14ª Semana de Gerontologia
I Simpósio Internacional de
Gerontologia Social.
história e Releituras
Beltrina Côrte
PUC-SP
OLHE
longevidade na mídia: testemunhos digitais
Norte-americana Besse Cooper entrou para o Guinness como
a mais velha do mundo – morreu com 116 anos (2012)
A velhice tem
algum
significado?
O prolongamento
da vida realmente
traz benefícios, seja
para o indivíduo ou
para a sociedade?
Ou, pelo contrário, os
recentes progressos sobre a
expectativa de vida não
foram apenas o
prolongamento da
decrepitude, a invalidez e
uma existência sem
sentido?
Filósofos, artistas, médicos, ci
entistas estão lançando na
mídia um novo olhar para as 3
últimas décadas da vida. Eles
percebem que isso é, na
verdade, um estágio de
desenvolvimento com sua
própria significância.
Jane Fonda chama de terceiro
ato e trabalha a ideia da idade
como potencial e não perda.
Obviamente, não há garantia de que ele seja um tempo de fruição e
crescimento.
Que significância
é essa que está
sendo realçada
na mídia?
Conhecer aqueles que experimentam o prolongamento da vida é abrir janelas
para a construção de saberes sobre a longevidade do ser humano
Independência e autonomia aos 100
“Fazer música é minha vida e estar em disposição de
continuar com o que mais quero é para mim um grande
privilégio e uma profunda alegria”
“Enquanto respirar, ensinarei ioga”
Ele conseguiu reelaborar valores, enfrentar preconceitos e
redesenhar sua trajetória de vida ao voltar para o banco
escolar e terminar seu mestrado. A mídia o apresenta como
uma grande lição de vida quanto a novas maneiras de viver
as múltiplas aprendizgens e educação ao longo da vida.
“Nunca se é velho demais e nunca é tarde demais para
estudar: enquanto viver se é um eterno aprendiz”.
Estudar
eleva a
autoestima,
previne
doenças e
melhora
depressão?
http://www.diariodamanha.com/noticias.asp?a=view&id=42881
No morar coletivo encontra-se companhia
“Se o sujeito tem boa memória e suas pernas andam, fazer 90
anos é a coisa mais natural do mundo”.
“Eu gosto de fazer aniversário, o que não quero é que haja
muito barulho; cada vez mais prefiro as reuniões tranquilas”
No cuidado, a importância da alimentação.
Ícone da construção da Gerontologia Social no país.
“O tempo pode ser um fardo”
Valorização da
experiência, d
a cultura
e
conhecimento
acumulados
no
trabalho
Confessa que quando jovem não gostava de
velhos, principalmente no mercado de trabalho.
Investimento em projetos de vida:
“todo ser humano precisa de um sonho"
Preferência pelo sossego da casa, dos filhos, netos e amigos
mais amigos: valorizando as relações
Aprender informática: abriu muitas portas.
Conquista da paz de espírito. Diverte-se com ela mesma.
Gosta da sua companhia e de estar só. Curte sozinha a
cultura de S.Paulo: independência
Tem no esporte, descoberto quando velha, motivação para
romper com seus próprios limites: mudou radicalmente sua
trajetória de vida a partir do esporte.
Para driblar um problema na retina que a faz enxergar apenas
vultos, se vale de toda tecnologia disponível.
Bisavó de 92 anos foi impedida de comprar uísque
porque não acreditaram que ela era maior de 18
Diane Taylor – Londres – Harlow
Idosa britânica tatua
aviso no peito para
que não a
ressuscitemJay Tomkins, 81 anos
Para garantir que sua mensagem será lida e
que ninguém preste socorro caso ela adoeça e
precise de ajuda para recuperar as funções
vitais, ela também tatuou nas costas as iniciais
"P.T.O." (Por Favor Vire)
Reivindicando a dignidade da morte através do próprio corpo
razões
"Se me encontrarem caída no chão e eu não puder dizer
nada, quero que aceitem isso, tenho 81 anos e não
preciso viver mais. O que eu faria com o terrível
pensamento de chegar até os 100 anos? Eu odeio isso”.
Não consegue se imaginar "fazendo a cama e lavando roupa por
mais 20 anos".
Está satisfeita com sua vida, mas afirma que também estaria
"igualmente feliz" se simplesmente não acordasse de manhã.
"Tive 80 anos bons e interessantes, com casamento, filhos, netos e
muitos amigos”. Seus 2 filhos e 6 netos sabem de sua decisão, mas
não a questionam.
Outros testemunhos digitais sobre essa
questão
Comentários da notícia:
Stela TerSakissoff: Minha sogra pensava exatamente igual.So nao se tatuou.Tambem tocava piano e teve uma vida plena.Seu desejo foi respeitado atraves de um documento que ela mesma assinou , na presença do seu medico, assim que adoeceu, aqui nos Estados Unidos.Ela teve uma morte muito digna e tranquila. Essa postura diante da morte trouxe muita paz para todos e ficou uma grande lição de como viver e como morrer...
Thomas Perl: muitas pessoas não pensam que podem viver até 100 anos
e apenas se preocupam com possíveis problemas de saúde, que nem
sempre acontecem conforme previsto. Esquece-se de organizar um
projeto de vida, com outras atividades para serem executadas nesse
novo tempo existencial, com o desenvolvimento de novos sentidos para
essa longa vida.
Fonte: Jornal Folha de S.Paulo, 02/12/2012
A velhice não é essa maravilha que todo mundo insiste em dizer!
“O mais difícil é saber
que você está na fase
definitivamente
conclusiva da vida. É
melhor encarar”.
“Você olha em volta e a sua
memória está ligada a todo
esse mundo que se vai. É
muito forte”... “Vivemos o
mesmo período da história.
Quem substitui? Ninguém”.
“Nada é mais importante do que
meus filhos e netos. Eles justificam
a minha vida. Algo meu vai estar lá
no fim deste século. Se eles
procriarem, parte minha restará
pelos milênios afora. Penso muito
nessa cadeia de seres que foram se
sucedendo e chegaram até mim.
Não parei a corrente”.
Sobre a solidão:
“Essa palavra é tão
forte. Eu gosto de estar
só.
Não que goste de
solidão.
A minha não é vazia”.
Francisco Carlos Lopes: -
Maravilhosa, Fernanda. Que
lucidez! Por isso a parte mais
consciente deste país vive tirando
o chapéu pra ela. Além da atriz
magnífica, um ser humano
corajoso, que assume a velhice
sem frescuras e sem
consolos, recusando-se a entrar
nessa “Melhor Idade” que só é
melhor idade para médicos e
farmacêuticos, nada mais que um
golpe de propaganda que deixa
patéticas certas criaturas que
acreditam muito nele. Fernanda é
um exemplo e tanto! Ah, se todas
as mulheres idosas desse país
fossem assim!
XXI: De ocotogenários a oitentões
Folha - Como está sua saúde?
Jaguar - Em vez de morrer até o
fim do mês, talvez eu tenha mais
uns seis meses (risos). Eu estou
com cirrose e mais uns três ou
quatro tumores foram extirpados.
Fiz um exame na semana
passada que mostrou que eu
estou como o Brasil: parado. Não
melhorou nem piorou.
G1 - Neste mundo ideal você acha
que viveria mais quantos anos?
Ziraldo - Meu corpo tem 80 anos, e
minha cabeça... Sei lá, não tem idade.
Eu não mudei nada. Continuo sentado
na mesma prancheta, trabalhando do
mesmo jeito, com a mesma intensidade.
Me relacionando com as pessoas, com
filhos, amigos, do mesmo jeito. Minha
turma de infância e profissionais estão
todos inteiros. Eu converso com eles e
nenhum está preocupado se tem 80
anos. E outra coisa: a gente não
conversa sobre velhice, não.
O que estes testemunhos estão nos indicando?
Há homogeneidade e heterogeneidade do longeviver
Há mudanças significativas nos modos de viver
Há reinvenção das trajetórias pessoais
Há novos processos de convivência
Estão desenhando uma estética de vida
Realçando estilos de vida e reinvenção das
vivências
O que estes testemunhos estão nos indicando?
Esses significados do longeviver induzem a uma
representação social das formas em que se vivenciará
a velhice...
Os longevos estão recusando os limites que
lhes são impostos, abrindo para si e para os
outros os caminhos possíveis de se longeviver!
Há transformação de um enfoque centrado na
velhice biológica ou declinante para uma
preocupação com os aspectos
sociais, culturais e políticos do
envelhecimento.
Beltrina Côrte – [email protected]
www.portaldoenvelhecimento.org.br
Observatório da Longevidade Humana e
Envelhecimento - OLHE
OBRIGADA