UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
Silvia A. de Souza
TEORIA E PRÁTICA NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO
Curitiba2006
Silvia A. de Souza
TEORIA E PRÁTICA NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO
Projeto de Conclusão de Curso deEducação Física. Faculdade de CiênciasBiológicas e da Saúde, Universidade Tuiutido Paraná, apresentado á disciplina deTrabalho Orientado de Conclusão de Curso,sob a orientação do Professor Mestre CintiaMullerAngulski.
Curitiba2006
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
FACULDADE DE CIÊNCIA BIOLÓGICAS E DE SAÚDE
CURSO DE EDUCAÇÃO FlslCA
A COMISSÃO EXAMINADORA ABAIXO ASSINADA, APROVA O TRABALHO DE
CONCLUSÃO DE CURSO:
TEORIA E PRÁTICA NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO
Elaborado por:
Silvia A. de Souza
Para análise e aprovação do Trabalho de Conclusão de Curso para a
obtenção do grau de licenciamento em Educação Fisica, aprofundamento em
Portadores de Necessidades Especiais pela banca examinadora:
Orientador: p~MUller Angulski
Curitiba2006
AGRADECIMENTOS
Primeiramente quero agradecer à Deus, por ter me dado saúde, sabedoria e
paciência, principalmente neste último ano de faculdade.
A minha família que mesmo distante me ajudou e apoiou!
A minha querida e inesquecível orientadora Cíntia Muller, que teve muita
paciência e me ajudou muito no desenvolver deste trabalho de conclusão.
E para não ser injusta agradeço à todos os amigos que passaram por minha
vida durante os 4 anos de faculdade, naqueles momentos difíceis e fáceis no
processo acadêmico.
Ao meu amor Roberson, que esteve presente e suportou minha ausência
durante os fins de semana!
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
1.1JUSTIFICATIVA
1.2 PROBLEMA
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 OBJETIVO GERAL
1.3.2 OBJETIVOS ESPECiFICO
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 TEORIA E PRATICA
2.2 A EDUCAÇAO FISICA
2.3 MODELOS EM TERMOS DA RELAÇAO TEORICO-
PRATICO
2.4 DIFERENTES NUANCES DA PRAXIS
2.5 PROPOSTA DO CURSO DE EDU CAÇA0 FISICA DA
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA
2.5.1 OBJETIVO GERAL DO ESTAGIO SUPERVISIONADO
2.5.2 OBJETIVO ESPECIFICO DO ESTAGIO
SUPERVISIONADO
3 METODOLOGIA
3.1 TIPO DE PESQUISA
3.2 POPULAÇÃOIAMOSTRA
3.2.1 POPULAçÃO
3.2.2 AMOSTRA
3.3 INSTRUMENTO
3.4 COLETA DE DADOS
3.5 ANÁLISE DOS DADOS
3.6 LIMITAÇÕES
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
5 CONCLUSÃO E SUGESTÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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11
11
11
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APÊNDICES
APÊNDICE 1 - VALIDAÇÃO DO INSTRUMENTO
APÊNDICE 2 -INSTRUMENTO UTILIZADO
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43
GRÁFICO DA QUESTÃO 1
GRÁFICO DA QUESTÃO 2
GRÁFICO DA QUESTÃO 3
GRÁFICO DA QUESTÃO 4
GRÁFICO DA QUESTÃO 5
GRÁFICO DA QUESTÃO 6
GRÁFICO DA QUESTÃO 7
LISTA DE GRÁFICOS
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32
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35
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RESUMO
TEORIA E PRÁTICA NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO
Autora: Silvia A. de SouzaOrientador: Professor Mestre Cíntia Muller Angulski
Curso de Educação FísicaUniversidade Tuiuti do Paraná
Este trabalho teve por objetivo analisar qual a perspectiva dos acadêmicos do cursode graduação em Educação Física, do 8' período 2006 - turma do 4' ano deInverno, entendendo que estes alunos já haviam passado por quase todas as etapasde estágio e nos oportunizariam maiores subsídios de análise. Buscou-se por meiodessa pesquisa analisar qual a percepção dos acadêmicos quanto à relação daTeoria e Prática no Estágio Supervisionado e a sua importância para a formaçãodocente. Também se verificou como o acadêmico estabelece relações entre osconteúdos teóricos e sua prática docente durante o estágio supervisionado,verificando-se de que maneira os acadêmicos buscam suporte teórico para subsidiarsua ação durante o estágio supervisionado. A relevância deste trabalho se justifiCOUporque conforme documentos consultados, o estágio não é uma atividade facultativasendo uma das condições para obtenção da respectiva licença profissional. Não setrata de uma atividade avulsa que angarie recursos para a sobrevivência doestudante ou que se aproveite dele como mão-de-obra barata e disfarçada, ele énecessário e cada momento deve estar associado a uma unidade de ensino. Após aanálise dos conteúdos dos questionários pode-se concluir que os acadêmicospercebem a importância do estágio, mas acabam não levando à sério o estagioquando se deparam com a realidade escolar, com a falta de uma efetiva supervisãoda faculdade e do professor da escola.
Palavras-chave: Teoria, Prática e Estágio Supervisionado
Rua: Antonio Fantinato, 58 Bairro AltoCep: 82300240E-mail: [email protected]: (41) 9646-0538
1 INTRODUÇÃO
TEORIA E PRÁTICA NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO
1.1 JUSTIFICATIVA
Conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduação em
Educação Física, o Uestágio supervisionado constitui um processo de transição
profissional. que procura ligar duas lógicas (educação e trabalho) e que proporciona
ao estudante a oportunidade de demonstrar conhecimentos e habilidades adquiridas
e também treinar as competências que já detém sob a supervisão de um profissional
da área".
O estágio permite a formação integral do acadêmico estimulando o
desenvolvimento de atitudes e comportamentos que possibilitam uma melhor
integração social com o ambiente escolar e o desenvolvimento de responsabilidades
e iniciativas, bem como na organização pessoal, na criatividade e na ação, em
situações de ambigüidade no processo de ensino aprendizagem.
Através do estágio realizado durante o período de formação inicial, os
acadêmicos têm acesso às diversas teorias e diferentes autores, mas ao assumir
uma sala de aula, muitas vezes não sabem o que fazer com os conhecimentos
adquiridos ou como utiliza-los na prática, ou seja, como enxerga-los na
cotidianidade. Esta se torna uma questão preocupante do ponto de vista
educacional, pois teoria e prática só assumem significado se relacionados, se forem
capazes de se revelar uma na outra. Esludos demonstram que boa parte dos
acadêmicos, em seus estágios, não conseguem unir teoria e pratica e assim não são
capazes de ressignificar o processo ensino aprendizagem, mas apenas reproduzem
modelos.
Segundo a proposta do curso de Educação Fisica da Universidade Tuiuti do
Paraná, Estágio é o tempo de aprendizagem, um período de permanência em que
alguém se demora em algum lugar ou oficio para aprender a prática do mesmo e
depois pode exerce-lo com maior proficiência. Assim, o estágio pressupõe uma
relação pedagógica entre alguém que já é um profissional reconhecido em um
ambiente institucional de trabalho e o aluno é o estagiário. Por isso é que este
momento se chama estágio supervisionado. Portanto o estágio supervisionado é um
momento de formação profissional seja pelo exercício direto in loco, seja pela
presença participativa em ambientes próprios de atividades daquela área
profissional, sob a responsabilidade de um profissional já habilitado.
O estágio não é uma atividade facultativa sendo uma das condições para
obtenção da respectiva licença profissional. Não se trata de uma atividade avulsa
que angarie recursos para a sobrevivência do estudante ou que se aproveite dele
como mão-de-obra barata e disfarçada, ele é necessário e cada momento deve
estar associado a uma unidade de ensino.
O estágio é, pois um modo especial de atividade de capacitação em serviço e
que só pode ocorrer em unidades escolares onde o estagiário possa assumir
efetivamente o papel de professor. Ao atender as exigências do projeto pedagógico
e outras necessidades próprias do ambiente institucional escolar estará testando
suas competências por um determinado periodo. A preservação da integridade do
projeto pedagógico da unidade escolar que recepciona o estagiário exige que este
tempo supervisionado seja prolongado e seja denso e continuo. Esta integridade
permite uma adequação às peculiaridades das diferentes instituições escolares do
10
ensino basico em termos de tamanho, localização, turno e clientela. Neste sentido, é
indispensável que no estágio, ocorra realmente uma relação teoria/prática e seja um
ato educativo em ação.
Dessa maneira justifica-se esta pesquisa pelos aspectos anteriormente
cilados e também porque a pesquisadora vivenciou esta situação em sua vida
acadêmica, acreditando ser este tema relevante e visando assim, contribuir com
futuros estudos nesta área.
II
1.2 PROBLEMA
Como o acadêmico percebe a relação da teoria e prática no estágio
supervisionado?
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Objetivo Geral
~ Verificar qual a percepção do acadêmico quanto á relação da Teoria e Prática
no Estágio Supervisionado.
1.3.2 Objetivo Especifico
}> Analisar como o acadêmico percebe a importância do Estágio Supervisionado
na sua formação docente;
:> Analisar como acadêmico estabelece relações entre os conteúdos teóricos e
sua prática docente durante o estágio supervisionado;
:> Verificar se os acadêmicos buscam suporte teórico para subsidiar sua ação
durante o estágio supervisionado.
12
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 TEORIA E PRATICA
A palavra theóna é derivada do grego e quer dizer conlemplação. observação.
reflexão. Já a palavra prâgma, também derivada do grego. significa agir. relaciona-
se ao fato de agir e ação. Na Grécia antiga. a filosofia dos gregos repeliu o mundo
prático, por não captar nele muita coisa além da que observava a consciência
comum. seu caráter utilitário. Segundo Vásquez (1990). ainda se continua tendo,
depois de vinte e cinco séculos, a consciência comum: seu caráter prático-utilitário.
Segundo SHIGUNOV & SHIGUNOV (2002), no mundo grego e romano, a
atividade pratica material, particularmente o trabalho, era considerado como uma
atividade indigna dos homens livres e próprios dos escravos. Esta se reflete numa
visão dualisla de corpo, na qual os pensadores seriam aqueles que tinham mente,
enquanto os trabalhadores não pensavam, somente tinham o corpo com o qual a
única função social que exerciam era o trabalho. Platão acena com a possibilidade
da unidade entre teoria e prática, o pensamento e a ação devem-se manter em
unidade, e o lugar desta unidade é a política. Assim, a política é a única prática
digna, desde que seja impregnada da leoria. Portanlo nesta relação entre leoria e
prática, a primazia pertence à atividade teórica. Para Platão, a unidade não passa da
diluição da práxiS na teoria.
Aristóteles, por sua vez, não admite que a atividade política se ajuste a
principias absolutos ditados pela teoria. Desta forma, isolou a teoria da prática. "Para
ele a orientação e iniciação e iniciação na prática não acontecem através da teoria,
mas através da tékhne, uma orientação da ação que deveria servir como introdução
13
consciente na ordem existente" como aponta Goergen (1979 p.24), tanto para
Platão, como para Aristóteles, o homen só se realiza verdadeiramente na vida
teórica. Por isso, na sociedade grega, o trabalho era visto como um produto e sua
utilidade era meramente a de satisfazer uma necessidade humana concreta.
Nesse período, os pensadores expressavam-se de diferentes maneiras,
buscando argumentar sobre a necessidade de superar as dicotomias teoria-prática e
ação-contemplação na busca de uma unidade.
2.2 A EDUCAÇÃO FíSICA
A Educação Fisica construiu, ao longo do tempo, uma relação dicotomizada
entre teoria e prática e esta relação também teve seu percurso histórico.
Na Europa, nos fins do Século XVIII e início do século XIX, consolidava-se a
construção de uma nova sociedade, "a sociedade capitalista - em que os exercícios
receberam um papel de destaque. Devido a isto, precisava-se construir um novo
homem, mais forte, mais agil, mais empreendedor" (Soares, C.L. et. AI., 1992).
Assim, a Educação Física foi pensada e posta em ação com valores que
correspondiam apenas aos interesses da classe social hegemônica, daquele período
histórico. Uma visão dualista de corpo permaneceu durante as quatro primeiras
décadas do Século XX, sendo que, até os dias atuais, ela ainda está muito presente
em alguns cursos de graduação e de pós-graduação, responsáveis por práticas
dicotomizadas no trabalho pedagógico dos profissionais que atuam dentro e fora do
âmbito escolar.
Há também na história da Educação Física brasileira, um forte caráter
tecnicista, é o que afirma Castellani Filho (1988) quando diz que, ·percebe-se a
visão tecnicista atrelada a Educação Física nas leis nO.5.540/68 e 5.692/71 _
14
reforçando o seu caráter instrumental, de zelar pela preparação e manutenção da
força de trabalho", Além disso, continua o mesmo autor, visa assegurar uma mão-
de-obra para o país fisicamente adestrada e capacitada, recebendo, assim, a
conotação de um fazer prático sem significado de uma reflexão teórica, ou seja, de
uma educação mecânica e alienante.
Esta tendência é percebida atualmente em muitas práticas observadas nas
escolas do Estado do Paraná, através das atuações docentes, observadas nos
estágios e relatadas por vários autores dessa temática.
Conforme SHIGUNOV & SHIGUNOV,
"A educação física brasileira, no início dos anos 80, conforme
Betli (1996) sofreu inffuencia dos enfoques teóricos dos Estados
Unidos e da Europa. Tais países a consideravam, desde os anos
60, como uma disciplina acadêmica ou ciência (básica ou
aplicada) que produziria conhecimento sobre o desempenho
motor e o desempenho humano, tendo como objeto de estudo o
movimento ou a mofricidade".
Embora com diferentes enfoques teóricos, estas propostas situavam esta
ciência ou área do conhecimento com interdisciplinar. Na visão dos autores, esta
interdisciplinaridade fornecia a sustentação teórica - cientifica para as práticas
profissionais. No entanto, este caminho fragmentou o conhecimento, distanciando a
produção acadêmica (definida como teoria) e o mundo profissional (definido como
prática). Este fato histórico explica a fragmentação do ensino na educação fisica e a
problemática em relação à teoria e prática nesta área.
Segundo PIMENTA (2001), diferente do exercício profissional de outros
profissionais, oomo por exemplo, médicos dos quais se exige que tenham cumprido
um estágio curricular e um estágio profissional entendido como componentes da
15
fase de formação, o exercício profissional de professores no Brasil, desde suas
origens, requer o cumprimento apenas do estagio curricular. Talvez tenha por isso
se criado a expectativa de que o estágio deve possibilitar a aquisição da prática
profissional especialmente à de dar aulas. Por isso costuma-se denomina-Ias a
~partemais prática~do curso, em contraposição às demais disciplina considerada
como a "parte mais teórica". Estágio e disciplina compõem o currículo do curso,
sendo obrigatório o cumprimento de ambos para obter o certificado de conclusão.
Segundo Candau & Lelis (1983), examinando historicamenle a relação
teórico-prática, identificam-se duas visões. A primeira é a dicotômica, que enfatiza a
autonomia da teoria em relação à prática e vice-versa. A expressão mais radical
dessa visão é o entendimento de que ~naprática a teoria é outra". A segunda visão,
considera, teoria e prática como pólos associados, diferentes e não
necessariamente opostos. A teoria tem primazia em relação à prática e esta
aplicação daquela, podendo, eventualmente, ser corrigida ou aprimorada pela
prática.
Teoria e prática são componentes indissociáveis da ~práxisn, definida,
conforme Vasquez (1968: 241), citado pelas autoras, como "atividade teórico-pralica,
ou seja, têm um lado ideal, teórico, e um lado material, propriamente prático, com a
particularidade de que só artificialmente, por um processo de abstração, podemos
separar isolar um do outro".
Às vezes, proclama-se a prática como verdade em si independente da teoria
para Vasquez, não há tal oposição absoluta (de autonomia e independência), mas
relativa. Essa autonomia e dependência ficam mais claras se entendermos que a
atividade pralica de hoje é fonte de teoria exige uma pralica que ainda não existe e,
portanto, a teoria (projeto de uma prática inexislente) determina a pratica real e
efetiva. Por oulro lado, a teoria que ainda não esla em relação com a prática, porque
16
se adiantou a ela, poderá ter essa relação posteriormente - nova teoria, a partir de
nova prática e assim por diante.
Mas a prática não fala por si mesma, exige uma relação teórica com ela nega-
se, portanto, uma concepção empirista da prática, que vulgarmente é entendida
como "a prática pela prática" Isto se justifica, pelo fato de que, a prática não existe
·sem um mínimo de ingredientes teóricos· que são os seguintes:
a. Um conhecimento da realidade que é objetivo da transformação;
b. Um conhecimento dos meios e de sua utilização técnica exigida em cada
prática - com que se leva a cabo essa transformação;
c. Um conhecimento da prática acumulada, em forma de teoria que sintetiza ou
generaliza a atividade prática (...) posto que o homem só possa transformar o
mundo a partir de um determinado nível teórico, ou seja, inserido sua práxis
atual na história teórico-prática correspondente;
d. Uma atividade finalista ou antecipação dos resultados objetivos que se
pretende atingir sob a forma de finalidades ou resultados prévios, ideais, que
só poderão cumprir sua função prática na medida em que correspondam a
necessidades e condições reais, predominem na consciência dos homens e
contem com os meios adequados para a sua realização (Válquez, 1968: 240).
2.3 Modelos da relação teórica-prãtica
Segundo Trebels (1994), citado por Kunz (1995), as formas de
entendimento da relação teórica-prática, que predominam nos conhecimentos em
educação física, podem ser categorizadas em três modelos:
17
» Modelo aditivo: que entende que esta relação pode ser desenvolvida na
pesquisa ou no ensino, de forma fragmentada. E a chamada pesquisa
teórica e a pesquisa prática (empírica) ou ainda, o ensino teórico e o
ensino de atividades práticas. A relação entre ambas fica entendida como
dada, como evidente. Típico para este modelo é o que comumente
encontramos nas disciplinas acadêmicas que privilegiam teorias e
práticas, separadamente.
~ Modelo ilustrativo:onde o interesse teórico se sobrepõe ao interesse pela
prática. Ou seja, nas pesquisas procura-se formular teorias explicativas a
partir de realidades práticas, notadamente experimentos práticos, na
busca de esclarecimentos para um agir correto, o que significa, de acordo
com um padrão teoricamente desenvolvido. Os experimentos práticos
servem assim, para ilustrar a exatidão e validade teórica. As experiências
praticas vias de regra, não deixam dúvidas e comprovam as teorias. O
ensino e a pesquisa da aprendizagem motora me parece um bom exemplo
para este modelo.
» Modelo integrativo: objetiva a tematização explicativa do conteúdo das
chamadas ciências (conhecimento) da educação física e esportes na
pesquisa e no ensino, o que implica numa compreensão mais ampla da
relação teôrico-prática. Trata-se acima de tudo de colocar como questão o
ensino e a pesquisa, as lacunas, os limites das perspectivas objetivadas e
as possíveis falhas na formulação das relevâncias cientificas das
disciplinas isoladas. Isto só pode ser feito a partir de problemas concretos
na prática individual e coletiva da educação física e dos esportes. Só
assim, se pOde aprender de forma concreta, os limites e as possibilidades
dos conhecimentos científicos (teorias) da educação física e dos esportes
18
no domínio de problemas da prática e a mútua necessidade e
independência relativa destas, ou seja, o relacionamento lógico-diatético
entre teorias e prática.
O terceiro modelo seria aquele que mais se aproxima de uma práxis
transformadora, ou seja, não fragmentando o conhecimento, mas integrando-os num
processo contínuo de construção de saberes.
Perez (citado por Darido, 1995), discorre que:
"Conhecimento teórico, científico ou técnico, só pOde se
considerado instrumento dos processos de reflexão se
integrado, significativamente, não em parcelas isoladas da
memória semântica, mas, em esquemas de pensamento mais
genéricos ativados pelo individuo quando interpreta a realidade
concreta em que vive e quando organiza a sua própria
experiência".
Nesta perspectiva, só é pOSSível falarmos em reflexão, quando nos referimos a
questão da teoria-prática docente, se esta for capaz de integrar a própria
experiência, vivenciada concretamente e que seja capaz de gerar um novo
conhecimento sobre o fenômeno ou a sua compreensão a luz de um referencial
teórico.
2.4 Diferentes Nuances da Práxis
Souza Júnior (1999), valendo-se de Vasquez (1990), elaborou uma ementa
objetiva sobre os diferentes tipos de práxis que explicaram e justificaram
determinadas práticas adotadas pelos profissionais da educação física. Assim, o
autor apresenta vários tipos de práxis:
19
» Práxis produtiva: atividade de relação material e transformadora que o
homem estabelece, mediante seu trabalho, com a natureza, vencendo suas
resistências e suas forças para criar um mundo de objetos úteis que
satisfazem determinadas necessidades. Aqui o homem não só produz um
mundo humano e humanizado, mas também os homens se produzem, forma
ou transforma a si mesmo.
» Práxis artistica: atividade de produção ou criação de obras de arte, ou seja,
transformação de uma matéria não apenas por uma necessidade prático-
utilitaria, mas por uma necessidade geral humana de expressão e
objetivação.
);> Práxis científica: atividade de experimentação que busca satisfazer uma
necessidade de investigação teórica e de comprovação de hipóteses.
)õ> Práxis social: atividade em que o homem é sujeito e objeto desta, não
enquanto sujeito isolado 8, sim, enquanto grupos ou classes sociais, levando
a transformar a organização e a direção de sociedade.
» Práxis politica: atividade que pressupõe a participação de amplos setores da
sociedade, não se caracterizando como espontânea, mas por perseguir
determinados objetivos que correspondem aos interesses radicais das
classes sociais, portanto estando vinculado a algum tipo de organização real
de seus membros. Possui meio e métodos efetivos que giram em torno da
conquista, da conservação, da direção ou do controle de um organismo
concreto de poder, como é o Estado.
~ Práxis revolucionária: atividade que procura mudar radicalmente as bases
econômicas e sociais em que se baseia o poder material e espiritual da
classe dominante e instaurar, assim, uma nova sociedade.
20
Nesta direção Oarido (1995) procura compreender como se dá à práxis na
educação e destaca os seguintes elementos que compõem uma práxis educativa na
educação física:
• As experiências anteriores do sujeito, como atleta e como aluno, no
primeiro e segundo graus;
• As experiências da comunidade escolar, como alunos, diretores e
professores de outras disciplinas;
• As restrições do contexto de trabalho, como falta de condições materiais,
de reconhecimento econômico e outras;
• O impacto da mídia sobre as expectativas dos alunos e dos próprios
professores.
Estes entre outros elementos podem influenciar sobremaneira a conduta do
futuro profissional, assim cabe ao período de formação inicial e aos professores
formadores, que oportunizem o máximo de experiências teórico-práticas ao
acadêmico, permitindo-lhes uma reflexão sobre a sua ação e uma transformação de
certos upré" conceitos que o mesmo trás de sua escolarização, sobre a futura
profissão.
2.5 Proposta do Curso de Educação Física da Uníversídade Tuíutí do Parana
Segundo a proposta do curso de Educação Física, o estágio é o tempo de
aprendizagem, um periodo de permanência em que alguém se demora em algum
lugar ou oficio para aprender a prática do mesmo e depois pode exerce-lo com maior
proficiência. Assim, o estágio pressupõe uma relação pedagógica entre alguém que
já é um profissional reconhecido em um ambiente institucional de trabalho e o aluno
21
é o estagiário. Por isso é que este momento se chama estágio
supervisionado. Portanto o estágio supervisionado é um momento de formação
profissional seja pelo exercício direto in loco, seja pela presença participativa em
ambientes próprios de atividades daquela área profissional, sob a responsabilidade
de um profissional já habilitado.
As instituições devem garantir um teor de excelência inclusive como
referência para a avaliação institucional exigida por lei. Sendo uma atividade
obrigatória, por sua característica já explicitada, ela deve ocorrer dentro de um
tempo mais concentrado, mas não necessariamente em dias subseqüente. Com
esta pletora de exigências, o Estagiário Supervisionado da licenciatura não poderá
ter uma duração inferior a 400 horas nos 100 dias que a lei estipula.
Segundo a proposta do curso de Educação Física, a etapa de preparação do
profissional de educação física, as práticas de ensino desenvolvidas desde o 10 ano
nas disciplinas de conteúdo instrumentalizadoras deverão ocorrer de acordo com
sua natureza e características ao final de cada unidade de trabalho, ao final de cada
período ou no decorrer das aulas devendo de toda maneira estar assegurando no
planejamento de cada professor com ementa e carga horária próprias.
Assim, a partir do 20 ano os acadêmicos serão envolvidos nos estágios
supervisionados abrangendo educação infantil, educação fundamental e ensino
médio. Todo o envolvimento extra muros ocorrerá a partir de pesquisa das
realidades e das suas necessidades sociais intervindo com os acadêmicos do curso
de educação física segundo o lema da UTP-Promoção Humana. Esta forma de
aprender a ensinar tem compromisso social com as comunidades e pela sua ação,
reflexão na ação e reflexão posterior á ação buscará efetivar mudanças significativas
nestas realidades.
22
A teoria e a prática deverão estar sempre de tal forma imbricadas refletindo a
verdadeira Práxis. O processo de pesquisa acompanhará todas as etapas dos
estágios supervisionados, assim como as discussões das problemáticas
encontradas. Serão efetuadas reuniões de orientação no núcleo de estágio,
refletindo e buscando modificações no decorrer do processo de cada etapa em que
participam os estagiários das diferentes escclas.
O estágio supervisionado deverá ser um componente obrigatório da organização
curricular das licenciaturas, sendo uma atividade intrinsecamente articulada com a
prática de ensino e com as atividades de trabalho acadêmico.
As instituições juntamente com os sistemas de ensino devem propiciar estas
condições de formação em escolas de educação básica. Em abertura, considerando
o regime de cclaboração prescrita no Art. 211 da Constituição Federal, pode se dar
por meio de um acordo entre instituição formadora, órgão executivo do sistema e
unidade escclar acclhedora da presença de estagiários. Em contrapartida, os
docentes em atuação nesta escola poderão receber alguma modalidade de
formação continuada a partir da instituição formadora. Assim, nada impede que, no
seu projeto pedagógico em elaboração ou em revisão, a própria unidade escolar
possa combinar com uma instituição formadora uma participação de caráter
recíproco no campo do estagio. Esta conceituação de estagio é vinculante com um
tempo definido em lei como já se viu e cujo teor de excelência não admite nem um
aligeiramento e nem uma precarização. Ela pressupõe um tempo mínimo inclusive
para fazer valer o que esta disposto nos artigos 11, 12 e 13 da Resolução que
acompanha o Parecer 009/2001 CNE/CP.
Assim, as instituições devem garantir um teor de excelência inclusive como
referência para a avaliação institucional exigida por lei. Sendo uma atividade
23
obrigatória, por sua característica jã explicitada, ela deve ocorrer dentro de um
tempo mais concentrado, mas não necessariamente em dias subseqüentes.
2.6 Objetivo Geral do Estagio Supervisionado
Segundo a proposta do curso de Educação Fisica da Universidade Tuiuti
cabe ao Estágio Supervisionado;
~ Envolver os acadêmicos do curso de educação fisica da UTP em situações
de Estagio Supervisionado, que lhes permitam exercitar os conhecimentos
construídos no transcorrer do curso preparando-os para o desenvolvimento
da profissionalização em estabelecimentos de Educação Infantil, Educação
Básica e Ensino Médio.
2.7 Objetivos Especificas do Estagio Supervisionado
Segundo a proposta do curso de Educação Fisica da Universidade Tuiuti
destacam-se como objetivos específicos;
}> Envolver os acadêmicos em práticas organizacionais e/ou docentes nas
diferentes áreas de conhecimento do curso;
» Levantar as realidades mediante atividades de pesquisa, especificando as
possibilidades de ação imediata;
);> Planejar as ações organizacionais elou docentes a partir dos dados
coletados;
~ Intervir na realidade por meio de uma prática socializadora, aplicando os
conhecimentos construídos, de acordo com a clientela envolvida;
24
» Controlar o processo ensino-aprendizagem, pela constante avaliação crítica e
reflexiva, que deverá determinar ações de mudanças.
25
3. METODOLOGIA
3.1 TIPO DE PESQUISA
Esse trabalho se caracteriza como uma pesquisa descritiva do tipo
questionário. Segundo Gil (1991) a pesquisa descritiva visa descrever as
características de determinada população ou fenômeno ou estabelecimento de
relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de coletas de
dados: questionário e observação sistemática. Assume, em geral, a forma de
levantamento.
Segundo Thomas e Nelson (2002). pesquisa descritiva. adquiriu status de
pesquisa científica e é amplamente utilizada na educação e nas ciências
comportamentais que trabalham por meio da observação. análise e descrição
objetivas e completas. onde se incluem técnicas de coletas de dados como
questionários, entrevistas, observação sistêmica e outras formas.
3.2 POPULAÇÃO I AMOSTRA
3.2.1 POPULAÇÃO
A população deste trabalho foi composta por Acadêmicos do 4° Ano da
UniversidadeTuiuti do Paraná.Cursode EducaçãoFisica. do períododa manhã.
26
3.2.2 AMOSTRA
A amostra desse trabalho se constituiu de 17 acadêmicos, de ambos os sexos
e idades variadas.
3.3 INSTRUMENTO
o instrumento utilizado nesse estudo foi um questionário (Apêndice I),
composto de oito questões abertas e o mesmo passou pela validação de três
especialistas. A primeira formada em Educação Física (Grau que detêm: Doutora),
suas contribuições foram acatadas e também conforme sua opinião, foi acrescida
mais uma pergunta no questionário. A segunda validadora é formada em Educação
Física (Grau que detêm: Mestre), sua opinião foi para que se aplicasse o
questionário aos acadêmicos do 2° semestre de 1a a 4a série, no entanto preferimos
aplicar no 8° periodo - 4° ano de inverno, pois os alunos já haviam passado por
quase todas as etapas de estágio e nos deram maior subsídios de análise. A terceira
opinião foi de um professor formado em Treinamento Desportivo (Grau que detêm:
Mestre), sua opinião foi para que fizéssemos um instrumento com questões
fechadas realizando uma análise estatística, mas não seria este o propósito de
nosso estudo, entendemos que perguntas fechadas eliminariam a possibilidade de
livre expressão por parte dos entrevistados.
27
3.4 COLETA DE DADOS
Os questionários foram entregues aos alunos na própria Universidade,
utitizando-se do horário de aula para a realização do mesmo. Sua aplicação foi
acompanhada pela pesquisadora e durou 30 minutos de preenchimento.
3.5 ANÁLISE DOS DADOS
Para a análise se configurou pela aproximação dos questionários, sendo
organizadas as respostas em conformidade com seu conteúdo e o teor, levando em
conta as respostas que convergiam com maior freqüência á temática.
3.6 LIMITAÇÕES
As limitações encontradas foram: faltou mais interesse dos acadêmicos nas
suas respostas.
28
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Após realização de leitura pormenorizada dos questionários, a análise se
configurou pela aproximação dos questionários, sendo organizadas as respostas em
conformidade com seu conteúdo e o teor, levando em conla as respostas que
convergiam com maior freqüência á temática.
As questões foram analisadas individualmente e estão acompanhadas de
gráfico para melhor visualização das mesmas, destacando-se que a análise se
preocupou mais com o caráter qualitativo das respostas, não desconsiderando seu
aspecto quantitativo.
» Questão 1: Como você percebe o Estágio Supervisionado na sua
formação docente?
Nesta questão foram apontadas algumas opiniões parecidas nas respostas que
trataram dos seguintes elementos:
}> Auxiliar na formação profissional;
}> Extremamente importante para um futuro profissional;
}> Importante por ter a vivência prática e podermos escolher se vamos
atuar ou não nessa área;
}> Ruim, não há supervisão, surgem muitas duvidas, é muito longo, os
horários deveriam ser pela manhã;
Esta questão pode ser visualizada no Gráfico 1:
29
o Auxiliar na formaçãoprofissional
I!!JExtremamenteimportante para umfuturo profissional
o Importante por ter a\.1\oencia prática epodennos escolher se\Elmos ou não aturarnesta área
CIRuim, não hásupervisão, surgemuitas dúvidas, é muitolongo e os horáriosde'ueriam ser pelamanhã
Gráfico 1
Pode-se destacar que a maioria dos acadêmicos concorda que o estágio é
bastante importante para sua formação, mas, reclamam de uma efetiva Supervisão
ou por terem sido pouco auxiliados, principalmente nos momentos de dificuldade.
Destacam também, que o tempo de duração dos estágios precisa ser
redimensionado, uma vez que a turma pertence à grade curricular anual e esta era
composta por uma maior carga horária de estágio.
Um aspecto que cabe ser discutido nas respostas obtidas é que os investigados
parecem não ter percebido que os estágios realizados tinham uma progressão, e
que visavam à atuação profissional nas diversas fases de escolarização. Assim
alguns acadêmicos levavam a sério seu compromisso de estagiários e outros não
tiveram o mesmo grau de comprometimento.
30
;.. Questão 2: Você utiliza suporte teórico para subsidiar suas ações no
estágio?
Nesta questão as respostas dos acadêmicos se concentraram em dois pontos,
aqueles que responderam concordando e outros discordando, sendo
classificados com: Sim ou Não, conforme pode ser visualizados no Gráfico 2:
~~
Gráfico 2
Os acadêmicos que responderam"Não· alegam que planejam a aula no
momento dela ou ainda pedem auxilio aos professores da escola. Esses são
também os que não se interessam pela área e que acreditam que o estágio não é
necessário.
Já os que responderam "Sim", demonstraram ter cuidado em planejar
antecipadamente suas aulas, fazer pesquisas e buscar auxilio em livros e com seus
supervisores ou até as próprias aulas que tiveram no curso de graduação.
Representam á maioria dos entrevistados e são alunos mais envolvidos com o
processo acadêmico.
31
Alguns relatos apontaram também, que a partir do momento em que os
alunos procurarem maior auxilio teórico e também do profissional que é seu
supervisor o estágio será realizado com mais prazer. Destacam também que o
acadêmico precisa compreender a importância do estágio como um conteúdo
importante na sua formação. Alguns dos pesquisadores apontam que é necessário
buscar unidade entre teoria e prática. um não se sustenta sem o outro.
VAZ (2002), faz um comentáriosobre os estágios das aulas de educação
fisica; 'Pensa-Ios de forma ampla e em direção contrária às perspectivas que se nos
apresentam é um de nossos desafios"
~ Questão 3: Como você estabelece relações entre as teorias dos
conteúdos apreendidos durante o curso e a vivência na prática no
momento do estágio?
Nesta questão as respostas foram muito criticas, no que se refere ao
aprendizado das diversas disciplinas e sua aplicação prática, entre os aspectos
citados destacaram-se os seguintes:
- falta mais clareza nos conteúdos aprendidos na faculdade;
- teoria explica a prática, mas nem sempre funciona;
- muito fraco tivemos de improvisar;
- sinto muita dificuldade na atuação com os conteúdos aprendidos;
- a teoria e prática são muito diferentes;
- prática supera a teoria;
- aulas bem planejadas têm de haver a união da teoria e prática.
32
28%
a Falta clarc7...1l nosconteúdos aprendidos
11Tivemos de improvisnf
o Muita dific:uldndc naatuação
o A teoria e prilticn s.'lomuitos diferentes
• Prfltica supera ti tcoria
13Tem de ter união d.:!.tcoriac prãlica no plancjanlcnto
Gráfico 3
Conforme se pode observar no grâfico 3, a maioria dos alunos reclama de sua
atuação, onde se deparam com a realidade escolar e não se acham capazes de
solucionar os problemas. Criticam a falta dos professores regentes, que quase
sempre se encontram ausentes, consequentemente os alunos/acadêmicos não
conseguem realizar suas atividades por que não são respeitados pelos alunos
das escolas em que estagiam. Sentem-se frustrados porque não conseguem ter
o domínio da turma, nem colocar em prática a aula que planejaram, estudaram,
para uma boa aplicação.
Muitos relatos apontaram também uma falha da supervisão do curso,
destacando que esta também não esta presente de forma efetiva e
consequentemente o estagiário acaba desmotivado para dar suas aulas. Isto
pode ser destacado em uma das falas dos entrevistados: "Nem sempre é
possível aplicar a teoria na prática, porque na vivência vemos que nem sempre o
aluno obedece e respeita o estagiário".
Há uma dificuldade também na teoria aprendida na faculdade e a prática
33
encontrada nas escolas. Um aluno comenta na sua resposta:
"Totalmente oposto, a teoria é aparentemente tudo fácil, na prática a
situação é bem diferente"
}:lo Questão 4: Quais os conhecimentos teóricos que auxiliam você na
organização do planejamento e na execução durante o estágio?
Nesta questão ouve uma variedade de respostas:
- Parâmetros Curriculares Nacionais;
- livros de esportes;
- Livros de pedagogia, didática, metodologia do ensino;
- Mídia, internet;
- Material usado em sala de aula;
ElPcn's
12%
'8%A~ ~ ..2'8%
~~
,Q• Livros de Pedagogia,
didática, metodologia do
o Livros de esporte
o Mldia, Internet
• Material usado em salade aula
Gráfico 4
34
A maioria dos acadêmicos utiliza os Parâmetros Curriculares Nacionais para
atuarem no estágio, também utilizam livros que auxiliam na execução e postura no
momento do estagio. Assim observa-se, que os acadêmicos buscam teoria, mas no
momento da prática elas se perdem.
}lo- Questão 5 - Você consegue estabelecer uma unidade entre as diversas
disciplinas e suas relações na efetivação no estágio?
As respostas desta questão foram divididas em:
- Sim, na maioria das matérias;
- Muito pouco, quase nada;
r:JSim, na maioriadas materias
• Muito pouco,quase nada
Gráfico 5
Nesta questão a maioria consegue. estabelecer uma relação entre os
conteúdos apreendidos e a efetivação no estágio, relatam que na teoria conseguem
aprender com mais facilidade, mas quando vão aplicar tem uma certa dificuldade,
relatam também que agora que estão concluindo a faculdade é que conseguem ter
mais clareza nos conteúdos e sua utilização, um aluno na sua resposta diz:
"Em algumas disciplinas sim, enquanto estava no ensino fundamental, porque
no ensino médio os alunos acham que a educação física não é importante".
35
Os acadêmicos que não tiveram a mesma clareza nos conteúdos alegam que
as relações dos conteúdos aprendidos nem sempre funciona. Reclamam de a teoria
ser fácil, já no momento da prática existir dificuldades fora do seu domínio.
)o Questão 6 - Quais os conhecimentos apreendidos durante o curso na
sua formação docente você considera relevantes e possíveis de utilizar
na prática?
Foram levantadas as seguintes respostas:
- vôlei, futebol, handebol;
- pedagogia, didática;
- metodologia;
- análise e correção dos movimentos;
-todos;
- quase nada;
23%
o metodologia
10'JOlei, futebol,handebol
• pedago9ia,didática
o análise e correçãodos movimentos
• todos
LJquase nada
Gráfico 6
Há ainda uns alunos que não conseguiram assimilar os conteúdos
apreendidos, mas há os que tiveram uma clareza nos conteúdos desde o inicio do
curso, alguns acadêmicos tiveram uma maior afinidade com matérias específicas
36
apreendidos serão importantes na sua formação.
para a utilização no estágio supervisionado, outros já dizem que todos os conteúdos
você não considera com capacidade para utilizar?
}> Questão 7 - Quais os conhecimentos apreendidos durante o curso que
As seguintes respostas foram apontadas:
- Nenhuma;
- Conteúdos da área escolar;
Bioquimica, Nutrição, fisiologia, filosofia, psicologia, história;
C Nenhuma
29o/~ ~ ... _.•36%
L-J~-.:35%
o Bioquirrica, nutrição,fisiologia, filosofia,psicologia, história
Gráfico 7
• Conteúdos da areaescolar
Os alunos que não concordam em ter conteúdos na área escolar são os que
não se interessam com a área escolar, alguns trabalham em outras áreas e acham
área escolar.
não ser necessário ter de estudar sobre, já que não está nos seus planos atuar na
Uma parte dos acadêmicos não gosta de algumas matérias específicas, como
aprendizado foi muito pouco nestas matérias.
foi citado nas suas respostas claramente. Não que não achem necessários, mas seu
37
Já os acadêmicos que acreditam todas serem importantes na sua formação
conseguem ter uma visão mais ampla sobre os conteúdos, conseguiram assimilar e
colocar em prática boa parte de seu aprendizado no decorrer do curso.
};- Questão 8 - Comente algo que você considere importante para a
realização do estágio e que possa contribuir na sua formação como
professor de educação física.
Os seguintes comentários foram feitos:
- O acadêmico dar aula com professor responsável ao lado no estágio;
- Reunir a prática com a teoria e saciar as dúvidas;
- Aprender a lidar com os alunos melhor;
- Levar os estagias a sério, para contribuir com nossos conhecimentos e
vivência escolar;
- O primeiro contato com o aluno é o mais importante do que o último;
- É importantes a vivência com os alunos para aprendermos como lidar com
eles, como observar suas características para montar um plano de aula mais
adequado às necessidades deles;
- Um planejamento anual;
- Vivência no estágio para supera desafios;
- Aulas teóricas e prálicas dentro da faculdade, durante a formação de pelo
menos um ano, para depois fazer a vivência;
- A vivência da prática, as dificuldades que aparecem ser orientadas por um
profissional; .
- O conlato direto com a situação aluno/professor e a escola;
- Deveria ter estágios a ser cumpridos no horário das aulas, pois fica difícil
ficar a disposição das escolas onde que em muitas acontecem alterações nos
horárias inúmeras vezes;
- O interesse individual de cada pessoa, faz a diferença no estágio e durante
toda a vida do educador;
38
- Acredito que o estágio deveria ser não somente regência, mas sim em duas
etapas, participação (você apenas auxilia o professor a dar aula) e depois aregência;
- O estágio é bom para você ter contato de como está à educação hoje e
consequentemente preparar-se para o mercado de trabalho;
- A vivência prática e teórica com certeza dará um suporte profissional melhor;
Os comentários nesta questão envolveram todo o processo do estagio
supervisionado, os acadêmicos sentem-se sozinhos ao dar suas aulas, falta seu
supervisor e na maioria o professor responsável da escola.
Comentam sobre o estagio ter uma parte que seja observação, pois sua
primeira experiência no estagio já teve de dar a aula, sendo que o correto seria ele
primeiro estar fazendo as observações necessárias para depois estar aplicando as
aulas.
Segundo um acadêmico;
"O interesse individual de cada pessoa faz a diferença no estágio e durante
toda a vida do educador'.
Neste comentário fica claro que o aprendizado no estagio esta ligado ao
interesse do acadêmico.
39
5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES
Através da pesquisa realizada com os acadêmicos do 4° ano, foi verificado
que uma grande parte dos acadêmicos' percebem. a importância do estágio
supervisionado na sua formação acadêmica, há algumas divergências nas suas
opiniões quanto a tempa do estágio e horários. Assumem que apesar de ser
importante não cahseguem leva-lo com seriedade, pois se deparam com uma
realidade E!scolardifícil de enfrentar, quase sempre estão sozinhos nas aulas, nerrr o
professor da escola nem seu supervisor da faculdade estão presentes para auxilia-
los e os alunos.da escola não~orespeitam:
Os acadêmicos também citam que a teoria apresentada e estudada na
faculdade é muito diferente da. prática, sentem que ambos estão em pólos
diferentes, aumentando a sua dificuldade nO'momento da aula no estágio. Há os que
conseguem associar esta relação do conteúdo apreendido e sua prática no estagio.
mas é uma minoria.
A maioria doS' acadêmicos busca planejar suas aulas através de livros,
internet, auxilio do supervisor na faculdade, mas o ponto aqui é que os acadêmicos
sentem muita dificuldade no momento da prática com os alunos, este fato foi
bastante evidenciado nas respostas obtidas na pesquisa.
Este fato deve ser estudado dentro da'Universidade TUiuti, pois os alunos que
hoje estâo saindo da faculdade estão apenas 'reproduzindo modelos e seguindo as
mesma linha dos educadores que ja estão no mercado.
REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS
ANDRADE, M.M. Introdução à Metodologia do Trabalho Cientifico. 4 ed. SãoPaulo: Atlas, 1999.
COLETÂNEA DE AUTORES. Magistério Formação e Trabalho Pedagógico - APrática de Ensino e o Estágio Supervisionado. Papirus: 9' edição. 2003.
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CASTELLANI, F. L. Educação fisica no Brasil: a história que não se conta.Campinas: Papirus, 1988.
DARIDO, S. C. Educação fisica na escola: questões e reflexões. Araras: Gráficae Editora Topázio, 1995.
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SHIGUNOV, V. , SHIGUNOV, N. A. Educação Fisica: Conhecimento Teórico XPrática Pedagógica. Porto Alegre: Mediação, 2002. 152 p.
SOARES, C. L. et aI. Metodologia do ensino de educação/Coletiva de autores.São Paulo: Cortez, 1992.
SOUZA JÚNIOR, M. O saber e o fazer pedagógico: a educação fisica comocomponente curricular? Isso é história! Recife: EDUPE, 1999.
VÀSQUEZ, A. S. Filosofia da práxis. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1968.
WOOLFOLD, Anita E. Psicologia da Educação. Armed: 7a edição. Porto Alegre,2000.
APÊNDICES
42
APÊNDICE 1" VALIDAÇÃO DO INSTRUMENTO
Caro Professor
Silvia Aparecida de Souza, acadêmica da Universidade Tuiuti do
Parana do Curso de Educação Física, pretendendo efetuar um estudo que tem por
Objetívo Geral Analisar qual a percepção do acadêmico quanto a relação da Teoria
e Prática no estágio supervisionado, solicita sua valiosa colaboração no sentido de
analisar e opinar sobre o instrumento.
Agradeço antecipadamente a vossa atenção, interesse e valiosa
colaboração.
Cordialmente
Silvia Ap', de Souza
Rua: Antonio Fantinato, 58
CEP: 82300240 - Curitiba/PR
Email: [email protected]
Nome: _
Formação (curso,area): _
Grau que detêm: ( ) Licenciado ( ) Especialista ( ) Doutor ( ) Mestre
Tempodese~iço: _
Unidade onde atua: _
Opinião: _
Curitiba, de de 2006
Assinatura
43
APÊNDICE 2 - INSTRUMENTO UTILIZADO
TEORIA E PRÁTICA NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO
1. Como você percebe o Estágio Supervisionado na sua Formação?
2. Você utiliza suporte teôrico para subsidiar suas ações no estágio?
3. Como você estabelece relações entre as teorias dos conteúdos apreendidos
durante o curso e a vivência no momento do estágio?
4. Quais os conhecimentos teóricos que auxiliam você na organização do
planejamento e na execução durante o estágio?
5. Você consegue estabelecer uma unidade entre as diversas disciplinas e suas
relações na efetivação no estágio?
6. Quais os conhecimentos apreendidos durante o curso na sua formação
docente você considera relevantes e possíveis de utilizar na prática?
7. Quais os conhecimentos apreendidos durante o curso que você não
considera com capacidade para utilizar?
8. Comente algo que você considera importante para a realização do estágio e
que possa contribuir na sua formação como professor de Educação Física.