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Sanitarismo em Leopoldina (1895-1930): Fontes e perspectivas para uma pesquisa históricaProfessor Rodolfo Alves PereiraMestrando em História - PPGHB, Universo, Niterói (RJ).

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Higienismo – do saber popular à ciência moderna• Higiene e limpeza: preocupam os seres humanos desde os primórdios

da civilização.• Higiene: a palavra vem da expressão grega Higia, antiga deusa da

limpeza e da saúde.• Europa - segunda metade do século XIX: hábitos de higiene ajudariam a

promover o progresso econômico e social. O corpo era visto como um instrumento de trabalho e de guerra, devendo estar saudável e apto a executar as suas funções sociais.Por meio da higiene, podia-se regenerar uma raça, fortalecer uma nação” (SANT’ANNA, 2011, p. 302).A higiene ganhou status de ciência moderna.

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Sanear o Brasil – cidades: oficinas das doenças

• Final dos oitocentos: verifica-se acelerado crescimento urbano, sobretudo nas capitais. Exemplo: Rio de Janeiro.

• Os aglomerados urbanos eram desprovidos de planejamento e de condições sanitárias básicas. Consequência: epidemias de febre amarela, varíola etc e muitas mortes.

• Como alcançar o progresso? Por meio da ciência médica e da modernização do Brasil. Começa a campanha do saneamento. Rio de Janeiro está na vanguarda.

• Algumas figuras importantes: Rodrigues Alves, Pereira Passos e Oswaldo Cruz.• Campanha do saneamento: estendeu-se para os sertões. Expedição Penna-Neiva ao

interior do Brasil (1912).• “O Brasil é um imenso hospital” - Miguel Pereira (1916).• 1920: o governo federal criou o Departamento Nacional de Saúde Pública - passou a

organizar e a financiar metade dos serviços de profilaxia rural e dos programas de educação nos estados brasileiros.

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A campanha pelo saneamento dos sertões: Sanitarismo em Minas Gerais• Serviço Sanitário em MG: regulamentado desde 1895.• 1910: o Serviço foi reestruturado, mas sem causar mudanças significativas

(falta de recursos).• Relatório do governo (1917): constatou a necessidade de uma campanha

saneadora. Seguiu-se a criação do Serviço de Profilaxia e Saneamento Rural (apoio da Fundação Rockfeller).

• Samuel Libânio esteve à frente da Diretoria de Higiene nos anos 1920. Adotou medidas semelhantes às de São Paulo, criando postos e subpostos de higiene nos municípios mineiros.

• A política de saúde em Minas Gerais visava, principalmente, às regiões com valor econômico. Zona da Mata teve atenção especial. Demais regiões, como a do Jequitinhonha e a do Vale do rio Doce, só foram beneficiadas tardiamente (ABREU, 2010).

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ABREU, J. L. N. Discurso médico-sanitário e estratégias de saneamento em Minas Gerais. In: 12º Seminário Nacional de História da Ciência, 2010, Salvador. Anais do 12 Seminário Nacional de História da Ciência, 2010. v. 1. p. 1-15.

Postos de

Higiene

Combate às endemias locais e a

surtos epidêmicos

Inspeção médico-

sanitária nas escolas

Fiscalização de gêneros alimentícios

Higiene urbana e

rural.

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O quadro sanitário em Leopoldina: algumas considerações• Valor econômico: agropecuária, linha férrea, políticos

influentes em âmbito estadual (Família Ribeiro Junqueira).• Opilação: uma calamidade no município.• Pioneira na instalação do Posto de Profilaxia Rural no estado

(18/08/1918).• Médico-sanitarista responsável: Irineu Lisbôa (1894-1987).

Formou-se na primeira turma de Medicina em Belo Horizonte; ex-aluno e nomeado para função por Samuel Libânio.

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Dados extraídos do Memorial Dr. Irineu Lisboa: pioneiro da saúde pública e da radiologia no estado de Minas Gerais. p. 9. Elaborado por Antonio Márcio Junqueira Lisboa.

Movimento do Posto de Profilaxia Rural (19 a 24 de agosto de 1918)Latinhas distribuídas 575Exames efetuados 407Pessoas afetadas de opilação 225Pessoas afetadas de outras verminoses

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Exames negativos 70Pessoas medicadas 234Percentagem de opilação 55%Percentagem de verminoses em geral 83%Exames negativos 17%

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Alguns documentos/indícios encontrados

• Fonte oral.• Senhor Antonio Márcio

Junqueira Lisboa (1927-), filho do médico Irineu Lisbôa (1894-1987). Médico e professor.

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• Fonte escrita:• Correio de Leopoldina.

Edição n. 1, 3 de janeiro de 1895. p. 5.

• Disponível na hemeroteca da Biblioteca Nacional.

• Cobra investimentos públicos em saneamento. Relaciona saúde e modernidade.

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• Fonte iconográfica:• Fotografia mostrando o

carro alegórico do Posto de Hygiene – Guerra ao Mosquito (1931).

• Campanha de conscientização em festa popular.

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• Fonte iconográfica:• Fotografia. Autoridades

políticas e médicas na inauguração de um hospital no Sul de Minas (1921). Dentre eles destacamos Belisário Penna, Samuel Libânio e Irineu Lisbôa.

• Relações sociais e troca de influências.

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• Fonte iconográfica:• Fotografia. Posto de Hygiene

Municipal em Leopoldina (MG). Inauguração da nova sede (1929).

• Presença de autoridades médicas e de pessoas de destaque na sociedade local.

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• Fonte iconográfica:• Fotografia. Concurso de

Robustez Infantil promovido por Dr. Irineu Lisbôa no Centro de Saúde (1933).

• Higienie, saúde e eugenia caminhavam juntas. Sanear era revigorar a raça.

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Algumas questões para serem investigadas e elucidadas• Quais eram as condições sanitárias da cidade e da zona rural em seu entorno?• O que as elites políticas pensavam a respeito de seu povo e de suas condições higiênicas?• Como a opinião pública (a imprensa local) tratava o assunto?• Como eram as habitações das pessoas?• Quais mudanças culturais, urbanísticas e sanitárias ocorreram na cidade após a instalação do

Posto de Profilaxia rural?• Como a população local enxergava o movimento sanitário-higienista?• Estatisticamente, qual era o quadro clínico da população local?• Quais estratégias o médico-sanitarista utilizou para implementar suas ações higiênicas?• Como o médico se relacionava com os demais órgãos do poder público e com a comunidade?• Qual foi o papel desempenhado por outras instituições, como a escola e a igreja, na

campanha sanitária?

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BibliografiaFontes primárias

Correio de Leopoldina (1895), Edição n. 1. Hemeroteca da Biblioteca Nacional Digital.

Fotografias: Disponíveis no site do jornal Leopoldinense. http://leopoldinense.com.br/inicio

Fotografia ao lado de Samuel Libânio e Belisário Penna. Disponível on-line: http://mentorweb.univas.edu.br/hcsl/hcsl_Interna.asp?opc=1

Fontes secundárias

ABREU, J. L. N. Discurso médico-sanitário e estratégias de saneamento em Minas Gerais. In: 12º Seminário Nacional de História da Ciência, 2010, Salvador. Anais do 12 Seminário Nacional de História da Ciência, 2010. v. 1. p. 1-15.

FRAGA, E. A. Um estudo sobre as condições sanitárias e saúde pública em Muriaé, Minas Gerais – 1920-1929. 2016. 137 f. Dissertação (Mestrado em História) – Programa de Pós-graduação em História do Brasil, Universidade Salgado Oliveira, Niterói. 2016.

HENRIQUES, A. B. Epidemias e urbanização: surtos de febre amarela na Cataguases oitocentista. 2005. 172 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) – Programa de Pós-graduação do Núcleo de Estudos da Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 2005.

MOTA, A. Quem é bom já nasce feito: Sanitarismo e eugenia no Brasil. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.

LISBOA, A. M. J. Memorial Dr. Irineu Lisboa: pioneiro da Saúde pública e da radiologia no estado de Minas Gerais.

LOBATO, M. Mr. Slang e o Brasil e Problema Vital. São Paulo: Editora Brasiliense Ltda, 1951.

SANT'ANNA, D. B.. Higiene e higienismo entre o Império e a República. In: Mary Del Priore; Marcia Amantino. (Org.). História do corpo no Brasil. 1ed.São Paulo: Unesp, 2011, v. , p. 283-312.

SANTUCCI, J. Cidade rebelde: as revoltas populares no Rio de Janeiro no início do século XX. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2008. 15

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