RELATÓRIOS DE
VIAGENS
Alunos das turmas A, B, C e D do 8º ano
Relatórios de Viagens
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AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE MONTENEGRO
RELATÓRIOS DE VIAGENS
NARRATIVAS HISTÓRICAS DE ALUNOS
8ºA, B, C e D
Montenegro, Dezembro de 2013
Professoras Cristina Barcoso Lourenço e Elisa Cardoso
Relatórios de Viagens
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Índice
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................................. 4
VIAGEM Nº 1 - À DESCOBERTA DA MADEIRA ............................................................................................................................ 6
CAPÍTULO 1 – Viagem do Capitão Afonso Rodrigues, 8ºA .................................................................................................... 7
CAPÍTULO 2 – Viagem do Capitão Rui Fonseca, 8ºB ............................................................................................................. 8
CAPÍTULO 3 – Viagem do Capitão Diogo Rosário, 8ºD........................................................................................................ 11
VIAGEM Nº 2 - À DESCOBERTA DOS AÇORES .......................................................................................................................... 12
CAPÍTULO 4 – Viagem do Capitão Andrian Bilinskyy, 8ºA................................................................................................... 13
CAPÍTULO 5 – Viagem da Capitã Leonor Mendes, 8ºB ....................................................................................................... 14
CAPÍTULO 6 – Viagem do Capitão Rafael Santos, 8ºD ........................................................................................................ 18
VIAGEM Nº 3 – DOBRAGEM DO CABO BOJADOR.................................................................................................................... 19
CAPÍTULO 7 – Viagem da Capitã Vaykene Carreira, 8ºA ..................................................................................................... 20
CAPÍTULO 8 – Viagem do Capitão Daniel Sousa, 8ºB .......................................................................................................... 21
CAPÍTULO 9 – Viagem da Capitã Rita Dias, 8ºC ................................................................................................................... 23
CAPÍTULO 10 – Viagem do Capitão Flávio Araújo, 8ºD ....................................................................................................... 24
VIAGEM Nº 4 - À DESCOBERTA DO CABO DA BOA ESPERANÇA .............................................................................................. 25
CAPÍTULO 11 – Viagem da Capitã Raquel Santos, 8ºA ........................................................................................................ 26
CAPÍTULO 12 – Viagem da Capitã Magda Lourenço, 8ºB ................................................................................................... 27
CAPÍTULO 13 – Viagem da Capitã Inês Ramos, 8ºD ............................................................................................................ 29
VIAGEM Nº 5 - À DESCOBERTA DO CAMINHO MARÍTIMO PARA A ÍNDIA .............................................................................. 33
CAPÍTULO 14 – Viagem do Capitão Pedro Bandarra, 8ºA ................................................................................................... 34
CAPÍTULO 15 – Viagem da Capitã Inês Margarido, 8ºB ...................................................................................................... 37
CAPÍTULO 16 – Viagem do Capitão Daniel Oliveira, 8ºC ..................................................................................................... 39
CAPÍTULO 17 – Viagem do Capitão Tomás Rodrigues, 8ºD ................................................................................................ 40
VIAGEM Nº 6 - À DESCOBERTA DO BRASIL .............................................................................................................................. 41
CAPÍTULO 18 – Viagem da Capitã Raquel Travia, 8ºA......................................................................................................... 42
CAPÍTULO 19 – Viagem do Capitão Vasco Pearson, 8ºB ..................................................................................................... 45
CAPÍTULO 20 – Viagem da Capitã Inês Silva, 8ºD ............................................................................................................... 48
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INTRODUÇÃO
Uma educação histórica não se resume, pois, à acumulação de conhecimentos sobre o passado, mas ao
desenvolvimento da sua compreensão1.
Como ensinar a História de modo a envolver os alunos e a permitir que se concretize uma aprendizagem
que para os alunos seja significativa? Como construir o conhecimento histórico de modo a que exista uma
participação efetiva dos alunos?
Ao longo da minha experiência enquanto professora de História considero que os alunos aprendem melhor
e desenvolvem interesse pela História quando lhes são colocados desafios e problemas que terão de
resolver relativos a épocas históricas concretas. Entendo que quando o aluno se coloca no papel de atores
da História e tenta ver, pensar e agir de acordo com a mentalidade de outras épocas históricas, desenvolve
um conhecimento mais profundo e duradouro.
Neste pressuposto desenvolvi no presente ano letivo, com as professoras Elisa Cardoso, minha colega de
grupo, e Carla Faustino (Agrupamento de Escolas João de Deus), um projeto de investigação destinado aos
alunos do 8º ano e designado “Vão Descobrir”, integrado no conteúdo programático “Expansionismo
Europeu”. Este projeto desenvolveu-se em três fases:
1ª fase
Escolha de um capitão de uma viagem a realizar relativa a uma das seguintes etapas dos Descobrimentos
Portugueses: (Re) Descoberta da Madeira, (Re) Descoberta dos Açores, Dobragem do Cabo Bojador;
Dobragem do Cabo da Boa Esperança; Descoberta do Caminho Marítimo para a Índia e descoberta do
Brasil. Cada capitão teve de escolher a sua tripulação (colegas de grupo). Após composta a tripulação foi
entregue um guião do trabalho onde os alunos teriam de equacionar todos os preparativos necessários
para a realização da viagem (escolha de um patrocinador, do tipo de embarcação, instrumentos náuticos,
mantimentos, definição da rota a seguir…) e assinalar a viagem descoberta no mapa de Ptolomeu usado
pelos nossos navegadores quatrocentistas.
1 BARBOSA, A.; GONÇALVES, C.; MACHADO, E.; OLIVEIRA, E. O trabalho infantil no século XIX: uma visão de alunos. In: MELO, M. do C.; LOPES, J. M. (Org.). Narrativas Históricas e Ficcionais: recepção e produção para professores e alunos. Minho: Universidade do Minho, 2004.
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2ª fase
Construção de uma narrativa histórica. Cada capitão enviou ao patrocinador da viagem um relatório sobre
os preparativos da mesma, a descrição da viagem e do local descoberto e proposta que o rei de Portugal
deveria fazer com a terra ou rota descoberta.
3ª fase
Os alunos, em conjunto com as suas famílias, foram convidados a apresentar de forma plástica os produtos
económicos explorados ou introduzidos pelos portugueses nas regiões descobertas. Desta fase resultou
um conjunto de trabalhos que foram expostos na Biblioteca Escolar e que serão apresentados nos
estabelecimentos comerciais da freguesia do Montenegro, num projeto de promoção das atividades dos
alunos junto da comunidade.
Este livro digital apresenta as narrativas históricas produzidas pelos alunos, bem como imagens dos
trabalhos plásticos produzidos. O seu grande objetivo é divulgar junto dos pais e encarregados de
educação e comunidade cibernauta os trabalhos escolares, contribuindo para a valorização do que é feito
no espaço escolar.
ESPECIARIAS DA ÍNDIA - FEIRA DOS DESCOBRIMENTOS
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VIAGEM Nº 1 - À DESCOBERTA DA MADEIRA
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CAPÍTULO 1 – VIAGEM DO CAPITÃO AFONSO RODRIGUES, 8ºA
Tripulação:
Capitão: Afonso Rodrigues
Mestre: Leandro Pereira
1419 - Descoberta da Madeira
Partida: 1 de outubro de 1419 às 10 horas
Chegada: 13 de Janeiro de 1420
Tripulação: Barca “Os Descobridores”
Instrumentos de orientação utilizados na viagem: bússola, quadrante, astrolábio, balestilha e o mapa-
mundo de Ptolomeu.
Mantimentos: Barris de água potável, sacos de pão, pipas de vinho, cestos de fruta, ovelhas, porcos,
cavalos, armam, mantas e tendas.
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Levantámos as âncoras e rumámos para sul.
Era de manhã e o sol estava muito quente e nós estávamos à espera de ter bom tempo para que
não fossemos empurrados para as rochas. O tempo parecia agradável para navegar sem seremos
apanhados por alguma corrente marítima.
Já estávamos cansados e desanimados porque
pensávamos que não havia terras novas a sudoeste de
Lagos. Contudo, passado um mês, avistámos terra e
ficámos muito contentes e aliviados.
Mal tocámos na areia avistámos densas florestas
com boa madeira, muita vegetação e abundância de
terra fértil para a agricultura. À medida que fomos
avançando para o seu interior fomos admirando as suas
paisagens maravilhosas e sua vegetação exótica. Caminhámos durante vários dias e apercebemo-nos que a
ilha estava desabitada. Era uma ilha grande com abundância de água e por isso resolvemos ficar um mês
para conhecermos melhor esta ilha desconhecida e explorar os seus recursos naturais. É uma terra de
grande potencial e com clima variado.
Passado um mês resolvemos regressar a Portugal para informar o Infante D. Henrique da nossa
importante descoberta. Abastecemos a barca com alimentos e água da ilha e regressámos a Portugal. A
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viagem de volta correu melhor porque já sabíamos o caminho e íamos entusiasmados para contar as
novidades.
Mal chegámos a Portugal fomos logo falar com o Rei D. João I e com o seu filho e nosso
patrocinador da viagem, o Infante D. Henrique, que nos esperavam ansiosamente.
Depois de entregarmos o relatório da nossa viagem, aconselhámos o Infante D. Henrique a sugerir
ao seu pai que colonizasse a ilha que lhe chamámos Madeira por ser tão arborizada, e explorasse os seus
recursos naturais. Sugerimos ainda que fosse desbastada uma parte da densa floresta para desenvolver a
agricultura e obter a madeira para construção de casas e utensílios; que se desenvolvesse a atividade
piscatória, bem como a produção hortofrutícola, a cultura cerealífera do trigo e a plantação da cana-de-
açúcar e da vinha. Posteriormente, poder-se-ia exportar peixe, trigo e vinho para o continente.
Aconselhámos, também, que a melhor forma de administração da ilha seria através do regime das
capitanias, onde se dividiram os terrenos em lotes e estes seriam doados a particulares, elementos da
pequena nobreza, com a tarefa de colonizarem e explorarem essa área.
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CAPÍTULO 2 – VIAGEM DO CAPITÃO RUI FONSECA, 8ºB
Tripulação:
Capitão: Rui Fonseca (Nobreza)
Vice-capitão: Diogo Cristóvão (Nobreza)
Escrivão: Álvaro Costa (Clero)
Astrónomo: Diogo Ferreira (Clero)
Médico e Sacerdote: Júlio Domingues (Clero)
Cozinheiro: Ruben Martins (Povo)
Cozinheira: Maria Alinha (Povo)
Comerciante: Catarina Esteves (Povo)
Comerciante: Henrique Silva (Povo)
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Este é o relatório da viagem da Barca S. S. Santa Josefina à buscada mítica ilha da Madeira a pedido
de excelentíssimo InfanteD. Henrique.
Plano da Viagem:
1. Seguir para oeste até encontrar a
mítica ilha.
2. Orientar pela latitude, calculá-la,
sempre que possível.
3. Caso nos percamos, seguir para
a latitude de Portugal e de
seguida para este.
4. De dia, comer, pescar e navegar de acordo com a bússola.
5. De noite, o vice-capitão Diogo Cristóvão pilota a Barca de acordo com o conhecimento do
astrónomo Diogo Ferreira.
Acontecimentos da Viagem
Data de Partida: 13 de Agosto de 1419
Hora de Partida: 10:00
Local de Partida: Porto de Lagos
Chegada a Alto Mar: 12:00
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A cozinheira Maria Alinha apresenta hemorragias nas gengivas, dores nas articulações e feridas que
teimam em não cicatrizar. O nosso médico perguntou-lhe o que tem comido, ao que ela respondeu que
há meses que ingere carne salgada e biscoitos, pois não gosta do sabor dos legumes e dos frutos. O
médico ficou pensativo e nada mais disse.
Catarina Esteves é abusada sexualmente por Henrique Silva. A denúncia foi-me feita anonimamente e
informei que iria apresentar uma queixa ao rei quando voltarmos a Portugal. Entretanto decretei que
Henrique Silva passa a estar impedido de estabelecer contacto físico com Catarina Esteves. Ah, meu
Infante, permita-me a ousadia mas as mulheres a bordo causam sempre problemas!!!
Grande tempestade instalou pânico à tripulação. Henrique Silva saltou da barca para a água e, apesar
de todos os nossos esforços, nunca mais o vimos. Paz à sua alma!!! A barca ficou com poucos estragos
na barca e podemos continuar a navegar. Contudo, os grandes ventos, chuvas e correntes afastaram-
nos da rota traçada pelo nosso astrónomo e acabámos por descobrir uma ilha deserta maravilhosa que
nos fez sentir queestávamos no paraíso. Vimos uma praia enorme e uma vegetação bastante verde e
grande. Esta ilha é igual à descrição da mítica ilha da Madeira. Eu diria que a descobrimos.
Meu Infante, permita-me que lhe sugira o quer fazer com a nossa descoberta: colonizá-la com capitães-
donatários e introduzir o cultivo de cereais pois o
reino tem falta deles. Também aconselho a
exploração da madeira e a introdução de outras
culturas, como a vinha e a cana-de-açúcar.
BARCA – FEIRA DOS DESCOBRIMENTOS
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CAPÍTULO 3 – VIAGEM DO CAPITÃO DIOGO ROSÁRIO, 8ºD
Tripulação:
Capitão: Diogo Rosário
Vice-capitão: Tomás Moreira
Astrónomo: Telma Silva
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Ao Infante D. Henrique, o nosso mais conhecido promotor de viagens marítimas e senhor de
grandes riquezas, venho relatar a nossa mais recente aventura por mares pouco explorados.
A viagem começou sem sobressaltos e receámos pelo pior. Uma escuridão medonha aproximava-
se... nuvens negras e medonhas formavam-se à nossa frente. Apesar do medo continuámos em silêncio.
A certa altura um marinheiro gritou:
- Avista-se terra meu senhor.
Na nossa frente surgiu-nos mais um território
desconhecido para explorar. Ficámos contentes e
entusiasmados. Rapidamente nos esquecemos dos nossos
receios e dúvidas, aproximámo-nos…
À medida que avançámos para terra íamos ficando cada
vez mais encantados com a beleza que se estendia perante os
nossos olhos. Uma enorme mancha de floresta verdejante
propagava-se desde da beira-mar às montanhas. A vegetação
era intensa, robusta e muito verdejante. Junto à praia
avistavam-se animais grandes e pretos que se estendiam na
praia.
Desembarcámos. Por todos os lados vimos cursos de
água doce, árvores grandes dimensões e de espessa folhagem.
Ficámos estupefatos quando várias aves de rara beleza aproximaram-se de nós sem medo. Umas
pousaram nos nossos ombros, outras na nossa cabeça. Ficámos encantados com sua delicadeza e beleza.
Decidimos dar o nome de Ilha da Madeira a esta ilha, tão bela e com tanta riqueza em madeira.
Meu senhor, aconselho-vos a explorá-la e colonizá-la.
AÇÚCAR DA MADEIRA – FEIRA DOS DESCOBRIMENTOS
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VIAGEM Nº 2 - À DESCOBERTA DOS AÇORES
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CAPÍTULO 4 – VIAGEM DO CAPITÃO ANDRIAN BILINSKYY, 8ºA
Tripulação:
Capitão: AndrianBilinskyy
Vice-Capitão: Silion Mike
Grumete: Márcia Sousa
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No dia 15 de Janeiro do ano de 1420 estava uma tarde muito nublada e a nossa tripulação tinha
chegado ao porto de Lagos.
Tínhamos chegado de uma viagem muito atribulada, e não descobrimos nenhuma terra, nem
acumulámos nenhuma riqueza. Dirigi-me então à vila do Infante e após uma longa espera consegui que
este me patrocinasse uma nova viagem.
Com o seu dinheiro procurei elementos para a minha tripulação, enchi o porão de carne salgada e
de biscoitos e arranjei as velas da minha barca.
Partimos então à descoberta pelo grande mar oceano com a promessa de guardar o mais profundo
sigilo das rotas seguidas.
Rumámos para oeste. Ao longo da viagem passámos por muitas dificuldades, e enfrentámos
tempestades e correntes fortes. Estas ajudaram-nos a avistar uma ilha.
Desembarcámos na ilha. Cedo nos apercebemos que não tinha nativos. A sua luxuriante vegetação
causou-nos um medo profundo.
Ficámos lá durante uma semana, explorámos uma parte da ilha, e seguimos rumo de volta a Lagos.
Dirigi-me a Sagres e dei conhecimento ao Infante D. Henrique da nossa descoberta. Contei-lhe todos os
pormenores, narrando sobre a sua fauna e flora, as aves desconhecidas que encontrei e aconselhei-o a dar
um nome à ilha. Disse-lhe que a terra parecia fértil, boa para a agricultura e a temperatura amena permitia
a colonização.
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CAPÍTULO 5 – VIAGEM DA CAPITÃ LEONOR MENDES, 8ºB
Tripulação:
Capitão-mor: Diogo Silves
Capitã:Leonor Mendes
Vice-Capitão: Tomás Noivo
Capelão: Pedro Serrão
Cozinheira: Sofia Marcos
Grumete: Bernardo Gago
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Relatório enviado ao secretário do Infante D. Henrique
A Viagem
Ano da graça de 1427
Estamos agora perante um imprevisto que não conseguimos resolver. Íamos a caminho de Lagos,
quando subitamente se levantou uma enorme tempestade que nos afastou da rota. O mar agitou-se, os
trovões ribombaram, os raios rasgaram o céu. A nossa barca dançava ao som deste negrume, e nós
agarrados a tudo o que podíamos, rezávamos sem parar a S. Brandão, o santo navegante. Passadas horas
de tormento, o mar acalmou, o vento parou de soprar, e sentimos de novo a calma tão desejada. Mas nem
tudo nos correu bem. O nosso capitão, Diogo Silves percebeu de imediato que estávamos fora da rota para
Lisboa, que nos encontrávamos perdidos e que ninguém conseguia perceber em que ponto do mapa
estávamos. Voltámos a ficar muito aflitos. Todos queriam dar a sua opinião, Diogo Silves fazia perguntas
sem parar, mas ninguém lhe sabia responder. O tempo passou, a dúvida aumentou e quando já estávamos
preparados para o pior, alguém gritou “Pássaros! Pássaros! São pássaros enormes, negros como o
carvão!”.
Nem queria acreditar! Olhei para o céu e vi que cada vez vinham mais, voavam à volta do barco
como se nos quisessem dizer que estávamos salvos. Diogo Silves gritou-nos “São Açores! Eu já tinha visto
estes pássaros. Estamos salvos. Deve haver terra muito próximo.”
A animação apoderou-se desta barca. Todos estavam animados, loucos de alegria por se terem
salvo e por estarem perto de terra. Começou então um grande alvoroço a bordo. Cada um desempenhava
a sua função e a barca lá ia, rasgando o oceano, rumo a terra.
Relatórios de Viagens
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Avistámos uma ilha, ou assim parecia, com vegetação muito densa, árvores frondosas, cascatas a
cair para o mar. Ficámos de boca aberta, alguns rezavam e diziam que tinham encontrado o paraíso, outros
insistiam que tínhamos chegado ao céu, onde se ouviam os anjos. Diogo Silves, decidido como sempre
fora, encostou a barca a umas rochas e saltou de imediato para terra. O ar era morno, suave, e as florestas
eram tão densas que tinha dificuldade em entrar por elas. Havia flores de todas as cores e frutos muito
saborosos. Os marinheiros correram a matar a fome, provando de tudo o que lhes parecia saboroso. Eu
fiquei saboreando os cheiros a terra, a flores e a mar.
Os pássaros negros voavam aos milhares por cima das nossas cabeças. Gritavam com toda a força
que tinham, avisando que estávamos em terra. E porque Diogo Silves conhecia estas aves, decidiu que
aquela ilha se chamaria Açores.
Dias passaram e depois de percebermos que a ilha era desabitada, o capitão decidiu que era hora
de regressar a Lisboa e contar ao Infante D. Henrique a boa nova.
Continuámos a navegar rumo a ocidente e descobrimos mais cinco ilhas, para além da primeira.
Seriam estas as pequenas ilhas assinaladas nos mapas do séc. XIV? Diogo Silves desconfiava que sim, mas
não poderia ter a certeza de nada. Certo era que tinham descoberto novas terras até aí nunca vistas.
O regresso a Portugal
Ao regressarmos a Portugal, a notícia espalhou-se por todo o reino. O Infante D. Henrique ficou
muito feliz com a descoberta mas, a partir das informações que o capitão lhe deu, percebeu que muito
havia a fazer até conseguirmos povoar aquele novo território. Neste momento estamos no ano de 1427, a
coroa portuguesa está demasiado ocupada com a colonização da Ilha da Madeira, pelo que o Infante disse-
nos que teríamos de esperar algum tempo até ter meios disponíveis para colonizar estas novas ilhas. Eu
insisti, dizendo que devíamos colonizá-la e explorá-la de imediato mas entendo as razões do nosso Infante.
DIÁRIO DE UMA GRANDE AVENTURA
Ano da graça de 1488
Agora que cheguei ao limite das minhas forças e já vivi muitos mais que o comum dos mortais sinto que a
passagem para outra vida se aproxima. Olho para trás e relembro o momento em que, com Diogo de Silves
e outros marinheiros, tive a maior aventura da minha vida… descubro uns pergaminhos já amarelecidos
com a poeira do tempo. Tratam-se de apontamentos que fui escrevendo sobre as ilhas dos Açores. Relei-os
e revivo. Acho que os vou compilar e pedir ao meu neto … que os leve até o Samuel Gacon de Faro que,
usando uma nova máquina, os imprima e os dê a conhecer…
Relatórios de Viagens
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Ano da graça de 1439
Chegámos ao ano de 1439, o Infante D. Henrique decidiu finalmente avançar com o “projeto” e
para isso, chamou à sua presença Gonçalo Velho Cabral, no dia 2 de Julho, pedindo-lhe para ser o
responsável pela colonização dos Açores. Velho Cabral aceitou de imediato e resolveu pôr mãos à obra.
Tinha agora um problema para resolver: com o povoamento da Ilha da Madeira já não restavam, em
Portugal Continental, muitas famílias disponíveis para serem encaminhadas para os Açores. Como resolver
o problema? Foi então que o Infante D. Henrique teve uma ideia brilhante. Sua irmã, D. Isabel, era casada
com o Conde da Flandres, pelo que enviou centenas de pessoas para povoarem as ilhas dos Açores. E os
anos foram passando, quando há uns dias fiquei a saber que o meu amigo Diogo de Teive e o seu filho,
João de Teive, descobriram mais duas ilhas às quais deram o nome de Flores e Corvo.
Ano da graça de 1455
Povoamento das ilhas dos Açores
Estamos no ano de 1455 e andamos muito atarefados com a colonização das ilhas. Já tinha referido,
aquando da sua descoberta, que a sua vegetação era muito densa, tão cerrada que era quase impossível
caminhar. Assim era impossível viver por aquelas bandas. Tivemos de efetuar grandes queimadas para
desbastar a densa floresta e iniciar as primeiras culturas de trigo e de cevada. Também trouxemos animais
e então podemos desenvolver a criação de gado por toda a ilha. Com as queimadas fizemos grandes
campos verdejantes, ótimos para os animais domésticos, principalmente as vacas.
Agora estão a construir uma capitania, onde se instalará o capitão donatário da Ilha de S. Miguel.
Terá de efetuar a colonização e o povoamento de toda a ilha, explorá-la economicamente, cobrar impostos
aos colonos, embora o regente D. Pedro, numa carta régia datada de 5 de Abril, decidisse isentar os
habitantes, por um período de cinco anos, do pagamento da dízima e da portagem dos géneros vindos do
arquipélago para o reino.
Ano da graça de 1477
O tempo foi passando, os produtos agrícolas foram aumentando, a atividade pecuária foi-se
desenvolvendo e o cultivo de plantas tintureiras tornou-se muito importante. O pastel, cujas folhas servem
para o fabrico de tinta azul, têm sido um enorme sucesso e uma forma de enriquecimento para os novos
habitantes desta ilha. A produção nestas áreas foi tanta que se começou a enviar para o continente muito
do que aqui é produzido. Os moradores de S. Miguel, também ficam dispensados do pagamento de
direitos de pão, vinho, pescado, madeira, legumes e outros produtos que exportem para o continente.
Nestes tempos apenas as ilhas de Santa Maria e de S. Miguel estão devidamente povoadas e a
produzir produtos para exportação. O processo de colonização continua a ser muito lento nas outras ilhas.
Relatórios de Viagens
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Ano da graça de 1487, Ponto de passagem para outros lugares
Os Açores tornaram-se, por estes tempos, num porto de passagem para muitas embarcações que
vêm e vão para a descoberta da costa africana. A Ilha Terceira tornou-se assim num porto de passagem,
onde se reabastecem barcos e descansavam tripulações. Muita gente se cruza por lá, a agitação no porto
de embarque é muita, com marinheiros, vendedores, comerciantes e mercadores a venderem ou a
trocarem os seus produtos. Noutro dia, os piratas atacaram o porto e, segundo consta, já não é a primeira
vez que esta situação acontece. Muitos produtos trazidos pelos marinheiros são de grande valor e, como
as notícias voam com o vento, chegou-lhes aos ouvidos que o porto da Ilha Terceira estava cheio de
riquezas, pelo que resolveram saqueá-lo. Sei que houve alguns feridos, alguns mortos mas que
conseguiram salvar muitos produtos. Penso que os barcos devam ser acompanhados no regresso ao
continente, pela guarda real, até Lisboa. Só assim se pode garantir a chegada dos produtos sem serem
saqueados.
CEREAIS INTRODUZIDOS NOS AÇORES
FEIRA DOS DESCOBRIMENTOS
Relatórios de Viagens
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CAPÍTULO 6 – VIAGEM DO CAPITÃO RAFAEL SANTOS, 8ºD
Tripulação:
Capitão: Rafael Santos
Capelão: Diogo Rodrigues
Grumete: André Pereira
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Para começar a nossa viagem correu bem, partimos num dia nublado, com alguma chuva.
Passados poucos dias de navegação deparámos com um imenso temporal que enfrentámos com
coragem.
Alguns membros da tripulação faleceram com doenças (constipação, febre, a peste…).
Avistámos uma nova terra e sentimos orgulho e entusiasmo
com a descoberta que tínhamos feito.
Foi uma boa descoberta porque era uma terra fértil
para cultivar e para a criação de gado. Também foi muito
importante para a expansão portuguesa e para os
descobrimentos portugueses.
Voltámos para Portugal, para informar o Infante que
tínhamos descoberto uma nova terra. Aconselhámos o Infante D.
Henrique a mandar explorar as terras pois o solo parece bom para cultivar cereais e plantas tintureiras. A
ilha também parece ideal para a criação de gado. Deste modo, a terra deve ser colonizada através do
sistema de capitanias-donatarias.
BARCA - FEIRA DOS DESCOBRIMENTOS
Relatórios de Viagens
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VIAGEM Nº3 – DOBRAGEM DO CABO BOJADOR
Relatórios de Viagens
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CAPÍTULO 7 – VIAGEM DA CAPITÃ VAYKENE CARREIRA, 8ºA
Tripulação:
Capitã: Vaykene Carreira
Vice-Capitão: Camila Araújo
Grumete: Viviane Reis
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No dia 17 de fevereiro de 1434, o Infante D. Henrique
patrocinou-nos toda a viagem e alimentos.
Depois de tudo pronto, partimos numa tarde de mar
calmo e lançámo-nos ao mar.
Viajámos dois dias com o mar calmo, mas de repente veio
uma tempestade muito forte, o mar agitou-se e fez com que as
correntes marítimas nos desviassem da rota para que íamos, mas
com muito esforço conseguimos recuperá-la.
Ao longo da viagem tivemos muitas dificuldades em
conseguir dobrar o Cabo Bojador, mas ao conseguir com sucesso
sentimos um grande alívio.
Finalmente acabámos com
os mitos sobre as criaturas místicas do Mar Tenebroso.
Após termos superado o desafio, continuámos o rumo ao
porto de Lisboa. Quando chegámos fomos logo contar a boa nova ao
nosso patrocinador, e aconselhámos o Infante D. Henrique a utilizar
a política de sigilo para que mais nenhum reino soubesse da nossa
descoberta.
Relatórios de Viagens
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CAPÍTULO 8 – VIAGEM DO CAPITÃO DANIEL SOUSA, 8ºB
Tripulação:
Capitão: Daniel Sousa
Piloto: Ricardo Viegas
Cirurgião-barbeiro: Daniel Candé
Carpinteiro: Gabriel Seromenho
Padre-capelão: Rafael Rocha
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Na véspera, preparámos os mantimentos necessários para a viagem, tais como: pão, água, vinho,
animais vivos (para matar durante a viagem), biscoitos duros (para não se estragarem na viagem), peixe,
vegetais e fruta. Levámos duas barcas, cada uma com cerca de 20 homens. Em cada barca havia:
comandante, capitão, piloto, mestre, marinheiros, trinqueiros, timoneiros, carpinteiros, cirurgião-barbeiro,
padre-capelão, despenseiro, escrivão, condestável, e soldados.
Foi então que partimos no dia 14 de Maio de 1434, do porto de Lagos…
Estávamos a navegar por cabotagem, mas a dada altura tivemos de nos afastar de terra, devido aos
baixios de areia. Depois de nos termos afastado da costa seguiu-se uma terrível tempestade. Foi tão forte
que alguns marinheiros caíram ao mar. Nessa noite, muitos dos tripulantes ficaram com medo do que
ainda poderia vir. Foi então que o padre-capelão fez uma oração aos que tinham morrido na tempestade e
outra para que a viagem se realizasse com sucesso. Após um dia inteiro de navegação afastado da costa,
deparámo-nos com uma baía plácida de
ventos amenos; então, dobrámos para
sudeste e logo percebemos que havíamos
deixado o Cabo Bojador para atrás.
Decidimos então ancorar o barco e ir
explorar terra. Reparámos que não havia
sinais de mitos (monstros/criaturas
fantásticas) que toda a gente falava e que
as rochas eram muito pontiagudas. Havia
alguns bens económicos tais como:
malagueta, marfim e ouro. Existiam ainda
MARFIM E OURO - FEIRA DOS DESCOBRIMENTOS
Relatórios de Viagens
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plantas que nunca se tinha visto, animais e alguns nativos. Foi assim que, à 15ª tentativa, conseguimos
dobrar o Cabo Bojador!
Quando regressámos fomos falar com D. Duarte I, Rei de Portugal, e com o patrocinador da viagem,
o Infante D. Henrique, sobre termos descoberto a nova terra e poder-se assim entrar em mares até então
desconhecidos:
- Aconselhamos a que vós, Rei de Portugal, exploreis os produtos económicos desta terra e
implementeis uma feitoria nesta mesma.
MARFIM E OURO - FEIRA DOS DESCOBRIMENTOS
Relatórios de Viagens
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CAPÍTULO 9 – VIAGEM DA CAPITÃ RITA DIAS, 8ºC
Tripulação:
Capitã: Rita Dias
Escrivã: Ana Ameixa
Piloto: Teresa Fernandes
Cozinheira: Beatriz Atanásio
Em 1434, partimos de Lagos com o objetivo de dobrar o Cabo Bojador. Para que a viagem corresse
com sucesso tivemos de nos preparar muito bem. Assim, levámos todos os instrumentos de orientação
para não nos perdermos (astrolábio, quadrante, balestilha e bússola). Para nos orientarmos levámos
também o mapa-mundo de Ptolomeu.
Passados alguns meses de viagem, enfrentámos
uma grande tempestade, As ondas eram cada vez mais
fortes, o vento soprava com muita força, em sentido
contrário às velas da barca. Aquela tempestade, cada vez
nos amedrontava mais. Anoitecia e via-se muito mal
devido ao nevoeiro.
A nossa capitã pedia-nos para termos coragem e
calma, mas nós só pensávamos em todas as histórias que
ouvíamos no nosso reino sobre aqueles monstros e seres
monstruosos.
E assim se passou mais uma noite…
Ao amanhecer já avistávamos o Cabo
Bojador.Tudo tinha mudado, estava tudo silencioso, o mar calmo e o sol luminoso e grandioso. Nós
estávamos muito felizes, saltámos tanto que a “Barca do Bojador” quase se afundou.
Com esta viagem conseguimos provar que todas aquelas lendas e histórias eram na verdade apenas
pura imaginação do povo.
Seguimos viagem até Portugal e informámos o Infante D. Henrique do nosso feito.
Esta viagem contribuiu para continuarmos a exploração da costa ocidental africana para destinos
então desconhecidos.
Relatórios de Viagens
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CAPÍTULO 10 – VIAGEM DO CAPITÃO FLÁVIO ARAÚJO, 8ºD
Tripulação:
Capitão: Flávio José Araújo
Grumete: Bruna Encarnação
Carpinteira: Margarida Brazona
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O acontecimento histórico
A primeira passagem pelo cabo deve-se ao navegador português Gil Eanes, em 1434. O desaparecimento de
embarcações que anteriormente o tinham tentado contornar levou ao mito da existência de monstros marinhos e da
intransponibilidade do Bojador.
Em maio de 1434, Gil Eanes aparelhou uma barca de 30 toneladas, com um só mastro, uma única vela
quadrada, e movida a remos. Com ela, ao chegar nas proximidades do Cabo do Bojador, decidiu manobrar para
oeste afastando-se da costa africana. Após um dia inteiro de navegação longe da costa, deparou com uma baía
plácida de ventos amenos, e então dobrou para sudeste e logo percebeu que havia deixado o Cabo Bojador para
atrás
A passagem deste Cabo Bojador foi muito importante para da navegação portuguesa. Derrubou os velhos
mitos medievais e abriu caminho para os grandes descobrimentos. Ao passar o Cabo Bojador, os navegadores
portugueses entraram em mares até então desconhecidos, enfrentando inúmeros perigos.
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O relatório da nossa viagem ao digníssimo Infante D. Henrique
A nossa viagem de correu bem apesar
de algumas tempestades que tivemos de
enfrentar. Ao conseguirmos dobrar o Cabo
Bojador desmentimos os mitos relativos a
criaturas fantásticas, o que foi importante
para expansão portuguesa.
Quando desembarcámos na costa
ocidental africana verificámos que esta tinha
alguns dos produtos que o nosso reino
necessitava: ouro, marfim, malagueta e mão-
de-obra escrava. Para explorarmos estes
recursos seria importante estabelecermos aqui uma feitoria. Não me parece correto colonizar estas terras
porque elas já são habitadas e porque o seu clima é demasiado tórrido para o homem branco.
MARFIM, OURO, MALAGUETA E ESCRAVOS DE ÁFRICA FEIRA DOS DESCOBRIMENTOS
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VIAGEM Nº 4 - À DESCOBERTA DO CABO DA BOA ESPERANÇA
Relatórios de Viagens
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CAPÍTULO 11 – VIAGEM DA CAPITÃ RAQUEL SANTOS, 8ºA
Tripulação:
Capitã: Raquel Santos
Vice-Capitão: Laura Paiva
Grumete: Ricardo Duarte
Eu, Raquel Santos, capitã do navio Blábláblá e os meus tripulantes Laura Paiva e Ricardo Duarte
viajamos até ao Cabo da Boa Esperança para tentar dobrá-lo.
A viagem foi um pouco turbulenta devido às tempestades. Tivemos vários problemas com o barco
tais como ele partir-se, as velas rasgarem-se, a comida cair ao mar, entre outras. Mas ao fim de 12 meses
com muita dificuldade lá cumprimos o nosso objetivo.
Esta foi uma descoberta interessante, pois vimos vários animais de diferentes espécies, pessoas
com culturas bem diferente da nossa.
Quando partimos levámos alguns produtos connosco, para que o rei pudesse experimentar e
aprovar. E assim que chegámos eu e os meus tripulantes fomos imediatamente ter com ele (o rei), depois
do rei pensar e aprovar o meu tripulante Ricardo teve a grande ideia de explorarmos melhor o CABO DA
BOA ESPERANÇA.
MARFIM, MALAGUETA, ESCRAVOS E OURO DE ÁFRICA FEIRA DOS DESCOBRIMENTOS
Relatórios de Viagens
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CAPÍTULO 12 – VIAGEM DA CAPITÃ MAGDA LOURENÇO, 8ºB
Tripulação:
Capitã: Magda Lourenço
Médica: Daniela Santos
Astrónoma: Beatriz Guerreiro
Escrivã: Lúcia Norton
Grumete: Raquel Ribeiro
No passado dia 8 de Agosto (de 1487) eu e a minha tripulação partimos do porto de Lisboa rumo à
descoberta da passagem marítima para a Índia, o grande objetivo do El-Rei D. João II.
Ao longo da nossa viagem deparámo-nos com algumas dificuldades, houve falta de alimentos,
principalmente a fruta que escasseava, também passamos por algumas tempestades que nos fizeram
perder alguns mantimentos, devido à oscilação do barco (Caravela). A meio da viagem o escrivão (Lúcia)
ficou doente, uma gripe acentuada, mas a nossa curandeira (Daniela), com algumas plantas, resolveu o
problema e passados três dias estava tudo bem.
Após quatro meses de viagem, desde que partimos de Lisboa, avistámos terra, era a desejada
passagem para Índico, o Cabo das Tormentas. Atracámos a caravela e fomos explorar o que havia em terra.
Quando pisámos terra sentimos o cheiro a terra húmida e quando nos virámos para o mar, uma
aragem fresca e o cheiro a maresia invadiu-nos a alma. Sentimos um enorme orgulho, afinal tínhamos sido
nós a ultrapassar aquele «obstáculo» que tanto medo e insegurança davam a quem por lá tentava passar.
Tínhamos finalmente conseguido dobrar o Cabo das Tormentas!
Afinal naquele local tão temido havia alguma vegetação e vários rochedos. Nós atracámos numa
pequena praia de areia, rodeada de arribas muito altas, o que nos impedia de ver o que havia mais além…
atrás de nós avistávamos várias correntes marítimas.
Quando acabámos de explorar toda aquela zona, regressámos a Lisboa, foram mais quatro longos
meses.
Chegámos, no dia 25 de abril, mas como seria de esperar estávamos exaustos e a precisar de uns
dias de descanso… por isso só agora, relatamos, a sua alteza, o El-Rei D. João II, a nossa aventura,
anunciando o nosso feito, afinal «levantámos um pouco o véu”, isto é, criámos uma nova esperança para
a descoberta do caminho marítimo para Índia!
Relatórios de Viagens
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Aconselhámos então, El-Rei D.João II, a realizar novas viagens, uma vez que agora existe uma
passagem para o Oceano Índico, podendo assim concretizar o desejo da descoberta do caminho marítimo
para a Índia e para a rota das especiarias!
MARFIM, ESCRAVOS, MALAGUETA E OURO - FEIRA DOS DESCOBRIMENTOS
Relatórios de Viagens
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CAPÍTULO 13 – VIAGEM DA CAPITÃ INÊS RAMOS, 8ºD
Tripulação:
Capitã – Inês Ramos
Cartógrafa - Eliana Silva
Marinheira e cozinheira - Beatriz Martins
Missionária e enfermeira - Núria Costa
RELATÓRIO da VIAGEM ao Cabo das Tormentas, no sul da África
Lisboa, 30 de dezembro de 1488.
Nós, humildes navegadores, aqui apresentamos a V.ª Majestade, El-Rei D. João II, o relatório da
nossa viagem pela costa ocidental africana, até um pouco mais adiante do ponto mais a Sul.
Partimos no mês de agosto do ano de 1487 do
porto de Lisboa, dizendo que íamos explorar a costa
africana e recolher informações sobre o reino do mítico
rei cristão oriental, Preste João, e sempre guardámos
segredo da nossa verdadeira tarefa que era investigar
bem a geografia do sul da África, para ver a possibilidade
de haver uma maneira de chegar por mar até à Índia.
Nunca revelámos a nossa verdadeira intenção pois, como
Sua Majestade bem nos avisou, isso era o que muita gente
queria saber, como os nossos poderosos vizinhos, os reis de Castela.
Sua Majestade confiou-me, a mim, o navegador Bartolomeu Dias, o cargo de capitão-mor desta
frota composta por duas caravelas e uma naveta de mantimentos. Eu chefiei a caravela “S. Cristóvão”, com
a preciosa ajuda do meu piloto Pero de Alenquer. O meu colega, o navegador João Infante, na caravela “S.
Pantaleão”, teve como piloto Álvaro Martins. O meu irmão, Diogo Dias, ocupou-se da naveta que foi
pilotada por João de Santiago.
No dia da Partida: Despedimo-nos das nossas famílias e do nosso povo que nos fez adeus do
Restelo. Ainda não tínhamos chegado à foz do rio Tejo e já estávamos com saudades. Mas íamos felizes,
com o gosto da aventura e todos orgulhosos por termos sido escolhidos para esta grandiosa tarefa que vai
MARFIM, ESCRAVOS, MALAGUETA E OURO - FEIRA DOS DESCOBRIMENTOS
Relatórios de Viagens
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trazer grandes benefícios a Portugal, honras ao nosso Rei e a nós, que sempre havemos de ganhar a
consideração de Sua Senhoria e a fama de valentes.
Nos primeiros meses, seguimos a rota já conhecida, passámos pelo nosso belo arquipélago da
Madeira, onde fomos recebidos pelo nosso capitão donatário. Dobrámos o Cabo Bojador e verificámos
como essa zona é perigosa mas, como Gil Eanes já tinha demonstrado que isso era possível em 1434, não
desistimos e lá fomos até S. João da Mina. Lá fomos muito bem recebidos, descansámos na nossa fortaleza
e carregámos as nossas embarcações que já vinham quase sem comida, nem bebida.
A água já estava fedorenta e para a bebermos tínhamos de tapar o nariz, tal era o pivete que já
deitava. Ainda por cima tínhamos a meia dúzia de negros (dois homens e quatro mulheres), que V.ª
Majestade mandou que trouxéssemos bem vestidos e alimentados, para serem largados lá pela costa
oriental para testemunharem, junto daquelas populações daquelas regiões, a bondade e a grandeza dos
portugueses e, ao mesmo tempo, recolher informações do reino do tal Preste João. Pois comeram e
beberam que se fartaram até os distribuirmos todos, um aqui outro ali.
Em Dezembro, depois de tantos dias, semanas e meses navegando, atingimos o ponto mais a sul já
conhecido, pois já tinha sido cartografado por Diogo Cão nas suas expedições – a Serra Parda. Daqui para a
frente tudo era novidade e cada vez tínhamos mais medo dos seres fantásticos que engolem os barcos. No
Natal chegámos à Angra Pequena.
Já em 1488, avistámos uma outra baía que chamámos Angra dos Ilhéus. Aí assentámos o primeiro
padrão para marcar a nossa presença nesses lugares. Também deixámos lá uma das quatro negras que V.ª
Senhoria nos mandou trazer. Deixámos a que comia mais e que trabalhava menos. Continuámos em
direção a sul até chegarmos a Angra das Voltas, onde deixámos outra preta. Mas alguma coisa nos dizia
que o pior estava para vir. Primeiro foram as correntes que não deixavam os barcos avançar para a frente,
depois fomos atingidos por ventos muito fortes de sueste que nos obrigaram a desviar-nos da costa. Aí o
frio começou a apertar e o mar revoltou-se de uma maneira nunca vista. As ondas engoliam as caravelas e
depois cuspiam-nas fora. A naveta do meu irmão ora aparecia, ora desaparecia no meio do mar. O barulho
era ensurdecedor, havia rugidos e urros que não se sabia de onde vinham. Foram treze dias e treze noites
neste martírio, sem saber onde estávamos, só nos restava rezar a Deus, pedindo a nossa salvação. Até uma
das negras morreu. Ainda bem que tínhamos a nossa missionária Núria Costa!
Quando o mar acalmou seguimos para leste, para ver se alcançávamos novamente a costa, mas
como nada encontrámos, voltámos para trás, para norte, e qual não foi o nosso espanto quando a terra
nos aparece a estibordo. Ainda pensámos que a bússola estivesse almareada mas não estava. A verdade
que já estávamos a navegar a sul de África! Que alegria! Mesmo sem saber se aquele mar chegava mesmo
Relatórios de Viagens
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à Índia, já achámos que valeu a pena os horrores que passámos. Ainda continuámos mais para oriente até
à baía da Alagoa, onde colocámos mais um padrão. Por mim estava disposto a continuar viagem até ver
bem se mar chegava à Índia, mas a tripulação teimou em regressar.
Assim fizemos porque já quase não tínhamos nada para comer nem para beber. Já só nos
alimentávamos com os peixes que pescávamos e alguns biscoitos mais duros do que uma pedra. Os
enchidos, o queijo, o grão e a fruta fresca já se tinham acabado. Até o vinho que tanto nos aquecia e
alegrava já tinha desaparecido. A marinheira Beatriz Martins, que também era cozinheira, já estava com
sinais de escorbuto, teve que ser tratado pela nossa missionária que também fazia de enfermeira.
Navegando com a costa sempre visível, passámos pelo Cabo das Agulhas, que é o ponto mais a sul
de África. Essas terras, mesmo ao sul, são mais frias do que as da zona do equador mas as pessoas são do
mesmo tipo: negras, com vestuário muito pobre e amigáveis. Até vimos uns negros a pastar as vacas. Acho
que não é difícil convence-los a negociar connosco e até a trabalhar sem receber muito.
Por isso parece-nos que nestas zonas devíamos ter feitorias. Umas podiam ter uma fortaleza, como
a S. João da Mina, e outras podiam ser mais simples, só com armazéns de armazenamento para servirem
de lugar de comércio do ouro, do marfim, das especiarias africanas, como a malagueta, de escravos, etc.
Também podem servir de portos de escala nas viagens que os portugueses vão começar a fazer para a
Índia, agora que nós já descobrimos que a África não continua
eternamente para sul.
A 3 de fevereiro de 1488, se não nos enganámos nas contas,
enfrentámos o tenebroso cabo, que batizámos de Cabo das Tormentas,
por causa dos maus momentos que passámos. Na viagem de ida nem
demos por ele porque andávamos perdidos no mar alto. Lá assentámos
o terceiro padrão. A viagem de regresso já foi rápida pois seguimos
sempre junto à costa revendo os sítios por onde já tínhamos passado.
Deixámos a última negra no final da viagem, em Angra dos Ilhéus
de Santa Cruz, ao pé de duas nativas que ali andavam a mariscar. Ela já
estava habituada à vida no mar e não queria ficar, mas as ordens de El-
Rei são para se cumprir e nós sabemos que as negras ficam seguras porque, como eram mulheres, com
quem os homens não têm guerra, não lhes haviam de fazer mal.
Em dezembro de 1488, entrámos triunfantes no porto de Lisboa, dezasseis meses e dezassete dias
após o início da viagem. Voltámos exaustos mas felizes por termos sido os pioneiros. Podemos mostrar ao
mundo o que valemos, trouxemos novos conhecimentos, especialmente de geografia e cartografia, graças
Relatórios de Viagens
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ao trabalho do nosso cartógrafo, Eliana Silva. Contribuímos para o prestígio de Portugal e do nosso rei D.
João II.
E viva El-Rei !!!
MARFIM, ESCRAVOS, MALAGUETA E OURO - FEIRA DOS DESCOBRIMENTOS
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VIAGEM Nº 5 - À DESCOBERTA DO CAMINHO MARÍTIMO PARA A ÍNDIA
Relatórios de Viagens
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CAPÍTULO 14 – VIAGEM DO CAPITÃO PEDRO BANDARRA, 8ºA
Tripulação:
Capitão:Pedro Bandarra
Mestre:Inês Ventura
Escrivã:Sandra Faísca
Grumete: Afonso Talhão
Diário de Bordo - Viagem do caminho marítimo para a Índia
8 de julho de 1497
Acabámos de embarcar no porto de Belém, está um sol “ mui “ radiante,
as águas estão bastante calmas e a nossover continuará assim.
A nossa tripulação é constituída por 50 tripulantes, o máximo que uma
Nau pode levar. Temos o nosso capitão Pedro Bandarra, a nossa mestra Inês
Ventura, o Grumete Afonso Talhão e eu a Escrivã (Sandra Faísca).
9 de julho de 1497
Já estamos em alto mar. Ontem a noite foi calma e hoje o tempo está um pouco nublado, sem sol, o
vento também tem vindo a aumentar, o que tem sido bom para navegar, mas amanhã será provavelmente
um dia de tempestade. Estou mui emocionada e preparada para todas as aventuras que aí virão...
11 de julho de 1497
Ontem não pude escrever, pois o mar estava muito bravo e as ondas atravessavam a nau de lado a
lado. A mestra Inês estava muito nervosa, visto que com aquele temporal os nossos grumetes estavam a
ser cuspidos Nau fora. A noite foi terrível, não conseguimos nem comer nem dormir, trabalhámos muito
para salvar os nossos alimentos e as nossas vidas.
O nosso grumete Talhão estava com os braços tão desgastados de tirar a água do convés, o que nos
preocupou muito, pois apenas nos restavam mais 16 pessoas com essa função a bordo.
O nosso capitão Pedro Bandarra estava bastante desorientado, pois as nuvens da tempestade
tapavam os astros, o seu único ponto de orientação. Temo pelo pior!
Relatórios de Viagens
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25 de agosto de 1497
Já passou mais de um mês e tem sido bastante difícil escrever pois o tempo não tem colaborado. O
mar tem estado bastante ondulado e o vento muito forte, o que nos danificou já várias vezes as velas, no
entanto não tem chovido. A comida ainda não acabou, mas tem sido pouco variada e a água é escassa.
Ontem o nosso padre achou que devíamos fazer uma eucaristia especial para trazer de volta o bom
tempo e para orarmos pelos nossos tripulantes que outrora morreram nesta viagem.
31 de agosto de 1497
Choveu intensamente durante dois dias. Hoje a chuva terminou, as ondas acalmaram, e os ventos
continuam bons para navegar. Segundo o nosso capitão já falta pouco tempo (pelo cálculo da latitude)
para dobrarmos o Cabo da Boa Esperança.
18 de novembro de 1497
Hoje é um dia mui memorável porque depois de alguns meses finalmente dobrámos o Cabo da Boa
Esperança. Foi uma tarefa bastante difícil, pois as correntes marítimas e os ventos dificultaram-nos a
navegação e a orientação.
Estamos praticamente sem alimentos, o que significa que temos de ir abastecer a terra.
25 de dezembro de 1497
Hoje é Natal, por isso o nosso padre celebrou uma missa onde apelou à união e amizade, pois já
não nos restam muitos tripulantes. O nosso capitão Pedro está a oferecer a cada um pequeno copo de
vinho e biscoitos (pão cozido duas vezes). A mestra está um pouco triste, pois alguns dos grumetes dela
eram seus amigos de longa data e de outras aventuras, mas mesmo assim veio celebrar connosco. Eu tento
relatar sempre que posso tudo o que se passa, mas tem sido complicado. Pois, já somos poucos e toda a
ajuda é necessária.
7 de Março de 1498
Avistámos um barco e o capitão ordenou os tripulantes que cometessem um assalto, pois já não
tínhamos alimentos suficientes para continuar a navegar nem água potável, ou seja, foi a nossa única
solução. Era uma barca de pesca, por isso conseguimos obter algumas arrobas de peixe e cerca de 10
tripulantes que não se revoltaram contra nós porque referimos que era uma ordem do rei de Portugal.
Assim, continuaram a viagem connosco.
20 de Maio de 1498
Finalmente, chegámos às Índias (o cheiro intenso a especiarias invadiu imediatamente a nau), a
nossa nova tripulação teve um desempenho notável.
Relatórios de Viagens
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Estamos em Kappakadavu, próximo de Calecute, no atual estado indiano de Kerala, ficando assim a
rota marítima estabelecida até ao Oceano Índico.
Depois de descansarmos fomos falar
com o Samorim com a missão de
conseguirmos estabelecer tratados de
comércio e colocarmos na Europa as
especiarias através desta nova rota.
Queremos substituir os muçulmanos neste
negócio e acreditamos que conseguimos
transportar mais especiarias nas nossas
embarcações e colocá-las à venda na
Europa por preços mais baixos que os
praticados na rota do Levante. O Samorim
desconfiou do nosso propósito, afirmou já ter um tratado de comércio com os muçulmanos mas deixou-
nos trazer algumas amostras de especiarias.
Este foi o relato da nossa viagem, que foi um fracasso económico, mas uma grande e memorável
aventura, para ser contada de geração em geração.
Agora vou descansar por uns tempos, pois vamos ficar aqui para uma melhor exploração deste
novo mundo e viver novas aventuras.
Até uma próxima...
ESPECIARIAS DA ÍNDIA - FEIRA DOS DESCOBRIMENTOS
Relatórios de Viagens
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CAPÍTULO 15 – VIAGEM DA CAPITÃ INÊS MARGARIDO, 8ºB
Tripulação:
Capitã: Inês Margarido
Mestre: Sara Boom
Escrivã: Raquel Oliveira
Grumetes: Inês Vilão e Janine Pina
Índia, 2 de Outubro de 1498
A El-Rei D. Manuel I, Rei de Portugal e dos Algarves, d’Aquém e d’ Além-mar em África.
É como enorme satisfação que vos anuncio que o caminho marítimo para a Índia foi descoberto, tal
como vós pretendíeis. Chegámos cerca de dez/onze meses depois da partida do porto. Até agora, da
tripulação inicial de cento e quarenta e oito homens, já faleceram 54 homens. Partindo de Lisboa, parámos
nas Canárias em Cabo Verde para nos abastecermos. Em Santa Helena ficámos retidos durante uma
semana devido ao mau tempo. Dobrámos o temível Cabo das Tormentas. Demorámos vários dias para o
dobrar. A vinte e cinco de Novembro ancorámos na Baía de São Brás em Moçambique, permanecendo aí
cerca de duas semanas onde contactámos e trocámos impressões com os seus nativos. Infelizmente estes
contactos não correram como planeado. Algum tempo depois regressámos ao mar (naquele em que
Relatórios de Viagens
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pensamos ser o Oceano Índico). Felizmente, a vinte e cinco de janeiro,atravessámoscom sucesso a zona do
rio dos Bons Sinais. Seguiu-se a paragem novamente em Moçambique, em Mombaça e em Melinde.
Cerca de vinte e três dias depois chegámos à Índia, mais precisamente em Calecute. As relações
socioeconómicas foram um fracasso…
Com esta descoberta visamos o enfraquecimento do poder muçulmano, a detenção de rotas
comerciais (principalmente a das especiarias) vindas do oriente e o contacto com novos mercados.
Infelizmente a Sua Visão de construir relações tanto a nível económico e comercial como de amizade não
foi realizada. Os muçulmanos foram rudes e impróprios connosco impedindo-nos de concretizar a Sua Real
Visão. O meu conselho seria apostar nesta relação delicada para no futuro podermos usufruir do controlo
do comércio e rotas caravaneiras.
Planeámos a viagem de regresso para cinco de Outubro, daqui a três dias.
Decidi avisar-vos pois Vossa Senhoria merece tal cortesia.
Esta vossa súbdita
ESPECIARIAS DA ÍNDIA - FEIRA DOS DESCOBRIMENTOS
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CAPÍTULO 16 – VIAGEM DO CAPITÃO DANIEL OLIVEIRA, 8ºC
Tripulação:
Capitão: Daniel Oliveira
Piloto: Tomás Matilde
Escrivão: João Santos
Mestre: Pedro Guerreiro
Cozinheiro: Pedro Ventura
Partimos do porto de Belém dia 8 de julho de 1497, na nau “Rumo das Marés”.
Passados dois dias, já estávamos bem orientados em alto mar, pois estávamos munidos de todos os
instrumentos de navegação necessários para que a viagem tivesse sucesso.
A sorte acompanhou-nos pois não enfrentámos tempestades fortes, embora tivéssemos muitos
contratempos, como por exemplo rasgos nas velas, falta de alimentos, entre outros.
Reabastecemos em Cabo Verde e ficámos
por lá alguns dias.
Passámos o Cabo da Boa Esperança e ainda
tivemos que navegar muito tempo até chegarmos a
Calecute. Em Maio de 1498 chegámos finalmente à
Índia. Estava descoberto o caminho marítimo para a
Índia.
Quando lá chegámos fomos muito bem
recebidos e sentimos um cheiro muito intenso a
especiarias (canela, pimenta, cravinho, noz
moscada…).
A nossa viagem foi um sucesso e o rei ficou muito contente. Agora vamos descansar vários meses.
Após darmos informações ao rei D. Manuel I, este nomeou governadores, alguns com o título de
vice-rei, para que governassem as terras do Oriente em seu nome.
Nós, os portugueses, depressa nos apoderámos do comércio dos produtos asiáticos…
Relatórios de Viagens
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CAPÍTULO 17 – VIAGEM DO CAPITÃO TOMÁS RODRIGUES, 8ºD
Tripulação:
Capitão: Tomás Rodrigues
Mestre: Tomás Pinto
Grumete: Rui Rodrigues
Caro patrocinador da nossa viagem
Estivemos no meio de uma tempestade e perdemos metade
da tripulação e alimentos por isso só agora lhe podemos enviar um
relatório.
Finalmente chegámos à Índia e fomos mal recebidos porque
acharam que nós não tínhamos bons produtos de comércio
comparados com os deles. Por isso e por outras coisas fomos presos
pelos indianos. Sentimos vergonha e fomos condenados à morte mas
felizmente conseguimos escapar utilizando uma pedra que
encontrámos no chão da nossa cela que atirámos à cabeça do
guarda. Retirámos depois as chaves e libertámo-nos e saímos dali.
Esperemos que esta mensagem lhe chegue primeiro que nós
porque esta carta já diz tudo o que se deve saber sobre aquele povo e aconselho Vossa Majestade a
mandar lá ir outra armada porque aquele é um território que vale apena dominar.
CARAVELA DA ROTA DO CABO
Relatórios de Viagens
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VIAGEM Nº 6 - À DESCOBERTA DO BRASIL
Relatórios de Viagens
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CAPÍTULO 18 – VIAGEM DA CAPITÃ RAQUEL TRAVIA, 8ºA
Tripulação:
Capitã: Raquel Travia
Mestre: Ana Santos
Astrónomo: Rafael Nascimento
Escrivão: Gonçalo Castro
8 de Março de 1500
Antes de partimos, tivemos que preparar os mantimentos para a
viagem, tais como, carne e peixe salgados, biscoitos, água, vinho, entre
outros, e alguns instrumentos náuticos e de orientação, como o
astrolábio, a bússola e o quadrante.
9 de Março de 1500
Após uma missa, uma grande cerimónia com a presença do rei
D. Manuel I e sua corte, recebo das mãos do rei o estandarte real,
símbolo do seu poder. Após isso, partimos em direção à Índia, mas com
a intenção de navegarmos mais para o Ocidente, para confirmarmos se há terra ou não.
19 de Março de 1500
Hoje aconteceu uma peripécia, um dos nossos grumetes caiu ao mar devido a uma tempestade,
mas correu tudo bem pois a tripulação conseguiu salvá-lo, sem nenhum ferimento.
16 de Abril de 1500
Neste domingo, três das nossas naus, embateram num rochedo, e afundaram-se. Todos os
tripulantes dessas naus foram ao mar e poucos conseguiram salvar-se. Com a ajuda dos marinheiros,
conseguimos puxar alguns para o convés, outros por não saberem nadar, ou por aflição, morreram.
22 de Abril de 1500
Finalmente avistámos terra! Ficámos tão contentes que decidimos logo enviar uma das nossas
embarcações até ao Rei, para lhe informar da nossa descoberta.
23 de Abril de 1500
Resolvemos mandar um pequeno barco, com Nicolau Coelho, para ver o local de perto. Vinte
homens parados, todos nus se aproximaram do pequeno barco. Os homens traziam arcos e flechas, mas ao
nosso sinal baixaram as armas. Decidimos chamar esta terra de Porto Seguro.
Relatórios de Viagens
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26 de Abril de 1500
É rezada a primeira missa no Brasil. Nos dias que se seguiram, dividimos as tripulações em grupos e
organizámos diversas excursões para
conhecer melhor o lugar. Ficámos
maravilhados com a beleza da terra e
dos seus habitantes! O nosso contato
não podia ter sido mais amigável!
Encontrámos florestas muito densas,
onde habitavam animais perigosos como
os jaguares e serpentes venenosas.
Experimentámos alimentos novos, como
a mandioca, batata-doce, feijão e
amendoim. Descobrimos duas grandes
tribos, que residiam em cabanas feitas
com troncos de árvores – as malocas. Começámos por levar para Portugal, animais exóticos e pau-brasil
(madeira), muito apreciados. Escrevi uma carta onde sugeri ao Rei que este território fosse dividido em
capitanias e entregues a cada um dos capitães das naus e caravelas.
1 de Maio de 1500
Uma cruz foi levada para terra, tinha as armas de Portugal esculpidas, era o marco da soberania
portuguesa. Foi colocada na entrada da floresta, diante de um pequeno altar, onde foi celebrada a segunda
missa, sob os olhares dos indígenas, como cerimónia de posse das terras. Assim se fez a missa com o padre
Frei Henrique.
2 de Julho de 1500
A nau de Gaspar de Lemos retorna a Portugal, levando a minha carta. Os restantes navios seguem
para Calecut, Índia, para cumprirmos os objetivos que o rei tinha traçado no início da viagem.
13 de Setembro de 1500
Já de volta para casa, aparece uma tenebrosa tempestade. Umas grandes e cinzentas nuvens,
apareceram repentinamente, começou logo a chover torrencialmente e o mar ficou muito violento, o que
fez quatro das nossas embarcações afundar.
15 de Junho de 1501
Seis de treze embarcações foram as únicas que chegaram a Lisboa. Quando chegámos fomos
recebidos com grandes aplauso e festas! Foi emocionante!
Relatórios de Viagens
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Espero que este relatório da nossa viagem sirva para os vindouros conhecerem parte das peripécias,
aventuras, dificuldades que os nossos marinheiros, enfrentaram ao atravessarem mares tenebrosos para
atingirem lugares longínquos.
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CAPÍTULO 19 – VIAGEM DO CAPITÃO VASCO PEARSON, 8ºB
Tripulação:
Capitão: Vasco Pearson
Escrivão: Selena Ramos
Astrónoma: Carolina Pinho
Grumete: Filipe Garcia
Cozinheira: Inês Agostinho
No dia 8 de Março de 1500 estávamos todos no porto de Lisboa de onde iríamos partir para a Índia
no dia seguinte, à procura de riquezas para Portugal. Toda a cidade estava em festa, pois esta viagem
prometia muitas aventuras e descoberta de novas terras, riquezas e fauna e flora.
No dia seguinte partimos logo de madrugada. A temperatura estava perfeita e as correntes
marítimas e o vento estavam a nosso favor.
Nós levávamos dez naus e três caravelas e tínhamos a bordo a melhor tripulação do país. Em cada
nau/caravela havia um capitão, um escrivão, um capelão, um piloto e um sota-piloto, um mestre e um
contramestre, um mestre bombardeiro e vários bombardeiros, um homem da ampulheta, dois homens do
leme, um trinqueiro, um cirurgião, barbeiros-cirurgiões, vários despenseiros, um guardião, carpinteiros e
muitos marinheiros e grumetes. Cada nau levava cerca de duzentos tripulantes e cada caravela cerca de
cinquenta. Levávamos também instrumentos de orientação como o astrolábio e o quadrante e para
sabermos a nossa latitude utilizávamos a estrela polar no hemisfério Norte e o cruzeiro do Sul no
hemisfério Sul. Para assegurar a nossa sobrevivência, levámos comidas e bebidas. Para comunicarmos
tínhamos preparado sinais, como por exemplo se a nau do capitão-mor desse dois tiros era a indicação
para todas as naus e caravelas virarem de bordo. Tínhamos jogos de sorte e azar para nos entretermos na
viagem. Depois de termos feito todas estas preparações, lá fomos pela rota do Cabo embora só eu
soubesse que teríamos de nos desviar desta rota pois el-Rei D. Manuel I solicitou, em segredo, que nos
desviássemos para Ocidente a fim de sabermos da existência de terras.
No início da viagem correu tudo bem, mas passados alguns dias apanhámos uma tempestade e
perdemos uma caravela com aproximadamente cinquenta homens. Passada mais ou menos uma semana
de viagem decidimos abastecer nas Ilhas Canárias. Recuperámos as forças e reabastecemos os barcos com
mantimentos. Passámos por Cabo Verde e a partir daí os ventos levaram-nos para o meio do Oceano
Atlântico Sul.
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Durante a viagem muitos tripulantes morreram. As condições de vida durante a viagem eram
difíceis e a falta de higiene provocava doenças e contágios que não eram possíveis tratar. Passou-se um
mês e meio a viver nestas embarcações rodeados de mar, e já estávamos a ficar desesperados por ver
terra. Estávamos sempre a olhar o horizonte na esperança de avistar algo. Quando víamos passar algas a
flutuar ganhávamos esperança de estar perto de terra, pois as algas geralmente crescem junto à costa.
Também olhávamos com muita atenção para todas as aves que passavam a voar, quem sabe se poderiam
vir de alguma ilha ou terra ali perto.
Quando finalmente avistámos terra era o dia 22 de Abril de 1500 e ficámos muito contentes. Vimos
um monte muito alto e redondo, a que chamámos monte Pascoal porque era a época da Páscoa. No dia
seguinte encontrámos um local abrigado para lançar as âncoras, e chamámos-lhe Porto Seguro. Fomos a
terra num pequeno bote. Vieram ter
connosco cerca de vinte homens, todos nus
com arcos e flechas. Andavam por ali
também mulheres e crianças e todos usavam
penas para se enfeitar. Nós fizemos sinal
para eles porem as suas armas no chão e eles
puseram. Eles não falavam a nossa língua.
Nós demos-lhes o chapéu do capitão e eles
deram-nos uma coisa que parecia um
cachecol feito de penas e umas flores
brancas como a neve. No dia seguinte
levámo-los a bordo da nossa nau. Aquilo tudo era estranho para eles. Um dos homens começou a apontar
para o colar do capitão (que era feito de ouro) e depois para a terra como quem dizia que havia lá ouro.
Depois mostrámos-lhes um papagaio e eles voltaram a acenar para terra. Mostrámos-lhes um carneiro e
eles não fizeram nada. Mostrámos-lhes uma galinha e eles até tiveram medo. Trouxemos-lhes peixe, carne
e vinho não quiseram nada. Demos-lhes água mas eles não beberam, lavaram a boca e mandaram-na fora.
Aquilo tudo era muito estranho...
No dia 1 de Maio fizemos uma missa com eles e levámos uma enorme cruz. Por esse motivo demos
o nome de Vera Cruz àquele território. Eles estavam de joelhos como nós e, no final, quando nos
levantámos com as mãos no ar eles fizeram o mesmo. Eram muito amigáveis. Aquelas terras e gentes eram
tão cativantes que dois dos nossos homens fugiram para terra porque não queriam voltar e nunca mais os
vimos. Para além desses também lá deixámos dois homens que já estava planeado que ficassem por lá,
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pois eram condenados a quem tinha sido perdoada a pena de morte para ficarem em terras novas e
procurarem novas informações para o rei.
O nosso escrivão registou todos os pormenores desta semana passada em Porto Seguro, e esse
registo foi muito útil para dar conhecimento ao Rei sobre aquela nova região. Depois desta viagem
levámos toda a informação ao Rei e propusemos que enviasse mais pessoas para colonizar aquelas terras
ricas e com pessoas muito amistosas.
Sugerimos que o Rei poderia
administrar o território através do
sistema de capitanias, como fez nas
ilhas atlânticas, nomeando capitães
para promover o povoamento de
cada zona específica e a exploração
económica. A principal riqueza que
achámos naquelas terras e que
trouxemos para mostrar ao Rei, foi a
madeira de uma árvore de tronco
avermelhado, que chamámos pau-
brasil. A madeira desta árvore era muito resistente e parecia excelente para construir barcos e móveis, e a
cor também podia servir para tinturaria. As pessoas começaram a chamar aquele território pelo nome da
árvore, Brasil, em vez de Vera Cruz. Para além dessa grande riqueza em madeira, aconselhámos o Rei a
trazer algodão, peles de animais como leopardos, e animais para comércio como macacos e papagaios.
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CAPÍTULO 20 – VIAGEM DA CAPITÃ INÊS SILVA, 8ºD
Tripulação:
Capitã: Inês Silva
Escrivão: Margarida Pereira
Astrónoma: Beatriz Ribeiro
P ela Graça de Deus, Rei de Portugal e dos Algarves, d’Aquém e d’Além-mar em África, Senhor da
Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, venho relatar a viagem
pelos mares até terras de Calecute.
No dia 9 de Março de 1500, partimos do Restelo, com 13 embarcações, 8 naus e 1 nau mercante, 3
caravelas e 1 naveta de mantimentos. Levávamos cerca de 1500 homens. Havia dos melhores navegadores
entre nós, como o Bartolomeu Dias e o Nicolau Coelho, cientistas, padres, soldados, comerciantes,
carpinteiros, ferreiros, torneiros, técnicos de navegação, e mui outros companheiros.
Parámos para abastecer em São Nicolau, Cabo Verde. Atravessámos uma grande tempestade onde
perdemos uma nau, a de Vasco Ataíde. Ainda esperámos para ver se estavam atrasados, mas não
apareceram. A nau desapareceu! Assim retomámos a viagem. Dei ordens para que seguissem mais para
ocidente para retomar rumo à Índia.
Para passarmos o tempo e vencer os medos, rezávamos, jogávamos vários jogos. Gostávamos
muito um que os padres não gostavam nada, era o jogo do azar. Também pescávamos, comtemplávamos o
ambiente. Era lindo ver os peixes, de várias espécies, os golfinhos, as baleias… Às vezes, fazíamos peças de
teatro.
Uns meses depois, chegámos a uma terra com muita vegetação e muitas pessoas, presumimos que
era outra terra e não a Índia. Era 4ª feira, dia 22 de Abril de 1500. Aqueles rumores eram verdade, existia
mesmo uma terra a ocidente, com muitos animais, pessoas muito bem-feitas, mui vermelhas, com cabelos
escuros, e sem coisa nenhuma a mostrar as suas vergonhas. Muito contentes, enviamos uma nau a
Portugal para dar a boa nova a el-Rei. Realizamos uma missa e tentámos converter aquela gente ao
cristianismo.
Continuámos o nosso caminho rumo à Índia. Chegámos e fizemos as trocas. No caminho acabámos
por perder o nosso companheiro Bartolomeu Dias, que faleceu na passagem do Cabo da Boa Esperança.
Que grande ironia da História! Ele que foi o primeiro europeu a dobrar o cabo da Boa Esperança!
Em Julho de 1501 chegamos a Portugal e fomos recebidos com uma grande festa.
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Aconselhámos el-Rei D. Manuel I a explorar estas terras, que achamos que têm bons produtos para
exploração. Que colonize e envie um nobre que governe aquelas terras.
Beijo as mãos de Vossa Alteza.
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FIM