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O RESERVATÓRIO DE FURNAS TRANSFORMANDO A PAISAGEM E REDEFININDO OS ASPECTOS DA VIDA COTIDIANA DO BAIRRO RURAL
CANTA GALO
Vanderléia Correa Lourenço [email protected]
Ana Rute do Vale
Resumo As hidrelétricas redefinem os espaços ao seu redor, fazendo com que novos arranjos espaciais e socioeconômicos sejam recriados. Esse é o caso da usina hidrelétrica de Furnas, a partir da década de 1960, no sul de Minas, no município de Areado e no bairro rural Canta Galo, banhado por um dos braços do reservatório formado por ela, transformou não apenas sua paisagem, como substituiu culturas agrícolas (o arroz pelo café) e fez surgir atividades não-agrícolas. Todavia, por ter sua origem a partir da fragmentação da grande propriedade, laços de consanguinidade entre eles, mantém suas características de bairro rural, sobretudo com relação ao modo de vida e nas relações de vizinhança. Dessa forma, esse trabalho pretende analisar a duplicidade mudanças/permanências nos aspectos socioespaciais, econômicos e culturais do bairro a partir da década de 1960 e apontar as perspectivas futuras dessa comunidade. Palavras-Chaves: hidrelétrica. Bairro rural. Mudanças/permanências. Pluriatividade.
Introdução
A construção da barragem da usina hidrelétrica de Furnas na década de 1960 e
consequentemente a formação do seu reservatório, trouxe muitas transformações para
34 municípios lindeiros ao Lago de Furnas, no Sul de Minas, alterando a paisagem local
e a vida de seus habitantes, definitivamente. É exatamente por isso que grandes projetos
hidrelétricos vêm sendo criticados, pois suas ações atingem diretamente os patrimônios
das pessoas residentes dos locais atingidos, forçando esses indivíduos a renunciar a seus
espaços. Portanto, essa intervenção causa fortes mudanças nas condições das
populações em relação ao lugar e ao território, mas com a formação do grande lago
artificial pode fazer com que surge naquela área um significativo potencial turístico que
poderá alterar as condições socioeconômicas destes locais atingidos (LEMOS JÚNIOR,
2010).
Considerando que essas transformações atingiram tanto áreas urbanas quanto rurais,
muitos bairros rurais foram diretamente influenciados por elas. Bairro rural é, segundo
Moreira (2007, p. 23), “uma unidade socioespacial alicerçada em três elementos: a base
físico-territorial, o sentimento de localidade (identidade) e a sociabilidade entre os
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moradores (as relações de vizinhança)”. Queiroz (1973 citado por Souza, 2002, p. 12)
acrescenta que os bairros rurais são formados por sítios, dispersos ao redor da capela ou
venda, duas ou três casinhas tornam-se a “capital” do grupo de vizinhança, ou seja, o
lugar de encontro da grande maioria, não importando a distância da sua residência.
Essas particularidades estão presentes no bairro rural Canta Galo, localizado no
município de Areado na Mesorregião sul/sudoeste de Minas Gerais, na microrregião de
Alfenas (figura 1) no qual se observa um duplo processo de mudanças e permanências
em suas características originais. Nesse bairro, a maioria dos estabelecimentos rurais
são ocupados por unidades de produção familiar, que se dedicam principalmente à
cafeicultura, além de adotarem também atividades não-agrícolas (realizadas dentro e
fora das unidades), sobretudo a pesca artesanal, bem como a presença de segunda
residência e chácaras de veraneio.
Figura 1: Localização do município de Areado e sua sede e o bairro rural Canta Galo na Microrregião de Alfenas e na Mesorregião Sul/Sudoeste do Estado de Minas Gerais.
Organizadores: Vanderléia Correa Lourenço e Ericson Hideki Kayakawa.
Os dados apresentados na tabela 1 revelam as alterações demográficas que ocorreram
em Areado principalmente quanto a sua população total, dentre as décadas de 1950 a
2011. Percebe-se, que houve um aumento da sua população total nesse período, tendo
em vista que, em 1950 a população era de 8.178 habitantes, eleva-se para 13.847
habitantes, em 2011. Até a década de 1970, a população rural com 54% era superior à
urbana que correspondia a 46%, apenas a partir da década de 1980 a urbana com 63%
ultrapassa a rural que se apresentava com 37%. No último censo demográfico (IBGE-
2010), a população urbana já correspondia a 84% e a rural 16% (tabela 1).
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Tabela 1: População total, urbana e rural do Município de Areado entre 1950 e
2011.
Ano Total Urbana Porcentagem Rural Porcentagem 1950 8.178 2.589 32% 5.589 68% 1960 8.143 - - - - 1970 8.049 3.727 46% 4.322 54% 1980 9.023 5.677 63% 3.346 37% 1991 10.817 7.788 72% 3.029 28% 1996 11.344 8.980 79% 2.364 21% 1997 11.470 - - - - 1998 11.576 - - - - 2000 12.228 9.790 80% 2.438 20% 2003* 12.663 - - - - 2007** 13.181 - - - - 2009*** 13.864 - - - - 2010 13.731 11.525 84% 2.206 16% 2011**** 13.847 - -
Fonte: Sistema Nacional de Indicadores Urbanos contida no Plano Diretor 2006 IBGE – Censos Demográficos, 1970,1980,1991,2000. * 1º de julho de 2003 (Resolução IBGE nº 2, de 25/08/2003 ** Contagem da População 2007 ( IBGE) Publicada no Diário Oficial da União de 05/10/2007. *** Fonte: IBGE. Diretoria de Pesquisas - DPE Coordenação de População e Indicadores Sociais - COPIS. IBGE – Censo Demográfico de 2010. ****IBGE – Diretoria de Pesquisas – DPE. Coordenação de população e Indicadores Sociais – COPIS. Nota: Estimativas da população residente com data de referência*(1<sup>0</sup>de Julho de 2011).* 1º de Julho de 2011.
Entre as décadas de 1950 a 1970, o município de Areado se depara com um período de
êxodo de sua população rural para a cidade, pois com a finalização da construção da
barragem da usina hidrelétrica de Furnas, o reservatório estava formado e com ele as
incertezas das reais consequências daquela transformação no espaço rural e na estrutura
familiar das pessoas residentes nele.
As águas não atingiram a área urbana do município, mas sim seu espaço rural, áreas de
várgeas. Portanto, na medida em que a água ia tomando essas terras, muitas famílias
deixaram suas propriedades, mas outras já tinham fixado suas residências nas áreas mais
altas, como nos revela o depoimento de uma moradora do bairro rural Canta Galo “[...]
nois arrancou a casa e feis mais pra cima, mais a água chegou até a berada.”
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As propriedades que não foram vendidas, passaram a ter um número reduzido de
residentes, muitas vezes apenas alguns dos filhos casados, outras vezes apenas os pais.
Alguns venderam para investir nos estudos dos filhos, pois não se sabiam ao certo até
onde as águas poderiam chegar. Outros, ainda, deixaram as terras em pousio e foram
morar na cidade.
O contato com outras atividades, outras culturas foi inevitável e trouxeram modificações
para as áreas rurais do município. No entanto, alguns bairros rurais resistiram e se
adaptaram a essas novas condições em benefício próprio, mantendo tradições religiosas
como as festas em louvor aos santos padroeiros, tanto da cidade de Areado (São
Sebastião) e comunidades urbanas (Nossa Senhora do Rosário), onde há folguedos
populares, tais como congados, caiapós, e as festas das comunidades rurais.
A economia de Areado também sentiu o impacto dessas mudanças. As atividades
agrícolas ainda se destacam, mas agora acompanhada pelas demais. As atividades
agrícolas têm como principais culturas o café, arroz, milho, feijão, batata e cana-de-
açúcar; pecuária (gado leiteiro e de corte); piscicultura; suinocultura; avicultura. No
setor industrial, destacam-se micro-empresas de olarias, serralherias, artesanato de
couro, tecido, tecelagem, fabricação de roupas. Além disso, existe um comércio variado
e um setor de prestação de serviços (PLANO DIRETOR, 2006).
A área de nosso estudo, o bairro rural Canta Galo também se deparou com essas
mudanças, pois o cultivo do arroz era sua principal atividade antes da inundação. Como
nos revela a fala de uma moradora: “[...] tinha muita produção [...] água veio tomou
conta de tudo [...] coia até 400 arqueire de arrois”. Hoje, pode-se verificar que é uma
cultura não mais praticada no bairro, pois suas áreas de várzeas desapareceram e as
unidades familiares atualmente vêm se dedicando a produção de café.
Outro fator, consequente do reservatório de Furnas e que alterou não apenas a paisagem,
como também as características socioeconômicas e culturais no bairro, foi a construção
da rodovia BR-491, que permite o deslocamento da população local, principalmente em
direção à sede do município de Areado (10 km) e de Alfenas (25 km). Essa nova
mobilidade espacial contribuiu para uma maior diversificação nas formas de trabalho e
renda dessa população que, passou a ter maior acesso ao mercado, ao trabalho urbano e
ao ensino básico e superior (sobretudo as crianças e jovens). A aproximação entre
campo/cidade e a influência da urbanização sobre os moradores do bairro corroboraram
para mudanças no bairro.
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Esses moradores, na maioria são originários das famílias tradicionais do bairro (ligadas
por laços consanguíneos), embora que, ultimamente, novos habitantes originários de
outros locais, de espaços urbanos têm fixado residência no local. É um bairro que
devido à inundação de suas terras, verifica-se uma nova fase de redefinições de seu
espaço, onde se percebe claramente processos de mudanças, mas também de
permanências.
Este trabalho visa analisar fatos recorrentes provocados pela presença de um dos braços
do reservatório de Furnas no bairro rural Canta Galo do município de Areado/MG, onde
a paisagem foi sendo retrabalhada a partir de 1960, quando aspectos socioespaciais,
econômicos e culturais muitas vezes involuntários à sua população foram sendo
confrontadas às tradicionais do bairro rural e o espaço passou a se configurar com novas
influências e expectativas.
A metodologia empregada nesse trabalho baseou-se em levantamento e revisão
bibliográfica; coleta de dados junto a Prefeitura Municipal de Areado, Plano Diretor
Participativo de 2006, sindicato de produtores rurais; elaboração e aplicação de
questionários semiestruturados junto aos membros responsáveis pela unidade familiar,
bem como a história oral em entrevistas com os moradores mais antigos do bairro e
elaboração de material cartográfico, com a localização do município e do bairro. Foram
etapas importantes e complementares para a realização desse trabalho, pois com as
leituras, o científico ia se conectando com o real, o vivido. Ao mesmo tempo a busca
por dados mais concretos sobre as propriedades do bairro permitiu afirmar o que antes
era apenas uma percepção de algo “normal” a princípio, mas que trazia em si muitas
histórias bem vividas e superadas de todo um processo de mudança.
A percepção atual sobre o meio rural
Diante das mudanças em curso na sociedade, sobretudo com a intensa
urbanização, o espaço rural passou a se configurar de maneira diferente do tradicional,
despertando questionamentos e a possibilidade de se repensar seu conceito de espaço
em pesquisas e análises do meio científico e acadêmico. Vale (2005, p.20) argumenta
que
[...] o discurso geral é de que o campo deverá, cada vez mais, sucumbir-se diante da força do urbano, principalmente em termos de cultura, valores,
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modo de vida e até mesmo com relação à presença das atividades não-agrícolas, que acabam por configurar um “novo rural”.
Portanto, isto nos leva a considerar que o rural se refez, impondo seu poder através da
diversificação, de não rejeitar o novo e sim adaptar às suas condições, conforme
argumentam Teixeira; Lages (1997, p.14).
O espaço rural não é mais o que ele era, daí a pertinência de nos referirmos a espaços rurais, pois existe uma gama de estruturas agrárias e níveis tecnológicos, evocando formas de agriculturas das mais "primitivas" até outras ligadas às técnicas mais modernas do mundo contemporâneo. Existem espaços rurais diversificados, dinâmicos e em permanente mutação. As paisagens e as populações rurais se transformaram profundamente. O rural torna-se polifuncional, daí rural polissêmico.
No entanto, quando esse cidadão rural esta inserido nas dinâmicas de um município pequeno,
Wanderley (2000, p. 32), destaca que o processo de urbanização não se materializa por
completo nesse cidadão, pois
[...] o contato intermitente ou permanente dos "rurais" com cidades desse tipo nem sempre significa o acesso a uma efetiva e profunda experiência urbana, que se diferencie ou mesmo se oponha ao seu modo de vida rural, mas pode significar, simplesmente a reiteração de uma experiência de vida rural menos precária que, por sinal, nem toda cidade brasileira consegue assegurar aos seus moradores, urbanos ou rurais [...].
Tudo isto acaba revelando a importância das características tradicionais pelo qual
passou o bairro rural em sua formação, pois mesmo se tornando um lugar onde se
processa o novo, o imediato, o moderno se convive também o vivido, as identidades, a
unidade, o sentimento de pertencimento. Muller (1946) citado por Bombardi, 2004
designa bairro rural como
[...] qualquer conjunto de casas dispersas suficientemente próximas para que se estabeleçam relações entre seus habitantes. Não sendo propriamente uma unidade morfológica, pois que abrange várias formas de dispersão, o bairro é na realidade uma célula de comunidade social onde existem certos tipos de relações sociais a lhe darem corpo: laços de parentesco ou de vizinhança, reforçados frequentemente pela existência de uma venda, capela ou escola cujo raio de ação marca comumente os limites do bairro... o pequeno proprietário sitiante, embora crie um povoamento disperso, está preso a uma certa unidade- o bairro- que corresponde a um certo fator geográfico que o torna distinto: a proximidade das casas e uma relativa concentração. Este fato é importante porque não se trata de uma dispersão em que o sitiante está isolado, em que suas relações com o meio só poderiam contar com recursos individuais [...] (MULLER, 1946, p. 142 citado por BOMBARDI, 2004, p. 59).
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Cândido (2001) acrescenta que essa unidade espacial congrega moradas, resultando em
formas de sociabilidade, de solidariedade, relações de vizinhança, constituindo as
relações sociais básicas do imediato da sociedade camponesa. É o sistema de trocas que
estabelece a integração dos habitantes do bairro, as trocas de serviço, de alimento e
mesmo as atividades religiosas. A religiosidade no bairro rural, aliás, é um elemento de
socialização, que “rege os padrões de conduta e chega mesmo a imprimir-se de tal
forma que por vezes funciona até mesmo como uma ferramenta (técnica) de que lançam
mão nos momentos adversos, por meio de rezas, promessas e benzeduras"
(BOMBARDI, 2004, p. 75).
Para Schneider (2003), é necessário direcionar o foco na família rural, pois é entendida
como um grupo social que compartilha um mesmo espaço (o que não condiz em uma
habitação comum), sendo em comum um pedaço de terra. Esse coletivo está ligado por
laços de parentesco e consangüinidade (filiação) entre si, podendo haver outros
membros sem consangüinidade (adoção). A atuação familiar é muito forte, pois as
escolhas, muitas vezes, abarcam as necessidades do grupo familiar e todos buscam por
esse bem comum.
É no âmbito da família que se discute e se organiza a inserção produtiva, laboral e moral dos seus diferentes membros integrantes e é em função deste referencial que se estabelecem as estratégias individuais e coletivas. Embora seu objetivo seja a reprodução material, cultural e moral do grupo (SCHNEIDER, 2003, p. 106).
Contudo, convém destacar que a dinâmica apresentada pela agricultura é determinada e
condicionada por outras atividades realizadas conjuntamente a ela. Por isso, a adoção de
atividades não-agrícolas vem se tornando uma maneira de superar as dificuldades
impostas pela agricultura, bem como uma resposta às transformações no próprio espaço
rural. Segundo Schneider (2003, p. 23) a esse mecanismo denomina-se de
pluriatividade que são “situações sociais em que os indivíduos que compõem uma
família em domicílio rural passam a dedicar-se ao exercício de um conjunto de
atividades econômicas e produtivas não necessariamente ligadas à agricultura e ao
cultivo da terra e cada vez menos executada dentro da unidade de produção”.
Nesse sentido, além das mudanças provocadas pela urbanização da sociedade, a
inundação de suas terras pelo reservatório de Furnas, trouxe ao bairro rural Canta Galo
características peculiares, pois a maior mobilidade como relação à sede do município de
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Areado estreitou a relação cidade/campo. Sem dúvidas, novas práticas, hábitos,
costumes foram sendo agregados à vida tradicional, forçando os produtores e os
pescadores artesanais a se adaptarem ao desenvolvimento tecnológico e a adoção da
pluriatividade. Lemos Júnior (2010), destaca que essas novas atividades, sobretudo
aquelas ligadas à água como o turismo e lazer e a pesca passam a ser atuantes no espaço
rural dos municípios inundados e, consequentemente nos seus bairros rurais. Todavia, o
autor chama a atenção para os problemas ambientais decorrentes dessas transformações,
sobretudo no que se refere ao processo de erosão e assoreamento nas margens do
reservatório por conta da falta de cobertura vegetal. Normalmente, essas áreas são
ocupadas pela atividade pecuária, pelos cafezais e pelos imóveis (em especial os
“ranchos pesqueiros”, pousadas e restaurantes).
Contrastes entre o passado e as novas redefinições no bairro pós-reservatório de
Furnas
A busca por desvendar a formação do bairro, nos leva a considerar que as características
do seu meio natural (áreas de várgeas, presença do rio, nascentes de água) foram fatores
que permitiram a fixação de seus primeiros habitantes, pois era um mínimo de que
dispunham para a sobrevivência. Aliado a essas características do lugar, os
conhecimentos dessas pessoas de utilizar daquilo que a natureza lhes dispunha em favor
de um bem comum.
Esses aspectos socioeconômicos e culturais configuravam um conhecimento adquirido
dos mais velhos, como as épocas de plantio, de colheita, sarar algumas enfermidades
que surgissem. A criatividade verificada nas múltiplas utilidades com um único produto,
como é o caso do azeite de mamona que era utilizado como combustível nas lamparinas
e também como remédio, colocados em ferimentos na pele. Os métodos de conservação
dos alimentos, a produção artesanal de rapadura, farinha de milho, fubá, os fios de
algodão ou lã fabricados para a posterior confecção de roupas, cobertores em teares
manuais. A capacidade de quantificar a produção através do próprio produto. Um
exemplo seria o milho, o qual quantificava uma colheita através das espigas, uma
carroça de milho era equivalente a 120 espigas; para verificar a distância de uma área
em um terreno utilizavam uma corda, ou seja, marcava-se um ponto no terreno e com
uma corda de tamanho variado ia-se percorrendo todo ele até o outro ponto, o número
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de cordas contabilizadas era à distância da área. Eram técnicas simples de que faziam
uso para resolver qualquer impasse que viesse a surgir tanto na propriedade ou
relacionado à produção.
O agir dessas pessoas demonstravam a vontade de sempre servir o outro, de ajudar, de
dividir, principalmente alimento. A união que ocorria entre eles, a forte presença de laço
de parentesco entre os principais grupos familiares, características estas ainda muito
notáveis no bairro. O religioso, o místico sempre evocado e vivenciado no bairro através
de rezas, promessas e benzimentos.
A formação do bairro Canta Galo, de acordo com o relato de uma moradora antiga -
nascida no bairro em 1935- data de por volta da década de 1870 e essas propriedades
pertenceram a gerações bem anteriores. Isto demonstra a tradição de transmitir a terra de
geração a geração.
As pessoas do bairro tinham pouco contato com as pessoas da cidade, o contato era
maior entre os moradores, devido a grande população residente nele e com outros
bairros circunvizinhos. Mas, isso não significa que a ida a cidade não ocorresse. Era
praticada comumente pelos mais velhos, para comercializar algum produto, comprar
outros ou ir à missa. A esposa e os filhos sempre ficavam na propriedade. A questão é
que a ligação do bairro com a cidade era muito precária, antes da formação do lago.
Segundo os relatos de antigos moradores, o acesso era difícil, era cansativo e a ida e
vinda se faziam a um longo período de tempo e na maioria das vezes era a pé.
Foi em meio a esse cotidiano que receberam a visita do então comprador de Furnas e de
acordo como o relato de uma das famílias do bairro, o valor ofertado pelas terras que
foram inundadas era muito baixo, não sendo possível repartir entre os filhos, já que a
família era numerosa.
Foi a parti desse momento que tudo começou a mudar na configuração do bairro e nas
suas principais atividades.
Há de se destacar também que cultivavam, além do arroz, outras culturas como milho,
feijão, cana de açúcar, café e também fumo para vender, ou em sistema de troca. A
alimentação era à base de gordura animal e carne de porco. A pesca era realizada apenas
para consumo próprio. Algumas famílias produziam farinha, fubá de milho e rapadura
artesanalmente para consumo próprio como já foi mencionado.
A mudança que mais lhes afetou de imediato foi a inundação da principal estrada do
bairro, com a construção do aterro principal (figura 3). Foi um momento, segundo os
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relatos dos moradores, no qual não se tinha a real noção do que iria acontecer, pois não
se sabia com exatidão se todas as terras baixas do bairro iriam alagar.
Figura 3: Vista aérea dos dois aterros construídos, o primeiro aterro é o da rodovia
BR-491, e o segundo aterro liga á cidade de Cabo Verde.
Fonte: Google Earth (2012)
A construção da rodovia BR-491 e do aterro principal, juntamente com a finalização da
nova estrada vicinal no bairro facilitou o acesso à sede do município de Areado, à
Alfenas e outros municípios. Já a do segundo aterro trouxe maior segurança para quem
o utiliza, pois antes a travessia se realizava por tábuas, construído por sob o rio. Esse
aterro facilitou o contato com a cidade de Cabo Verde, muito frequentada por eles, para
algum fim comercial. Portanto, a formação do lago fez com que a dimensão espacial do
bairro modificasse, já que sua área territorial diminuiu. Uma nova disposição no terreno
realizou-se com a fixação de algumas casas e a construção de uma nova estrada vicinal
por entre as encostas de seu relevo. Em pontos estratégicos do bairro se observa a parte
alagada contornando seu relevo montanhoso.
Após a inundação de parte do bairro, passou a haver também uma modificação com
relação aos meios de transporte (figura 4). Atualmente, mais da metade dos
estabelecimentos rurais pesquisados possuem automóvel de passeio (65,4%) e moto
(57,7%). Também estão presentes automóveis utilitários (30,8%) e bicicleta (27%).
Todavia, ainda persiste a forma de transporte mais tradicional, representada pela
carroça, além daqueles que não possuem nenhum tipo de meio de transporte (15,4%).
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Figura 4: Porcentagem de cada meio de transporte presente nas propriedades pesquisadas do
bairro rural Canta Galo-Areado/MG.
Fonte: Pesquisa de Campo (Agosto de 2011 a Fevereiro de 2012) Esses dados revelam que os meios de transporte mais simples e ecológicos (carroça e
bicicleta) estão sendo substituídos pelos automóveis (carros e caminhonetes) e motos,
mais ágeis e eficientes, devido o maior grau de dependência com o urbano, para
satisfazer necessidades imediatas que seriam impossíveis de se realizar com a mesma
destreza com aqueles meios de se locomover. Isto acaba aproximando-os de produtos
industrializados, como eletrodomésticos, eletroeletrônicos, produtos alimentícios,
computador e consequentemente acesso a internet - presente em cinco estabelecimentos
rurais do bairro -, além do uso de técnicas modernas na produção agrícola (secador de
café, máquinas manuais de colheita, dentre outros) e na pesca (barcos motorizados).
Segundo o relato dos moradores, até o final da década de 1980 a maior parte das
residências do bairro Canta Galo não tinha luz elétrica, apenas duas residências possuía
luz, era produzida através de um moinho de fazer fubá de milho, movimentado pela
água e utilizado como um gerador. Essa energia produzida era armazenada numa bateria
existente em cada residência. Atualmente a energia elétrica está presente em todas as
residências.
Nossa pesquisa mostrou que, atualmente, no bairro há uma grande fazenda, vinte e seis
propriedades familiares, quatro chácaras de veraneio, três sítios sem morador com fins
produtivos e de lazer, um sítio com morador sem fins produtivos e um sítio com
morador com fins produtivos. Esta configuração permite notar a vinda de outras pessoas
de outros Estados para morar em definitivo ou passar fim de semana em suas
residências no bairro. Embora a população, atualmente residente no bairro seja de 120
habitantes, nosso foco de análise foram somente os residentes nas unidades de produção
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familiar, que representam 97 habitantes, sendo que o restante reside na colônia da
fazenda.
Por outro lado, há que se ressaltar a presença no bairro de certas características
tradicionais, sobretudo com relação à forte identidade local, as relações de vizinhança, a
troca de dias de trabalho agrícola, no qual existe uma ajuda mútua entre os moradores.
No que se refere ao grupo familiar, é importante analisar alguns aspectos, que de certa
maneira acabam influenciando nas mudanças do bairro, como: a faixa etária de seus
membros e a presença e a ausência dos filhos na unidade de produção familiar. Essas
características são determinantes para a continuidade do empreendimento familiar, pois
faixas etárias heterogêneas revelam oportunidades que o rural vem apresentado para
aqueles que residem nele e que as influências urbanas trazidas pelos filhos que residem
na cidade, vão contribuir na tomada de decisão quanto à propriedade. Essa influência
pode causar tanto efeito positivo - lucratividade – maior produtividade com a utilização
de técnicas modernas na produção, como já mencionamos ou atividades ligadas ao
turismo e lazer - quanto negativo - mudanças na forma de transferência das terras por
herança, pois esses filhos residentes na cidade posteriormente ao adquirir essas terras
poderão vendê-las a pessoas de outros lugares fazendo com que a estrutura fundiária
tradicional de transferência das terras da propriedade através da herança seja
interrompida e o bairro passe a se configurar de outra maneira.
Há que se ressaltar que essa forma de acesso a terra, por meio da sucessão geracional
propiciou a formação de pequenas propriedades, fazendo com que esse bairro ainda
exista sob a forma de unidades de produção familiar, já que, conforme podemos
visualizar na figura 5, a grande maioria teve o acesso a terra por intermédio de herança
(65,40%) ou por herança/compra (30,76%) - geralmente, essa compra foi da parte dos
demais herdeiros -, enquanto que aquelas adquiridas somente pela compra são em
números bem menores (3,84%).
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Fonte: Pesquisa de Campo (Agosto de 2011 a Fevereiro de 2012)
Esse fato revela que ainda está presente no
bairro, nas unidades familiares o desejo de
permanecer com o patrimônio familiar, pois atualmente nota-se que a propriedade
representa para eles um valor que não mais se contabiliza em moeda e querem investir
nela, ou mesmo utiliza-la como local de descanso nos fins de semana e feriados.
Outro aspecto de extrema relevância a destacar sobre o grupo familiar é o local de
residência de todos os seus membros. Em primeiro lugar com 42% estão os
estabelecimentos nos quais seus membros residem na mesma casa, vindo em seguida
com 39% os estabelecimentos, no qual os filhos casados moram em casa separada, mas
dentro da propriedade, já os filhos casados morando fora da propriedade correspondem
a 27% e naqueles onde há também filhos solteiros morando fora do estabelecimento a
porcentagem verificada foi de 15% (figura 6).
Figura 6: Local de residência de todos os membros das famílias pesquisadas no bairro
rural Canta Galo-Areado/ MG*
Fonte: Pesquisa de Campo (Agosto de 2011 a Fevereiro de 2012)
Figura 5: Acesso a terra nas propriedades pesquisadas no bairro rural Canta Galo-Areado/MG
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* Múltipla resposta por propriedade porque nela contém filhos residindo na propriedade e fora dela..
Esses dados revelam que a propriedade familiar ainda continua presente no bairro, mas
ao mesmo tempo, os filhos casados e os solteiros residindo na cidade, vão transmitir
sutilmente influências urbanas a seus parentes rurais, principalmente quanto a produtos
industrializados e também características culturais.
A população do bairro apresenta uma faixa etária bem heterogênea, embora a
predominante seja entre 20 a 40 anos (34%), vindos em seguida, mais ou menos
pareados, os grupos entre 40 e 60 anos (23,7%) e de 0 a 20 (22,7%). A população idosa,
acima de 60 anos, também é bastante representativa (19,6%).
Figura 6: Local de residência de todos os membros das famílias pesquisadas no bairro rural Canta Galo-Areado/ MG*
Fonte: Pesquisa de Campo (Agosto de 2011 a Fevereiro de 2012)
Analisando esses dados, podemos constatar que temos no bairro um número elevado de
crianças e jovens, oriundos de famílias formadas recentemente e o envelhecimento de
parte da população. Consequentemente, muitos desses jovens estudam ou trabalham na
cidade e muitos estabelecimentos rurais do bairro tem na aposentadoria, sua principal
fonte de renda.
É uma população que ainda manifesta certas práticas culturais, como a festa da
padroeira do bairro (Nossa Senhora do Carmo), que além da parte religiosa, há também
bingo, leilões de brindes, churrasco e banda musical ao vivo (figura 8). Ocorrem
também, na capela, missa e encontro de louvor, uma vez por mês.
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Figura 8: Imagens da capela do bairro e da festa da padroeira Nossa Senhora do Carmo,
realizada em outubro de 2011
Fonte: Pesquisa de Campo (Agosto de 2011 a Fevereiro de 2012).
Na grande maioria dos estabelecimentos rurais do bairro, a agricultura e a
pecuária continuam sendo suas principais atividades (55,7%), enquanto que as
atividades não-agrícolas (trabalho assalariado, artesanato, fabricação artesanal de
cachaça, vendedor, vigilante, professora, costureira, aposentadoria, etc.) veem se
destacando (23,10%), ao lado da pesca artesanal (19,20%).
Figura 9: Principais atividades econômicas nas propriedades pesquisadas no
bairro rural Canta Galo-Areado/MG
Fonte: Pesquisa de Campo (Agosto de 2011 a Fevereiro de 2012)
Sobre a pesca artesanal, é importante mencionar que esta passou por um
processo de profissionalização. Isso pode ser constatado com a criação da colônia Z4 de
Alfenas, em 1968, da qual fazem parte os pescadores do bairro Canta Galo. Atualmente
esses pescadores dispõem de seguro desemprego no período de defeso, ou seja,
piracema e também dispõe da liberação do Pronaf-Pesca (COLÔNIA Z4).
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Outro fator preponderante a destacar são os problemas de degradação ambiental e a
possível contaminação de nascentes d’água no bairro, sobretudo com relação ao uso de
agrotóxicos no café, que pode contaminar tanto a água das nascentes quanto do próprio
lago. Esse problema se agrava ainda mais no período das chuvas, quando há escoamento
desses produtos das áreas de maior altitude no bairro, em direção ao lago.
Outros problemas ambientais recorrentes no bairro e que atingem diretamente os pescadores artesanais são o assoreamento e a formação das ilhas flutuantes com vegetação no lago (figura 10). Figura 10: Dois tipos de problemas ambientais no bairro Canta Galo: à esquerda a ilha flutuante e a direita o assoreamento do lago.
Fonte: Pesquisa de Campo em 2010 a foto do assoreamento e a outra em junho de 2012
As ilhas flutuantes com vegetação se movimentam impulsionadas pela ação dos ventos,
das marés, levam consigo nesse movimento às redes dos pescadores. Essas ilhas não
estão encontrando adesão ao solo nas partes mais rasas, no qual antigamente se
encontravam enraizadas, mesmo nos períodos de cheia do lago elas estavam fixas
nessas áreas rasas. Como ato de reivindicar alguma providência mais concreta, os
pescadores do bairro fizeram um abaixo-assinado, sendo entregue ao presidente da
colônia, mas até o exato momento nada foi realizado.
Já o outro problema, um aparente assoreamento a montante do lago, também prejudica
os pescadores, pois seus barcos são motorizados e para que funcionem tem que haver
uma considerável profundidade no lago, além de causar-lhes um maior deslocamento a
jusante e uma redução na produção de pescado. Esse assoreamento do lago foi
verificado no mês de Agosto, época de estiagem. Contudo, em anos anteriores a água
diminuía, mas não se observava a concentração dessas faixas de areia e a água se
deslocando como se fosse um córrego raso.
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Essas transformações no bairro Canta Galo representam o ônus pago pelos seus
moradores, com a chegada do progresso. Por outro lado, o bônus desse processo, são as
oportunidades de estudo, de trabalho na cidade, que podem ao mesmo tempo qualificar
o trabalhador e destiná-lo para outras funções, distantes das tradicionais agrícolas.
Considerações finais
O espaço rural vem cedendo à atuação dos grandes projetos (construção de
hidrelétricas) que o submete a modificações socioespaciais como também econômicas e
culturais. Sua população se vê de imediato inserida em algo desconhecido, mal
explicado, mas que os atingem diretamente. Portanto, é nesses momentos que se
percebe o bairro rural não apenas como um lugar onde se congrega atividades diversas,
mas sim relações interpessoais que dão vida às relações que se estabelecem em seu
meio. Quando essa característica ainda está presente no bairro rural, ele consegue
sobressair-se em meio a essa desordem provocada por eventos involuntários a ele, pois
quando não se nota essa estrutura de bairro rural torna-se um local de atuação do grande
capital.
A presença de um dos braços do reservatório de Furnas no bairro Canta Galo trouxe
situações contraditórias, pois permitiu e proporcionou uma maior mobilidade e
acessibilidade ao bairro, antes de difícil acesso. Mas, não os direcionou de imediato a
um caminho seguro quanto às outras atividades proporcionadas pelo lago. A pesca
artesanal surge, mas sem planejamento. Simplesmente viram desaparecer com o lago a
sua principal atividade agrícola que era o cultivo do arroz. Por isso, hoje se percebe que
há outros tipos de ocupação de seu espaço, o fortalecimento da atividade agrícola
dedicada a cultura cafeeira e a introdução de atividades não-agrícolas nas unidades
familiares, há também chácaras de veraneio, sítios sem morador, alguns grupos
familiares originários do bairro se mudaram, mas ao mesmo tempo os que persistiram
vem se fortalecendo e ganhando notoriedade no bairro.
Já no espaço, o maior contato com outras pessoas, características presentes somente no
urbano foram sendo adquiridas e adaptadas pelos residentes no espaço rural através de
novos hábitos alimentares, de se vestir, utilizações de produtos mais industrializados
com objetivos de obter um maior conforto e rapidez na realização das suas atividades
cotidianas.
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Percebe-se nesse bairro uma capacidade da sua população em adaptar-se às
adversidades no qual são submetidos tanto àquelas provocadas pelo lago quanto pelas
atuais, o mercado agrícola de commodities. É um bairro com grande presença de laços
de parentesco entre seus habitantes, no qual, ainda ocorrem troca de dias, relações de
vizinhança, a tradicional festa a padroeira do bairro mas, não na mesma proporção de
antigamente.
Trata-se de um bairro com forte presença de propriedade familiar, não disposto a voltar
no tempo, mas sim relembrar os bons episódios de antigamente e encarar os novos
desafios que surgir. A introdução de atividades não-agrícolas foi uma resposta às
próprias contradições das atividades agropecuárias. Aumentar a rentabilidade do grupo
familiar sem precisar vender a propriedade.
Portanto, com esse trabalho pode-se constatar que com o lago, o bairro Canta Galo foi
inserido em outras dinâmicas proporcionadas pelo maior contato com o urbano. Houve
uma desestruturação de seu espaço, mas sua população conseguiu se adaptar ao “novo”,
e retrabalhar sob as novas condições apresentadas a eles. Agora são outros desafios e
problemas a serem enfrentados pela população e a degradação ambiental vem atingindo
e pondo em risco a qualidade das águas das nascentes e a do lago.
Referências
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