0
UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO
FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA
CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL
PROPOSTA DE PLANEJAMENTO AMBIENTAL PARA
O MUNICÍPIO DE LAGOA VERMELHA
Aluna: Patrícia de Almeida Martins
Passo Fundo, 2009
1
Aluna: Patrícia de Almeida Martins
Orientadora: Aline Ferrão Custódio Passini, DSc.
PROPOSTA DE PLANEJAMENTO AMBIENTAL PARA
O MUNICÍPIO DE LAGOA VERMELHA
Trabalho de Conclusão de Cursoapresentado para obtenção do título deEngenheiro Ambiental pela Universidadede Passo Fundo.
Passo Fundo, 2009
2
RESUMO
Devido ao crescimento desordenado das cidades, a grande maioria apresenta graves
problemas de planejamento. Os mais constantes são: a geração exagerada de resíduos sólidos,
falta de local adequado para a disposição dos mesmos e a falta de conhecimento técnico para
a manutenção dos locais de disposição, o que acarreta em contaminações do solo, águas
superficiais e subterrâneas; o outro problema presente nos municípios é a inexistência de
tratamento para o efluente cloacal.
Assim, salientam-se ainda mais a importância de um planejamento e uma gestão
municipal preocupada com os efeitos que poluição está causando ao meio ambiente. Com
isso, é de extrema relevância a questão do Planejamento Ambiental nas cidades.
Através do Planejamento Ambiental é possível tomar decisões mais coerentes, para as
precauções de futuros desgastes ambientais. Podendo então propor soluções integradas, que
envolvam todas as áreas, fazendo com que todos os setores se envolvam na causa ambiental.
Visto isso, o presente trabalho objetivou a elaboração de sugestões a serem
implantadas no município de Lagoa Vermelha, relacionadas aos efluentes domésticos,
resíduos sólidos urbanos, água para abastecimento municipal e ainda outras ações que
melhorem a qualidade de vida das pessoas que aí residem.
Palavras-chaves: Planejamento Ambiental, Produção mais Limpa e Resíduos Sólidos
Urbanos.
3
ABSTRACT
Due the disorderly growth of the cities, the majority shown bad problem of planning.
The more constant are: the creation exaggeration of trash; failure of appropriate place to the
disposal and a failure of technical knowledge to the maintenance of place of disposal, what
cause in contamination of soil, surface and underground water; the other problem in the
cities is the nonexistent of treat effluent.
Thus, accentuate still more the importance of a planning and a town management
preoccupy with the effects of pollution is cause to the environmental. In such case, is the more
importance the environmental planning in the cities.
In such case, the present work purpose the elaboration of suggestion to Lagoa
Vermelha city, with effluent, trash, water.and still other actions what better quality health of
people.
Keywords: Environmental Planning, Cleaner Production and trash
[
Di
git
e
um
a
cit
açã
o
do
do
cu
me
nto
ou
o
res
um
o
de
um
a
qu
est
ão
int
ere
ssa
nte
.
Vo
cê
po
de
po
sic
ion
ar
a
cai
xa
de
4
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Roteiro de trabalho para formulação do Planejamento Ambiental. ..........................17
Figura 2: Metodologia utilizada para elaboração de Mapa de Risco........................................20
Figura 3: Relação entre dimensões e princípios de sustentabilidade específicos para os
sistemas urbanos de abastecimento de água e esgotamento sanitário. .....................................23
Figura 4: Composição dos resíduos sólidos domiciliares em porcentagem em diferentes
países.........................................................................................................................................27
Figura 5: Fluxo simplificado de um sistema de gerenciamento integrado de resíduos sólidos
domiciliares...............................................................................................................................33
Figura 6: Fases do processo de compostagem..........................................................................35
Figura 7: Esquema de uma célula fotovoltaica.........................................................................38
Figura 8: Funcionamento da célula a combustível. ..................................................................39
Figura 9: Esquema de produção de hidrogênio a partir de diferentes formas de energia.........40
Figura 10: Ilustração da Produção mais Limpa. .......................................................................53
Figura 11: Fluxograma representativo do processo de confecção deste trabalho.....................58
Figura 12: Imagem informativa do município de Lagoa Vermelha. ........................................60
Figura 13: Distribuição dos distritos pertencentes à Lagoa Vermelha. ....................................61
Figura 14: Gráfico representativo do crescimento populacional do município........................64
Figura 15: Composição gravimétrica (%) dos resíduos coletados manualmente em duas
profundidades............................................................................................................................68
Figura 16: Composição gravimétrica (%) dos resíduos coletados com retroescavadeira em três
profundidades............................................................................................................................68
Figura 17: Gráfico que representa o Produto Interno Bruto de Lagoa Vermelha.....................71
Figura 18: Representação da vegetação presente na área do Estado. .......................................72
Figura 19: Representação da vegetação presente na área do Estado. .......................................73
Figura 20: Representação das Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Sul............74
Figura 21: Delimitação da área da Bacia Hidrográfica Taquari-Antas. ...................................75
[
Di
git
e
u
m
a
cit
aç
ão
do
do
cu
m
en
to
ou
o
res
u
m
o
de
u
m
a
qu
est
ão
int
er
es
sa
nt
e.
V
oc
ê
po
de
po
sic
5
Figura 22: Imagem da área pertencente ao município de Lagoa Vermelha, destacando o Rio
Passinho Fundo. ........................................................................................................................76
Figura 23: Carta de geomorfologia do município.....................................................................77
Figura 24: Carta de suscetibilidade a erosão. ...........................................................................78
Figura 25: Biomas presentes no Estado do Rio Grande do Sul. ...............................................81
Figura 26: Container sugerido para o acondicionamento temporário de resíduos. ..................85
Figura 27: Localização dos coletores temporários propostos...................................................85
6
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Destino dos resíduos sólidos urbanos no ano de 2002 em porcentagem..................26
Tabela 2: Destinação final dos resíduos brasileiros..................................................................26
Tabela 3: Diretrizes para qualidade da água par irrigação........................................................46
Tabela 4: Principais problemas resultantes da falta de manejo na irrigação e drenagem não
sustentável e medidas mitigatórias apropriadas........................................................................47
Tabela 5: Parâmetros da qualidade da água no ponto de captação e após o tratamento...........66
7
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Padrão de cores orientadas de acordo com a Resolução do CONAMA no 257 de 25
de abril de 2001.........................................................................................................................30
Quadro 2: Classes de vulnerabilidade à contaminação para mapas hidrogeológicos...............42
Quadro 3: Resíduos Gerados e seus destinos............................................................................55
Quadro 4: Produção agrícola no município de Lagoa Vermelha..............................................71
8
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................10
2 JUSTIFICATIVA.................................................................................................12
3 OBJETIVOS .........................................................................................................14
3.1 OBJETIVO GERAL .......................................................................................14
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS..........................................................................14
4 REVISÃO DE LITERATURA............................................................................15
4.1 PLANEJAMENTO AMBIENTAL.................................................................16
4.1.1 Zoneamento Ambiental .............................................................................18
4.1.2 Sustentabilidade Municipal .......................................................................21
4.2 RESÍDUOS SÓLIDOS ...................................................................................24
4.2.1 Compostagem............................................................................................34
4.3 ABASTECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA..........................................37
4.4 EFLUENTE DOMÉSTICO ............................................................................40
4.5 RECURSOS HÍDRICOS ................................................................................43
4.6 ABASTECIMENTO DE ÁGUA ....................................................................49
4.7 POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA .......................................................................52
4.8 PRODUÇÃO MAIS LIMPA ..........................................................................52
4.8.1 Produção mais Limpa na Indústria Moveleira ..........................................54
5 METODOLOGIA.................................................................................................58
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................60
6.1 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO .......................................................60
6.1.1 História ......................................................................................................62
6.2 ASPECTOS DE LAGOA VERMELHA ........................................................64
6.2.1 Abastecimento de Água ............................................................................64
6.2.2 Resíduos Sólidos .......................................................................................67
6.2.3 Energia ......................................................................................................70
6.2.4 Economia...................................................................................................70
9
6.2.5 Recursos Hídricos .....................................................................................74
6.2.6 Caracterização do Solo..............................................................................76
6.2.7 Caracterização da Flora .............................................................................80
6.2.8 Caracterização da Fauna............................................................................82
6.3 ÁGUA DE ABASTECIMENTO ....................................................................82
6.4 ÁGUA PARA IRRIGAÇÃO ..........................................................................83
6.5 PRODUÇÃO MAIS LIMPA ..........................................................................83
6.5.1 Certificação Municipal ..............................................................................83
6.5.2 Efluente Cloacal ........................................................................................83
6.5.3 Resíduos Sólidos .......................................................................................84
6.5.4 Bolsa de Alimentos ...................................................................................86
6.5.5 Indústria Movelereira ................................................................................86
7 CONCLUSÃO.......................................................................................................87
7.1 SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTUROS............................................87
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................88
ANEXOS......................................................................................................................94
10
1 INTRODUÇÃO
Percebe-se no panorama atual um grave problema com relação ao planejamento das
cidades. A maioria delas encontram-se com sérios problemas de zoneamento, fato que leva a
poluição e degradação de sistemas naturais, ou ainda, prejuízos financeiros às famílias, que
não poucas vezes, são aconselhadas a abandonarem suas casas por risco de enchente e
desmoronamento das encostas onde as residências são construídas.
Tendo em vista a necessidade de preservar os recursos naturais, o Código Florestal Lei
Federal 4.771 de 15/09/65, apresenta normas que visam à proteção das florestas e demais
formas de vegetação, instituindo as áreas de preservação permanente e a reserva legal. Esta
tem a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade
geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico da fauna e flora, proteger o solo e assegurar o
bem-estar público. (CASAGRANDE, 2005)
A legislação ambiental bem como o estatuto das cidades, tem grande envolvimento na
questão ambiental, pois é através destes instrumentos que será possível a adequação ambiental
nos municípios, propiciando a preservação de áreas vulneráveis, a correta destinação dos
resíduos gerados nas localidades e regulará a implantação de indústrias.
A questão do planejamento municipal deve ser vista como forma de melhoramento da
vida dos munícipes, e uma oportunidade de preservação dos recursos naturais sendo possível
assim o cumprimento da legislação vigente.
O Planejamento, segundo Almeida et al. (1993) não é um produto acabado, mas um
processo político/administrativo. Propõe-se que o município e a população que nela reside,
envolvam-se como agentes de correção, adaptação e concretização das ações propostas.
Entre as estratégias prioritárias para a sustentabilidade das cidades brasileiras
encontram-se: “a necessidade de aperfeiçoamento no uso, ocupação e ordenamento territorial,
o desenvolvimento institucional e a gestão democrática, a mudança no padrão da produção e
consumo da cidade e o desenvolvimento e estímulo à aplicação de instrumentos econômicos
no gerenciamento de recursos naturais, visando à sustentabilidade urbana” (SABESP, 2005).
11
Nesse contexto percebe-se a importância da introdução da sustentabilidade urbana nas
cidades brasileiras, apesar das enormes dificuldades encontradas para sua implementação que
se inserem na questão da aplicação da gestão urbana e ambiental.
Frente a essa problemática o presente trabalho está estruturado em Introdução,
Justificativa, Objetivos, Revisão Bibliográfica, Metodologia, Resultados e Conclusão.
Nos capítulos de Introdução, Justificativa e Objetivos, será esclarecido o tema do
trabalho e realizada uma pequena ilustração da discussão que será ampliada posteriormente.
No capítulo Revisão Bibliográfica será apresentado temas como Planejamento
Ambiental, Resíduos Sólidos, Efluentes Domésticos, Recursos Hídricos, Tratamento da Água
para Abastecimento e Produção mais Limpa. Tais assuntos servirão de base e referencial
teórico para propostas futuras ao município de Lagoa Vermelha.
O item Metodologia conterá os caminhos para elaboração dos resultados do trabalho,
bem como estudo da situação ambiental atual do município em questão.
Constará no capítulo Resultados à proposição de ações para o município dentro da
área de Produção mais Limpa com a reestruturação da geração e disposição dos resíduos
sólidos, reaproveitamento do efluente cloacal e a conscientização da população.
E por fim o capítulo de Conclusão irá dissertar sobre os resultados obtidos, fazendo
uma análise de sua relevância para o contexto em que o município está inserido.
12
2 JUSTIFICATIVA
Uma rápida analise comparativa de qualidade de vida das pessoas há um século atrás e
hoje em dia, revela que houve significativas melhoras em alguns aspectos e pioras em outras,
à custa do crescente consumo do que se convencionou denominar recursos naturais. Face ao
crescimento populacional, as atividades humanas passaram a ser realizadas em grande escala,
desde o consumo de água potável, exploração de minérios, petróleo, madeiras nativas, e
outros, até as necessidades de espaço para construir e ampliar cidades, estradas, hidrelétricas,
dispor lixo, esgotos e muito mais. (TEIXEIRA, 1998)
O processo de explorar e reordenar parcelas da natureza para obter benefícios,
obrigatoriamente causa alterações nos ecossistemas, em vários graus de intensidade, criando
desequilíbrios ambientais indesejáveis, a chamada degradação ambiental, prejudicial ao
próprio ser humano.
Diante desses fatos, fica evidente a necessidade de se conhecer a capacidade de
suporte do ambiente as ações antrópicas, no sentido de se planejar, de forma técnica e
integrada, a sua utilização, o que significa adotar um desenvolvimento sustentado.
Nesse contexto, e considerando que as economias dos recursos naturais e da poluição
situam-se na esfera dos bens públicos, é absolutamente necessária a intervenção do Estado.
No sentido de restringir o livre acesso a certos recursos naturais e reduzir a geração de
externalidades negativas na utilização dos mesmos.
Passa então a ser competência do administrador público a preocupação de agir de
forma eficiente e eficaz, no âmbito de abrangência de sua instituição, para garantir que o
direito de todos a um ambiente ecologicamente equilibrado não seja violado pelo indivíduo.
(TEIXEIRA, 1998)
Apesar, da responsabilidade do setor público de assegurar à população um ambiente
saudável, por não poucas vezes esse encargo torna-se de certa forma um entrave para o
administrado, visto que em diversas localidades existe a dificuldade de possuir recursos
humanos capacitadas a esse tema.
13
Nesse sentido, este trabalho mostra-se de grande valia, pois nele está presente
exemplos de planejamento municipais, que poderá ser aplicado em outros municípios com
características semelhantes ao de Lagoa Vermelha/RS.
14
3 OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
Este trabalho tem a finalidade de explorar as possibilidades de planejamento do
município de Lagoa Vermelha/RS, visto que, na maioria das cidades brasileiras existe a
carência de informações e pessoal realmente capacitado para elaboração de diretrizes para a
proteção ambiental do município.
O objetivo geral é apresentar possibilidades para melhoramento ambiental do
município de Lagoa Vermelha e também servir de guia para cidades de similar porte.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Os objetivos detalhados do presente trabalho são os que seguem:
Elaborar um diagnóstico ambiental do município de Lagoa Vermelha;
Pesquisar na literatura soluções para os principais problemas de Lagoa
Vermelha;
Verificar a possibilidade das ações propostas na literatura.
15
4 REVISÃO DE LITERATURA
Os planejamentos ambientais segundo Santos (2004) são organizados dentro de uma
estrutura que envolve pesquisa, análise e síntese. A pesquisa tem o objetivo de reunir e
organizar dados para facilitar sua interpretação. Após a organização, é feita a análise dos
dados obtidos. A síntese refere-se à aplicação dos conhecimentos alcançados para a tomada de
decisões.
Segundo Almeida et al. (1993) o planejamento tem uma série de etapas a seguir, sendo
expressas linearmente, sucedendo-se umas após as outras, o processo é cíclico e se realimenta
constantemente, gerando soluções e propostas num processo contínuo de tomada de decisões.
Teixeira (1998) avalia que problemas de recursos, energia, ambiente, população e
desenvolvimento só poderão ser corretamente percebidos quando examinados em suas
relações mútuas, o que implica em um quadro conceitual unificado de planejamento.
Esse quadro inclui ações nas áreas que remetem a sustentabilidade urbana, com
envolvimento nas áreas ambientais econômicas e sociais (MAGLIO, 2005).
Maglio (2005) ainda afirma que o meio ambiente é um sistema, composto por um
conjunto de partes que se integram, de tal forma que se tornem uma dependente das outras.
Esta complexidade por muitas vezes não é tratada de forma adequada, gerando problemas na
sustentabilidade urbana.
O mesmo autor identifica ameaças à sustentabilidade urbana no município de São
Paulo, dentre elas destacam-se: (MAGLIO, 2005).
Degradação do ambiente natural, com redução das áreas cobertas por
vegetação natural e perda de habitat;
Qualidade das águas, proteção a mananciais e escassez de recursos hídricos;
Insuficiência das redes de esgotos, e lançamento dos mesmos in natura em
recursos hídricos.
Como podem ser observados, os problemas apresentados são genéricos a maioria das
cidades brasileiras.
16
Outra realidade presente nas áreas urbanas é a questão da urbanização, que para as
pessoas mais pobres ocorre à exclusão social e territorial, dificultando o acesso à infra-
estrutura. Fato que leva a ocupação de áreas com maior fragilidade ambiental, promovendo a
supressão de vegetação e alterações inadequadas do solo, que provocam deslizamentos,
inundações e outras formas de desastres.
Outro problema verificado nos municípios, mas principalmente em municípios de
porte maior, é a poluição do ar. Este fato deve-se as indústrias e automóveis que liberam
gases, partículas inaláveis, poluentes como óxidos nitrogênio (NOx), dióxido de enxofre
(SO2), monóxido de carbono (CO) e material particulado entre outros. A inalação dessas
substâncias causa doenças respiratórias e cardiovasculares.
A qualidade das águas de captação para o abastecimento da população também é um
fator determinante no planejamento ambiental, visto que, os recursos hídricos que provêm o
abastecimento, muitas vezes encontram-se deteriorados pela ocupação no entorno ser
inadequada, havendo indústrias ou prática de agricultura nas proximidades.
Os resíduos sólidos são a grande preocupação dos dirigentes municipais, devido ao
fato de não haver áreas propícias para a sua adequada disposição, ou formas de tratamentos
vantajosas financeiramente. Uma das causas dessa problemática é a falta de políticas públicas
que incentivem a redução na geração de resíduos domésticos, e sua separação para posterior
reciclagem (MAGLIO, 2005).
4.1 PLANEJAMENTO AMBIENTAL
O Planejamento Ambiental pode ser entendido como um processo, com
desenvolvimento de técnicas, elaborado como um sistema estruturado, que envolve etapas
distintas, identificando os objetivos e criando procedimentos e programas para atingi-los,
visando à melhoria da qualidade de vida em uma escala espacial e temporal, conciliando
desenvolvimento e qualidade ambiental (CASAGRANDE, 2005).
Em planejamentos ambientais, é fundamental entender a cultura e as formas
específicas com que as populações manejam seus recursos naturais. Também é fundamental
uma previsão acurada e integrada dos impactos oriundos de ações, manejos e projetos
17
propostos para a área de planejamento, bem como a intensidade da pressão direta ou indireta
que eles impõem sobre o local (SANTOS, 2004).
Teixeira (1998) apresenta uma proposta de trabalho para o Planejamento Ambiental,
como pode ser verificado na Figura 1 seguinte.
Figura 1: Roteiro de trabalho para formulação do Planejamento Ambiental.
Fonte: Teixeira (1998)
De acordo com ilustração acima, na etapa de formulação e execução de políticas, as
mesmas, devem ser dinâmicas, exigindo a existência de uma estrutura permanente,
representativa da população e capacitada para tal.
Dentre os instrumentos e políticas que o governo usa para intervir e proteger da ação
degradadora do homem, o mais difundido e utilizado são as leis, cuja eficiência aumenta
18
proporcionalmente ao nível das sanções previstas. Os instrumentos jurídicos procuram
estabelecer limitações legais às condutas e atividades que causam externalidades negativas ao
ambiente, induzidas pelo processo de licenciamento ambiental e pelas penalizações
administrativa, civil e penal aos infratores, sejam pessoas físicas, jurídicas, autoras, co-autoras
ou partícipes dos crimes.
A Educação Ambiental também é um instrumento para promoção da consciência
crítica da sociedade com relação à proteção ambiental, através de campanhas públicas,
seminários, palestras e material impresso, administrado pelo município.
Segundo Skinner et al. (1996) apud Teixeira (1998) consideram que os governos
locais possuem uma variedade de instrumentos econômicos à sua disposição que podem ser
empregados para alcançar objetivos ambientais. O elemento comum a todas estas ferramentas
é que elas usam as forças do mercado para encorajar comportamentos desejáveis para com o
meio ambiente. A maior parte destes instrumentos inclui:
Estrutura de preços de serviços públicos como água, esgoto e lixo, o que leva o
usuário a fazer escolhas ambientalmente saudáveis;
Cobrança de taxas ambientais e sobretaxas para práticas de altos custos
ambientais;
Incentivos e bonificações para comportamentos ambientais desejáveis.
A segunda etapa do processo de planejamento ambiental é o diagnóstico ambiental,
que consiste na identificação, caracterização e mapeamento de todos os ecossistemas naturais
e antrópicos que ocorrem no território municipal, constituídos por dois grupos de fatores:
fatores do ambiente físico e biótico.
É a partir da análise do diagnóstico que a equipe de planejamento identificará e
avaliará os impactos, elaborando alternativas e soluções.
Com o diagnóstico será possível definir zonas que devido a suas características
ambientais, possibilitem a realização de atividades diversas, atentando para os riscos e
fragilidades ambientais da área.
4.1.1 Zoneamento ambiental
O crescimento das cidades, no Brasil, têm sido intenso nas últimas décadas,
demandando medidas corretivas e de planejamento territorial na gestão das áreas urbanas e do
19
município como um todo. Neste âmbito, a legislação federal exige que municípios com mais
de 20 mil habitantes elaborem o seu plano diretor (RODRIGUES; AUGUSTO, 2009).
Muitas das experiências de elaboração e aplicação, deste instrumento de planejamento,
já realizadas têm apresentado limitações diversas, e entre estas, a não consideração adequada
dos aspectos do meio físico, em particular os de natureza geotécnica, de terrenos ocupados ou
a serem ocupados pelas cidades (RODRIGUES; AUGUSTO, 2009).
As constantes mudanças no uso e cobertura do solo provocam alterações no balanço
de água, com reflexos nas camadas superficiais e sub-superficiais do solo, resultando em
erosão, transporte de sedimentos e elementos químicos, bem como causando modificações
nos ecossistemas e na qualidade da água (TOLEDO, 2001 apud CASAGRANDE, 2005).
A utilização do solo acima de sua capacidade e o uso e manejo inadequado do solo,
também aceleram o processo da erosão. A degradação do mesmo ainda pode ser acelerada
pela alta intensidade de gado, a qual conduz para a degradação da vegetação e altera a
compactação do solo (GOBIN et al., 2003).
Na área rural, o controle da erosão é muito complexo, por envolver questões tanto de
ordem técnica como sócio-econômica, que devem ser conjuntamente avaliadas, visando a
adoção de uma política que contemple a manutenção ou aumento de potencial produtivo de
terras. Nas questões técnicas destacam-se, a utilização adequada de práticas de conservação
do solo, visando o planejamento da ocupação agrícola, considerando a capacidade do uso das
terras (GUERRA et al., 1999).
Na zona urbana, de acordo com Chiquito (2006) o processo de expansão urbana
através da implantação de loteamentos, é considerado o principal responsável pelo
agravamento das voçorocas. Sua localização em áreas não apropriadas sob o ponto de vista
geotécnico, a deficiência na instalação de infra-estrutura, a abertura em períodos chuvosos e o
longo de período de exposição do mesmo, a deficiência do sistema de drenagem de águas
pluviais e servidas, traçado inadequado do sistema viário, agravado muitas vezes pela falta de
pavimentação, guias e sarjetas, são fatores que estão relacionados ao agravamento dos
processos erosivos.
O mapeamento geotécnico pode fornecer informações essenciais ao planejamento
urbano, tais como a seleção de área adequada à expansão urbana e/ou contribuição na
obtenção de um plano urbano e regional respeitando e protegendo o ambiente de forma
econômica (Mendes, 2001 apud RODRIGUES; AUGUSTO, 2009).
A Carta de Risco Potencial de Erosão tem a finalidade de subsidiar o processo de
planejamento municipal, com orientações para definição de áreas mais aptas a ocupação
20
urbana, por exemplo, a escolha de futuras instalações de loteamentos, atualmente, as maiores
fontes potenciais de erosão. Tal procedimento pode ser orientado pela Figura 2.
Figura 2: Metodologia utilizada para elaboração de Mapa de Risco.
Fonte: IPT, 1998 apud Chiquito, 2006.
Três grupos de aspectos geotécnicos devem ser observados para melhor ocupação
urbana, são eles: Grupo A: relacionados aos fenômenos de geodinâmica externa, ou seja, os
processos como erosão pluvial e inundações que podem acarretar graves problemas para a
urbanização; Grupo B: são os que determinam as propriedades do terreno, descrevendo as
características dos materiais (rochas e solos), do relevo local e das condições de drenagem e
água subterrânea; Grupo C: relacionados às áreas que contenham jazidas minerais, às Áreas
de Proteção Permanente (APP), às Reservas Ambientais e às áreas de recarga de aqüíferos
(RODRIGUES; AUGUSTO, 2009).
Uma das formas de se obter informações sobre o uso e cobertura do solo é através do
mapeamento com sensores aerotransportados e orbitais. Assim, a fotointerpretação, que
consiste na utilização de métodos ou técnicas na análise de imagens e permite a obtenção de
informação significativas e confiáveis nos diferentes ramos da ciência da terra, tem como
finalidade examinar a imagem de um objeto para identificá-lo e deduzir o seu significado
(ROSA, 2001 apud CASAGRANDE, 2005).
De acordo com Dias, (2002) o mapa digital de Proximidades associado ao mapa digital
de Dados Básicos identifica e classifica o espaço urbano, alocando as vias de transporte,
rodovias, apresenta as áreas urbanas permitindo a visualização territorial, servindo de subsídio
para um planejamento territorial ordenado. Pode-se delimitar também a ocupação do solo
21
criando meios que impeçam a proliferação de áreas com instabilidades ambientais e distinguir
áreas vocacionais, que propiciem um uso compatível ao seu potencial. Para geração desse
mapa foram adotados procedimentos como visitas de campo, interpretação de documentos
cartográficos, imagem Landsat TM e mapeamento por geoprocessamento. Os dados e
informações foram tratados segundo metodologia/tecnologia Sistema de Análise
Geoambiental SAGA/UFRJ de SILVA e CARVALHO (1993).
Uma das grandes utilidades da cartografia geotécnica é fornecer informações ao
planejamento urbano e regional, determinando o melhor uso e ocupação possível à área
estudada, e também promover a sustentabilidade ambiental adequada a atividades antrópicas
ao meio físico com o mínimo de danos (RODRIGUES; AUGUSTO, 2009).
4.1.2 Sustentabilidade municipal
O conceito do “Desenvolvimento Sustentável” foi definido pela Comissão Mundial de
Desenvolvimento e Meio Ambiente em 1987, que consiste em “atender as necessidades da
geração presente sem comprometer as habilidades das gerações futuras de atenderem as suas
próprias necessidades.”
O desenvolvimento sustentável é o grande desafio que se mostra ao ser humano no
novo milênio, em que a realidade que se apresenta é o intenso crescimento econômico e a
concentração de processos produtivos devido à economia de escala; à concentração
populacional e a urbanização desordenada; à escassez dos recursos naturais e o seu uso
racional; à industrialização e modernização, além de muitas outras ações. Esta realidade
desequilibra o tripé do desenvolvimento sustentável, que leva em consideração os aspectos
sociais, econômicos e ecológicos (KINLAW, 1997 apud SCHNEIDER, 2001).
O crescimento desordenado das cidades e as intensas atividades antrópicas,
transformam o meio ambiente, causando problemas de natureza física, social e econômica.
Neste contexto, a busca pela sustentabilidade nos municípios é cada vez maior, e para isto
criam-se instrumentos de planejamento e gestão de políticas públicas (RODRIGUES;
AUGUSTO, 2009).
A adoção de políticas públicas buscando a sustentabilidade urbana implica em
repensar o modelo de desenvolvimento adotado e as interfaces da questão ambiental com os
componentes sociais e econômicos. Trata-se, portanto, de uma gestão sustentável do espaço
22
urbano, tendo em vista estratégias de inclusão social, equidade nos acessos aos recursos
ambientais e a realização da justiça ambiental (CEZARE; MALHEIROS; PHILIPPI, 2007).
A promoção da sustentabilidade deve seguir modelos cíclicos de aperfeiçoamento
contínuo, por meio de avaliação de processos e resultados, promovendo novos debates sobre
questões e necessidades chaves, reflexão e revisão da visão do desenvolvimento, tomada de
decisão e ajuste do sistema (CEZARE; MALHEIROS; PHILIPPI, 2007).
Para isso, é necessário que a administração municipal tenha um Diagnóstico
Ambiental de seu território, com uma perspectiva de longo prazo sobre os problemas que
estão enfrentando e os que estão por vir. E, a partir daí, desenvolver ações concretas para
solucionar os problemas atuais e prevenir os futuros (SCHNEIDER, 2001). Segundo a
FAMURS (1998) o governo municipal deve assumir integralmente a responsabilidade de
guiar o desenvolvimento sustentável, bem como os critérios de equidade social,
desenvolvimento econômico e proteção ambiental.
Pela abordagem de Braga et al. (2004), um município é considerado mais ou menos
sustentável à medida que é capaz de manter ou melhorar a saúde de seu sistema ambiental,
minorar a degradação e o impacto antrópico, reduzir a desigualdade social e prover os
habitantes de condições básicas de vida, bem como de um ambiente construído saudável e
seguro, e ainda de construir pactos políticos que permitam enfrentar desafios presentes e
futuros.
A avaliação da sustentabilidade é de extrema importância para promover o aumento da
qualidade de vida da população, garantindo saúde, acesso aos serviços, melhorias no sistema,
entre outros fatores, sendo possível a partir do monitoramento de indicadores para os sistemas
urbanos de água e esgoto (MIRANDE e TEIXEIRA, 2004).
Na Figura 3, apresentada na seqüência, é esclarecida a relação da infra-estrutura de
sistemas como abastecimento de água e esgoto na questão da sustentabilidade.
Em complementação a Figura 3, a questão dos resíduos sólidos também é muito
presente na administração municipal, pois tem sido responsável pela autuação de inúmeros
municípios pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (FEPAM), por inobservância à Lei
9.921 de 1993, que dispõe sobre a gestão dos resíduos sólidos. Esse fato deu origem a 28,59%
dos projetos (usina de reciclagem e compostagem, coleta seletiva e aterro sanitário). Como
órgão ambiental exige a apresentação de projeto, para fins de licenciamento, é alto o número
de prefeituras que tratou de elaborá-los, elas próprias, ou através de empresas de consultoria,
que são especializadas nos aspectos técnicos e familiarizadas com os procedimentos
protocolares legais, para aprovação na FEPAM (TEIXEIRA, 1998).
23
.
Figura 3: Relação entre dimensões e princípios de sustentabilidade específicos para os
sistemas urbanos de abastecimento de água e esgotamento sanitário.
Fonte: Mirande e Teixeira (2004).
A seguir são apresentadas, boas sugestões de desenvolvimento sustentável em
municípios.
Na cidade de Curitiba, Paraná, que com o objetivo de conscientizar a população
carente, desenvolveu-se um projeto que merece destaque devido o seu caráter social. O
Programa Câmbio Verde beneficia 17.000 pessoas de baixa renda. A prefeitura troca quatro
quilos de lixo reciclável por sacolas de frutas e verduras, e em locais de difícil acesso de
coleta domiciliar, ocorre a troca de lixo não reciclável por alimento (SCHNEIDER, 2001).
Em Belo Horizonte desenvolve-se um sistema pioneiro de coleta, processamento e
distribuição de alimentos perecíveis próprios para o consumo humano, que não foram
comercializados em supermercados e sacolões e que são distribuídos para uma população
residente em áreas de extrema exclusão social (BESEN, 2005 apud JACOBI; BESEN, 2006).
Outro exemplo bem sucedido de estímulo a responsabilidade ambiental foi o adotado
pela cidade de Blumenau, Estado de Santa Catarina, criou-se um programa de Certificação
Ambiental, com a finalidade de controlar a poluição causada pelas empresas de pequeno porte
que não tem condições de investir em consultoria especializada. A adesão é voluntária, sem
custos para a empresa, com o compromisso de atingir os objetivos definidos pelo programa
(SCHNEIDER, 2001).
24
Segundo Maimon (1996) a política ambiental de uma região depende, em primeiro
lugar, da preferência social pelo meio ambiente e da disponibilidade de recursos financeiros,
técnicos e humanos necessários a sua implantação. Esta preferência social pelo meio ambiente
demarca o nível de poluição socialmente aceitável, isto é, quanto de incômodo à sociedade
está disposta a suportar e, sobretudo, qual a contrapartida de recursos que está disposta a abrir
mão para melhorar seu ambiente.
Sendo assim, o planejamento ambiental, respeitando as limitações apresentadas pelo
meio físico à implantação das atividades humanas, é possível conciliar crescimento
econômico e preservação ambiental na tentativa de atender o “Desenvolvimento Sustentável”
(GUERRA et al. apud CASAGRANDE, 2005).
4.2 RESÍDUOS SÓLIDOS
Para a Associação Brasileira de Normas Técnicas através da NBR 10.004/87, os
resíduos são divididos em três classes:
Resíduos classe I ou perigosos são os resíduos sólidos ou misturas de resíduos
que em função de suas características de inflamabilidade, corrosividade,
reatividade, toxicidade e patogenicidade podem apresentar riscos a saúde
pública, provocando ou contribuindo para o aumento de mortalidade ou
incidência de doenças e/ou apresentar efeitos adversos ao meio ambiente
quando manuseados ou dispostos de forma inadequada;
Resíduos classe II A ou não perigosos e não inertes, são os resíduos sólidos ou
misturas de resíduos que são classificados segundo as características como
biodegrabilidade ou solubilidade em água;
Resíduos classe II B ou não perigosos e inertes, são resíduos que segundo a
NBR 10007 – amostragem de resíduos, e a NBR 10006 – solubilização de
resíduos, não tenham nenhum de seus constituintes solubilizados em
concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água.
Todos os tipos de resíduos, independente de sua classificação, exigem um controle de
quantidade, sua origem e seu destino final, através de instrumentos de gestão de resíduos.
25
Enquanto o crescimento populacional passou de 146 para 170 milhões de habitantes
(16,4%), a geração de resíduos sólidos domiciliares passou de 100 a 140 mil toneladas por dia
(49%), ou seja, três vezes maior. A produção crescente dos resíduos sólidos resulta de vários
fatores: o crescimento demográfico acelerado e a longevidade, o processo intensivo de
industrialização, a concentração da população em cidades, e os padrões insustentáveis de
produção e consumo da sociedade moderna (JACOBI; BESEN, 2006).
A gestão e a disposição inadequada dos resíduos sólidos também causam impactos
socioambientais, principalmente: a degradação do solo, o comprometimento dos corpos
d’água e mananciais, a contribuição para a poluição do ar e proliferação de vetores de
importância sanitária nos centros urbanos, a catação de lixo em condições insalubres nos
logradouros públicos e nas áreas de disposição final (JACOBI; BESEN, 2006).
De acordo com pesquisa realizada pelo IBGE (2003), 228.413 t/dia de resíduos sólidos
foram coletados no Brasil em 2000. A maior parte desses resíduos foi disposta no solo, seja de
forma adequada (aterros sanitários e compostagem) ou inadequada (lixões), representando o
equivalente a 22% do total coletado e 30% dos resíduos sólidos gerados no Brasil não
coletados. Embora essa pesquisa indique uma melhoria na situação dos resíduos sólidos do
País, a pesquisa anterior indicava que 76% dos resíduos sólidos urbanos eram dispostos em
lixões (IBGE, 2003 apud ZANCHETTA, 2007).
Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geoestatística em 2000, 98 %
dos municípios que possuem coleta de lixo no país, o fazem de maneira simples, isto é, sem a
separação dos resíduos para posterior reciclagem. Na Tabela 1, observa-se a disparidade entre
países, apresentando a característica de países desenvolvidos terem como destino final dos
seus resíduos a incineração e realização de reciclagem, o que se contrapõe a situação
Brasileira em que o resíduo em quase toda sua totalidade é disposto em aterro ou lixões e uma
pequena porcentagem destinado a reciclagem.
Em escala nacional, o que se verifica é um sistema de gerenciamento de resíduos
sólidos que preconiza a tecnologia “fim de tubo”, ou seja, apresenta avanços limitados na
questão da minimização da geração dos resíduos, pois a preocupação maior das
administrações municipais ainda se concentra na destinação final dos resíduos e não na
prevenção da fonte geradora. Esse diagnóstico pode ser observado na Tabela 2 abaixo.
26
Tabela 1: Destino dos resíduos sólidos urbanos no ano de 2002 em porcentagem.
País Disposição nosolo
(aterro/lixões)
Incineraçãocom
recuperação deenergia
Compostagem Reciclagem
Brasil 90,0 - 1,5 8,0México 97,6 - - 2,4
Estados Unidos 55,4 15,5 - 29,0Alemanha 50,0 30,0 5,0 15,0
França 48,0 40,0 - 12,0Suécia 40,0 52,0 5,0 3,0
Austrália 80,0 < 1 < 1 20,0Israel 87,0 - - 13,0Grécia 95,0 - - 5,0Itália 80,0 7,0 10,0 3,0
Reino Unido 83,0 8,0 1,0 8,0Holanda 12,0 42,0 7,0 39,0
Suíça 13,0 45,0 11,0 31,0Dinamarca 11,0 58,0 2,0 29,0
Fonte: CEMPRE 2004 apud Besen, 2006.
Tabela 2: Destinação final dos resíduos brasileiros
Unidades de destinação final
do lixo coletado
Municípios brasileiros
(total 8.381)
Vazadouro a céu aberto 5.993
Vazadouro em áreas alagadas 63
Aterro controlado 1.868
Aterro sanitário 1.452
Aterro de resíduos especiais 810
Usina de compostagem 260
Usina de reciclagem 596
Incineração 325
Fonte: IBGE (2000) modificado.
Existe uma correlação entre a quantidade e a qualidade de resíduos sólidos
domiciliares gerados e as condições econômicas dos países. Observa-se que em países de
baixa renda a geração de resíduos é menor, assim como a quantidade de material reciclável
encontrada em sua composição (OPS, 2005 apud BESEN, 2006).
27
Fatores como: dia e semana do mês, condições climáticas, datas comemorativas e
desempenho da economia influenciam na quantidade de lixo gerado (BRAGA, et al. 2008).
A quantidade de resíduos gerados também é proporcional ao Produto Interno Bruto
(PIB) do local. Em geral, quanto maior o PIB de um país maior é a quantidade gerada de
resíduos sólidos e maior é a fração de materiais como o plástico, o papel, o alumínio, o vidro,
etc, sendo, portanto, menor a fração dos materiais orgânicos (ESCOSTEGUY, 2003 apud
ZANCHETTA, 2007). O fato mencionado pode ser verificado na Figura 4, a seguir.
Figura 4: Composição dos resíduos sólidos domiciliares em porcentagem em
diferentes países.
Fonte: CEMPRE (2004) apud Besen (2006).
A quantidade de resíduos sólidos gerados por habitante/dia varia de local para local e
até mesmo com a época do ano, mas em média assume-se que 0,7 kg/habitante/dia é gerado
no Brasil. A composição média dos resíduos sólidos brasileiros apresenta um maior teor de
matéria orgânica do que resíduos recicláveis, o que indica uma grande vocação para a
compostagem, sendo que esse processo também deve ser implantado em conjunto com outras
formas de tratamento (ESCOSTEGUY, 2003 apud ZANCHETTA, 2007).
A questão da quantidade de lixo gerado implica também na receita dos municípios,
pois quanto maior a geração de resíduo sólido maiores serão os gastos com recolhimento e
disposição dos mesmos, limitando a vida útil de aterros sanitários ou lixões. Por isso é
importante incentivar a redução na geração de resíduos (LOPES, 2003). Uma forma de
28
política de redução é a implantação de educação ambiental em escolas, e distribuição de
panfletos informativos.
As administrações municipais têm dificuldades técnicas e gerenciais para a realização
da coleta, tratamento e destinação final de resíduos sólidos e para a cobrança adequada dos
munícipes, pelos serviços prestados para financiar os altos custos da coleta terceirizada e para
minimizar os impactos ambientais de seu tratamento (JACOBI; BESEN, 2006).
O fator limitante para implantação de uma usina de triagem e compostagem é a
rentabilidade econômica, que segundo D’Almeida e Vilhena (2000) apud Prado e Sobreira
(2007), dificilmente a venda dos recicláveis cobre as despesas operacionais e os investimentos
financeiros destas unidades, porém, os lucros ambientais obtidos e a redução de volume de
resíduos a serem aterrados devem ser avaliados positivamente quando se adota esse tipo
alternativo de tratamento.
Segundo mesmo autor, uma usina de triagem e compostagem, quando bem operada,
permitem diminuição de 50% do volume de resíduos sólidos destinados aos aterros,
permitindo com isso, redução de custos dos serviços e do aumento da vida útil dos aterros
sanitários ou controlados existentes.
O descrédito das usinas de triagem é também gerado pela ausência de gestão. Galvão
(1994) apud Prado e Sobreira (2007), após estudo de 56 usinas de tratamento e reciclagem de
Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) no Brasil, diagnosticou a falta de qualidade dos produtos,
com presença de impurezas nos materiais recicláveis, contaminação e presença de fragmentos
de vidros e plásticos no composto, e o elevado percentual de rejeito gerado que fica na faixa
de 30%.
Apenas 451 (6,4%), dos 5.670 municípios brasileiros possuem programas de coleta
seletiva de materiais recicláveis; destes, cerca de 50% afirmam desenvolver programas em
parceria com catadores organizados e 96 municípios afirmam estar organizando catadores
(IBGE, 2000). Dentre estes, apenas 178 afirmam que a abrangência da coleta seletiva é de
100% da área urbana.
Para Lopes (2003) o êxito dos programas de coleta seletiva, as administrações devem
estar cientes de que é fundamental investir em conscientização das pessoas, quanto da redução
da geração de resíduos. Assim os programas devem ser integrados a Educação Ambiental,
propondo mudanças de hábitos e costumes, divulgando informações sobre o potencial de
reutilização e reciclagem de materiais.
De acordo com Bidone (1999) apud Lopes (2003) outros fatores devem ser observados
para que seja viável a reciclagem, tais como, proximidade da instalação de reprocessamento,
29
custo de transporte do resíduo, volume dos resíduos disponíveis para processamento e custos
de estocagem no ponto de geração, os gastos com sua recuperação sejam menores que os
gastos com transportes, tratamento e disposição.
Deve-se atentar também para as condições de trabalho nas usinas de reciclagem. Em
estudo realizado na região metropolitana de São Paulo com relação ao uso de equipamentos
de proteção individual (EPIs), das 31 organizações de catadores 93,5% dispõem de luvas,
83,8% de botas, 80,6% de óculos e 58% de máscara, 40,6% de protetor auricular e duas não
ofereciam equipamentos. Quanto aos acidentes de trabalho 62,5% relataram a ocorrência de
acidentes, sendo estes na sua maioria, resultantes de cortes com vidro resultado da falta de uso
adequado de EPIs, o que indica uma provável falha de orientação para o uso do equipamento
(JACOBI; BESEN, 2006).
A divulgação permanente do programa de reciclagem é muito importante para se obter
a participação da população. Com o mesmo estudo realizado na região metropolitana de São
Paulo, obteve-se que 12,5% das organizações afirmam que a divulgação do programa só
ocorreu no seu início, 65,6% periodicamente, uma vez a cada três meses, e 15,6%
esporadicamente, uma vez por ano (JACOBI; BESEN, 2006).
Segundo dados obtidos da Prefeitura de Belo Horizonte (2002) apud Lopes (2003) as
principais vantagens da coleta seletiva são as que seguem
Diminuição da exploração de recursos naturais renováveis e não-renováveis;
Redução do consumo de energia;
Diminuição da poluição do solo, água e ar;
Diminuição da proliferação de doenças e a contaminação de alimentos;
Prolongamento da vida útil do aterro sanitário;
Melhoria na qualidade do composto produzido a partir da matéria orgânica;
Melhoria na limpeza da cidade;
Possibilidade de reciclagem de materiais que iriam para o lixo;
Diminuição do custo de produção com o aproveitamento de recicláveis pelas
indústrias;
Diminuição de desperdício;
Criação de oportunidades para o fortalecimento de organizações comunitárias;
Geração de renda pela comercialização de recicláveis;
30
De acordo com dados apresentados pela TV Cultura (2001) na Série “Desafios do
Lixo” 1/3 do material coletado dos resíduos domiciliares é papel e vidro, 20% são plásticos e
80% alumínio.
Dos materiais encontrados nos RSU, os plásticos constituem um dos tipos de materiais
com maior potencial para a reciclagem, sendo que boa parte deles possui inscrições alusivas à
reciclabilidade e números que os distinguem (REMEDIO; MANCINI; ZANIN, 2002).
Lopes (2003) relaciona duas formas de recolhimento dos materiais com potencial
reciclável. A primeira é através da coleta de porta em porta na fonte geradora, qual é feita
através de caminhões específicos com freqüência semanal regular. A segunda forma de
recolhimento é nos “Ponto de Entrega Voluntária (PEVs)”, que são locais previamente
estabelecidos, onde a população leva seus materiais recicláveis separados e limpos.
Os locais de PEVs podem ser organizados em containers ou caçambas em pontos
estratégicos do município, a orientação para os tipos de materiais poderão seguir a Resolução
do CONAMA no 257 de 25 de abril de 2001. As respectivas cores indicativas do tipo de
material a ser depositado em um determinado recipiente, segue a orientação do Quadro 1.
Quadro 1: Padrão de cores orientadas de acordo com a Resolução do CONAMA no
257 de 25 de abril de 2001.
Cores Material
Azul Papel/papelão
Vermelho Plástico
Verde Vidro
Amarelo Metal
Preto Madeira
Laranja Resíduos perigosos
Branco Resíduos de serviços de saúde
Roxo Resíduos radioativos
Marrom Resíduos orgânicos
CinzaResíduos não reciclável, misturado ou
contaminado não passível de separação
Fonte: Ambiente Brasil (2009).
31
Exemplos de coleta seletiva pelo globo são vários, pode-se destacar a Alemanha, como
um exemplo bem sucedido. Na Alemanha, o usuário paga uma tarifa individual, que varia
conforme o tamanho do vasilhame que ele adquiriu. Nos edifícios, containers são adquiridos
para o uso coletivo, neste caso os usuários dividem o valor da tarifa pelo tamanho do
apartamento. Um vasilhame de 240 litros é indicado para atender um conjunto de seis
residências, custando em Berlim o equivalente a US$ 335 (WIEDEMANN, 1999 apud
LOPES, 2003). Ainda em Berlim, os supermercados não oferecem sacolas práticas gratuitas,
incentivando o consumidor a enviar sua embalagem de casa ou pagar pelas sacolas do
supermercado.
No Brasil, como incentivo a reciclagem foi criado um sistema chamado de “Bolsa de
Resíduos”, através desse sistema de troca de informações, os interessados em vender, comprar
ou doar resíduos publicam-no na Bolsa, indicando o tipo, a composição química e quantidade
(CEMPRE, 2009).
A responsabilidade pela prestação de serviços de limpeza urbana no Brasil é de
responsabilidade do município. Ocorre que na maioria das cidades brasileiras, a coleta de lixo
é realizada pela iniciativa privada, e em muitos casos, as empresas responsáveis por esses
serviços não possui conhecimentos técnicos e de gestão suficientes. Fato também percebido
nas prefeituras, o que torna ainda mais oneroso o serviço. A população do município também
não se interessa pela destinação de seu resíduo, não havendo assim a cobrança de soluções
corretas.
Técnicas de engenharia também são aliadas imprescindíveis na preservação ambiental
de locais destinados a depósito de lixo. O tratamento de líquidos percolado, formado a partir
da decomposição da matéria orgânica misturada muitas vezes a água da chuva, bem como o
tratamento de gases, são essenciais para o bom funcionamento de aterros sanitários,
prevenindo impactos ambientais negativos e evitar efeitos estéticos indesejáveis (LOPES,
2003). A exemplo, do que acontece em Belo Horizonte no Estado de Minas Gerais, onde o
tratamento do líquido percolado (chorume), é feito em uma Estação de Tratamento de Esgoto
onde é tratado juntamente com o esgoto municipal.
O lixiviado é composto pela própria umidade do resíduo, umidade gerada pela
biodegradação e água que se infiltra através da superfície do aterro extraindo do resíduo
materiais dissolvidos e em suspensão (SCHUELER; MAHLER, 2008).
Os caminhos percorridos pelo contaminante podem ser subterrâneos ou superficiais.
Os subterrâneos, são basicamente influenciados pela permeabilidade do solo e pela espessura
da camada de solo acima do nível do lençol freático. Os caminhos superficiais sofrem
32
influencia da topografia, que proporciona locais com alagamentos ou escoamento superficial.
Quando a alagamentos o lixiviado pode tanto infiltrar como evaporar contaminado solo e ar
(SCHUELER; MAHLER, 2008).
O gás produzido a partir da biodegradação do material orgânico presente no resíduo e
pode acumular-se criando bolsões com risco de explosão por combustão no interior do aterro.
Os principais gases identificados são o metano (CH4), dióxido de carbono (CO2), monóxido
de carbono (CO), hidrogênio (H2), ácido sulfídrico (H2S), amônia (NH3), nitrogênio (N2) e
oxigênio (O2) presentes em grandes concentrações. Em condições normais a velocidade de
decomposição, medida pela produção de gás, chega ao máximo nos seus primeiros dois anos.
Depois disso, baixa lentamente, podendo os gases ser encontrados durante vinte trinta anos,
ou mais (TCHOBANOGLOUS, 1998 apud SCHUELER; MAHLER, 2008).
Lopes (2003) afirma que a contaminação de áreas de aterros e lixões poderia ser
evitada se os municípios elaborassem seu plano diretor e respeitassem as restrições e
fragilidades ambientais detectadas, auxiliando assim na escolha de locais apropriados para
esses e outros empreendimentos com alto potencial poluidor.
Schueler; Mahler (2008) afirma que mesmo após o encerramento das atividades, os
resíduos e seus efluentes continuam contaminando o meio.
O gerenciamento integrado se dá através de um conjunto articulado de ações
normativas, operacionais e financeiras, e de planejamento baseados em critérios sanitários,
ambientais e econômicos que são desenvolvidos para coletar, segregar, dispor e tratar o lixo
urbano (D’ALMEIDA e VILHENA, 2000 apud BESEN, 2006).
Na Figura 5 é apresentado um sistema simplificado de gerenciamento de resíduos
sólidos municipais.
33
Figura 5: Fluxo simplificado de um sistema de gerenciamento integrado de resíduos
sólidos domiciliares.
Fonte: Aguiar (1999) apud Besen (2006).
O processo se inicia a partir da extração dos recursos naturais no ambiente. Em
seguida, ocorre a transformação destes em matéria-prima industrializada para o consumo, e
que após o uso, pode se transformar em lixo, ou material reciclável. Os materiais recicláveis
coletados podem ser destinados às centrais de triagem onde são separados por tipos e
vendidos às indústrias para reciclagem. O lixo é coletado e destinado a aterros sanitários
(BESEN, 2006).
A coleta e transporte de lixo deve ser estabelecido mediante um roteiro de coleta, na
prática, esse deve ser atendido por um veículo coletor durante uma jornada de trabalho,
podendo o mesmo efetuar mais que uma viagem de descarga até o destino final do lixo. Os
roteiros costumam observar aspectos administrativos do município (BRAGA, et al., 2008).
No sistema de limpeza urbana de uma cidade a coleta de lixo domiciliar pode
apresentar roteiros, considerados críticos, do ponto de vista de eficiência operacional, ou seja,
roteiros que necessitem de redimensionamento por contemplarem percursos improdutivos
com grandes extensões percorridas e pouco volume de lixo coletado. As condições de acesso
ao ponto de coleta também são aspectos que interferem na eficiência operacional (IPT, 2000
apud BRAGA, et al. 2008).
Considera-se que o melhor indicador do nível de produtividade com que a coleta é
efetuada é o MHC – Massa por Hora de Coleta, parâmetro que é bastante variável para as
34
diferentes regiões de uma mesma cidade, e considera-se como principal condicionador da
produtividade horária da coleta, o nível de concentração dos resíduos no distrito, o qual é
medido pela taxa MKC – Massa por Quilômetro de Coleta (ASSEMAE, 1995 apud BRAGA,
et al., 2008).
Conforme IPT, 2000 para o dimensionamento de roteiros de coleta, deve ser estimado
os seguintes parâmetros operacionais:
Distância entre a garagem da empresa e o roteiro de coleta;
Distância entre o roteiro de coleta e o ponto de descarga;
Extensão total das vias do roteiro;
Velocidade média de coleta que dependerá do sistema viário, da topografia, do
tamanho da guarnição (caminhão), da quantidade de lixo a ser coletada por
unidade de distância e do carregamento do veículo;
IBAM (2001) define que os roteiros de trabalho devem ser planejados de forma que os
caminhões comecem no ponto mais distante do local de destinação final, reduzindo assim as
distâncias e o tempo de trabalho.
Considerando a CLT – Consolidação das Leis Trabalhista, Decreto-Lei no5452, de 1 de
Maio de 1943, e ainda, o estudo de ergonomia realizado em 2007 nos roteiros de coleta de
lixo de Manaus, pela Empresa CRL Métodos e Técnicas de Segurança, Saúde e Meio
Ambiente, conforme determinação do Tribunal Regional do Trabalho, o tempo máximo de
trabalho por jornada deve ser de 440 minutos, com mais 60 minutos de descanso, ou seja, o
tempo total da jornada diária de cada roteiro deve ser de 500 minutos.
4.2.1 Compostagem
Segundo foi definido por Escosteguy; Machado; Schneider (2005) a compostagem é
um método de decomposição aeróbica e controlada da fração orgânica putrescível dos
resíduos sólidos domiciliares, que resulta na obtenção de material orgânico bioestabilizado,
rico em húmus, denominado de composto orgânico.
A compostagem segundo Lopes (2003) apresenta as seguintes vantagens:
Economia de espaço físico em aterro sanitário;
Aproveitamento de matéria orgânica produzida;
Reciclagem dos nutrientes contidos no solo;
35
Processo ambientalmente seguro;
Eliminação de patógenos.
De acordo com Escosteguy; Machado; Schneider (2005), antes de o resíduo orgânico
ser transformado em húmus, o mesmo passa por processos de bio-estabilização, chamado de
material intermediário. Nesse processo ocorrem dois fenômenos a digestão e humificação. Tal
fato pode ser constatado na Figura 6 em seqüência.
Durante o processo de digestão, as temperaturas devem ser elevadas, ou termófilas
para que ocorra a destruição de patogênicos mais resistentes. Quando termina a fase da
digestão, o material está bio-estabilizado, apresentando relação C/N menor que 18. Com a
humificação da matéria orgânica, essa relação se estreita, o que ocorre na fase de humificação,
onde ocorre temperatura mesófila e, no final, equilíbrio com a temperatura ambiente.
A temperatura da leira é um dos fatores que seleciona a população microbiana que
atua na compostagem. Quando a temperatura se eleva a valores maiores que 400C, os
microrganismos, mesófilos, na sua maioria bactérias (cerca de bilhões de células/grama),
tornam-se menos competitivos e são substituídos por microrganismos termófilos, na sua
maioria bacillus sp, os quais predominam em temperaturas menores que 600C, pois a partir
desse valor, eles são substituídos por espécies de bactérias do gênero Thermus. Como em
temperaturas maiores que 600C, ocorre a destruição de muitas bactérias e outros
microrganismos, deve-se controlar o processo de compostagem para que a temperatura não
exceda a 55°C, sendo isso obtido com o controle da aeração e, secundariamente, da umidade
das leiras (ESCOSTEGUY; MACHADO; SCHNEIDER, 2005).
Figura 6: Fases do processo de compostagem.
Fonte: Escosteguy; Machado; Schneider (2005)
36
Conforme o modo de aeração, o processo de compostagem pode ser realizado por dois
métodos (IPT/CEMPRE, 2000 apud ESCOSTEGUY; MACHADO; SCHNEIDER, 2005):
método natural: a fração orgânica do é levada para um pátio e disposta em
leiras. A aeração é feita por revolvimentos periódicos para que ocorra o
processo de decomposição biológica, tendo um tempo estimado de três a
quatro meses.
método acelerado: a aeração é forçada por tubulações perfuradas onde sobre
elas se colocam as leiras, ou em reatores dentro dos quais são colocados os
resíduos. Nesse último, os resíduos avançam no sentido contrário ao da
corrente de ar. Em ambos os casos, o ar é injetado sobre pressão. A duração
desse processo pode variar de dois a três meses.
A aeração das pilhas é um dos fatores fundamentais para que a compostagem ocorra
de forma eficiente, pois a velocidade desse processo aumenta a medida que a atividade
microbiana também aumenta, sendo essa última dependente da disponibilidade de oxigênio no
interior das pilhas. Quando as condições que controlam esse processo são adequadas, o
consumo de oxigênio é muito rápido (escala de horas), após a aeração das pilhas. Isso implica
que a aeração das pilhas deve ser feita periodicamente até que o processo complete a fase de
digestão, a qual se caracteriza por ser o período de maior degradação dos resíduos. Nos
primeiro dias de compostagem, a demanda de oxigênio é alta. Estima-se que nessa época,
cerca de 10 a 20 % de O2 são suficientes para atender a demanda da microbiota aeróbica,
sendo essa demanda reduzida para 5 a 10 %, à medida que o processo avança. Assim, teores
de 10 % de oxigênio são considerados ótimos para a manutenção da compostagem em
condições aeróbicas, principalmente, na fase de digestão (ESCOSTEGUY; MACHADO;
SCHNEIDER, 2005).
Lopes (2003) considera que a quantidade de material orgânico deve ser suficiente para
que os microorganismos possam decompor a matéria orgânica de forma rápida e sem
formação de odores.
O teor de umidade dos resíduos depende da granulometria da fração orgânica, bem
como da porosidade e grau de compactação da mesma. Para que haja uma compostagem
satisfatória, a umidade não deve exceder o máximo de 60% em massa, durante as fases de
digestão e humificação. Se houver um aumento da umidade a atividade biológica será
reduzida, pois haverá pouco oxigênio no interior da pilha, já que esse gás ocorre no mesmo
espaço (poros) que é ocupado pela água. Com excesso de água, forma-se o lixiviado, que é
um líquido negro, contendo alta carga orgânica, de odor característico, resultante da mistura
37
da água com o chorume. Caso o local onde está sendo feita a compostagem for desprovido de
cobertura, o material estará sujeito às ações da chuva, o que permitirá uma maior produção de
lixiviado (ESCOSTEGUY; MACHADO; SCHNEIDER, 2005).
Quando o percentual de carbono de um resíduo é muito alto em relação ao de
nitrogênio, ou seja, alta relação C/N, a velocidade de decomposição do resíduo é lenta, pois
falta nitrogênio para que a biomassa microbiana incorpore (metabolize) o carbono do resíduo
em suas células.
Como no processo de compostagem há uma queda acentuada do teor de carbono,
enquanto ocorre uma menor diminuição do teor de nitrogênio, Por outro lado, quando a
relação C/N é muito baixa, ou seja, alto percentual de nitrogênio no resíduo em relação ao
carbono, a velocidade de decomposição é alta, mas, como há mais nitrogênio do que a
demanda da biomassa microbiana, esse nutriente pode ser perdido, volatilizando ou lixiviando
da leira (ESCOSTEGUY; MACHADO; SCHNEIDER, 2005).
Para Lopes (2003) a relação ideal entre carbono e nitrogênio (C/N) esteja em torno de
30/1, sendo que o teor de nitrogênio deva estar entre 1,2% a 1,5%. O composto final poderá
ser aplicado no solo, quando apresentar o teor máximo entre C/N igual a 18/1 no processo de
bio-estabilização ou valores inferiores a 12/1 no processo de humificação.
Existe, ainda, o método da vermicompostagem, na qual se utilizam minhocas para
digerir a matéria orgânica. A atividade das minhocas melhora a degradação pelo arejamento e
drenagem do material em fase de maturação (BIDONE e POVINELLI, 1999 apud
ESCOSTEGUY; MACHADO; SCHNEIDER, 2005).
4.3 ABASTECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA
Das necessidades básicas por que passa o ser humano, destaca-se como de grande
importância para a sua sobrevivência e para a satisfação de outros requisitos, como a saúde,
por exemplo, o acesso a energia elétrica, responsável também pela sua melhor qualidade de
vida. O grande consumo de combustíveis fósseis pela sociedade moderna tem levado o
planeta a uma degradação sem precedentes do seu meio ambiente, principalmente relacionada
ao efeito estufa (KASTRUP, 2006).
38
No Brasil, a geração de energia elétrica é também causadora de impactos ambientais
consideráveis devido às grande áreas que precisam ser alagadas para a construção de usinas
hidrelétricas, retirando terras que além de servirem de local de sobrevivência para inúmeras
espécies, poderiam também ser usadas para a produção de alimentos e assentamentos
humanos. Além disso, muito se discute, nos meios acadêmicos, sobre impactos causados ao
clima no entorno dos grandes lagos formados pelas usinas hidrelétricas (KASTRUP, 2006).
Uma forma de obtenção de eletricidade mais sustentável é através da energia solar
fotovoltaica, que produz energia elétrica através de painéis fotovoltaicos. O material mais
utilizado para a confecção das células que compõe um painel fotovoltaico é o silício. A
ilustração apresentada na Figura 7 mostra a estrutura descrita.
Figura 7: Esquema de uma célula fotovoltaica.
Fonte: Cresesb (2002) apud Kastrup (2006).
O excedente de energia gerada desta forma é aproveitado para energizar um
eletrolisador abastecido por água e responsável pela produção de hidrogênio. O hidrogênio é
então reservado em tanques, e na falta de energia solar fotovoltaica (durante a noite eu em
períodos com nebulosidade), o mesmo é introduzido em uma célula à combustível para a
geração de energia elétrica.
A célula de combustível é uma célula eletroquímica que converte continuamente a
energia química do combustível, como por exemplo, o hidrogênio, em energia elétrica,
usando o oxigênio como oxidante, gerando água e calor.
39
Como a célula a combustível funciona alimentada por hidrogênio e oxigênio, que ao
final se recombinam para formar água, o sistema não gera gases estufa, como o gás carbônico,
monóxido de carbono, óxidos de enxofre, hidrocarbonetos, material particulado para
atmosfera. Na Figura 8 seguinte é apresentado um esquema de seu funcionamento.
Figura 8: Funcionamento da célula a combustível.
Fonte: Nogueira (2000) apud Kastrup (2006).
A energia solar também pode ser utilizada como uma fonte térmica, trata-se do
aproveitamento do calor que os corpos absorvem quando expostos a radiação solar. Utilizada
para o aquecimento da água.
O maior problema associado à produção de hidrogênio é a energia para produzi-lo.
Usando processos convencionais o hidrogênio requer pelo menos duas vezes mais energia
elétrica, duas vezes a quantidade de carvão ou o número de painéis fotovoltaicos. Portanto o
grande desafio é desenvolver métodos mais apropriados que utilizem fontes de energia
renovável (ALTERNATIVE ENERGY INSTITUTE, 2002). A Figura 9 apresenta de forma
esquemática, as diversas fontes de energia para a produção de hidrogênio.
40
Figura 9: Esquema de produção de hidrogênio a partir de diferentes formas de energia.
Fonte: Perez (2002) apud Kastrup (2006).
Segundo o autor Kastrup (2006) o investimento necessário para a aquisição de painéis
fotovoltaicos e o sistema de armazenamento em células de combustíveis seria de R$
61.000,00.
4.4 EFLUENTE DOMÉSTICO
A regulamentação da prática do reuso no Brasil ocorreu a partir da publicação da
Resolução no 54 de 28 de novembro de 2005 do Conselho Nacional de Recursos Hídricos
(CNRH), qual estabelece modalidades, diretrizes e critérios gerais para a prática do reuso
direto não potável da água. De acordo com essa Resolução, o reuso favorece a racionalização
e a conservação de recursos hídricos (GENERINO, 2006).
Na realidade o reuso da água gera “triplo impacto ambiental positivo”: redução no
consumo de água, não realização do transporte do ponto de captação até o consumidor e não
lançamento dos efluentes em corpos receptores (MÁXIMO e SOUZA, 2004).
41
Santos (2000) apud Generino (2006) avaliou o reuso de efluentes finais de Estações de
Tratamento de Esgotos para diversos usos. Foram analisados parâmetros como: pH, DBO5,
alcalinidade, sólidos suspensos, alumínio solúvel, amônia e coliforme fecal. Esses parâmetros
foram comparados com diretrizes adotadas nos Estados Unidos da América (EUA) e
Organização Mundial de Saúde (OMS), e atestado que a maioria desses efluentes não possui
adequabilidade para reuso em agricultura e recreacional, mas que poderia ser facilmente
adequada após simples tratamento adicional.
Em estudo realizado por Silva (2004) apud Generino (2006) avaliou a viabilidade de
reuso de água para irrigação paisagística, analisaram-se o sistema solo-água-planta. Como
resultado a adubação tradicional apresentou piores condições de contaminação de água
subterrânea devido às altas concentrações de nitrato, já as plantas irrigadas com efluente
apresentaram produtividade maior que aquelas irrigadas com água de lago.
Fora do Brasil o reuso tem sido uma opção importante para o gerenciamento dos
recursos hídricos locais. Israel foi o país pioneiro em utilizar água de reuso na irrigação,
seguido por Tunísia, Chipre e Jordânia. Em Israel mais de 65% do esgoto é utilizado na
agricultura, pretendendo chegar a 90% na próxima década (ANGELAKIS e BONTOUX,
2001).
A ABNT apresenta o reuso como forma de diminuição do volume de esgoto a ser
encaminhado ao tratamento, conseqüente redução de custo de implantação e operação e forma
utilização de esgoto tratado. Informa quais os usos previstos, o volume de esgoto a ser
utilizado, o grau de tratamento necessário, como deve ser o sistema de armazenamento e
distribuição (ABNT, 1997)
A Environmental Agency Protection (EPA) publicou em 2004 parâmetros para reuso
de água e oportunidades de uso de efluentes, em seu documento intitulado de Guidelines for
Water Reuse, resumido no Anexo 1
Outra questão pertinente a definição para reuso de água é a vulnerabilidade do solo
local para contaminação de águas subterrâneas. Fato estudado pelos autores Campo e Freitas
(1998) apud Generino (2006), que trataram de forma integrada de questões relacionadas ao
solo, geologia, hidrogeologia e geomorfologia, contribuindo assim também para o
planejamento do solo. Tal estudo pode ser verificado no Quadro 2
42
Quadro 2: Classes de vulnerabilidade à contaminação para mapas hidrogeológicos.
Vulnerabilidade Características
Elevada
Correspondem à região dos aqüíferos com vazões médias
superiores a 12.000 L/h e aonde a incidência de poços secos
ou com baixa vazão. A forma de relevo mais comum é
caracterizada por uma morfologia plana ou suavemente
ondulada, com declividades raramente superiores a 5%.
Possui solos bastantes permeáveis, que condicionam regiões
de excelentes recargas regionais.
Moderada
Representa áreas com vazões médias entre 7.000L/h a 12.000
L/h. o número de poços secos já é mais elevado. A paisagem é
geralmente marcada por declividades superiores a 15% e mais
localmente por chapadas rebaixadas. Os solos são variados,
compostos por latossolos espessos ou cambissolos mais
delgados.
Mediana
Compõe os aqüíferos com vazões entre 4.500 L/h a 7.000 L/h
associados à incidência de poucos poços secos. Nessa região
pode-se observar relevos movimentados, com altas
declividades, em áreas mais restritas a relevos mais planas. Os
solos podem ser diferenciados em dois grupos, sendo em
algumas áreas mais espessos (latossolos argilosos vermelhos)
e noutras mais delgados (cambissolos amarelos)
Baixa
Comporta os aqüíferos com vazões médias inferiores a 4.500
L/h. É a região com maior ocorrência de poços tubulares secos
com vazões muito limitadas. As coberturas podem ser
marcadas por latossolos argilosos espessos, ou por
cambissolosnum relevo moderado ondulado.
Fonte: Campo e Freitas (1998) apud Generino (2006)
43
4.5 RECURSOS HÍDRICOS
Com o surgimento e a difusão do conceito de desenvolvimento sustentável, que
implica na possibilidade de que as próximas gerações possam satisfazer suas necessidades
assim como as gerações atuais a água passa a ser considerada um recurso esgotável e objeto
de grande preocupação em termos de sua disponibilidade (MIRANDE e TEIXEIRA, 2004).
Para que tais princípios possam se traduzir em políticas e ações concretas, é preciso
que haja instrumentos de gestão que possam detectar as tendências apresentadas pelos
diferentes componentes dos sistemas urbanos, entre eles os de abastecimento de água e de
esgotamento sanitário. Assim, surge a necessidade de se estabelecer indicadores de
sustentabilidade, que poderão dar suporte a políticas publicas que conduzam a sistemas mais
sustentáveis (SILVA, 2000; SUSTAINABLE SEATTLE, 1998 apud MIRANDE e
TEIXEIRA, 2004).
A Política Nacional de Recursos Hídricos prevê a formação de comitês e agências de
Bacias para tratarem dos problemas relacionados aos recursos hídricos de cada região. Esses
comitês e agências analisam a qualidade ambiental de toda Bacia Hidrográfica e podem
auxiliar na classificação dos corpos d’água (LOPES, 2003).
Os Comitês de Bacias Hidrográficas possuem instrumentos de gestão, dentre eles
destacam-se a cobrança pelo uso da água e o enquadramento dos corpos d’água. A cobrança
tem como objetivo incentivar o uso racional e atribuir um valor econômico a água, sendo essa
uma estratégia a ser adotada por indústrias, serviços municipais e irrigantes estimulando a
contenção de perdas. No enquadramento, regulado pela Resolução do Conselho Nacional de
Meio Ambiente (CONAMA) 357/2005 o recurso hídrico pode ser classificado em 5 classes,
não sendo necessário que a classe destinada a ele seja o sua qualidade atual, mas sim a
qualidade pretendida (LEITE, 1997 apud LOPES, 2003).
A classificação de água doce, de acordo com a Resolução do CONAMA 357/2005
define o uso de irrigação as classes I, II e III. A classe I define a irrigação de hortaliças que
são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas
cruas sem remoção de película. A classe II regulamenta a irrigação de hortaliças, plantas
frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e lazer. Na classe III é permitida a irrigação
de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras.
44
A mesma Resolução ainda define parâmetros de qualidade para as classes I, II e III.
Como é apresentado no Anexo 2.
Para um bom gerenciamento de recursos hídricos, é fundamental o tratamento do
esgoto doméstico e o tratamento do lixo, pois o liquido gerado pela decomposição do resíduo
juntamente com o esgoto podem contaminar as águas superficiais e subterrâneas. O
planejamento para implantação de uma área de aterro deve considerar a Bacia Hidrográfica
correspondente na região, a fim de evitar a contaminação de águas superficiais e subterrâneas
(LOPES, 2003).
Indicadores de disponibilidade e qualidade de recursos hídricos dão sinas efetivos de
deterioração e esgotamento da capacidade suporte do conjunto de funções do ecossistema
(CEZARE; MALHEIROS; PHILIPPI, 2007).
A abordagem mais utilizada para avaliar a disponibilidade de água é o índice de
estresse da água, medido como o volume de recursos hídricos renováveis anuais per capita
disponíveis para atender às necessidades nos usos domésticos, industriais e agrícolas. Abaixo
de 1.700 m³/per capita/ano os países iniciam a experiência de estresse hídrico, em que pode
haver impedimento do desenvolvimento e efeitos adversos a saúde humana; abaixo de 1.000
m³/per capita/ano ocorre escassez crônica de água; 100 m³/per capita/ano é o menor nível para
uso doméstico e comercial (EPA, 2004 apud GENERINO, 2006).
Aproximadamente um terço da população mundial vive em países que sofrem de
estresse hídrico, sendo o consumo de água superior a 10% dos recursos renováveis de água
doce. Para 2020 prevê-se que o uso da água aumentará em 40% e que será necessário um
adicional de 17% para a produção de alimentos, a fim de satisfazer o nível da população em
crescimento (PNUMA, 2002 apud GENERINO, 2006).
Á água é um dos recursos naturais mais importantes para a manutenção dos
ecossistemas. Entretanto, com o aumento de sua demanda em relação à disponibilidade
observa-se uma maior degradação de sua qualidade. Por outro lado a preocupação com a
preservação ambiental, especialmente com os ecossistemas aquáticos, aumentou entre os
setores usuários d`água, e um dos setores eu mais causa preocupação à sociedade e o setor
agrícola, através do uso da água na produção de alimentos por meio de irrigação (LUCAS,
2007).
A irrigação é uma prática que beneficia o aumento da produção de alimentos, fixa o
homem na zona rural, gera empregos diretos e indiretos e contribui para o crescimento
econômico. Por outro lado, quando não praticada corretamente ocasiona prejuízos ao
45
ambiente dentre as quais se destacam a salinização dos solos, captação excessiva de água de
mananciais, percolação profunda, lixiviação de nutrientes, etc (LUCAS, 2007).
De acordo com FAO (1997) o impacto ambiental negativo advindo da irrigação pode
ocorrer dentro e fora da propriedade agrícola. Fora da propriedade o problema pode ocorrer à
montante, onde o rio pode ser represado para fins de fornecimento de água. A jusante da área
irrigada o problema ocorre em função da disposição da água, concentrações elevadas de sais,
dejetos orgânicos, organismos patogênicos e resíduos agroquímicos.
A natureza da irrigação por superfície geralmente produz escoamento superficial, o
qual pode ser imediatamente armazenado e reusado, bem como a percolação, a qual pode não
estar disponível para o reuso depois de um período de tempo. A percolação profunda é
reduzida com a irrigação por aspersão comparada com a irrigação convencional por
superfície, enquanto que com o gotejamento a percolação profunda pode ser reduzida
(LUCAS, 2007).
As preocupações mais diretas com os impactos são dentro da área irrigada, pois terras
irrigadas, especialmente em vales, tendem a elevação do lençol freático, exigindo drenagem,
ou seja, são áreas sujeitas ao processo de salinização e encharcamento (FAO, 2007).
As informações são indispensáveis para um adequado desenvolvimento dos recursos
hídricos nas bases sustentáveis. A melhor maneira de obter estas informações é através do
monitoramento qualitativo e quantitativo, instrumento que possibilita a avaliação da oferta
hídrica e a minimização de impactos ao ambiente (PORTO et al., 1991 apud LUCAS, 2007).
A qualidade da água depende diretamente da quantidade de água existente para dissolver,
diluir e transportar substâncias benéficas ou maléficas para o ecossistema (BRAGA et al.,
2002).
A irrigação também é dependente de água de boa qualidade necessitando também de
monitoramento periódico. Na Tabela 3 é apresentado as diretrizes para qualidade de água para
irrigação.
46
Tabela 3: Diretrizes para qualidade da água par irrigação.
Parâmetro Valores Unidade
Salinidade
Condutividade elétrica 0 – 3000 µS.cm-1
Grau de restrição ao uso
nenhuma (< 700)
ligeira/moderada (700 – 3000)
severa (> 3000)
Total de sólidos dissolvidos 0 – 2000 mg.L-1
Cátions e ânions
Cálcio 0 – 800 mg.L-1
Magnésio 0 – 120 mg.L-1
Sódio 0 – 900 mg.L-1
Carbonato 0 – 6 mg.L-1
Bicarbonato 0 – 600 mg.L-1
Cloro 0 – 1100 mg.L-1
Sulfato 0 – 200 mg.L-1
Nutrientes
Nitrogênio – nitrato 0 – 10 mg.L-1
Nitrogênio amônio 0 – 5 mg.L-1
Fósforo fosfato 0 – 2 mg.L-1
Potássio 0 – 2 mg.L-1
Outros
Boro 0 – 2 mg.L-1
Ácido/base 6 – 8,5
Razão de adsorção de sódio 0 – 15
Fonte: Adaptado de Ayers e Westcot (1985) e Peterson, 1999 apud Lucas (2007).
Diferentes métodos de irrigação podem ter diferentes impactos. É preciso levar em
consideração aspectos como consumo de energia, qualidade da mão de obra utilizada
(DOUGHERTY; HALL, 1995 apud LUCAS, 2007). Na Tabela 4 abaixo são indicadas os
principais problemas causados pela irrigação e ações mitigatórias.
47
Tabela 4: Principais problemas resultantes da falta de manejo na irrigação e drenagem
não sustentável e medidas mitigatórias apropriadas.
Problemas Medidas mitigatórias
Excesso ou déficit de aplicação de água; Adequação de quanto e quando saber
irrigar;
Sais oriundos do processo de drenagem;
Instalação de drenagem incluindo
disposição de bacias para evaporação
da água se a qualidade do fluxo do rio
é afetada adversamente pela água de
drenagem;
Evitar encharcamento; Fornecer água para lixiviação como
uma operação específica;
Acidificação do solo;
Organização ou ajuste da infra-
estrutura de manejo da irrigação para
assegurar suficientes recursos
financeiros para manter ambos os
sistemas de irrigação e drenagem;
Análise de solo e monitoramento de
mudanças para que potenciais
problemas possam ser manejados;
Baixa qualidade da água;
Definir níveis de qualidade de água
(incluindo monitoramento e
tratamento);
Redução na qualidade de irrigação; Desenvolvimento do controle de
qualidade de águas industriais;
Problemas da qualidade da água para
usuários à jusante causados pelo fluxo de
retorno de irrigação;
Designar terras para disposição de
água salina construindo canais de
disposição separados;
Instituir sistemas de saneamento
contra perigo de contaminação de
esgotos e pesticidas;
Monitorar a qualidade da água;
Degradação ecológica; Adequação de áreas em função da
48
legislação;
Redução da biodiversidade;
Operação do sistema de gestão
visando a vista silvestre ao redor dos
reservatórios e com base que
permitam a manutenção de fauna e
flora em leis;
Danos ao ecossistema à jusante devido à
redução da quantidade e qualidade da
água;
Designar terras para várzeas e
disposição de água de drenagem;
Depleção da água subterrânea; Definir regulamentação;
Secamento de poços. Monitorar o nível de água
subterrânea;
Fonte: Adaptado de Dougherty; Hall (1995) apud Lucas (2007).
A qualidade da água de mananciais que compõe uma bacia hidrográfica está
relacionada com o uso do solo na bacia e com o grau de controle sobre as fontes de poluição.
A influência antrópica na qualidade da água inclui alterações nas concentrações de
substâncias químicas encontradas naturalmente, a entrada de novas substâncias sintéticas e
mudanças nos sedimentos carregados. Fontes pontuais, como lançamento de efluentes
indústrias e domésticos, podem ser identificadas mais facilmente. No entanto, geralmente é
mais difícil identificar e estimar as entradas resultantes de fontes difusas, como acréscimo de
nutrientes e agrotóxicos advindos da atividade agrícola (CASAGRANDE, 2005).
A poluição de origem agrícola desencadeia vários problemas nos ecossistemas
aquáticos, um deles é a entrada excessiva de nitrogênio e fósforo causando a eutrofização.
Podendo afetar a saúde da população que se abastece desses recursos hídricos
(CASAGRANDE, 2005).
A presença de vegetação no entorno dos recursos hídricos, constitui um fator
importante para mitigar a degradação da água, pois contribui para redução da erosão,
diminuindo a entrada de sedimentos e poluentes devido ao escoamento superficial. Um dos
parâmetros mais afetados pela entrada de sedimentos no meio é a turbidez. Águas com alta
turbidez afetam a entrada de luz, diminuindo a tacha de produção primária do ecossistema,
afetando a cadeia alimentar e alterando a produção e consumo de gases (SILVA, 2003).
49
Um corpo d’água poluído por matéria orgânica biodegradável sofre um processo
natural de degradação chamado de autodepuração. O potencial poluidor, a vazão de diluição,
bem como, a concentração de oxigênio dissolvido influenciam nesse processo de recuperação
natural (BRAGA et al., 2002). Durante a estabilização da matéria orgânica, as bactérias
aeróbias fazem o uso do oxigênio em seus processos respiratórios reduzindo sua
concentração, podendo configurar um indicativo de meio contaminado, com exceções.
Os coliformes fecais são um grupo de bactérias indicadoras de organismos originários
do trato intestinal humano e de outros animais de sangue quente. A percepção de altos níveis
de coliformes fecais indica poluição sanitária, é também um indicativo de possibilidade de
existência de microorganismos patógenos, responsáveis pela transmissão de doenças de
veiculação hídrica, como febre tifóide, febre paratifóide, desinteria bacilar e cólera (VON
SPERLING, 1996)
Para proteção dos recursos hídricos e redução do índice de vulnerabilidade social e
ambiental, é necessária a inserção da questão nas secretarias municipais, integração regional
de esforços, por parte dos atores governamentais (CEZARE; MALHEIROS; PHILIPPI,
2007).
4.6 ABASTECIMENTO DE ÁGUA
A água constitui uma necessidade fundamental para manutenção da vida. Porém, sabe-
se que a água destinada ao consumo humano apresenta um risco potencial para a saúde da
população devido à má qualidade dos mananciais superficiais ou subterrâneos (MEDRI e
COSTA, 2001).
As características da água em um sistema público de distribuição, em relação ao
aspecto qualitativo, podem sofrer alterações. A água pode estar totalmente clara, em sua
aparência, livre de sabores e odores peculiares e, no entanto, não estar adequada ao consumo
humano sob o ponto vista químico e/ou bacteriológico. Este fato tem preocupado as
autoridades responsáveis pelo setor da saúde, a quem cabe estabelecer normas de qualidade da
água para consumo humano (MEDRI e COSTA, 2001).
A água ao ser manipulada por estes sistemas de abastecimento e esgotamento, sofre
diversas modificações em suas características de qualidade, quantidade, velocidade de
50
escoamento, entre outros, que se refletem numa diminuição de sua disponibilidade, tanto para
o uso humano, quanto para os processos ecológicos. A crescente e desordenada urbanização
tem agravado este quadro, comprometendo os recursos hídricos e prejudicando os sistemas
públicos já implantados, que passam a operar com sobrecargas e com deficiências
(MIRANDA e TEIXEIRA, 2004).
De acordo com Generino (2006) mais da metade dos principais rios do mundo
encontram-se poluídos. Muitos recebem contribuição de efluentes industriais e são utilizados
no abastecimento de água humano. O tratamento adotado para essas águas, do tipo
convencional, muitas vezes não propicia níveis de segurança adequados. Como resultado,
aumenta o risco de doenças crônicas provocados pro concentrações de micro poluentes nas
águas de abastecimento.
Mesmo que a qualidade da água tratada esteja em conformidade ao estipulado nas
normas, vários fatores podem ocorrer contribuindo para sua degradação na rede de
abastecimento e em reservatórios, alterando seu padrão estético, organoléptico e
principalmente bacteriológico. É importante e necessário que o controle da potabilidade da
água seja efetuado ao longo de todo o percurso de distribuição até chegar aos consumidores
(MEDRI e COSTA, 2001).
As medidas de manutenção da qualidade da água tratada ao longo da rede de
distribuição compreendem: o conhecimento das características da água e de sua possível
deterioração; aplicação de medidas curativas ou corretivas, como por exemplo descargas na
rede Berzin et al. (1988) e cloração, contra os agentes bacteriológicos causadores de
contaminação, biocorrosão ou degradação organoléptica; e utilização de medidas preventivas,
como por exemplo, o controle de nutrientes na rede e a qualidade dos materiais e/ou dos
revestimentos utilizados nas canalizações e reservatórios, evitando-se o desenvolvimento de
biofilmes nesses e a conseqüente deterioração da qualidade da água.
Estudos efetuados por Clark et al. (1993) constataram a grande variação de
concentração de cloro na rede de distribuição com o tempo, invalidando a caracterização da
qualidade da água pela simples verificação de parâmetros em apenas alguns pontos de coleta
fixos.
Dentro da perspectiva das políticas públicas de saneamento, os aspectos tecnológicos
apresentam um papel fundamental para a avaliação do desempenho dos serviços, o que os
relaciona diretamente com a quantidade e a qualidade dos serviços prestados à população. A
escolha de uma tecnologia adequada para uma região específica é fundamental para se
51
atingirem níveis altos de cobertura com um serviço de boa qualidade (HELLER; SPERLING;
HELLER, 2009).
Von Sperling (2004) apud Heller; Sperling; Heller (2009) alerta que a decisão para a
escolha da tecnologia mais apropriada na implantação de infra-estrutura sanitária deve ser
tomada com independência de pressões externas, que poderiam estar direcionando a solução
para uma alternativa menos adequada à realidade específica. O autor enfatiza que não existe
uma solução global, ou seja, aplicável a todas as circunstâncias, e os decisores envolvidos
devem estar abertos à escolha da melhor solução local.
Em estudo comparativo realizado por Heller; Sperling; Heller (2009) foi analisado
aspectos qualitativos e quantitativos do tratamento de água de quatro municípios de Minas
Gerais. Percebeu-se com o estudo, maiores qualidades tecnológicas no tratamento feito pela
COPASA (Companhia de Saneamento de Minas Gerais), na cidade de Nova Lima a captação
é feita de mananciais superficiais, o qual possui ameaça de contaminação por despejos de
esgotos sanitários e assoreamento, o tratamento efetuado é convencional com fluoretação
(100%). Já no município de Vespasiano a captação é feita tanto subterrânea como superficial,
as formas de tratamento são na primeira forma de captação por desinfecção e fluoretação
(45%), para captação superficial o tratamento é convencional com fluoretação (55%), não
existindo fonte de contaminação em nenhum dos dois pontos de captação.
O tratamento realizado pela Companhia Estadual apresentou melhores resultados em
relação ao tratamento prestado por autarquia municipal e prefeitura, nos aspectos de cobertura
da rede de abastecimento de água, por haver cadastros das redes atualizados e existência de
controle para as perdas na distribuição.
Em contrapartida o tratamento realizado nas cidades de Itabirito, responsabilidade de
autarquia municipal, e Ouro Preto, sob encargo da prefeitura, apresentaram melhores
resultados que os realizados pela COPASA. Nos quesitos: índices de perdas nas distribuições,
menores valores nas tarifas médias e porcentagem de análises fora do padrão da Portaria 518
de 2004 nos parâmetros de cloro residual e turbidez, dados correspondente à cidade de
Itabirito. Ouro Preto apresentou menores valores para porcentagem de análises fora do padrão
da Portaria 518 de 2004 nos parâmetros de coliformes totais em relação a Itabirito.
52
4.7 POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
Em grandes cidades, os dois principais causadores de poluição atmosféricas são os
veículos, que são em número expressivo, e as indústrias. Em cidades de menor porte, a
principal fonte de poluição atmosférica são os gases liberados na degradação do lixo
domiciliar em lixões ou aterros controlados. Lugares onde não existe a preocupação com
queimadores ou recuperação dos gases liberados.
O tratamento de resíduos pelo uso de incineradores pode ser uma fonte de geração de
poluentes atmosféricos, caso não exista o controle de queima. Queimas incompletas liberam
para o ambiente, dioxinas, furanos e outras substâncias altamente tóxicas. Sendo assim é
importante que essa atividade seja realizada por pessoas com conhecimento técnico
necessário.
Na Conferência de Johanesburgo, em 2002, no contexto das discussões sobre a
implementação do Protocolo de Kyoto, os projetos de recuperação de energia a partir do
aproveitamento dos resíduos sólidos domiciliares em aterros sanitários, passaram a se
constituir também numa oportunidade de negócios, como Mecanismos de Desenvolvimento
Limpo – MDL – instrumento inserido no Protocolo de Kyoto – que permitem aos países
desenvolvidos financiar projetos de diminuição da poluição, para atingir suas metas de
redução das emissões de carbono (GOLDENBERG, 2003).
4.8 PRODUÇÃO MAIS LIMPA
Em tempos de profundas preocupações com o meio ambiente, organizações de
diferentes setores industriais estão deixando de agir de forma reativa para agir de forma pró-
ativa com relação às questões ambientais. Diferentes metodologias de gestão ambiental
buscam sensibilizar diretores e níveis hierárquicos elevados dentro das organizações,
demonstrando a possibilidade de se obter lucro com o meio ambiente, entre elas a Produção
Mais Limpa, também conhecida pela sigla P+L (ARAUJO. 2002).
53
De acordo com WBCSD/UNEP (1997), apud Sperandio e Donaire (2005) a Produção
mais Limpa é a aplicação contínua de uma estratégia ambiental integrada e preventiva
aplicada a processos, produtos e serviços, para aumentar a ecoeficiência e reduzir riscos para
o homem e para o meio ambiente.
Oliveira Filho (2001) apud Araujo (2002) descreve que a solução tecnológica do tipo
fim-de-tubo corre atrás dos prejuízos ambientais causados por um sistema produtivo,
remediando os seus efeitos, mas sem combater as causas que os produziram. Ao contrário, as
tecnologias de P+L contemplam mudanças nos produtos e processos produtivos a fim de
reduzir ou eliminar todo tipo de rejeitos antes que eles sejam criados.
Segundo Valle (1995) apud Araujo (2002), a minimização de resíduos objetiva reduzir
a geração de resíduos em uma instalação através de ações de cunho técnico e gerencial, sendo
que a mesma pode ser alcançada na fonte, evitando-se a formação do resíduo em sua origem,
como através de técnicas de reciclagem e reaproveitamento interno, impedindo que o resíduo
chegue a ser lançado no meio ambiente.
Essa mudança na forma de pensar nas questões ambientais, obriga a empresa a pensar
em soluções que substituam os processos fim-de-tubo. Esse pensamento é derivado da
Produção mai Limpa. A seguir na Figura 10 é apresentado um fluxograma que representa a
idéia de Produção mais Limpa.
Figura 10: Ilustração da Produção mais Limpa.
Fonte: Nascimento (2002) apud Sperandio e Donaire (2005).
54
4.8.1 Produção mais Limpa na Indústria Moveleira
A indústria moveleira é a principal classe de indústrias presentes no município de
Lagoa Vermelha, por este fato ela será inserida no trabalho como exemplo no processo de
Produção mais Limpa, como pode ser verificado a seguir.
Oliveira e Araujo (2009) propuseram a uma indústria fabricante de móveis, localizada
na cidade de Ubá, procedimento de Produção mais Limpa. No Quadro 3 é apresentado os
resíduos gerados e sua destinação final.
Para diminuição do consumo de energia: desligamento da chave geral da subestação
ao final do último turno, monitoramento das medições da subestação a cada turno, maior
aproveitamento da iluminação natural e conscientização dos operários. Outras medidas
técnicas foram necessárias, como a substituição dos capacitores para correção do fator de
potência das máquinas e circuitos, substituição dos motores elétricos por outros mais
eficientes e também a modificação em alguns equipamentos, e ainda a instalação de sistemas
de acionamento de motores (termostatos, temporizadores) a fim de se evitar o funcionamento
contínuo e desnecessário.
Estudo realizado por Castro e Oliveira (s/ ano) mostra que empresa moveleira utiliza
algumas medidas visando o reaproveitamento de resíduos através de práticas de reciclagem
interna e externa. A reciclagem interna ocorre quando os resíduos são reutilizados dentro da
própria empresa, reaproveitando assim as peças refugadas, tocos de madeiras, peças que não
atingem o tamanho ideal. A reciclagem externa ocorre quando a empresa vende ou doa para outras
empresas os dejetos de madeiras provenientes dos processos produtivos, este é caso dos cavacos,
maravalhas e serragem. Existem também, medidas reparadoras quando parte dos resíduos são
estocados.
Esta mesma empresa passou a utilizar madeira de reflorestamento, mas para isso
precisou reorganização e padronizar o processo produtivo visando o melhor aproveitamento
da madeira e uma menor geração de resíduos. A padronização do processo de produção foi
implantada para aumentar a produtividade, melhorar a qualidade do produto e estabelecer
medidas máximas de matéria-prima a ser utilizada. A modificação nos processos produtivos é
também um ponto chave da produção mais limpa.
O reaproveitamento das peças curtas e estreitas tem como objetivo aproveitar as
madeiras que eram desclassificadas em função de não atingir o tamanho ou a largura mínima
55
exigida. Este processo consiste em emendar as madeiras tanto na largura quanto no
comprimento para serem utilizadas no processo de fabricação.
A substituição de ferro por madeiras é outra estratégia de P+L adotada pela empresa.
Essa estratégia consiste na substituição dos parafusos da bancada que antes eram fabricados
em ferro pela substituição de parafusos fabricados em madeira que estavam desclassificadas
em função do tamanho. Segundo o gerente de produção, os parafusos em madeira foi um
diferencial, reduziu custos e contribuiu com o aproveitamento das peças desclassificadas,
além de eliminar os resíduos de ferro que eram gerados, tais como, cavacos e pontas de ferro.
A substituição de embalagens é outra prática adotada pela empresa para não gerar lixo.
As caixas de papelão que não eram aproveitadas pelo cliente foram substituídas por fio
sintético (sem danificar o produto), o custo da embalagem reduziu e eliminou-se o desperdício
de papel.
Outra iniciativa adotada pela empresa que visa a sustentabilidade é a criação de uma
linha de móveis antigos em estilo medieval, fabricados com madeiras recicladas, ou seja, são
madeiras advindas de demolição de casas, tulhas e barracões construídos em madeira de
peroba rosa de aproximadamente 50 até 100 anos. Estas casas são desmanchadas e as
madeiras são vendidas para a empresa, onde são lavadas, desinfetadas e tratadas com
bactericidas para, posteriormente, serem restauradas artesanalmente.
Quadro 3: Resíduos Gerados e seus destinos.
Processo produtivo Principais resíduos Destino
Preparação da madeira
bruta
Costaneiras (faces, cascas de
toras).
Ripas de madeira (que não
atinge a bitola utilizada).
Tocos de madeira (pedaços de
madeira até 200 mm).
Cavacos (resíduos de
madeiras de aprox. 50 x 20
mm).
Maravalha ou cepilhos
(resíduos de madeira acima de
2,5 mm).
Reutilizado
internamente.
Refilado e utilizado
internamente.
Parcialmente reutilizado
na fábrica os pedaços de
até de 100 mm, o restante
é vendido para lenha ou
doado e as vezes
estocados.
Vendidos para olarias e
cerâmicas.
56
Vendidos para granja.
Corte / verificação
de medidas
Tocos de madeira (pedaços de
madeira de medidas diversas).
Cavacos (resíduos de
madeiras de aprox. 50 x 20
mm).
Serragem (resíduos de
madeira de 0,5 mm a 2,5
mm).
Parcialmente reutilizado
na fábrica os pedaços de
até de 100 mm, o restante
é vendido para lenha ou
doado e as vezes
estocados.
Vendidos para olarias e
cerâmicas.
Vendidos para granja.
Desempeno
Maravalha ou cepilhos
(resíduos de madeira acima de
2,5 mm).
Vendidos para granja.
Seleção Peças refugadas,
desclassificadas. Reutilizado internamente
Prensagem Este processo não gera
resíduos.
Desengrosso
Cavacos (resíduos de
madeiras de aprox. 50 x 20
mm).
Maravalha ou cepilhos
(resíduos de madeira acima de
2,5 mm).
Vendidos para olarias e
cerâmicas.
Vendidos para granja.
Encaixe/ emenda
Cavacos (resíduos de
madeiras de aprox. 50 x 20
mm).
Serragem (resíduos de
madeira de 0,5 mm a 2,5 mm)
Vendidos para olarias e
cerâmicas.
Vendidos para granja.
Furação
Serragem (resíduos de
madeira de 0,5 mm a 2,5
mm).
Maravalha ou cepilhos
(resíduos de madeira acima de
Vendidos para granja.
Vendidos para olarias e
cerâmicas.
57
2,5 mm).
Montagem Peças danificadas e refugadas. Reutilizado
internamente.
Lixação Pó (resíduo de madeiras
menor que 0,5 mm). Vendidos para granja.
Acabamento Rebarbas de madeira. È vendido junto com a
serragem.
Pintura Partículas de produtos
químicos no ar.
Não existe nenhuma ação
reparadora, as partículas
são lançadas no ar.
Revisão Este processo não gera
resíduo.
Embalagem Restos de papelão, plásticos. Vão para o lixo.
Fonte: Castro e Oliveira (s/ ano)
58
5 METODOLOGIA
O presente trabalho realizou-se através de pesquisas na literatura. Foi feito
levantamento de dados obtidos através de mapas, estudos, gráficos e entrevistas.
A partir desse recolhimento de informação buscou-se alternativas para o
melhoramento da qualidade ambiental para o município em estudo.
Abordou-se temas como soluções para os resíduos sólidos, proposição de instalação de
uma unidade de triagem para os resíduos recicláveis e áreas de compostagem para os resíduos
orgânicos.
Também se sugeriu uma solução para o efluente cloacal, visto que, o mesmo não
possui tratamento.
Salientou-se no estudo a importância da criação da consciência ambiental. Como
meio, sugeriu-se a criação do programa de Certificação Ambiental Municipal, a divulgação de
informação sobre o meio ambiente através de palestras e folhetos informativos para a
população.
Na Figura 11 seguinte é exemplificado o processo de confecção do trabalho.
Figura 11: Fluxograma representativo do processo de confecção deste trabalho.
Pesquisa em literatura;
Levantamento de dados;
Soluções para os
problemas ambientais
Melhoramento da
qualidade ambiental
Criação consciência
ambiental
Efluente doméstico;
Água;
Irrigação;
Resíduo sólido;
Indústria;
59
A finalidade desta pesquisa foi a promoção de alternativas de ações ambientais
sustentáveis para o município de Lagoa Vermelha/RS.
60
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES
6.1 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
O município de Lagoa Vermelha tem um total de 27.434 habitantes, área de 1.262
km², segundo informação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE de 2007.
Lagoa Vermelha pertence à região nordeste do Estado do Rio Grande do Sul. Limita-
se ao Norte com Santo Expedito do Sul, Tupanci do Sul e parte de Esmeralda, a direção Sul
com André da Rocha e parte de Muitos Capões, à leste com Sananduva, Caseiros, Ibiraiaras,
São Jorge e Guabiju.
Figura 12: Imagem informativa do município de Lagoa Vermelha.
O município é constituído por sete distritos, Santa Luzia, Clemente Argolo,
Tupinanbá, Capão do Cedro, Boqueirão, Fátima, Campinas. Ainda fazem parte do território
61
do município, povoados, tais como, Barreiro, Capão do Cipó, Capela do Divino, Fazenda da
Esperança, Fazenda das Candeias, Linha Soares, Navegantes, Pizzamiglio, Rincão de São
Francisco, São Brás, São Joaquim, São Jorge, São Judas e Sítio do Erval.
A localização dos distritos pertencentes ao município está indicada na Figura 13
abaixo.
Figura 13: Distribuição dos distritos pertencentes à Lagoa Vermelha.
62
6.1.1 História
A partir do século XVI, o território foi ocupado por gado, trazido pelos jesuítas das
reduções. O rebanho, em pouco tempo, tornou-se bravio e selvagem, reproduzindo-se em
mais de um milhão de cabeças.
A localidade conhecida como fundos dos campos de Vacaria, era rota de tropeiros
vindos de diversos pontos do Estado em direção à Feira de Sorocaba e vice-versa. Por aqui
paravam para descansar antes de prosseguir viagem. Esse caminho teria sido aberto entre
1734 e 1736.
A quantidade de gado disperso, a beleza natural da região e a crise no comércio de
mulas, por volta de 1840, atraíram posseiros de São Paulo e do Paraná, que passaram a
dedicar-se à pecuária.
Logo começaram a surgir os problemas de legitimidade das posses. Foi este o caso das
terras do fazendeiro José Ferreira Bueno, que tinha posse de uma fazenda de alguns milhares
de hectares. José Ferreira Bueno era capitão da guarda nacional, com serviços prestados nas
campanhas guerreiras do Sul. Possuía uma fazenda na Lapa, estado do Paraná. Descobriu nas
suas andanças por estas bandas, os rebanhos de gado alçado e os campos propícios para a
criação intensiva. Não teve dúvidas em se deslocar com parentes para fundar aqui, outra
fazenda. Dois anos depois, por volta de 1842, o local foi escolhido para a fundação da vila,
que, posteriormente, tornou-se município.
Os pioneiros ergueram uma capela rústica com tábuas de pinheiro lascado a machado;
construíram uma senzala e uma pequena casa. José Ferreira Bueno procurou contato com uma
tribo de índios que habitava no local e foi incentivando o aprisionamento do gado, sem dono,
para criar e tropear.
Posteriormente, José Ferreira Bueno marcou a data oficial para a fundação da
povoação, no dia 25 de janeiro de 1845. Promoveu uma reunião de moradores e fazendeiros,
improvisou uma festa e fez a doação verbal da área de terreno com um milhão de metros
quadrados para a edificação da futura cidade, com o nome de São Paulo de Lagoa Vermelha
em homenagem ao padroeiro.
Os aborígines foram os primeiros habitantes da região e representavam os vários
ramos da raça guarani. Depois disso, começam a chegar os imigrantes italianos, alemães e
poloneses.
63
Em 1850, é criado o município de Vacaria, mas sete anos depois voltava à condição de
freguesia. No mesmo ano, dia 17 de fevereiro, São Paulo de Lagoa Vermelha é elevado à
categoria de freguesia. Lagoa Vermelha e Vacaria passam, então, a pertencer a Santo Antônio
da Patrulha. A área dessa, no início do terceiro milênio, abrangia em torno de 63 municípios.
Vacaria foi desmembrada em 22 de outubro de 1850, incluindo em seu território
Lagoa Vermelha.
A euforia pela criação do município de Vacaria durou pouco. Em 26 de novembro de
1857, pela Lei estadual n° 391, foi suprimido, voltando com o território de Lagoa Vermelha
para Santo Antonio da Patrulha.
Em 17 de fevereiro de 1857, o Conselheiro Jerônimo Francisco Coelho, Presidente da
Província, sancionou a Lei n° 358, que levava à categoria de Freguesia a Capela de São Paulo
de Lagoa Vermelha. Com esta promoção tornou grande vulto a campanha para a criação do
município. Depois de incessantes trabalhos de pessoas influentes da região, foi criado, pela
Lei Provincial n° 1018 de 12 de abril de 1876, o município de Lagoa Vermelha,
compreendendo nele todo território do nordeste da Província, incluindo Vacaria. A Vila de
Lagoa Vermelha (município) só foi instalada no dia 18 de janeiro de 1877.
A reação em Vacaria contra o município de Lagoa Vermelha foi forte, os seus líderes
não se conformaram com a situação e, em 1° de abril de 1878, foi novamente criado o
município de Vacaria, suprimindo-se o de Lagoa Vermelha. A freguesia de Lagoa Vermelha,
pelo Ato de 15 de outubro de 1878, passou à condição de 3° Distrito de Vacaria. Assim,
Lagoa Vermelha conseguiu sua primeira emancipação,em 12 de abril de 1876, que durou até
1° de abril de 1878, (neste período a comunidade lagoense ficou sob a administração de uma
Câmara de Vereadores nomeada).
A emancipação de Lagoa Vermelha ocorreu em 10 de maio de 1881, pela Lei n° 1309
e sua instalação definitiva, em 26 de janeiro de 1883, até esta data ficou sob o comando de
Vacaria.
64
6.2 ASPECTOS DE LAGOA VERMELHA
A população residente no município de Lagoa Vermelha é de 27.434 habitantes, sendo
50,5% desse total é constituído pelo sexo feminino. A taxa de crescimento municipal tem
sofrido decaimento nos últimos sete anos, como pode ser verificado na Figura 14 seguinte.
Figura 14: Gráfico representativo do crescimento populacional do município.
Fonte: IBGE (2007).
6.2.1 Abastecimento de Água
O abastecimento da população, em sua maior parte, é feito pela Companhia
Riograndense de Saneamento, CORSAN, são 6880 domicílios na área urbana e 190
domicílios na área rural. A captação de água também é feita através de poços tubulares
65
profundos ou nascentes, sendo 142 em área urbana e 1592 na área rural, segundo Censo
Demográfico do IBGE de 2000.
A água para o abastecimento público é captada do Rio Passinho Fundo e tratada pela
CORSAN. A distância, em linha reta, do ponto de captação até a Estação de Tratamento de
Água (ETA) da CORSAN é de 500 metros.
É importante salientar que o ponto de captação está livre de qualquer poluição de
indústrias ou esgotos cloacais. Somente existe no entorno atividades de agricultura.
Segundo Lei Municipal de Lagoa Vermelha 5.899 de 2006 é proibida a aplicação de
defensivos agrícolas com aeronaves, inclusive manobras, numa faixa inferior a 5,00km (cinco
quilômetros) do perímetro urbano e na bacia de captação de água.
São consumidos 4.000.000 m³/d de água em Lagoa Vermelha, existe dois pontos de
armazenamento de água no município, um com capacidade de 5.050 m³ no Alto Pedregal e
outro no pátio da ETA com volume de água de 1.800 m³.
O tratamento realizado na ETA da CORSAN é do tipo convencional, segundo
informações prestadas do responsável técnico pela execução da ETA.
O tratamento consiste em três processos físicos, que são floculação, sedimentação e
filtração.
A água captada ao chegar na ETA, passa pela adição de um floculador, sulfato de
alumínio ferroso. Nessa etapa, ocorre o a formação de pequenas partículas, que se aglutinam
através de reações químicas. O processo dura aproximadamente 15 minutos.
Após a água é encaminhada ao tanque de sedimentação, onde os flocos decantam. Em
seguida a água passa para os filtros. Nesse processo há a eliminação de 100% das impurezas
químicas e bacteriológicas.
O filtro é composto de camada de areia, cascalho e porcelana, o diâmetro do meio
filtrante é de 80 milímetros. A lavagem do filtro é feita diariamente e são gastos 184.000 litros
de água a cada ação de lavagem.
Ainda é adicionado para cloração cloro à água. São utilizados para o tratamento diário
dez quilos de Cl2.
As redes de abastecimento de água são em sua maioria de PVC, mas ainda existe
canalizações antigas que são de amianto. Qual a mesma esta proibida e é responsável por
perdas de água.
A capacidade de operação da ETA no projeto é de 45 l/s, embora atualmente sua vazão
de funcionamento está em 90 l/s. O que esta ocasionando uma demora excedente no
tratamento da água.
66
Na ETA são realizados testes de qualidade da água tratada. Os parâmetros de pH, cor e
turbidez, são feitos a cada hora. Oxigênio dissolvido, ferro, manganês, matéria orgânica e
Demanda Bioquímica de Oxigênio são efetuados com periodicidade semanal. Na Tabela 5 são
apresentados os valores para os parâmetros analisados.
Tabela 5: Parâmetros da qualidade da água no ponto de captação e após o tratamento.
Parâmetro Água bruta Água pós
tratamento
ph 7,3 – 7,5 6 – 7,9
Cor (UNT) 30 2
Turbidez 14 – 15 0,4 – 0,3
Alcalinidade (mg/l) 28 15 – 16
OD (mg/l) 8,6 9
Ferro (mg/l) 0,4 0,00
Manganês (mg/l) 0,00 0,00
MO (mg/l) 2,4 0,4 – 0,5
DBO (mg/l) 0,2 0,4
Fonte: Informações disponibilizadas pelo responsável técnico pela ETA.
Ainda são realizados teste de parâmetros de produtos fitossanitários, mas o resultado
dos mesmos não foi disponibilizado.
Em Lagoa Vermelha não é realizado o tratamento do esgoto cloacal, o mesmo após
coleta nas residências é encaminhado para o Rio Andava.
O efluente doméstico, segundo Censo do IBGE, é a maioria captado pela rede geral de
esgoto, na área urbana são 5.709 domicílios, na área rural são apenas 83. Em zona urbana, 172
residências utilizam como sistema de tratamento a fossa séptica, na zona rural são 57 famílias
que optam por esse tratamento. O despejo diretamente em rio é feito por 18 famílias na zona
urbana e em zona rural são 48 famílias que praticam essa atividade.
De acordo com a Lei 5.899 as redes de abastecimento de água são em sua maioria de
PVC, mas ainda existe canalizações antigas que são de amianto. Qual a mesma esta proibida e
é responsável por perdas de água.
67
6.2.2 Resíduos Sólidos
Em estudo realizado por Zanchetta (2007) obteve-se a composição gravimétrica do
resíduo no município.
Na coleta manual, os materiais predominantes nas amostras obtidas nos sete pontos do
lixão, em ambas as profundidades (0-50 cm e 150-200 cm), foram a massa pastosa (33% e
37,4%, respectivamente) e o plástico filme (18,5% e 21,9%, respectivamente), apresentados
na Figura 15. Por outro lado, com auxílio da pá carregadeira da retro, nos nove pontos de
coleta de amostras e em todas as profundidades amostradas (0-100, 100-250 e 250-300 cm), o
principal material obtido na composição gravimétrica dos RSU também foi a massa pastosa
(58,5%, 42,4% e 32,4%, respectivamente). O segundo material mais freqüente na
composição dos RSU variou com a profundidade de amostragem. Na camada mais superficial
(100 cm), predominou o plástico filme (10,0%) e nas demais camadas (250 e 350 cm) a pedra
(16,7% e 21,0%, respectivamente), apresentados na Figura 16.
A comparação das médias obtidas nas diferentes profundidades, amostradas com o
método de coleta manual, mostra que houve variação expressiva do metal ferroso (aço) e da
madeira. A média de aço foi de 10,8%, na profundidade de 0-50 cm; enquanto que entre 150-
200 cm foi de 2,6%. Já o percentual de madeira predominou na profundidade de 150-200 cm
(1,4%) e diminuiu em 0-50 cm (0,3%). Nas coletas realizadas com auxílio da
retroescavadeira, a análise comparativa entre as médias, mostrou maior variação dos materiais
avaliados nas três profundidades de amostragens (100, 250 e 350 cm): plástico rígido (3,6%,
11,0% e 6,6%, respectivamente), aço (7,3%, 12,9% e 12,1%, respectivamente); tecido (5,0%,
0,8% e 1,6%, respectivamente), vidro (8,3%, 7,8% e 16,1%, respectivamente).
68
Figura 15: Composição gravimétrica (%) dos resíduos coletados manualmente em
duas profundidades
Fonte: Zanchetta (2007).
Figura 16: Composição gravimétrica (%) dos resíduos coletados com retroescavadeira
em três profundidades.
Fonte: Zanchetta (2007).
De acordo com a Lei Municipal de Lagoa Vermelha 5.890 de 2006 os resíduos
urbanos de origem domiciliar, serão acondicionados devidamente fechados em sacos plásticos
ou embalagens permitidas, e colocados em recipientes resistentes e impermeáveis, podendo
ainda, serem identificados com rótulos diferenciados, pela cor, símbolo ou expressão
correspondente ao grupo de resíduos a que se destina.
Nas áreas rurais, segundo a mesma Lei, os usuários deverão seletivamente separar os
resíduos, sendo que os orgânicos deverão ser destinados na propriedade, mediante sistema de
69
compostagem, e os secos deverão ser lavados, acumulados e destinados pelo proprietário até
os locais de coleta e em dias previamente definidos pela Administração Municipal.
A Lei 5.890 ainda define que antes do acondicionamento do lixo em sacos plásticos, o
usuário deverá separar o orgânico do inorgânico, eliminar os líquidos e embrulhar
convenientemente cacos de vidro, materiais contundentes e perfurantes, de modo a não causar
dano a quem deva manuseá-los.
Para os resíduos industriais e serviço de saúde a Lei 5.890 define respectivamente que
os resíduos sólidos industriais, comerciais e de serviços serão acondicionados e fechados em
recipientes padronizados, com identificação visível sobre o tipo de resíduo e o risco que
representarem para a saúde e ao meio ambiente. Já os resíduos de serviço de saúde
provenientes de hospitais, casas de saúde, sanatórios, clinicas médicas e odontológicas,
ambulatórios e similares, deverão ser segregados e acondicionados de acordo com sua
classificação, visando reduzir o volume de resíduos contaminados e o risco de acidentes.
Os resíduos sólidos industriais deverão ser cadastrados individualmente através de
formulários padronizados fornecidos pelo órgão ambiental estadual. Os formulários serão
preenchidos pelas proprietários ou responsáveis das indústrias, devendo conter dados sobre a
composição dos resíduos e todas as demais informações necessárias à sua perfeita
identificação e classificação, de modo a permitir uma adequada prestação dos serviços desde
o acondicionamento, coleta, transporte, armazenamento, tratamento até a destinação final.
Os resíduos apresentados à coleta fora do horário estabelecido e de forma incorreta
caracterizam-se como infração e é passível de multa (LEI 5.890, 2006).
A LEI 5.890 de 2006 ainda proíbe:
Lançamento in natura a céu aberto, tanto em áreas urbanas quanto rurais;
Queima a céu aberto, em recipientes improvisados ou em instalações ou
equipamentos considerados inadequados nos termos da legislação vigente;
Lançamento em cursos d’água, em terrenos baldios, em poços ou cavidades
subterrâneas, em rede de drenagem de águas pluviais, em esgotos ou em áreas
sujeitas a inundações;
Infiltração de resíduos ou efluentes no solo sem tratamento prévio.
Segundo dados do Estudo de Impacto Ambiental (2003) os resíduos sólidos foram
separados, segundo sua destinação, em: coleta, queimado em propriedade, enterrado em
propriedade, jogado em terreno baldio, jogado em rio. Em zona urbana o lixo é coletado em
6.527 domicílios, em 347 eles são queimados, em 61 residências são enterrados, 90
70
domicílios optam por jogar em terreno baldio e 41 famílias fazem o despejo em rios. A
situação em zona rural possui uma nova configuração, visto que a maior parte, 1.298 são
queimados na propriedade, apenas 132 famílias encaminham para coleta, 253 domicílios
enterram seu lixo, 103 residências jogam em terreno baldio e 8 famílias efetuam o despejo em
rios. Os dados citados anteriormente foram levantados pelo Censo Demográfico do IBGE
2000.
6.2.3 Energia
Segundo informações coletadas do Atlas Socioeconômico do Rio Grande do Sul
edição 2008, o consumo de energia no município de Lagoa Vermelha é 20.000 MWh a
300.000 MWh, sendo que a prestadora do serviço de energia elétrica é a Rio Grande Energia -
RGE. A forma de geração de energia é através de Centrais Geradoras Hidrelétricas. A maior
parte da energia gerada é distribuída à indústria 49%, as residências recebem 27% da energia
gerada, 13% quem recebe é o setor industrial e igualmente o setor rural.
6.2.4 Economia
A soma de todos os bens e valores monetários, circulados no município de Lagoa
Vermelha durante o período de 2007, foi em sua maior parte advinda dos serviços prestados
no município. A agricultura e as indústrias detêm a terça parte do PIB municipal. Essa
situação pode ser verificada na Figura 17, abaixo.
71
Figura 17: Gráfico que representa o Produto Interno Bruto de Lagoa Vermelha.
Fonte: IBGE (2007).
A produção agrícola no município de Lagoa Vermelha é uma questão muito presente.
No Quadro 4 é possível verificar a produção de diferentes culturas ao longo dos anos de 2004
e 2006.
Quadro 4: Produção agrícola no município de Lagoa Vermelha.
Cultura Produção em toneladas entre 2004 e 2006
Soja 50.000 – 100.000
Milho 20.000 – 50.000
Trigo 10.070 – 54.066
Feijão 315 – 1.000
Mandioca 0 – 2.000
Erva-mate 500 – 5.000
Amendoim 0 – 15
Batata doce 0 – 500
Batata inglesa 3.123 – 10.000
Fonte: Atlas Socioeconômico do Rio Grande do Sul (2008)
72
A produção média de carvão vegetal no município foi de até 50 toneladas entre os
anos de 2004 e 2006.
A área do município como pode ser verificado na Figura 18 e Figura 19 é
predominantemente compostas por campos, onde é realizada a criação de bovinos, e em parte
pela agricultura no cultivo de culturas de inverno e verão.
Figura 18: Representação da vegetação presente na área do Estado.
Fonte: Atlas Socioeconômico do Rio Grande do Sul (2008)
73
Figura 19: Representação da vegetação presente na área do Estado.
Fonte: Atlas Socioeconômico do Rio Grande do Sul (2008)
A pecuária na região de Lagoa Vermelha é predominantemente criação de bovinos.
Entre os anos de 2004 e 2006 a criação de bovinos obteve média de 10.000 cabeças a 100.000
cabeças. A criação de suínos, no mesmo ano foi menor, entorno de 62 e 10.000 cabeças.
A criação de aves, entre 2001 e 2003, foi entre 20.000 cabeças e 200.000 cabeças. A
criação de ovelhas é a atividade menos desenvolvida da região, tendo sido de até 500 cabeças
entre os mesmos anos.
A produção de leite foi na região de Lagoa Vermelha foi de 10.000 litros a 20.000
litros entre os anos de 2001 e 2003
A planta industrial do município possui.50 estabelecimentos, que geraram no ano de
2005 um Valor Adicionado Bruto ao município de 10.000 reais. Sendo que a principal classe
industrial presente no município é a indústria moveleira.
74
O faturamento no setor alimentício, mecânico e vestuário geraram 1 milhão de reais no
ano de 1999. O setor imobiliário gerou um Valor Adicionado Bruto de 50.000 milhões de
reais.
A cidade de Lagoa Vermelha tem em média 500 estabelecimentos comerciais, sendo
este o setor que mais gera o Produto Interno Bruto ao município, como foi possível verificar
na Figura 17. Seu faturamento de Valor Adicionado Bruto, no ano de 1999, foi de 100.000
milhões de reais.
6.2.5 Recursos Hídricos
O município de Lagoa Vermelha pertence à Bacia Hidrográfica do Uruguai e Sub-
bacia do Taquari-Antas. As províncias geomorfológicas abrangidas pela bacia são: Planalto
Meridional e a Depressão Central, como apresentadas na Figura 20 e Figura 21 em seqüência.
Figura 20: Representação das Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Sul.
Fonte: Atlas Socioeconômico do Rio Grande do Sul (2008)
75
Os principais corpos hídricos presentes na Bacia Taquari-Antas são o Rio das Antas,
Tainhas e Carreiro.
Figura 21: Delimitação da área da Bacia Hidrográfica Taquari-Antas.
Fonte: Relatório anual de Recursos Hídricos (2008).
O Rio Passinho Fundo é o recurso hídrico mais próximo da urbanização do município.
O mesmo encontra-se a sudoeste do município. A localização exata pode ser verificada na
Figura 22 a seguir.
76
Figura 22: Imagem da área pertencente ao município de Lagoa Vermelha, destacando
o Rio Passinho Fundo.
6.2.6 Caracterização do Solo
Predominam em Lagoa Vermelha, segundo estudo de Smaniotto (2001), litologias da
Formação da Serra Geral, Grupo São Bento, da idade Juro-Cretáceo, constituídas de rochas
que gradacionaram de tipos mais básicos. Em toda a área e ao redor do local investigado,
constatou-se a existência de um único tipo litológico, constituído de rochas de coloração que
variam do cinza claro ao cinza-escuro, às vezes avermelhados afaníticos e em geral alternados
na superfície. Em superfície os basaltos possuem como características em cerrado
fraturamento horizontal, podendo a zona basal de alguns derrames se apresentarem de forma
maciça, mas afetadas pela ação da tectônica rígida. Em toda a área são vistos os efeitos da
ação de um intenso fraturamento decorrente da tectônica rígida. Estando a rocha de
embasamento muito fraturada, o nível de alteração é acentuado, no entanto, o manto de
alteração é relativamente delgado com profundidade média variando de 2,00 a 4,00 metros.
Rio Passinho Fundo
77
Tendo a seqüência basáltica da Formação Serra Geral, as composições químicas são
diversas, com a presença de cristais de calcita, zeólitas, quartzo e outros minerais
preenchendo zonas visiculares, fissuras e zonas brechadas, bem como uma significativa
variação de rochas básicas na base até rochas ácidas no topo, as águas contidas nos planos de
falhas percolando por essas rochas adquirem um caráter alcalino bicarbonatado pela
dissolução dos sais, absorção de elementos menores, etc, adquirindo dessa forma uma
classificação de água mineral. Os rios que banham o território são de pequeno porte, não
havendo cursos navegáveis e pertencem às bacias do Rio Pelotas e das Antas (SMANIOTTO,
2001).
O relevo como pode ser verificado na
Figura 23 é classificado como morrotes baixos, relevo ondulado onde predominam
amplitudes locais inferiores a 50 metros. Topos arredondados, vertentes com perfis convexos
e retilíneos. Possuem drenagem de alta intensidade, padrão subdentrítico, presença eventual
de área alagadas e declividade inferior a 10°.
Figura 23: Carta de geomorfologia do município.
Fonte: Engevix; Biodinâmica (2003).
Existem dois tipos de solo que se destacam na região de Lagoa Vermelha: Nitossolo
Háplico Intermediário para Nitossolo Vermelho Alumínico A e Latossolo Bruno
Intermediário para Latossolo Vermelho Alumínico A.
78
O perfil do Nitossolo Háplico Intermediário para Nitossolo Vermelho Alumínico A é
do tipo A proeminente, Bt e C com baixo gradiente textural. As tonalidade de cores vão de
bruno-avermelhadas com matizes 2,5 YR a 4YR. A textura é muito argilosa com baixa
atividade das argilas. Os teores de Fe2O3 superam os 15%. Ainda possuem baixas reservas de
nutrientes e saturação com alumínio trocável superior a 50%.
Os Latossolo Bruno Intermediário para Latossolo Vermelho Alumínico A, são solos
minerais, não-hidromórficos profundos a muito profundos e bem drenados. A textura desse
tipo de solo é bastante argilosa, com teores de Fe2O3 superiores a 18%. A sua capacidade de
troca catiônica é maior que 6,5. Essa variação de solo são pobres quimicamente, com elevado
teores de alumínio trocável, ácidos e poucas reservas minerais.
A suscetibilidade a erosão na região de Lagoa Vermelha na direção Oeste é
considerada Moderada devido a sua textura muito argilosa e declividade entre 8 e 20%.
A tendência a processos erosivos nas áreas circundantes a região urbanizada do
município é considerada Ligeira, pois possui relevo com ondulações suaves e solos estáveis
devido ao tipo de solo presente no local.
Na região Leste a suscetibilidade é considerada Moderada/Forte, por estar situada em
uma região de solo Nitossolo Háplico Intermediário para Nitossolo Vermelho Alumínico
A descrição acima pode ser observada na
Figura 24 abaixo.
Figura 24: Carta de suscetibilidade a erosão.
Fonte: Engevix; Biodinâmica (2003).
79
Para atender os requisitos de segurança com relação ao tipo de solo, declividade do
terreno, suscetibilidade a erosão a Lei Municipal de Lagoa Vermelha 5.898 de 2006 estabele
diretrizes para o parcelamento do solo, não sendo permitido o parcelamento em:
Em terrenos alagadiços, antes de tomadas as providências para assegurar o
escoamento das águas, e em terrenos sujeitos a inundações;
Em terrenos que tenham sido aterrados com material nocivo à saúde pública,
sem que sejam previamente saneados;
Em terrenos com declividade igual ou superior a 30% (trinta por cento), salvo
quando atendidas exigências específicas quanto a contenção de terra;
Em terrenos onde as condições geológicas não aconselhem a edificação;
Em áreas de preservação ambiental ou naquelas onde a poluição impeça
condições sanitárias suportáveis, até sua correção.
Os loteamentos deverão atender pelo menos aos seguintes requisitos:
As áreas destinadas ao sistema de circulação, à implantação de equipamentos,
urbanos e comunitários, bem como a espaços livres de uso público, incluídas as
áreas verdes, serão proporcionais à gleba e nunca inferior a 35% (trinta e cinco
por cento) da área loteável;
As áreas verdes serão no mínimo iguais a 10% (dez por cento) da área loteável,
devendo o restante das áreas públicas serem destinados a equipamentos
comunitários e sistema viário;
Os lotes terão área mínima equivalente a 200m² (duzentos metros quadrados),
testada mínima igual a 8m (oito metros), respeitadas as demais exigências
previstas nesta Lei;
As vias projetadas deverão harmonizar-se com a topografia local;
Todas as ruas a serem projetadas e construídas deverão ter o declive mínimo de
0,3% (zero vírgula três por cento) e o máximo de 25% (vinte e cinco por
cento);
O comprimento das quadras dos loteamentos não poderá ser superior a 250 m
(duzentos e cinqüenta metros), devendo o arruamento ser compatível com as
ruas existentes e projetadas em seu entorno;
As áreas públicas a serem entregues ao Município terão no mínimo 30% (trinta
por cento) de seu total em um só perímetro, onde possa ser inscrito um círculo
80
com raio mínimo de 10 m (dez metros), e em terreno com declividade inferior
a 30% (trinta por cento);
As tubulações que não passarem pelas vias públicas terão faixas sanitárias "non
aedificandi" com largura mínima de 3,00 m (três metros);
As servidões de passagem para acesso de um imóvel ao outrodeverão possuir
largura mínima igual a dois metros e meio.
6.2.7 Caracterização da Flora
Segundo dados do Engevix; Biodinâmica (2003) a vegetação na área do município de
Lagoa Vermelha é predominantemente a Floresta Ombrófila Mista ou Vegetação Secundária
em Estágio Avançado de Regeneração. Esse tipo de vegetação é encontrada bastante
fragmentada, em forma de capões. Sofreu fortes intervenções antrópicas e intercalados por
cultivos agrícolas.
As espécies predominantes são a Araucaria angustifolia (pinheiro-brasileiro), Lithraea
brasilienses (bugreiro) e a Sebastiania commersoniana. Outras espécies também são
encontradas na área, ameaçadas de extinção: Clethra scabra, Gochnatia polymorpha,
Myrocarpus frondosus, Celtis tala e Drymis brasilienses.
Campos de Altitude Sulinos também são verificados na região, podem formar
mosaicos de Floresta Ombrófila Mista. Bastante utilizado para pastagem do gado. As espécies
encontradas na região são: Papalum notatum (grama-forquilha), Andropogon lateralis (capim-
caninha), Erianthus angustifolius (macega), Arsitida pallens (barba-de-bode), Baccahris
trimera (carquejas) e Eryngiun horridum (caraguatá).
São observadas na área em estudo, algumas espécies de vegetação de reflorestamento,
basicamente Pinus elliottii e Eucalyptus grandis. Também, são cultivadas na área espécies
frutíferas.
O município de Lagoa Vermelha, bem como, grande parte do Rio Grande do Sul
pertence ao Bioma de Mata Atlântica. Tal situação pode ser verificada na Figura 25 seguinte.
81
Figura 25: Biomas presentes no Estado do Rio Grande do Sul.
Na Lei Municipal de Lagoa Vermelha 5.899 de 2006 ficam estabelecido as espécies
vegetais que são proibidas de serem plantadas no município, são elas:
Pequeno porte: o flamboyant, o urucum, a espirradeira, a bucha de garrafa e o
algodão;
Médio porte: o chorão, o falso chorão e o ligustro;
Grande porte: o flamboyant.
As espécies que deverão ter o seu uso e plantio incentivado são as seguintes:
Pequeno porte: a murta, o ipê, a extremosa, a primavera, o guabijú e a
pitangueira;
Médio porte: a quaresmeira, a pata-de-vaca, a cássia imperial, o cacho-de-ouro,
a extremosa, a magnólia amarela, a sibipiruna, o ipê e a pitangueira;
Grande porte: a sibipiruna, o jambolão, o pau-ferro, o ipê, o jacarandá, a
canforeira, a tipuana, o carvalho europeu, o angico e a corticeira.
A mesma Lei estabelece diretrizes para o plantio de árvores em passeio público.
Em passeios com largura inferior a 1,50m (um metro e meio) não será
permitido o plantio de árvores;
Em passeios com largura acima de 1,50m (um metro e meio), com rede de
energia elétrica, deverão ser plantadas espécies de pequeno porte;
Em passeios com largura acima de 1,50m (um metro e meio), sem rede de
energia elétrica, deverão ser plantadas espécies de pequeno e ou médio porte;
82
Em passeios com largura acima de 3,00m (três metros), sem rede de energia
elétrica, poderão ser plantadas espécies de grande porte;
Em locais onde houver o plantio de árvores nos dois lados da rua, devem ser
plantadas árvores num lado da rua em posições intercaladas com as do outro
lado.
6.2.8 Caracterização da Fauna
De acordo com dados Engevix; Biodinâmica (2003) as espécies de animais presentes
na área de Floresta Ombrófila Mista, são compostas de roedores. Também é percebido a
presença de aves como o papagaio-charão, bem como, sazonalmente a presença de gralhas-
azuis. Espécies de corujas, pica-paus, papagaios-de-peito-roxo, azulinho entre outras espécies
podem ser avistadas na área.
Através de estudo realizado no local, foi possível estabelecer uma listagem de espécies
presentes. Nos quadros apresentados no Anexo 3, Anexo 4, Anexo 5, Anexo 6 deste trabalho
são identificados o nome popular e científico de cada espécie.
A partir das pesquisas realizadas sobre o município de Lagoa Vermelha , e pesquisas
de literatura para soluções dos principais problemas identificados na cidade foi possível
sugerir ações imediatistas para os seguintes itens listados na seqüência.
6.3 ÁGUA DE ABASTECIMENTO
Pelo fato de haver canalizações antigas de distribuição de água e de material impróprio
para a finalidade a qual esta sendo dirigida, e ainda haver perdas na distribuição da água,
sugere-se a troca dessas conexões antiquadas por canalização de PVC.
Propõe-se também o controle da qualidade da água nas canalizações, pois como foi
mencionado anteriormente existe a possibilidade de criação de biofilme no interior dos tubos
e acumulação de cloro, sendo que o mesmo é considerado causador de enfermidades quando
acumulado no organismo humano.
83
6.4 ÁGUA PARA IRRIGAÇÃO
Devido ao fato que a região no entorno do município tem vocação agrícola, sugere-se
que seja feita conferência mensal da qualidade da água de irrigação. Os parâmetros a serem
observados são os que constam no Anexo 2.
6.5 PRODUÇÃO MAIS LIMPA
6.5.1 Certificação Municipal
Propõem-se a criação de uma certificação ambiental municipal para as empresas que
realizarem alguma ação que seja benéfica ao meio ambiente. Este processo deverá ser livre de
despesas.
A principal finalidade dessa proposta é o incentivo a adoção de práticas
ambientalmente corretas gerando consciência ambiental tanto no empreendedor como no
consumidor, que poderá escolher por empresas ambientalmente responsáveis.
6.5.2 Efluente Cloacal
Devido à inexistência de tratamento do esgoto doméstico na cidade de Lagoa
Vermelha, sugere-se que após a captação do mesmo, o efluente seja coletado e armazenado
em lugar adequado, evitando assim a contaminação do solo e dos recursos hídricos, para
posterior aproveitamento na agricultura e jardins.
Para garantir a segurança da atividade proposta recomenda-se a adoção de coletas de
amostras do material, com periodicidade quinzenal, para confrontação com os parâmetros
84
estabelecidos pela EPA, constante no Anexo desse trabalho, Anexo 1: Diretrizes sugeridas
pela EPA para reuso de água.
Caso não esteja adequado para a finalidade proposta realizar seu tratamento.
6.5.3 Resíduos Sólidos
Devido ao fato de a maior porcentagem do resíduo doméstico produzido no município
ser de características orgânicas, sugere-se a implantação de uma usina de compostagem, de
acordo com as especificações mencionadas no item 4.2.1.
Recomenda-se que o processo de compostagem do solo seja natural, com aeração
manual periódica, visto que o município de Lagoa Vermelha é considerado de pequeno porte,
não produzindo assim resíduos em grandes quantidades.
Para os resíduos domésticos recicláveis propõem-se a criação de usina de reciclagem,
para segregação do material recolhido nas residências. A segregação será feita através de
pessoas que farão parte de uma cooperativa. Nessa cooperativa serão ministrados cursos para
aperfeiçoamento e para a possibilidade de renda através da confecção de materiais a partir de
produtos recicláveis.
A coleta do lixo orgânico passará diariamente por todo o município e o recolhimento
do resíduo reciclável será duas vezes na semana, nos seguintes dias: segunda e quinta.
O acondicionamento temporário do resíduo será feito através de containeres alocados
distantes três quadras uns dos outros. A localização dos mesmos esta indicada na Figura 27.
Serão disponibilizados dois containeres, um para o resíduo orgânico na cor marrom e outro
para o reciclável na cor verde. A capacidade dos containeres é 660 litros. A Figura 26
exemplifica o recipiente para coleta de resíduo.
Para haver conscientização das pessoas para a importância de haver a segregação
correta, e diminuição da quantidade de resíduo gerado, serão confeccionados panfletos
informativos e realizar-se-á palestras em escolas sobre a importância de preservação do meio
ambiente.
85
Figura 26: Container sugerido para o acondicionamento temporário de resíduos.
Figura 27: Localização dos coletores temporários propostos.
86
6.5.4 Bolsa de Alimentos
Sugere-se também a criação de uma Bolsa de Alimentos para as pessoas carentes. Este
projeto funcionará através de doações de alimentos de restaurante em excesso, bem como de
fruteiras e mercados.
6.5.5 Indústria Movelereira
Em conseqüência do fato que o principal ramo da indústria presente no município, é o
moveleiro, propõe-se a criação de uma cartilha e o assessoramento para essas empresas, com
o objetivo de fomentar práticas de Produção mais Limpa no setor, como por exemplo:
Desligamento da chave geral de energia elétrica após o término do turno de
trabalho, melhor aproveitamento da luz natural para iluminação da fábrica para
diminuição no consumo de energia elétrica;
Aproveitamento de madeira de demolição para fabricação de peças
diferenciadas;
Utilização de madeiras de reflorestamento como matéria prima;
Utilização de parafuso de madeira no lugar ao de metal, reduzindo assim o
resíduo de metal e reaproveitando as madeiras que sobram na fábrica;
Informação sobre a correta destinação dos resíduos gerados, principalmente os
tóxicos, como tintas e vernizes.
87
7 CONCLUSÃO
Através da realização do presente trabalho, foi possível desenvolver a percepção de
como a saúde ambiental dos municípios está vulnerável, motivados, principalmente, pela
precariedade dos planejamentos ambientais existentes.
Os dois principais problemas presentes nas cidades são o efluente cloacal e os resíduos
sólidos urbanos. O primeiro é pertinente, pelo motivo que na maioria das cidades inexiste o
tratamento adequado desse efluente, ou nem toda a população é atendida. O segundo
apontamento é preocupante pelo fato que, são poucos os municípios que mantém a disposição
correta dos seus resíduos, a maior parte os faz de forma inadequada, gerando riscos de
contaminação do solo, águas subterrâneas e superficiais que algumas vezes são as fontes de
abastecimento público.
Finaliza-se este trabalho com a certeza da necessidade de planejamentos ambientais
pertinentes e voltados para a preservação ambiental e a minimização dos impactos gerados
pela sociedade até o presente momento, devido a instalações inadequadas, atitudes
impensadas e não planejadas.
7.1 SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTUROS
Como recomendação para trabalhos futuros, fica a sugestão da implementação das
ações propostas principalmente as relacionada aos resíduos sólidos.
Sugere-se também um levantamento detalhado das indústrias presentes no município
para posterior avaliação dos impactos que as mesmas estão causando, e ainda adoção de
práticas de Produção mais Limpa para as indústrias.
88
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, R.; et al. Planejamento ambiental: caminho para participação popular egestão ambiental para nosso futuro comum. Rio de Janeiro, Thex editora, 1993. 176p.
ALTERNATIVE ENERGY INSTITUTE. Hydrogen and fuel cells. Disponível em:<http://www.altenergy.org/renewables/hydrogen_and_fuel_cells.html>. Acesso em: 08 nov.2009
AMBIENTE BRASIL. Resíduos: código das cores. Disponível em:<http://ambientes.ambientebrasil.com.br/residuos/codigo_de_cores.html>. Acesso em: 24 set.2009
ANGELAKIS, A. N. BONTOUX, L. Wastewater reclamation and reuse in Eureau countries.Water Policy, n. 3, p. 47 - 59. 2001,
ARAUJO, F. A.; OLIVEIRA, M. A produção mais limpa aplicada em uma pequena indústriado setor moveleiro: eficiência ambiental e econômica, 2. 2009, São Paulo. Anais
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10.004: Resíduos Sólidos –Classificação. Rio de Janeiro, 2004
BESEN, G. R. Programas municipais de coleta seletiva em parceria com organizações decatadores na Região Metropolitana de São Paulo: desafios e perspectivas. Dissertação(Mestrado em Saúde Pública) - São Paulo: Universidade de São Paulo, 2006
BERZIN, G.; et al. Descargas na rede para preservar a qualidade da água. Revista. DAE, v.48, n.152, p. 22-25, Jul./Set. 1988.
BRAGA, J. O. N.; et al. O uso do geoprocessamento no diagnóstico dos roteiros de coleta delixo da cidade de Manaus. Revista Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 13, n. 4, p. 387 -394, out./dez. 2008
89
BRAGA, T. M.; et al. Índice de sustentabilidade municipal: o desafio de mensurar. RevistaNova Ecologia, Belo Horizonte, v. 14, n. 3, p. 11 – 33. Set./dez. 2004
BRASIL, Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução no 357, de 17 de março de 2005.Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 18 mar. 2005. Seção 1, p. 58-63
BRASIL. Dedreto - Lei no 5.452, de 1 de maio de 1943. Diário Oficial da RepúblicaFederativa do Brasil, Brasília, DF, 9 ago. 1943, p. 11937
CASAGRANDE, C. A. Diagnóstico ambiental e análise temporal da adequabilidade douso e cobertura do solo na Bacia do Ribeirão dos Marins, Piracicaba, SP. Dissertação(Mestrado em Ecologia de Agroecossistemas) – Piracicaba: Universidade de São Paulo, 2005
CASTRO, A. C. F.; OLIVEIRA, E. B. O Desenvolvimento Sustentável e as Implicações daProdução Mais Limpa: um estudo de caso no setor moveleiro.
CEMPRE. Bolsa de resíduos. Disponível em:<http://cempre.tecnologia.ws/serv_cooperativas.php>. Acesso em: 20 set. 2009
CEZARE, J. P.; MALHEIROS, T. F.; PHILIPPI, A. Avaliação de política ambiental esustentabilidade: estudo de caso do município de Santo André – SP. Revista EngenhariaSanitária e Ambiental, v. 12, n. 4, p. 417 – 425, out./dez. 2007
CHIQUITO, E. A. Expansão urbana e meio ambiente nas cidades não metropolitanas: ocaso de Franca – SP. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – São Carlos:Universidade de São Paulo, 2006
CLARK, R. M.; Modeling contaminant propagation in drinking water distribution systems. J.Envir. Eng. ASCE, v. 119, n. 2, p. 349-364, 1993.
ENGEVIX; BIODINÂMICA. Estudo de Impacto Ambiental. Ago., 2003
FAMURS. Meio ambiente na administração municipal: diretrizes para a gestãoambiental municipal. Porto Alegre: Ed. FAMURS, 1998
FAO. Criteria and options for appropriate irrigation methods. Disponível em:<http://www.fao.org/docrep/W3094E/w3094e05.htm#TopOfPage>. Acesso em: 14 nov. 2009
90
GENERINO, R. C. M. Desempenho tecnológico dos serviços de abastecimento de água eesgotamento sanitário em quatro municípios de Minas Gerais: uma análise comparativa.Tese (Doutorado em Saúde Pública) – São Paulo: Universidade de São Paulo, 2006
GOBIN, A.; et al. Assessment and reporting on soil erosion. Copenhagem: EuropeanEnvironmental Agency, 2003
GOLDENBERG. J. Política energética e crise de desenvolvimento. São Paulo: Editora Paze Terra, 2003
GUERRA, A. J. T.; et al. Erosão e conservação de solos: conceitos, temas e aplicações. Riode Janeiro: Bertrand Brasil, 1999
HELLER, P. G. B.; SPERLING, M. V.; HELLER, L. Desempenho tecnológico dos serviçosde abastecimento de água e esgotamento sanitário em quatro municípios de Minas Gerais:uma análise comparativa. Revista Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 14, n. 1, p. 109 –118, jan./mar. 2009
IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Diretoria dePesquisas, Departamento de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional deSaneamento Básico 2000. Disponível em:<http://www.cidades.gov.br/SNSA/Cidades_secretaria_saneamento_diagnostico_apresenta%E7%E3o.htm>. Acesso em: 10 nov. 2009.
IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Diretoria dePesquisas, Departamento de População e Indicadores Sociais. Disponível em:<http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1>. Acesso em: 10 nov. 2009.
JACOBI, P. R.; BESEN, G. R. Gestão de resíduos sólidos na região metropolitana de SãoPaulo: avanços e desafios. Revista São Paulo em Perspectiva, v. 20, n. 2, p. 90 – 104,abr./jun. 2006
KASTRUP, L. F. C. Tecnologia de geração energia limpa a serviço da promoção dasaúde. Dissertação (Mestre em Saúde Pública) – São Paulo: Universidade de São Paulo, 2006
LAGOA VERMELHA, Lei no 5899, de 26 de dezembro de 2006. Lex: legislação municipal eplano diretor, Lagoa Vermelha, p. 68, dez. 2006
91
LAGOA VERMELHA, Lei no 5898, de 26 de dezembro de 2006. Lex: legislação municipal eplano diretor, Lagoa Vermelha, p. 12, dez. 2006
LAGOA VERMELHA, Lei no 5890, de 21 de dezembro de 2006. Lex: legislação municipal eplano diretor, Lagoa Vermelha, p.21, dez. 2006
LOPES, A. A. Estudo da gestão e do gerenciamento integrado dos resíduos sólidosurbanos no município de São Carlos (SP). Dissertação (Mestrado em Ciências daEngenharia Ambiental) – São Carlos: Universidade de São Paulo, 2003
LUCAS, A. A. T. Impacto da irrigação na bacia hidrográfica do ribeirão Marins. Tese(Doutorado em ecologia aplicada) – Piracicaba: Universidade de São Paulo, 2007
MAGLIO, I. C. A sustentabilidade ambiental no planejamento urbano do município deSão Paulo: 1971 – 2004. Tese (Doutorado em Saúde Pública) – São Paulo: Universidade deSão Paulo, 2005
MAIMON, D. Passaporte verde: gerência ambiental e competitividade. Rio de Janeiro:Ed. Qualitymark, 1996
MÁXIMO, C. C. S; SOUZA, M. M. A. Reuso de água no Distrito Federal. In: Simpósio deRecursos Hídricos do Centro – Oeste, 3., 2004, Goiânia. Anais
MEDRI, W.; COSTA, R. H. R. Modelo probabilístico de amostragem para controle daqualidade bacteriológica da água em redes de distribuição. Revista de Engenharia Sanitáriae Ambiental, v. 6, n. 3, jul./set. 2001
MIRANDA, A. B.; TEIXEIRA, B. A. N. Indicadores para o monitoramento dasustentabilidade em sistemas urbanos de abastecimento de água e esgotamento sanitário.Revista de Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 9, n. 4, out./dez. 2004
PRADO, J. F.; SOBREIRA, F. G. Desempenho operacional e ambiental de unidades dereciclagem e disposição final de resíduos sólidos domésticos financiadas pelo ICMSecológico de Minas Gerais. Revista Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 12, n. 1, p. 52 -61, jan./mar. 2007
REMEDIO, M. V.; MANCINI, S. D., ZANIN, M. Potencial de reciclagem de resíduos em umsistema com coleta de lixo comum. Revista Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 7, n. 1,jan./mar. 2002
92
RIO GRANDE DO SUL. Secretaria do Planejamento e Gestão. Atlas Sócio Econômico doRio Grande do Sul. Porto Alegre, 2008
RIO GRANDE DO SUL. Secretaria Estadual do Meio Ambiente. Relatório Anual deRecursos Hídricos. Porto Alegre, 2008
RODRIGUES, V. L.; AUGUSTO, O. Mapeamento geotécnico como base para oplanejamento urbano e ambiental: município de Jaú (SP). Revista Brasileira de geociências,v. 39, n. 1, p. 1 – 15, mar. 2009
SABESP, Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo. Reuso das águas:alternativa do presente para garantir o futuro. São Paulo: Ed. Sabesp, 2005
SMANIOTTO, M. J. Levantamento geológico. Lagoa Vermelha: 2001.
SANTOS, R. F. Planejamento Ambiental: teoria e prática. São Paulo: Oficina de Textos,2004
SCHNEIDER, E. Gestão ambiental municipal: estudo de caso na administraçãomunicipal de Teotônia. Dissertação (Mestrado em Administração) – Porto Alegre:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2001
SCHUELER, A. S.; MAHLER, C. F. Sistema de avaliação para classificar áreas dedisposição de resíduos sólidos urbanos visando a remediação e a pós-ocupação. RevistaEngenharia Sanitária e Ambiental, v. 13, n. 3, p. 249 - 254, jul./set. 2008
ESCOSTEGUY, P. A. V.; MACHADO, M. E. M; SCHNEIDER, I. A. H. Gestão de resíduossólidos, 2005
SPERANDIO, S. A.; DONAIRE, D. Produção Limpa: da concepção à realidade. In: SIMPEP,XII., 2005, Bauru. Anais...
SILVA, J. X.; CARVALHO, L.M. Sistemas de Informação Geográfica: uma propostametodológica. In: Conferência Latino - americana sobre Sistemas de Informação Geográfica eII Simpósio Brasileiro de Geoprocessamento, 4., Anais... São Paulo: USP, 1993. p.609- 628.
TEIXEIRA, M. B. Planejamento ambiental: referencial básico e roteiro para aformulação do plano ambiental municipal. Dissertação (Mestrado em Ecologia) – PortoAlegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1998
93
VON SPERLING, M. Introdução as qualidades das águas e ao tratamento de esgotos.Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 1996
ZANCHETTA, G. S. B. Avaliação do grau de poluição do solo, águas, plantas e resíduossólidos do lixão Linha Rincão do Engenho de Lagoa Vermelha, RS. Dissertação(Mestrado em Infra-estrutura e Meio Ambiente) – Passo Fundo: Universidade de PassoFundo, 2007
94
ANEXOS
Anexo 1: Diretrizes sugeridas pela EPA para reuso de água.
Tipos de reuso Qualidade da água de reuso Distância de segurança(1) Comentários
Urbano; Agriculturairrestrita;
pH(9) = 6 a 9;DBO(8) = 10 mg/L;Turdidez = 2 UNT(2);CF = não detectável(3);Cl2 residual(11) = > 1mg/L(4);
15 m de poços paraabastecimento de águapotável;
Para água de reuso urbano amesma não deve possuir cor eodor;
Para agricultura irrestrita, altosníveis de nutrientes podemcausar efeitos adversos durantecertas fases de crescimento dasplantas;
Irrigação comacesso restrito; Agricultura comalimentos processadoscomercialmente; Agricultura de nãoprodução de alimentos;
pH(9) = 6 a 9;DBO(8) = 30 mg/L;SST(10) = 30 mg/L;CF = 200 CF/100ml(5,6);Cl2 residual(11) = > 1mg/L(4);
90 m de poços paraabastecimento de águapotável;
Para reuso na agricultura,30 m de áreas acessíveisao público (spray éutilizado);
Se a irrigação é feita com spraySST ≤ 30 mg/L;
Para reuso na agricultura, altosníveis de nutrientes podemcausar efeitos adversos durantecertas fases de crescimento dasplantas;
Agricultura de não produção dealimentos: animais leiteirosdevem ser proibidos de pastarapós o término da irrigação. Senão for seguido este tempo CF =14CF/100ml;
Represas utilizadaspara lazer (pesca
pH(9) = 6 a 9;DBO(8) = 10 mg/L;
150 m de poços paraabastecimento de água
Decloração pode ser necessáriapara proteger vida aquática;
95
navegação e contatodireto);
Turdidez = 2 UNT(2);CF = não detectável(3);Cl2 residual(11) = > 1mg/L(4);
potável se o fundo dopoço não é selado;
Água de reuso não pode irritar apele, deve ser clara e sem odor enão conter níveis mensuráveisde patógenos viáveis;
Remoção de nutrientes pode sernecessária para evitar criação dealgas em represas;
Consumo de peixe é permitido;
Represas paracomposição de paisagem(não permitido contato); Ambiental (charco,pântano, aumento davazão de rio);
DBO(8) = 30 mg/L;SST(10) = 30 mg/L;CF = 200 CF/100ml(5,6);Cl2 residual(11) = > 1mg/L(4);
150 m de poços paraabastecimento de águapotável se o fundo dopoço não é selado;
Decloração pode ser necessáriapara proteger vida aquática;
Remoção de nutrientes pode sernecessária para evitar criação dealgas em represas;
Para reuso ambiental:possibilidade de efeitos noaqüífero deve ser avaliada e atemperatura não deve afetar oecossistema;
Potável indireto(aumento do suprimentosuperficial de água)
pH(9) = 6,5 a 8,5;Turdidez = 2 UNT(2);CF = não detectável(3);Cl2 residual(11) = > 1mg/L(4);COT = 3 mg/L(7)
Depende da localização;
O nível de tratamento éespecífico do lugar e depende defatores como: qualidade da água,tempo e distância do ponto delançamento, diluição esubseqüente tratamento antes desua distribuição para usospotáveis;
A água de reuso não deve conterníveis mensuráveis de patógenosviáveis.
(1) São recomendados para proteger os suprimentos de água potáveis de contaminação e os seres humanos de riscos desnecessários; (2) Deve ser alcançadoantes da desinfecção;(3) O número de Coliformes Fecais (CF) não deve exceder a 14/100ml em nenhuma amostra; (4) O total de cloro residual deve ser
96
atingido após um tempo de contato mínimo de 30 minutos; (5) O número de CF não deve exceder a 800/100ml em nenhuma amostra; (6) Omonitoramento deve incluir compostos inorgânicos e orgânicos, ou classe de compostos, que são conhecidos ou suspeitos de serem tóxicos, carcinogênicos,teratogênicos, ou mutagênicos e não estão incluídos nos padrões de água potável; (7) COT: carbono oxigênio orgânico; (8) DBO:demanda bioquímica deoxigênio; (9) pH: potencial de hidrogênio; (10) SST: sólidos suspensos totais; (11) Cl2 residual: cloro residual.
Fonte: EPA, 2004
Anexo 2: Parâmetros de qualidade da água de acordo com a Resolução do CONAMA 357/2005.
Parâmetro Classe I Classe II Classe III
Clorofila α 10 µg/L 30 µg/L 60 µg/L
Densidade de cianobactérias 20.000 cel/mL 50.000 cel/mL 100.000 cel/mL
Sólidos dissolvidos totais 500 mg/L 500 mg/L 500 mg/L
Efeito tóxico não haver efeito crônico não haver efeito crônico não haver efeito agudo
Materiais flutuantes inclusive
espumas não naturaisvirtualmente ausentes virtualmente ausentes virtualmente ausentes
Óleos e graxas virtualmente ausentes virtualmente ausentes virtualmente ausentes
Substâncias que comuniquem gosto
ou odorvirtualmente ausentes virtualmente ausentes virtualmente ausentes
Corantes provenientes de fontes
antrópicasvirtualmente ausentes
permitidos desde que possam
ser removidos por coagulação,
sedimentação e filtração
permitidos desde que possam ser
removidos por coagulação,
sedimentação e filtração
Resíduos sólidos objetáveis virtualmente ausentes virtualmente ausentes virtualmente ausentes
Coliformes termotolerantes< 200 CT/100 ml em 80% ou
mais em pelo menos 6 amostras
< 1000 CT/100 ml em 80% ou
mais em pelo menos 6
< 4000 CT/100 ml em 80% ou
mais em pelo menos 6 amostras
97
(durante um ano, com freqüência
bimestral)
amostras (durante um ano, com
freqüência bimestral)
(durante um ano, com freqüência
bimestral)
DBO5 < 3 mg/L O2; < 5 mg/L O2 < 10 mg/L O2
OD ≥ 6 mg/L O2 ≥ 5 mg/L O2 ≥ 4 mg/L O2
Turbidez < 40 UNT < 100 UNT < 100 UNT
Cor verdadeira Cor natural do corpo de água < 75 mg Pt/L < 75 mg Pt/L
pH 6,0 a 9,0 6,0 a 9,0 6,0 a 9,0
Parâmetros inorgânicos
Arsênio total 0,14 µg/L As 0,14 µg/L As 0,033 mg/L As
Alumínio dissolvido 0,1 mg/L Al 0,1 mg/L Al 0,2 mg/L Al
Antimônio 0,005 mg/L Sb 0,005 mg/L Sb -
Bário total 0,7 mg/L Ba 0,7 mg/L Ba 1,0 mg/L Ba
Berílio total 0,04 mg/L Be 0,04 mg/L Be 0,1 mg/L Be
Boro total 0,5 mg/L B 0,5 mg/L B 0,75 mg/L B
Cádmio total 0,001 mg/L Cd 0,001 mg/L Cd 0,01 mg/L Cd
Chumbo total 0,01 mg/L Pb 0,01 mg/L Pb 0,033 mg/L Pb
Cianeto livre 0,005 mg/L CN 0,005 mg/L CN 0,022 mg/L CN
Cloreto total 250 mg/L Cl 250 mg/L Cl 250 mg/L Cl
Cloro residual total 0,01 mg/L Cl 0,01 mg/L Cl -
Cobalto total 0,05 mg/L Co 0,05 mg/L Co 0,2 mg/L Co
98
Cobre dissolvido 0,009 mg/L Cu 0,009 mg/L Cu 0,013 mg/L Cu
Cromo total 0,05 mg/L Cr 0,05 mg/L Cr 0,05 mg/L Cr
Ferro dissolvido 0,3 mg/L Fe 0,3 mg/L Fe 5,0 mg/L Fe
Fluoreto total 1,,4 mg/L F 1,,4 mg/L F 1,4 mg/L F
Fósforo total (ambiente lêntico) 0,020 mg/L P 0,030 mg/L 0,05 mg/L P
Fósforo total (ambiente
intermediário, tribitário direto de
ambiente lêntico)
0,025 mg/L P 0,050 mg/L 0,075 mg/L P
Fósforo total (ambiente lótico e
tributários de ambiente
intermediário)
0,1 mg/L P 0,1 mg/L P 0,15 mg/L P
Lítio total 2,5 mg/L Li 2,5 mg/L Li 2,5 mg/L Li
Manganês total 0,1 mg/L Mn 0,1 mg/L Mn 0,5 mg/L Mn
Mercúrio total 0,0002 mg/L Hg 0,0002 mg/L Hg 0,002 mg/L Hg
Níquel total 0,025 mg/L Ni 0,025 mg/L Ni 0,025 mg/L Ni
Nitrato 10,0 mg/L N 10,0 mg/L N 10,0 mg/L N
Nitrito 1,0 mg/L N 1,0 mg/L N 1,0 mg/L N
Nitrogênio amoniacal total
3,7 mg/L N, para pH ≤ 7,5
2,0 mg/L N, para 7,5 < pH ≤ 8
1,0 mg/L N, para 8 < pH ≤ 8,5
3,7 mg/L N, para pH ≤ 7,5
2,0 mg/L N, para 7,5 < pH ≤ 8
1,0 mg/L N, para 8 < pH ≤ 8,5
13,3 mg/L N, para pH ≤ 7,5
5,6 mg/L N, para 7,5 < pH ≤8
2,2 mg/L N, para 8 < pH ≤8,5
99
0,5 mg/L N, para pH > 8,5 0,5 mg/L N, para pH > 8,5 1,0 mg/L N, para pH > 8,5
Prata total 0,01 mg/L Ag 0,01 mg/L Ag 0,05 mg/L Ag
Selênio total 0,01 mg/L Se 0,01 mg/L Se 0,05 mg/L Se
Sulfato total 250 mg/L SO4 250 mg/L SO4 250 mg/L SO4
Sulfeto (H2S não dissociado) 0,002 mg/L S 0,002 mg/L S 0,3 mg/L S
Urânio total 0,02 mg/L U 0,02 mg/L U 0,02 mg/L U
Vanádio total 0,1 mg/L V 0,1 mg/L V 0,1 mg/L V
Zinco total 0,18 mg/L Zn 0,18 mg/L Zn 5 mg/L Zn
Parâmetros orgânicos
Acrilamida 0,5 µg/L 0,5 µg/L -
Alacloro 20 µg/L 20 µg/L -
Aldrin + dieldrin 0,005 µg/L 0,005 µg/L 0,03 mg/L
Atrazina 2 µg/L 2 µg/L 2 µg/L
Benzeno 0,005 µg/L 0,005 µg/L 0,005 mg/L
Benzidina 0,0002 µg/L 0,0002 µg/L -
Benzo(a)antraceno 0,018 µg/L 0,018 µg/L -
Benzo(a)pireno 0,018 µg/L 0,018 µg/L 0,7 µg/L
Benzo(b)fluoranteno 0,018 µg/L 0,018 µg/L -
Benzo(k)fluoranteno 0,018 µg/L 0,018 µg/L -
Carbaril 0,02 µg/L 0,02 µg/L 70,0 µg/L
100
Clordano (cis + trans) 0,04 µg/L 0,04 µg/L 0,3 µg/L
2 – Clorofenol 0,1 µg/L 0,1 µg/L -
Criseno 0,018 µg/L 0,018 µg/L -
2,4 – D 4,0 µg/L 4,0 µg/L 30,0 µg/L
Demeton (demeton-O + demeton –
S)0,1 µg/L 0,1 µg/L 14,0 µg/L
Dibenzo(a,h)antraceno 0,018 µg/L 0,018 µg/L -
1,2 – Dicloroetano 0,01 mg/L 0,01 mg/L 0,01 mg/L
1,1 – Dicloroeteno 0,003 mg/L 0,003 mg/L 30 µg/L
2,4 – Diclorofenol 0,3 µg/L 0,3 µg/L -
Diclorometano 0,02 mg/L 0,02 mg/L -
DDT (p,p` – DDT + p,p` - DDE +
p,p`- DDD)0,002 µg/L 0,002 µg/L 1,0 µg/L
Dodecacloro pentaciclodecano 0,001 µg/L 0,001 µg/L 0,001 µg/L
3,3 – Diclorobenzidina 0,028 µg/L 0,028 µg/L -
Endossulfan (α + β + sulfato) 0,056 µg/L 0,056 µg/L 0,22 µg/L
Endrin 0,004 µg/L 0,004 µg/L 0,2 µg/L
Estireno 0,02 mg/L 0,02 mg/L -
Etilbenzeno 90,0 µg/L 90,0 µg/L -
Fenóis totais (reagem com 4 – 0,003 mg/L C6H5OH 0,003 mg/L C6H5OH 0,01 mg/L C6H5OH
101
aminoantripirina)
Glifosato 65 µg/L 65 µg/L 280 µg/L
Gution 0,005 µg/L 0,005 µg/L 0,005 µg/L
Heptacloro epóxido + heptacloro 0,000039 µg/L 0,000039 µg/L 0,03 µg/L
Hexaclorobenzeno 0,00029 µg/L 0,00029 µg/L -
Indeno (1,2,3 - cd)pireno 0,018 µg/L 0,018 µg/L -
Lindano (γ – HCH) 0,02 µg/L 0,02 µg/L 2,0 µg/L
Malation 0,1 µg/L 0,1 µg/L 100,0 µg/L
Metalacloro 10 µg/L 10 µg/L -
Metoxicloro 0,03 µg/L 0,03 µg/L 20,0 µg/L
Paration 0,04 µg/L 0,04 µg/L 35,0 µg/L
PCBs – bifenilas policloradas 0,000064 µg/L 0,000064 µg/L 0,001 µg/L
Pentaclorofenol 3,0 µg/L 3,0 µg/L 0,009 mg/L
Simazina 2,0 µg/L 2,0 µg/L -
Substâncias tensoativas (reagem
com azul de metileno)0,5 mg/L LAS 0,5 mg/L LAS 0,5 mg/L LAS
2,4,5 – T 2,0 µg/L 2,0 µg/L 2,0 µg/L
Tetracloreto de carbono 1,6 µg/L 1,6 µg/L 0,003 mg/L
Tetracloroeteno 3,3 µg/L 3,3 µg/L 0,01 mg/L
Tolueno 2,0 µg/L 2,0 µg/L -
102
Toxafeno 0,00028 µg/L 0,00028 µg/L 0,21 µg/L
2,4,5 – TP 10,0 µg/L 10,0 µg/L 10,0 µg/L
Tributilestanho 0,063 µg/L TBT 0,063 µg/L TBT 2,0 µg/L TBT
Triclorobenzeno (1,2,3 – TCB +
1,2,4 – TCB)0,02 mg/L 0,02 mg/L -
Tricloroeteno 0,03 mg/L 0,03 mg/L 0,03 mg/L
2,4,6-triclorofenol 2,4 µg/L 2,4 µg/L 0,01 mg/L
Trifluralina 0,2 µg/L 0,2 µg/L -
Xileno 300 µg/L 300 µg/L -
103
Anexo 3: Relação de mamíferos existentes na área.
Nome científico Nome popular
Família Atelidae
Alouatta fusca Guariba
Família Canidae
Cerdocyon thous Graxaim
Família Cebidae
Cebus apella Macaco prego
Família Cervidae
Mazama americana veado
Mazama gouazoupira veado
Família Cuniculidae
Cuniculus pacas Paca
Família Dasypodidae
Dasypus novemcinctus Tatu-galinha
Família Dasyproctidae
Dasyprocta azarae Cotia
Família Didelphidae
Didelphis albiventris Mucura
Gracilinanus microtarsus Mucura
Monodelphis sp. Catita
Família Erethizontidae
Sphiggurrus Ouriço
Família Felidae
Herpailurus yaguarondi Gato-do-mato
Leopardus pardalis Jaguatirica
Panthera onca Onça pintada
Puma concolor Leão-baio
Família Myrmecophagidae
Tamanduá tetradactyla Tamanduá-mirim
Família Muridae – Sigmodontinae
Akodon sp.
Oryzomys angouya Rato
104
Thaptommys nigrita
Família Mustelidae
Eira barbara Irara
Família Procyonidae
Nasua nasua Quati
Família Sciuridae
Sciurus Esquilo
Família Tayassuidae
Pecari tajacu Cateto
Família Tapiridae
Tapirus terrestris anta
Anexo 4: Relação de aves existentes na área.
Nome científico Nome popular
Família Accipitridae
Accipiter striatus Gaviãozinho
Accipiter superciliosus gaviãozinho
Buteo leucorrhous Gavião-de-sobre-branco
Buteo magnirostris Gavião-carijó
Buteogallus urubitiga urubutinga
Elanoides forficatus Gavião tesoura
Geranoetus melanoleucus Águia-chilena
Harpagus diodon gaviãozinho
Ictinia plumbea sovi
Leptodon cayanensis Gavião-gato
Spizaetus ornatus Gavião-penacho
Família Apodidae
Chaetura andrei Andorinhão-do-temporal
Chaetura cinereiventris Andorinhão-cinza
Cypseloides fumigatus Andorinhão-da-cascata
Streptoprocne biscutata Andorinhão-de-colera
Streptoprocne zonaris Andorinhão-de-colera
Família Caprimulgidae
105
Lurocalis semitorquatus Tuju
Nyctidromus albicollis Curiango
Família Cathartidae
Cathartes aura Urubu-caçador
Coragyps atratus Urubu-preto
Sarcoramphus papa Urubu-rei
Família Coerebidae
Coereba flaveola Sebinho
Dacnis cayana Saí-azul
Família Columbide
Columba cayennensis Pomba-galega
Columba plumbea Pomba
Geotrygon montana Pariri
Leptotila rufaxilla Juriti-pupu
Leptotila verreauxi Juriti
Família Corvidae
Cyanocorax caeruleus Gralha-azul
Pachyrmphus castaneus Caneleirinho-castanho
Pachyrmphus polichopterus Caneleirinho-preto
Pachyramphus viridis Caneleirinho-verde
Pachyramphus validus Caneleiro
Pyroderus scutatus Pavó
Procnias nudicollis Araponga
Tityra cayana Anambé-branco
Tityra inquisitor Anambé
Família Cracidae
Penelope obscura Jacuaçu
Penelope superciliaris Jacupemba
Família Cuculidae
Piaya cayana Alma-de-gato
Família Dendrocolaptidae
Campylorhamphus falcularius Arapaçu-de-bico-torto
Dendrocincla turdina Arapaçu-liso
106
Dendrocolaptes platyrostris Arapaçu-grande
Lepidocolaptes squamatus Arapaçu-escamado
Sittasomus griseicapillus Arapaçu-verde
Xiphocolaptes albicollis Arapaçu
Família Falconidae
Milvago cimachima Carrapateiro
Micrastur ruficollis Gavião-caburé
Micrastur semitorquatus Gavião-relógio
Família Formicariidae
Batara cinerea Matracão
Chamaeza campanisona Tovaca
Chamaeza ruficauda Tovaca-de-rabo-vermelho
Conopophaga lineata Chupa-dente
Drymophila rubricollis Trovoada
Drymophila marula Choquinha-carijó
Dysithammus mentalis Choquinha-lisa
Grallaria varia Tovacuçu
Hypoedaleus guttatus Chocão-carijó
Hylopezus ochroleucus Pinto-do-mato
Mackenziaena leachii Brujarara
Myrmeciza squamosa Choca-escamada
Pyriglena leucoptera Papa-taoca
Thamnophilus caerulescens Choca
Família Fringilidae
Amaurospiza moesta Negrinho-do-mato
Arremon semitorquatus Tico-tico-do-mato
Cyanocompsa glaucocaerulea Azulinho
Haplospiza unicolor Cigarra
Poospiza thoracica Peito-pinhão
Saltator maxilosus Bico-grosso
Saltator similis Trinca-ferro
Sporophila frontalis Chanchão
Família Furnariidae
107
Cranioleuca obsoleta Arredio-oliváceo
Heliobletus contaminatus Trepadorzinho
Leptasthenura setaria Grimpeiro
Leptasthenura striolata Grimpeirinho
Lochmias nematura João-porcaria
Philydor atricapillus Limpa-folhas-coroada
Philydor lichteinsteini Limpa-folhas
Sclerurus scansor Vira-folhas
Synallaxis cinerascens João-tenenem
Syndactila rufosuperciliata Trepador
Xenops rutilans Bico-virado-carijó
Família Hirundinidae
Notiochelidon cyanoleuca Andorinha-de-casa
Progne chalibea Andorinha-de-casa-grande
Família Icteridae
Icterus cayanensis
Família Nyctibiidae
Nyctibius griséus Urutau
Família Parulidae
Basileuterus culicivorus Pula-pula
Basileuterus leucoblepharus Pula-pula-assobiador
Parula pitiayumi Mariquita
Família Phasianidae
Odonthophorus capueira Capoeira
Família Picidae
Campephilus robustus Pica-pau-rei
Chrysocolaptes melanochlorus Pica-pau-verde
Dryocopus lineatus Pica-pau-de-banda-branca
Melanerpes flavifrons Benedito-de-testa-amarela
Piculus aurulentus Pica-pau-dousardo
Picummus nebulosus Pica-pauzinho
Veniliornis spilogaster Pica-pau-pequeno
Família Pripidae
108
Chiroxiphia caudata Tangará-dançarino
Família Psittacidae
Amazona pretrei Charão
Amazona vinacea Papagaio-do-peito-roxo
Ara maracana Maracanã
Brotogeris tirica Periquito-rico
Myiopsitta monachus Caturrita
Pionopsitta pileata Cuiú-Cuiú
Pionos maximiliani Maritaca
Pyrrhuara frontalis Tiriba
Família Ramphastidae
Ramphastos dicolorus Tucano-de-bico-verde
Selinidera maculirostris Dorminhoco
Família Rhinocryptidae
Scytalopus indigoticus Tapaculo
Scytalopus speluncae Tapaculo-cinza
Família Strigidae
Bubo virginianus Corujão-orelhudo
Ciccaba huhula Mocho-preto
Otus santacatarinae Corujinha-do-mato
Otus choliba Corujinha-do-mato
Pulsatryx koeniswaldiana Murucutu
Strix hylophila Coruja-listrada
Família Tersinidae
Tersina viridis Saí-andorinha
Família Thraupidae
Chlorophonia cyanea Saíra
Euphonia chalibea Gaturamo
Euphonia chlorotica Vi-vi
Euphonia musica Gaturamo
Habia rubica Tiê-do-mato
Hemithraupis guira Saíra-de-papo-preto
Piranga flava Tiê-laranja
109
Pyrrhocoma ruficeps Cabecinha-castanha
Tachyphonus coronatus Tié-preto
Tangara seledon Saíra-sete-cores
Thraupis bonariensis Sanhaço-de-papo-laranjo
Thraupis cyanoptera Sanhaço-de-encontro-azul
Thraupis palmarum Sanhaço-do-coqueiro
Thraupis sayaca Sanhaço
Trycothraupis melanops Tié-de-espelho
Família Tinamidae
Crypturellus obsoletus Inambuguaçu
Tinamus solitarius Macuco
Família Tyrannidae
Colônia colonus Viuvinha
Corythopis delalandi Estalador
Empidonax euleri Enferrujado
Knipolegus cyanirostris Maria-preta-de-bico-azul
Leptopogon amaurocephalus Cabeçudo
Myiarchus swainsoni Maria-cavaleira
Myiodinastes maculatus Bem-te-vi-rajado
Myiormis auricularis Miudinho
Muscipipra vetula Tesourinha-cinzenta
Phyllomyias burmeisteri Papa-moscas
Phylloscartes eximius Barbudinho
Phylloscartes ventralis Borboletinha
Platyrhynchus mystaceus Patinho
Rhytipterma simplex Uissiá
Sirystes sibilator Suiriri-asobiador
Todirostrum plumbeiceps Tororó
Tolmomyias sulphurescens Bicho-chato-de-orelha-preta
Família Tytonidae
Tyto alba Suindra
Amazilia versicolor Beija-flor-verde
Leucochloris albicollis Beija-flor-de-papo-branco
110
Lophormis magnífica Beija-flor-miudo
Melanotrochilus fuscus Beija-flor-de-cauda-branca
Phaethomis eurynome Beija-flor-de-bico-torto
Thalurania glaucopis Beija-flor-tesoura
Família Trogonidae
Trogon rufus Surucuá-de-barriga-amarela
Trogon surrucura Surucuá-de-barriga-vermelha
Família Turdidae
Platycichla flavipes Sabiaúna
Turdus albicollis Sabiá-de-coleira
Turdus leucomelas Sabiá-do-barranco
Turdus nigiceps Sabiá-ferreiro
Turdus rufiventris Sabiá-laranjeira
Família Vireonidae
Cyclarhis gujanensis Gente-de-fora-vem
Hylophilus poicilotis Vite-vite
Vireo olivaceus Juruviara
Anexo 5: Lista de espécies de anfíbios presentes na área.
Nome científico Nome popular
Família Bufonidae
Melanophryniscus cambaraensis
Proceratophrys bigibbosa
Anexo 6: Lista de espécies répteis presentes na área.
Nome científico Nome popular
Família Amphisbaenidae
Hydromedusa tectifera Cágado
Família Colubrinae
Atractus reticulatus Cobra-da-terra
Atractus taeniatus Cobra-coral
Chironius bicarinatus Moadeira
Chironius exoletus Cobra-cipó
111
Echinanthera cyanopleura Corrodeira
Elapomorphus quinquelineatus
Gomesophis brasiliensis Cobra-do-lodo
Liophis jaegeri Cobra-d`água-verde
Liophis miliaris Cobra-d`água
Liophis poecilogyrus Cobra-do-lixo
Liophis rginae Cobra-d`água
Mastigodryas bifossatus Jararaca-preta
Oxyrhopus clathratus Cobra-coral
Oxyrhopus rhombifer Cobra-coral
Philodryas aestivus Cobra-cipó
Philodryas arnaldoi Parelheira
Philodryas olfersii Cobra-cipó
Ptycophis flavovirgatus Cobra-d`água
Spilotes pullatus Caninana
Tantilla melanocephala Cobra-da-terra
Thaeniophalus affinis Cobra-de-capim
Thaeniophalus bilineata Corredeira
Thaeniophalus poecilopogon Corredeira
Thamnodynastes strigatus Corredeira
Thamnodynastes hypoconia Corredeira
Xenodon neuwiedii Quiriripá
Família Polychrotidae
Anisolepis grillii Papa-vento
Família Teiidae
Tupinanbis merianae Teju-açu
Família Testudinidae
Chelonoidis carbonaria Jabuti
Família Tropiduridae
Tropidurus torquatus Lagartixa-preta
Família Viperidae
Bothrops jararaca Jararaca
112