7/25/2019 Orpheu N2
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Orpheu N2, by Mrio de S-Carneiro and Fernando Antnio Nogueira Pessoaand ngeo !a" Pinto A"e#edo Coutinho de $i%a and $u&s de Monta#or
*ORPHEU*
'2'
*"ORPHEU"*
REVISTA TRIMESTRAL DE LITERATURA
Propriedade de( O)P*+, $.da+ditor( AN/ON0O F+))O
DIRECTORES
'Fernando Pess1a''Mario de S-Carneiro'
'ANO 03435' 'N.o 2' 'Abri-Maio-6unho'
*SUMARIO*
AN7+$O 8+ $0MAPoemas InditosMA)0O 8+ S9-CA)N+0)OPoemas sem Suporte+8A)8O 70MA)A+NSPoemas)A$ $+A$Atelier:no#ea #ert&gi;a
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*SANTA RITA PINTOR*
':D hors-teEte dupos
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nu%ero a;tua ;o% a inserBo dos Luatro deiniti#os trabahos uturistas de Santa)ita Pintor
OMani!esto da Nova %iteratura, Lue ha#ia sido anun;iado ;o%o de#endo a"er
parte do n.o 2 de ORP()*, nBo J ne inserto ne% o a;o%panha %oti#odisto a ;ir;unstan;ia de Lue, en#o#endo a ;one;Bo dsse %aniesto odesen#o#i%ento de prin;ipios de orde% ata%ente s;ientii;a e abstra;ta, e nBo
p1de i;ar ;on;uido a te%po de ser inserto Ou apare;er ;o% o .o nu%ero dare#ista, ou %es%o antes, ta#e", e% opus;uo ou oheto separado
O .o nu%ero de ORP()*ser pubi;ado e% outubro, ;o% o atraso du% %s,portantopara Lue a sua a;Bo nBo sea preudi;ada pea Jpo;a-%orta
Os hors te+tede Santa )ita Pintor insertos no presente nu%ero ora%otogra#ados nos ateliersda '0ustradora' segundo ;i;hJs de
'GA))OS Q 7A$AMAS' 3DR, )ua da Pa%a$0SGOA
*CONDIES*
/oda a ;orresponden;ia de#e ser dirigida aos 8ire;tores
Con#ida%os todos os Artistas ;ua si%patia estea ;o% a indoe desta )e#ista aen#iare%-nos ;oaboraBo No ;aso de nBo ser inserta de#o#ere%os os originais
SBo nossos depositarios e% Portuga os srs Monteiro Q C.a, $i#rariaGra"ieira34 e 342, )ua Aurea, $isboa
ORP()*pubi;ar u% nu%ero in;erto de paginas, nun;a inerior a H2, ao preo
in#aria#e de ;enta#os o nu%ero a#uso, e% Portuga, e 35 rJis ra;os noGra"i
*ASSINATURAS*
:Ao anoSJrie de D nu%eros
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Portuga, +spanha e Coonias portuguesas 3 es;udoGra"i 5 rJis :%oeda ra;aU+ Agu% 8iaU +n;ostara%-se /ranLuiosSobre a Me"a de 6oias do)star Manso
+ Cerrara% os Ohos nos Seus CiosU+ Abatera% Seu 7esto So;egado8e 0%pWradores do 0%perio ConsagradoU
No 7esto da 8e;en;ia e do 8es;ansoTU
*EDD'ORA ADDIOMIA SOAVE!*
Aos %eus a%igos dWO)PP*+
Mia Soa#eUA#e>TUA%Ja>TUMaripo"a A"uaU/ranseTUVue dWAado $idar, CanseU
8orta e% Pa"U/ranspasse 0dJaTU
8o O;;aso pea +popJaU8ortoU StringeU o Corpo +an;eU!ae 9 Ca%paU0 CWor des;anseU
Mia Soa#eUA#eTUA%JaTU
NBo 8oe Por /i Meu PeitoUNBo Choro no Orar Ci;ioU+% ProanoU+ddWoraU +eitoTU
Gasa%ea Ca%pao )o;&oVue Cahe sobre o ti%o $eitoTU
MiW Soa#eTU +ddWora AddioTU
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+stes !ersos Antigos Vue +u 8i"iaAo Co%passo Vue Mar;a o CoraBo$e%bra% Ainda>U$e%brarBo u% 8iaU
Nas Me%orias 8ispersas )e;ohidasSeLuer, na Piedosa 8e#oBo
8WAgu% $i#ro de Cousas +sLue;idas>UA;;aso o Vue Ora CantaU !i#eU +EisteNun;a Mais $e%brar+terna%ente>U+, !indo do NBo-Ser, !ae, Fina%ente,8or%ir no NadaU Magestoso e /riste>U
ANGELO DE LIMA.
MARIO DE S-CARNEIRO*POEMAS SEM SUPORTE*
a Santa )ita Pintor
ELEGIA
Minha presena de seti%,/oda bordada a ;1r de rosa,Vue 1ste se%pre u% adeus e% %i%Por u%a tarde sien;iosaU
X dedos ongos Lue toLuei, Mas se os toLuei, desapare;era%U X %inhas b1;as
Lue esperei, + nun;a %ais se %e estendera%U
Meus Goue#ards dW+uropa e beiosOnde ui s u% espe;tadorU
Vue s1no asso, o %eu a%orZVue poeira dWouro, os %eus deseosU
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*a %Bos pendidas de a%uradasNo %eu anseio a di#agarU+% %i% indou todo o uar8a ua du% ;onto de adasU
+u ui ague% Lue se enganou+ a;hou %ais beo ter erradoUMantenho o tr1no %as;aradoAonde %e sagrei Pierrot
Minhas triste"as de ;rista,Meus dJbeis arrependi%entosSBo hoe os #ehos para%entos8u%a pesada Catedra
Pobres eneios de ;ar%i%Vue reser#ara pra agu% diaUA so%bra oira, ugidia,6%ais se abeirar de %i%U
X %inhas ;artas nun;a es;ritas,+ os %eus retratos Lue rasgueiUAs oraKes Lue nBo re"eiUMadeiEas asas, 1res e itasU
O [petit-beu\ Lue nBo ;hegouUAs horas #agas do ardi%UO ane de beios e %ari%Vue os seus dedos nun;a aneouU
Con#aes;ena ae;tuosaNu% hospita bran;o de pa"UA d1r %agoada e du#idosa8u% outro te%po %ais ia"U
% brao Lue nos a;aentaU$i#ros de ;1r ;abe;eiraUMinha ternura riorenta/er a%as pea #ida inteiraU
X grande *ote uni#ersa8os %eus renJti;os enganos,
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Co% aLue;i%ento-;entra,+s;ro;s, ;o;ottes, t"iganosU
X %eus CaJs de grande #idaCo% danarinas %uti;o1resU
Ai, nBo sBo %ais as %inhas d1resVue a sua dana interro%pidaU
%isboa/maro de 0102$
MANUCURE
Na sensaBo de estar poindo as %inhas unhas,Subita sensaBo ineEpi;a#e de ternura,/odo %e in;uo e% Mi%piedosa%ente+%tanto eis-%e s"inho no CaJ(8e %anhB, ;o%o se%pre, e% bo;eos a%areos8e #ota, as %esas apenasingratas+ duras, esLuinadas na sua desgra;iosidadeGoa, Luadranguar e i#re-pensadoraUFra( dia de Maio e% u"
+ sodia bruta, pro#in;iano e de%o;rti;oVue os %eus ohos dei;ados, reinados, esguios e ;itadinosNBo pode% toerare apenas oradosSuporta% e% nauseas /oda a %inha sensibiidadeSe oende ;o% este dia Lue ha de ter ;antores+ntre os a%igos ;o% Lue% ando s #e"es/rigueiros, naturais, de bigodes artosVue es;re#e%, %as te% partido poiti;o+ assiste% a ;ongressos repubi;anos,!Bo s %uheres, gosta% de #inho tinto,
8e peros ou de sardinhas ritasU
+ eu se%pre na sensaBo de poir as %inhas unhas+ de as pintar ;o% u% #erni" parisiense,!ou-%e %ais e %ais enterne;endoAtJ ;horar por Mi%UMi ;1res no Ar, %i #ibraKes ateantes,
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Gru%osos panos des#iadosAbatendo eEas, istas #o]#eis, dis;os eEi#eis,Chega% tenue%ente a periar-%e/oda a ternura Lue eu pudera ter #i#ido,/oda a grande"a Lue eu pudera ter sentido,
/odos os s;enarios Lue entretanto FuiU+is ;o%o, pou;o a pou;o, se %e ;aA obsessBo dJbi du% sorrisoVue espehos #agos ree;tira%U$e#e ineEBo a sinusarUFino arrepio ;ristaisadoU0natingi#e deso;a%entoU!eo" a]ha at%osJri;aU
+ tudo, tudo assi% %e J ;ondu"ido no espaoPor innu%eras interse;Kes de panosMutipos, i#res, res#aantes
, no grande +speho de antas%as Vue ondua e se entregoa todo o %eupassado, Se des%orona o %eu presente, + o %eu uturo J poeiraU
8eponho entBo as %inhas i%as,As %inhas tesouras, os %eus godets de #erni",Os poidores da %inha sensaBo
+ soto %eus ohos a enouLue;ere% de ArTOhT poder eEaurir tudo Luanto ne se in;rusta,!arar a sua Gee"ase% suporte, e%i%TCantar o Lue e re#o#e, e a%oda, i%pregna,Aastra e eEpande e% #ibraKes(Subtiisado, su;essi#operpJtuo ao 0ninitoTUVue ;ates suspensas entre ogi#as de ru&nas,Vue trianguos sidos peas na#es partidosTVue hJi;es atrs du% #1o #erti;aTVue eseras gra;iosas su;edendo a u%a boa de tJnnisTVue oiras os;iaKes se ri a b1;a da ogadoraUVue grinadas #er%ehas, Lue JLues, se a danarina russa,Meia-nua, agita as %Bos pintadas da Sao%J
Nu% grande pa;o a OuroTVue rendas outros baiadosT
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AhT %as Lue ineEKes de pre;ipi;io, estridentes, ;egantes,Vue #erti;es brutais a di#ergir, a ranger,Se a;as de apa;he se entre;ru"a%Atas %adrugadas riasU
+ peas estaKes e ;ais de e%barLue,Os grandes ;aiEotes a;u%uados,As %aas, os ardospe-%eU/udo inserto e% Ar,Aeioado por e, separado por e+% %utipos intersti;iosPor onde eu sinto a %inhWA%a a di#agarTU
X bee"a uturista das %er;adoriasT
Sarapiheira dos ardos,Co%o eu Luisera togar-%e de /iT
Madeira dos ;aiEotes,Co%o eu anseara ;ra#ar os dentes e% /iT+ os pregos, as ;ordas, os arosUMas, a;i%a de tudo, ;o%o baia% ais;antesA %eus ohos auda"es de bee"a,As ins;riKes de todos esses ardos
Negras, #er%ehas, a"uis ou #erdes7ritos de a;tua e Co%er;io Q 0ndustria
+% transito ;os%opoita(
*FRAGIL% FRAGIL%*
*&'!AG LISBON* *'()R MADRID*
9#ido, e% su;essBo da no#a Gee"a at%oseri;a,O %eu ohar ;oeia se%pre e% renesis de absor#-a9 %inha #ota + a Lue %gi;as, e% #erdade, tudo badeadoPeo grande uido insidioso,
Se #o#e, de grotes;o;Jere,0%ponder#e, esbeto, e#ianoUOha as %esasU +iaT +iaT$ #Bo todas no Ar s ;abrioas,+% sJries instantaneas de LuadradosAi%as , %ais onge, e% o"angos des#iadosU+ entregoa%-se as ias indestrina#e%ente,+ %istura%-se s %esas as insinuaKes berrantes
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8as ban;adas de #eudo #er%ehoVue, adeando-o, ;orre% todo o CaJU+, %ais ato, e% panos obiLuos,Si%bois%os aereos de heradi;as tJnues8esu%bra% os Eadre"es dos undos de pahinha
8as ;adeiras Lue, estre%unhadas e% seu s1no horisonta,! , se ergue% ta%be% na sarabandaU
Meus ohos ungidos de No#o,Si%T%eus ohos uturistas, %eus ohos ;ubistas, %eus ohos interse;;ionistas,
NBo para% de re%ir, de sor#er e ais;ar/oda a bee"a espe;tra, transerida, su;ed^nea,/oda essa Gee"a-se%-Suporte,8es;onuntada, e%ersa, #aria#e se%pre
+ i#ree% %utaKes ;ontinuas,+% insond#eis di#ergen;iasU
Vuanto %inha ;h#ena bana de por;eana>
Ah, essa esgota-se e% ;ur#as gregas de anora,As;ende nu% #Jrti;e de espirasVue o seu rebordo risado a ouro e%iteU
no ar Lue ondeia tudoT Lue tudo eEisteTU
U 8os ongos #idros poidos Lue deita% s1bre a rua,Agora, ;hega% teorias de #Jrti;es hiainosA atear ;ristaisaKes ne#oadas e diusasCo%o u% raio de so atra#essa a #itrine %aior,Gaia% no espao a tingi-o e% antasias,$aos, grios, setas, a"esna poeira %uti;oor
*APOTEOSE.*
6unto de %i% ressoa u% ti%bre($ai#os sonorosT+ra o Lue ata#a na paisage%UAs ondas a;usti;as ainda %ais a subtiisa%($ #BoT $ #BoT $ ;orre% geis,$ se esgueira% gentis, ran"inas ;1rsas dWA%aU
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Pede u%a #o" u% nu%ero ao teeone(Norte2, , 5, HU+ no Ar eis Lue se ;ra#a% %odes de agaris%os(
ASSN_`O 8A G+$+A NM)0CAT
Nota do /rans;ritor( ALui surge a ;o%posiBo ;o% n]%erosc
Mais onge u% ;riado deiEa ;air u%a bandeaUNBo te% i% a %ara#ihaT% no#o turbihBo de ondas prateadasSe aarga e% J;os ;ir;uares, r]tios, arahantesCo%o gua ria a sapi;ar e a reres;ar o a%bienteU
Meus ohos eEtenuara% de Gee"aT
0nea#e de#aneio penu%broso8es;e%-%e as papebras #isu%brada%enteU
U Co%ea%-%e a e%brar aneis de ade8e ;ertas %Bos Lue u% dia possu&+ ei-os, de sort&Jgio, enros;ando o ArU$e%bra%-%e beiose sobe%Mar;hetaKes a ;ar%i%U
8i#erge% hJi;es anteouaresUAbre%-se ;ristas, ende%-se gu%esUPeLuenos ti%bres dWouro se en;a#inha%UAa%-se espiras, tra#a%-se ;ru"etasUVuebra%-se estreas, sossobra% pu%asU
8orido, para roubar %eus ohos riLue"a,Fin;ada%ente os ;erroU+%badeT NBo ha deesa(
ur"e%-se panos a %eus ou#idos, e% ;atadupas,8urante a es;uridBoPanos, inter#aos, Luebras, satos, de;i#esU
X %gi;a teatra da at%osera, X %gi;a ;onte%poraneapois s ns, Osde *oe, te dobr%os e re%i%osT
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+iaT +iaTSingra o trope das #ibraKesCo%o nun;a a eEgotar-se e% rit%os iriadosT
+u proprio sinto-%e ir trans%itido peo ar, aos no#eosT+iaT +iaT +iaTU
:Co%o tudo J dierente0rreaisado a gs(8e i#res pensadoras, as %esas uidi;as,8iuidas,SBo ;o%o eu ;atoi;as, e sBo ;o%o eu %onarLui;asTU
% !ersahes ugura e% ;ada iusBo triste, u% !ersahes de outo%no atapetado
de ohas %ortasT +% ;ada #aso negro ha u% irio nobre e triste e as horasto%ba% ;o%o ohas %ortasU
SOB OS TEUS OLHOS SEM LAGRIMAS
AhT nBo dirs por ;erto Lue nBo te a%ei, Lue nBo soriT Foi-%e a tua a%aassi% ;o%o u% saBo deserto onde, u%a noite, %e perdi
% ra%o de #ioetas ene;ia e% ;ada %o#e a%ortahado peo pZ a purpura das;ortinas, rubra, estre%e;ia presa a ;ada anea +u hesita#a, s
+ era %eu ;oraBo, por ti Luasi erido, du#ida inanti Lue o e%%ude;era ,u% #eho piano ador%e;ido Lue ningue% %ais a;ordar
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EDUARDO GUIMARAENS.
*ATELIER*
NOVELA VERT1GICA
POR
RAUL LEAL
'Ateier'
+% ondas de per]%e estranho as ;on#usi#as eEaaKes do Sonho iu%ina%#ga%ente o r so%brio do artista Lue outra u" Luasi nBo possue A pou;os
pssos du%a tJa, prounda ;o%o a dor Lue ea e#o;a, o %odeo por entre as#ibraKes du%a au;inaBo sinistra todo #igorosa%ente ;ontr;e a a%a, peose%bante derra%ando a tort]ra Lue a a%a ;a#a Co%preende a rte, no seuespirito sente a eEpressBo do beo Lue todo o arrasta e an;isa%ente pro;urando
ao artista trans%itir a subi%e inspiraBo da d1r, rte, arrebatadora, na prpriaisiono%ia a idiaisa torturando o espirito Lue s assi%, no se%bante se;on;retisaU pea d1rT gigantes;a a sua personaidade Lue ao bJo tudosa;rii;a, Lue s do bJo sbe #i#JrTU
+n#o#ido nas tre#as ;on#usi#as Lue o seu espirito ;on;ebe, $uar ardente%entetranspira o deirio da %orte, o espas%o eterno da +Eisten;ia Lue s ee pdesentir, e J nesse a%biente de horror #igorsa%ente ;on;entrado nee, sintesesupre%a do ni#erso, J nesse a%biente, orte e subi%e, Lue $uar, o %odeoidia, pro;ura eterna%ente arrastar a #idaTU + o horror e% Lue a sua a%a se
torna, ee do%ina eU #igorisaUTCres;e nesse %o%ento du%a arte tragi;a Lue a %atJria %a to;a e e% Lue s oespirito #ibra e% #ibraKes trans;endentes Lue %a se ;on;retisa% pea sensaBo,;res;e nesses instantes, apagados para a #ida #ugar Lue o inti%o das ;ousas nBo;on;ebe, Lue o espirituais%o ;on#usi#o da +Eisten;ia tota%ente des;onhe;enu%a in;ons;ien;ia estranha, ;res;e na a%a de $uar a ou;ura subi%e deespirito Lue a tenebrosa, a i%ateria #ertige% do ni#erso, da !ida
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deirante%ente a;entua nu%a tragedia di#ina, Lue o trans;endentais%o ardenteda An;ia todo doorosa%ente eEpri%e peo espas%di;o histeris%o Lue a+Eisten;ia or%a, peo arrebata%ento ;on#usi#o do Sonho ni#ersaTU +nesses instantes tudo nee #ibra, tudo Lue J nee o +spiritoU 8a sua ;on;epBotrgi;a se ai%enta, ai%entando-se, assi%, da sua a%a, da sua a%a Lue se torna
a a%a da +Eisten;iaT
No ateier do pintor $uar #igorosa%ente assi% prepara a a%a, preparando assi%,a eEpressBo do se%bante + torna-se subi%e, atinge a #ertige% do 0ninitoUAtra#Js do seu deirio, do sonho ;on#usi#o Lue todo o arrebata, ee desperta oartista Lue assi%, todo se subi%a ta%be%T $uar a prpria inspiraBo Lue oartista eterisaU
Nu% ;res;endo i%petuoso o sonho e% Lue $uar todo se torna, no gJnio do pintorse e#a todo e, assi%, o artista e% Lue o sonho #ga%ente se esbte perdendo-se
por i%, na %es%a diana at%osJra idia se eJ#a, trgi;a%ente di#inisando aa%aTU /udo J etJreo e prounda%ente ;on#usi#oZ u%a au;inaBo #ibrantetudo transor%a, tudo arrebata no seu turbihBo geniaUT %a podersa a;Bo%ediu%ni;a a e#itaBo tota das ;ousas, assi% eterisadas, pro#o;a entBoU + J$uar o ;o tenebroso da au;inaBo sinistra Lue e% redr se esbte, #agii;ando-se %aisTU
No arrebata%ento #ibrante e% Lue a a%a de $uar, e% Lue $uar ;onsigo arrastatudo, u%a paiEBo ;res;ente orte%ente se esboa e ea Lue a personaidade geniado %odeo agita toda, nas ;on#usKes da ;arne toda se eEpri%indo, e% ondas
souantes dWan;ia se espraia i%petuosa%ente atra#Js do Jter nebuoso Lue todose perde na %ansBo do artistaTU For%ida#e se torna a paiEBo ;res;ente Lue tudoarrebata e tudo Luer arrebatarU Co%o duendes inernaes Lue %a se esbo;e%, a;on;epBo doentia de $uar so%bras eJ%eras #ertiginosa%ente gera e tudo Lueos sentidos ainda pode erir, nu% paroEis%o de ou;ura se debate;on#usi#a%ente e% estert1r Lua ;ater#a turbihonaria de todas as eEpressKes dad1r Lue s u%a a%a #igorosa ;on;eber pdeT Si%, tudo na a%a de $uar setransor%a e tudo ardente%ente e Luer transor%arUT +e Luer transor%ar,tudo no seu espirito arrebatandoTU
para o artista Lue a sua a%a trabaha, J pois, o artista Lue na sua ;on;epBo%ais se di#inisaUT e o reeEo #ibrante do seu sonho, do sonho Lue o or%a,e% Lue ;on#usa%ente todo se eterisaUT Supre%a e%anaBo se torna da suaa%aTU S a inspiraBo o subi%a, o personaisae a inspiraBo J $uarT
+sse ser estranho Lue ee prprio ;riou e Lue na tea genia%ente he derra%a aa%a, $uar, ;heio dWan;ia, ;onser#ar Luer no seu espirito e transor%ando-se,
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entBo, e% ondas de #o]pia a sua paiEBo ardente, a paiEBo da d1r, ;o%o aosinernais as ana ao artista Lue nu% turbihBo de 1go, o ogo da sua paiEBo,todo arrebatar Luer para a sua a%aTU %a uta inti%a, obs;ura se geraT0%petuosas sBo as ;on#usKes de espirito Lue, e%anadas de $uar, a personaidadedo artista sa;ode% toda %as, ;o%o respendor diano du%a u" ininita, no
artista surge% esbatidas, perdendo-se atra#Js do espaoTU + $uar isto pressentee o seu prprio sonho, na i%aginaBo do pintor riaisado, ee Luasi deiEadesprenderU peo te%or du%a #itria aheiaT A sua prpria 1ra inspiradora oaterrorisa Se ria%ente o artista se nBo deiEasse ene#ar no sonho de $uar, a;asona #aga eterisaBo espiritua en;ontrar-se-hia>U NBo e, assi%, LuaLuer 1raes%agadora, de $uar %a #inda, abrupta%ente o nBo aria despenhar-se na%atJria e% Lue per%ane;eria e Lue o hbito tornaria entBo, Luasi insenti#e$uar te%e ser in;o%preendido Se toda a sua paiEBo sobre o artista desen;adearnu% debo;he supre%o, paroEis%o da arte, o artista Lue, si%pes reeEo do o;oinspirador, o nBo atingiu ainda, e nubeosa inst#e, si%pes irradiaBo do sonhoe% Lue #aga%ente se banha, toda poder ro%per, perdendo-se para se%pre daa%a de $uar nu%a Lueda ata Mas a an;ia J igua%ente orte, a an;ia e%;o%petar a e#ouBo do artista no o;o tenebroso da sua a%aTU PorJ%, a 1raininita $uar nBo possue ainda, a sua 1ra esbate-se, a ;ontinuidade do 0ninitonBo ;ontJ%U A arte, e% seu uEurioso paroEis%o espas%o da d1r, ainda na a%ado artista se deine, se ;on;retisa e% i%agens, s a i%age% ee ;on;ebe, nBo;on;ebe o +spirito, o Absouto 0ndeinido Lue nu% debo;he de espirito#ertiginosa%ente se desen;adeariaTU + a;aso o #ig1r du%a uE]riatrans;endente e a se#ti;a brutaidade %ateria o artista nBo poder ;onundir,despenhando-se do sonho diano Lue, e%anado de $uar, nee se esboa, apenas>U
$uar Luer o artista arrebatar e%i%, por tota%ente o interiorisar e% si atra#Jsdu% debo;he ;on#usi#oardente%ente an;eia %as o te%or hesitante o torna, ote%or de ser in;o%preendido, de ;o%o si%pes ani%a, ;heio de ;io, ser;onsiderado, e%i%, de perder para se%pre a a%a a Lue tanto aspiraTU /e%e asua 1ra e a sua raLue"a, a sua 1ra Lue, por u%a iusBo ;rue, o horror da%atJria pode desenroar perante o artista, erguido a;i%a dea Lue, assi%,despre"i#e se %ostra, a sua raLue"a Lue %ais nBo pode ee#ar o artista, %ais, atJ
ao paroEis%o da arte Lue J o paroEis%o do debo;he eU da d1rTU + o artistaad%ira $uar, nBo o sente, nas ;on#usKes da sua a%a nBo se Luer undirU NBoad%ira%os o Lue a ns J estranho, sentindo entBo, o Lue nBo ad%ira%os>U
+ J horri#e a ang]stia e% Lue $uar se debate, ee %ais sonhou u%a d1r assi%TCo%o arrapos de nu#ens tenebrosas nu%a dana %a;abra, iguras #agas eobs;uras da a%a de $uar se ergue%, doorosa%ente se ;ontor;endo todas e todas#ertiginosa%ente se debatendo nu%a ou;ura genia, a ou;ura da +Eisten;ia, do
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+spiritoU, e nessa #ertige% supre%a e% Lue a tortura e a ;on#usBo doida%entese %istura%, se ;onunde%, u% ponto de u" sinistra, nu%a eEpressBo #aga desonho, ao undo se esboa atra#Js da i#ide" da %orte e ;o%o Lue indierente aoturbihBo ]gubre de d1r Lue s a a%a de $uar soube ;riarTU o artista Lue,espirituaisado na ;on;epBo subi%e do %odo, na au;inaBo tenebrosa da sua
a%a estranha, ao onge #agueia a a%a perdida%ente, nu% ;inis%o de estJtaria%ente ad%irando a d1r Lue, nu% debate prodigioso, o espas%o da %orteintensii;a atra#Js du% ;os ininito, du%a #ertige% ;on#usi#aUT S1regosturbihKes a a%a de $uar do seu prprio ^%ago tenebroso arran;a %as, Luais#agas i%petuosas Lue todas se despeda;e%, se per;a% de en;ontro ao trgi;ogranito, as torrentes te%pestuosas dsse eJri;o o;eano espiritua todasaterrorisadora%ente se Luebra% por entre as r&gidas %ahas i%penetr#eis daa%a do artistaT
/odo sse ;on#usionis%o gigants;o Lue subi%a $uar, essa an;ia in#en;i#e,ardente de, por u% debo;he estuto, do%inar o artista, o %odo %ais nBo podesuportar e, ;aindo, entBo, nu%a prostraBo ininda e% Lue toda a sua a%a sedisso#e, ;o%o Lue u% ;a%po noturno se torna du%a bataha passada o Lua u%au" pida, so%bria de ua #aga%ente iu%ine, a u" #aga Lue o artista da suaa%a toda, entBo, eEaTU Foi o artista a u" #aga do uti%o Luadrante Luando,nu% deirio de %orte, nu%a ;a#agada in;ons;iente, nu#ens tenebrosas e%;on#usKes a en#o#e% se% a arrebatar, e agora, se%pre sereno, rio, ]gubre, asua pida u" derra%a na a%a do %odo atra#Js du%a #aga nebina sien;iosa,da nJ#oa %ean;i;a e% Lue a a%a de $uar toda se eEa, se es#aiUT
Mas u%a torrente de 1go $uar no#a%ente abra"a e do seu repouso instant^neo,s]bito, se erguendo, nu%a arran;ada or%id#e s1bre o artista se ana,;ra#ando-o de beios e% Lue he Luer arrebatar a a%aT +% ;on#usKes Lue orepouso ai%entou, todo o seu espirito se pKe, torna-se indo%#e, gigants;o,i%petuoso Lua #aga ran;orosa Lue u% #u;Bo ee#e, Lua torrente de#astadora deApo;aypse FataTU
O artista ;heio de pas%o o oha, e naLuea arran;ada i%petuosa a%bos na terra sedespenha%, esLue;endo o sonho, a au;inaBoU A pa" #ota aos espiritos, u%a
pa" ]gubre, ;heia de presgios sinistrosT O paroEis%o da d1r nBo poude seratingido, para a%bos se perdeuUT
Passara%-se aguns dias O artista u%a ;o%oBo prounda no seu espiritosore, sob u% no#o aspe;to oha o %odeo, Lusi he sente a a%aU +n;arna-se na tenebrosa es;abrosidade do seu esp&rito trgi;o, sente-o %ais beo, %ais
proundo, subi%eUT Os transes #ariados e% Lue brus;a%ente se anra $uar
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naLuea tarde tragi;a, essa #ariedade de transes Lue o %odeo tBo #igorosa%entesuportra, entonte;e-he a a%a, nBo o ad%ira apenas, desea-o e ;heio deardor, de an;iaTU
Pro;ura-o e% toda a parte e, por i%, en;ontrando-o, repeto du%a uEuria de
espirito he di"( [6%ais te ;o%preendi, $uar, ;o%o agora te ;o%preendo /a#e"te nBo ;o%preendesse ainda se ogo ti#esse ;edido ao teu deseo Mas o te%poti#e de reetir, de sonhar e% ti A tua nobre"a estranha Lue, aps o %eu pas%o,subita%ente te a;a%ou os ner#os, unda%ente %e i%pressionou, os ;ontrastes datua a%a sBo %ara#ihosos e s a tua personaidade subi%e, geniaU aos;iaKes brus;as de ;arter poderia resistirT Vuero-te pois, a tua an;ia J, hoe, a%inhaZ se% os teus beios proundos nBo posso passar, a %inha ;arne na tua seentranhar para Lue na tua a%a se espirituaise todaTU\ + pro;ura-he a bo;a$uar su#e%ente o aasta, di"endo-he, apenas( [)eeti ta%be%, sonheiUA%anhB ;onhe;ers o %eu sonho\
No dia seguinte, o artista re;ebe u%a ;arta Lue os seguintes ter%os ;ontJ%(
Meu querido ami:o
+stranhars ta#e" Lue s agora te eEponha o %eu sonho derradeiro %as pre;isode toda a %inha a%a e, s Luando es;re#o, aos borbuhKes ;audaosa%ente a
broto de %i% Se% a pena, %antenho-%e nu%a ;on;entraBo trgi;a, %a %ostroaos outros o %eu espirito Lue o derra%a%ento da a%a no pape J ainda Lusiespiritua, a a%a e% eE;esso se nBo eEteriorisa, i%pura%ente se nBo%ateriaisando
8i"-%e, se nu% dra%a, se nu%a tragJdia #igorosa u%a te%pestade or%ida#e,nu% paroEis%o ata, se desen;adeasse toda, atingindo, por i%, u% i%itedeinido Lue a banaisasse, a;aso ad%irarias esse dra%a, essa tragedia>U Pois
be%, o indeinido a Lue na arte ns aspira%os, essa an;ia de idia Lue %ais doLue o idia para ns #ae, essa an;ia, esse deseo ininito e %ais satiseito de#een;her a nossa #ida Lue a %ais ata eEpressBo se tornar assi%, da arte puraTU
#ertiginosa a +Eisten;ia e espiritua, trans;endente J a #ertige% deaT 6%ais aeEtensBo ;onhe;e, no +spirito Puro Lue a eEtensBo trans;ende, a #ertige% se
personaisa, se ;onsubstan;ia, se a;entua toda, nBo se espaha nu%a a;ti#idade%e;ani;a, J a a;ti#idade espiritua, o dina%is%o puroTU +st nisso a sua bee"a,a sua propria eEisten;ia Lue, s assi%, toda ;onundida nu% /odo, no0ninitesi%a, na Mnada, Lue s assi% se a;entua toda, s assi% se dTU
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subi%e o ;on#usionis%o espiritua e s ee J subi%eT 8e Lue deri#a a suasubi%idade> 8a sua energia Lue s no +spirito, na Mnada se a;entua todaTU
*a pois, na #ertige% ;on#usi#a da +Eisten;ia u%a eEpansBo tenebrosa /oda aa;ti#idade, a energia toda Lue a or%a, no espao e no te%po nBo se eEpande,
%ante%-se torturada no 0ninitesi%a ininita, eterna%ente tudo a;ana,ininitesi%aisa-se, espirituaisa-se poisU
S no trans;endenta eEiste, s nee eterna%ente se debateT
/e% u%a eEpansBo, u%a iberdade ininita Lue, ;o%o ininita, tudo atingeeterna%ente, ;o%o Lue eterna%ente se autodestruindo assi%TU Se s no/rans;endenta eEiste, se J trans;endente, se no %es%o ponto ininitesi%a, naMnada, eterna%ente se debate J Lue a si prpria se ;ontor;e toda nu%a torturaininitaTU + nBo eEpri%e a d1r e sobretudo a an;ia o ;on#usionis%o
trans;endente, torturado, ;ontor;ido da a;ti#idade pura, espiritua>U nBo J ea aeEpressBo subi%e da !ertige%>U Na d1r, na an;ia de#e%os #i#erT
A trans;endentaisaBo supr%a da energia pura, espirituaisando-a, e% absoutoa indeine, o 0ninitesi%a e% Lue a energia eterna%ente se debate, o indeinis%oabsouto ;ont% + ea propria, a prpria ati#idade e% si nBo eEpri%e o0ndeinido>U Vuando trans;endente, J o indeinis%o dea absouto, ea torna-sea !ertige%T + Lue ;ousa J a an;ia, a an;ia e% si, senBo o i%iar pri#iegiadodessa !ertige% Pura, o seu sinto%a %agnii;o, a sua a;entuaBo hu%ana>U Aoindeinido na arte aspira%os pois, a u% indeinido ;heio de tortura, [rainJ\
;o%o o Lue o gJnio de Gaudeaire ;o%preendeu e Luando essa tortura do0ndeinido en;he o inti%o da nossa a%a, entBo, ;heia dWan;iae, assi%,
Niet"s;he Luasi a deseouea Luasi atinge o paroEis%o eterno da +Eisten;iaLue toda se debate na !ertige% 0ninitaT + nBo s na arte de#e eEistir a an;ia %asta%be% na #ida, a an;ia doorosa do 0ndeinidoTU
A an;ia nBo J s a d1r, nBo J LuaLuer d1r Pode esta ser depri%ente, hu%ihante(e se%pre o J Luando nBo ;o%preendida, Luando e% sua bee"a supre%a sentidanBo pode serTU A d1r orte, #iriisadora, a d1r prounda e a%ora, a d1r e% Lue oeu do%ine, d1r de espiritoU J Lue J a d1r supre%a, a d1r estJti;aT 8o%inar na
d1r, sentir a 1ra de #i#er nea, pra"er inindoUT + a tortura trans;endenta da+Eisten;ia e% Lue a !ertige% toda se a;entua, se i%pKe, se personaisa, a d1rsupre%a, a d1r personaisadora nBo eEpri%e toda>U
Aaste%os pois, a nossa ;arne Se a satisi"Jsse%os, nBo, se satisi"Jsse%os oespirito Lue, s e, atra#Js da ;arne atua, banaisar-nos-&a%os, ao nosso dra%adar&a%os u% ina burgue"T +e teria u% i%, u% i%ite deter%inado de Lue, e%
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bre#e, as nossas a%as se enartaria% de;erto Sea%os estJtas, #i#a%oseterna%ente do deseo Lue, s e, personaisa a a%a, para a nossa #istaespiritua gigantes;a tornando-aTU estranho o %eu pedido %as, a;aso, estranhanBo J a !ertige% da +Eisten;ia>U
AdeusTU
%uar$
"aneiro de 010
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Na noite negra e antiga*a s a u" do Pharo(Ora oira, ;1r do so,Ora #er%eha, ini%iga
No seio negro e proundo8a noite e% tre#a dor%indoO Pharo J Outro Mundo,Ora ;horando, ora rindo
Na noite negra, aina,/udo a ee se i%ita(S o pharo J reaT
A tre#a nun;a te% i%, X sensaBo ininita, Sou s Pharo de Mi%T
"unho3 0102$
' ' ' ' '
/oda a %inhWA%a se prendeNaLuea or%a de graaZMas nBo J na or%a #i#aMas si% na $inha Lue passa
/oda a %inhWA%a se prende,Gate as Asases#oaaU+ J ;o%o a so%bra distante8WaLuea $inha Lue passa
A #ida J s o +spao Vue #ai da propria $inha 9 so%bra dWea nu% trao
Vuando a Morte 1r #i"inha,Fundidas no %es%o +spao
Ser tudo a %es%a $inha
"unho3 0102$
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4A ALVARO DE CAMPOS5
O MESTRE.4
IPara AJ% dWaLuees %ontes
NBo ha a#es, ne% ha ontes,Ne% ribeiros, ne% ;a%pinas,Ne% ;asaes peas ;oinas
Para AJ% dWaLuees %ontesNBo ha segredos de ontes,Ne% So%bras nas Aa%edas,
Ne% her#as, passos ou sedasPara AJ% dWaLuees %ontes6 nBo ha ar;os de pontes,
Ne% %Bos inas de don"eas,Ne% agos, bar;os ou #eas
II
Para AJ% dWaLuees %ontes
+Eiste apenas +spaoT+spao e te%po sBo PontesVue 8eus te% no seu regao
Pontes Lue iga% de Au"ente0ninito e +ternidadeS sensaKes sBo Presente,S neas #i#e a !erdade
Passado nun;a passou,
Futuro nBo o terei(Pois se%pre Presente sou
No Lue Fui, Sou e Serei
"unho3 0102$
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AO SR. MARIO DE S-CARNEIRO.
*a pou;o Luando borda#aPi;ou-%e a ponta dos dedos
A aguha ;o% Lue borda#aU
+ a seda toda de bran;a,Gran;a da ;1r dos %eus dedos,+ssa seda Lue era bran;aFi;ou ;o% papouas rubrasU
Vue o sangue das %inhas #eias6 ;reou papouas rubrasU
Mas tBo ss e tBo aheiasT
"unho3 0102$
AO SR. ERNANDO PESSOA.
Nada e% Mi% J ne;essarioNe% %es%o o Lue oi sonhado,X ;ontas do %eu rosario8Wu% sonho nun;a a;abado
/udo tBo eito de Mi%US %eu onge de passado ;o%o u% sonho se% i%Vue o Outro tenha sonhado
Cruso os %eus braos NBo aoOuo u%a #o" doorida8entro de Mi% e#o;a-o
MarinheiroT 0ha PerdidaT + o %eu sentido a sonha-o a #erdade da #ida
"unho3 0102$
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AO SR. ALREDO PEDRO GUISADO.
Sobre %isterios idos+rgui-%e e% ;ur#a e de pJ
8o %eu ;orpo i" sentidosNu% sonho de Sao%J
Cur#os os ohos doridosUCur#as as %Bos e os braosU/odo o %eu ;orpo pedaos8os espehos dos sentidosU
8an;eiU 8an;eiU + o !er-Me/oda de ;ur#a e de pJ
+ra o sentido de Ser-Me
Presente no %eu ohar,+u ui Outra Sao%JFeita de Mi% a danar
"unho3 0102$
AO SR. C"RTES-RODRIGUES.
Passo no %undo a #i#-o,Passo no %undo a senti-o,+ esta ;1r do %eu ;abeo o #-o e o possu&-o
Passo no %undo a sonh-o,
Nu%a or%a de #i#-o,+ o %eu sentido dWoh-o o sentido de #-o
S e% Mi% %e ;on;retiso,+ o Sonho da %inha #ida
Nesse Sonho o reaiso
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+ se%pre de Mi% Presente,/odo o Meu Ser se i%ita+% +u Me Ser )ea%ente
"unho3 0102$
4A MIM PROPRIA
DE HA DOIS ANNOS4
As %inhas %Bos sBo esguias,
SBo usos bran;os dWar%inho,Onde iaste e nBo iasO Sonho do teu ;arinho
As %inhas %Bos sBo esguias,C1r de rosa sBo as unhas,+ neas todos os diasPonho a po%ada Lue punhas
Vuando +u as i;o poindoPerpassa neas e% an;iaA tua bo;a sorrindoU
Mas os %eus dedos e% i8i"e% a onga distan;iaVue #ae de Mi% para /i
"unho3 0102$
VIOLANTE DE C+SNEIROS.
*ODE MAR1TIMA*
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POR
ALVARO DE CAMPOS
a Santa )ita Pintor
'Ode %ar&ti%a'
S"inho, no ;ais deserto, a esta %anhB de #erBo,Xho pr ado da barra, ho pr 0ndeinido,Xho e ;ontenta-%e #r,PeLueno, negro e ;aro, u% paLuete entrando
!e% %uito onge, n&tido, ;ssi;o k sua %aneira8eiEa no ar distante atrs de si a ora #B do seu u%o!e% entrando, e a %anhB entra ;o% e, e no rio,ALui, a;o, a;orda a #ida %ar&ti%a,+rgue%-se #eas, a#ana% rebo;adores,Surge% bar;os peLuenos de trs dos na#ios Lue estBo no porto*a u%a #aga brisaMas a %inhWa%a est ;o% o Lue #eo %enos,Co% o paLuete Lue entra,PorLue e est ;o% a 8ist^n;ia, ;o% a ManhB,
Co% o sentido %ar&ti%o desta *ora,Co% a doura doorosa Lue sobe e% %i% ;o%o u%a nusea,Co%o u% ;o%ear a enoar, %as no esp&rito
Xho de onge o paLuete, ;o% u%a grande independn;ia de a%a, + dentro de%i% u% #oante ;o%ea a girar, enta%ente
Os paLuetes Lue entra% de %anhB na barra/ra"e% aos %eus ohos ;o%sigoO %istJrio aegre e triste de Lue% ;hega e parte
/ra"e% %e%rias de ;ais aastados e doutros %o%entos8outro %odo da %es%a hu%anidade noutros portos/odo o atra;ar, todo o argar de na#io,sinto-o e% %i% ;o%o o %eu sangue0n;ons;iente%ente si%bi;o, terri#e%enteA%eaador de signii;aKes %eta&si;asVue perturba% e% %i% Lue% eu uiU
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Ah, todo o ;ais J u%a saudade de pedraT+ Luando o na#io arga do ;ais+ se repara de repente Lue se abriu u% espao+ntre o ;ais e o na#io,!e%-%e, nBo sei porLu, u%a ang]stia re;ente,
%a nJ#oa de senti%entos de triste"aVue briha ao so das %inhas ang]stias re#adasCo%o a pri%eira anea onde a %adrugada bate,+ %e en#o#e ;o%o u%a re;ordaBo du%a outra pess1aVue 1sse %isteriosa%ente %inha
Ah, Lue% sabe, Lue% sabe,Se nBo parti outrora, antes de %i%,8u% ;aisZ se nBo deiEei, na#io ao soOb&Luo da %adrugada,%a outra espJ;ie de porto>Vue% sabe se nBo deiEei, antes de a hora8o %undo eEterior ;o%o eu o #eo)aiar-se para %i%,% grande ;ais ;heio de pou;a gente,8u%a grande ;idade %eio-desperta,8u%a enor%e ;idade ;o%er;ia, ;res;ida, apopJti;a,/anto Luanto isso pode ser ora do +spao e do /e%po>
Si%, du% ;ais, du% ;ais dagu% %odo %ateria,)ea, #ise ;o%o ;ais, ;ais rea%ente,O Cais Absouto por ;uo %odo in;ons;iente%ente i%itado,0nsense%ente e#o;ado,
Ns os ho%ens ;onstru&%osOs nossos ;ais nos nossos portos,Os nossos ;ais de pedra a;tua s1bre goa #erdadeira,Vue depois de ;onstru&dos se anun;ia% de repenteCousas-)eais, +sp&ritos-Cousas, +ntidades e% Pedra-A%as,A ;ertos %o%entos nossos de senti%ento-rai"Vuando no %undo-eEterior ;o%o Lue se abre u%a porta+, se% Lue nada se atere,/udo se re#ea di#erso
Ah o 7rande Cais donde parti%os e% Na#ios-NaKesTO 7rande Cais Anterior, eterno e di#inoT8e Lue porto> +% Lue goas> + porLue, penso eu isto>7rande Cais ;o%o os outros ;ais, %as o lni;o
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Cheio ;o%o es de sin;ios ru%orosos nas ante%anhBs,+ desabro;hando ;o% as %anhBs nu% ru&do de guindastes+ ;hegadas de ;o%boios de %er;adorias,+ sob a nu#e% negra e o;asiona e e#e8o u%o das ;ha%inJs das bri;as prEi%as
Vue he so%breia o ;hBo preto de ;ar#Bo peLuenino Lue briha,Co%o se 1sse a so%bra du%a nu#e% Lue passasse s1bre gua so%bria
Ah, Lue essen;iaidade de %istJrio e sentidos parados+% di#ino eEtase re#eador9s horas ;1r de sin;ios e ang]stias
NBo J ponte entre LuaLuer ;ais e O CaisT
Cais negra%ente ree;tido nas guas paradas,Gu&;io a bordo dos na#ios,
X a%a errante e inst#e da gente Lue anda e%bar;ada,8a gente si%bi;a Lue passa e ;o% Lue% nada dura,Vue Luando o na#io #ota ao porto*a se%pre LuaLuer ateraBo a bordoT
X ugas ;ont&nuas, idas, ebriedade do 8i#ersoTA%a eterna dos na#egadores e das na#egaKesTCas;os ree;tidos de #agar nas goas,Vuando o na#io arga do portoTFu;tuar ;o%o a%a da #ida, partir ;o%o #o",
!i#er o %o%ento trJ%ua%ente s1bre goas eternasA;ordar para dias %ais dire;tos Lue os dias da +uropa,!r portos %isteriosos s1bre a soidBo do %ar,!irar ;abos onginLmos para s]bitas #astas paisagensPor inu%er#eis en;ostas atnitasU
Ah, as praias onginLmas, os ;ais #istos de onge,+ depois as praias proEi%as, os ;ais #istos de pertoO %istJrio de ;ada ida e de ;ada ;hegada,A doorosa instabiidade e in;o%preensibiidade
8ste i%posse uni#ersoA ;ada hora %ar&ti%a %ais na prpria pee sentidoTO souo absurdo Lue as nossas a%as derra%a%S1bre as eEtensKes de %ares dierentes ;o% ihas ao onge,S1bre as ihas onginLmas das ;ostas deiEadas passar,S1bre o ;res;er n&tido dos portos, ;o% as suas ;asas e a sua gente,Para o na#io Lue se aproEi%a
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Ah, a res;ura das %anhBs e% Lue se ;hega,+ a paide" das %anhBs e% Lue se parte,Vuando as nossas entranhas se arrepanha%+ u%a #aga sensaBo pare;ida ;o% u% %do
O %do an;estra de se aastar e partir,
O %isterioso re;eio an;estra k Chegada e ao No#o+n;ohe-nos a pee e agonia-nos,+ todo o nosso ;orpo angustiado sente,Co%o se 1sse a nossa a%a,%a ineEpi;#e #ontade de poder sentir isto doutra %aneira(%a saudade a LuaLuer ;ousa,%a perturbaBo de aeiKes a Lue #aga patria>A Lue ;osta> a Lue na#io> a Lue ;ais>Vue se adoe;e e% ns o pensa%ento,+ s i;a u% grande #;uo dentro de ns,%a 1;a sa;iedade de %inutos %ar&ti%os,+ u%a ansiedade #aga Lue seria tJdio ou d1rSe soubesse ;o%o s-oU
A %anhB de #erBo est, ainda assi%, u% pou;o res;a% e#e torp1r de noite anda ainda no ar sa;udidoA;eera-se igeira%ente o #oante dentro de %i%+ o paLuete #e% entrando, porLue de#e #ir entrando se% d]#ida,+ nBo porLue eu o #ea %o#er-se na sua dist^n;ia eE;essi#a
Na %inha i%aginaBo e est perto e J #ise+% toda a eEtensBo das inhas das suas #igias,+ tre%e e% %i% tudo, toda a ;arne e toda a pee,Por ;ausa daLuea ;riatura Lue nun;a ;hega e% nenhu% bar;o+ eu #i% esperar hoe ao ;ais, por u% %andado obiLmo
Os na#ios Lue entra% a barra,Os na#ios Lue se% dos portos,Os na#ios Lue passa% ao onge:Sup1nho-%e #endo-os du%a praia deserta
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Ohando de perto os %astros, aiando-se pr ato,)oando peas ;ordas, des;endo as es;adas in;%odas,Cheirando a untada %istura %eti;a e %ar&ti%a de tudo aLuioOs na#ios #istos de perto sBo outra ;ousa e a %es%a ;ousa,8Bo a %es%a saudade e a %es%a ^nsia doutra %aneira
/oda a #ida %ar&ti%aT tudo na #ida %ar&ti%aT0nsinua-se no %eu sangue toda essa seduBo ina+ eu s;is%o indeter%inada%ente as #iagensAh, as inhas das ;ostas distantes, a;hatadas peo hori"onteTAh, os ;abos, as ihas, as praias areentasTAs soidKes %ar&ti%as, ;o%o ;ertos %o%entos no Pa;&i;o+% Lue nBo sei porLue sugestBo aprendida na es;oaSe sente pesar s1bre os ner#os o a;to de Lue aLuee J o %aior dos o;eanos+ o %undo e o sab1r das ;ousas torna%-se u% deserto dentro de nsTA eEtensBo %ais hu%ana, %ais sapi;ada, do At^nti;oTO ?ndi;o, o %ais %isterioso dos o;eanos todosTO Mediterr^neo, d1;e, se% %istJrio nenhu%, ;ssi;o, u% %ar pra bater8e en;ontro a espanadas ohadas de ardins prEi%os por esttuas bran;asT/odos os %ares, todos os estreitos, todas as baas, todos os g1os,Vueria apert-os ao peito, sent&-os be% e %orrerT
+ #s, ;ousas na#ais, %eus #ehos brinLuedos de sonhoTCo%ponde ora de %i% a %inha #ida interiorTVuihas, %astros e #eas, rodas do e%e, ;ordagens,Cha%inJs de #apores, hJi;es, g#eas, ^%uas,7adropes, es;otihas, ;adeiras, ;oe;tores, ##uas,Ca& por %i% dentro e% %ontBo, e% %onte,Co%o o ;onte]do ;onuso de u%a ga#eta despeada no ;hBoTSde #s o tesouro da %inha a#are"a ebri,Sde #s os rutos da r#ore da %inha i%aginaBo,/%a de ;antos %eus, sangue nas #eias da %inha inteign;ia,!osso sea o ao Lue %e une ao eEterior pea estJti;a,Forne;ei-%e %etoras, i%agens, iteratura,PorLue e% rea #erdade, a sJrio, itera%ente,Minhas sensaKes sBo u% bar;o de Luiha pr ar,Minha i%aginaBo u%a ^n;ora %eio sub%ersa,Minha ^nsia u% re%o partido,+ a tessitura dos %eus ner#os u%a rde a se;ar na praiaT
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S1a no a;aso do rio u% apito, s u%/re%e todo o ;hBo do %eu psiLuis%oA;eera-se ;ada #e" %ais o #oante dentro de %i%
Ah, os paLuetes, as #iagens, o nBo-se-saber-o-paradeiro
8e Fuano-de-ta, %ar&ti%o, nosso ;onhe;idoTAh, a gria de se saber Lue u% ho%e% Lue anda#a ;o%nos;oMorreu aogado ao pJ du%a iha do Pa;&i;oT
Ns Lue and%os ;o% e #a%os aar nisso a todos,Co% u% orguho eg&ti%o, ;o% u%a ;oniana in#ise+% Lue tudo isso tenha u% sentido %ais beo e %ais #astoVue apenas o ter-se perdido o bar;o onde e ia+ ee ter ido ao undo por he ter entrado goa prs pu%KesT
Ah, os paLuetes, os na#ios-;ar#oeiros, os na#ios de #eaT
!Bo rareandoai de %i%Tos na#ios de #ea nos %aresT+ eu, Lue a%o a ;i#iisaBo %oderna, eu Lue beio ;o% a a%a as %Luinas,+u o engenheiro, eu o ;i#iisado, eu o edu;ado no estrangeiro,7ostaria de ter outra #e" ao pJ da %inha #ista s #eeiros e bar;os de %adeira,8e nBo saber doutra #ida %ar&ti%a Lue a antiga #ida dos %aresTPorLue os %ares antigos sBo a 8ist^n;ia Absouta,O Puro $onge, iberto do peso do A;tuaU+ ah, ;o%o aLui tudo %e e%bra essa #ida %ehor,sses %ares, %aiores, porLue se na#ega#a %ais de#agarsses %ares, %isteriosos, porLue se sabia %enos des
/odo o #apor ao onge J u% bar;o de #ea perto/odo o na#io distante #isto agora J u% na#io no passado #isto prEi%o/odos os %arinheiros in#iseis a bordo dos na#ios no horisonteSBo os %arinheiros #iseis do te%po dos #ehos na#ios,8a Jpo;a enta e #eeira das na#egaKes perigosas,8a Jpo;a de %adeira e ona das #iagens Lue dura#a% %ses
/o%a-%e pou;o a pou;o o de&rio das ;ousas %ar&ti%as,Penetra%-%e &si;a%ente o ;ais e a sua at%osera,
O %aruho do /eo gaga-%e por ;i%a dos sentidos,+ ;o%eo a sonhar, ;o%eo a en#o#er-%e do sonho das goas,Co%ea% a pegar be% as ;orreias-de-trans%issBo na %inhWa%a+ a a;eeraBo do #oante sa;ode-%e n&tida%ente
Cha%a% por %i% as goas,Cha%a% por %i% os %ares
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Cha%a% por %i%, e#antando u%a #o" ;orprea, os onges,As Jpo;as %ar&ti%as todas sentidas no passado, a ;ha%ar
/u, %arinheiro ings, 6i% Garns %eu a%igo, 1ste tuVue %e ensinaste sse grito antiLm&ssi%o, ings,
Vue tBo #enenosa%ente resu%ePara as a%as ;o%peEas ;o%o a %inhaO ;ha%a%ento ;onuso das goas,A #o" inJdita e i%p&;ita de todas as ;ousas do %ar,8os naurgios, das #iagens onginLmas, das tra#essias perigosassse teu grito ings, tornado uni#ersa no %eu sangue,Se% eitio de grito, se% or%a hu%ana ne% #o",sse grito tre%endo Lue pare;e soar8e dentro du%a ;a#erna ;ua abbada J o ;Ju+ pare;e narrar todas as sinistras ;ousasVue pode% a;onte;er no $onge, no Mar, pea NoiteU:Fingias se%pre Lue era por u%a es;una Lue ;ha%a#as,+ di"ias assi%, pondo u%a %Bo de ;ada ado da b1;a,Fa"endo porta-#o" das grandes %Bos ;ortidas e es;uras(
Ah----------yyyyUS;hooner ah------------yyyyUO so dos trpi;os po" a ebre da pirataria antiga
Nas %inhas #eias intensi#asOs #entos da Patagonia tatuara% a %inha i%aginaBo8e i%agens trgi;as e obs;enasF1go, 1go, 1go, dentro de %i%TSangueT sangueT sangueT sangueT+Epode todo o %eu ;JrebroTParte-se-%e o %undo e% #er%ehoT+stoira%-%e ;o% o so% de a%arras as #eiasT+ estaa e% %i%, ero", #ora",A ;anBo do 7rande Pirata,A %orte berrada do 7rande Pirata a ;antarAtJ %eter pa#1r pas espinhas dos seus ho%ens abaiEo$ da rJ a %orrer, e a berrar, a ;antar(
7i!teen men on the #ead Man9s Chest$?o'ho'ho and a bottle o! rum>
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+ depois a gritar, nu%a #o" irrea, a estoirar no ar(
#arb@ M9raB'aB'aB'aB'aB>#arb@ M9raB'aB'aB'aB'aB'aB'aB'aB>7etcha'a'a!t the ru'u'u'u'u'u'u'u'u'um3 #arb@>
+ia, Lue #ida essaT essa era a #ida, eiaT+h-eh-eh-eh-eh-eh-ehT+h-ah1-ah1-a*O-ah---k-kT+h-eh-eh-eh-eh-eh-ehT
Vuihas partidas, na#ios ao undo, sangue nos %aresTCon#e"es ;heios de sangue, rag%entos de ;orposT8edos de;epados s1bre a%uradasTCabeas de ;reanas, aLui, a;oT7ente de ohos ora, a gritar, a ui#arT
+h-eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh-ehT+h-eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh-ehT+%bruho-%e e% tudo isto ;o%o nu%a ;apa no rioT)oo-%e por tudo isto ;o%o u% gata ;o% ;io por u% %uroT)uo ;o%o u% eBo a%into para tudo istoTArre%eto ;o%o u% touro ou;o s1bre tudo istoTCra#o unhas, parto garras, sangro dos dentes s1bre istoT+h-eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh-ehT
8e repente estaa-%e s1bre os ou#idos
Co%o u% ;ari% a %eu ado,O #eho grito, %as agora irado, %eti;o,Cha%ando a presa Lue se a#ista,A es;una Lue #ai ser to%ada(
Ah----------yyyyUS;hooner ah------------yyyyU
O %undo inteiro nBo eEiste para %i%T Ardo #er%ehoT)uo na ]ria da abordage%T
Pirata-%rT CJsar-PirataTPiho, %ato, esa;eo, rasgoTS sinto o %ar, a presa, o saLueTS sinto e% %i% bater, batere%-%eAs #eias das %inhas ontesT+s;orre sangue Luente a %inha sensaBo dos %eus ohosT+h-eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh-ehT
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Ah piratas, piratas, piratasTPiratas, a%ai-%e e odiai-%eTMisturai-%e ;o%#1s;o, piratasT
!ossa ]ria, #ossa ;ruedade ;o%o aa% ao sangue
8u% ;orpo de %uher Lue oi %eu outrora e ;uo ;io sobre#i#eT
+u Lueria ser u% bi;ho representati#o de todos os #ossos gestos,% bi;ho Lue ;ra#asse dentes nas a%uradas, nas Luihas,Vue ;o%esse %astros, bebesse sangue e a;atrBo nos ;on#e"es,/rin;asse #eas, re%os, ;ord^%e e poe^%e,Serpente do %ar e%inina e %onstruosa ;e#ando-se nos ;ri%esT
+ ha u%a sinonia de sensaKes in;o%pateis e anogas,*a u%a orLuestraBo no %eu sangue de bab]rdias de ;ri%es,
8e estrJpitos espas%ados de orgias de sangue nos %ares,Furibunda%ente, ;o%o u% #enda#a de ;aor peo esp&rito,
N]#e% de poeira Luente anu#iando a %inha u;ide"+ a"endo-%e #er e sonhar isto tudo s ;o% a pee e as #eiasT
Os piratas, a pirataria, os bar;os, a hora,ALuea hora %ar&ti%a e% Lue as presas sBo assatadas,+ o terror dos apresados oge pr ou;uraessa hora,
No seu tota de ;ri%es, terror, bar;os, gente, %ar, ;Ju, n]#ens,Grisa, atitude, ongitude, #o"earia,
Vueria eu Lue 1sse e% seu /odo %eu ;orpo e% seu /odo, sorendo,
Vue 1sse %eu ;orpo e %eu sangue, ;o%po"esse %eu ser e% #er%eho,Fores;esse ;o%o u%a erida ;o%i;hando na ;arne irrea da %inha a%aT
Ah, ser tudo nos ;ri%esT ser todos os ee%entos ;o%ponentes8os assatos aos bar;os e das ;ha;inas e das #ioaKesTSer Luanto oi no ugar dos saLuesTSer Luanto #i#eu ou a"eu no o;a das tragJdias de sangueTSer o pirata-resu%o de toda a pirataria no seu auge,
+ a #&ti%a-s&ntese, %as de ;arne e 1sso, de todos os piratas do %undoT
Ser no %eu ;orpo passi#o a %uher-todas-as-%uheresVue 1ra% #ioadas, %ortas, eridas, rasgadas pos piratasTSer no %eu ser subugado a %ea Lue te% de ser desT+ sentir tudo issotodas estas ;ousas du%a s #e"pea espinhaT
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X %eus peudos e rudes herois da a#entura e do ;ri%eTMinhas %ar&ti%as eras, %aridos da %inha i%aginaBoTA%antes ;asuais da obiLm&dade das %inhas sensaKesTVueria ser ALuea Lue #os esperasse nos portos,A #s, odiados a%ados do seu sangue de pirata nos sonhosT
PorLue ea teria ;o%#1s;o, %as s e% esp&rito, rai#adoS1bre os ;ad#eres nus das #&ti%as Lue a"eis no %arTPorLue ea teria a;o%panhado #osso ;ri%e, e na orgia o;e^ni;aSeu esp&rito de bruEa danaria in#ise e% #ota dos gestos8os #ossos ;orpos, dos #ossos ;uteos, das #ossas %Bos estranguadorasT+ ea e% terra, esperando-#os, Luando #iJsseis, se a;aso #iJsseis,0ria beber nos rugidos do #osso a%1r todo o #asto,/odo o ne#oento e sinistro peru%e das #ossas #itrias,+ atra#Js dos #ossos espas%os si#aria u% sabbat de #er%eho e a%areoT
A ;arne rasgada, a ;arne aberta e estripada, o sangue ;orrendoTAgora, no auge ;on;iso de sonhar o Lue #s a"&eis,Per;o-%e todo de %i%, nBo #os perteno, sou #s,A %inha e%ininidade Lue #os a;o%panha J ser as #ossas a%asT+star por dentro de toda a #ossa ero;idade, Luando a prati;#eisTSugar por dentro a #ossa ;ons;in;ia das #ossas sensaKesVuando ting&eis de sangue os %ares atos,Vuando de #e" e% Luando atir#eis aos tubarKesOs ;orpos #i#os ainda dos eridos, a ;arne rosada das ;reanas+ e##eis as %Bis ks a%uradas para #re% o Lue hes a;onte;iaT
+star ;o%#1s;o na ;arnge%, na pihge%T+star orLuestrado ;o%#1s;o na sinonia dos saLuesTAh, nBo sei Lu, nBo sei Luanto Lueria eu ser de #sT
NBo era s sr-#os a %ea, sr-#os as %eas, sr-#os as #&ti%as,Sr-#os as #&ti%asho%ens, %uheres, ;reanas, na#ios,
NBo era s ser a hora e os bar;os e as ondas,NBo era s ser #ossas a%as, #ossos ;orpos, #ossa ]ria, #ossa posse,NBo era s ser ;on;reta%ente #osso a;to abstrato de orgia,NBo era s isto Lue eu Lueria serera %ais Lue isto, o 8eus-istoT+ra pre;iso ser 8eus, o 8eus du% ;uto ao ;ontrrio,% 8eus %onstruoso e sat^ni;o, u% 8eus du% pantheis%o de sangue,Para poder en;her toda a %edida da %inha ]ria i%aginati#a,Para poder nun;a esgotar os %eus deseos de identidadeCo% o ;ada, e o tudo, e o %ais-Lue-tudo das #ossas #itriasT
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Ah, torturai-%e para %e ;urardesTMinha ;arnea"ei dea o ar Lue os #ossos ;uteos atra#essa%Antes de ;a&re% s1bre as ;abeas e os o%brosTMinhas #eias sea% os atos Lue as a;as trespassa%TMinha i%aginaBo o ;orpo das %uheres Lue #ioaisT
Minha inteign;ia o ;on#e" onde estais de pJ %atandoTMinha #ida toda, no seu ;onunto ner#oso, histJri;o, absurdo,O grande organis%o de Lue ;ada a;to de pirataria Lue se ;o%eteuF1sse u%a ;Jua ;ons;ientee todo eu turbihonasseCo%o u%a i%ensa podridBo ondeando, e 1sse aLuio tudoT
Co% ta #eo;idade des%edida, pa#orosa,A %Luina de ebre das %inhas #isKes transbordantes7ira agora Lue a %inha ;ons;in;ia, #oante, apenas u% ne#oento ;&r;uo assobiando no ar
7i!teen men on the #ead Man9s Chest$?o'ho'ho and a bottle o! rum>
+h-ah1-ah1-a*Oah--kkkU
AhT a se#ageria desta se#ageriaT MerdaPra toda a #ida ;o%o a nossa, Lue nBo J nada distoT+u prWkLui engenheiro, prti;o k or;a, sense a tudo,PrWkLui parado, e% reaBo a #s, %es%o Luando andoZMes%o Luando ao, inerteZ %es%o Luando %e i%ponho, dJbiZ
+stti;o, Luebrado, dissidente ;obarde da #ossa 7oria,8a #ossa grande din^%i;a estridente, Luente e sangrentaT
ArreT por nBo poder agir dWa;1rdo ;o% o %eu de&rioTArreT por andar se%pre agarrado ks saias da ;i#iisaBoTPor andar ;o% a douceur des moeursks ;ostas, ;o%o u% ardo de rendasTM1os de esLuinatodos ns o s1%osdo hu%anitaris%o %odernoT+stupores de t&si;os, de neurastJni;os, de inti;os,Se% ;orage% para ser gente ;o% #ion;ia e aud;ia,Co% a a%a ;o%o u%a gainha presa por u%a pernaT
Ah, os piratasT os piratasTA ^nsia do iega unido ao ero"A ^n;ia das ;ousas absouta%ente ;rueis e abo%in#eis,Vue roe ;o%o u% ;io abstrato os nossos ;orpos ran"inos,Os nossos ner#os e%ininos e dei;ados,+ pKe grandes ebres ou;as nos nossos ohares #asiosT
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Obrigai-%e a aoehar diante de #sT*u%ihai-%e e batei-%eTFa"ei de %i% o #osso es;ra#o e a #ossa ;ousaT+ Lue o #osso despre"o por %i% nun;a %e abandone,X %eus senhoresT %eus senhoresT
/o%ar se%pre goriosa%ente a parte sub%issaNos a;onte;i%entos de sangue e nas sensuaidades estiradasT8esabai s1bre %i%, ;o%o grandes %uros pesados,X brbaros do antigo %arT)asgai-%e e eri-%eT8e este a oeste do %eu ;orpo)is;ai de sangue a %inha ;arneTGeiai ;o% ;uteos de bordo e aoites e rai#aO %eu aegre terror ;arna de #os perten;er,A %inha ^n;ia %asLuista e% %e dar k #ossa ]ria,+% ser obe;to inerte e sentiente da #ossa o%nora ;ruedade,8o%inadores, senhores, i%peradores, ;or;JisTAh, torturai-%e,)asgai-%e e abri-%eT8eseito e% pedaos ;ons;ientes+ntornai-%e s1bre os ;on#e"es,+spahai-%e nos %ares, deiEai-%e
Nas praias #idas das ihasT
Ce#ai s1bre %i% todo o %eu %isti;is%o de #sTCin"eai a sangue a %inhWa%aTCortai, ris;aiTX tatuadores da %inha i%aginaBo ;orpreaT+soadores a%ados da %inha ;arna sub%issBoTSub%etei-%e ;o%o Lue% %ata u% ;Bo a pontapJsTFa"ei de %i% o p1o para o #osso despre"o de do%&nioT
Fa"ei de %i% as #ossas #&ti%as todasTCo%o Cristo soreu por todos os ho%ens, Luero sorerPor todas as #ossas #&ti%as ks #ossas %Bos,qs #ossas %Bos ;aosas, sangrentas e de dedos de;epados
Nos assatos brus;os de a%uradasT
Fa"ei de %i% LuaLuer ;ousa ;o%o se eu 1sseArrastado pra"er, beiada d1rTArrastado k ;auda de ;a#aos ;hi;oteados por #sU
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Mas isto no %ar, isto no %a-a-a-ar, isto no 'MA-A-A-A)T'+h-eh-eh-eh-ehT +h-eh-eh-eh-eh-eh-ehT '+*-+*-+*-+*-+*-+*-+*T No MA-A-A-A-A)T'
=eh-eh-eh-eh-eh-ehT =eh-eh-eh-eh-eh-ehT =eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh-ehT
7rita tudoT tudo a gritarT #entos, #agas, bar;os,Mares, g#eas, piratas, a %inha a%a, o sangue, e o ar, e o arT+h-eh-eh-ehT =eh-eh-eh-eh-ehT =eh-eh-eh-eh-eh-ehT /udo ;anta a gritarT
*FIFTEEN MEN ON THE DEAD MAN6S CHEST.* *+O-HO-HO AND A BOTTLE OF RUM%*
+h-eh-eh-eh-eh-eh-ehT +h-eh-eh-eh-eh-eh-ehT +h-eh-eh-eh-eh-eh-ehT*J-ah1-ah1-a*O-O-O-11-ah--kkkT
'A*X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-XyyyTU'
'SC*OON+) A*X-X-X-X-X-X-X-X-X-XyyyyTU'8arby MW7ra-a-a-a-a-aT8A)G= MW7)Af-Af-Af-Af-Af-Af-AfTF+/C* A-A-AF/ /*+ )-----M, 8A)G=T
+h-eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh-ehT+*-+*-+*-+*-+*-+*-+*-+*-+*-+*-+*-+*T+*-+*-+*-+*-+*-+*-+*-+*-+* +* +*-+*T'+*-+*-+*-+*-+*-+*-+*-+*-+*-+*-+*-+*T'
'+*-+*-+*-+*-+*-+*-+*-+*-+*-+*-+*T'Parte-se e% %i% LuaLuer ;ousa O #er%eho anoite;euSenti de %ais para poder ;ontinuar a sentir+sgotou-se-%e a a%a, i;ou s u% J;o dentro de %i%8e;res;e sense%ente a #eo;idade do #oante/ira%-%e u% pou;o as %Bos dos ohos os %eus sonhos8entro de %i% ha s u% #;uo, u% deserto, u% %ar no;turno+ ogo Lue sinto Lue ha u% %ar no;turno dentro de %i%,Sobe dos onges de, nas;e do seu sin;io,
Outra #e", outra #e", o #asto grito antiLm&ssi%o8e repente, ;o%o u% re^%pago de so%, Lue nBo a" baruho %as ternura,S]bita%ente abrangendo todo o hori"onte %ar&ti%o*]%ido e so%brio %aruho hu%ano no;turno,!o" de sereia onginLma ;horando, ;ha%ando,!e% do undo do $onge, do undo do Mar, da a%a dos Abis%os,+ k tona de, ;o%o agas, boia% %eus sonhos deseitosU
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Ah----------yyUS;hooner ah------------yyUU
Ah, o or#aho sobre a %inha eE;itaBoTO res;1r no;turno no %eu o;eano interiorT
+is tudo e% %i% de repente ante u%a noite no %arCheia do enor%e %isterio hu%anissi%o das ondas no;turnasA ua sobe no hori"onte+ a %inha inan;ia ei" a;orda, ;o%o u%a gri%a, e% %i%O %eu passado ressurge, ;o%o se esse grito %ar&ti%oF1sse u% ar1%a, u%a #o", o e;o du%a ;anBoVue 1sse ;ha%ar ao %eu passadoPor aLuea ei;idade Lue nun;a %ais tornarei a ter
+ra na #eha ;asa so;egada, ao pJ do rioU
:As aneas do %eu Luarto, e as da ;asa de antar ta%be%,8a#a%, por sobre u%as ;asas baiEas, para o rio proEi%o,Para o /eo, este %es%o /eo, %as noutro ponto, %ais abaiEoUSe eu agora ;hegasse s %es%as aneas nBo ;hega#a s %es%as aneasALue te%po passou ;o%o o u%o du% #ap1r no %ar atoUVue onge estou do Lue ui ha uns %o%entosT*ister&a das sensaKesora estas, ora as apostasT
Na oura %anhB Lue se ergue, ;o%o o %eu ou#ido s es;oheAs ;ousas de a;1rdo ;o% esta e%oBoo %aruho das goas,
O %aruho e#e das goas do rio de en;ontro ao ;aisU,A #ea passando perto do outro ado do rio,Os %ontes onginLuos, du% a"u apone",As ;asas de A%ada,+ o Lue ha de sua#idade e de inan;ia na hora %atutinaTU
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%a gai#ota Lue passa,+ a %inha ternura J %aior
Mas todo este te%po nBo esti#e a reparar para nada/udo isto oi u%a i%pressBo s da pee, ;o%o u%a ;ari;ia
/odo este te%po nBo tirei os ohos do %eu sonho onginLuo,8a %inha ;asa ao pJ do rio,8a %inha inan;ia ao pJ do rio,8as aneas do %eu Luarto dando para o rio de noite,+ a pa" do uar esparso nas goasTU
Minha #eha tia, Lue %e a%a#a por ;ausa do iho Lue perdeuU,Minha #eha tia ;ostu%a#a ador%e;er-%e ;antando-%e:Se be% Lue eu 1sse ;res;ido de %ais para isso
+ra a [Gea 0nanta\U +u e;ha#a os ohos, e ea ;anta#a(
)stando a 4ela In!antaNo seu Dardim assentada-
+u abria u% pou;o os ohos e #ia a anea ;heia de uar+ depois e;ha#a os ohos outra #e", e e% tudo isto era ei"
)stando a 4ela In!antaNo seu Dardim assentada3Seu pente de ouro namo3Seus cabelos penteava-
X %eu passado de inan;ia, bone;o Lue %e partira%T
NBo poder #iaar pra o passado, para aLuea ;asa e aLuea aeiBo,+ i;ar se%pre, se%pre ;riana e se%pre ;ontenteT
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Mas tudo isto oi o Passado, anterna a u%a esLuina de rua #ehaPensar nisto a" rio, a" o%e du%a ;ousa Lue se nBo pode obter8-%e nBo sei Lue re%orso absurdo pensar nistoOh turbihBo ento de sensaKes desen;ontradasT!ertige% tenue de ;onusas ;ausas na a%aT
Furias partidas, ternuras ;o%o ;arrinhos de inha ;o% Lue as ;rianas brin;a%,7randes desaba%entos de i%aginaBo sobre os ohos dos sentidos,$gri%as, gri%as inuteis,$e#es brisas de ;ontradi;Bo roando pea a;e a a%aU
+#o;o, por u% esoro #ountario, para sahir desta e%oBo,+#o;o, ;o% u% esoro desesperado, s;o, nuo,A ;anBo do 7rande Pirata, Luando esta#a a %orrer(
7i!teen men on ;he #ead Man9s Chest$?o'ho'ho and a bottle o! rum>
Mas a ;anBo J u%a inha re;ta %a traada dentro de %i%U
+soro-%e e ;onsigo ;ha%ar outra #e" ante os %eus ohos na a%a,Outra #e", %as atra#e" du%a i%aginaBo Luasi iteraria,A uria da pirataria, da ;ha;ina, o apetite, Luasi do paadar, do saLue,8a ;ha;ina inuti de %uheres e de ;rianas,8a tortura uti, e s para nos distrair%os, dos passageiros pobres,+ a sensuaidade de es;angahar e partir as ;ousas %ais Lueridas dos outros,Mas sonho isto tudo ;o% u% %do de LuaLuer ;ousa a respirar-%e sobre a nu;a
$e%bro-%e de Lue seria interessante+nor;ar os ihos #ista das %Bes:Mas sinto-%e se% Luerer as %Bes des
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8e #er sorer atJ ao ponto da ou;ura e da %orte-pea-d1r %as nun;a deiEar;hegar UMas a %inha i%aginaBo re;usa-se a a;o%panhar-%e% ;aario arrepia-%e+ de repente, %ais de repente do Lue da outra #e", de %ais onge, de %ais undo,
8e repenteoh pa#or por todas as %inhas #eiasT,Oh rio repentino da porta para o MistJrio Lue se abriu dentro de %i% e deiEouentrar u%a ;orrente de arT$e%bro-%e de 8eus, do /rans;endenta da #ida, e de repenteA #eha #o" do %arinheiro inge" 6i% Garns, ;o% Lue% eu aa#a,/ornada #o" das ternuras %isteriosas dentro de %i%, das peLuenas ;ousas deregao de %Be e de ita de ;abeo de ir%B,Mas estupenda%ente #inda de aJ% da aparn;ia das ;ousas,A !o" surda e re%ota tornada A !o" Absouta, a !o" Se% G1;a,!inda de sobre e de dentro da soidBo no;turna dos %ares,Cha%a por %i%, ;ha%a por %i%, ;ha%a por %i%U
!e% surda%ente, ;o%o se 1sse supri%ida e se ou#isse,$onginLua%ente, ;o%o se esti#esse soando noutro ogar e aLui nBo se pudesseou#ir,Co%o u% souo abaado, u%a u" Lue se apaga, u% haito sien;ioso,8e nenhu% ado do espao, de nenhu% o;a no te%po,O grito eterno e noturno, o s1pro undo e ;onuso(
Ah1-1-1-1-1-1-1-1-1-1-1-1yyyUUAh1-1-1-1-1-1-1-1-1-1-1-1-1-1-1yyyUUS;hooner ah1-1-1-1-1-1-1-1-1-1-1-1-1-1-1-1yyyUUU
/re%o ;o% u% rio da a%a repassando-%e o ;orpo+ abro de repente os ohos, Lue nBo tinha e;hadoAh, Lue aegria a de sa&r dos sonhos de #e"T+is outra #e" o %undo rea, tBo bondoso para os nr#osT+i-o a esta hora %atutina e% Lue entra% os paLutes Lue ;hega% ;do
6 nBo %e i%porta o paLute Lue entra#a Ainda est onge
S o Lue est perto agora %e a#a a a%aA %inha i%aginaBo higieni;a, orte, prti;a,Preo;upa-se agora apenas ;o% as ;ousas %odernas e uteis,Co% os na#ios de ;arga, ;o% os paLutes e os passageiros,Co% as ortes ;ousas i%ediatas, %odernas, ;o%er;iais, #erdadeirasAbranda o seu giro dentro de %i% o #oante
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Mara#ihosa #ida %ariti%a %oderna,/oda i%pe"a, %aLuinas e sa]deT/udo tBo be% arranado, tBo eEpontanea%ente austado,/odas as peas das %aLuinas, todos os na#ios peos %ares,/odos os ee%entos da a;ti#idade ;o%er;ia de eEportaBo e i%portaBo
/Bo %ara#ihosa%ente ;o%binando-seVue ;orre tudo ;o%o se 1sse por eis naturais,
Nenhu%a ;ousa esbarrando ;o% outraT
Nada perdeu a poesia + agora ha a %ais as %aLuinasCo% a sua poesia ta%be%, e todo o no#o genero de #idaCo%er;ia, %undana, intee;tua, senti%enta,Vue a era das %aLuinas #eiu tra"er para as a%asAs #iagens agora sBo tBo beas ;o%o era% dantes+ u% na#io ser se%pre beo, s porLue J u% na#io!iaar ainda J #iaar e o onge est se%pre onde este#e+% parte nenhu%a, graas a 8eusT
Os portos ;heios de #apores de %uitas espe;iesTPeLuenos, grandes, de #arias ;1res, ;o% #arias disposiKes de #igias,8e tBo dei;iosa%ente tantas ;o%panhias de na#egaBoT!ap1res nos portos, tBo indi#iduais na separaBo desta;ada dos an;ora%entosT/Bo prasenteiro o seu garbo Luieto de ;ousas ;o%er;iais Lue anda% no %ar,
No #eho %ar se%pre o ho%eri;o, issesT
O ohar hu%anitario dos aris na dist^n;ia da noite,Ou o subito aro proEi%o na noite %uito es;ura:[Vue perto da terra Lue esta#a%os passandoT\ + o so% da agua ;anta-nos aoou#ido
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SBo prti;os, onge de des#aira%entos, en;he% de ar %ar&ti%o os pu%Kes,Co%o gente pereita%ente ;ons;iente de ;o%o J higieni;o respirar o ar do %ar
O dia J pereita%ente de horas de trabahoCo%ea tudo a %o#i%entar-se, a reguarisar-se
Co% u% grande pra"er natura e dire;to per;orro ;o% a a%a/odas as operaKes ;o%er;iaes ne;essarias a u% e%barLue de %er;adoriasA %inha Jpo;a J o ;ari%bo Lue e#a% todas as a;turas,+ sinto Lue todas as ;artas de todos os es;ritrios8e#ia% ser endereadas a %i%
% ;onhe;i%ento de bordo te% tanta indi#iduaidade,+ u%a assinatura de ;o%andante de na#io J tBo bea e %odernaT)ig1r ;o%er;ia do prin;ipio e do i% das ;artas(
8ear SirsMessieursA%igos e Snrs,=ours aithuyU nos sautations e%pressJesU/udo isto J nBo s hu%ano e i%po, %as ta%b% beo,+ te% ao i% u% destino %ariti%o, u% #ap1r onde e%barLue%As %er;adorias de Lue as ;artas e as a;turas trata%
Co%peEidade da #idaT As a;turas sBo eitas por genteVue te% a%ores, odios, paiEKes poiti;as, s #e"es ;ri%es+ sBo tBo be% es;ritas, tBo ainhadas, tBo independentes de tudo issoT*a Lue% ohe para u%a a;tura e nBo sinta isto
Co% ;erte"a Lue tu, Cesario !erde, o sentias+u J atJ s agri%as Lue o sinto hu%anissi%a%ente!enha% di"er-%e Lue nBo ha poesia no ;o%er;io, nos es;ritriosTOra, ea entra por todos os prosU Neste ar %ariti%o respiro-a,PorLue tudo isto #e% a proposito dos #ap1res, da na#egaBo %oderna,PorLue as a;turas e as ;artas ;o%er;iaes sBo o prin;ipio da historia+ os na#ios Lue e#a% as %er;adorias peo %ar eterno sBo o i%
Ah, e as #iagens, as #iagens de re;reio, e as outras,As #iagens por %ar, onde todos so%os ;o%panheiros dos outros
8u%a %aneira espe;ia, ;o%o se u% %isterio %ariti%oNos aproEi%asse as a%as e nos tornasse u% %o%entoPatriotas transitorios du%a %es%a patria in;erta,+terna%ente deso;ando-se sobre a i%ensidade das goasT7randes hoteis do 0ninito, oh transatanti;os %eusTCo% o ;os%opoitis%o pereito e tota de nun;a parare% nu% ponto+ ;ontere% todas as espe;ies de traes, de ;aras, de raasT
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As #iagens, os #iaantestantas espe;ies desT/anta na;ionaidade sobre o %undoT tanta proissBoT tanta genteT/anto destino di#erso Lue se pde dar #ida,9 #ida, aina, no undo se%pre, se%pre a %es%aT/antas ;aras ;uriosasT /odas as ;aras sBo ;uriosas
+ nada tra" tanta reigiosidade ;o%o ohar %uito para genteA raternidade aina nBo J u%a idJa re#ou;ionaria u%a ;ousa Lue a gente aprende pea #ida ra, onde te% Lue toerar tudo,+ passa a a;har graa ao Lue te% Lue toerar,+ a;aba Luasi a ;horar de ternura sobre o Lue toerouT
Ah, tudo isto J beo, tudo isto J hu%ano e anda igadoAos senti%entos hu%anos, tBo ;on#i#entes e burgue"es,/Bo ;o%pi;ada%ente si%pes, tBo %etaisi;a%ente tristesTA #ida utuante, di#ersa, a;aba por nos edu;ar no hu%anoPobre genteT pobre gente toda a genteT
8espeo-%e desta hora no ;orpo deste outro na#ioVue #ai agora sa&ndo u% tra%p-stea%er ings,Muito suo, ;o%o se osse u% na#io ran;s,Co% u% ar si%pati;o de proetario dos %ares,+ se% du#ida anun;iado onte% na ]ti%a pgina das ga"etas
+nterne;e-%e o pobre #ap1r, tBo hu%ide #ai e e tBo naturaPare;e ter u% ;erto es;rupuo nBo sei e% Lu, ser pessoa honesta,
Cu%pridora du%a LuaLuer espe;ie de de#eres$ #ai e deiEando o ugar deronte do ;ais onde estou$ #ai e tranLuia%ente, passando por onde as naus esti#era%Outrora, outroraUPara Cardi> Para $i#erpoo> Para $ondres> NBo te% i%portan;ia+e a" o seu de#er Assi% aa%os ns o nosso Gea #idaTGoa #iage%T Goa #iage%TGoa #iage%, %eu pobre a%igo ;asua, Lue %e i"este o a#1r8e e#ar ;o%tigo a ebre e a triste"a dos %eus sonhos,+ restituir-%e #ida para ohar para ti e te #er passarGoa #iage%T Goa #iage%T A #ida J istoU
Vue apru%o tBo natura, tBo ine#ita#e%ente %atutinoNa tua sa&da do porto de $isboa, hoeT/enho-te u%a aeiBo ;uriosa e grata por issoUPor isso Lu> Sei o Lue JTU !aiU PassaUCo% u% igeiro estre%e;i%ento,
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:/-tt-tt-tU+u Lue% sou para Lue te ae e te a%e>+u Lue% sou para Lue %e perturbe #r-te>$arga do ;ais, ;res;e o so, ergue-se ouro,$u"e% os tehados dos edii;ios do ;ais,/odo o ado de ; da ;idade brihaUParte, deiEa-%e, torna-tePri%eiro o na#io a %eio do rio, desta;ado e nitido,8epois o na#io a ;a%inho da barra, peLueno e preto,8epois ponto #ago no hori"onte : %inha angustiaT
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(SENSIBILIDADE RADIOGRAPHICA.)
LU#S DE MONTALV"R
*NARCISO*
POEMA
a Fernando Pess1a
*NARCISO*
+rra% no oiro da tarde as so%bras de estas ninasT
+ atJ onde ir o aro%a dos seus gestos Lue sei tenta% prender %eus ohos Lue,unestos, sonha% u% espendor ata de pedrarias>
/arde de tentaBoT Vue estranhas %eodias inLuieta% o ;eo de u% ru%orignorado> SeringeT /ua auta arrosa de en;antado e sangue de 0usBo esta tardee% de%en;ia Lue a egenda re;ordaZ e da i%%orta essen;ia do sonho esta horaantiga eEhu%a o #eho idiio
*a %Bos de esta e sonho e% %eu deserto eEiioT
A Gee"a J pra %i%, ninasT o segredo ;o% Lue 8eus %e #estiu de $indoTUAi, tenho %edo de %orrer o Lue sou s %Bos desse deseo das ninasZ %as est aso%bra Lue nBo #eo depois e antes de %i% e, se aundo o ohar na an;ia de %e
#er, s %e #eo ao ;oo da 8istan;iaT 8eiEai dor%ir u% pou;o o ;eo nos ohos%eus, eu nBo os Luero abrir antes Lue os e;he,8eusT
NinasT #s penteais o pa#or anea da %inha a%a atra#e" a hora so%bria ebea Cor1as nBo serBo sobre %i% as de 1res Lue desohais, %as bran;osbraos de a%1res Lue abre% no;turna%ente e nu% pai" se% diaU
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Sois o sonho de %i% ao ;oo da AegriaT!ossa presena pKe o %edo e% %eu destino
As taas Lue entornais do aro%a sibiino da sedu;Bo, de tJdio en;he% o Lue %edJste, 8eusT 7ea %eu ser ao sorriso terrestWe das #irgens, Lue ree;te a tarde a
res;ender do oor de PanT U + o ohar de por no o es;onder do ;eoZ pois paratoda a a%a dor%ir, do beo, o serai;o a"u J ;o%o u% pe"adoT
Por% ;o%o ugir ao sonho Lue %e a" ;o%o estrangeiro e% %i%Z do beo a"u,#ora" a b1;a triste, se% ;1r e de hu%anas d1res ;o%o se triuna e de paidas1res da noite, 1sse% de u% sonho, na hora es;utado>
Capti#o e% %i% sou ;o%o o dragBo Lue, in#ioado, bebe a s;intiaBo da sWnora;aridade do ;abeo sinistro, onde a u" arde e in#ade de %etai;o haor o niEoonde se a;oiteU
!ossos ;abeos aiT ;ho#e% ;o%o oiro, noiteT ;o%o ios de horror da teia do%istJrioU
8o ;abeo, o espendor do oiro esteri, J aJrio ;W%o de ara;hnideo sonho ou desiderio te;to ;in"eado no oharu% reeEo de inse;to no rio #1o nu% ar deso%no e oiro e utoU
A#aan;hes de tJdio e% seu ;abeo es;utoTU
FiEo a ;arne, spe;tra, ;o%o ante inerte ri"o de so%bras, a nude", inhaesLue;ida e% riso sobre ;ha%%as, ;rue,6oia dos ;aariosT % horror deniE nJ#a entre os %eus dedos riosT
Conte%po o %eu destino e% %i% Ninas, adeusT Meus gestos irreaes te%se;uos de 8eusT Na paisage% do ser ;orre u% rio se% i%( Os %eus gestos sBo;o%o a outra %arge% de %i%U Cai a%a no ardi% dos %eus sonhos unestos se%pre noite no undo dos %eus gestos onde espreita 8eus( ha uar nas %inhas
%BosU As %Bos abana% no ar os nossos gestos #Bos, %undos de sonoen;iaardendo e% reiLuarios( 6oias ;eestes, #s, %eus gestos soitariosT
Por %i% di#aga o ;eo + %orre u% diad%a %inha ronte triste e pensati#a,e%b%a da a%a paida ;o%o u% #eho pio ou ouroU Co%tudo Lue torpor %een;osta ao sor#edouro ;W%o esinge Lue se in;ina ao abys%o e debrua, a %irar a
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a%a, ir%B de u% sonho Lue soua> Lue u% gesto se% no%e e% %inha a%ase a;ara, e no 6ardi% de 8eus sou a ideia %ais raraT
Meus gestos #Bo ;o%o esta agua se%pre ;orrendo pra a o" do nadaZ en;osto a%inha a%a, tre%endo, #o" da agua;rista sonoro do ahear-%eT
No no#eo de %i% a %inha an;ia a enredar-%e
X agua se%pre triste e% seu ir pea parte da terra Lue J i#ida e ;W%o a%a Lue searte de sonhosT NBo ser a %inha so%bra ausente u% ar #ossoou serei ai%age% da ;orrente>
Vue% des;esse o %istJrio e #isse a se%ehana nesse inti%o torpor das ;ousas,onde ;ansa essa uga do te%po e% so%bra ree;tidaU +u nun;a terei doisgestos ir%Bos na #ida, e se ohasse pra tra" tWria %edo de %i%U :0nter-unio de
ns no sonho dWa%-i%UU
X espeho se% horaT X agua e% so%no, ustra, espeho hori"onta de tJdio;W%o u% ;ana se% ter undo ne% i% Meu peri sua d1rT S %e rei;to e nBo%e #eo no torpor da agua Lue abana o te%poU ai, o te%po J a #o" ;o% Lue sea;orda o %edoes;utura de ns na distan;iaU +% ru%or, na agua, #agode%en;ia e dur%o de Gee"a ao ;oo da Aparen;ia, Lue oge ;o%o esta agua eeste te%po a ;orrerU Maruhar de %i% no undo do %eu serU S as %Bossabe% ter o ar de sonhos ;ontinWosU
AiT Se o ohar ;ai nas %Bos, desenha%-se destinos;o%o arabes;osU
Abro os braos, %as e% #Bo,e ergo-%e de %i% ;o% #estes de ;o%oBoT
)esta-%e ;onte%par pea noite Lue inundo de %i%, pendido sobre a aparen;iado %undo Minha so%bra eEiada es;uto-a na douraT
Perturbo-%e de 8eus nos braos da /ernuraT
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Sinto Lue a %inha #o" atra#essou 8eusTUCreso sobre %i%, noite e% deirioT AdeusT0%age% de ser beo s %Bos da %inha inan;ia
Sou e;ho de ru%or Luebrado na distan;ia
A%a da noite antiga in;endiada a a#oresT
LU1S DE MONTALVR.
Nota do /rans;ritor( ALui surge a otogra#aBo de(ors ;e+tede Santa )itaPintorc
*SANTA RITA PINTOR.* PARIS ANNO ().
8e;o%posiBo dyna%i;a de u%a %esaestyo do %o#i%ento
(INTERSECCIONISMO PLASTICO.)
*CHUVA OBL13UA*
POEMAS INTERSECCIONISTAS
DE
FERNANDO PESSOA
'Chu#a obiLua'
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*I*
Atra#essa esta paysage% o %eu sonho dWu% porto ininito+ a ;1r das 1res J transparente de as #eas de grandes na#iosVue arga% do ;aes arrastando nas aguas por so%bra
Os #utos ao so dWaLueas ar#ores antigasU
O porto Lue sonho J so%brio e paido+ esta paysage% J ;heia de so dWeste adoUMas no %eu espirito o so dWeste dia J porto so%brio+ os na#ios Lue sahe% do porto sBo estas ar#ores ao soU
$iberto e% dupo, abandonei-%e da paysage% abaiEoUO #uto do ;aes J a estrada nitida e ;a%aVue se e#anta e se ergue ;o%o u% %uro,
+ os na#ios passa% por dentro dos tron;os das ar#oresCo% u%a hori"ontaidade #erti;a,+ deiEa% ;ahir a%arras na agua peas ohas u%a a u%a dentroU
NBo sei Lue% %e sonhoUS]bito toda a agua do %ar do porto J transparente+ #eo no undo, ;o%o u%a esta%pa enor%e Lue esti#esse desdobrada,+sta paysage% toda, renLue de ar#ores, estrada a arder e% aLuee porto,+ a so%bra dWu%a nu %ais antiga Lue o porto Lue passa+ntre o %eu sonho do porto e o %eu #r esta paysage%
+ ;hega ao pJ de %i%, e entra por %i% dentro,+ passa para o outro ado da %inha a%aU
*II*
0u%ina-se a egrea por dentro da ;hu#a dWeste dia,+ ;ada #ea Lue se a;ende J %ais ;hu#a a bater na #idraaU
Aegra-%e ou#ir a ;hu#a porLue ea J o te%po estar a;;eso,
+ as #idraas da egrea #istas de ra sBo o so% da ;hu#a ou#ido por dentroUO espend1r do atar-%r J o eu nBo poder Luasi #r os %ontesAtra#e" da ;hu#a Lue J ouro tBo soe%ne na toaha do atarUS1a o ;anto do ;1ro, atino e #ento a sa;udir-%e a #idraa+ sente-se ;hiar a agua no a;to de ha#er ;1roU
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A %issa J u% auto%o#e Lue passaAtra#e" dos ieis Lue se aoeha% e% hoe ser u% dia tristeUSubito #ento sa;ode e% espend1r %aiorA esta da ;athedra e o ruido da ;hu#a absor#e tudoAtJ s se ou#ir a #o" do padre agua perder-se ao onge
Co% o so% de rodas de auto%o#eU
+ apaga%-se as u"es da egreaNa ;hu#a Lue ;essaU
*III*
A 7rande +sphynge do +gypto sonha por este pape dentroU+s;re#oe ea appare;e-%e atra#e" da %inha %Bo transparente
+ ao ;anto do pape ergue%-se as pyra%idesU+s;re#operturbo-%e de #r o bi;o da %inha pennaSer o peri do rei CheopsU8e repente paroU+s;ure;eu tudoU Caio por u% abys%o eito de te%poU+stou soterrado sob as pyra%ides a es;re#er #ersos u" ;ara dWeste ;andieiro+ todo o +gypto %e es%aga de ato atra#e" dos traos Lue ao ;o% a pennaUOuo a +sphynge rir por dentroO so% da %inha penna a ;orrer no papeU
Atra#essa o eu nBo poder #e-a u%a %Bo enor%e,!arre tudo para o ;anto do te;to Lue i;a por detra" de %i%,+ sobre o pape onde es;re#o, entre ee e a penna Lue es;re#e6a" o ;ada#er do rei Cheops, ohando-%e ;o% ohos %uito abertos,+ entre os nossos ohares Lue se ;ru"a% ;orre o Nio+ u%a aegria de bar;os e%bandeirados erra
Nu%a diagona diusa+ntre %i% e o Lue eu pensoU
Funeraes do rei Cheops e% ouro #eho e Mi%TU
*IV*
Vue pandeiretas o sien;io dWeste LuartoTUAs paredes estBo na Andau"iaU*a danas sensuaes no briho iEo da u"U
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8e repente todo o espao praU,Pra, es;orrega, dese%bruha-seU,+ nu% ;anto do te;to, %uito %ais onge do Lue ee est,Abre% %Bos bran;as aneas se;retas+ ha ra%os de #ioetas ;ahindo
8e ha#er u%a noite de pri%a#era raSobre o eu estar de ohos e;hadosU
*V*
$ ora #ae u% rede%oinho de so os ;a#aos do ;arrousseUAr#ores, pedras, %ontes, baia% parados dentro de %i%U
Noite absouta na eira iu%inada, uar no dia de so ra,+ as u"es todas da eira a"e% ruido dos %uros do LuintaU
)an;hos de raparigas de biha ;abeaVue passa% ra, ;heias de estar sob o so,Cru"a%-se ;o% grandes grupos peganhentos de gente Lue anda na eira,7ente toda %isturada ;o% as u"es das barra;as, ;o% a noite e ;o% o uar,+ os dois grupos en;ontra%-se e penetra%-seAtJ or%are% s u% Lue J os doisUA eira e as u"es da eira e a gente Lue anda na eira,+ a noite Lue pega na eira e a e#anta no ar,Anda% por ;i%a das ;opas das ar#ores ;heias de so,Anda% #isi#e%ente por baiEo dos penedos Lue u"e% ao so,
Appare;e% do outro ado das bihas Lue as raparigas e#a% ;abea,+ toda esta paysage% de pri%a#era J a ua sobre a eira,+ toda a eira ;o% ruidos e u"es J o ;hBo dWeste dia de soU
8e repente ague% sa;ode esta hora dupa ;o%o nu%a peneira+, %isturado, o p das duas reaidades ;aheSobre as %inhas %Bos ;heias de desenhos de portosCo% grandes naus Lue se #Bo e nBo pensa% e% #otarUP de ouro bran;o e negro sobre os %eus dedosUAs %inhas %Bos sBo os passos dWaLuea rapariga Lue abandona a eira,
Ssinha e ;ontente ;o%o o dia de hoeU
*VI*
O %aestro sa;ode a batuta,+ anguida e triste a %usi;a ro%peU
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$e%bra-%e a %inha inan;ia, aLuee dia+% Lue eu brin;a#a ao pJ dWu% %uro de LuintaAtirando-he ;o% u%a boa Lue tinha dWu% adoO desisar dWu% ;Bo #erde, e do outro ado% ;a#ao a"u a ;orrer ;o% u% o;ey a%areoU
Prosegue a %usi;a, e eis na %inha inan;ia8e repente entre %i% e o %aestro, %uro bran;o,!ae e #e% a boa, ora u% ;Bo #erde,Ora u% ;a#ao a"u ;o% u% o;ey a%areoU
/odo o theatro J o %eu Luinta, a %inha inan;ia+st e% todos os ogares, e a boa #e% a to;ar %usi;a%a %usi;a triste e #aga Lue passeia no %eu Luinta!estida de ;Bo #erde tornando-se o;ey a%areo
:/Bo rapida gira a boa entre %i% e os %usi;osU