Metodologia integrada de gestão de energia em hotelaria
Pedro Neto Brito da Luz
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Engenharia Mecânica
Orientador: Prof. Carlos Augusto Santos Silva
Júri
Presidente: Prof. Mário Manuel Gonçalves da Costa
Orientador: Prof. Carlos Augusto Santos Silva
Vogal: Eng. Rui Pedro Antunes Fragoso
Maio 2015
II
I
II
AGRADECIMENTOS
Gostaria de expressar o meu agradecimento a todos os que me incentivaram, motivaram,
apoiaram e contribuíram de alguma forma para o desenvolvimento e conclusão deste projecto.
Agradeço ao Prof. Carlos Santos Silva pela sua orientação e por ter prestado uma grande
motivação e interesse. Por todas as sugestões imprescindíveis para a realização deste estudo.
Um agradecimento especial à Eng.ª Ana Gonçalves, responsável pela manutenção técnica do
Hotel InterContinental Lisbon. Pelo seu exemplo e paciência, pela cedência de todos os dados que
necessitava e por me ter ampliado a visão do pensamento técnico e prático no seio da engenharia
actual. A toda a equipa de manutenção, a sua inegável disponibilidade e companheirismo.
Ao Eng.º Nuno Clímaco da ADENE, Eng.ª Ana Oliveira da empresa ENFORCE e a todas as
entidades das unidades hoteleiras que contactei, por demonstrarem disponibilidade, apoio científico e
por partilharem o interesse mútuo no desenvolvimento do projecto.
Agradeço de uma maneira muito especial à minha família pelo seu apoio incondicional e pelo
incentivo constante que me deram. Pelo tempo que me dedicaram, pela crítica exaustiva, pelo apreço
ao detalhe e à excelência.
Agradeço a Deus, porque sem Ele e através deles, nada do que foi feito se fez.
III
IV
RESUMO
O sector do turismo em Portugal representa uma importante contribuição para a economia
nacional e para a divulgação da sua cultura e tradição. O elevado crescimento do turismo e os
grandes consumos energéticos que estão associados aos edifícios de hotelaria exigem às entidades
gestoras uma leitura consistente do desempenho energético de cada unidade e um enquadramento
com o panorama energético nacional, de modo a proporcionar maiores níveis de competitividade e a
motivar a adopção de solução energéticas mais eficientes, respeitando a qualidade e os padrões de
serviço e conforto.
Esta dissertação tem como objectivo o desenvolvimento de uma ferramenta destinada aos
gestores de energia de um hotel que analisa e calcula um quadro de indicadores de desempenho
integral do edifício, baseada no preenchimento dos consumos internos e dos perfis de ocupação. A
ferramenta foi desenvolvida na folha de cálculo EXCEL©Microsoft para permitir a sua utilização
generalizada. Este modelo foi validado pormenorizadamente para um caso de estudo no Hotel
InterContinental Lisbon. Foi realizado ainda um inquérito a 13 unidades hoteleiras que permitiu aplicar
a ferramenta a um universo de 5 unidades hoteleiras de 4 estrelas e a 8 de 5 estrelas. O uso prático
desta ferramenta permite aferir quanto a um desempenho individual de cada hotel e a comparação
com um perfil médio do quadro de indicadores resultante para cada tipologia.
Os resultados da ferramenta foram ainda comparados com o resultado dos certificados
energéticos de unidades hoteleiras de vários concelhos para permitir a definição de valores padrão a
nível nacional. O tamanho da população estudada não é suficientemente relevante para concluir
quanto a um valor padrão médio nacional destes indicadores mas permite observar que o consumo
específico total se situa num intervalo entre os 150-220 kWh/m2.ano. Os perfis de consumo dos hotéis
de 5 estrelas (196,0 kWh/m2.ano) são superiores aos de 4 estrelas (165,9 kWh/m
2.ano), devido ao
maior peso ao nível dos serviços de iluminação e do aquecimento ambiente. Conclui-se ainda quanto
à necessidade dos hotéis mapearem de um modo mais detalhado o registo dos seus consumos
internos, sobretudo para os empreendimentos turísticos de 4 estrelas. A partilha dos resultados
estatísticos com outras associações resultou na publicação de um capítulo no relatório do projecto
Turismo 2015 e na possibilidade do uso e integração da informação do perfil de indicadores médios
para a ADENE.
Palavras-chave: eficiência energética, edifícios de hotelaria, gestão de energia, indicadores
de desempenho, levantamento estatístico.
V
VI
ABSTRACT
The tourism sector in Portugal plays an important role to the national economy and largely
contributes to the dissemination of the culture and country‟s tradition. The high growth of tourists and
the large energy consumption associated with the hotel buildings requires to the management entities,
a consistent reading of the energy performance of each unit and a framework with national energy
landscape. As a result it can provide greater levels of competitiveness, motivate the adoption of more
energy efficient solutions and at the same time not compromising the quality and service standards.
This thesis aims at developing a tool in EXCEL©Microsoft intended for energy managers of a
hotel unit. The tool analyzes and calculates a full performance indicator framework of the building,
based on the fulfillment of internal consumption and occupancy parameters. This model was validated
in detail with a case study on the InterContinental Lisbon Hotel. A statistical survey on 13 luxury units
has been carried out and results are reported to assess energy performance of hotel buildings. The
practical use of this tool allows the measurement of an individual performance and the comparison
with an average national profile for the resulting benchmarks.
The tool results were compared with the energy certificates from each unit to determine
national standard profiles. The size of the population surveyed was not sufficiently relevant to
conclude on a national average standard value for performance indicators, however, a range of the
total specific consumption of 150-220 kWh/m2.year was calculated. Consumption profiles of five-star
hotels (196,0 kWh/m2.year) are superior than four-star (165,9 kWh/m
2.year). It was further found that
lighting and heating systems represents the larger consumptions after breakdown of different energy
types for the surveyed units. The study points out the need of hotels to map with more detail the
registration of their internal consumption, especially for the four-star units. The sharing of statistical
results with other associations resulted in the publication of a chapter on the Tourism 2015 report and
raises the possibility to be used by ADENE as to integrate the average indicators profile values.
Key-words: energy efficiency, hotel buildings, energy management, energy use index,
statistical survey.
VII
VIII
ÍNDICE
ÍNDICE ............................................................................................................................... VIII
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................1
1.1 Motivação ................................................................................................................ 1
1.2 Objectivos ................................................................................................................ 2
1.3 Contribuições ........................................................................................................... 2
1.4 Estrutura da tese ...................................................................................................... 3
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................................5
2.1 Eficiência energética e sua importância .................................................................... 5
2.1.1 Metas Europeias .................................................................................................5
2.1.2 Metas Nacionais ..................................................................................................6
2.2 Eficiência energética na hotelaria ............................................................................. 7
2.3 Modelos de gestão energética em hotelaria .............................................................. 8
2.3.1 Simulação Térmica Dinâmica ..............................................................................8
2.3.2 Sistema de Certificação Energética em Portugal..................................................9
2.3.3 Gestão baseada em indicadores de monitorização ............................................ 10
2.3.4 Parâmetros que influenciam o consumo geral de um hotel................................. 15
2.4 Caracterização de requisitos e serviços nos hotéis ................................................. 16
3 MAPA DE INDICADORES ............................................................................................. 19
3.1 Dados de entrada ................................................................................................... 20
3.1.1 Consumo facturado ........................................................................................... 20
3.1.2 Consumo previsto na certificação energética ..................................................... 21
3.1.3 Informação técnica e de padrões de utilização do hotel ..................................... 23
3.2 Dados de saída ...................................................................................................... 24
3.2.1 Matriz de indicadores de desempenho com base nos valores facturados ........... 24
3.2.2 Matriz de indicadores de desempenho com base nos valores previstos na
certificação energética............................................................................................................... 25
3.2.3 Matriz “Cliente Tipo” .......................................................................................... 26
3.2.4 Comparação entre os consumos facturados e os previstos ................................ 27
4 APLICAÇÃO A UM CASO DE ESTUDO ........................................................................ 29
IX
4.1 Descrição sumária do edifício em estudo ............................................................... 29
4.2 Recolha de dados pela certificação energética de 2011 ......................................... 30
4.3 Indicadores de desempenho na certificação energética de 2011 ............................ 32
4.4 Comparação dos indicadores com valores facturados ............................................ 33
4.5 Recolha de dados pela Adenda energética de 2012 ............................................... 34
4.6 Indicadores de desempenho na Adenda de 2012 e comparação com 2011-2013 ... 36
4.7 Comparação dos indicadores com valores facturados ............................................ 37
4.8 Comparação do desempenho energético nas duas certificações ............................ 38
4.8.1 Análise de consumos médios anuais ................................................................. 39
4.8.2 Análise de consumos médios mensais .............................................................. 41
4.9 Parâmetros que mais influenciam o consumo geral do hotel ................................... 45
4.10 O “Cliente Tipo” .................................................................................................. 47
5 LEVANTAMENTO ESTATÍSTICO DE VÁRIOS CASOS DE ESTUDO............................ 49
5.1 Recolha de dados .................................................................................................. 49
5.2 Análise da certificação energética .......................................................................... 50
5.3 Análise dos dados do inquérito ............................................................................... 53
5.3.1 Pressupostos de cálculo e limitações................................................................. 55
5.3.2 Resultados e discussão ..................................................................................... 57
5.3.3 Indicadores gerais de desempenho ................................................................... 58
5.3.4 Indicadores de desempenho do “Cliente Tipo” ................................................... 64
5.3.5 Indicadores de desempenho por unidade de área útil ........................................ 67
5.3.6 Desvio relativo obtido para os casos de estudo ................................................. 70
6 CONCLUSÕES.............................................................................................................. 73
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 77
ANEXO A – FERRAMENTA DE CÁLCULO EXCEL ............................................................... A
ANEXO B .............................................................................................................................. D
ANEXO C .............................................................................................................................. E
ANEXO D .............................................................................................................................. F
ANEXO E .............................................................................................................................. G
X
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 - Indicadores energéticos de gestão em hotéis ................................................................ 13
Tabela 2.2 - Comparação de indicadores de desempenho seleccionados na literatura ...................... 14
Tabela 2.3 - Parâmetros gerais que influenciam o consumo total de um hotel ................................... 16
Tabela 2.4 - Requisitos mínimos de classificação de hotéis (seleccionado) ....................................... 17
Tabela 3.1 - Indicadores de desempenho com base nos valores facturados ...................................... 25
Tabela 3.2 - Indicadores de desempenho obtidos por simulação nos diversos usos de energia e para
cada tipologia de estudo ................................................................................................................... 25
Tabela 3.3 - Indicadores de desempenho normalizados pelo número de clientes ............................. 26
Tabela 4.1 - Consumos energéticos obtidos pela análise de facturas, perfis nominais e reais
relativamente ao período de 2007-2009 ............................................................................................ 30
Tabela 4.2 - Distribuição percentual dos consumos estimados por tipologia através da simulação com
base nos perfis nominais e reais ....................................................................................................... 31
Tabela 4.3 - Repartição do consumo de água total pelos Quartos, Cozinha e Outros Serviços.
(Legenda: AQ-água quente e AF- água fria) ...................................................................................... 32
Tabela 4.4 - Indicadores de desempenho facturados no período 2007-2009 ..................................... 32
Tabela 4.5 - Indicadores de desempenho previstos para a tipologia "Hotel de 4 e 5 estrelas" no
período 2007-2009 ............................................................................................................................ 33
Tabela 4.6 - Comparação de resultados entre indicadores simulados e facturados para o período
2007-2009 ........................................................................................................................................ 33
Tabela 4.7 - Consumos energéticos obtidos pela análise de facturas e perfis nominais relativamente
ao período de 2011-2013 .................................................................................................................. 35
Tabela 4.8 - Distribuição percentual dos consumos estimados por tipologia através da simulação
dinâmica com base no perfil nominal na Adenda do Relatório Energético de 2012 ............................ 35
Tabela 4.9 - Indicadores de desempenho facturados no período 2011-2013 ..................................... 36
Tabela 4.10 - Indicadores de desempenho previstos para a tipologia "Hotel de 4 e 5 estrelas" no
período 2011-2013 ............................................................................................................................ 37
Tabela 4.11 - Comparação de resultados entre indicadores simulados e facturados para o consumo
eléctrico no período 2011-2013 ......................................................................................................... 37
Tabela 4.12 - Resumo da variação percentual dos indicadores de desempenho normalizados por
cliente após 2011 .............................................................................................................................. 41
Tabela 4.13 - Indicadores do consumo do hotel nas vertentes energéticas e usos de energia por
cliente ............................................................................................................................................... 47
Tabela 4.14 - Indicadores "Cliente Tipo Inverno" e "Cliente Tipo Verão ............................................. 48
Tabela 5.1 - Delta característico entre o consumo médio específico e as unidades dotadas de
serviços especiais ............................................................................................................................. 52
Tabela 5.2 - Consumos específicos médios para os hotéis de tipologia "4 ou mais estrelas" em
Portugal ............................................................................................................................................ 53
Tabela 5.3 - Inserção de parâmetros internos para cada unidade hoteleira........................................ 54
XI
Tabela 5.4 - Inserção de parâmetros estimados pela certificação energética para cada hotel ............ 55
Tabela 5.5 - Características médias entre os empreendimentos turísticos de 4 e 5 estrelas .............. 57
Tabela 5.6 - Resultados dos indicadores de desempenho para os hotéis de tipologia 5 estrelas ....... 58
Tabela 5.7 - Resultados das variáveis estatísticas para os hotéis de tipologia 5 estrelas ................... 59
Tabela 5.8 - Resultados dos indicadores de desempenho para os hotéis de tipologia 4 estrelas ....... 60
Tabela 5.9 - Resultados das variáveis estatísticas para os hotéis de tipologia 4 estrelas ................... 61
Tabela 5.10 - Indicadores complementares para o spa/piscinas ........................................................ 63
Tabela 5.11 - Resultado dos indicadores do "Cliente Tipo" para os hotéis de 5 e 4 estrelas .............. 64
Tabela 5.12 - Resultados das variáveis estatísticas para o "Cliente Tipo" para os hotéis de 5 e 4
estrelas ............................................................................................................................................. 65
Tabela 5.13 - Resultado dos indicadores dos consumos específicos para os hotéis de 5 e 4 estrelas 67
Tabela 5.14 - Resultados das variáveis estatísticas dos consumos específicos para os hotéis de 5 e 4
estrelas ............................................................................................................................................. 67
Tabela 5.15 - Desvio relativo calculado para cada unidade hoteleira ................................................. 71
XII
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 - Evolução das emissões de CO2 por sector energético, na Europa até 2050. (Fonte:
Relatório EU Energy, Transport and GHG emissions trends to 2050) ..................................................6
Figura 3.1 - Estruturação da ferramenta de cálculo para inserção de dados e apresentação de
resultados ......................................................................................................................................... 19
Figura 3.2 - Exemplo das tabelas de inserção dos valores facturados de electricidade e gás natural . 20
Figura 3.3 - Exemplo da tabela de inserção dos valores facturados de água e divisão percentual
estimada ........................................................................................................................................... 21
Figura 3.4 - Exemplo da tabela de inserção dos consumos energéticos previstos para as
necessidades de Aquecimento, Arrefecimento, Iluminação, AQS e Outros ........................................ 23
Figura 3.5 - Processo de comparação de resultados indicadores facturados vs. indicadores simulados
......................................................................................................................................................... 28
Figura 4.1 - Fotografia de apresentação oficial do Hotel InterContinental Lisbon (Fonte: www.ihg.com)
......................................................................................................................................................... 29
Figura 4.2 - Evolução do consumo anual de energia eléctrica por unidade de área útil ...................... 39
Figura 4.3 - Evolução do consumo anual de energia eléctrica por cliente .......................................... 39
Figura 4.4 - Evolução do consumo anual de água por unidade de área útil ........................................ 40
Figura 4.5 - Evolução do consumo anual de água por cliente ............................................................ 40
Figura 4.6 - Evolução do consumo mensal de energia eléctrica por unidade de área útil ................... 42
Figura 4.7 - Evolução do consumo mensal de energia eléctrica por cliente ........................................ 42
Figura 4.8 - Evolução do consumo mensal de gás natural por quarto ocupado .................................. 43
Figura 4.9 - Evolução do consumo mensal de gás natural por unidade de área útil ........................... 44
Figura 4.10 - Evolução do consumo mensal de água por unidade de área útil ................................... 44
Figura 4.11 - Indicador de desempenho eléctrico (a) e de gás natural (b) normalizados pela área útil
em função da taxa de ocupação do hotel .......................................................................................... 45
Figura 4.12 - Indicador de desempenho eléctrico (a) e de gás natural (b) normalizados pelo número
de quartos ocupados em função da taxa de ocupação do hotel ......................................................... 46
Figura 4.13 - Indicador de desempenho de gás natural (a) e de água (b) normalizados pelo número de
refeições em função da taxa de ocupação do hotel ........................................................................... 46
Figura 5.1 - Distribuição dos consumos específicos médios de energia para Aquecimento e
Arrefecimento em Portugal ................................................................................................................ 50
Figura 5.2 - Zonas climáticas de Inverno e de Verão (Fonte: Despacho n.º 15793-F/2013) ................ 50
Figura 5.3 - Consumos específicos para Aquecimento e Arrefecimento nas unidades hoteleiras
seleccionadas ................................................................................................................................... 51
Figura 5.4 - Distribuição dos consumos específicos por município para os hotéis de tipologia "4 ou
mais estrelas" ................................................................................................................................... 53
Figura 5.5 - Consumo por unidade de área útil vs consumo por quarto ocupado ............................... 62
Figura 5.6 - Emissões por unidade de área útil vs emissões por quarto ocupado ............................... 63
Figura 5.7 - Perfil do "Cliente Tipo" médio para hotéis de 5 estrelas .................................................. 65
XIII
Figura 5.8 - Comparação do consumo total de energia por entre as unidades hoteleiras de 4 e 5
estrelas ............................................................................................................................................. 68
Figura 5.9 - Intervalo do indicador total de energia facturada para as unidades hoteleiras de 4 e 5
estrelas ............................................................................................................................................. 68
Figura 5.10 - Consumos médios desagregados para os hotéis de tipologia 4 estrelas ....................... 69
Figura 5.11 - Consumos médios desagregados para os hotéis de tipologia 5 estrelas ....................... 70
XIV
LISTA DE ACRÓNIMOS
ADENE Agência para a Energia
AHP Associação da Hotelaria de Portugal
AQS Águas Quentes Sanitárias
ASHRAE American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineers
AVAC Aquecimento Ventilação e Ar Condicionado
BES Banco Espírito Santo
CE(„s) Certificado(s) Energético(s)
DGEG Direcção Geral de Energia e Geologia
EEIB Energy Efficiency Index for buildings
EUI Energy Use Index
GDA Graus-dia de aquecimento
GEE Gases de Efeito de Estufa
GES Grande Edifício de Serviços
IEE Indicadores de Eficiência Energética
NUTS Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos
nZEB nearly Zero-Energy Buildings
PCS Poder Calorífico Superior
PIB Produto Interno Bruto
PNAEE Plano Nacional de Acção para a Eficiência Energética
PNAER Plano Nacional de Acção para as Energias Renováveis
REH Regulamento de Desempenho Energético dos Edifícios de Habitação
RECS Regulamento de Desempenho Energético dos Edifícios de Comércio e Serviços
RSECE Regulamento dos Sistemas Energéticos de Climatização em Edifícios
SCE Sistema de Certificação Energética
WUI Water Use Index
1
1 INTRODUÇÃO
1.1 Motivação
A crescente preocupação com o futuro do planeta e a sustentabilidade dos seus recursos
motivam cada vez mais as empresas a recorrerem a estratégias para actuarem de maneira eficiente e
a perspectivarem o consumo energético de uma forma mais limpa, económica e sustentável. A
responsabilidade e o envolvimento de Portugal no quadro das metas europeias definidas para o
desenvolvimento sustentável estimula os maiores sectores responsáveis pela produção e consumo
de energia a identificarem soluções de poupança e de gestão de recursos. O sector dos edifícios, por
representar um dos principais sectores de consumo energético do país, apresenta uma potencial
fonte de poupança o que requer a implementação de instrumentos e políticas específicas para o
aumento da eficiência energética. Os hotéis diferenciam-se de outros edifícios comerciais ou
habitacionais pelas suas especificidades de operação, variedade de áreas funcionais de serviço
associadas a dormidas, restauração e trabalho ou lazer e por estruturas de operacionalidade diária e
permanente. A hotelaria portuguesa, reconhecida internacionalmente pela sua qualidade e tradição,
revela-se assim como um ponto de interesse na procura de uma gestão energética inovadora que
estimule maiores níveis de competitividade e um modelo exemplar para toda a comunidade nacional
e internacional.
De modo a justificar uma tomada de decisão de investimento num hotel, é do maior interesse
que todo o quadro administrativo esteja consciente da dinâmica dos consumos e de que maneira as
metas ambicionadas vão ao encontro de uma necessidade de gestão energética eficiente. Neste
esforço, os processos de certificação energética permitiram dar a conhecer aos hotéis se o
desempenho energético se encontra dentro dos parâmetros regulamentares da lei actual e da
necessidade ou não de maiores reestruturações que apontem para o cumprimento integral dos
regulamentos.
Contudo, para a implementação de um modelo de gestão energética mais detalhado, torna-se
necessário conhecer, de forma particular, o desempenho segmentado de todas as vertentes
energéticas dos hotéis e permitir o acesso de informação relevante e clara aos órgãos de decisão.
Convêm então que não apenas a(s) entidade(s) responsáveis pela Direcção de Manutenção de um
hotel estejam devidamente informadas, mas que seja também disponibilizada informação útil,
simplificada e de carácter observável para que o restante quadro administrativo compreenda
facilmente a importância de investir numa remodelação ou priorizar o investimento num sistema
técnico. Estas tomadas de decisão visam a redução dos parâmetros energéticos indicados e,
consequentemente, um maior nível de competitividade.
No intuito de sensibilizar os clientes dos hotéis para a eficiência energética, torna-se também
interessante possibilitar-lhes o acesso sobre alguns índices de desempenho referentes ao hotel onde
2
optaram passar a sua estadia. A disponibilização de informação útil e perceptível para o cidadão
comum pode incentivar a prática de acções ambientais mais conscientes, melhorar a imagem de
confiança entre o hotel e o cliente e proporcionar alguns benefícios aos clientes que consumirem
menos do que um perfil médio tipo.
Um último factor motivacional deste projecto está relacionado com a possibilidade de
comparar um quadro de indicadores médios de desempenho de estatística nacional, com o respectivo
quadro de desempenho individual de cada unidade hoteleira. Os hotéis de segmentos de
operacionalidade semelhantes poderiam utilizar este recurso para perceber, de maneira global, o
desvio dos seus consumos nas diferentes vertentes energéticas para um valor padrão médio
correspondente no mercado português. Os resultados obtidos neste estudo podem constituir um
contributo importante para associações portuguesas ligadas ao sector hoteleiro.
1.2 Objectivos
O objectivo deste trabalho é desenvolver uma metodologia integrada de gestão de energia no
ramo hoteleiro. Em particular, consiste em desenvolver uma ferramenta que permita a análise do
consumo energético em diversos casos de estudo, tratamento da informação disponível e
criação/sistematização de uma matriz de indicadores de referência de desempenho energético
adequados às especificidades de operação e apoio à decisão de medidas de eficiência energética em
Portugal. Será também efectuado um caso de estudo detalhado a um hotel em Lisboa com o
objectivo de tornar consistente este tipo de análise para gestores de energia através da
implementação de indicadores de desempenho, sistematização de boas práticas, e motivar a
comparação da matriz interna de cada hotel com o quadro de indicadores estatísticos. Com base na
mesma ferramenta de cálculo será solicitado um inquérito a vários hotéis portugueses para
preenchimento dos consumos internos, comparação com os certificados de desempenho energéticos
e definição de valores padrão de referência nacional.
1.3 Contribuições
De modo a tratar os dados disponibilizados e a analisar a informação resultante, foi
desenvolvida uma ferramenta de cálculo em EXCEL. Esta ferramenta permite a introdução de
múltiplas variáveis de consumos energéticos dos consumos e devolve uma matriz de indicadores de
desempenho como base de apoio de compreensão e decisão para as entidades do quadro
administrativo de um hotel. A matriz serve também como apoio à referenciação e comparação entre
subgrupos de unidades hoteleiras com características homogéneas.
3
O levantamento de uma análise estatística a diversos hotéis de tipologia de 4 e 5 estrelas
permitiu assim ambicionar a sistematização de um quadro de indicadores médios nacionais e motivar
a comparação entre as unidades hoteleiras com os valores característicos da sua tipologia. Os
resultados provenientes desta recolha estatística foram facultados às unidades hoteleiras
participantes e a entidades nacionais que desenvolvem importantes estudos nesta área,
nomeadamente, a AHP-Associação da Hotelaria de Portugal, em parceria com a empresa ENFORCE
e a Turismo de Portugal, I.P, e a ADENE – Agência para a Energia.
Os resultados obtidos foram publicados pela ENFORCE no Relatório “Diagnóstico das
necessidades do sector do Turismo em Portugal” no âmbito do projecto Pólo de Competitividade e
Tecnologia Turismo 2015. Está a ser preparado um artigo científico para publicação.
1.4 Estrutura da tese
Este documento encontra-se estruturado em 6 capítulos. O presente capítulo (capítulo 1) é
constituído por uma introdução ao tema, os objectivos e as contribuições do trabalho efectuado.
O capítulo 2 pretende realizar uma revisão do conceito de eficiência energética e a sua
importância no sector hoteleiro a nível nacional e internacional. São apresentados alguns modelos de
gestão, certificação e monitorização encontrados na literatura, que servem de base de caracterização
do desempenho energético dos hotéis.
No capítulo 3 é explicado o funcionamento da ferramenta de cálculo que serve para
introdução dos dados de consumo interno e devolve os resultados através de uma matriz de
indicadores. Neste capítulo são desenvolvidos os pressupostos e as limitações de cálculo da
ferramenta.
O capítulo 4 apresenta o caso de estudo do Hotel InterContinental Lisbon que serviu como
base exemplificativa do processo de cálculo da ferramenta desenvolvida e de análise e
caracterização de um hotel através da leitura dos indicadores de desempenho resultantes.
No capítulo 5 é descrito o levantamento estatístico para os diversos casos de estudo, bem
como o enquadramento a nível nacional dos hotéis de tipologia de 4 e 5 estrelas, apresentando os
seus consumos baseados em indicadores de desempenho. É discutida a utilidade dos diversos
indicadores e quais são os que apresentam maior relevância no processo de comparação e
referenciação.
Finalmente, no capítulo 6, são tecidas as conclusões finais relativamente aos resultados
obtidos nos capítulos anteriores e as sugestões para trabalhos futuros.
4
5
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Eficiência energética e sua importância
O aumento da procura mundial de energia para disponibilizar um maior número de produtos e
serviços às populações requer uma utilização mais responsável deste recurso para combater as
taxas de emissões de gases poluentes, o efeito de estufa e garantir a própria sustentabilidade do
planeta. Na generalidade, as sociedades são hoje também mais exigentes nos seus padrões de
conforto.
Neste panorama, as questões energéticas devem estar relacionadas com uma utilização mais
eficiente e responsável dos recursos energéticos, com soluções que possam enquadrar
compromissos com estratégias ambientais, económicas e sociais, desenvolvidas muitas vezes com
objectivos em conflito. O desenvolvimento dos países e a maior disponibilização e diversidade de
serviços obriga a um aumento da capacidade de agir de um modo energeticamente mais eficiente
sem aumentar o consumo (Guia da Eficiência Energética 2013).
No ramo da hotelaria urge implementar boas práticas de gestão eficiente. Este sector, pelas
suas particularidades de operação, expõe muitos dos possíveis conflitos que surgem ao implementar
políticas de gestão ou políticas ambientais. Um exemplo é o próprio serviço aos clientes. A
capacidade de agir de uma maneira sustentável e a tentativa de reduzir os consumos associados não
devem comprometer a expectativa sobre a qualidade do serviço prestado.
As políticas de acção e gestão ambiental podem ser hierarquizadas a nível global, nacional,
responsabilidade da empresa e responsabilidade local (Kirk 1997).
2.1.1 Metas Europeias
A União Europeia definiu um quadro de objectivos para 2020 que visam a redução em 20%
das emissões de gases de efeito de estufa (GEE) relativamente ao ano de 1990, o aumento em 20%
da utilização de energia renováveis e a redução em 20% do consumo de energia primária. As metas
destacadas projectam-se na perspectiva de um aumento de eficiência energética no contexto
europeu.
Metas ainda mais ambiciosas estabelecidas pela União Europeia prendem-se com a redução
das emissões de GEE em 80-95% até 2050, comparativamente aos valores de 1990 para o sector
residencial. O sector dos edifícios incorpora actividades muito relevantes no consumo de energia dos
países sendo este um “sector-chave” para o desenvolvimento sustentável (Tsoutsos et al. 2013).
6
A Figura 2.1 apresenta respectivamente, o cenário tendencial de evolução e cotas
percentuais da evolução das emissões de CO2 (em Mt – megatoneladas) por sectores a nível
europeu até 2050, publicados no relatório “EU Energy, Transport and GHG emissions trends to 2050”
com o ano de 2013 como referência (European Comission Market observatory & Statistics 2013).
A observação da Figura 2.1 denota uma descida acentuada nas emissões de CO2 associadas
às centrais de geração de energia e aquecimento urbano. O sector terciário (actividades de comércio
de bens e prestação de serviços) apresenta uma evolução praticamente constante de 6% das
emissões europeias. Face às metas europeias dos 20%, Portugal apresentou no ano de 2013 uma
redução em 8% das emissões de GEE (Plano de Ação Regional de Lisboa 2014-2020).
2.1.2 Metas Nacionais
Em resolução do Conselho de Ministros nº20/2013 de 10 de Abril de 2013 foram revistos e
aprovados para execução, ao longo do período 2013-2016: 1) o Plano Nacional de Acção para a
Eficiência Energética (PNAEE) e 2) o Plano Nacional de Acção para as Energias Renováveis
(PNAER). As linhas orientadoras destes instrumentos estratégicos reforçam o papel de Portugal na
aplicação de regulamentações para apoiar uma crescente eficiência nos consumos de energia e a
dinamização de um “modelo energético com racionalidade económica, que assegure custos de
energia sustentáveis, que não comprometam a competitividade das empresas nem a qualidade de
vida dos cidadãos” (Resolução do Conselho de Ministros 2013, p.2022).
O PNAEE, na tentativa de controlar e reduzir as emissões de gases de efeito de estufa,
estabelece um conjunto de medidas e comportamentos, determinante para que venham a ser
alcançadas as metas e compromissos internacionais a que se propôs, identificando: 1) algumas
barreiras existentes, 2) as potenciais melhorias de eficiência energética e 3) o impacto económico das
soluções preconizadas. No sector “Residencial e Serviços” o PNAEE estabelece o objectivo de
certificar, até 2020, cerca de metade dos edifícios de serviços com classe energética B- ou superior
Figura 2.1 - Evolução das emissões de CO2 por sector energético, na Europa até 2050. (Fonte: Relatório EU Energy, Transport and GHG emissions trends to 2050)
7
ao abrigo dos valores padrão estabelecidos pelo Sistema de Certificação Energética (SCE). O
objectivo geral do PNAEE para Portugal é conseguir, até 2016, uma redução do consumo energético
em 8,2%, comparativamente à média de consumo verificada no período entre 2001 e 2005,
verificando-se, mais especificamente, uma redução em 42% na área “Residencial e Serviços”
relativamente à energia final.
O SCE é fiscalizado pela Direcção Geral de Energia e Geologia (DGEG) e gerido pela
ADENE – Agência para a Energia. Este sistema pretende contribuir para o incentivo e aumento da
eficiência energética e a utilização de energias renováveis em Portugal apresentando-se como uma
ferramenta de certificação e de informação sobre o desempenho dos edifícios.
A revisão da legislação e sistematização ao abrigo da Directiva n.º 2010/31/EU para o
Decreto-Lei n.º 118/2013 permitiu a reformulação dos anteriores documentos do Sistema Nacional de
Certificação Energética e da Qualidade do Ar Interior dos Edifícios (Decreto-Lei n.º 78/2006), do
Regulamento dos Sistemas Energéticos de Climatização de Edifícios (Decreto-Lei n.º 79/2006) e do
Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios (Decreto-Lei n.º 80/2006)
para um único documento contemplando os novos regulamentos nomeadamente, o Sistema de
Certificação Energética (SCE), o Regulamento de Desempenho Energético dos Edifícios de
Habitação (REH) e o Regulamento de Desempenho Energético dos Edifícios de Comércio e Serviços
(RECS). Além da redefinição dos princípios e parâmetros de avaliação da eficiência dos edifícios,
este novo Regulamento pretende definir um pensamento evolutivo baseado nos padrões traçados
para 2020. Um exemplo é o surgimento do conceito de “edifício com necessidades quase nulas de
energia” ou nearly zero-energy buildings (nZEB) como um padrão para as novas construções a partir
de 2020 ou referência para intervenções em edifícios existentes. Para a categoria “Edifícios de
Comércio e Serviços”, onde se inserem as unidades do sector hoteleiro, têm-se notabilizado o esforço
para o cumprimento de um dos eixos de actuação dos nZEB, nomeadamente, na criação de
estratégias de redução de consumos de energia (Decreto-Lei n.o 118/2013).
2.2 Eficiência energética na hotelaria
A indústria hoteleira é responsável por 2% das emissões globais de CO2. Portugal é o 7º
menor consumidor específico (por metro quadrado) de energia no sector não residencial na Europa e
o sector do turismo representa mais de 9% do PIB português (Oliveira 2015). A indústria hoteleira
desempenha um papel fundamental na redução de energia no sector dos edifícios. As vantagens
competitivas dos hotéis que implementam medidas pioneiras representam um incentivo para outros
estabelecimentos adoptarem igualmente soluções eficientes (Tsoutsos et al. 2013).
Na comunidade hoteleira destacam-se os processos e as soluções que têm contribuído de
forma assinalável para o desenvolvimento crescente de políticas e práticas fundamentadas na
sustentabilidade técnica, socioeconómica e ambiental. Por exemplo, o foco na certificação ambiental
8
envolve um importante esforço de promoção de responsabilidades sociais junto dos seus clientes,
trabalhadores e investidores. Existem então diversos factores que contribuem para que os
estabelecimentos no ramo da hotelaria sigam orientações de sustentabilidade, tais como: 1) a
localização das unidades hoteleiras, 2) o compromisso com os valores da cadeia a que pertencem, 3)
a sensibilidade do próprio director geral e, 4) a promoção da satisfação crescente dos seus
colaboradores e investidores. Ainda assim, os benefícios financeiros e o aumento da competitividade
são, actualmente, as principais razões para os hotéis exercerem essas políticas (Geerts 2014).
Nesse estudo é também salientado o exemplo de alguns hotéis que têm reforçado a aposta
em mecanismos de actuação específicos de sensibilização dos clientes durante a sua estadia,
visando objectivamente a redução dos consumos de electricidade e de água, no contexto de medidas
potencialmente eficazes de poupança.
Carvalho (2012) salientou ainda a importância da mudança do paradigma do comportamento
humano como uma “parte essencial de qualquer projecto sobre eficiência energética” podendo este
não atingir o seu potencial máximo de poupança só à custa de instalação de novos equipamentos.
2.3 Modelos de gestão energética em hotelaria
Os edifícios de hotelaria apresentam tendencialmente indicadores que reflectem apenas os
grandes consumos energéticos. A operacionalidade das infraestruturas enquadra determinadas
condições que fomentam a recomendação e a implementação de programas de eficiência energética,
com especificidades direccionadas para uma gestão monitorizada, detalhada e actualizável. São
apresentados alguns modelos actuais e indicadores normalizados da maior utilidade na avaliação do
comportamento energético de hotéis, com o objectivo de interpretar a dinâmica envolvida na análise
de consumos. Neste tipo de abordagem são de destacar também as vantagens a obter a prazo, pela
verificação das condições que podem ser ambicionadas com uma melhoria da gestão.
2.3.1 Simulação Térmica Dinâmica
A simulação térmica dinâmica permite prever as necessidades de energia correspondentes
ao funcionamento do edifício e respectivos sistemas energéticos. Estas ferramentas são utilizadas
para se realizar o dimensionamento dos sistemas na fase de projecto e construção, mas também
para estimar os consumos para efeitos de certificação energética de edifícios.
Como exemplo de aplicação da simulação térmica dinâmica no sector de hotelaria, Gonçalves
(2010) desenvolveu uma simulação dinâmica do comportamento térmico do Hotel Sheraton Lisboa
utilizando o programa de cálculo Energy Plus. Este software permite realizar a simulação energética
de um edifício utilizando modelos de aquecimento, refrigeração, ventilação, iluminação, entre outros,
9
e devolver resultados variados desde: 1) consumos totais e parciais, 2) flutuações horárias, 3)
simulação de cargas térmicas, 4) desempenho dos sistemas de climatização e 5) necessidades de
ventilação desagregadas por espaços. É possível acoplar ao software uma interface gráfica para
construir uma modelação geométrica do edifício em estudo e delinear cenários com informação
sobre: 1) detalhes de construção, 2) actividades de diversos tipos realizadas no edifício, 3) consumos
de água quente sanitária (AQS), 4) equipamentos de Aquecimento Ventilação e Ar Condicionado
(AVAC) e necessidades de aquecimento ou arrefecimento, 5) quantidade de ar novo insuflado, 6)
densidade de iluminação e luz natural, etc. Os resultados do processo de cálculo desta ferramenta
permitem prever um comportamento energético (simulado) do hotel, dimensionar sistemas de
climatização e estudar potenciais medidas de melhoramento. A simulação dinâmica é de grande
utilidade, no entanto, preconiza uma análise complexa ao edifício e requer bastante tempo para a
recolha de quantidades significativas de informação das características da envolvente do edifício,
consumos, necessidades de operação, perfis de utilização, actividades e serviços.
Existem outras ferramentas de cálculo para previsão das necessidades de energia
correspondentes ao funcionamento do edifício e respectivos sistemas energéticos simulando também
a viabilidade económica de soluções de investimento (Rodrigues 2011).
2.3.2 Sistema de Certificação Energética em Portugal
Em Portugal, o Sistema de Certificação Energética revisto perspectiva melhorias não só ao
nível de informação útil para os profissionais, mas, sobretudo, ao nível de informação mais orientada
para o consumidor final. Neste sentido, adequa aos objectivos o uso de uma linguagem menos
teórica e descritiva, e mais sintética, incorporando padrões de referência e normas de avaliação com
expressões qualitativas (Vídeo “Novo Certificado Energético” em www.adene.pt/sce).
O Certificado Energético (CE) para “Grandes Edifícios de Comércio e Serviços” inclui
Indicadores de Desempenho (kWh/m2.ano) dos edifícios categorizados em quatro áreas de avaliação:
“Aquecimento Ambiente”, “Arrefecimento Ambiente”, “Iluminação” e “Água Quente Sanitária”. Os
valores observados na utilização de energia nestas categorias são comparados com um valor de
referência (baseado no RECS) que permite percepcionar o nível de eficiência obtido. Também são
incluídos no CE os Indicadores de Eficiência Energética (IEE) calculados através do consumo de
energia primária anual por unidade de área útil de pavimento (kWhEP/m2.ano) (Exemplar “Certificado
Energético Grande Edifício de Comércio e Serviços” em www.adene.pt/sce).
Estes indicadores caracterizam globalmente o edifício segundo os seus consumos
específicos. Destacam-se os seguintes indicadores:
IEES - Indicador de Eficiência Energética de Consumos do tipo S (kWhEP/m2.ano);
IEET - Indicador de Eficiência Energética de Consumos do tipo T (kWhEP/m2.ano);
IEEren - Indicador de Eficiência Energética Renovável (kWhEP/m2.ano);
10
IEE – Indicador de Eficiência Energética global (kWhEP/m2.ano);
IEEef – Indicador de Eficiência Energética efectivo (kWhEP/m2.ano);
IEEpr – Indicador de Eficiência Energética previsto (kWhEP/m2.ano);
IEEref – Indicador de Eficiência Energética de referência (kWhEP/m2.ano);
Os consumos de energia do tipo S são os consumos considerados para efeitos de cálculo da
classificação energética, nomeadamente os que são associados aos sistemas de controlo de carga
térmica, ventilação e bombagem dos sistemas de climatização, iluminação interior e produção de
AQS. Os consumos de ventilação e bombagem não associados ao controlo de carga térmica, de
iluminação exterior ou pontual, elevadores e diversos equipamentos eléctricos e de frio são
denominados do tipo T, não considerados para efeito de classificação energética. O IEE global
contabiliza os consumos agregados do tipo S e T, subtraindo os consumos a partir de fontes de
energias renováveis (IEEren).
Distinguem-se ainda dois tipos de indicadores de eficiência energética que traduzem o
consumo anual de energia do edifício: 1) IEE efectivo (IEEef) que representa os valores efectivos de
consumo obtidos com base no histórico de facturas de energia, avaliação realizada ao edifício ou com
no sistema de gestão de energia, e 2) IEE previsto (IEEpr) dos sistemas técnicos calculado por via de
simulação dinâmica multizona ou cálculo dinâmico simplificado. Os resultados obtidos são
comparados com valores de referência (IEEref). As soluções de referência têm por base as
características dos elementos da envolvente e dos sistemas técnicos (Tabela I.07 da Portaria n.º 349-
D/2013) e são definidos pelos membros do Governo responsáveis pelas áreas de energia e
segurança social, para efeitos de certificação e determinação da classe energética do edifício
(Despacho n.o
15793-J/2013). Assim, considera-se a sua utilização no âmbito de uma grande
intervenção, numa fase de projecto de novos edifícios ou ainda como método alternativo para
edifícios existentes, de acordo com os procedimentos estipulados pela DGEG. Os IEEpr são
comparados com os IEEref para cumprimento de requisitos mínimos aprováveis (Decreto-Lei n.o
118/2013).
O desenvolvimento de ferramentas de referência (em inglês benchmarking) tem utilidade na
criação de modelos de apoio à gestão do consumo de energia, tanto para entidades do sector privado
como para instituições governamentais. O recurso a índices de referência permite destacar os
principais pontos de consumo, caracterizá-los e monitorizar eventuais mudanças de acção política
para um uso eficiente de energia em edifícios (Chung et al. 2006)
2.3.3 Gestão baseada em indicadores de monitorização
Na procura por modelos simples de simulação energética para análise estatística em edifícios
de hotelaria, foi desenvolvida uma ferramenta de simulação de fluxo de energia tendo por base um
conjunto de 10 hotéis, na região mediterrânica da Grécia, de diferentes categorias e tipologias. Para a
determinação do fluxo são introduzidos, como dados de entrada na interface do hotel, os valores do
11
consumo de energia inicial e os consumos desagregados por utilizador final (sistemas AVAC,
iluminação, consumo de água quente). Da fase de processamento do modelo são calculados os
indicadores energéticos, que reportam resultados finais em kWh/dormidas, categorizados por quartos,
restauração, serviços e lazer (Karagiorgas et al. 2007). O modelo, embora simplificado, exige uma
recolha exaustiva de dados baseados em auditorias energéticas nos hotéis.
Xin et al. (2012) propuseram um modelo mais simplificado baseando-se numa amostra
detalhada em 19 dos 54 hotéis de luxo de 4 e 5 estrelas analisados na província de Hainan, China.
Este estudo identificou como suficiente o índice do consumo total por unidade de área (kWh/m2.ano),
normalizado por um método de ajuste climático a graus-dia, o Energy Use Index (EUInorm). O índice
serviu como base de análise estatística para o enquadramento de cada hotel na região através da
sua quota de consumo de energia relativamente a um intervalo em percentil do padrão médio. Este
modelo fornece informação estatística base, requerida para uma gestão preliminar do hotel
enquadrada no contexto da região turística avaliada. Em 2013 foi elaborada uma análise mais
detalhada em 27 hotéis da mesma província, utilizando índices normalizados a um ajuste climático.
Para o desenvolvimento dos procedimentos, o consumo total foi desagregado em três indicadores:
EUI1,EUI2, EUI3 (por unidade de área útil, número total de quartos e número de noites vendidas,
respectivamente), e o consumo de electricidade desagregado em 4 tipos de consumo final: EUIAC,
EUILR, EUIMS, EUISA (AVAC, Iluminação, Equipamentos de Serviço como elevadores e sistema de
bombagem e Zonas Especiais como cozinhas ou lavandaria). Estes indicadores integraram a
formulação de um quadro estatístico de valores médios, possibilitando a apresentação de resultados
mais específicos relativos a vários pontos de consumo no hotel (Lu et al. 2013).
Um estudo elaborado em Singapura em 29 hotéis, 11 dos quais de 5 estrelas, teve como
metodologia a recolha de informação sobre o consumo mensal de electricidade e gás, a
decomposição em consumo por consumidores finais e serviços e apurou através de uma análise de
regressão quais as correlações mais fortes entre consumo e parâmetros de edifícios. Concluíram
igualmente que a área útil apresenta o melhor grau de correlação com o consumo de electricidade e
que para o consumo de gás o número de refeições servidas constitui um forte parâmetro de
monitorização. Sugeriram que a recolha de informação deveria ser esquematizada em sub-grupos de
hotéis com características homogéneas, podendo revelar padrões distintos de comportamento e,
consequentemente contribuir para a acção e identificação de medidas de eficiência mais precisas
(Priyadarsini et al. 2009).
González et al. (2011) sugeriram que o índice de consumo energético kWh/m2, apesar de ser
um parâmetro consistente de análise e comparação, é também redutor na medida em que se baseia
na hipótese de que cada m2 do edifício consome a mesma energia e emite a mesma quantidade de
CO2. Nesse sentido, propuseram um índice adicional standard, actualizável on-line, que ofereça uma
percepção do grau de eficiência energética de cada hotel. Em concreto, relacionam o rácio entre o
consumo de energia do edifício (kWh ou CO2) com um consumo referência (kWhref ou CO2,ref) desse
tipo de edifício (EEIB – Energy Efficiency Index for buildings). A fácil obtenção de valores do consumo
real de energia e CO2 de um hotel pela simples análise das suas facturas mensais contrasta com a
12
dificuldade de regularização de um valor referência fiável e actualizável que consiga englobar de
forma criteriosa a heterogeneidade das estruturas e serviços (e correspondentes especificidades) dos
grupos hoteleiros a nível nacional.
Deng & Burnett (2002) sugeriram que o estudo do consumo total de água em hotéis está
intrinsecamente ligado à gestão energética, dada a importância do recurso em si mesmo e o impacto
dos níveis de consumo elevados. Salientaram a falta de monitorização precisa do consumo de água
nos diferentes serviços dos hotéis e apresentaram um estudo em 17 estabelecimentos em Hong
Kong, estabelecendo um quadro de comparação estatístico baseado no indicador geral Water Use
Index (WUI) (m3/m
2.ano) como base de estudo estatístico de comparação.
Diversos estudos assentam a sua investigação na identificação e utilização de sistemas de
indicadores de consumo energético total anual por unidade de área, na base de ferramentas de apoio
à decisão, envolvendo quadros de classificação e análises estatísticas. De acordo com Wang (2012)
com esses indicadores torna-se possível estudar a influência das características operacionais dos
hotéis, incluindo diversos factores particulares de cada país/região e estabelecer um padrão geral de
consumo nas unidades hoteleiras locais. O consumo médio padrão de energia difere muito entre
países e, mesmo dentro de cada país ou região. O consumo médio é também variável entre as
cadeias hoteleiras dependendo dos modos de operação e de gestão de cada unidade.
Na Europa, em 184 hotéis das cadeias Hilton International e Scandic, um estudo de base
estatística relativo ao consumo de energia e água identificou e sistematizou os factores determinantes
na referenciação e normalização individual das unidades hoteleiras, em contraste a uma análise
redutora baseada apenas no consumo geral de edifícios (Bohdanowicz & Martinac 2007). Estes
factores são aqui apresentados:
Padronização de hotéis: medida de classificação ao nível da quantidade e diversidade na
utilização de energia e água para os seus serviços;
Área total do edifício;
Condições climáticas: influência da temperatura exterior e ajuste a graus-dia;
Número de noites vendidas (níveis de ocupação);
Número de refeições servidas;
Outros parâmetros: existência ou não de salas de conferência e número de eventos e
participantes, existência de piscina, spa, sistema de lavandaria ou outros serviços particulares
que se diferenciam entre hotéis.
Bohdanowicz & Martinac (2007) estudaram a relação entre a análise do consumo de energia
eléctrica e de água segundo indicadores de maior relevância, como: 1) o consumo de energia por
área útil, 2) número de quartos, e 3) número de noites vendidas. A água consumida foi normalizada
pelo número de quartos e noites vendidas. O nível de importância dos indicadores de consumo e
respectiva normalização teve por base uma análise do coeficiente de correlação na escolha dos
indicadores mais adequados para comparação. Com base na análise estatística efectuada foram
13
extrapoladas algumas conclusões. Verificaram-se, sobretudo, algumas dificuldades em estabelecer
padrões/referências globais dentro de uma mesma cadeia de hotéis, dado que existem parâmetros
físicos e operacionais da padronização de cada cadeia e mesmo próprios de cada unidade hoteleira.
Concluíram sobre a importância crescente das ferramentas de benchmarking para “verificar e
promover o envolvimento das empresas pró-ambientais neste sector”. Dada a heterogeneidade de
hotéis e serviços, sugeriram que se procedesse a uma optimização do desempenho de cada unidade
através da padronização do consumo médio desagregado em áreas de consumo de características
semelhantes. Assim conseguir-se-iam melhorias ao nível de referências económicas e ambientais
face aos indicadores gerais de consumo. Destacaram também a importância de se utilizarem outros
factores de carácter qualitativo como a consciencialização ambiental de clientes e do pessoal do
hotel, que podem ter influência nos níveis de consumo energético.
É levantada então a necessidade de uma matriz sistematizada de ferramentas de
parametrização e caracterização da dinâmica energética do edifício e serviços que sejam
instrumentos precisos de leitura comum para a sensibilização e formação do quadro administrativo de
gestão, de funcionários e até de clientes dos hotéis (Geerts 2014).
Na Tabela 2.1 encontram-se sistematizados os indicadores energéticos de monitorização
encontrados na literatura no âmbito da análise integral de gestão energética em edifícios de hotelaria:
Consumo energético normalizado (ou específico) Unidades
(kWhe ou kWht ou kWhtotal)
Por unidade de área útil (EUI) kWh/m2
Por unidade de área útil e afectado de um factor clima (EUInorm) kWh/m2
Pelo número de noites vendidas (quartos ocupados) kWh/quarto
Pelo número de clientes kWh/cliente
Pelo número de refeições servidas kWh/refeição.mês
Por um valor de referência (kWh/kWhref ou CO2/CO2,ref)
Consumo total de água Unidades
(m3 ou litros)
Por unidade de área (WUI) m3/m
2.ano
Pelo número de noites vendidas m3/quarto
Pelo número de clientes m3/cliente
Pelo número de refeições servidas m3/refeição
Em caso de haver uma lavandaria interna, pelo número de noites vendidas
m3
lavandaria/dormida
Indicadores no âmbito do SCE Portugal Unidades
IEE(S,T,ren,pr,ef,ref) kWhEP/m2.ano
Aquecimento ambiente kWh/m2.ano
Arrefecimento ambiente kWh/m2.ano
Iluminação kWh/m2.ano
Águas Quentes Sanitárias (AQS) kWh/m2.ano
Tabela 2.1 - Indicadores energéticos de gestão em hotéis
14
Todos estes indicadores (à excepção dos apresentados nos certificados energéticos) podem
ser de base anual ou mensal. Os indicadores “por quarto” referem-se por noite de quarto ocupado e
“por cliente” referem-se por estadia diária de um cliente. Os indicadores “consumo energético
normalizado” (ou específico) podem corresponder a energia eléctrica (kWhe), não eléctrico (gás
natural ou outros - kWht) ou a soma das duas (kWhtotal). O valor de energia pode estar associado ao
valor do consumo geral facturado do hotel ou ser desagregado pelas áreas de utilizador final (p.e
AVAC, Iluminação, Equipamentos de Serviço – elevadores, sistema de bombagem - e Outros
Serviços – equipamentos de cozinhas ou lavandaria, piscina).
A Tabela 2.2 apresenta um conjunto de valores médios comparativos de indicadores
seleccionados da literatura para enquadramento inicial de consumos típicos esperados. Para revisão
em detalhe são mencionadas as fontes de onde se retiraram os dados.
País (ano) Energia total (kWh/m2.ano) (kWh/cliente.ano) Fonte
Portugal (1999) 5 estrelas 4 estrelas
290 220
DGE (2002)
Singapura (2008) [264,71 - 592,33], média 426,96
Lu et al. (2013)
Itália (2001) [249 - 436], média 364,4
Espanha (2003) 4 estrelas
199,8
Taiwan (2010) [123,7 – 567,7], média 285 106
Hainan, China (2012) [69,23 – 96,75] Xin et al. (2012)
Hong Kong (2000) 342
Wang ( 2012) Nova Zelândia (2000) 159
Tunísia (2002) 171
UK (2009) 368
Chipre (1991) 5 estrelas 4 estrelas
278,8 222,2
55,6 55,6
Naukkarinen
(2012)
Água total (l/cliente.ano) (kWh/cliente.ano) Fonte
Europa (2004) Hilton Scandic
393 203
79,5 45,4
Bohdanowicz &
Martinac (2007)
Hong Kong (2003) 283 m3/m
2 Deng (2003)
Surge também neste sentido a necessidade perceber que factores influenciam o consumo de
energia eléctrica, consumo de gás e de água nos hotéis, qual a sua relevância relativa, quais são os
que exercem maior influência no desempenho do edifício e que podem portanto criar indicadores
específicos de maior utilidade no processo de gestão de energia (González et al. 2011).
Tabela 2.2 - Comparação de indicadores de desempenho seleccionados na literatura
15
2.3.4 Parâmetros que influenciam o consumo geral de um hotel
Rodrigues (2011) desenvolveu um modelo de avaliação de necessidades energéticas
baseando-se na análise de várias unidades hoteleiras do Grupo Pestana Portugal para “aferir de
forma rápida sobre o potencial de investimento em medidas activas de eficiência energética”. No
âmbito deste modelo, a recolha de dados preliminares baseou-se em informação relativamente ao
edifício, perfis de utilização, registo de equipamento, categorização e medição de consumo em tempo
real. Neste projecto foi sistematizada a informação em “perfis de consumo de electricidade e gás
mensais em função da ocupação do edifício” e “perfis de consumo por ocupante em função da
ocupação”. Foi concluído que o perfil de consumo geral para edifícios de média dimensão apresenta
relações mais evidentes quando parametrizando os “consumos por zona climática” em vez de
“consumo por ocupação”.
Lu et al. (2013) concluíram, no estudo a um conjunto de hotéis de luxo na província de Hainan
na China, através de resultados baseados análise de regressão entre os indicadores energéticos
normalizados com parâmetros influenciadores de desempenho energética, que a melhoria da
eficiência energética "dependia primariamente" na melhoria da percentagem de consumo de energia
eléctrica por consumidor final, e na importante relação com taxa de ocupação de quartos.
O nível de classificação dos hotéis, bem como a sua internacionalização, influencia
grandemente os parâmetros indicadores do uso de energia devido às diferenças na qualidade e
complexidade dos serviços prestados (Wang 2012). Por exemplo, o tamanho de quartos standard
difere entre hotéis de diferentes classes e contribui significativamente para as diferenças globais dos
consumos (Deng 2003). Os consumos de energia e água normalizados por cliente podem ser
indicadores insuficientes pela sua generalização, dependendo das actividades internas nos hotéis
que não estejam relacionadas com alojamentos (por exemplo: número de conferências, feiras,
exposições comerciais) ou dos espaços físicos que o hotel integra como a extensão de áreas
ajardinadas e piscinas (Warnken et al. 2005).
Bohdanowicz & Martinac (2007) adiantaram a classificação de parâmetros físicos e
operacionais de maior influência no perfil energético das unidades hoteleiras. Podem ser
sistematizados do seguinte modo (Rodrigues 2011):
Parâmetros físicos estão relacionados com a estrutura, dimensão e idade de construção dos
edifícios, zonamento climático, ou os equipamentos técnicos de climatização e AQS.
Parâmetros operacionais estão relacionados com o funcionamento do edifício, flutuação dos
níveis de ocupação mensal, horário e agendamento de serviços de cozinha, lavandaria,
limpezas, banquetes, piscina e spa.
Deng (2003) sugeriu então que os consumos de energia, gás e água nos hotéis fossem
correlacionados com parâmetros operacionais e físicos através de uma análise de regressão
estatística permitindo destacar os parâmetros mais relevantes para cada tipo de consumo e
desagregando o estudo estatístico em edifícios com características semelhantes. Por exemplo, para
16
se realizar um estudo mais eficaz dos índices específicos de consumo de água, os hotéis teriam de
ser separados em hotéis com e sem lavandaria. Dentro destas duas categorias, identificar-se-iam
quais os parâmetros de maior influência - neste estudo foi feito um levantamento a um grupo de 36
hotéis em Hong Kong e destacaram-se os índices por número de refeições servidas e número de
hóspedes. Baseando-se nestes índices seria possível então formular um ranking de desempenho. A
mesma metodologia é proposta para o consumo de energia eléctrica e de gás natural.
Na Tabela 2.3 encontram-se sistematizados os parâmetros que mais influenciam os
consumos de energia, água e gás natural de um hotel encontrados na literatura e que poderão servir
como base de análise desagregada em hotéis de características semelhantes:
Estrutura e dimensão do edifício (área útil disponível)
Localização climática/geográfica (GDA)
Taxa de ocupação do hotel (número de quartos vendidos e de clientes)
Número de refeições servidas
Classificação do hotel relacionada com a qualidade/complexidade de serviços prestados e modo de funcionamento
Espaços e actividades de não-alojamento (salas de conferência, actividades comerciais)
Extensão de áreas ajardinadas, existência de piscina, spa, ginásio e lavandaria interna
2.4 Caracterização de requisitos e serviços nos hotéis
A classificação dos estabelecimentos hoteleiros pelo número de estrelas caracteriza-se pela
qualidade/complexidade das instalações e do serviço prestado. Ao abrigo do Decreto-Lei n.º 39/2008
de 7 de Março e publicado no Anexo I da Portaria n.º 327/2008 de 28 de Abril, foram estabelecidos
requisitos mínimos obrigatórios e opcionais específicos para cada categoria de instalação,
classificação e funcionamento. O cumprimentos dos requisitos impõem uma classificação por pontos
que permite atribuir cada estrela consoante o número de pontos mínimos acumulados. Na Tabela 2.4
são apresentados alguns desses requisitos que servem de caracterização e diferenciação entre
hotéis e que estão directamente relacionados com consumos significativos de energia. Pode-se assim
obter uma percepção geral das funcionalidades específicas requeridas aos estabelecimentos
hoteleiros. Salienta-se ainda que os padrões de cada cadeia ou grupo hoteleiro podem exigir recursos
energéticos adicionais para responderem a requisitos e serviços opcionais dos previstos pela lei.
Tabela 2.3 - Parâmetros gerais que influenciam o consumo total de um hotel
17
Descrição de requisitos
1. Instalações Elevador se o edifício tiver mais de 2 pisos, incluindo rés-do-chão
Opcional Opcional Obrigatório Obrigatório
Área ou áreas de uso comum onde possam ser prestados serviços de refeições, pequenos-almoços ou bar
Obrigatório Obrigatório Obrigatório Obrigatório
Área de estar equipada (mesas e sofás ou cadeiras) Opcional Obrigatório Obrigatório Obrigatório
Instalações sanitárias Obrigatório Obrigatório Obrigatório Obrigatório
Acesso vertical de serviço aos pisos de alojamento independente do acesso dos clientes
Opcional Obrigatório Obrigatório Obrigatório
Cozinha, ou copa se apenas forem servidos pequenos-almoços
Obrigatório Obrigatório Obrigatório Obrigatório
Área destinada ao pessoal, composta pelo menos por instalações sanitárias e zona de vestiário
Obrigatório Obrigatório Obrigatório Obrigatório
100% dos quartos com instalações sanitárias privativas constituídas no mínimo por sanita, lavatório, duche ou banheira
Obrigatório Obrigatório Obrigatório Obrigatório
Área mínima dos quartos individuais 9-10,5 m2 12 m
2 14,5 m
2 17,5 m
2
Área mínima dos quartos duplos 11,5-13,5m2 17 m
2 19,5 m
2 22,5 m
2
Suites constituídas por quarto e zona de estar equipada com área mínima de 10 m
2
Opcional Opcional Opcional Obrigatório
2 suites
Garagem ou parque de estacionamento com capacidade
para um número de veículos correspondente a 20% dos quartos, situado no hotel ou na sua proximidade
Opcional Opcional Opcional Obrigatório
2. Sistemas de climatização activos ou passivos
Climatização das áreas comuns que garantam o conforto térmico
Opcional Opcional Obrigatório Obrigatório
Climatização dos corredores de hóspedes que garantam o conforto térmico
Opcional Opcional Opcional Opcional
Climatização de quartos que garantam o conforto térmico Obrigatório Obrigatório Obrigatório Obrigatório
50% dos quartos com sistemas de climatização que
garantam o conforto térmico de intensidade regulável pelo cliente em cada ciclo
Opcional Opcional Opcional Obrigatório
3. Equipamento de quarto Interruptor de iluminação geral junto da cama, minibar e
zona de estar ou zona de trabalho
Opcional Opcional Obrigatório Obrigatório
4. Serviços Limpeza a arrumação diária dos quartos
Obrigatório Obrigatório Obrigatório Obrigatório
Mudança de toalhas pelo menos duas vezes por semana e sempre que mude o cliente
Obrigatório Obrigatório Obrigatório Obrigatório
Mudança de toalhas a pedido do cliente Opcional Opcional Obrigatório Obrigatório
Serviço de refeições 7 dias por semana Opcional Opcional Opcional Obrigatório
Horas de room service de bebidas e refeições ligeiras Opcional Opcional Obrigatório (16h)
Obrigatório (24h)
Pequeno-almoço à-la-carte nos quartos Opcional Opcional Opcional Obrigatório
Serviço de lavandaria e engomadoria (em hotéis de 5 estrelas obrigatório ser entregue antes das 9 e pronto no
mesmo dia excepto ao fim de semana)
Opcional Opcional Obrigatório Obrigatório
Tabela 2.4 - Requisitos mínimos de classificação de hotéis (seleccionado)
18
5. Lazer Área bruta privativa de equipamentos complementares (health club, spa, business center, ginásio, piscina interior,
exterior ou aquecida, campo de ténis, squash, golf, etc)
Opcional Opcional Opcional Opcional
Área bruta privativa para reuniões (atribuição de ponto consoante m
2 de área de reuniões/quarto)
Opcional Opcional Opcional Opcional
Em conformidade com os objectivos traçados no subcapítulo 1.2, a metodologia de trabalho
que se propôs de seguida foi a construção de uma ferramenta de cálculo que disponibilizasse os
resultados dos indicadores mais representativos do desempenho energético de um hotel achados na
literatura (Tabela 2.1) após a inserção dos consumos facturados e dos consumos previstos nos
diplomas de certificação energética. O funcionamento desta ferramenta será explicado na próxima
secção (Capítulo 3) e irá posteriormente ser aplicada a um caso de estudo específico (Capítulo 4)
onde se pretende também entender de que forma os parâmetros que mais influenciam os consumos
totais de um hotel são perceptíveis para este tipo de análise (Tabela 2.3). A influência dos diferentes
padrões de qualidade de serviços assegurados pelos hotéis e as especificidades que os distingue
(Tabela 2.4) será integralmente percebida após a análise a diversos casos de estudo para
levantamento estatístico no Capítulo 5.
19
3 MAPA DE INDICADORES
No presente capítulo será descrita a metodologia de cálculo e de tratamento de informação
para a criação de uma ferramenta de análise simplificada do desempenho energético dos edifícios de
hotelaria. Foi criada uma ferramenta EXCEL constituída por um “mapa de entradas” de dados e um
“mapa de saídas” de resultados.
No mapa de entradas são inseridos os dados relativos ao consumo facturado e ao consumo
simulado obtido através do processo de certificação energética. É solicitada também a inserção da
informação relativa aos padrões de utilização do hotel, nomeadamente o número de quartos
vendidos, número de clientes e perfis de ocupação numa base mensal ou anual para um período de 3
anos consecutivos.
No mapa de saídas é devolvido um quadro de indicadores de desempenho nas vertentes da
energia eléctrica, térmica, consumo de água e emissões de CO2 calculados com base na facturação
do edifício e comparados com os valores simulados. É disponibilizada também a tabela “Cliente Tipo”,
sistematizando todos os indicadores normalizados por cliente do hotel.
O diagrama da Figura 3.1 esquematiza o processo de cálculo e o tratamento de informação
da ferramenta criada. Nos subcapítulos subsequentes são explicados, em maior detalhe, o modo de
funcionamento da ferramenta, os pressupostos de cálculo, imposições necessárias no levantamento
de dados e as limitações detectadas para a criação de um modelo de análise.
Figura 3.1 - Estruturação da ferramenta de cálculo para inserção de dados e apresentação de resultados
20
3.1 Dados de entrada
3.1.1 Consumo facturado
O mapa de entradas representa a interface inicial entre a ferramenta de cálculo e o utilizador.
Nesta folha é solicitada a inserção dos dados facturados relativos ao consumo do hotel na vertente de
energia eléctrica, gás natural (por definição) e água numa base mensal ou anual para 3 anos
consecutivos. Para efeitos de comparação com os consumos simulados, é necessária a inserção dos
valores respectivos aos anos considerados na certificação energética do edifício. A inserção de dados
em base mensal é opcional mas permite posteriormente um maior detalhe na análise de flutuação de
resultados.
A Figura 3.2 apresenta um exemplo das tabelas de inserção de dados do consumo de
electricidade e de gás natural.
O consumo de electricidade corresponde ao seu valor total facturado (kWh). O consumo de
gás natural é inserido em unidades de m3 (metro cúbico de gás natural facturado). No exemplo da
Figura 3.2 o consumo de gás natural é desagregado nas vertentes de gás para Cozinha, Central
Térmica e Lavandaria. Esta divisão de consumos torna-se necessária e suficiente para a obtenção de
indicadores de desempenho detalhados para o número de refeições e para os níveis de ocupação do
hotel. Na ausência de valores concretos é solicitada a inserção percentual estimada do consumo de
gás por estes sectores de serviço.
O consumo facturado de gás natural em unidades de energia final (kWh) a partir dos valores
em m3 é calculado através do termo de conversão de valor 11,91. Este termo varia mensalmente
consoante a flutuação dos valores do Poder Calorífico Superior (PCS) do gás natural disponibilizados
pela REN (https://www.ign.ren.pt/). O valor usado na ferramenta de cálculo corresponde ao valor
médio nos últimos 3 anos.
Para a introdução do consumo de água é igualmente solicitado o valor facturado de água
para “Quartos + Outros”, Cozinha, Piscina/SPA e Lavandaria em valores unitários de m3. Caso não
Figura 3.2 - Exemplo das tabelas de inserção dos valores facturados de electricidade e gás natural
21
seja possível inserir os valores detalhados, é pedida uma estimativa da divisão de consumos e, se
possível, a divisão por águas quentes ou frias. Caso haja uma lavandaria no hotel e, se possível, é
solicitada a inserção dos valores associados ao seu funcionamento. O parâmetro “Quartos + Outros”
é o valor resultante que preenche o consumo total depois de retirados os consumos desagregados
para os outros sectores.
Na Figura 3.3 é apresentado um exemplo das tabelas de inserção do valor facturado de água
no hotel.
3.1.2 Consumo previsto na certificação energética
De acordo com a Figura 3.1, é também necessário inserir no mapa de entradas os valores do
consumo energético simulado. Estes valores estão associados aos resultados obtidos por via da
simulação dinâmica detalhada no processo de certificação energética do edifício. O desempenho
energético de um edifício é determinado através do IEE. O valor deste indicador corresponde ao
somatório dos consumos de energia anuais considerados para efeitos de cálculo convertidos para
unidades de energia primária e por unidade de área útil. No anterior Regulamento, o RSECE, o
IEEnom traduzia o consumo nominal específico de um edifício durante um ano tipo tendo por base
condições nominais. Estes perfis determinam o consumo de energia necessária em condições
convencionadas, baseados em parâmetros geográficos e climatéricos, padrões de utilização dos
espaços, horário de funcionamento e eficiência dos sistemas técnicos (sistemas de climatização,
produção de águas quentes sanitárias e piscinas, iluminação, etc). Na nova legislação, o RECS
define o Indicador de Eficiência Energética previsto (IEEpr) com base em perfis reais de utilização. O
cálculo do consumo anual de energia é determinado com recurso a programas de simulação
dinâmica multizona, como mencionado no subcapítulo 2.3.1.
Tanto o RSECE como o RECS destacam a necessidade da realização de simulações
dinâmicas detalhadas usando os perfis reais de utilização do edifício. Estes perfis dependem
maioritariamente dos padrões de comportamento de cada edifício e são calculados com base em
perfis que estejam de acordo com as facturas energéticas. Na nova legislação o indicador de
desempenho real (agora denominado de efectivo, IEEef) é calculado com base em valores
provenientes das facturas de energia, de uma análise aos sistemas de gestão centralizados ou nos
Figura 3.3 - Exemplo da tabela de inserção dos valores facturados de água e divisão percentual estimada
22
resultados de uma avaliação energética. A sua metodologia ainda está por definir em despacho da
DGEG. Os pressupostos de cálculo e soluções de referência para a obtenção da classe energética de
edifícios de comércio e serviços (onde se inserem os edifícios hoteleiros) são disponibilizados na
Portaria n.º 349-D/2013 ao abrigo do Decreto-Lei n.º 118/2013 de 20 de Agosto.
No mapa de entradas é necessário então o preenchimento dos parâmetros previstos relativos
ao desempenho energético do edifício para os diversos usos de energia apresentados nos CE‟s.
Preferiu-se esta opção por facilitar a comparação dos indicadores obtidos para diferentes edifícios da
mesma tipologia. Assim, de um modo quantitativo, é possível reduzir as variáveis que distinguem os
edifícios, calculando os indicadores com base nos aspectos técnicos mais relevantes (por exemplo as
características dos sistemas técnicos, perfis de densidade de iluminação ou de ocupação).
Os diversos usos de energia agrupam-se nos seguintes parâmetros, conforme estipulado pelo
RECS:
Consumo de energia associada às necessidades para Aquecimento;
Consumo de energia associada às necessidades para Arrefecimento;
Consumo de energia associada aos sistemas de Iluminação interior;
Consumo de energia para produção de AQS;
Consumo de energia para restantes sistemas de utilização (diversos equipamentos eléctricos,
iluminação exterior, elevadores, ventilação e bombagem não associados ao controlo de carga
térmica), denominados de “Outros Consumos”.
É necessário também desagregar percentualmente estes consumos por tipologias ou
fracções do edifício – “Hotel de 4 e 5 estrelas”, “Restaurante”, “Estacionamento”, “Cozinha”. A recolha
de informação ao abrigo da antiga legislação exige um esforço adicional no reagrupamento dos
consumos com base nos relatórios detalhados de certificação. Nos CE‟s ao abrigo do RECS, essa
divisão percentual já se encontra detalhada na secção “Consumos estimados por tipologia”.
A Figura 3.4 apresenta as células de inserção para preenchimento dos consumos específicos
por uso de energia, obtidos por via da certificação energética, e um extracto da matriz de divisão
percentual dos consumos para a tipologia “Hotel de 4 e 5 estrelas”.
23
O Anexo A apresenta o mapa de entradas completo da ferramenta de cálculo em ficheiro
EXCEL.
3.1.3 Informação técnica e de padrões de utilização do hotel
Para finalizar a recolha de informação é ainda necessário inserir os dados relativos aos
padrões de ocupação. É solicitada à direcção técnica do hotel a informação sobre o número de
quartos vendidos, número de clientes, número de couverts confeccionados e dos perfis de ocupação,
com base mensal (preferencialmente) ou anual para o período de 3 anos consecutivos. Entenda-se
por couvert qualquer refeição confeccionada na cozinha ou no bar, seja para o restaurante, serviço de
quartos ou banquetes. Há couverts que não exigem o uso de gás natural (por exemplo os snacks
servidos) que são contabilizados nas fichas de gestão. No entanto, ao servir uma refeição completa é
utilizado gás natural para confeccionar os diferentes pratos. A falta de detalhe na contabilização de
couverts (daqui para a frente mencionados por refeições) que exigem o uso de gás natural pressupõe
uma estimativa de erro não quantificável no cálculo de indicadores de desempenho normalizados por
refeição. Este factor será explorado adiante, no subcapítulo 4.4 “Comparação dos indicadores com
valores facturados”.
Relativamente às conclusões do estudo sobre os parâmetros que mais influenciam o
consumo geral de um hotel e que servem de determinantes de normalização e referenciação das
unidades hoteleiras (subcapítulo 2.3.4) é solicitada a inserção de: 1) valor da área interior útil de
pavimento e 2) parâmetros climatéricos relativamente ao número de graus-dias de aquecimento
(GDA) do município onde se encontra o edifício em estudo.
Figura 3.4 - Exemplo da tabela de inserção dos consumos energéticos previstos para as
necessidades de Aquecimento, Arrefecimento, Iluminação, AQS e Outros
24
O valor dos GDA é útil para calcular o indicador de desempenho normalizado pela área útil e
pelo número de graus-dias (Wh/m2.ºC.ano), ajustando assim as variáveis climáticas que diferem entre
as regiões das diferentes unidades hoteleiras. Optou-se por calcular este indicador em unidades de
Wh por facilidade de leitura dos valores. Utilizaram-se os mesmos dados climáticos do RECS por
conformidade aos valores recolhidos nos CE‟s.
No caso de haver piscina, spa ou lavandaria, são apontados os consumos de energia
eléctrica, térmica e da água que satisfazem as necessidades de funcionamento destes sistemas
como sendo complementares. Estes valores são subtraídos tanto às parcelas dos consumos
facturados e não considerados nos previstos para efeitos de homogeneização dos hotéis. Isto, porque
seria desfavorável equiparar os hotéis dotados destes sistemas, com aqueles (da mesma tipologia)
que não o são. No caso de haver fontes de energia renováveis, estas são subtraídas aos consumos
previstos para o uso desagregado de energia correspondente.
3.2 Dados de saída
De acordo com o diagrama apresentado na Figura 3.1, após a inserção dos dados
relativamente aos consumos energéticos e dos padrões de utilização do hotel, segue-se o processo
de cálculo e normalização resultando nos indicadores de desempenho. Os indicadores segundo o
consumo facturado representam o consumo geral do edifício. Os indicadores obtidos por simulação
caracterizam a unidade com maior detalhe pois estão desagregados pelos diversos usos e por
tipologia. Nos próximos subcapítulos é apresentado o processo de cálculo para a obtenção da matriz
de indicadores final com base nos valores facturados e simulados.
3.2.1 Matriz de indicadores de desempenho com base nos valores
facturados
A Tabela 3.1 sistematiza os indicadores de desempenho dos consumos facturados médios
para 3 anos consecutivos nas vertentes de electricidade, gás natural, água e consequentes emissões
de CO2. Os indicadores são obtidos por normalização de acordo com os parâmetros determinantes
mencionados no subcapítulo 3.1.3.
25
Energia eléctrica
Área útil (kWh/m
2.ano)
Área útil – factor clima (Wh/m
2.ano.ºC)
Quartos ocupados (kWh/quarto.ano)
Número de clientes (kWh/cliente.ano)
Gás Natural
Área útil (kWh/m
2.ano)
Área útil – factor clima (Wh/m
2.ºC.ano)
Quartos ocupados (kWh/quarto.ano)
Número de clientes (kWh/cliente.ano)
Número de refeições (kWh/refeição.ano)
Água
Área útil (m
3/m
2.ano)
Quartos ocupados (m
3/quarto.ano)
Número de clientes (m
3/cliente.ano)
Número de refeições (m
3/refeição.ano)
Emissões de CO2
Área útil (m
3/m
2.ano)
Quartos ocupados (m
3/quarto.ano)
Número de clientes (m
3/cliente.ano)
Número de refeições (m
3/refeição.ano)
Caso a informação disponível seja em base mensal é possível obter a matriz de resultados e
analisar a flutuação dos consumos mensais ao longo do ano tipo de uma forma mais detalhada. Os
indicadores de desempenho normalizados pela área útil e pelo GDA (“factor clima”) servem sobretudo
para efeitos de comparação geral entre unidades hoteleiras e de diferentes regiões do país.
Relativamente às emissões de gases de efeito de estufa, nomeadamente as emissões de
CO2 associadas ao consumo de energia, os factores de conversão usados são os referenciados no
Despacho n.o
15793-D/2013. Para o consumo de electricidade e de gás natural são usados 0,144 e
0,202 kgCO2/kWh, respectivamente.
3.2.2 Matriz de indicadores de desempenho com base nos valores previstos
na certificação energética
A Tabela 3.2 sistematiza os indicadores de desempenho dos consumos obtidos por
simulação dinâmica nos usos de energia para Aquecimento, Arrefecimento, Iluminação, AQS e
Outros. Os indicadores são obtidos por normalização de acordo com os parâmetros determinantes
mencionados no subcapítulo 3.1.3.
Tipologia
Área útil
(kWh/m2.ano)
Área útil – factor clima
(Wh/m2.ºC.ano)
Quartos ocupados (kWh/quarto.ano)
Número de clientes (kWh/cliente.ano)
Número de refeições
(kWh/refeições.ano)
Aquecimento
Arrefecimento
Iluminação
AQS
Outros
Tabela 3.1 - Indicadores de desempenho com base nos valores facturados
Tabela 3.2 - Indicadores de desempenho obtidos por simulação nos diversos usos de energia e para cada tipologia de estudo
26
Para cada tipologia do edifício (descritas no subcapítulo 3.1.2), é criada uma matriz de
desempenho. O cálculo dos indicadores é baseado nos valores obtidos pela certificação energética
para um ano tipo.
A análise do indicador “factor clima” revela um maior interesse para a tipologia “Hotel de 4 e 5
estrelas” uma vez que esta é a tipologia de maior peso no consumo geral de energia. O indicador
normalizado pelo número de refeições é calculado apenas para a tipologia “Cozinha”. Na tipologia de
“Estacionamento” é usado apenas o indicador normalizado pela área útil, uma vez que não tem
sentido contabilizar o consumo despendido nesta tipologia por cliente ou por quarto registado.
A categoria “Outros” inclui os consumos de ventilação e bombagem não associados ao
controlo de carga térmica, iluminação exterior ou pontual, elevadores e diversos equipamentos
eléctricos e de frio. Como mencionado no subcapítulo 2.3.2 estes consumos são denominados
“consumos do tipo T”, não considerados para efeito de classificação energética. Não obstante, como
referido na “Tabela I.01 – Consumos de energia a considerar no IEES e no IEET” da Portaria n.º 349-
D/2013, parte destes consumos serão considerados para efeitos de certificação a partir de 1 de
Janeiro de 2016.
3.2.3 Matriz “Cliente Tipo”
Além das duas matrizes de desempenho apresentadas nos dois subcapítulos anteriores, o
programa também devolve um conjunto de informação normalizada pelo número de clientes que o
hotel registou durante o período de 3 anos. A particularização destes indicadores pode representar
uma base primária de referenciação para a própria gestão interna, ou de análise comparativa entre
unidades hoteleiras. A Tabela 3.3 sistematiza os indicadores de desempenho por cliente, simulando
assim um “Cliente Tipo” do hotel em estudo.
Electricidade kWh/cliente Aquecimento kWh/cliente
Gás Natural kWh/cliente Arrefecimento kWh/cliente
Água m3/cliente Iluminação kWh/cliente
Emissões kgCO2/cliente AQS kWh/cliente
Devido à falta de monitorização específica nos quartos ou da falta de implementação de
sistemas de gestão centralizados mais detalhados, estes indicadores não representam o consumo
efectivo de cada cliente mas sim quanto é que o hotel tem de consumir energeticamente por cliente
alojado.
Esta matriz poderia ser usada como modelo base de discussão dentro do quadro
administrativo, usando estes valores para melhor percepção e leitura dos registos energéticos. Ou
Tabela 3.3 - Indicadores de desempenho normalizados pelo número de clientes
27
seja, é conveniente que não seja apenas o/a Engenheiro/a responsável pela manutenção da unidade
mas também o restante quadro administrativo a compreender o significado real destes valores
através da sua forma simplificada. Consequentemente seriam mais facilmente considerados ou
priorizados investimentos, por exemplo, numa remodelação de um sistema técnico que vise a
melhoria dos valores indicados e um maior nível de competitividade da unidade hoteleira.
Este indicador de desempenho é útil para referenciação e comparação na eficiência no uso
dos sistemas técnicos entre unidades hoteleiras. A utilidade desta matriz é acrescida pela análise de
comparação entre subgrupos de hotéis com características homogéneas. Pode servir para evidenciar
padrões de consumo, níveis de eficiência ou mesmo atribuir uma classificação do hotel por
desempenho do seu “Cliente Tipo”. Esta classificação poderia ser disponibilizada, por exemplo, na
internet em motores de pesquisa ou em sites de reserva de hotéis, podendo o usuário ordenar os
resultados de escolha por hotéis mais “eficientes por cliente.”
É interessante também representar o “Cliente Tipo” em diferentes alturas do ano,
nomeadamente nas estações onde se verificam maiores picos de consumo. A ferramenta de cálculo
apresenta também as matrizes “Cliente Tipo de Inverno” e “Cliente Tipo de Verão” para os consumos
facturados, caso haja informação disponível em base mensal. Na matriz de Inverno foi considerado o
período Dezembro-Janeiro e para a matriz de Verão o período Junho-Setembro.
A matriz do “Cliente Tipo” poderia também ser usada como forma de sensibilização aos
próprios clientes do hotel. Por exemplo, nos quartos poderia ser fornecida sob a forma de um folheto
de desempenho apresentando os diversos consumos (Iluminação, Arrefecimento, etc.) em números
energéticos de leitura comum (por exemplo, em número de horas médio de um microondas ligado).
Desta forma a informação seria disponibilizada ao cliente de forma prática, incentivando-o também a
adoptar um comportamento energético mais consciente durante a sua estadia. Idealmente, nos hotéis
que tivessem implementado um sistema de monitorização por quarto, no final da estadia do cliente
seria possível comparar os indicadores de desempenho desta matriz com os obtidos durante a
estadia e, caso resultassem em valores menores dos da matriz, o cliente seria recompensado pelo
seu comportamento exemplar.
3.2.4 Comparação entre os consumos facturados e os previstos
Uma observação que é comum nos diplomas de certificação é de que, de maneira geral, os
consumos efectivos do edifício podem divergir dos consumos previstos na certificação, pois
dependem da ocupação e padrões de comportamento real dos utilizadores. O processo de
comparação adoptado entre os indicadores de desempenho previstos e os indicadores facturados é
feito ao nível dos consumos de electricidade e de gás natural, representado pelo diagrama da Figura
3.5.
28
O desvio relativo percentual é calculado através da Equação 3.1 onde se considera o valor
aproximado como o valor dos indicadores de desempenho previstos na simulação dinâmica e o valor
exacto equivalente aos indicadores de desempenho facturados.
O valor total aproximado ( ), de acordo com a Equação 3.2, corresponde à soma das
distribuições de consumos ( ) desagregados pelos diversos usos de energia (Aquecimento,
Arrefecimento, AQS, Iluminação, Outros), subtraindo as contribuições das energias renováveis
( ), para cada tipologia (k) , de consumo total ( ).
O valor exacto ( ), de acordo com a Equação 3.3, corresponde à soma dos consumos
facturados para os sectores de serviço (j) do edifício e para as duas fontes (i) de energia: eléctricas e
não eléctricas (gás natural ou outros) e subtraindo os consumos complementares ( ).
O desvio percentual é comparado para cada fonte de energia e o seu resultado permite
comparar o grau fiabilidade dos indicadores obtidos por certificação face aos consumos efectivos de
cada hotel, e ainda perceber o grau de impacto de medidas de racionalização energética que o hotel
tenha adoptado motivado pelo processo de certificação.
(3.1)
[∑(∑( )
)
]
(3.2)
∑
(3.3)
Figura 3.5 - Processo de comparação de resultados indicadores facturados vs. indicadores simulados
29
4 APLICAÇÃO A UM CASO DE ESTUDO
4.1 Descrição sumária do edifício em estudo
Para este trabalho foi elaborado um caso de estudo detalhado no Hotel InterContinental
Lisbon. Foi facultado o acesso ao local, aos dados internos dos consumos energéticos facturados e
aos registos da direcção de gestão técnica. Os objectivos do presente caso de estudo expressam-se
pelos seguintes pontos: 1) validar a ferramenta de cálculo dos indicadores de desempenho energético
facturados através da comparação com os valores obtidos pela certificação energética feita ao hotel
para condições nominais e reais, 2) demonstrar e clarificar a mais-valia da utilização integral do
quadro de indicadores como parâmetros detalhados de análise do desempenho energético de um
hotel e 3) perceber as influências no comportamento energético do hotel após a tomada de decisão
de medidas importantes de racionalização ao nível da gestão técnica.
O edifício em estudo é um hotel de luxo de 5 estrelas de nome Hotel InterContinental Lisbon.
Abriu portas inicialmente como Le Meridien Lisboa em 1985, pertencente ao grupo Hotelgal,
Sociedade de Hotéis de Portugal, S.A. Em 2008, após a renegociação de um novo contrato com a
GLOBAL Hotels & Resorts passou a designar-se Hotel Tiara Park Atlantic Lisboa. Após nova
celebração de contrato entre a Hotelgal e a IHG InterContinental Hotels Groups em 2014, passou a
designar-se pelo nome actualmente conhecido.
Este edifício é categorizado, de acordo com o Decreto-Lei n.º 118/2013, como sendo um
“Grande Edifício de Comércio e Serviços - GES” pois apresenta uma área útil de pavimento superior
a 1.000 m2. O Hotel é um imóvel com 19 andares acima do solo, 3 no subsolo e um bloco anexo com
2 níveis acima do solo e 3 níveis no subsolo. Localizado no centro de Lisboa e a situação geográfica
classifica-o como zona climática I1 no Inverno e no Verão V2 - Sul.
O edifício perfaz uma área útil de 21.295 m2
(considerando a área de pavimento do edifício
nas tipologias de “Hotel de 4 e 5 estrelas” e “Restaurante”). A Figura 4.1 apresenta uma fotografia da
fachada principal do edifício.
Figura 4.1 - Fotografia de apresentação oficial do Hotel InterContinental Lisbon (Fonte: www.ihg.com)
30
Em 2010, no âmbito do SCE e na aplicação dos requisitos previstos no RSECE (Decreto-Lei
n.º 79/2006), foi realizado um processo de certificação ao hotel e emitido, em 2011, o certificado de
desempenho no qual obteve o nível C de classificação energética. Foi elaborado um Relatório de
Auditoria Energética e da Qualidade do Ar Interior relativo ao processo de certificação. Em Novembro
de 2012 foi emitida uma Adenda ao relatório inicial para contabilizar o efeito das novas considerações
relativamente a melhorias energéticas adoptadas após a certificação inicial. Da análise das soluções
em curso e de outras medidas propostas para o edifício, o hotel foi reclassificado para o nível B-. Esta
reclassificação foi assente nos novos pressupostos de cálculo em condições nominais para as
soluções mais relevantes de redução da factura energética.
Neste caso de estudo pretende-se validar os indicadores de desempenho energético médios
do hotel para período correspondente à sua certificação, comparando os valores facturados com os
valores obtidos por simulação em condições nominais e reais. Pretende-se também estudar a relação
entre as medidas de redução energética que foram adoptadas e de que forma os indicadores servem
para demonstrar o peso dessas medidas no desempenho energético.
4.2 Recolha de dados pela certificação energética de 2011
A auditoria energética realizou-se entre os meses de Outubro e Novembro de 2010. Este
processo de certificação analisou os consumos médios energéticos relativos ao período 2007-2009.
Neste processo de certificação foram realizadas duas simulações dinâmicas: uma em condições
nominais para determinar a classificação energética do edifício (comparando o IEEnom obtido com um
valor de referência IEEref) e outra em condições reais (utilizando perfis de utilização de acordo com as
facturas energéticas). Ambas as simulações foram feitas recorrendo ao programa EnergyPlus.
Na Tabela 4.1 são apresentados os valores dos consumos energéticos médios facturados e
os valores obtidos com base nas simulações efectuadas:
Consumo energético facturado [MWh/ano]
Consumo simulação nominal [MWh/ano]
Consumo simulação real [MWh/ano]
Gás Natural 1.555,2 1.546,0 1.017,6
Electricidade 4.551,1 4.449,8 4.048,8
Total 6.106,3 5.995,8 5.066,4
Para o caso da simulação do funcionamento do hotel com base em perfis reais de utilização,
o consumo obtido é inferior ao consumo originado pela simulação com perfis nominais. O consumo
nominal simulado é, aproximadamente, 1,8 % menor do que o consumo obtido por análise das
facturas energéticas.
Tabela 4.1 - Consumos energéticos obtidos pela análise de facturas, perfis nominais e reais relativamente ao período de 2007-2009
31
No relatório obtido pelo processo de auditoria e certificação é apresentada a divisão estimada
dos consumos de energia para as diferentes tipologias do edifício, nomeadamente, “Hotel de 4 e 5
estrelas”, “Restaurante”, “Estacionamento” e “Cozinha”. É também apresentada a desagregação da
energia pelos diferentes usos segundo as condições de utilização dos sistemas técnicos. A Tabela
4.2 representa a distribuição percentual do consumo total das necessidades resultantes das
simulações em condições nominais e reais. Estes valores são introduzidos como dados de entrada
simulados por tipologia na folha de cálculo. No Anexo B é representada a distribuição detalhada do
consumo de energia por tipologia do hotel.
Hotel de 4 e 5 estrelas
Nominal | Real Restaurante
Nominal | Real Estacionamento
Nominal | Real Cozinha
Nominal | Real
Aquecimento 5,3% 8,2 % 7,3% 5,7% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
Arrefecimento 20,3% 25,9% 27,9% 18,2% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
Iluminação 22,9% 27,8% 31,5% 18,4% 26,5% 33,3% 5,4% 5,4%
AQS 20,9% 11,2% 28,7% 52,4% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
Outros 30,7% 27,0% 4,6% 5,3% 73,5% 66,7% 94,6% 94,6%
Verificou-se uma diferença significativa entre a divisão percentual dos consumos sobretudo
para a produção de AQS nas tipologias de serviços. No mapa de entradas são inseridos os consumos
mensais registados nas facturas relativamente ao consumo de energia eléctrica (kWh/mês), consumo
de gás natural (m3/mês) e de água (m
3/mês). São também inseridos o número total de quartos
registados, clientes, perfil de ocupação e número de refeições confeccionadas para o período de 3
anos consecutivos. Os dados mensais dos vários parâmetros foram cedidos cordialmente pela
direcção de manutenção técnica do hotel.
O registo do consumo de água total é feito através de um contador geral e, internamente,
existe um contador próprio de água fria e outro de água quente para a cozinha. O consumo de água
nos quartos é estimado através da medição do valor registado num contador proveniente de um
“quarto modelo” 1210 e extrapolado para todos os outros quartos. Esta extrapolação não é muito
precisa dado que o consumo de um quarto para todo o hotel não é uma amostra suficientemente
representativa. Neste quarto modelo é possível contabilizar o consumo de água quente e de água fria
através de contadores próprios. Não existindo preferencialmente uma monitorização da contagem de
água por quarto do hotel ou mesmo por andar, opta-se por realizar uma divisão percentual
aproximada, como apresentada na Tabela 4.3. Esta divisão de consumos corresponde a uma análise
qualitativa baseada em estudos anteriores elaborados pelo próprio hotel para o período em
consideração.
Tabela 4.2 - Distribuição percentual dos consumos estimados por tipologia através da simulação com base nos perfis nominais e reais
32
Quartos Cozinha Outros serviços
Consumo total 64% 8% 28%
AQ AF AQ AF
38% 62% 76% 24%
O consumo de água nos “Outros Serviços” inclui os gastos na área técnica (balneário de
colaboradores, serviços de limpeza), área administrativa e casas de banho públicas. O seu valor é o
resultado da diferença que preenche o consumo total.
Relativamente ao consumo de gás natural no hotel, este é desagregado da seguinte forma:
Gás natural usado nas caldeiras para produção de AQS e auxiliar o sistema de climatização;
Gás utilizado no uso particular nos fogões e outros aparelhos a gás na cozinha para confecção de alimentos;
Os consumos internos de gás natural no hotel são registados num contador geral e num
contador próprio para a cozinha. A diferença na contagem resulta na quantidade de gás para as
caldeiras.
4.3 Indicadores de desempenho na certificação energética de 2011
O perfil energético do hotel para o período de 2007-2009 é estabelecido através dos
resultados dos indicadores de desempenho obtidos para este período. A apresentação de resultados
é dividida em duas matrizes de desempenho: 1) indicadores facturados, e 2) indicadores resultantes
do processo de certificação através de simulação dinâmica detalhada em condições nominais e reais.
Na Tabela 4.4 são apresentados os indicadores resultantes de desempenho médio anual,
facturados nas vertentes do consumo de energia eléctrica, gás natural e água.
Área útil
(kWh/m2.ano)
Área útil – factor
clima (Wh/m
2.ºC.ano)
Quartos ocupados
(kWh/quarto.ano)
Número de clientes
(kWh/cliente.ano)
Número de
refeições (kWh/refeição.ano)
Energia eléctrica
214,0 180,0 57,5 39,0 -
Gás Natural
52,2 44,0 14,0 9,5 2,4
Área útil
(m3/m
2.ano)
Área útil – factor clima
(Wh/m2.ºC.ano)
Quartos ocupados
(m3/quarto.ano)
Número de clientes
(m3/cliente.ano)
Número de refeições
(m3/refeição.ano)
Água 1,27 - 0,34 0,23 0,018
Tabela 4.3 - Repartição do consumo de água total pelos Quartos, Cozinha e Outros Serviços. (Legenda: AQ-água quente e AF- água fria)
Tabela 4.4 - Indicadores de desempenho facturados no período 2007-2009
33
Na Tabela 4.5 são apresentados os indicadores desempenho normalizados do consumo
estimado para a tipologia de “Hotel de 4 e 5 estrelas” e desagregados para os usos de
“Aquecimento”, “Arrefecimento”, “Iluminação”, “AQS” e “Outros” em condições nominais e reais
através da simulação detalhada pelo processo de certificação energética.
Área útil
(kWh/m2.ano)
Nominal | Real
Área útil – factor clima (Wh/m
2.ºC.ano)
Nominal | Real
Quartos ocupados (kWh/quarto.ano)
Nominal | Real
Número de clientes (kWh/cliente.ano)
Nominal | Real
Aquecimento 13,8 17,5 11,6 14,7 3,7 4,7 2,5 3,2
Arrefecimento 52,9 55,4 44,5 46,6 14,1 14,8 9,6 10,1
Iluminação 59,7 59,5 50,2 49,9 15,9 15,9 10,9 10,8
AQS 54,5 23,9 45,8 20,1 14,6 6,4 9,9 4,4
Outros 80,0 57,8 67,2 48,5 21,4 15,4 14,5 10,5
Os valores destes indicadores por si só não permitem avaliar de forma qualitativa o
desempenho energético do hotel. Neste sentido, torna-se necessário validar os indicadores através
da comparação entre os valores facturados e os valores resultantes da simulação calculando o desvio
percentual de desvio dos resultados.
4.4 Comparação dos indicadores com valores facturados
O cálculo dos desvios relativos é feito de acordo com a metodologia apresentada no
subcapítulo 3.2.4.
A comparação de resultados para o período 2007-2009 é apresentada na Tabela 4.6,
calculando o desvio relativo percentual simulado em condições nominais e reais com o valor
facturado para o consumo eléctrico e de gás natural.
ELECTRICIDADE GÁS NATURAL
Total simulado
Nominal Total simulado
Real Total simulado
Nominal Total simulado
Real
Área útil -0,6% -9,5% 32,9% -14,6%
Quartos ocupados -1,2% -10,0% 32,5% -14,7%
Número de clientes -1,1% -9,9% 32,6% -14,7%
O cálculo do desvio relativo normalizado segundo o número de quartos ocupados ou de
clientes é redundante, uma vez que a soma dos indicadores normalizados será igual para os três
casos. Assim, será apresentado adiante apenas o desvio relativo com base nos indicadores
Tabela 4.5 - Indicadores de desempenho previstos para a tipologia "Hotel de 4 e 5 estrelas" no período 2007-2009
Tabela 4.6 - Comparação de resultados entre indicadores simulados e facturados para o período 2007-2009
34
normalizados pela área útil interior. O sinal negativo (-) significa que a soma dos indicadores dos
consumos desagregados de energia previstos é menor do que o indicador total facturado resultante.
Pela análise de resultados obtêm-se menores desvios relativos para os consumos eléctricos do que
para os consumos de gás natural. O desvio associado à simulação dinâmica para perfis nominais
eléctricos é muito reduzido comparativamente aos perfis reais de utilização dos sistemas técnicos,
verificando-se o contrário para o caso do gás natural. Pelos valores tabelados se conclui que a
diferença dos consumos de gás natural previstos entre os perfis nominais e reais é bastante
significativa, estando os consumos nominais sobredimensionados. No entanto a simulação dos
consumos eléctricos obteve desvios reduzidos. Estes resultados perspectivam um grau maior de
fiabilidade na comparação entre hotéis da mesma tipologia usando os indicadores de desempenho
para um ano tipo obtidos com base na certificação.
No próximo subcapítulo é elaborada novamente a recolha e análise da informação para o
período de 2011-2013, na tentativa de validar os valores relativos à reclassificação energética do
hotel.
4.5 Recolha de dados pela Adenda energética de 2012
Aquando da emissão do Relatório da Auditoria Energética em 2011 foi apresentado também o
Relatório de Melhoria Energética. Esta Adenda foi emitida em Novembro de 2012 para justificar as
medidas adoptadas, nomeadamente, a alteração da iluminação existente para iluminação mais
eficiente e a introdução de melhorias ao nível do consumo de água nos quartos. O hotel
comprometeu-se a executar algumas das medidas de intervenção propostas, sendo justificado na
Adenda que, com base na realização de simulação nas novas condições, iria assim obter uma
melhoria da classe energética para o nível B-.
As três grandes medidas de intervenção executadas foram:
Alteração da iluminação da zona de circulação dos corredores de quartos das lâmpadas do tipo
halogéneo de 20W por lâmpadas do tipo LED de 3W;
Redução da densidade de iluminação nas zonas técnicas do edifício e no estacionamento
através da adaptação para um circuito permanente e outro não permanente;
Colocação de redutores de caudal nas torneiras da cozinha e quartos.
Serve o presente subcapítulo para apresentar os resultados das novas medidas propostas
através dos indicadores de desempenho relativos ao período compreendido entre 2011 e 2013. Deste
modo, o novo cálculo dos indicadores de desempenho permite estimar, de uma maneira simplificada,
a redução energética do hotel consequente das acções de eficiência energética tomadas. Permite
também identificar padrões de consumo e analisar a flutuação do perfil de consumos entre os meses
homólogos nos dois períodos em estudo.
35
Estas medidas começaram a ser executadas em Julho de 2011 e tiveram um tempo de
implementação muito variável pois dependiam da ocupação do hotel. No final de 2011 estes
processos já tinham sido concluídos, pelo que o efeito na redução da facturação energética é mais
perceptível a partir de 2012. No entanto, optou-se por representar a média de consumos
compreendidos entre 2011 e 2013 de modo a apresentar a versão mais actual do desempenho
energético do hotel e comparar estes valores com os pressupostos da Adenda através do cálculo
simulado para condições nominais, validando assim o novo desempenho energético atribuído.
Na Tabela 4.7 são apresentados os valores dos consumos energéticos médios facturados
entre 2011-2013 e os valores obtidos com base na simulação efectuada na Adenda.
Consumo energético facturado [MWh/ano]
Consumo simulação nominal [MWh/ano]
Gás Natural 1.606,3 815,2
Electricidade 4.202,9 4.117,8
Total 5.809,2 4.933,0
O consumo energético simulado do funcionamento do hotel com base nos padrões nominais
é inferior em, aproximadamente 15% do valor verificado através da facturação energética. Esta
diferença deve-se sobretudo aos pressupostos assentes na Adenda de que a redução em 50% no
consumo de AQS teria implicações significativas no consumo de gás natural. No entanto essa
redução não se verificou no período subsequente. Obteve-se um erro de estimação do consumo de
gás natural em 45%. Este erro irá ser estudado no próximo subcapítulo, sobre a análise de
comparação entre os indicadores de desempenho energético facturados e os indicadores previstos
por simulação.
A nova distribuição percentual dos consumos estimados por tipologia através da simulação
com base em perfis nominais é apresentada na Tabela 4.8.
Hotel de 4 e 5
estrelas Restaurante Estacionamento Cozinha
Aquecimento 7,4% 5,9% 0,0% 0,0%
Arrefecimento 18,8% 18,7% 0,0% 0,0%
Iluminação 22,5% 24,0% 14,9% 6,2%
AQS 7,5% 25,2% 0,0% 0,0%
Outros 43,8% 26,3% 85,1% 93,8%
Relativamente ao período de 2007-2009, a redução prevista do valor simulado no sector da
“Iluminação” não seria muito significativa (de 22,9% para 22,5%). Estimou-se ainda que a alteração
da iluminação na zona de circulação de quartos trouxesse consequentemente uma redução
Tabela 4.7 - Consumos energéticos obtidos pela análise de facturas e perfis nominais relativamente ao período de 2011-2013
Tabela 4.8 - Distribuição percentual dos consumos estimados por tipologia através da simulação dinâmica com base no perfil nominal na Adenda do Relatório Energético de 2012
36
percentual das necessidades de arrefecimento do edifício em 1,5% (de 20,3 para 18,8%). Destaca-se
também a redução prevista para o consumo energético na produção de AQS (20,9 para 7,5%) na
tipologia de “Hotel de 4 e 5 estrelas”. Esta redução não se verificou ao nível do consumo de gás
natural facturado para o período 2011-2013, como se conclui pela Tabela 4.7. No Anexo D é
apresentada a distribuição detalhada do consumo de energia por tipologia do hotel.
4.6 Indicadores de desempenho na Adenda de 2012 e comparação
com 2011-2013
O perfil energético para o período 2011-2013 é então estabelecido através dos resultados dos
indicadores de desempenho obtidos pela mesma metodologia abordada no subcapítulo 4.2 e 4.3. As
duas matrizes de desempenho dos indicadores facturados e simulados são apresentadas sob a forma
da Tabela 4.9 e Tabela 4.10, respectivamente.
Área útil
(kWh/m2.ano)
Área útil – factor clima
(Wh/m2.ºC.ano)
Quartos ocupados
(kWh/quarto.ano)
Número de clientes
(kWh/cliente.ano)
Número de refeições
(kWh/refeição.ano)
Energia eléctrica
197,4 165,9 49,5 32,3 -
Gás
Natural 54,1 45,1 13,6 8,8 2,7
Área útil
(m3/m
2.ano)
Área útil – factor clima
(Wh/m2.ºC.ano)
Quartos ocupados (m
3/quarto.ano)
Número de clientes (m
3/cliente.ano)
Número de refeições
(m3/refeição.ano)
Água 1,22 - 0,30 0,20 0,02
Relativamente ao período facturado de 2007-2009 (Tabela 4.4) é perceptível a redução do
consumo de energia eléctrica através do indicador de desempenho normalizado por unidade de área
útil (214 para 197 kWh/m2.ano) e o (não expectado) aumento do consumo de gás natural (52,2 para
54,1 kWh/m2.ano). É possível verificar também a redução do consumo de água (1,27 para 1,22
m3/m
2.ano). A introdução de redutores de caudal não teve um impacto directo na redução de gás
natural como inicialmente projectado. Conclui-se que a redução de gás natural apresentada na
Adenda para a produção de AQS está de facto incorrecta. Os indicadores de desempenho
relativamente ao consumo total de água no hotel revelaram um decréscimo pouco expressivo. Desta
forma, a introdução de redutores de caudal nos quartos e nas torneiras da cozinha não podem ser a
única forma de justificar a consequente redução no consumo de gás natural, como interpretado pelos
valores apresentados na Adenda.
A Tabela 4.10 apresenta os indicadores de desempenho simulados para o período 2011-2013
na tipologia “Hotel de 4 e 5 estrelas”.
Tabela 4.9 - Indicadores de desempenho facturados no período 2011-2013
37
Área útil
(kWh/m2.ano)
Área útil – factor clima (Wh/m
2.ºC.ano)
Quartos ocupados (kWh/quarto.ano)
Número de clientes (kWh/cliente.ano)
Aquecimento 15,6 13,1 3,9 2,6
Arrefecimento 39,7 33,3 9,9 6,5
Iluminação 47,5 39,9 11,9 7,8
AQS 15,8 13,3 4,0 2,6
Outros 92,4 77,6 23,2 15,1
O consumo previsto para a tipologia “Hotel de 4 e 5 estrelas” relativamente ao período de
2007-2009 (Tabela 4.5) também apresenta reduções significativas para o período de 2011-2013,
nomeadamente, nas necessidades de “Arrefecimento” (52,9 para 39,7 kWh/m2.ano), “Iluminação”
(59,7 para 47,5 kWh/m2.ano) e na produção de AQS (54,5 para 15,8 kWh/m
2.ano).
O valor dos indicadores previstos deve ser comparado com o facturado para o período
homólogo. Deste modo poderá ser atribuído um maior grau de fiabilidade a estes valores e concluir
quanto ao impacto das medidas tomadas no desempenho energético do hotel.
4.7 Comparação dos indicadores com valores facturados
O desvio relativo é calculado segundo o mesmo processo de comparação adoptado no
subcapítulo 4.4 para os consumos de electricidade e gás natural. Na Tabela 4.11 é apresentado o
desvio relativo percentual simulado em condições nominais da Adenda com o valor facturado para o
consumo eléctrico.
ELECTRICIDADE GÁS NATURAL
Total simulado
Nominal Total simulado
Nominal
Área útil 0,77% -39,6%
A estimativa do desvio relacionado com o consumo de gás natural agrava-se com o aumento
do consumo facturado face ao período de 2007-2009. Admite-se também que o pressuposto para
consumo na produção de AQS na Adenda está errado, evidenciado também através do desvio
relativo calculado para o gás natural. O valor obtido para o desvio relativo de electricidade é muito
satisfatório. Permite assim, tal como foi concluído para o período de 2007-2009, validar a simulação
apresentada na Adenda para o período de 2011-2013. Com excepção ao consumo de gás natural
para a produção de AQS, pode-se concluir que a previsão do comportamento energético do hotel no
Tabela 4.10 - Indicadores de desempenho previstos para a tipologia "Hotel de 4 e 5 estrelas" no período 2011-2013
Tabela 4.11 - Comparação de resultados entre indicadores simulados e facturados para o consumo eléctrico no período 2011-2013
38
período após a nova classificação energética foi confirmada com êxito. Deste modo reúnem-se as
condições necessárias para comparar o desempenho energético nos dois períodos em estudo.
No próximo subcapítulo é apresentado com maior detalhe o comportamento dos indicadores
de desempenho para cada período e para meses homólogos. São identificados os impactos
resultantes das medidas de acção tomadas através da análise dos valores obtidos pelos indicadores
e de que forma o manuseamento desta ferramenta é útil para a gestão administrativa do hotel.
4.8 Comparação do desempenho energético nas duas certificações
Os dois processos de certificação energética a que o hotel foi sujeito – classificação em 2011
com a classe energética de nível C relativamente ao período de consumo médio entre 2007-2009 e a
reclassificação para a classe energética de nível B-
em 2012 – foram validados através da
comparação entre os indicadores de desempenho simulados e os valores facturados para os
períodos respectivos.
Torna-se útil comparar os consumos entre os dois períodos e analisar o impacto das medidas
energéticas adoptadas, relacionada com a variação dos indicadores de desempenho. Deve-se
reconhecer no entanto que o valor dos indicadores não são totalmente suficientes para explicar todas
as variações no consumo geral do edifício e que existem outros factores não quantificáveis (por
exemplo os consumos relacionados com logística de manutenção e número de eventos e
conferências).
O objectivo prende-se sobretudo em perceber de que forma a análise simplificada dos
indicadores de desempenho pode ser rapidamente perceptível e conclusiva quanto ao efeito das
medidas de acção tomadas, quais os parâmetros que mais influenciam o consumo geral do hotel e
como relacioná-los com modos de operação. A análise que se segue é dividida por consumos médios
anuais e flutuações médias mensais para efeitos de comparação dos períodos 2007-2009 e 2011-
2013, nas vertentes de electricidade, gás natural e água.
39
4.8.1 Análise de consumos médios anuais
A Figura 4.2 e a Figura 4.3 apresentam os indicadores de desempenho do consumo anual de
energia eléctrica normalizados pela área útil e pelo número de clientes, respectivamente.
Pela análise das duas figuras identificou-se qual foi o grau de impacto na redução do
consumo energético através da introdução de iluminação mais eficiente na zona de circulação de
quartos. Verificou-se uma redução do consumo de electricidade normalizado pela área útil de 2011
para 2013 em 13,6% (214 para 185 kWh/m2.ano) e uma redução de 13,4% (35,0 para 30,3
kWh/cliente.ano), relativamente ao consumo por cliente. A redução energética prevista pela Adenda
para a parcela da “Iluminação” é de 13% confirmada através dos valores facturados. A introdução de
lâmpadas mais eficientes na zona de circulação dos quartos, bem como a sensibilização da equipa
técnica para um comportamento energeticamente mais moderado, são apontados como os factores
Figura 4.3 - Evolução do consumo anual de energia eléctrica por cliente
Figura 4.2 - Evolução do consumo anual de energia eléctrica por unidade de área útil
40
mais relevantes, uma vez que não ocorreram outras alterações nos equipamentos técnicos e a
diminuição da taxa de ocupação é pouco significativa.
Entenda-se ainda que o número de conferências e de eventos anuais, bem como o fecho
pontual dos pisos para manutenção produzem um efeito integrado nestes consumos mas que não é
possível de quantificar.
A Figura 4.4 e a Figura 4.5 apresentam os indicadores de desempenho do consumo anual de
água normalizados por área útil e pelo número de clientes, respectivamente.
A introdução de redutores de caudal permitiu, entre 2011 e 2013, uma redução aproximada
em 9% do consumo de água por unidade de área e 9,5% por cliente. Estes valores traduzem-se
numa redução aproximada de 3.833.900 litros de água por ano. Em edifícios de grandes consumos,
pequenas alterações que não requerem grandes exigências logísticas podem surtir resultados
significativos. Surpreendentemente, o valor do indicador de desempenho em 2012 é igual ao de 2013.
Figura 4.5 - Evolução do consumo anual de água por cliente
Figura 4.4 - Evolução do consumo anual de água por unidade de área útil
41
A Tabela 4.12 resume, através do indicador de desempenho normalizado por cliente, a
variação percentual do consumo de energia eléctrica, gás natural e água com base no ano de 2011
para os anos seguintes.
Consumo/cliente.ano 2011 2012 2013
Electricidade [kWh/cliente.ano]
35,0 -10,3% -13,4%
Gás Natural [m
3/cliente.ano]
0,69 +8,7% +13,0%
Água
[m3/cliente.ano]
0,21 -9,5%
Taxa Ocupação 71,7% -1,7% -2,3%
Relativamente ao consumo de água, a Adenda previa uma redução em 50% do consumo de
energia para produção de AQS. Esta redução não se verificou nos valores facturados de gás natural
para o período subsequente, dado o facto de em 2012 e 2013 se terem registado maiores valores no
número de GDA e ter-se ocasionado uma avaria numa das caldeiras em Novembro de 2013. Conclui-
se também que o impacto das medidas adoptadas para melhoria da classificação energética teve um
impacto mais significativo do que o decréscimo da taxa de ocupação verificada. Estes valores
sugerem que o hotel adquiriu um comportamento mais eficiente, pois consumiu menos energia e
água para a mesma exigência de ocupação.
Na secção seguinte, é analisado o impacto das medidas de racionalização energética através
de indicadores de base mensal ao invés de indicadores de base anual.
4.8.2 Análise de consumos médios mensais
Dada a possibilidade de serem inseridos na ferramenta de cálculo os consumos facturados
em base mensal, consegue-se identificar a flutuação do valor dos indicadores para os meses
homólogos. A análise que se segue tem como objectivo definir padrões de consumo mensais e
sazonais. Propõem-se utilizar os indicadores para efeitos de comparação e de relação com a taxa de
ocupação, considerando a influência dos factores exteriores ao funcionamento do edifício.
A Figura 4.6 apresenta o consumo mensal de electricidade normalizado pela área útil, para
uma taxa de ocupação média calculada nos período 2007-2009 e para os anos 2011, 2012 e 2013.
Tabela 4.12 - Resumo da variação percentual dos indicadores de desempenho normalizados por cliente após 2011
42
A análise da Figura 4.6 permite concluir que, comparativamente a Julho de 2011 (quando se
começou a implementar medidas de eficiência energética na iluminação), o consumo de electricidade
do hotel registou uma redução nos meses homólogos seguintes. Os maiores valores de consumo de
electricidade por unidade de área útil correspondem aos do ano de 2011. Nota-se também a relação
entre a flutuação do consumo de electricidade com o perfil de ocupação de hotel, padronizando assim
um “envelope” anual do comportamento eléctrico. O aumento médio do consumo de electricidade
relaciona-se, naturalmente, com os meses com maiores necessidades de arrefecimento do edifício e
taxa de ocupação.
A Figura 4.7 apresenta o indicador de desempenho normalizado pelo número de clientes e a
comparação com um valor padrão médio dos 3 meses de maior severidade da estação de
aquecimento (Dezembro a Janeiro do ano seguinte) e da estação de arrefecimento (Julho a
Setembro).
Através deste tipo de análise é possível estabelecer padrões de consumo baseados em perfis
médios sazonais dos indicadores de desempenho facturados. Neste caso, para a estação de
Figura 4.6 - Evolução do consumo mensal de energia eléctrica por unidade de área útil
Figura 4.7 - Evolução do consumo mensal de energia eléctrica por cliente
43
aquecimento calculou-se o valor de 39,9 kWht/cliente.mês e para a estação de arrefecimento 30,9
kWhe/cliente.mês.
A Figura 4.8 apresenta o consumo mensal de gás natural normalizado pelo número de
quartos ocupados para os anos 2011, 2012 e 2013, relacionando com o número de graus-dias de
aquecimento (GDA) registados.
O número de GDA foi calculado pelo método da norma ASHRAE (Borah et al. 2015) com
temperatura base de 18 ºC (estipulado pelo RECS). O seu valor é igual ao somatório para cada ano
das diferenças positivas (+) registadas entre o valor da temperatura de base ( ) e a diferença da
temperatura média diária ( ), expresso na Equação 4.1.
Onde é calculado diariamente pela média entre a temperatura máxima ( ) e a
temperatura mínima ( ), expresso na Equação 4.2.
Apesar do decrescente número de clientes e de quartos ocupados desde 2011 até 2013,
verifica-se um acréscimo do consumo em m3 de gás natural em meses homólogos. Este aumento
está relacionado com o aumento do número de GDA que se traduz em maiores necessidades de
aquecimento do edifício.
A Figura 4.9 apresenta os valores mensais do consumo de gás natural normalizado pela área
útil. Semelhantemente à análise apresentada pela Figura 4.7, é utilizado um indicador de
desempenho sazonal, flexibilizando a preferência do tipo de indicadores usados para o objectivo
pretendido.
∑( )
(4.1)
( )
(4.2)
Figura 4.8 - Evolução do consumo mensal de gás natural por quarto ocupado
44
A Figura 4.10 apresenta o consumo mensal de água normalizado por área útil para os anos
2011, 2012 e 2013 e para efeitos de comparação do impacto das medidas em meses homólogos.
Semelhantemente à análise apresentada pela Figura 4.6 é possível perceber o decréscimo do
consumo mensal de água após a implementação de redutores de caudal a partir da segunda metade
do ano de 2011. Os níveis médios mensais do indicador de consumo por unidade de área útil
permitem também perceber que os meses de maior consumo de água são os meses
correspondentes à estação de aquecimento, possivelmente devido a um maior consumo de água
quente para banhos.
O objectivo desta extensa análise anual e mensal pretendeu sobretudo realçar a flexibilidade
no uso dos diferentes indicadores para gerir informação, conhecer e traçar um comportamento
padrão energético do edifício. O uso dos indicadores relevantes demonstra ser da maior importância
consoante o objectivo ambicionado pelo quadro administrativo para análise da dinâmica de consumos
e tomadas de decisão. É necessário ainda conhecer quais os parâmetros de maior influência no
consumo geral do hotel.
Figura 4.10 - Evolução do consumo mensal de água por unidade de área útil
Figura 4.9 - Evolução do consumo mensal de gás natural por unidade de área útil
45
4.9 Parâmetros que mais influenciam o consumo geral do hotel
Relacionando o perfil de consumos de electricidade e gás natural normalizados pela área útil
e pelo número de quartos ocupados com a taxa de ocupação do hotel, é possível atestar quanto ao
grau de correlação que existe entre estes perfis e o factor de normalização através da curva de
tendência obtida. A análise que se segue sugere uma relação importante entre os valores expectados
de desempenho com o perfil de ocupação para o período entre 2011 e 2013.
A Figura 4.11 apresenta a relação entre o indicador de desempenho normalizado por área útil
com a taxa de ocupação do hotel, para a vertente energética de electricidade e de gás natural.
O consumo de electricidade aumenta com o nível de ocupação do hotel mas o consumo de
gás natural diminui. Existe uma forte relação entre o consumo de electricidade e a taxa de ocupação
(R2=0,87) sobretudo porque os maiores níveis de ocupação verificam-se durante o verão que é o
período com maiores necessidades de arrefecimento. O aumento acentuado do consumo de
electricidade traduz-se num uso menos eficiente por unidade de área útil. Este indicador é importante
de forma a concluir quanto ao nível de eficiência dos equipamentos usados para efeitos de
climatização ou para iluminação.
Para o consumo de gás natural o factor de correlação é menor (R2=0,69). O indicador de
desempenho do consumo de gás natural por unidade de área útil não permite aferir conclusões tão
evidentes como o do consumo eléctrico. No entanto, o decréscimo do consumo de gás natural para
maiores taxas de ocupação sugere um aumento na eficiência dos sistemas de armazenamento de
águas quentes. Para efeitos de climatização, o calor de recuperação de um dos chillers é aproveitado
ao pré-aquecer a água dos depósitos de inércia através de um permutador de placas. Assim os
períodos de maior ocupação no Hotel verificam-se durante a estação de arrefecimento e um maior
aproveitamento do calor de recuperação do chiller traduz-se numa redução do tempo de
funcionamento da caldeira.
A Figura 4.12 apresenta a relação entre o indicador de desempenho normalizado por quarto
ocupado com a taxa de ocupação, para a vertente energética eléctrica e de gás natural.
Figura 4.11 - Indicador de desempenho eléctrico (a) e de gás natural (b) normalizados pela área útil em função da taxa de ocupação do hotel
46
O indicador de desempenho normalizado pelo número de quartos para as vertentes de
electricidade e gás natural apresenta uma correlação forte com a taxa de ocupação do hotel,
expresso pelo valor de R2 de 0,74 e 0,88 respectivamente.
O consumo de electricidade por quarto ocupado estabiliza a, aproximadamente, 70% do nível
de ocupação do hotel. Este comportamento permite concluir que, para maiores níveis de ocupação, é
implicada indirectamente uma margem de lucro superior para o hotel por quarto ocupado.
Relativamente ao consumo de gás natural, o aumento da taxa de ocupação resulta numa
diminuição do valor dos indicadores de desempenho. Este resultado é esperado, uma vez que as
maiores ocupações do hotel verificam-se para os períodos onde as necessidades de aquecimento
ambiente são menores.
A Figura 4.13 apresenta a relação entre o indicador de desempenho normalizado por refeição
com a taxa de ocupação do hotel, para a vertente energética de gás natural e água.
Existe uma forte relação entre o consumo de gás natural por refeição e a taxa de ocupação
do hotel (R2=0,87). Naturalmente, é solicitado um maior tempo de funcionamento dos equipamentos a
gás da cozinha, proporcional ao número de pedidos para o número de refeições a confeccionar no
restaurante, bar ou serviço de quartos. A diminuição do consumo de gás para maiores taxas de
ocupação entende-se também como uma maior eficiência nas operações de cozinha, onde para o
mesmo tempo de funcionamento de fogões ou fornos, são cozinhadas mais refeições. O consumo de
água não apresenta uma relação tão forte (R2=0,62) para o número de refeições confeccionadas. A
água facturada não corresponde apenas para efeitos de confecção de alimentos mas também para
Figura 4.12 - Indicador de desempenho eléctrico (a) e de gás natural (b) normalizados pelo número de quartos ocupados em função da taxa de ocupação do hotel
Figura 4.13 - Indicador de desempenho de gás natural (a) e de água (b) normalizados pelo número de refeições em função da taxa de ocupação do hotel
47
equipamentos de lavagem nas copas. O comportamento deste perfil permite concluir que a região
onde o índice de consumo de água é mais constante e eficiente encontra-se numa gama de
ocupação entre os 60-70%. Este factor poderá estar relacionado com o modo de operação na
cozinha e na copa do hotel, onde a exigência do cumprimento do tempo de espera e da qualidade de
confecção influência o uso e o desperdício de água.
4.10 O “Cliente Tipo”
Uma outra forma de utilizar o valor dos indicadores de desempenho energético para
caracterizar o perfil do hotel é através da construção de uma matriz “Cliente Tipo”. Devido à
dificuldade de monitorização detalhada dos consumos, os índices apresentados não representam o
valor real que cada cliente gasta, mas sim uma estimativa de quanto é que tem de despender
energeticamente por cada cliente diário que aloja. A matriz contempla também o indicador de
emissões de CO2 por cliente relacionado com os consumos energéticos. A Tabela 4.13 apresenta os
indicadores médios de desempenho por cliente para este caso de estudo no período 2011-2013,
desagregado para as diferentes vertentes energéticas e usos na tipologia de “Hotel de 4 e 5 estrelas”.
Electricidade 32,27 kWh/cliente Aquecimento 2,55 (13,2%) kWh/cliente
Gás Natural 8,84 kWh/cliente Arrefecimento 6,48 (33,5%) kWh/cliente
Água 0,20 m3/cliente Iluminação 7,76 (40,0%) kWh/cliente
Emissões 13,40 kgCO2/cliente AQS 2,59 (13,3%) kWh/cliente
Os dados tabelados por si só, não permitem concluir se são valores elevados ou não para as
exigências de funcionamento de um hotel desta categoria. Permitem apenas ter uma visão
desagregada dos consumos e categorizar o hotel pelos mesmos. Será mais útil perceber quais são
os usos de energia mais solicitados por cliente de forma percentual.
Um “cliente tipo” deste hotel exige, em média, maiores necessidades de Arrefecimento
(33,5%) do que de Aquecimento (13,2%). A Iluminação representa o sector mais significativo em
relação ao consumo de energia total (40,0%). Neste parâmetro estão contabilizados não só a
iluminação dos quartos, mas também a iluminação geral nos corredores e acessos.
Para este caso de estudo, como havia sido disponibilizada a informação mensal dos
consumos facturados, foi possível também elaborar a matriz do “Cliente Tipo de Inverno” e “Cliente
Tipo de Verão”, como apresentado na Tabela 4.14.
Tabela 4.13 - Indicadores do consumo do hotel nas vertentes energéticas e usos de energia por cliente
48
Cliente Tipo Inverno Cliente Tipo Verão
Electricidade 36,56 kWh/cliente Electricidade 31,05 kWh/cliente
Gás Natural 15,44 kWh/cliente Gás Natural 5,86 kWh/cliente
Água 0,21 m3/cliente Água 0,20 kWh/cliente
Emissões 16,28 kgCO2/cliente Emissões 12,36 kWh/cliente
Apesar de o consumo geral de electricidade aumentar consideravelmente no período de
arrefecimento, o indicador de desempenho normalizado no Verão é menor do que no Inverno. Apesar
do aumento geral no consumo de electricidade durante o período de Verão (Figura 4.6) o valor é
afectado pela normalização do número de clientes. A taxa de ocupação registou uma subida
percentual média de 24,5% no Verão relativamente ao Inverno. O consumo de gás natural é,
naturalmente, mais elevado durante o Inverno para uma menor taxa de ocupação devido às elevadas
necessidades de aquecimento. O consumo de água do cliente no período de Inverno ou Verão é
praticamente igual, concluindo assim que a variação climática não tem grande efeito nos hábitos
comportamentais do cliente de hotel. É possível também concluir que, consequentemente ao uso de
electricidade e gás natural, um cliente no Verão é energeticamente mais ecológico do que o cliente de
Inverno.
Os valores tabelados somente para um hotel não permitem concluir de um modo preciso o
nível de eficiência por cliente para os padrões de funcionamento que são exigidos. Surge então a
necessidade de comparar estes valores com um valor padrão estatístico de outros hotéis de
características e padrões de funcionamento semelhantes. No próximo capítulo é apresentado um
estudo estatístico a 5 unidades hoteleiras de categoria de 4 estrelas e a 8 unidades de 5 estrelas.
A comparação do quadro de desempenho característico de um hotel com um quadro de
indicadores médios nacionais poderá motivar a gestão da unidade hoteleira à adesão de soluções
tecnologias mais adequadas ou a empregar métodos logísticos que a torne mais competitiva em
termos de eficiência energética.
Tabela 4.14 - Indicadores "Cliente Tipo Inverno" e "Cliente Tipo Verão
49
5 LEVANTAMENTO ESTATÍSTICO DE VÁRIOS CASOS DE
ESTUDO
5.1 Recolha de dados
A criação de um modelo estatístico, baseado na caracterização de unidades hoteleiras
através de uma matriz de indicadores, deve estar em conformidade com o panorama actual do
desempenho energético no ramo da hotelaria em Portugal. Assim, foi necessário enquadrá-lo com o
conhecimento já existente neste sector.
A recolha de dados foi feita de três formas distintas: contacto pessoal com os hotéis, com o
apoio da AHP-Associação da Hotelaria de Portugal, em parceria com a empresa ENFORCE e com a
ADENE- Agência para a Energia.
Durante o desenvolvimento deste projecto foi possível entrar em contacto presencial com
algumas entidades responsáveis da gestão técnica das unidades hoteleiras para apresentar os
objectivos e solicitar os dados necessários. É de salientar também o esforço acrescido relativamente
ao tempo de espera na resposta aos e-mails enviados, a disponibilidade dos hotéis para recolherem
os dados necessários, esclarecimento de dúvidas e de informações processuais, que resultou numa
limitação do número de casos de estudo e numa população estatística mais reduzida do que era
inicialmente ambicionado.
A AHP é uma associação orientada para a inovação, conhecimento e mercado para grandes
e pequenos grupos hoteleiros. Tem actualmente cerca de 550 associados, representando mais de
60% do contributo económico da hotelaria no mercado português. Desenvolve diversos serviços,
entre estudos estatísticos, formações e eventos de apoio à gestão e ao investimento. Em parceria
com o Gabinete de Estudos e Estatísticas da AHP e com a ENFORCE, teve-se acesso a um conjunto
de dados recolhidos para três unidades hoteleiras de 4 estrelas, nomeadamente relatórios de
peritagem dos trabalhos de auditoria, facturação dos consumos internos, perfis de ocupação e os
respectivos certificados energéticos.
Os resultados obtidos nesta tese foram também partilhados com a ENFORCE, que os
publicou no Capítulo 3.8 “Indicadores de consumos de Hotéis de 4 e 5 estrelas em Portugal” do
Relatório “Diagnóstico das necessidades do sector do Turismo em Portugal” promovido pela Turismo
de Portugal, I.P no âmbito do projecto Pólo de Competitividade e Tecnologia Turismo 2015.
A ADENE facultou um vasto conjunto de informação para os empreendimentos de “3 ou
menos estrelas” e de “4 ou mais estrelas”, constante na base de dados do SCE do novo
Regulamento. Dos 317 certificados disponibilizados, seleccionaram-se 55 unidades da tipologia “4 ou
50
mais estrelas” entre 9 municípios. Dentro da lista disponibilizada, encontraram-se algumas unidades
comuns que depois se estudaram em maior detalhe, como se verá no subcapítulo 5.3.2. Para efeitos
de cálculo, só se consideraram os municípios com mais do que uma unidade hoteleira certificada.
Seleccionaram-se os consumos energéticos desagregados para Aquecimento e Arrefecimento
ambiente, Iluminação e AQS (em unidades de kWh/m2.ano de energia final). Para cada hotel foi
também identificado o seu zonamento climático baseado na Nomenclatura das Unidades Territoriais
para Fins Estatísticos (NUTS) de nível III (Despacho n.o 15793-F/2013). A disponibilização à ADENE
dos resultados finais deste estudo estatístico pode servir para calibrar metodologias de cálculo
através da comparação dos dados reais com a certificação para os empreendimentos turísticos
destas tipologias.
5.2 Análise da certificação energética
A Figura 5.1 mostra uma distribuição nacional dos consumos energéticos associados às
necessidades de Aquecimento e Arrefecimento, resultante da selecção de hotéis de “4 ou mais
estrelas” da lista fornecida pela ADENE. A Figura 5.2 mostra a distribuição continental das zonas
climáticas de Inverno e de Verão.
Os valores do consumo médio e do desvio padrão resultaram do cálculo do indicador
normalizado (kWh/m2.ano) para os municípios que continham mais do que um hotel certificado. Para
as zonas climáticas, quanto mais frio o clima maior é o valor de GDA. "I1, I2 ou I3" variam consoante
Figura 5.1 - Distribuição dos consumos específicos médios de energia para Aquecimento e
Arrefecimento em Portugal
Figura 5.2 - Zonas climáticas de Inverno e de Verão (Fonte: Despacho n.º 15793-F/2013)
51
um clima mais ameno ou mais agreste no Inverno. Comparando a Figura 5.1 com a Figura 5.2,
verifica-se que os municípios classificados com climas mais agrestes resultam em consumos médios
de energia para Aquecimento mais elevados. Respectivamente para as zonas climáticas de Verão
"V1, V2 ou V3” verifica-se, regra geral, maiores necessidades de energia para Arrefecimento para os
municípios que registam temperaturas médias mais elevadas.
A Figura 5.3 apresenta, com maior detalhe, o consumo específico das necessidades
energéticas para Aquecimento e Arrefecimento para cada unidade certificada nos municípios
correspondentes.
Os municípios foram ordenados por ordem crescente do número de GDA de referência do
NUTS III, conforme consta na respectiva legenda. Observa-se, através da linha de tendência, a
relação entre a intensificação nos consumos de energia para Aquecimento proporcional ao aumento
do número de GDA para as zonas climáticas que apresentam maior severidade de clima no Inverno.
As zonas do Algarve, Grande Lisboa e Porto registam climas mais quentes no Verão e são as que
apresentam maior adesão de turistas apresentando, consequentemente, maiores necessidades no
consumo energético para Arrefecimento (Oliveira 2015), em conformidade com os resultados obtidos
na amostra estudada. É possível identificar também algumas unidades com valores muito afastados
do conjunto nuclear expectável para cada município. Estes valores discrepantes sugerem três
conclusões:
1) Os estabelecimentos turísticos oferecem serviços que os distingue das outras unidades
cumprindo requisitos mais complexos e mais luxuosos;
2) Indício de algum erro associado no processo de certificação destes parâmetros;
3) Má gestão energética da unidade hoteleira ou anomalia no funcionamento de algum dos seus
sistemas de climatização.
Calculou-se o valor do consumo específico médio para Aquecimento e Arrefecimento em 23,9
e 22,3 kWh/m2.ano, respectivamente. Para cada município seleccionaram-se as unidades que
apresentaram um valor mais elevado do que o consumo médio, para perceber e enumerar quais os
Figura 5.3 - Consumos específicos para Aquecimento e Arrefecimento nas unidades hoteleiras seleccionadas
52
serviços específicos que operam e que as podem distinguir das outras que apresentaram valores
inferiores à média. De facto, todas são dotadas de instalações específicas de spa (serviços de
massagens, tratamentos cosméticos, piscinas interiores, sauna, banho turco, jacuzzi), instalações
desportivas internas como ginásios ou áreas de relaxamento e um número variado de salas de
reuniões/conferências com sistemas de climatização. Alguns estabelecimentos apresentaram mais do
que um restaurante. Outros hotéis estavam dotados de caldeiras a gasóleo para efeitos de
climatização. Foi assim possível estabelecer um intervalo padrão para os consumos específicos de
Aquecimento e Arrefecimento que expressam o consumo adicional médio dos hotéis com as
características enumeradas. O delta característico médio de cada intervalo é apresentado na Tabela
5.1.
Consumo específico médio (kWh/m
2.ano)
Gama dos consumos adicionais verificados (kWh/m
2.ano)
Delta característico médio (Δ)
Aquecimento 23,9 [12,3 – 97,2] + 28,1
Arrefecimento 22,3 [0,7 – 41,7] + 16,0
Para o cálculo de cada valor foram retiradas as unidades que apresentassem o valor mais
discrepante em relação ao conjunto geral de dados (para o Aquecimento a unidade do município 3 –
Porto e para o Arrefecimento a do município 2–Lisboa). Para efeitos de Aquecimento, o valor do delta
adicional é maior do que a própria média calculada, o que revela um consumo significativo de energia
para satisfazer este tipo de serviços. No entanto, encontraram-se algumas unidades (no município 6 e
7) que também são dotadas destes serviços luxuosos e de salas de conferência climatizadas mas
que apresentavam valores extremamente reduzidos ou quase nulos. Assim, a conclusão sugerida no
ponto 2) de que poderá ser necessário reavaliar algumas indicadores apresentados nos CE‟s é
fundamentada tanto pelos valores muito reduzidos de consumo em unidades dotadas dos mesmos
serviços ou pelos valores extremamente elevados nas que foram retiradas no cálculo do delta
característico e que em muito influenciariam o resultado final médio.
É importante destacar que, para uma análise mais equitativa dos consumos específicos para
um conjunto de hotéis, a comparação directa entre um valor médio com os consumos calculados para
uma unidade particular deverá respeitar os seus serviços internos existentes. Ou seja, um hotel que
assegure um clube desportivo com piscina/spa ou lavandaria apresentará, naturalmente, consumos
de energia e água mais elevados do que um hotel que não seja dotado desses serviços. Assim, para
a condução de um estudo estatístico com o objectivo de promover uma comparação integral dos
hotéis da mesma tipologia, o procedimento de cálculo dos indicadores deverá ser “filtrado” o mais
detalhadamente possível de maneira a que todas as unidades em estudo sejam comparadas
segundo uma base de cálculo aproximadamente homogénea.
O cálculo dos indicadores médios normalizados (kWh/m2.ano) para a produção de AQS e
para Iluminação não apresentaram qualquer relação relevante com o zonamento climático.
Tabela 5.1 - Delta característico entre o consumo médio específico e as unidades dotadas de serviços especiais
53
Por necessidade de abreviar, optou-se então por representar neste documento, a distribuição
estimada de consumos específicos calculados para os municípios seleccionados na Figura 5.4.
É possível verificar que, excepto para os municípios com climas mais extremos, os maiores
consumos estão relacionados com a produção de AQS e Iluminação. Estes resultados reforçam a
importância da reavaliação das centrais térmicas dos hotéis ou a adopção de tecnologia de
iluminação mais eficiente. Calcularam-se os valores específicos médios (em kWh/m2.ano), para
“empreendimentos turísticos de 4 ou mais estrelas” em Portugal expressos na Tabela 5.2.
Aquecimento Arrefecimento AQS Iluminação
23,9 22,3 30,2 29,6
Após uma breve contextualização do panorama actual das necessidades energéticas no
sector do turismo em Portugal, sugere-se a necessidade de diferenciar entre hotéis de 4 e os de 5
estrelas. A caracterização de cada um na respectiva tipologia terá por base o mesmo quadro de
indicadores de desempenho adoptado para o caso de estudo do Capítulo 4. Os consumos dos
diferentes serviços serão filtrados de modo a obter uma base de comparação o mais homogénea
possível entre as unidades estudadas. Para a criação de um modelo estatístico mais completo, até à
data de entrega deste projecto, foram estudadas 5 unidades hoteleiras de 4 estrelas e 8 de 5 estrelas.
5.3 Análise dos dados do inquérito
Procedeu-se ao contacto com várias unidades hoteleiras solicitando a disponibilização de
informação interna relativa ao consumo anual facturado de electricidade, gás e água para os anos de
2012, 2013 e 2014, bem como a informação relativamente ao número de quartos, número de clientes
e de refeições para os respectivos anos.
Tabela 5.2 - Consumos específicos médios para os hotéis de tipologia "4 ou mais estrelas" em Portugal
Figura 5.4 - Distribuição dos consumos específicos por município para os hotéis de tipologia "4 ou mais estrelas"
54
O objectivo deste estudo consistiu na criação de um modelo estatístico dos indicadores de
desempenho por forma a padronizar uma matriz completa de valores médios em Portugal,
enquadrando-a com a base de dados já existente. Desta forma, é apresentada a informação do
consumo típico de energia para as tipologias estudadas possibilitando a comparação de cada
unidade hoteleira com a sua matriz interna. Procedeu-se a uma abordagem inicial básica quanto ao
nível de eficiência de cada unidade que motive a adesão de novas tecnologias ou de
comportamentos de operação mais rigorosos.
A Tabela 5.3 corresponde ao inquérito dos parâmetros internos que são inseridos no mapa de
entradas como consumos facturados.
MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS FACTURADOS
ELECTRICIDADE
2012 kWh/ano 2013 kWh/ano 2014 kWh/ano
GÁS NATURAL, Outros
2012 - kWh/ano 2013 - kWh/ano 2014 - kWh/ano
Cozinha m3/ano Cozinha m
3/ano Cozinha m
3/ano
Central
Térmica m
3/ano
Central
Térmica m
3/ano
Central
Térmica m
3/ano
Outros m3/ano Outros m
3/ano Outros m
3/ano
ÁGUA
2012 m3/ano 2013 m
3/ano 2014 m
3/ano
Divisão percentual do consumo total de água no
hotel [%]
Quartos Cozinha Outros SPA Lavandaria
INFORMAÇÃO DIRECÇÃO TÉCNICA Quartos Clientes Taxa de Ocupação [%] Couverts
2012
2013
2014
Foi também requerido o envio do relatório da certificação energética em formato digital para
extrair as informações dos consumos previstos diferenciados nas necessidades de energia para
Aquecimento, Arrefecimento, Iluminação, AQS e Outros Equipamentos. Isso permitiu a comparação
dos resultados facturados com os resultados previstos através do desvio relativo associado.
A Tabela 5.4 resume os parâmetros a extrair do CE, calculados em unidades de energia final
e desagregados pelas diferentes tipologias do hotel.
Tabela 5.3 - Inserção de parâmetros internos para cada unidade hoteleira
55
MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS PREVISTOS (RESULTADOS DOS CE’S)
Hotel de 4 e 5
estrelas Restaurante Estacionamento Cozinha
Tipologia Consumo
[kWh/ano] [%]
Consumo
[kWh/ano] [%]
Consumo
[kWh/ano] [%]
Consumo
[kWh/ano] [%]
Aquecimento
Arrefecimento
Iluminação
Ilum. Exterior
Equip.Eléctricos
Equip. Gás
Elevadores
Ventilação
Bombas
AQS
TOTAL
Consumos complementares
Certificação [kgep/ano] Consumo [kWh/ano] Consumo [m3/ano]
Piscina/SPA
Lavandaria
Sistema Fotovoltaico
Solar Térmico
Estes dados são inseridos no mapa de entradas como consumos previstos. No Anexo E
encontram-se as tabelas preenchidas dos consumos reais e estimados para cada unidade hoteleira
estudada. Os “consumos complementares” são os parâmetros para preencher nos casos que
possuam este tipo de serviços. Os valores associados à Piscina/SPA e Lavandaria são retirados aos
consumos facturados e os consumos provenientes de fontes de energia renováveis são retirados aos
previstos para que todos os hotéis sejam comparados uns com os outros como se não fossem
dotados destes serviços.
5.3.1 Pressupostos de cálculo e limitações
Dada a heterogeneidade de hotéis e serviços, foi necessário proceder à normalização do
desempenho de cada unidade padronizando assim o consumo médio desagregado em tipologia de
características semelhantes. De modo a não inviabilizar o estudo dos que ainda estão certificados ao
abrigo do antigo Regulamento, adoptaram-se alguns pressupostos que possibilitaram uma análise
equitativa para todos os casos estudados.
Em Anexo E é explicado com maior detalhe qual a abordagem adoptada para cada hotel e as
limitações consequentes da falta de informação disponível. São aqui apresentadas duas
considerações gerais importantes:
Optou-se por retirar aos consumos anuais facturados os consumos associados ao
funcionamento de lavandarias, piscinas, spa e grandes espaços ajardinados (consumos
Tabela 5.4 - Inserção de parâmetros estimados pela certificação energética para cada hotel
56
complementares). Mediante o detalhe dos mapas de consumos internos ou dos relatórios de
certificação, foi possível identificar estes valores e subtraí-los ao valor facturado de
electricidade e gás natural. Do mesmo modo, a divisão percentual de água facturada
solicitada na Tabela 5.3 serve para eliminar os consumos associados a estes sectores;
Para uniformizar o cálculo dos indicadores normalizados pela área útil interior, foi necessário
recalcular o valor da área dos hotéis ao abrigo da antiga certificação. No Regulamento em
vigor desde 2006 até Dezembro de 2013 (Decreto-Lei n.º 78-80/2006) a área útil compreendia
apenas os espaços climatizados e/ou com ocupação humana “permanente” ou considerada
“significativa”. As áreas comuns (zonas de circulação, recepção, restaurantes), os quartos,
cozinhas e lavandarias, entravam por norma na área útil. No entanto os estacionamentos,
mesmo que interiores, zonas de armazenamento e áreas técnicas eram considerados “área
não útil” e contabilizados à parte. No Regulamento em vigor a partir de Dezembro de 2013
(Decreto-Lei n.º 118/2013) são consideradas “áreas úteis” todas as áreas (cobertas/fechadas)
com consumos energéticos (ainda que não de climatizadas), incluindo estacionamentos,
armazéns e áreas técnicas. Assim, por forma a tornar a abordagem comparável à actual, foi
somado ao valor da área útil o valor das áreas complementares apresentadas nos certificados
energéticos.
O tratamento da informação recolhida levantou algumas dificuldades e limitações na tentativa
de homogeneização das unidades hoteleiras, nomeadamente as relacionadas com a falta de detalhe
nos mapas de consumos internos facultados. Para cada caso estudado são apresentadas, no Anexo
E, algumas notas explicativas do processo de associação dos consumos facturados às tipologias de
cada hotel e as limitações relevantes. São aqui apresentadas algumas notas mais comuns:
Alguns hotéis possuem apenas contadores gerais de gás natural e de água, não permitindo
desagregar os consumos para a central térmica, cozinha ou para a lavandaria. Na tentativa
de os conseguir desagregar com maior detalhe foram feitos alguns contactos para
esclarecimento com as unidades respectivas, solicitando, por exemplo, um valor estimado na
divisão dos mesmos. Em alguns casos, contudo, não foi possível desagregar estes consumos
e portanto, os indicadores de desempenho calculados “por cliente”, “por quarto ocupado” ou
“por refeição” entendem-se como sobredimensionados;
Em algumas unidades foi impossível recolher informações mais recentes relativamente aos
perfis de ocupação. Alguns resultados apresentados dependiam dos valores facultados pelos
hotéis já estudados pela AHP, que também expressou a dificuldade e o tempo de resposta na
disponibilização destes dados. Para não inviabilizar o estudo dessas unidades, optou-se por
realizar a análise de estudo salientando o erro associado;
O critério de contabilização do número de clientes pode diferir de hotel para hotel. De um
modo geral, registam cada cliente por estadia, independentemente do número de dias em que
ficou hospedado. Detectou-se no entanto que há casos que contabilizam cada um que utiliza
isoladamente os serviços de restauração, spa ou ginásio. Os hotéis que fazem os seus
57
registos desta maneira estão devidamente identificados. Para estes, o indicador “por quarto
ocupado” terá mais significado do que “por cliente registado”;
O factor limitativo mais relevante está relacionado com possíveis equívocos nos valores
apresentados nos relatórios de certificação dos edifícios, sobretudo os que ainda estão ao
abrigo do antigo Regulamento. A falta de uniformização de apresentação dos dados,
principalmente na secção “Outros Consumos”, onde são descritas as soluções adoptadas
para as diferentes tipologias, levou a um esforço adicional na tentativa de perceber quais as
tipologias a que esses consumos estavam associados. A ausência de valores e de campos
não preenchidos trouxe, consequentemente, uma maior dificuldade na comparação com a
análise dos consumos estimados. Ao abrigo da nova metodologia definida pelo Decreto-Lei
n.º118/2013 esse erro foi colmatado pela criação da secção “Consumos estimados por
tipologia” onde claramente os consumos são desagregados nos diversos usos para cada
sector;
Para o cálculo dos valores estatísticos (média, mediana, desvio padrão, intervalo de amostras
e coeficiente de variação de Pearson), optou-se por retirar as observações extremas
resultantes ou porque em muito influenciariam o resultado final, ou por serem casos com
consumos poucos detalhados, sendo identificadas para cada situação.
5.3.2 Resultados e discussão
Os resultados apresentados neste subcapítulo referem-se ao estudo conduzido a 8 unidades
hoteleiras de 5 estrelas e a 5 de 4 estrelas. Os casos investigados são localizados maioritariamente
no interior da zona urbana de Lisboa. Os edifícios estudados enquadram-se, segundo a definição
atribuída pelo RECS (Decreto-Lei n.º118/2013), na categoria de “grande edifício de serviços”.
A Tabela 5.5 apresenta algumas características diferenciadoras entre as tipologias dos
empreendimentos turísticos de 4 e de 5 estrelas, para o número de casos de estudo levantados.
4 Estrelas 5 Estrelas
Área útil 3.266 – 10.795 m2 11.290 – 46.769 m
2
Número de quartos 50 – 153 70 – 518
Número médio diário de quartos ocupados 38 176
Número médio diário de clientes 82 clientes/dia 278 clientes/dia
Número médio diário de refeições servidas 129 (1,6 refeições/ cliente) 590 (2,1 refeições/ cliente)
A dimensão do edifício e das áreas de serviço, os valores dos registos internos de ocupação
e os padrões de funcionamento são factores expectáveis de influência no consumo global, como será
analisado adiante.
As seguintes tabelas apresentam os resultados dos indicadores de desempenho calculados
para as unidades em estudo. Os valores estão associados ao consumo de energia eléctrica, não
Tabela 5.5 - Características médias entre os empreendimentos turísticos de 4 e 5 estrelas
58
eléctrica (gás natural ou outros), água, emissões de CO2 e normalizadas pela área útil interior
(ajustados ao clima local), número de quartos, clientes registados e pelo número de refeições
servidas. São também determinadas as variáveis estatísticas relevantes para a obtenção de dados a
nível nacional. Estes são agrupados em três categorias: 1) “Indicadores gerais de desempenho”, 2)
“Indicadores do Cliente Tipo” e 3) “Indicadores de desempenho por unidade de área útil”, de forma a
facilitar o processo de análise de resultados.
Devido ao compromisso de confidencialidade estabelecido com os hotéis para este projecto,
os hotéis não são identificadas pelos respectivos nomes dos empreendimentos. As de 5 estrelas são
identificadas pelas letras A – H e as de 4 estrelas de I – M. Os resultados finais foram cedidos a cada
unidade hoteleira identificando somente o próprio hotel.
5.3.3 Indicadores gerais de desempenho
A Tabela 5.6 apresenta os resultados de todos os indicadores de desempenho anuais
calculados para as unidades hoteleiras de 5 estrelas. Os valores não preenchidos resultam da falta
de informação disponibilizada.
Parâmetros Climáticos Energia Eléctrica (kWhe) Gás Natural (m3)
Caso Estudo Tipologia Concelho GDA kWh/m2 Wh/m
2.ºC kWh/quarto kWh/cliente m
3/m
2
m3/
quarto
m3/
cliente
m3/
refeição
Hotel A 5 Lisboa 1136 161,2 141,9 47,3 30,6 3,98 1,17 0,75 0,21
Hotel B 5 Porto 1220 122,5 99,6 45,7 31,7 6,65 2,48 1,73 0,13
Hotel C 5 Lisboa 1136 106,0 93,3 110,6 66,8 5,28 5,57 3,38 0,25
Hotel D 5 Lisboa 1063 114,2 107,4 84,3 57,7 5,60 4,13 2,82 -
Hotel E 5 Lisboa 1018 130,5 128,2 36,5 25,1 7,15 2,00 1,37 0,57
Hotel F 5 Lisboa 989 114,1 115,4 33,2 20,1 7,26 2,12 1,28 0,10
Hotel G 5 Chaves 1553 123,3 79,4 132,1 69,7 18,13 18,92 10,06 0,23
Hotel H 5 Loulé 733 67,2 91,7 60,7 34,3 * * * *
Energia Total (kWhTOTAL) Água (m3) Emissões (kgCO2)
kWh/m2 Wh/m
2.ºC kWh/quarto kWh/cliente m
3/m
2 m
3/quarto m
3/cliente m
3/refeição
kgCO2
/m2
kgCO2/
quarto
kgCO2/
cliente
kgCO2/
refeição
207,4 182,5 61,2 39,6 1,61 0,30 0,20 0,02 67,57 19,83 12,83 0,51
198,0 164,4 75,3 52,2 0,74 0,28 0,19 0,04 59,73 22,44 15,55 0,32
165,2 145,4 176,9 106,9 0,66 0,68 0,41 0,03 50,86 53,20 32,14 0,59
187,9 176,8 133,4 91,3 0,52 0,35 0,24 - 54,57 40,28 27,57 -
216,5 212,7 60,4 41,4 1,67 0,47 0,32 - 64,15 17,96 12,32 1,37
200,9 203,1 58,4 35,3 - - - - 58,53 17,06 10,31 0,25
299,2 192,7 323,0 171,3 0,64 0,69 0,36 - 81,54 86,11 46,63 0,54
76,1 103,8 68,8 38,8 1,10 - - - 25,15 23,24 13,11 0,29
O perfil do consumo de electricidade normalizado pelo número de quartos ou de clientes é
bastante variado, uma vez que contêm gastos associados às actividades internas não relacionadas
Tabela 5.6 - Resultados dos indicadores de desempenho para os hotéis de tipologia 5 estrelas
Nota: * O “Hotel H” é dotado de duas caldeiras a gás propano, contabilizado em kg de gás.
59
com alojamentos (por exemplo, número de salas de conferências e eventos) cujo número e nível de
serviço varia de hotel para hotel. O indicador de desempenho normalizado pelo factor clima serve
para efeitos de comparação geral entre unidades hoteleiras de diferentes regiões do país. No entanto,
a maioria das de 5 estrelas estudadas pertencem ao concelho de Lisboa, limitando a relação dos
hotéis com a sua localização climática. O consumo de gás natural no “Hotel B” (no concelho do Porto)
é naturalmente maior do que a maioria dos de Lisboa (à excepção do “Hotel E” que tem instaladas
duas cozinhas e dois restaurantes), visto estar localizado numa região com maior severidade do
clima, necessita assim de maior de Aquecimento. O “Hotel G” apresentou um registo muito elevado
na facturação do gás natural comparativamente aos restantes. Estes valores estão grandemente
relacionados com os múltiplos serviços luxuosos que o hotel dispõe e, dada a sua localização
geográfica e por se tratar de um edifício antigo com particularidades arquitectónicas muito próprias,
regista consumos elevados sobretudo ao nível do Aquecimento ambiente.
A Tabela 5.7 apresenta o cálculo da média, mediana, desvio padrão e o intervalo de amostras
de todos os indicadores de desempenho para as unidades hoteleiras de 5 estrelas estudadas.
Variáveis
Estatísticas
Energia Eléctrica (kWhe) Gás Natural (m3)
kWh/m2 Wh/m
2.ºC kWh/quarto kWh/cliente m
3/m
2
m3/
quarto
m3/
cliente
m3/
refeição
Média 124,5 107,0 68,8 42,0 5,99 2,91 1,89 0,25
Mediana 122,5 103,5 54,0 33,0 6,13 2,30 1,55 0,21
Desvio Padrão 16,7 19,3 34,2 18,3 1,16 1,48 0,92 0,17
Intervalo de amostras 55,2 63,0 98,9 49,6 3,28 4,40 2,63 0,47
Energia Total (kWhTOTAL) Água (m3) Emissões (kgCO2)
kWh/m2 Wh/m
2.ºC kWh/quarto kWh/cliente m
3/m
2 m
3/quarto m
3/cliente m
3/refeição kgCO2/m
2 kgCO2/
quarto
kgCO2/
cliente
kgCO2/
refeição
196,0 169,8 90,4 57,9 0,99 0,42 0,27 0,03 54,45 27,72 17,69 0,56
199,5 176,8 69,0 41,0 0,74 0,35 0,24 0,03 58,53 22,44 13,11 0,42
16,3 34,1 42,8 26,8 0,44 0,15 0,08 0,01 12,82 12,68 7,92 0,38
51,3 108,9 119,0 72,0 1,15 0,40 0,22 0,02 41,86 36,14 21,83 1,12
Pela análise da Tabela 5.6 e da Tabela 5.7 é possível verificar um intervalo disperso de
amostras do consumo total de energia e um valor médio de 196,0 kWh/m2.ano. Para melhoria dos
resultados estatísticos, foram retiradas as observações relativamente ao consumo facturados do
“Hotel H” e de gás natural do “Hotel G” por apresentarem valores muito dispersos comparativamente
à restante população. O valor do desvio padrão calculado para o consumo de água é elevado. Este
resultado é consequência de, em três dos oito hotéis estudados não terem sido instalados contadores
parciais de água, e portanto só puderam disponibilizar o consumo total facturado. Os indicadores de
água resultantes apresentam assim muito provavelmente valores sobredimensionados.
O desvio padrão relativamente às emissões de gases poluentes por metro quadrado é
reduzido, o que permite aferir um bom resultado padrão para a tipologia de hotéis de 5 estrelas.
Tabela 5.7 - Resultados das variáveis estatísticas para os hotéis de tipologia 5 estrelas
60
De uma maneira geral, os valores médios dos indicadores apresentados permitem obter uma
aproximação para hotéis de 5 estrelas. O tamanho da população estudada não é relevante para
concluir quanto a um valor padrão médio nacional destes indicadores, e os valores elevados do
desvio padrão e do intervalo de amostras caracterizam a dispersão de resultados. Estes servem no
entanto, para induzir a um possível enquadramento dos consumos normalizados de outras unidades.
A Tabela 5.8 apresenta os resultados de todos os indicadores de desempenho anuais
calculados para as unidades hoteleiras de 4 estrelas. Os valores não preenchidos resultam da falta
de informação disponibilizada.
Parâmetros Climáticos Energia Eléctrica (kWhe) Gás Natural, outros (kWht)
Caso Estudo Tipologia Concelho GDA kWh/m2 Wh/m
2.ºC kWh/quarto kWh/cliente
kWh
/m2
kWh/
quarto
kWh/
cliente
kWh/
refeição
Hotel I 4 Fundão 1600 113,4 70,9 76,9 51,1 29,7 20,2 13,4 -
Hotel J 4 Covilhã 2537 95,6 37,7 42,0 - 62,9 27,6 - -
Hotel K 4 Covilhã 3049 47,2 15,5 33,0 - 135,3 94,6 - -
Hotel L 4 Lisboa 1071 114,7 107,1 44,4 25,7 83,1 32,3 18,7 -
Hotel M 4 Lisboa 1071 109,5 102,2 22,8 13,7 54,7 11,2 6,7 -
Energia Total (kWhTOTAL) Água (m3) Emissões (kgCO2)
kWh/m2 Wh/m
2.ºC kWh/quarto kWh/cliente m
3/m
2 m
3/quarto m
3/cliente m
3/refeição
kgCO2/
m2
kgCO2/
quarto
kgCO2/
cliente
kgCO2/
refeição
143,1 89,4 97,1 64,5 - - - - 46,82 31,75 21,10 -
158,5 59,6 69,6 - - - - - 47,39 20,81 - -
182,5 59,8 127,5 - - - - - 145,42 101,64 - -
197,8 180,5 76,7 44,4 0,76 0,29 0,17 - 58,09 22,52 13,02 -
164,2 153,6 34,0 20,4 0,96 0,19 0,12 0,01 50,45 10,46 6,30 -
O reduzido número de dados disponibilizados pelos hotéis de 4 estrelas é relevante para o
processo de análise estatístico. Por exemplo, dos cinco casos estudados não foi possível calcular os
indicadores normalizados pelo número de clientes em dois deles nem de água para três. Salienta-se
também a necessidade dos hotéis instalarem mais contadores parciais para que seja possível estudar
com maior detalhe a distribuição dos seus consumos, sobretudo ao nível do gás natural e de água. O
“Hotel K” destaca-se pelo elevado consumo de energia não eléctrica e consequente emissões de CO2
uma vez que estava dotado de duas caldeiras a gasóleo para Aquecimento ambiente e preparação
de AQS. Só recentemente essas foram substituídas por uma caldeira a biomassa.
A Tabela 5.9 apresenta o cálculo da média, mediana, desvio padrão e o intervalo de amostras
de todos os indicadores de desempenho para as unidades hoteleiras de 4 estrelas estudadas.
Tabela 5.8 - Resultados dos indicadores de desempenho para os hotéis de tipologia 4 estrelas
61
Variáveis
Estatísticas
Energia Eléctrica (kWhe) Gás Natural, outros (kWht)
kWh/m2 Wh/m
2.ºC kWh/quarto kWh/cliente
kWh
/m2
kWh/
quarto
kWh/
cliente
kWh/
refeição
Média 108,3 66,7 43,8 30,2 57,6 37,2 12,9 -
Mediana 111,5 70,9 42,0 25,7 58,8 27,6 13,4 -
Desvio Padrão 7,6 35,7 18,2 15,6 19,1 29,6 4,9 -
Intervalo de amostras 19,1 91,6 54,1 37,4 53,4 83,3 12,0 -
Energia Total (kWhTOTAL) Água (m3) Emissões (kgCO2)
kWh/m2 Wh/m
2.ºC kWh/quarto kWh/cliente m
3/m
2 m
3/quarto m
3/cliente m
3/refeição
kgCO2/
m2
kgCO2/
quarto
kgCO2/
cliente
kgCO2/
refeição
165,9 108,6 81,0 43,1 0,86 0,24 0,15 - 50,69 21,39 13,47 -
161,4 89,4 76,7 44,4 0,86 0,24 0,15 - 48,92 21,67 13,02 -
20,0 49,7 30,9 18,0 0,10 0,05 0,02 - 4,49 7,56 6,05 -
54,7 120,9 93,5 44,1 0,20 0,10 0,05 - 11,27 21,29 14,80 -
O intervalo de amostras indica uma amostra significativamente heterogénea para ambas as
tipologias de 4 e 5 estrelas. No processo de obtenção de dados facturados registou-se uma
dificuldade da recolha de dados de consumos mais específicos. Salienta-se a necessidade de instalar
mais contadores parciais ao nível dos consumos de gás natural e de água de modo percepcionar
melhor a dinâmica de consumos e o trabalho de gestão interna do hotel.
Um exemplo prático foi relatado pela entidade gestora do “Hotel A”: No ano de 2014 ocorreu
uma fuga de água que fez disparar os valores do consumo geral até 160% acima do normal durante
um período entre 3 a 4 meses. Nesse período não se conseguiu identificar visualmente a fonte do
problema. Porque o hotel estava equipado com vários contadores parciais de água foi possível então
filtrar as opções nos vários pontos de consumo e descobrir qual o sector de distribuição onde se
encontrava a fuga.
De um modo geral os consumos médios das unidades de 5 estrelas são maiores do que das
de 4 estrelas. Na Tabela 2.4 do subcapítulo 2.4 são apresentados alguns requisitos que caracterizam
e diferenciam estas tipologias. Há os de carácter obrigatório para os hotéis de 5 estrelas, que são
opcionais para os de 4 e que sugerem esta diferença de resultados. Por exemplo, ao nível das
instalações, a área mínima das várias tipologias de quartos e a capacidade do parque de
estacionamento resultam numa maior necessidade de Iluminação. A climatização integral de todos os
quartos das unidades de 5 estrelas resulta, naturalmente, em maiores consumos eléctricos e não
eléctricos (gás natural, propano ou outros) associados às necessidades de Aquecimento e
Arrefecimento. A garantia do serviço de quartos e de manutenção 24h por dia em contraste com as
16h nas unidades de 4 estrelas também representará um maior peso na facturação dos hotéis.
Tabela 5.9 - Resultados das variáveis estatísticas para os hotéis de tipologia 4 estrelas
62
A Figura 5.5 apresenta os resultados dos indicadores de desempenho eléctricos e não
eléctricos normalizados pela área útil e pelo número de quartos ocupados para as unidades
estudadas.
Os resultados médios são combinados por forma a criar os limites representativos num
“envelope estatístico”1 e assim facilitar a sua visualização. O valor dos indicadores médios eléctricos
e não eléctricos, normalizados pela área útil interior, estão assinalados no eixo das abcissas e os
normalizados pelo número de quartos ocupados no eixo das ordenadas. A linha contínua delimita os
valores de electricidade e a linha a tracejado para os não eléctricos. Por exemplo, o limite mais
exterior (linha azul contínua) está relacionado com o consumo médio eléctrico dos hotéis de 5
estrelas normalizado pela área útil (124,5 kWhe/m2.ano), no eixo das abcissas, e pelo número de
quartos (68,8 kWhe/quarto.ano) no eixo das ordenadas. O limite mais interior (linha azul tracejado)
está relacionado com o consumo médio não eléctrico dos hotéis de 5 estrelas, normalizado pela área
útil (62,3 kWht/m2.ano), no eixo das abcissas, e pelo número de quartos (30,8 kWht/quarto.ano) no
eixo das ordenadas. Os valores médios delimitantes do envelope permitem percepcionar a diferença
entre os consumos das tipologias de 4 e 5 estrelas e servem de ponto de referência para a
comparação com os consumos dos indicadores de cada unidade. Por exemplo, para os hotéis de 5
estrelas, o “Hotel F” e o “Hotel H” (identificados na figura) revelam um bom compromisso entre o
consumo eléctrico por unidade de área útil e por quarto ocupado, relativamente ao valor médio dos
restantes para esta tipologia. Já o “Hotel K” (identificado na figura) deverá inspeccionar com maior
atenção os equipamentos associados às necessidades de Aquecimento e de AQS, pois os
indicadores posicionam-se fora do “envelope estatístico”, relativamente ao consumo não eléctrico
para a tipologia de 4 estrelas.
A Figura 5.6 serve-se do mesmo modelo de visualização de resultados para apresentar os
indicadores de desempenho associados às emissões de CO2.
1 Terminologia pessoal para descrever a representação do conjunto de indicadores apurados
Figura 5.5 - Consumo por unidade de área útil vs consumo por quarto ocupado
63
Consequentemente, as emissões médias de CO2 por m2 dos hotéis de 5 estrelas sãos
maiores do que os de 4 estrelas (diferença nas abcissas de 3,76 kgCO2/m2.ano) e por quarto
ocupado (diferença nas ordenadas de 6,33 kgCO2/quarto.ano). Por exemplo, o “Hotel H“ (identificado
na figura) é o hotel de 5 estrelas que apresenta a menor pegada de carbono, e na tipologia de 4
estrelas o “Hotel M“ (identificado na figura). Os limites apresentados podem sugerir metas de gestão
de operação energética mais eficientes e ecológicas para que as unidades hoteleiras produzam
resultados individuais anuais dentro dos limites médios calculados.
Apesar de se terem apenas conseguido obter os consumos destinados ao funcionamento das
piscinas/spa para três hotéis inquiridos, considerou-se útil distinguir outros dois indicadores que
possam servir de caracterização e comparação entre unidades que disponham destes serviços,
apesar da pouca representatividade neste estudo. Identificam-se os seguintes indicadores
complementares na Tabela 5.10:
Indicadores complementares
kWhspa/piscina/m2.ano kWhspa/piscina/cliente.ano
Hotel B - 2,9
Hotel E 558,5 5,1
Hotel I - 1,1
Como também verificado na análise da Tabela 5.1, os serviços e espaços dedicados ao spa
podem traduzir-se em consumos adicionais significativos para efeitos de Aquecimento ambiente ou
da água das piscinas. A identificação deste tipo de indicadores pode motivar a adopção de medidas
de racionalização energética como uma gestão mais cuidada do tempo de funcionamento destes
serviços e dos equipamentos associados.
Tabela 5.10 - Indicadores complementares para o spa/piscinas
Figura 5.6 - Emissões por unidade de área útil vs emissões por quarto ocupado
64
5.3.4 Indicadores de desempenho do “Cliente Tipo”
As Tabela 5.11 e Tabela 5.12 apresentam os resultados dos indicadores de desempenho
anuais normalizados pelo número de clientes e o cálculo da média, desvio padrão e coeficiente de
variação de Pearson para as unidades hoteleiras de 5 e de 4 estrelas.
O coeficiente de variação de Pearson é agora considerado para sustentar de forma mais
particular o grau de dispersão de resultados. Este coeficiente determina o peso relativo do desvio
padrão (σ) em relação ao valor médio (μ) e calcula a razão entre ambos, como apresentado na
Equação 5.1.
Para este estudo, o uso do coeficiente de variação de Pearson e do desvio padrão actuam
como medidas de dispersão para o número de casos observados e são uma forma de perceber a
diferença na qualidade dos resultados entre as tipologias de 4 e 5 estrelas, resultante da falta de
detalhe dos consumos que são registados internamente.
O “CLIENTE TIPO”
5 estrelas Electricidade Não
Eléctrico Água Emissões Aquecimento Arrefecimento Iluminação AQS
Caso Estudo Concelho kWh/cliente kWh/cliente m
3/
cliente
kgCO2/
cliente kWh/cliente kWh/cliente kWh/cliente kWh/cliente
Hotel A Lisboa 30,6 9,0 0,20 12,83 2,6 6,5 7,7 2,6
Hotel B Porto 31,7 20,6 0,19 15,55 5,6 5,4 6,7 2,0
Hotel C Lisboa 66,8 40,2 0,41 32,14 26,3 14,5 10,1 13,2
Hotel D Lisboa 57,7 33,6 0,24 27,57 0,5 7,6 18,1 2,0
Hotel E Lisboa 25,1 16,3 0,32 12,32 8,0 15,9 8,5 14,4
Hotel F Lisboa 20,1 15,2 - 10,31 - - - -
Hotel G Chaves 69,7 101,65 0,36 45,63 21,2 5,4 5,1 10,4
Hotel H Loulé 34,3 4,6 0,56 13,11 9,6 3,0 16,5 6,0
4 estrelas Electricidade Não
Eléctrico Água Emissões Aquecimento Arrefecimento Iluminação AQS
Caso Estudo Concelho kWh/cliente kWh/cliente m
3/
cliente
kgCO2/
cliente kWh/cliente kWh/cliente kWh/cliente kWh/cliente
Hotel I Fundão 51,1 13,4 - 21,10 22,6 2,7 24,1 15,4
Hotel J Covilhã - - - - - - - -
Hotel K Covilhã - - - - - - - -
Hotel L Lisboa 25,7 18,7 0,17 13,0 9,7 4,3 8,9 3,8
Hotel M Lisboa 13,7 6,7 0,12 6,30 6,9 3,9 11,7 14,3
(5.1)
Tabela 5.11 - Resultado dos indicadores do "Cliente Tipo" para os hotéis de 5 e 4 estrelas
65
Variáveis
Estatísticas Electricidade
Não
Eléctrico Água Emissões Aquecimento Arrefecimento Iluminação AQS
Média (5*) 41,9 19,9 0,27 17,69 12,2 7,1 10,4 6,0
Média (4*) 30,2 12,9 0,15 13,47 13,1 3,6 14,9 11,1
Desvio Padrão (5*) 18,3 11,9 0,08 7,9 8,6 3,6 4,6 11,14
Desvio Padrão (4*) 5,9 5,9 0,02 3,4 1,4 0,2 1,4 5,3
Coef. variação Pearson(5*) 44% 60% 30% 45% 70% 51% 44% 72%
Coef. variação Pearson(4*) 20% 46% 17% 25% 11% 5% 10% 47%
O resultado esperado de que os consumos médios das unidades de 5 estrelas seriam
maiores do que das de 4 foi sustentado no subcapítulo anterior e baseia-se também na análise da
Tabela 2.4 do subcapítulo 2.4. Para o cálculo das variáveis estatísticas foram retiradas as
observações extremas relativas ao consumo de gás natural facturado do “Hotel G” e o consumo das
necessidades para Aquecimento do “Hotel D”. O valor médio dos gastos eléctricos por cliente é o
dobro dos não eléctricos para ambas as tipologias. Dos gastos eléctricos desagregados nas
diferentes necessidades energéticas, predominam os consumos relativos à Iluminação.
Os resultados referentes para a tipologia de 4 estrelas não são representativos devido à falta
de informação disponibilizada, pois apenas se conseguiu o registo de clientes em três dos cinco
estudados. No restante subcapítulo, opta-se por analisar o “Cliente Tipo” apenas para os hotéis de 5
estrelas apesar da maior dispersão de resultados no número de casos estudados.
A Figura 5.7 sugere um perfil médio do “Cliente Tipo” associado às necessidades de
Aquecimento, Arrefecimento, Iluminação e AQS para as unidades hoteleiras de 5 estrelas.
Verifica-se que um cliente numa tipologia de 5 estrelas requer maiores necessidades de
Aquecimento e Iluminação na garantia do seu conforto (12,2 e 10,4 kWh/cliente, respectivamente). O
parâmetro do Aquecimento apresenta, no entanto, um maior grau de dispersão de resultados, pois o
seu valor depende em parte da localização geográfica do hotel e do tipo de serviços que este
disponibiliza. Os valores dos indicadores de desempenho normalizados pelo número de clientes
reflectem o consumo que os hotéis despendem por cada cliente alojado, incluindo os consumos
associados aos modos de funcionamento geral, não sendo uma representação exacta do valor real
que cada um gasta. Esta abordagem poderá ser útil para efeitos de comparação entre as unidades
Tabela 5.12 - Resultados das variáveis estatísticas para o "Cliente Tipo" para os hotéis de 5 e 4 estrelas
Figura 5.7 - Perfil do "Cliente Tipo" médio para hotéis de 5 estrelas
66
hoteleiras sendo possível com os indicadores médios calculados para cada sector energético servir
de incentivo para investir em novos equipamentos específicos para o cumprimento dessas
necessidades ou melhorar a gestão dos mesmos.
Por exemplo comparativamente à média, o “Hotel C” apresenta valores muito superiores. Isto
deve-se ao facto de, embora os níveis de ocupação possam ser reduzidos, são respeitados os
pedidos dos clientes por quartos específicos obrigando assim a manter ligados os sistemas de
climatização e iluminação geral do edifício, cumprindo as exigências de um hotel de luxo. Foi
informado que neste caso, o hotel permanece em funcionamento integral durante o ano mesmo
presenciando níveis de ocupação relativamente reduzidos, em contraste com outros hotéis que em
alturas de menor ocupação optam por fechar os andares para efeitos de manutenção ou de poupança
energética.
Relativamente ao consumo de água os valores não são muito dispersos. É possível
assegurar com maior grau de precisão que um “cliente tipo” de um hotel de 5 estrelas consome, em
média, 290 litros. Como se faz o registo de cada cliente diariamente, este valor reflecte os gastos
diários em banhos, higiene, etc. É característica de alguém que paga um preço elevado por estadia
ter um consumo excessivo para as suas necessidades básicas. No entanto, é de salientar que a
maioria dos hotéis não detalharam com precisão a distribuição percentual de consumos para os
diferentes sectores do edifício por só terem instalado um contador geral. Assim, em alguns casos o
sobredimensionamento deste indicador está relacionado com a inclusão dos consumos na cozinha,
copas, piscina/spa que não estão directamente relacionados com o comportamento individual de
cada cliente.
O uso do quadro de indicadores “Cliente Tipo” poderá dar origem a uma nova forma de
sensibilização dentro da comunidade hoteleira para a eficiência energética. Este perfil poderia ser
disponibilizado em motores de busca e possibilitar a filtragem de resultados por hotéis “mais verdes”.
O crescente interesse pela prática de um turismo ambientalmente mais consciente poderá resultar
num aumento da procura de hotéis que apresentem menores consumos do seu “Cliente Tipo”.
Na revisão da literatura foi concluído que a maioria dos estudos assenta a sua investigação
na identificação de indicadores de consumo energético anual normalizados por unidade de área útil
como a ferramenta de análise e comparação estatística mais consistente.
67
5.3.5 Indicadores de desempenho por unidade de área útil
As Tabela 5.13 e Tabela 5.14 apresentam os resultados dos indicadores de desempenho
anuais normalizados pela área útil e o cálculo da média, mediana, desvio padrão e coeficiente de
variação de Pearson para as unidades hoteleiras de 5 e de 4 estrelas. Como já foi referido este tipo
de indicadores são os mais comumente usados na literatura e os que melhor reflectem, de maneira
geral, o perfil energético de uma unidade hoteleira.
CONSUMO POR UNIDADE DE ÁREA ÚTIL
5 estrelas Eléctrica Não
Eléctrico Total
Total
(clima) Água Emissões Aquec. Arref. Ilum. AQS
Caso Estudo Concelho kWh/m2
kWh/m2 kWh/m
2 Wh/m
2.ºC m
3/m
2 kgCO2/m
2 kWh/m
2 kWh/m
2 kWh/m
2 kWh/m
2
Hotel A Lisboa 161,2 47,3 207,4 182,5 1,61 67,57 13,6 34,8 43,1 14,5
Hotel B Porto 122,5 79,1 198,0 164,4 0,74 59,73 21,8 21,7 26,7 9,0
Hotel C Lisboa 106,0 62,9 165,2 145,4 0,66 50,86 41,9 23,2 35,2 35,2
Hotel D Lisboa 114,2 66,7 187,9 176,8 0,52 54,57 1,1 17,4 43,4 4,6
Hotel E Lisboa 130,5 85,1 216,5 212,7 1,67 64,15 57,2 103,5 47,9 78,6
Hotel F Lisboa 114,1 86,3 200,9 203,1 - 58,53 - - - -
Hotel G Chaves 123,3 183,8 299,2 192,7 0,64 81,54 38,3 10,1 10,3 21,2
Hotel H Loulé 67,2 9,0 76,1 103,8 1,10 25,71 18,8 5,9 32,4 6,5
4 estrelas Eléctrica Não
Eléctrico Total
Total
(clima) Água Emissões Aquec. Arref. Ilum. AQS
Caso Estudo Concelho kWh/m2 kWh/m
2 kWh/m
2 Wh/m
2.ºC m
3/m
2 kgCO2/m
2 kWh/m
2 kWh/m
2 kWh/m
2 kWh/m
2
Hotel I Fundão 113,4 29,7 143,1 89,4 - 46,82 52,0 6,3 56,9 34,2
Hotel J Covilhã 95,6 62,9 158,5 59,6 - 47,39 43,5 12,6 13,7 37,0
Hotel K Covilhã 53,4 135,3 188,7 61,9 - 147,67 125,3 1,6 5,3 10,8
Hotel L Lisboa 114,7 83,1 197,8 180,5 0,76 58,09 43,3 19,0 39,5 12,2
Hotel M Lisboa 109,5 54,7 164,5 153,6 0,96 50,45 69,6 38,8 177,7 143,8
Variáveis
Estatísticas Eléctrica
Não
Eléctrico Total
Total
(clima) Água Emissões Aquec. Arref. Ilum. AQS
Média (5*) 124,5 71,2 196,0 169,8 1,00 54,45 32,0 18,8 34,0 15,3
Média (4*) 108,3 57,6 165,9 108,5 0,90 50,70 52,3 15,8 28,8 18,1
Desvio Padrão (5*) 16,7 13,8 16,3 34,1 0,40 12,80 15,0 9,4 11,9 10,3
Desvio Padrão (4*) 7,6 19,1 20,0 49,7 0,10 4,50 10,8 13,0 20,8 10,9
Coef. variação Pearson(5*) 13% 19% 8% 20% 45% 24% 47% 50% 35% 67%
Coef. variação Pearson(4*) 7% 33% 12% 46% 12% 9% 21% 82% 73% 60%
A análise das tabelas permite comparar os consumos facturados de cada hotel e emissões de
CO2 desagregados para as diferentes vertentes energéticas, com o respectivo valor médio calculado.
Destacam-se de seguida algumas conclusões consideradas pertinentes para o número de casos
estudados:
Tabela 5.13 - Resultado dos indicadores dos consumos específicos para os hotéis de 5 e 4 estrelas
Tabela 5.14 - Resultados das variáveis estatísticas dos consumos específicos para os hotéis de 5 e 4 estrelas
68
O valor médio facturado relativo ao consumo de energia total por unidade de área útil dos hotéis
de 5 estrelas (196,0 kWh/m2.ano) é superior aos hotéis de 4 (165,9 kWh/m
2.ano). A Figura 5.8
apresenta a distribuição resultante do indicador de desempenho total para as unidades
estudadas. Para o cálculo das variáveis estatísticas foram retirados os valores extremos para
Aquecimento do “Hotel D” e “Hotel K”, Arrefecimento e AQS do “Hotel E”, Iluminação e AQS do
“Hotel M”.
Do consumo total indicado, a distribuição percentual de consumos eléctricos facturados
corresponde a 65,3% e 63,5% para as tipologias de 4 e 5 estrelas, respectivamente. Verifica-se uma
descida total significativa em comparação com os valores médios do consumo total registados para
os hotéis de 4 e 5 estrelas em 2002 em Portugal (Tabela 2.2). A visualização simples de resultados
permite que cada hotel faça uma comparação directa com o valor médio para qualquer indicador de
desempenho dentro da sua tipologia correspondente.
Para a maioria das unidades de 4 e 5 estrelas, o valor do indicador de desempenho total
facturado insere-se numa intervalo entre os 150-220 kWh/m2.ano, independentemente do valor
da sua área útil, como se verifica na Figura 5.9.
Figura 5.9 - Intervalo do indicador total de energia facturada para as unidades hoteleiras de 4 e 5 estrelas
Figura 5.8 - Comparação do consumo total de energia por entre as unidades hoteleiras de 4 e 5 estrelas
69
É possível também detalhar em outros intervalos de indicadores facturados o consumo de
electricidade e/ou gás natural ou ainda os usos desagregados de energia previstos, permitindo obter
mais parâmetros de referência para o ajuste das metodologias de cálculo ou para determinação das
classes energéticas dos edifícios do sector hoteleiro.
O consumo de água (0,86 e 0,99 m3/m
2.ano) para as tipologias de 4 e 5 estrelas respectivamente
são praticamente semelhantes, apesar dos hotéis de 5 estrelas apresentarem maiores taxas de
ocupação (diferença de 138 quartos ocupados diariamente, comparativamente aos de 4 estrelas).
Este resultado indica um maior uso eficiente da água;
Relativamente aos diferentes usos de energia para satisfazer as necessidades de Aquecimento,
Arrefecimento, Iluminação e AQS, não se considerou pertinente realizar uma comparação directa
entre as tipologias. O segmento de hotéis de 5 estrelas encontra-se maioritariamente no concelho
de Lisboa. Naturalmente, a menor severidade do clima, comparativamente aos casos dos hotéis
de 4 estrelas na Covilhã e no Fundão, afecta os consumos associados sobretudo às
necessidades de Aquecimento e Arrefecimento. O pequeno número de casos de estudo
disponibilizados não confere uma consistência de resultados suficientemente relevante. Os
elevados valores do desvio padrão sustentam também a heterogeneidade das
características/modos de funcionamento dos hotéis;
Embora não seja apresentado na Tabela 5.13, é também calculado o parâmetro “Outros
Consumos” que totaliza o consumo total de energia. Este valor é contabilizado para efeitos de
certificação de acordo com a metodologia de cálculo adoptada pelo SCE actual (subcapítulos
2.3.2 e 2.3.3);
A Figura 5.10 e a Figura 5.11 apresentam o valor dos consumos específicos desagregados
nas diferentes vertentes energéticas para os hotéis de tipologia 4 e 5 estrelas,
respectivamente.
Figura 5.10 - Consumos médios desagregados para os hotéis de tipologia 4 estrelas
70
Comparativamente aos dados fornecidos pela ADENE para os “Empreendimentos Turísticos
de 4 ou mais estrelas” (Tabela 5.2), verificam-se diferenças acentuadas no peso dos consumos para
cada tipologia. Nos hotéis de 4 estrelas o parâmetro do Aquecimento foi o que ganhou maior
relevância (23,9 para 52,3 kWh/m2.ano). No entanto, a maioria das unidades desta tipologia inserem-
se em municípios de climas mais agrestes durante o período de Inverno. Nos hotéis de 5 estrelas a
produção de AQS deixou de ser o maior consumo para ser o menor e destaca-se a Iluminação como
a maior fonte de consumo. Estas conclusões reforçam a importância de se dividir a tipologia de “4 ou
mais estrelas” para duas tipologias, uma vez que cada uma pode representar diferenças acentuadas
nos diversos usos de energia, consoante a qualidade de serviços, especificidades de operação e
tipos de sistemas técnicos que os distingue.
Os CE‟s ao abrigo do novo Regulamento incorporam no seu layout informação mais
simplificada com base nestes indicadores energéticos e a comparam-nos com valores de referência.
Torna assim a leitura mais perceptível e promove a sensibilidade do usuário para o desempenho do
edifício estudado. Como referido no subcapítulo 2.3.2, os valores de referência para cada hotel
calculados durante a certificação têm por base as características dos elementos da envolvente e dos
seus sistemas técnicos. Uma vantagem da apresentação desagregada dos indicadores de
desempenho neste tipo de quadros é a possibilidade de se desenvolverem estudos focalizados em
soluções específicas nas vertentes energéticas com base na informação estatística disponibilizada.
O resultado do desvio relativo calculado sugere outra forma de analisar o grau de fiabilidade
dos CE‟s ou o impacto das medidas de racionalização adoptadas pelos hotéis após o processo de
certificação.
5.3.6 Desvio relativo obtido para os casos de estudo
Para cada caso é calculado o desvio relativo entre o valor facturado e o valor previsto através
da soma dos usos de energia desagregados (Aquecimento, Arrefecimento, Iluminação, AQS e
Outros). A Tabela 5.15 apresenta os resultados do desvio relativo.
Figura 5.11 - Consumos médios desagregados para os hotéis de tipologia 5 estrelas
71
ELÉCTRICO
5 estrelas 4 estrelas
A B C D E F G H I J K L M
6,0% 11,6% 2,9% 6,3% 60,4% - -5,2% 25,1% 59,2% 7,0% -11% -15,2% 338%
Desvio médio relativo Desvio médio relativo
16,8% 23,0%
NÃO ELÉCTRICO (gás natural, propano ou outros)
5 estrelas 4 estrelas
A B C D E F G H I J K L M
-40,7% -61,1% 22,7% -91,4% 59,6% - -68% 27,5% -58,4% -41% 0,6% -33,2% 163%
Desvio médio relativo Desvio médio relativo
46,5% 33,4%
O sinal negativo (-) significa que a soma dos indicadores dos consumos desagregados de
energia previstos é menor do que o indicador total facturado resultante. Pela análise de resultados,
obtêm-se desvios relativos para os consumos eléctricos menores do que para os não eléctricos, para
ambas as tipologias. Estes resultados podem estar relacionados com a estimativa dos perfis de
ocupação e do gasto de água para a metodologia de simulação e previsão dos consumos. Como
referido no subcapítulo 4.4, os consumos reais do edifício podem divergir dos consumos previstos na
certificação, pois dependem da ocupação e dos padrões de comportamento real dos utilizadores,
sendo esta diferença contabilizada pelo desvio relativo calculado. Os indicadores previstos, na
maioria dos casos, estão subdimensionados relativamente ao consumo real facturado, observando-se
um maior número de desvios com sinal positivo. Dois motivos são apontados para esta causa: 1)
após a certificação, os hotéis podem ter sido motivados a adoptar medidas de racionalização de
energia, reduzindo os assim seus consumos, ou ainda 2) falta de detalhe da informação
disponibilizada ou o registo pouco pormenorizado dos consumos internos nos hotéis que resulta num
cálculo sobredimensionado dos indicadores respectivos.
São aqui apresentados dois exemplos práticos que podem ilustrar outras causas destes
desvios relativos: Na Tabela 5.13, são destacados (a sombreado) dois hotéis, “Hotel D” e “Hotel M”,
que apresentam resultados não expectáveis. Por exemplo, o valor para o Aquecimento do “Hotel D” é
extremamente reduzido (1,1 kWh/m2.ano). Este foi extraído directamente do certificado energético. O
valor do indicador de gás natural facturado (5,6 m3/m
2.ano) inclui-se dentro da gama de valores dos
outros hotéis da mesma tipologia, esperando-se assim que os indicadores associados ao consumo de
gás natural (para as necessidades de Aquecimento ambiente e produção de AQS) também se
encontrem perto da média. Relativamente ao valor associado para Aquecimento para os hotéis de 5
estrelas estudados, este representa aproximadamente 32% do consumo total, o que resulta num
valor expectável médio de 21,2 kWh/m2.ano, muito diferente do valor registado na certificação do
“Hotel D” (1 kWh/m2.ano). Considera-se assim um equívoco da informação disponibilizada no CE
deste hotel. No caso do “Hotel M”, o CE foi elaborado quando um edifício já existente sofreu uma
Tabela 5.15 - Desvio relativo calculado para cada unidade hoteleira
72
grande remodelação nas suas infraestruturas para se adaptar a uma unidade hoteleira. São
apresentados os valores nos indicadores previstos para Iluminação (118 kWh/m2.ano) e AQS (144
kWh/m2.ano), que se destacam significativamente do valor médio para esta tipologia, apesar do
edifício ter instalado soluções tecnologicamente eficientes. No Anexo E é explicado em pormenor a
nota correctiva para estes dois casos. Estas discrepâncias são identificadas pelo resultado do desvio
relativo correspondente (a sombreado) para estes hotéis e foram retiradas de maneira a não afectar o
do cálculo da média final.
Pretende-se com exemplos particulares vincar a importância de disponibilizar este tipo
informação na forma de indicadores estatísticos à ADENE (agência gestora do sistema de
certificação em Portugal). A análise dos resultados poderá levar à detecção de possíveis equívocos e
motivar uma verificação de dados ou ajustamento nos certificados energéticos dos hotéis cujos
indicadores de desempenho se destaquem do valor médio calculado.
Assim, é sugerido neste projecto a disponibilização para cada hotel e para a ADENE do
quadro de indicadores individual e estatístico. Para os hotéis cria-se uma maior capacidade do
processo competitivo pela disponibilização de modelos de referenciação e o incentivo a práticas de
desempenho mais sustentáveis. Para a ADENE, a análise conjunta dos dados de referência em cada
certificado com os que resultam de um quadro de indicadores de desempenho estatístico para as
diferentes tipologias hoteleiras, poderá resultar numa simbiose que possibilite a afinação das
metodologias de cálculo actuais e produza uma caracterização mais precisa para cada uma delas.
73
6 CONCLUSÕES
A revisão e a análise de diversos estudos assentes na temática da eficiência energética no
sector da hotelaria internacional possibilitaram a sistematização de um conjunto de indicadores
relevantes que caracterizam, de forma global, o desempenho energético de um hotel. Estes edifícios
são dotados de especificidades de serviços e aspectos técnicos que exigem elevados consumos de
energia e água. A normalização estabelecida, através de parâmetros físicos e operacionais,
nomeadamente, pela área interior útil, pelos níveis de ocupação (número de quartos ocupados,
clientes registados, número de refeições) resultou na elaboração de um quadro de indicadores de
desempenho. Obteve-se um instrumento de leitura simplificada e de ferramentas de referência
adequadas para a caracterização de cada unidade e a promoção de padrões de consumo. Destacam-
se os indicadores energéticos anuais normalizados por unidade de área útil como o parâmetro de
análise mais utilizado e consistente em processos de benchmarking. Conclui-se também da
importância de normalizar estes indicadores pelo número de GDA, por forma a adequar o consumo
dos hotéis com a sua respectiva zona climática. O quadro de indicadores de desempenho proposto
desenvolve-se em duas componentes gerais:
1) Valor dos indicadores tendo por base o consumo interno facturado;
2) Valor previsto por simulação dos consumos do edifício, desagregado pelos diversos usos e por
tipologia.
Para responder às necessidades de obtenção de uma leitura adequada do desempenho
energético de cada hotel, foi desenvolvida uma ferramenta de cálculo em EXCEL©Microsoft,
denominada “Mapa de Indicadores”. Após a recolha dos dados de entrada são devolvidos os
resultados na forma de um quadro de indicadores de base anual e/ou mensal para as vertentes da
energia eléctrica e não eléctrica (gás natural ou outros), para o consumo de água e para as emissões
de CO2. A aplicação da metodologia de tratamento de informação revelou-se uma solução adequada,
na medida em que é solicitada uma introdução de um conjunto de dados, de uma forma expedita,
tendo por base os registos internos dos consumos facturados, dos perfis de ocupação e a selecção
dos diversos usos de energia: Aquecimento, Arrefecimento, Iluminação e AQS para as diferentes
tipologias do edifício. Destaca-se uma nota apreciativa ao novo Regulamento do SCE, em vigor
desde 2013, que incorpora nos certificados energéticos uma apresentação e leitura da informação
mais ajustada para o consumidor final.
No entanto, a ferramenta de cálculo apresenta alguns obstáculos de operação, entre as quais
as seguintes limitações:
1) Tratamento prévio de informação para os hotéis certificados ao abrigo do antigo Regulamento
para preenchimentos dos campos relacionados com os consumos nominais;
2) Dependência do grau de detalhe da informação interna disponível, relativamente aos consumos
facturados, para o cálculo devidamente dimensionado dos indicadores energéticos.
74
Na persecução do objectivo de validar a metodologia de cálculo da ferramenta, esta foi
aplicada detalhadamente ao caso de estudo do Hotel InterContinental Lisbon. A validação de
resultados através da comparação entre os indicadores de desempenho facturados com os previstos
na certificação, revelou-se bastante satisfatória registando-se desvios relativos para os consumos
eléctricos de 9,5% e 0,77%, para os dois períodos de estudo 2007-2009 e 2011-2013
respectivamente. A estimativa do desvio aumentou para o consumo de gás natural devido à
identificação de um erro nos valores apresentados para as necessidades de Aquecimento no
certificado energético do Hotel. Entende-se que a validade de 6 anos atribuída aos certificados
energéticos garante a fiabilidade de resultados, durante este período, relativamente ao desvio
comparativo entre os indicadores facturados e previstos.
Concluiu-se também da relevância da leitura integral dos consumos de um hotel.
Recomenda-se a aplicação de um quadro de indicadores de desempenho, para apoio à gestão e
decisão por parte dos órgãos administrativos, considerando-se as seguintes linhas gerais destacadas
pelo caso de estudo:
1) Identificação de padrões ou perfis de consumos sazonais e anuais;
2) Relação entre a flutuação de consumos, relativos às necessidades de energia e água, e a
variação das condições climáticas ao longo do ano;
3) Avaliação da eficiência do funcionamento dos sistemas técnicos e logísticas de operação em
função das exigências de ocupação;
4) Percepção do impacto resultante de tomadas de decisão para a eficiência energética através da
análise comparativa da flutuação dos indicadores em meses homólogos.
No diagnóstico dos processos envolvidos deve-se reconhecer que o consumo total de um
hotel também engloba os gastos não quantificáveis, associados a factores internos (logísticas
próprias de operação nas cozinhas ou copas, serviços de manutenção, número de conferências e
eventos) que estabelecem acréscimos ao valor dos indicadores. Recomenda-se aos hotéis, para uma
quantificação mais precisa dos indicadores de desempenho, a instalação de um maior número de
contadores parciais para registo detalhado dos consumos internos.
A sistematização de uma matriz “Cliente Tipo”, baseada nos consumos normalizados pelo
número de clientes, não representa o valor real que cada um gasta, mas sim a estimativa de quanto é
que o hotel tem de disponibilizar por cada cliente que aloja. A sua utilidade pode expressar-se em
quatro áreas:
1) Maior flexibilidade na categorização de perfis específicos e na leitura perceptível dos níveis de
eficiência e desempenho energético para apoio à tomada de decisão;
2) Uso da matriz como base de referenciação e comparação entre unidades de diferentes
tipologias;
3) Incorporação de informação que esteja ajustada a um nível de maior sensibilização ambiental
dos clientes. Na escolha de um hotel, a apresentação de um perfil mais ecológico traduz-se
também num comportamento mais responsável durante a sua estadia
75
Pela análise do panorama nacional actual para os “empreendimentos turísticos de 4 ou mais
estrelas” concluiu-se que as unidades localizadas nos municípios mais a norte do país apresentam
maiores consumos específicos para satisfazerem as necessidades de Aquecimento e Arrefecimento,
em resultado de condições climatéricas mais adversas. Verificou-se também que, salvo raras
excepções, os hotéis que são dotados de serviços de spa, de instalações desportivas, de ginásios e
grandes espaços para eventos e conferências, distinguem-se naturalmente dos que não possuem
esses serviços. Em termos comparativos expressam-se por um consumo adicional de 118% nos
consumos para Aquecimento e 72% para Arrefecimento. Estes valores estão associados a estruturas
e serviços técnicos de climatização e produção de AQS e podem sustentar a iniciativa de uma
avaliação mais exaustiva da eficiência dos sistemas de produção de energia térmica por partes das
unidades hoteleiras.
O estudo realizado com um levantamento estatístico, que incidiu em 13 unidades hoteleiras
de 4 e 5 estrelas, conduziu a uma percepção da importante complementaridade deste projecto. Esta
abordagem permite aos hotéis compararem os resultados da sua matriz interna com um quadro de
indicadores de desempenho de um perfil médio de referência para a respectiva tipologia, contribuindo
para a definição de eixos de actuação. Com base nos estudos de caso é possível tecer algumas
considerações importantes sobre os dados estatísticos apurados, nomeadamente:
1) Os consumos específicos dos hotéis de 5 estrelas são, em média, superiores aos hotéis de 4
estrelas, resultado de taxas médias de ocupação diárias amplamente superiores e do
compromisso com requisitos de serviços mais exigentes;
2) Os gastos de energia eléctrica representam em média 64% dos consumos totais facturados;
3) Calculou-se um intervalo do consumo específico total facturado entre os 150-220 kWh/m2.ano
com uma média de consumos de 196,0 kWh/m2.ano para os hotéis de 5 e 165,9 kWh/m
2.ano
para os de 4 estrelas;
4) Os consumos específicos de Iluminação e Aquecimento destacam-se como determinantes no
padrão de consumo energético para os hotéis de 5 e 4 estrelas;
5) O tamanho da população estudada para as duas tipologias não foi relevante para concluir com
precisão quanto a um valor padrão médio nacional dos indicadores calculados;
6) A falta de contadores parciais para um registo dos consumos internos, sobretudo nos hotéis de 4
estrelas, resulta numa menor capacidade de entender o desempenho energético do edifício e
adopção de estratégias de racionalização energética mais eficientes.
Em trabalhos futuros sugere-se a aplicação a mais casos de estudo e em diferentes cenários,
de modo a obter-se uma população estatística mais relevante, resultando, consequentemente, numa
confiança acrescida na qualidade de resultados. Seria importante conseguir mais exemplos de hotéis
em diversos municípios do país, para traçar um mapa energético nacional completo e realçar a
importância de normalização em função da variabilidade climática. Uma análise mais aprofundada
permitirá destacar a relação com outros parâmetros de influência tais como: número de eventos e
conferências, zonas de lazer/desportivas em função do espaço dedicado, e a correspondência com
as regiões onde há maior oferta de quartos, mais estabelecimentos turísticos ou, ainda, com os
76
meses de maior adesão de turistas. Alguns aspectos poderão ser aprofundados tais como os “deltas
característicos” que diferenciam as unidades de 4 e 5 estrelas para os diversos usos de energia.
Sugere-se também a atribuição de uma classificação ao hotel segundo o desempenho
“Cliente Tipo” e a disponibilização junto das entidades consumidoras, como, por exemplo, em sites de
reserva de hotéis podendo o usuário filtrar e ordenar os resultados da sua pesquisa por hotéis mais
“eficientes por cliente”. Ainda, outro aspecto importante para efeitos de sensibilização dos clientes
para um conjunto de boas práticas ambientais, que durante a sua estadia, lhes fosse permitido o
acesso a informações sobre alguns indicadores de desempenho do hotel, melhorando a relação de
confiança entre o hotel e o cliente. Caso haja um sistema de monitorização detalhado por quarto, no
final da estadia seria possível comparar os seus consumos com os indicadores de desempenho
médios do hotel e, caso resultassem em valores menores, o cliente seria recompensado pelo seu
comportamento exemplar.
Finalmente propõem-se a recolha da opinião das entidades gestoras dos hotéis quanto à
utilização desta ferramenta de cálculo, às mais-valias identificadas e a sugestões de melhoria.
A disponibilização deste tipo de informação a entidades gestoras como a ADENE poderá
levar ao reajuste das metodologias de cálculo e à detecção de possíveis equívocos, motivando a
reavaliação, ou ajustamento de alguns parâmetros nos certificados energéticos dos hotéis cujos
valores dos indicadores se destaquem de forma não expectável, face a um valor médio calculado
para a respectiva tipologia.
77
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Resolução do Conselho de Ministros no20, 2013. Presidência do conselho de ministros. Diário da
República, 1.a série - N.
o 70, (iii).
Rodrigues, J.M., 2011. Ferramenta de avaliação do potencial de implementação de medidas de eficiência energética no sector da hotelaria. Dissertação de Mestrado, Instituto Superior Técnico,
Universidade de Lisboa.
Tsoutsos, T. et al., 2013. Nearly Zero Energy Buildings Application in Mediterranean Hotels. Energy Procedia, 42, pp.230–238.
Vídeo “Novo Certificado Energético”, 2013. Adene - Agência para Energia. Disponível em: www.adene.pt/sce/textofaqs/certificacao-de-edificios.
Wang, J.C., 2012. A study on the energy performance of hotel buildings in Taiwan. Energy and Buildings, 49, pp.268–275.
Warnken, J., Bradley, M. & Guilding, C., 2005. Eco-resorts vs. mainstream accommodation providers: an investigation of the viability of benchmarking environmental performance. Tourism Management,
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Xin, Y. et al., 2012. Energy consumption quota of four and five star luxury hotel buildings in Hainan province, China. Energy and Buildings, 45, pp.250–256.
A
ANEXO A – FERRAMENTA DE CÁLCULO EXCEL
Figura A.1 - Folha de inserção de consumos facturados
B
Figura A.2 - Folha de inserção de consumos nominais obtidos por certificação energética
C
Figura A.3 - Folha da matriz de indicadores de desempenho final
D
ANEXO B
InterContinental Lisboa (consumo nominal, classe energética C)
MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS PREVISTOS
(RESULTADOS DOS CE’S)
Hotel de 4 e 5 estrelas Restaurante
Tipologia Consumo
[kgep/ano]
Percentagem
[%]
Consumo
[kgep/ano]
Percentage
m [%]
Aquecimento 25.284 2,0 446 1,1
Arrefecimento 326.604 25,2 5.760 13,6
Iluminação 367.827 28,4 6.487 15,3
Ilum. Exterior 63.407 4,9 1.153 0,0
Equip.Eléctricos 61.681 4,8 0 0,0
Equip. Gás 10.138 0,8 0 0,0
Elevadores 222.387 17,2 0 63,7
Ventilação (UTAs + VC) 53.635 4,1 946 2,2
Bombas 64.560 5,0 0 0
AQS 99.636 7,7 1.757 4,1
Área [m2] 20.589,3 Área [m
2] 363,1
Espaço Complementar - Estacionamento
Certificação Horas Func. Consumo
[W/m2]
Consumo
[kWh/ano]
Percentage
m [%]
Iluminação 3640 13 45.336 26,5
Equipamentos 3640 7 24.412 14,3
Ventilação 3640 29 101.135 59,2
TOTAL 170.883 kWh/ano Área [m2] 3.487,4
Espaço Complementar - Cozinha
Certificação Horas Func. Consumo
[W/m2]
Consumo
[kWh/ano]
Percentage
m [%]
Iluminação 2184 32 10.966 5,4
Equip.Eléctricos 2184 348 119.260 58,5
Equip. Gás 2184 198 67.855 33,3
Ventilação 2184 17 5.826 2,9
TOTAL 203.907 kWh/ano Área [m2] 342,7
MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS PREVISTOS (RESULTADOS DOS CE’S)
Hotel de 4 e 5
estrelas Restaurante Estacionamento Cozinha
Tipologia Consumo [kWh/ano]
[%] Consumo [kWh/ano]
[%] Consumo [kWh/ano]
[%] Consumo [kWh/ano]
[%]
Aquecimento 294.002 5,3 5.186 7,3 0 0,0 0 0,0
Arrefecimento 1.126.220 20,3 19.863 27,9 0 0,0 0 0,0
Iluminação 1.126.369 22,9 22.370 31,5 45.336 26,5 10.966 5,4
Ilum. Exterior
1.702.810 30,7 3.261 4,6 125.546 73,5 192.940 94,6
Equip.Eléctricos
Equip. Gás
Elevadores
Ventilação
Bombas
AQS 1.158.554 20,9 20.433 28,7 0 0,0 0 0,0
TOTAL 5.549.955 92,6 71.113 1,2 170.883 2,9 203.907 3,4
Notas:
1) Os valores de Iluminação interior e exterior estavam trocados entre si. São apresentados no “Anexo VII – Resultados da Simulação Nominal (Software DesignBuilder/ EnergyPlus)”, pág. 199 do relatório de Auditoria Energética e da QAI.
2) Consumo associado aos sistemas de bombagem na tipologia de “Hotel de 4 e 5 estrelas” extraído da Tabela 2.2.2 – Desagregação dos Consumos Energéticos por Utilizador Final (condições nominais), pág. 103, por não se encontrar inserido no Anexo VII.
3) Consumos energéticos de Ventilação como a soma dos consumos associados às UTA‟s e VC. 4) Consumos dos Elevadores na tipologia “Restaurante” considerados como
equívoco na apresentação de resultados, pois o restaurante do hotel não
possui nenhum elevador. Foram somados aos consumos de energia para a
tipologia “Hotel de 4 e 5 estrelas”.
E
ANEXO C
InterContinental Lisboa (consumo real, classe energética C)
MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS PREVISTOS (RESULTADOS DOS CE’S)
Hotel de 4 e 5 estrelas Restaurante
Tipologia Consumo [kgep/ano]
Percentagem [%]
Consumo [kgep/ano] Percentagem
[%]
Aquecimento 32.019 2,8 582 2,6
Arrefecimento 341.745 30,0 6.212 27,9
Iluminação 367.720 32,3 6.306 28,3
Ilum. Exterior 23.107 2,0 0 0,0
Equip.Eléctricos 105.749 9,3 0 0,0
Equip. Gás 0 0,0 0 0,0
Elevadores 10.963 1,0 0 0,0
Ventilação (UTAs + VC)
100.562 8,8 1.820 8,2
Bombas 113.761 10,0 2.031 9,1
AQS 43.790 3,8 5.315 23,9
Área [m2] 20.589,3 Área [m
2] 363,1
Espaço Complementar - Estacionamento
Certificação Horas Func. Consumo
[W/m2]
Consumo [kWh/ano]
Percentagem [%]
Iluminação 3640 18 62.773 33,3
Equipamentos 3640 7 24.412 13,0
Ventilação 3640 29 101.135 53,7
TOTAL 188.320 kWh/ano Área [m2] 3.487,4
Espaço Complementar - Cozinha
Certificação Horas Func. Consumo [W/m2]
Consumo [kWh/ano]
Percentagem [%]
Iluminação 2184 32 10.966 5,4
Equip.Eléctricos 2184 349 119.602 58,7
Equip. Gás 2184 197 67.512 33,1
Ventilação 2184 17 5.826 2,9
TOTAL 203.907 kWh/ano Área [m2] 342,7
MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS PREVISTOS (RESULTADOS DOS CE’S)
Hotel de 4 e 5
estrelas Restaurante Estacionamento Cozinha
Tipologia Consumo [kWh/ano]
[%] Consumo [kWh/ano]
[%] Consumo [kWh/ano]
[%] Consumo [kWh/ano]
[%]
Aquecimento 372.313 8,2 6.768 5,7 0 0,0 0 0,0
Arrefecimento 1.178.430 25,9 21.422 18,2 0 0,0 0 0,0
Iluminação 1.128.000 27,8 21.745 18,4 62.773 33,3 10.966 5,4
Ilum. Exterior
1.228.180 27,0 6.277 5,3 125.546 66,7 192.940 94,6
Equip.Eléctricos
Equip. Gás
Elevadores
Ventilação
Bombas
AQS 509.189 11,2 61.803 52,4 0 0,0 0 0,0
TOTAL 4.556.112 89,9 118.015 2,3 188.320 3,7 203.907 4,0
Notas:
1) Ao contrário da análise nominal para o hotel, no “Anexo VIII – Resultados da Simulação Real (Software DesignBuilder/ EnergyPlus)” não foi considerado o consumo de iluminação exterior na tipologia “Restaurante”. De facto, verificou-se que à entrada do restaurante do hotel possui iluminação exterior durante aproximadamente 6 horas diárias. A quantidade de iluminação e o número de horas por ano é considerado um valor residual.
F
ANEXO D
InterContinental Lisboa (consumo nominal, classe energética B-)
MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS PREVISTOS (RESULTADOS DOS CE’S)
Hotel de 4 e 5
estrelas Restaurante Estacionamento Cozinha
Tipologia Consumo [kWh/ano]
[%] Consumo [kWh/ano]
[%] Consumo [kWh/ano]
[%] Consumo [kWh/ano]
[%]
Aquecimento 330.673 6,9 5.422 5,6 0 0,0 0 0,0
Arrefecimento 370.326 / 1.178.430
7,7 / 24,4
21.422 22,2 0 0,0 0 0,0
Iluminação 1.011.352 21,0 22.174 23,0 22.214 14,9 12.353 6,2
Ilum. Exterior 117.882 2,4 0 0,0 0 0,0 0 0,0
Equip.Eléctricos 1.203.516 24,9 20.231 21,0 25.385 17,0 67.795 34,0
Equip. Gás 0 0,0 0 0,0 0 0,0 119.483 59,9
Elevadores 43.795 0,9 0 0,0 0 0,0 0 0,0
Ventilação 403.342 8,4 4.046 4,2 101.541 68,1 0 0,0
Bombas 199.991 4,1 0 0,0 0 0,0 0 0,0
AQS 336.338 7,0 23.269 24,1 0 0,0 0 0,0
TOTAL 4.825.319 91,6 96.564 1,8 149.140 2,8 199.631 3,8
MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS FACTURADOS
ELECTRICIDADE
2012 4.100.985 kWh/ ano
2013 3.945.859 kWh/ano
2014 3.934.349 kWh/ano
GÁS NATURAL
2012 1.655.885 kWh/ ano
2013 1.623.517 kWh/ano
2014 1.516.941 kWh/ano
Cozinha 40.698 m
3/
ano Cozinha 34.424
m3/
ano Cozinha 32.378 m
3/ano
Central Térmica
98.452 m
3/
ano Central Térmica
102.006 m
3/
ano Central Térmica
95.096 m3/ano
Outros - m
3/
ano Outros -
m3/
ano Outros - m
3/ano
ÁGUA
2012 39.285 m
3/
ano 2013 39.248
m3/an
o 2014 41.486 m
3/ano
Divisão percentual do consumo total de água no Hotel [%]
Quartos Cozin
ha Outros SPA
Lavandaria
64% 8% 8% - -
Notas:
1) Área interior útil: 24.782 m2
2) Detectou-se um erro relativamente ao consumo associado às necessidades de arrefecimento na tipologia “Hotel de 4 e 5 estrelas”, na “Adenda n.º1 do Relatório de Auditoria Energética e da QAI”. Nesta Adenda, o valor assumido para o é de 370.326 kWh/ano, equivalendo a uma redução muito significativa das necessidades de arrefecimento somente por acção consequente da alteração da iluminação proposta. Entendeu-se que este valor era um equívoco e considerou-se o valor para o Arrefecimento de 1.178.430 kWh/ano que é o valor original do Relatório de Auditoria para a simulação real. Apesar de este valor poder estar sobredimensionado, é substancialmente mais próximo do valor real.
3) Na Adenda é apresentado um consumo energético devido aos sistemas de bombagem para a tipologia “Restaurante”. Além de não fazer sentido associar este valor à tipologia do Restaurante, nas simulações nominais e reais apresentadas no Relatório de Auditoria ele nunca o é apresentado. Assim, o consumo das “Bombas” foi somado à tipologia “Hotel de 4 e 5 estrelas”.
G
ANEXO E
- HÓTEIS DE TIPOLOGIA 5 ESTRELAS –
Hotel B
MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS PREVISTOS (RESULTADOS DOS CE’S)
Hotel de 4 e 5 estrelas Restaurante
Tipologia Consumo [kgep/ano]
Percentagem [%]
Consumo [kWh/ano] Percentagem
[%]
Aquecimento 38.900 4,8 5.422 5,6
Arrefecimento 125.908 15,6 21.422 22,2
Iluminação 156.176 19,3 22.174 23,0
Ilum. Exterior 12.007 1,5 0 0,0
Equip.Eléctricos 231.446 28,6 20.231 21,0
Equip. Gás 0 0,0 0 0,0
Elevadores 6.423 0,8 0 0,0
Ventilação (UTAs + VC)
80.531 9,9 4.046 4,2
Bombas 143.872 17,8 0 0,0
AQS 14.251 1,8 23.269 24,1
Área [m2] 18.500,74 Área [m
2] 253,77
Espaço Complementar - Estacionamento
Certificação [kgep/ano] [kWh/ano] Área [m
2]
30.459 105.031 1.940,49
Espaço Complementar - Cozinha
Certificação Horas Func. Consumo [W/m2]
Consumo [kWh/ano]
Percentagem [%]
Iluminação 2.200 32 21.366 11,0
Equip.Eléctricos 2.200 159,8 106.695 55,1
Equip. Gás 2.200 90,2 60.225 31,1
Ventilação 2.200 8 5.341 2,8
TOTAL 193.627 kWh/ano Área [m2] 303,49
MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS PREVISTOS (RESULTADOS DOS CE’S)
Hotel de 4 e 5
estrelas Restaurante Estacionamento Cozinha
Tipologia Consumo [kWh/ano]
[%] Consumo [kWh/ano]
[%] Consumo [kWh/ano]
[%] Consumo [kWh/ano]
[%]
Aquecimento 452.320 14,0 5.422 5,6 0 0 0 0
Arrefecimento 434.166 13,5 21.422 22,2 0 0 0 0
Iluminação 538.538 16,7 22.174 23,0 105.031 100 21.366 11,0
Ilum. Exterior
1.635.445 50,7 24.277 25,1 0 0 172.261 89,0
Equip.Eléctricos
Equip. Gás
Elevadores
Ventilação
Bombas
AQS 165.713 5,1 23.269 24,1 0 0 0
TOTAL 3.226.182 89,1 96,564 2,7 105.031 2,9 193.627 5,3
MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS FACTURADOS
ELECTRICIDADE
2012 2.484.818 kWh/ ano
2013 2.291.091 kWh/ ano
2014 2.880.357 kWh/ ano
GÁS NATURAL
2012 1.910.6
93 kWh/ ano
2013 1.927.1
66 kWh/ ano
2014 1.752.0
01 kWh/ ano
Cozinha 16.706 m3/ano Cozinha 17.593 m
3/ano Cozinha 16.781 m
3/ano
Central Térmica
143.857
m3/ano
Central Térmica
144.354 m3/ano
Central Térmica
130.446 m3/ano
Outros - m3/ano Outros - m
3/ano Outros - m
3/ano
ÁGUA
2012 20.100 m3/ano 2013 19.675 m
3/ano 2014 21.413 m
3/ano
Divisão percentual do consumo total de
água no Hotel [%]
Quartos Cozinha Outros SPA Lavand.
76% 24% - - -
H
Notas:
1) Área interior útil: 20.999 m2
2) Por falta de informação relativamente ao consumo associado ao Restaurante, optou-se por adoptar os mesmos valores do InterContinental Lisboa, dada a semelhança de área e de standards de funcionamento.
3) No espaço complementar da Cozinha, utilizaram-se os valores padrão de referência de utilização representados no RSECE (Anexo XV), para os perfis de Iluminação e Ventilação e para as Horas de Funcionamento, uma vez que na certificação energética não estavam mencionados os seus valores correspondentes.
4) Na tipologia de Estacionamento, o valor apresentado na certificação não explicita se está relacionado unicamente com a Iluminação. Considerou-se assim este valor, notando que uma parte está relacionada com a Ventilação do espaço.
Hotel C
MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS FACTURADOS
ELECTRICIDADE
2012 4.851.135 kWh/
ano 2013 4.968.462
kWh/
ano 2014 5.053.236
kWh/
ano
GÁS NATURAL
2012 5.308.340 kWh/
ano 2013 4.589.700
kWh/
ano 2014 4.240.625
kWh/
ano
Cozinha 55.720 m
3/
ano Cozinha 52.851
m3/
ano Cozinha 58.697
m3/
ano
Central
Térmica 295.239
m3/
ano
Central
Térmica 244.403
m3/
ano
Central
Térmica 201.548
m3/
ano
Lavand. 95.120 m
3/
ano Lavand. 88.267
m3/
ano Lavand. 96.110
m3/
ano
ÁGUA
2012 48.517 m
3/
ano 2013 49.349
m3/
ano 2014 50.411
m3/
ano
Divisão percentual do consumo total de
água no Hotel [%]
Quartos Cozi
nha Outros SPA
Lavan
daria
62% 12% - - 17%
Notas:
1) Área interior útil: 46.796,4 m2
2) O hotel não foi certificado energeticamente pois é considerado “monumento nacional”.
3) A partir do mapa detalhado de consumos internos foi elaborado uma análise dos consumos registados e associação aos diferentes usos de energia e necessidades.
MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS PREVISTOS (RESULTADOS DOS CE’S)
Hotel de 4 e 5 estrelas Restaurante
Tipologia Consumo [kWh/ano] [%] Consumo [kWh/ano] [%]
Aquecimento 1.961.683 29,3 0 0
Arrefecimento 1.084.912 16,2 0 0
Iluminação 753.881 11,3 894.067 44,3
Ilum. Exterior
1.921.622 28,6 458.222 22,7
Equip.Eléctricos
Equip. Gás
Elevadores
Ventilação
Bombas
AQS 980.841 14,7 664.054 32,9
TOTAL 6.693.939 76,9 2.016.343 23,1
Consumos complementares
Certificação [kgep/ano] Consumo [kWh/ano] Consumo [m3/ano]
Lavandaria (Equip. eléctricos)
- 108.444 -
Lavandaria - - 93.166
SPA - 214.680 -
I
4) Os consumos complementares de energia eléctrica associados ao funcionamento da lavandaria e SPA e o consumo complementar de gás natural associado ao funcionamento da lavandaria foram retirados aos valores facturados para efeitos de homogeneização entre os hotéis em estudo.
5) Os mapas de consumo interno não permitem detalhar e separar a quantidade de gás natural utilizado para o funcionamento do SPA. Deste modo, o valor dos indicadores de desempenho de gás natural está sobredimensionado.
6) As caldeiras produzem água quente para consumo e para efeitos de climatização. Não é possível identificar a percentagem associada de gás natural para esses fins. Estimou-se, através dos consumos de pico de Verão, que, estando as condutas de climatização para aquecimento desligadas, os consumos registados relacionam-se directamente com a água quente para consumo. O valor base é estimado para diferentes taxas de ocupação. A diferença é o consumo para climatização. Concluiu-se 1/3 para AQS e 2/3 para climatização.
Hotel D
MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS PREVISTOS (RESULTADOS DOS CE’S)
Hotel de 4 e 5 estrelas Restaurante
Tipologia Consumo [kgep/ano]
Percentagem [%]
Consumo [kgep/ano] Percentagem
[%]
Aquecimento 3.393 0,3 0 0
Arrefecimento 175.550 16,3 0 0
Iluminação 416.553 38,7 - -
Ilum. Exterior - - 0 0
Equip.Eléctricos 339.780 31,6 13.999 100
Equip. Gás 0 0 0 0
Elevadores 0 0 0 0
Ventilação (UTAs + VC)
101.921 9,5 0 0
Bombas 12.251 1,1 0 0
AQS 25.559 2,4 0 0
Área [m2] 17.907 Área [m
2] 1.470
Espaço Complementar - Estacionamento
Certificação Consumo [kgep/ano]
Consumo [kWh/ano]
Percentagem [%]
Equip.Eléctricos 21.274 73.359 20,1
Ventilação 84.756 292.262 79,9
TOTAL 365.621 kWh/ano Área [m2] 9.136
Espaço Complementar - Cozinha
Certificação Horas Func. Consumo [kgep/ano]
Consumo [kWh/ano]
Percentagem [%]
Equip.Eléctricos - 33.871 116.797 92,1
Ventilação - 2.899 9.997 7,9
TOTAL 126.793 kWh/ano Área [m2] 571
MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS PREVISTOS (RESULTADOS DOS CE’S)
Hotel de 4 e 5
estrelas Restaurante Estacionamento Cozinha
Tipologia Consumo [kWh/ano]
[%] Consumo [kWh/ano]
[%] Consumo [kWh/ano]
[%] Consumo [kWh/ano]
[%]
Aquecimento 39.453 1,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0
Arrefecimento 605.345 15,9 0 0,0 0 0,0 0 0,0
Iluminação 1.436.390 37,7 0 0,0 73.359 16,7 0 0,0
Ilum. Exterior
1.565.352 41,1 48.272 100 365.621 83,3 126.793 100
Equip.Eléctricos
Equip. Gás
Elevadores
Ventilação
Bombas
AQS 159.361 4,2 0 0,0 0 0,0 0 0,0
TOTAL 3.805.900 86,1 48.272 1,1 438.979 9,9 126.793 2,9
Consumos complementares
Certificação [kgep/ano] Consumo [kWh/ano] Consumo [m3/ano]
Piscinas 16.493 173.645 13.938
Lavandaria 28.877 99.576
Solar Térmico - 137.837 11.573
J
MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS FACTURADOS
ELECTRICIDADE
2012 - kWh/ ano
2013 3.573.957 kWh/ ano
2014 4.364.208 kWh/ ano
GÁS NATURAL
2012 - kWh/ ano
2013 2.219.005 kWh/ano
2014 2.786.361 kWh/ ano
Cozinha - m3/ano Cozinha 12.388
m3/
ano Cozinha 18.719
m3/
ano
Central Térmica
- m3/ano
Central Térmica
174.083 m
3/
ano Central Térmica
215.429 m
3/
ano
Outros - m3/ano Outros -
m3/
ano Outros -
m3/
ano
ÁGUA
2012 - m3/ano 2013 24.326
m3/
ano 2014 48.376
m3/
ano
Divisão percentual do consumo total de água no Hotel [%]
Quartos Cozinha
Outros SPA Lavandaria
50% 50% - - -
Notas:
1) Área interior útil: 34.760 m2
2) Os valores médios são relativos ao ano de 2013 (ano de abertura) e 2014. Optou-se por incluir o hotel no estudo estatístico por representar um modelo recente nas soluções adoptadas de construção e de tecnologias de operação.
3) O valor apresentado na certificação energético relativamente ao consumo de electricidade na iluminação interior é muito elevado. Interpreta-se que, ou se deve a um equívoco e poderá estar contemplado também o consumo da iluminação exterior, ou o valor indicado deveria estar em unidades de energia final. Este hotel destaca-se por adoptar opções de iluminação muito eficientes, através do uso de tecnologia fluorescente e LED.
4) O valor do consumo energético associado às necessidades de Aquecimento é muito reduzido comparativamente ao valor expectável.
5) Não foi possível ceder os dados do consumo facturado de gás natural dividido por consumos na central térmica, cozinhas e spa, etc. O hotel possui apenas dois contadores de gás (para a central térmica e para a Cozinha). Deste modo, os indicadores de desempenho resultantes estão sobredimensionados.
6) Não havendo possibilidade de desagregar o consumo de gás natural, entende-se que o consumo “por cliente” ou “por quarto” inclui os consumos da lavandaria e das duas piscinas (uma indoor e outra outdoor).
7) Na certificação não são apresentados os consumos associados ao funcionamento dos elevadores.
8) Os dados dos consumos internos fornecidos de electricidade, gás natural e água são muito gerais devido à falta de instalação de contadores no edifício. Deste modo os indicadores de desempenho calculados estão sobredimensionados.
9) Os consumos complementares de energia associados ao funcionamento da lavandaria e piscinas foram retirados ao valor facturado para efeitos de homogeneização entre os hotéis em estudo.
10) Os consumos complementares do solar térmico foram retirados aos consumos desagregados previstos, na categoria AQS
K
Hotel E
MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS PREVISTOS (RESULTADOS DOS CE’S)
Hotel de
4 e 5 estrelas
Área [m
2] Cozinhas
Área [m
2] Restau.
Área [m
2] Estac.
Área [m
2]
20.823 939 822 1.762
Tipologia Consumo kWh/ano
[%] Consumo kWh/ano
[%] Cons.
kWh/ano [%]
Cons. kWh/ano
[%]
Aquec. 1.069.054 16,0 263.382 15,0 140.281 34,0 0 0,0
Arref. 2.138.108 32,0 403.852 23,0 123.777 30,0 0 0,0
Iluminaçã
o 1.135.870 17,0 52.676 3,0 28.881 7,0 16.759 42,0
Ilum. Exterior
400.895 6,0 948.175 54,0 119.651 29,0 23.143 58,0
Equip. Eléctricos
Equip. Gás
Elevadores
Ventilação
Bombas
AQS 1.937.660 29,0 87.794 5,0 0 0 0 0,0
TOTAL 6.681.587 75,2 1.755.879 19,8 412.591 4,6 39.903 0,4
Consumos complementares
Certificação [kgep/ano] Consumo [kWh/ano] Consumo [m3/ano]
SPA – Eléctrico
- 572.800 -
SPA - Térmico - 117.320 9.851
MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS FACTURADOS
ELECTRICIDADE
2012 3.350.980 kWh/ano
2013 3.273.621 kWh/ ano
2014 3.461.102 kWh/ ano
GÁS NATURAL
2012 3.737.409 kWh/ano
2013 3.639.841 kWh/ ano
2014 3.769.385 kWh/ ano
Cozinha 128.768 m
3/
ano Cozinha 125.406
m3/
ano Cozinha 129.870
m3/
ano
Central Térmica
185.300 m
3/
ano Central Térmica
180.463 m
3/
ano Central Térmica
186.885 m
3/
ano
ÁGUA
2012 42.157 m3/ano 2013 42.092 m
3/ano 2014 45.116 m
3/ano
Divisão percentual do consumo total de água no Hotel [%]
Quartos Coz. Outros SPA Lavand
.
- - - - -
Notas:
1) Área interior útil: 25.768 m2
2) Não foi possível obter os dados do consumo facturado de gás natural dividido por consumos na central térmica e cozinha. A informação facultada refere-se a um único contador geral de gás. Deste modo, adoptou-se o valor energético “Outros consumos” associado aos equipamentos a gás na tipologia Cozinha para calcular uma percentagem estimada de GN facturado.
3) O hotel não possui contadores parciais de água. A informação interna apresenta apenas os consumos do contador geral. Deste modo, os indicadores de desempenho resultantes estão sobredimensionados pois não é possível aferir os consumos por tipologia ou sector.
4) A climatização da sala do tanque de imersão do spa é assegurada por uma bomba de calor com recuperação de energia para o aquecimento da água da piscina e do ar da sala. O consumo eléctrico associado a estas necessidades foi calculado pela soma dos consumos apresentados no certificado energético do hotel para a tipologia “Clubes desportivos com piscina”.
5) Os consumos complementares de energia eléctrica e térmica associados ao funcionamento do spa foram retirados aos valores facturados respectivos para efeitos de homogeneização entre os hotéis em estudo.
L
Hotel G
MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS PREVISTOS (RESULTADOS DOS CE’S)
Hotel de
4 e 5 estrelas
Área [m
2]
Cozinhas
Área [m
2] Club.
Desport. Psicina
Área [m
2] Armaz. e
Zonas Técn.
Área [m
2]
5.766 489 1.667 3.368
Tipologia Consumo
[kWh/ano] [%]
Consumo
[kWh/ano] [%]
Consumo
[kWh/ano] [%]
Consumo
[kWh/ano] [%]
Aquecimento 423.379 28,4 8.490 2,2 190.731 19,7 0 0,0
Arrefecimento 108.767 7,3 5.820 1,5 23.086 2,4 0 0,0
Iluminação 102.205 6,9 13.608 3,5 54.311 5,6 0 0,0
Ilum. Exterior
648.250 43,5 333.135 84,6 528.835 54,6 107.529 100
Equip.Eléctricos
Equip. Gás
Elevadores
Ventilação
Bombas
AQS 207.321 13,9 32.579 8,3 180.991 17,7 0 0,0
TOTAL 1.489.922 50,4 393.632 13,3 967.954 32,7 107.529 3,6
Consumos complementares
Consumo eléctrico [kWh/ano] Consumo térmico [kWh/ano] Total [kWh/ano]
Club. Desport. com Piscina
606.182 361.722 967.904
MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS FACTURADOS
ELECTRICIDADE
2012 1.325.324 kWh/ano
2013 1.440.511 kWh/ano
2014 1.411.726 kWh/ ano
GÁS NATURAL
2012 908.182 kWh/
ano 2013 2.953.022
kWh/
ano 2014 2.700.458
kWh/
ano
Cozinha 6.197 m
3/
ano Cozinha 10.315
m3/
ano Cozinha 11.644
m3/
ano
Central Térmica
100.428 m
3/
ano Central Térmica
268.001 m
3/
ano Central Térmica
245.466 m
3/
ano
Outros - m
3/
ano Outros -
m3/
ano Outros -
m3/
ano
ÁGUA
2012 7.388 m
3/
ano 2013 6.390
m3/
ano 2014 7.853
m3/
ano
Divisão percentual do consumo total de água no Hotel [%]
Quartos Cozinha
Outros SPA Lavandaria
- - - - -
Notas:
1) Área interior útil: 11.290 m2
2) O hotel não possui contadores parciais de água. A informação interna apresenta apenas os consumos do contador geral. Deste modo, os indicadores de desempenho resultantes estão sobredimensionados pois não é possível aferir os consumos por tipologia ou sector.
3) Os consumos complementares de energia eléctrica e térmica que estão associados ao funcionamento do “Clube desportivo com piscina” foram retirados aos valores facturados respectivos para efeitos de homogeneização entre os hotéis em estudo.
M
Hotel H
MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS PREVISTOS (RESULTADOS DOS CE’S)
Hotel de 4 e 5 estrelas Cozinha
Tipologia Consumo [kWh/ano]
Percentagem [%]
Consumo [kWh/ano] Percentagem
[%]
Aquecimento 773.427 17,3 0 0
Arrefecimento 243.188 5,4 0 0
Iluminação 1.332.797 29,8 - -
Ilum. Exterior 146.842 3,3 0 0
Equip.Eléctricos 706.841 15,8 673.490 95,9
Equip. Gás 0 0,0 0 0
Elevadores 307.126 6,9 0 0
Ventilação (UTAs + VC)
123.617 2,8 28.464 4,1
Bombas 344.828 7,7 0 0
AQS 488.073 10,9 0 0
Área [m2] 32.852,25 Área [m
2] 1.779,02
Consumos complementares
Certificação [kgep/ano] Consumo [kWh/ano] Consumo [m3/ano]
Lavandaria 130.270,94 449.210 -
Solar Térmico - 220.593 -
MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS FACTURADOS
ELECTRICIDADE
2012 3.026.870 kWh/ano
2013 2.674.378 kWh/ano
2014 2.590.447 kWh/ ano
GÁS PROPANO
2012 1.091.238 kWh/ano
2013 894.266 kWh/ano
2014 887.788 kWh/ ano
Cozinha 52.800 kg/ ano
Cozinha 43.931 kg /ano
Cozinha 44.207 kg/ano
Central Térmica
34.290 kg/ ano
Central Térmica
27.439 kg/ ano
Central Térmica
26.646 kg/ano
Outros - kg/ ano
Outros - kg/ ano
Outros - kg/ano
ÁGUA
2012 43.622 m
3/
ano 2013 44.233
m3/
ano 2014 48.265
m3/
ano
Divisão percentual do consumo total de água no Hotel [%]
Quartos Cozi
nha Outros SPA
Lavan
daria
- - - 1,5% -
Notas:
1) Área interior útil: 41.141 m2
2) As necessidades de Aquecimento e a produção de AQS são asseguradas por uma caldeira a gás propano. O factor multiplicativo de kg de gás propano para kWh térmicos é de 12,53. Este valor foi retirado da lista “Equivalências energéticas” do site da EDP Distribuição (www.edpgasdistribuicao.pt/index.php?id=484).
3) O hotel não possui contadores parciais de água. A informação interna apresenta apenas os consumos do contador geral. Deste modo, os indicadores de desempenho resultantes estão sobredimensionados pois não é possível aferir os consumos por tipologia ou sector. O hotel possui um contador parcial para contagem dos consumos associados ao spa.
4) Os consumos complementares do solar térmico foram retirados aos consumos desagregados previstos, na categoria AQS
N
- HÓTEIS DE TIPOLOGIA 4 ESTRELAS -
Hotel I
MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS PREVISTOS (RESULTADOS DOS CE’S)
Hotel de 4 e 5 estrelas Restaurante
Tipologia Consumo [kgep/ano]
Percentagem [%]
Consumo [kgep/ano] Percentagem
[%]
Aquecimento 156.799 27,5 6.055 56,6
Arrefecimento 18.899 3,3 767 7,2
Iluminação 166.952 29,3 1.764 16,5
Ilum. Exterior 11.855 2,1 0 0,0
Equip.Eléctricos 170.870 30,0 2.105 19,7
Equip. Gás 0 0,0 0 0,0
Elevadores 4.234 0,7 0 0,0
Ventilação (UTAs + VC)
1.280 0,2 0 0,0
Bombas 7.456 1,3 0 0,0
AQS 31.717 5,6 0 0,0
Área [m2] 10.251,99 Área [m
2] 220,9
Espaço Complementar - Estacionamento
Certificação Horas Func. Consumo [kgep/ano]
Consumo [kWh/ano]
Percentagem [%]
Iluminação 4015 8.509 29.342 19,1
Equip.Eléctricos 4015 7.199 24.826 16,2
Ventilação 4015 28.798 99.306 64,7
TOTAL 153.474 kWh/ano Área [m2] 3.091,71
Espaço Complementar - Cozinha
Certificação Horas Func. Consumo [kgep/ano]
Consumo [kWh/ano]
Percentagem [%]
Iluminação 2190 988 3.408 2,3
Equip.Eléctricos 2190 25.591 88.244 58,3
Equip. Gás 2190 4.744 55.168 36,4
Ventilação 2190 1.330 4.589 3,0
TOTAL 151.409 kWh/ano Área [m2] 261,9
MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS PREVISTOS (RESULTADOS DOS CE’S)
Hotel de 4 e 5
estrelas Restaurante Estacionamento Cozinha
Tipologia Consumo [kWh/ano]
[%] Consumo [kWh/ano]
[%] Consumo [kWh/ano]
[%] Consumo [kWh/ano]
[%]
Aquecimento 540.686 24,3 20.878 56,6 0 0,0 0 0,0
Arrefecimento 65.169 2,9 2.646 7,2 0 0,0 0 0,0
Iluminação 575.697 25,9 6.084 16,5 29.342 19,1
3.408 2,3
Ilum. Exterior
674.811 30,3 7.257 19,7 124.132 80,9
148.001 97,7
Equip.Eléctr.
Equip. Gás
Elevadores
Ventilação
Bombas
AQS 368.800 16,6 0 0,0 0 0,0 0 0,0
TOTAL 2.225.163 86,7 36.865 1,4 153.474 6,0 151.409 5,9
Consumos complementares
Certificação [kgep/ano] Consumo [kWh/ano] Consumo [m3/ano]
Piscina 7.456 25.711 -
Lavandaria - 64.817 -
Sistema Fotovoltaico
72.547 250.161 -
Solar Térmico - 260.888 -
O
MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS FACTURADOS
ELECTRICIDADE
2012 1.223.918 kWh/ano 2013 - kWh/ano 2014 - kWh/ano
GÁS NATURAL
2012 416.869 kWh/ano 2013 - kWh/ano 2014 - kWh/ano
Cozinha 8.057 m3/ano Cozinha - m
3/ano Cozinha - m
3/ano
Central Térmica
26.974 m3/ano
Central Térmica
- m3/ano
Central Térmica
- m3/ano
Outros - m3/ano Outros - m
3/ano Outros - m
3/ano
ÁGUA
2012 - m3/ano 2013 - m
3/ano 2014 - m
3/ano
Divisão percentual do consumo total de
água no Hotel [%]
Quartos Cozinha Outros SPA Lavandaria
- - - - -
Notas:
1) Área interior útil: 10.795 m2
2) Devido à limitada informação facultada, os valores de consumo facturados, número de quartos ocupados, número de clientes registados e taxa de ocupação são relativos apenas ao ano de 2012.
3) Não foi facultada informação relacionada com o consumo de água facturada, pelo que não foi possível calcular os indicadores desempenho respectivos.
4) As necessidades de aquecimento para climatização são asseguradas por sistemas VRV (Volume de Refrigerante Variável) com consumo eléctrico associado.
5) O sistema solar fotovoltaico funciona desde o final do 1º semestre de 2013 em regime de autoconsumo.
6) O sistema solar térmico funciona para preparação de AQS e apoio de aquecimento da piscina interior.
7) Os consumos complementares do solar térmico e fotovoltaico foram retirados aos consumos desagregados previstos, na categoria AQS e Outros, respectivamente.
8) Os consumos complementares de energia associados ao funcionamento da lavandaria, piscinas, foram retirados ao valor facturado para efeitos de homogeneização entre os hotéis em estudo.
P
Hotel J
MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS PREVISTOS (RESULTADOS DOS CE’S)
Hotel de
4 e 5 estrelas
Área [m2]
Cozinha Área [m
2]
Lavandaria Área [m
2]
3.065,83 148,87 51,74
Tipologia Consumo [kWh/ano]
[%] Consumo [kWh/ano]
[%] Consumo [kWh/ano]
[%]
Aquecimento 142.193 38,0 0 0,0 0 0,0
Arrefecimento 41.161 11,0 0 0,0 0 0,0
Iluminação 41.161 11,0 2.422 3,0 1.007 16,0
Ilum. Exterior
52.387 14,0 54.906 68,0 5.287 84,0
Equip.Eléctricos
Equip. Gás
Elevadores
Ventilação
Bombas
AQS 97.290 26,0 23.416 29,0 0 0,0
TOTAL 374.191 81,1 80.744 17,5 6.294 1,4
Consumos complementares
Certificação [kgep/ano] Consumo [kWh/ano] Consumo [m3/ano]
Sistema Fotovoltaico
- 174.846 -
Solar Térmico - 20.803 -
MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS FACTURADOS
ELECTRICIDADE
2011 315.783 kWh/ano 2012 299.176 kWh/ano 2013 322.184 kWh/ano
GASÓLEO e GÁS PROPANO
2011 254.516 kWh/ano 2012 217.162 kWh/ano 2013 144.472 kWh/ano
Cozinha - m3/ano Cozinha - m
3/ano Cozinha - m
3/ano
Central Térmica
21.370 m3/ano
Central Térmica
18.234 m3/ano
Central Térmica
12.130 m3/ano
ÁGUA
2011 - m3/ano 2012 -
m3/
ano 2013 -
m3/
ano
Divisão percentual do consumo total de água no Hotel [%]
Quartos Cozinha Outros SPA Lavandaria
- - - - -
Notas:
1) Área interior útil: 3.266,44 m2
2) Não foi possível obter os dados do consumo facturado de gás natural dividido por consumos na central térmica e cozinha. A informação facultada refere-se a um único contador geral de gás. Deste modo, os indicadores de desempenho resultantes estão sobredimensionados pois não é possível aferir os consumos por tipologia ou sector.
3) Não foi facultada informação relacionada com o número de clientes registados nem água facturada, pelo que não foi possível calcular os indicadores desempenho respectivos.
4) As necessidades de aquecimento para climatização são asseguradas por sistemas VRV (Volume de Refrigerante Variável) com consumo eléctrico associado.
5) A preparação centralizada de AQS é através de duas caldeiras de apoio com queimadores a gasóleo e apoiada pelo sistema solar térmico que também garante o aquecimento da piscina.
6) O sistema solar fotovoltaico funciona em ligação à rede para venda. 7) Os consumos complementares do solar térmico foram retirados aos consumos
desagregados previstos, na categoria AQS 8) O consumo associado ao funcionamento da lavandaria foi retirado ao consumo
facturado para efeitos de homogeneização entre os hotéis em estudo.
Q
Hotel K
MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS PREVISTOS (RESULTADOS DOS CE’S)
Hotel de 4
e 5 estrelas
Área [m2]
Cozinha Área [m
2]
Lavandaria Área [m
2]
5.181 154 141
Tipologia Consumo [kWh/ano]
[%] Consumo [kWh/ano]
[%] Consumo [kWh/ano]
[%]
Aquecimento 672.766 78,0 0 0,0 0 0,0
Arrefecimento 8.625 1,0 0 0,0 0 0,0
Iluminação 25.876 3,0 2.407 2,0 335 1,0
Ilum. Exterior
86.252 10,0 103.515 86,0 33.199 99,0
Equip.Eléctricos
Equip. Gás
Elevadores
Ventilação
Bombas
AQS 69.002 8,0 14.444 12,0 0 0,0
TOTAL 862.521 84,9 120.366 11,8 33.534 3,3
Consumos complementares
Certificação [kgep/ano] Consumo [kWh/ano] Consumo [m3/ano]
Sistema Fotovoltaico - 174.846 -
Solar Térmico - 25.300 -
MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS FACTURADOS
ELECTRICIDADE
2011 - kWh/ ano
2012 - kWh/ ano
2013 286.960 kWh/ ano
GASÓLEO, GÁS PROPANO e BIOMASSA
2011 - kWh/ ano
2012 - kWh/ ano
2013 726.331 kWh/ ano
Cozinha - m3/ano Cozinha - m
3/ano Cozinha - m
3/ano
Central Térmica
- m3/ano
Central Térmica
- m3/ano
Central Térmica
60.985 m3/ano
Outros - m3/ano Outros - m
3/ano Outros - m
3/ano
ÁGUA
2011 - m3/ano 2012 - m
3/ano 2013 - m
3/ano
Divisão percentual do consumo total de água no Hotel [%]
Quarto Cozi nha
Outros SPA Lavanda
ria
- - - - -
Notas:
1) Área interior útil: 5.369,20 m2
2) Não foi possível obter os dados do consumo facturado de gás natural dividido por consumos na central térmica e cozinha. A informação facultada refere-se a um único contador geral de gás. Deste modo, os indicadores de desempenho resultantes estão sobredimensionados pois não é possível aferir os consumos por tipologia ou sector.
3) Devido à limitada informação facultada, os valores de consumo facturados, número de quartos ocupados registados e taxa de ocupação são relativos apenas ao ano de 2013.
4) Não foi facultada informação relacionada com o número de clientes registados nem água facturada, pelo que não foi possível calcular os indicadores desempenho respectivos.
5) A preparação centralizada de AQS e de aquecimento para climatização é através de duas caldeiras de apoio com queimadores a gasóleo, uma caldeira nova de biomassa e apoiado pelo sistema solar térmico.
6) O sistema solar fotovoltaico funciona em ligação à rede para venda. 7) Os consumos complementares do solar térmico foram retirados aos consumos
desagregados previstos, na categoria AQS 8) O consumo associado ao funcionamento da lavandaria foi retirado ao consumo
facturado para efeitos de homogeneização entre os hotéis em estudo.
R
Hotel L
MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS PREVISTOS (RESULTADOS DOS CE’S)
Hotel de 4 e 5 estrelas
Tipologia Consumo
[kgep/ano]
Percentagem
[%] Consumo [kWh/ano] Percentagem [%]
Aquecimento 30.167 11,1 350.779 27,5
Arrefecimento 44.537 16,5 153.576 12,0
Iluminação 92.870 34,3 320.241 25,1
Ilum. Exterior 11.946 4,4
315.446 24,7
Equip.Eléct 79.533 29,4
Equip. Gás - -
Elevadores - -
Ventilação (UTAs + VC)
- -
Bombas - -
AQS 11.612 4,3 135.023 10,6
Área [m2] 5.076 TOTAL 1.275.065
Consumos complementares
Certificação [kgep/ano] Consumo [kWh/ano] Consumo [m3/ano]
Solar Térmico - 35.873 -
MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS FACTURADOS
ELECTRICIDADE
2012 1.014.789 kWh/ ano
2013 948.307 kWh/ano
2014 910.844 kWh/ ano
GÁS NATURAL
2012 730.731 kWh/ ano
2013 709.680 kWh/ano
2014 637.078 kWh/ ano
Cozinha - m
3/
ano Cozinha -
m3/
ano Cozinha -
m3/
ano
Central Térmica
61.406 m
3/
ano Central Térmica
59.637 m
3/
ano Central Térmica
53.536 m
3/
ano
Outros - m
3/
ano Outros -
m3/
ano Outros -
m3/
ano
ÁGUA
2012 8.310 m
3/
ano 2013 8.460
m3/
ano 2014 8.424
m3/
ano
Divisão percentual do consumo total de água no Hotel [%]
Quartos Cozin
ha Piscina SPA
Lavandaria
73% 17% - - -
Notas:
1) Área interior útil: 8.103 m2
2) O relatório de certificação do hotel só menciona os consumos relacionados com a tipologia “Hotel 4 e 5 estrelas”.
3) O hotel não possui contadores parciais de gás natural. A informação interna apresenta apenas os consumos do contador geral. Deste modo, os indicadores de desempenho resultantes estão sobredimensionados pois não é possível aferir os consumos por tipologia ou sector.
4) O consumo associado à iluminação exterior não é apresentado na certificação energética. Foi calculado com base no valor de potência instalada mencionado na certificação e no horário de funcionamento prestado pelo hotel.
5) O sistema solar térmico apoia a preparação centralizada de AQS. Os consumos complementares do solar térmico foram retirados aos consumos desagregados previstos, na categoria AQS
S
Hotel M
MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS PREVISTOS (RESULTADOS DOS CE’S)
Hotel de 4 e 5 estrelas
Tipologia Consumo
[kgep/ano]
Percentagem
[%] Consumo [kWh/ano]
Percentagem
[%]
Aquecimento 72.391 7,1 249.624 6,5
Arrefecimento 40.357 3,9 139.162 3,6
Iluminação 422.489 41,2 1.456.859 37,8
Ilum. Exterior - -
1.534.755 39,8
Equip.Eléctricos 397.518 38,8
Equip. Gás - -
Elevadores 22.338 2,2
Ventilação (UTAs + VC)
25.223 2,5
Bombas - -
AQS 44.393 4,3 516.198 12,3
Área [m2] 2.522 TOTAL 3.853.859
Consumos complementares
Certificação [kgep/ano] Consumo [kWh/ano] Consumo [m3/ano]
Solar Térmico - 42.739 -
MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS FACTURADOS
ELECTRICIDADE
2012 387.832 kWh/ ano
2013 399.987 kWh/ano
2014 390.674 kWh/ ano
GÁS NATURAL
2012 165.017 kWh/ ano
2013 210.368 kWh/ano
2014 213.676 kWh/ ano
Cozinha - m3/ano Cozinha -
m3/
ano Cozinha -
m3/
ano
Central Térmica
13.867 m3/ano
Central Térmica
17.678 m
3/
ano Central Térmica
17.956 m
3/
ano
Outros - m3/ano Outros -
m3/a
no Outros -
m3/
ano
ÁGUA
2012 8.310 m3/ano 2013 8.460
m3/
ano 2014 8.424
m3/
ano
Divisão percentual do consumo total de água no Hotel [%]
Quartos Cozinha
Piscina SPA Lavandaria
74% 13% - - 7%
Notas:
1) Área interior útil: 3.589 m2
2) O relatório de certificação do hotel só menciona os consumos relacionados com a tipologia “Hotel 4 e 5 estrelas”.
3) O hotel não possui contadores parciais de gás natural. A informação interna apresenta apenas os consumos do contador geral. Segundo apurado, o contador é da responsabilidade da entidade fornecedora e não é possível, por motivos de segurança e licenciamento, a instalação de contadores internos. Deste modo, os indicadores de desempenho resultantes estão sobredimensionados pois não é possível aferir os consumos por tipologia ou sector.
4) O valor apresentado na certificação energético relativamente ao consumo de electricidade na iluminação interior é muito elevado. Interpreta-se que, ou se deve a um equívoco e poderá estar contemplado também o consumo da iluminação exterior, ou o valor indicado deveria estar em unidades de energia final. Este hotel destaca-se pelas soluções de sustentabilidade ambientar e por adoptar opções de iluminação muito eficientes, através do uso de tecnologia fluorescente e LED.
5) Os consumos complementares do solar térmico foram retirados aos consumos desagregados previstos, na categoria AQS