Trabalho Final de
Filosofia
Data de Entrega: 13/06/2008
Luís Marques Nº11 10º1 pág. 1
ÍndiceIntrodução ao tema pág.3
Desenvolvimento do tema e análise de texto págs.4 a 9
Exploração pessoal pág.10
Conclusão pág.11
Bibliografia pág.12
(Hegel)
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Introdução ao tema
Penso que a opinião das pessoas do porquê de escolher este tema, pode variar
bastante, mas a minha opinião relativamente a este tema é:
- Penso que este tema, suscita no ser humano, uma necessidade de saber,
assim como a própria vida, neste tema, conseguimos ver só pelo título que é algo
especial, profundo e que nos pode ajudar. Acho que este título é apreciável e criticável
por pessoas de todas as idades, pois é algo que diz respeito à construção de uma
pessoa.
- Neste tema, conseguimos fazer uma análise razoável da evolução da vida
humana e o que contribui e não contribui para a evolução da mesma. Acho que é uma
maneira de vermos a nossa vida e uma maneira de vermos como nos construirmos a
nós próprios de uma maneira racional.
- Também é uma maneira de os adolescentes, aprenderem a raciocinar e a ver
a vida de várias maneiras.
Neste trabalho abordarei situações bastante comuns como a definição automática de
hierarquias por parte do ser humano, abordarei também a perspectiva niilista (a
chamada perspectiva cinzenta.)
Analisando o tema, vemos que há uma relação próxima entre o ser humano e a
sociedade, visto que o tema aborda uma questão bastante pensada por parte dos que
a vivem, vemos que é um tema que revela a dúvida das pessoas quanto à construção
de si mesmas.
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Desenvolvimento de Tema
Partindo da análise da afirmação "O ser humano é uma complexidade bio-psico-
social.”, (presente no manual adoptado), julgo que podemos dizer que a construção de
um ser humano tem três vertentes:
- A Biológica;
- A Psicológica;
- A Social.
Numa perspectiva biológica, o ser humano tem de aprender a sobreviver da melhor
maneira possível, mas tendo sempre presente a componente social, já que uma das
necessidades básicas humanas é a reprodução e o assegurar a sobrevivência da
espécie, o que obriga o ser humano a aprender e a consolidar um conhecimento difícil
de sistematizar no pensamento e que é conviver com os outros. Mas, esta, por sua vez,
também está relacionada com a axiologia (o estudo dos valores), já que o ser humano
necessita de administrar os valores de modo a saber os que deve adoptar, vendo assim
a melhor maneira de agir perante os outros e, aquando de agir mal, verificar a sua
ética (o estudo da acção humana) para ver o que fez mal e, por conseguinte, fazer uma
análise e um estudo de como agir com os outros. Quer isto dizer que o ser humano
estuda a forma de como se tornar mais social.
Mas, posto isto, temos de considerar que está tudo relacionado, pois agora neste
estudo e reflexão das suas acções (=a aplicação da ética a si mesmo), vamos relacionar
isto com a construção psicológica do Eu, ou seja, vou preparar-me psicologicamente
para sobreviver e viver com os outros em sociedade e viver comigo mesmo. Isto é o
que eu considero a construção de uma personalidade.
Depois de tudo isto temos de considerar que a mente humana não é perfeita, ou seja,
a mente humana é bastante influenciável pela sociedade, contrariando o que disse
anteriormente, pois um ser humano não se vai construir a si próprio exactamente da
maneira como eu disse, pois é influenciado pelas acções dos outros, analisando-as
duma perspectiva axiológica e de uma perspectiva ética.
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Numa perspectiva científica, o "eu" é apenas uma interacção dos nervos com o
cérebro influenciado pela sociedade, por isso mesmo concordo que o "eu" seja uma
reflexão da sociedade, mas assim também podemos concluir que o "eu" varia
consoante as situações, consoante o "estado de humor"; ou seja, resultante do estado
das interacções entre o cérebro e os nervos, consoante a sociedade, assim temos
múltiplos "eus". Claro que, mediante a interacção da sociedade com o cérebro, ter-se á
então uma sensação de "ser a sociedade", ou seja, de ser um espelho da sociedade,
mas ainda mais profundo. Claro que isto se deve ao facto de o ser humano adaptar o
cérebro às reacções da sociedade, às acções, pois o nosso cérebro fixa acções e envia
estímulos para que se reaja da mesma maneira que os outros (=sociedade). Mas o
cérebro terá de agir adequando-se também ao que as entidades superiores lhe
ensinaram, ou seja, ao que os progenitores do ser em causa lhe ensinaram, ao que a
religião do ser visado lhe diz.
Assim:
O cérebro age consoante a sociedade, mas também de acordo com o que o "eu"
considera como correcto (valores) e ético, mediado pela educação que o ser recebeu.
Posto isto, podemos considerar que o ser humano, como pessoa, como animal
racional, como "eu", é construído pela sua análise das acções da sociedade (dos
outros), que é construído pelos progenitores e, em caso de acreditar piamente na
religião, é construído também pelos limites da religião. Geneticamente o ser terá de
herdar características dos seus pais, é assim que todas as pessoas são diferentes, têm
misturas de características que vão sendo alteradas consoante o seu meio envolvente,
mas nisto vem a questão, "mas o nosso meio envolvente (sociedade) é constituído por
tantas pessoas, será que somos influenciados por todas?"
A resposta a esta questão é muito simples:
Não, visto que nós apenas somos influenciados inteiramente por quem queremos,
por quem as nossas características (personalidade, eu) querem; ou seja, só somos
influenciados pelas pessoas mais próximas, e não somos influenciados pelas
personalidades dos mesmos directamente, mas sim indirectamente, através das
acções. Mas depois surge outra pergunta:
" Por exemplo numa escola ou num grupo de amigos, como é normal, há uma
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hierarquia de, digamos, popularidade. Mesmo que nós não nos identifiquemos muito
com essas pessoas, somos influenciados por elas? Ou seja por pessoas secundárias?"
Resposta:
Claro que sim, a nossa mente racional está organizada de maneira a respeitar valores
de acordo com a sua importância, assim como está organizada para respeitar e prestar
atenção às pessoas com mais "importância" (popularidade), dando atenção às acções
do topo da hierarquia e sendo modificado por elas. Isto relativamente a uma
hierarquia universal (esta hierarquia é aplicada a cada universo definido pelo ser, ou
seja, para cada situação que o ser queira; anteriormente foi referido o exemplo da
hierarquia escolar, é este tipo de hierarquias a que chamo uma hierarquia universal
limitada), já que, cada ser humano, consciencializado pelas entidades superiores,
realiza uma organização e reflexão cuidada de uma hierarquia pessoal, o que leva um
bom tempo a aperfeiçoar, sendo iniciada a fase final da mesma na adolescência (altura
em que o ser humano se torna mais consciente em relação ao seu universo e ao dos
outros). No final desta reflexão, a hierarquia universal (em relação ao tal local) deixa
de ter sentido para o ser humano. Penso que é nesta altura em que se define a
qualidade ou não qualidade da mente de cada ser humano.
Mas a qualidade da mente do ser humano não passa apenas pela reflexão em relação
aos outros, mas também pela reflexão em si mesmo, que se dá em três fases:
- Total ignorância de si mesmo, e conhecendo ainda o exterior do seu mundo
(infância);
- Reflexão sobre o seu ser psicológico e físico (adolescência);
- Quase completa consciência do que é (adulto).
Para que esta reflexão seja bem sucedida é preciso já ter completado, ou pelo menos
iniciado, a outra pois, por exemplo, se um ser humano tem uma imagem denegrida
sobre as suas crenças, a sociedade e sobre o seu mundo, não conseguirá fazer uma
análise racional de si mesmo, sendo essa mesma reflexão alterada pela sua visão negra
da sociedade! Sendo assim, este ser, é um ser niilista, visto que o niilismo é a
desvalorização, a ausência de finalidade e de resposta ao “porquê”.
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Logo teremos de agir de uma forma correcta, mas como?
Segundo Kant:
"Age de tal modo que a máxima da tua acção se possa tornar princípio de uma
legislação universal."
Analisando, esta citação Kantiana, podemos verificar que a nossa máxima é o nosso
princípio de vida, que pode ser adoptado por outros seres, fazendo assim com que a
nossa máxima seja um princípio universal.
Mas, na minha opinião, a máxima não pode ser considerada como máxima visto que,
por exemplo:
- numa situação de apuros em que esteja em causa a nossa sobrevivência,
podemos realizar acções que contrariem os nossos valores éticos, os nossos princípios,
contrariando assim a existência da máxima e dando prioridade à sobrevivência.
Então, para que existem os valores se eles não são considerados e respeitados em
todas as situações?
Se interessa apenas a sobrevivência, para que existem as religiões, a política e a
sociedade?
A existência da religião é justificável como que sendo a razão de acreditar, ou seja, a
religião existe para os seres terem algo superior em que acreditar. Já a existência da
política e da sociedade são justificadas como sendo uma forma de organização da
sociedade, de forma a sobreviver da melhor maneira possível, para que os esforços
não sejam diminuídos. Assim, se é pela escolha de um líder e de uma organização que
a raça humana sobrevive, é porque sobrevive em conjunto, em sociedade, o que
responde às principais questões propostas pelo niilismo.
Após ultrapassada uma perspectiva niilista, o ser humano tem de continuar o seu
crescimento.
Mas o ser humano tem de passar obrigatoriamente por uma perspectiva niilista?
Resposta:
Não, não tem, mas normalmente a maioria dos seres humanos passa por uma
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perspectiva niilista numa das três fases do crescimento, sendo normalmente na
adolescência, que o ser humano tem o primeiro contacto com o niilismo. No entanto,
o niilismo pode ser utilizado pelo “eu” em qualquer fase da sua vida, sendo gerado
normalmente por uma desmotivação.
Resolvida a questão do niilismo temos de abordar um tema bastante criticado, visto
que pode ser visto de várias maneiras, que é a questão do modo de ver a vida, a
sociedade, para crescer, para nós nos construirmos a nós próprios.
Claro que isto pode, ser divido em fases, mas que o que interessa aqui é o modo
como o ser capta a informação e como a seleccionamos.
Penso que, de uma forma reduzida, a captação de informação deve ser guiada pelos
interesses de cada ser, apenas captando o que tem a haver connosco. Depois tem de
ser realizada uma filtração da informação, que deve ser feita considerando se a
informação obedece ou não à nossa máxima, se obedece ou não aos nossos princípios,
aos nossos valores éticos.
Então, a construção do ser terá de obedecer a algumas “regras”.
Teremos de nos guiar pelos nossos princípios éticos, adquiridos a partir dos nossos
mentores e progenitores. De acordo com o nosso ser, com o nosso “eu”, teremos de
agir da melhor maneira possível, obedecendo à máxima estabelecida por nós mesmos.
Mas claro, todos temos características que não nos deixarão obedecer em todas as
situações à nossa máxima, pois a máxima é definida por uma pessoa que
geneticamente herdou características de duas pessoas, sendo algumas coisas no seu
“eu” contraditórias, fazendo com que a sua máxima não possa ser universal,
contrariando assim a afirmação de Kant, referida anteriormente.
Assim, a primeira fórmula de Kant (a fórmula da lei universal) é contrariada, de certa
forma, enquanto a terceira fórmula (a fórmula da autonomia) é apoiada por estes
factos. A primeira fórmula é descrita da seguinte maneira:
- "Age somente em concordância com aquela máxima através da qual tu possas ao mesmo tempo querer que ela venha a se tornar uma lei universal".
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A terceira fórmula é:
- “Devemos agir para que possamos pensar por nós próprios como leis universais legislativas através das nossas máximas. Podemos pensar em nós como tais legisladores autónomos apenas se seguirmos as nossas próprias leis.”
Mas a isto segue-se a crítica:
“A terceira fórmula de Kant também é contrariada!”
De certa forma é, quando é dito que as nossas máximas são leis universais
legislativas. Mas quando diz que devemos agir por nós próprios e que nós somos os
legisladores autónomos se seguirmos as nossas próprias leis, é apoiada pelos factos
descritos.
Surge então a pergunta:
“Mas então como é que nós podemos ser legisladores autónomos?”
Se nós seguirmos as nossas regras, a nossa personalidade, mesmo que algumas coisas
no nosso ser se oponham, acabaremos por definir as nossas próprias regras e
tornamo-nos independentes dos progenitores e deixa de haver colisão entre
personalidades. Neste caso, depois de definidas as regras, podemos concluir que a
base do nosso carácter foi construído, pois este pode ser sempre aperfeiçoado.
Se a máxima definida por nós, tiver sido feita já após a definição do nosso carácter, ou
seja, já na terceira fase da nossa vida, então a terceira lei de Kant estará totalmente
certa e a primeira fórmula de Kant estará também ela completamente certa. Mas
note-se, eu critiquei Kant pelo facto de estas fórmulas terem sido aplicadas ao ser
humano racional. O tipo de ser humano que pensa começa a aparecer na adolescência,
logo as fórmulas eram aplicadas também aos adolescentes, coisa que não deve ser
feita, pelos motivos anteriormente descritos.
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Exploração Pessoal e Resultados do
Desenvolvimento do Tema em Mim
Na aplicação deste desenvolvimento a mim próprio, posso concluir que sem eu saber
existiam muitos factores que contribuíam para o meu desenvolvimento, como o facto
de eu dar importância a um círculo de amigos e à minha família ser um factor
determinante na minha pessoa, pois eu se pensar bem, apercebo-me que criei um
hierarquia, com um topo difícil de escolher, mas uma hierarquia.
Nunca pensei que os meus valores, pudessem ser tão importantes, mas também
nunca pensei que o facto das escolhas de valores feitas pelos meus pais me pudesse
influenciar, apercebi-me também que a religião em si representa, muitos dos valores
que eu apoio e respeito.
Penso que não pudemos aplicar este tema e desenvolvimento do mesmo
integralmente numa pessoa, pois esta construção do ser humano é feita pela vida fora,
esta construção demora até à morte, pois nunca é acaba, visto que o objectivo é a
perfeição. Isto que provoca que o desenvolvimento do tema não seja aplicado a uma
situação, pois a situação é a vida inteira. Mas especialmente não pode ser aplicado em
mim em vários aspectos, pois ainda não entrei na última fase de desenvolvimento
humano.
Nisto podemos ver que há algumas coisas que podem ser divididas por situações,
como por exemplo os valores éticos, o que valem eles para mim?
- Para mim os valores éticos, são um guia de vida e de segurança da vida
pessoal da sociedade, pois são eles que nos dizem o que está certo e o que está
errado, são eles que nos dizem como lidar com a sociedade.
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Conclusão
É difícil expor uma conclusão relativamente a este tema visto que são considerados
muitos parâmetros, mas penso que a construção do carácter, da personalidade do ser é o
que determina o sucesso ou insucesso do mesmo.
Por isso é que vemos no mundo actual, tantos sucessos e insucessos, porque há uma
discrepância enorme entre indivíduos, ou entre sociedades, o que é verificável, pelas
influências supremas dos progenitores e da observação das acções das hierarquias, por
nós definidas, também porque os valores, princípios e máximas dos indivíduos não são
todos iguais, por isto é que é tão importante a fase totalmente dependente, porque os
valores adquiridos pelo ser, são aqueles demonstrados pelos progenitores, enquanto o
ser é pequeno, pois os valores são a base de toda esta construção.
Isto por exemplo, se uma pessoa pertencer a uma cultura diferente da minha, e uma
educação muito diferente da minha, eu não me darei com essa pessoa, porque não se
enquadra na minha tabela de valores e princípios éticos.
Logo a melhor fora de nos construirmos a nós próprios, é prestando atenção ao mundo,
prestando atenção às acções da sociedade, para nos construirmos a nós mesmos,
prestando atenção às influencias, pois são elas que modelam o nosso carácter.
A personalidade foi a parte do ser humano mais trabalhada neste trabalho pois é a
construção da personalidade que determina o ser humano, ou seja, como Maurice
Marleau-Ponty diz, “O Homem não é um espírito e um corpo, mas sim um espírito com
um corpo”.
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Bibliografia
Consultas:
- Relativamente à definição de Niilismo consultei o Wikipédia e o dicionário.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Niilismo
-Manual, capítulos 2 (a partir de pág.66 para abrir o tema com a afirmação “O ser
humano é um ser bio-psico-social), capítulo 3, capítulo 4, capítulo 6 (capítulos 3,4 e 6
generalizados).
- Consultei algumas opiniões e críticas relativamente a algumas filosofias, no seguinte
site:
www.filosofia.portal4free.com
- Consultei também no link acima descrito, as 3 fórmulas de Kant.
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