“30 anos da Lei 6.938/1981 –
Política Nacional do Meio Ambiente”
Haroldo Mattos de Lemos
Presidente, Instituto Brasil PNUMA Vice Presidente, ISO TC 207 (ISO 14000) Presidente, Conselho Técnico da ABNT
Presidente, Conselho Empresarial de Meio Ambiente da ACRJ Professor de Engenharia Ambiental da Escola Politécnica da UFRJ
Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro
Rio, 08 de julho de 2011
Administração Ambiental Dificuldades:
Necessidade de modificar paradigmas há longo tempo
enraizados na cultura ocidental, como: “meio ambiente é
um bem livre”. Indústrias agiam assim até início anos 50.
Necessidade de intermediar interesses econômicos,
ambientais e sociais conflitantes.
Necessidade de defender, em longo prazo, a qualidade de
vida das comunidades, dos interesses de ganhos de curto
prazo de alguns atores.
Administração Ambiental Forma tradicional:
Executada por um órgão técnico ambiental único,
baseado em Códigos Ambientais detalhados e
inflexíveis, aprovados pelos Congressos ou
Assembléias Legislativas.
Problemas:
- Atuação autoritária do órgão ambiental: utiliza ações
coercitivas para “convencer” os outros atores a
obedecerem uma legislação ambiental imposta.
- Legislação ambiental detalhada torna difícil sua
atualização. Área ambiental é muito dinâmica.
Administração Ambiental
Forma inovadora:
Um órgão ambiental técnico e uma comissão
ambiental reguladora com poder de polícia,
formada por diferentes setores/atores que
influenciam a qualidade ambiental.
Legislação Quadro que define a política
ambiental e dá poderes à Comissão para
regulamentar a legislação quadro.
Administração Ambiental Forma inovadora:
Vantagens:
- exige maior cuidado do órgão ambiental
técnico nas propostas e na participação nas
discussões que regulamentam as normas.
- legislação ambiental mais flexível e mais
facilmente adaptável à evolução do
conhecimento sobre o meio ambiente e às
tendências de mudanças.
Evolução Histórica Após 1972, Conferência de Estocolmo: Políticas Ambientais Integradas.
- Criação da SEMA e CCMA – 1973
IBDF manteve proteção e conservação da
flora e da fauna: Parques Nacionais e
Reservas Biológicas.
SEMA: proteção da flora e da fauna através
de Estações Ecológicas, áreas
representativas de ecossistemas brasileiros.
Rio de Janeiro
1975 – FEEMA e CECA
(Decreto Lei 134/75, Política
Estadual de Controle Ambiental e
Sistema Estadual de Meio Ambiente)
Rio de Janeiro
Competência da CECA:
Deliberar sobre padrões de qualidade
ambiental, de emissão de poluentes, e
estabelecer normas e regulamentos
necessários ao controle ambiental.
Minas Gerais
1977 – CETEC e COPAM.
Evolução Histórica
1981: quase todos Estados: sistemas de
meio ambiente baseados em um órgão
técnico e um órgão político e deliberativo
(Comissão/Conselho Estadual) com poder
de polícia.
Maioria deles: com representantes da
sociedade civil.
1979: Ministério do Interior cria GT, com
participação da FEEMA e CETESB, para
projeto de lei da Política Nacional do Meio
Ambiente.
projeto incluía o estabelecimento do SISNAMA e do
CONAMA. Enviado ao Congresso Nacional (1980).
tramitou durante quase um ano no Congresso, que
melhorou e fortaleceu o seu texto.
Lei 6.938 de 31 de agosto de 1981
Estabelece a Política Nacional do Meio
Ambiente – PNMA;
Cria o CONAMA e constitui o Sistema
Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA;
Torna obrigatório o licenciamento das atividades
poluidoras em todo território nacional.
PNMA: considera o meio ambiente como patrimônio
público a ser protegido, tendo em vista o uso
coletivo (Princípio I, Artigo 2o).
Princípios da PNMA
I. ação governamental considerando o meio
ambiente como um patrimônio público a
ser necessariamente assegurado e
protegido, tendo em vista o uso coletivo;
II. racionalização do uso do solo, do subsolo,
da água e do ar;
III. planejamento e fiscalização do uso dos
recursos ambientais;
IV. proteção dos ecossistemas;
...........
Objetivos da PNMA
I. compatibilização do desenvolvimento
econômico-social com a preservação da
qualidade do meio ambiente;
II. definição das áreas prioritárias de ação
governamental;
III. estabelecimento de critérios e padrões da
qualidade ambiental e de normas relativas ao
uso e manejo de recursos ambientais;
..........
Instrumentos da PNMA
padrões de qualidade ambiental;
zoneamento ambiental;
avaliação de impactos ambientais;
licenciamento de atividades poluidoras;
....................................
.....................................
Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA)
CONAMA Órgão Consultivo e Deliberativo
MMA Órgão Central
União, Estados e Municípios Órgãos setoriais federais, seccionais e locais
IBAMA Órgão Executivo
Conselho de Governo Órgão Superior
CONAMA
Congresso Nacional: cedeu ao CONAMA
parte de seu poder regulador.
CONAMA não substitui o Congresso, pois
não aprova Leis.
Rompeu com tradição de tomada de decisões de forma unilateral pelas autoridades governamentais: gestão compartilhada, participativa e mais transparente: mais legitimidade às decisões do setor ambiental.
CONAMA
Reduziu as tensões entre os vários
interessados e transformou-se, junto com
Conselhos Estaduais e Conselhos
Municipais em importante foro de debate e
resolução de conflitos;
Exemplo de democratização da gestão governamental e de incentivo à participação responsável da sociedade civil.
CONAMA
Competências:
estabelecer normas para o licenciamento de atividades poluidoras.
determinar a realização dos estudos de impacto ambiental.
estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais de controle da poluição causada por veículos automotores, aeronaves e embarcações.
estabelecer normas e padrões relativos ao controle da qualidade do meio ambiente.
Lei 6.938/81:
Os Estados, na esfera de suas competências e
nas áreas de sua jurisdição, elaborarão normas,
supletivas e complementares, e padrões
relacionados com o meio ambiente, observados
os que forem estabelecidos pela CONAMA.
Os municípios, observadas as normas e os
padrões federais e estaduais, também poderão
elaborar as normas mencionadas no parágrafo
anterior.
Estrutura do CONAMA
GOVERNOS
MUNICIPAIS
Composição do CONAMA
Plenário com 74 membros, presidido pelo
Ministro do Meio Ambiente (1994):
1 representante de cada Ministério, do IBAMA e das
demais Secretarias da P.R.;
1 de cada governo estadual e do Distrito Federal;
representantes da CNI, CNA e CNC, das Confederações
Nacionais dos Trabalhadores na Indústria, Comércio e
Agricultura, do IBS, da ABES e da FBCN;
2 indicados pelo Presidente da República;
cinco de ONGs, um de cada região do país.
1975: mais um membro, representante dos municípios.
32
2722
884
Governo Federal Governos Estaduais Trabalhadores e Sociedade Civil Governos Municipais Empresariado Honorário e Convidados
31
27
12
144
Governo Federal
Governos Estaduais
Trabalhadores eSociedade Civil
Governos Municipais
Empresariado
Honorário eConvidados
O novo CONAMA com maior representatividade da sociedade civil e local
101 membros
75 membros
Composição do CONAMA: Plenário com 101membros, presidido pelo Ministro MA:
32 representantes dos Ministérios, IBAMA, ANA e
demais Secretarias da P.R.;
27 dos Governos Estaduais e Distrito Federal;
8 dos Governos Municipais (1 por região geográfica,
mais ANAMMA, ABM e UVB);
21 de entidades de trabalhadores e da sociedade civil (2
ONGs ambientalistas por região mais ABES, FBCN);
8 de entidades empresariais: CNI (2), CNA e CNC, CNT,
SBS , IBS e ABAV;
3 convidados s/ direito a voto (MPF, MPEs e Comissão de
Defesa do Consumidor, M. Amb e Minorias da C. Deputados);
1membro honorário (convidado pelo Plenário).
Composição atual do CONAMA: Plenário com 108 membros:
39 representantes dos Ministérios, IBAMA, ANA e
demais Secretarias da P.R.;
27 dos Governos Estaduais e Distrito Federal;
8 dos Governos Municipais;
22 de entidades de trabalhadores e da sociedade civil;
8 de entidades empresariais: CNI (3), CNA e CNC (2),
CNTransportes, e Setor Florestal;
3 membros convidados s/ direito a voto (MPF, MPEs e
Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e
Minorias da Câmara dos Deputados) ;
1 membro honorário (indicado pelo Plenário).
Câmaras Técnicas do CONAMA (2008)
1. Assuntos Internacionais;
2. Atividades Minerárias, Energéticas e de Infraestrutura ;
3. Biodiversidade, Fauna e Recursos Pesqueiros
4. Controle e Qualidade Ambiental ;
5. Economia e Meio Ambiente; Florestas e Atividades
Agropastoris
6. Educação Ambiental ;
7. Florestas e Sistemas Agrossilvopastoris;
8. Gestão Territorial e Biomas;
9. Saneamento e Saúde Ambiental e Gestão de Resíduos
10. Unidades de Conservação e demais Áreas Protegidas
11. Assuntos Jurídicos
Câmaras Técnicas
10 conselheiros eleitos pela Plenária do CONAMA.
Consideradas: natureza técnica do assunto, finalidade
dos órgãos nela representadas e formação técnica ou
notória atuação na área ambiental de seus membros.
Cada entidade pode participar de até duas CTs. Cada
segmento (órgãos federais, estaduais, municipais,
empresariais e da Sociedade Civil) deverá estar
representado nas CTs.
Membros das CTs: mandato de dois anos, renovável
uma única vez, por igual período.
Câmaras Técnicas
- Presididas por um dos membros, eleito por maioria
simples dos votos.
- Decisões: maioria simples de seus membros.
Presidente: voto de qualidade.
- Ausência de um membro por três reuniões
consecutivas ou três alternadas no período de dois
anos: exclusão da instituição.
- Transparência: reuniões das CTs são públicas e
convocadas com antecedência mínima de 15 dias.
Câmaras Técnicas
Podem criar GTs para assuntos especializados.
CT Controle Ambiental, em 1999, 21 GTs:
Amianto, Assentamentos de Reforma Agrária, Auditorias
Ambientais, Balneabilidade, Baía de Guanabara,
Catalisadores, Construção Civil, Elaboração de Planos de
Emergência, Embalagens, Incineração, Ozônio, Petróleo,
Postos de Combustíveis e Serviços, Resíduos de Serviços
de Saúde, e Transgênicos.
GTs permitem ampla participação dos setores
interessados na solução de um problema.
Propostas dos GTs são aprovadas nas CTs, e passam
pela Câmara Técnica de Assuntos Jurídicos, antes da
decisão final pelo Plenário do CONAMA.
Decisões do CONAMA
Resolução - deliberação vinculada a diretrizes e
normas técnicas, critérios e padrões relativos à
proteção ambiental e ao uso sustentável dos
recursos ambientais.
Proposição - matéria ambiental a ser
encaminhada ao Conselho de Governo ou às
Comissões do Senado Federal e da Câmara dos
Deputados.
Recomendação - manifestação acerca da
implementação de Políticas e Programas
Públicos com repercussão na área ambiental .
Decisões do CONAMA (cont.)
Resolução
Proposição
Recomendação
Moção - manifestação, de qualquer natureza,
relacionada com a temática ambiental .
Decisão - multas e outras penalidades
impostas pelo IBAMA, em última instância
administrativa e grau de recurso.
Algumas resoluções do CONAMA
001/86: diretrizes gerais para
implementação da Avaliação de Impacto
Ambiental e dos Estudos de Impacto
Ambiental – EIA/RIMA.
018/86: institui, em caráter nacional, o
PROCONVE.
009/87: trata da Audiência Pública nos
processos de EIA/RIMA.
Algumas resoluções do CONAMA
005/89: instituiu o Programa Nacional de
Controle da Qualidade do Ar – PRONAR.
237/97: revisão dos procedimentos e
critérios utilizados no licenciamento
ambiental.
258/99: regula a coleta e destinação de
pneumáticos.
Conclusões
Criação do SISNAMA e CONAMA: incentivou a
participação da sociedade civil nas decisões e nas
atividades de proteção ambiental, e proporcionou
uma grande agilidade e flexibilidade no
desenvolvimento da legislação ambiental no nível
nacional.
O Brasil é o país da América Latina que apresentou,
nas últimas três décadas, o maior avanço no
tratamento dos temas sócio-ambientais e na
democratização da gestão ambiental.