SERVIÇOS DE ACOLHIMENTO
Princípios norteadores e
Parâmetros para o atendimento
Anália dos Santos Silva Márcia Nogueira da Silva
Assistentes Sociais do CAO Infância- MPRJ
SERVIÇOS DE ACOLHIMENTO • Conjunturas Históricas: • 1) Período Colonial: Monopólio da Lei e da Força - Véu
assistencialista/religioso • Medidas: • Coleta de esmolas na comunidade para socorro às crianças; • Internação (Rodas, asilos, escolas industriais, agrícolas e de
artífices) • 2) República Velha: Ordem aliada à Higiene- Ações privadas c/
subsídio público - Doutrina do Direito Penal do Menor • Medidas: • Correção de comportamentos desviantes(casas correcionais); • Preparação para o mundo do trabalho
SERVIÇOS DE ACOLHIMENTO • 3) Era Vargas: Política assistencialista e repressiva • Medidas: • Criação de um complexo de instituições de repressão e
controle: Delegacias de menores, SAM; • Departamento Nacional da Criança: política assistencial
(creches, formação profissional) • 4) Pós 64: Criação da FUNABEM: Repressão e
responsabilização das famílias • Medidas: • Recurso à internação
SERVIÇOS DE ACOLHIMENTO • Doutrina da Situação Irregular: binômio abandono/delinqüência X
Movimentos Internacionais de Defesa dos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes, que têm como ápice a aprovação, em 1989, da Convenção Internacional dos Direitos da Criança e do Adolescente.
• 5) Democratização: Defesa da Doutrina da Proteção Integral: criança e adolescente como sujeitos de direito; com prioridade absoluta no atendimento e considerados como cidadãos em situação peculiar de pessoa em desenvolvimento
• Medidas: • Aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente; • Previsão de uma política de atendimento
SERVIÇOS DE ACOLHIMENTO Mudança de paradigma do atendimento à criança e ao adolescente. Ênfase no direito à convivência familiar e comunitária - presente nos artigos 226 e 227 da CF e regulamentada no artigo 19 do ECA:
Constituição Federal: “Art. 226 – A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.” “Art. 227 – É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los à salvo de toda a forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.”
ECA: “Art. 19 – Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada à convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes.”
SERVIÇOS DE ACOLHIMENTO • Normativas relacionadas à política de atendimento na área da Infância: • O que aconteceu em 20 anos? ECA (1990); LOAS (1993): Regulamenta a nova concepção de Assistência Social -
política pública; PNAS (2004) – princípios, diretrizes, objetivos, usuários e níveis de
proteção; SUAS – Materializa o conteúdo da LOAS, apresentando a organização e
regulação das ações socioassistenciais (NOB/SUAS 2005). O serviço de acolhimento é considerado de alta complexidade, no nível da Proteção Social Especial, referenciado no CREAS;
PNCFC (2006) - Define ações para consolidar o que está exposto na CF e no ECA – direito à convivência familiar e comunitária, a serem executadas em curto, médio e longo prazo (2007 a 2015):
* Apoio sociofamiliar; * Acolhimento institucional e acolhimento familiar; * Adoção; * Ampliação dos serviços de apoio pedagógico, sociocultural, esportivo e de
lazer
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• Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes (2006):
- Processo participativo de elaboração conjunta: Comissão Intersetorial;
- Foram definidas ações a serem executadas num período de 09 anos (2007 a 2015): curto, médio, longo prazo e ações permanentes;
- Organizado em 4 eixos estratégicos • Alguns objetivos: Assegurar a excepcionalidade e a provisoriedade da medida de
acolhimento; Atendimento individualizado, de qualidade e em pequenos grupos; Reordenamento das entidades de acolhimento aos princípios e
diretrizes do ECA
SERVIÇOS DE ACOLHIMENTO Algumas Ações do Eixo Atendimento:
Reordenamento dos serviços de acolhimento, com a diminuição do número de crianças e adolescentes em acolhimento institucional;
Elaboração e aprovação de parâmetros de qualidade para o reordenamento de programas de acolhimento institucional;
Definição de parâmetros para os programas e serviços de famílias acolhedoras (AÇÕES DE CURTO PRAZO - 2007 a 2008);
Adequar os programas de Acolhimento Institucional ao ECA, à LOAS, às
diretrizes deste Plano Nacional e aos parâmetros básicos estabelecidos
para o reordenamento institucional, monitorando seu funcionamento
(AÇÃO PERMANENTE)
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Ano de 2009: Arcabouços Normativos Importantes JUNHO - Publicação das “Orientações Técnicas : Serviços de Acolhimento para
Crianças e Adolescentes” (CONANDA e CNAS – Resolução Conjunta nº 1/2009): - Orientações metodológicas para elaboração do Projeto Político Pedagógico e do
Plano de Atendimento Individual e Familiar; - Parâmetros de funcionamento (abrigo institucional, casa lar, família acolhedora e
república). JULHO - Publicação da Lei Federal nº 12.010/2009: - Período para avaliação das entidades pelo CMDCA (critérios para renovação); - Capacitação permanente dos trabalhadores das entidades de acolhimento; - Plano individual de atendimento NOVEMBRO - Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais (Resolução CNAS nº
109/2009): - Serviços organizados por níveis de complexidade: Proteção Social Básica, Proteção
Social Especial de Média Complexidade e Proteção Social Especial de Alta Complexidade
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• Orientações Técnicas elaboradas pelo CONANDA e CNAS:
Metodologia:
a) Estudo diagnóstico;
b) Plano de atendimento individual e familiar;
c) Acompanhamento da família de origem (importância da articulação com
os profissionais dos Centros de Referência de Assistência Social);
d) Articulação intersetorial (SUAS, SUS, SME, SGD)
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Projeto Político Pedagógico - PPP (Plano de Trabalho)
- Definição do papel e valorização dos educadores/cuidadores;
- Preservação e fortalecimento da convivência comunitária;
- Fortalecimento da autonomia da criança e do adolescente;
- Preparação para o desligamento
Recursos humanos
Capacitação (introdutória e prática)
- Importância da Equipe Técnica no processo de formação continuada
Parâmetros de funcionamento (por modalidade): definição do público alvo, características, aspectos físicos e recursos humanos;
- Ênfase para a necessidade de estrutura que mantenha características residenciais
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“O atendimento prestado deve ser personalizado e em
pequenos grupos e favorecer o convívio familiar e
comunitário, bem como a utilização dos equipamentos e
serviços disponíveis na comunidade local.”
“Deve funcionar em unidade inserida na comunidade, com
características residenciais, ambiente acolhedor e estrutura
física adequada, visando relações mais próximas do ambiente
familiar.”
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• O Plano Individual de Atendimento aparece de forma explícita na Lei nº 12.010/2009 :
Elaborado imediatamente após o acolhimento (§ 4º); Levará em conta a opinião da criança ou adolescente e a
escuta dos pais ou responsáveis (§ 5º); Deve conter resultados da avaliação interdisciplinar, os
compromissos assumidos pelos pais ou responsáveis e a previsão das atividades desenvolvidas com a criança/adolescente e com sua família (§ 6º, I, II e III)
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• Princípios norteadores da medida de acolhimento familiar ou institucional na Lei Nº 12.010/2009:
Preservação dos vínculos familiares e promoção da reintegração familiar; Integração em família substituta, quando esgotados os recursos de
manutenção na família natural ou extensa; Atendimento personalizado e em pequenos grupos; Desenvolvimento de atividades em regime de co-educação; Não desmembramento de grupos de irmãos; Evitar, sempre que possível, a transferência para outras entidades de
crianças e adolescentes; Participação na vida da comunidade local; Preparação gradativa para o desligamento; Participação de pessoas da comunidade no processo educativo
SERVIÇOS DE ACOLHIMENTO • O que foi alterado ou explicitado com a nova lei? Mudança de nomenclatura; Inclusão do acolhimento familiar como medida protetiva; Proximidade entre a entidade de acolhimento e a residência da família; Exigência de Guia de Acolhimento (para formalizar a aplicação da
medida). As entidades podem acolher, em caráter excepcional e de urgência, sem prévia determinação da autoridade judiciária, mas deve formalizar comunicação em até 24h;
Elaboração do Plano Individual de Atendimento; Definição de prazo para que dirigentes encaminhem à VIJ relatórios
circunstanciados da situação de cada criança e adolescente (a cada 06 meses, no mínimo);
Respeito às resoluções do CONANDA como condição para autorização de funcionamento e renovação dos registros das entidades de acolhimento (artigos 90 e 91) , o que indica a necessidade de elaboração de Projeto Político-Pedagógico (PPP) para orientar o trabalho institucional;
SERVIÇOS DE ACOLHIMENTO Estimado tempo máximo de 02 anos para a permanência em programa
de acolhimento, salvo comprovada a necessidade, devidamente fundamentada pela autoridade judiciária;
Permanente qualificação dos profissionais que atuam direta ou indiretamente em programas de acolhimento;
Estímulo do contato da criança e do adolescente com seus pais e parentes, salvo se houver decisão judicial contrária (CT e AS no auxílio);
Recursos públicos condicionados ao cumprimento dos princípios, exigências e finalidades da Lei;
Limite de validade do registro junto ao CMDCA e avaliações periódicas (CT, MP, VIJ);
Comunicação à VIJ acerca da possibilidade de reinserção sociofamiliar; Descrição em relatório das providências adotadas visando à reinserção
familiar e informação expressa quanto à impossibilidade
SERVIÇOS DE ACOLHIMENTO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO (PPP)
• Itens importantes: Apresentação (histórico, atual composição da diretoria, os principais
momentos do serviço, as principais mudanças e melhorias realizadas, em especial se sua instalação for anterior ao ECA);
Valores do serviço de acolhimento (valores que permeiam o trabalho e ação de todos os que trabalham e encontram-se acolhidos no serviço);
Justificativa (razão de ser do serviço de acolhimento dentro do contexto social);
Objetivos do Serviço de Acolhimento; Organização do serviço de acolhimento (espaço físico, atividades,
responsabilidades, etc.);
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Atividades psicossociais (com as crianças e adolescentes, visando trabalhar questões pedagógicas complementares, autoestima, resiliência, autonomia; com as famílias de origem, visando a preservação e fortalecimento de vínculos e reintegração familiar);
Fluxo de atendimento e articulação com outros serviços que compõem o Sistema de Garantia de Direitos;
Fortalecimento da autonomia da criança, do adolescente e do jovem e preparação para desligamento do serviço ;
Monitoramento e avaliação do atendimento (métodos de monitoramento e avaliação do serviço que incluam a participação de funcionários, voluntários, famílias e atendidos durante o acolhimento e após o desligamento);
Regras de convivência (direitos, deveres e sanções)
SERVIÇOS DE ACOLHIMENTO Recursos Humanos: Coordenador: nível superior e experiência em função congênere,
conhecimento do SGD – 1 por serviço; Atribuições: Gestão e supervisão do funcionamento do serviço; Organização da divulgação do serviço e mobilização das famílias
acolhedoras; Organização da seleção e contratação de pessoal e supervisão dos
trabalhos desenvolvidos; Organização das informações das crianças e adolescentes e respectivas
famílias; Articulação com a rede de serviços e o SGD
SERVIÇOS DE ACOLHIMENTO Equipe Técnica: nível superior e experiência no atendimento a crianças,
adolescentes e famílias em situação de risco – 2 profissionais para atendimento a até 20 crianças e adolescentes, com carga horária mínima de 30 horas semanais (ver legislação profissional);
Atribuições: Elaboração do PPP em conjunto com a coordenação; Acompanhamento psicossocial dos usuários e suas respectivas famílias,
com vistas à reintegração familiar; Apoio na seleção dos cuidadores/educadores e demais funcionários; Capacitação e acompanhamento dos cuidadores/educadores e
funcionários; Apoio e acompanhamento do trabalho do cuidado dos
cuidadores/educadores;
SERVIÇOS DE ACOLHIMENTO Encaminhamento, discussão e planejamento conjunto com outros atores da rede
de serviços e do SGD das intervenções necessárias ao acompanhamento das crianças e adolescentes e suas famílias;
Organização das informações atualizadas das crianças e adolescentes e respectivas famílias, na forma de prontuário individual; elaboração de relatórios, pareceres técnicos (MCA/MPRJ);
Elaboração, encaminhamento e discussão com a autoridade judiciária e MP de relatórios semestrais sobre a situação de cada acolhido contendo:
1. Possibilidades de reintegração familiar; 2. Necessidade de aplicação de novas medidas; ou, 3. Quando esgotados os recursos de manutenção na família de origem, a
necessidade de encaminhamento para adoção; Preparação da criança/adolescente para o desligamento (em parceria com o
cuidador/educador de referência); Mediação, em parceria com o cuidador/educador de referência, no processo de
reinserção familiar ou colocação em família substituta
SERVIÇOS DE ACOLHIMENTO Educador/Cuidador: nível médio e capacitação específica, preferencialmente com
experiência em atendimento a crianças e adolescentes – 1 profissional para até 10 usuários, 1 para cada 8 quando houver 1 usuário com demandas específicas e 1 para cada 6 quando houver 2 ou mais usuários com demandas específicas;
Atribuições: Cuidados básicos com alimentação, higiene e proteção; Organização do ambiente (espaço físico e atividades adequadas ao grau de desenvolvimento
de cada criança ou adolescente); Auxílio à criança e ao adolescente para lidar com sua história de vida, fortalecimento da auto-
estima e construção da identidade; Organização de fotografias e registros individuais sobre o desenvolvimento de cada criança
e/ou adolescente, de modo a preservar a sua história de vida; Acompanhamento nos serviços de saúde, escola e outros serviços requeridos no cotidiano.
Quando se mostrar necessário, um profissional de nível superior deverá também participar do acompanhamento;
Apoio na preparação para o desligamento, sob supervisão da equipe técnica
SERVIÇOS DE ACOLHIMENTO Auxiliar de Educador/cuidador: nível médio e capacitação específica,
preferencialmente com experiência em atendimento a crianças e adolescentes – 1 profissional para até 10 usuários, 1 para cada 8 quando houver 1 usuário com demandas específicas e 1 para cada 6 quando houver 2 ou mais usuários com demandas específicas.
Atribuições: Apoio às funções do educador/cuidador; Cuidados com a moradia (organização e limpeza do ambiente e
preparação dos alimentos, dentre outros)
Obs.: Equipe noturna monitorando a dinâmica do serviço durante a noite e madrugada
SERVIÇOS DE ACOLHIMENTO PLANO INDIVIDUAL DE ATENDIMENTO (PIA)
Definição:
• Independente da forma como nos referimos ao plano (PIA, PAI, PPA, etc.), o importante é que ele expresse o atendimento à criança, ao adolescente e à sua família, visando à reinserção;
• É um instrumento importante para o acompanhamento do período de acolhimento (necessidades atendidas, mudanças ocorridas, perspectivas de futuro);
• Apresenta as ações planejadas e desenvolvidas (para cada criança/adolescente e sua família);
• É importante ferramenta para o acompanhamento da medida de acolhimento pelos demais atores da rede, em especial os representantes do Judiciário, do Ministério Público e do Conselho Tutelar
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O plano de atendimento deve ser baseado em um levantamento de particularidades, potencialidades e necessidades de cada caso;
Deve ser revisto sempre que mudanças ocorrerem, como a dificuldade para acessar a rede de serviços de apoio à família;
Possibilita verificar a evolução da família e indica pontos de partida para o atendimento em outros locais;
Não é um mero formulário (obrigatoriedade legal). Ainda que seja pensado um roteiro, o preenchimento não pode engessar o cotidiano
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Algumas equipes utilizam um modelo para registro dos planos de atendimento, visando padronizar a coleta de dados para futuros levantamentos. O modelo fornecido pelo CNJ tem sido o mais utilizado: Plano Individual de Atendimento (P.A.I.)
O modelo usado na sua entidade possibilita conhecer a criança/adolescente e sua família e planejar o atendimento às necessidades dos mesmos, na busca pela reinserção sociofamiliar?
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Objetivos do PIA: • Orientar o trabalho durante o período do
acolhimento, visando à reinserção familiar; • Garantir o atendimento individualizado,
considerando a trajetória de cada criança, cada família e as perspectivas de futuro (reinserção na família natural ou extensa, colocação em família substituta)
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Elaboração do PIA: • Responsabilidade da equipe técnica da entidade de
acolhimento; • Participação da criança/adolescente e de sua família e/ou
de pessoas que sejam significativas na história de vida dos acolhidos. Devem opinar sobre o que for definido no plano;
• Os educadores sociais são fundamentais na execução do plano (construção da autonomia, preparação gradativa para o desligamento);
• Parceria com outros atores da rede de atendimento Obs.: A execução do plano é responsabilidade de todos os
envolvidos no atendimento.
SERVIÇOS DE ACOLHIMENTO Momentos importantes:
• Encaminhamento: repasse de informações que contribuam para traçar o perfil de cada criança/adolescente, como o motivo da medida de acolhimento, vínculos familiares e comunitários, situação escolar, de saúde, histórico de atendimento em outros serviços, referências culturais, religiosas, etc.
• Recepção: a criança/adolescente deve ser tratada pelo nome, ser apresentada às pessoas com as quais terá contato.
• Convivência: as crianças/adolescentes devem ser informadas das regras de convívio, que devem ser discutidas com regularidade. Essas regras não podem engessar o cotidiano, com imposição de horários e atividades homogeneizadas.
• Atividades: somente após traçar o perfil e ouvir a criança/adolescente será possível indicar as atividades das quais irá participar. Pressupõe o movimento de ir e vir, pois cada criança/adolescente participará de atividades específicas.
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O que deve conter o PIA? Não existe uma formula ou modelo de plano de
atendimento, mas sugerimos alguns itens: 1) Definição do perfil da criança/adolescente: dados
de identificação, referências familiares e comunitárias;
2) Necessidades identificadas: escolarização, saúde, atividades esportivas, cursos profissionalizantes, etc.;
3) Documentação civil
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4) Delimitação dos serviços externos necessários ao atendimento
A criança/adolescente precisa de atendimento multiprofissional especializado? Reforço escolar? Atendimento em Creche? Tratamento fonoaudiológico? Documentação? É necessário o encaminhamento para o CRAS? CREAS? CAPSi?
Todas as necessidades específicas devem ser mapeadas e, posteriormente, a equipe deve buscar atendê-las através da articulação com os serviços locais. O cotidiano do abrigo deve privilegiar as atividades externas.
SERVIÇOS DE ACOLHIMENTO 5) Delimitação das estratégias voltadas para a Reinserção Familiar O Plano Individual de Atendimento deve estabelecer o período estimado
de permanência da criança/adolescente no serviço de acolhimento, contendo, ainda, o registro das visitas e/ou contato com os familiares, e todos os procedimentos que devem ser realizados para facilitar o processo de reinserção familiar;
Flexibilidade nos dias e horários de visitas – Prioridade para a Família Este item pressupõe o fomento a uma competência técnica que possibilite
à equipe avaliar quais os desafios que devem ser superados para que a reinserção seja possível(ex.: redes autoritárias de violência, ausência de moradia, etc.)
Há possibilidade de reinserção familiar ou não? Por quê? A equipe técnica indica a colocação em família substituta ou não? Por quê? Essas perguntas devem ser feitas a cada reavaliação do Plano , pois permitirão o vislumbre dos caminhos que serão percorridos para facilitar o desligamento da criança/adolescente.
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Ao traçar o perfil, será possível indicar quais as atividades a criança/adolescente realizará cotidianamente, levando em conta seu grau de maturidade, suas necessidades e seus desejos. O PIA conterá o resultado da avaliação técnica
(não é transcrição do relatório). Também não se trata da transcrição da fala da criança/adolescente ou da família
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Não é possível executar o plano individual e familiar previsto nas normativas sem a articulação intersetorial
“Sempre que identificada a necessidade, a família de origem será incluída em programas oficiais de orientação, de apoio e de promoção social” (Lei 12.010, art. 101, § 7º)
No caso da identificação de possibilidade de reinserção, é preciso comunicação imediata – Não é necessário esperar a “audiência concentrada”.
Após a reinserção familiar a família precisa ser acompanhada e apoiada. É preciso definir o período de acompanhamento e como acontecerá – previsão no PPP.
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Aspectos do reordenamento como desafios na elaboração e execução do PIA:
Capacidade de atendimento; Quadro de recursos humanos; Capacitação inicial e formação continuada dos
profissionais; Serviços de apoio e promoção das famílias para
que as reinserções sejam bem sucedidas
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O Módulo Criança Adolescente (MCA) Desenvolvido pelo MPRJ com o objetivo de criar um cadastro on line com
dados das entidades de acolhimento e de cada criança e adolescente acolhido no Estado do Rio de Janeiro;
Não é para uso exclusivo do MP. Destina-se a atender a todos os órgãos da rede de proteção envolvidos na medida de acolhimento;
Há diferentes níveis de acesso ao sistema, tanto para consulta como para inserção e/ou alteração dos dados cadastrados;
Para acesso ao sistema os profissionais envolvidos são previamente habilitados, recebendo uma senha de uso pessoal;
A equipe técnica da entidade deve estar habilitada para acessar o sistema. Os dados do atendimento inseridos no MCA devem expressar o plano de atendimento para cada usuário e, periodicamente, a avaliação da equipe sobre a possibilidade de reinserção ou colocação em família substituta
SERVIÇOS DE ACOLHIMENTO Que dados devem ser inseridos no MCA? 1) Ficha da instituição: identificação do serviço de acolhimento, número de
registro nos órgãos competentes, nomes dos dirigentes e dos profissionais da equipe técnica para contato, perfil do atendimento (modalidade do acolhimento, capacidade, etc.).
2) Ficha da criança ou adolescente: a) Informações Principais (Identificação, Sexo, DN, Cor, Registro); b) Histórico de Acolhimento; c) Referência Familiar; d) Informações Complementares (Educação, Situação de Saúde); e) Situação Jurídica; f) Anexos pela equipe técnica: PIA, Relatórios, Sínteses Informativas, etc. A atualização dos dados e a inclusão de documentos não estão
relacionadas às datas das “audiências concentradas”, portanto, devem ser feitas regularmente;
O MCA também possibilita a localização de irmãos e histórico sociofamiliar
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Anália dos Santos Silva (aná[email protected])
Márcia Nogueira da Silva
Assistentes sociais do MP/RJ - CAO Infância
Telefones: (21) 2279 1115/ 2224 2821