Peterson, H. E. Memórias de um Pastor. São Paulo: Editora Mundo
Cristão, 2011. Tradução de A. G. Mendes do título original The
Pastor: A Memoir
Quando perguntamos a uma criança o que ela quer ser quando
crescer, possivelmente não obteremos a resposta, “Pastor”. Isso não
foi diferente na vida de Eugene H. Peterson, pois como uma criança
normal, nunca havia passado pela sua cabeça se tornar um pastor.
Porem hoje não ser pastor é uma coisa simplesmente impossível de
imaginar, diz Peterson em sue livro intitulado Memórias de um
Pastor.
Nascido em 1932, no estado de Washington (EUA), ainda jovem
mudou-se com a família para Montana, onde foi criado. Graduou-se
pelo Seminário Teológico de Nova York e pela Universidade John
Hopkins. Em 1962, fundou a Igreja Presbiteriana Cristo Nosso Rei,
em Maryland. A partir de 1991, ingressou no Seminário de
Pittsburgh como autor residente. Foi quando passou a dedicar mais
tempo ao ensino e à literatura, tendo produzido mais de trinta
títulos. Em janeiro de 1993, tornou-se docente em Teologia Espiritual
no prestigiadíssimo Regent College, no Canadá, onde atualmente é
professor emérito. Além de escritor e poeta, Peterson produziu uma
tradução da Bíblia, publicada sob o título The message.
Memórias de um pastor é o relato vivo de um chamado vivenciado
integralmente por um dos mais respeitados teólogos de nossa era.
Peterson conta de forma detalhada em sua autobiografia que amava
a igreja, porem detestava os pastores, tão distantes e orgulhosos, por
isso sempre teve horror ao pensamento de se tornar um destes
burocratas religiosos. Nesta obra biografia, Peterson detalha as
razões que o fizeram mudar de opinião, aceitando o chamado divino
encontrando o seu lugar sagrado de adoração se tornando um
“pastor de almas”.
O livro não está organizado de forma cronológica, como em muitas
outras biografias e cada capítulo está intitulado com algum nome ou
tema que faz referência aos acontecidos mais importantes da vida do
autor.
A Introdução, não diferente da disposição cronológica da biografia,
apresenta Eugene H. Peterson como um ex-pastor de uma igreja que
pastoreou por 30 anos. Isso mostra que este experiente pastor possui
a resposta para a seguinte pergunta, “Qual é o roteiro que ensine a
alguém a pastorear”? Peterson responde da seguinte forma: “Não há
o que imitar.” Diz também que, “… nenhum de nós tem certeza do
que está fazendo durante boa parte do tempo”. Ele ainda completa
essa idéia citando William Faulker que foi perguntado como escrevia
seus livros, respondendo: “É mais ou menos como construir um
galinheiro no meio de uma ventania muito forte. Você pega qualquer
tábua ou telha que passe voando por perto ou que esteja solta no
chão e prega tudo bem depressa”. O escritor completa dizendo, “E
assim que se aprende também o que significa ser pastor”. (p.19)
Na Primeira Parte, Topo e Kairós, Peterson diz: “Não quero
acabar como um burocrata no negócio da gestão do tempo divino,
tampouco um bibliotecário que cataloga verdades eternas”. (p. 21)
Isso porque a sua maior preocupação e estar alerta ao contexto,
lugar e tempo. Dois locais são destacados nesta parte, o primeiro
local é a de sua casa de infância na Montana, casa que ajudou a
construir com suas próprias mãos. O autor diz que este foi o local
que abrigou o espaço e tempo para que Peterson se tornasse o que é.
Lá a sua vocação passou por um longo período de gestação. O outro
local citado é Nova York, onde ocorreu o nascimento de sua vocação
pastoral que se deu ao longo do período de três anos, de 1959 a
1962. Peterson estudou em um Seminário, porem mesmo depois de
formado a sua vocação continuava a ser uma coisa vaga para ele. Foi
convidado a dar aulas no Seminário e a auxiliar um pastor da igreja
presbiteriana em White Plains. Após um exaustivo ano de trabalho,
Peterson e sua esposa foram para o seminário em Nova York onde
lecionou e trabalhou como pastor de uma igreja. Durante este
período o autor começou a perceber que não era de forma alguma
professor. Era na verdade um pastor.
Na Segunda Parte, intitulada, Intencionalmente ao acaso, o
autor organiza a sua história em 12 pequenos capítulos. Neles
Peterson conta várias ocorrências de sua vida fazendo uma analogia
já no inicio de que sua vida é como um cachorro que caminha
simplesmente indo de cheiro em cheiro de forma intencionalmente
casual, mas não sem propósito. Ele diz que: “Pastor: algo que não é
acrescentado ou imposto a quem eu sou. Já estava lá. Não era,
porém, uma coisa linear, algo que se desenvolve em linha reta.
Aparentemente sem ligação, pessoas e eventos fortuitos acabaram se
tornando indispensáveis a pessoa que sou. Em retrospecto, a
intenção não surpreende”.
No Capítulo 3, Canções e histórias de minha mãe, Peterson
relata a história de seus pais e de como a paixão de sua mãe por
Jesus o influenciou. O seu pai também o influenciou poderosamente e
isso é relatado no Capítulo 4, O açougue do meu pai, este título
se deu, pois esta era a profissão e local de trabalho de seu pai.
Trabalhando com o seu pai foi introduzido ao mudo da igreja, pois as
pessoas que freqüentavam o açougue não eram apenas fregueses.
No Capítulo 5, Garrison Jonhs, Peterson conta a história de um
garoto que realizava bullying chamando-o de, “marica de Jesus”, mas
isso não era tudo Garrison batia em Peterson case que todos os dias
depois da aula. Num dia então o autor se esqueceu de todos aqueles
versículos Bíblicos que não nos deixa revidar uma provocação ou
agressão e partiu para o ataque. Peterson avançou para cima do
garoto derrubando-o no chão. Peterson de punhos cerrado esmurrou-
lhe até que Garrison disse: “Aceito Jesus Cristo como o meu Senhor e
Salvador”. O garoto aceitou a Jesus Cristo sendo o primeiro
convertido de Peterson.
O Natal sem árvore é o título do Capítulo 6, onde Peterson
descreve algo que ocorreu aos seus sete anos de idade, 1939. A sua
mãe ao ler uma profecia do livro do profeta Jeremias se convenceu
de que não poderiam possuir uma árvore de Natal em casa. Porem
mudou de idéia no ano seguinte. No Capítulo 7, a história de seu
tio, Sven e contada sobre duas perspectivas, uma através de sua mãe
que o adorava e outra sobre a perspectiva da ex-esposa de seu tio
Sven que acabou assassinado por sua própria esposa. Ela disse que
fizera isto porque Sven queria que ela se prostituise.
O Carnegie, Capítulo 8, era a biblioteca pública da cidade do
autor. Este local foi escolhido para ser a sua escola, não que ele
fosse contra a escola, onde encontrava os amigos e jogava bola, mas
na biblioteca a aprendizagem não tinha fim. No Capítulo 9,
Peterson utiliza o nome do imigrante Norueguês, primo de sua mãe,
Primo Abraham, para intitular o capítulo. Primo Abraham foi um
familiar que se encarregou de preparar os recém-chegados para o
processo de dupla cidadania: cidadão americano e cidadão do céu,
pois era um pastor imigrante. O legado pastoral permanente que
Eugene recebeu de Abraham foi à libertação do sectarismo sufocante
no qual fora criado.
Ponche Menonita é o título do Capítulo 10, que mostra, quais
foram as influências denominacionais que Peterson obteve quando
criança. O autor cresceu numa cultura pentecostal e na adolescência
percebeu que os pregadores não tinham Deus como prioridade,
exceto quando falavam aos domingos. Um exemplo utilizado disso
por Peterson foi Herman, que se orgulhava de dizer em seus sermões
de que “jamais havia posto álcool na boca”. Porem em um casamento
o irmão Herman sem saber bebeu vodca, misturada em um ponche.
Assim foi o fim da orgulhosa abstinência do irmão.
No Capítulo 11, Terra Santa, Peterson trata do período de três
meses, tempo que restava antes de ir para a universidade. Já no
Capítulo 12 o autor fala sobre o seu ultimo ano na universidade
onde conheceu Augustine Njokuobi e Elijah Odajara, nigerianos que
os convidara para ir para África para trabalhar como professor numa
escola Nigeriana, mas o fim do noivado de Peterson o desmotivou
que desistiu renunciando ao cargo. Ele então voltou para Montana
para trabalhar com o seu pai. Convidado a plantar uma igreja,
Assembléia de Deus, não prossegui ao chegar à seguinte conclusão,
“Eu não sou pastor”. Mesmo assim foi para o seminário.
Chegamos ao Capítulo 13, Seminário, local que mudou
profundamente Peterson é o enviou para trabalhar na Igreja
Presbiteriana de Madison Avenue. Nesta igreja Peterson disse algo
sobre as pregações presbiterianas de Buttrick: “ Ele expunha as
Escrituras de uma maneira tranqüila e meticulosa, refletindo muito
sobre o que dizia, sem ostentação, sem chamar a atenção sobre si
mesmo. Ele empregava as palavras com precisão, de modo exato”.
No seu ultimo ano do seminário ele diz que, “O termo presbiteriano
começava a ganhar textura, mas pastor ia ganhando associações que
me pareciam pessoais e simpáticas”. No Capítulo 14, Jan, o autor
conta como conheceu a sua esposa Jan colocando finalizando a
Segunda Parte do livro.
Continua…..