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Pemba, Caixa Postal, 260E-mail: [email protected]
M o ç a m b i q u e
Cabo Delgado, Nampula, Niassa, Zambézia e Sofala
página 2
Genro de MBS foge para Hong Kong
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Grande oportunidade de aumentar o seu negócioSeja agente autorizado da sojogo Ganhe comissões aliciantes
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M S con rma primeiro ca o da doen a
Gripe da a emata em Mo ambi e
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Nacala
TEMA DA SEMANA2 Savana 08-02-2013
Fora das habituais doenças
que apoquentam e matam
em Moçambique, um novo
tipo de vírus mortífero foi
diagnosticado e já está a causar
vítimas.
Trata-se da gripe aviária, tecnica-
mente conhecida por H1N1, ou
simplesmente gripe A.
Antes do seu surgimento em
Moçambique, a doença era até
aqui conhecida como sendo mais
abundante na Europa, Ásia e
América.
Dados oficiais indicam que pelo
menos uma criança perdeu a vida,
há dias, depois de ter contraído o
vírus.
Para além desta menor, mais
cinco pessoas, das quais quatro
são crianças, foram confirmadas
como padecentes da gripe A/
H1N1.
Três foram identificadas na Esco-
la Francesa, uma numa creche na
cidade de Maputo e os restantes
dois foram diagnosticados em
adultos.
Um comunicado do Ministério
da Saúde (MISAU), enviado à
imprensa, nesta quarta-feira, in-
dica que o primeiro caso da do-
ença foi confirmado no passado
dia 19 de Fevereiro.
Em Moçambique, os casos que
despoletaram a situação foram
detectados na Escola Francesa
de Maputo. Naquele estabeleci-
mento foram confirmados três
dos seis casos até ao momento
oficialmente identificados em
Moçambique.
Em contacto com a nossa repor-
tagem, Elisabeth Chaves, direc-
tora da Escola Francesa, confir-
mou-nos o facto, mas disse que a
situação estava controlada.
De acordo com Chaves, no passa-
do dia 21 de Fevereiro, uma famí-
lia europeia, que acabava de voltar
de viagem da Europa, notificou a
direcção da escola dando conta
de que um bebé seu, por sinal ir-
mão de um aluno daquela escola,
tinha contraído o vírus de H1N1.
O bebé viria a perder a vida dias
depois.
Segundo Chaves, a família co-
municou a direcção da escola que
tinha feito análises também ao
irmão, por sinal, aluno daquela
escola e também foi detectado o
vírus.
“Depois de receber o relatório
dos pais desse nosso estudante,
convidámos os pais dos nossos
alunos, alertámos sobre a situa-
ção e aconselhámos a contactar as
autoridades médicas para efeitos
de exames dos seus educandos”,
disse acrescentando que o apelo
foi acatado.
Elisabeth Chaves conta que dias
depois, a direcção da escola foi
notificada por mais dois encarre-
gados de educação a dizerem que
os seus filhos tinham acusado po-
sitivo nos testes.
Para esse caso, como a situação
ainda não era grave, avançou-se
imediatamente para os tratamen-
tos.
Soubemos de Chaves que depois
de tomar conhecimento da ocor-
Gripe A já está a matar em Moçambique Por Raúl Senda
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O Gabinete Central de
Combate à Corrup-
ção (GCCC) con-
firmou a existência
do rombo financeiro no MI-
NED e diz que a sua insti-
tuição já está a trabalhar no
esclarecimento do crime.
O porta-voz do GCCC, Ber-
nardo Duce, confirmou-nos
que o processo está na fase de
instrução preparatória pelo
que não se pode avançar com
muitos dados.
Referiu que até ao momento,
nenhum dos implicados está
detido.
Lembre-se que há dias foi
descoberto, no MINED, um
rombo de 144 milhões de
meticais. O dinheiro foi sa-
queado durante seis anos.
Falando concretamente dos
números, Duce referiu que
os dados em seu poder indi-
cam que o rombo foi de cinco
milhões de meticais e apenas
refere-se ao ano 2012.
Segundo Duce, o MINED
fez a participação do caso
referente ao ano de 2012, no
qual três funcionários desta
instituição são acusados de desvio
de cinco milhões de meticais, com
recurso a um esquema de pagamen-
to de folhas de salário paralelas. O
montante em causa estava destina-
do ao pagamento de salários a nível
central e, de momento, decorrem
mais investigações para apurar os
contornos do caso.
O porta-voz disse que durante o
mês Fevereiro, o GCCC tramitou
46 processos, dos quais 12 foram
acusados e remetidos aos tribunais
para o respectivo julgamento.
Em conexão com estes casos, qua-
tro indivíduos foram detidos em
flagrante delito a perpetuarem es-
quemas de corrupção. Trata-se de
um director de uma escola pri-
mária na província de Gaza que
é acusado de desvio de dezenas
de caixas contendo livro escolar
de distribuição gratuita para o
mercado informal. O material
escolar estava destinado à dis-
tribuição dos alunos da escola
que dirige. O outro caso envol-
ve três automobilistas acusados
de corromper agentes da Polícia
da República de Moçambique
(PRM) na via pública.
Duce referiu ainda que há mais
dois casos envolvendo funcio-
nários públicos. No primeiro,
um funcionário da Autoridade
Tributária (AT), que fazia parte
do júri para a admissão de no-
vos quadros, é acusado de ter
exigido 85 mil meticais para
facilitar a admissão de um can-
didato, sendo que este último é
também acusado de corrupção
passiva.
Noutro caso, é acusado o direc-
tor do Gabinete Provincial de
Combate à Droga na província
de Nampula, de abuso de poder
e de pagamento de remunera-
ções indevidas.
G con rma saque no M NED
rência destes dois casos, a direc-
ção da escola decidiu paralisar
as aulas para efeitos de limpeza
geral. As aulas foram paralisadas
por um período de uma semana.
As crianças infectadas foram
também isoladas e até ao mo-
mento continuam em tratamen-
to nas suas casas e estão a reagir
bem. Uma delas prossegue o tra-
tamento na Europa.
Depois de se tomarem as devidas
diligências, a escola reabriu nesta
segunda-feira.
Sublinhou que no entanto, por
prevenção, os professores asse-
guram o respeito das práticas de
higiene pelos alunos e mantêm-se
em alerta para possíveis sintomas.
“Aconselhámos os pais para evi-
tarem mandar crianças para a es-
cola com sintomas, e sempre que
notarem qualquer anormalidade,
levarem a criança ao médico”,
disse acrescentado que privilegia-
mos a prevenção e controlo das
crianças, e em caso de mostrar
qualquer perturbação da saúde
notificámos as famílias.
MISAU opta pelo silêncio Perante os factos acima descritos,
o SAVANA contactou, na tarde
desta quarta-feira, o porta-voz do
MISAU, Martinho Djedje mas,
este recusou-se a comentar, tendo
nos remetido ao Director Nacio-
nal de Saúde, Mousinho Saíde.
Contactado pela nossa repor-
tagem, Saíde disse-nos que se
encontrava fora de Maputo e
não estava em condições de te-
cer qualquer comentário. Esta
quinta-feira voltámos à fala com
Djedje mas, mais uma vez, negou
comentar o assunto.
É importante referir que Portugal,
um dos países europeus de onde
tem havido grande fluxo de pes-
soas nos últimos tempos, é um dos
países mais afectados pelo vírus na
Europa.
O que é vírus H1N1A gripe aviária é uma infecção
de gripe transmitida por aves. O vírus que causa essa infecção em aves pode mudar (sofrer mutação) e infectar humanos. Essa mutação poderia dar início a uma epidemia fatal.Os sintomas da doença incluem febre, cansaço, fadiga, dores por todo o corpo, tosse e mal-estar geral. Em casos graves a doença pode progredir com diarreia e de-sidratação, vómitos e dificuldades respiratórias.
Quem apresenta o risco de contrair a gripe AFazendeiros e outras pessoas que trabalham com aves; Viajantes que visitem países afec-tados; Pessoas que tiverem contacto com pássaros infectados; Pessoas que comeram carne de frango crua ou mal-passada, ovos ou sangue de aves infectadas; Profissionais da área da saúde e
familiares que têm contacto com
pacientes de gripe aviária também
correm mais riscos de contrair a
doença.
Bernardo Duce
Elisabeth Chaves, directora da Escola Francesa
Reunião de agentes de Saúde com pais e encarregados de educação dos alunos da Escola Francesa
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TEMA DA SEMANA 3Savana 08-03-2013 P BL DADE
TEMA DA SEMANA4 Savana 08-02-2013
Apostada numa moçam-
bicanidade genuína na
ordem, a lista encabeçada
pelo advogado Lourenço
Malia apresentou publicamente
a sua candidatura à direcção da
OAM (Ordem dos Advogados
de Moçambique), no início desta
semana em Maputo. O candidato
a bastonário da OAM sublinhou
que a sua lista quer evitar que se
abra espaço na ordem para re-
solver problemas de desemprego
em outros países, em detrimento
daquilo que são os interesses da
ordem.
Para além de Lourenço Macia,
mas conhecido por Lourenço
Malia, que concorre ao cargo de
bastonário da OAM, a lista in-
clui nomes dos advogados Au-
xílio Nhabanga proposto para o
cargo de presidente do Conselho
Jurisdicional, Teresa Muenda,
para vice-presidente do Conselho
Nacional, e Delfim de Deus para
presidente da Assembleia-Geral.
É preciso assinalar que Delfim de
Deus exerce na actual direcção da
ordem as funções de vice-presi-
dente.
Linhas do manifestoLutar por uma moçambicanida-
de genuína na ordem, promover
a formação de jovens advogados
e fazer da ordem um verdadeiro
pilar do sistema de administração
da justiça constituem alguns dos
pontos fortes da candidatura de
Lourenço Malia ao cargo de bas-
tonário da OAM.
“O que nós pretendemos como
equipa não é destruir o que foi fei-
to pela actual direcção da ordem,
pois reconhecemos a existência de
mérito no trabalho que foi feito”,
disse à imprensa o candidato.
Lourenço Malia vai disputar o
cargo de bastonário da OAM com
Tomás Timbane na eleição que
vai acontecer na assembleia-geral
ordinária de 23 de Março corren-
te. Malia diz que não tem motiva-
ções particulares ou pessoais para
disputar a direcção da ordem, pois
parte para a corrida em represen-
tação de um grupo de advogados
que nele deposita a sua confiança.
“Não estamos contra ninguém,
não estamos para atacar ninguém,
estamos preocupados com a or-
dem, queremos lutar pelos advo-
gados moçambicanos e por um
Moçambique mais justo”, afirmou
o candidato.
Limitar a importação de advogados O advogado Pedro Macaringue,
porta-voz da lista encabeçada por
Malia, disse ao SAVANA que o
grupo receia que em função dos
últimos acontecimentos no mer-
cado de advocacia se altere as
“regras de jogo para permitir que
pessoas com outros interesses
possam açambarcar a OAM”. O
receio de ver a ordem tomada por
interesses estranhos é alimentado
pela já denunciada procuradoria
ilícita que se reproduz a coberto
das chamadas parcerias entre es-
critórios nacionais e escritórios de
advogados estrangeiros.
“É por isso que falamos muito do
reforço da moçambicanidade e da
genuinidade no exercício da advo-
cacia em Moçambique”, observa
Macaringue.
O porta-voz da lista fala de “mui-
tos jovens” recém-formados em
Direito e outros já encartados
para o exercício de advocacia que
não têm tido oportunidades de
emprego.
É preciso que a ordem tenha isso
como uma preocupação, assinala,
avançando como uma das saídas a
colocação de advogados moçam-
bicanos nos “grandes projectos”
em curso no país e não os estran-
geiros que vêm a Moçambique
sob pretexto de parcerias. Para li-
mitar a importação de advogados
estrangeiros em províncias onde
decorrem os grandes projectos, a
lista de Malia propõe a criação de
condições para que os nacionais
possam trabalhar em qualquer
local do país. “É por isso que não
queremos romper com o trabalho
positivo que foi feito pela actual
direcção, e podemos garantir que
contamos com grande apoio de
pessoas que dela fazem parte para
a materialização do nosso projec-
to”, disse.
O regulamento de inscrição e
exercício de advogados estran-
geiros em Moçambique em vigor
desde 1 de Janeiro de 2012, elenca
como um dos requisitos 20 anos
de exercício de advocacia.
Segundo Macaringue, não cons-
titui objectivo da lista de Malia
“fechar as portas” aos advogados
estrangeiros, mas defende que os
mesmos entrem no país dentro
das balizas que a ordem fixou e
tragam uma mais-valia. Não é de
todo fortuito que se exige 20 anos
de exercício de advocacia como
um dos requisitos para a inscrição
e exercício de advogados estran-
geiros em Moçambique.
“Não venha para Moçambique
porque há problemas de desem-
prego no seu país”, advertiu, numa
clara referência aos advogados
portugueses que fogem da crise da
zona euro.
O porta-voz reconhece que pos-
sam existir dificuldades em en-
contrar dentro do país advogados
com especialização para atender
a solicitações em áreas mineiras e
de hidrocarbonetos, mas diz que
a solução é a formação dos advo-
gados nacionais. “É verdade que o
país não pode esperar até que nós
todos ganhemos experiência para
celebrar os grandes contratos e
evitar situações que estamos a ver
agora de tentar renegociar contra-
tos celebrados anteriormente”.
Malia quer “moçambicanidade genuína” na OAM
Em sede da carta do candidato a
bastonário da OAM, Tomás Tim-
bane, o autor do texto gostaria
de informar o seguinte: É ver-
dade que em nenhum momento
da entrevista o autor perguntou
ao candidato quantos advogados
moçambicanos e/ou portugue-
ses prestavam serviços no GLM
Advogados. Se calhar o candidato
gostaria que assim fosse questio-
nado, mas o autor optou por ques-
tionar como o candidato a basto-
nário da OAM iria lutar contra a
procuradoria ilícita, tratando-se
de uma realidade camuflada em
parcerias entre escritórios mo-
çambicanos e estrangeiros – com
destaque para portugueses, segun-
do editorial do bastonário cessan-
te, Gilberto Correia. Contextua-
lindo a pergunta, o autor afirmou
que o escritório do candidato, o
GLM-Advogados, tinha parceria
com um escritório português, no-
meadamente a PLMJ. Mais ainda,
disse que o GLM tinha seis ad-
vogados contra 12 advogados do
seu parceiro português, a PLMJ.
Na sua resposta a essa pergunta,
o candidato a bastonário em ne-
nhum momento refutou esses da-
dos númericos muito menos con-
siderou que a pergunta encerrava
“informação redondamente falsa”.
Os números de advogados foram
obtidos no portal do GLM – Ad-
vogados, durante as pesquisas que
o autor fez sobre o perfil do can-
didato antes da entrevista. O autor
não se lembra de ter lido ou visto
a última informação que consta do
perfil de cada advogado da PLMJ
Legal Network que diz o seguinte:
“Advogado sediado fora do terri-
tório moçambicano que actua em
cooperação internacional com os
Advogados do GLM – Gabinete
Legal Moçambique no âmbito da
Africa Desk de PLMJ, que opera
em estreita articulação com escri-
tórios sitos em países africanos
de língua oficial portuguesa, no
âmbito de transacções interna-
cionais”. Pelos transtornos que a
”informação redondamente fal-
sa” tenha causado ao candidato a
bastonário da OAM, apresento as
minhas sinceras desculpas.
Emídio Beúla
Nota do Autor
Por Emídio Beúla
O signatário, Advogado e
Docente Universitário, na
sequência da entrevista
publicada na última edi-
ção do Jornal SAVANA no passado
dia 1 de Março de 2013, que mui-
to agradece, vem solicitar a V.Exa
a publicação da presente carta nos
termos da Lei da Imprensa. Efecti-
vamente, o signatário concedeu essa
entrevista publicada, na sequência
da sua candidatura ao cargo de
Bastonário da Ordem dos Advo-
gados de Moçambique, em eleições
que se irão realizar no próximo dia
23 de Março do corrente ano.
Ao longo da entrevista foram feitas
diversas perguntas, designadamen-
te se o GLM – Gabinete Legal
Moçambique, o meu escritório,
teria uma parceria com a PLMJ,
uma sociedade de advogados por-
tuguesa. Em nenhum momento da
entrevista o Jornalista perguntou
quantos Advogados, moçambica-
nos e/ou portugueses, prestavam
serviços no GLM, mas na aludida
notícia refere-se que estes escritó-
rios têm 6 (seis) advogados mo-
çambicanos, o signatário, 1 (um)
estagiário, bem assim 12 (doze)
advogados portugueses. Ora, essa
informação é redondamente falsa,
causando-me a maior perplexidade
já que se tivesse o jornalista coloca-
do a questão teria sabido que todos
os advogados de GLM são mo-
çambicanos. Não tendo sido feita
essa pergunta, estranha-se como
o Jornalista chegou a conclusão
ou por que razão ou com que fim
afirmou que no GLM estavam a
prestar serviços Advogados portu-
gueses. Na verdade, o GLM é um
escritório moçambicano, integran-
do advogados moçambicanos que
celebraram um Acordo de Coope-
ração Internacional com a PLMJ
Internacional Legal Network, a
plataforma criada pela PLMJ para,
justamente, colaborar com GLM
mas também com advogados e es-
critórios associados noutras juris-
dições como sejam Angola, Cabo
Verde, Guiné-Bissau, São Tomé,
através da África Desk. Esse acor-
do está depositado na Ordem e
tem sido rigorosamente respeitado,
como não podia deixar de ser.
Uma rápida consulta ao site do
GLM, permite identificar os ad-
vogados do GLM, bem assim os
da referida PLMJ Legal Network
– África Desk, cujos currículos re-
ferem ter escritórios em Portugal e/
ou Angola. Só uma leitura distor-
cida do site permite afirmar que o
GLM tem 12 advogados portugue-
ses situação, aliás, incomportável,
pois as instalações do GLM, que
o Jornalista visitou, não tem capa-
cidade para abarcar 18 (dezoito)
advogados.
Ao abrigo do referido Acordo de
Cooperação, GLM e PLMJ têm
feito um trabalho notável de for-mação e aposta na jovem advocacia moçambicana e nos seus advoga-dos, não se entendendo o porquê destas notícias incendiárias que só causam desconfiança e instabilida-de. Seria muito mais fácil a PLMJ fazer o trabalho todo fora de Mo-çambique com advogados de outras nacionalidades (como alguns fa-zem) e não ter que gastar energias neste investimento e colaboração. Ao invés, optou por colaborar com o GLM trazendo know-how e for-mação, criando oportunidades de negócio e apostando connosco no crescimento da advocacia moçam-bicana para estar apta a responder aos desafios que se lhe colocam.O signatário agradece a esse jornal o valioso contributo para apoiar a discussão sobre temas relevantes da justiça e advocacia moçambicanas e permanece ao dispor para prestar os esclarecimentos adicionais que pretender.
Tomás TimbaneCandidato a Bastonário da Ordem
dos Advogados de Moçambique
Ex.mo Senhor Director do Jornal SAVANAMAPUTO
Da esquerda para direita: Pedro Macaringue (porta-voz da candidatura), Lourenço Malia (candidato a bastonário), Teresa Muenda (candidata a vice-presidente) e Auxílio Nhabanga (candidato a presidente do Conselho Jurisdicional)
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TEMA DA SEMANA 5Savana 08-03-2013
A Liga moçambicana dos
Direitos Humanos (LDH)
juntou duas mil assina-
turas e propôs uma acção
para apreciação da inconstituciona-
lidade dos artigos 291, 293, 308 e
311 todos do Código do Processo
Penal (CPP), ora vigente no siste-
ma jurídico moçambicano.
Na sua argumentação, a LDH diz
que o sistema penal moçambica-
no tem funcionado sob égide de
normas herdadas do período co-
lonial, como é o caso do Código
de Processo Penal, aprovado em
1929. Todavia, com a aprovação da
Constituição de 1990, e mais re-
centemente com a Constituição de
2004, alguns artigos do CPP deixa-
ram de estar em consonância com o
quadro constitucional em vigor em
Moçambique.
Segundo a LDH, a demora na Re-
forma do CPP representa uma das
principais causas para o desrespeito
das liberdades e garantias funda-
mentais e dos direitos humanos em
Moçambique.
A Liga diz que o artigo 291 do
CPP estabelece na alínea a), a in-
caucionabilidade dos crimes puní-
veis com pena de prisão maior fixa,
sem consideração pelas razões de
necessidade, adequação e propor-
cionalidade, que sustentam a im-
posição da prisão preventiva. Nessa
senda, entende que este artigo deve
ser tido por inconstitucional, por
violação dos princípios da liberdade
e da presunção da inocência.
Avança referindo que a limitação
dos direitos e liberdades fundamen-
tais no Estado Social de Direito,
apenas deve ser levada a cabo por
entidade de carácter jurisdicional,
daí que: “defendemos a supressão
da norma do artigo 293 do CPP, na
redacção dada pela Lei n. 2/93 de
24 de Junho, a qual permite auto-
ridades da Polícia de Investigação
Criminal ordenar a captura fora de
flagrante delito, do ordenamento
jurídico moçambicano”.
Quanto ao artigo 308 do CPP, a
LDH reclama o facto de a manu-
tenção da culpa formada até a de-
cisão judicial definitiva com conse-
quente manutenção da prisão pôr
em causa o direito à liberdade.
Entende o proponente que a inco-
municabilidade do arguido, previs-
ta no 1 do art. 311, do CPP, põe em
causa o direito de defesa adequada
e oportuna e constrange o exercício
do direito à advocacia, razão pela
qual, igualmente deve ser tida como
inconstitucional.
Na sua exposição, a LDH diz que
o sistema penal em Moçambique
tem funcionado à margem do dis-
curso e da fundamentação jurídico
penal, à margem da legalidade, so-
bretudo no que concerne a questão
da prisão preventiva, violando o
princípio da liberdade.
Continua referindo que o disposi-
tivo legal em apreço consubstancia
uma situação de antecipação da
culpa, o que contraria as bases em
que se funda o Estado Social do
Direito violando os princípios da
liberdade e da presunção da ino-
cência, previstos nos termos do art.
59 da Constituição da República.
Para a LDH a prisão preventiva
não pode e não deve ser utilizada
pelo poder público, como instru-
mento de punição antecipada da-
quele a quem se imputou a prática
de um delito, pois a Constituição
da República é inconciliável com a
condenação sem defesa prévia.
“Há que ter em conta as vantagens
para o sistema prisional em caso
de alteração do regime do preceito
legal em apreço, derivadas da re-
dução da superlotação das cadeias
e consequente redução dos custos
da gestão de prisões com excesso
de população ociosa”, lê-se no do-
cumento.
Quanto ao artigo 293 do CPP, na
redacção dada pela Lei n. 2/93 de
24 de Junho, a LDH diz que se-
gundo o número 4 do artigo 223 da
Constituição, os tribunais judiciais
são tribunais comuns em matéria
civil e criminal e exercem jurisdi-
ção em todas as áreas não atribu-
A petição já está no Conselho Constitucional
LDH pede inconstitucionalidade do Código do Processo Penal ídas a outras ordens jurisdicionais.
Pelo que, não perece razoável que
polícias, administradores distritais
e chefes de localidade, muitos dos
quais sem formação em direito
possam ter o poder intervir sobre
liberdade dos cidadãos, um dos ba-
luartes do Estado Social de Direito.
Assim, por conta da norma do art.
293 do Código de Processo Penal,
na redacção dada pela Lei n. 2/93
de 24 de Junho, a prisão preventiva
está banalizada, dado que muitas
vezes tem sido decretada sem se
observarem os respectivos pressu-
postos.
“O art. 293 não acompanhou a evo-
lução constitucional ocorrida no
ordenamento jurídico, estando por
isso em contradição com os prin-
cípios fundamentais nela plasma-
dos, dentre os quais destacam-se, o
princípio da separação de poderes e
o princípio da liberdade, previstos
nos arts. 134 e 59, da Constituição
da República, respectivamente”.
Sobre o artigo 308 que diz: “man-
tém-se a culpa formada até a deci-
são final, a não ser que em qualquer
recurso o arguido seja despronun-
ciado ou absolvido”, a LDH diz que
têm sérias dúvidas sobre a consti-
tucionalidade do mesmo porque a
Constituição da República diz no
nº 1, do art. 61: “são proibidas pe-
nas e medidas de segurança privati-
vas ou restritivas de liberdade com
carácter perpétuo ou de duração
ilimitada ou indefinida”.
Dados os factos, a LDH entende
que não se pode submeter o argui-
do a prisão preventiva despropor-
cional, tanto mais que a pena que se
baseia num juízo de certeza, ainda
que falível, tem prazos definidos
na medida em que, por conta da
norma ora atacada, muitos inocen-
tes têm sido sacrificados em longos
anos de prisão preventiva.
Quanto ao artigo 311, o propo-
nente avança que a norma supra-
-referenciada choca com o disposto
no n. 4, do art. 63, da Constituição
da República onde se estatui: “o ad-
vogado tem direito de comunicar
pessoal e reservadamente com o seu
patrocinado, mesmo quando este se
encontre preso ou detido em esta-
belecimento civil e militar”.
Acrescenta que a norma em causa
lesa o direito de defesa adequada e
restringe a liberdade de exercício da
advocacia, considerando que os ad-
vogados não podem ser impedidos
por qualquer autoridade de praticar
actos próprios da advocacia, nos ter-
mos do art. 55 da Lei n. 28/2009,
de 29 de Setembro (Estatuto da
Ordem dos Advogados de Moçam-
bique).
Para a LDH, a incomunicabilidade
prevista na norma retro menciona-
da tem um potencial lesivo para o
arguido e para o advogado e fere a
Constituição da República que ele-
ge entre as garantias fundamentais
do cidadão perante a justiça o direi-
to a ser assistido por advogado em
qualquer momento da sua detenção
e onde quer que ela se efectue.
É nestes termos, que a LDH deci-
diu recolher um total de duas mil
assinaturas e requer junto ao CC a
apreciação e a inconstitucionalidade
dos artigos do Código de Processo
Penal retro-mencionados, devendo-
-os declarar inconstitucionais e or-
denar a sua não aplicabilidade.
Por Raúl Senda
Os restos mortais do
taxista moçambi-
cano, Mido Macia,
assassinado sema-
na passada, por agentes da
polícia sul-africana, chegam
hoje (sexta-feira) a terra que
o viu nascer e as cerimónias
fúnebres terão lugar no sába-
do, no posto administativo de
Matola-rio, na província de
Maputo.
Enquanto o bárbaro assassina-
to do jovem taxista moçambi-
cano, Emídio Macia “Mido”,
continua a abalar o mundo
devido à brutalidade imposta
por oito agentes da polícia sul-
-africana, os seus restos mor-
tais chegam hoje a terra que o
viu o nascer onde vão repousar
eternamente.
Várias vozes provenientes
de diversos cantos do mun-
do continuam a repudiar o acto,
pedindo uma pena exemplar aos
infractores. Sendo que, o governo
Sul-africano já se manifestou pe-
dindo desculpas e demonstrou a
sua total disponibilidade em cola-
borar para que seja feita a justiça.
No âmbito de solidariedade pela
morte de Mido, mais de duas mil
pessoas juntaram-se, esta quarta-
-feira, no estádio de Daveyton,
arredores de Joahanesburg, numa
cerimónia religiosa e prestaram úl-
tima homenagem ao jovem taxista.
Segundo resultados da autopsia re-
velados pela imprensa sul-africana,
Emídio Macia, 27 anos, residente
na África do Sul desde os 10 anos,
morreu duas horas e meia após so-
frer ferimentos na cabeça por uma
hemorragia interna. Sendo que an-
tes, foi amarrado num carro policial
e arrastado num percurso estimado
em 400 metros de estrada alcatro-
ada.
Os oitos agentes indiciados,
retornam hoje ao tribunal
para se confirmar através da
indentificação por testemu-
nhas se de facto são ou não os
autores de crime repudiável.
Para além de querer identifi-
car os oito polícias, a justiça
sul-africana pretende tam-
bém saber, se Macia foi ou
não agredido pelos agentes
no interior da esquadra, o que
os tornaria culpados de homi-
cídio premeditado e punível
com pena de prisão perpétua.
A nível nacional, a Liga Mo-
çambicana dos Direitos Hu-
manos (LDH) agendou uma
marcha pacífica para amanhã
(sábado), como forma de re-
pudiar o assassinato do nosso
compatriota.
O Conselho Empresarial
Nacional da Confedera-
ção das Associações Eco-
nómicas de Moçambique
(CTA) realiza nesta sexta-feira em
Maputo, a sua XIII reunião anual.
Para preparar o encontro, a organi-
zação reuniu-se semana passada. A
reunião de quinta-feira foi dirigida
pelo Presidente da CTA, Rogério
Manuel, e contou com a presença
do Ministro da Juventude e Des-
portos, Fernando Sumbana, em
representação do seu homólogo da
Indústria e Comércio, Armando
Inroga.
Intervindo na ocasião, Rogério
Manuel disse que de entre outros
assuntos de interesse para a classe
empresarial do país, o encontro vi-
sava também encontrar formas de
como redefinir a estratégia para a
melhoria do ambiente de negócios
e promover o desenvolvimento em-
presarial.
Tinha também o objectivo de ana-
lisar como os recursos naturais po-
dem trazer valor acrescentado para
o empresariado nacional, sobretudo
num momento em que o país regis-
ta uma intensa actividade de explo-
ração de recursos naturais.
Sublinhou também a importância
da adopção de um quadro legal
que garanta que as multinacionais
operem com os locais e que garanta
uma previsibilidade de longo pra-
zo do leque de serviços e produtos
locais que elas possam procurar em
Moçambique.
A ausência de políticas que garan-
tam o envolvimento cada vez maior
de empresários moçambicanos na
actividade económica do país foi
tema dominante durante o encon-
tro, tendo, em relação a este assunto,
o Ministro Sumbana desafiado os
empresários nacionais, congregados
na CTA, a apresentarem propostas
sobre como tal legislação pode ser
elaborada e submetida à aprovação
da Assembleia da república.
A Conferência Anual do Sector
Privado será presidida pelo Presi-
dente da república e terá a partici-
pação de quase todos os membros
do governo e outros sectores de in-
teresse para a área empresarial.
CTA em Conferência Anual
Restos mortais de Mido Macia no solo pátrio
Alice Mabote
6 Savana 08-02-2013SOCIEDADE
O Instituto de Directores de Moçambique organiza no próximo dia 13 de Março de 2013, um Business Breakfast cujo tema será “ O Papel da Mulher no Desenvol-vimento”.
O objectivo desta apresentação é de abordar a problematica da participação da mulher no desenvolvimento de Moçambique, numa perspectiva realista não rei-vindicativa. Trata-se de um reconhecimento, um tributo e, quiçá uma melhor inter-pretação sobre contribuição da mulher no desenvolvimento.
Oradora – Dra. Natividade Bule - Advogada.A Dra. Natividade Bule, tem um Mestrado em Direito de Empresa, é Licenciada
organização empresarial.-
lidade (Sonap/Sonarep, Ministério do Interior, Ministério dos Negócios Estrangei-ros); de professorado (lingua Portuguesa, Contabilidade e Gestão); de responsavel
Económicas e como Membro Activo de Órgãos Sociais da Câmara Bilaterais de Comércio entre Moçambique com vários Países.
O Instituto de Directores de Moçambique tem o prazer de convidar os membros e não membros, administradores executivos e não executivos, gestores em entidades públicas e privadas, académicos, juristas e em especial aos Presidentes de Conse-lho de Administração e Administradores Delegados/Directores Gerais, a partici-parem deste interessante debate.
Local: Girassol Baía Hotel. Data: 13 de Março de 2013, quarta-feira. Duração: 08h00 às 10h00.
NOTA:
Rua da Imprensa, número 256, R/C. Porta nr. 04, Prédio 33 Andares, Telefax: +258 (21) 300596, Cell: +258 (84) 3890580. Email: [email protected]
Integridade & EmpreendedorismoCONVITE
“ O Papel da Mulher no Desenvolvimento” UNICEF Mozambique pretende recrutar um Consultor/a baseado em Nampula,
para apoiar a implementação do Programa de Água, Saneamento e Higiene (Pro-
grama NAMWASH) na Província de Nampula O Programa NAMWASH é im-
plementado em parceria com AIAS (Administracao de Infraestructuras de Agua e
Saneamento) o Governo Provincial de Nampula, AusAID e UNICEF.
A consultoria tem como objectivo prestar assistência técnica em assuntos de Admi-
nistração e Finanças do Programa NAMWASH nas vilas seleccionadas na província
de Nampula.
Requisitos:
-
mente na área de águas e saneamento.
mínima.
Os (as) candidatos (as) devem enviar o seu Curriculum com fotocópias dos docu-
-
ferencias para:
UNICEF
Secçãode Recursos Humanos
Maputo
Email: [email protected]
Prazo de entrega: 15 Março 2013
O UNICEF está comprometido com o equilibro de género no seu mandato e nos
-
mente encorajados a concorrer.
So serão contactados os candidatos selecionados para entrevista.
Convite para ConsultoriaBID Reference # 2013/HR/06
7Savana 08-03-2013 PUBLICIDADE
8 Savana 08-02-2013SOCIEDADE
A delapidação de recursos
naturais na Reserva Na-
cional de Niassa, distrito
de Mecula, província do
mesmo nome, está a atingir contor-
nos alarmantes.-
ração ilegal da madeira são parte das
que constitui a forma mais clara de
delapidação de recursos naturais.
A ofensiva ilegal contra recursos na-
-
geiros e moçambicanos e é materia-
forma indiscriminada elefantes para
Na lista de mandates estrangeiros
predominam cidadãos provenien-
tes da região dos grandes lagos e do
Quénia.
aquele ponto de protecção faunístico
e bravio e constatou que a Reser-
confrontada com a caça de elefantes
por cidadãos oriundos da região dos
grandes lagos, tanzanianos e quenia-
nos, em parceria com membros das
-
por estes estrangeiros para caça ao
elefante deve-se ao facto de na Tan-
bastante rigorosa e no caso de Mo-
fronteiras, o que facilita a entrada de
caçadores furtivos na reserva.
De acordo com uma das fontes con-
sultadas, só no ano de 2010 registou-
Soubemos que para se caçar os ele-
-
-
cam os elefantes, controlam os seus
movimentos e em seguida entram
em contacto com os tanzanianos
em troca de algumas somas monetá-
no negócio e recebem valores para
facilitar o abate junto com os furti-
vos.
-
restas, fauna bravia e agrária dos
Serviços Distritais de Actividades
Imede, a área que dirige enfrenta
-
nianos atravessam o rio Rovuma em
canoas tradicionais e abatem os ele-
-
zação junto à margem do rio.
algumas pessoas que se dedicam à
caça de animais para o consumo e
-
nada fazem, pois segundo a nossa
fonte eles também querem comer a
própria carne.
No local, soubemos que para a caça
do elefante, os furtivos usam arma
de fogo, envenenamento das abóbo-
ras (um dos principias alimentos dos
pregos nos corredores dos elefantes.
O uso de arma de fogo na caça ao
elefante é o sistema frequentemente
usado pelos furtivos.
Os elefantes em norma têm o seu
corredor de passagem quando se
deslocam à procura dos cursos de
água para beberam ou à procura de
alimentos. É nestes corredores de
passagem que os caçadores colocam
-
sito de ferir as pernas dos elefantes
morte.
valor comercial bastante elevado,
embora não conseguimos apurar
quanto os furtivos locais recebem
dos estrangeiros por facilitarem o
abate dos elefantes.
Entretanto, nos países para onde
preço de USD 1000 por quilograma.
O director provincial do Turismo de
no ano passado foram apreendidos
cerca de 27kg cada. Em termos nu-
méricos pode-se notar que os dois
dentes renderiam aos furtivos cerca
Estes dados, por si só, mostram
quanto o nosso país perde com a
caça furtiva ao elefante e facilmente
enriquece os furtivos estrangeiros e
os locais continuam mais pobres.
Segundo o director provincial de
Turismo, para reduzir e desencora-
jar esta prática, a Reserva do Niassa
recebeu recentemente uma avioneta
-
“Esperamos que com estes equipa-
mentos a caca ao elefante diminua
consideravelmente”, disse.
Exploração de madeira.Para além da caça ao elefante, os
tanzanianos e quenianos dedicam-se
-
bém em conivência com a comuni-
No terreno, soubemos que os fur-
tivos procuram mais a madeira de
primeira (Umbila, Jambila, etc). Es-
tes furtivos fornecem motoserras aos
nativos para abaterem as espécies
facilitarem o transporte nas canoas.
Segundo fontes locais, por cada tá-
bua de madeira de primeira os furti-
apercebem da presença dos furtivos,
causam durante a actividade, a nossa
percebe como isto acontece porque
nas margens do rio Rovuma”.
na facilitação do corte de madeira, já
foram apreendidas cinco motoserras
pessoas envolvidas neste negócio e
conduzidos ao tribunal do distrito
de Marrupa.
A Reserva do Niassa localiza-se a
-
22000km são blocos de caça.
O acesso é feito através de uma es-
-
ra batida até ao distrito de Mecula.
A Reserva de Niassa é gerida por
duas entidades nomeadamente o
e a Sociedade de gestão para o De-
senvolvimento da Reserva do Niassa
nacionais, denominada Sociedade de
Desenvolvimento para a Reserva do
Niassa.
bravia
distrito de Mecula encontram-se no
interior da Reserva do Niassa, pelo
é inevitável. Os elefantes dirigem-se
-
cal, quer de dia quer de noite à pro-
cura de alimentos. Em muitos casos,
as pessoas são vítimas mortais dos
Segundo a secretária permanente
acusa a população de ter retirado a
invasão dos elefantes às suas ma-
A agricultura e a criação de gado são
a base de sustentabilidade da popu-
lação do distrito de Mecula e sendo
uma zona de conservação não se
pode desenvolver actividades como
a montagem de pequenas indústrias
de processamento de produtos agro-
-pecuários.
Apurámos que a movimentação dos
é movida em muitos casos pela prá-
tica de queimadas o que abre muitas
-
mentarem.
um problema que ainda vai persistir,
-
-
animais.
De acordo com a nossa interlocu-
-
mem-fauna bravia, o governo local
sensibiliza a população a sair das zo-
nas mais críticas, a fazer zoneamento
afugentamento (embora em número
blocos para evitar dispersão das pes-
soas e serem atacadas isoladamente.
bravia continue a fazer algumas ví-
timas no distrito de Mecula, a nossa
-
nuir.
“Nos anos passados, os elefantes
vitimavam mortalmente cerca de
recentes apontam para uma redução
considerável para cerca de 2 pessoas
por ano.
-
durecidas para reassentar a popula-
ção e as infra-estruturas do governo
mas, ainda não é um dado adquirido
uma vez que não foi tomada qual-
quer decisão a nível do governo cen-
tral acerca do assunto”, disse.
Por sua vez, o director provincial de
uma tentativa de persuadir a popu-
lação a abandonar a zona com seus
próprios meios, uma medida que foi
imediatamente contestada pelo go-
vernador da província do Niassa.
“O governo espera agora que a po-
pulação sentindo a pressão dos ani-
mais se retire voluntariamente para
zonas mais seguras”, João Juvêncio.
A população do distrito de Mecula
frequentemente dirige-se aos Servi-
ços Distritais de Actividades Eco-
nómicas para reclamar da invasão
Paralelamente a isto, a comunidade
-
fício com as actividades turísticas desenvolvidas pela reserva. Embora
-
-pulação não se sente satisfeita. O processo de canalização deste valor
-pectativas frustradas à comunidade.A reclamação da comunidade é re-
de Turismo de Niassa ao referir: “quando se assinou o acordo de ges-tão, não foram consideradas as ques-
O Distrito de Mecula foi engolido -
culta a comunidade desenvolver ac-tividades de geração de rendimento. Neste âmbito, o envolvimento das comunidades na caça ao elefante e
-restais é em muitos casos motivado pela falta de alternativas e oportu-nidades para desenvolver algumas
A agricultura é a base de sustentabi-lidade daquela população, entretan-to, não pode ser praticada em grande escala pois localiza-se nas zonas de conservação e mesmo assim enfrenta invasão de elefantes que devoram e
a população mais pobre.A produção do mel também é um grande potencial do distrito e esta potencialidade é aproveitada por alguns nativos. A falta de rede de
-rias fazem com que este produto não encontre mercado. A nível local, o mel quase que não é comercializado e os produtores deslocam-se cerca de
-mercialização.O Fundo do Desenvolvimento
é pouco aproveitado, visto não po-
derem desenvolver pequenas indús-
trias.
Reserva de Niassa: o rosto de delapidação dos recursos naturais
9Savana 08-03-2013 SOCIEDADE
CENTRO AUDITIVO
Correcção Audi-
tiva e Acústica Mé-
dica ZUMBIDOS
ou TINNITUS nos
OUVIDOS!
A maioria das pessoas
pode conseguir bem-
estar. Estudos cientí-
ficos indicam que
90% dos pacientes
com graves Zum-bidos também sofre
de perda de audição.
Pessoas com zumbi-
dos nos ouvidos de-
veriam procurar ajuda
de um clínico com
conhecimento sobre
como tratar Zum-bidos com aparelhos
auditivos.Av.Mao Tsé
Tung,533 Maputo.
Tel/Cel:21 497 905 e
82 630 98 12
A Organização dos Trabal-
hadores Moçambicanos
(OTM-CS) lançou, na man-
hã de ontem, os primeiros
sinais de determinação no
sentido de, neste ano, levar a cabo uma
discussão séria no âmbito das negociações
para a definição do salário mínimo na-
cional a vigorar a partir de 1 de Abril. Os
sindicatos falam da necessidade de união
para a cobrança de um “salário justo”. A
massa laboral que, na manhã de ontem,
esteve presente na primeira sessão da Co-
missão Consultiva do Trabalho (CCT),
entende estarem criadas condições míni-
mas que assegurem a concretização desse
desiderato, ou seja, o pagamento de salári-
os que consigam responder, no mínimo, o
actual nível do custo de vida.
Francisco Mazoio, porta-voz da OTM-
CS, entende que os actuais níveis de
produção, tanto no Estado, assim como
no sector privado, possibilitam uma
remuneração que, mesmo não indo
aí além, pode resolver os mais básicos
problemas do trabalhador.
A ministra do trabalho, Maria Helena
Taipo, dirigiu o encontro que, tal como
mandam as regras, conta igualmente
com a participação do sector patronal,
no caso representado pela Confeder-
ação das Associações Económicas de
Moçambique (CTA).
Apesar de as reuniões negociais entre os
sindicatos, trabalhadores e governo ter-
em iniciado há pouco mais de duas se-
manas, as partes não aceitaram no final
da sessão de ontem avançar os números
que tem estado a ser debatidos e que
constituem as propostas dos aumentos
que deverão definir os salários mínimos
nacionais deste ano.
Entretanto, o mediaFAX soube que
os trabalhadores colocaram na mesa
números que partem dos 10 por cento
de aumento salarial, ou seja, o pior sec-
tor não deve receber aumentos abaixo
de 10 por cento.
“Nós esperamos que a nova tabela
traga um salário digno e justo para o
trabalhador. Julgamos haver razões para
tal. Temos bons indicadores do cresci-
mento económico, por isso os salários
devem ser melhorados de acordo com
a nossa produtividade” – exigiu Mazoio.
O representante dos trabalhadores fez
notar ainda que o seu organismo já
tem as propostas dos nove sectores de
actividade, ou seja, as propostas secto-
riais avançadas e dadas a conhecer a
OTM para posterior encaminhamento
e discussão na Comissão Consultiva do
Trabalho.
Apesar de não ter aceite dar números
exactos segundo as propostas, Mazoio
fez notar que os actuais 2.380 meticais
definidos como o salário mínimo no
aparelho do Estado deve observar, este
ano, uma subida considerável, tudo na
perspectiva de responder o choro do
funcionário público.
Este sector apareceu com a percenta-
gem mais baixa na subida salarial do
ano passado, seguida do sector de con-
strução que beneficiou um aumento na
ordem dos 9 por cento, com um salário
mínimo praticado de 2.779 meticais.
“Não vale apenas estar aqui a falar de
números até porque são apenas propos-
tas que carecem ainda de um análise
profunda. Se eu tiver que falar de per-
centagens dos 9 sectores, corremos o
risco de nos confundir” – disse Mazoio.
A OTM-CS entende que o salário
mínimo actualmente em vigor no país,
é desadequado à realidade social dos
trabalhadores moçambicanos.
“Alguns sectores não chegaram a atingir
aquilo que foi a inflação verificada no
ano passado. O actual salário mínimo
não chega a cobrir metade das despesas
de uma família, o que é simplesmente
triste para a ginástica que as famílias
devem fazer no seu dia a dia” – anotou
Mazoio.
Depois de um crescimento de 7,2
para 7.5 por cento, de 2011 para 2012,
as previsões deste ano indicam um
crescimento que deve alcançar os 7.9
por cento. Estes são números que, se-
gundo Mazoio, devem ser reflectidos
nas propostas que devem vincar na
definição do novo salário mínimo na-
cional.
Entretanto, a ministra do trabalho, Ma-
ria Helena Taipo pediu na abertura da
sessão que o processo negocial corra de
forma consensual, tudo na perspectiva
de satisfazer cada uma das partes.
Adelino Buque, representante dos em-
pregadores escusou-se a fazer quaisquer
comentários em relação ao assunto.
(Eduardo Conzo)
Sindicatos prometem “guerra” por um “salário justo”
10 Savana 08-02-2013INTERNACIONAL
Morreu o líder político
democrático mais
carismático das últi-
mas décadas. Quando
acontece em democ-
racia, o carisma cria uma relação
política entre governantes e gov-
ernados particularmente mobiliza-
dora, porque junta à legitimidade
democrática uma identidade de
pertença e uma partilha de objectivos
que está muito para além da repre-
sentação política.
As classes populares, habituadas a
serem golpeadas por um poder dis-
tante e opressor (as democracias de
baixa intensidade alimentam esse
poder) vivem momentos em que a
distância entre representantes e rep-
resentados quase se desvanece. Os
opositores falarão de populismo e de
autoritarismo, mas raramente con-
vencem os eleitores. É que, em de-
mocracia, o carisma permite níveis de
educação cívica democrática dificil-
mente atingíveis noutras condições.
A difícil química entre carisma e
democracia aprofunda ambos, sobr-
etudo quando se traduz em medidas
de redistribuição social da riqueza. O
problema do carisma é que termina
com o líder. Para continuar sem ele,
a democracia precisa de ser reforçada
por dois ingredientes cuja química
é igualmente difícil, sobretudo num
imediato período pós-carismático:
a institucionalidade e a participação
popular.
Ao gritar nas ruas de Caracas “To-
dos somos Chávez!” o povo está
lucidamente consciente de que
Chávez houve um só e que a rev-
olução bolivariana vai ter inimigos
internos e externos suficientemente
fortes para pôr em causa a intensa
vivência democrática que ele lhes
proporcionou durante catorze anos.
O Presidente Lula do Brasil tam-
bém foi um líder carismático. Depois
dele, a Presidenta Dilma aproveitou
a forte institucionalidade do Estado
e da democracia brasileiras, mas tem
tido dificuldade em complementá-
la com a participação popular. Na
Venezuela, a força das instituições é
muito menor, ao passo que o impulso
da participação é muito maior. É
neste contexto que devemos analisar
o legado de Chávez e os desafios no
horizonte.
O legado de ChávezRedistribuição da riqueza. Chávez,
tal como outros líderes latino-amer-
icanos, aproveitou o boom dos re-
cursos naturais (sobretudo petróleo)
para realizar um programa sem prec-
edentes de políticas sociais, sobr-
etudo nas áreas da educação, saúde,
habitação e infraestruturas que mel-
horaram substancialmente a vida da
esmagadora maioria da população.
Alguns exemplos: educação obrig-
atória gratuita; alfabetização de mais
de um milhão e meio de pessoas, o
que levou a UNESCO a declarar a
Venezuela como “território libre de
analfabetismo”; redução da pobreza
extrema de 40% em 1996 para 7.3%
hoje; redução da mortalidade infantil
de 25 por 1000 para 13 por mil no
mesmo período; restaurantes popu-
lares para os sectores de baixos recur-
sos; aumento do salário mínimo, hoje
o salário mínimo regional mais alto,
segundo a OIT. A Venezuela saudita
deu lugar à Venezuela bolivariana.
A integração regional. Chávez foi
o artífice incansável da integração
do subcontinente latino-americano.
Não se tratou de um cálculo mes-
quinho de sobrevivência e de he-
gemonia. Chávez acreditava como
ninguém na ideia da Pátria Grande
de Simón Bolívar. As diferenças
políticas substantivas entre os vári-
os países eram vistas por ele como
discussões no seio de uma grande
família. Logo que teve oportuni-
dade, procurou reatar os laços com
o membro da família mais renitente
e mais pró-EUA, a Colômbia. Pro-
curou que as trocas entre os países
latino-americanos fossem muito
para além das trocas comerciais e que
estas se pautassem por uma lógica de
solidariedade, complementaridade
económica e social e reciprocidade,
e não por uma lógica capitalista. A
sua solidariedade com Cuba é bem
conhecida, mas foi igualmente deci-
siva com a Argentina, durante a crise
da dívida soberana em 2001-2002, e
com os pequenos países das Caraíbas.
Foi um entusiasta de todas as formas
de integração regional que ajudassem
o continente a deixar de ser o back-
yard dos EUA. Foi o impulsionador
da ALBA (Alternativa Bolivariana
para as Américas), depois ALBA-
TCP (Aliança Bolivariana para os
Povos da Nossa América- Tratado de
Comércio dos Povos) como alterna-
tiva à ALCA (Área de livre Comé-
rcio das Américas) promovida pelos
EUA, mas também quis ser membro
do Mercosul. CELAC (Comunidade
dos Estados Latino-Americanos e
Caribenhos), UNASUL (União de
Nações Sul-Americanas) são outras
das instituições de integração dos
povos da América Latina e Caribe a
que Chávez deu o seu impulso.
Anti-imperialismo. Nos períodos
mais decisivos da sua governação
(incluindo a sua resistência ao golpe
de Estado de que foi vítima em
2002) Chávez confrontou-se com
o mais agressivo unilateralismo dos
EUA (George W. Bush) que teve o
seu ponto mais destrutivo na invasão
do Iraque. Chávez tinha a convicção
de que o que se passava no Médio-
Oriente viria um dia a passar-se na
América Latina se esta não se pre-
parasse para essa eventualidade. Dai
o seu interesse na integração region-
al. Mas também estava convencido
de que a única maneira de travar os
EUA seria alimentar o multilateral-
ismo, fortalecendo o que restava da
Guerra Fria. Daí, a sua aproximação
à Rússia, China e Irão. Sabia que os
EUA (com o apoio da União Euro-
peia) continuariam a “libertar” todos
os países que pudessem contestar
Israel ou ser uma ameaça para o
acesso ao petróleo. Daí, a “libertação”
da Líbia, seguida da Síria e, em fu-
turo próximo, do Irão. Daí também
o “desinteresse” dos EUA e EU em
“libertarem” o país governado pela
mais retrógrada ditadura, a Arábia
Saudita.
O socialismo do século XXI. Chávez
não conseguiu construir o socialismo
do século XXI a que chamou o so-
cialismo bolivariano. Qual seria o
seu modelo de socialismo, sobretudo
tendo em vista que sempre mostrou
uma reverência para com a experiên-
cia cubana que muitos consideraram
excessiva? Conforta-me saber que
em várias ocasiões Chávez tenha
referido com aprovação a minha
definição de socialismo: “socialismo
é a democracia sem fim”. É certo que
eram discursos, e as práticas seriam
certamente bem mais difíceis e com-
plexas. Quis que o socialismo boli-
variano fosse pacífico mas armado
para não lhe acontecer o mesmo que
aconteceu a Salvador Allende. Tra-
vou o projecto neoliberal e acabou
com a ingerência do FMI na econo-
mia do país; nacionalizou empresas,
o que causou a ira dos investidores
estrangeiros que se vingaram com
uma campanha impressionante de
demonização de Chávez, tanto na
Europa (sobretudo em Espanha)
como nos EUA. Desarticulou o
capitalismo que existia, mas não o
substituiu. Daí, as crises de abasteci-
mento e de investimento, a inflação
e a crescente dependência dos rendi-
mentos do petróleo. Polarizou a luta
de classes e pôs em guarda as velhas e
as novas classes capitalistas, as quais
durante muito tempo tiveram quase
o monopólio da comunicação social
e sempre mantiveram o controlo do
capital financeiro. A polarização caiu
na rua e muitos consideraram que
o grande aumento da criminalidade
era produto dela (dirão o mesmo do
aumento da criminalidade em São
Paulo ou Joanesburgo?).
O Estado comunal. Chávez sabia
que a máquina do Estado construída
pelas oligarquias que sempre domi-
naram o país tudo faria para bloquear
o novo processo revolucionário que,
ao contrário dos anteriores, nascia
com a democracia e alimentava-se
dela. Procurou, por isso, criar es-
truturas paralelas caracterizadas
pela participação popular na gestão
pública. Primeiro foram as misiones
e gran misiones, um extenso progra-
ma de políticas governamentais em
diferentes sectores, cada uma delas
com um nome sugestivo (Por. ex., a
Misíon Barrio Adentro para oferecer
serviços de saúde às classes popu-
lares), com participação popular e a
ajuda de Cuba. Depois, foi a institu-
cionalização do poder popular, um
ordenamento do território paralelo
ao existente (Estados e municípios),
tendo como célula básica a comuna,
como princípio, a propriedade social
e como objectivo, a construção do
socialismo. Ao contrário de outras
experiências latino-americanas que
têm procurado articular a democra-
cia representativa com a democracia
participativa (o caso do orçamento
participativo e dos conselhos popu-
lares sectoriais), o Estado comunal
assume uma relação confrontacional
entre as duas formas de democracia.
Esta será talvez a sua grande debi-
lidade.
Venezuela e o continente A partir de agora começa a era pós-
Chávez. Haverá instabilidade políti-
ca e económica? A revolução bolivar-
iana seguirá em frente? Será possível
o chavismo sem Chávez? Resistirá ao
possível fortalecimento da oposição?
Os desafios são enormes. Eis alguns
deles.
A união cívico-militar. Chávez as-
sentou o seu poder em duas bases: a
adesão democrática das classes pop-
ulares e a união política entre o poder
civil e as forças armadas. Esta união
foi sempre problemática no conti-
nente e, quando existiu, foi quase
sempre de orientação conservadora e
mesmo ditatorial. Chávez, ele próp-
rio um militar, conseguiu uma união
de sentido progressista que deu es-
tabilidade ao regime. Mas para isso
teve de dar poder económico aos
militares o que, para além de poder
ser uma fonte de corrupção, poderá
amanhã virar-se contra a revolução
bolivariana ou, o que dá no mesmo,
subverter o seu espírito transforma-
dor e democrático.
O extractivismo. A revolução boli-
variana aprofundou a dependência
do petróleo e dos recursos naturais
em geral, um fenómeno que longe
de ser específico da Venezuela, está
hoje bem presente em outros países
governados por governos que con-
sideramos progressistas, sejam eles o
Brasil, a Argentina, o Equador ou a
Bolívia. A excessiva dependência dos
recursos está a bloquear a diversifi-
cação da economia, está a destruir o
meio ambiente e, sobretudo, está a
constituir uma agressão constante às
populações indígenas e camponesas
onde se encontram os recursos, po-
luindo as suas águas, desrespeitando
os seus direitos ancestrais, violando
o direito internacional que obriga à
consulta das populações, expulsan-
do-as das suas terras, assassinando
os seus líderes comunitários. Ainda
na semana passada assassinaram um
grande líder indígena da Sierra de
Perijá (Venezuela), Sabino Romero,
uma luta com que sou solidário há
muitos anos. Saberão os sucessores
de Chávez enfrentar este problema?
O regime político. Mesmo quando
sufragado democraticamente, um re-
gime político à medida de um líder
carismático tende a ser problemático
para os seus sucessores. Os desafios
são enormes no caso da Venezuela.
Por um lado, a debilidade geral das
instituições, por outro, a criação de
uma institucionalidade paralela, o
Estado comunal, dominada pelo
partido criado por Chávez, o PSUV
(Partido Socialista Unificado da
Venezuela). Se a vertigem do par-
tido único se instaurar, será o fim
da revolução bolivariana. O PSUV
é um agregado de várias tendências
e a convivência entre elas tem sido
difícil. Desaparecida a figura agrega-
dora de Chávez, é preciso encontrar
modos de expressar a diversidade in-
terna. Só um exercício de profunda
democracia interna permitirá ao
PSUV ser uma das expressões nacio-
nais do aprofundamento democráti-
co que bloqueará o assalto das forças
políticas interessadas em destruir,
ponto por ponto, tudo o que foi
conquistado pelas classes populares
nestes anos. Se a corrupção não for
controlada e se as diferenças forem
reprimidas por declarações de que
todos são chavistas e de que cada um
é mais chavista do que o outro, estará
aberto o caminho para os inimigos
da revolução. Uma coisa é certa: se
há que seguir o exemplo de Chávez,
então é crucial que não se reprima a
crítica. É necessário abandonar de
vez o autoritarismo que tem carac-
terizado largos sectores da esquerda
latino-americana.
O grande desafio das forças progres-
sistas no continente é saber distin-
guir entre o estilo polemizante de
Chávez, certamente controverso, e
o sentido político substantivo da sua
governação, inequivocamente a favor
das classes populares e de uma inte-
gração solidária do subcontinente.
As forças conservadoras tudo farão
para os confundir. Chávez contribuiu
decisivamente para consolidar a
democracia no imaginário social.
Consolidou-a onde ela é mais difícil
de ser traída, no coração das classes
populares. E onde também a traição
é mais perigosa. Alguém imagina as
classes populares de tantos outros
países do mundo verter pela morte
de um líder político democrático as
lágrimas amargas com que os ven-
ezuelanos inundam as televisões do
mundo? Este é um património preci-
oso tanto para os venezuelanos como
para os latino-americanos. Seria um
crime desperdiçá-lo.
*texto retirado da Alice News, portal do Projecto Alice – Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra,
coordenado pelo Professor Boaventura de Sousa Santos.
Chávez: o legado e os desafios*
Apagou-se a chama do comandante
11Savana 08-03-2013 SOCIEDADE
Os presidentes dos Consel-
hos Municipais da Beira
(Sofala) e Quelimane
(Zambézia), nomeada-
mente Daviz Simango e Manuel
de Araújo, respectivamente, foram
excluídos da reunião regional
centro da Associação Nacional
dos Municípios de Moçambique
(ANAMM), realizada na passada
sexta-feira, na cidade de Chimoio,
província de Manica.
Embora a direcção da ANAMM
encontre argumentos para justificar
a ausência dos dois edis, por sinal,
os únicos que não foram eleitos
pela Frelimo, fontes bem coloca-
das disseram ao SAVANA que a
exclusão deveu-se a razões mera-
mente políticas. A ANAMM é di-
rigida por Manuel Cambezo, presi-
dente do Conselho Municipal da
cidade de Dondo (Sofala). Os edis
da Beira e Quelimane foram eleitos
pelo Movimento Democrático de
Moçambique (MDM).
O encontro teve como agenda a
apreciação e harmonização das in-
formações relativas ao desempenho
da organização no último ano para
além de preparar a participação da
organização na VIII Reunião Na-
cional dos Municípios agendada
para a segunda quinzena deste mês,
na cidade da Maputo. O encontro é
organizado pelo Ministério da Ad-
ministração Estatal (MAE).
O SAVANA soube de fontes próxi-
mas da organização que esta não é a
primeira vez que os municípios sob
gestão da oposição são excluídos
das reuniões da ANAMM.
Confrontado com a situação, o
presidente da ANAMM, Manual
Cambezo, disse que ao seu nível
tudo foi feito no sentido de con-
vidar todos os edis da região centro,
porém, uma possível falha dos cir-
cuitos de comunicação poderá ter
ditado a ausência dos dois autarcas.
Cambezo recusou dar mais por-
menores sobre a alegada falha de
circuitos de comunicação.
A cidade da Beira localiza-se a 30
quilómetros do local onde reside o
actual presidente da ANAMM.
No entanto, o edil da Beira e Presi-
dente do MDM, Daviz Simango,
desmentiu Cambezo referindo que
não foi convidado a participar no
encontro.
“O município da Beira é membro
da ANAMM e eu sou o legítimo
representante. Pelo que, o convite
devia ter sido endereçado ao meu
gabinete, o que não se verificou”,
disse Simango acrescentando que a
ANAMM foi apenas usada como
fonte para drenagem de fundos
mas, na realidade o encontro tinha
por objectivo tratar assuntos do
interesse do partido Frelimo e não
da população residente nos municí-
pios da região centro.
Sublinhou que desde que iniciou
com o segundo mandato, nunca foi
convidado a participar nos encon-
tros da ANAMM.
O SAVANA não conseguiu col-
her a versão do edil de Quelimane,
Manuel de Araújo, mas fontes
credíveis confirmaram que também
não foi convidado para o encontro.
Porém, facto estranho é que, quer
Daviz Simango bem como Manuel
de Araújo foram convidados pelo
Ministério de Administração Es-
tatal para o encontro deste mês em
Maputo.
Falando concretamente do encon-
tro, Cambezo disse que no cômputo
geral, 90% das promessas dos man-
ifestos eleitorais dos 43 municípios
foram cumpridas, o que garante o
cumprimento das promessas eleito-
rais em 100% até ao fim dos man-
datos. Na sua avaliação, Cambezo
incluiu também municípios sob
governação da oposição.
Apontou a falta de recursos finan-
ceiros como um dos principais en-
traves ao funcionamento dos mu-
nicípios.
Edis da oposição excluídos da reunião dos municípiosPor José Chirinza, na Beira
Beira e Quelimane: os municípios sob gestão da oposição cujos edis foram excluídos da reunião da Associação moçambicana dos municípios
12 Savana 08-03-2013PUBLICIDADE
A Comissão Nacional da SADC, em Moçambique, anuncia o lança-mento do 15º CONCURSO DE REDACÇÕES PARA ESCOLAS SECUNDÁRIAS DA SADC: Edição de 2013 que é aberto a todos os estudantes nacionais da SADC matriculados nas 8ª, 9ª, 10ª, 11ª e 12ª classes do ensino secundário geral no ano lectivo de 2013.
REGULAMENTO DO CONCURSOO tópico do Concurso desta Edição é “O Protocolo relativo à Edu-cação e Formação da SADC foi adoptado a 8 de Setembro de 1997.
--
-
1. Na redacção, os concorrentes devem:a) Falar sobre as áreas de cooperação em matéria de políticas no
contexto da Educação Básica: Níveis Primário e Secundário acordadas entre os Estados Membros da SADC. (10 Pontos)
b) Debruçar-se sobre o papel da língua enquanto principal factor na implementação do Protocolo da SADC relativo à Educação e Formação
-frentados pelos Estados Membros da SADC na implementação deste Protocolo
d) Falar sobre a importância das equivalências, da normalização e da harmonização dos sistemas de educação e formação na região
e) Fazer recomendações sobre o que deve ser feito para acelerar o processo de estabelecimento de equivalências, de normalização e de harmonização dos sistemas de educação e formação na região
2. Todos os trabalhos a concurso deverão (i) ter entre 1.000 e 2.000 palavras e (ii) ser numa das línguas de trabalho da SADC, no-meadamente, inglês, português e francês. Embora os trabalhos a concurso possam ser manuscritos, os concorrentes são encoraja-dos a dactilografar as suas redacções para poupar tempo, dado que depois de recebidas a nível regional, as redacções manuscritas são dactilografadas antes de ser enviadas para a tradução noutras línguas de trabalho da SADC.
3. Os trabalhos a concurso deverão conter, na última folha, todos os detalhes de contacto do(a) concorrente, incluindo endereço físico, números de telefone/telemóvel e, onde for aplicável, de fax e en-dereço de correio electrónico (E-mail). O nome do estudante con-corrente, a escola e o país a que pertence devem constar apenas na última página.
4. Os trabalhos a concurso devem ser submetidos às Direcções Pro-vinciais de Educação e Cultura, até dia 30 de Abril de 2013. Cada Direcção Provincial de Educação e Cultura irá fazer o apuramento das três melhores redacções a nível provincial e submetê-las ao Ponto Provincial de Contacto da CONSADC, até 10 de Maio de 2013.
Avenida Francisco O. Magumbwe nº 780 – 10º Andar – C.P. 1154 – Tel: (+258) 21485246 (+258) 21497943 Fax: (+258) 21492285 Email: consadc@gmail / [email protected]
Os Pontos Provinciais de Contacto da CONSADC são:
5. Da decisão do Júri Provincial não há recurso. 6. Cada Ponto Provincial de Contacto da CONSADC irá submeter ao
Secretariado Técnico da CONSADC, em Maputo, as três melhores redacções da província, por correio electrónico, até 17 de Maio de 2013 ([email protected]) e as redacções em formato físico, até 21 de Maio de 2013.
7. Os trabalhos a concurso recebidos das províncias serão analisados por um júri, a nível nacional, constituído por elementos a serem indicados pelo Director da CONSADC, sob a proposta do Minis-tério da Educação, que irá seleccionar as três melhores obras para serem submetidas ao Secretariado da SADC, em Botswana.
8. Os vencedores a nível nacional em Moçambique serão anunciados no dia 29 de Maio de 2013 e os prémios serão atribuídos numa cerimónia pública, na Província de Nampula, por ocasião das comemorações do Dia da SADC: 17 de Agosto.
9. Haverá três prémios nacionais que serão atribuídos da seguinte maneira: 1º Prémio = o equivalente a USD500 em meticais; 2º Pré-mio = o equivalente a USD300 em meticais; e 3º Prémio = o equiv-alente a USD200 em meticais
10. Da decisão do Júri Nacional não há recurso. 11. Os três vencedores a nível nacional de cada Estado Membro irão
depois competir a nível regional.12. Haverá três prémios regionais que serão atribuídos da seguinte
maneira: 1º Prémio = USD1.500; 2º Prémio = USD1.000 e 3º Pré-mio = USD750
13. Os três vencedores regionais irão viajar em Agosto de 2013 para participar na Cerimónia de Abertura da Cimeira dos Chefes de Estado e/ou Governo da SADC, na República de Malawi, onde o vencedor do Primeiro Prémio irá ler extractos da sua redacção.
14. Peritos do Secretariado da SADC supervisarão o processo de clas-
15. Da decisão do Júri Regional não há recurso. 16. Os familiares directos dos quadros do Secretariado da SADC,
dos Pontos Nacionais de Contacto da SADC, dos Pontos de Con-tacto da CONSADC a nível central, dos Pontos Provinciais de Contacto da CONSADC, das Comissões Nacionais da SADC e dos Coordenadores Nacionais dos Media da SADC não podem participar no concurso.
17. Recomenda-se que exemplares do regulamento deste Concurso
e 12ª classes.18. Cópia deste Regulamento está também disponível no Portal da
CONSADC: www.consadcmocambique.blogspot.com
Maputo, 9 de Novembro de 2012.
CONCURSO DE REDACÇÕES PARA ESCOLAS SECUNDÁRIAS DA SADC
ANÚNCIO
COMISSÃO NACIONAL DA SADC
13Savana 08-03-2013 SOCIEDADE
O presidente do Movimento
Democrático de Moçam-
bique (MDM), Daviz
Simango, disse que a Freli-
mo, partido no poder, está a empurrar
o país para a ditadura. Simango que
falava em entrevista concedida ao
Jornal Digital, editado em Portugal,
referiu que apesar da constituição
da República preceituar um Estado
Democrático, de Justiça Social e de
Direito Democrático, a Frelimo ig-
nora a ordem constitucional e opta
pela ditadura, perseguição e totalita-
rismo restringindo liberdades funda-
mentais aos moçambicanos.
“Lembremos que foram estas ati-
tudes totalitárias que empurraram o
país para uma guerra civil sangrenta
e sem precedentes, ou situações re-
centes vividas no norte de África, que
estão bem vivas nas nossas memóri-
as. A discriminação contra cidadãos
que não são membros da Frelimo
é endémica e não contribui para a
construção da tão propalada unidade
nacional que o regime sempre pro-
nuncia. O acesso aos empregos na
Administração Pública e no Estado
em geral é condicionado pela situ-
ação de membro do partido Frelimo.
Cidadãos são coagidos a aceitarem
ser membros do partido no poder,
ou então a morrer à fome. Trata-se
de uma grave injustiça que vai contra
a dignidade da pessoa humana”, disse
Simango em entrevista que se segue
nas linhas abaixo.
Qual é o posicionamento do MDM face à situação da Renamo, ao negar participação nas Eleições Autárqui-cas de 2013?Os partidos políticos regem-se por
princípios próprios, equipam-se e
montam estratégias próprias para at-
ingirem os seus objectivos e planos,
por isso, penso que eles sabem o que
fazem.
Se o MDM está preparado para ocupar a posição de maior partido da oposição em Moçambique, que estratégias e planos pensa realizar nesta condição?Constituímos o partido para chegar
ao poder e o compromisso que te-
mos é ajudar os nossos concidadãos
a atingirem um Moçambique para
todos. Por isso, quando me pergunta
se estamos preparados para sermos o
maior partido da oposição, diria que
ultrapassámos já essa distinção dado
que somos, até hoje, o único partido
que em tão pouco tempo conseguiu
estar na Assembleia da República e
quebrar a bipolarização.
Isto aconteceu mesmo com a ex-
clusão a que fomos sujeitos nas
Eleições de 2009. Somos o único
partido da oposição que governa ter-
ritório e que pode oferecer alternân-
cia ao poder instalado. Por isso, o que
vale para nós é a contribuição que te-
mos dado para a construção da socie-
dade moçambicana, daí que estamos
preparados para estar no poder.
Continuaremos a guiar-nos pelas
decisões que foram tomadas no con-
gresso, cujas estratégias estão a ser
implementadas pelos órgãos do par-
tido a vários níveis, incluindo as ligas.
Que objectivos concretos estão estabelecidos para as Eleições Au-tárquicas? (cidades, vilas a concorrer e municípios que o partido pretende
conquistar)O MDM tem uma dimensão na-
cional, tem a consciência de que a
descentralização é uma força motriz
para atingir o desenvolvimento sus-
tentável, o exercício da cidadania e,
naturalmente, os nossos membros
nas autarquias têm ambições de
elegerem e de serem eleitos inde-
pendentemente da distribuição ge-
opolítica.
Vamos exercer o nosso direito con-
stitucional, com esperança de que a
situação vergonhosa de Inhambane
não se repita nem inspire os que
procuram a todo o custo se perpetuar
no poder em nome do povo, com a
capa de que são libertadores e deten-
tores dos órgãos do Estado, violando
os direitos humanos.
Que comentários tem a fazer sobre a situação política do país?Moçambique tem uma Constitu-
ição e nela afirma-se como um Es-
tado Democrático, de Justiça Social
e de Direito Democrático. Sobre os
direitos fundamentais (incluindo a
liberdade de participação política)
a Constituição ordena que sejam
interpretados e integrados em har-
monia com a Declaração Universal
dos Direitos do Homem (DUDH)
e a Carta Africana dos Direitos do
Homem e dos Povos (CADHP).
Por outro lado, o Estado é uma in-
stituição juridicamente organizada,
ocupando um território definido
onde a lei máxima é a Constituição
da República, dirigida por um Gov-
erno que possui soberania reconheci-
da, tanto interna como externamente.
Portanto, um Estado soberano é sin-
tetizado pela máxima «um Governo,
um povo, um território».
Para se aperceber de como a Con-
stituição moçambicana não passa
de uma simples folha de papel, dado
que o Governo do dia não respeita o
espírito nele consagrado, importa re-
visitarmos o Estado de Direito, o Es-
tado de Direito Democrático, o Es-
tado da Justiça Social e o conteúdo
da DUDH, bem como da CADHP.
Daí que nós, do MDM, considera-
mos o Estado de Direito como um
dos principais pilares de um regime
democrático e uma ferramenta indis-
pensável para evitar a discriminação
e o uso arbitrário da força, o que
permite a protecção dos direitos fun-
damentais, que justifica a limitação
dos poderes do Estado através de sua
sujeição ao Direito.
Desta análise pode concluir-se que,
embora Moçambique formalmente
se afirme como um Estado de Di-
reito Democrático, tal está muito
longe de se concretizar, na medida
em que vivemos uma democracia in-
cipiente, de fachada, uma democracia
amputada.
A maioria do povo carece de bens
vitais. As instituições do Estado,
incluindo a polícia, a justiça e a
Administração Pública em geral,
são usados como instrumentos ao
serviço de um partido político que
governa só porque está no poder, o
que contraria o previsto nos artigos
1º, 2º, 3º e 249º, da Constituição da
República.
A Polícia em Moçambique é usada
contra a Oposição no país, como está
a acontecer todos os dias, particular-
mente contra os militantes, bens e
símbolos do nosso partido, o MDM.
Trata-se de uma manobra que periga
a construção do Estado de Direito
Democrático e visa consolidar e for-
malizar as manifestações de partido
único, que têm sido seguidas pelo
Governo do dia em Moçambique.
Lembremos que foram estas atitudes
totalitárias que empurraram o país
para uma guerra civil sangrenta e sem
precedentes, ou situações recentes
vividas no norte de África, que estão
bem vivas nas nossas memórias.
A discriminação contra cidadãos
que não são membros da Frelimo
é endémica e não contribui para a
construção da tão propalada uni-
dade nacional que o regime sempre
pronuncia. O acesso aos empregos na
Administração Pública e no Estado
em geral é condicionado pela situ-
ação de membro do partido Frelimo.
Cidadãos são coagidos a aceitarem
ser membros do partido no poder, ou
então a morrer à fome. Trata-se de
uma grave injustiça que vai contra a
dignidade da pessoa humana.
O Estado moçambicano para que
seja verdadeiramente um Estado de
Direito Democrático, que respeite os
direitos e as liberdades fundamentais
dos cidadãos, precisa de ser emanci-
pado. Precisa de ser livre! Ele precisa
de se desacorrentar das amarras par-
tidárias a que foi submetido desde
a nascença, em 1975. Apesar de se
chamar e estar inscrito na Consti-
tuição como Estado de Direito, ele,
efectivamente, não existe como tal.
O partido Frelimo, que governa des-
de a independência, é mais forte que
o Estado e tudo faz para destruir a
Oposição política, exactamente us-
ando o Estado para se manter ilegiti-
mamente no poder.
Nas últimas eleições intercalares
Autárquicas em Inhambane, onde o
nosso partido foi o único da oposição
a concorrer, a Frelimo usou a polícia
para prender, sem justa causa, os nos-
sos membros de apoio logístico aos
delegados de candidatura.
A polícia moçambicana está e vai
continuar a ser usada pela Frelimo
para garantir vitórias ilegítimas e se
manter no poder, o que contraria o
artigo 249º e seguintes da Constitu-
ição, bem como todo o espírito de di-
reito democrático previsto e inscrito.
As políticas nacionais de gestão de
recursos naturais servem ao interesse
de um punhado de governantes em
detrimento dos moçambicanos. A
negação ou a sonegação da trans-
formação interna destes serve exac-
tamente para consolidar o tráfico de
influências e a rede criada, trazendo
os resultados que temos, como a
ausência de pequenas e médias em-
presas, a ausência de incremento de
emprego e de transmissão de tecno-
logia e de profissionalismo aos jovens
moçambicanos, o crime organizado
com interesses económicos e a par-
tida deste para atingir e perpetuar
os interesses políticos. Assistimos a
constantes violações de direitos hu-
manos e a um Governo que não re-
sponde pelos seus actos.
Em que nível está a estratégia de relacionamento do partido relativa-mente à cooperação com Portugal?Dentro das relações entre os dois
Estados, temos esperança que ambos
devem cultivar o respeito mútuo no
âmbito das nações. O MDM, che-
gado ao Governo, respeitará os acor-
dos, os dois povos, a soberania dos
mesmos e promoverá a abertura de
interesses privados e de cooperação
entre os dois Estados e povos.
E quanto ao desenvolvimento das
relações entre Portugal e Moçam-
bique?
Dentro do que se torna público ou é do domínio público, parece-nos ser saudável ou, pelo menos, aparenta ser.
Acha que o Governo português pode fazer mais para melhorar o relacionamento com Moçambique?Portugal enfrenta vários problemas
internos típicos da conjuntura den-
tro do estado da União Europeia e
temos esperança que irá, com tempo,
ultrapassar, o que seria bom. De certo
modo, a situação deixa o país numa
posição desconfortável para dar at-
enção a outras nações, por isso, não
se pode esperar muito de Portugal
como Governo nos dias de hoje. O
razoável é Moçambique aproveitar as
capacidades e oportunidades da crise
na Europa para promover incentivos
ao investimento privado português,
que pode impulsionar algumas áreas
da nossa economia.
Quer partilhar alguma informação sobre a zona franca de Manga-Mungassa, na cidade da Beira?Eles pretendem transferir grande po-
tencial comercial, turístico, de trans-
porte e de exposição de produtos
chineses, tendo a Beira como polo
organizacional, o que é bom para o
progresso económico da Beira e do
país em geral, com uma grande van-
tagem pelo facto de o porto da Beira
estar em superioridade com países da
interland, em relação a outros portos
da região.
Frelimo está a empurrar o país para a ditadura - Denuncia Daviz Simango, presidente do MDM
“A Frelimo ignora a ordem constitucional e opta pela ditadura”, Daviz Simango
O MDM é o único partido que em pouco tempo conseguiu estar na AR e quebrar a bipolarização
chega ao público pela milésima vez14 Savana 08-03-2013Savana 08-03-2013 15NO CENTRO DO FURACÃO
Por Argunaldo Nhampossa e Anália Valoi
Após dois anos de intensas
reuniões e debates cerra-
dos, à porta fechada, com
vista a trazer ao povo mo-
çambicano, um jornalismo alternati-
vo ao governamental que existia na
altura, no dia 21 de Janeiro de 1994
saiu para as ruas, a edição número
um do jornal SAVANA, primeiro se-
manário independente de Moçambi-
que. Hoje, o jornal lança ao mercado
a sua milésima edição e na hora do
balanço não faltaram elogios, críti-
cas, desabafos e conselhos para que o
projecto continue por muitos e lon-
gos anos.
Com o lançamento da segunda
República, resultante da aprovação
da constituição de 1990, eliminan-
do-se um conjunto de restrições ao
exercício e desfruto de direitos fun-
damentais bem como a aprovação da
lei de imprensa em 1991, abriu-se
espaço para o surgimento de mais
órgãos de comunicação social em
Moçambique.
Neste espírito, um grupo de 13
profissionais de comunicação social,
dentre jornalistas e fotojornalistas,
provenientes da imprensa pública,
fundaram em 1992, a Cooperativa
de Jornalistas Associados, vulgar-
mente conhecida por Mediacoop.
Enquanto aguardava-se a alocação
de fundos para a viabilização do son-
ho de publicar o primeiro semanário
independente, o grupo trouxe a 25
de Maio de 1992 o primeiro jornal
por Fax denominado Mediafax.
Dois anos mais tarde, concretamente
a 21 de Janeiro de 1992 materializa-
va-se o sonho da cooperativa e o jor-
nal SAVANA aparecia pela primeira
vez nas bancas.
ponível na praça para o consumo
público, o SAVANA atinge hoje
um marco histórico e, por ter sido
o primeiro semanário privado no
Moçambique pós independência,
também é o primeiro a alcançar a
edição mil.
A voz dos fundadoresLourenço Jossias, editor do Maga-
zine Independente, é um dos mem-
bros fundadores da Mediacoop.
Jossias parabeniza todos os profis-
sionais e a direcção da empresa pelo
alcance da milésima edição do jornal
que ajudou a criar.
“Isto é resultado de muito trabalho
e dedicação, pois sabemos de ante
mão as condições materiais e finan-
ceiras em que muitos órgãos operam.
Muitos não resistiram e encerraram
as portas”, disse.
Segundo Jossias, o Savana continua
a manter os princípios que nortear-
am a sua fundação e, apesar das en-
tradas e saídas de profissionais o que
é normal nos processos produtivos,
é caso para dizer passam os homens
mas a tradição se mantém.
Criticou a demora da transição de
edição a preto e branco para cores
e diz que se tratava de resistência a
mudanças para as novas exigências
do mercado, mas agora o jornal está
assente nos carris e é positivo.
Para Jossias, é importante também
que ao celebrar este marco históri-
co, haja espaço para homenagear os
membros da Mediacoop já falecidos,
mas que em vida tudo fizeram para
honrar o nome da instituição.
Para Fernando Veloso, director do
Canal de Moçambique/Canalmoz,
os desígnios que nortearam a
fundação do jornal estão perdidos e
o SAVANA está cada vez mais a ser
um jornal pro-regime.
“O jornal já foi coerente, mas ulti-
mamente não se consegue perceber
qual é a sua verdadeira linha edito-
rial. Este problema acentuou-se com
a morte do director do jornal, Kok
Nan” disse Veloso.
De seguida acrescentou que se nota
que o factor comercial está a sobre-
por-se ao jornalismo.
O mesmo considera que com a
mudança para versão a cores, o SA-
VANA perdeu as suas características
originais e o novo design não foi
bem conseguido. Veloso diz que es-
pera que o alcance da cifra mil con-
stitua uma oportunidade de reflexão
para se fazer o SAVANA sonhado.
Fernando Manuel, um dos funda-
dores da mediacoop, contou-nos que
chegou na cooperativa a convite de
Kok Nam e Naita Ussene, na altura
colegas na revista Tempo.
Manuel diz que abraçou o projecto
porque acreditava na materialização
de um jornalismo independente e
nos frutos que poderiam advir do
mesmo e, passadas 1000 edições diz
ter a certeza que se enganou com
que se pretendia com a mediacoop.
Agora diz que tudo está perdido, o
jornalismo que se esperava que fosse
não é, porque não houve passagem
de testemunho para as novas ger-
ações.
“Os que fundaram o jornal con-
hecem o verdadeiro destino que
tinha de ser dado à empresa e não
ao que acontece agora. Mas, ape-
sar destes constrangimentos o SA-
VANA deve continuar a exercer o
seu nobre papel de informar”.
da casa Os profissionais de pena que passar-
am pelo SAVANA mas que, devido
a motivos de vária ordem, sobretudo
financeiras, trilham outros caminhos
não pouparam elogios ao semanário
mas, também deixaram algumas
recomendações e “puxão de orelhas”.
Rafael Bié foi um deles. Felicitou
o jornal e disse que desde a sua
fundação o SAVANA tem sabido
com êxito ocupar o seu espaço na
praça, por isso deve continuar a pau-
tar por este caminho que lhe garante
credibilidade.
Segundo Bié, é impossível falar do
jornalismo em Moçambique sem
fazer menção ao SAVANA, por
ter sido o primeiro semanário in-
dependente e escola para muitos
profissionais desta área que hoje es-
tão na praça.
Elogiou a abordagem dada aos con-
teúdos que são veiculados e a nova
mancha gráfica.
Lamentou o desaparecimento do
suplemento económico wall street,
da tribuna do editor e da coluna do
escritor Mia Couto.
O nosso interlocutor criticou tam-
bém a colocação do editorial nas úl-
timas páginas.
“Acho que tomando em consider-
ação que o editorial é o posiciona-
mento oficial do jornal perante al-
guns factos que marcam a vida do
país e do mundo, este deveria estar
nas primeiras páginas como estava no passado” opinou. Por último disse que sente falta de publicação de histórias de vida, nas páginas deste semanário, pois há muitos casos de sucessos que pre-cisam ser conhecidos para inspirar mais moçambicanos. Enquanto isso, Ângelo Muguambe, editor do jornal Zambeze, congratu-la todos os profissionais que directa ou indirectamente contribuíram para que o “barco” escalasse pela milésima vez o porto, num período cheio de muitas dificuldades e desafios que as novas tecnologias impõem aos me-dias. Por isso apela mais dedicação e ousadia. No que toca aos conteúdos veicu-lados, este foi cauteloso ao afirmar que o jornal mantém a sua linha e espírito, mas é preciso diferenciar os mementos, porque em 1994 a azáfa-ma da revolução era maior. Havia muita informação por descar-regar mas, agora está-se num perío-do um pouco morto e com muitos órgãos de comunicação no país.
Para Munguambe a aventura a
cores marcou uma nova etapa para
este semanário mas, fez notar que a
primeira edição caiu mal e dava sen-
sação de falta preparação prévia. Diz
que a segunda veio tapar os erros
cometidos e agora deve-se melhorar
cada vez mais.
Milton Machel, que hoje abraça
a área de monitoria e pesquisa dos
medias, é outra referência que passou
por este jornal e classifica o órgão
como sendo a bandeira nacional de
liberdade de imprensa, visto que foi
Os nossos colunistas Machado da Graça diz que o Savana
foi o primeiro órgão de comunicação
a nível nacional que o convidou para
ser colaborador e exerceu a sua liber-
dade de expressão.
“Desde que fui convidado a colabo-
rar nunca recebi uma instrução sobre
o que deveria escrever ou não, estou
livre para expor as minhas ideias”
disse.
Quanto ao novo design do jornal,
SAVANA aos olhos do povo Augusto Novela, trabalhador, diz que é leitor assíduo do SAVANA
porque trata-se de um órgão que prima pela veracidade dos factos,
independência e isenção no tratamento das matérias. Por isso, faz
votos para que este espírito continue por muitos e longos anos.
António Sales, outro cidadão que falou ao SAVANA, disse que
é preciso louvar os avanços que o jornal está a registar, principal-
mente no que toca a abordagem dos conteúdos e forma de apre-
sentação a cores que é mais cativante.
Sales apelou à utilização de linguagem clara e informativa princi-
palmente nos editoriais, pois vezes há em que lê e não fica claro,
sendo que na contra capa (rubrica hora do fecho) encontra mais
dificuldades ainda por tratar-se de coluna elitizada.
Enquanto isso, Ricardo Fumo, lamentou a fraca abordagem dos
assuntos de outras províncias do país, do desporto internacional,
principalmente para as ligas com maior expressão como é o caso
da espanhola. Por fim apelou também aos jornalistas para se dedi-
carem cada vez mais em manter o cidadão sempre bem informado
sobre os assuntos mais candentes do país.
O Savana era considerado a “ima-
gem da marca” da Mediacoop e
tinha como principal objectivo fazer
um jornalismo independente carac-
terizado pela isenção, transparência,
integridade na informação e acima
de tudo fiscalizar as acções do gov-
erno na condução do país.
No seu primeiro número, estas
questões já estavam patentes e con-
frontava-se com o caótico problema
de recolha de lixo na capital do país
e o processo eleitoral ora em curso.
Devido ao trabalho, entrega, per-
sistência e compromisso dos profis-
sionais que labutam para que a cada
sexta-feira, o jornal estivesse dis-
o primeiro jornal a trazer o plural-
ismo de ideias.
Machel aponta que desde a sua gé-
nese até aos dias que correm, o SA-
VANA foi sempre um meio de críti-
ca às acções do governo em relação
a gestão da coisa pública e por via
disso conseguiu criar o seu espaço no
mercado e consegue ser fiel.
A velocidade das tecnologias de in-
formação e comunicação cria novos
desafios aos gestores que têm a re-
sponsabilidade de adoptar a publi-
cação a estas ferramentas e a conse-
quente abertura de novos modelos
de negócio para que não fiquem
ultrapassados.
Por outro lado, Machel referiu que
gostaria de ver artigos de cunho in-
vestigativo que aprofundem mais as
questões como indústria extractiva,
despesa e investimentos públicos. E
por fim olhar também para transpar-
ência e ética na governação.
tivo de muito orgulho saber que o
SAVANA atinge hoje a edição 1000.
A sua história tem vários momentos,
cada momento tem a sua história. O
SAVANA a cores trouxe uma maior
dignidade.
Serra defende que é necessário que
pouco a pouco sejam feitas mais
duas coisas: por um lado, introduzir
um jornalismo de pesquisa menos
dependente do tempo de curta du-
ração e dos temas “batidos”; por
outro, trabalhar para uma maior au-
tonomia temática, apelando perma-
nentemente à qualidade e às autorias
de prestígio.
Políticos saúdam o marcoPara António Muchanga, membro
da Renamo e membro do Conselho
do Estado, a Mediacoop conseguiu
cumprir a missão pela qual foi fun-
dada, que é trazer aos moçambica-
nos uma imprensa independente
com estilo próprio. Desde já es-
peramos que esta sede de informar
incansavelmente os moçambicanos
e o mundo continue por muitos e
longos anos.
Muchanga disse ser resistente contra
algumas mudanças, como é o caso da
nova roupagem do SAVANA e está
com saudades da edição a preto e
branco que não feria a vista.
“No jornal a cores houve tendência
de reduzir o tamanho dos caracteres,
o que me obriga a fazer um pequeno
exercício na leitura, por isso deve-se
melhorar a fonte” lamentou.
No concernente as cores, este apon-
tou que o verde está mais vivo e
ofusca outras cores, por isso deve-se
trabalhar mais para acertar as cores.
O Porta-voz do partido Frelimo,
Damião José, disse que o jornal de-
sempenhou e ainda desempenha um
papel preponderante na difusão de
informação para o desenvolvimento
do país.
Assim, deve continuar a exercer este
nobre papel visto que “o homem in-
formado vale por dois” e com a in-
formação credível que o jornal traz,
coloca o homem ciente dos proble-
mas e desafios do seu país.
Segundo Damião o SAVANA fez
um investimento à altura e conse-
quentemente um salto qualitativo
com a adopção da edição a cores,
pois torna a leitura mais agradável
em relação ao preto e branco.
Damião deixa um desafio para o fu-
turo, “é preciso que o jornal reporte
as realizações e conquistas do povo
moçambicano, não apenas situações
políticas, mas histórias daqueles ci-
dadãos ou comunidades que tudo
fazem para garantirem a sua sobre-
vivência”, conclui.
Sociedade civil Abdul Carrimo, do Observatório
eleitoral, diz que apesar de não con-
cordar com algumas opiniões ou
conteúdos publicados pelo jornal ao
longo das 1000 edições, felicita os
fazedores porque não é fácil atingir
esta fasquia e prova disso são os que
ficaram pelo caminho.
Mais ainda é que das vezes que se
identificou com as matérias publi-
cadas havia muita imparcialidade e
isenção que são os principais desígn-
ios por respeitar na arte de informar.
Machado diz não concordar com
algumas alterações feitas no novo
layout, como é caso da colocação nas
últimas paginas dos artigos de opin-
ião e editorial.
Carlos serra diz que constitui mo-
Carrimo refere que o jornal prioriza
mais assuntos políticos, críticas e
opiniões e passa ao de leve assuntos
como dia-a-dia das comunidades, o
desporto, que tem muitas modali-
dades não exploradas, o entreteni-
mento e cultura são vistos apenas ao
nível da cidade capital e não locais
onde florescem estrelas.
Fernando Mbanze, editor do mediaFAX, diz que há uma grande
diferença entre o SAVANA dos tempos e o actual, porque no passado
havia “um núcleo duro” e profissional que se empenhava em trazer os
factos que incomodavam os dirigentes.
Semanalmente havia muita expectativa do público em ver o jornal
devido aos casos que denunciava mas, infelizmente o mesmo “núcleo
duro” foi desperdiçado ao longo dos tempos.
Mbanze atira a culpa à direcção da empresa e diz que é preciso que se
crie condições de trabalho para o jornalista.
“Fazer jornalismo implica pensar e
isso não se compadece com a fome
e falta de moralização dos profis-
sionais” desabafou, para de seguida
acrescentar que apesar desta situ-
ação o jornal continua a exercer o
seu papel de informar mas, pode-
ria fazer mais desde que haja mel-
horia de condições de trabalho.
Na mesma senda, disse que para
que se tenha um bom jornalista le-
va-se tempo, por isso, não se pode
abrir a sua mão de qualquer ma-
neira, é preciso fortalecer a actual
equipa com gente de qualidade e
preencher as lacunas existentes ao
nível das editorias.
Fernando Veloso
Lourenço Jossias
Fernando ManuelMilton Machel
Machado da Graça
Rafael Bié Carlos Serra
Abdul Carrimo
António Muchanga
Fernando Mbanze
Materialização do sonho de trazer o jornal SAVANA ao público
16 Savana 08-03-2013INTERNACIONAL
Milhares de apoiantes do
Presidente venezue-
lano aplaudem e cho-
ram o seu líder Hugo
Chávez, cujos restos
mortais vão enterrar esta manhã na
capital da Venezuela, Caracas.
Nesta quarta-feira, os restos mor-
tais de Chávez foram trasladados do
Hospital Militar para a Academia
Militar da Venezuela, em Caracas.
Caracas, onde decorreu cortejo fúne-
bre de Hugo Chávez, está lavada em
lágrimas, dividida entre a tristeza e o
caos. Uma multidão saiu à rua para
homenagear o líder falecido esta ter-
ça-feira, e seguiu acompanhando o
corpo pelas ruas da capital. Venezue-
lanos gritam que “Chávez não mor-
reu, Chávez vive no povo”, “Chávez
vive” e “Todos somos Chávez”.
Hugo Chávez morreu nesta terça-
feira, aos 58 anos, num hospital
militar em Caracas, na sequência de
complicações após a quarta operação
ao cancro, anunciou o vice-presi-
dente Nicolás Maduro.
“Às 22h55 em Maputo morreu
o Presidente comandante Hugo
Chávez. À toda a sua família trans-
mitimos a nossa dor e a nossa soli-
dariedade”, disse Maduro, num
depoimento emocionado. “É uma
tragédia histórica aquela que hoje
(terça-feira) toca a nossa pátria.
Apelamos a todos os nossos com-
patriotas a serem os vigilantes da
paz, do amor e da tranquilidade da
pátria. Queridos compatriotas, muita
coragem, temos que crescer por cima
desta dor”, afirmou.
Nicolás Maduro, designado pelo
próprio Chávez como seu suces-
sor, mobilizou as Forças Armadas
e a polícia para “proteger a paz do
povo venezuelano”. Os chefes mili-
tares, por sua vez, já se afirmaram
fiéis a Maduro, que deverá disputar
as eleições presidenciais com o líder
da oposição, Henrique Capriles,
que perdeu a disputa eleitoral com
Chávez em Outubro. Sondagens re-
centes davam a vitória a Maduro.
A longa luta do revolucionário que
Multidão no cortejo fúnebre de Hugo Chávez
foi derrotado pela doença
O presidente venezuelano lutava
desde Junho de 2011 contra um can-
cro e não era visto em público desde
a última operação, em inícios de
Dezembro de 2012. Tinha 58 anos.
Hugo Chávez tinha regressado a
Caracas a 18 de Fevereiro, depois
de mais de dois meses internado em
Cuba, onde fizera a sua quarta oper-
ação em quase dois anos. O prognós-
tico foi sempre reservado, tendo as
autoridades venezuelanas informado
que o presidente sofria uma grave
infecção respiratória, sendo obrigado
a usar uma cânula traqueal que lhe
dificultava a fala.
O nome de Hugo Chávez ficará para
sempre ligado à Venezuela e à sua
revolução bolivariana, que permitiu
implementar aquele que designava
por socialismo do século XXI.
Chávez chegou ao poder em 1999,
depois de ter conseguido 56% nas
presidenciais de Dezembro de 1998.
Desconhecido no início dos anos
1990, o jovem tenente-coronel ficaria
famoso em 1992, depois de um fal-
hado golpe de Estado contra o então
presidente Carlos Andrés Pastrana.
Nascido em Sabaneta a 28 de Julho
de 1954, Chávez chegou ao poder
com a promessa de mudança, sob o
símbolo do seu herói, Bolívar, o Lib-
ertador das Américas. O primeiro
passo para a mudança passou pela
reforma da Constituição, que deu
mais poderes ao presidente.
Graças aos petrodólares (o dinheiro
da exportação do petróleo), Chávez
aprovou uma série de programas
sociais. Mas, apesar de bem vindas
pelas camadas mais pobres, muitas
das medidas eram contestadas por
empresários e o sector conservador
da sociedade.
Em Abril de 2002, Chávez foi vítima
de um golpe de Estado, que o afastou
do poder durante cerca de 48 horas.
Depois disso, venceu um referendo
convocado pela oposição sobre a sua
continuação no poder (em Agosto de
2004), foi reeleito em 2007, voltou a
alterar a Constituição em 2008 para
permitir um novo mandato e seria
eleito novamente em Outubro de
2012.
Pelo caminho, continuava a imple-
mentar a sua revolução bolivariana e
o socialismo do século XXI, estando
contudo o país muito dependente
dos preços do petróleo.
Do ponto de vista externo, Chávez
surgiu como uma espécie de herd-
eiro ideológico do líder cubano, Fi-
del Castro, com críticas abertas ao
“imperialismo” norte-americano e
relações com Governos não muito
bem vistos no ocidente, como o do
Presidente iraniano, Mahmud Ah-
madinejad, ou a defesa do coronel
Muammar Kadhafi, durante a rev-
olução na Líbia.
Em relação à sucessão, Chávez foi
bem claro antes de partir para Cuba,
em Dezembro de 2012, onde pela
primeira vez abordou a hipótese de
não conseguir recuperar da doença.
“É minha opinião firme, plena como
a lua cheia, irrevogável, total, que
nesse cenário que obrigaria a convo-
car eleições presidenciais, vocês ele-
jam Nicolás Maduro [o actual vice]
como presidente.
Vice assume a presidência Nicolás Maduro assumiu formal-
mente as funções de Presidente in-
terino até a realização das eleições.
Nicolas Maduro que anunciou de
forma emocionada a morte do Presi-
dente Hugo Chávez, assumirá fun-
ções como chefe do Estado interino
da Venezuela e convocará eleições
dentro de 30 dias.
A Constituição da Venezuela diz que,
se o Presidente eleito ainda não tiver
tomado posse, quem deve assumir
interinamente o poder é o presidente
da Assembleia Nacional (Parla-
mento) do país, que neste momento
é Diosdado Cabello, vice-presidente
do Partido Socialista Unido da Ven-
ezuela (PSUV) - partido de Chávez.
A oposição, liderada por Henrique
Caprilles, defende que se respeite a
Constituição do país.
Não tendo podido, por causa da
doença, tomar posse a 10 de Janei-
ro deste ano, depois de reeleito nas
presidenciais de 7 de Outubro de
2012, Chávez foi autorizado pelo
Supremo Tribunal a assumir o poder
posteriormente, na base de que, en-
quanto Presidente reeleito, não ha-
veria necessidade dessa formalidade.
Nesse contexto, o artigo 233 da Con-
stituição da Venezuela diz que quem
deve assumir a presidência interina é
o vice-presidente do país.
Juristas ouvidos pelo jornal espanhol
‘El Mundo’ referiram que a solução
a encontrar para a presidência deve
passar por uma mistura entre o que
diz a Constituição e a sentença judi-
cial. Até porque, disse a este diário o
constitucionalista Hermann Escarrá,
“o vice-presidente não pode, de todas
as maneiras, substituir o presidente,
porque, de acordo como artigo 229
da Constituição, não poderia ser can-
didato presidencial”. Porém, ao as-
sumir a presidência interina, Nicolas
Maduro deixa de ser vice-presidente
e, portanto, de acordo com esse mes-
mo artigo, poderá candidatar-se às
eleições presidenciais.
Exército compromete-se a respeitar a constituição O Exército venezuelano prometeu
já que vai respeitar a Constituição
do país e a vontade de Chávez. O
Governo decretou sete dias de luto
nacional e o funeral de Estado terá
lugar na sexta-feira.
O chefe do Comando Estratégico
Operacional venezuelano, Wilmer
Barrientos, assegurou que a situação
no país “está dentro da normalidade”,
depois da morte do Presidente Hugo
Chávez. “Estamos a monitorizar
todo o país, estamos a monitorizar
inclusive a fronteira, os nossos mares
e até agora tudo está em plena nor-
malidade”, disse Wilmer Barrientos,
em declarações emitidas no canal de
televisão venezuelano Telesur, divul-
gadas pela agência de notícias Efe.
O mesmo responsável explicou que
o país só não está na “total normali-
dade”, porque está a viver “uma dor
profunda”, quando a Venezuela per-
deu “um dos maiores homens da
terra”.
Colégio fúnebre O Caixão deixou o Hospital Militar
de Caracas por volta das 17.10 (hora
de Maputo), da última quarta-feira,
com destino à Academia Militar,
onde o corpo do Presidente Hugo
Chávez ficou em câmara ardente até
hoje, dia do funeral.
Segundo as imagens da estação de
televisão Telesur, o caixão do presi-
dente seguiu num carro, tapado com
a bandeira venezuelana e rodeado de
flores e de pessoas. A acompanhar o
cortejo seguiram os filhos de Chávez
e a sua mãe, Elena Chávez, assim
como o vice-presidente venezuelano,
Nicolás Maduro.
Por volta das 18.00, o cortejo tinha
percorrido pouco mais de metade do
caminho.
Frente ao cortejo, seguia um guarda
de honra, que transportou uma ré-
plica da espada de Simón Bolívar, o
libertador das Américas que inspirou
a revolução bolivariana de Chávez.
O ministro da Defesa, Diego Molero,
tinha dito numa entrevista televisiva
que os restos mortais de Chávez se-
riam escoltados por quatro cavalos. E
que à frente iria um cavalo com uma
sela vazia, “que representa o Chefe
que já não está connosco”. O que não
se comprovou.
A trasladação foi acompanhada por
milhares de venezuelanos nas ruas de
Caracas, uma verdadeira maré ver-
melha chavista. O Governo decretou
sete dias de luto, devendo as bandei-
ras permanecer a meia haste.
O funeral de Chávez realiza-se hoje,
sexta-feira, às 10.00 (16.30 em Ma-
puto). Uma dezena de chefes de
Estado participa no funeral do presi-
dente da Venezuela, Hugo Chávez.
17Savana 08-03-2013 INTERNACIONAL
avisos contudentes de que se distanciar-iam do governo do Quénia caso Kenyatta e Rutho venham a ser eleitos. Sobre este assunto, a União Africana optou por respeitar a decisão da justiça queniana, que autorizou os dois a concor-rerem.A violência de 2007 foi causada pela não aceitação dos resultados anuncia-dos pela comissão eleitoral, que davam uma margem de pouco mais de 200 mil votos a favor de Kibaki contra Odinga, que prontamente declarou não aceitar os resultados, alegando terem sido fruto de manipulação.Para emprestar maior credibilidade ao processo eleitoral deste ano, a comissão eleitoral decidiu usar, pela primeira vez, urnas transparentes.Também pela primeira vez, os eleitores foram identificados por impressões digi-tais através do sistema de registo eleitoral biométrico. Foi também pela primeira vez que os candidatos presidenciais participaram em debates televisivos, onde tiveram que re-sponder a várias perguntas sobre os seus programas de governação e sobre as suas
Os Quenianos foram às urnas
no dia 4 de Março para eleger
o sucessor de Mwai Kibaki na
Presidência da República, 47
Governadores de Municípios
e membros das respectivas Assembléias
Municipais, 47 Senadores e 290 Deputa-
dos da Assembleia Nacional. Em algumas
Assembleias de voto as filas chegavam a
atingir três quilómetros de cumprimento,
confirmando a grande ansiedade dos 14
milhões de quenianos inscritos para votar,
de participar nestas que são consideradas
eleições históricas para um país marcado
por profundas divisões étnicas.
Estas eleições realizaram-se sob a sombra
das últimas realizadas em 2007, e em que
o actual Presidente foi declarado vence-
dor no meio de uma grande contestação
que mergulhou o país numa violência
sem precedentes, com um saldo de mais
de mil mortos e mais de meio milhão de
desalojados.
A violência pós-eleitoral de 2007/2008
só viria a conhecer o seu fim através da
intervenção da comunidade internacional
que sob a mediação do antigo Secretário
Geral das Nações Unidas, Koffi Annan,
alcançou-se um acordo de partilha do
poder. O acordo deu a Kibaki a Presidên-
cia da República, deixando o cargo de
Primeiro-Ministro para Raila Odinga,
com a possibilidade de indicar metade
dos cargos ministeriais. As eleições de
2007 podem ser consideradas como
aquelas que não tiveram vencedor nem
perdedor.
Por conta das memórias da violência
pós-eleitoral de 2007, as atenções da
comunidade internacional estiveram e
ainda estão viradas para o Quénia, com
os vários líderes a enviarem apelos para a
manutenção da paz durante e depois das
eleições. Barack Obama, Presidente dos
Estados Unidos da Améria, que também
tem sangue queniano, enviou uma men-
sagem em vídeo a apelar aos quenianos
para votarem em paz; a União Africana
enviou Joaquim Chissano, antigo Presi-
dente de Moçambique, para liderar a
missão de observação daquele organismo
continental, enquanto que a Common-
wealth escolheu Festus Mogae, antigo
Presidente do Botswana. A mensagem de
Chissano foi também de apelo à apaz e
compromisso de que a missão que dirige
vai testemunhar a realização de eleições
justas, livres e transparentes. Dos vários
encontros que Chissano manteve com os principais actores do processo, ele manifestou a sua satisfação pelo nível de organização e prontidão dos órgãos de gestão do processo eleitoral.As eleições deste ano têm algo que as tor-nam diferentes das de 2007, consideradas por muitos um fiasco. Estas relizam-se a coberto de uma nova Constituição da República que está em vigor desde 2010; um sistema judiciário totalmente refor-mado, uma nova comissão eleitoral; e um
processo de reformas na polícia em curso.Pela primeira vez surge uma mulher como candidata presidencial. Em estrita observância à nova legislação, os candi-datos foram obrigados a comprovar as suas habilitações literárias antes de serem aprovados pela Comissão Eleitoral Inde-pendente. A lei estabelece que os candi-datos ao cargo de Presidente da Repúbli-ca e de Governador, bem como os seus vices, devem provar que tem pelo menos um grau universitário.Outro facto novo nestas eleições é que um dos candidatos presidenciais e o seu vice têm julgamentos pendentes no Tri-bunal Penal Internacional. Trata-se do candidato da coligação Jubilee, Uhuru Kenyatta, filho do primeiro Presidente do Quénia, Jomo Kenyatta, e o seu vice na corrida presidencial, William Rutho. Os dois são acusados de crimes contra a humanidade na sequência da violência pós-eleitoral de 2007.A possibilidade de o país vir a ter um presidente acusado pelo Tribunal Inter-nacional Criminal, prontificou a União Europeia e outros governos a emitirem
condutas públicas nos cargos que já ocu-param.Nos últimos dias da campanha todos os candidatos tiveram que gravar mensagens a apelar para a paz e não violência e decla-rarem que irão aceitar os resultados que a comissão eleitoral anunciar. Acordaram, também, que em caso de não aceitarem os resultados deverão recorrer ao tribunal e não contestar os resultados nas ruas.O Tribunal Supremo assumiu um com-promisso público de deliberar sobre todas as reclamações dentro do período estabel-ecido por lei. De acordo com a legislação eleitoral queniana, em caso de nenhum candi-dato conseguir metade e mais um voto, e não conseguir maioria em pelo menos metade dos 47 municípios será realizada uma segunda volta eleitoral com os dois candidatos mais votados, num período de 30 dias após o anúncio dos resultados da primeira volta, que se espera sejam con-hecidos dentro de 6 dias após a realização escrutínio.
O factor étnicoEmbora as rivalidades étnico-tribais se-jam uma marca da sociedade queniana e remontam desde a independência em 1963, quando os Kikuyu herdaram o poder do Britânicos, o que lhes permitiu acumular maior riqueza e exorbitantes extensões de terra fértil principalmente na zona central do país, a violência pós-eleitoral não é tradição neste país da África Oriental. Em 2002 Kibaki, que é da etnia Kikuyu, teve o apoio de Odinga, que é de etnia Luo, quando concorreu à Presidência da República com Kenyatta, outro Kikuyu, que era visto como apoi-ante do projecto de Daniel Arap Moi, da etnia Kalajin, que governou o Quénia du-rante 24 anos, na sequência da morte de Jomo Kenyatta, em 1988. Moi foi vice de Jomo Kenyatta.Em 2007 Odinga, liderando o Movi-mento Democrático Laranja (ODM) que integrava William Rutho, que é Kalenjin e Musalia Mudavadi, da etnia luhya e tantos outros que representam outros grupos étnicos que também nu-triam o sentimento de exclusão na gov-ernação e consequente partilha de recur-sos, disputou a eleição com Mwai Kibaki, que concorria à sua própria sucessão. Ex-istia já nessa altura um sentimento de insatisfação pelo facto de o país estar a ser governado por um grupo étnico, os Kikuyu, e que era chegado o momento de outros grupos governarem o Quénia. Este sentimento esteve presente nos dis-cursos eleitorais deste ano, embora conti-dos e bastante subtís por receio de serem acusados, ao abrigo da nova legislação, de discurso de ódio e incitação à violência, e do medo do olho vigilante do Tribunal Penal Internacional.
Eleições assombradas pela violência de 2007 QuéniaPor Eduardo Namburete, no Quénia, em especial para o SAVANA
18 Savana 08-03-2013OPINIÃO
CartoonEDITORIAL
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KOK NAMDirector Emérito
Conselho de Administração:Fernando B de Lima, (Presidente)
e Naita Ussene
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(+258) 21301737, 823171100 84 3171100
Editor: Fernando Gonç[email protected]
Editor Executivo:Francisco Carmona
Redacção: Fernando Manuel, Emídio Beúla, Raúl Senda, Abdul Sulemane e Argunaldo Nhampossa
(Editor) e Urgel Matula
Há vários anos que entre as instituições de administração
da justiça em Moçambique se vem discutindo sobre o
futuro da Polícia de Investigação Criminal (PIC), sem
que no entanto se chegue a alguma conclusão.
O Conselho de Ministros chegou mesmo a submeter à As-
sembleia da república, em 2009, uma proposta de um Projecto
de Lei que criaria, no lugar daquela entidade de investigação
sobre crimes, o Serviço Nacional de Investigação Criminal
(SICRIM).
Mas, inexplicavelmente e de forma muito obscura, esta pro-
posta viria mais tarde a ser retirada do rol de matérias a serem
apreciadas pelo órgão legislativo.
Nos meios policiais e judiciais continua um vigoroso debate
sobre se a PIC deve continuar subordinada ao Comando Geral
da Polícia ou passar para a Procuradoria Geral da República.
Parece tudo um debate sobre o sexo dos anjos. E parece haver
gente bem posicionada, que beneficia da desorganização e do
estado de debilidade em que hoje se encontra a PIC, e que
por isso não quer ver este assunto resolvido. É o que acontece
quando a máfia se apodera do Estado.
Alguém poderá perguntar que interesse teriam as tais gentes
em manter a entidade nacional de investigação de crimes neste
estado de debilidade? A resposta é simples. Se isso lhes traz
benefícios, obviamente que não terão interesse em ter uma ins-
tituição robusta e independente dos seus próprios poderes, que
os possa um dia apanhar nas malhas do crime. E encontrarão
todo o tipo de argumentos para escamotear qualquer acção
que vá contra os seus interesses.
A questão da PIC não é necessariamente sobre onde a orga-
nização deve ou não estar. É tão simplesmente de dotá-la de
uma orgânica própria, que lhe confere independência, autono-
mia e recursos financeiros, técnicos e humanos próprios para a
realização cabal das suas obrigações, mesmo que continue a ser
tutelada pelo Ministério do Interior e pelo Comando Geral
da Polícia.
Actualmente a PIC depende, quer do ponto de vista estrutural
quer do ponto de vista financeiro, do Comando Geral da Po-
lícia, que por sua vez reside no Ministério do Interior. Nesta
relação de dependência, a PIC não tem poderes bastantes para
a tomada de decisões sobre a aplicação de recursos financeiros,
técnicos e humanos à altura das suas responsabilidades como
entidade de prevenção, combate e investigação contra crimes.
No actual modelo, a PIC não está sujeita a um mecanismo
formal de supervisão civil que permita à instituição gozar da
confiança do público, junto do qual ela deve também prestar
contas sobre as suas actividades.
O que se pretende com uma instituição de investigação crimi-
nal, seja ela a PIC ou a SICRIM, não é saber se ela está domi-
ciliada no Ministério do Interior ou na Procuradoria Geral da
República. É, isso sim, se face à sofisticação das tipologias de
crime, que vão desde o branqueamento de capitais, fraudes fi-
nanceiras e tráfico de drogas e de seres humanos, esta institui-
ção possui meios financeiros, técnicos e humanos adequados
para permitir obter resultados positivos.
Está, por isso, totalmente desenquadrado o actual debate sobre
se se pretende ou não uma entidade de investigação criminal
fora do âmbito da polícia. E quanto cedo os intervenientes
neste processo melhor entenderem a natureza do problema
que têm nas suas mãos, estará o país melhor posicionado para
se defender do crime e dos criminosos.
A forte difusão de livros so-
bre motivação individual e
de crescimento espiritual,
tornou desnecessária e ba-
nal, qualquer abordagem sobre a re-
lação entre as palavras que pronun-
ciamos e os actos a elas associados.
É lugar-comum, e não precisamos
citar nenhum autor, que a palavra
que pronunciamos é a fundação
onde se ergue o edifício da nossa
personalidade. É nas palavras que
encontramos a pista e as pegadas
do interior de quem as pronunciou;
são a “impressão digital” das nossas
acções, intenções e sentimentos.
Defendo que um dos traços típi-
cos do Homem moderno é o seu
empenho na auto aniquilação. O
saldo de palavras que pronuncia ao
longo do dia é um verdadeiro bom-
bardeamento a sua mente e ao seu
coração. Não seria forçado adap-
tar o provérbio e dizer: o homem
se enterra pela boca. No ambiente
doméstico, profissional, social e po-
lítico, o discurso assenta numa es-
pécie de recital obrigatório que de-
nominei num outro artigo de 3M: a
mentira, o murmúrio e o maldizer.
O feitiço em termos gerais, seja a
forma e conteúdo que tiver, não
dispensa a evocação de palavras
diabólicas, que expelidas para o ar
ou na mente vão de encontro à víti-
ma produzindo nesta a intenção do
enfeitiçador. Estas palavras associa-
das aos amuletos, pós, ossos, foto-
grafias, etc, agem como verdadeiras
bombas cuja precisão depende do
treinamento e eficácia do demónio
que as acompanha. Este exemplo
é a descrição mais radical e mais
explícita do efeito demolidor de
uma palavra, mas existem outros
casos que usamos palavras que fun-
cionam como brasas, acendendo o
Palavras enfeitiçadasPor Venâncio Mondlane Jr.
rastilho que nós mesmos deixamos
ligado ao relógio da vida.
Na conversa quotidiana é quase sa-
cramental usar palavras de desmo-
tivação, irritarmos, mostrarmo-nos
duros e intransigentes com o trân-
sito, com os colegas, parentes, em
fim, passarmos o dia inteiro com
vuvuzelas para todos os cantos. Os
nossos valores, a nossa interiorida-
de, aparece indisfarçável, límpida
e cristalina, na impetuosa corren-
te de termos e expressões que, em
contexto diverso, têm a mesma na-
tureza que a intenção de um acto
de feiticismo. Contudo, diferente
daquele, este nosso discurso prenhe
de carga negativa, tem como efei-
to adoecer a nossa mente e o nosso
equilíbrio cardiovascular. Stress,
derrames cerebrais, desequilíbrio
na tensão arterial, relações huma-
nas problemáticas, têm origem jus-
tamente na natureza das palavras
que usamos todos os dias com os
outros e connosco mesmos.
Na política o uso de palavras en-
feitiçadas, surge de forma mais es-
pectacularmente disfarçada. Este é
o Mundo onde se pode dizer com
toda a força que de facto “o diabo
se transforma em anjo da luz”. Os
programas eleitorais nunca apli-
cados, os planos quinquenais que
sempre se repetem, os programas
de revoluções verdes que se trans-
figuram em cinzentas, o combate à
pobreza que se verte em promoção
da miséria, enfim, o discurso em
defesa do povo que maquilha a real
intenção de esfaquear e sangrar o
erário público…são a mais alta ex-
pressão artística de como o diabo
opera com as palavras.
A religião também não está isenta
da infiltração de palavras enfeitiça-
das, aliás, é nesta onde elas se ma-
nifestam com todo o esplendor. A
coisa mais difícil hoje de encontrar
é alguém que se afirme ateu ou que,
no mínimo, não esteja ligado a uma
religião qualquer, mesmo que seja das trevas. Todavia, quem se pre-ocupa e age verdadeiramente em conformidade com os ensinamen-tos de tal religião?Em verdade os religiosos de hoje agem com os mesmos métodos dos políticos. São os mensageiros do inferno infiltrados nos templos de Deus. A religião, a política e a sociedade estão repletas de todos os males do 3M. Se o leitor julga exagero então acompanhe-me:Nos dias que correm, tentar restau-rar um valor positivo na sociedade é associado a loucura e a vergonha. Quem, sem receio, ajuda um cego a cruzar a estrada? Quem ajuda um manco a levantar-se após uma queda? Quem oferece um pão a um idoso solitário, andrajoso e que cata alimento no nauseabundo conten-dor? Quem já pensou e agiu peran-te os meninos de rua que nos batem os vidros do carro com a mão côn-cava esperando uma moeda? Quem já tomou uma acção, fora os mur-múrios de ocasião, contra o atroz consumo de álcool e drogas que estão arremessando o País no poço da miséria? Quem já questionou sobre qualidade de ensino num País em que há licenciados e mestrados que podem passar um ano inteiro sem ler e muito menos comprar um único livro? Como se pode desejar um País melhor e a seguir dizer, tão ingénua e infantilmente, que “não quero saber de política”? Enfim, busquem-se respostas a es-
tas questões e ver-se-á que os con-
travalores é que se instalaram e são
quase cultura. Aqui está o futuro
melhor.
Colaboradores Permanentes:Machado da Graça, Fernando Lima, António Cabrita, Carlos Serra, Ivone Soares, Luís Guevane, João Mosca, Paulo Mubalo (Desporto) e Isadora Ataíde
Maquetização: A. S .MRevisão: Gervásio Nhalicale
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*
*
Maputo-República de Moçambique
*
*
Os bene ários da debilidade da PIC
19Savana 08-03-2013 OPINIÃO
http://www.oficinadesociologia.blogspot.com314
Sinto-me tremendamente
incapaz de enfrentar a
vida como ela está apre-
sentar-se-me. Não posso
dizer que seja infeliz.
Na verdade nunca tive uma rela-
ção boa com a felicidade tal como
nunca tive uma relação boa com a
minha mulher.
Não é porque não a ame, pelo
contrário, adoro-a.
Mas, como acontece com quase
todas as mulheres ela fala ma-
ning, fala de manhã, à tarde, fala à
noite, fala de madrugada, quando
está a lavar a roupa está a cantar,
fala durante o acto de amor e eu sin-
to-me tremendamente casando.
Mas, há alguma coisa que compensa.
Ela tem uma pele muito clara, deu-
-me cinco filhos e é tremendamente
bonita.
Se eu pudesse, estrangulava-a.
Conhecemo-nos em 1969, eu tinha
20 anos e ela tinha 17 anos.
Eu também não sou assim tão feio,
apaixonamo-nos, ela vinha de Chi-
buto, meia descalça e porque não
meia nua.
Meti-a na escola, na primeira classe,
depois levei-a pela primeira vez para
o cinema Dicca na baixa para ver um
filme de Piere Poul Pasolino.
Quando saímos ela perguntou-
-me, afinal cinema é isto?
O filme era os contos da Cantu-
ária.
Hoje temos cinco filhos e ela só
me chateia por uma razão mui-
to simples. Quatro dos nossos
filhos são doutores e quando ela
fala deles diz os meus filhos.
Pergunto:
Fizeste os filhos sozinha?
Nem ela nem Deus responde.
Estou esmagado pelo silêncio da
minha existência mas, eu amo-a.
Amar é isto
O taxista moçambicano Mido Macie foi assassinado pela polícia
sul-africana.
Dois fenómenos podem ajudar a compreender o caso.
Por um lado, é longa a história da colónia laboral que Moçam-
bique representa para as farmas, as minas e os vários ofícios mecânicos
sul-africanos.
Por outro, a actual polícia sul-africana não foi treinada fora dos câno-
nes em que foram treinados os polícias do apartheid.
No primeiro caso, é necessário ter em conta os preconceitos “coloniais”
sobre aqueles que dependem laboralmente da África do Sul.
No segundo, é necessário ter em conta uma espécie de inconsciente
colectivo que, assegurando uma dada ordem social e uma dada supre-
macia nacional, habita o corpo do presente com a alma do passado.
O assassinato de Mido Macie é a crista visível e exacerbada de uma
rotina humilhante que é filha dos dois fenómenos.
O aguilhão da história
Pobre Venezuela!
Dá para saber quando um
destino cruel aguarda um
povo. Destino? Trata-se, na
verdade, de uma construção.
Desgraçadamente, a resposta que o
país encontrou para uma elite diri-
gente que entrou em falência foi o
chavismo, um misto de banditismo
político com delírio ideológico retro.
É evidente que sérias turbulências
virão pela frente porque o modo de
governo inventado por Hugo Chá-
vez, que morreu nesta terça, só fun-
cionava com o carisma do caudilho.
Agora morto, os gângsteres que o
cercavam iniciarão a luta intestina
pelo poder — ainda que a imagem
do mártir garanta ao menos mais
uma eleição para a turma. A questão
é que, em breve, mais de um poderá
dar murro na mesa.
É patético! É melancólico! É triste!
Imaginem quão sem saída está um
regime obrigado a inventar uma
conspiração, que estaria na origem
da doença que matou o líder. Ni-
colás Maduro sugere, em sua fala,
que o câncer do comandante foi
obra dos EUA. Ninguém sabe ao
certo o mal que acometeu o ditador.
Uma coisa é evidente: Cuba não era
o melhor lugar para ele se tratar.
É aí que se percebe que o bandido
farsante obrigou-se a ser, ao menos,
verossimilhante.
Entendam o que estou querendo
dizer: neste particular ao menos,
Chávez foi mais burro e mais fiel
ao credo que proclamava do que
Lula, por exemplo — que fez muito
bem, claro!, em se tratar no Sírio-
-Libanês. O Apedeuta é infinita-
mente mais inteligente do que era
o bandoleiro de Caracas e faz da
incoerência uma arma política. Ele
não foi se tratar via SUS — que, se-
gundo chegou a dizer, estava “perto
da perfeição”. Escolheu um hospital
de ponta e proclamou: todos deve-
riam ter direito àquele tratamento
especializado.
Pouco importa o tipo de câncer de
Chávez, suas chances teriam sido
evidentemente maiores no Brasil,
nos EUA e em alguns países euro-
peus. Mas isso, para a sua mística,
seria entendido como uma espécie
de rendição. Médicos brasileiros
e um grande hospital chegaram a
ser sondados. O ditador queria, no
entanto, a garantia de que poderia
ter aqui a cortina de silêncio que
lhe foi assegurada em Cuba. Ao sa-
ber que não seria possível porque a
democracia brasileira não permite,
restava-lhe escolher, deixem-me ver,
entre Cuba e a Coreia do Norte…
Boa parte de seu padecimento, que
certamente não foi pequeno, se deve
ao facto de que resolveu levar adian-
te a sua farsa. Não aprendeu as artes
de Lula, que jamais é refém da pró-
pria palavra. Muito pelo contrário: a
cada vez que ele joga no lixo o que
disse antes para afirmar o contrário,
proclama a própria inteligência, a
própria esperteza.
Em lugar de Chávez, o Apedeuta se
trataria, como se tratou, num hospi-
tal de ponta e ainda diria:
“Eles (*) acham que um metalúrgico
não pode ter hospital de rico. Mas
eu quer dizer que, nestepaiz, um dia,
todo mundo vai se tratar no Sírio-
-Libanês. E vai ser tudo pelo SUS.
Eu acho de que (!) as elites brasilei-
ras precisam aprender que o traba-
lhador tem direito também a essas
máquinas caras…. “
E todos aplaudiriam. A Marile-
na Chaui mesmo ficaria extasiada:
“Olhem! Parece a deusa Métis fa-
lando; quando Lula fala, o mundo
se ilumina!”. O nosso Apedeuta tem
um lado macunaímico. Se lhe de-
rem folga, “brinca” (este verbo terá
sentido pleno para quem leu o livro)
até durante o expediente. Mas não
se deve tomá-lo por tolo. Sabe ser
calculista e autoritário se preciso, e
o país, institucionalmente, regre-
diu muito sob o seu comando e/ou
orientação.
Lula não traz consigo aquela mís-
tica da “sangre” da América espa-
nhola, do “resistiremos até o último
homem”. Enquanto permitirem que
ele avance, ele vai — se ninguém re-
clamar, chega à ditadura. Se a coisa
começar, no entanto, a se complicar
demais, ele dá um jeito de chupar
balas Juquinha… A fidelidade à
própria farsa obrigou Chávez a ex-
perimentar o fel.
Neste admirável mundo novo,
em que as edições de jornal em
papel, são cada vez mais postas
em causa, assinalar a milésima
edição de um semanário é só, de
, assinalável. Mais assinalável
quando o “Savana” foi um marco
da imprensa em Moçambique,
não só por ter quebrado um mo-
nolitismo da informação, como
por continuar a ser um órgão de
informação escrita independen-
te e com opinião própria. De tal
forma que se algum investigador
pretender escrever sobre a histó-
ria de Moçambique recente terá
necessariamente que consultar o
“Savana”, sob pena da sua inves-
tigação ser incompleta.
Assinalável também porque do
“Savana” saiu uma escola práti-
ca de jornalistas da escrita e da
imagem que hoje se dispersam
por vários órgãos de informação,
fazendo o exercício da liberdade
de informação no nosso país, um
dos pilares da jovem democracia.
Parafraseando um político con-
troverso, que fez muita escola e
doutrina, nos anos setenta do sé-
culo passado, apetece dizer, com
as devidas adaptações e despro-
vido de cartilhas dogmáticas e de
cargas ideológicas que “
. Em prol do flores-
cimento de uma cultura de liber-
dade.
A Morte de Chávez encerra longo
período de desinformação para os
venezuelanos sobre sua saúde e co-
loca o chavismo em xeque. A morte
de um ser humano é sempre triste,
mas Chávez não fará nenhuma fal-
ta alguma à Venezuela e à América
Latina.
Como ocorre nas tiranias, o povo
venezuelano passou meses a fio sem
ter uma única informação minima-
mente confiável e verossímil sobre
a saúde do coronel Hugo Chávez,
sendo desrespeitado no direito fun-
damental de inteirar-se do que se
passa com quem o governa.
Até que, agora há pouco, não foi
mais possível disfarçar nem mentir:
Chávez está morto.
Daqui por diante, qualquer previ-
são sobre o que ocorrerá na Vene-
zuela transformaria um jornalista
em adivinho.
O chavismo, há 14 longos anos no
poder, alterou a seu bel-prazer to-
das as instituições da Venezuela e
transformou o grande país latino-
-americano, um dos maiores pro-
dutores de petróleo do mundo, num
feudo para experiências exóticas e
autoritárias, enfeixadas num delírio
a que se denominou “bolivarianis-
mo”, e que influenciou — inclusive
com dinheiro — o surgimento de
alter-egos do coronel em países
como o Equador e a Bolívia.
Mais do que tudo, edificou-se sobre
um único pilar: Chávez, com suas
idiossincrasias, sua demagogia, sua
hostilidade ao Ocidente, seu afã
de calar a oposição e a imprensa
livre. Ele queria ser, e foi, adorado
como um deus por muitos, e adu-
lado e bajulado por grande número
de políticos e dirigentes que, numa
democracia real, seriam apenas se-
guidores.
Como será a Venezuela sem Chá-
vez é uma grande interrogação —
com um leque de possibilidades
que vai do caos à restauração de
uma democracia de verdade, pas-
sando pela óbvia tentativa de her-
deiros de continuarem encastelados
no Palácio Miraflores.
O grande teste para ver se os cha-
vistas no poder estão minimamente
dispostos a praticar a democracia
será a eleição presidencial que de-
verá realizar-se dentro de 30 dias.
Segundo o artigo 233 da Consti-
tuição da República Bolivariana de
Venezuela, a “falta absoluta” do pre-
sidente nos primeiros 4 dos 6 anos
de mandato obriga à realização de
novas eleições.
Aos mortos deve-se respeito. Aos
líderes políticos é necessário dar o
tratamento crítico adequado, mes-
mo em momentos como este.
A morte de Chávez causa enorme
dor à sua família, a seus amigos e
a milhões de venezuelanos — mas
ele não fará falta a seu país nem ao
cenário conturbado da América
Latina.
Chávez vítima da própria farsaO m da desinformação
As mil edições do “SAVANA” e o florescimento da liberdade de imprensa
20 Savana 08-03-2013OPINIÃO
ESPINHOS DA MICAIAPor Fernando Lima
A TALHE DE FOICE
SACO AZUL | Por Luís Guevane
Por Machado da Graça
Raptos
A morte do taxista moçambicano
na África do Sul criou triste-
za e indignação por parte de
todos os que acompanharam
a notícia. Foram bastante revoltantes
as imagens de arrasto que culminaram
com a morte do moçambicano taxista.
Foi horrível. A polícia sul-africana en-
controu naquele ser humano algo para
se distrair. Algo para exibir aos que as-
sistiam em directo, naquele exacto mo-
mento, que eles não estão para serem
confrontados por ninguém. Que são
uma autoridade da brutalidade. Que
todos lhes devem cega obediência.
Os mirones assistiram indiferentes
àquilo que a polícia lhes proporcionou.
Havia ali muita acção policial, e nada
para contribuir e nem para reclamar.
Era um espectáculo gratuito.
Aquele acto brutal, pelo relativo à von-
Morte em directo de um taxistatade com que ocorreu, mostra até certo ponto
que se enquadra na filosofia da polícia sul-
-africana. Uma filosofia construída à base
de um preconceito há muito cimentado na
mente policial (e não só) caracterizado pela
hierarquização da população estrangeira.
Nessa hierarquização, involuntária e natu-
ral, os moçambicanos têm sido colocados, ao
longo dos tempos, numa posição subalterna
relativamente a uma série de outras naciona-
lidades. Posição essa sustentada pelos relatos
bastante elucidativos de muitos moçambica-
nos sempre que estes regressam ao País.
Foi uma demonstração de “forte lealdade
oficial” à xenofobia. É que aqueles polícias
representavam, naquele momento, o governo
e o Estado sul-africano. Como tal deviam ter
em mente o sentido de responsabilidade e de
respeito cumprindo e fazendo cumprir a lei,
sem nunca se deixar levar pelos seus conflitos
emocionais ou interesses xenófobos, estereó-
tipos étnicos, etc. É ao governo sul-africano
que cabe educar de forma aprimorada ao seu
contingente policial no estrito respeito pela
lei. Se não o faz é a ele que se deve cobrar
quando excessos desta natureza ocorrem.
A atitude boçal e brutal daqueles poucos po-
lícias representa um forte défice jurídico dos
mesmos, o que, provavelmente, seja extensi-
vo a tantos outros. Isto significa, sem muita
margem de erro, que a morte em directo do
taxista moçambicano não constitui o úl-
timo acto deste teatro macabro. Não basta
que, neste caso, os polícias assassinos sejam
punidos exemplarmente. Outros actos se se-
guirão nos próximos tempos, a menos que se
encontrem formas de educá-los para o res-
peito e promoção da cultura jurídica.
Cá entre nós: a morte em directo do taxista
moçambicano fez lembrar uns tantos acon-
tecimentos semelhantes do nosso lado e que,
mesmo mediatizados, ficaram na caixa do
esquecimento. Fez lembrar a diferença
existente entre a justiça sul-africana e a
moçambicana para casos semelhantes.
Fez lembrar que os casos não media-
tizados, se o fossem, estaríamos mais
aborrecidos e furiosos do que nunca.
É caso para perguntar: por que razão,
de um modo geral, o moçambicano é
subalternizado na África do Sul? Será
que, de facto, é?
-
-
-
Numa altura em que, mais
uma vez, se anuncia que
os autores e mandantes
da onda de raptos vão ser
levados a tribunal, um jurista meu
amigo chamou-me a atenção para
um facto importante: o actual Có-
digo Penal em vigor em Moçam-
bique não prevê o crime de rapto.
O que me levou a perguntar-lhe se
isso não teria como consequência
que os tribunais, que forem julgar
esses acusados, os mandem soltar
por falta de normas legais penali-
sadoras do crime.
De acordo com ele, os réus irão,
muito provavelmente, ser acusa-
dos de “cárcere privado”, crime
esse que está previsto no Código.
Só que as penas previstas para esse
crime, dependentes do número de
dias em que a vítima esteve privada
da liberdade, vão de muito poucos
meses a muito poucos anos. Nada
que desanime os raptores ou com-
pense a expectativa que têm de lu-
cros chorudos.
Ora tudo isto se passa num mo-
mento em que um certo número
de juristas, uns ilustres, outros nem
tanto, estão a rever o Código Penal.
Será que vão legislar, a sério, sobre
este tema?
Ou será que vamos ter argumenta-
ções do tipo das que surgem sobre
a Lei da Probidade, dizendo que
a lei não é rectroactiva e, portan-
to, quem podia raptar, antes, sem
penalização, vai poder continuar a
raptar ?
Com alguns dos juristas que temos
a tratar destas coisas já nada me
surpreende. E, sabe-se lá, nos tem-
pos que vão correndo, se não have-
rá, entre eles, alguns que juntem o
rapto aos seus outros crimes?
Sociedade doente, esta nossa, sem
moral, sem ética e sem vergonha
na cara.
Sociedade onde prosperam os cor-
ruptos e os bandidos, e crescem
as barrigas, na mesma medida em
que cresce a pobreza e a fome.
Que falta nos faz um Chavez, em
Moçambique.
Que falta vai fazer Hugo Chavez à
Venezuela!
Que repouse em paz que a sua vida
bem o merece...
Mido Macia
Há sensivelmente quatro anos, fazia
uma viagem solitária para Vuca,
Homoíne, a terra de Ernesto Nha-
muave, o “homem archote” queima-
do vivo no subúrbio de Ramaphosa, no auge
das perseguições xenófobas contra os traba-
lhadores migrantes na África do Sul.
No primeiro aniversário da sua morte, junto
à sua campa rasa, junto a Hortência e os seus
filhos, para além de mim, apenas o Eugénio
Arão, que a todo a custo queria saber se as
pessoas conheciam a “xenofobia”, a peste que
matou Ernesto.
Esta semana, pelo menos em Maputo, os
moçambicanos vão marchar em memória
de Mido Macia, outro emigrante vítima da
mesma peste às mãos de um gang policial.
Do que ouço e folheio há muito pouco de
pedagógico no rescaldo da morte brutal que
ganhou asas com o “youtube”. Há muito de
“olho por olho, dente por dente”, muito de
chauvinismo serôdio e modismo efémero,
como nos bicos de pés para apoiar as vítimas
das cheias.
O chauvinismo é um cancro gangrenado dos
dois lados da fronteira e que deve ser ata-
cado com energia pelas mulheres e homens
que cresceram acreditando que éramos ir-
mãos, mesmo que a desigualdade de todos
os dias leve ao cenho carregado dos menos
ingénuos, agora que já não existe o álibi do
apartheid.
Se não se avançar no cerne das questões,
ficamos pelas trocas de informes diplomá-
ticos, os pedidos de desculpas e as brava-
tas que ficam bem no “agarrem-me senão
mato-o”. Não adianta invectivar contra os
sul-africanos - e é importante saber que
sul-africanos - se ao virar as costas estamos
contra o nigeriano que domina o mercado
dos contentores, o maliano e o burundês que
estão no garimpo informal, o tanzaniano que
é traficante de drogas, o monhé que nos lixa
nos preços, o china que nos dá “kung fu” e
o português que enche os aviões de Lisboa
para nos vir tirar os nossos empregos. À nos-
sa maneira, na reunião do bairro, no directo
televisivo, no insulto fugaz de confusão de
semáforo, no comentário fora de horas no
senta-abaixo, vamos destilando a nossa raiva
contida contra o estrangeiro que nos entra
pela porta de trás e se vai instalando na sala
de visitas. Até no desporto, a tal área da fra-
ternidade e solidariedade, há títulos de jornal
tristes por serem estrangeiros a subirem ao
pódio de uma qualquer maratona menor.
Oficialmente só há, houve xenofobia no Ru-
anda, e mesmo essa convém ser misturada
com o álibi maior do colonialismo, esse te-
cido chuinga que dá para tudo: para os maus
resultados no ensino, o descarrilamento dos
comboios e o piso deficitário das estradas. À
socapa, oficiosamente pensa-se que continua
a haver dividendos a colher de um tal clima
de divisão e tensão. Dá jeito que o insulto
e o vergão se possam traduzir em melhores
termos de troca no mercado de títulos e po-
sições, porque estamos na economia de mer-
cado, versão moçambicana, porque houve
um presidente, o primeiro, que não percebia
bem desses misteres e estava a fazer campos
de futebol demasiado desnivelados.
O aborrecido de tudo isto, chato mesmo, é
que de vez em quando, cai na sopa de mi-
nistros distraídos e não menos distraídos
comissários políticos, o ficheiro de moçam-
bicanos tirados violentamente do anonima-
to. Como Ernesto Nhamuave, como Mido
Macia, como as centenas de sem nome fuzi-
lados informalmente, porque são carne para
canhão no mercado asiático de chifres de
rinoceronte.
A Hortência, em Vuca, não percebia porque
a xenofobia tinha morto o seu marido.
Para melhor informação, é bater à porta da
Ponta Vermelha.
21Savana 08-03-2013 OPINIÃO
Ur
Segurança do Estado
A Lei de Imprensa, abrin-
do amplo espaço para a
liberdade de imprensa e
o exercício do direito à
informação, foi aprovada no dia
10 de Agosto de 1991. Exacta-
mente uma semana depois, no dia
18 de Agosto de 1991, foi aprova-
da a Lei dos Crimes contra a Se-
gurança do Estado(Lei nº19/91).
A aprovação da lei ditou a revo-
gação da Lei dos Crimes Contra
a Segurança do Povo e do Estado
Popular (Lei 2/79, de 1 de Mar-
ço).
Num dos seus artigos, a Lei dos
Crimes contra a Segurança do
Estado derroga, liminarmente, a
Lei de Imprensa. Senão vejamos:
Nos termos do seu Artigo 22,
a crítica a determinadas figuras
de alto nível é considerada cri-
me contra a segurança do esta-
do. Com efeito, nos termos da
mesma disposição, a publicação
de informação susceptível de ser
considerada como ofensa à repu-
tação do Presidente da República,
do Presidente da Assembleia da
República, dos membros do Con-
selho de Ministros, dos juízes do
Tribunal Supremo e dos juízes do
Conselho Constitucional, bem
como de Secretários-Gerais de
partidos políticos, é considerada
crime contra a segurança do es-
tado, sujeito a penas de prisão de
entre um a dois anos. A lei inclui
a intocabilidade de um leque de
entidades estatais, mencionadas
num critério de numerus apertus,
e apresentados com a definição
vaga de organismos que exerçam
autoridade pública, civil ou mili-
tar. Nestes casos, aquele que cri-
ticar o seu desempenho pode ser
punido com a pena de três meses
a dois anos de prisão e multa cor-
respondente!
Ora, qualificar a difamação a figu-
ras públicas como crime contra a
segurança do Estado, só pode ser
concebido no contexto de uma
ditadura ou de um regime auto-
ritário, exorbitando largamente
qualquer conceito de Segurança
de Estado, no contexto de um
Estado de Direito Democrático,
“baseado no pluralismo de ex-
pressão, na organização política
democrática e na garantia dos di-
reitos e liberdades fundamentais
do Homem” como a Constitui-
ção define o estado moçambica-
no (Artigo 3º). Este conceito de
Segurança Nacional contraria, de
forma flagrante, os princípios de
“restrição necessária em democra-
cia”, pois ele visa apenas assegu-
rar a intocabilidade deste nível de
figuras, bem como a de indefini-
dos organismos que exerçam au-
toridade pública, civil ou militar.
Neste sentido, partilhamos, pois, a
opinião daqueles que consideram
esta lei como clamorosamente in-
constitucional.
Lei de ImprensaOs artigos 41 e 49 da Lei de Im-
prensa tratam das ofensas descri-
tas como “abuso da liberdade de
imprensa”, em que se inclui a fi-
gura da difamação.
Neste contexto, a Lei de Impren-
sa mantém a confusão entre Se-
gurança do Estado e reputação de
figuras públicas. Assim, no seu ar-
tigo 47, a Lei de Imprensa estabe-
lece um regime de excepção, rela-
tivamente à apresentação da prova
da verdade dos factos, aludidos
numa informação considerada di-
famatória à figura do Presidente
da República, de Chefe do Esta-
do estrangeiro ou seu represen-
tante em Moçambique, quando
haja, com este,reciprocidade. Ora,
um princípio rejeitando inlimine
qualquer possibilidade de crítica
legítima ao Presidente da Repú-
blica ou seu homólogo amigo, só
pode ser justificado onde se con-
sidere que o escrutínio democrá-
tico da conduta de figuras públi-
cas configura ameaça à segurança
nacional!
-tucional e mudança culturalAprovada a Lei de Acesso à In-
formação na presente legislatura
– como se espera – terá sido dado
um primeiro passo importante,
visando permitir aos cidadãos o
exercício de um direito constitu-
cional fundamental. Contudo, da
aprovação vão emergir importan-
tes desafios, requerendo resposta a
vários níveis, nomeadamente:
Primeiro: a regulamentação ime-
diata da lei, explicando de forma
clara o seu espírito e finalidades,
bem como indicando, ainda que a
título meramente exemplificativo,
a natureza da informação coberta
pela lei e das instituições públi-
cas, privadas e da sociedade civil
abrangidas pela obrigatoriedade
de disponibilização da informa-
ção solicitada; condições de dis-
ponibilização (técnicas, materiais
e financeiras) acessíveis; tempo de
espera para receber a informação
solicitada; meios e formas de re-
curso a uma recusa de disponibili-
zação de informação, etc.
Segundo: a preparação de uma
nova Lei de Segurança do Estado,
que defina clara e parcimoniosa-
mente o conceito e âmbito deste
instituto, e cujos elementos cons-
tituintes sejam igualmente claros
e isentos de quaisquer remissões a
outros dispositivos legais.
Terceiro: Formação dos funcioná-
rios e agentes do estado, do sector
privado e da sociedade civil que
devem possuir conhecimento só-
lido, sobre os fundamentos políti-
co-jurídicos do direito de acesso à
informação;
Quarto: Dotar as instituições
relevantes das necessárias con-
dições técnicas e materiais para
responderem adequada e tem-
pestivamente à demanda do pú-
blico: centros de informação e
documentação devidamente ape-
trechados; páginas de Internet
permanentemente actualizadas e
activas, etc. O processo de reorga-
nização e modernização dos Ar-
quivos do Estado, encetado pelo
Ministério da Função Pública,
constitui, já, um passo importante
nesse sentido.
Quinto: Institucionalização de
um sistema ou órgão de recebi-
mento e tratamento de reclama-
ções do público (rever as funções
e competências do Conselho Su-
perior da Comunicação Social?)
dos Recursos NaturaisA Plataforma Africana sobre
Acesso à Informação (APAI) -
um mecanismo de interacção e
coordenação entre várias organi-
zações africanas de defesa e pro-
moção da liberdade de expressão
no continente - realizou uma
Conferência Pan-americana sobre
Acesso à Informação em Setem-
bro de 2011, na Cidade do Cabo,
para fazer o balanço do progresso
do continente na adopção e im-
plementação efectiva de leis de
acesso à informação. A conferên-
cia teve como patrona a Relatora
Especial sobre a Liberdade de
Expressão e Acesso à Informa-
ção, da Comissão Africana dos
Direitos Humanos e dos Povos,
PancyTlakula. Um dos pontos
mais criticamente constatados na
conferência foi que, mesmo nos
países africanos onde já existam
leis de acesso à informação, o
princípio continua a ser descura-
do, relativamente à gestão dos Re-
cursos Naturais. A este respeito, a
Conferência da APAI inclui, na
sua Declaração Final, o seguinte
ponto:
“Os governos devem de forma
proactiva publicar toda a informa-
ção, incluindo políticas, avaliações
de impacto, acordos, subsídios,
licenças, autorizações e receitas
relacionadas com a exploração
dos recursos naturais, incluindo
as indústrias extractivas, recursos
hídricos, pescas e florestas. Orga-
nismos privados, activos na explo-
ração de recursos naturais, devem
ser obrigados a divulgar publica-
mente os termos de contratos e
pagamentos feitos aos governos
com base nos princípios elabo-
rados pela organização Iniciativa
para a Transparência nas Indús-
trias Extractivas (ITIE)”.
De todas as premissas ou pré-
-condições para uma plena imple-
mentação de uma Lei de Acesso à
Informação, haverá uma cujo al-
cance apenas poderá ser possível a
médio prazo: a mudança de men-
talidade na Administração Públi-
ca, em primeiro lugar, e em todas
as instituições abrangidas pelos
princípios da transparência e da
publicidade de âmbito mais geral,
incluindo os órgãos de natureza
político-legislativa, bem como
no seio da sociedade civil. Pois,
pode suceder que, paralelamente à
existência de uma Lei de Acesso
à Informação, leis contrárias a ela,
sobretudo no espírito, continuem
a ser aprovadas, derrogando-a,
como foi o caso da qualificação
de críticas públicas a figuras do
Estado e a Secretários-gerais de
Partidos Políticos, como crimes
contra a segurança do estado, nos
termos da Lei dos Crimes Contra
a Segurança do Estado, aprovada
dez dias após a aprovação da Lei
de Imprensa, em Agosto de 1991
(supra).
Um processo de educação e for-
mação sobre os fundamentos
político-jurídicos do direito de
acesso à informação por parte dos
cidadãos deverá ser desencadea-
do imediatamente, abrangendo
instituições-chave da administra-
ção pública lato sensu e também
do sector privado e da sociedade
civil. Podem mencionar-se, a tí-
tulo meramente exemplificado, as
seguintes:
Governos Distritais; Conselhos
Municipais; Empresas Públicas
ou outras entidades públicas, su-
bordinadas ou dotadas de qual-
quer grau de autonomia; Em-
presas privadas e Organizações
da Sociedade Civil operando em
áreas de interesse público; Con-
selho Superior da Comunicação
Social; Gabinete de Informa-
ção; Multinacionais Estrangeiras
operando em território nacional;
Ministérios do Governo; Pro-
curadorias da República; Tribu-
nais Judiciais, Administrativos
e Aduaneiros a todos os níveis;
Presidência da República e As-
sembleia da República. Por outro
lado, determinadas instituições
públicas de formação académi-
ca e técnico-profissional, como o
Centro de Formação Jurídica e
Judiciária (Ministério da Justiça),
a Academia da Polícia (Ministé-
rio do Interior), bem como Insti-
tutos de Formação em Adminis-
tração Pública a diferentes níveis
(Ministério da Função Pública),
deverão tomar a adiantaria neste
processo, já que estão incumbidas
de formar e educar funcionários e
agentes do estado que ocupam a
linha da frente no “interface” en-
tre o Estado e o cidadão.
Assim, caracterizada a natureza e o âmbito de uma Lei de Acesso à Informação, parece-nos natural que os órgãos do Estado que a devam tutelar sejam, em primeiro lugar, os Ministérios da Função Pública e da Administração Esta-tal, em estreita colaboração com o Conselho Superior da Comunica-ção Social. Um estudo do Banco Mundial, encomendado pelo Gabinete de Informação (GABINFO), em 2007, intitulado “A Função de Comunicação do Governo de Moçambique”, após fazer várias constatações sobre défice infor-mativo junto do governo e de ou-tras instituições públicas, termina acentuando que, a par de reformas legislativas, dever-se-á tomar em grande consideração a questão da mudança cultural, rematando: “A mudança cultural é extremamente difícil de alcançar. É um proces-so lento, doloroso, com resultados vagos e riscos incertos, que en-frenta forte resistência do interior das instituições, bem como seve-
ras críticas externas”.
Com efeito, bloqueios culturais
podem reduzir qualquer lei a letra
morta, por mais nobres que sejam
as intenções daquela!
Lei de Acesso à Informação – dissipando equívocos (Concl.)
Tomas Vieira Má[email protected]
Referências Bibliográficas
Access to Information : A Practice Note: UNDP, 2003Article 19: http://Article19.orgCEPIK, Marco: Direito à Informação no Brasil - Situação Legal Comunidade de Desenvolvimento da África Austral: http://www.sadc.netDeclaração Universal dos Direitos Huma-nos. Nações Unidas, 1948.Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos, Banjul 2002.http://www.
achpr.org/CANOTILHO, J. J. Gomes e MOREIRA, Vaital: Constituição da República Portugue-
sa anotada, 3ª ed., Lisboa, 1993 REIS CONDESSO, Fernando dos, Direito da Comunicação Social, Lições: Almedina,
Coimbra, 2007.Constituição da República de Moçambique,
2004.Lei da Imprensa, Lei nº18/91, de 10 de AgostoLei dos Crimes contra a Segurança do Esta-do – Lei nº 19/91, de 18 de Agosto.Lei do Segredo de Estado - Lei n˚ 12/79 de 12 de Dezembro.
22 Savana 08-03-2013DESPORTO
Depois da derrota na primei-ra mão com o Mochudi Center Chiefs do Botswa-na, por 1-0, em desafio
realizado no Estádio Nacional do Zimpeto inserido na pré-elimina-tória para a fase de grupos da liga dos campeões, para não variar, o Maxaquene voltou a perder na par-tida da segunda mão pelo mesmo resultado despedindo-se da pior maneira da competição.
Enquanto isto, a Liga Muçulma-na segue em frente na Taça CAF ou Nelson Mandela, depois de na partida da segunda mão ter venci-do o Gaborone United, por 1-0.Os muçulmanos seguem em frente com um agregado de 3-2 no con-junto das duas mãos.No conjunto das duas mãos, os tri-colores ficaram pelo caminho com o agregado de 2-0. O próximo adversário da Liga Muçulmana será o Lob Star da Ni-géria, uma formação que no ano passado terminou na terceira po-sição no campeonato daquele país.
Falta de campo para treinos deixa Semedo nervoso- Cape Cape pode ser solução provisória para o Desportivo de Maputo
O técnico principal do
Grupo Desportivo de
Maputo, Artur Semedo,
conjuntamente com os
seus pupilos estão agastados com
as condições actuais do seu clube,
mormente as relacionadas com a
falta de campo para treinos. Os
jogadores foram unânimes em
afirmar que as actuais condições
não permitem ao atleta mostrar as
suas reais capacidades.
Por mais paradoxal que possa pa-
recer a verdade cristalina é que o
Grupo Desportivo de Maputo,
GDM, uma das mais expressivas
colectividades do nosso país, não
só em função dos seus longos anos
de existência, mas também pelo
número de títulos conquistados,
e quiçá, pelo quinhão de jogado-
res que formou, não possui campo
para treinos.
VaivémVezes sem conta, o treinador e os
jogadores são sujeitos a um ver-
dadeiro vaivém, na perspectiva de
encontrarem um lugar que reúna
as mínimas condições para reali-
zarem algumas sessões de treino.
Uma situação simplesmente bi-
zarra e que reflecte a maneira ca-
seira como são dirigidos alguns
clubes, onde a improvisação e falta
de visão estratégica ganham con-
tornos inquestionáveis.
É que se há clubes, nalguns casos
com poucos anos de vida, a exem-
plo da Liga Muçulmana que já
possuem recintos próprios para a
realização de partidas, outros com
o andar da carruagem correm risco
de desaparecer do mapa.
Para já, são de Artur Semedo as
palavras que se seguem:
“É muito difícil trabalhar sem
casa própria, eu não sei até quan-
do esta situação vai durar, não sei
até quando será resolvida porque,
vezes sem conta, sou obrigado a
deslocar de um lado para o outro à
procura de um campo para treinar
os jogadores”, lamentou o técnico
Artur Semedo.
Acrescentou: “enquanto a direcção
do clube não resolver a situação
do campo, nós não poderemos
chegar longe”, desabafou Semedo
visivelmente constrangido.
Segundo Semedo, um dos objec-
tivos traçados para este ano, é de
construir uma equipa forte que
possa regressar ao convívio dos
grandes o mais rapidamente pos-
sível. Mas, por causa das dificul-
dades que a equipa enfrenta, este
objectivo pode não ser alcançado,
segundo afirmou o técnico.
“O meu objectivo para esta tem-
porada é constituir uma equipa
forte e que ambiciona regressar ao
Moçambola o mais cedo possível
e dotar o clube de condições téc-
nicas para que consiga concorrer
àquele certame de forma mais or-
ganizada e tranquila para evitar o
que aconteceu na temporada pas-
sada”, observou.
Para que estes objectivos sejam al-
cançados, o clube precisa de ser
redimensionado, segundo expli-
cou Semedo.
“Só para dar uma ideia, eu che-
guei no Desportivo quando este
enfrentava muitas adversidades
sobretudo em termos de resulta-
dos: Fiz tudo o que estava ao meu
alcance mas não consegui evitar a
despromoção. Mas apesar disso,
consegui melhorar a organização.
Ora, com a falta de um campo
próprio para treinar podemos vol-
tar a ter os mesmos resultados do
ano passado”, desafiou Semedo.
“Apesar das condições impostas,
no diz respeito ao campo, vou
continuar a treinar a equipa as-
sim mesmo até que a direcção
do clube encontre uma resposta.
Constou-me que a direcção vai
construir um estádio desportivo
que se prevê que até 2014 esteja
concluído. Mas, enquanto demora
a construção do estádio vou conti-
nuar a treinar a equipa”, desafiou
técnico.
Num outro desenvolvimento, Se-
medo disse que para este ano pre-
tende construir um plantel muito
forte constituído, na sua maioria,
por jogadores jovens à mistura
com alguns do ano passado.
Convites
Semedo vai mais longe e diz que
está no Desportivo porque quis
uma vez que convites para treinar
outras equipas nunca lhe faltaram.
“Eu estou no Desportivo porque
quis, recebi vários convites no ano
passado e assim como neste ano,
mas não aceitei porque quero ficar
neste clube”.
Enfatizou que durante a sua car-
reira ganhou tudo o que havia por
ganhar. Diz ainda que conhece a
mentalidade de vários dirigentes
desportivos do país.
Artur Semedo entende que o des-
porto continua a ser o parente po-
bre do Governo, daí haver neces-
sidade de inverter a situação. Diz
taxativamente que cabe ao Mi-
nistério da Juventude e Desporto
pôr o desporto ao mesmo nível de
outras áreas ou actividades do país,
tal como a economia, saúde, edu-
cação, entre outras.
Jogadores também tristesEntretanto, à semelhança de Ar-
tur Semedo, alguns jogadores do
Desportivo também estão tristes
com as condições que encontram
no terreno, particularmente a falta
de campo.
Manuel Elias diz que o seu maior
objectivo para esta temporada é
conquistar espaço contribuindo
para o sucesso da equipa na sua
caminhada rumo ao regresso para
o Moçambola-2014. Mas, diz que
a maior dificuldade é a falta de
campo.
“A minha grande aposta para este
ano é dar o meu máximo para ver
se o clube volta ao Moçambola,
mas o único entrave é a falta de
um campo próprio para treinar-
mos. Como pode ver, só estamos
a correr neste pequeno campo de
salão o que pode ser contraprodu-
cente no futuro sobretudo aten-
dendo que vamos jogar em cam-
pos grandes”, observou o jogador.
Inácio Américo salientou que é
um pouco difícil trabalhar-se nes-
tas condições, mas está esperança-
do em dias melhores.
“Nós estamos a treinar em con-
dições complicadas, porque este
espaço onde estamos a correr foi
feito para futebol de salão e não
para o futebol de 11, mas por falta
de alternativa estamos a usá-lo”,
afirmou Américo visivelmente
agastado.
Carlitos João afirmou que para
esta temporada a equipa está pre-
parada para ganhar o campeonato
da cidade e quiçá a poule.
“Nós estamos preparados para re-
gressar ao Moçambola, mas este
sonho pode não ser concretizado
porque estamos a ser confronta-
dos com o problema da falta de
um campo próprio para treinar”,
anotou.
Para percebermos melhor os con-
tornos desta triste realidade visita-
mos o antigo quartel do Desporti-
vo, o antigo campo de futebol.
No terreno, constatámos que o
mesmo se encontra num avançado
estado de degradação sendo que
à entrada está amontoada uma enorme quantidade de lixo. No interior do campo todas as ban-cadas estão totalmente destruídas, o capim tomou conta do recado. Quanto às balizas, essas não têm redes. O outro lado do campo está inundado de água.O muro de vedação, que outrora protegia o campo já está prestes a desaparecer, algumas casas dos funcionários que estavam no in-terior do campo já não existem, a única lembrança que ficou são as placas de publicidade.Um dos guarda de nome Jolito Raimundo, disse que está a exercer a sua actividade desde Novembro do ano passado e não sabe explicar ao certo quem adquiriu as insta-lações.“Estou a trabalhar neste local des-de Novembro do ano passado, não sei o que é que vai se construir neste campo, mas o novo patrão já puxou água e há indicação que até dentro deste ano iniciem algumas obras de construções”. Entretanto, há indicações que dão
conta de haver uma luz no fundo
do túnel uma vez que se equacio-
na a possibilidade de o Desportivo
passar a treinar no campo do Cape
Cape, no Bairro de Chamnaculo.
Por Zaqueu Massala
Segundo escreveu o jornal o País, o Lobi Stars venceu o campeonato nigeriano de futebol uma vez, em 1999. Esta formação não tem sido feliz nas afrotaças, tendo sido afastada da Taça CAF em 2004 e 2006, na segunda ronda. No ano passado terminou o cam-peonato nigeriano na terceira po-sição, com um total de 57 pontos, menos quatro que o Kano Pilares, campeão. Entretanto, nos últimos anos a prestação das formações moçam-bicanas nas Afrotaças têm sido desastrosas e o melhor que têm conseguido alcançar é a primeira eliminatória, mas há anos que fi-
cam mesmo pela pré-eliminatória. Quanto ao afastamento do Maxa-quene, esse foi em parte o reflexo do ambiente de crispação que reina no clube fazendo fé as palavras do seu técnico Arnaldo Salvado.Com efeito, entre outras coisas mais, Salvado enumerou um rol de dificuldades materiais básicas, como bolas equipamentos para
além de os actuais gestores do clu-be não estarem a honrar alguns compromissos assumidos anterior-mente com os jogadores.Uma situação simplesmente la-mentável atendendo a envergadura do Maxaquene.Aliás, no lançamento do jogo da primeira mão, Arnaldo Salvado já havia dado o mote: não jogaria para o ataque, pois não conhecen-do o valor do adversário o que sabia via imprensa era de que a equipa adversária era aguerrida , com altos níveis de confiança blá-blá!E como o medo é o inimigo da perfeição, acabou deixando os seus créditos em mãos alheias diante dum adversário, que modéstia à parte estava perfeitamente ao nos-
so alcance.Até porque a mesma Liga Muçul-mana por pouco caía na mesma situação, porque, ainda que o seu técnico tenha dito que iria m jogar ao ataque sem descurar aspectos defensivos, a verdade é que passou mais tempo a defender do que a atacar.
Afrotaças: quando se oferece o ouro ao bandido!Por Paulo Mubalo
Artur Semedo; “a falta de um campo próprio está a pôr em causa as nossas actividades desportivas”.
23Savana 08-03-2013 PUBLICIDADE
Por Zaqueu Massala
Um ano depois da sua cria-
ção, o projecto da Escola
de formação de jogadores
do Clube Nova Aliança
está em queda livre por falta de
botas, transporte e dinheiro para
aluguer do campo. João Maxi-
miano Macuvele, treinador e co-
ordenador do projecto, disse que
o mesmo está a enfrentar alguns
problemas relacionados com a fal-
ta de material desportivo, bolas,
transporte e dinheiro para aluguer
de campo para a realização de jo-
gos.
“Nós temos um orçamento para
todo o ano de 2013, mas algumas
despesas de aluguer do campo e
transporte para movimentar os
atletas não estão contempladas”,
Projecto de formação de jogadores em queda
referiu.
Apontou, também, que um outro
problema relaciona-se com o ele-
primeira fase o projecto tinha sido
desenhado para acolher 205 crian-
ças, mas hoje estamos a trabalhar
com 285, portanto, acima da nossa
capacidade. Desta forma, somos
obrigados a redobrar esforços
de modo a contemplarmos todas
elas”, explicou.
No terreno, o SAVANA observou
que apesar do próprio recinto des-
portivo mostrar um bom aspecto,
existe um outro problema. Com
efeito, alguns vizinhos criam bura-
cos no muro de vedação do campo
para esvaziarem a água dos seus
quintais principalmente no perío-
do chuvoso.
Quando iniciou o projecto, o espa-
ço desportivo encontrava-se cheio
de imundice e a primeira coisa
que se fez foi transformá-lo num
lugar de lazer para permitir que
as crianças pudessem aprender
valores sociais e habilidades des-
portivas, onde do nada no final da
época inscreveu-se 285 crianças, o
Cerca de 360 crianças em
representação de 24 escolas
da cidade de Maputo dis-
putaram a segunda edição
do torneio infanto-juvenil Xingu-
fu, realizado no último sábado, na
capital moçambicana Maputo. O
referido torneio tem por objectivo
a promoção da saúde das crianças,
a retenção dos valores humanos, o
desenvolvimento de novos talentos
das crianças, entre outras.
O torneio infanto-juvenil Xingufu
tem por objectivo promover a prá-
tica desportiva, intercâmbio juvenil,
aquisição de habilidades dos atletas
na escolas , retenção de valores so-
ciais e individuais, entre outros .
Aliás, o Xingufu pode ser consi-
derado como uma ferramenta de
denominação de hábitos de vida
saudável, através da educação nu-
tricional, também pode reforçar a
sensibilização dos alunos a consu-
mir uma dieta adequada e saudável,
bem como assegurar as actividades
desportivas.
A segunda jornada da fase de eli-
minatória, do torneio infanto-ju-
venil Xingufu foi organizada pela
Comunidade Académica para o
Desenvolvimento, CADE, em par-
Sorteio do Moçambola-2013 O campeonato nacional de futebol, o Moçambola, na sua versão -
2013 vai ser sorteado esta sexta-feira no decorrer da Gala da Liga
Moçambicana de Futebol.
O evento é aguardado com muitas expectativas por parte de todos
os desportistas e amantes de futebol.
Entretanto, ainda na sexta-feira, terá lugar a 18ª Assembleia-Ge-
ral Ordinária da Liga Moçambicana de Futebol.
No encontro será apreciada, aprovada e assinada a XVII acta da
Assembleia-Geral Ordinária. Outros pontos são a apresentação
dos relatórios de actividades e contas referentes ao exercício de
2012; apresentação, discussão e aprovação do plano de activida-
des e orçamento para 2013; discussão e adopção do regulamento
de disciplina já revisto.
Sabe-se que o pontapé de saída do Moçambola-2013 será dado
no próximo dia 30 de Março sendo que a prova escalará as pro-
víncias de Maputo, Gaza, Inhambane, Sofala, Tete e Nampula.
Os veteranos do Bairro Patrice Lumunba vão homenageiar o fa-
lecido vice-presidente da Liga Moçambicana de Futebol, Abdul
Zubaida, pelo seu contributo para o desenvolvimento do desporto
moçambicano, em particular o futebol.
A cerimónia terá lugar este sábado a partir das 15h30 e contará
com a presença de altas individualidades ligadas ao desporto e
a política, entre elas, Mário Coluna, Marcelino dos Santos, Joa-
quim Chissano, Avelino Maluana, Tico Tico, entre outras.
BREVES
ceria com MINED e Município de
Maputo e foi financiado pelo pro-
grama Nestlé.
“O nosso grande objectivo é o de-
senvolvimento do desporto escolar,
descoberta de novos talentos nos
atletas, o hábito da preservação dos
valores humanos . Manter a saúde
das crianças em boa forma, através
da prática desportiva, entre outras”
disse o director da CADE, Visnu
Zitha.
Segundo Zitha, este é um projecto
que nasceu no ano passado e numa
primeira fase envolvia 12 escola da
capital. Mas, para este ano o projec-
to cresceu em 100%.
Entretanto das 24 escolas que ainda
estão a disputar o torneio, pretende
se apurar 12 escolas para depois
disputar no campeonato da cidade
previsto para o dia nove de Março
a 27 de Abril do ano em curso. os
vencedores vão ganhar um material
informático, computadores indivi-
duais, medalhas. Serão igualmente
premiados, os melhores jogadores, e
melhores guarda-redes .
Judite Cumabe treinador da escola
7 de Setembro disse que o torneio
decorre sem sobressaltos, “este é o
terceiro sábado que estamos a reali-
zar este torneio, o nosso grande ob-
jectivo é reactivar o desporto, por-
que na medida que o tempo passa
os jogadores também vão envelhe-
cendo, daí que é preciso reactivar os
nossos jogadores.
“A organização está boa apesar de
algumas falhas, maior parte dos
organizadores são jovens o que é
bastante louvável, aliás, maior par-
te dos organizadores deste torneio
vieram do basquete show” disse a
professora.
Segundo o director da CADE,
Visnu Zitha, está é uma das for-
mas e estratégias encontradas pela
Comunidade Académica para o
Desenvolvimento, de promover o
desporto e manutenção da saúde.
Xingufu é uma bola artesanal tradi-
cional feita por pedaços de tecidos
fora de uso e plásticos usados que
na sua junção fazem uma bola de
futebol.
De referir que o torneio de infan-
to-juvenil Xingufu, foi organizado
pela CADE, em parceria com o
Ministério da Educação através
da sua direcção a nível da cidade
de Maputo e conta com a Nestlé
como o principal patrocinador do
projecto.
Torneio Xingufu movimenta mais de 300 criançasPor Zaqueu Massala
vado número de crianças na Esco-
la de Formação.
“Como eu disse no início, numa
que significa que a escola atingiu
135% do objectivo previsto.
No ano passado, a escola partici-
pou no torneio infanto-juvenil a
nível da cidade de Maputo e ob-
teve bons resultados.
“O nosso desafio para este ano é
transmitirmos os valores adquiri-
dos fazendo com que as crianças
continuem a desenvolvê-los”.
A selecção das crianças para inte-
grar a Escola de Formação é feita
pela Associação Khandleo e um
dos requisitos é ser criança carente
e com dificuldades de aprendiza-
gem.
Ainda no ano passado, o projecto
inscreveu 150 crianças na Asso-
ciação de Futebol da Cidade de
Maputo, AFCM, com objectivo
de capacitá-las a competir e de-
senvolver actividades desportivas.
O grande desafio da Escola é de
formar atletas do futuro, que se
identifiquem com a causa que
norteou a criação do projecto.
Pormenores do torneio Xingufu realizado no último sábado em Maputo.
Campo da Nova Aliança antes de ser reabilitado e a equipa que constituí a escola de formação de jogadores.
24 Savana 08-03-2013CULTURA
O escritor moçambicano Mia
Couto está a escrever um
romance que abordará “as
construções mitológicas
sobre o império de Gaza”, que se
localizou no sul de Moçambique
em que pretende questionar o per-
sonagem de Ngungunhana.
“Há pinturas que são feitas ( à volta
da figura do imperador Ngungu-
nhana) e a pergunta é essa: quem
era esse verdadeiro personagem
do Ngungunhana?” questiona Mia
Couto, sobre a nova produção lite-
rária.
O escritor mais traduzido de Mo-
çambique está, desde o ano passa-
do, a escrever o livro, que, garante,
“Muito certamente não será aca-
bado este ano”, pelo que pretende
trabalhar o romance ainda sem tí-
tulo mais um ano. “A grande pre-
ocupação que eu tenho é mostrar
que essa história com H maiúsculo,
a história oficial de um país é sem-
pre construída – não só no nosso
caso, em todos os casos do mundo
– a partir de pequenas mentiras,
pequenas ilusões. A necessidade de
fabricarmos grandes heróis, perso-
nagens que estão acima de um hu-
mano tem de ser de alguma manei-
ra desconstruída”, diz.
A banda feminina Likute actua nesta sexta-feira, 8 de Março, no
Centro Cultural Franco-Moçambicano. O grupo conta com a
participação de convidados como Chude Mondlane, Zena Bacar,
Xixel Langa, Stélio Zoe, Osvaldo Passirivo e Inácio.
A banda feminina Likute é composta por quatro mulheres com raízes cul-
turais de diferentes regiões de Moçambique. O nome Likute provém de
um tambor que marca o início da dança Mapiko, ritmo originário da etnia
Makonde da Província de Cabo Delgado. Valorizando ritmos genuina-
mente moçambicanos, Likute propõe um estilo musical “Afro-fusion” com
muita poesia e dança.
Lidia Mate tendo pertencido a vários grupos musicais com destaque para a
Orquestra Marrabenta de Moçambique e Companhia de Canto e Dança e
tendo desde 1992 iniciado uma carreira solo e já possui 10 temas inéditos
na Rádio Moçambique. Já participou em várias digressões internacionais
com o Projetcto Poder Na Voz, Festival em Botswana, Londres, Swazilan-
dia, Ilha da Reunião, entre outros.
Tinoca Zimba faz parte de um dos maiores grupos musicais de Moçam-
bique - Timbila Muzimba.Com este grupo, Tinoca já percorreu diversos
cantos do mundo na exibição da cultura moçambicana. Neia Naene integra
o grupo Timbila Ta Guevane, além de fazer parte do Projecto Umodja.
Nguilozy da Conceição, está neste momento a trabalhar com o projecto
Umodja. A.S
Contudo, assinala Mia Couto, a
ideia não é atacar os mitos, porque,
diz, entende “que um país precisa
de heróis, mitos fundadores, mas,
por outro lado, é preciso que a gen-
te saiba que eles são fabricações”.
As proezas de Ngungunhana já
tinham sido narradas em livro, em
1987, pelo escritor moçambicano
Ungulani Ba Ka Khosa num ro-
mance intitulado Ulalapi, que, em
seis episódios, narra os excessos
daquele chefe após assumir o trono
do império de Gaza, substituindo o
seu irmão.
“O Ulalapi foi um grande livro
inspirador para este mesmo livro.
Esta desconstrução da imagem que
foi construída ideologicamente do
Ngungunhana, quer dizer, é mui-
to curioso, porque a personagem
Ngungunhana é reconstruída do
ponto da elaboração mítica, tanto
pelos portugueses, como por nós”,
afirma Mia Couto.
O romance de Ungulani Ba Ka
Khosa integra a lista dos 100 maio-
res romances do século passado.
Portugal vai acolher em Outubro a II Conferência Interna-
cional sobre o Futuro da Língua Portuguesa no Sistema
Mundial, uma iniciativa que pretende avaliar os progres-
sos alcançados à luz dos objectivos do Plano de Acção de
Brasília aprovado em 2010.
A conferência, que decorre sob o tema “Português Global – In-
ternacionalização, Ciência e Inovação”, terá lugar entre 31 de
Outubro e 03 de Novembro de 2013, em Lisboa. A iniciativa é
uma organização do Camões – Instituto da Cooperação e Lín-
gua, Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), Mi-
nistério da Educação e Ciência, faculdades de Letras de Lisboa,
Coimbra e Porto e faculdade de Ciências Sociais e Humanas da
Universidade Nova de Lisboa.
A conferência inclui, além de reuniões técnicas e políticas, um
colóquio aberto à sociedade civil e uma cimeira de ministros dos
países lusófonos. O encontro pretende “avaliar e aprofundar os
principais eixos temáticos definidos no Plano de Acção de Brasí-
lia” que servirão de base às comunicações dos oradores.
A língua portuguesa como língua de ciências e da comunicação
digital, estratégias de internacionalização da língua portuguesa
nas organizações internacionais e nas indústrias culturais, estra-
tégias de promoção e difusão de ensino da língua portuguesa no
mundo, diversidade linguística nos países da CPLP e a imple-
mentação do Plano de Acção de Brasília para a Promoção, Difu-
são e Projecção da Língua Portuguesa foi aprovada em Julho de
2010, na cimeira de chefes de Estado e de Governo da Comuni-
dade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em Luanda. A.S
Está patente na Galeria do
Centro Cultural da Embai-
xada de Portugal, a exposição
de artes visuais resultantes
do “Projecto Roots 2013”. Organi-
zado pelo MUVART – Movimen-
to de Artes Contemporâneas de
Moçambique, o LAC- Laboratório
de Artes Criativas e com o apoio do
Camões – Instituto da Cooperação
de Línguas, o “Roots” é um projecto
de residência artística que pretende
criar novas rotas e fluxos transcul-
turais, através da reflexão sobre a
diversidade cultural dos países ou-
Mia Couto questiona personagem de Ngungunhana
trora colonizadores e colonizados,
e questionar as respectivas influ-
ências na criação de uma miscige-
nação global e plural, debatendo as
raízes deste processo.
A primeira edição do “ROOTS”
teve lugar em Novembro de 2011,
em Lagos (Portugal) e contou com
a participação de artistas oriun-
dos de Moçambique ( Jorge Dias),
Cabo Verde (Abraão Vicente),
Brasil (Fefe Talavera), Inglaterra
(Isabel Lima) e Portugal (A. Pedro
Correia).
Para a concretização desta que é
a segunda edição do projecto, ini-
ciou no passado dia 7 de Fevereiro
corrente a residência artística nas
oficinas da Escola de Artes Visuais,
a qual terminou nesta quarta-feira,
27 de Fevereiro, com a inauguração
da exposição de obras produzidas
ao longo deste período.
De referir que a mesma exposição
será também apresentada em Por-
tugal, no mês de Maio. Participam
nesta edição 7 artistas em represen-
tação no nosso país, Angola, Cuba
e Portugal. A.S.
Por Abdul Sulemane
Instituto Camões acolhe exposição “Roots”
Mia Couto
CPLP preocupada com o futuro da língua
Banda Likute actua no Franco-Moçambicano
Cerca de 80 filmes serão exi-
bidos durante a quarta edi-
ção do Festival de Cinema
Itinerante da Língua Por-
tuguesa, que vai decorrer em Lis-
boa entre 3 e 10 de Abril próxima.
A edição deste ano do festival tem
várias novidades na sua programa-
ção, com destaque para a homena-
gem ao Festival do Gramado (com
exibição de diversos filmes premia-
dos na última edição do festival
brasileiro) e ao cinema de Angola
(através de uma parceria com Insti-
tuto Angolano de Cinema Audio-
visual e Multimédia).
O festival estreia ainda uma mara-
tona de documentários, uma mostra
IV edição de FESTin exibe cerca de 80 filmesdedicada ao público infanto-juvenil
e o primeiro Encontro Internacio-
nal de Jornalistas de Cinema.
Além das novidades desta quarta
edição, haverá também o progra-
ma habitual do FESTin, que inclui
duas sessões competitivas (Longas
e curtas-metragens), uma mostra
de cinema brasileiro, uma, mos-
tra de inclusão social e oficinas de
iniciação ao cinema brasileiro, uma
mostra de inclusão social e oficinas
de iniciação ao cinema.
Os filmes oriundos do Brasil vão
marcar, uma vez mais, uma forte
presença no festival, mas Moçam-
bique, Angola, Cabo Verde, Guiné-
-Bissau, Portugal e São Tomé e
Príncipe também estarão represen-
tados nos cerca de 80 filmes que
serão exibidos.A organização do evento lançou ainda a campanha de financia-mento colectivo com o objectivo de reunir um valor monetário que será entregue, juntamente com um troféu aos vencedores do festival. O FESTin foi criado em 2010 com o objectivo de celebrar e fortalecer a cultura lusófona através do cinema e do intercâmbio cultural entre os países de língua portuguesa.
Em três edições completas e cinco
mostras itinerantes, em Portugal e
no Brasil, o FESTin conseguiu um
público total de cerca de 10 mil es-
pectadores. A.S
Grupo feminino de música tradicional comemora dia internacional da mulher com concerto
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SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 1000 08 DE MARÇO DE 2013
SUPLEMENTO2 3Savana 08-03-2013Savana 08-03-2013
27Savana 08-03-2013 OPINIÃO
Fernando Manuel (texto)e Naíta Ussene (fotos)
Há coisas que nos acontecem e parecem muito simples e a gente
não percebe que afinal são muito importantes.
No dia 20 de Janeiro deste ano, Fernando Manuel completou
60 anos.
É certo que podia ter feito uma festa ou oferecido um almoço, ou uma
sopa mas não ofereceu nada disso.
Acontece que Fernando Manuel não tem dinheiro. Bom… tem algum
para viver…beber um dom barril mas os amigos dele, decidiram oferecer-
-lhe um almoço.
Tem graça, Fernando Manuel completa anos no mesmo dia em que Ar-
mando Guebuza também completa.
Os amigos do Fernando Manuel aconselharam a não dar festa no mesmo
dia, porque a mesma ofuscaria a de Guebuza.
Então a festa de Fernando Manuel aconteceu no dia 02 de Março no
quintal da mediacoop. Não foi pomposa, não mobilizou nenhum canal
da televisão mas foi divertida.
Festa brava. Como se pode ver nas fotos que vêm na página. Houve gente
do SAVANA, houve gente da mediacoop, ouve gente do Goa e tem graça
que o primeiro a retirar-se da festa foi o aniversariante. Estava mais bê-
bado que um cacho de uvas. Houve gente da mediacoop, do SAVANA,
do Mediafax.
Podemos ver os nomes: Joaninha Zambeze e Fernando Manuel…
José Estêvão, Bartormeu Tomé, Naita Ussene, Ana Magaia e Fernando
Manual….
Edérito Armando e Marinho Fernando…
Ana Magaia e Fernando Manuel…
Bartormeu Tomé, Lina Manuel, Naita Ussene e Fernando Manuel….
A festa foi de Fernando Manuel oferecida pelos amigos do SAVANA, da
Tempo, da mediacoop e um pouco da sua família.
Festa é isso.
F.M. 60
IMAGEM DA SEMANA
À HORA DO FECHOwww.savana.co.mz
Foto Sérgio Costa
o 1000
Um grupo moçambicano,
tendo como denomina-
dores comuns a ligação
país, prepara-se para assumir a
gestão do estratégico porto de
-
apurar, pontificam os generais
-
parlamentar o partido Frelimo,
-
-
tura” moçambicana estão agru-
padas numa sociedade anónima
-
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presa estatal dos portos e cami-
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ano passado e tem um capital
-
-
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cala, num complicado processo
Brasil, actualmente o accionista
-
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no, para obter a posição maiori-
-
agora agrupado na Portos do
-
coamento à produção agrícola
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do Malawi e prepara-se também
-
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menos dois outros projectos de
-
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Diz-se.
.. Diz-
se
Lobby da Frelimo no Porto de Nacala
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Em Voz Baixa
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operação de raspagem de imagem, atirando todas as culpas
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Comunidade muçulmana protestando contra publicação de caricaturas de Mahome