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Olá, colega!
Bem vind@ ao Curso Análise Rural e Segurado Especial! Construímos um curso bem prático
para que você possa aprender, de fato, sobre esse assunto. Para isso, trabalhamos os conceitos
mais relevantes, criamos uma fonte organizada de consulta sobre o tema e traçamos um caminho
para resolução de situações que demandem uma análise mais apurada.
Contamos com seu empenho e entusiasmo para realizar todas as atividades propostas. Eles serão
fundamentais para seu aprendizado e funcionarão como o combustível para o cumprimento da
missão institucional de todos nós.
Este material e as atividades foram criados de colega para colega, com base nas principais
solicitações e maiores dificuldades encontradas no dia-a-dia dos concessores. É um universo vasto
e fascinante e esperamos que você aproveite essa oportunidade única de aprendizado.
Para começarmos, nesta unidade você vai conhecer os conceitos básicos necessários ao
entendimento da Análise Rural e do Segurado Especial.
Um ótimo trabalho!
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Unidade I – Noções Introdutórias
AULA 1 – Noções Introdutórias
Conceitos de Trabalhador Rural
Trabalhador rural é o termo genérico utilizado para enquadrar o empregado, o contribuinte
individual – CI e o trabalhador avulso, que exercem atividades de natureza rural, e o segurado
especial - SE.
GÊNERO
TRABALHADOR RURAL
ESPÉCIES
EMPREGADO CI AVULSO SEFundamentação: Art. 11, inc. I, “a”, inc. V, “g”, inc. VI e inc. VII da Lei nº 8.213/91
Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: (Redação dadapela Lei nº 8.647, de 1993)
I - como empregado: (Redação dada pela Lei nº 8.647, de 1993)
a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual, sobsua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado;
(...)
V - como contribuinte individual: (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)
(...)
g) quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais empresas,sem relação de emprego; (Incluído pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)
(...)
VI - como trabalhador avulso: quem presta, a diversas empresas, sem vínculo empregatício, serviçode natureza urbana ou rural definidos no Regulamento;
VII – como segurado especial: a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano ourural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílioeventual de terceiros, na condição de: (Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008)
a) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro outorgados,comodatário ou arrendatário rurais, que explore atividade: (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
1. agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos fiscais; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
2. de seringueiro ou extrativista vegetal que exerça suas atividades nos termos do inciso XII do caput do
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art. 2o da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000, e faça dessas atividades o principal meio de vida;(Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
b) pescador artesanal ou a este assemelhado que faça da pesca profissão habitual ou principal meiode vida; e (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 (dezesseis) anos de idade ou a esteequiparado, do segurado de que tratam as alíneas a e b deste inciso, que, comprovadamente,trabalhem com o grupo familiar respectivo. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
Empregado rural
É empregado rural aquele que presta serviço a empresa de natureza rural, em caráter não
eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração.
Fundamentação: Art. 11, I, “a” da Lei nº 8.213/91, e Art. 8º, I da IN 77/PRES/INSS/2015
A caracterização do trabalho como urbano ou rural, para fins previdenciários,depende da natureza das atividades efetivamente prestadas pelo empregado oucontribuinte individual e não do meio em que se inserem.
Fundamentação: Art. 7º, IV da IN 77/PRES/INSS/2015
O Parecer/CJ Nº 2.522/2001 dispõe que, na comprovação do empregado rural, o cerne do
entendimento não é a natureza econômica do empregador, ou seja, se este exerce atividade
urbana ou rural, contentando-se em afirmar que será trabalhador rural aquele empregado
que presta serviço de natureza rural, independentemente de quem seja o seu empregador.
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Não se caracterizam como empregados rurais, ainda que o local de trabalho ou oempregador tenham características rurais. Por exemplo:
• carpinteiro, pintor, cozinheiro, vigilante, veterinário, administrador de fazenda(capataz), trabalhadores em atividades administrativas em fazendas e toda atividadeque não se caracteriza como rural;
• motorista, com habilitação profissional, e tratorista.
A Ação Civil Pública – ACP 2005.71.00.044110-9 (RS) determinou ao INSS que considere comotrabalhadores rurais os empregados cujas ocupações sejam de administrador de fazenda(capataz) e tratorista na área rural no Estado do Rio Grande do Sul. As orientações paraaplicação desta ACP estão no Memorando-Circular Conjunto nº 41 DIRBEN/PFE/INSS, de 03 denovembro de 2014.
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O Cargo “serviços gerais” na CTPS é considerado trabalhador rural se empresa é
rural?
A caracterização da atividade, se urbana ou rural, deve levar em conta a natureza da atividade
do trabalhador e não a natureza econômica do empregador.
O Consultar 038470/2017 esclarece que, da mesma forma que ocorre na comprovação da
atividade rural quando não constante do CNIS, e não apresentado documentos, que por si só
fazem prova da atividade rural exercida pelo empregado, deverá ser oportunizado ao
segurado todos os meios possíveis legais e normativos para comprovação da natureza da
atividade.
Contribuinte individual
É contribuinte individual rural quem presta serviço de natureza rural, em caráter eventual, a
uma ou mais fazendas, sítios, chácaras ou a outro contribuinte individual, em um mesmo
período ou em períodos diferentes, sem relação de emprego.
Fundamentação: Art. 11, V, “g” da Lei nº 8.213/91, e Art. 20, XXI da IN 77/PRES/INSS/2015
Enquadramento do trabalhador rural safrista, volante, eventual, temporário ou boia-fria.
A C onsulta técnica Nº 6561 do Sistema de Consulta da Diretoria de Benefícios – SISCON (www-siscon) esclarece que pode ser enquadrado como empregado ou contribuinte individual,definidos na alínea “a” do inciso I e alínea “g” do inciso V, ambos do art. 11 da Lei nº 8.213/91. Hátambém previsão de enquadramento como trabalhador avulso, conforme inc. VI do art. 11da Lei nº 8.213/91, quando a contratação for intermediada pelo sindicato da categoria, semvínculo empregatício. Portanto, a análise quanto à categoria do trabalhador deverá partir dotipo de prova apresentada, como ocorre com o trabalhador urbano.
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Trabalhador avulso
É trabalhador avulso rural aquele que, sindicalizado ou não, presta serviço de natureza rural a
diversas empresas, vínculo empregatício e com a intermediação obrigatória do sindicato da
categoria.
Fundamentação: Art. 11, VI da Lei nº 8.213/91, Art. 9º, VI, “e” do Decreto nº 3.048/99, e Art. 13 da IN
77/PRES/INSS/2015
Exemplo de trabalhador avulso rural: os ensacadores de café, cacau, sal e similares,
descritos na alínea “e” do inc. VI do art. 9º do Decreto nº 3.048/99.
Segurado Especial
É o produtor rural e o pescador artesanal ou a este assemelhado, desde que exerçam a
atividade rural individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio
eventual de terceiros.
Fundamentação: Art. 11, VII da Lei nº 8.213/91, e Art. 39 da IN 77/PRES/INSS/201
Enquadram-se como segurados especiais os produtores rurais que exploram atividade
agropecuária em área de até quatro módulos fiscais. Também são considerados produtores
rurais o quilombola, o seringueiro ou o extrativista vegetal.
Fundamentação: Art. 40 da IN 77/PRES/INSS/2015
Também são enquadrados como segurados especiais os indígenas reconhecidos pela
Fundação Nacional do Índio – FUNAI, inclusive o artesão que utilize matéria-prima
proveniente de extrativismo vegetal, desde que exerçam a atividade rural individualmente ou
em regime de economia familiar e faça dessas atividades o principal meio de vida e de
sustento.
Fundamentação: Art. 39, §4º da IN 77/PRES/INSS/2015
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Quando o assunto é análise rural e segurado especial, muito se fala nos módulos
fiscais. Mas você sabe o que eles são e qual seu tamanho?
Módulo Fiscal é uma unidade de medida expressa em hectares, fixada para cada município,
considerando fatores como: tipo de exploração predominante no município; renda obtida
com a exploração predominante; outras explorações existentes no município que, embora
não predominantes, sejam significativas em função da renda ou da área utilizada.
Vejamos o que diz a Embrapa, no documento Variação Geográfica do Tamanho dos
Módulos Fiscais no Brasil (2012), sobre o assunto:
O tamanho dos módulos fiscais dos municípios brasileiros varia entre 5 e 110 hectares .
Como o tamanho depende principalmente da disponibilidade de condições de produção,
dinâmica de mercado, infraestrutura instalada, disponibilidade tecnológica e de aspectos
naturais, como água e solo, municípios com maior acesso a essas condições demandam o uso
de uma área menor para a obtenção de rentabilidade a partir das atividades ali desenvolvidas,
apresentando tamanho do módulo fiscal menor. Já municípios com maior carência dessas
condições apresentam módulos fiscais de maior dimensão (BRASIL, 2005; SANTILLI, 2012).
De maneira geral, municípios das Regiões Sul e Sudeste, bem como aqueles situados no litoral
ou próximos de regiões metropolitanas apresentam módulo fiscal menor que os demais. Os 54
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municípios com tamanho de módulo fiscal de 5 ha compreendem as regiões metropolitanas de
São Paulo/SP (25 municípios), Rio de Janeiro/RJ (19 municípios), Salvador/BA (2 municípios),
Aracaju/SE, Belém/PA, Belo Horizonte/MG, Brasília/DF, Curitiba/PR, Fortaleza/CE, Porto
Alegre/RS e Recife/PE. Os municípios com módulo fiscal maior ou igual a 100 ha concentraram-
se nos Estados do Acre (18 municípios), Amazonas (39 municípios), Mato Grosso (41
municípios), Roraima (7 municípios) e Mato Grosso do Sul (2 municípios). Corumbá/MS e
Ladário/MS foram os únicos municípios que apresentaram módulo fiscal de 110 ha.
Em termos práticos, os 4 módulos fiscais podem variar de 20 hectares em cidades comoBelém/PA, cujo módulo fiscal possui apenas 5 hectares, até 440 hectares em Corumbá/MS, cujomódulo fiscal possui 110 hectares. Uma grande diferença, não é mesmo?
Qual a filiação do dirigente sindical de organização da categoria de trabalhadores rurais?
O Consultar 079704/2017 esclarece: aquele que, antes da posse como dirigente sindical deorganização da categoria de trabalhadores rurais já tinha qualidade de segurado especial,mesmo que não exerça a atividade de segurado especial durante o mandato de dirigentesindical, mantém a qualidade de segurado especial durante o período do mandato, emobservância ao §4º do art. 11 da Lei nº 8.213/91, desde que não incorra em nenhuma dashipóteses de descaracterização do segurado especial previstas no art. 12 da Lei nº 8.212/91, noart. 11 da Lei nº 8.213/91 e no art. 9º do RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99.
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Chegamos ao final de nossa primeira aula. Esperamos que você tenha aprendido todo o
conteúdo. Caso tenha ficado alguma dúvida, volte ao texto e aos exemplos, leia a
fundamentação legal indicada para que as dúvidas possam ser sanadas. Caso permaneça o
questionamento, formule uma pergunta com seu entendimento e a publique no fórum de
dúvidas.
Na próxima aula falaremos sobre o regime de economia familiar e as formas de
exercício da atividade rural!
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AULA 2 – Regime de Economia Familiar e Exercício da Atividade Rural
Nesta aula você vai conhecer, dentre outros temas, sobre o regime de economia familiar e
as formas de exercício da atividade rural. Como há muitas dicas e exceções, para facilitar o
aprendizado e a compreensão, colocamos alguns exemplos ilustrativos.
Tenha uma ótima aula!
Conceitos e formas de exercício da atividade
Regime de Economia Familiar
Entende-se por regime de economia familiar quando o trabalho dos membros do grupo
familiar é indispensável à sua subsistência e desenvolvimento socioeconômico, sendo
exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de
empregados permanentes, independentemente do valor auferido pelo segurado especial
com a comercialização da sua produção, quando houver.
Fundamentação: Art. 11, §1º da Lei nº 8.213/91, e Art. 39, §1º da IN 77/PRES/INSS/2015
Grupo Familiar
Para fins de comprovação de atividade rural e pesqueira em regime de economia familiar, o
grupo familiar do segurado especial é composto basicamente pelo cônjuge ou
companheiro(a), inclusive homoafetivos, o filho solteiro maior de dezesseis anos de idade
ou a este equiparado que, comprovadamente, tenham participação ativa nas
atividades rurais ou pesqueiras artesanais do grupo familiar.
Os pais podem integrar o grupo familiar dos filhos solteiros que não estão ou estiveram em
união estável.
Fundamentação: Art. 11, §6º da Lei nº 8.213/91, e Art. 39, §1º, I da IN 77/PRES/INSS/2015
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Não integram o grupo familiar do segurado especial os filhos casados, separados,divorciados, viúvos e ainda aqueles que estão ou estiveram em união estável, inclusiveos homoafetivos, os irmãos, os genros e as noras, os sogros, os tios, os sobrinhos, osprimos, os netos e os afins.
Fundamentação: Art. 39, §1º, IV da IN 77/PRES/INSS/2015
A Consulta Técnica SISCON 7447 esclarece que não existe respaldo legal para que um irmão,mesmo que solteiro, possa se beneficiar do uso de documentos em nome de outro irmãopara fins de comprovação do exercício da atividade rural, uma vez que a legislaçãoprevidenciária adotou para definição do conceito de grupo familiar o mesmo grau de parentescoutilizado para o grupo de dependentes da primeira classe do benefício de pensão por morte.
A situação de estar o cônjuge ou o companheiro em lugar incerto e não sabido, decorrente doabandono do lar, não prejudica a condição de segurado especial do cônjuge ou do companheiroque permaneceu exercendo a atividade, individualmente ou em regime de economia familiar.
Fundamentação: Art. 39, §1º, II da IN 77/PRES/INSS/2015
Atividade exercida individualmente
Quando não presentes os pressupostos de regime de economia familiar, trata-se como
exercício de atividade individualmente, que é quando os demais membros do grupo familiar
deixaram de exercer a atividade rural ou incorreram em situações que os descaracterizam da
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condição de segurados especiais. Somente o requerente exerce atividade rural, não havendo
participação ativa de outros membros do grupo familiar.
Fundamentação: Art. 39, §1º, III, e Art. 44, I, ambos da IN 77/PRES/INSS/2015
Exemplos:
• Filho(a) solteiro(a) que comprove a atividade como segurado especial, cujos pais
faleceram ou exercem atividade distinta.
• Segurado(a) casado(a) ou em união estável que comprove a atividade como
segurado especial, cujo(a) esposo(a)/companheiro(a) exerce atividade distinta.
O segurado especial está descaracterizado caso explore um produto ilícito?
A resposta é SIM. O Parecer CONJUR/MPS Nº 10, de 17 de janeiro de 2008, esclareceu que “oque caracteriza o produtor rural como segurado especial é o exercício de atividade rural,consubstanciado na produção de bens rurais apreciáveis economicamente, seja parasubsistência ou para comercialização. Por óbvio o bem produzido deve ser lícito, consideradoeconomicamente e de livre comercialização”, concluindo portanto que “no cultivo não autorizadode planta que sirva como matéria-prima de substâncias entorpecentes, não se tem a produçãode um bem rural. O objeto produzido é ilícito e o próprio plantio, cultivo ou colheita caracterizatipo penal, desnaturando a condição de produtor rural”.
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Tipos de ocupação
O segurado especial pode ser classificado em dois tipos distintos de ocupação: produtor
rural e pescador artesanal ou a este assemelhado.
Segurado especial produtor rural
Considera-se produtor rural o proprietário, condômino, usufrutuário, possuidor, assentado,
acampado, parceiro, meeiro, comodatário, arrendatário rural, quilombola, seringueiro ou
extrativista vegetal, que reside em imóvel rural, ou em aglomerado urbano ou rural próximo,
e desenvolve atividade agrícola, pastoril ou hortifrutigranjeira, individualmente ou em regime
de economia familiar.
Fundamentação: Art. 40, caput da IN 77/PRES/INSS/2015
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Produtor rural II-B e II-C
O produtor rural sem empregados, classificado como II-B e II-C, inscrito no órgão competente emfunção do módulo rural pelo art. 2º do Decreto nº 77.514, de 29 de abril de 1976, alíneas “b” e “c”em sua redação primitiva, com a redação dada pelo Decreto nº 83.924, de 30 de agosto de 1979passou a condição de trabalhador rural (atualmente segurado especial) desde que tenhaexercido a atividade individualmente ou em regime de economia familiar.
O Decreto nº 77.514/76, que regulamentou a Lei nº 6.260/75 (concessão dos benefícios doempregador rural), enquadrava também como empregador rural, além do empregador de fatode que trata o art. 2º, “a”, aquele que utilizasse auxílio eventual de terceiros e que exercesse aatividade em área própria ou não superior à dimensão do módulo rural (art. 2º, “b”), e aquele queera proprietário de mais de um imóvel rural cuja soma de áreas fosse igual ou superior àdimensão do módulo rural da respectiva região (art. 2º, “c”). Por isso, os trabalhadores ruraisenquadrados no INCRA como II-B ou II-C (conforme art. 1º do Decreto-lei nº 1.166/71) sãoconsiderados segurados especiais, desde que atendam aos demais requisitos exigidos àcaracterização do segurado especial. Para saber mais sobre o histórico do empregador rural, vejaa Consulta Técnica SISCON n° 6333 .
Segurado especial pescador artesanal
Considera-se pescador artesanal aquele que, individualmente ou em regime de economia
familiar, faz da pesca sua profissão habitual ou principal meio de vida, desde que não utilize
embarcação ou utilize embarcação de pequeno porte, nos termos da Lei nº 11.959/2009.
Também são considerados pescadores artesanais os mariscadores, caranguejeiros, catadores
de algas, observadores de cardumes, entre outros que exerçam as atividades de forma
similar, qualquer que seja a denominação empregada. Note que esses trabalhadores, embora
não atuem com pesca propriamente dita, são considerados pescadores artesanais pela
legislação, e não devem ser confundidos com os assemelhados ao pescador artesanal.
Fundamentação: Art. 9º, §14 do Decreto nº 3.048/99
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Conforme as Normas da Autoridade Marítima – Normam, da Diretoria de Portos e Costa – DPC,considera-se embarcação qualquer construção, inclusive as plataformas flutuantes e as fixasquando rebocadas, sujeita a inscrição na autoridade marítima e suscetível de se locomover naágua, por meios próprios ou não, transportando pessoas ou cargas. A classificação dasembarcações, e arqueações brutas correspondentes, está tratada no §1º do art. 10 da Lei nº11.959/2009. É classificada como de pequeno porte a embarcação que possui arqueação bruta –AB igual ou menor que 20.
Assemelhado ao pescador artesanal
O conceito de assemelhado ao pescador artesanal foi regulamentado pelo Decreto nº
8.499/15, incluindo o parágrafo 14-A ao art. 9º do RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99,
como sendo aquele que realiza atividade de apoio à pesca artesanal, exercendo trabalhos de
confecção e de reparos de artes e petrechos de pesca e de reparos em embarcações de
pequeno porte ou atuando no processamento do produto da pesca artesanal.
Fundamentação: Art. 9º, §14-A do Decreto nº 3.048/99 e Art. 41, II da IN 77/PRES/INSS/2015
Exemplos: Descamador de pescado, eviscerador de pescado
Os trabalhadores de apoio à pesca artesanal, embora tenham garantidos os direitosprevidenciários, não possuem direito ao Seguro-Desemprego do Pescador Artesanal, porforça do que dispõe o §6º do art. 1º da Lei nº 10.779/03, alterada pela Lei nº 13.134/15.
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Tipos de ocupação
Os segurados especiais ocupam a terra ou embarcação de formas diferenciadas, sendo assimdenominados:
ProprietárioAquele que detém a posse legal de um bem, neste caso, terra ouembarcação. O proprietário tem documento da propriedade (escriturada terra ou registro da embarcação).
CondôminoAquele que explora imóvel rural ou embarcação, com delimitação deárea ou não, sendo a propriedade um bem comum, pertencente avárias pessoas.
Usufrutuário
Aquele que não sendo proprietário detém o direito à posse dapropriedade, ao uso, à administração ou à percepção dos frutos,podendo usufruir o bem em pessoa ou mediante contrato dearrendamento, comodato, parceria ou meação.
PossuidorAquele que exerce, sobre o imóvel rural, algum dos poderes inerentesà propriedade, utilizando e usufruindo da terra como se proprietáriofosse.
AssentadoAquele que, como beneficiário das ações de reforma agrária,desenvolve atividades agrícolas, pastoris ou hortifrutigranjeiras nasáreas de assentamento.
Acampado
Aquele que se encontra organizado coletivamente no campo,pleiteando sua inclusão como beneficiário dos programas de reformaagrária, desenvolvendo atividades rurais em área de terrapertencente a terceiros.
Parceiro
Aquele que tem acordo de parceria com o proprietário ou detentor daposse da terra ou embarcação e desenvolve atividade agrícola, pastoril,hortifrutigranjeira ou de pesca, partilhando os lucros ou prejuízos,conforme pactuado.
MeeiroAquele que tem acordo com o proprietário ou detentor da posse da terraou embarcação e exerce atividade agrícola, pastoril, hortifrutigranjeira oude pesca, dividindo os rendimentos ou custos obtidos.
Comodatário
Aquele que, por meio de acordo, explora a terra ou embarcaçãopertencente a outra pessoa, por empréstimo gratuito, por tempodeterminado ou não, para desenvolver atividade agrícola, pastoril,hortifrutigranjeira ou de pesca.
ArrendatárioÉ aquele que utiliza a terra ou embarcação, mediante pagamento dealuguel, em espécie ou in natura, ao proprietário do imóvel rural ouembarcação.
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Fundamentação: Art. 40 da IN 77/PRES/INSS/2015
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O posseiro ocupante de margens de rodovias pode ser enquadrado como seguradoespecial?
O Parecer/CONJUR/MPS nº 10, de 17/01/2008 solucionou a controvérsia sobre oreconhecimento da atividade rural exercida em terras invadidas sem o reconhecimento do órgãopúblico ou em áreas às margens das rodovias sem autorização do DNER, ratificando oentendimento de que, restando comprovada a atividade rural como segurado especial, nãohá que se exigir prova da titularidade da terra, conforme descrevem os itens 45 a 47:
45. Disto se concluiu que a regularidade da ocupação da terra é apenas um dos meios decomprovar o desempenho da atividade rural, não sendo o único ou exclusivo ouindispensável elemento probatório. O título da posse ou propriedade não se constitui,pois, em pressuposto de validade para enquadramento do trabalhador rural como seguradoespecial (obrigatório) da Previdência Social.
46. De modo que tudo está a indicar que a cobertura previdenciária alcança não oproprietário ou possuidor de imóvel rural, mas sim aquele que exerce atividade rural, queproduz. O que o trabalhador rural deve comprovar é o exercício da atividade rural, é aprodução de bens rurais (individualmente ou com o concurso da entidade familiar), porque éeste fato essencial que o torna segurado obrigatório do sistema de Previdência Social.
47. Portanto, não cabe à autarquia previdenciária impor como condição necessária paracaracterização e enquadramento do trabalhador rural como produtor, e consequentemente,como segurado especial, a regularidade da titulação da terra.
Chegamos ao final da primeira unidade do Curso Análise Rural e Segurado Especial! Você se
superou e chegou até aqui…mas ainda tem muito chão para percorrer. Vamos lá!
Vem aí a segunda unidade, que trata das hipóteses de caracterização e
descaracterização do Segurado Especial. Prepare-se para mais informações e atividades.
Você não vai se arrepender!
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