEDO FILHO, A teoria do cânone mínimo nalírica de Camões, in Barbara SPAGGIARI, José Antonio Sabio PINILLA, L. A.de AZEVEDO FILHO, O renas-cimento italiano e a poesia lírica de Camões, Niterói: EDUFF/Rio: Tempo Brasileiro, 1992, págs. 59-72, naspágs.65-66.
9 Paul ZUMTHOR. Intertextualité et mouvance. cit, p.12.
10 Sobre este assunto ver: Silvia LA REGINA. Gregório de Mattos e la mouvance, na revista Merope XI(1999), 26, Pescara (Itália).
11 José VERISSIMO. História da literatura brasileira. Rio: Francisco Alves, 1916. p.88.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4352
53
12 Está no prelo uma edição minha da Vida Do Doutor Gregorio de Mattos Guerra de Manuel PereiraRabelo.
13 Incluímos aqui só os códices que apresentam totalmente ou em sua maioria poemas atribuídos aGregório; para os numerosos códices do tipo cancioneiro, ver principalmente Diléa Zanotto MANFIO.Manuscritos de Gregório de Matos no exterior. Palestra apresentada no congresso Gregório de Mattos:o poeta renasce a cada ano, Salvador, dezembro de 1996. 14 p. a ser publicada nos Anais. Fundamentaltambém para o estudo dos códices guardados em Portugal e nos Estados Unidos. Cf. também JamesAmado. Notas à margem da editoração do texto - II. in JA, p. 1279-1282.
14 Éditos e Inéditos. págs.17-18.
15 PERES. Gregório de Matos: os códices em Portugal. Revista Brasileira de Cultura. n.9, MEC. Rio 1971.pp.105-114: p.107. Ver este artigo também para todos os códices hoje guardados em Portugal.
16 Citado por Heitor MARTINS. Gregório de Matos, mito e problemas in Do Barroco a Guimaraes Rosa,B.Horizonte, Itatiaia / Brasília: INL 1983, págs.235-245, p.238.
17 Ferdinando WOLF. O Brasil literário. São Paulo, 1955 (tradução da edição francesa de 1863), p.37.
18 Vida do excelente poeta lírico, o Doutor Gregório de Matos Guerra. JA, p.1251-1270: p.1265. A dataé também citada nas demais versões.
19 James AMADO. cit. p.1279.
20 Encontram-se neste resumo só os códices do século XVIII.
21 Caso apareça mais de um número, é porque há índices.
22 O códice 50,56 e o códice 50,57 A originariamente eram 2 volumes do mesmo manuscrito, provavel-mente em 4 volumes.
23 O códice 50,58 e o códice 50,58 A originariamente eram 2 volumes do mesmo manuscrito, provavel-mente em 4 volumes.
24 O códice 50,59 e o códice 50,59 A originariamente eram 2 volumes do mesmo manuscrito, provavel-mente em 4 volumes .
25 O códice 50,61 e o códice MC originariamente eram 2 volumes do mesmo manuscrito, provavelmenteem 4 volumes, do qual MC era primeiro.
26 O códice inclui também poemas atribuídos a outros autores. Os poemas de Gregório estão entre aspágs. 17r e 159v e passim.
27 Este volume e os três seguintes compõem um único manuscrito.
28 Devem ser acrescentadas 140 páginas de Vida de Rabelo, não numeradas e antepostas ao texto poético.
29 Este volume e os três seguintes compõem um único manuscrito.
30 Devem ser acrescentadas 62 páginas de Vida de Rabelo, não numeradas e antepostas ao texto poético.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4353
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4354
55
IIIDESCRIÇÃO DO CÓDICE
O CÓDICE RBM (dos nomes dos dois últimos proprietários)encontra-se em São Paulo, na biblioteca Mindlin (José e Guita), legadode Rubens Borba de Moraes.
O códice é um livro autônomo, apesar das dimensões dimi-nutas. Foi encadernado em couro, com impressões em ouro, e conser-va a encadernação original.
Na lombada há uma etiqueta:
POESIAS SATIRICASBRASIL1762
Em lugar algum, nem na capa nem ao longo do texto (nãohá folha de rosto) aparece o nome de Gregório de Mattos.
Encadernação: cm. 22,9 x 17,8papel: cm. 21,7 x 16,7
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4355
56
Manuscrito cartáceo.Filigrana em 38 páginas.Ex libris de Rubens Borba de Moraes64 paginas numeradas somente no recto.Grafia muito clara e uniforme, de uma única mão.
O códice, diferentemente da maioria dos demais apógrafosde Gregório, apresenta-se como extremamente compacto. É compos-to unicamente por décimas satíricas, em número variável de um poe-ma para outro (de 1 a 24 décimas), em redondilhas maiores numesquema métrico invariável:
ABBAACCDDCdo tipo denominado espinela.Há um único exemplo de “mote e glosa” (“De dous ff se
compoem”, 61v-62v), sempre em décimas e com o mesmo esquemarímico.
Possivelmente o RBM constituisse um livrinho de mão,uma escolha pessoal de composições poéticas anônimas, apesar dequase todas atribuídas a Gregório em outros códices. Cinco composi-ções não integram as edições ABL e JA:
“Dizei-me, que mal me fez”, 38r“O vosso nome, Thomé”, 42v“Hé esta a quarta monçam”, 45v“Freiras, quereis que hum Pasquim”, 47v“Quizeste tanto sobir”, 60r.
Três destes aparecem em um dos códices da Biblioteca Pú-blica Municipal do Porto, o nº 22, no primeiro volume:
“Quizeste tanto subir”, 103“Freira quereis que hum Pasquim”, 113“He esta a quarta monçam”, 115.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4356
57
Além de apresentarem a mesma forma métrica, a décimaespinela, as composições do códice RBM têm outras homogeneidades;antes de mais nada o gênero: os 40 poemas são sátiras, mas não políti-cas e sim contra pessoas geralmente não identificáveis da cidade. Cida-de ou lugar que também são raramente especificados, diferentementedo que acontece nas sátiras políticas: só em “Veyo ao Espirito Santo”,15v, “A nossa Sé da Bahia”, 56v, “De dous ff se compoem”, 61v. As sátirasatacam frades, freiras, pequenos burgueses, às vezes da administraçãopública (a qual em si, porém, não recebe críticas), e são do tipo, aindaque às vezes muito violento, mais alegremente vulgar, com referênciasconstantes e precisas a escrementos e genitais e em geral a situaçõesescabrosas, preferivelmente que digam respeito a membros do clero.
Não há refrões; parece-nos patente que, mesmo que a sátiraibérica permaneça o modelo constante, nesta seção do corpus não háreferências esplícitas a obras alheias.
De todos os códices de Gregório de Mattos conhecidos até opresente momento, o RBM é o único que apresenta uniformidade ehomogeneidade tão rigorosas; até pelo número de páginas (128, ou64 r e v), é evidente o cuidado que deve ter inspirado esta coletânea,na qual (caso raríssimo) os poemas estão distribuídos para semprecoincidirem con a pagina inteira, há regularidade na disposição dasdécimas e os erros do copista são quase insignificantes. Podemospensar em RBM como uma edição de luxo, para um rico amador decoletâneas poéticas; talvez português, visto que a palavra Brasil im-pressa na lombada seria supérflua se o livro tivesse sido realizado paraalgum brasileiro.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4357
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4358
59
IVCRITÉRIOS DE EDIÇÃO E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS GRÁFICAS E
ORTOGRÁFICAS DO CÓDICE RBM
CRITÉRIOS DE EDIÇÃO
FOI feita uma edição semi-diplomática dos textos, obedecen-do aos seguintes critérios:
• Elementos de uma mesma palavra que estivesses separa-dos foram unidos (p.es. 25r, 10: “tendo a mante que lhe fede” >“tendo amante que lhe fede”) e vice-versa foram separadas as palavrasque tenham sido juntadas (p.es. 24v, 14: “vá comendo sobre atrolha”> “vá comendo sobre a trolha”).
• Todas as abreviações foram abertas, usando o itálico. Es:q’ = que
• Todas as alternâncias gráficas foram mantidas.• Os possíveis acréscimos, a serem considerados mera-
mente como sugestões no caso de erros evidentes no texto ou na mé-trica, foram assinalados com os colchetes [ ].
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4359
60
• As raríssimas expunções, realizadas somente em casosevidentes de erros do copista, foram assinaladas com parênteses angu-lares < > .
• A pontuação não é excessivamente diferente do uso mo-derno e de qualquer forma não impede a compreensão do texto; con-sequentemente não foi alterada.
• A mudança de página foi indicada com as duas barras / /em negrito. Es: /34v/
• Entre as listadas em seguida, estas particularidades gráfi-cas foram reconduzidas ao uso moderno:
• ε = h• ∫s = ss.
CARACTERÍSTICAS GRÁFICAS
As características gráficas principais são:• o h tem a aparência de um épsilon (ε ε ε ε ε )• ss normalmente é representado com ∫s• os sinais diacríticos são usados de forma muito variada: o
acento circunflexo pode indicar a crase ou qualquer acento, e algumasraras vezes é usado no lugar do til; o acento agudo pode indicar tam-bém a crase; às vezes no lugar do til é usado um apóstrofo.
• a pontuação é variada e usada de forma relativamenteparecida com o uso moderno.
CARACTERÍSTICAS ORTOGRÁFICAS
• O uso de consoantes dobradas é relativamente comummas não excessivo. Pode-se observar a duplicação, além de r e s (estestambém de forma notavelmente casual) de todas as demais consoan-tes, com as únicas exceções de d, g, q, v. Estes fenômenos não sãoregulares e normalmente não obedecem a preocupações etimológicas.
• As vogais e os ditongos nasais estão representados de for-ma muito diferente da atual, e com uma certa inversão:
- freqüentemente -ão atual é representado -am
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4360
61
- -am por sua vez é grafado –ão- o ditongo ão é quase sempre reproduzido como aõ.- normalmente as terminações–ães e -ões estão reprodu-
zidas abrindo o til em n: -aens, -aenz; -oens, -oenz.• O ditongo eu è muito freqüentemente eo (nunca, po-
rém, quando se trata do pronome de primeira pessoa).• No lugar do prefixo en muitas vezes encontra-se em:
emsaboar.• A terminação –is do português atual (do plural de –al)
aqui está grafada –es (es. “animaes”).• O uso de c, ç, ch, s, z é muito diferente do atual e apre-
senta numerosas oscilações, até mesmo dentro do mesmo texto ou damesma página.
• A terceira pessoa singular do presente indicativo do verboser sempre está precedida por h e por vezes aparece acentuada: he, hé,hê.
• Os artigos e numerais um, uma sempre estão precedidospor h: hum, huma, huns, humas
• Por vezes pode-se observar metátese nos prefixos per-,por-. Es: pregunta.
• As vogais átonas pré-tônicas e, o às vezes aparecem gra-fadas como respectivamente i, u. Es: difiniçam.
• y aparece freqüentemente no lugar de i: sylva• freqüentemente há troca entre x e ch: caximbo.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4361
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4362
63
VÍNDICE DOS POEMAS
primeiro verso pagina tipo ABL JA
1 Victor, meo Padre Latino 1r-1v décimas 216
2 Amigo, e Senhor Jozé 2r-3r décimas III, 213 280
3 Padre a caza estâ abrazada, 3v-4r décimas 238
4 Por sua mam soberana 4v-5v décimas 1219
5 Este, que de Nize conto 6r-7v décimas 555
6 Huma triste entoaçam1 7v décima V, 334
7 Cazou Filippa rapada 8r-9r décimas V, 260 984
8 A tua perada mica,2 9v-11r décimas V, 220 221
9 A vos Padre Balthazar, 11v-13v décimas 230
10 Reverendo Padre alvar, 14r-15r décimas V, 257 234
11 Veyo ao Espirito Santo 15v-21r décimas 168
12 O senhor Joam Teixeira 21v-23v décimas 284
13 Senhor Mestre de jornal, 24r-25r décimas VI, 198 1105
14 Amigo a quem nam conheço, 25v-27r décimas 964
15 Por gentil homem vos tendes, 27v-28v décimas 889
16 Se vos foreis tam ouzado 29r-30v décimas VI, 163
17 Huma com outra sam duas 30v décimas 839
18 Dizem senhor Capitam, 31r-32v décimas 290
19 Viva o insigne Ladram, 32v décima VI, 158 1124
20 Peralvilho, ó Peralvilho, 33r-34r décimas 563
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4363
64
1 ABL: grave
2 ABL: Da tua pesada mica; JA: da tua perada mica
3 JA: nova
21 Reverendo Frei Carqueja, 34v-38r décimas V, 209 251
22 Dizei-me, que mal me fez, 38r décima
23 Já que entre as calamidades, 38v-41v décimas V, 310 1019
24 Reverendo Frei Sovella, 41v-42v décimas 264
25 O vosso nome, Thomé, 42v décima
26 Quem vos mete Frei Thomaz, 43r-44r décimas V, 287 247
27 Sem tom, nem som por detraz 44v-45r décimas 835
28 Hé esta a Quarta mo<n>çam, 45v-47r décimas
29 Freira, quereis que hum Pasquim 47v-48r décimas
30 Minha gente, vosse vê 48v-49r décimas 297
31 Inda està por decidir, 49v-50r décimas V, 134 207
32 Mil annos hà, que nam verso; 50v-53r décimas V, 184
33 Estava o Doutor Gilvas 53v-56v décimas V, 328 550
34 A nossa Sé da Bahia, 56v décima V, 112 195
35 Vós nam quereis cutiláda 57r-58r décimas V, 251 553
36 Letrado que cachimbais 58v-59v décimas V, 153 559
37 Quizeste tanto sobir, 60r-61v décimas
38m De dous ff se compoem 61v mote 38
38g Recopilouse o Direito, 62r-62v glosa
39 Hindo a caza de Tatus 62v-63r décimas VI, 200 863
40 Na nossa Jerusalem,3 63v-64v décimas V, 117 1096
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4364
65
VITRANSCRIÇÃO DOS POEMAS
/1r/A FREI Miguel Novelos apelidado o Latino, sobre huã Patente
falsa de Prior, achando-se o Autor homiziado no Carmo.
1Victor, meo Padre Latino,que agora se soube em fim,que só vos sabeis Latim,para hum breve tam divino:era n’hum dia mofinode chuva, que as cazas rega,eis que a Patente vos chega,e eu por milagre o suspeitona Igreja Latina feito,para se pregar na Grega.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4365
66
2Os sinos se repicaramde seo motu natural,porque o Padre Provincial,e outros Padres lho ordenaram:os mais Frades se abalarama lhe dar a obedienciae elle em tanta complacencia,por nam faltar ao primor,dizia a hum victor Prior,victor Vossa Reverencia.
/1v/
3Estava aqui retrahidoo Doutor Gregorio, e vendohum Breve tam reverendoficou com queixo cahido:mas tornando a seo sentidoda galhofa perennalque nam vio Patente igualdice, e hé couza patente,que se a Patente nam mente,hè obra de pedra, e cal.
4Victor, victor se dizia,e em prazer tam repentinosendo os viva ao Latino,soavaõ a engrezia:era tanta a Fradaria,
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4366
67
que nesta caza Carmelanam cabia a refestela:mas recolheram se em fimcada qual a seo cellim,e eu fiquei na minha cella.
/2r/
Ao Capitam Jozé Pereira por alcunha o SetteCarreiras, cujas poezias serviam de rizo.
1Amigo, e Senhor Jozénam me fareis huma obra,porque se a graça vos sobra,me fareis graça, e mercê:fazei me huma obra em quehonra me deis aos almudes,e se em vossos alaudes,que Apollo vos temperounam cabe o pouco, que eu sou,caberam vossas virtudes.
2Fazei me huma obra em quantoa Musa se me melhora,que eu prometto desde agorapagar-vos tanto por tanto;que como Deos hé bom Santo,e nam há ôvo sem gema,sereis de meo plector o tema,por que a quem me fas hum verso,
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4367
68
nam serei eu tam perverso,que lhe nam faça hum poema.
/2v/
3Sayam esses resplandores,essas luzes coruscantes,rubis, perolas, diamantes,cravos, açucenas flores:sayam da Musa os primores,que há ortellam da poezîa,que gasta em menos de hum diade flores hum milenarioe há Poéta Lapidariogastador da pedraria.
4Eu quatro versos fazendonam me meto em gasto tal,nem posso chamar cristala mam, que humana estou vendo;os olhos, que ao que eu intendosam de sangue dous pedaços,nam chamo diamantes baços,pois os nam tenho por taes,que há Poétas Liberaes,e os meos sam versos escaços.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4368
69
/3r/
5Vos sois o Deos da poezîa,que sobre o vosso Pegaso,andaes mudando o Parnasoneste monte da Bahia:aqui a vossa Thalîanos ensina aos praticantestam graciozos consoantes,que vos juro a Jesu Christo,que em quantos versos hei visto,nam vi versos semelhantes.
6Sois hum Poéta natural,e tendes sempre a mam chêa,nam sò de Aganipe a vêa,mas na vêa hum mineral:correm como hum manancialda vossa bocca Arethusas,e as nove Musas obtusasde ver o vosso Pactóloem vez de Musas de Apollo,querem ser as vossas Musas.
/3v/
Ao Vigario da Madre de Deos Manoel Rodriguezvindo tres clerigos a sua caza, achando-se nella o Autor
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4369
70
1Padre a caza estâ abrazada,porque hé mais damnosa emprezapôr tres boccas a huma meza,que trezentas a huma espada:esta trindade sagrada,com quem toda a caza abafa,já eu tomara ver safa,porque à caza nam convemtrindade, que em si contemtrez pessoas, e huma estafa.
2Vos nam podeis sem dar penapôr á meza trez pessoas,nem sustentar trez coroas,em cabeça tam pequena:se a fortuna vos ordena,que vejaes a caza razacom gente que tudo abraza,nam sofro, que desta vezvos venham coroas trezfazer principio de caza.
/4r/
3Se estamos na Epifania,e os trez coroas sam Magoshão de fazer mil estragosno caijû, na melancîa:magica hè feitiçaria,
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4370
71
e a Terra hé tam pouco experta,e a Gentinha tam incerta,que os trez a nosso pezarnam vos hão de offerta dar,e hão de mamar-vos a offerta.
4O incenso, o ouro, e myrrha,que elles nos hão de deixar,hê, que nos hão de mirrar,se nos nam defende hum irra:o Crasto por pouco espirra,porque hé dado a valentam,e se lhe formos a mamno comer, e no engolir,aqui nos ha de frigircomo postas de cassam.
/4v/
A huma procissam, que vio o Poeta em Viannaem occasiam de ferias, na qual por costumeantigo apparecia a morte adornadacom patas, peças de ouro, e muitoscachos de uvas verdes: hindojuntamente nella em figurade Sam Christovaõ huãestatua de papelão ves=tida de baeta verde.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4371
72
1Por sua mam soberanaDeos que hé Pay da piedade,Livre a toda a Christandadeda má morte de Vianna:morte composta de asneira,1
em vez de morte hè pavana,porque tirar da parreiraquantas uvas vai brotandopara lhas hir pendurando,hè morte de borracheira.
/5r/
2Ornar a morte a meo verde patas por mais campar,hé querela namorarpor falta de outra mulher:homens, que tem tal prazer,que enfeitam toda huma ossadade patas, e alfinetada,hé gente, que sem disputapretende em trages de putatratar a morte enfeitada.
3Isto de morte com patas,e com uvas athé os pés(como dice hum Viannez)Livre está de pataratas:há gentes tam mentecaptas,
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4372
73
que se occupem a enfeitar,a quem os ha de matar,e lhe ponhaõ todo o oirosem temer, que isto hé agoiro,de que a morte os vem roubar.
/5v/
4Gente, que folga de verhuma caveira enfeitada,esta hé a morte folgada,que em menino ouvi dizer:mas nam me pode esquecerasneira tam alta, e forte,de huns barbaros de má sorte,e humas gentes insensatas,que pondo a morte de patascuidam, que empatam a morte.
5Se Vianna nisto dàpor fazer à morte festaconvenho, que gente hè estaque athé a morte guardará:mas que Sam Christovão váem charolla de vaquetacom cazacam de baeta,e verde por mais decoro,aqui se perde Izidororaivozo desta historeta.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4373
74
/6r/
A hum Letrado, que cazou com certa Mulher, que nãosendo donzella, deo hum ponto no vazo para o parecer.
1Este, que de Nize contoouçam, que hé bem raro cazo,pois dizem calça seo vazocom ser tam grande, hum só ponto;cazou com Fabio, que hé tonto,e eu folgo por minha vida,porque hé couza bem sabida,que andavão com gram cuidadoo Moço por ella assado,e ella por elle cozida.
2Por dar alivio a seo peitono mar de amor lhe convinhaa Fabio passar a Linha,porem nam passar o estreito;quas2 nam haverà conceito,que repare a Fabio amante,pois hoje à vela constante,quando em deleites se arrulha,o rumo segue da agulha,como astuto navegante.
/6v/3Mais direito, do que hum fuzo
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4374
75
Fabio com manha selecta,no vazo por Linha rectalhe encaixou o membro obtuso;mas de dizer nam me escuzo,que nisso tinha interesse,poiz cazo estranho parece,e hé couza rara, que Fabiosendo astrologo tam sabio,o virgo nam conhecesse.
4Andou prudente, e alentadonesta empreza a que aspirava,pois de Nize o vazo estavacom Linhas fortificado;avançou-o denodado,e da sorte, que refiroonde claramente infiro,(nam cuide alguem, que isto hé conto)que a Moça lhe pôz o ponto,para elle fazer o tiro.
/7r/
5Em cazar com Nize bellanada Fabio se deshonra;que nisto de pontos de honranimguem sabe mais do que ella;e assim com gentil cautella,que ambos ganharam, suspeitoa vida com hum mesmo effeito
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4375
76
(sem que pareça tollice)com os pontos de honra Nise,Fabio com os de direito.
6Se Fabio ociôzo alguma horade Nise, por ser sandeo,as linhas tristes torceo,alegre as destorce agora;embainhe o membro emborano vazo, pois nisso acerta,mas hé bem, que esteja àlerta,nam se fira nesta bulha;porque bainha de agulha,hé força, que esteja aberta.
/ 7v/
7Bem hé, Liberal se ostenteem cazar se Nize bella;pois dando-se a mais donzella,hoje hum recebe somente;ter-me ham por mal dizente,mas nam tenho culpa eu,que sou mui captivo seu;a verdade aqui sò conto,sem lhe accrescentar hum pontodo que ella no vazo deo.
Ao Muzico Braz Luiz, a quem deraõ huãs bordoadas denoite.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4376
77
Decima
Huma triste entoaçamvos cantaram Braz Luiz,e se hé como se dizfoi solfa de Fá Bordam;poiz no compasso da mamonde a valia se apuraparecia solfa escura,porque a mam, que a guiava,nem no ar, nem no cham dava,sempre em cima da Figura.
/8r/
Ao Cazamento de Ignacio Pissarro
1Cazou Filippa rapadacom hum Guapo do Lugar,e porque quiz bem cazar,ficou arto mal cazada;hoje hé a mal maridadado Sitio de Sam Francisco,porque o Guapo vendo o risco,que seo credito corria,em vez de dar-lhe a maquia,a contentou c’hum belisco.
2Que nam consumou se fala,porque o Noivo em tanta gloria
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4377
78
se pôz fraco de memoria,e esqueceo-lhe o cavalgala;a Noiva faz disso gallaporque ficou com a honrinha,e elle diz, que assim convinha,porque se hum homem de bemnam tira a honra a ninguem,menos a quem jà a nam tinha.
/8v/
3Elle está muito arriscadoa hum successo infeliz,porque o que della se diz,dizem que o tem bem provado;a mim nam me dá cuidadover que o Noivo consentio,porque se elle a dormio,e diz, que o hà de provar,se o comprio, hei de eu mostrar,que jà provou, e comprio.
4Fez o Noivo as carreirinhashuma airosa retirada,vendo estar fortificadaa Praça com tantas linhas;e eu já pelas contas minhastenho a maranha entendida,e hé, que o Noivo em sua vidanam quiz que o vulgo malvado
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4378
79
dicesse, que andava assadopor huma mulher cozida.
/9r/
5Se cozeo o birbigam,como diz a gente toda,muito a Moça me accomodapara Arrais de hum galiam;porque se a sua intençamfoi acaso em tanta bulhameter (fora và de pulha)huma fragata alterozapor barra tam perigoza,hé, que se fiou na agulha.
6O Noivo se veyo embora,e ella chora ao que eu creyo,porque o Noivo se nam veyo,nam intendo esta Senhora;mas o que se teme agorahé, que hum dos cunhados mande,que o pleito vá a Roma, e ande,e eu nam sei, que Demo o toma,pois quer que passe por RomaMulher de nariz tam grande.
/9v/Ao Padre Antonio Marques de Peralda.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4379
80
1A tua perada mica,nam te espantes, que me enoje,porque hé força, que a antojesendo doce de botica;o gosto nam se me applicaa huma conserva fanada,e embotes tam redomada,que sempre por ter que almocesachas para tam mâos docesa tutia preparada.
2Se tua Tia arganàzte fez essa alcomonia,com colher nam ta faria,com espatula ta faz,criaste-te de rapazcom pingue dessas redomas,e hoje tal asco lhe tomas,que tendo huma herança ricanas raizes da botica,com tudo nam tens, que comas.
/10r/
3Teo juizo hé tam confuso,que quando a qualquer christamlhe entra o uso da razamde entam lhe perdeste o uso;sempre foste tam obtuso,
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4380
81
que já desde Estudantetete tinham por hum doidete,porque eras visto por altona falla falso contralto,na vista fino falsete.
4Correndo os annos cresceste,e se dizia em susurro,que era o teo crescer de burro,pois cresceste, e aborreceste;logo em tudo te metestequerendo ser eminentenas artes, que estuda a Gente,mas deixou te a tua asniaAbel na philosophia,na poezîa innocente.
/10v/
5Deram-te as primeiras Linhasversos de tam baixa esfera,que o seo menor erro era,serem feitos às Negrinhas;com estas mesmas Pretinhaspor mais, que te desbaptizes,gastastes os bens infelizesdo Marquez rico ervolario,porque todo o Boticariohé mui rico de raizes.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4381
82
6Sendo hum zote tam supino,es tam confiado alvar,que andas por ahì a pregargerigonças ao divino;pregas como Capuchinho,porque esta traça madurahum curado te assegura;crendo sua Senhoria,que a botica te dariaas virtudes para Cura.
/11r/
7Mas elle se acha enganado,pois se vê evidentemente,que os botes para hum doentesam, mas nam para hum curado;entraste tam esfaimadoa comer do sacrificio,que todo o futuro officiocantaste sobre fiado,pelos tirar de contadoao Dono do Beneficio.
8Nenhuma outra couza héeste andar dos teos alparques,mais que ser filho do Marquesvizinho da Santa Sé;outro da mesma relé,
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4382
83
tam Marques, e tam birbante,te serve agora de Atlante,porque para conjurar-se,hé facil de congregar-sehum com outro semelhante.
/11v/
A certo clerigo.
1A vos Padre Balthazar,vam os meos versos direitos,porque sam vossos defeitos,mais que as arêas do mar;e bem que estaes n’hum lugartam remoto, e tam profundo,em concubinato immundocomo sois Padre Miranda,o vosso poder tresandapelas canteiras do Mundo.
2Cá temos averiguado,que os vossos concubinatos,sam como hum par de çapatos,hum negro, outro apolvilhado;de huma, e outra côr calçadosahis pela porta fora,hora negra, e parda hora,que hum zote camaliamtoda a côr toma, se namque a da vergonha, o nam cora.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4383
84
/12r/
3Vossa luxuria indiscretahé tam pezada, e violenta,que em dous bastoens se sustenta,huma Parda, e huma Preta;c’huma puta se aquietao membro mais deshonesto,porem o vosso indigestoha mister na occaziama Negra para travam,a Parda para cabresto.
4Sem huma, e outra Cadella,nam se embarca o Polifemo,porque a Negra o leve a remo,e a Mulata o leve a vélla;elle vai por sentinella,porque ellas nam dem à bomba,porem como qualquer zombado Padre, que maravilha,que ellas despejem a quilha,e elle ao fedor faça tromba.
/12v/
5Ellas sem magoa, nem dor,lhe poem os córnos em pinha,porque a puta, e a galinha
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4384
85
tem sò o officio de por;òvos a franga peior,córnos a puta mais casta,e quando a negra se agasta,e com o Padre se disputa,lhe diz, que antes quer ser puta,que fazer com elle casta.
6A Negrinha se pespegacom hum Amigam de corona,que sempre o rifam entona,que o maior Amigo apega;a Mulatinha se esfrega,com hum Mestiço requeimadodestes de pernil tostado,que a cunha do mesmo pâoem obras de bacalháofecha como cadêado.
/13r/
7Com toda esta cornoalhadiz elle cégo de amor,que as Negras tudo hé primor,e as Brancas tudo hé canalha;isto fas a erva, e a palha,de que o Burro se sustenta,que hum destes nam se contenta,salvo se lhe dam por capa,para a rua huma gualdrapa,para a cama huma Jumenta.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4385
86
8Há bulhas muito renhidasem havendo algum ciume,porque elle sempre presumede as ver sempre presumidas;mas ellas de mui queridasvendo, que o Padre de borraem fogo de amor se torra,andam por negarlhe a graça,ellas já com elle à maça,e elle com ellas à porra.
/13v/
9Veyo huma noite de fora,e achando em seo vituperioa Mulata em adulterio,tocou à arma a deshora;e porque pegou com morano rayo de chumbo ardente,foi-se o cam seguramente,que como estava o coitadotam leve, e descarregadose pode hir ligeiramente.
10Porque hè grande demandamo senhor zote Miranda,que tudo o que vê demanda,seja de quem for o cham;por isso o Padre Cabram
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4386
87
de continuo està a jurar,que os caens lho haõ de pagar,e que as couzas, que tem dado,lhas haõ de por de contado,e elle as ha de arrecadar.
/14r/
A hum Clerigo, que punio por huã satyra
1Reverendo Padre alvarbasta que por vossos modossahis a campo por todosos Mariolas de Altar!mal podia em vos fallar,quem noticia, nem suspeitatinha de asno de tal seita,mas como vos veyo a justoa satyra, estaes com susto,de que por vos fora feita.
2Com vosco a minha Camena,nam falla, se vos nam poupa,porque sois mui fraca roupapara alvo da minha penna;se alguem se queima, e condemna,porque vê que os meos apodosvem frizando com os seos modos,ninguem os tome por si,hum pelo outro, isso si,e assim frizaram com todos.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4387
88
/14v/
3Vos com malicia velozapplicai-o a algum coitado,que esse tal terá o cuidadode vo lo applicar a vos;desta applicaçam atrozde hum por outro, e outro por hum,como nam livrar nenhum,ninguem do Poeta entamse virà a queixar, senamdo poema, que hé commum.
4Bonetes da minha mam,como os Lanço ao ar direitos,cahindo em varios sugeitos,a huns servem, a outros nam;nam consiste o seo senam,nem menos está o seo mal,na obra, ou no official,está na torpe cabeça,que se ajusta, e se endereçapelos moldes de obra tal.
/15r/
5E pois, Padre, vos importanos meos moldes nam entrar,deveis logo emdireitar
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4388
89
a cabeça, que anda torta;mas sendo huã praça morta,e hum zotissimo ignorante,vir-vos-ha a Musa picantea vos Padre mentecapto,de molde, como çapato,e mais justa, do que hum guante.
6Outra vez vos nam metaessentir alheos trabalhos,que diram, que comeis alhosGalegos, pois vos queimaes;e porque melhor saibaes,que os zotes, de que haveis dor,sam de abatido valor,pezem os vossos sentidos,quaes seram os defendidos,sendo vos o defensor.
/15v/
Ao Governador da Bahia Antonio Luiz Gonçalvez daCamara Coitinho, Almotacè Mor do Reyno.
1Veyo ao Espirito Santoda Ilha de Madeira Alveshum Escudeiro Gonsalvesmais pobretam, que outro tanto;e topando a cada canto,as Tapuyas do Lugar,
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4389
90
havendo huma de tomar,para bainha da Espadatomou Victoria agradadaque entam lhe soube agradar.
2A tal, era huma Tapuyagroça como huma Giboya,que roncava de tipoya,e manducava de cuya:tocando ella a Alleluiatirava elle a columbrina,com tal estrago, e ruina,que chegando a conjunçamlhe encaixou a opilaçampor entre as vias da ourina.
/16r/
3Pario a seo tempo hum cuco,hum monstro, digo humano,que no bico era Tocano,e no sangue Mamaluco:e nam tendo bazaruco,com que faça o baptizado,lhe assistio sem ser rogadohum trosso de fidalguia,pedestre cavallaria,toda de beiço furado.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4390
91
4O Cura, que nam curoude buscar no Calendarionome de Santo ordinario,por Ambrozio o baptizou:tanto o Culumim mamou,e taes forças tomou, queantes de se por em pé,e antes de está já de veznam fallava o Portuguez,mas dizia o seo cobé.
/16v/
5Cançado de ver a Avôacom as cuyas à dependura,tratou de hir buscar ventura,e embarcou n’huma canoa:hindo aportar à Lisboa,presumio de fidalguia,cuidou, que era outra Bahia,onde basta a presumpçampara fazer-lhe hum christammuchissima cortezia.
6Cazou com huma rascoa,que por elle ardia em chamas,e era criada das Damasda Rainha de Lisboa:era huma grande pessoa,
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4391
92
porque tinha hum cartapacio,onde estudava de espaciotodo o primor cortezam,que athé hum sujo esfregamcheira ao primor de Palacio.
/17r/
7Nasceo deste matrimonioum Anjo, digo hum Marmanjo,que era no simples hum Anjo,e no maligno hum Demonio:deram lhe por nome Antonio,oh se o Santo tal cuidara,eu creyo, que se irritarao Santo Portuguez tanto,que deixara de ser Santo,e o nome lhe nam tomara.
8Este pois por exaltar-seveyo reger a Bahia,que bom governo faria,quem nam sabe governar-se:se elle quizera enforcarsepelos que enforcar queria,que bom dia nos daria,mas elle tam mal se salva,que quando dava a má alva,entam tomava o bom dia.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4392
93
/17v/
9O Ministro ha de ser sãojusto, e desinteressado:ha de ter odio ao pecádo,e ao pecador compaixam:que se tem má propençam,fará justiça com vicio;e se maior maleficiotem, e pode condemnar-meLivre me Deos de julgar meofficial de meo officio.
10Que porque furto, o que coma,me enforquem, pode passar;mas que me mande enforcara Bengala, de hum Sodoma!quem soffrerá, que Mafomame queime por mâo christam,vendo que Mafoma hè hum cam,velhaco de suja alparca,e o mais torpe Heresiarca,que houve entre os filhos de Adam?
/18r/
11Quem na terra soffreria,que o fedor de hum ataude,com bioco de virtude,
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4393
94
simulasse a Sodomia:e de facto cada diadesse ao povo hum enforcado,e que de puro malvadodesse esse dia hum banquete,e alegrasse o seo bofetecom bom vinho, e bom boccado?
12O bem, que os mais bens enserra,e as glorias todas contem,hé reinar, quem reina bem,pois figura a Deos na Terra.Eu cuido, que o mundo erranesta alta reputaçam,pois se erra o Rey huma acçam,paga o seo alto attributohum tristissimo tributo,e miserrima pençam.
/18v/
13O Principe Soberano,bom christam, temente a Deos,se o nam socorrem os Ceospensoens paga ao ser de humano:està sugeito ao tiranno,que adulando ambiciosohé Aspide venenoso,que achando lhe os sentidosturbado o deixa de ouvidos,de olhos o deixa Lodozo.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4394
95
14Se fora El Rey informadode quem o Tocano era,a Bahia nam vieragovernar a hum Povo honrado;mas foi El Rey enganado,e eu com o Povo o paguei,que hé jà costume, hé já Ley,dos Reinos sem intervallos,pagar os tristes vassallosos desacertos do Rey.
/19r/
15Pagamos, que hum Figurilhacorcova de canastram,com nariz de rebecam,e cara de bandurrilha:descompozesse a quadrilhados homens, mais bem nascidos,e que dos mal procedidostanta estimaçam fizesse,que honras, e postos lhes desse,por lhe encherem os ouvidos.
16Pagamos ver que esta Hyena,que com a voz nos engana,pois falla como putana,e como fera condemna;que huma Terra tão amena,
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4395
96
tam fertil, e tam fecunda,a tornasse tam immunda,falta de saude, e pam,mas foi força, que tal mampeste, e fome nos infunda!
/19v/
17Pagamos, que hum homem bronco,racional, como hum calhâo,mamaluco em quarto grâo,e maligno desde o tronco;apenas se dá hum ronco,em briga a penas se falla,quando os Sargentos à escallaprendem com descorteziaos honrados na enxovia,todo o patifam na sala.
18Pagamos, que hum Sodomita,porque o seo vicio dicesse,todo o homem aborrecesseque com mulheres cohabita:e porque ninguem lhe quitaser hum vigario geral,com pretexto paternalaos filhos, e aos criadosos tinha sempre fechadospelo peccado carnal.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4396
97
/20r/
19Pagamos, que o tal jumentoizento de mãos guardunhas,nam furtasse pelas unhasse nam por consentimento:porque os quatro vezes cento,que se vieram trazerao seo Capitam mulher,porque o pam suba mais dez,nam foi furto, que elle fez,mais deo geito a se fazer.
20Pagamos ver o Prelado,que se pecca hé de prudente,dos serventes de hum agentedescortezmente ultrajado:o sobrinho amortalhadocom tam fidalgos brazoenspela puta de calçoens,que fiado em ser validofez do sangue esclarecidotam lastimozos borroens.
/20v/
21Pagamos com dor interna,que nos passos da Paixamtam devoto hé da prizam,
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4397
98
que quer Levar a lanterna:se intende, que a gloria eternaprendendo ha de merecer,fora melhor intender,que ao Ceo darà mais agradonam dormirse com o criado,que desvelarse em prender.
22Pagamos vello aspirar,e estar com espectativas,de ser Conde das Maldivas,por serviços de enforcar:e como mandou tirarhum rol dos quatro marâos,que enforcou por vaganâos,cuidei assim Deos me valha,que entre os Condes da baralhafosse elle o Conde de pâos.
/21r/
23Porem Sua Magestade,qual Principe Soberano,que nam se indigna de humanosem damno da Dignidade;conhecida esta verdade,que hé verdade conhecida,farà justiça cumprida,para que se lhe agradeça,que o mâo na propria cabeçatraga a justiça apre[n]dida.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4398
99
24E porque nos de antemama seos favores mostremos,quanto lhos agradecemos,lhe agradecemos Dom Joam:hé muito justo, hé razamconforme o direito, e Ley,quando o Rey auzente a Greyoutro em seo lugar quer pôr,que seja o Governadortam Fidalgo como o Rey.
/21v/
A prizam do Capitam Joam Teixeira de Men=donça, sendo Thesoureiro dos Defuntos, e auzentes.
1O Senhor Joam TeixeiraMendonça de quando em quandona Cadea està purgandohumores de Ladroeira:a putaina, que era herdeiravniversal dos defuntosperdeo redomas, e untos,e está já dezenganada,que o Ladram mata a porcada,e o Fisco come os presuntos.
2Tinha o Fidalgo mingoadocomo ladram tam astuto,
gregório.pmd 23/8/2010, 14:4399
100
os bens em Lugar enxuto,mas mal acondicionado:estava o barco ancoradoe nisso esteve a ruina,porque a carga era rapina,e deo-nos espanto, e magoa,de que pela vêa da agoase desse naquella mina.
/22r/
3As Almas do Purgatorio,como os fardos eram seos,estavam pedindo a Deoscada qual seo envoltorio:ouvio Deos o peditorio,e com ter tam forte mam,em qualquer execuçamvendo-as perder por instantesse ajudou de huns Ajudantespara fazer a prizam.
4Foram elles à Setiae dizem que se prenderaporque tam sofrego era,que furtava, e nam partia:o Thezoureiro este diafazia conta de se hir,e a tardança o fez cahir,e entam se lhe ouvio dizer
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43100
101
furtava para esconder;porem nam para partir.
/22v/5Ladram como mentecaptono profundo do poràmpassado como ladram,e triste como malato:deram lhe muito mâo tratoem o trazer amarrado,sendo, que andou como honradoem seguir aquella viaque eu nam vi na fidalguiaMendonça sem ter Furtado.
6A parentella seriaque hé gente, que aqui graceja,porque lhe cauzava invejaver que lhe dava honraria:alvoroçou-se a Bahiaentre admiraçam, e gozoporque era cazo espantozo,que tomasse sem ser Sauloo caminho de Sam Paulohum Ladram facinerozo.
23r/
7Ficou no porto a Setia,e o Thezoureiro salvage
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43101
102
chegou sem fazer viagea salvamento a enxovia:diz o Povo que fogia,por de todo estar quebrado,mas o Povo està enganado,porque eu vi o Thezoureirona Cadea muito inteiro,e mui dezavergonhado.
8Já dizem as profeciasdos homens experimentados,que a quatro dias andados,ou que daqui a quatro dias:todas as Thezourariasadrede lhas ham-de dar,por ser homem singularque guarda a rigor da Leytanto a fazenda de El Rey,que El Rey a nam pode achar.
/23v/
9E se a Justiça lhe deono rasto por tantas calmas,jà dice, que foram Almasque chorava pelo seo:aos Santos sempre ouvi eu,que era seguro o furtarporque nam podem fallarmas de Almas nam hà fiar-se,
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43102
103
que se nam podem queixarsecom tudo podem rezar.
10Toda a cidade notou,que este Thezoureiro alvarhé tam destro no embolsar,que a si mesmo se embolsou:na cadea se encaixouque há bolsa de mâos ladroens,e seos doudos cabeçoensfazem crime de ausentar-se,hey medo que ha de chegar-seo verdugo a seos calsoens.
/24r/
A hum Pedreiro, de quem se retirou certa mulher,pela tratar com menos estimaçam.
1Senhor Mestre de jornal,quem vir o seo coraçamdirà logo, que hé torramna obra de pedra, e cal;e se acazo por meo malnam foi constante commigosendo pedra, e cal comsigo,caya, e quebre o bom conselho,que assim faz hum muro velho,assim o cazebre antigo.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43103
104
2Se Lá trata caens surrados,e cuida que me dà pique,eu tomo por meo despiquetratar com homens honrados:os seos jornaes acabados,acabou se lhe a comenda:eu tenho segura a renda,porque hum homem principalsem suar com pedra, e caldá muchissima fazenda.
/24v/
3A Dama do jornaleiromuito sua, e pouco medracuida que pega na pedrase a mam lhe toma hum Pedreiro:eu dei n’hum mâo paradeiro,mas soube me retirar,que se me deixo beijardo pedreiro, que me tocahé meter me elle na boccapedra, e cal para amassar.
4Lá faça a sua bambolha,onde há tam pórca mulher,que pela sua colhervá comendo sobre a trolha:eu cá como a limpa olha
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43104
105
tam limpa, cheiroza, e grata,que hè o menos colher de prata:e sou tam firme em pagalo,que regalo por regalocuido que nam fico ingrata.
/25r/
5Graças a Deos, que me sôaa limpeza o meo amor,e me nam fede o suordo pedreiro, que me enjoa,jà agora me sinto boa,já agora o gosto me pede,que seja formoza adrede,que fêa talvez se paraa mulher, que tòrce a caratendo amante, que lhe fede.
6A Deos pois meo Pedreirinho,a Deos, meo colher, e trolha,a Deos, caldo de mà olha,a Deos triste rapozinho:que eu posta no meo moinhoentre os meos mariscadorescômo os mariscos melhores,o bom peixe, e nam o mâo,nem o duro bacalhâode pedreiros malhadores.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43105
106
/25v/
A hum sugeito, que por cauza de huma Luz namlogrou huã Dama, de quem entam recebera hum anel.
1Amigo a quem nam conheço,inda que amigo vos chamo,pois no dezar com que amo,a vos tanto me pareço:bem alcanço, e reconheço,qual hé a força do destino,mas se o dezar mais mofinoestorva a luz da razam,como a luz de hum lampiamperdeis da ventura o tino?
2Nam duvido, que sejaesave cuco em Noroéga,se mostraes, que a luz vos cega,perdendo o que á Luz buscaes:ave nocturna cortaesa sombra mais denegrida,e à luz, que hé vossa homicidaperdeis (estranho rigor)empreza, dama, e favor,esperança, amor, e vida.
/26r/3Que Madama, ou que Senhoratendes tam pouco brilhante,
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43106
107
se vemos, que a todo o Amantesua Dama, hé sua aurora!cuidava eu que na hora,que hum Amante a Dama vianessa hora lhe amanhecia,e a vossa Dama chegou,mas nem docar-se3 deixoupor falta da Luz do dia.
4Hé verdade, que a candêa,rompeo da noite o capuz,mas dai vos ao Demo a Luz,que estorva, e nam alumêa:dai ao Demo a luz que atêa,para o damno vos ordir,a luz sirva de luzir,e nam sirva de estorvarluza para alumiar,e nam para descobrir.
/26v/
5E se a luz o véo nocturnorompeo por vos dar na treta,de Venus nam foi cometta,foi influxo de Saturno:se de hum Planeta diurnorayo de Luz campeara,nem gostos vos estorvara,nem quem ereis descobrira,
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43107
108
a Moça mais se enxerira,e algo mas se negociara.
6E se o Dono, que aguardava,qual vigia sempiterna,nam vira a luz da lanternase ella vinha, ou se ficava:e em quanto se apolegavaessa pera mal madura,a ser pela noite escuraficara a Moça sinceraderretida como cera,batida como costura.
/27r/
7Mas vos sobre tanto anhelloficastes em tal desdoirocom hum anel, que se era de oiroera anel do seo cabelo:quiz pagar vos o desvelode perder aquela gloriatam breve, e tam transitoria,e porque lembre hum successotam infausto, e tam avesso,vo lo deixou na memoria.
8Vos a prenda recebestes,e vendo a perda tam clara
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43108
109
da luz, que vos desgostarapor esta vos esquecestes:qual mercador vos houvestes,e faltastes na verdadedo amor a sinceridade,pois à Moça nam servistes,e da memoria a despistesem desconto da vontade
/27v/
A hum Barqueiro de Marapé, que havia sidogrumete da Nau, em que o Poeta veyode Portugal, muito presumidode gentil homem, valente,e namorado.
1Por gentil homem vos tendes,por valente, e namorado,que a hum Fernandes nam hé dado,e cahe melhor em hum Mendes:e pois as prendas retendes,que em boa philosophianenhuma em vos caberia,tam grande amor me deveis,que porque vos o dizeis,vo lo creyo em cortezia.
/28r/2Sò por cerimonia urbaname resolvera eu a crer,
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43109
110
que podeis formoso ser,tendo olhos de porçolana:se vo lo diz vossa mana(que se a tendes, preta hé)por vos manter nessa fé,sabei, que vos troca as prozas,porque sam mui mentirozasas Negras de Marapé.
3Que sois valente bem creyo,que esses pulsos, essas pernas,e o grosso dessas cavernasme estam dizendo = temey-o:eu vos creyo, e vos recreyonam falleis mais nisso = tá;porque em rigor claro está,que hum valentam Dom Ortiz,me assusta quando mo diz,e outra vez quando mo dá.
/28v/
4Mas quanto a ser namorado,nisso consiste a questam,que esta vez vos vou a mam,como quem vos vai ao dado:todo o Americano estado,que digo? este mundo inteironamorei eu tam primeiro,que nisto de namorar
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43110
111
podeis vos commigo estarà soldada de escudeiro.
5Sou namorado de chapa,e da idade puerilde Portugal, e Braziltenho namorado o mappa:nenhuma cara me escapa,e em todo o rosto me embarco,e vos no salgado charco,posto que em vãos pensamentossempre andaes bebendo os ventos,que hè bom para o vosso barco.
/29r/
A certo Alferes da Ordenança, que sendoLevado da Cadêa a prezença do Ouvi=dor do Crime, se precipitou de hu=ma das janellas da cazadeste, e molestandosenos quadriz, se re=fugiou comtudono Conventode S.Francisco
1Se vos foreis tam ouzadonos militares assaltos,como sois destro nos saltosforeis hum grande soldado:
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43111
112
mas eu tenho averiguado,quam distincto vem a sersaltar, para escafederde assaltar para triunfar:vos saltaes por escaparnam saltaes por vencer.
/29v/
2Lançaste-vos brutamentee a cahires na razam,como cahistes no cham,foreis discreto, e prudente:ficou espantada a gente,vendo que apenas cahistesquando a carreira fogistes,e hé, que os que se confundiram,por entonces nam cahiramno aperto em que vos vistes.
3Cahir, sem susto, ou pavor,Levantar, correr, fugir,hé ser corrente em cahir,como qualquer peccador:porem fora-vos melhornam cahir na falta, em quecahistes, faltando a fé,e verdade tam devida,à quem por essa cahidasobir vos pode a polé.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43112
113
/30r/
4Dizem, que estaes retrahidocurando-vos de quebrado,com que hoje sois mais soldado,porque hontem fostes rompido:tenho por melhor partido,que em caza do Provedorassente praça hum Tambor,e vos quando escafedeisa de Soldado assenteisna calçada do Ouvidor.
5Bom será, que vos cureisnesse Convento Sagrado,donde sahindo soldado,por força o posto deixeis:quando o venablo encosteis,que eu vo lo approvo, e concedo,vos advirto em tal enredose sois homem de bom gosto,que vos reformeis de posto,nam tanto como de medo.
/30v/
6O Alcaide aceleradovos teve quazi colhido,mas ficou muito corrido,
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43113
114
e vos pouco envergonhado:se vos nam causa cuidadoestar entre ardentes brazascalafetando linhaçaspor tanto osso quebradohé, porque a hum razo soldadolhe bastam cadeiras razas.
A huma Mulata.Decima.
Huma com outra sam duascá pela minha taboada,e vos Mulata esfaimada,quereis duas vezes duas:se isto vos dera por Luas,ou vos dera cada mez,dera-vos trez vezes trez;mas quatro entre dia, e noite,dera-vos eu tanto açoite,que fora dez vezes dez.
/31r/
A certo Capitam da Ordenança chamadoAdam, que hindo da Cadea com licençado Carcereiro ver com a sua concubi=na huma Comedia no Sitio daPalma, fingio ter desmentidohum pé para nam tornarLogo para a prizam, ecom elle emplastado
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43114
115
veyo para ella à re=querimento da Parte.
1Dizem Senhor Capitam,que quando a Palma marchastes,a vossa Eva Levastescomo Adam, e bom Adam:dizem-me também que entama esse terreno sagradoda Palma hieis convidado,para ver huma comedia,que para vos foi tragedia,pois sahistes aleijado.
/31v/
2A Nympha com seos extremosvos quis da via torcer,que nos por huma mulhera cabeça, e pés torcemos:todos o mesmo fazemos,e o temos todos a asnice,se nam eu, que logo dice,quando o pé se vos entreva,que se Adam se achou com Eva,era força, que cahisse.
3Vos manquejastes de hum pé,e segundo sois Gascam,
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43115
116
podieis cantar entam =nan já do pernil bofé =tam malato estaveis, quefaltastes ao Carcereiroquasi, quasi hum mez inteiro,athe que de importunadofostes a hum pâo arrimadocom figura de embusteiro.
/32r/
4O Carcereiro entendiaque estaveis pior, que mal,porque a figura era tal,que o mesmo bordam vos cria:Peralvilho parecia,Senhor o vosso modilho:porem se eu nesse corrilhofora, e com o pâo vos cascara,creyo, que o pé vos voara,como voou Peralvilho.
5De ver-se o pè desmentidotomou tam grande pezar,que por de vos se vingarandou trez dias sentido:envergonhado, e corridode ver, que o desacataes,foi cauza dos vossos ays,que eu por justos avalio,
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43116
117
porque a hum pé de tanto brio,outra vez nam desmintaes.
/32v/
6Vos sois muito boa prêa,e todos sabemos, quedesse pé tomasteis pé,para nam vir a Cadêa:mas a Parte, que recêa,e tem grandissimo medo,que lhe façaes hum enredo,fez, que fosseis recolhido,porque para hum pé torcido,remedio hè estar-se quedo.
Aos furtos, que faziaõ os Administradores do Engenho daCajahiba.
Decima<s>.
Viva o insigne Ladram,que todo o melado estanca,segundo Jorge da Françaem contas, e expediçam:viva o mais fino vilam,que o Porto à Bahia deo;e viva o Feitor Sandeo,que nam apaga este fogo;porque ali se joga o jogo =calte tu, calar-me hei eu.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43117
118
/33r/
A hum Requerente chamado Peralvilho, que vendeo a causade hum clerigo, e furtou ao Autor hum caválo sellado
1Peralvilho, ó Peralvilho,podera de vos tomarliçoens de peralvilharpara ser reparalvilho:vos sereis muito bom filho,como eu entendo em rigor,mas sois mâo procuradorporque (aqui para entre nos)em procurar para vozsois contra-procurador.
2Procurastes ao traidor,e eu fiquei dezenganado,que fostes jà procuradopara mâo procurador:Là entregou a o Senhorhum Judas Escariote,vos Peralvilho Quixoteentregastes como a acinte,ao vosso constituintecomo a simplez Sacerdote.
/33v/
34
Judas vendeo por dinheiro
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43118
119
a seo Mestre, e seo Rabbî,a vos nem maravedi =vos rendeo ser mâo vendeiro:Judas teve o paradeiroda sua dor, e fadigan’huma figueira inimiga,e vos de muito coitadopara seres enforcadoachaes figueira, nem figa.
4As custas me heis de pagarem ser tido por velhaco,e por velhaco, e por cacovos hei de os cacos quebrar:caco nam ha de ficarno vosso cazebre inteiro,e por velhaco embusteiroa vossa caza velhacateram por caza de caza,e a vos por caco, e caqueiro.
/34r/
5Sois hum simplez, e hum coitado,e a mim nada me acobardapois furtando me huma albarda,vos ficastes o albardado:ficai agora ensinadoa andar pelo barbicaxo,com focinho, triste, e baixo,
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43119
120
vendo que como ruimme furtastes o rocimpara cahir delle abaixo.
6Por traidor, e por falsarioa sentença vos condemna;e para dar-vos a pena,foi curto o vocabulario:esgotouse o calendariodas nossas execuçoens,e por encurtar razoens,temi que no cazo atrozcheirasses ao duro Algozos fundilhos dos calçoens.
/34v/
A hum Frade Franciscano, que em humagrade se lhe pedio o habito para hum entre=mez, ficou em bragas, e sendo já onze ho=ras da noite, entendendo o chasco ca=gou, e mijou toda a grade, e se poza cantar o miserere, a cujos gritosse lhe mandou abrir a porta, ese lhe deo o habito, e humaLanterna, com a qualse foi aquellas horasde Oddivellaspara Lisboa.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43120
121
1Reverendo Frei Carqueja,cantarida com cordam,magano da Religiam,e mariola da Igreja;Frei sarna, ou Frei bertoeja,Frei pirtigo, que o centeomoes, e nam das recreyo,Frei burro de Lançamento,pois que sendo hum Frei jumento,es hum jumento sem freyo.
/35r/
2Tu, que nas pardas cavernasvives de hum grosso sayal,e es carvoeiro infernal,pois andas com saco em pernas;lembrem-te aquellas fraternas,que levaste a teo pezar,quando a Prelada Bivar,por culpas, que te cavou,de dia te desfradoupara a noite te expulsar.
3Pela dentada, que Adamdeo no vedado fruteiro,de folhas fez hum coveiro,e cobrio sem cordavam:a ti o querer ser glotam
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43121
122
de outra maçâa reservada,ao vento te pòz a ossada,mas com differença muita,que se nû te poz a fruitatu nam lhe deste dentada.
/35v/
4De Jozeph se diz cada hora,que o fez hum servo de chapa,deixar pela honra a capanas mãos da amante Senhora;tu na mam, que te namora,por honra, e por pundonordeixas habito, e menor,mas com desigual partido,que Joseph de acommetido,e tù de acommettedor.
5Desfradado em conclusamte viste no coiro puro,como vinho bem maduro,sendo que es hum cascarram;era no alto seramquando á gente as adevinhasvio entre queixas mesquinhasna varanda hum Frade andeirosahido do Limoeiroa berrar pelas cazinhas.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43122
123
/36r/
6Como Galhano na praçaappareceste ao luarpobre roubado do mar,e era verte hum mar de graça;quando hum pasma, e outro embaçanam me tenham por vizam,pregavas ao povo entamFrade sou inda em coeirostorneime aos annos primeirose Bivar foi meo Jordam.
7Porque Luz se te nam manda,tu por nam dar n’hum ferrolho,dizem que abriste o teo olho,que hè cautella, que tresanda:chovias por huma banda,pela outra trovejavas,viva tempestade andavas:porque à comedia assistias,que era tramoya fingias,e na verdade o passavas.
/36v/
8Ninguem hà que vitupereaquelle lance estupendo,quando o teo peccado vendo,
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43123
124
tomaste o teo miserere;mas hè bem, que me exasperede ver que todo o Sandeo,que nos tratos se meteode Freiras, logo confessa,que isso lhe deo na cabeça,e a ti só no cu te deo.
9Dessa hora temerariaficou a grade de guiza,que se athe ali foi precizadesde entam foi necessaria;tu andaste como alimaria;mas isso nam te desdoira,porque fiado na coirada brutesca Fradariaestercaste estribariao que gostas manjadoira.
/37r/
10Que es Frade de habilidadedas grandissima suspeita,pois deixas camara feitaque foi the agora grade;tu es hum corrente Fradenos lances de amor, e brio,pois achou teo desvarioser melhor, e mais baratodo que dar o teo retratopôr na grade o teo feitio.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43124
125
11Corrido emfim te ausentastes,mas obrando ao regatam;pois Levaste hum Lampiampela cera, que deixaste:sujamente te vingasteFrei azevre, ou Frei piorno,e estás com grande sojorno,e posto muito de perna,sem veres, que essa lanterna,ta deram, por darte hum corno.
/37v/
12O com que perco o sentido,hé ver, que em tam sujo topeLevando a Freira o charope,tu ficaste o escorrido:na camara estás providoem rheubarbo com capa,mas lembro te Frei jalapa,que por cagar no sagradoo cû tens excommungadose nam recorres ao Papa.
13Muito em teos negocios medrascom o furor, que te destampa,pois sendo hum louco de trampa,te tem por louco de pedras:e hé muito, que nam desmedras,
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43125
126
vendo te trapo, e farrapo,antes com a Freira no papo,como no sentido a tinhas,parece que a vella vinhas,pois vinhas com todo o trapo.
/38r/
14Tu es magano de Lampa,Bivar hè Freira travessa,ella a ti pregou-te a peçamas tu armaste-lhe a trampa;se o teo cagar nunca escampa,nunca esteja o teo capricho,e pois ta pregou Frei michochame se por todo o mappa,essa travessa de chapa,e tù magano de esguicho.
A huãs Mulatas, pedindolhe huns versos, para festejaren encaza a Santo Antonio
Decima
Dizei me, que mal me fez,pois em cantos tam perversospedis, que meta em meos versosSanto Antonio Portuguez?se pedireis desta vez,fosse a minha devoçama Sam Benedicto, entam
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43126
127
eu vos mandara hum emblema,ou alias hum poemamais preto do que hum tiçam.
/38v/
A certo Religioso Benedictino, que com ciumesde certa Mulher cazada, queixando-se ao GovernadorAntonio Luiz Gonçalves da Camara, de queThomaz Pinto Brandam a inquietava, af=firmando ser sua Prima, o fez prender,e hir para Angola.
Foi feita esta obra a rogo de certo amigo doAutor para a mandar por novidade a hum Ir=mam seo Ecclesiastico, que se achava na Universidadede Coimbra.
1Já que entre as calamidades,em que a fortuna me enterra,nam colho os frutos da terra,vos mando outras novidades:e como nesta as verdadestem mais, que em outra amargor,será ardil de mercadorembarcalas alem marporque a risco vam ganhardez por cento em seo valor.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43127
128
/39r/
2Succedem nesta Conquistacada dia sobre os vazoscasos, que por serem casosse propoem a hum Moralista:cursava hum Frei Algebristade certa ordem sagradaa aula de huma cazada,que Lia em falsa cadeiraputaria verdadeirapor postilla adulterada.
3Hia tomar-lhe a postillahum curioso Estudante,secular, como hum diamanteMoço honrado desta villa;e como tinha aquigilao Frade no Companheiro,lhe grunhia o dia inteiroe o pobre do Secularporque lhe havia encaixara penna no seo tinteiro.
/39v/
4Nam cuide que temo agoiros,nem crêa de mim que sinta,que me ande gastando a tinta,
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43128
129
mas nam destripe os poadoiros;queria dar lhe huns estoirosao pobre do Secular,que como hia a furtar,e lhe convinha o sofrer,calava sò por comer,comia sò por calar.
5Mas o Frade impacientecom tam leiga sociedade,se vestio de caridade,e foi queixar-se ao Regente:disse, que o Moço insolentedefamava huma cazada,e tinha a vida arriscada,porque em certa occasiamo Frade lhe dera ao cam,e o cam lhe nam dera nada.
/40r/
6O Regente que encaminhatudo a boa providencia,e posto que tem prudencia,com tudo nam adevinha,entendeo que a cazadinhaera parenta do Frade:nam se enganou, que em verdadeestando ella com o mezhé parenta em que lhe pezdo Frade em sanguinidade.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43129
130
7Prezo em fim o Secular,porque a todos nos espante,ser o primeiro Estudante,que prendem por estudar;o que venho a perguntarhé quem foi o alcoviteirodeste Fradinho embusteiro,se a prizam, se o Regedor,ou se acazo o prendedor,que se diz Manoel Monteiro.
/40v/
8O prezo tudo hé gritar,que se ouve por toda a villa,que delle tomar postillatem todos que argumentar;o Frade tudo hé instar,que a culpa hè muito malina,que à poppa, ou pela bolina,deve hir n’huma paviollao Secular para Angola,porque elle fique na Mina.
9Affirma o prezo em verdade,que à aquella eschóla ruimhia aprender mâo Latim,por se querer meter Frade,e sua Paternidade
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43130
131
vzava de ingratidam,pois sem cauza, e sem razama quem lhe fez o favorde o ir desprender de amoro tinha posto em prizam.
/41r/
10Item que sempre fogiado Fradinho as encontradas,pois hia em horas minguadasquando o Frade as cheas hia;que sempre se lhe escondia,por lhe ouvir, que hè sua Prima;e porque elle o nam opprimatomava em horas traidorasa liçam das outras horas,e lhe deixava as da prima.
11Eu vos proponho os motivosdo successo, e seos fracassos,porque quem ignora os casos,nam sabe os nominativos,que eu perco logo os estrivoscom estas filatarias,pois vejo todos os dias,que hum Frade seja quem quer,pelo meyo de as perder,assegura as putarias.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43131
132
/41v/
12O pobre do Secular,porque o cazo và distinto,se chama Fulano Pinto,mas jà Pinto de gallar;porem o Frei Alveitar,que eu tenho por matulam,nam entra em publicaçam,porque eu perca esse regalo,pois morro por baptizallo,porque elle morra christam.
A hum Frade, que tratava com huã mulata chamada Vi=cencia
1Reverendo Frei Sovella,saiba vossa reverencia,que a carissima vicenciapoem cornos de cabedella;tam varia gente sobre ellavai, que nam entra em disputa,que a ditta hè mui dissoluta,sendo que em todos os Povosa galinha poem os ovos,e poem os cornos a puta.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43132
133
/42r/
2Se està vossa reverenciasempre a janella do coro,como nam vê o dezaforodos Vicencios com a Vicencia?como nam vê a concurrenciade tanto membro, e tam vario,que ali entra de ordinario;mas se hé Frade caracol,bote esses cornos ao Solpor cima do campanario.
3Lá do alto verá vossêa puta sem intervalostangida de mais badalosque tem a torre da Sé:verà andar a cabra méberrando atraz dos cabroens,os ricos pelos tostoens,os pobres por piedade,os Leigos por amizade,os Frades pelos pismoens.
/42v/
4Verá na realidadeaquillo, que já se entendede huma Mulher, que se rende
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43133
134
às porcarias de hum Frade;mas se nam vê de verdadetanto lascivo exercicio,hé porque cego do vicionam lhe entra no oculorumo Saecula saeculorumde huma puta de ab initio.
A hum Mulato chamado ThoméDecima
O vosso nome, Thomé,tem dous suppostos n’hum só:sois cachorro pelo tó,e sois bode pelo mé:daqui toma o Povo péde vos tratar por cabram:isso vos nam digo eu nam,nem dizer tal me entrometo;porem se nisso me meto,o mé tó lhe dà razam.
/43r/
A certo Religiozo Franciscano, censurando huãacçam de Gonçalo Ravasco Cavalcanti Albuquerque
1Quem vos mete Frei Thomaz,em julgar as mãos de amor,fallando de hum amador,
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43134
135
que pode dar-vos seis, e ax;sendo vos disso incapaz,quem vos mete Frei tranquiajulgar se foi policiao vomito, que arrotastes,se quando vos o julgastes,vomitastes huma asnia.
2Sabeis porque vomitouaquelle amante em jejum,lembrou lhe o vosso bodum,e a lembrança o enjoou;e porque considerou,que o tal bodum vomitadoera hum fedor refinado,por não ver polluto hum ceo,o cobrio com seo chapéo,e em cobrillo o fez honrado.
/43v/
3Vos sois hum pantufo em zancos,mais ôco do que hum tonel,e se estudaes no burel,entendereis de tamancos,que as acçoens dos homens brancos,tam branco como Fuamnam as julga hum mangalhamcreado em hum oratorio,julgador do refeitorio,que dà o vosso Guardiam.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43135
136
4O que sabeis Frei garrafa,hé a traça, e a maneira,com que estafeis huma Freira,dizendo que vos estafa;vos sahis com a manga gafada palangana, e tigellade óvos moles com canella,e tam mal correspondeis,que esse tempo em que a comeis,sam Temporas para ella.
/44r/
5Item sabeis trasladar,falto de proprios conselhos,de trezentos sermoens velhoshum sermam para pregar;e como entre o pontear,e sergir de obras alheas,se enxergam vossas ideasmostraes pregando de falço,que sendo hum Frade descalço,andaes pregando de mêas.
6E pois vossa Reverenciaquiz ser julgador de Nora,tenha paciencia, que agorase lhe tira a residencia;e inda que a minha clemencia
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43136
137
se há com dissimulaçamLivre-se na relaçamdos cargos em que hè culpado,ser glotam como hum capadocomo hum bode fodincham.
/44v/
A huma Dama, que estando a janella deo humpeido ao tempo que passavão dous Franciscanosa esmolla.
1Sem tom, nem som por detrazespirra Agueda a janella,mas foi espirro de trelaporque tal estrondo faz;que hum reverendo sagazLastimado do que ouvia,se jà nam foi que sentiaouvir tal ronco ao trazeiro,dice para o companheiroirra para tua Tia.
2Sentio se Agueda do irra,e dice perdoe Fradequem pede esmolla de tardenam se agasta com tal birra:aqui nesta caza espirratodo o coitado a queixada,passe avante, que isso hé nada,
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43137
138
e se acazo se enfastia,serà para sua Tia,ou para o seo camarada.
/45r/
3Basta que se escandalizado meo cû, porque se caga!venha cà bocca de praga,que couza hè, que o martyriza?o peido que penalizahè sorrateiro, e calado,o peido ha de ser falado,ou ao menos estrondozo,porque aquelle que hè fanhozo,hè peido desconsolado.
4Quantas vezes Frei remendo,darà co meyo do cûpeido tam rasgado, e crû,que lhe fique o rabo ardendo?perdoe pois reverendo,nam cuidei tambem ouvia,e se esmolla me pedia,aceite o por caridade,se nam servir para hum Frade,leve-o para sua Tia.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43138
139
/45v/
A Thomas Pinto Brandam estando prezo pelo GovernadorAntonio Luiz Gonçalvez para o mandar para a Terra nova
1Hé esta a quarta mo<n>çam,que escreve o pobre Thomaz,para ver se o tempo faz,o que nam fez a razam:dai me, Senhor attençam,que a Musa se dezempenna;e pois tanto me condemnavosso rigor a penarhei de vos satyrizar,inda que com minha pena.
2Alguem ha de presumir,que vos quero molestarpois hei de vos sò picar,mas nam vos hei de ferir:todos me podem ouvir;pois descrevo hum Generalno governo tam neutral,que em seos effeitos contemdisfarçado todo o bemcom accidentes de mal.
/46r/
3Vinde cá: que mal vos fiz,
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43139
140
ou que odio em vos se enserra,para me arrancar da terra,que hè o meo bem de raiz?olhai Antonio Luizisso hè meter me na cóva,pois sem dar fruto de provapor ser hum fraco espinheiro,me enxertaes em limoeiropara por-me em terra nova.
4Dais-me a presumir, Senhor,que ElRey com força distintatirar vos da vossa Quintafoi sò para me dispor:se me plantaes por favorneste de ferro quintal,por ser planta natural,mais bem disposto estareifora do Pomar delReyLà no vosso feijoal.
/46v/
5Dizem me tendes disposton’hum pataxo prizioneiropara o Rio de Janeiro;pois nam me vem muito a gosto:dando a meos rogos disgosto:nam deveis de estar lembradoquando da paixam levado
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43140
141
me mandaveis sem demorapara Angola; e se entam forano mar morria affogado.
6Pois jà se me tem fadado,que hei de ser por meo partido,ou com Neptuno perdidoou com Pirata ganhado:vença-vos, Senhor, o fado,que algum sertam ha de haver,para de vos me esconder,onde com pezar internochore no vosso governoa pena de vos não ver.
/47r/
7Se exàminaes meo valor,cançaes-vos, Senhor em vam,que excede a minha affeiçama todo o vosso rigor:eu com extremos no amor,vos no rigor pertinàs:quanto o odio cruel vos fàz,tanto eu sou mais vosso amigo;porque estaes mais bem comigoquanto estaes mais contumaz.
8Se me quereis defender,basta querello intentar,
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43141
142
se nam deixai-me matar,que morro em fim por querer:e se nada disto houverna vossa magnificencia,tirarei por consequencia,que a potencia naturalnam he, que me fàs o mal,fas me mal vossa Potencia.
/47v/
A huma Freira, que dice, que bom fora o Poeta saty=rizar se tamben a si, pois era homem tam satyrico.
1Freira, quereis que hum Pasquima mim mesmo faça em verso?quando acazo me confessohé que digo mal de mim:porem se por zoylo em fimme tem essa Religiamfazei, que jurisdicçamvos dè a Abbadeça Madre,e ouvireis sem seres Fradetoda a minha confissam.
2Quereis, que eu seja hum marâo?marâo sou; que quereis mais?mâo Poeta? hè porque daesassumpto a que eu seja mâo:que quereis mais? dar-me hum grâo
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43142
143
de asno? sou: que mor ventura,pois com o grào da formatura,que me daes ao vosso geito,sempre trago o meo direitoentre o vosso por natura.
/48r/
3Pois que mais? que sou magano?que muito agora assim seja;se hum perro zote de Igrejapor tal me tem tam ufano:serei eu: mas de tal panotam pardo, que o perro hè,me afasta Congo, e Guiné;pois dos taes tendo o bodumpode dizer: ego sume eu cantar: Libera me.
4Ora pois com demaziame tenho bem tonsurado,que a satyra me tem dadoquatro grâos na Poezîa:tambem vossa Senhoriabem hè, que desta boladafique agora censuradacom quatro p.p.p.p. do Abecedario,que declare o calendariopobre, porca, perra, pada5.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43143
144
/48v/
Ao Capitam Rapadura, pedindo ao Poeta que lhe fizessehuã obra sobre havelo purgado huã Femea cõ doce de araçà.
1Munha Gente, vosse vêestas loucuras borrachasdeste Capitam das tachas,que logo direi quem hé?veyo pedir de mercê,que lhe celebrasse a curade huma purgaçam madura,que a Amiga lhe tinha dado,porque sem comer melladoo fez cagar rapadura.
2Eu cuidei, e hè de cuidar,que a tal Femea sem agrado,como o tinha jà sangradoo quereria purgar:nam hà nella que estranhar,nem que reprovar lhe a acçam,antes muita compaixam;porque quiz piedozamente,que se era de amor doente,ficasse com purgaçam.
/49r/
3Se Livraes do palalá,
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43144
145
alerta, meo Capitam,que hé Puta, que dà pinhamcom rebuço de araçá:vosso Primo Mangará,que nesta materia bole,diz, que quem tal purga engole,e no cagar tanto atura,jà nam serà rapadura;porque foi jâ rapa mole.
4Temos por cà averiguadocom este vosso entremez,que o pomo, que tam mal fez,devia de ser vedado:ficastes tam enganado,que o boccado vos poz nû;porem com modo tam crû,que na vergonha primeiraAdam cobre a dianteira,e vòs tapastes o cû.
/49v/
Estribilho.
Saiba-se em qualquer Lugar,que esta Rapadura inteira,foi da caza da caldeirapara a caza de purgar.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43145
146
A certo Frade Provincial pregando doMandato
1Inda està por decidir,meo Padre Provincial,se aquelle sermam fatalfoi de chorar, ou de rir:cada qual pode infirir,o que melhor lhe estiver;porque aquella mà mulherda perversa synagogafes no Sermam tal asnoga,que o nam deixou entender.
/50r/
2Certo, que este Lavapésme deixou escangalhadoe quanto a mim foi trasadopara risonho entremez:eu lhe quero dar das deza outro qualquer Pregador,seja elle quem quer que for,já Philosofo, ou Letrado,e quero perder dobrado,se fizer outro peyor.
3E vossa Paternidade,pelo que deve à virtude,
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43146
147
de taes pensamentos mudeque prega mal na verdade:faça actos de charidade,e trate de se emendar,nam vos venha mais pregar;que jurou o Mestre Escola,que por pregar, para Angolao haviam de degradar.
/50v/
A posse, que tomou de Capitam o Filho do Governador Antonio Luiz Gonçalvez da Camara.
1Mil annos hà, que nam verso;porque hà mais de mil, que brado,vendo me tam mal versadodos que me fazem perverso:eu se fallo sou adverso,se me calo sou peyor:advirta pois o Leitor,que entre calar, e dizer,se o que fui, sempre hei de ser:eu fallo seja o que for.
2Do bellico, e musal Polovenham quatro mil Pegazos,quatro montes de Parnazos,quatro novenas de Apollo:no centro do meo miolo
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43147
148
formem huma plataforma;que se acazo se reformadeste meo plectro a mizeria,se o esquadram hè materia,eu hei de fallar em forma.
/51r/
3Toca arma de parte a parte,mostre o Capitam briozoo espirito bellicosonas galhardias de Marte:por natureza, e por arteveja sua Senhoriaos grandes da Infantariaquam luzidamente todos,por lhe uzurparem os modos,vam em sua Companhia.
4Alto: que se nam me engano,vejo o terror espantozodo Ethiope fervorozo,e pasmo do Americano:guardas, que no estilo lhanometido entre a Marcia gentevai matando de repente:ei-lo vem mui radiantecom escamas de galanteentre guelras de valente.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43148
149
/51v/
5Vou marchando com louvor:porque gosto neste estadode ver, que o maior soldadomonta o Sargento Maior:tanto me alenta o fervordeste famozo Alencastro,que creyo, que algum bom Astroo conduzio a Bahia,Castro alem da fidalguia,sargento do melhor castro.
6O Ajudante nam me abalaser ao Terço velho opposto;que ja nelle o vi composto,e adornado com bemgala:quando o peito expoem à bala,peleja com tanto engenho,que aquelles, que com dezenhoo investem a todo o trote,subtilmente dà garrote,se nam mata com despenho.
/52r/
7Toda a historia nam aponta,que tenha parelha igual,hum nam sabe quanto val,
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43149
150
nem o outro quanto monta:hum do que sabe, deo conta,e sabe a conta que deo,mas logo me admirei eu,vendo, que aquelle, e aqueloutro,nam se correndo hum com outro,hoje hum com outro correo.
8Muito hei sentido nam teraqui o Monteiro entrado;pois hè homem de agrado,que sò me soube prender:o Mathias a exercersupera o melhor centurio,mas nenhum fi expuriode contender nesta parte,quanto Mathias com Martee o Monteiro com Mercurio.
/52v/
9Veyo ali hum emplumado,que no grangear de coro,me parece homem de foro,se nam hè dezaforado:em quem hè ja tenho dado,que o conheci pelo pico:venha embora meo Pericocomo queda alla ElRey?eu com saude o deixei,alegre de Joam, e Chico.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43150
151
10Para gloria dos vindourossoprai Senhora Thalia,a nova sargentariado famozo Joam de Couros:ei-lo vai entre os estourosformando merecimentos,tanto que em sussuros Lentoslhe chamam os Capitaenssargento dos Escrivaens,sendo Escrivão dos Sargentos.
/53r/
11Alterou tanto a funçamcom a tenda da Campanha,que era força haver façanhaonde sobrava a razam:deo ao Povo hum alegramna pipa da cortezia,alem da muita alegria,fes os pedestres crescer;por que a pipa veyo a sero ramo da Companhia.
12Tam sonoramente soade Joam a tarde bella,que de Joam a capellaserve a Joam de corôa:quando hum cala, o outro atroa,
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43151
152
este corre, aquelle cança,e athe quiz entrar na dançacomo entrou certo Mamam,só eu neste sam Joamnam pude fazer mudança.
/53v/
Ao Advogado Antonio Rodriguez da Costa queestando despachando no seo Escritorio,lhe entrou hum negro pela porta, e lhelançou huã panella de çugida=de pela cabeça, na qual vi=nham alguns camaroens
1Estava o Doutor Gilvasa margem da Livrariaignorando o que faziae estudando o que nam faz;quando huma Parte sagazlhe entrou com certas questoens,e ao pagar lhe das razoenslhe transformou no bofete,a panella em capacete,e em camara os camaroens.
/54r/
2Huns camaroens em panella
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43152
153
era o mimo, e o prezente,que aquella Parte insolenteLevava ao Doutor Cabrella;elle arremeçouse a ella,mas mostrou lhe o seo peccado,que do officio de Advogado,em que estriba o seo sustento,era aquillo hum provimentopela camara passado.
3Porque da camara era,diz a Parte, que o levara,que reverente o beijara,e na cabeça o pozera,que a panella se escorrera,e da cara emmascaradasahira tal enchorrada,que o Doutor nesta occaziamnam cegou de privaçam,ficou cego de privada.
/54v/
4Deste sucesso infeliz,logo, e a todo o correrteve noticia a Mulherpor avizos do nariz;e posto que ver nam quiztal cara, com tal salmoira,que a affea, e a desdoira,
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43153
154
vio na cabelleira cara,que a decoada a tornaramais çuja; porem mais loira.
5Por evitar maior perda,agoa, agoa pedio logo,se nam para tanto fogo,agoa para tanta merda;lavou lhe cabelo, e cerda,Lavou lhe roupa, e vestido,e como o tinha sentido,disse medroza, e velhaca,vedes vos toda esta caza,nam me cheira bem Marido.
/55r/
6E porque mais agoa pede,ella lhe dice, esta basta,porque esta merda hè de casta,que se a mais bolem, mais fede;hide para a rua, e vedea razam, com que vos movo,na história fazei vos novo,mostrai-vos leve na perdaporque esta merda, foi merda,de que gostou todo o povo.
7A Parte andou temeraria,
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43154
155
e com sobeja oizadia,nam faria valentia,mas fez couza necessaria:vos como grande alimariano pleito lhe daveis perdapois hum artigo o desherda,e ella jà pode affirmar,quem me intenta desherdarpela mesma boca me herda.
/55v/
8Que era de engenho notoriodà grandissima suspeita,pois deixa camara feita,o que foi sempre Escritorio;mudai logo o consistoriocomo Letrado de Lampa,que jà hoje o rizo escampa;mas diz a gente travessa,que vos farieis-lhe a peçamas elle armou-vos a trampa.
9Quem pos tal merda em tal capa,tenho por ponto assentado,que morrerà excomungado,se nam recorrer ao papa;vos sois Fidalgo de chapadesde o Brazil the Európa,pois quando a merda vos topa,
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43155
156
tanto fedeis, que ao nariz,de moço de Camara hisa moço de guarda roupa.
/56r/
10Se vos nam houve respeito,que hè couza, em que se repara,nem a cruz, que està na cara,nem a cruz, que anda no peito;ao que eu presumo, e suspeitohè que nunca està segurode tanto quibungo impurocruzeiro em monturo alçado,com que o vosso està cagadopor cruz posta em hum monturo.
11A Parte, nam andou lerdaem vir com a panella chêa,porque a mim me coube meyapanella co meya merda,nam quis a fortuna esquerda,que nos deo tam mà marè,desigualar-nos, mais que,nos sentimentos, e aspeitos,pois vos tomastella a peitos,porem eu dei lhe de pé.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43156
157
/56v/
12Nam temais, que a Parte Lusa,porque leva a mam ganhada,que se elle fez panelladanos daremos garatuza;elle deo assumpto a Musa,que jà dormia, e roncavapois quando agora acordavavio, que pelo triste cazoathe a fonte do Parnaso,com tanta merda inundava.
A Sé da Bahia.Decima
A nossa Sé da Bahia,com ser hum mappa de Festas,hé hum presepio de Bestas,se nam for estribaria:varias Bestas cada diavejo, que o sino congrega;Caveira mula Galega,Deam burrinha bastarda,Pereira besta de albarda,que tudo da Sé carrega.
/57r/
Ao mesmo Advogado Antonio Rodriguez da Costa6
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43157
158
1Vós nam quereis cutiládatomar emenda, e calar,morrendo andaes por levaroutra na outra queixada;quereis a cara cruzadagilvazada a nam quereispois tudo configureis,que se a vossa fé vos salva,no Calvario dessa calvatrez cruzes postas vereis.
2Na capinha, ou no capûztendes a cruz de christam,na cara a do mâo Ladram,e inda vos falta outra cruz;eu vos juro por Jesus,que por fazer o ternario,por hum modo extraordinarioa outra vos hei de pôr,porque do monte Taborvades ao monte Calvario.
/57v/
3Ao Pretorio sereis levado,onde a gentinha vulgarcrucifige ham de clamar,e heis de sair condemnado;hum negro Simam chamado
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43158
159
serà vosso Serineo,e na forma do chapeohum pâo vos ha de encaixar,e entam vos ham de jogaro adevinha quem te deo.
4Hireis entre dous Theatinosvendo o vosso enterramentotendo o maior desalentona cantiga dos Meninos:piedosos, e benignosora por elle diràm,e vos nesta occasiamrevirando os bogalhitos,os Padres seram mosquitos,e o mais povo confusam.
/58r/
5Hirà o Porteiro diantepelo seo papel cantando,e dirà de quando em quandojustiça a este bargante;manda ElRey, que em hum instante,ou resista, ou resistase lhe tire falla, e vistajustiça, que manda ElReyfazer a hum homem sem Leypor se meter a Legista.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43159
160
6Nam heis entam requerer,e muito menos gritar,pois por gritos de advogarhides vos a padecer;deitar pleitos a perdera puros gritos, e zurrosbotar na terra susurrosde que sois grande Doutorna forca vos ham de pôra vos, mais aos vossos burros.
/58v/
Ao Requerente Manoel Rodriguez da Sylva
1Letrado que cachimbaesquando estudaes nos Jasoens,e assentaes as conclusoenscom huãs Letras garrafaes,grande rizo me causaes,quando no vosso sitialdais audiencia geral,e as Partes aconselhando,todas hides defumando,porque tornem ao pombal.
2Vós graduado a borroensem huma universidade,que fundou nesta cidade
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43160
161
o braço dos asneiroens,fazeis taes allegaçoensnas lides, causas, e pleitos,que vos dam alguns sugeitos,que affirmam Letrados velhos,que fedem vossos conselhos,tanto como vossos feitos.
/59r/
3O que me vira o miôlohé o gabam, que trazeis,que hum Bartholo pareceis,nam sendo se nam Bar=tolo;comeis a queijada, e o bôlodesde a Bahia ao Cairû,e eu vos peço meo Mandû,que se uzaes das vossas artes,e comeis das vossas Partes,que a primeira seja o cû.
4Nam vos culpo asno barbado,se nam a esta simples gente,que de hum mâo Requerentequer formar hum bom Letrado;vos pondes todo o cuidadoem manter a vida cara,e assim eu vos nam culpara,se nam ao nescio que quercomprar-vos o parecertendo vos tam torpe cara.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43161
162
/59v/
5Irmam nam vos acelerequerer subir de repente,que o cargo de Requerente,vosso talento o requere;assim o Céo vos prospere,que da advocacia honradatorneis a vida passada,que quem se entrega aos Jasoens,comer pode os cagalhoens,que cagou o cutilada.
6Nam hé o advogar para nossantos sam os Advogados,dai ao Demo os mâos Letrados,e o primeiro sejais vòs;bem vistes o cazo atroz,que depois de Ave Mariassuccedeo hà quatro dias,ardendo os vossos papeis,porque vòs, e elles ardeispelas vossas heresias.
/60r/
A hum çapateiro Joseph Luiz, a quem tendo nomeadoa Camara Almotacel da limpeza, o suspendeo logo da occu-
pação.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43162
163
1Quizeste tanto sobir,sendo tam baixo de estado,que vendo vos levantadovieste logo a cahir:quizeste o cargo servirde Almotacel da limpeza;porem a vossa altivezapor se ver mais exaltada,sendo de antes enformada,foi pedir essa baixeza.
2Experiencia foi clara,mui fiel, e verdadeira,que aquillo que era craveira,servisse agora de vara:eis aqui tudo em que para:que sendo antes vos baixelagora por bachareln’hum tripó se antes sentado,vos desse o nobre Senadoo brazam de Almotacel.
/60v/
3Nam vos cabia este officio,nem tam pouco o de Rendeiro,que o officio de çapateironam depende de exercicio:quizeste ter esse vicio
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43163
164
por seres destrapessado;porem o nobre Senado,depois que tudo inquirio,com razam vos reduzioao vosso primeiro estado.
4Dedalo foste em subirIcaro foste em descer;pois este veyo a morrerpor tam alto querer hir:assim vieste a cahir,por vos subires tam alto:foste de juizo falto,e de pouco entendimento,para tam pequeno assentodares vos tam grande salto.
/61r/
5Assentemos entre noscom fundamento sabido,que estaes agora cahido,porque nam cahiste em vos:ora pois com os vossos posvos podeis remediar;mas nam hè para espantarquereres ter esse vicioque do vosso antigo officiohé proprio querer lustrar.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43164
165
6Por isso Amigo José,se isto hé certo, como conto,foi por dares mais hum pontoa altura do vosso pé:agora sem vara, e fénam podeis por cauza algumater jurisdicçam commûaem pedir de coimas contas,pois que tenho tantas pontasnam vos pode valer huma.
/61v/
7Da Camara foste excluido,sendo della o alimpador:algum camareiro mordeixaste mal prevenido:nam vivaes disto offendido,nem menos com tanta ira;pois sabemos sem mentiranas execuçoens, que obraste,se pela merda ganhaste,que a mesma merda vos tira.
A Cidade da BahiaMote.
De dous ff se compoemesta cidade a meo ver,hum furtar, outro foder.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43165
166
/62r/
Glosa.
1Recopilouse o Direito,e quem o recopiloucom dous ff o explicou,por estar feito, e bem feito:por bem digesto, e colheito,só com dous ff o expoem:e assim quem os olhos poemnos vicios, que aqui se encerra,ha de dizer, que esta Terrade dous ff se compoem.
2Mas se de ff dous compostaestà a nossa Bahia,errada a Orthografia,a grande damno està posta:eu quero fazer aposta,que isto a ha de perverter,e quero hum tostam perder,se o furtar, e foder bemnam sam os ff, que temesta Cidade a meo ver.
/62v/
3Provo a conjectura jà
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43166
167
promptamente, como hum brinco:Bahia tem letras cinco,que sam B A H I A:Logo ninguem me dirá,que dous ff chega a ter;pois nem hum contem sequer:salvo se em boa verdadesam os ff da Cidadehum furtar, outro foder.
Disparates fundados na linguagem barbara do Brazil, que oPoeta envia a huma cabocula com quem gracejava.
1Hindo a caza de Tatusencontrei Quatimondéna cova de hum Jacarétragando treze Tiûs:eis que dous Surucucûscomo dous Jaratacacasvi vir atras de humas Pacas,e a nam ser hum Pereâcreyo que o Tamanduânam escapara as Gebiracas.
/63r/
2De massa hum tapetî,hum cofo de sururûsdous puças de Bayacûssamburâ de moreci:
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43167
168
com huma raiz de aipîvos envio de Passè,e enfiado n’hum embéGanhamum, e cayacanga,que sam de JacaracangaBagre, timbó, Inhapopé.
3Minha rica comarî,minha bella camboatá,como assim de Pirajàme desprezas tapetî?nam vedes, que morecî,sou desses olhos timbòamante mais, que hum cipòdesprezado Inhapopé:pois se eu fora Zabelêvos mandara o Mirarò.
/63v/
A huma procissam, que se fez no Conventoda Villa de Sam Francisco de Religi =ozos Franciscanos para se recolher huãpipa de vinho, na qual entraramalguns seculares, que seachavam homiziadosno dito Convento, dosquaes era o Autorhum.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43168
169
1Na nossa Jerusalem,na nossa Cidade Santa.onde Sam Francisco plantamais virtudes, que ninguem;entrou sobre hum palafremde madeiro bem lavradohum rabbî, ou rubî empipado,que por nos ser promettidofoi com ramos applaudido,e entre palmas festejado.
/64r/
2O Pissarro Sachristamhia com a cruz alçada,ceremonia bem forçadaem tam alta procissam,para os tocheiros entamdous Leigarroens convocamos,que por seos nomes chamamos,o Rabello, e o Doutorque a Dominga do Tabortran[s]figurou na de Ramos.
3Criam os mais Fariseos,que o vinho das Malvaziasera em verdade o Mexiasesperado pelos seos;por esta cauza os sandeos,
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43169
170
como o vinho entrava jà,cuidando que era o Manà,qualquer com galhofa internacom seo ramo de tavernahia cantando o Hosannà.
/64v/
4Como a procissam chegasseao refeitorio, e allìesperasse o tal rabbipor hum burro, que o levasse,nam faltou naquella classehum burro de boa idéa,que trazendo a taça cheasoube mudar o Senhorde entre as glorias do Taboràs bodas de Galilea.
5O nosso Miguel Teixeirapor ser de corpo pigmeo,fez figura de zaqueotrepado sobre a figueira,vendo a sua borracheira,e haver ja bebido hum tacholhe dice o rabbî borrachodescende, que desta vez,tendo entrado Portuguezhas-de sahir hum gavacho.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43170
171
NOTAS
1 Este verso e o seguinte foram invertidos pelo copista, como pode ser deduzido através da observaçãodas rimas.
2 Erro por “mas”?
3 Erro por “tocar-se”, certamente influenciado pela palavra seguinte.
4 Está assinalada como n. 5.
5 “Perra, pada” para ler-se “pé rapada” [FRP].
6 Refere-se a “Estava o Doutor Gilvas” na p. 53v e não a “A nossa Sé da Bahia”, imediatamente antecedentena p. 56v.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43171
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43172
173
VII GLOSSÁRIO
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43173
174
Ab
init
io42
vL
atim
, us
ado
co
m i
ntú
ito
sat
íric
o.
Des
de
o in
ício
.A
dred
e23
r; 2
5rD
e pr
opó
sito
, in
tenc
iona
lmen
te.
Aip
î63
rA
ipi
ou
aim
pim
. R
aiz
alim
enta
r, a
man
dio
ca m
ansa
. A
-ip
i(t
upi)
.A
lbar
da34
r; 5
6vC
obe
rtu
ra c
heia
de
palh
a qu
e se
põ
e na
s be
stas
de
carg
a;ti
po d
e se
la.
Alb
arda
do34
rJu
men
to o
u al
imár
ia o
nde
se p
õe
a al
bard
a.A
lcai
de
30v
Go
vern
ado
r d
e um
a pr
aça
ou
cas
telo
; pr
efei
to.
Alc
om
oni
a9v
Do
ce f
eito
de
mel
e f
arin
ha.
Ali
mar
ia36
v;
55r
An
imal
.A
lmo
tace
Tít
ulo
1
5v;
alm
ota
cel
60r
Fie
l do
s p
eso
s e
med
idas
do
s m
anti
men
tos
da c
idad
e.
Alm
udes
2rA
lmu
de:
anti
ga
unid
ade
de
med
ida
de
capa
cid
ade
para
líqu
ido
s.A
lpar
ca17
vO
u a
lpar
gat
a. S
ola
de
sapa
to c
om
tir
as d
e co
uro
.A
lpar
ques
11r
Alp
arqu
e: v
ide
alp
arca
.A
lvar
10v
; 1
4r;
23v
Ho
mem
de
pouc
o t
alen
to,
igno
rant
e, b
urr
o,
idio
ta.
Alv
eita
r41
vC
uran
deir
o,
méd
ico
de
cava
los.
Am
eric
ano
51r
Nat
ural
da
Am
éric
a, n
o c
aso
do
Bra
sil.
Ser
ia o
ín
dio
, o
gen
tio
?A
nhel
lo27
vD
e an
elar
: d
esej
ar,
ansi
ar.
Ane
lo:
des
ejo
ard
ente
, an
seio
.A
nto
je9v
Ent
oja
r, e
ntej
ar:
sent
ir n
ojo
.A
quig
ila
39r
Por
qu
izil
a o
u q
uiji
la,
do
qui
mbu
ndo
ki
jila
: in
imiz
ade,
aver
são
.A
raçá
Tít
ulo
48v
; 4
9rT
upi
ara’
sá,
esp
écie
de
goia
ba,
frut
o d
o P
sidi
um.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43174
175
Ard
il38
vSu
tile
za o
u m
anha
eng
anos
a, a
rtif
ício
par
a co
nseg
uir
o in
tent
o.
Arg
anàz
9vE
spéc
ie d
e ra
to s
ilves
tre,
gra
nde
e fe
lpud
o.
Arr
ais
9rO
u ar
ráes
. Cap
itão
de a
rmad
as e
de
navi
os.
Arr
ulha
6rA
rrul
har:
a v
oz d
e po
mbo
s e
rola
s, p
rinc
ipal
men
te q
uand
o se
nam
oram
.
Asn
oga
49v
Asn
eira
.
Asp
eito
s56
rA
spei
to: o
mes
mo
que
aspe
cto.
Asp
ide
18v
Cob
ra p
eque
na m
uito
ven
enos
a.
Atr
oa53
rA
troa
r: fa
zer
gran
de e
stro
ndo.
Avô
a16
vA
vóa,
avó
.
Ax
43r
Ás
do b
aral
ho.
Aze
vre
37r
Ou
azeb
re. E
rva
amar
ga d
a A
rábi
a.
Bae
taT
ítulo
4v;
5v
Tec
ido
de lã
.
Bag
re63
rPe
ixe
com
prid
o e
rabi
furc
ado.
Bam
bolh
a24
vO
sten
taçã
o, v
aida
de.
Ban
durr
ilha
19r
Esp
écie
de
guita
rra
pequ
ena.
Bar
bica
xo34
rB
arbi
cach
o. C
abeç
ão d
e co
rda
para
bes
tas.
Bar
gant
e58
rIn
diví
duo
de m
aus
cost
umes
, vel
haco
, dev
asso
.
Bay
acûs
63r
Bai
acu:
ant
igam
ente
mai
acú,
mba
é-ac
ú (t
upi)
, o q
uent
e, o
ven
enos
o.Pe
ixe
peço
nhen
to p
elo
seu
fel e
que
se
infl
a ao
cal
or d
o so
l, ou
fri
cção
na
pele
do
vent
re.
aver
são
.A
raçá
Tít
ulo
48v
; 4
9rT
upi
ara’
sá,
esp
écie
de
goia
ba,
frut
o d
o P
sidi
um.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43175
176
Baz
aruc
o16
rM
oeda
ant
iga
da Í
ndia
Por
tugu
esa.
Bel
isco
8rD
e be
lisca
r: c
omer
um
a po
rção
mín
ima,
lam
bisc
ar.
Ben
gala
17v
Nes
te c
onte
xto,
o c
ompa
nhei
ro d
e um
sod
omita
.B
erto
eja
34v
Bro
toej
a, m
olés
tia c
utân
ea.
Bio
co18
rM
antil
ha c
om a
qua
l as
mul
here
s an
tiga
men
te c
obri
am a
cabe
ça.
Bir
bant
e11
rP
atif
e, tr
atan
te.
Bir
biga
m9r
Ber
bigã
o, m
olus
co a
céfa
lo q
ue v
ive
em u
ma
pequ
ena
conc
haar
redo
ndad
a.B
odum
43r;
48r
Cat
inga
de
bode
não
cas
trad
o.B
ofet
e18
r; 5
3vB
ofet
ada,
tap
a (5
3v);
dim
inut
ivo
de b
ofe,
aqu
i no
sen
tido
aind
a us
ado
de h
omem
apa
rent
emen
te v
iril
que
se r
elac
iona
com
hom
osse
xuai
s pa
ssiv
os (
18r)
.B
ogal
hito
s57
vB
ogal
ho: d
imin
utiv
o de
bug
alho
, gl
obo
ocul
ar.
Bol
ina
40v
Cab
o qu
e pr
ende
a v
ela
da e
mba
rcaç
ão à
am
urad
a, q
uand
o se
man
obra
, par
a to
mar
o v
ento
por
ban
da.
Bon
etes
14v
Bon
ete:
bar
rete
pos
tiço
com
ren
das,
fita
s e
plum
as.
Bor
dam
32r
Bor
dão,
bas
tão.
Tam
bém
, pa
lavr
a qu
e al
guém
rep
ete
com
freq
üênc
ia v
icio
sa.
Bor
doad
aT
ítulo
7v
Pan
cada
.B
orra
13r
Feze
s, d
iarr
éia.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43176
177
Bor
rach
as48
vB
orra
cho:
bêb
ado,
do
espa
nhol
Bot
ica
9v; 1
0vC
asa
onde
se
pr
epar
am
e ve
ndem
re
méd
ios
e dr
ogas
med
icin
ais.
Bra
gas
Títu
lo 3
4vB
raga
: C
alçã
o, c
urto
e l
argo
, qu
e se
usa
va.
Um
a es
péci
e de
cuec
a. S
egun
do A
urél
io é
exp
ress
ão m
ais
usad
a no
plu
ral.
Bre
ve1r
Bol
eto
apos
tólic
o da
do p
elo
Papa
, se
m a
s cl
áusu
las
exte
nsas
da B
ula.
Bri
nco
62v
Aqu
i no
sent
ido
de b
rinc
adei
ra.
Bul
ha9r
; 13r
Est
rond
o; c
onte
nda
estr
ondo
sa.
Cab
edel
la41
vC
abid
ela
ou c
abed
ela.
Aba
tis
desc
aída
. A
bati
s: t
rinc
heir
a de
árvo
res
cort
adas
. D
esca
ída:
de
in
clin
ar,
curv
ar,
abat
er,
baix
ar.
Cab
ocul
a62
vC
aboc
la,
fem
inin
o de
cab
oclo
. T
heod
oro
Sam
paio
: ca
bôco
,co
á-bo
c (t
upi)
, tir
ado
ou p
roce
dent
e do
mat
o. M
estiç
o de
bran
co c
om í
ndio
. M
ulhe
r m
estiç
a, c
omo
pode
ser
lid
o em
Aur
élio
, de
cor
acob
read
a.C
abre
lla54
rD
enom
inaç
ão s
atír
ica
deri
vada
de
“cab
ra”.
Cai
jû4r
Caj
u. A
cajú
, acã
-yú
(tup
i), A
naca
rdiu
m O
ccid
.C
alhâ
o19
vC
alha
u, f
ragm
ento
de
pedr
a du
ra.
Cam
39v
Cão
, dia
bo.
Bor
doad
aT
ítulo
7v
Pan
cada
.B
orra
13r
Feze
s, d
iarr
éia.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43177
178
Cam
boat
á63
rC
ambo
atá,
cab
o-ab
á (t
upi)
, o
que
anda
pel
o m
ato.
Pei
xe(c
atap
hrac
tus )
que
se
tran
spor
ta a
trav
és d
o m
ato,
de
uma
água
par
a ou
tra,
por
oca
sião
da
seca
. Cam
botá
, cam
uatá
.C
anas
tram
19r
Esp
écie
de
cest
a ch
ata.
Can
tari
da34
vC
antá
rida
: in
seto
(L
ytta
ves
icat
oria
) us
ado
na m
edic
ina
embe
berr
agen
s di
urét
icas
ou
afro
disí
acas
.C
arta
paci
o16
vL
ivro
de
mão
de
vári
as m
atér
ias.
Cas
carr
am35
vV
inho
cas
carr
ão,
cham
a-se
vul
garm
ente
a u
m v
inho
mui
togr
osso
.C
assa
m4r
Caç
ão,
peix
e do
mar
que
não
faz
mal
qua
ndo
mor
de,
pois
não
tem
mai
s qu
e um
a fi
leir
a de
den
tes.
Cay
acan
ga63
rPo
lvo.
Cai
acan
ga; c
ai-a
cang
a (t
upi)
.C
entu
rio
52r
Ou
cent
uriã
o. C
apitã
o de
cem
hom
ens
na m
ilíc
ia R
oman
a.E
m P
ortu
gal
cham
am c
entú
rios
aos
que
, na
noi
te d
e Q
uint
afe
ira
de
End
oenç
as,
anda
m
pela
s ig
reja
s m
ilita
rmen
teve
stid
os c
om p
rete
xto
de g
uard
ar o
sep
ulcr
o do
sen
hor.
Cer
da55
vPe
lo m
ais
espe
sso
e re
sist
ente
, na
s ca
vida
des
natu
rais
dos
mam
ífer
os.
Cha
rolla
5vA
ndor
de
proc
issã
o, n
icho
ond
e se
põe
m s
anto
s e
imag
ens.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43178
179
Cip
ó63
rC
ipó,
ic
á-pó
(t
upi)
, lit
eral
men
te
galh
o-m
ão,
que
tem
a
prop
ried
ade
de s
e en
leia
r, d
e at
ar. I
cepó
, cep
ó, ç
apó,
sip
ó.C
ofo
63r
Esp
écie
de
cest
o.C
oim
as61
rC
oim
a: p
ena
pecu
niár
ia.
Coi
ra36
vC
oura
: cou
raça
. Inv
óluc
ro d
e ce
rtos
ani
mai
s.C
olum
brin
a15
vC
olub
rina
, pe
ça d
e ar
tilh
aria
ant
iga,
mui
to c
ompr
ida
e de
gran
de a
lcan
ce. A
qui “
pêni
s”.
Cob
éC
obé
(tup
i). T
heod
oro
Sam
paio
: a e
xist
ênci
a, a
vid
a. B
ahia
.C
omar
î63
rC
umar
i, cu
-mbo
ri (
tupi
), o
que
exc
ita a
lín
gua.
É o
nom
ein
díge
na d
e pi
men
ta.
Com
edia
31r
Com
édia
: obr
a te
atra
l em
que
pre
dom
ina
a sá
tira.
Com
mua
61r
Fem
inin
o de
com
um.
Cor
dava
m35
rC
ordo
vão,
cou
ro d
e ca
bra
curt
ido;
aqu
i “pê
nis”
.C
orno
alha
13r
Cor
no +
suf
ixo
“alh
a”. C
orno
s em
pro
fusã
o.C
orri
lho
32r
Reu
nião
facc
iosa
, con
vent
ícul
o.C
rave
ira
60r
Inst
rum
ento
com
que
se
tom
a m
edid
a pa
ra s
apat
os;
tam
bém
os b
urac
os d
as fe
rrad
uras
, por
ond
e en
tram
os
crav
os.
Çuj
idad
eT
ítulo
53v
Suj
idad
e, p
orca
ria.
Cul
umim
16r
Tup
i cur
umim
, índ
io m
oço,
men
ino,
rap
az m
oço,
mol
eque
.C
utila
da57
rFe
rida
que
se
faz
com
cor
te d
e es
pada
ou
faca
.
Cha
rolla
5vA
ndor
de
proc
issã
o, n
icho
ond
e se
põe
m s
anto
s e
imag
ens.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43179
180
Cuy
a15
v; c
uyas
16v
Frut
o da
cui
eira
. Vas
o fe
ito d
este
fru
to. K
u’ya
(tu
pi).
De
chap
a35
v; 5
5vD
igno
de
ser
repr
oduz
ido,
impr
esso
ou
grav
ado.
Dec
oada
55v
Ato
de
coar
a á
gua
da b
arre
la:
água
ond
e se
fer
ve c
inza
, qu
eer
a us
ada
para
bra
nque
ar a
rou
pa. C
oada
, lix
ivia
.D
espi
que
24r
Vin
ganç
a, d
esfo
rra.
Des
trap
essa
do60
vD
estr
aves
sado
, exc
essi
vo, e
xorb
itant
e.
Doi
dete
10r
Dim
inut
ivo
de d
oido
.E
go s
um48
rL
atim
. “E
u so
u”. U
sado
em
fun
ção
satír
ica
(o á
ulic
o do
lati
mri
ma
com
“bo
dum
”).
Em
bé63
rIm
bé, p
lant
a tr
epad
eira
, y-m
be (
tupi
).E
mbo
tes
9vD
e em
bote
lhar
, por
em
gar
rafa
, eng
arra
far.
Eng
rezi
a1v
Rum
or, c
onfu
são.
Ent
rem
ezT
ítulo
34
v; 5
0rP
eque
na f
arsa
tea
tral
, de
um s
ó at
o, b
urle
sca
e jo
cosa
.E
nxov
ia19
vP
arte
do
cárc
ere
que
fica
ren
te c
om a
rua
ou
abai
xo d
o se
uní
vel.
Epi
fani
a4r
Fest
a da
Igr
eja
Cat
ólic
a em
com
emor
ação
da
apar
ição
da
estr
ela
aos
Mag
os,
send
o co
nduz
idos
por
aqu
ela
a Je
sus
recé
m-n
asci
do e
m B
elém
da
Jude
a.E
rvol
ario
10v
Her
bolá
rio,
pes
soa
que
cult
iva
ou v
ende
erv
as.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43180
181
Esc
afed
er29
r; e
scaf
edei
s 30
rE
scaf
eder
-se,
sai
r-se
de
algu
m lu
gar
esco
ndid
o e
às p
ress
as.
Esc
ampa
38r;
55v
Esc
ampa
r: c
essa
r; e
scap
ar, s
afar
-se.
Esg
uich
o38
rD
eriv
ado
de e
sgui
char
, at
o ou
efe
ito d
e ja
cto
ou r
epux
o de
um lí
quid
o.E
spac
io16
vD
o es
panh
ol e
spác
io, s
em p
ress
a, le
ntam
ente
.E
staf
a3v
Aqu
i rou
bo a
udac
ioso
, log
ro.
Est
riba
54r
Est
riba
r-se
, fir
mar
-se,
sus
tent
ar-s
e.E
stri
bari
a56
vO
u es
trib
eria
, cas
a on
de a
s be
stas
se
reco
lhem
.E
stri
vos
41r
Est
rivo
: est
ribo
. Per
der
os e
stri
bos,
per
der o
con
trol
e.E
stud
ante
te10
rD
imin
utiv
o de
est
udan
te.
Eth
iope
51r
Etío
pe:
natu
ral
ou
habi
tant
e da
E
tiópi
a (Á
fric
a),
para
sign
ific
ar “
negr
o”.
Fá B
orda
m7v
Fabo
rdão
, do
fra
ncês
“fa
ux b
ordo
n”,
com
posi
ção
em q
ueal
gum
as v
ozes
têm
tot
al i
gual
dade
de
núm
ero
e va
lor
dos
pont
os e
sem
pau
sas
. No
sent
ido
figu
rado
, des
afin
ação
.Fa
cine
rozo
22v
Fací
nora
, faç
anho
so e
m c
rim
es.
Fana
da9v
Sem
viç
o, s
em f
resc
or, m
urch
a.Fi
52r
Foi?
Figu
rilh
a19
rP
esso
a de
peq
uena
est
atur
a.
Erv
olar
io10
vH
erbo
lári
o, p
esso
a qu
e cu
ltiv
a ou
ven
de e
rvas
.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43181
182
Fila
tari
a41
rFi
late
ria:
ja
ctân
cia,
ba
zófi
a.
J.P
. M
acha
do
abon
a in
Dic
ioná
rio
Eti
mol
ógic
o da
Lí
ngua
P
ortu
gues
a :
FIL
A-
TE
RIA
: et
imol
ogia
obs
cura
. S
éc.
XV
I. “
Ter
del
a h
aver
iapo
r m
elho
r, q
ue e
ssou
tras
fila
teri
as”.
Aul
eg. f
l. 94
.Fo
dinc
ham
44r
Fode
dor.
Fuão
43v
Con
traç
ão d
e fu
lano
.Fu
rtad
o22
vD
e fu
rtar
, ro
ubar
. A
qui
GM
faz
um
jog
o de
pal
avra
s co
m o
nom
e de
um
gov
erna
dor
gera
l do
Bra
sil,
Dio
go d
e M
endo
nça
Furt
ado
(162
1-16
24)
e su
a de
scen
dênc
ia.
Gab
am59
rG
abão
: cap
ote
ou c
asaç
ão c
om c
apuz
e c
abeç
ão.
Gaf
a43
vG
afo:
cor
rom
pido
, suj
o.G
alho
fa1v
; 64r
Bri
ncad
eira
.G
anha
mum
63r
Gai
amum
. G
uaia
-m-u
n (t
upi)
, o
cara
ngue
ijo
pret
o ou
azul
ado.
Era
ant
igam
ente
cha
mad
o pe
lo g
entio
de
guai
arar
á,cr
ustá
ceo
de m
angu
es.
Gar
atuz
a56
vG
arat
usa:
fra
ude,
eng
ano.
Tam
bém
rab
isco
, to
lice,
bor
ra-
dura
.G
arro
te51
vA
rroc
ho, c
onto
de
pau
com
que
se
dá v
olta
ao
laço
pos
to n
ope
scoç
o pa
ra e
stra
ngul
ar.
Gas
cam
31v
Gas
cão,
nat
ural
da
Gas
conh
a.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43182
183
Gav
acho
64v
Nom
e qu
e po
r de
spre
zo s
e dá
na
Esp
anha
aos
fra
nces
es d
osu
l da
Fran
ça.
Geb
irac
as62
vG
ebir
aca:
ser
ia u
m t
ipo
de f
orm
iga?
Aur
élio
abo
na:
jabi
raca
,br
uxa.
Ger
igon
ça10
vG
erin
gonç
a, l
ingu
agem
de
que
se s
erve
m c
igan
os,
vadi
os e
ladr
ões
para
não
ser
em e
nten
dido
s.G
iboy
a15
vJi
bóia
, se
rpen
te d
e gr
ande
s di
men
sões
. G
ihi-
boy
(tup
i),
aco
bra
de r
ãs: o
ofí
dio
que
se a
limen
ta d
e rã
s.G
rey
21r
Gre
i, sú
dito
s, v
assa
los,
pov
o.G
rum
ete
Títu
lo 2
7vM
arin
heir
o in
icia
nte,
que
ser
ve n
o na
vio
para
sub
ir à
gáv
ea e
em o
utro
s m
iste
res.
Gua
ldra
pa13
rX
aire
l. C
ober
tura
de
best
a, d
e te
cido
ou
de c
ouro
, so
bre
aqu
al s
e põ
e a
sela
ou
a al
bard
a.G
uant
e15
rL
uva
de f
erro
, na
arm
adur
a an
tiga
.G
uapo
8rR
apaz
ele
gant
e, g
arbo
so.
Gua
rdun
ha20
rG
ardu
nha,
ava
rent
o, f
uinh
a.G
uiza
36v
Seri
a um
a gr
ade
com
gui
zos,
par
a pr
oduz
irem
um
so
m?
Ser
ia u
ma
frei
ra p
repa
rada
, “à
man
eira
de”
, na
gra
de d
oco
nven
to?
Her
esia
rca
17v
Aut
or d
e he
resi
a. F
unda
dor
de u
ma
seita
her
étic
a.
Gas
cam
31v
Gas
cão,
nat
ural
da
Gas
conh
a.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43183
184
Hom
izia
doT
ítulo
1r
Por
hom
izia
r, d
ar a
silo
pol
ític
o, r
elig
ioso
, etc
.H
osan
nà64
rH
osan
a: h
ino
ecle
siás
tico
da d
omin
ga d
e R
amos
. Sa
udaç
ão,
louv
or.
Inha
popé
63r
Ena
pupê
. T
heod
oro
Sam
paio
: E
napo
pê,
Inha
popê
(t
upi)
,pe
rdiz
(fe
m.)
ou
perd
igão
(m
asc.
). U
nham
bui,
ynha
mbu
-i,
nas
perd
izes
. Bah
ia.
Irra
4r; 4
4vIn
terj
eiçã
o qu
e ex
prim
e ra
iva,
rep
ulsa
, des
apro
vaçã
o.Ja
cara
cang
a63
rYa
caré
-aca
nga
(tup
i),
a ca
beça
do
jaca
ré.
Pod
e se
r, a
inda
,ya
caré
-can
ga, a
cav
eira
ou
a os
sada
do
jaca
ré. B
ahia
.Ja
lapa
37v
Pla
nta
med
icin
al p
urga
tiva
.Ja
rata
caca
s62
vJa
rita
taca
, ya
ra-t
ic-a
ga
(tup
i),
o qu
e po
de
arro
jar
féti
do.
Ani
mal
que
, se
per
segu
ido,
se
defe
nde
com
arr
ojar
de
silíq
uido
fét
ido,
ins
upor
táve
l. É
o m
esm
o ca
ngam
bá d
o N
orte
do B
rasi
l. Ja
rata
caca
, jer
atat
aca,
jera
tica
ca.
Jorn
al24
rA
qui c
om o
sen
tido
de d
iari
sta.
Lam
pa55
vD
e le
var
vant
agem
. Ard
iloso
, mos
trar
-se
supe
rior
.L
eiga
rroe
s64
rL
eiga
rrão
: aum
enta
tivo
de
leig
o, o
que
não
é c
léri
go, p
adre
.L
erda
56r
Ler
do: l
ento
, pou
co d
ilige
nte,
vag
aros
o.L
hano
51r
Do
espa
nhol
. Pla
no.
Lib
era
me
48r
Lat
im.
“Liv
re-m
e”.
Fra
se d
a lit
urgi
a ca
tólic
a us
ada
em f
un-
ção
satír
ica.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43184
185
Liv
rari
a53
vA
qui c
om o
sen
tido
de b
iblio
teca
.L
odoz
o18
vL
odos
o, la
mac
ento
, suj
o, e
mpo
rcal
hado
.M
agan
o48
rM
ario
la, h
omem
vil.
Mal
ato
22v
Do
italia
no: d
oent
e.M
amal
uco
16r;
19v
Ou
mam
eluc
o, m
esti
ço f
ilho
de e
urop
eu c
om m
ulhe
r ín
dia.
Man
à64
rM
aná:
alim
ento
que
, se
gund
o a
Bíb
lia,
Deu
s m
ando
u ao
sis
rael
itas,
em
man
eira
de
chuv
a, n
o de
sert
o. C
oisa
exc
elen
te,
vant
ajos
a.M
anda
toT
ítulo
49v
É o
ser
mão
do
Man
dato
, na
qui
nta-
feir
a sa
nta,
com
mis
sape
la m
anhã
, ora
ção
sacr
a de
tard
e a
que
se s
egui
a o
lava
pés.
Man
dû59
rN
o B
rasi
l, é
cons
truç
ão d
o no
me
próp
rio
Man
oel.
No
sent
ido
figu
rado
, tol
o. M
and-
u (t
upi)
, fe
ixe
que
vem
ou
anda
, am
bu-
lant
e. A
ve:
man
du to
lo.
Man
duca
va16
rM
andu
car:
com
er.
Man
ga43
vP
arte
do
vest
uári
o, h
ábito
, ond
e se
enf
ia o
bra
ço.
Man
galh
am43
vA
umen
tati
vo d
e m
anga
lho,
gra
nde
pêni
s.M
anga
rá49
rM
ã-ca
rá (
tupi
), o
tub
ércu
lo o
u ra
iz d
e m
ontã
o. U
ma
espé
cie
de C
alad
ium
. Pon
to te
rmin
al d
a in
flor
escê
ncia
da
bana
neir
a.M
aqui
a8r
Ant
iga
med
ida
de c
erea
is,
de g
rãos
. Po
rção
de
grão
s. A
qui
para
sig
nifi
car
órgã
o se
xual
.
Lib
era
me
48r
Lat
im.
“Liv
re-m
e”.
Fra
se d
a lit
urgi
a ca
tólic
a us
ada
em f
un-
ção
satír
ica.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43185
186
Mar
anha
8vN
o se
ntid
o de
intr
iga,
coi
sa in
tric
ada,
ast
ucio
sa.
Mar
âo20
v; 4
7vM
aráu
, o
que
é es
pert
o e
não
se d
eixa
eng
anar
. M
alan
dro,
finó
rio.
Mar
aved
î33
vM
oeda
an
tiga,
de
ou
ro
(Ará
bia)
ou
co
bre
(Por
tuga
l,E
span
ha).
Mar
cia
51r
Gen
te d
a gu
erra
, mar
cial
, bel
icos
a.M
ario
las
14r
Mar
iola
: pes
soa
indi
gna,
tra
tant
e, m
arau
, vel
haco
.M
arm
anjo
17r
Hom
em a
brut
ado,
ato
leim
ado.
Mat
ulam
41v
Hom
em d
e m
odos
abr
utad
os.
Mé
42r
A v
oz d
o ca
brito
, car
neir
o, e
tc.
Med
ra24
vD
e m
edra
r: c
resc
er, d
esen
volv
er, p
rosp
erar
.M
ente
capt
o15
rO
que
não
tem
ent
endi
men
to, i
diot
a, lo
uco.
Mex
ias
64r
Mes
sias
, o e
sper
ado.
Mic
a9v
Mic
ha, m
igal
hinh
aM
icho
38r
Lac
aio.
Tam
bém
com
o s
enti
do d
e in
sign
ific
ante
, pou
co.
Mir
arò
63r
Mir
oró.
The
odor
o S
ampa
io m
iroi
ró (
tupi
), o
des
prez
ado,
ore
pudi
ado.
A
urél
io:
mir
oró,
ca
ram
uru,
en
guia
, m
oror
ó,to
roró
.M
iser
ere
Títu
lo 3
4v; 3
6vL
atim
. “T
em p
ieda
de”.
A p
rim
eira
pal
avra
do
51º s
alm
o.M
o<n>
çam
45v
Moç
ão, p
edid
o, p
editó
rio.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43186
187
Mod
ilho
32r
Mús
ica
ligei
ra. C
anta
r m
odilh
os. M
odin
ha.
Mor
eci
63r
Mor
ici,
mbo
rici
(tu
pi).
Mur
ici.
É p
lant
a m
alpi
ghiá
cea.
Bah
ia,
Per
nam
buco
. Á
rvor
e e
arbu
sto,
que
hab
ita o
cer
rado
e q
uepr
oduz
um
tip
o de
fru
to d
o m
esm
o no
me.
Muc
hiss
ima
24r
Esp
anho
lism
o, m
uití
ssim
a.M
usal
50v
Ref
eren
te à
s m
usas
ou
a el
as c
once
rnen
tes.
Nan
31v
Não
.N
ymph
a31
vN
infa
, di
vind
ade
do p
agan
ism
o; a
s ni
nfas
era
m v
irge
ns q
ueha
bita
vam
os
rios
, as
font
es, o
s bo
sque
s, e
tc.
Ocu
loru
m42
vL
atim
, usa
do c
om in
túito
sat
íric
o. D
os o
lhos
.O
lha
24v
Do
espa
nhol
ol
la,
pane
la;
espé
cie
de c
ozid
o co
m l
egum
es e
carn
es. C
aldo
gor
do.
Opi
laça
m15
vO
pila
ção,
obs
truç
ão d
os c
anai
s do
cor
po.
Our
ina
15v
Uri
na.
Ouv
idor
30r
Juiz
. C
argo
de
adm
inis
traç
ão j
udic
iári
a, n
as c
omar
cas
que
eram
as
divi
sões
ju
dici
ais
das
capi
tani
as.
No
séc.
X
VII
Iex
istia
m 2
4 co
mar
cas
no B
rasi
l; na
Bah
ia a
s de
Sal
vado
r,Il
héus
, Por
to S
egur
o e
Jaco
bina
.Pa
cas
62v
Ger
úndi
o-su
pino
do
ve
rbo
pag,
de
sper
tar,
ac
orda
r,
esta
rvi
gila
nte;
The
odor
o S
ampa
io:
paca
(tup
i) é
, po
is,
a de
sper
ta,
a ac
orda
da,
a qu
e es
tá
sem
pre
aten
ta.
Ani
mal
ro
edor
(Cae
loge
nys
Pac
a). É
apr
ecia
do c
omo
caça
.
;p
pp
Mo<
n>ça
m45
vM
oção
, ped
ido,
ped
itóri
o.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43187
188
Pada
48r
No
cont
exto
do
poem
a, “
Perr
a, p
ada”
dev
em s
er l
idos
com
o“p
é ra
pada
”.Pa
lafr
em63
vC
aval
o m
anso
, “c
aval
o de
pos
ta”
dos
reis
e d
os n
obre
s, e
mpa
rada
.Pa
lalá
49r
Pala
vra
inve
ntad
a po
r G
M?
Pala
ngan
a43
vG
rand
e tig
ela,
tabu
leir
o de
bar
ro o
u de
met
al.
Pant
ufo
43v
Chi
nelo
. Tam
bém
indi
vídu
o de
car
a e
barr
iga
gord
a.Pa
tara
ta5r
Men
tira,
ost
enta
ção
vã.
Pata
xo46
vN
avio
peq
ueno
e li
geir
o de
gue
rra.
Pate
rnid
ade
40v;
50r
Tra
tam
ento
que
se
dava
aos
rel
igio
sos
com
hie
rarq
uia
supe
-ri
or.
Patif
am19
vPa
tifão
. Gra
nde
patif
e.Pa
vana
4vD
ança
esp
anho
la s
alta
da, r
ápid
a.Pa
viol
la40
vPa
diol
a. T
abul
eiro
qua
drad
o de
tábu
a.Pe
rada
9vD
oce
de p
êra.
Pera
lvilh
ar33
rO
u pa
ralv
ilhar
. Faz
er v
ida
de p
eral
vilh
o.Pe
ralv
ilho
32r;
33r
Indi
vídu
o de
pou
co p
orte
, de
nenh
uma
cont
a, c
om p
rete
nsõe
sri
dícu
las
a el
egan
te.
Pere
â63
rPr
eá,
aper
eá,
apé-
réá
(tup
i) é
o a
nim
al c
ham
ado
preá
(ca
via
aper
eá).
O q
ue m
ora
no c
amin
ho,
o qu
e se
enc
ontr
a no
sca
min
hos.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43188
189
Pes
pega
12v
Pesp
egar
: pre
gar,
ass
enta
r.P
inha
m49
rPi
nhão
. D
o es
panh
ol p
iñon
. P
lant
a eu
forb
iáce
a, n
orde
stin
a(J
atro
fa c
urca
s), p
urgu
eira
.P
iorn
o37
rPl
anta
da
fam
ília
das
legu
min
osas
.P
ipa
53r
Vas
ilha
para
vin
hos,
aze
ites,
vin
agre
s, e
tc.
Piq
ue24
rT
oque
sat
íric
o a
algu
ém.
Pir
ajá
63r
Pir
a-yá
(tu
pi),
cap
az d
e pe
ixe,
o v
ivei
ro d
e pe
ixe.
Nom
epr
imit
ivo
do e
stei
ro v
izin
ho d
e It
apag
ipe,
na
Bah
ia.
Pír
tigo
34v
A v
ara
men
or d
o m
angu
al.
Pis
moe
ns42
rPi
smão
: no
sent
ido
de p
ênis
.P
lect
or2r
Ple
ctro
. In
stru
men
to c
om q
ue s
e fa
ziam
vib
rar
as c
orda
s da
lira.
Pol
é29
vR
olda
na.
Pol
icia
43r
No
sent
ido
de a
to d
e po
lidez
.Po
lluto
43r
Polu
to: m
anch
ado,
mac
ulad
o, c
orro
mpi
do.
Polo
50v
No
sent
ido
de c
eles
te?
Ou
o po
lo g
eogr
áfic
o?P
osti
lla39
rA
post
ila.
Exp
licaç
ão d
o pr
ofes
sor
escr
ita p
elo
alun
o. P
osti
laé
expr
essã
o do
lati
m e
scol
ásti
co (
post
illa
– v
erba
auc
tori
s).
Prê
a32
vPr
esa.
Pret
orio
57v
Pret
ório
: tri
buna
l do
pret
or r
oman
o. M
oder
nam
ente
qua
lque
rtr
ibun
al. P
reto
r: m
agis
trad
o de
alç
ada
infe
rior
, no
Bra
sil.
aper
eá).
O q
ue m
ora
no c
amin
ho,
o qu
e se
enc
ontr
a no
sca
min
hos.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43189
190
Pro
vedo
r30
rE
mpr
egad
o do
rei
, qu
e pr
ovia
e
exam
inav
a o
esta
do d
eal
gum
a ar
reca
daçã
o e
corr
igia
o q
ue n
ão e
ra c
onfo
rme
àsle
is.
Puç
a63
rP
eque
na r
ede
para
pes
ca.
Pul
ha9r
Men
tira,
ver
gonh
a.P
utai
na21
vP
uta.
Qua
tim
ondé
62v
Qua
tim
undé
(t
upi)
, qu
atim
undé
u (v
aria
nte)
. Q
uati
velh
o,m
acho
de
gr
ande
po
rte,
de
sgar
rado
do
ba
ndo.
S
egun
doT
heod
oro
Sam
paio
: qu
ati ,
qua-
ti,
o qu
e é
risc
ado
oula
nhad
o. R
isco
s no
cor
po. É
o N
asua
dos
nat
ural
ista
s.Q
uibu
ngo
56r
Bai
le d
e ne
gros
.R
abbi
33v
Mes
tre,
Se
nhor
. E
ntre
os
jude
us,
o m
estr
e da
le
i, qu
emde
cide
as
ques
tões
de
relig
ião
e de
dir
eito
, fa
z ca
sam
ento
s,de
clar
a os
dir
eito
s, e
tc. R
abin
o.R
apad
a8r
De
rapa
r: r
aspa
da, r
ouba
da, d
esco
bert
a, p
apad
a.R
asco
a16
vC
riad
a, c
ozin
heir
a, m
eret
riz,
aia
.R
ebec
am19
rR
ebec
a ou
rab
eca,
inst
rum
ento
de
cord
as, g
rand
e.R
ebuç
o49
rD
e re
buça
do:
bala
à q
ual
se a
cres
cent
am e
ssên
cias
de
frut
asou
de
plan
tas,
em
brul
hada
em
pap
el.
Red
omad
a9v
Con
serv
ada
em r
edom
a.R
efes
tela
2rFe
stiv
idad
e, d
ança
s.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43190
191
Reg
edor
40r
O q
ue r
ege.
Aut
orid
ade
adm
inis
trat
iva,
jud
iciá
ria,
rel
igio
sa,
etc.
Reg
ente
40r;
40v
Aqu
ele
que
rege
, dir
ige.
Reg
edor
(vi
de).
Ren
deir
o60
vO
que
alu
ga a
out
ro a
terr
a e
a la
vra
ou u
sa d
ela,
pag
ando
ao
dono
.R
enhi
das
13r
Ren
hido
: dis
puta
do p
ertin
azm
ente
.R
heub
arbo
37v
Rui
barb
o. E
rva
med
icin
al
(Rhe
um
palm
atum
),
empr
egad
aco
mo
purg
ativ
o. H
á um
a es
péci
e hí
brid
a de
rui
barb
o, c
ujo
talo
é u
sado
com
o al
imen
to.
Rif
am12
vR
efrã
o.R
ocim
34r
Cav
alo
pequ
eno
e fr
aco.
Saec
ula
saec
ulor
um42
vL
atim
, usa
do c
om in
túito
sat
íric
o. O
s sé
culo
s do
s sé
culo
s.
Salv
age
23r
Sel
vage
m.
Sam
burâ
63r
Ces
to
de
cipó
ou
de
ta
quar
a.
The
odor
o S
ampa
io
abon
aS
ambo
ra,
çá-m
bora
-á (
tupi
), o
que
se
retir
a do
cen
tro
ouin
teri
or.
Póle
n de
flo
res;
m
assa
am
arel
a do
ni
nho
das
abel
has.
Sand
eo64
rS
ande
u, in
sano
, idi
ota.
Sarn
a34
vD
oenç
a cu
tâne
a.Sa
yal
35r
Sai
al, p
ano
gros
seir
o.
Red
omad
a9v
Con
serv
ada
em r
edom
a.R
efes
tela
2rFe
stiv
idad
e, d
ança
s.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43191
192
Ser
gir
44r
Cer
zir,
rem
enda
r.S
etia
22r
Tip
o de
em
barc
ação
. A
urél
io:
seti
a [d
e or
igem
ob
scur
a],
cano
de
m
adei
ra
que
cond
uz
a ág
ua
que
faz
mov
er
osen
genh
os h
idrá
ulic
os (
siti
a, d
o ve
rbo
sitia
r).
Siti
al58
vO
u se
tial,
asse
nto
orna
do q
ue s
e põ
e na
s ig
reja
s.S
ojor
no37
rE
stad
a, e
stad
ia. D
o ve
rbo
sojo
rnar
: res
idir
, per
man
ecer
, fic
ar.
Sol
dada
29v
De
sold
o. P
arte
bás
ica
da r
emun
eraç
ào d
e um
mil
itar.
Sov
ella
41v
Sov
ela.
Ins
trum
ento
cor
tant
e e
pont
eagu
do d
os s
apat
eiro
spa
ra f
urar
o c
ouro
. Mos
quito
.S
upin
o10
vS
upin
o, a
lto, e
leva
do, s
uper
ior.
Sur
ucuc
ûs62
vS
uruc
ucu:
çu
ú-ú-
ú (t
upi)
, m
orde
m
uití
ssim
o;
é a
cobr
ave
neno
sa e
hór
rida
do
nort
e do
Bra
sil
(Lac
haes
is m
utus
).C
oó-ú
-ú (
tupi
), a
nim
al q
ue m
orde
mui
to.
Sur
urûs
63r
Sur
uru,
çoo
rurú
-y (
tupi
). O
bic
ho h
úmid
o ou
enc
harc
ado.
Mex
ilhão
qu
e vi
ve
met
ido
na
lam
a do
m
angu
e (M
ytilu
spe
rna)
. Po
de
proc
eder
ta
mbé
m
de
çuru
rú,
que
sign
ific
aat
olad
o. B
ahia
.T
acha
s48
vT
acha
: es
péci
e de
ta
cho
gran
de,
usad
o no
s en
genh
os d
eaç
úcar
.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43192
193
Tam
andu
â62
vT
aman
duá,
ta
-man
duá
(tup
i),
o ca
çado
r de
fo
rmig
as.
Oco
mpo
nent
e tá
é
com
o um
a fo
rma
cont
ract
a de
ta
cy,
afo
rmig
a.T
ambé
47v
Tam
bém
.T
apet
î63
rT
apet
i, o
coel
ho s
ilves
tre
(tup
i). S
ão P
aulo
. C
onfu
nde-
se f
re-
qüen
tem
ente
com
tip
iti o
u ty
pity
(tu
pi),
o c
esto
esp
rem
edor
de m
andi
oca.
Tap
uyas
15v
Tap
uia:
índ
io d
o B
rasi
l. T
apuy
a. T
apyí
a, t
a-ep
i-ia
(tu
pi).
H.
Str
adel
li id
enti
fica
com
tau
a-ep
y-ia
, ori
giná
rio
das
alde
ias,
enã
o in
imig
o, d
e re
ferê
ncia
aos
pri
mit
ivos
hab
itant
es q
ue,
pela
inv
asão
dos
tup
is,
se r
efug
iara
m n
o se
rtão
. M
estiç
o de
índi
o. N
a B
ahia
qua
lque
r m
estiç
o tr
igue
iro
e de
cab
elos
lis
ose
negr
os. C
aboc
lo.
Tem
pora
s43
vT
êmpo
ras.
Dia
s de
pre
ces
espe
ciai
s e
jeju
ns.
Ter
nári
o57
rC
ompa
sso
mus
ical
que
se
divi
de e
m t
rês
tem
pos
igua
is.
Ter
ço51
vN
o se
ntid
o de
cor
po d
e m
ilíci
a an
tigo.
The
atin
os58
vT
eati
no:
relig
ioso
de
co
ngre
gaçã
o ro
man
a fu
ndad
a po
rS.
Cae
tano
de
Tie
ne.
Tim
bó63
rO
baf
o, f
umar
ada,
o v
apor
. Pl
anta
cuj
o su
co m
ata
o pe
ixe
(Pau
linia
Pin
nata
).
açúc
ar.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43193
194
Tip
oya
15v
Tip
óia:
tip
o de
red
e pa
ra d
orm
ir. O
rigi
nari
amen
te t
ambé
mum
a re
de n
a qu
al a
s ín
dias
lev
avam
as
cria
nças
. Ti
’poi
a(t
upi).
Tiû
s62
vT
eyú,
ty-ú
(tup
i), t
eiú,
o q
ue c
ome
esco
ndid
o; o
laga
rto.
Tiju
,te
jo, t
eju.
Toc
ano
16r;
18v
Tuc
ano.
Apo
do d
o go
vern
ador
Ant
ônio
Lui
z da
C
âmar
aC
outin
ho (
vide
Índ
ice
Ono
más
tico)
, por
con
ta d
o se
u en
orm
ena
riz.
Ton
sura
do48
rT
onsu
ra:
cort
e ci
rcul
ar,
na p
arte
mai
s al
ta e
pos
teri
or d
aca
beça
. Pr
imei
ro g
rau
do c
leri
cato
. G
M r
eceb
eu a
ton
sura
para
ser
Des
emba
rgad
or d
a R
elaç
ão E
cles
iást
ica
na B
ahia
,po
is
tinh
a es
tuda
do
Cân
ones
. E
sta
déci
ma
pare
ce
ser
auto
refe
renc
iado
ra, p
elo
seu
cont
eúdo
: ton
sura
, sát
ira, p
oesi
asã
o pa
lavr
as r
ecor
rent
es.
Top
e37
vC
hoqu
e, e
ncon
tro
de d
uas
cois
as q
ue s
e to
pam
.T
osta
m62
rT
ostã
o, m
oeda
ant
iga.
Tra
mpa
37v;
38r
; 55v
Exc
rem
ento
gro
sso.
Tam
bém
no
sent
ido
de e
ngan
o, fr
aude
.T
ranq
uia
43r
Cer
ca d
e pa
us.
Tra
vam
12r
Tra
vão,
cad
eia
de tr
avar
as
best
as.
Tre
la44
vD
ar c
onve
rsa,
fof
oca.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43194
195
,T
rela
44v
Dar
con
vers
a, f
ofoc
a.
Tre
sand
a11
vT
resa
ndar
: con
fund
ir, d
esor
dena
r.T
reta
26v
Man
ha, a
stúc
ia.
Tro
lha
24v;
25r
Col
her
de m
exer
pan
ela.
Tro
sso
16r
Tro
ço, o
bjet
o, c
oisa
, ped
aço,
tras
te, t
ralh
a.T
utia
9vÓ
xido
de
zinc
o im
puro
que
ade
re à
s ch
amin
és d
os fo
rnos
.V
agan
âo20
vV
agan
áu, m
arot
o.V
azo
Títu
lo 6
r; 7
vV
aso.
Aqu
i no
sent
ido
de ó
rgão
sex
ual f
emin
ino.
Ven
ablo
30r
Arm
a ou
ins
ígni
a m
ilita
r qu
e tr
azia
o a
lfer
es e
ia
apre
sent
arao
gen
eral
qua
ndo
entr
ava
na p
raça
.V
erdu
go23
vA
lgoz
, car
rasc
o.V
icto
r1r
; 1v
Ter
mo
com
que
se
anim
a ou
apl
aude
o v
ence
dor.
Vir
go6v
Vir
gem
; aqu
i no
sent
ido
de “
virg
inda
de”,
hím
en.
Zab
alê
63r
Nom
e da
do a
o “j
ohô”
(pá
ssar
o) e
m a
lgun
s po
ntos
do
Bra
sil.
The
odor
o Sa
mpa
io:
zabe
lê,
voz
espú
ria
ou o
nom
atop
aica
. É
o no
me
da a
ve C
rypt
urus
noc
tiva
gus ,
esp
écie
de
nam
bu.
Bah
ia. S
ergi
pe.
Zan
cos
43v
Zan
co: r
acio
cíni
o se
m p
és n
em c
abeç
a.Z
aque
o64
vZ
aque
u.
Jude
u pu
blic
ano
de
Jeri
có
que,
se
gund
o o
Eva
ngel
ho, r
eceb
eu J
esus
em
sua
cas
a.Z
omba
12r
Zom
bar:
esc
arne
cer,
não
fal
ar s
ério
.Z
ote
10v;
11
v;
13v;
zotis
sim
o 15
r; 4
8rId
iota
, pat
eta,
igno
rant
e.
Zoy
lo47
vZ
oilo
, crí
tico
mal
igno
, det
rato
r.Z
urro
s58
rZ
urro
: a v
oz d
o bu
rro.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43195
196
A classe das palavras não está indicada no presente glossário,para o qual foram consultadas as seguintes obras:
1. Aurélio. Rio: Nova Fronteira, 1999
2. Bluteau, Raphael. Vocabulario Portuguez e latino, aulico, anatomico, architectonico, bellico, [...]authorizado com exemplos dos melhores escritores portuguezes, e latinos, e offerecido a El Rey dePortugal, D. João V, pelo Padre D.Raphael Bluteau Clerigo regular, doutor [...]. Coimbra: Collegio das Artesda Companhia de Jesu; Officina de Paschoal da Silva [vols. 5 e 8]; Officina de Joseph Antonio da Sylva[suplemento], 1712-1728. Com todas as licenças necessarias. 8 vols., 2 vols. suplemento.
3. Boudin, Max H. Dicionário de tupi moderno (dialeto tembé-ténêtéhar do alto rio Gurupi). São Paulo:Governo do Estado, 1966. 342 p.
4. Cunha, Antônio Geraldo da. Dicionário Histórico das palavras portuguesas de origem Tupi. SãoPaulo: Melhoramentos, 1982, 357 p.
5. Edelweiss, Frederico G. Tupís e Guaranís. Estudos de Etnonímia e Linguística. Bahia: Secretaria deEducação e Saúde, 1947. 220 p.
6. Raimundo, Jaques. Influência do tupi no português. Rio de Janeiro: Mendonça, Machado & C. Editores,1926. 157 p.
7. Sampaio, Theodoro. O Tupi na Geografia Nacional. 3ª ed. Bahia: 1928. 304 p.
8. Silva, Antonio de Morais (org). Dicionário da lingua portugueza recopilado dos vocabularios impre-sos até agora, e nesta Segunda edição novamente emendado, e muito accrescentado, por Antonio deMoraes Silva natural do Rio de Janeiro. Offerecido ao muito alto, e muito poderoso Principe Regente N.Senhor. Lisboa: Typografia Lacerdina, 1813. Com Licença da Meza do Desembargo do Paço. 2 vols.
9. Tertúlia Edípica. Um dicionário charadístico. Lisboa: Sociedade Literária Charadística, s.d.p.
10. Tibiriçá, Luiz Caldas. Dicionário Guarani-Português. São Paulo: Traço Editora, 1989. 174 p.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43196
197
VIII ÍNDICE ONOMÁSTICO
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43197
198
Abe
l10
rS
egun
do a
Bíb
lia,
filh
o de
Adã
o e
Eva
, m
orto
pel
oir
mão
Cai
m.
Ada
mT
ítulo
31r
“Cap
itão
da o
rden
ança
”A
dam
35r;
31
r;
31v;
49r
Adã
o,
segu
ndo
a B
íblia
, no
liv
ro G
ênes
is,
foi
oho
mem
cri
ado
por
Deu
s. V
iveu
no
Par
aiso
Ter
rest
re,
com
E
va,
de
onde
fo
ram
ex
cluí
dos
por
deso
bedi
ênci
a a
uma
inte
rdiç
ão d
ivin
a.A
gued
a44
vN
ome
de m
ulhe
r. U
ma
das
mui
tas
figu
ras
fem
inin
asdo
cor
pus
poét
ico
de G
M, n
a B
ahia
.A
lenc
astr
o51
vJo
ão
de
Len
cast
re
ou
Ale
ncas
tro,
go
vern
ador
do
Bra
sil
(169
4-17
02)
e pr
otet
or d
e G
M.
Diz
em q
uem
ando
u co
piar
em
cód
ice,
até
hoj
e nã
o lo
caliz
ado,
os s
eus
poem
as.
Am
broz
io16
rS
eria
o p
ai d
e A
ntôn
io L
uiz
Gon
çalv
es d
a C
âmar
aC
outi
nho
(vid
e).
Ant
onio
Lui
z G
onsa
lves
da
Cam
ara
Coi
tinh
o / C
outin
hoT
ítulo
15
v;
17r;
títul
o 38
v; t
ítulo
45v;
46
r;
títul
o50
v
Gov
erna
dor
do B
rasi
l (1
690-
1694
), i
nim
igo
de G
M.
Sod
omita
vár
ias
veze
s sa
tiriz
ado
pelo
poe
ta.
Seu
sfi
lhos
ten
tam
m
atar
o p
oeta
, qu
e é
envi
ado
para
Ang
ola,
em
169
4, c
omo
salv
ação
.A
nton
io M
arqu
es d
e Pe
ral-
da, P
adre
títul
o 9v
Um
do
s m
uito
s cl
érig
os,
frad
es
ou
secu
lare
ssa
tiriz
ados
por
GM
.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43198
199
Ant
onio
Rod
rigu
es d
a C
osta
53v;
títu
lo 5
7rA
dvog
ado,
P
rom
otor
do
E
cles
iást
ico
na
Bah
ia,
denu
ncia
nte
de G
M j
unto
ao
Tri
buna
l da
Inq
uisi
ção
em 1
684,
por
con
ta d
e he
rege
. E
m d
ocum
ento
s é
tam
bém
Roi
z (a
brev
iatu
ra d
e R
odri
gues
) e
cont
a su
aas
sina
tura
em
T
erm
os
de
Res
oluç
ão
e de
Req
ueri
men
to
do
Sen
ado
da
Câm
ara
da
Bah
ia,
Sal
vado
r,
em
1678
. É
el
eito
A
lmot
acel
(v
ide
glos
sári
o)
da
cida
de
em
1679
. S
átir
as
de
GM
reve
lam
a in
imiz
ade
do p
oeta
con
tra
este
adv
ogad
o.A
pollo
1v; 3
r; 5
0vM
ítico
Deu
s gr
ego
da b
elez
a e
da p
oesi
a
Are
thus
a3r
Míti
ca n
infa
, que
viv
eu n
a A
rcád
ia.
Fon
te c
éleb
re d
ailh
a de
Ort
ígia
.A
tlan
te11
rM
ítico
gi
gant
e,
titã
que
carr
egav
a ao
s om
bros
a
abób
ada
cele
ste.
Bal
thaz
ar, P
adre
11v
Um
do
s m
uito
s cl
érig
os,
frad
es
ou
secu
lare
ssa
tiriz
ados
por
GM
.B
arth
olo
59r
Bar
tolo
da
Sas
sofe
rrat
o (1
314-
57),
fam
oso
juri
sta
italia
noB
ivar
, Pre
lada
35r;
36r
; 38r
Ape
lido
de
frei
ra (
prel
ada)
do
conv
ento
de
Odi
vela
s,da
Ord
em d
e C
iste
r, n
as c
erca
nias
de
Lis
boa,
loc
alcé
lebr
e po
r am
ores
fre
irát
icos
, in
clus
ive
da r
eale
za.
For
tuna
to d
e A
lmei
da f
ala
em “
licen
cios
idad
e da
s
da, P
adre
satir
izad
os p
or G
M.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43199
200
frei
ras”
em
ger
al,
repo
rtan
do-s
e ao
séc
ulo
XV
I e
refe
rind
o-se
em
esp
ecia
l ao
caso
de
mad
re P
aula
, de
Odi
vela
s, n
o sé
culo
XV
III,
am
ante
de
D.J
oão
V.
Bra
z L
uiz
7vM
úsic
o, ta
lvez
am
igo
do p
oeta
.C
amen
a14
rN
ome
para
sig
nifi
car
mus
as.
Aur
élio
diz
Cam
enas
,do
lati
m. P
oet.
As
Mus
as.
Chi
co32
vA
mig
o de
GM
. Apo
do p
ara
Fran
cisc
o.C
rast
o4r
Cas
tro?
Ape
lido
de u
m a
mig
o de
GM
, um
clé
rigo
,ta
lvez
.D
edal
o60
vF
igur
a m
itol
ógic
a gr
ega;
arq
uite
to q
ue c
onst
ruiu
ola
biri
nto
de
Cre
ta,
no
qual
fo
i en
cerr
ado
oM
inot
auro
, on
de
tam
bém
fo
i ap
risi
onad
o,
por
orde
m d
e M
inos
, es
capa
ndo
com
asa
s fe
itas
de c
era
e pe
nas
de a
ves.
Eva
31r;
31v
Eva
, seg
undo
a B
íblia
, no
livr
o G
ênes
is, f
oi a
mul
her
cria
da p
or D
eus.
Viv
eu n
o P
arai
so T
erre
stre
, co
mA
dão,
de
onde
for
am e
xclu
ídos
por
des
obed
iênc
ia a
uma
inte
rdiç
ão d
ivin
a.Fa
bio
6r-7
rN
ome
conv
enci
onal
da
poes
ia b
arro
ca.
Fern
ande
s27
vU
m
dos
mui
tos
pers
onag
ens
de
GM
, ta
lvez
Fer
nand
es
Men
des,
ba
rque
iro
de
Mar
apé
(vid
eÍn
dice
Top
oním
ico)
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43200
201
Fili
ppa
8rN
ome
de m
ulhe
r. U
ma
das
mui
tas
figu
ras
fem
inin
asdo
cor
pus
poét
ico
de G
M, n
a B
ahia
.G
alha
no36
rSe
ria
Gal
hard
o?G
ilvas
53v
Apo
do d
e A
nton
io R
odri
gues
da
Cos
ta [
Gilv
az]
que
tinha
um
a ci
catr
iz n
o ro
sto,
um
a cu
tilad
a na
fac
e.G
onça
lo R
avas
co C
aval
cant
iA
lbuq
uerq
uetít
ulo
43r
Cap
itão,
ofi
cial
da
mes
a de
ver
eaçã
o do
Sen
ado
daC
âmar
a de
Sa
lvad
or,
Cor
onel
e
Juiz
O
rdin
ário
,V
erea
dor,
Pr
ocur
ador
do
S
enad
o da
C
âmar
a na
Cor
te d
e L
isbo
a, e
m 1
695.
Gon
çalo
(16
59-1
725)
da
fam
ília
dos
Rav
asco
s,
filh
o de
B
erna
rdo
Vie
ira
Rav
asco
e s
obri
nho
de A
ntôn
io V
ieir
a. A
mig
o de
GM
, que
deu
o n
ome
de G
onça
lo a
um
filh
o se
u.G
onsa
lves
15v
Seri
a o
avô
de A
ntôn
io L
uiz
Gon
çalv
es d
a C
âmar
aC
outin
ho (
vide
).G
regó
rio,
dou
tor
1vO
poe
ta G
M s
e au
to-r
efer
enci
a ne
ste
poem
a qu
ando
este
ve h
omiz
iado
no
Con
vent
o do
s C
arm
elita
s, o
nde
era
frei
o s
eu ir
mão
Eus
ébio
de
Mat
tos,
ora
dor
sacr
o.Ic
aro
60v
Figu
ra d
a m
itol
ogia
gre
ga.
Filh
o de
Déd
alo
(vid
e),
com
o
qual
fu
giu
do
labi
rint
o de
C
reta
, m
asap
roxi
man
do-s
e de
mas
iada
men
te d
o so
l, qu
e de
rre-
teu-
lhe
a ce
ra d
as a
sas,
cai
u no
mar
.
qp
(Ín
dice
Top
oním
ico)
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43201
202
Izid
oro
5vIs
idor
o de
Sev
ilha
, san
to (
560-
636)
, arc
ebis
po e
dou
-to
r da
Igr
eja.
Jasõ
es58
vP
lura
l de
Jas
ão,
mít
ico
hero
i gr
ego,
com
anda
nte
dos
Arg
onau
tas,
que
com
ele
s co
nqui
stou
o T
osão
de
ouro
na
Cól
quid
a, n
a Á
sia.
Jesu
sJe
su
Chr
isto
3r
;57
r;Je
sus
Cri
sto
filh
o de
Deu
s e
o M
essi
as a
nunc
iado
pelo
s pr
ofet
as.
Os
seus
apó
stol
os p
rega
ram
o c
rist
ia-
nism
o.Jo
am d
e C
ouro
s52
vJo
ão d
e C
ouro
s, t
ambé
m d
e C
ouro
s C
arne
iro,
foi
Esc
rivã
o do
Sen
ado
da C
âmar
a da
Bah
ia,
Salv
ador
,em
dat
as l
imit
es e
ncon
trad
as d
e 16
77 a
169
9, o
nde
assi
na v
ária
s at
as la
vrad
as.
Joam
, dom
21r
Ref
erên
cia
a D
.Joã
o de
Ale
ncas
tro
(vid
e A
lenc
astr
o)Jo
am
Tei
xeir
a (d
e)
Men
-do
nça
(C
apita
m)
21v;
22v
Bac
hare
l e
Esc
rivã
o do
Des
emba
rgo
de s
ua A
ltez
ano
Bra
sil
(Bah
ia),
ass
inan
do R
egis
tro
de C
ertid
ão,
em 1
672,
sob
re o
iní
cio
do v
enci
men
to d
o or
dena
dode
Pro
cura
dor
do S
enad
o da
Câm
ara
da B
ahia
, em
Lis
boa,
do
Dou
tor
Gre
góri
o de
Mat
tos
e G
uerr
a.F
ilho
do
Cap
itão
e po
eta
Man
oel
Tei
xeir
a de
Men
donç
a, J
oão,
a q
uem
GM
ded
icou
um
a sá
tira,
era
poet
a, e
her
dou
do p
ai e
do
avô
o of
ício
de
escr
ivão
. N
a A
cade
mia
B
rasí
lica
dos
Esq
ueci
dos
(172
4-25
) há
um
poe
ta d
e S
alva
dor
cham
ado
Lui
zT
eixe
ira
de M
endo
nça.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43202
203
Jorg
e da
Fra
nça
32v
Ser
ia u
m d
os A
dmin
istr
ador
es,
acus
ados
de
vilõ
es,
do E
ngen
ho d
a C
ajaí
ba?
(vid
e Ín
dice
Top
oním
ico)
José
Per
eira
, Cap
itam
títul
o 2r
; 2r
Cap
itão
do b
airr
o de
São
Ben
to,
em S
alva
dor,
que
assi
na T
erm
o de
Res
oluç
ão d
o S
enad
o da
Câm
ara
daB
ahia
, em
16
74,
sobr
e re
part
ição
do
sa
l pa
rasu
sten
to d
a In
fant
aria
, te
ndo
doad
o 36
0 al
quei
res
dopr
odut
o,
e ou
tro
Term
o da
di
ta
Câm
ara
cont
rase
nten
ça d
e co
nces
são
do C
orre
io d
este
Est
ado,
em
1678
. N
o po
ema
de G
M é
tid
o co
mo
poet
a e
tem
oap
odo
de S
ette
Car
reir
as.
Jose
ph L
uiz
títul
o 60
r; 6
1rN
ão e
ncon
tram
os n
a do
cum
enta
ção
do s
enad
o da
Câm
ara
o no
me
dest
e pe
rson
agem
com
o A
lmot
acel
da
Lim
peza
. O
ca
rgo
exis
tia
e os
el
eito
s er
amen
carr
egad
os d
a lim
peza
da
cida
de,
com
pos
tura
spa
ra s
erem
exe
cuta
das
pelo
s ha
bita
ntes
.Jo
zeph
35v
Ser
ia u
m d
os f
rade
s ou
fre
qüen
tado
res
do C
onve
nto
de O
dive
las?
Juda
s Is
cari
ote
33r;
33v
Um
dos
doz
e ap
ósto
los,
aqu
ele
que
entr
egou
Jes
usem
troc
a de
din
heir
o.M
andû
59r
Apo
do p
ara
Man
oel
ou d
o tu
pi p
eixe
am
bula
nte,
ou
tolo
; ref
ere-
se a
Man
oel R
odri
gues
da
Sylv
a.M
afom
a17
vM
aom
é; p
rofe
ta d
o Is
lã,
refo
rmad
or r
elig
ioso
(57
0-63
2).
(172
4-25
) há
um
poe
ta d
e S
alva
dor
cham
ado
Lui
zT
eixe
ira
de M
endo
nça.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43203
204
Man
uel R
odri
gues
títul
o 3v
Vig
ário
da
Mad
re d
e D
eus,
ilh
a da
Bah
ia d
e T
odos
os S
anto
s, o
u C
onve
nto
exis
tent
e em
Lis
boa.
Man
uel R
odri
gues
da
Silv
atít
ulo
58v
Tes
oure
iro
da
Câm
ara
da
Bah
ia,
Salv
ador
, qu
eas
sina
Ter
mo
de V
erea
ção
sobr
e co
bran
ça e
dív
idas
,em
16
88,
Ter
mo
de
Con
chav
o co
m
as
vila
s de
Cam
amu,
Cai
ru e
Boi
peba
na
Bah
ia e
m 1
690,
Ter
mo
de R
esol
ução
em 1
694
sobr
e o
azei
te,
na c
ondi
ção
de v
ende
iro.
No
docu
men
to d
e 16
88,
o R
odri
gues
está
in
dica
do,
na
tran
scri
ção,
co
mo
ileg
ível
, no
sde
mai
s ap
arec
e só
o a
peli
do d
e S
ilva.
Mar
te52
rFi
gura
mito
lógi
ca r
oman
a. D
eus
da g
uerr
a e
dos
agri
cult
ores
.M
athi
as52
rSe
ria
o C
apitã
o R
apad
ura
do tí
tulo
48v
?M
ende
s27
vV
ide
Fer
nand
es.
Mer
curi
o52
rM
ercú
rio.
Men
sage
iro
dos
deus
es,
deus
gre
go
doco
mér
cio,
dos
ladr
ões
e da
elo
qüên
cia.
Mig
uel N
ovel
os, F
rei
títul
o 1r
Car
mel
ita (
vide
Gre
góri
o, D
outo
r)
Mig
uel T
eixe
ira
64v
Seri
a um
dos
am
igos
de
GM
, na
s su
as a
ndan
ças
noR
ecôn
cavo
da
Bah
ia,
habi
tant
e da
Vila
de
São
Fra
n-ci
sco
(Vid
e Ín
dice
Top
oním
ico)
.M
iran
daPa
dre
11v;
13v
Um
dos
mui
tos
clér
igos
, fr
ades
ou
secu
lare
s sa
tiri-
zado
s po
r G
M.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43204
205
Mon
teir
oM
anoe
l M
onte
iro
40r;
52r
Com
o
apel
ido
de
Alv
es,
vem
os
um
Man
oel
Mon
teir
o as
sina
ndo,
em
167
2, u
m T
erm
o de
Pos
se e
Jura
men
to d
e um
Sín
dico
do
Sen
ado
da C
âmar
a da
Bah
ia, S
alva
dor.
Em
168
5, M
anoe
l M
onte
iro,
sem
oap
elid
o A
lves
, ass
ina
Ter
mo
de R
esol
ução
da
mes
ma
Câm
ara,
sob
re a
nau
San
ta M
arta
que
apo
rtou
na
Bah
ia, c
om n
egro
s de
Ang
ola
atac
ados
de
bexi
ga.
E,
1690
M
anoe
l M
onte
iro
assi
na
um
Ter
mo
deJu
ram
ento
e P
osse
da
Câm
ara
por
ter
sido
ele
itopa
ra
o m
iste
r de
C
alde
reir
o.
Prov
avel
men
te
umfi
scal
das
cal
deir
as d
e en
genh
os.
Nep
tuno
46v
Fig
ura
mit
ológ
ica
rom
ana.
Deu
s do
mar
, fi
lho
deS
atur
no,
irm
ão d
e Ju
pite
r e
de P
lutã
o. N
a m
itol
ogia
greg
a é
iden
tifi
cado
com
Pos
seid
on.
Niz
e6r
-7v
Des
igna
ção
para
esc
onde
r no
me
de m
ulhe
r, e
m c
eros
caso
s m
usa
dos
poet
as e
m v
ário
s te
mpo
s.N
ora
44r
Nom
e de
mul
her.
Ser
ia u
ma
frei
ra?
Ort
iz, d
om28
rN
ão f
oi p
ossí
vel i
dent
ific
ar e
ste
pers
onag
em.
Peg
aso
3r; 5
0vF
igur
a da
mit
olog
ia g
rega
. C
aval
o al
ado,
nas
cido
do
sang
ue d
e M
edus
a. S
ímbo
lo d
a in
spir
ação
poé
tica
.P
eral
vilh
o32
r; 3
3rÉ
apo
do q
ue s
igni
fica
per
alta
, jan
ota,
cas
quil
ho.
Per
eira
56v
Col
ega
de G
M n
o C
abid
o da
Sé
Arq
uiep
isco
pal?
Pis
sarr
oIg
naci
o P
issa
rro
títu
lo 8
r; 6
4r;
Pro
vave
lmen
te a
mig
o de
GM
e h
abit
ante
da
Vil
a de
S.F
ranc
isco
do
C
onde
, on
de
o av
ô do
po
eta
foi
arre
ndat
ário
do
Eng
enho
de
Ser
egip
e do
Con
de (
vide
Índi
ce T
opon
ímic
o).
zado
s po
r G
M.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43205
206
Polif
emo
12r
Figu
ra m
itoló
gica
gre
ga,
cicl
ope
filh
o de
Pos
seid
on.
Com
um
só
olho
no
mei
o da
test
a, te
ve-o
vaz
ado
por
Ulis
ses.
Qui
xote
33r
Pers
onag
em d
o cé
lebr
e liv
ro d
e M
igue
l C
erva
ntes
,D
om Q
uixo
te d
e La
Man
cha.
Rab
ello
64r
Am
igo
de G
M?
Sam
Ben
edito
38r
São
Ben
edito
, co
gnom
inad
o o
Pret
o; f
ranc
isca
no.
Filh
o de
afr
ican
os,
nasc
ido
em P
aler
mo.
Con
fess
orfa
mos
o po
r se
us m
ilagr
es e
vir
tude
s. N
esta
sát
iraG
M r
evel
a se
u pr
econ
ceit
o ra
cial
.Sa
m C
hris
tóva
oT
ítulo
4v;
5v
São
Cri
stóv
ão (
III s
écul
o), p
adro
eiro
dos
per
egri
nos.
Sam
Fra
ncis
co63
vSã
o Fr
anci
sco
de A
ssis
(11
82-1
226)
, fu
ndad
or d
aO
rdem
dos
Fra
ncis
cano
s.Sa
m P
aulo
22v
O A
póst
olo
dos
Gen
tios.
Dis
cípu
lo d
os a
póst
olos
de
Cri
sto.
Esc
reve
u qu
ator
ze E
píst
olas
. Fo
i de
capi
tado
no r
eina
do d
e N
ero.
Acr
edito
que
nes
te v
erso
GM
se
refe
re a
São
Pau
lo, a
ntig
a ca
pita
nia
de S
ão V
icen
te.
Sant
o A
nton
io38
rSa
nto
de P
ádua
ou
Ant
ônio
de
Lis
boa
(119
5-12
31),
frad
e m
enor
, fr
anci
scan
o.
Um
do
s sa
ntos
m
ais
popu
lare
s em
Por
tuga
l e n
o B
rasi
l. Pr
egou
na
Áfr
ica,
send
o re
conh
ecid
o m
ilagr
eiro
.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43206
207
Saul
o22
vO
nom
e ju
dáic
o pa
ra P
aulo
, no
ca
so
São
Paul
o,ap
ósto
lo
dos
gent
ios,
aqu
eles
que
não
viv
iam
na
cida
de d
e D
eus.
Sim
am57
vN
este
poe
ma,
nom
e pa
ra u
m n
egro
. N
ome
para
São
Sim
ão, o
Can
aneu
, um
dos
doz
e ap
ósto
los
de C
rist
o,ou
Sim
ão,
o M
ago,
que
pre
tend
eu c
ompr
ar d
e S
ãoP
edro
o p
oder
de
faze
r m
ilagr
es,
daí
o no
me
desi
mon
ia p
ara
o tr
áfic
o de
coi
sas
sagr
adas
.T
halia
3r; 5
2vT
alia
. Fig
ura
da m
itol
ogia
gre
ga, m
usa
da c
oméd
ia e
do id
ílio.
Tho
maz
, fre
i43
“rel
igio
zo F
ranc
isca
no”
Tho
maz
Pin
to B
rand
amtít
ulo
38v;
41
v;45
vB
rand
ão;
amig
o de
GM
, qu
e ve
m c
om e
le p
ara
oB
rasi
l em
168
2. T
PB
, po
eta
port
uguê
s (1
664-
1743
),au
tor
do li
vro
Pin
to R
enas
cido
.T
hom
é42
v;U
m m
ulat
o, c
omo
no t
ítulo
do
poem
a. G
M s
atir
iza,
com
vir
ulên
cia,
os
negr
os e
mul
atos
.V
icen
cia
tit 4
1v; 4
2r;
Um
a da
s m
ulat
as,
mus
as s
atir
izad
as p
or G
M,
com
oem
“L
avai
, lav
ai V
icen
cia
este
s so
vaco
s”.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43207
208
Para a feitura deste índice foram utilizadas as seguintesobras:
1. Almeida, Fortunato de. História da Igreja em Portugal. Porto: Livraria Civilização Editora, 1968, II vol,725 p.
2. Documentos Históricos do Arquivo Municipal. Atas da Câmara. Salvador: Prefeitura Municipal doSalvador, V vol (1669-1684) 1950, 442 p, e VI vol (1684-1700), s.d.p., 433 p.
3. Koogan Larousse. Direção de Antonio Houaiss. Rio: Larousse do Brasil, 1982, 1644 p.
4. Aurélio. Rio: Nova Fronteira, 1999.
5. Livro Velho do Tombo do Mosteiro de São Bento da Cidade do Salvador. Bahia: Tipografia Benedi-tina, 1945, 513 p.
6. Pereira, Nuno Marques. Compêndio Narrativo do Peregrino da América. Rio: ABL, 1930, II vol, 284p.
7. Ruy, Affonso. História da Câmara Municipal da Cidade do Salvador. Salvador: Câmara Municipal,1996, 382 p.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43208
209
IX ÍNDICE TOPONÍMICO
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43209
210
Aga
nipe
3rF
onte
con
sagr
ada
às M
usas
, no
mon
te H
elic
ona,
na
Gré
cia.
Ang
ola
Tít
ulo
38v;
46
v;50
r;C
apit
ania
de
A
ngol
a em
15
74,
que
fico
u su
bor-
dina
da a
o G
over
no G
eral
da
Bah
ia n
os s
écul
os X
VII
e X
VII
I. S
ua
deno
min
ação
de
riva
do
R
ei N
gola
,ir
mão
da
céle
bre
Rai
nha
Jing
a. A
té 1
975
foi
colô
nia
de P
ortu
gal,
liber
tand
o-se
por
um
pro
cess
o de
lut
are
volu
cion
ária
.B
ahia
títu
lo
15v;
16
v;17
r;
18v;
22
v;32
v;
51v;
56
v;tí
tulo
59
r;
títu
lo61
v ;
62r
; 62v
;
Pod
e-se
ref
erir
tan
to à
cid
ade
de S
alva
dor
com
o à
anti
ga c
apit
ania
da
Bah
ia.
Bra
sil/
Bra
zil
28v;
55
v;
títu
lo62
vC
olôn
ia p
ortu
gues
a de
sde
1500
. S
ua p
rim
eira
cap
i-ta
nia
foi
a B
ahia
, ci
dade
do
Sal
vado
r, f
unda
da e
m15
49. E
m 1
822
o B
rasi
l fic
ou i
ndep
ende
nte.
Cai
ru59
rO
u C
ayrú
–
anti
quís
sim
a vi
la,
situ
ada
na
ilha
hom
ônim
a, u
ma
das
que
pert
ence
m a
o ar
quip
élag
odo
Mor
ro d
e S
ão P
aulo
, na
Bah
ia.
A f
regu
esia
diz
-se
ter
sido
fu
ndad
a em
16
06
e a
vila
em
16
10.
OC
onve
nto
de S
ão F
ranc
isco
que
ain
da h
oje
exis
te f
oico
nstr
uído
em
165
0. A
ntes
da
sua
ocup
ação
pel
oco
loni
zado
r,
Cai
ru
foi
habi
tada
pe
los
tupi
niqu
ins,
dali
ent
ão b
anid
os.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43210
211
Caj
ahib
atít
ulo
32v
Ou
Caj
aiba
– i
lha
que
fica
na
embo
cadu
ra d
o R
ioS
ereg
ipe
(ou
Ser
gipe
) em
são
Fra
ncis
co d
o C
onde
,na
Bah
ia.
GM
fal
a no
s Se
nhor
es C
ajaí
bas,
ilh
a qu
epe
rten
ceu
ao C
onde
de
Lin
hare
s, g
enro
de
Mem
de
Sá,
de
quem
her
dou
o af
amad
o en
genh
o de
Ser
egip
edo
Con
de,
no R
ecôn
cavo
bai
ano.
Seg
undo
Pir
ajá
daS
ilva,
“ci
ri-g
ipe
é ri
o do
s si
ris.
Ser
gi é
hoj
e o
nom
edo
ri
o”.
Aca
yá-i
ba,
árvo
re
da
cajá
, a
caja
zeir
a(s
pond
ias
bras
ilien
sis)
. Pir
ajá
da S
ilva
abon
a ac
ará-
iba.
Car
mo
títul
o 1r
Con
vent
o e
igre
ja d
e N
ossa
Sen
hora
, da
Ord
em d
osC
arm
elita
s, o
nde
GM
est
eve
hom
izia
do.
No
sécu
loX
VII
I es
tava
no
seu
espl
endo
r co
m u
ma
belís
ima
sacr
estia
. O
C
arm
o, n
o te
mpo
de
GM
, fi
cava
já
extr
a-m
uros
da
cida
de d
o Sa
lvad
or,
além
das
por
tas
de S
anta
Cat
arin
a.
Eus
ébio
de
M
atto
s,
irm
ão
dopo
eta,
foi
car
mel
ita e
gra
nde
orad
or s
acro
.C
oim
bra
títul
o 38
vC
idad
e de
Por
tuga
l, à
mar
gem
do
rio
Mon
dego
, no
Dou
ro,
onde
foi
fun
dada
a U
nive
rsid
ade
(130
8) p
orD
.Din
is, n
a qu
al G
M e
stud
ou D
irei
to C
anôn
ico.
colo
niza
dor,
C
airu
fo
i ha
bita
da
pelo
s tu
pini
quin
s,da
li e
ntão
ban
idos
.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43211
212
Con
go48
rP
roví
ncia
de
A
ngol
a.
Em
14
82
Dio
go
Cão
,na
vega
dor
port
uguê
s,
colo
ca
um
Pad
rão
naem
boca
dura
do
R
io C
ongo
. N
o an
o de
15
69
ospo
rtug
uese
s as
sum
em a
reg
iào
dos
rein
os d
e C
ongo
,M
atam
ba e
Ang
ola
(Ngo
la,
pala
vra
para
sig
nifi
car
rei,
um c
hefe
, qu
e o
foi
com
ess
e no
me)
. A
rai
nha
Nzi
nga
(Jin
ga),
em
163
0 in
icia
a s
ua r
evol
ta c
ontr
aos
por
tugu
eses
.E
spir
ito S
anto
15v
Ant
iga
capi
tani
a, c
riad
a em
153
4. E
m 1
674
Ant
onio
Lui
z G
onça
lves
da
Câm
ara
Cou
tinho
(vi
de Ï
ndic
eO
nom
ástic
o) v
ende
u a
capi
tani
a a
Fran
cisc
o G
il de
Ara
újo.
A
pa
rtir
do
sé
culo
X
VII
I os
se
usgo
vern
ador
es
eram
su
balte
rnos
do
G
over
no
daB
ahia
. Com
a v
inda
da
fam
ília
rea
l, em
180
8, p
ara
oB
rasi
l, fi
ca in
depe
nden
te d
a B
ahia
.E
urop
a55
vU
m d
os c
inco
con
tine
ntes
, lim
itado
a N
pel
o Á
rtic
o,a
O p
elo
Atlâ
ntic
o, a
S p
elo
Med
iter
râne
o, p
elas
mon
tanh
as d
o C
auca
so,
e a
E p
elo
mar
Cás
pio
em
onte
s U
rais
.G
alile
a64
vL
ocal
das
pré
dica
s de
Jes
us.
Reg
ião
da P
ales
tina
,pr
óxim
a ao
lago
de
Gen
esar
é.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43212
213
Gui
né48
rD
enom
inaç
ão d
ada
à po
rto
da Á
fric
a en
tre
o S
eneg
ale
o C
ongo
, e
banh
ada
pelo
go
lfo
de
Gui
né
noA
tlânt
ico.
Jeru
sale
m63
vA
ntig
a ca
pita
l da
Jud
éia,
dep
ois
da P
ales
tina
. É
aci
dade
do
mur
o da
s la
men
taçõ
es e
do
San
to S
epul
cro
onde
foi
ent
erra
do J
esus
.Jo
rdam
36r
Rio
da
Pale
stin
a, q
ue n
asce
no
Líb
ano
e de
ságu
a no
Mar
Mor
to.
Nes
te r
io J
esus
foi
bat
izad
o po
r Sã
oJo
ão B
atis
ta.
Lis
boa
16v;
títu
lo 3
4vM
etró
pole
, co
rte,
cid
ade
e ca
pita
l de
Por
tuga
l. F
oim
unic
ípio
rom
ano,
dep
ois
dom
inad
a pe
los
visi
godo
se
árab
es,
e re
conq
uist
ada
em 1
147
por
D.A
fons
oH
enri
ques
. D
iz a
len
da q
ue L
isbo
a fo
i fu
ndad
a po
rU
lisse
s, d
aí ta
mbé
m s
er c
onhe
cida
com
o U
lissi
pone
.M
adei
ra, i
lha
de15
vIl
ha d
o ar
quip
élag
o ho
môn
imo,
no
Atlâ
ntic
o, a
O d
oM
arro
cos.
Hoj
e re
gião
aut
ônom
a de
Por
tuga
l.M
adre
de
Deo
stít
ulo
3vM
adre
de
Deu
s, i
lha
da B
ahia
de
Tod
os o
s Sa
ntos
,ou
Con
vent
o ex
iste
nte
em L
isbo
a.M
aldi
vas
20v
Ilha
do
Oce
ano
Índi
co?
próx
ima
ao la
go d
e G
enes
aré.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43213
214
Mar
apé
títul
o 27
v; 2
8rM
bará
-apé
, o
cam
inho
do
mar
ou
que
leva
ao
mar
,fe
ito
de a
reia
sól
ida
e pu
ra d
o co
mpr
imen
to d
e m
eia
légu
a m
ar
aden
tro.
S
egun
do
Gab
riel
S
oare
s de
Sou
za,
Mar
apé
pode
se
r co
nhec
ida
com
o “u
ma
ense
ada
...
a qu
al
vai
corr
endo
à
boca
do
ri
oS
ereg
ipe
(Vid
e ne
ste
Índi
ce
Caj
ahib
a),
e te
rá
agr
ande
za
de
duas
lé
guas
”.
Pir
ajá
da
Silv
a no
sin
form
a qu
e M
arap
é es
tá s
ituad
o na
s vi
zinh
ança
s ou
ante
s na
s pr
aias
da
cida
de d
e S
.Fra
ncis
co (
do C
onde
)si
ta n
o R
ecôn
cavo
da
Bah
ia.
A
lend
a di
z qu
e o
cam
inho
de
Mar
apé
(de
arei
a só
lida
) fo
i fe
ito p
orS
.Tom
é, q
uand
o fu
gia
da f
úria
dos
índ
ios.
Mar
apé
vale
o m
esm
o na
lín
gua
dos
braz
is q
ue c
amin
ho d
oho
mem
br
anco
(P
iraj
á da
S
ilva,
re
feri
ndo-
se
aoP
adre
Sim
ão d
e V
asco
ncel
os.
Not
ícia
s da
s C
ousa
sdo
Bra
sil,
liv.I
I, n
o. 2
8).
Nor
oega
25v
Ter
ritó
rio
vass
alo
da D
inam
arca
. Nos
séc
ulos
XV
II e
XV
III
os i
ntel
ectu
ais
port
ugue
ses
mui
to i
ncen
tiva
-ra
m a
sep
araç
ão. H
oje
sua
capi
tal é
Osl
o.O
dive
llas
títu
lo 3
4vC
onve
nto
de
frei
ras
pert
o de
L
isbo
a,
com
m
uita
fam
a po
r se
us a
mor
es f
reir
átic
os.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43214
215
Pac
tolo
3rP
eque
no r
io d
a L
ídia
, af
luen
te d
o H
erm
o. E
m s
uas
água
s en
cont
rava
m-s
e pa
lhet
as d
e ou
ro,
que
dera
mor
igem
à f
ortu
na d
e C
reso
. M
idas
, se
gund
o a
lend
a,ba
nhav
a-se
nes
te r
io.
Pal
ma,
sít
io d
atít
ulo
31r
Loc
alid
ade
de
Sal
vado
r,
com
to
poní
mia
ai
nda
exis
tent
e. T
heod
oro
Sam
paio
fal
a em
“C
ampo
da
Pal
ma
e do
Bai
rro
do D
este
rro,
des
ta c
idad
e, n
o an
ode
156
7, s
egun
do a
trad
ição
”.P
arna
soM
onte
da
G
réci
a,
ao
nord
este
de
D
elfo
s.
Éco
nsag
rado
a A
polo
e à
s m
usas
.P
assè
63r
Apa
ssé
ou
Iapa
ssé,
co
mo
se
vê
nos
velh
osdo
cum
ento
s do
séc
ulo
XV
I. Y
a-pa
ssé
ou a
-pas
sé,
sign
ific
a co
isa
dest
acad
a ou
sep
arad
a, d
e al
usão
ape
quen
ino
ilhé
u de
for
ma
pira
mid
al,
dest
acad
o de
terr
a fi
rme.
É u
m i
lhéu
cha
mad
o P
acé,
def
ront
e da
Ilha
de
Mar
é, s
egun
do G
abri
el S
oare
s de
Sou
za.
Pir
ajá
da S
ilva
acre
scen
ta:
Top
ete
é co
mo
se c
ham
aes
te p
ened
o. I
lha
do T
opet
e. E
ra a
fre
gues
ia d
e N
.S.
do S
ocor
ro d
o R
ecôn
cavo
. A
cos
ta d
o co
ntin
ente
(fic
a em
fre
nte
ou p
or tr
az d
o il
héu)
, que
tem
o n
ome
de P
assé
, fr
egue
sia
com
pov
oam
ento
por
eng
enho
s,no
séc
ulo
XV
II.
aa
pose
usa
oes
eát
cos.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43215
216
Por
tuga
l28
vA
su
a de
nom
inaç
ão
prov
ém
de
uma
unid
ade
adm
inis
trat
iva
do
rein
o de
L
eão,
C
onda
doP
ortu
cale
nse,
qu
e to
mou
o
nom
e de
po
voaç
ãoro
man
a já
exi
sten
te –
Por
tuca
le.
Rei
no f
unda
do e
m11
47
por
D.A
fons
o H
enri
ques
, de
pois
de
lu
tas
cont
ra o
s m
ouro
s e
sua
mãe
D.T
eres
a. E
m 1
636,
quan
do
nasc
eu
GM
, P
ortu
gal
esta
va
anex
ado
aore
ino
de
Cas
tela
. N
o an
o de
16
40,
deu-
se
are
stau
raçã
o, c
om a
sub
ida
ao tr
ono
de D
. Joã
o IV
.R
io d
e Ja
neir
o46
vC
apita
nia
em 1
567,
des
mem
brad
a da
Cap
itani
a de
S.V
icen
te.
Em
15
68.
Sal
vado
r C
orre
ia
de
Sá
eB
enev
ides
fo
i no
mea
do
capi
tão-
gene
ral
das
capi
tani
as d
o S
ul d
o B
rasi
l. E
m 1
763
pass
a a
ser
aca
pita
l da
co
lôni
a,
com
a
tran
sfer
ênci
a do
vi
ce-
rein
ado
de S
alva
dor
para
o R
io.
Rom
a9r
Sig
nifi
cand
o o
Vat
ican
o, o
pap
ado,
a I
grej
a, e
não
aci
dade
ital
iana
ou
o an
tigo
Im
péri
o R
oman
o.S
am F
ranc
isco
, sít
io d
e8r
; vi
lla
títul
o63
vU
ma
das
vila
s m
ais
anti
gas,
foi
cri
ada
por
alva
rá d
e27
.11.
1697
. O c
onve
nto
de S
.Fra
ncis
co (
fund
ado
em16
18),
cuj
a pr
imei
ra c
asa
foi
asse
ntad
a em
Mar
apé
(vid
e).
D.
João
de
A
lenc
astr
o (v
ide
Índi
ceon
omás
tico)
foi
que
m
esco
lheu
o
loca
l pa
ra e
sta
Vila
, na
qu
al
exis
tiu
o E
ngen
ho
de
Ser
egip
e do
Con
de.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43216
217
S. F
ranc
isco
títul
o 29
Con
vent
o e
Igre
ja
da
cida
de
do
Sal
vado
r.
Aco
nhec
ida
igre
ja b
arro
ca d
e m
aior
opu
lênc
ia d
oura
dano
Bra
sil,
com
ped
ra f
unda
men
tal
lanç
ada
em 1
708,
e co
nstr
uída
dur
ante
déc
adas
. GM
cer
tam
ente
ref
ere-
se
às
cons
truç
ões
prim
itiva
s do
s se
ráfi
cos
emS
alva
dor.
Sam
Pau
lo22
vA
ntig
a ca
pita
nia
de S
ão V
icen
te.
Em
168
3 se
fez
auto
de
po
sse
do
pred
icam
ento
a
São
Paul
o de
Pir
atin
inga
, fu
ndad
a pe
los
Jesu
itas
em 1
554.
E
m17
09,
D.J
oão
V c
riou
a c
apita
nia
de S
ão P
aulo
eM
inas
, qu
e,
assi
m,
deix
ava
de
esta
r su
jeita
ao
gove
rno
do R
io d
e Ja
neir
o. E
m 1
711
São
Pau
lo,
devi
la q
ue e
ra, p
assa
a s
er c
idad
e.T
abor
64v
Mon
tanh
a de
Isr
ael
a SE
de
Naz
aré,
ond
e oc
orre
u a
tran
sfig
uraç
ão d
e Je
sus
Cri
sto.
Via
nna
4v; 5
vV
iann
a do
Cas
telo
, ci
dade
de
Por
tuga
l, ao
nor
te,
noM
inho
(p
roví
ncia
) qu
e se
se
para
da
G
aliz
a,
naE
span
ha, p
elo
rio
Min
ho.
Vitó
ria
15v
Vila
da
Cap
itani
a do
Esp
írito
San
to (
vide
)
)q
pV
ila,
na
qual
ex
istiu
o
Eng
enho
de
S
ereg
ipe
doC
onde
.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43217
218
Para a feitura deste Índice foram utilizadas as seguintesobras:1. Barros, Francisco Borges de. Diccionario Geographico e Histórico da Bahia. Bahia: Imprensa Oficialdo Estado, 1923. 394 págs.
2. Dicionário da História da Colonização Portuguesa no Brasil. Org. Maria Beatriz Nizza da Silva.Lisboa: Editorial Verbo, 1994. 839 págs.
3. Koogan Larousse. Direção de Antonio Houaiss. Rio: Larousse do Brasil, 1982. 1644 págs.
4. Sampaio, Theodoro. O Tupi na Geografia nacional. 3ª ed. Bahia: 1928. 304 p.
5. Sampaio, Theodoro. História da Fundação da Cidade do Salvador. Salvador: Tipografia Beneditina,1949. 295 p.
6. Souza, Gabriel Soares de. Notícia do Brasil. 2 vols. São Paulo: Martins Editora, s.d.p., com introdução,comentários e notas de Pirajá da Silva.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43218
219
BIBLIOGRAFIA
EDIÇÕES
1. BARBOSA, Januário da Cunha. Parnaso Brasileiro, ou colleção dasmelhores poezias dos poetas do Brasil, tanto ineditas como jáimpressas 2 vols. Rio de Janeiro: Typ. Imperial e Nacional 1829-1831 II, p.53-61
2. GUIMARÃES, Pedro Pereira da Silva. Vademeco dos poetas ou col-lecção de sonetos joco-serios exquisitos, curiosos, e burlescos,extrahidos de varios autores. Pernambuco da Typografia de Ma-nuel Marques & Companhia, 1835. p.81.
3. SILVA, João Manoel Pereira da. Parnaso Brasileiro ou Seleção depoesias dos melhores poetas brasileiros, desde o descobrimentodo Brasil; precedida de uma introdução histórica e biográfica so-bre a literatura brasileira. 2 vols. Rio de Janeiro: Lammaert, 1843-1848. I, p.27 e 47-53
4. SILVA, Joaquim Norberto Sousa. Estudos sobre a literatura brasileiradurante o século XVII. Minerva Brasiliense, I, p.41-45 e 76-82.Rio de Janeiro: 1843.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43219
220
5. VARNHAGEN, F.A. de. Florilégio da poesia brasileira ou colleção dasmais notáveis composições dos poetas brasileiros falecidos, con-tendo as biografias de muitos deles, tudo precedido de um ensaiohistórico sobre as letras no Brasil. 3 vols. Rio de Janeiro: Publica-ções da Academia Brasileira, 1946 (I ed. Lisboa, Imprensa Nacio-nal 1850-1853). I, p.69-173 e III, p.310
6. SILVA, João Manoel Pereira do. Os varões ilustres do Brasil duranteos tempos coloniais 2 vols.Paris: Franck/Guillaumin 1858. I p.33e 159-183
7. PINHEIRO, Joaquim Caetano Fernandes. Curso elementar de litera-tura nacional. II ed. Rio de Janeiro: Garnier, 1883 (I ed.1862).p.203-208
8. WOLF, Ferdinand. Le Brésil littéraire. Berlin: Asher & Co., 1863. Iparte, p.11-19; II parte, 7-15.
9. Obras Poéticas de Gregório de Matos Guerra, precedidas pela vidado poeta pelo licenciado Manoel Pereira Rebello. Ed. Alfredo ValeCABRAL. vol.I - Sátiras. Rio de Janeiro: Tip.Nacional, 1882
10. MORAIS FILHO, Melo. Parnaso Brasileiro. Século XVI-XIX. 2 vols.Rio de Janeiro: Garnier, 1885. I, pp.43-55.
11. Obras de Gregório de Matos. Dir. de Afrânio PEIXOTO. 6 vols. Riode Janeiro: Publicações da Academia Brasileira 1923-1933 (Sacra,I, 1929; Lírica, II, 1923; Graciosa, III, 1930; Satírica, IV e V, 1930;Ultima, VI, 1933).
12. Obras completas. 2 vols. São Paulo: Ed.Cultura, 1943.
13. Poesias Satíricas. Pref. e seleção de Fernando GÓES. São Paulo: Ed.Universitária, 1945.
14. SPINA, Segismundo.Gregório de Matos. Introdução, seleção e no-tas. São Paulo: Assunção, 1946. Reeditado em 1995 pela EDUSP.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43220
221
15. Obras completas de Gregório de Matos. Crônica do viver baianoseiscentista. Ed.James AMADO. 7 vols. Salvador: Janaína, 1968.
16. PÓLVORA, Hélio. Para conhecer melhor Gregório de Matos. Rio deJaneiro: Bloch, 1974.
17. SALLES, Fritz Teixeira de. Poesia e protesto em Gregório de Matos.Estudo crítico e seleção de poemas. Belo Horizonte: Interlivros,1975.
18. Poemas escolhidos. Seleção, introdução e notas de José MiguelWISNIK. São Paulo: Cultrix, 1976.
19. HOLLANDA, Sérgio Buarque de. Antologia dos poetas brasileirosda fase colonial. II ed. São Paulo: Perspectiva, 1979. p.53-99 e494-497.
20. Gregório de Matos. Seleção de textos, notas, estudos biográfico,histórico e crítico por Antônio DIMAS. São Paulo: Abril, 1981.
21. Os melhores poemas de Gregório de Matos. Seleção de DarcyDAMASCENO. São Paulo: Global, 1985.
22. Gregório de Matos. Sátira. Org. de Angela Maria DIAS. Rio de Janei-ro: Agir 1985 (Nossos clássicos 113).
23. Gregório de Matos, Escritos. Seleção e notas de Higino BARROS.Porto Alegre: L&PM Editores 1986.
24. Se souberas falar também falaras. Antologia poética. Org., sel.,notas por Gilberto Mendonça TELES. Lisboa: Imprensa Nacional,1989.
25. Gregório de Matos: Obra Poética. Ed James AMADO. Notas de E.Araújo. 2 vols. Rio de Janeiro: Record, 1990 [reedição do nº 15]
26. Antologia Poética de Gregório de Matos. Seleção de Walmir AYALA.Apresentação de Leodegário A. de Azevedo Filho. 4ª edição. Rio deJaneiro: Ediouro, 1991.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43221
222
27. Ausgewählte Gedichte Ed. e trad. de Methchild BLUMBERG e BirgitRUSSI. Berlin: ELA - Edition Lateinamerika, 1992.
28. Poemas do Boca do Inferno. Poesias Fesceninas. Introdução deJosé Emílio Major Neto. São Paulo: Princípio, 1993.
29. Poesias de Gregório de Matos. Edição diplomática organizada porJosé Pereira da SILVA. Rio de Janeiro: UERJ/DIGRAF, 1997 [é aedição diplomática do códice da Biblioteca Nacional do Rio deJaneiro 50,66, por sua vez cópia realizada no século XIX de partede um códice conservado em Évora].
30. Senhora Dona Bahia. Poesia satírica de Gregório de Matos. Seleção,introdução, estudo crítico e notas de Cleise Furtado MENDES.Salvador: EDUFBA, 1998.
SOBRE O POETA
31. ALVES, Constâncio. Gregório de Matos. In Obras de Gregório deMatos. 6 vols. Rio de Janeiro: Publicações da Academia Brasileirade Letras 1923-33. IV (Satírica), 1930, p.9-40
32. ANDRADE, Mário de. Literatura nacional (3.XII.1939) O empa-lhador de passarinho. São Paulo: Livraria Martins, 1955 (II ed.).p.165-168.
33. ARARIPE Júnior, T.A. Gregório de Mattos. Rio de Janeiro/Paris:Garnier, 1910 (II ed.; I ed. 1899).
34. ÁVILA, Affonso. O barroco e uma linha de tradição creativa. e Anatureza e o motivo edênico na poesia colonial. O poeta e aconsciência crítica. São Paulo: Summus Editorial, 1978 (II ed.).p.15-24 e p.25-32.
35. ÁVILA. O lúdico e as projeções do mundo barroco. São Paulo:Perspectiva, 1980. (II ed; I 1971). p.93-98.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43222
223
36. BARQUIN, Maria del Carmen. Gregório de Matos La epoca - elhombre - la obra. Ciudad del Mexico: Robredo, 1946.
37. BATES, Margaret J. A Poet of the Seventeenth Century, Brazil -Gregório de Mattos. The Americas, Washington, IV/1, July 1947.p.83-99.
38. BIBLIOTECA NACIONAL. Manuscritos: séc. XII-XVIII. Pergaminhosiluminados e documentos preciosos. Rio de Janeiro: Publicaçõesda B.N., 1973. n.111-118.
39. BOSI, Alfredo. O leitor de Gregório de Matos. In ARARIPE JÚNIOR.Teoria crítica e história literária. Seleção e apresentação deAlfredo Bosi. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos/SP,EDUSP 1978. p.275-277.
40. BOSI Do antigo estado à máquina mercante. Dialética da coloni-zação. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. p.96-118.
41. CABRAL, Alfredo do Vale. Introdução. Obras Poéticas de Gregóriode Matos. Rio de Janeiro: Tip.Nacional, 1882. p.V-LIII.
42. CALMON, Pedro. História da literatura baiana. Rio de Janeiro:José Olympio, 1949. p.25-35.
43. CALMON. Vida espantosa de Gregório de Matos. Rio de Janeiro:José Olympio / Brasília: INL, 1983.
44. CAMPOS, Augusto de. Da América que existe: Gregório de Matos. InPoesia Antipoesia, Antropofagia. São Paulo: Cortez & Moraes,1978. Reimpresso in GM. Obra Poética. Ed. J.Amado, 1990. p.1292-1305.
45. CAMPOS, A. de. Arte final para Gregório. O anticrítico. São Paulo:Companhia das Letras, 1986. p.85-93. (antes em Antiantologiada poesia baiana .Salvador: GFM - Propeg, 1974)
46. CAMPOS, Haroldo de. A poesia barroca e a realidade nacional. Ten-dência n.4, 1962.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43223
224
47. CAMPOS, H. de. Texto e história (1967). A operação do texto. SãoPaulo: Perspectiva, 1976. p.13-22.
48. CAMPOS, H. de. Poética sincrônica. A arte no horizonte do prová-vel. São Paulo: Perspectiva 1969. Publicado anteriormente emCorreio da Manha, Rio de Janeiro: 22.10.1967.
49. CAMPOS, H.de. O seqüestro do barroco na Formação da literatu-ra brasileira: o caso Gregório de Matos Salvador: FundaçãoCasa de Jorge Amado, 1989.
50. CARVALHO, Ronald de. Pequena história da literatura brasileira.Rio de Janeiro: Briguiet, 1955 (X ed.; I ed.1919). p.99-120.
51. CAVALCANTE, Rodolfo Coelho. Gregório de Matos - o pai dos tro-vadores brasileiros. Salvador: Casa do Trovador, 1976.
52. CHOCIAY, Rogério. Os metros do Boca. Teoria do verso em Gregóriode Matos. São Paulo: Ed. UNESP, 1993.
53. COUTINHO, Afrânio. Aspectos da literatura barroca. Rio de Janei-ro, s.e. 1950. p.134-137.
54. COUTINHO. A tradição afortunada. A tradição afortunada. Rio deJaneiro: José Olympio, 1968. p.159-189.
55. COUTINHO.O processo de descolonização literária. Rio de Janei-ro: Civilização Brasileira, 1983. p.19-55.
56. CUNHA, Euclides da. Carta a Araripe Júnior. (Lorena 12.3.1903).Obra completa. 2 vols. Rio de Janeiro: Aguilar, 1966. II, p.625-27.
57. CUNHA, Helena Parente. Convivência maneirista e barroca na obrade Gregório de Matos. Origem da literatura brasileira. Rio deJaneiro: Tempo Brasileiro 1979. p.79-108.
58. DIAS, Angela Maria. O resgate da dissonância. Sátira e projetoliterário brasileiro. Rio de Janeiro: Antares / Inelivro, 1981.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43224
225
59. DIMAS, Antônio. Gregório de Matos Guerra ao português. InRoberto Schwarz, org. Os pobres na literatura brasileira. SãoPaulo: Brasiliense, 1983. p.13-20.
60. FITZ, Earl E. Gregório de Matos and Juan del Valle Caviedes: twobaroque poets in colonial Portuguese and Spanish America. INTI,Revista de literatura Hispánica n.5-6, primavera-outono 1977.
61. GOMES, Eugênio. O gênio cômico de Gregório de Matos. e Sobretrês sonetos de Gregório de Matos.Visões e revisões. Rio de Janei-ro: INL, 1958. p.9-17; 18-28.
62. GOMES, João Carlos Teixeira. Gregório de Matos, o Boca de Brasa.Um estudo de plágio e criação intertextual. Petrópolis: Vozes,1985.
63. HANSEN, João Adolfo. A sátira e o engenho. Gregório de Matos e aBahia do século XVII. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
64. HELENA, Lucia. Um antropófago em Salvador. Uma literatura an-tropofágica. Rio de Janeiro: Cátedra/Brasília: INL, 1982. p.20-45
65. HOUAISS, Antônio. A tradição de Gregório de Matos. In 1° Simpósiode língua e literatura portuguesa. Rio de Janeiro: Ed.Gernasa,1967.
66. JULIO, Sílvio. Gregório de Matos e Quevedo. Penhascos. Rio de Janei-ro: Coelho Branco, 1933. p.245-259.
67. JULIO. Os plágios de Gregório de Matos Guerra. Reações na literatu-ra brasileira. Rio de Janeiro: H.Antunes 1938. p.102-137.
68. JULIO. Fundamentos da poesia brasileira. Rio de Janeiro: CoelhoBranco, 1930. p.70-72.
69. LA REGINA, Silvia. A recepção de Gregório de Mattos no século XVIII.Merope 8 (V). Pescara,Gennaio 1993. p.45-57.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43225
226
70. LA REGINA. Gregório de Mattos e la mouvance. Merope 26 (XI).Pescara, Gennaio 1999. p. 38-47.
71. LA REGINA. Per un’edizione critica di Gregório de Mattos. In E vós,Tágides minhas. Miscellanea in onore di Luciana StegagnoPicchio. Roma: Baroni, 1999. pp.405-413.
72. LIMA, Manuel de Oliveira. Aspectos da literatura colonial brasilei-ra. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1984 (I ed.1896). p.128-138.
73. LUCAS, Fábio. A hipótese Gregório de Matos e o barroco. Do barrocoao moderno. São Paulo: Ática, 1989. p.9-27.
74. LUND, Christopher C. Os sonetos filosóficos-morais de Gregório deMatos e Sor. Inês de la Cruz. Barroco, 4, Minas Gerais, UFMG 1972p.77-90.
75. MARQUES, Xavier. Gregório de Matos. In Obras de Gregório deMatos. Ed. ABL. vol.III (Graciosa). p.9-27.
76. MARTINS, Heitor. Gregório de Matos: mito e problemas. Do barrocoa Guimaraes Rosa. Belo Horizonte: Itatiaia/Brasília: INL ,1983.p.235-245.
77. MARTINS, Wilson. O caso Gregório de Matos.História da inteligên-cia brasileira. 7 vols. São Paulo: Cultrix/EDUSP, 1976. I, p.225-233.
78. MEYER, Marlise. Desenganada rosa? Pirineus, Caiçaras...São Pau-lo: Conselho Estadual de Cultura, 1967. p.67-73.
79. PAES, José Paulo. Um bacharel no Purgatório. Mistério em casa.São Paulo: Conselho Estadual de Cultura, 1961.
80. PEIXOTO, Afrânio. Éditos e inéditos de Gregório de Matos. In Obrasde Gregório de Matos. Ed.ABL. Vol.I (Sacra), 1929, p.9-21.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43226
227
81. PEREIRA, Nuno Marques. Compêndio narrativo do Peregrino daAmérica. 2 vols. Rio de Janeiro: Publicaçoes da Academia Brasilei-ra, 1939 (VI ed; I ed.1728). II, p.51-65 e 100-120.
82. PERES, Fernando da Rocha. Negros e mulatos em Gregório de Mat-tos. Afro-Ásia, n.os 4-5, CEAO da UFBA, Salvador, 1967, págs. 59-75.
83. PERES. Gregório de Mattos e Guerra em Angola. Afro-Ásia, n.os 6-7,CEAO da UFBA, Salvador, 1968, págs.17-40.
84. PERES. Gregório de Matos e Guerra: seu primeiro casamento.Universitas, Revista de Cultura da UFBA, n.1, Salvador, 1968, págs.135-142.
85. PERES. Documentos para uma biografia de Gregório de MattosGuerra. Universitas, Revista de Cultura da UFBA, n.2. Salvador,1969. p.53-65.
86. PERES. Os filhos de Gregório de Mattos e Guerra. Salvador: Cen-tro de Estudos Baianos, 1969.
87. PERES. Gregório de Matos: os códices em Portugal. Revista Brasilei-ra de Cultura. n.9, MEC. Rio de Janeiro 1971. p.105-114.
88. PERES. O pinto novamente renascido. Universitas (8-9), Salvador,UFBa, jan-ago 1971 p.215-249.
89. PERES. Gregório de Mattos Guerra - uma re-visão biográfica.Salvador: Macunaima, 1983.
90. PERES. Gregório de Mattos e a Inquisição. Salvador: Centro deEstudos Baianos, 1987.
91. PERES. A família Mattos na Bahia do século XVII. Salvador: Cen-tro de Estudos Baianos da Ufba, 1988.
92. PIRES, Homero. Gregório de Matos, poeta religioso. In Obras deGregório de Matos. Ed.ABL. I (Sacra), 1929, p.23-38.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43227
228
93. PÓLVORA, Hélio. Introdução. Para conhecer melhor Gregório deMatos. Rio de Janeiro: Bloch, 1974. p.7-57.
94. PORTELLA, Eduardo. Gregório de Matos - a tesoura, o tesouro.Confluências. Manifestações da consciência comunicativa.Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1983.
95. REEDY, Daniel R. Gregório de Matos, the Quevedo of Brasil.Comparative Literature Studies, II, n.3, 1965.
96. RIBEIRO, João. O padre Manoel Bernardes e o poeta Gregório deMatos. e Gregório de Matos e Luís de Gôngora O fabordão. Rio deJaneiro: Garnier, 1910. p.55-63; 305-315.
97. RIBEIRO. Acerca de Gregório de Matos. (1925). Cartas devolvidas.Rio de Janeiro: São José 1960 (II ed.). p.96-102.
98. RIBEIRO. Gregório de Matos (1930). Crítica. Clássicos e românti-cos brasileiros. Rio de Janeiro: ABL, 1952. p.45-46.
99. ROMERO, Sílvio. História da literatura brasileira. 5 vols. Rio deJaneiro: José Olympio, 1953 (V ed.; I ed. 1888). II, p.405-425.
100. RÓNAI, Paulo. Um enigna da nossa história literária: Gregório deMatos. Revista do Livro, vol.I, n.3-4, 1956. p.55-66.
101. SAFADY, Naief. Gregório de Matos. in AA. VV. Panorama da literatu-ra brasileira. 6 vols. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1959. I,p.17-20.
102. SALLES, Fritz Teixeira de. Poesia e protesto em Gregório de Ma-tos. Estudo crítico e seleção de poemas. Belo Horizonte:Interlivros, 1975.
103. SILVA, Joaquim Norberto de Souza. Modulações poéticas. Prece-didas de um Bosquejo da história da poesia brasileira. Rio de Ja-neiro: Typographia Francesa, 1841.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43228
229
104. SPINA, Segismundo. Gregório de Matos. in A literatura no Brasil.dir. de Afrânio Coutinho. 3 vols. Rio de Janeiro: Editorial Sul Ame-ricana, 1955. I, 1, p.363-376.
105. SPINA. A língua literária no período colonial: o padrão português.Gregório de Matos. São Paulo, Revista do IEB da USP (22), 1980.p.61-75.
106. SPINA. Monografia do Marinícolas Revista Brasileira. Rio de Janei-ro, ABL, VI, 17, jun/set 1946. p.89-99.
107. SPINA. Gregório de Matos. Da Idade Média e outras idades. SãoPaulo: 1964. p.165-75
108. SPINA. Introdução. Gregório de Matos. São Paulo: Assunção,1946. p.7-50. A obra, com profundas alterações, foi republicadapela Edusp em 1995, com prefácio de Haroldo de Campos e como título de A poesia de Gregório de Matos.
109. STEGAGNO PICCHIO, Luciana. Storia della letteratura brasi-liana. Torino: Einaudi, 1997. p. 53-57.
110. TOPA, Francisco. Das tarefas por cumprir que nos deixou o Boca.Porto, Terceira Margem. Revista do Centro de Estudos Brasileiros.N. 2, 1999. p.25-28.
111. VERISSIMO, José. Gregório de Matos. Estudos Brasileiros. Rio deJaneiro: Cia. Tipográfica do Brasil, 1894. p.225-238.
112. VERISSIMO. Gregório de Matos. Revista da Academia Brasileirade Letras, 7, 1912.
113. VERISSIMO. História da literatura brasileira. Rio de Janeiro:Francisco Alves, 1916. p.87-102.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43229
230
OUTROS TEXTOS
114. ACIOLI, Vera Lucia Costa. A escrita no Brasil Colônia: um guiapara leitura de documentos manuscritos. Recife: FUNDAJ, Edi-tora Massangana; UFPE: Editora Universitária, 1994.
115. AVALLE, D’Arco Silvio. Principî di critica testuale. Padova:Antenore, 1978.
116. AZEVEDO FILHO, Leodegário. Lírica de Camões. I: História,metodologia, corpus. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moe-da, 1985.
117. BLECUA, Alberto. Manual de crítica textual. Madrid: Castalia,1983.
118. BRAMBILLA AGENO, Franca. L’edizione critica dei testi volgari.Padova: Antenore, 1984.
119. CONTINI, Gianfranco. Breviario di ecdotica. Milano/Napoli:Ricciardi, 1986.
120. CUNHA, Celso. Significância e movência na lírica trovadoresca.Questões de crítica textual. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro,1985.
121. DIAS, José Alves Dias. MARQUES, A . H. de Oliveira. RODRIGUES,Teresa F. Album de paleografia. Lisboa: Estampa, 1987.
122. FLEXOR, Maria Helena Ochi. Abreviaturas. Manuscritos dos sé-culos XVI ao XIX. São Paulo: Arquivo do Estado, 1979.
123. FRÄNKEL, Herrman. Testo critico e critica del testo. Firenze: LeMonnier, 1969.
124. GREETHAM, D.C. Textual Scholarship. An Introduction. NewYork/London: Garland, 1994.
125. MAAS, Paul. Critica del testo. Firenze: Le Monnier, 1980.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43230
231
126. MENDONÇA, Renato. O Português do Brasil. Rio de Janeiro: Civi-lização Brasileira, 1936.
127. MORAES, Rubens Borba de. Livros e bibliotecas no Brasil coloni-al. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1979.
128. PETRUCCI, Armando. La descrizione del manoscritto. Storia,problemi, modelli. Roma: La Nuova Italia Scientifica, 1984.
129. SPINA, Segismundo. Introdução à edótica. São Paulo: Cultrix,1977.
130. STEGAGNO PICCHIO, Luciana. Martin Moya: le poesie. Ed. criti-ca, introduzione, commento e glossario. Roma: Ateneo, 1968.
131. STUSSI, Alfredo (ed.). La critica del testo. Bologna: Il Mulino,1985.
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43231
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43232
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43233
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43234
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43235
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43236
237
POEMAS INÉDITOS
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43237
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43238
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43239
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43240
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43241
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43242
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43243
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43244
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43245
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43246
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43247
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43248
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43249
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43250
COLEÇÃO NORDESTINA
1. Joaquim Nabuco: Abolição e a RepúblicaManuel Correia de AndradeUniversidade Federal de Pernambuco - Editora Universitária - UFPE
2. Flor de romances trágicosLuís da Câmara CascudoUniversidade Federal do Rio Grande do Norte - EDUFRN
3. A ciência e os sistemasPedro AméricoUniversidade Federal da Paraíba - Editora Universitária - UFPB
4. História da minha infânciaGilberto AmadoUniversidade Federal de Sergipe - Editora UFS
5. Cancioneiro GeralMartins NapoleãoUniversidade Federal do Piauí - EDUFPI
6. Cartas literáriasAdolfo CaminhaUniversidade Federal do Ceará - Eduções UFC
7. Imagens de um tempo em movimento: cinema e cultura na Bahia nosanos JK(1956-1961)Maria do Socorro Silva CarvalhoUniversidade Federal da Bahia - EDUFBA
8. Canais e lagoasOctávio BrandãoUniversidade Federal de Alagoas - EDUFAL
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43251
9. CordéisPatativa do AssaréUniversidade Federal do Ceará - Edioções UFC
10. Frei Caneca: Acusação e defesaSocorro Ferraz (organizadora)Universidade Federal de Pernambuco - Editora Universitária - UFPE
11. Zé Limeira: O poeta do absurdoOrlando TejoUniversidade Federal da Paraíba - Editora Universitária - UFPB
12. Um códice setecentista inédito de Gregório de MattosFernando da Rocha Peres e Silvia la Regina (organizadores)Universidade Federal da Bahia - EDUFBA
13. Índios Tupi-Guarani na Pré-História, suas invasões do Brasil eo Paraguay, seu destino após o descobrimentoMoacyr Soares PereiraUniversidade Federal de Alagoas - EDUFAL
14. MacauAurélio PinheiroUniversidade Federal do Rio Grande do Norte - EDUFRN
15. Os portugueses no BrasilFelisbelo FreireUniversidade Federal de Sergipe - Editora UFS
16. Cancioneiro Geral - Volume 2Martins NapoleãoUniversidade Federal do Piauí - EDUFPI
17. O conto em 25 baianosCyro de Mattos (organizador)Universidade Estadual de Santa Cruz - EDITUS
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43252
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43253
FICHA TÉCNICA
PROJETO GRÁFICO
GERALDO JESUÍNO
COORDENAÇÃO EDITORIAL
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA
JOSIAS ALMEIDA JUNIOR
CAPA
JOSIAS ALMEIDA JUNIOR
REVISÃO EDITORIAL
FRP/SLR
REVISÃO DE PROVAS
TIPO E CORPO / ENTRELINHA
GARAMOND BOOK CONDENSED 11/AUTO
GARAMOND BOOK CONDENSED 12/AUTO
GARAMOND BOOK CONDENSED 14/AUTO
FORMATO 15 X 22 / PAPEL POLÉN 75GR / IMPRESSÃO OFF-SET
gregório.pmd 23/8/2010, 14:43254