COORDENAÇÃO GERAL DE VISITAS
Caroline Köhler Teixeira
SUBCOORDENADORA DA VISITA
CAROLINE KOHLER TEIXEIRA
Praça Santos Dumont, 94, Bairro Trindade, Florianópolis/SC – anexo à Paróquia da Trindade (48) 3371-0030 [email protected]
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VISITAS MENSAIS ÀS UNIDADES PRISIONAIS DA CAPITAL
DATA: 09/05/2018 UNIDADE PRISIONAL: Penitenciária
COORDENADOR(ES): Caroline Kohler Teixeira
PARTICIPANTES: Fabiana Yukie Sassaki, Maísa da Silva Petroski, Maria Luiza Scremin, Amanda
Napoleão Barcelos, Celeste Zomer Beretta, Deize Regina Priori, Carolina Farias Waltrick, Nicolle Naira
Sueiro, Ayra Ramon Rodrigues, Giovanna Ayra Burda, Julia Mara dos Santos, Bruna Helena da Silva
Cruz, Marina Zimmermann Kohntopp, Taynara Fernandes Vitorino, Viviani Ghizoni da Silva, Bianca
Garcia da Silva, Bianca Araújo Tostes, Daniel Pheula Cestari, Denilson Machado, Paulo Ferreira de
Oliveira, Peter Ross Gebien, Beatriz Moura Santos, Giovani Lunardi, Gabriela Serafim, Taíse Zanotto.
Fonte das informações: (x) Pessoas presas (x) Servidores (x) Vistoria ( ) Outro
Importante frisar que a Direção da unidade prisional destacou um agente prisional para acompanhar
o Conselho da Comunidade da visita realizada.
1) Alimentação e água potável (verificar dietas especiais)
PARTE INTERNA: os detentos relataram que a água é fornecida pela CASAN. Dizem que é comum
ocorrer falta de água e que já ocorreu de ela estar suja ou com gosto ruim. Com relação à alimentação,
foram unânimes em classificar a quantidade como pouca. Às 17h é servida a janta e depois só comem
no outro dia, às 7h (ou seja, ficam mais de 12 horas sem comer). Afirmam que há pouquíssima carne
e que já ocorreu de as marmitas virem com objetos dentro (pedras, cabelo, cinza de cigarro).
O mais preocupante é o relato de vários detentos que a carne de porco vem crua, mal preparada, o
que é muito perigoso, eis que o porco é o hospedeiro de diferentes vírus e microrganismos e se não
tiver sido bem preparada para consumo, pode acarretar em vários problemas, entre eles:
Neurocisticercose, Hepatite E, Esclerose Múltipla etc.
CASA VELHA: acerca das refeições, as críticas são unânimes, reclamações que vão desde a comida
ser azeda, a salada conter ‘larvas’ até a comida chegar fria. Também, há reclamações da água, que
segundo os apenados, é suja.
Outro problema que merece atenção é em relação ao “pecúlio” (espécie de 'mercado’ que está dentro
do estabelecimento prisional em razão de licitação) que vende comida a alguns apenados que
possuem dinheiro para tanto. A reclamação é específica quanto aos preços abusivos dos itens que,
segundo relatos, chegam a custar de duas a três vezes o valor de mercado.
COZINHA: são preparadas 1.920 cafés, almoços e jantares, totalizando cerca de 5.760 refeições
diárias. Os detentos que trabalham na cozinha preparam toda comida do complexo penitenciário,
inclusive o almoço e a janta dos agentes, que tem uma comida diferenciada. Os presos recebem um
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café da manhã por volta das 6 horas, almoço às 11 horas e, às 16h30min, recebem o jantar com uma
fruta (considerado por eles como um lanche da tarde).
Aos apenados que trabalham na cozinha, alimento e água são disponibilizadas em quantidade
suficiente. Durante o trabalho, os internos tomam água mineral da “bombona” (conforme imagem
abaixo), e fora do expediente, tomam água da caixa que, segundo eles, não apresenta alterações.
Recebem café, almoço, lanhe da tarde e janta. Eles mesmos preparam as comidas que consomem.
Nenhum dos dois detentos, os quais conversamos, mencionou a necessidade de dieta especial.
Nos relataram que há detentos que possuem dieta especial (hipertensos, diabéticos – vide foto
abaixo), que para estes há acompanhamento de nutricionista na preparação dos alimentos.
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As embalagens dos alimentos pareceram limpas, assim como a manipulação destes, que nos pareceu
seguir as regras de higiene, conforme as fotos a seguir:
ESPECIAL 1 e 2: em relação à água os presos em regime semiaberto alocados no “Especial 2”
relataram que ela possui coloração branca e gosto ruim, acreditam que seja uma questão de conter
cloro em excesso.
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Quanto à alimentação, os maiores problemas relatados são: as marmitas, as quais contam com muito
arroz, para pouca carne e feijão, por dia, além de que o bolinho tem gosto de pasta de dente. Também
informaram que gostariam de consumir mais frutas, já que é insuficiente apenas uma banana por dia,
a qual está, muitas vezes, “passada”.
Gostariam que as famílias pudessem levar mais de dez itens para cada preso, já que quantidade
considerável deles não têm apoio familiar e os que têm acabam dividindo os itens com os primeiros.
Também reivindicam que os preços no “pecúlio” sejam mais acessíveis, já que os poucos presos que
recebem dinheiro da família, recebem uma quantia ínfima, e os valores cobrados são exorbitantes.
Uma unidade de café, por exemplo, custa cerca de R$ 15,00.
Enfim, ressalta-se que no dia da visita presenciamos a entrega, pelo setor de Pecúlio, de gêneros
alimentícios que são comprados pelos presos (vide imagens abaixo).
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2) Condições das celas (tamanho, iluminação, ventilação, sanitário, chuveiro, camas, etc.)
PARTE INTERNA: Uma das celas, chamada de “toca” (parte interna sul), não possuía sequer bocal
para lâmpada ou qualquer janela, de modo que lá predomina uma escuridão absoluta, bem como a
falta de ventilação e a passagem de luz natural. O detento que lá se encontrava, estava nessa situação
indigna há cerca de 8 dias, sem banho de sol ou atendimento médico (vide imagens abaixo).
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No geral, nos setores “de dentro”, a iluminação é boa, mas a ventilação é escassa (alguns presos
usam ventiladores para auxiliar). Ainda assim, as janelas têm dimensão superiores às da Casa Velha.
Abaixo, imagem da janela padrão das celas da “Parte Interna”, que tem três pisos.
Importante notar a diferença nítida em relação ao tamanho das janelas das celas da “Casa Velha”
(foto abaixo).
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As celas, exceto a nº 24 – sul de fora, contavam com chuveiros (entretanto, alguns estavam
queimados).
Frisa-se que uma das celas da parte interna (nº 24 - sul de fora) é totalmente desestruturada. Não tem
beliche (apenas uma cama de concreto), tampouco chuveiro, de modo que os presos tomam banho
com a torneira, num espaço mínimo entre ela e o vaso sanitário. Ainda, essa cela já chegou a abrigar
três presos, um dormindo na cama e dois no chão (um deles, literalmente, com a cabeça encostada
no vaso sanitário).
CASA VELHA: na Casa Velha, alguns detentos dormem com um colchão no chão, visto que em cada
cela há somente um beliche que comporta duas pessoas. O chão, entretanto, assim como o resto da
cela, é demasiado úmido e, assim, o colchão fica molhado, o que causa crises alérgicas e outras
doenças nos apenados que utilizam este para dormir. Além disso, é perceptível que a umidade
provoca um cheiro desagradável no local.
Abaixo, imagem de uma das Celas (número 18) da Casa Velha que foi vistoriada.
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Os agentes penitenciários reivindicam que sejam construídos “canudos” em toda a penitenciária, pois
além de que poderiam trazer mais segurança para os agentes (hoje, são 3 agentes que precisam fazer
a troca de lugar de mais ou menos 30 detentos), traria mais eficiência no procedimento de entrada e
saída das celas (menos trabalho e em menos tempo). Eles relataram que às vezes perdem tanto
tempo para apenas levar os presos para o banho de sol que, inclusive, nem todos os presos
conseguem usufruir. Notadamente, a falta de “canudos” prejudica tanto o convívio entre agentes e
presos, quanto o direito dos apenados de ter, diariamente, banho de sol e também irem para a sala
de visitas, salas de aula, setor de saúde, locais de trabalho e para atendimentos diversos.
No andar de cima da casa velha há dois espaços grandes que estão vazios e que foram totalmente
reformados para abrigarem duas oficinas de trabalho. Tais espaços possuem banheiros bem
estruturados, de modo que são plenamente capazes para comportar oficinas ali, o que traria inúmeros
benefícios para os apenados e é de seu desejo, vez que teriam a oportunidade de trabalhar ampliada.
Podemos visualizar por dentro somente uma das celas da Casa Velha (Sul de Fora), que estava vazia
no momento e, mesmo assim, saltava aos olhos a falta de ventilação, o cheiro forte, a umidade e o
calor que tornavam o ambiente quase insuportável. Ademais, a janela é minúscula, o que dificulta
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ainda mais a entrada de luz natural. Quanto às instalações elétricas, são precárias e com grande
quantidade de fios desencapados e conexões irregulares a mostra.
COZINHA: não conseguimos ver as celas, pois haviam internos que estavam descansando (vide foto
abaixo), em razão de terem acordado às 4h da manhã para começar a preparar o café. No entanto,
foi informado que as celas ficam anexas à cozinha e comportam seis detentos cada.
ESPECIAL 1 E 2: ambos os alojamentos estavam mofados, com limo no teto, abafados, em condições
degradantes. Os presos reclamam da existência de muitos ratos e baratas. Um dos presos no especial
2 relatou ter acordado com um rato em sua cama.
No especial 1 há cama para todos, porém os presos pedem mais mantas para se cobrirem. Já no
especial 2, não há camas para todos e, além delas, pedem também mais ventiladores e uma geladeira
(uma vez que o especial 1 possui).
No especial 2, também pedem por mais chuveiros, uma vez que há apenas 2 para 54 pessoas, sendo
que um deles está queimado. Requerem, também, colocação de piso, visto que a falta colabora para
o agravamento da falta de higiene (o especial 1 possui). Além disso, muitas vezes os presos ficam
descalços pois seus calçados são não são considerados permitidos quando não são de cor clara.
Constatou-se que a disposição das camas é simplesmente um horror. Parece uma mistura de
acampamento de cidade sitiada com poleiro.
Abaixo, imagens do “Especial 2”, que está em piores condições.
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As instalações no geral são muito ruins, caindo aos pedaços e anti-higiênicas.
As pessoas convivem com ratos e baratas como foi flagrado e fotografado durante nossa visita.
Pedem, também, por uma pintura nas paredes e se disponibilizam para pintá-las, bem como para
limpar a caixa de água para a melhor qualidade da água fornecida.
Percebemos que ambas as celas/alojamentos são escuras e necessitam de mais janelas para melhor
iluminação e a circulação de ar, que são muito precárias.
Na “Ala de Extensão” (conhecida como “Ala Máxima”) constatamos uma situação lamentável.
As celas que estão viradas para a construção do novo anexo estão completamente tapadas por uma
estrutura improvisada, que impede a passagem de ventilação e iluminação natural.
Referida situação, aliada à superlotação da unidade, agrava ainda mais as condições de
encarceramento, submetendo, as pessoas que ali se encontram presas, a uma situação desumana.
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3) Kit higiene, uniforme prisional, roupas de cama e material de limpeza para celas
Eles recebem do Estado um kit de higiene, mas demora para vir ou não vem em quantidade suficiente.
Eles dependem das famílias para trazerem o kit pelas “sacolas” a cada 15 dias, principalmente os
materiais de limpeza e as roupas de cama.
Os que não possuem família, para trazer os kits de higiene ou roupa de cama, recebem ajuda de
outros detentos que doam seus kits para os que não tem.
O uniforme quem fornece é a empresa terceirizada para a qual eles trabalham, sendo raríssimo que
recebam outro além do que ganham quando chegam a unidade prisional.
O detento que se encontrava na “toca” relatou não receber o kit higiene completo, possuía apenas um
sabonete, que estava no final.
Informou-nos ainda que mesmo não recebendo o kit completo, os agentes carcerários lhe ajudavam
como podiam quando lhes era solicitado algo.
Na ala interna, os detentos nos contaram que não recebem os kits higiene há dois meses.
Na última vez receberam apenas dois rolos de papel higiênico por cela e um sabonete, sendo que o
kit deveria ser constituído de: dois sabonetes, um presto barba, pasta de dente e quatro rolos de papel
higiênico.
Vale ressaltar que os presos que não se encontram devidamente barbeados não podem sair para o
banho de sol, de forma que sem o barbeador, do kit higiene, ou sem a ajuda da família, torna-se
impossível que se barbeiem, perdendo assim o benefício.
ESPECIAL 1 E 2: pedem mais sacos de lixos, roupas na cor verde, já que só ganharam uma camiseta.
Pedem também mais sabonetes, papel higiênico, toalhas de banho/rosto e escovas de dentes (de
tamanhos maiores).
Relatam que, um preso que chegou há pouco tempo, chegou sem kit de higiene, e que eles tiveram
que se solidarizar e dividir o que tinham.
Além disso, frisam bastante a questão de precisarem de mais barbeador, já que se a barba não está
feita, são punidos, ficando 10 dias sem acesso ao pátio.
Deram bastante ênfase na questão do uniforme, porque não podem ir no pátio sem camisa, e como
só tem uma e precisam lavá-las, fica impossível. Pedem tolerância com relação à bermuda (estampa,
cor e modelo), pois muitos não têm exatamente como é exigido.
Por fim, é importante dizer que alguns presos que estavam no ‘viveiro’ (pátio) da Casa Velha
reclamaram da insuficiência do fornecimento de calçados.
Além disso, reclamaram da proibição de utilização de calçados fechados, especialmente tênis.
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4) Superlotação (presos por cela x capacidade)
Cada cela da Parte Interna e da Casa Velha (exceto a conhecida como ‘enfermaria’, que conta com
cerca de 8 camas) contava com duas camas, sendo essa sua real capacidade, porém a grande maioria
das celas possuíam 3 detentos (vide imagem abaixo da porta de duas das celas).
PARTE INTERNA: das celas da parte interna sul podemos contar que apenas duas possuíam dois
presos (celas nº 23 e 25), enquanto na cela de nº 13 verificamos a existência de 4 presos.
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CASA VELHA: na casa velha sul as celas 0, 11, 13 e 21 também abrigavam 4 presos cada. Na parte
norte da casa velha foram encontradas, na grande maioria das celas, 3 presos cada, na cela 37
constavam 4 presos.
ESPECIAL 1 E 2: no especial 2, pedem por mais espaço interno, bem como mais espaço no pátio,
que é muito menor que o do especial 1, tanto em questão de proporcionalidade (em relação ao número
de presos), como em relação ao tamanho. É visivelmente menor.
Dois detentos nos informaram que são 6 pessoas por cela.
5) Saúde
PARTE INTERNA: segundo os internos, o posto de saúde funciona. Porém, os remédios que
necessitam vêm da família.
Medicação é algo que faz falta, pois nem sempre os familiares conseguem trazer quando as pessoas
presas necessitam. Sentem falta de remédio para dor de cabeça, antibióticos, anti-inflamatórios.
Os profissionais da unidade de saúde relataram que com a greve municipal dos postos de saúde o
recebimento dos medicamentos foi afetado, estando assim com poucos medicamentos e até com
alguns em falta.
Não há um médico de plantão no posto de saúde, apenas um enfermeiro. O médico responsável
apresenta-se nas 5º e 6º feiras para realização de consultas. Na parte dos dentistas são realizados os
processos de restauração, abertura para tratamento de canal e principalmente extrações. Tais
profissionais relataram que a maior carência se encontra na falta de materiais para cirurgias como
agulhas, anestesia e inclusive estrutura para a realização de procedimentos cirúrgicos.
Quando precisam de atendimento especializado, como por exemplo, dentistas ou outro profissional, a
família faz contato e contrata esse profissional para que realize a consulta dentro do Complexo. As
despesas da consulta e dos remédios são arcadas pela família em sua totalidade.
Os detentos pedem por maior agilidade na resposta dos memorandos que solicitam providências para
suas doenças. Pedem, também, que possam enviar mais memorandos, já que só podem enviar 1 a
cada 2 meses.
Os detentos da parte interna afirmaram que é muito difícil receber atendimento médico, e que quando
são encaminhados para o postinho da unidade, o médico só receita paracetamol. Para serem
atendidos dependem da autorização dos agentes e que muitas vezes, tem que “pedalar” (chutar) as
portas para serem encaminhados. Dentista é ainda mais raro (nenhum dos entrevistados foi atendido).
ESPECIAL 1 E 2: os presos tanto do especial 1 como do especial 2 relatam muitas dores nos dentes,
clamam por consultas odontológicas e frisam que seus memorandos precisam receber atenção (isto
é, serem respondidos em tempo ágil), além de poderem enviá-los mais do que uma vez por mês. Um
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preso do regime semiaberto especial 2 se queixa de fortes dores na coluna em decorrência de uma
hérnia, informa que está preso há 8 anos e que há sete anos pede por uma cirurgia, mas nunca foi
atendido. Os presos pedem também por remédios para gripe, pedem anti-inflamatórios, antigripais e
antialérgicos, eles relatam que quando têm uma dor ela tem que se curar sozinha, considerando que
quando requerem algo, não são atendidos, ademais as doenças lá se espalham muito rápido, se um
está mal/doente, o resto ficará também em seguida. Além disso, ambas as lotações reconhecem que
embora haja um descaso enorme com a saúde deles, a situação no COI é muito pior, informam que
no COI há muitos doentes, que é muito triste a situação lá e que nada é feito. Por fim, os presos do
especial 2 relatam que há um deles muito mal em decorrência de sífilis, relatando que está há 5 meses
sem consulta.
No especial 1, um dos presos informa e mostra que tem muitos furúnculos, bem como perdeu o
movimento da mão em razão de um tiro que levou e relata que solicitou assistência médica via
memorando em outubro de 2017, porém nunca obteve resposta.
Na CASA VELHA há um alojamento coletivo com cerca de dez camas em que são colocados os presos
com condição precária de saúde, especialmente quanto à mobilidade.
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AGENTES: em conversa com agentes, alguns reclamaram da falta de programas de saúde que
atendam aos agentes prisionais no que tange aos desgastes emocionais provocados pelo peso do
cargo que exercem.
Na visão deles, o DEAP poderia oferecer acompanhamentos psicológicos, avaliações periódicas,
terapias relaxantes e outras técnicas terapêuticas que além de, muito ajudar a amenizar os efeitos
negativos do estresse profissional, ainda evitaria muitos casos de alcoolismo e separações conjugais.
Enfim, outra deficiência é o fato de a equipe de saúde não atuar de forma coletiva e preventiva,
realizando triagens diretamente nos locais de encarceramento, promovendo palestras educativas,
disponibilizando tratamento para dependência química, entre outras atitudes coletivas voltadas para
a população prisional. Constatou-se, infelizmente, que os atendimentos ocorrem tão somente de forma
individual, sem percepção das necessidades afetas ao coletivo carcerário. Não ocorre, por exemplo,
visita diária a todas as pessoas que tem alguma enfermidade, especialmente as infectocontagiosas,
e nem vistoria dos locais de aprisionamento, consoante determinam as REGRAS DE MANDELA
(regras 31 a 35).
Abaixo, imagens da Unidade Básica da Saúde, com uma estrutura física razoável, mas com nítida
falta de medicamentos.
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6) Assistência Social
COZINHA: está à disposição, através do memorando. Os detentos têm direito de mandar
memorandos, um a cada dois meses para o chefe de segurança e de 15 em 15 dias para a assistente
social e penal.
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Segundo os apenados com quem conversamos, o número de memorandos é suficiente para suas
necessidades e da maioria de seus colegas.
PARTE INTERNA: os detentos da parte interna afirmaram que tem poucas pessoas trabalhando para
fazer o atendimento.
SEMIABERTO: pedem maior atenção, informam que quando enviam um memorando, solicitando o
contato da família, dois meses após o envio do memorando são informados que as famílias não foram
encontradas. Há um preso, em especial, no Especial 2 que afirma ser de Chapecó, estar preso há 8
anos e desde então não viu mais família. Ele pede o mínimo: notícias, como saber se sua mãe está
bem.
7) Assistência religiosa
COZINHA: está à disposição. Ambas as religiões católica e evangélica. Todos os sábados um pastor
realiza um culto na sala de visitas, geralmente católicos.
SEMIABERTO/PARTE INTERNA: tanto os presos do semiaberto quanto os da parte interna relataram
não receber visitas religiosas. Tais afirmam também que mensalmente vem alguém da pastoral, mas
em celas específicas, não há um “culto em conjunto” no pátio, por exemplo e mesmo se isso ocorresse,
seria voltado apenas aos católicos.
8) Assistência Jurídica
Existe acesso à assistência jurídica, bastando fazer pedido.
Que recebem um boletim informativo do setor penal a cada dois meses. E que os pedidos, para
aqueles que não têm advogado constituído, são feitos pela Defensoria Pública.
Um preso no especial 2 pede maior agilidade e atenção na hora de serem feitos os documentos
pessoais, já que não recebe os benefícios de que tem direito em razão dessa demora.
Abaixo, imagem do parlatório da Penitenciária.
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9) Visitas (revista, itens fornecidos aos presos, etc.)
As ‘salas’ para as visitas íntimas, que ficam ao final do corredor da “Casa Velha”, não tem janelas ou
qualquer outro meio de ventilação predial. As camas e os banheiros estão em péssimo estado.
COZINHA: os apenados podem receber visita da família toda semana, as compras são recebidas de
15 em 15 dias e o pecúlio é realizado uma vez ao mês. Segundo eles, a única questão que poderia
ser melhorada é a quantidade de itens das compras, restrito a 10.
PARTE INTERNA: relataram que agora as visitas “melhoraram”. Que antes elas perdiam muito tempo
na fila e tinham pouco tempo para a visita (aproximadamente 1h), mas que agora estão durando em
média 2 horas. Que a cada 15 dias, podem trazer “sacolas” (produtos de higiene e alimentos) no
mesmo dia da visita.
SEMI ABERTO: com relação as visitas, pedem mais respeito com suas famílias, pedem mais
tolerância em relação as roupas delas, que só pode ser uma camiseta rosa. Pede para que os agentes
não os humilhem em frente às suas mães, que não soltem gás de pimenta quando há integrantes de
suas famílias, e relatam que recentemente uma criança passou mal, quando soltaram gás de pimenta
e se espalhou chegando no local de visitas em que a criança estava. Pedem que o lugar em que
recebem as visitas sejam mais decentes, menos mofado, menos fedido, maiores e em maior
quantidade. Relata um deles que pediu para a sua avó parar de ir visitá-lo para não a submeter a
tamanho descaso. Frisam que deveria ser permitido receber mais itens das famílias e pedem que tais
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possam ser enviados pelo menos uma vez por semana, já que atualmente só são permitidos de 15
em 15 dias. Há também o pedido de que seja feito algo em relação àqueles que não possuem família
em Florianópolis e que dessa forma não obtêm contato com os familiares há anos.
Abaixo, imagens das salas de visita social da Penitenciária.
10) Educação (ensino fundamental, médio, superior, profissionalizante, alfabetização, etc.)
Foi-nos apresentada a nova sala para remição por leitura (inaugurada a cerca de 15 dias) e a atuação
de duas professoras na unidade. O agente carcerário nos relatou que mais de 400 presos realizaram
o exame do Enem e que houveram aprovações. Um dos detentos da parte interna sul relatou que faz
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curso profissionalizante ligada a área de elétrica e nos mostrou, também, que praticava o artesanato,
confeccionava carros de brinquedo a partir de papelão, massa corrida e ou materiais recicláveis que
lhe eram fornecidos; havia fabricado um fusca da cor azul com a maior quantidade de detalhes
possíveis. Com a prática do curso profissionalizante era possível ainda que o detento incorporasse ao
artesanato a parte elétrica como os faróis do carro. Para tal ato o detento não recebia nenhum tipo de
benefício, como remissão da pena ou remuneração pela prática do artesanato. Em razão de
trabalharem o dia todo, uns com turnos iniciando na madrugada, outros o dia todo, por 8h diárias, 6
dias na semana, não há a possibilidade de estudarem na parte da noite, por enquanto, pelo menos.
Os que desejam estudar, adquirem livros por meio da família e o fazem a noite, com relativa
dificuldade. Os apenados que começaram esse ano a ter acesso a aulas diárias e a remissão por
leitura relatam estar satisfeitos e é perceptível maios empolgação e perspectiva de recuperação
nesses. Eles se sentem mais entusiasmados e com esperanças de um novo futuro, elencam como a
falta de educação foi prejudicial em suas vidas e agradecem a oportunidade que estão tendo.
Também, elogiaram muito a professora, que dá bastante atenção e paciência para eles.
PARTE INTERNA: disseram que são insuficientes as vagas para estudo. Que as aulas ocorrem no
Norte de fora e são para poucos detentos. Que os que não assistem aulas podem conseguir remição
por leitura (nesse caso, recebem os livros nas celas).
SEMIABERTO: com relação a Educação, eles informam que por mais que peçam, eles não têm
acessos aos livros, que conseguem estudar aqueles cujas famílias pagam o curso e os livros. Eles
relatam ter interessante em ler os livros disponíveis na biblioteca. Mais uma vez, pedem respostas aos
memorandos, solicitam livros e não são atendidos.
Abaixo, imagem da nova sala destinada à recém implantada equipe da remição por LEITURA.
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11) Banho de sol e atividades ao ar livre
Os agentes penitenciários relataram que o banho de sol se dava uma vez por dia, com a duração de
duas horas e que os presos sob medida disciplinar não têm banho de sol. Inclusive, um dos
detentos que cumpria “MD” está há 65 dias sem sair da cela (“toca”). Contaram-nos, também, da
dificuldade de trânsito do preso dentro do presídio e como a colocação do que eles chamam
de “canudos” (grades que formam um corredor na parte externa das celas) facilitaria muito,
agilizando e deixando mais seguro o processo de transporte do preso para qualquer atividade
necessária. Não se tinha nenhuma atividade específica, os presos mantinham-se no pátio em rodas
de conversas, apenas.
COZINHA: esse foi o grande problema levantado por eles, pois como trabalham, não conseguem
tempo para o pátio. Para eles as atividades ao ar livre deveriam ser aos sábados e domingos, mas
não há. Sentem bastante falta de praticar o futebol, pois só é possível jogarem 1 vez por mês.
SEMIABERTO: Com relação ao banho de sol e atividades ao ar livre, pedem mais tolerância em
relação a barba, que se não estiver feita, perdem 10 dias de pátio, bem como pedem mais espaço no
pátio os membros do especial 2, já que estão em 54 pessoas, pedem que se possível possam fazer
algum esporte, como jogar bola no pátio e que recebam mais uniformes para que não deixem de poder
ficar no pátio porque não tem uniforme. Gostariam, se possível, de uma bola de futebol para que
tenham o mínimo de lazer, bem como para se exercitarem.
Abaixo, imagem dos pátios do Especial I e do Especial II (alojamentos de semiaberto), que ficam lado
a lado e são bem diminutos, impossibilitando a realização de atividades diversas.
Praça Santos Dumont, 94, Bairro Trindade, Florianópolis/SC – anexo à Paróquia da Trindade (48) 3371-0030 [email protected]
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PARTE INTERNA: Que tem 2h de banho de sol por dia (alternado, um dia pela manhã e outro pela
tarde). A vistoria foi feita no dia de entrega de itens comprados com o “pecúlio”, então os presos que
haviam encomendado algo não puderam sair para o pátio.
No geral, verificou-se que a grande maioria das pessoas recolhidas na Penitenciária da Capital
– exceção apenas aos alojamentos de semiaberto e da cozinha, que juntos abrigam cerca de
100 presos – usufruem de apenas duas horas de banho de sol diárias. Estão, portanto, em
situação ANÁLOGA ao REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO (RDD), o qual é cabível somente
em situações excepcionalíssimas, tanto que só pode ser determinado por AUTORIDADE
JUDICIAL, e desde que se constate a prática de condutas extremamente graves. DESTA
FORMA, verifica-se que, mesmo não tendo havendo aplicação da sanção disciplinar de RDD,
mesmo ostentando comportamento adequado, as pessoas presas da Penitenciária da Capital,
em sua maioria, estão submetidas a situação ILEGAL, que é agravada em razão da superlotação
carcerária experimentada pela unidade prisional.
NÃO BASTASSE, os presos que estão submetidos a ‘medida disciplinar’ – muitos, diga-se, de
forma ILEGAL, sem realização comunicação do Juízo e sem realização de procedimento
administrativo disciplinar em que se garanta o contraditório e a ampla defesa – ficam por vários
dias sem nenhum pátio de sol, o que contraria a exigência mínima de duas horas diárias,
inclusive para os presos que estão em RDD, a mais severa das sanções disciplinares.
12) Trabalho
Visitamos duas áreas que deveriam ser usadas como oficinas, mas que se apresentavam vazias, sem
uso algum, por falta de investimento. Vide imagens abaixo.
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São pouquíssimas vagas de trabalho na unidade prisional. Geralmente para presos do ‘seguro’. Muitos
gostariam de trabalhar, de que tivessem vagas, de que seus pedidos por trabalho fossem aclamados.
O trabalho, depois de boas condições no alojamento (como pintura, reparos nas infiltrações, que
tapem os buracos, pelos quais entram bichos, que recebem os devidos kits de higiene) é o que é mais
requerido. Há anos que pedem trabalho e não o exercem por motivos exteriores a eles.
COZINHA: o trabalho é realizado na cozinha, onde os apenados que lá trabalham recebem um salário
mínimo, descontados 25% para o fundo da penitenciária. A cada 6 dias trabalhados, podem tirar uma
folga, em geral no dia da visita, domingo. As pessoas presas que exercem atividade na cozinha, em
geral, são presos chamados “seguros”, que não podem ficar junto com os demais pela natureza do
crime que cometeram e por outras questões diversas. As maiores reivindicações que eles pedem é
maior número de vagas para oportunidade de emprego, estudo e remição por leitura. Valorizam
bastante o trabalho, pela remição e pela relativa segurança que possuem. Os internos que trabalham
na cozinha são os que tem uma melhor qualidade no tratamento e nas questões relativas à execução
da pena, segundo a nutricionista, que trabalha na cozinha. São 33 presos que atuam na cozinha,
atualmente. Constatamos que o local é extremamente quente, por não possuir um sistema de
circulação do ar adequado, conforme imagens que seguem.
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ESPECIAL 1 E 2: pedem demais por vagas de trabalho, relatam alguns deles que solicitam há mais
de anos e nada acontece. Que há sete vagas no CIC e querem preenchê-las. Que o trabalho é uma
das maneiras de ressocializá-los e de ocuparem as mentes. Pedem mais uniformes também, já que
para trabalhar é necessário
13) Maus tratos, uso abusivo da força, tortura, etc.
Nos foi relatado que “no COI a tortura é maior”, mas que já cansados de apanhar e de que qualquer
olhar ser interpretado de maneira diferente por parte dos agentes, os presos evitam contato visual,
bem como "abaixam a cabeça" para eles.
COZINHA: Nenhum relato na cozinha. Mas em outros setores mencionaram que há.
ESPECIAL 1 E 2: relatam que não sendo suficiente as agressões em relação aos agentes, sofrem
também agressão por parte dos outros presos, pedem maior atenção em relação a deixá-los com
outros presos que não os do especial 1, bem como pedem que os separem quando forem conduzidos
em van e também que as grades que os separam dos presos do especial 2 sejam reforçadas e mais
altas. Informam que eles não têm contato, que não brigam, porém temem mesmo assim.
PARTE INTERNA: Não relataram tortura e maus tratos. Falaram que, com a troca do chefe de
segurança, essas questões melhoraram muito. Que até ocorrem agressões verbais por parte de
alguns agentes, mas são pontuais. Que, há aproximadamente três meses, houve um episódio de
tortura no COI (que fica parede com parede com a Penitenciária) – onde um preso teve a perna
quebrada e os agentes jogaram “spray” de pimenta nas celas, e que, por conta disso, os presos da
Penitenciária (interna) fizeram uma “manifestação” (pedalaram nas portas) e por conta disso
receberam Medida Disciplinar Coletiva.
14) Medidas disciplinares (“castigos” e apuração das faltas)
Que quando são individuais, os presos sancionados vão para a Ala Máxima.
Quando muitos (ou todos) os presos estão envolvidos, recebem MD coletivo, para toda uma ala,
mesmo que nem todos tenham tido participação em conduta faltosa.
Pedem mais tolerância em relação à barba. Pedem mais barbeadores ou menos repressão caso elas
não estejam “em dia”, porque eles não recebem barbeadores suficientes, bem como não recebem
sabonetes suficientes para ‘ajudar’ a se barbear. Portanto, acabam sendo penalizados em razão da
INSUFICIÊNCIA DO FORNECIMENTO DOS BARBEADORES pela administração prisional.
É de se ressaltar, ainda, que não há uma explicação plausível para a exigência da barba e do cabelo
cortados extremamente curtos. Realizadas indagações aos agentes prisionais de plantão a respeito
da razão da exigência, limitaram-se a falar que ‘é costume’, por questão de higiene. Não souberam
sequer indicar qual a normativa em que constaria referida exigência.
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Além do mais, é contraditório que todos os presos tenham que ter cabelos e barba praticamente
raspados ao mesmo tempo que vimos alguns agentes prisionais com barbas longas e cabelos mais
compridos do que o patamar exigido das pessoas presas, dividindo ambientes com estes, até com
certo contato corporal com eles.
COZINHA: não se trata de castigo, mas comentaram que foram proibidos de correr em volta da
cozinha e que sentem falta de realizar uma atividade física, uma vez que o futebol está proibido.
PARTE INTERNA: São comuns sanções coletivas e também por motivos que os presos
desconhecem. Afirmam que é frequente um agente abrir a portinhola e dizer “fulano, está de medida
disciplinar por 10 dias” e não explicar o motivo. Relataram que o castigo normalmente implica privação
do banho de sol de realização de visitas.
Ressalta-se aqui a ILEGALIDADE de não se respeitar o patamar mínimo exigido pela Lei de
Execuções Penais (art. 52), MESMO PARA OS PRESOS EM CUMPRIMENTO DE SANÇÃO
DISCIPLINAR, que é de 2 horas diárias de banho de sol e de visita de ao menos duas pessoas
por semana, não computadas as crianças. A SITUAÇÃO PODE VIS A SER CONSIDERADA
TRATAMENTO DESUMANO E DEGRADANTE, E INCLUSIVE ACARRETA DESVIO/EXCESSO DE
EXECUÇÃO.
15) Separação das pessoas presas (idade, definitivo/provisório, tipo de crime, facções, etc.)
Foi-nos relatada a existência de alas específicas para “criminosos sexuais”. O agente carcerário nos
mostrou como ocorria a chegada dos presos a unidade, a identificação dos faccionados e a separação
desses.
Um dos presos que estava na “toca” relatou que havia perdido a convivência (entrado em desacordo
com a facção predominante no presídio) e que por correr risco de vida havia sido separado do resto
do presídio (porém relatou a precariedade de sua situação, estando há cerca de 60 dias sem banho
de sol ou acesso ao médico). Na cela 23 da parte sul da casa velha, estavam separados os presos
que possuíam algum tipo de problema de saúde, principalmente problemas de locomoção.
COZINHA: Não há separação na cozinha.
PARTE INTERNA: a separação se dá por facções.
ESPECIAL 1 E 2: a separação é apenas por tipo de crime, sem que haja divisão por facções ou idade.
Os presos do especial 1 pedem que sejam reforçadas as grades que os separam do especial 2. Os
presos de ambas as áreas relatam que ao serem levados para as audiências são colocados em
contato com outros presos e se sentem inseguros, além de que esperam para o momento da audiência
dentro das vans de maneira sufocante e quando entram para a audiência estão encharcados de suor.
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16) Demais espaços onde são alocados os gêneros alimentícios, onde os apenados executam
suas atividades e o refeitório dos agentes penitenciários
Os agentes penitenciários realizam suas refeições em refeitório próprio; não conseguimos conversar
com nenhum deles sobre o serviço, em razão da visita ser sido focada nos apenados, no entanto, a
nutricionista responsável nos relatou que não recebem reclamações sobre a alimentação.
Abaixo seguem imagens sobre o espaço onde são servidas as refeições aos agentes. Trata-se de
uma sala clara, limpa, bem dividida e muito bem organizada.
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O ambiente externo à cozinha que produz a alimentação das pessoas presas, onde ficam os depósitos
dos alimentos, insumos e etc., em geral, não nos pareceu muito organizado e limpo. Reputamos que
seria OPORTUNA uma visita da VIGILÂNCIA SANITÁRIA.
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Por fim, seguem algumas imagens dos locais onde os presos desenvolvem suas atividades.
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