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Prémio Órgãos de Informação

Regionais e Locais

Carina Leal, pela rubrica "Vida de imigrante",

publicada no Diário de Coimbra

Foi tenista atéaos 19 anos.Hoje ensina em Coimbra

Carina Leal

� Aqueles olhos vagueiam peloscampos onde ensina uma paixão:ténis. Veio há 17 anos para Portugal.É, desde então, professora da sec-ção de ténis da Associação Acadé-mica de Coimbra. O sotaque de-nuncia-a. O nome não passa des-percebido. Irina Korbut, uma russaem terras portuguesas.

Porque veio? «Um período mui-to difícil na Rússia», responde. Irinatrabalhou durante três anos na tele-visão russa, num programa sobreténis. Adorou. «Mesmo», sublinha.Se era motivante, também dava um«bom salário». Havia, contudo, o“outro lado da moeda”: o do poucotempo para a família. O marido –«um grande jogador» de ténis russo- falecera. Se Irina tivesse de passar14 ou 16 horas a trabalhar, a filhaestaria sozinha.

Como mãe, Irina tinha um dese-jo. «Queria fazer carreira para aminha filha», assim o refere. Esco-lheu Coimbra para um novo rumo.Tinha cá dois amigos. «Duranteuns meses adorei viver e trabalharaqui». Todavia, problemas com opagamento não tardaram. Após se-te meses de dificuldades, EduardoCabrita assumiu a presidência dasecção. «Começou a correr tudomuito bem». Se alguma vez sentiu

medo? Sim. Sentiu algo mais: sau-dade. «Depois de três anos cá, quisregressar. Aconteceu qualquer coi-sa cá dentro». Com a mão toca leve-mente no peito. Chorou, mas tudopassou. Ficou.

«A vida aqui tem sido muito boapara a minha filha e para mim»,confirma. No rosto exibe aqueleorgulho de mãe quando aborda opercurso do seu “rebento”. «Elasempre foi muito boa aluna, apren-deu muito rápido o português. Es-tudou na Martim de Freitas, depoisna José Falcão. Entrou na Faculda-de de Direito e, como é muito boatenista, recebeu uma bolsa para osEstados Unidos». Chegou com 11anos e hoje não tem qualquer sota-que. «É muito alta e loura, mas nin-guém a julga russa porque fala per-feitamente», assegura a mãe. Foiuma aventura para ambas, pois foi.E houve quem as ajudasse. Pro-nuncia-se sobre dois casos pararematar que, «com pessoas comoestas, é muito fácil viver».

Comida “muito boa”Gosta «muito» de Coimbra. Sãotantos os que conhece. «Passo narua e é sempre “bom dia”, “boa tar-de”», explica. Quando os amigos avisitam prima por lhes mostraresta terra com um rio «lindíssimo».

Portugal e Rússia, duas cultu-ras.«Às vezes gostava de trazerpara cá as coisas boas de lá e de le-var as de cá para lá». Irina aborda adisciplina e o ser trabalhador. «Nãogosto muito de pessoas preguiço-sas», solta. Este ponto leva-a a outro:«a própria educação das crianças é

diferente. Os russos também gos-tam muito de crianças, mas não dãotantos beijinhos. Penso que aqui seprotege muito as crianças. Na Rús-sia é mais duro». Não, não esqueceua gastronomia. «Muitos portugue-ses já me visitaram em Moscovo etambém gostaram da comida rus-sa». Quanto “à de cá”, essa «é boa.Mesmo muito boa».

Irina vai três vezes por ano àRússia. Natal, Verão e Páscoa. Ocontacto com os que lá estão (ami-gos, tia, primos) faz-se através daInternet. Tem ainda daqueles car-tões de chamadas internacionais«muito baratos». Se pondera retor-nar ao seu país? «Neste momentonão. Tenho a vida estabilizadaaqui. Não tenho idade para trocar.Com 20 ou 26 anos é muito fácil,mas com 50 já não é bem assim».

Sim, Irina Korbut tem 53 anos.Adora praticar exercício físico.Levanta-se às 6h00, corre e passapela sala de musculação. «Até mesinto melhor. Não tenho dor nacoluna, nem nos joelhos ou per-nas», comunica. Às 8h00 começa odia de trabalho. Penoso? Certamen-te que não. «Gosto muito de ensinar

e destas pessoas» que são «inte-ligentes» e «doces». De crianças aadultos, muitos são os que seguemos seus ensinamentos. Bárbara Luz,tenista portuguesa com provasdadas a nível nacional e internacio-nal, foi sua aluna. «Começou comi-

go pequenita, lindíssima. É um pra-zer ouvir as notícias».

São mais de 6000 os quilómetrosque separam Coimbra de Moscovo.Esse percurso foi percorrido porquem adorou a vida de tenista. Foi--o até aos 19 anos, altura em que ca-

sou.«Vi coisas lindíssimas». Recor-da as pessoas famosas que conhe-ceu, desde desportistas, músicos aoutros artistas. Os treinadores dizi-am-na com muito talento. Passoupela Hungria, Polónia e França.Hoje, ensina por cá. l

REDACÇÃO 239 499 900 PUBLICIDADE 239 499 999 ASSINATURAS 239 499 95025 DE OUTUBRO DE 2009 DOMINGO [email protected]áriodeCoimbra

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COIMBRA 16º 23ºHoje - Céu muito nublado com períodos dechuva fraca. Vento fraco. Neblina matinal. NoSul, céu pouco nublado, temporariamentenublado por nuvens altas.

MARÉSPorto da Figueira da Foz

Preia-Mar às 7h17 e às 20h03Baixa-Mar às 00h42 e às 13h47

Porto de AveiroPreia-Mar às 7h25 e às 20h10

Baixa-Mar às 00h50 e às 13h49

HOJE O TEMPO

IRINA KORBUT ensina na secção de ténis da Associação Académica de Coimbra

VIDA DE IMIGRANTE

Uma russa em terras portuguesas

DADOS

NOME: Irina KorbutPAÍS DE ORIGEM: RússiaIDADE: 53 anosLOCALIZAÇÃO: CoimbraPROFISSÃO: professora de ténisEM PORTUGAL: há 17 anos

FIGUEIREDO

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Heinz Friendenestá radicadoem Portugaldesde 1987

Carina Leal

� Heinz Frieden responde àquelecaracterístico “toc, toc, toc”. Con-vida a entrar na Public-Art Edito-ra, na tranquila localidade deAssafarge. Helena Friden, a espo-sa, está num dos computadores.Ouve-se fado.

«Eu acho que sou produtor demúsica», responde. É um alemãode 54 anos que se radicou em Por-tugal em 1987. «Tenho formaçãoem sociologia e não posso deixarde pensar permanentementecomo tal. Mas, a minha activida-de principal é a produção demúsica e, como editor, faço ediçãodiscográfica».

Música. Este foi o motivo que otrouxe. Em 1983, veio sozinhopassar férias a um desconhecidopaís. Não entendia a língua, masouviu-a. Escutou as pessoas.«Mesmo para um estrangeiro,tem uma certa música», afirma. Esendo ele músico? «Ganhei umcerto amor por esta língua queme levou a voltar». Frequentoucursos na Universidade deCoimbra, onde estrangeirosaprendem língua e cultura portu-guesa. «Em 86 já sentia ter encon-trado algo que correspondia aoque está na minha onda emocio-nal». Em Lisboa apresentou tra-

balhos. «Ficou mais do que con-firmado este ser um local ondetinha vontade de passar a minhavida». Arrependido? «Até agoranão estou».

Há algo que orgulha Heinz.«Ter feito a composição de umspot publicitário da lotaria popu-lar». Foi o seu primeiro trabalho«tipicamente português». Oobjectivo? «Compor uma músicacom carácter de música popular».O resultado? «Todos acharamque fora feito por um português».

Este casal morou 10 anos emBerlim. Conheceram Paris eNova Iorque. Sabiam não querermorar em Lisboa ou Porto. Deci-diram por Coimbra. Heinz dizque hoje é complicado avaliar oimpacto de então. «Viver aqui há20 anos torna a vida tão quotidia-na, natural que acabamos porcriticar mais do que apreciar».Mesmo assim: «é uma cidadefora do vulgar, com qualquer coi-sa muito especial». Quanto àreceptividade, «foi sempre deuma forma agradável e emocio-nal como é típico do português».

Para Heinz, Coimbra é uma«cidade complicada para quemaqui está a trabalhar». Segundoele, «pode-se dividir a sociedadenuma área de produção e noutrade reprodução. Esta cidade temuma particularidade que outrasnão têm». O ser dominada pelareprodução, comunica. Na alta oensino, na baixa o comércio.«Não há cultura de produção.Quem domina o pensamento,nesta cidade, é quem está na

reprodução. Quem está nas artesespera encontrar artistas queproduzam, façam». Não escondeque isto causa alguns obstáculos.«Sofro um bocado com isso, por-que quero fazer, produzir, levaras coisas para a frente».

Heinz esteve 10 anos no OrfeonAcadémico de Coimbra. «É verda-de que isso influenciou a minhavida por completo». O gosto pelamúsica coral principiou aqui. Sur-giu, entretanto, um convite para osAntigos Orfeonistas.

Considera que Portugal temum problema. «Muitos estãopreocupados consigo, com o seugrupinho e não se mostram mui-to interessados em saber o que osoutros fazem». Em 1996, surge aPublic-art no seu percurso. Éaqui que inicia o processo dedocumentação da cultura musi-cal portuguesa. Conheceu gruposcorais, bandas filarmónicas e ocanto alentejano. A forma comofala deles é fascinante. Confirmaser triste o não se valorizar devi-damente o que de bom existe.«Não sou o primeiro, nem vouser o último. A questão é que às

vezes é necessário vir alguém defora para avaliar o que se passa».

Heinz e Helena têm um filhoque, com 14 anos, cá nasceu. Vãouma a duas vezes por ano ao paísde origem, onde têm os pais.«Somos de uma zona do norte daAlemanha, mesmo na costa».Quanto à gastronomia de cá,

Helena é rápida: «gostamos muitoda cozinha mediterrânea porqueé muito mais saudável. Vinho tin-to, azeite e um peixinho».

No que toca a lembranças “delá”, Heinz aproveita para frisarque «é importante não confundiralgo que é muito significante parao português: a saudade. Isso é tipi-

camente português e não se podeaplicar a um estrangeiro, não fun-ciona, nem o patriotismo».

Certo é que Heinz e Helena jámuito conhecem do país e culturalusitanos. Vivem cá, foram ao seuencontro. Se regressarão? Isso éuma questão que «aqui na nossacabeça para já não se coloca». l

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COIMBRA 12º 23ºHoje: Céu muito nublado com períodos dechuva fraca, mas moderada no Minho e DouroLitoral. Sol: Nascimento às 7h05. Ocaso às 17h33

MARÉSPorto da Figueira da Foz

Preia-Mar às 1h25 e às 13h40Baixa-Mar às 7h24 e às 19h42

Porto de AveiroPreia-Mar às 1h46 e às 14h01Baixa-Mar às 7h33 e às 19h51

HOJE O TEMPO

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VIDA DE IMIGRANTE

“Quem domina o pensamento, nesta cidade,é quem está na reprodução”

DADOS

� NOME: Heinz Frieden� PAÍS DE ORIGEM: Alemanha� IDADE: 54 anos� LOCALIZAÇÃO: Assafarge,

Coimbra� PROFISSÃO: Produtor Musical

HEINZ foi ao encontro de grupos corais, bandas filarmónicas e do canto alentejano

FER

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Para aprenderuma línguahá que adaptar o ouvidoà pronúncia

Carina Leal

� Kiril. O nome não é difícil depronunciar. Agora, quando sechega ao sobrenome a questão éoutra. Bahcevandziev.

Encontramos Kiril Bahce-vandziev, de 50 anos, na EscolaSuperior Agrária de Coimbra(ESAC). Aborda num registo bemdisposto quem o tenta “descobrir”.É alto. Fala um português correcto,de sons um pouco fechados.

Questões de ordem pessoalfizeram-no radicar-se em Portu-gal em 1989, vindo da Macedónia(antiga Jugoslávia) onde era assis-tente na universidade. «Se me per-guntar como é que cheguei cá eudigo: com o avião». É neste tomalegre que a conversa flui. «Não setrata do clássico imigrante à pro-cura de emprego», alerta logo. Kirilpassara férias em Portugal no anoanterior. Já por cá estivera em86/87, no âmbito de um mestrado.Natural de Skopie, frisa que da suaeducação sempre fizera parte um(entre outros) princípio: «fomosensinados a conhecer a Europa e omundo. Era assim na minha terra,

tínhamos de conhecer políticas,situações económicas, histórias».

O seu país estava em mudança.«Quando cheguei não vi pratica-mente diferença nenhuma. Por-tugal tinha acabado de entrar naCEE». Não esconde que «há sem-pre choques».

E a língua? Estudou latim nosecundário e sempre gostou deaprender outras línguas. Enume-ra-as e são muitas.«Quando sequer uma coisa aprende-se», afir-ma. Quis “dominar” a de Camões,fê-lo através da associação. Houveentão que ouvir e «adaptar o ou-vido à pronúncia». Aborda o“clássico r”. «Lá é vogal». Cá con-soante. «Corrigem-me. Não nascicom o “re”. Eu nasci com o “rre”».As variações vão-se aprendendo,mas atenção: «acho que é bom teraquilo que é de raiz, porque nofim é charme». Ri, numa pronún-cia com direito aos sons “de lá”.

«A minha profissão é estudar asplantas, conhecê-las», assim res-ponde à questão cuja finalidade ésaber o que faz. «Há muito misté-rio nas plantas, como nas pessoas.A minha profissão é estudar asplantas do ponto de vista genético,vegetativo, cultural, alimentar e dodesenvolvimento», completa.

Começou por trabalhar numaescola profissional, onde percebe-ram que «tinha diplomas a mais».Concorreu para a Universidadedos Açores até que na década de 90chega à ESAC. É formado em

Agronomia, tem mestrado emplantas subtropicais e doutora-mento na área da EngenhariaAgronómica. «Não dou aulas , eufalo com os alunos e explico aquiloque sei», clarifica. Define-se comocomunicativo e aventureiro. O seudiscurso “denuncia-lhe” outra ca-racterística: a da curiosidade. Seprocura estar actualizado? «Nãoparo», responde. «Adoro aquelesalunos que me enfrentam, chatei-am, mas que mostram capacidadepara isso». O desafio, é sobre istoque se fala. «A vida desafiou-me e,por causa disso, cheguei a Portu-gal. Estou a arriscar. Quem nãosabe arriscar não sabe o que é sen-tir a vida». Considera que os por-tugueses se deixam facilmentelevar pelo medo.

Regressa uma a duas vezes porano ao seu país, «mas não tenhoaquele vício de emigrante», avisa,«vou lá quando me apetece».

Diz conhecer tão bem Portugal

quanto «os portugueses o conhe-cem tão mal». Enquanto “os de cá”se dividem entre Algarve, Lisboa ,Porto, Kiril gosta de conhecer «asterrinhas, porque acho que ariqueza deste país não está só noslocais de turismo. Portugal encan-ta-me todo». Adora o vinho alen-tejano. «Conhecer Portugal, éconhecer o povo que é honesto eorgulhoso».

Sorri quando se lhe perguntasobre saudade. «Essa é a típicapergunta. Na minha terra tam-bém existe». Tem a bandeira doseu país consigo, bem como umpequeno mapa. «Todos sentimoso nosso país como somos. O maisimportante de tudo é trazer den-tro e sentir».

E Coimbra? »Podia ser melhor.Abafou-se dentro da sua tristeza

ou no seu fado. Podia ser mais viva,feliz». Considera-se português. Sãojá 20 anos. A sua língua materna éo macedónio. «O meu alfabeto é ocirílico. Tenho os dois alfabetos».

Hoje é domingo. Como se diz“tenha um bom domingo” emmacedónio? “Lesna nedela”. Àletra significa “um domingo fácil”,mas os votos são de “um domingodescansado”. l

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COIMBRA 11º 17º

HOJE: Céu nublado, embora temporariamentepouco nublado no Sul. Aguaceiros fracos, queserão de neve, acima dos 1400 metros. MARÉSPORTO DA FIGUEIRA DA FOZPreia-Mar às 6h26 19h09Baixa-Mar às 12h45PORTO DE AVEIROPreia-Mar às 6h42 e às 19h24Baixa-Mar às 12h49

HOJE O TEMPO

“Quem não sabearriscar não sabeo que é sentir a vida”

KIRIL BAHCEVANDZIEV defende que conhecer Portugal é ir ao encontro do povo, das terrinhas

DADOS

�NOME: Kiril Bahcevandziev�PAÍS DE ORIGEM: Macedónia�IDADE: 50 anos�LOCALIZAÇÃO: Coimbra�PROFISSÃO: “Estudaras plantas”�EM PORTUGAL: há 20 anos

FIGUEIREDO

VIDA DE IMIGRANTE

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Carina Leal

� Se um dia chamar um táxi e lheaparecer um daqueles pintados adois tons – verde e preto – dediquealguma atenção ao taxista que oconduzirá rumo ao seu destino.Porquê? Simples. Na identificaçãodo taxista poderá ler-se Constan-tin Ciuverca. E, se assim for, será oleitor já um pouco conhecedor dahistória deste romeno que, há oitoanos e um mês, decidiu arriscar.

Encontrámos este taxista de 39anos numa das zonas maisemblemáticas de Coimbra - Pra-ça 8 de Maio. Um final de tardeem que Constantin, à semelhan-ça de outros dias, se preparavapara ir buscar a sua “pequenina”cá nascida. Daí a umas horas(poucas) entraria ao serviço paramais uma noite enquanto taxistaem ruas conimbricenses.

«É um pouco complicado. Secalhar é melhor escrever», avisaquando a pergunta incide sobre oseu apelido. «Venho de um paíslatino. É parecido, mas a pronúnciaé diferente». São duas as aprendi-zagens que logo se fazem. A pri-meira. A língua romena tambémderiva do latim. A segunda. O quecá se lê “ci”, lá tem som “chi”.

«Sim, sou da Roménia, de Resi-ta. Perto da fronteira com a Sérvia».

Formado em Economia, traba-lho não lhe faltava. Porque veio?

«Se penso bem, nem eu sei», esca-pa-lhe a expressão num sorrisode quem se prepara para soltarargumento. «Queria experimen-tar uma coisa diferente. Não vimpor não ter uma vida estável».Tinha outra imagem do ocidente.«Queria uma mudança. Mas sepenso bem não foi para melhor».Nota-se aqui algum desânimoperante as dificuldades que aca-baram por encontrar. Diz que, naRoménia, se fala dos «paísesmaravilha», onde «há tudo»,onde «ganhas muito e ainda ficascom alguma coisa». Certo é quenão encontrou um país de facili-dades. «Posso dizer que é o con-trário», reforça. «Pensava eu que aRoménia era o país onde haviamais burocracia. Afinal não é».

Rodoviária de nome Bem-vindoA chegada a Lisboa. Na rodoviáriaem que “aportara” lia-se “Bem-vindo”. Constantin, desconhece-dor da língua portuguesa, nãosabia qual o significado daquelasoito letras que à sua frente se afi-guravam. Partiu do princípio deque se tratava do nome da esta-ção. Disse-o mesmo a um amigo:«estou na rodoviária Bem-vin-do». Esta situação fá-lo sorrir hojeque se expressa num claro portu-guês. Na altura não sabia umaúnica palavra. «É uma aventura»,solta. «Os primeiros tempos não

foram fáceis. Nos dois primeirosdias dormi na estrada». Depois detrês dias em Lisboa, onde procu-rou emprego e encontrou pro-messas, rumou a Coimbra.

Começou como servente.«Não foi fácil deixar lá um bomemprego para vir trabalhar noduro», explica. Tem dois cursossuperiores que em Portugal «nãovalem nada. É complicado»,remata. «Fui uma vez perguntar.Disseram que tinha de estudarmais dois anos cá». Constantinpoderia fazê-lo, mas havia o“outro lado da moeda”: «se vouestudar, não consigo trabalhar. Senão trabalho, não ganho. Se nãoganho, a minha família não temmeios suficientes». Foi auxiliar,pedreiro, conduziu camiões.«Polivalente», assim se define.“Nós por cá” ousamos ir maislonge: lutador. Há cerca de trêsanos chegou à Politáxis onde,hoje, é taxista. Se é difícil? «É umaquestão de orientação, hábito».Segundo ele, os caminhos, nestacidade, «são sempre os mesmos.Parece que vão todos para osmesmos sítios». No carro, que

“partilha” com um português,sentam-se muitos estudantes - «emais de noite». Peripécias? «Étodos os dias». Graceja.

No ano passado foi à Roménia.«Custa muito poupar alguma coi-sa para gastar na viagem», clarifi-ca. Quanto a um eventual regres-so, não esconde que, tendo emconsideração a forma como ascoisas lhes estão a correr, «prova-velmente na primeira oportuni-dade que tenhamos vamos».

Afirma que os portugueses sãoabertos e sociáveis «até um ponto.Depois acabou e não nos conse-guimos integrar mais. Lá a convi-vência é diferente». Recorre a um«nós romenos» para comentarque «somos muito mais sociáveiscom as pessoas de fora».

Vindo de um país de comidafrita , Constantin “aprendeu” aapreciar os cozidos. Um prato?Cozido à Portuguesa. Claro quese sente saudade. «Estão lá famí-

lia, amigos. Não é fácil». Sentefalta também da vida social.«Aqui a nossa vida é trabalho –casa. Lá pode-se ser pobre, masconvive-se». Que Constantinconheça são seis os casais rome-nos a residir em Coimbra. «Fo-mos muitos há uns anos. Mas,agora a Roménia é país comuni-tário [desde 2007] Portugal já nãoé muito atraente». “Ai o duminicaBuna”. O mesmo será dizer “te-nha um bom domingo”. l

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COIMBRA 14º 18ºHoje: Céu muito nublado com períodos dechuva, por vezes forte nas regiões a norte dosistema montanhoso Montejunto-Estrela epossibilidade de trovoadas.

MARÉSPorto da Figueira da Foz

Preia-Mar às 1h22 e às 13h42Baixa-Mar às 7h22 e às 19h43

Porto de AveiroPreia-Mar às 1h42 e às 14h03Baixa-Mar às 7h32 e às 19h53

HOJE O TEMPO

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“Não foi fácil deixar lá um bom emprego paravir trabalhar no duro”Um olhar repleto de simpatia espelhaa audácia de quem se aventurou

CONSTANTIN “embarcou” numa aventura que o trouxe até Portugal

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� NOME: Constantin Ciuverca� PAÍS DE ORIGEM: Roménia� IDADE: 39 anos� LOCALIZAÇÃO: Coimbra� PROFISSÃO: Taxista� EM PORTUGAL: há 8 anos

Na Ucrânia oInverno “éInverno” e a Primavera “cheira muitobem”

Carina Leal

� O interior do Restaurante OTelheiro, em Coimbra, está agorasossegado. Hanna convida a sen-tar «naquela mesinha» e a aguar-dar pelo marido. Ele não tarda.

O discurso faz-se a duas vozes.«Escrevo o meu e o Michel odele», aceita Hanna. «Agora eu»,diz ele puxando para si o bloco denotas . «O meu nome é muitocomplicado. Mykhaylo, que sig-nifica Miguel. Como aqui hámuitos, para não fazer confusão,eu Michel». Têm o mesmo apeli-do, Hayovych. São ucranianos.

Hanna veio há nove anos,Mykhaylo há oito. Eram ambosprofessores. Tinham uma «vidaboa». Mas, Mykhaylo sofreu umacidente. Teve de ser acompa-nhado por médicos privados.«Foi preciso muito dinheiro».

Pensavam no futuro do filho.«Vi uma publicidade num jornalucraniano», que pedia professo-res para Portugal. «Vai para Por-tugal, ganha dinheiro e volta», foio pensamento de Hanna.

Veio. Chegou a Lagos com ami-gos e um cunhado. Conseguiuemprego, eles não. «Meus amigostelefonaram para outros, procu-raram em Coimbra», conta.«Vens connosco», disseram-lhe.Ela veio, para Roxo onde serviu

ao balcão de um café. «Muito boaspessoas. Ajudaram-me muito».

Três meses depois procurou acasa onde estão. «Patrão quis logofazer meus papéis». O processocomeçou e, no último dia de Julho,tinha o carimbo no passaporte. Foirever os seus. «Não quero a minhamulher sozinha», comunicou-lheentão Mykhaylo. Foi assim que,desta vez, chegaram ambos cá. Láficara a família, o filho.

«Para mim foi mais fácil», recor-da Mykhaylo. «Hanna já tinhaum quarto, algum dinheiro». Vic-tor e Miguel, os patrões dela, ajuda-ram-no a arranjar emprego norestaurante D. Duarte II onde per-maneceu até abrir uma vaga n’O

Telheiro. Mykhaylo é ajudante decozinha, onde grelha carne e peixe.Hanna é empregada de balcão.

“Borch é cinco estrelas”Falam recorrendo, sobretudo, aopresente. Lá há um sujeito, ououtro, a não concordar com o pre-dicado. É fácil percebê-los. Comoaprenderam? Ouvindo os ensi-namentos. «Hanna, isto copo»,exemplifica. A primeira palavra?«Filho». É assim que trata os cli-entes. «Gosto muito desta pala-vra», argumenta. «Foi mais fácilpara Michel que aprendeu pala-vras correctas. Eu falo muito mis-turado». Moram com Maria –sobre quem se pronunciam com

muito carinho –, que também osajuda nesta língua “esquisita”.Enquanto Hanna gosta de ler,Mykhaylo “afina” o ouvido paraescutar sons do televisor. Juntoscriam o seu dicionário.

Têm 45 anos. São naturais desítios diferentes. Mykhaylodesenha o seu país, explicandoum pouco de história. Ele é deZakarpatya, ela de Ternopol. «Asnossas terras são muito diferen-tes», afirma. Uniu-os a universi-dade. Juntos vêm de Ivano-Fran-covsk, onde o Inverno «é Inver-no», com temperaturas negati-

vas, e a Primavera tem «muitasflores e cheira muito bem».

«Como a língua e o clima, tam-bém a comida é diferente», declaraMykhaylo. “Borch” é um afamadoprato ucraniano. Quem já o pro-vou foi um cliente português que,tendo ido à Ucrânia, não escondeu:«Hanna, Borch é cinco estrelas».

A forma alegre com que seexpressam adquire uns contornos“mais tristes”: «deixámos lá o nos-so filho. Casou. Temos uma netacom um ano». A felicidade irradiaaqui. «O corpo está cá, mas a almalá». Criaram “raízes” cá. «Para

mim Miguel é já como um filho.Dona Maria como uma mãe», afir-ma Hanna. Mykhaylo vai maislonge: «quando chegar o dia de dei-xarmos Portugal acho que vai sertriste. É uma parte da nossa vida.Uma parte do coração já está cá.Ninguém nos pode tirar isso».

Um bom domingo? Comentamque lá se diz do género “bons diasde folga”. Mykhaylo escreve--o primeiro em ucraniano - «muitodifícil» - com letras que não exis-tem no teclado português. Logo sesocorre das ditas “letras inglês”:“dobrogo vukhidnogo”. l

REDACÇÃO 239 499 900 PUBLICIDADE 239 499 999 ASSINATURAS 239 499 95022 DE NOVEMBRO DE 2009 DOMINGO [email protected]áriodeCoimbra

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COIMBRA 8º 16ºSOL - Nascimento às 7h29 Ocaso às 17h14LUA - Lua Nova. Quarto Crescente às 21h39de 24 de Novembro.

MARÉSPorto da Figueira da Foz

Preia-Mar às 5h53 e às 18h19Baixa-Mar às 12h08

Porto de AveiroPreia-Mar às 6h05 e às 18h29

Baixa-Mar às 12h13

HOJE O TEMPO

VIDA DE IMIGRANTE

“Uma parte docoração já está cá”

MYKHAYLO E HANNA trabalham no Restaurante O Telheiro, em Coimbra

DADOS

�NOME: Mykhaylo Hayovych�PAÍS DE ORIGEM: Ucrânia�IDADE: 45 anos�LOCALIZAÇÃO: Coimbra�PROFISSÃO: ajudante decozinha�EM PORTUGAL: há 8 anos

�NOME: Hanna Hayovych�PAÍS DE ORIGEM: Ucrânia�IDADE: 45 anos�LOCALIZAÇÃO: Coimbra�PROFISSÃO: empregadade balcão�EM PORTUGAL: há 9 anos FI

GUEIREDO

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29 DE NOVEMBRO DE 2009 DOMINGO [email protected]

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Carina Leal

� A edição 22 305 do Diário deCoimbra não deixa dúvidas. O 1de Junho de 1997 – no qual reinouuma negra cor – foi absoluta-mente mágico. Ficou cravado nahistória de uma Académica/OAFque, há nove anos, ansiava pelasubida de divisão. O “narrador”de hoje é um dos protagonistasdo momento em que o “vulcãonegro explodiu” [assim se escre-via então].

A época de 96/97 viu chegar, deMarrocos, Mounir Laroussi. Foium dos jogadores que não sepoupou a esforços para tirar oclube de uma “travessia do deser-to”. «Fizemos um bom campeo-nato e subimos», recorda de sor-riso desenhado num morenorosto. «Nós, com um bom treina-dor, conseguimos». Fala de VítorOliveira. Fala da festa que se fezno, então, Estádio do Calhabé atransbordar de pessoas e a estra-vasar, primeiro, de ansiedade eexpectativa e, depois, de umimenso gáudio. O adversário erao Estoril, batido por três bolas azero. Mounir lembra um «cam-po cheio» e os «10 minutos antesde terminar», em que muitos jáqueriam festejar. «Depois o árbi-tro apitou… Foi uma semana defesta».

Mounir tem 39 anos. Continuaa fazer “o gosto ao pé”, pois inte-

gra os veteranos da Académica.Este Portugal não lhe era total-mente desconhecido quandochegou. «Vim antes com a minhaequipa lá de Marrocos e gosteimuito. Pensei: um dia vou jogaraqui e consegui», partilha. Numafase prévia, passou por Setúbal,onde fez um teste e um pré-con-trato. «Mas voltei para Marro-cos», onde permaneceu um ano.«O presidente daqui foi à capitalde Marrocos. Viu jogos. Gostou.E vim para aqui jogar».

Quando colocou “o primeiropé” no relvado português, diz tersentido aquela sensação do “nãoacredito”, «mas depois quandocomeçamos a jogar...». Esteve cer-ca de seis anos na equipa acade-mista, passou pelo Leça, foi para oQatar, tendo nos “entretanto’s”estado no país natal. De regresso aPortugal jogou, ainda, «nestes clu-bes pequeninos pertinho deCoimbra». Refere-se ao Lousa-nense e Sourense.

É natural de Tânger, no nortedo país. O contacto com os portu-gueses – que há muito lá se deslo-cam – ensinou-lhe palavras.«Falo espanhol, francês». Oinglês também lhe é familiar. Oinício é, contudo, sempre difícil.«Não estava aqui ninguém mar-roquino». Não havia quem falas-se a sua língua. «Foi aprendercom os jogadores».

Considera que o ter entrado

“pela porta do desporto” facilitou asua integração. Se teve dificulda-des? «Por acaso não. Vir para jogaré diferente». Lá “actuava” ao nívelda 1.a divisão e vivia «bem», salien-ta. «Há outros imigrantes que vêmlutar pela vida», assinala.

Mounir casou cá. Nunca sesentiu estrangeiro. «Tenho mui-tos amigos, familiares» e, se por-ventura a saudade apertar, a suaterra fica «pertinho. Vou muitasvezes a Marrocos. De carro, emoito, nove horas estou lá».

A frequência com que lá se des-loca deve-se também ao trabalho.Hoje, é empresário na área doartesanato. «Nós, quase todos osmarroquinos, temos este com-prar e vender no sangue». Dizque, mesmo quando jogava, gos-tava de negociar. «Quando acabeio futebol, decidi fazer uma coisadiferente». Comercializa, assim,produtos marroquinos, desdecandeeiros, a tapetes, malas detípico couro. «Talvez vá abrir umrestaurante com comida árabe,ainda estou à procura de um

VIDA DE IMIGRANTE

“Temos este comprare vender no sangue”

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DADOS

� NOME: Mounir Larroussi

� PAÍS DE ORIGEM: Marrocos

� IDADE: 39 anos

� LOCALIZAÇÃO: Coimbra

� PROFISSÃO: Empresário

� EM PORTUGAL: há 13 anos.

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COIMBRA 6º 11º

Sol - Nascimento às 7h36 Ocaso às 17h11Lua - Quarto Crescente. Lua Cheia às 7h30 de2 de Dezembro.MarésPorto da Figueira da FozPreia-Mar às 00h09 e às 12h25Baixa-Mar às 6h11 e às 18h31Porto de AveiroPreia-Mar às 00h26 e às 12h42Baixa-Mar às 6h17 e às 18h38

HOJE O TEMPO

espaço», avança. São muitos osque apreciam o artesanato mar-roquino e este facto fá-lo percor-rer o território português, bemcomo o estrangeiro. «Agora, andosempre a viajar», solta. «Já tiveoportunidade para ficar em Lis-boa, abrir lá um negócio». Certo éque quando desta cidade sai, quer

sempre voltar. Além do artesana-to, dedica-se ainda à decoração delojas, bares, restaurantes.

A 2 de Junho de 1997 escrevia oDC sobre Mounir: «uma apostaganha pela Académica. Um acér-rimo defensor da máxima: “pas-sa a bola, não passa o homem”».A pergunta: “como se deseja um

bom domingo na sua língua?”«Um bom domingo?», devolveele. «Em árabe?». Sorri adivi-nhando a reacção. Escreve dadireita para a esquerda, numadiferente escrita.

O gravador regista a pronún-cia de uma cultura pautada pelassuas alegres e quentes cores. l

Mounir lutou pela subida da Académica em 96/97

MOUNIR vai com muita frequência a Marrocos

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Vieram do paísdas tulipaspara a terradas Termasda Azenha

Carina Leal

� É uma placa à antiga a queanuncia o lugar. Foi pintada numbranco que o tempo ousou gastar.A negra cor, que outrora preen-cheu e deu forma às letras, já não étão negra. Nos contornos lê-seTermas da Azenha. Bem-vindos àfreguesia da Vinha da Rainha,concelho de Soure.

Impera o sossego. O silêncioapenas é quebrado pelos sonstão próprios de uma naturezaque se prepara para acolher oInverno. Um vento suave toca aface, percebe-se vindo daquelescampos de arroz que, ali tão per-to, se enchem de água.

Ellen Lanser não tarda. É navaranda de uma das casas dasTermas da Azenha – com ummagnífico cenário ao alcance -que esta holandesa de 47 anos falasobre este «país do sul». Foi há 10anos. «Queríamos sair de Roter-dão. Nós, pessoas do norte, gosta-mos do sul por causa do sol».Espanha foi a primeira hipótese,mas escolheram Portugal .

Conheceram as Termas da Aze-nha através de uma agência. «Éuma zona muito linda. Tem cultu-ra perto, natureza, floresta, cam-pos. Tem quase tudo». Este é o pri-meiro argumento. Prestes a exporo segundo, os olhos azuis brilhamde uma forma especial. «Não sei se

sabe o que é sonhar. Quando esteprocesso começou estávamos asonhar sobre o que queríamosfazer e onde íamos viver. São ima-gens, conversas». O sonho de Ellenera “ter uma aldeia”. Ri. «E isto éuma aldeia». Diz ter demoradoalgum tempo a ter noção dissomesmo. «De repente: ah sim, osonho agora é realidade».

Os pormenores cativam aatenção. O espaço é aprazível ecuidado. Quando chegaram ocenário era outro. «Não tínhamoselectricidade, nem água. Nada,nada», acentua. Aponta para umacasa: «era a única que tinha portae telhado». Isso não os desmoti-vou. «Estávamos muito entusias-mados. Esse primeiro ano foi tãoagradável, tão charmoso».

Não vieram sem antes apren-der, na Holanda, a língua de Ca-

mões. «Os nossos filhos tinhamseis e oito anos e tinham de irpara a escola», lembra. «Fomos àescolinha, no Pedrógão do Pranto, com oito alunos e uma professo-ra. Fui com eles todos os dias,porque eles não falavam nada.Foi muito agradável».

Noite de São Nicolau «Os vegetarianos não têm boavida aqui», responde quando oassunto é gastronomia. São-no.«Não comemos tanto carne, maseu gosto do bacalhau». Nas ter-mas diz cozinhar «mais inter-nacional. Qualquer nacionalida-de tem boas receitas». Há mais:«os vegetarianos têm de ver emtodo o lado para encontrar coi-sas boas». O registo de Ellen ésempre alegre. Se é fácil para umvegetariano comer por cá?

«Num restaurante? Não. É ovoou omoleta».

Segundo Ellen «a burocracia éterrível. Precisava de sete anospara obter as licenças necessá-rias e de gastar muito dinheiro».Considera, todavia, tratar-se deuma tendência europeia. «Hádemasiadas regras». Em Portu-

gal encontrou, também, um ou-tro lado: «as festas no Verão. Emtodo o lado, em todas as aldeias».Recorda quando foram a umadiscoteca com um grupo de jo-vens: «estava com os olhos aber-tos, porque estavam lá famílias.A vida aqui é mais em família.Isso é tão bom».

Escuta-se ao fundo um levemartelar. A recuperação das ter-mas muito se deve à ajuda devoluntários, a sua maioria ho-landeses. Aquando desta con-versa, havia quem estivesse aconstruir uma capoeira, a demo-lir uma casa de banho ou a lim-par. Embora na sua maioria jo-vens, vêm pessoas de várias ida-des. «Também tive um casal de73 anos», relembra.

Ontem, 5 de Dezembro, foi noitede São Nicolau na Holanda. «É

uma festa enorme para crianças,mas também para adultos», expli-ca. «Fazemos prendas, com emba-lagens especiais, poemas para al-guém especial». Mantiveram essatradição nos primeiros anos.

E as Termas da Azenha? «Po-de encontrar uma casa para ficar,por exemplo, uma semana. Podetomar um banho lá no balneário,fazer uma massagem, jantar con-nosco, aprender a fazer mosaicosartísticos, desenhar, pintar e darpasseios», afirma.

Ellen diz ser «uma pessoa detradição. Espero que o país fiquemais ou menos como é». Refere--se aos avanços da tecnologia, nãolhes negando benefícios, pararematar: «não temos de mudartudo». «Ik wens jullie een prettigezondag» (“um bom domingo”,em holandês). l

6 DE DEZEMBRO DE 2009 DOMINGO [email protected]

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COIMBRA 12º 15ºHoje - Céu muito nublado com chuva, porvezes forte e trovoada, no Norte e Centro,estendendo-se gradualmente ao Sul. Subida datemperatura mínima, em especial no Interior.

MARÉSPorto da Figueira da Foz

Preia-Mar às 5h24 às 17h57Baixa-Mar às 11h37 às 23h49

Porto de AveiroPreia-Mar às 5h41 e às 18h14

Baixa-Mar às 11h42 e às 23h53

HOJE O TEMPO

VIDA DE IMIGRANTE

“Ah sim, o sonho agora é realidade”DADOS

� NOME: Ellen Lanser� PAÍS DE ORIGEM: Holanda� IDADE: 47 anos� LOCALIZAÇÃO: Termas deAzenha (Soure)� PROFISSÃO: Empresáriaem hotelaria� EM PORTUGAL: há 10 anos

ELLEN LANSER diz que os portugueses vivem “mais em família”

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Carina Leal

� O início? Esse é anterior ao 25 deAbril de 1974. Remonta à alturaem que Marc Ryon se deslocavaa Portugal de férias. Vinha daBélgica. «Mais concretamente deFlandres». O relevante pormenoré de antemão frisado. «Honesta-mente, era um país ultra barato eultra seguro. Nunca fechava omeu carro», comunica. O quemais admirava? «A ruralidade».A ligeira dificuldade em pronun-ciar o complicado vocábulo érapidamente ultrapassada. «Ha-via muito a vida no campo».

Médico veterinário de forma-ção e ligado à columbofilia, foi hácerca de 23 anos desafiado, pelamultinacional Versele-Laga, a sero seu representante neste país. «Játinha comprado uma velha ruínaà beira do Mondego. No lugar deesperar até à minha reforma,pronto, vim para cá». Chegoumunido dos seus pertences eacompanhado pela família. «Mas,não foi fácil». O suspiro é longo eacentuado quando se lhe pergun-ta “porquê?”. «A burocraciaaqui…» Um exemplo: «chatea-ram-me durante um ano para medar equivalência do meu diplo-ma. Segundo directiva da CEE, omeu diploma tinha validade».

Gere a empresa que, com sedeno Parque Industrial de Taveiro,em Coimbra, se dedica à alimen-tação animal. «Representamos os

animais de companhia». O co-meço foi em Eiras e «com um car-ro à mão». A empresa foi cres-cendo e abrange hoje toda aPenínsula Ibérica. «As pessoasvêm aqui comprar um “saco defarinha” para o cão. Não dizemração ou granulado, é farinha»,brinca.

Reside em Penela. Viveu ou-trora em Penacova. «Sempre gos-tei, e esta é uma das minhas guer-ras, da vida do campo tranquila,rústica». O sossego.

“Nunca tive tanto frio”Conhecedor do país, não o eratanto da língua. «O nosso portu-guês limitava-se a “Uma bica porfavor”». Ri. Conta, num sotaquetão acentuado, que foi a praticarque aprendeu. Dá ainda exem-plos de expressões dúbias tãoempregues pelos próprios portu-gueses e que não são, de antemão,decifradas por quem tem, nestecaso, o neerlandês como línguamaterna. Relembra as dificulda-des enfrentadas na escola por umdos filhos. «Até foi injustamentetratado. O que me revolta aindamais é quando os portuguesesescrevem mal a sua língua».

Quanto à chuva, Marc diznão haver grande diferençaentre Portugal e Bélgica. Agora,no que respeita ao frio, o assuntojá é outro. «Nunca tive tanto friona minha vida como aqui». Focaum importante ponto: este país

«é concebido como um país deVerão, mas não é sempre Ve-rão». O tema “frio” leva-o paraoutros cenários: «acho que, porexemplo, os cafés não sãorequintados. Se se vai a um cafébelga, alemão ou inglês, sãotodos requintados».

Marc Ryon foi candidato àCâmara Municipal de Penela,pelo CDS-PP. «Aprendi muitacoisa com isso. Foi uma experiên-cia, mas difícil». Vai mais longe:«isto é uma democracia, mas comum “d” muito pequenino».

Visita a Bélgica uma a duasvezes por ano. «Raramente pla-neado», avisa. «Como batata fri-ta, há barracas na rua. Bebo mui-ta cerveja boa e depois estou far-to e volto». É natural de umaaldeia na Flandres Ocidental,Poperinge de seu nome, que «é acapital do lúpulo» [usado na cer-veja]. Assume-se como um «fla-mengo português».

Marc afirma ser «muito boni-to» o manter da tradição. A 11 deJulho, dia nacional de Flandres,«fazemos um grande barbecue ependuramos a nossa bandeira».

A 6 de Dezembro, festejam o SãoNicolau. «Os portugueses sãomuito rápidos a perder as suastradições. É Pai Natal em todo olado», comenta.

Diz detestar o “fachadismo”(«em português não se podem

fazer palavras novas, não é? Nanossa língua, podemos», deixa adica para justificar a sua) e o for-malismo (com direito a “excelen-tíssimos” em demasia). «O que sevê em muita gente é a falta dehumor. Nós temos um humor

duro, duro, duro», reitera. Por is-so, brinca também com o assuntoidade. «Nasci no final da 2.a Guer-ra Mundial, em Abril de 1945».Tem 64 anos e, hoje, ensina-nos“um bom domingo” em neerlan-dês. «Goede Zondag». l

13 DE DEZEMBRO DE 2009 DOMINGO [email protected]

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COIMBRA 6º 18ºHoje: Céu pouco nublado, temporariamentenublado até ao fim da manhã, no Sul. Ventofraco a forte nas terras altas.

MARÉSPorto da Figueira da Foz

Preia-Mar às 00h18 e às 12h41Baixa-Mar às 6h22 e às 18h45

Porto de AveiroPreia-Mar às 00h32 e às 12h57Baixa-Mar às 6h28 e às 18h53

HOJE O TEMPO

VIDA DE IMIGRANTE

“É Pai Natal em todo o lado”

MARC RYON conheceu Portugal em férias

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DADOS

� NOME: Marc Ryon� PAÍS DE ORIGEM: Bélgica� IDADE: 64 anos� LOCALIZAÇÃO: Penela� PROFISSÃO: Médico

veterinário e gerente� EM PORTUGAL: há cerca

de 23 anos

Marc Ryon recorda a ruralidadeque, em tempos, encontrou

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Beleza. O encontro de hoje faz-secom a oriental

Carina Leal

� Gira.Solum. Pé ante pé, logo sealcança o 2.o andar. Mais umpequeno lanço de escadas per-corrido, dobrada “a esquina”.Ali está a loja 205. Enche-se decaracterísticas que, de antemão,fazem cativar a atenção. Dife-rente? Sim. É um centro de bele-za, “Elegance” de seu nome.Mais. É um centro de beleza ori-ental, cuja responsável é umairaniana que, de 29 anos, che-gou a Portugal há quatro anos.Leila Sadeghi é natural de Sary,no Irão.

Atada ao pescoço de Leila estáuma linha. Na face, uma másca-ra protectora. Ela percorre assobrancelhas da cliente, recosta-da na cadeira, com essa mesmalinha. O que faz? “Threading”,ou seja, depilação com linha. Ummétodo por cá inovador, masancestral no médio oriente e sulasiático. Serve para tirar pêlosdo rosto, bem como para definire desenhar as sobrancelhas. Lei-la poderia estar, contudo, a res-ponder a outros pedidos, comomaquilhagem oriental, decora-ção corporal (com Henna) ouextensão de pestanas.

«O meu marido foi convidadoa fazer o doutoramento aqui noPólo II», conta Leila. Assim che-garam. Como foram recebidos?

«Não tivemos qualquer proble-ma cultural. Por acaso é engraça-do estar a falar sobre isso», acres-centa. «Fui defender a minhatese de mestrado [quinta-feira,em Línguas e Relações Empresa-riais na Universidade de Aveiro].Foi mesmo sobre a vida de imi-grantes, mas os académicos».Aqui se alcança um importanteitem: a ajuda dada a quem vemde outro país.

«O meu marido não teve nin-guém para o ajudar a alugar ca-sa. Foi muito complicado, muitomesmo». Grande parte da ajudaque existe é, sobretudo, dirigidaa quem se encontra em Eras-mus, sublinha-o. Conhecedoresdesta realidade, Leila e o maridoprocuram dar importantes “di-cas” a quem imigra. Foram osprimeiros iranianos a chegar aCoimbra. Hoje, acompanham-nos outros mais. Na sua opinião,deveria existir uma organizaçãoresponsável que fizesse o acom-panhamento. «Estas pessoassão muito curiosas, mas depoiscomo não conhecem nada, fi-cam perdidas. Acham que não

vale a pena, porque é tudo muitodifícil. É muita burocracia, ficamcom medo», alerta.

Num questionário que pas-sou no âmbito do mestrado,muitos disseram gostar de Por-tugal e da sua cultura. «Mas, nofim preferem sair para outropaís. Alguns voltam para o deorigem. Isto é muito mau para omercado português», comenta.

Leila diz que a adaptação ao“novo mundo” varia de pessoapara pessoa. «Eu não sou tími-da», destaca. A sua língua ma-terna, o Persa, é muito diferen-te do Português. «Escrevemosda direita para a esquerda»,elucida. O Inglês ajudou-a no

processo de integração. Escu-tou as pessoas. «Acabei poraprender como as crianças», ri.E hoje expressa-se num claroportuguês com direito a algumsotaque. A primeira palavra?«Obrigada». Agora, aquelas aque achou mais graça? Essas fo-ram ouvidas dentro de um au-tocarro: «próxima paragem».

Ano Novo: na PrimaveraGosta desta «cidade de estudan-tes». Vem de um país com «cli-ma extremamente diferente».Exemplifica recorrendo à cidadeonde estudou: «no Inverno erammenos 29/28 graus. Nevavamuito. No Sul, no Verão eram 50graus. Durante o dia ninguémsaía à rua». Vem de um paísonde o «sabor da comida é mui-to importante. Fritamos muitoas coisas». Cá, «a comida é maissaudável».

Abriu o centro de beleza ori-ental há um ano. «Nós mulhe-res iranianas maquilhamo--nos muito». Declara que «temde ser assim». Embora hoje nãose maquilhe tanto, quando visi-ta um amigo «tem de ser, se nãofica estranho». Regressa umavez por ano, ao Irão. «Quandoentro, fico surpreendida com amaquilhagem muito perfeita».

Considera que por cá não hámuita informação sobre os paí-ses orientais. «Mesmo dentro doIrão temos várias culturas. Sul e

norte são completamente dife-rentes», destaca. «Aqui, mistu-ram sempre Irão com paísesárabes. É um país muçulmano,mas a cultura é completamentediferente». Quanto a pontos deinteresse? «Temos sítios muitolindos e antigos». Recorda oimpério persa. Sugere sítioscomo Shiraz, Tabriz, Yazd. Refe-re a agitada capital, Teerão. Noque respeita a um eventual re-gresso, Leila remata com um“não sei”. «Não quero dizer quevou viver aqui toda a minhavida, mas também não vou vol-tar agora, agora».

Por cá não tarda a chegar onovo ano. No Irão o “noruz” (anonovo) só acontece com o primei-ro dia de Primavera (21 de Mar-ço). Aí trocam prendas, reúnemtoda a família. «Preparamosuma mesa com sete coisas quecomecem com a letra “s”, umadelas é o trigo que temos deplantar». Todos esses elemen-tos têm um significado, umamensagem.

Mais diferenças entre ocidentee oriente? O domingo de lá, nãocorresponde ao nosso mesmodomingo de cá. A “folga” lá é àsexta-feira, o primeiro dia da semana ao sábado. Então, a apren-dizagem de hoje é “bom fim--de-semana”. Primeiro em persa:

Depois comum alfabeto mais familiar: “Tati-lat Khosh Begzavch!” l

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Preia-Mar às 4h53 e às 17h12Baixa-Mar às 11h02 e às 23h05

Porto de AveiroPreia-Mar às 5h09 e às 17h27

Baixa-Mar às 11h09 e às 23h13

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20 DE DEZEMBRO DE 2009 DOMINGO [email protected]

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VIDA DE IMIGRANTE

DADOS

� NOME: Leila Sadeghi� IDADE: 29 anos� PAÍS DE ORIGEM: Irão� LOCALIZAÇÃO: Coimbra� PROFISSÃO: Empresária

(Estética)� EM PORTUGAL: há quatro anos.

Depilação com uma linha?VEÍCULO CAIU NUM RIBEIRO

Feridograve na Lousã� Uma viatura ligeira caiu ontemnum ribeiro, depois de ter saídoda estrada e de ter “voado” de umaaltura de cerca de cinco metros. Oacidente aconteceu em RibeiroBranco, Lousã, e levou o condutor,um homem, para os Hospitais daUniversidade de Coimbra. A víti-ma, que foi transportada numaambulância do INEM, deu entra-da em estado grave.

«O veículo saltou da estradapara o ribeiro e estamos a falar deum declive de uns cinco metros»,referiu fonte dos Bombeiros daLousã. «Quando chegámos aolocal, o homem tinha conseguidosair do carro e foi assistido mes-mo ali, ainda na água, que erapouco profunda», acrescentou amesma fonte.

O acidente aconteceu por voltadas 16h30, perto de Ribeiro Bran-co, na antiga estrada que liga Lou-sã e Miranda do Corvo. A via detrânsito teve que ser cortadadurante uns minutos, altura emque as forças de socorro presta-ram cuidados médicos à vítima.

No local do despiste estiveramresponsáveis dos Bombeiros daLousã, INEM e GNR, num totalde cerca de 20 elementos. B.V.

MAU TEMPO

Alerta amarelo emtodo o país� A Autoridade Nacional de Pro-tecção Civil colocou às 00h00 dehoje em alerta amarelo todos osdistritos do país devido à chuva,frio e queda de neve esperada aci-ma dos 300 metros, reforçando odispositivo em todas as regiões.

De acordo com o alerta da Pro-tecção Civil, são esperadas«inundações em locais mais vul-neráveis, desconforto térmico» etambém gelo e neve nas estradas.

O nível de alerta amarelo pro-longar-se-á até às 23h59 de ama-nhã, pelo que «as pessoas devemmanter-se vigilantes e informar-se permanentemente sobre asituação», refere.

O Instituto de Meteorologia,ontem às 22h00, mantinha seisdistritos em alerta amarelo devi-do ao frio: Porto, Braga, Vila Real,Bragança, Viseu e Portalegre.Para a madrugada de hoje eramesperadas temperaturas míni-mas negativas nestes distritos. I

LEILA SADEGHI referiu a importância de se acompanhar quem aqui chega pela primeira vez

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Picante?Não. A cozinhaárabe usamuito asespeciarias

Carina Leal

� Quer ir almoçar fora. Imagine.Apetece-lhe, por sinal, umacozinha diferente. Equacionavárias hipóteses. Uma sugestão?E que tal experimentar umaementa do médio oriente. EmCoimbra? Sim, por exemplo. NaRua Manuel Silva Gaio está oCafé, Sanduíche Bar, Restauran-te Alaid Shoarma.

“Asabih Kabab” é um dos pra-tos apresentados. O que o com-põe? Carne moída de vitela comsalsa, cebola, alho, trigo e batatasfritas. Outra possibilidade?“Dajaj Jordan”, ou seja, frangocom caril, cebola, tomate, frutose arroz. Ou, então, “LahemRiash”, costeletas de borregocom molho de alho. Há mais.

Kasem Alied “toma conta”deste espaço que pertence ao

irmão Bassam Alaid, um afama-do cozinheiro que já viajou porvários países e cujo percurso olevou até ao Sheraton Algarve.Qual é a profissão de Kasem? Eleresponde: «cozinheiro». Contra-ria logo a ideia de que, na cozi-nha árabe, se usa muito o pican-te. «Não. Utilizamos sim as espe-ciarias».

Kasem nasceu na Síria, emMarço de 1974. É natural de Dar-ra uma cidade que se localiza per-to da Jordânia. «Mas, a minhavida foi passada no Kuwait», fazlogo a ressalva. «Estive lá quase16 anos. Fui em pequenino». Foina Síria que conheceu uma por-tuguesa com quem viria a casar.«Encontrámo-nos lá e aconteceuo amor um pelo outro». Ela foraem férias. «Depois de dois anos,tínhamos uma relação tão forte,vim cá e casámo-nos». Está emPortugal desde 2002. Contudo,«não correu bem», diz subli-nhando que hoje são amigos eque prevalece o respeito entreambos. Têm uma filha que, comseis anos, enche o pai de orgulhoe felicidade.

«Fiquei na mesma», afirmacomunicando que gosta deste

país. «É bonito, tem aquelasárvores, montanhas, muito ver-de. Tem pessoas calmas. Nin-guém se mete com ninguém. Acultura. A maneira de conver-sar. Tudo. Tudo. Tudo».

Não esconde, no entanto, quelhe foi difícil aprender a línguaportuguesa. «Por acaso sofrimuito». Recorre ao exemplo“Algarve”, à sílaba “al”, pararecordar que árabes e portu-gueses têm palavras com raízesem comum, o que ajuda “umpouco”. Kasem aprendera, comosegunda língua, o Inglês. Foinessa que sempre comunicoudurante o casamento. Foi no“Alaid Shoarma”, no contacto dodia-a-dia, que começou. «Estacasa pequenina ajudou-me aaprender cultura portuguesa».No convívio com as pessoas viu--se «obrigado a gravar todas aspalavras e o que significavam».O que fazia? «Trocava da línguaárabe para a portuguesa paraentender».

“O que é isso?” Relembra um episódio. Um susto,por assim dizer.«Já há uns anos, omeu irmão, que fala bem o portu-

guês, foi de férias para o Brasil.Naquela altura, o negócio estavamuito bem e ele tinha emprega-dos aqui. Eles saíram a partir das15h00 e eu fiquei». Entrou alguémque lhe pediu uma água com gás.A questão de Kasem: «o que éisso? Eu não sei!». Conta que tiroutodas as bebidas do balcão, mos-trou-lhas. Em Inglês, pediu des-culpa ao cliente por não o estar aperceber. «A partir daquele dia,gravei na minha cabeça: gostodeste país, vou viver aqui. Tenhode aprender».

Sem tempo para tirar um cur-so, começou a juntar palavras, atentar entender o que podia enão podia dizer. «Com isto tenhode ter cuidado. Isto eu possofalar». Afirma que o Portuguêstem muitas palavras parecidas.«Para uma pessoa estrangeira,que não estudou, não é fácil». Éaqui que agradece aos amigospelo apoio e ajuda. Agradece,igualmente, aos alunos e profes-

sores do Colégio de S. Teotónio,ali tão perto. «Eles ensinam-me.Dizem-me: “Kasem, calma, temde ser assim”». Ele fez uso dosensinamentos e descobertas,redigindo-os num papel. «Fizum livro para mim».

Apesar de se sentir bem porcá, não deixa de ter saudades dafamília que está lá. Depois dequatro a cinco meses cá, regres-sa à Síria, onde pode estar ummês ou dois. «A nossa terra éuma terra bonita. Diferente»,assim a define sem deixar deacrescentar que não são só ca-melos e areia como muitos aimaginam. Refere-se à impor-tância da agricultura naquelepaís. Lembra o enorme legadodeixado pelos romanos. Peganum boletim escrito na sua lín-gua e mostra um anfiteatroromano, uma mesquita, ummercado, bem como tantosoutros pontos de interesse deum país com muita história.

Levou consigo uns amigos por-tugueses a visitar a Síria. «Ado-raram», revela.

Da gastronomia portuguesaprovou a chanfana, em casa deum amigo. Quanto a Coimbra, «éuma cidade de estudantes, compessoas de todo o lado». Aprecia oFado desta cidade. Reitera: «aspessoas são educadas».

(Nehaia Asph Saedh), assim dese-ja um bom fim-de-semana, escri-to da direita para a esquerda. l

REDACÇÃO 239 499 900 PUBLICIDADE 239 499 999 ASSINATURAS 239 499 95027 DE DEZEMBRO DE 2009 DOMINGO [email protected]áriodeCoimbra

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SUDOKU

LOCAL MIN MÁX

AVEIRO 5º 12º

CASTELO BRANCO -1º 10º

GUARDA -4º 5º

LEIRIA 0º 12º

LISBOA 3º 15

PORTO 4º 11º

VISEU -2º 7º

VIANA DO CASTELO 3º 11º

COIMBRA 0º 10º

HOJE O TEMPO

Hoje: Céu pouco nublado, tornando-se gradual-mente muito nublado.

MARÉSPorto da Figueira da Foz

Preia-Mar às 10h47 e às 23h25Baixa-Mar às 4h29 e às 17h00

Porto de AveiroPreia-Mar às 11h02 e às 23h39Baixa-Mar às 4h35 e às 17h04

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TOTOLOTO

VIDA DE IMIGRANTE

“Gosto deste país,vou viver aqui.Tenho de aprender”

DADOS

NOME: Kasem AleidIDADE: 35 anosPAÍS DE ORIGEM: SíriaLOCALIZAÇÃO: CoimbraPROFISSÃO: CozinheiroEM PORTUGAL: há sete anos

KASEM ALIED agradece a todos os que o ajudaram nos “segredos” desta língua

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EDP INSTALOU 15 GERADORES

Energia voltouà zona Oeste de Lisboa

� Foi restabelecido o forneci-mento de energia eléctrica emtodas as localidades que foramafectadas pelas avarias provoca-das pelo mau tempo na zonaOeste de Lisboa, de acordo com oúltimo balanço feito pela EDPDistribuição. A empresa emitiuum comunicado garantindo que

ao início da noite de ontem «fica-ram ligados a totalidade dosnove mil postos de transforma-ção que abastecem a região,estando alguns alimentadospelos 15 geradores instaladosdurante a noite e dia de hoje[ontem]».

Contudo, subsistem algunscasos isolados de pequenas ava-rias na rede de baixa tensão, peloque é possível que existam ainda«alguns clientes dispersos, sobre-tudo em zonas rurais, sem ener-gia». Contactada pela Agência

Lusa, fonte oficial da EDP Distri-buição disse que não é possívelquantificar com exactidão onúmero de pessoas ainda afecta-das pela falta de electricidade,mas garantiu que são «casos iso-ladíssimos».

A EDP Distribuição anun-ciou ainda que «após três diasde trabalho foi possível reparar,ainda que provisoriamente, osestragos provocados pelo mautempo em cerca de 40 por centoda rede eléctrica de Alta e MédiaTensão». l

REDACÇÃO 239 499 900 PUBLICIDADE 239 499 999 ASSINATURAS 239 499 9503 DE DOMINGO DE 2010 DOMINGO [email protected]áriodeCoimbra

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TEMPO: Céu muito nublado com chuva, por vezes,forte e queda de neve nos pontos mais altas da Ser-ra da Estrela. Vento fraco a forte nas terras altas,com rajadas até 80 km/h. Subida da temperatura,em especial da mínima no Interior.

SOL: Nascimento às 7h58 Ocaso às 17h22

MARÉSPORTO DA FIGUEIRA DA FOZPreia-Mar às 4h28 e às 16h54

Baixa-Mar às 10h48 e às 22h58

PORTO DE AVEIROPreia-Mar às e às Baixa-Mar às e às

COIMBRA 12º 17º

SUDOKU

TEMPO

LOCAL MIN MAX

AVEIRO 13º 18º

BRAGANÇA 5º 10º

CASTELO BRANCO 11º 15º

FARO 16º 17º

FIGUEIRA DA FOZ 12º 16º

GUARDA 4º 8º

LEIRIA 12º 16º

LISBOA 12º 17º

PORTO 13º 18º

VIANA DO CASTELO 12º 16º

VISEU 8º 13º

VIDA DE IMIGRANTE

“Pensava que me caíam asorelhas quando saí do avião”

Carina Leal

� A chuva insiste em cair. Sair àrua revela-se um acto audaz.Nem o guarda-chuva consegueimpedir uma molha. Os pés nãotardam em ficar ensopados e asmuitas poças de água são já difí-ceis de contornar.

Ivan Colesnic diz, ainda dooutro lado da linha, que a con-versa pode decorrer nesta mes-ma tarde, já que «com este tem-po não dá para fazer nada». IvanColesnic tem 36 anos, chegou daMoldávia há 8 anos e, hoje, é jar-dineiro em Cantanhede.

«Olha», conta ele, «lá na Mol-dávia não está muito fácil». Opensamento? «Vamos sair de lápara arranjar a nossa vida». Temum tio em Lisboa com quem este-ve algumas semanas. «Por inter-médio de uma senhora russa,que o meu tio conhecia, é que vimparar aqui a Cantanhede». Mas,Portugal não foi “a primeiraopção”. «Só queria sair daquelaterra», sublinha. «Tinha ideia deparar na França, só que chegueilá e era muito mais complicado».Veio. «Arranjei muitos amigos,emprego e, como costumo dizer:olha, já fiquei aqui».

Era técnico de dentista, naMoldávia. A sua preocupaçãoera pagar as dívidas que contra-íra, por isso, «agarrava qual-quer emprego e qualquer traba-lho». Assim se tornou jardinei-ro. «Foi o primeiro emprego queconsegui».

Natural de Calarasi, não sabiauma única palavra em portu-guês. «Foi aprender no dia-a--dia. Apontava num bloco denotas as palavras e mais compli-cado era fazer as ligações. Pre-sentes, futuros e passados eracomplicado». A primeira pala-vra? Ivan desata a rir. Logo sepercebe que é melhor não a re-velar. «Todos a diziam. Pensavaque a palavra significava amigo,ficava contente. Depois, comecei

a chamá-los também e eles fica-ram chateados. Pensei: “oh, háaqui qualquer coisa que não ba-te certo”».

O facto de, com a independên-cia da Moldávia (1991), ter estu-dado latim (anteriormente era ocirílico) ajudou-o. «É isto queagora facilita a minha vida».

Se foi bem recebido? Ele res-ponde: «os portugueses recebembem, porque a maior parte foi ouainda está no estrangeiro. Sabem oque significa esta vida». Regressarà Moldávia é algo que não equa-ciona. «Comprei aqui apartamen-to. Faço aqui a minha vida».

Comidas, bebidas e compor-tamento das pessoas. Ivan enu-mera estes três elementos expli-cando que «há muitas coisas se-melhantes» entre o país de ori-gem e o de acolhimento. «Já astradições não são iguais. A trocade prendas é na passagem deano». No dia 6 de Janeiro é Natalna Moldávia. Lá «não é bem obacalhau, é mais à base de carne.Gosto mais do frango. Vocêsaqui têm o leitão, Eu sincera-mente não gosto muito». Há,contudo, dois pratos que Ivan cáconheceu e aprecia: pato no for-no e cozido à portuguesa.

Cantanhede: a cada ano maiorQuanto à temperatura? Hádois anos, estavam em Portu-gal 5 graus positivos. «Quandocheguei à Moldávia eram qua-se 20 graus negativos. Pensavaque me caíam as orelhas quan-do saí do avião». Levava vesti-do um «casaquinho fininho,nem chapéu na cabeça: “ai Je-sus!”». Logo se agasalhou. Aúltima vez que lá esteve foi emJulho. As saudades dos pais edo filho fazem-no regressar.Todavia, não esconde: «só dever aquelas estradas apetecevoltar logo para trás».

Quando se questiona Ivan so-bre o que conhece em Portugal,ele partilha que «como ando norancho já conheço muito». Ran-

cho? Sim, integra o Rancho Fol-clórico Bairradinos de Ourentã.«Antigamente tocava na igreja,num grupo coral na Pocariça. Aspessoas souberam que toco órgãoe acordeão. Foram ter comigo».Não lhe era possível comprome-ter-se com ambos, logo teve deoptar. Ficou pelo rancho. «Diver-timo-nos. Visitamos muitos loca-is onde, se calhar, nunca iria».

Segundo ele, «há sítios lindos».Como que em jeito de encetaruma história, começa: «uma vezestive no Porto. Passámos poraquele Porto velho, é muito lindo.Cada vez que passo lá queria teruma máquina do tempo paravoltar alguns anos atrás para vercomo estavam aquelas casas». Éneste instante que confessa tervisto o “Pátio das Cantigas”. ECantanhede? «É como se fosse aminha casa. A cada ano que pas-sa parece que fica maior».

Para o novo ano, de 2010, o quedeseja Ivan? «Não só para mim,mas para todos: que não sejapior que 2009, porque se não forpior já não é mau». E já que nos“desejos” se está, aqui ficam osvotos de um bom fim-de-sema-na em moldavo: “UM SFERCITDE SAPTAMENA”. l

IVAN COLESNIC integra o Rancho Folclórico Bairradinos de Ourentã

FER

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DADOS

� NOME: Ivan Calesnic� IDADE: 36 anos� PAÍS DE ORIGEM: Moldávia� LOCALIZAÇÃO: Cantanhede� PROFISSÃO: Jardineiro� EM PORTUGAL: há 8 anos

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TOTOLOTO

E se uma palavra nãosignificar aquilo que se pensa?

ATLETA TREINA EM MONTEMOR-O-VELHO

Joana Vasconcelos vai remar pelo Benfica

� A canoista Joana Vasconcelos,campeã júnior da Europa e doMundo em K1, na distância de500 metros, vai representar oBenfica, anunciou ontem o clubeencarnado no seu sítio oficial. «Éum momento muito especialpara mim. Desde pequeninaque sonhava com este clube»,disse Joana Vasconcelos, quepromete dar o máximo paragarantir a presença nos JogosOlímpicos de Londres, em 2012.

Joana Vasconcelos, de 18 anos,natural de Vila Nova de Gaia,treina com os técnicos Rui Fer-nandes e Ryszard Hoop no Cen-tro de Alto Rendimento de Mon-temor-o-Velho e representava oClube Náutico de Crestuma.

«As minhas expectativasapontam para lutar ao máximopor conquistar medalhas, títulos econseguir o apuramento para osJogos Olímpicos de 2012», acres-centa ainda a jovem canoista.

O vice-presidente para asmodalidades do Benfica, JoãoCoutinho, sublinhou, por seu

lado, que os resultados obtidosaté ao momento por Joana Vas-concelos garantem confiançaquanto ao futuro. «É uma apostaforte. É uma modalidade em queestamos a investir na linhadaquilo que é a realidade do nos-so projecto olímpico. É uma atle-ta que fez a sua formação a nívelde júnior com excelentes resul-tados», afirma João Coutinho.

Perante tão bons resultados, ovice-presidente para as modali-dades sonha com o título da atle-ta em Londres: «Apesar de seruma atleta jovem podemossonhar com o título olímpico eela também vai trabalhar paraisso».

João Coutinho defendeu ain-da que o projecto olímpico«pode ir até onde o Benficaentender. Há realmente umrigor orçamental e mesmo acontratação da Joana faz partedesse rigor. Traçámos um pro-jecto e ele tem de ser desportiva-mente validado, mas tambémfinanceiramente», concluiu. l

10 DE DOMINGO DE 2010 DOMINGO [email protected]

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HOJE - Céu muito nublado, com períodos de chuvaou aguaceiros, por vezes fortes. Queda de neve aci-ma dos 400 metros, subindo gradualmente a cota.Vento moderado a forte, com rajadas até 80 km/hno litoral e terras altas. Pequena subida da temper-atura mínima e pequena descida da máxima.

Sol - Nascimento às 7h57 Ocaso às 17h29

Lua - Quarto Minguante. Lua Nova às 7h11 de 15de Janeiro.

MarésPorto da Figueira da FozPreia-Mar às 5h09 e às 17h41Baixa-Mar às 11h26

COIMBRA 5º 6º

SUDOKU

TEMPO

LOCAL MIN MAX

AVEIRO 8º 10º

BRAGANÇA -1º 2º

CASTELO BRANCO 4º 5º

FARO 12º 15º

FIGUEIRA DA FOZ 10º 11º

GUARDA -2º 0º

LEIRIA 6º 7º

LISBOA 7º 10º

PORTO 7º 9º

VIANA DO CASTELO 6º 10º

VISEU 2º 3º

VIDA DE IMIGRANTE

“Muito sol, calor, aquele mar azul”Adora viajar.Albinaaventurou-se por Portugal

Carina Leal

� Um perfume. É isso que aquelecasal procura, ali, na PerfumariaMars, Avenida Calouste Gul-benkian, Coimbra. E são muitasas possibilidades. A ajudá-los nadecisão está Albina Govorova.«Este é mais doce», escuta-se.Depois de umas indicações, detestadas algumas fragrâncias, eisque a escolha está feita.

Albina Govorova tem 38 anos.É esteticista. Recebe-nos numgabinete marcadamente agradá-vel. Branco, bege e um delicadocastanho são os tons que o cons-tituem. Serenidade. É esta a sen-sação que prevalece. «Nós nãoutilizamos muitos nomes. Sótemos dois e chega», explica aoredigir os seus dois no caderno.

Está em Portugal há cerca deoito, nove anos. «O tempo passatão depressa», ela o confirma.«Sou da Estónia. Não sou esto-niana». Como? Explica: «Nascina Estónia, mas sou de umafamília russa». Sim, «tenho naci-onalidade estoniana, passaporteestoniano». Então? «Lá doispovos vivem juntos há muitotempo», continua. Embora cul-turas e tradições possam estaralgo misturadas, certo é que «sãodois povos diferentes: russos eestonianos». Albina estudounuma escola russa. «Sempre tiveaulas de estoniano», acrescenta.«É a língua oficial e temos porobrigação falá-la».

Conhecer a história de Albinaé aprender sobre a história de umterritório que, outrora, integrou aUnião Soviética. Ela própria o fri-sa. Quando «a União Soviéticadeixou de existir, as fronteirascomeçaram a ficar mais abertas ejá conseguíamos viajar mais».Viajou «muito». Portugal foi umdos últimos países que visitou.

Tinha cá uma amiga casada comum português que lhe mostrou opaís. Foi um conjunto de factoresque a trouxe: o desafio, o espíritode aventura. Cá conheceu omarido, «que me fez realmentemudar para cá».

Bacalhau: “é aqui que há o espírito”

Lá ficaram a família e o negóciona área da estética. «Não foi umpasso fácil». Considerou, contu-do, tratar-se da altura certa para,e como ela diz, «fazer este desa-fio». É com um brilho nos olhos ecom um enorme sorriso que falada sua família portuguesa. É commanifesto orgulho que fala dofilho de seis anos. «E agora vouter outro». Está grávida de cincomeses. «Já tenho aqui raízes»,comunica.

Mora em Santa Clara. Estepaís não lhe é de todo estranho.Conhece-o de norte a sul. «Fiqueicompletamente apaixonada. Aspaisagens são maravilhosas». Háalgo mais. «Aquilo que faz faltana Estónia: muito sol, calor, aque-le mar azul». Claro que a Estóniatem mar, o Báltico, «que é muitofrio». Ao russo, estoniano e inglês (comque conversava com o marido)

somou-se outra língua: o portu-guês. «Sabe, a melhor escola éaqui, no lugar de trabalho, é acomunicação com as pessoas»,afirma. Recorda aquela fronteiracom que se pode deparar qual-quer um que ouse “percorrer”uma língua que não a materna:«pensar que as pessoas vãogozar». Foi devagarinho quecomeçou. Frequentou um cursode português para estrangeiros.Fê-lo na Igreja S. José. «Era gratui-to, à noite. Éramos de países dife-rentes: Ucrânia, Bielorrússia,Líbano, Marrocos». Deixa umalerta: «há pouca publicidadedestes cursos, as pessoas nãosabem».Se “Obrigada” foi a pri-meira palavra na língua deCamões, não tardou em apren-der a contar até dez.

Diz que em Portugal se conso-me muito peixe. «Para ser sinceraaprendi a gostar do bacalhau, masnão foi assim amor à primeira vis-ta». Defende que «tem de sercomido neste país, porque é aquique há o espírito do bacalhau».Com a sogra, «que cozinha tãobem», procura descobrir a cozi-nha portuguesa. Também lheensina o que se confecciona naEstónia. “Pelmen” é um prato defesta, «para dias especiais. Faz

lembrar o Ravioli, só que de tama-nho maior e recheado com carnepicada».

Há coisas que Albina nãoaprecia em Portugal. «Faz-meimpressão a maneira de condu-zir, muitos fazem-no sem qual-quer respeito pelos outros». Refe-re a organização «muito certa» doseu povo, para apontar a «poucaorganização em algumas coisas»que cá encontrou. Não esquece oassunto burocracia.

É natural da capital, Tallinn, «élinda, linda linda». Sentiu-se umaverdadeira turista a última vezque lá foi, «porque não ia há qua-tro, cinco anos e a cidade mudoucompletamente». Não vai tantasvezes quantas gostaria, «é longe,não há voos directos» e, comogosta tanto de viajar, tambémquer conhecer outros locais. «Avida toda não é suficiente paraver tudo», partilha. Uma suges-tão? «Ilhas Gregas».

Considera o povo portuguêsacolhedor. «Tive muito apoio emuita sorte em encontrar pesso-as fantásticas que confiaram emmim». Aproveita, assim, paraagradecer a quem lhe deu a pos-sibilidade de se realizar por cá,«porque sem eles não conseguia,sem dúvida». Um agradecimentoespecial? Esse dirige-o à família,«aos meus sogros que me ajuda-ram imenso».

Hoje “bom domingo” deseja--se em duas línguas. Primeirona língua materna de Albina, orusso com caracteres círilicos,

,(Houoshihh gihodhnih). Emestoniano: . l

ALBINA GOVOROVA ficou apaixonada pelas paisagens portuguesas.

DADOS

� NOME: Albina Govorova� IDADE: 38 anos� PAÍS DE ORIGEM: Estónia� LOCALIZAÇÃO: Coimbra� PROFISSÃO: Esteticista� EM PORTUGAL: há oito,nove anos

7 21 36 43 46 48 14

TOTOLOTO

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17 DE DOMINGO DE 2010 DOMINGO [email protected]

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HOJE: Céu nublado com períodos de chuva fraca,tornando-se moderada ao final do dia no litoral anorte do Cabo Mondego. Vento fraco a muito fortenas terras altas, com rajadas até 100 km/h. Nebli-na. No Sul, o céu estará muito nublado com boasabertas durante a tarde.

COIMBRA 11º 17º

SUDOKU

TEMPO

VIDA DE IMIGRANTE

Vinda do país vizinho,conheceu a sopa aos 23anos. “E adorei”

Carina Leal

� Lourdes Muñoz Hidalgo. Aonome próprio (Lourdes) sucede--se o apelido do pai (Muñoz) e, aterminar, o da mãe (Hidalgo). Éassim que, em Espanha, se“constrói” um nome. E esta é aprimeira curiosidade que, nestedomingo, se descobre, já que a“organização”, em Portugal, é acontrária. A viagem de hoje faz--se rumo àquele que tantos de-nominam como o “país de nues-tros hermanos”.

Lourdes tem 32 anos. É naUnidade de Saúde Familiar deCruz de Celas, em Coimbra, quea encontramos, findo que estáum dia de trabalho. Ela, enfer-meira, convida a entrar numgabinete que logo se sente aco-lhedor. Contam-se algumas fo-tografias, alguns peluches. Hámuitas frases afixadas num pla-card ou no móvel que está naparede oposta. Uma dessas fra-ses conquista a atenção: “Decidiser feliz porque faz bem à saú-de”. Autoria? Voltaire. Numquadro corre o Rio Mondego. Acidade espelha-se nas águas.Autoria? Lourdes. «Estou sem-pre a pintar», partilha já quaseno final da conversa. É nessemesmo final que confessa ado-rar a sua profissão. «A enferma-gem é muito gratificante. É aju-dar, todos os dias. Não há nadamelhor do que isso. Às vezes,nem imaginamos o impacto quetêm as coisas mínimas. Nemimaginamos o quão importantesomos. Somos um apoio», diz,lembrando o valor de uma pala-vra, de um gesto.

É no próximo mês de Setem-bro que a sua chegada comemo-ra 10 anos. De Portugal «não co-nhecia nada», ou melhor, co-nhecia apenas jogadores que,ainda hoje e nestas mesmasparedes vestem a camisola doclube de futebol que traz nocoração: F.C. Barcelona. São

Vítor Baía e Figo. Terminou ocurso em 1999. Na sua terra, fal-tava emprego na sua área de for-mação. «Na altura, o governoportuguês ia lá à procura», con-ta. «Recebi uma chamada. A se-nhora, não sei como, conseguiuexpressar o desejo de eu vir tra-balhar para cá». Meia hora deentrevista, em Portugal, em Ju-lho, e começava uma nova faseda sua vida em Setembro, nolugar de Castanheira de Pêra.

«Vim. Fui até Leiria e de lá omotorista levou-me para Cas-tanheira, numa viagem quenunca mais acabava». Ri aorecordar. Na altura era invadidapor questões próprias de quemse aventura: «estou mesmomaluca, onde é que vim parar?».Anos se passaram. Agora, o seuportuguês é correcto – apenas adenuncia o acentuado sotaque e aidentificação que traz na bata -,mas então «não percebia» a lín-gua que a acolhia. «Nada. Nada».Encontrou alguém que a aju-dou, como ela diz, «imenso» - aamizade une-as ainda. Lá sedesenrascou. «Andava semprecom um dicionário no bolso.Todos me conheciam como aenfermeira do dicionário». Sor-ri. A essa útil ferramenta, soma-vam--se outras: o contacto diá-rio, as legendas nos filmes e a lei-tura. «Ajudou-me muito a bibli-

oteca cá de Coimbra. Lia dois atrês livros todas as semanas».

É nos filmes que se encontraoutra “diferença” em relação aopaís vizinho. Ela explica: «emEspanha, os filmes são dobradosem castelhano. Não temos mui-to o contacto com outras línguas.Mesmo na música, os cantoresestrangeiros cantam em espa-nhol». Há mais “diferenças” e,estas, nas próprias palavras: emEspanha “esquisito” significafantástico e “espanto” horrível.«Há palavras com umas dife-renças engraçadas», afirma hojeque percebe o sentido dado porambos os lados.

“Totalmente realizada”Foram cinco anos em Castanhei-ra. «É uma paz, um sossegoenorme. Adorei», solta. Coimbrafoi, desde 2001, 2002, a cidadeescolhida para morar. O motivoé simples: «venho de Barcelona,uma grande cidade». Necessita-va de actividade em seu redor:cultura, cinema, movimento. Os90 quilómetros de distância fazi-am-se «num instante, duashoras. Era bom, dava para ouvirmúsica, relaxar». Quando termi-nou o contrato em Castanheirafoi até Porto de Mós, mas «poucotempo», pois abriram vagas emCelas. Pediu transferência.

Gosta de Coimbra. Acha-a bo-

nita. Deixa o alerta: «se estivessecuidada era melhor». Consideraque «quem mora aqui nem se dáconta. É como eu quando vou aBarcelona, vejo coisas que dantesnão via. Aqui vejo como morado-ra e como turista». Um acrescen-to? E como artista.

Lourdes é levada a “observar”a sua cidade natal: «é muitoaberta. Muitas culturas mistu-radas. Muito ao contrário doque querem deixar transpare-cer, damo-nos bem com todas asculturas. Temos o mar. Achoque o mar muda o carácter, fazuma pessoa mais aberta». A da-do instante deixa escapar, numjeito de saudade, que «até mecusta falar da minha cidade».Mas, continua: «tem muita cul-tura, arte».

Quando a pergunta é gastro-nomia, se sentiu muitas diferen-ças, ela solta um prolongado “ui”.«Até conhecer, comia sempre amesma coisa. Era frango, combatatas e arroz ou costeleta». Umprato preferido? Ela pensa e de-clara: «a sopa. Comecei a comersopa aos 23 anos e adorei. Quan-do vou a Barcelona até faço, éuma coisa que nós não temos».

Coisas menos boas que cátenha encontrado? Reflectesobre o assunto: «é a dificuldadeem seguir os estudos. É umaburocracia. Já me cansei. É mui-to complicado conseguir equi-valência. Às vezes pergunto:então isto é a Europa?».

Para Lourdes, ser enfermeirafamiliar é muito enriquecedor.«Conheço a família toda, desde acriança até aos mais idosos». Cer-tifica quem veio à procura da suavida: «sinto-me totalmente reali-zada». É Lourdes quem hoje nosensina a dizer um bom domingo,primeiro na sua primeira língua,o catalão (“catalã”): “Bon Diumen-ge”. Depois em castelhano (“cas-tellano”): “Buen Domingo”. l

LOURDES era conhecida como “enfermeira do dicionário”

FER

REIR

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DADOS

� NOME: Lourdes Hidalgo� IDADE: 32 anos� PAÍS DE ORIGEM: Espanha� LOCALIZAÇÃO: Coimbra� PROFISSÃO: Enfermeira� EM PORTUGAL: há 9 anos

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“Nem imaginamos o quão importante somos”

Prioridade para investigação do tráfico de pessoas

� O director da Obra Católica Por-tuguesa de Migrações (OCPM)defendeu ontem que o tráfico depessoas deveria estar no centroda investigação criminal, consi-derando também ser necessáriauma maior divulgação do proble-ma junto da opinião pública.

«Penso que em Portugal exis-te uma lacuna na investigação.Deveria haver mais empenhopor parte das polícias e tambémde conhecimento e de divulga-ção desta realidade ao nível daopinião pública», disse freiFrancisco Sales.

Em Fátima, onde participa noX Encontro de Formação deAgentes Sócio-Pastorais dasMigrações, que termina hoje, oresponsável referiu que «houveuma época, quando começarama surgir as questões do tráfico»,que o assunto «esteve muito nalinha da frente, mesmo da co-municação social».

«Depois foi algo que foi desa-parecendo e, praticamente, hojejá não se fala», declarou freiFrancisco Sales.

Para o director da OCPM, otráfico de pessoas em Portugal éuma «realidade escamoteada»,sustentando que se procura«delegar este assunto para umsegundo plano», porque «nãointeressa, dá mau aspecto ou

porque o negócio tem se calhargente muito importante».

O dirigente acrescentou que,apesar de o país ter um PlanoNacional Contra o Tráfico de Se-res Humanos, «existe uma lacu-na na legislação penal».

«Eu não tenho conhecimentode alguém que tenha sido con-denado por tráfico de pessoas»,referiu, exemplificando: «Aspessoas são condenadas poroutros crimes, quando se fazemrusgas a casas de alterne e aoutros organizações onde estãomulheres ligadas à prostituição,ao tráfico para a exploraçãosexual, mas quando chega a tri-bunal nunca ninguém é conde-nado por tráfico de pessoas».

Explicando que é visível,sobretudo nas cidades, «a pre-sença de pessoas de outras naci-onalidades que se dedicam àprostituição», o frei FranciscoSales sustentou que «é doconhecimento, particularmentedas autoridades, de quem traba-lha no terreno, que a maioriadessas pessoas está enredadasem redes de tráfico».

O responsável referiu quealém do tráfico de pessoas parafins sexuais, há também tráficode pessoas com objectivos labo-rais e para a mendicidade, nesteúltimo caso crianças.

«Nós vemos muitos imigran-tes que vieram para Portugal ousão traficados por redes, compromessas de trabalho que sãopraticamente escravos ou, en-tão, mão-de-obra barata»,apontou. l

DIRECTOR DA OBRA DAS MIGRAÇÕES DEFENDE

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COIMBRA6º 12º

SUDOKU

TEMPO

VIDA DE IMIGRANTE

Carina Leal

� Amanhã, na terça ou numoutro qualquer dia da semana,será mais ou menos assim. Aentrada ao serviço faz-se logo às6h30. Até cerca das 10h30, exe-cutam-se os vários trabalhos delimpeza que antecedem o rodo-pio que, a partir das 9h00, come-ça nos corredores da empresa.Pese embora o seu dia iniciecedo, Zara brinda com um sim-pático sorriso quem com ela secruza.

Terminadas as tarefas, sai decasaco vestido e mala pendura-da no ombro direito. Apanha oautocarro. Debaixo do braçoleva a matéria. Segue, possivel-mente, em direcção à biblioteca,isto porque tem de estudar – eela explica - «muito, muito. Paraos portugueses é difícil, muitodifícil esta matéria. Para mim, éduas ou três vezes mais difícilpor causa da língua». Refere-se,neste caso, a Macroeconomia ecálculos.

Tratam-na por Zara. Assegu-ra que a loja com o mesmo nomenada tem que ver consigo. Zor-nitsa Angelova Ilieva é o seunome, tem 24 anos e vem deVratsa, na Bulgária. Quem aescutar, não dirá que está emPortugal há precisamente três

meses e 24 dias. «Não é perfeito,mas acho que falo bem», diz. Éneste quase correcto portuguêsque dá a entender a sua história.

«No ano lectivo de 2008//2009, fiz um programa chama-do Erasmus. Foi cá em Portugale só durante três meses». Élicenciada em AdministraçãoPública. «Em Agosto ou Setem-bro, a Universidade de Coimbramandou para mim uma letra[carta] a dizer que eu podia estu-dar na Faculdade de Economia».Quer fazer mestrado em Econo-mia Local ou Economia Euro-peia. Para isso, «por causa daminha nacionalidade, preciso defazer uma pós-graduação quevai dar equivalência ao meudiploma. Depois da época dosexames, vou continuar a minhaeducação». Segue-se o mestrado.

Voltou, após o Erasmus, por-que considera tratar-se de umaboa oportunidade para apren-der uma língua diferente da sua.Mais. Diz tratar-se de uma boaocasião para «começar a minhavida sozinha. Até agora, vivicom a minha família, com o di-nheiro dos meus pais. Tudo eramuito mais fácil». Agora as coi-sas são diferentes. «Muito maisdifícil, porque propinas, quarto,despesas, livros, tudo o que pre-ciso é muito mais caro do que

na Bulgária». É, por este motivo,que trabalha, tendo sido «mui-to, muito, muito, muito difícil»“encontrar emprego”. «Fui a lo-jas, centros comerciais, entre-guei o currículo, mas acho quepreferem os portugueses, por-que não falo perfeitamente, por-que não sou portuguesa».

Muita neve, muito frioO discurso de Zara é fluente. Sãoraras as vezes em que demorapor um instante a frase, a fim deencontrar o termo certo. Não,não aprendeu Português emErasmus. Aí, expressava-se emInglês. Quando regressou, hátrês meses e 24 dias, «decidifalar, escrever, ler, entender,pensar só em Português». Vai àsaulas. As colegas portuguesasajudam-na a escrever. «Umaamiga deu-me dicionários e gra-mática de língua portuguesa».Aos sábados e domingos, «euestudei-os». E quando se trata deestudar, fá-lo sempre que possí-vel na língua que aprende. Aprimeira palavra? Zara ri e pro-fere-a com todo o gosto e satisfa-ção: «amo-te» (logo nos ensina“obicham te”, em búlgaro). «Éuma palavra bonita. Foi muitointeressante outra», completa,«saudades. Só na língua portu-guesa é que podes dizer “I miss

you” com apenas uma palavra». Sim, Zara tem saudades da

família, dos amigos e colegas queestão na Bulgária. «Não possofalar com eles todos os dias aotelefone». Contam com úteis fer-ramentas disponíveis na Inter-net para o fazer: Skype, Messen-ger e Facebook. Quanto a cartas,ela é rápida: «acho que nestesdias ninguém escreve cartas».Apesar da distância e do muitoque lhe está subjacente, as pala-vras não poderiam ser mais for-tes: «os jovens como eu têm decomeçar uma vida diferentepara depois o futuro ser maisfácil». É uma lutadora. Medo?«Eu não tenho», declara.

Zara comenta que, por cá, secome muito peixe, saladas, emuitos bolos e doces. «Já comipratos típicos, por exemplo afeijoada». E já mostrou aosamigos os pratos típicos de lá.«Eles adoraram, a nossa comi-da também é muito gostosa,mas diferente», explica. Distin-to também é o clima. «Aqui émuito mais quente, mas chovemuito, isso é que não gosto».Lá, no Inverno há muita neve,muito mais frio. O olhar brilhaquando conta sentir saudadesda neve, do gelo.

Conhece Lisboa, Porto, Fáti-ma, Figueira da Foz. É no meiodeste enumerar que se percebe oquanto gosta de Coimbra. Fazum acrescento à informação:«nós sabemos, na Bulgária, quea Universidade de Coimbra é auniversidade mais antiga naEuropa e que tem um nome res-peitável». Levada a falar da suaBulgária, recorda a natureza«muito bonita e diferente na Pri-mavera, Verão, Outono e Inver-no». Tem muita história, igrejas,museus. «Há cidades mais anti-gas e cidades mais modernas».

Vem do país banhado peloMar Negro. «Espaço a espaço, euvou conseguir fazer todas as coi-sas», comunica. Hoje é ela quemensina um “bom fim-de-sema-na” em búlgaro, escrito em carac-teres cirílicos, (“Priatna Pochivka”). l

ZORNITSA ILIEVA expressa-se num claro português

DADOS

� NOME: Zornitsa Ilieva� IDADE: 24 anos� PAÍS DE ORIGEM: Bulgária� LOCALIZAÇÃO: Coimbra� PROFISSÃO: empregadade limpeza/estudante� EM PORTUGAL: há quasequatro meses

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TOTOLOTO

FIGUEIREDO

“Amo-te é uma palavra bonita”Zara quis começar a sua vida sozinha. Prepara-se para o mestrado na FEUC

24 DE JANEIRO DE 2010 DOMINGO [email protected]

DiáriodeCoimbraWWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT REDACÇÃO 239 499 900 PUBLICIDADE 239 499 999 ASSINATURAS 239 499 950 WWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT

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Hoje: Céu muito nublado de manhã com aguacei-ros fracos que serão de neve acima dos 1400 met-ros, tornando-se gradualmente pouco nublado.Vento fraco a moderado nas terras altas e a sul doCabo Carvoeiro. Pequena descida da temperaturamínima no Interior. Neblina matinal.

MARÉSPorto da Figueira da Foz

Preia-Mar às 2h22 e às 14h55Baixa-Mar às 18h43 e às 21h28

RECUPERAÇÃO DO ESTADO DE SURDEZ

� Os avanços mais recentes nastécnicas para recuperação doestado de surdez, nomeadamen-te no domínio dos implantes,são apresentados a partir desegunda-feira num curso inter-nacional que decorre nos Hospi-tais da Universidade de Coim-bra (HUC).

Organizado pelo Serviço deOtorrinolaringologia dos HUC,o 11.º Curso de MicrocirurgiaOtológica e de Oto-Endoscopiatem um carácter teórico-práticoe contempla a actualização emmatéria de implantes cocleares,para a surdez total, e de implan-tes do ouvido médio, destinadosà surdez neuro-sensorial, entreoutros domínios.

António Diogo de Paiva, di-rector daquele serviço dos HUCe catedrático da Faculdade deMedicina de Coimbra, disse àagência Lusa que o professor daUniversidade de Bordéus Jean-Pierre Bébéar vai apresentar osúltimos avanços no domíniodos implantes cocleares noadulto e na criança.

Por seu turno, o médico PedroClarós, do Hospital de S. João deDeus (Barcelona), expõe as novi-dades nos implantes do ouvidomédio, que se destinam às pes-soas que ouvem os sons masnão conseguem perceber bem aspalavras. Também os implantesosteo-integrados, para a desig-nada surdez de transmissão, naqual o ouvido médio não está atransmitir os sons captados,serão abordados no curso porCarlos Cenjor, de Madrid.

Outros especialistas portu-gueses e estrangeiros partici-pam no curso, que decorre atéquarta-feira, abordando temáti-cas como otites, otosclerose,imagiologia do ouvido, neurino-ma do acústico, vertigem e para-lisia facial, entre outras.

Com várias sessões cirúrgi-cas, o curso no domínio da pós-graduação destina-se à «forma-ção, actualização e divulgação deconhecimentos, promovendo atroca de conceitos e experiênciasentre especialistas», segundo oprograma. l

HUC organizamcurso com técnicasavançadas

Carina Leal

� Jin Shaobo soletra as letras quecompõem o seu nome. Já o haviapronunciado. Já o escrevera naamarelecida folha de papel. É naAvenida Fernão de Magalhães –concretamente numa loja de seunome Estrela Nova – que traba-lha os seus dias. É nessa mesmaloja que, nos seus 50 anos, aceitacontar a história de quando dei-xou o país onde nascera em bus-ca de uma outra sorte. Corria oano de 1983 quando cá chegou.

«Da China, claro». Foi daí queveio. «Naquela altura, a Chinaera uma zona pobre. Vim cáprocurar uma vida melhor». Delá saído, sozinho, passou por Itá-lia e Brasil. Foi em Portugal queficou. Nos primeiros tempos emLisboa. «Quando vim não trou-xe nada», partilha. «Os amigoscomeçaram a emprestar dinhei-ro». E Jin iniciou-se como ven-dedor ambulante, ofício que lhepermitiu conhecer o país deCamões de lés-a-lés. «Corri Por-tugal todo». Até que se instalouem Coimbra. «Juntei dinheiro eabri um negócio».

Gostou de Coimbra. «É umacidade mais silenciosa», comu-nica. Gostou do país. Afirma queos portugueses o receberambem. «Se não fosse assim, não

ficava. Está tudo bem», expressanum discurso que, perceptível,não esconde uma acentuadapronúncia que remete para oOriente. Este português, comque fala, conquistou-o no con-tacto do dia-a-dia. «Foi aprendera falar com as pessoas. Comtempo». As primeiras palavraspassaram pelo enumerar - «um,dois, três». «Depois, bom dia,boa tarde, boa noite. Como cum-primentar as pessoas». Nuncafez um curso de português paraestrangeiros, mas ouviu. Muito.«Não falo correcto, mas compre-ende-se», diz ele.

Não esconde que o início ésempre difícil no que respeita àcomida. «Não se sabe falar, nãose sabe como pedir». O “segredo”passava por ver o que havia e oque se comia. «Agora já sei ler alista do restaurante». Noutrostempos, havia que observar e,com o dedo, apontar num gestoque significava: «queria aquele».«A primeira comida que seaprende a pedir é frango, vende--se em todos os lados», partilha.Contudo, e em casa, continua acozinhar comida chinesa.

Nestes dias, nestes em que jáestá habituado ao clima destepaís “plantado” à beira Atlântico,o contacto com quem permane-ce na China faz-se por telefone e

pela Internet (segundo ele, esteúltimo meio de comunicaçãofacilitou muito as coisas). Vaitodos os anos ao seu país.«Como tenho negócio, tenho deir lá fazer as compras». Sim, gos-ta de cá estar, «enquanto se tra-balhar», destaca. E, quando che-gar a altura da reforma, tencionavoltar ao seu país. «Não há outrahipótese. Sempre pensei assim.Se não tenho nada para fazer,tenho de voltar».

A Estrela Nova é animada pormúsica. Uma após outra, váriasse vão ouvindo. Jin confessa tersaudades da terra onde nasceu ecresceu. «É claro que tenho. Toda

a gente tem saudades da sua ter-ra», frisa. Conta que, lá, «as cida-des são grandes e bonitas». Nãofaz sugestões quanto a locais avisitar. Argumenta que tudo

depende do que se gosta. Mas,acaba por confirmar que emPequim «há muito sítio especial».É, aí, que se localizam locais quemuito contam sobre este país. Láestá a Cidade Perdida (outroraPalácio Imperial e hoje PalácioMuseu), o Templo do Céu (desde1998 considerado Património daHumanidade pela UNESCO), aPraça Tiananmen, a Universida-de de Pequim e a Universidade deTsinghua. É neste país que está a,também declarada Património daHumanidade pela Unesco (masem 1987) e uma das Sete Maravi-lhas do Mundo (em 2007), GrandeMuralha da China.

Jin ensina este “ni hao”. Expli-ca ele: «para nós lá, domingo éfim-da-semana. Lá, normal-mente, não temos essa expres-são [bom domingo]. Para cum-primentar é “olá”, “bom dia”».Então – e novamente – “ni hao”.Assim se termina. Por hoje. l

VIDA DE IMIGRANTE

DADOS

� NOME: Jin Shaobo� IDADE: 50 anos� PAÍS DE ORIGEM: China� LOCALIZAÇÃO: Coimbra� PROFISSÃO: Lojista� EM PORTUGAL: Há 27 anos

“Ni hao”

7 DE FEVEREIRO DE 2010 DOMINGO [email protected]

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SUDOKU

COIMBRA 9º 18º

HOJE O TEMPO

Hoje: Céu muito nublado, com períodos de chu-va fraca no litoral a norte do Cabo Carvoeiro

Sol: Nascimento às 7h38. Ocaso às 18h02.

MARÉSPorto da Figueira da Foz

Preia-Mar às 3h01 e às 15h37Baixa-Mar às 9h30 e às 22h13

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TOTOLOTO

JIN SHAOBO aprendeu a falar português no contacto do dia-a-dia

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Foi vendedor ambulante.Juntou dinheiro. Abriu um negócio

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LOCAL MIN MAXAVEIRO 12º 17ºBRAGANÇA 3º 11ºCASTELO BRANCO 8º 16ºFARO 15º 18ºFIGUEIRA DA FOZ 12º 15ºGUARDA 1º 10ºLEIRIA 9º 17ºLISBOA 12º 17ºPORTO 11º 16º

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Sol - Nascimento às 7h45 e às 17h53Lua - Lua Cheia. Quarto Minguante às 23h48 de 5de Fevereiro.

MARÉS - Porto da Figueira da FozPreia-Mar às 3h29 e às 15h54Baixa-Mar às 9h48 e às 21h59

COIMBRA 4º 14º

SUDOKU

TEMPO

VIDA DE IMIGRANTE

Carina Leal

� Tóquio. Sayuri Goda estudavaa língua portuguesa, no CentroCultural Português. Havia umcasal de portugueses que ali lec-cionava. O professor sonhava lálevar um grupo de fados deCoimbra. Conseguiu. Em 1999,Sayuri encontrou o Fado deCoimbra, «da forma mais con-creta e mais profunda», conta ela.«Apaixonei-me logo, nomeada-mente pela guitarra portuguesa».

Portugal não lhe era desconhe-cido, quando em Setembro de2002 veio com um objectivo bemdefinido: «aprender guitarra deCoimbra». Contam-se umas vi-sitas feitas em 1995, 2000 e 2001,que lhe haviam mostrado, sobre-tudo, Lisboa. Pouco sabia deCoimbra, conhecia-lhe o fado.«Adorei», diz arrastando a últi-ma sílaba. «Costumamos brincarque Coimbra não é cidade peque-na. É uma grande aldeia, porquetodos se conhecem. Adorei mes-mo esta convivência, a muitaamizade». Faz a “primeira ponte”com Tóquio: «antigamente tam-bém tinha esse aspecto, só que acidade cresceu. Hoje é gigante».

Para Sayuri, Coimbra «é muitoquente, muito familiar». Porquêesta cidade se a haviam desafiadoa aprender guitarra em Lisboa?«Queria mesmo vir, porque o fa-do de Coimbra se baseia muitona praxe académica. Se queriaaprender devidamente, tinha deestar aqui para ver como é que os

estudantes vivem, como é que é oambiente cá».

Frequentou o Curso de Portu-guês para Estrangeiros. Confir-ma que há muitas diferençasentre a língua de origem e aquelaem que hoje se expressa. «Porexemplo, os japoneses não têm oartigo».

Frequentou o Curso de Espe-cialização em Ciências Docu-mentais. Hoje, está na bibliotecado Departamento de Arquitectu-ra da Universidade de Coimbra.

«Quando vivia em Tóquio, játrabalhava numa biblioteca uni-versitária. Mas, trabalhar noJapão e em Portugal é completa-mente diferente», assegura.

Está a recuperar energias.«Acho que é isto o mais impor-tante, recuperar o sentido de tra-balho para servir alguém. Carre-gar as pilhas». Ri. «Estou a ajudare a aprender mais coisas». Recor-da um sonho de outrora: «queriaser assim como a minha mãe»que, durante 44 anos, trabalhounuma biblioteca escolar. Tornou--se, então, bibliotecária e foi noseu 11.0 ano de serviço no Japãoque decidiu: «deixei a carreira,deixei a terra e cheguei cá».

“É para ficar”É católica. Começou a frequentara capela da universidade para«ouvir missa». É membro do coroda capela da universidade. Segun-do ela, «para cantar nas missastem que se ter muito cuidado coma pronúncia». Lembra uma cole-

ga, «que já foi para a terra», que aajudou a corrigir-se. «Coro é coro.Várias pessoas ouvem sem ligaràs nossas circunstâncias».

Há outra paixão na vida deSayuri. Segundo ela, «o futebolnão é o primeiro desporto no Ja-pão. Aqui, a capa dos jornais des-portivos é quase sempre fute-bol». Lá, dão mais destaque ao ba-sebol, ao atletismo e ao sumo(«aquele desporto com homensfortes. Não estão todos nus, aten-ção»). No coro encontrou adeptosda Académica. No seu bairrotambém os havia. Todos lhe fala-vam «muitíssimo bem» do clube.Mas, naqueles primeiros temposela «não gostava muito da Acadé-mica». Olhava mais para o FCPorto, talvez por influência deuma colega sua que era, comuni-ca rindo, «doidinha do Porto. DoPorto não, doidinha do JoséMourinho».

Como se “apaixonou” pelaAcadémica? «Um dia fui fazercompras na loja da Académica,no Pavilhão OAF». Foi comprarlembranças para levar para oJapão. «Uma senhora que lá tra-balhava perguntou-me se já ti-nha ido a algum jogo». Não ti-nha. Foi-lhe oferecido um bilhe-te para o Académica - Rio Ave.«Adorei», volta a arrastar a últi-ma sílaba. Perguntou-se mes-mo: «porque é que nunca vim?Arrependi-me de nunca o terfeito». Porquê? «Foi tão engra-çado, foi tão lindo». Sempre quepode assiste aos treinos. Tenta

não falhar um jogo em casa equando os jogos são fora e nãopode ir, ouve na rádio ou vê natelevisão.

«A Académica joga tanto naelegância. O estilo do jogo é ele-gante, discreto, bem-educado»,considera. Na sua primeira via-gem fora, foi ver o Naval - Acadé-mica. «Foi quando o Domingosganhou a primeira vez lá fora»,relembra. É o nome de Domingosque se lê no livro que está sobre amesa. O título “O que é que disses-te Domingos?” guarda no seuinterior recortes do que a impren-sa noticia sobre o clube com quetanto simpatiza. Confessa, nasentrelinhas, que não apreciavaManuel Machado. «Mas, ele jáestá perdoado. Emprestou-nos oBruno Amaro». Ri.

«Agora sim» aprecia e vibracom o futebol. Agora sim gostade coentros, «agradeço-o à comi-da portuguesa» e «à sopa alente-jana». Aprendeu também a ex-primir o que gosta. «Os japones-es não fazem muito isso. É dacultura», sublinha.

Sayuri tem 41 anos, se pula dealegria ao ver a Académica mar-car um golo, também gosta depassear de quimono numa cida-de que a cativou. «É para ficar»,confirma. Agradece aos portu-gueses pela forma como a rece-beram, a si e ao que trouxe dediferente.

De sorriso fácil, voz ligeira euma encantadora simpatia,Sayuri confessa os seus sonhos.«Quero ligar as pessoas atravésdos livros. Através da biblioteca,ligar o livro e as pessoas. Atra-vés do trabalho, ligar os portu-gueses e os japoneses».

Nos portugueses encontrou oorgulho em “ser português”. «Éalgo que sonho ter». Vai maislonge: «ser conimbricense é difi-cílimo, mas eu tento ser. É umsonho ser conimbricense».

Sayuri coloca muita estima emcada palavra, em cada frase, emcada recordação. Fá-lo igualmen-te quando é solicitada a ensinarcomo se diz “bom dia” (“ohayou”),“boa tarde” (“kon’nichiwa”) e “boanoite” (“konbanwa”). l

SAYURI GODA diz que Coimbra é muito quente e familiar

DADOS

NOME: Sayuri GodaIDADE: 41 anosPAÍS DE ORIGEM: JapãoLOCALIZAÇÃO: CoimbraPROFISSÃO: BibliotecáriaEM PORTUGAL: há maisde sete anos

14 19 31 35 37 41 38

TOTOLOTO

FIGUEIREDO

“A Académica jogatanto na elegância”

31 DE JANEIRO DE 2010 DOMINGO [email protected]

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A paixão pelo fado de Coimbra permitiu nascer uma outra paixão: a que sente pela Briosa

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2

7 9 2

NAZARÉ

Acidentecom tractor fez quatro feridos

� Uma colisão entre um tractor equatro viaturas ligeiras provocouum ferido grave e três ligeiros aoinício da noite de ontem no con-celho da Nazaré, disse à agência

Lusa fonte do Centro Distrital deOperações de Socorro de Leiria.

O acidente ocorreu cerca das19h10, na Estrada Nacional 8-5,em Marmeleira, freguesia deValado dos Frades.

No local estiveram 18 bombei-ros das corporações da Nazaré eAlcobaça, apoiados por oito viatu-ras e uma equipa da Viatura Mé-dica de Emergência e Reanimação(VMER) das Caldas da Rainha. l

RECEBE ALGUNS DOS MAIORES ESPECIALISTAS

Óbidos acolhe II SimpósioInternacionalde Castelos

� O II Simpósio Internacional deCastelos, marcado para Novem-bro de 2011, será o ponto alto dascomemorações do Centenário daClassificação do Castelo de Óbi-dos, apresentadas ontem na vilamedieval.

Depois da realização do pri-meiro simpósio em Palmela, Óbi-dos organiza a segunda edição dainiciativa que será comissariadapela arqueóloga Isabel CristinaFernandes.

A iniciativa «contará com aparticipação de alguns dos maio-res especialistas franceses, espa-nhóis, portugueses e ingleses, emcastelos do espaço mediterrâni-co», disse à Lusa Miguel Silvestre,responsável pela Rede de Investi-gação, Inovação e Conhecimentode Óbidos. «Cientificamente éum evento da maior importân-cia, dirigida a um público espe-cializado que poderá ficar aconhecer as mais recentes inves-tigações sobre castelos».

O programa apresentadoontem assenta num conjunto derealizações que se iniciaram comas Nano Conferências, uma inici-ativa que cruza exposições dearte com palestras científicas. l

RECTIFICAÇÃO

� O Diário de Coimbra publicou ontem erradamente um dos núme-ros (era 43, e não 42) da combinação vencedora do último concursodo Euromilhões. Os números correctos são 9, 17, 30, 39 e 43, e as estre-las 5 e 7. Pedimos desculpa aos leitores. l

Carina Leal

� É alto. Muito alto. Estende amão em jeito de “olá”. Fá-la acom-panhar de um sorriso imenso,numa tarde que já se despediu edeu lugar ao anoitecer. Termina-ra a última consulta do dia. Daí abreves instantes, rumaria à cida-de Invicta, ao Porto.

«Muitos me perguntam se souitaliano», partilha Rajko Bjelano-vic. Tem, efectivamente, uma pro-núncia característica. «Eu sou sér-vio e vivia na Croácia». Médicodentista de profissão, comunicanos seus 60 anos que «isto, paravocês, é um bocadinho difícil deperceber». O discurso é pausado.Nas palavras, que vão ao encon-tro do motivo que os fez, a ele e àfamília, chegarem a Portugal comapenas uns sacos nas mãos, sen-te-se tristeza, mágoa. Foi emDezembro de 1993.

Em 1991, a Croácia anunciava aseparação do território jugoslavo.«Existe uma região, na Croácia,onde a maioria da população foisérvia», conta referindo-se a Kra-jina. «Como nós sérvios, que aí

vivíamos, não queríamos sair daJugoslávia, fizemos um referen-do. Decidimos ficar». A Croáciaqueria sair. Assim, principiou aguerra entre sérvios e croatas.«Infelizmente, alastrou-se». Oscapacetes azuis chegaram ao ter-ritório. Rajko não via fim à vistano que respeita ao conflito. Deci-diu sair e, com a ajuda de doispolícias portugueses, alcançouPortugal, país que, segundo ele,«não pedia visto para entrar».

Para trás ficara «uma vida boa.Deixámos um apartamentocheio, um consultório. Tinhaquase tudo e perdi tudo. Infeliz-mente, quando, em 1995, a Croá-cia atacou Krajina ficou tudoqueimado. Foi começar do zero».Não obstante, a esposa e os doisfilhos ainda lá tenham regressa-do por uns tempos, Rajko decidiunão voltar mais.

Em Coimbra, a «cidade nemgrande nem pequena», encon-trou pessoas simpáticas. «Feliz-mente acolheram-nos bem. Fize-mos muitas amizades». Aquelesorriso volta a desenhar-se, so-bretudo quando recorda amigoscomo Avelino Guerra e Pilar,Carlos Marques Pinto e esposa,toda a «equipa espectacular daclínica» situada no 5.o piso dasGalerias Avenida onde, a cadaquarta-feira, dá consultas. Demuitos fala. Todos eles «nos aju-daram muito».

Foi sozinho que aprendeu anova língua. Na altura, não haviadicionário de sérvio – português,logo houve que do sérvio ir até aoinglês e a partir deste, finalmente,descobrir o português. Solta umlongo «ah, muito boa. Gosto mui-to de gastronomia portuguesa,bacalhau de todas as maneiras ecozido à portuguesa». O país «émuito bonito». Prefere as monta-nhas, pois gosta de caminhar, co-nhecer as aldeias, ouvir os pássa-ros. Aprecia as manhãs ao acor-dar. «Fantástico».

“Burocracia é horrível”Esperava mais deste ibérico país.Foi-lhe difícil, apesar dos 17/18anos de actividade na Croácia,conseguir exercer a profissãopara a qual se formara em Bel-

grado. «Demorei quase quatroanos, gastei muito dinheiro. Perditoda a esperança». Mas, conse-guiu. «A burocracia é horrível»,frisa. Foram precisos 16 anospara que a nacionalidade portu-guesa lhe fosse atribuída. É, nestesentido, que expressa um desejo:«gostava que Portugal se organi-zasse um bocadinho melhor.Tem possibilidade, mas falta-lhea vontade».

É, visivelmente, um pai muitoorgulhoso. «Felizmente tenhodois filhos muito, muito bons.

Agora também tenho uma nora»,partilha de brilho no olhar. Omais velho é formado em Fisiote-rapia. O mais novo joga andebolno Sporting. É, igualmente, mem-bro da selecção portuguesa de an-debol. «É um sucesso muitogrande. Não é fácil chegar lá. Épreciso muito trabalho», destaca.

Bosko começou a jogar em Bel-grado. Em Coimbra, integrou aequipa de juvenis da Académica,tendo o próprio pai feito partedos corpos dirigentes do clube.Com 15 anos, foi convidado para

a equipa do FC Porto. «Não querí-amos deixá-lo ir sozinho. Então,fomos viver para o Porto. Com-prámos casa e abrimos uma clí-nica nossa».

«Muitas». São estas as sauda-des que sente quando olha paratrás, quando recorda a vida que,em Kistanje – Knin, «não podiaser melhor. Escolas grátis, hospi-tais grátis». Gosta muito do povoportuguês. Considera, contudo, opaís «muito» triste. «Cá há mui-tos créditos. Todos querem umavida espectacular de um dia parao outro». Lá, «aproveitava-se cadasituação para cantar, dançar, rir.Ansiolítico, depressão conhecia--os o médico, porque era médico».

Em casa, os quatro falam sér-vio. Vêem televisão sérvia. Cozi-nham pratos sérvios. Tentammanter as tradições. Como cris-tãos ortodoxos regem-se pelocalendário juliano. É Rajko quemhoje dá a lição, e em sérvio.

, o mesmo serádizer “Feliz Feriado” (SretchanPraznik). l

VIDA DE IMIGRANTE

DADOS

� NOME: Rajko Bjelanonic� IDADE: 60 anos� PAÍS DE ORIGEM: Croácia� LOCALIZAÇÃO: Porto� PROFISSÃO: médicodentista� EM PORTUGAL: desde 1993

“Foi começardo zero”

14 DE FEVEREIRO DE 2010 DOMINGO [email protected]

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SUDOKU

LOCAL MIN MAXAVEIRO 7º 14ºBRAGANÇA -4º 7ºCASTELO BRANCO 5º 10ºFARO 13º 14ºFIGUEIRA DA FOZ 9º 10ºGUARDA -3º 4ºLEIRIA 8º 12ºLISBOA 8º 11ºPORTO 6º 13ºVISEU 2º 9º

COIMBRA 6º 12º

HOJE O TEMPO

HOJE: Tempo frio com céu pouco nublado, tor-nando-se muito nublado, de sul para norte, comperíodos de chuva ou aguaceiros. Queda deneve acima dos 800/1000 metros. Vento fracoa forte nas terras altas. SOL:- Nascimento às7h30 Ocaso às 18h10MARÉSPORTO DA FIGUEIRA DA FOZPreia-Mar às 3h10 e às 15h28Baixa-Mar às 9h28 e às 21h32

6 12 16 23 29 46 42

TOTOLOTO

RAJKO BJELANOVIC foi ajudado por dois portugueses na altura da guerra

FIGUEIREDO

Rajko agradecea todos os que ajudaram a família Bjelanovic

5 9 6

4

1 8 3 5

9 8

2 6 1 9

4 6

4 1 6 2

1

2 7 6

21 DE FEVEREIRO DE 2010 DOMINGO [email protected]

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SUDOKU

LOCAL MIN MAX

AVEIRO 14º 17º

CASTELO BRANCO 11º 14º

COIMBRA 13º 17º

FARO 13º 17º

FIGUEIRA DA FOZ 11º 14º

GUARDA 5º 7º

LEIRIA 13º 16º

LISBOA 11º 14º

PORTO 13º 16º

VISEU 9º 12º

COIMBRA 13º 17º

HOJE O TEMPO

3 13 25 39 41 48 7

TOTOLOTO

“Sinto-me mesmoconimbricense”Carolyndá uma lição deternas palavras

Carina Leal

� São histórias. São histórias devida. Este domingo conta um pou-co da família de Carolyn PersisCemlyn-Jones. Narra a própria noconforto do lar. Avenida Dias daSilva, Coimbra. «Sinto-me mesmoconimbricense». Di-lo.Carolyn tem 66 anos. «Nasci emDublin, na Irlanda, mas sou ingle-sa». Em Setembro de 1972 veiocom o marido para Portugal. Pen-savam ficar só três anos. Mas, osanos, esses, correram. O maridoleccionou no British Council.Dedicou-se, também, à Faculdadede Letras da Universidade deCoimbra (FLUC). «Adorou o tra-balho dele lá», comenta.

Desconheciam este país onde,no início, caía tanta chuva. Carolynestava grávida. Já tinham umafilha. «Houve algumas dificulda-des, mas as pessoas foram sempremuito amigáveis». Também eladeu aulas no British Council (ouCasa de Inglaterra como tantasvezes lhe chama). A FLUC fez partedo seu percurso. «E depois, não seicomo, tornei-me directora do Bri-tish Council, em 1979». Foi-o atéJulho de 2008. Uma experiência

«muito interessante». Relembra ocomeço. Havia aquela inseguran-ça de a instituição poder fechar.Todavia, «foi ficando cada vezmais independente». O númerode alunos cresceu. Muitos são osque, nela, aprendem. «Fiz muitosamigos dentro da casa». E foratambém, comunica-o num sorri-so coberto de doçura.

Anos antes. 25 de Abril de 1974.Carolyn escutou o marido chamá--la: «olha isto na rádio». Aconteciaa Revolução dos Cravos. «Nós fo-mos trabalhar. Vimos as notíciasatravés da BBC». Diz que, antesdisso e apesar de aparentementenão haver um ambiente de medo,ele existia. «Só se falava de fute-bol». Depois, a política tornou-seno assunto dominante. «Nos me-ses seguintes, era mais difícil ava-liar o que estava a acontecer. Osnossos amigos, na Inglaterra,tinham mais noção do que nós».

“Não é Antônio, mas António”Sempre falou Inglês, fosse no tra-balho ou em casa. Só quando sereformou é que teve oportunidadede iniciar um curso de portuguêsna FLUC. O contacto com a línguaportuguesa acontecia nas lojas,cuidados de saúde ou assuntosdomésticos (como a canalização).Os portugueses «faziam sempreesforço para entender. Às vezesrepetiam as palavras correctas:“não é cenhouras, mas cenouras”».

Ri. Foi nas aulas que se deu contados erros: «verbos, tempos, estru-tura da língua». Hoje, é a neta detrês anos quem a corrige. «Diz-meque não é Antônio, mas António.Ela é completamente bilingue».Outro neto, com 7 anos, também aensina, mas a matéria é diferente:futebol. Relembra o Euro 2004,«tinham medo dos adeptos ingle-ses. Mas, o ambiente em Coimbrafoi tão bom». Por quem torceu noPortugal x Inglaterra? «Era a únicaque apoiava a Inglaterra. O resto dafamília apoiava Portugal». Umsegredo? Gosta da Académica.

Divide-se entre Lisboa, ondereside a filha mais velha, e Coim-bra, à qual está muito ligada. Sen-te-se parte da cidade e da univer-sidade. Tem casa no País de Gales.Caracteriza-o como «muito boni-to». Aconselha a que o visitem.«As viagens são cada vez maisfáceis. Nos anos 70/80 era muitocaro. Íamos uma vez por ano».Essas mesmas viagens, foram esão muito importantes, já quepermitiram às filhas e, por estesdias aos netos, conhecer as raízes.

Olharam para o seu país comoturistas. Descobriram-lhe outrosencantos. «Ficamos mais conscien-tes das mudanças. Em Portugaltambém são óbvias». Se outrorasentiu que Coimbra tinha poucodestaque a nível nacional, consideraque «o seu papel está a crescer».Adora o Parque Verde do Monde-

go, a Baixa. Refere vários sítios quetêm sido alvo de intervenção: «exac-tamente, Coimbra tem mais orgu-lho em si». Solta: «é uma cidade quetem alma».

É reformada. «Cá não há muitascoisas que possamos [reformados]fazer como voluntários», comenta.Explica que, na Inglaterra, não há ohábito de desejar um “bom fim-de-

semana”. «Portugal tem muitoessas frases, como “boa continua-ção”». Como professora, numapronúncia que tanto carrega navoz, ensina “bom dia”. “Good Mor-ning”, na língua onde não há acen-tos. Na língua onde os alunos por-tugueses mostram ser, e segundoela, «fantásticos. Fico sempreimpressionada», comunica. l

VIDA DE IMIGRANTE

DADOS

�NOME:Carolyn Cemlyn-Jones� IDADE: 66 anos�ORIGEM: Reino Unido�PROFISSÃO:Reformada�EM PORTUGAL: desde 1972

CAROLYN foi directora do British Council

FIGUEIREDO

4 1 3 9

2 8 6 3

1 8

1 5 3

2 7 5

7 6 2

6 3

1 6 5 9

5 7 2 4

Hoje: Céu muito nublado com períodos de chuvaou aguaceiros, por vezes fortes e possibilidade detrovoadas. temperatura, em especial da mínima.

MARÉSPorto da Figueira da Foz

Preia-Mar às 00h50 e às 13h12Baixa-Mar às 7h01 e às 19h29

Carina Leal

� Eles, os três filhotes, estão sen-tados à mesa. Sobre essa mesaestão cadernos, livros, lápis ecanetas. Se deitam umas olhade-las à tarefa que têm de executar,também os conquista a curiosi-dade causada por um gravadorque regista as palavras da mãe.Elas, as gémeas, e ele, o mais no-vo, parecem orgulhosos.

Karina Guergous, a mãe, tem35 anos. É funcionária da Câma-ra Municipal de Pombal (CMP),na Loja Ponto Já. Considera que,nesta terra, se está a desenvolver«um desafio interessante para ajuventude». Próxima está a «pri-meira Semana da Juventude doconcelho de Pombal». «Sim,muito trabalho», diz sorrindo.

Desafio e aventura são as pala-vras que, esta Karina com “K”,mais refere. Foi ela própria quempartiu à aventura e aceitou desa-fios. Chegou há 12 anos. «Soufranco-argelina», comunica.Paris é a sua cidade. França o seupaís. «Comecei a namorar comum luso descendente. O sonhodele era vir para cá». Deixaram aterra dela rumo à terra dele. Kari-na tinha por cá passado em tem-pos de férias. As cores, o sol havi-am-na conquistado. Morar, isso,«foi menos agradável». O seu dis-curso é sempre, mas sempre, ale-gre. «Foi no Inverno, em Janeiro.Fomos viver para casa dos paisdele, que eram emigrantes emFrança». Foi aí que se deu contade todo o conforto que tinha emFrança. «Para ter água quente,tínhamos de fazer fogueira paraaquecer a caldeira. Para mim, erao fim do mundo».

A sua formação, em Marke-ting, cá não lhe foi reconhecida. Aoutrora responsável pela rede deparafarmácias, começou «do ze-ro, sem poder aproveitar a expe-riência profissional», sublinha.«Cheguei a fazer a loiça num res-taurante». Quando se lhe per-

gunta se o “fazer” significa “la-var”, solta uma enorme gargalha-da: «lavar. Isso, isso!».

O que sempre quis? «Traba-lhar, afirmar, integrar». Estevenum escritório, onde fez frente àsdificuldades ao nível da língua eescrita. Diz que poderá ter sido oespanhol, que aprendera na esco-la, a ajudá-la. «Só que agora souincapaz de falar espanhol. Perce-bo, mas respondo sempre emportuguês. Perguntam se soubrasileira, porque pelos vistosfalo mais a cantar». Entende-sena perfeição. Por vezes, lá há um“ei” ao qual falta o “i”.

Lutadora. É-o. Enquanto es-teve em casa, «mesmo sem sa-ber como funcionava», respon-deu a concursos que apareciamnos jornais. Sentia não ter nadaa perder. Houve um agrupa-mento de escolas que a contac-tou. Ficou como auxiliar de ac-ção educativa. «A aventura nojardim-de-infância(...)». Ri,uma e outra vez. «Foi uma ex-periência muita gira. Permitiu--me aprender os costumes e

hábitos portugueses, as can-ções infantis, os contos».

Em 2004 entrou para a CMP,onde trabalhou no serviço de edu-cação, no gabinete de apoio aosvereadores. «Foi muito bom, umaaventura muito enriquecedora».Chegou, “nos entretantos”, ao es-paço onde funcionava a ludoteca(que foi transferida) e a Loja PontoJá, um Celeiro que, na Praça Mar-quês de Pombal, “fala” da históriadeste país. Teve alguma dificulda-de com as etiquetas, «os doutores»,mas habituou-se. Considera terfacilidade de comunicação, algoque tem como essencial no traba-lho com os jovens.

“Paris nas veias”

Enérgica, Karina confessa que, noinício, fez um jornal onde relatouas suas peripécias aos familiarese amigos que permaneciam emFrança. Hoje, com a Internetconstrói um blogue. Faz parte doTeatro Amador de Pombal (TAP).Define-o como «um mundofabuloso». Brilham-lhe os olhosao enumerar os trabalhos quetêm em cena.

Brilham-lhe os olhos, aindamais, ao dizer que os seus filhosadoram as viagens a França, quefalam francês (até porque fazmesmo questão que assim seja).Perguntam-lhe como é a Argé-

lia, a terra do avô. «Paris corre-me nas veias. É a terra da dife-rença, da tolerância. É uma terrade acolhimento», afirma. Sozi-nha com os filhos em Portugal,diz ter já colocado a possibilida-de de voltar. Mas, «acho quegosto muito mais do que penso.Os meus filhos estão bem. É ummeio muito agradável paracrescer. Só voltaria se, realmen-te, a nível financeiro não me sa-fasse». Não esconde sentir que

«aqui o social está um bocaditolimitado».

Karina considera que o tempo«influencia bastante a moral e aboa disposição das pessoas».Confessa que, quando regressa àCidade das Luzes, «é como senunca de lá tivesse saído». Poroutro lado, «quando lá estou játenho saudades daqui».

Termina assim: «o que é im-portante é ser feliz. Portanto,sejam felizes». l

28 DE FEVEREIRO DE 2010 DOMINGO [email protected]

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LOCAL MIN MAX

AVEIRO 11º 14º

FIGUEIRA DA FOZ 9º 12º

LEIRIA 7º 12º

PORTO 9º 13º

VISEU 2º 7º

COIMBRA 6º 12º

HOJE O TEMPO

16 33 34 36 38 47 7

TOTOLOTO

“O que é importanteé ser feliz. Portanto,sejam felizes”Relatou num jornal, “propriedade sua”,as peripécias que viveu

VIDA DE IMIGRANTE

DADOS

� NOME: Karina Guergous� IDADE: 35 anos� ORIGEM: França� PROFISSÃO: funcionáriada Câmara de Pombal� EM PORTUGAL: há 12 anos

KARINA GUERGOUS faz parte do Teatro Amador de Pombal

FER

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4 8

6 4 2

Hoje - Céu muito nublado com períodos de chu-va ou aguaceiros, por vezes fortes, granizo epossibilidade de trovoada. Queda de neve noInterior, acima dos 800/1000 metros, subindo acota 1400 metros durante o dia. Vento fraco amuito forte nas terras altas, com rajadas até 90km/h. Descida da temperatura.

Sol - Nascimento às 7h10 Ocaso às 18h26Lua - Lua Cheia. Quarto Minguante às 15h42de 7 de Março.

MARÉSPorto da Figueira da Foz

Preia-Mar às 8h46 e às 20h59Baixa-Mar às 2h28 e às 14h52

Todos os anosvisita os seus,porque as saudadesapertam

Carina Leal

� O incenso perfuma um ambi-ente, cujas cores – preto e verme-lho –, o fazem quente e acolhedor.Shuhrat Majidov convida, numapausada e calma voz, a entrar nasua morada que, também, é sededa empresa “Construções SomosNós”. Condeixa-a-Nova. Ainda émanhã.

Shuhrat (cujo “h” não é mudo,como acontece na língua portu-guesa) é empresário, na área daconstrução civil, com 34 anos.Ouviu, em anos idos, falar de umpaís chamado Portugal. Ficouinteressado. Chegou em Dezem-bro de 2001 para passear, ver.«Ficar aqui só dois, três meses edepois voltar», conta ele. Gostou.Ele próprio o refere. Ficou. «Gos-

tei do tempo, primeira coisa»,assume, dizendo que aprecia achuva. «Eu tinha uma doençaaqui», Shuhrat toca no peito, «edesapareceu tudo, isso ajudou».O seu país? Uzbequistão.

«Nada… Zero». Não compreen-dia a língua portuguesa. «Entreinuma fábrica para trabalhar. Aju-dou-me a aprender a contar».Enumera: «um, dois… até ao mi-lhão». É ele quem pergunta paradepois responder: «Porquê? Por-que era uma fábrica de vasos etínhamos marcações». Lá traba-lhava Paulo, um português, que«sempre me ensinava». Foramcinco meses. Cinco meses em queaprendeu a exprimir-se em por-tuguês, enfrentando as circuns-tâncias do dia-a-dia. Hoje, nãomostra dificuldades em conver-sar num registo marcadamentefluido.

Shuhrat defende que «ondeestamos é o nosso país, a nossaterra. Sempre digo isso. Por-quê? Porque se não gosto nãovale a pena ficar». Sim, gostade estar por cá. Morou primei-ro na zona de Águeda, passou

por Taveiro e está, há um ano,em Condeixa que caracterizacomo «calminha». Receberam-nos, a ele e à família, «semprebem».

Foi trabalhando, batalhan-do que criou o seu negócio cá.«É possível quando queremosfazer alguma coisa. Quando sópensamos e não começamosisso é complicado». Não es-conde uma fase inicial menosfácil. «Ninguém me conhe-cia». Passaram os anos. «Nes-te momento tenho 12 empre-gados». E obras em curso. E acrise? Refere não a ter sentido.«Há crise, mas temos de aguen-

tar tudo». Shuhrat dá umalição de optimismo: «há pes-soas que ganham um milhão esempre choram. Eu ganho umeuro e nunca choro». Quandoescolheu deixar de estudar, aprofessora tentou incentivá-loa não o fazer. Aos 14 anos im-portava vacas e bois. Traba-lhou na Rússia, também naimportação, mas de roupas.

Não há voos directos de Por-tugal para o Uzbequistão. Faz,todos os anos, a viagem de cer-ca de 40 horas, com escalas emKiev ou Amesterdão, parareencontrar a família «muito,muito grande». «Senão, as sau-dades não deixam aqui o cora-ção». Sente-se emoção nas pala-vras, na expressão. «O meusangue caiu lá. É aquele sangueque sempre puxa. Esse sangueé a nossa família». A sua cida-de? Samarkand. «Também temmuitas coisas turísticas. É mui-to bonita a minha cidade, ondeeu nasci. Vivi lá até aos 25anos». Recorda-a a cada instan-te. «Não a posso esquecer. Mes-mo quando ando aqui nas ruasde Condeixa, em Portugal, nosmeus olhos estão as ruas deSamarkand».

Já lhe perguntaram ao verumas fotografias: “então mas noUzbequistão também têmvacas?”. «Nós temos tudo o que háaqui, a mesma coisa», respondeuentão. Nasceu lá, o pai também,

mas a origens da família remon-tam ao Irão. «Nunca fui lá. Nãoconheço nada». Shuhrat define avida como «um circuito». «Éassim. Uns vão, outros entram».Dá o exemplo dos portuguesesque emigram, para concluir que«há aqueles que vêm para cá». Se épara ficar? Segura por breves ins-tantes as palavras. «Não é segredo,

qualquer dia volto. A minha terraé a minha terra».

É início de Março. É possível queno Uzbequistão esteja a nevar.Segundo ele, o alfabeto que nestemomento utilizam é o latino. «Anti-gamente estudávamos cirílico,depois mudaram tudo». É em uzbe-que que hoje se deseja “um bomdomingo”. “Hayirci Yaksaanba”. l

7 DE MARÇO DE 2010 DOMINGO [email protected]

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“Onde estamosé o nosso país,a nossa terra”

VIDA DE IMIGRANTE

DADOS

� NOME: Shuhrat Majidov� IDADE: 34 anos� PAÍS: Uzbequistão� LOCALIZAÇÃO: Condeixa� PROFISSÃO: empresário(construção civil)� EM PORTUGAL: desde 2001

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SUDOKU

LOCAL MIN MAXAVEIRO 10º 17ºCASTELO BRANCO 5º 13ºFIGUEIRA DA FOZ 11º 16ºLEIRIA 9º 15ºPORTO 9º 16ºVISEU 2º 11ºCOIMBRA 6º 15º

COIMBRA 6 15º

HOJE O TEMPO

3 5 10 20 28 38 43

TOTOLOTO

Hpje: Céu muito nublado, com abertasdurante a tarde. Aguaceiros fracos, queserão de neve acima dos 1200 metros.Ven-to fraco a moderado. Neblina matinal.Pequena subida da temperatura máxima.Sol: Nascimento às 7h01. Ocaso às 18h33

Lua: Quarto Minguante. Lua Nova às 21h01de 15 de Março.

MARÉSPorto da Figueira da Foz

Preia-Mar às 1h18 e às 13h38Baixa-Mar às 7h34 e às 20h03

SHUHRAT MAJIDOV caracteriza, a sua cidade, Samarkand, como «muito bonita»

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Quis olharpara o futuro. Assim partiu,rumo à Europa

Carina Leal

�Aventureiro se percebe nas pa-lavras. Um alegre aventureiro,sublinhe-se. Desafia «toda a gen-te a conhecer outras culturas, amexer-se, viajar, ampliar a men-te». Se aconselha a que se faça usoda “veia aventureira”? «Acho quesim, porque se vai ver coisas deuma forma completamente dife-rente e estar aberto a outras situ-ações». Ele, um alegre aventurei-ro de discurso veloz («caracterís-tica argentina», afirma-o), é Se-bastian Espinosa.

Há oito anos que se mexe pelomundo. «Histórias há muitas»,diz. Vem da Argentina, um ex-tenso país que, segundo ele, podelevar três a quatro meses a co-nhecer realmente bem. Reco-menda, então, «muitos dias e pa-ciência» para uma possível aven-tura, da qual «acho que iam gos-tar muito». Ele, o alegre aventu-reiro de profundo olhar, desdeque saiu da sua terra, BuenosAires, não mais lá voltou. «Já metoca. Tenho muitas, muitas sau-

dades. Principalmente da carnede vaca, não há como a nossa». Enão é que coloca aquela deleitadaexpressão de quem, por brevesinstantes, a saboreia? Brinca.

Amarelo, azul, vermelho, ou-tras cores preenchem os negrostraços que se desenham no braçoesquerdo de Espinosa. Tambémo direito tem formas tatuadas.São «as voltas da vida», solta aoexplicar a sua chegada a Portugal,vindo de Espanha. Foi «há já trêsanos e pouco» que conheceuAveiro. «Se passei uns sete mesesao princípio que foram muito,muito difíceis, não estou nadaarrependido». Foi uma mudança.Uma aventura. Um novo desafio.«Começar outra vez do zero eaprender. É como voltar a nascer,porque não sabes falar, ondecomprar, onde ir ou não ir». Nãoesconde algum desespero. «Quan-do começas sempre tens medo dealgo. Portugal não era o meu país.Se vinha com trabalho e umapartamento alugado, não sabiacomo ia correr».

Passou por Viseu, chegou aCoimbra. «Adoro», é rápido naafirmação e justificação: «primei-ro porque é a maior das cidadesonde já estive aqui. Segundo, por-que tenho raízes aqui: a namora-da, a loja, as amizades. Realmenteestão todos aqui».

“Sabeis que souuma pinturinha”Loja? Sim. A Power Tattoo &Piercing que, no Centro Comer-cial Golden, oferece uma privile-giada vista para a Avenida Sá daBandeira. Vai fazer um ano des-de que abriram portas. «As coi-sas estão a correr bem. A genteestá a gostar e a responder. Esta-mos a ver os frutos de tudo aqui-lo que sonhámos». Fala no plu-ral, num “nós”. A seu lado tem oirmão, Fernando Espinosa.

Arte? «É arte. Ou penduro oquadro em casa ou penduro-ono meu corpo. Vós sabeis quesou uma pinturinha». Brincauma vez mais. Considera que,em Portugal, ainda se associamuito tatuagem e piercing «àmalta rebelde», mas essa é umaideia que já está a mudar.

Há «muitos anos» que se dedi-ca ao ofício. Deu os primeirospassos ainda na Argentina.

Há as tatuagens da moda: «es-trelinhas, borboletas ou tribalzi-nhos». Há quem tatue em Chinêsou Árabe. «Ficam bem, mas nãoconsideramos isso arte. São rabis-cos». Sebastian comunica naque-las sentidas palavras de quemtanto gosta do que faz: «arte é ten-tar expressar determinadas situa-ções vividas ou sentimentos quepodes ter». Primam por executartrabalhos originais. «Primeiro háque tentar reduzir o número depossibilidades dentro dos estilosdiferentes, porque desenhospodem fazer-se milhões e milhõese milhões». É alcançar a ideia,depois adaptá-la ao corpo e con-cretizar. Se se tatua mais num sítioou noutro? «Não, é em todo o la-do». Está sempre a aprender.

A sua pronúncia é acentuada.

É como se tivesse musicalidadena voz. Tem mesmo. «Perceber,percebo tudo». Ajudou-o a tele-visão, os filmes legendados emportuguês. «Aqui há muita tele-novela», acentua. Os amigos queganhou foram fundamentaisnesta tarefa. «Lamentavelmente,quando chegamos, o que apren-demos primeiro é o calão, a dizerasneiras. Mas não o fazemos depropósito». Explica que quandocá chegou, as pessoas se «esfor-çaram por falar o meu idioma,coisa que eu queria ao contrário,porque tinha de aprender. Isso éalgo de que muito gosto, a gente aesforçar-se».

O seu prato preferido? «Carnede porco à alentejana», responde.Também aprecia o bacalhau, sejaà brás ou com natas. «A gastro-nomia europeia é bastante co-nhecida, porque nós na Argenti-na temos uma mistura europeia.

Somos descendentes de italia-nos, espanhóis, portugueses, ale-mães», conta.

Nos seus 31 anos, sente queveio para ficar. Partiu a pensar no“amanhã”. «Quando saí da Ar-gentina tinha claro que seria mes-mo complicado fazer ali um futu-ro, pela situação política e social.Trabalhar 40 anos da tua vidapara que um político te tire tudode um dia para o outro não é nadaagradável». Quis, assim, olharpara um futuro, «em que querester filhos, casar-te». Alcançou aEuropa. Define-se uma «pessoacomo as demais». Sabe que «fazerum nome e um trabalho que narua se deixe falar por si próprio émuito difícil». Mas ele, um alegreaventureiro de profundo olhar,tem amor à arte. É a sua vez deensinar algo no seu idioma, oespanhol: «Q’tengas un buen dia»(“que tenhas um bom dia”). l

14 DE MARÇO DE 2010 DOMINGO [email protected]

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“É como voltar a nascer”

VIDA DE IMIGRANTE

DADOS

� NOME: Sebastian Espinosa� IDADE: 31 anos� PAÍS: Argentina� LOCALIZAÇÃO: Coimbra� PROFISSÃO: Empresário(Tatuagens e Piercings)� EM PORTUGAL: há maisde três anos

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SUDOKU

LOCAL MIN MAXAVEIRO 7º 17ºCASTELO BRANCO 4º 14ºFIGUEIRA DA FOZ 7º 15ºGUARDA -2º 7ºLEIRIA 7º 15ºLISBOA 7º 16ºPORTO 6º 16ºVIANA DO CASTELO7º 16ºVISEU 2º 13º

HOJE O TEMPO

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TOTOLOTO

Hoje - Céu limpo. Vento fraco a moderado nasterras altas. Acentuado arrefecimento nocturnocom formação de geada no Interior. Pequenasubida da temperatura máxima.

Sol - Nascimento às 6h49 Ocaso às 18h41Lua - Quarto Minguante. Lua Nova às 21h01 deamanhã.

MARÉSPorto da Figueira da FozPreia-Mar às 2h05 e às 14h22Baixa-Mar às 8h10 e às 20h18

SEBASTIAN ESPINOSA desafia a que se conheçam outras culturas

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NUMA QUINTA EM S. JOÃO DA LOUROSA

� Dois homens armados e enca-puzados assaltaram ontem à tar-de uma quinta em S. João da Lou-rosa, tendo roubado ouro e dinhei-

ro, revelou fonte da GNR de Viseu.Segundo o comandante do

Destacamento Territorial deViseu da GNR, sob a ameaça de

uma arma de fogo e de uma facaos homens apoderaram-se deobjectos em ouro e dinheiro, cujomontante ainda não foi apurado.

Os dados disponíveis indicamque os assaltantes chegaram a péà quinta e abandonaram-na damesma forma. l

Dois homens armados roubaram ouro e dinheiro

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

� O Programa Operacional Po-tencial Humano distinguiu on-tem dois portugueses que con-cluíram o 12.o ano com apoios doFundo Social Europeu, atribuin-

do-lhes «vouchers» de estudo.Um dos vencedores do con-

curso “Grande Será o meu Futu-ro” é Joaquim Santos, que aban-donou os estudos antes de com-

pletar o 9.o ano e que hoje está acompletar um mestrado naUniversidade de Coimbra, de-pois de ter tirado o 12.o ano atra-vés do programa Novas Opor-tunidades. Joaquim Santos, quetrabalhou na área do jornalis-mo, recebeu um «voucher» de3500 euros. I

Distinguido aluno de mestrado na Universidade de Coimbra

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COIMBRA 5º 16º

No Peru, as pessoas são“muito alegres”Carina Leal

� Sexta-feira, 19 de Março. Hugolevou o filho à escola. Fá-lo todosos dias. «Oh pai, toma», disse-lheMiguel que, nos seus 7 anos, seapressou por explicar os dese-nhos. «Deu-me uma prenda»,conta Hugo. «Alegrou-me o dia.Tudo o que está para trás umapessoa esquece». É de uma sema-na que «foi um caos» que fala. «Omeu filho é um orgulho paramim». [Era Dia do Pai.]

Hugo Oviedo Ocampo é natu-ral do sul do Peru. «Mesmo dacidade que faz fronteira com aBolívia»: Puno. Chegou a Portugalhá 11 anos. «É uma história muitocomprida, dava para fazer umlivro», brinca. Residia em Madrid– cidade que o recebeu ainda«muito novo» - quando numasférias conheceu «a pessoa que metrouxe cá». Em Coimbra residiam(residem ainda) uns tios. «Vim cápor amor», partilha.

Vindo de um sítio maior, con-fessa ter-se assustado. Momentoshouve em que se perguntou:«onde é que eu estou?». Corria oano de 1999. Os portugueses,esses, receberam-no bem. «Muito

acolhedores, simpáticos». Refere--se à disponibilidade que de-monstraram em integrar quemvinha de outro(s) país(es). «Houvequem tentasse falar a nossa lín-gua para que nos sentíssemos umpouco em casa», remata.

Tem 31 anos e é sócio-gerenteda Marca d’Água, empresa comsede no número 275 da Rua Car-los Seixas, em Coimbra. Criadaem Abril de 2007, dedica-se àconstrução, renovação e manu-tenção de piscinas. «É uma áreabonita», afirma. «Não sentimos acrise. Está a ser mais complicadopelo tempo». A chuva teima emcair. Começou por trabalhar naMakro. «O meu sócio foi um dos

amigos que fiz nessa altura».Lembra Carlos Mendes: «umsenhor que confiou e arriscou emmim, a quem devo muito, porquefoi graças a ele que comecei a evo-luir em todos os sentidos». Estáligado à área da construção depiscinas desde 2000.

Comunica que lhe foi «relativa-mente fácil» aprender a línguaportuguesa. Ajudaram-no. Fez-se,ainda, acompanhar de um dicio-nário de Português – Espanhol.«Andava ali a riscar palavra porpalavra. Havia algumas que jásabia que não podia dizer para nãoficar envergonhado». E, se neces-sário fosse, também se mistura-vam as duas línguas.

Houve quem lhe tivesse per-guntado se era natural do Brasil,México, Venezuela ou Marrocos.Foram poucos os que acertaramna sua nacionalidade. «A mais en-graçada foi um médico que olhoupara mim e disse: “é ucraniano?”».Hugo respondeu-lhe: «É doutor,deve ser pelos meus olhos azuis».O seu acastanhado e sereno olharri ao reviver a situação.

“País carnavalesco”Reencontrou há dois anos, o seupaís. A sua terra. Os seus, porocasião dos 55 anos de casadosdos avós. «Saudades» é a palavra(e o sentimento) que lhe escapa.Não ia lá fazia, então, 14 anos. «Jávivo na Europa há bem mais de17 anos. Só depois de ter voltadode férias ao meu país é que mesenti, pela primeira vez, estran-geiro por cá». Não lhe é fácil ex-plicar. Fá-lo: «as pessoas são mui-to mais alegres, tranquilas. É umpaís pobre, mas apesar da pobre-za é um país muito carnavalesco.Fazem festa por tudo e por nada».A sua família é «muito unida.Nas bodas conseguimos juntarcento e tal familiares. Foi isto quepesou na minha volta».

Machu Picchu, Linhas de Naz-ca e a cidade onde nasceu são ossítios que aconselha para quemquiser visitar o Peru. «E de prefe-rência no Carnaval que é com-pletamente diferente do que sevive no Brasil. As ruas enchem--se para ver danças típicas». Nãofosse este um país de comida

picante, a sugestão de Hugo temum condimentado sabor e desti-na-se a quem gosta de peixe: ce-viche. «Nós no Peru somos mui-to, muito patriotas», completa.

Hugo gosta de Portugal, «deCoimbra principalmente, umacidade onde, e por ser pequenita,acabam todos por se conhecer».“Que lo pases bien” (“que tenhasum bom dia”), é o ensinamento queredige na folha de papel, instantesantes de desligar o computador naMarca d’Água. A semana termi-nou. É Dia do Pai e, por isso, se pre-para para ir jantar com Miguel,«que me mantém por cá». É umdia especial para Hugo. «São coisi-nhas destas que fazem com que onosso dia-a-dia seja bom. O Mi-guel faz com que me sinta feliz». Émesmo felicidade que ostentaquando acerca dele se pronuncia. l

21 DE MARÇO DE 2010 DOMINGO [email protected]

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Machu Picchu,Linhas de Nazca e Puno.Uma viagem até ao Peru?

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LOCAL MIN MAXAVEIRO 11º 17ºCASTELO BRANCO 6º 17ºFARO 8º 18ºFIGUEIRA DA FOZ 9º 16ºGUARDA 0º 9ºLEIRIA 7º 16ºLISBOA 10º 17ºPORTO 9º 16ºVISEU 3º 14º

HOJE O TEMPO

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TOTOLOTO

Hoje: Períodos de céu muito nublado comaguaceiros, especialmente no Sul.Vento fraco amoderado. Neblina matinal.Pequena descida datemperatura mínima.

Sol: Nascimento às 6h37. Ocaso às 18h49

Lua: Lua Nova. Quarto Crescente às11h00 de 23 de Março.

MARÉSPorto da Figueira da Foz

Preia-Mar às 5h53 e às 18h13Baixa-Mar às 11h48

COIMBRA 6º 18º

HUGO OVIEDO OCAMPO é sócio-gerente da Marca d’Água

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DADOS

� NOME: Hugo OviedoOcampo� IDADE: 31 anos� PAÍS DE ORIGEM: Peru� LOCALIZAÇÃO: Coimbra� PROFISSÃO: Sócio-gerente � EM PORTUGAL: 11 anos

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Carina Leal

� “Parla Piú Piano”. A música fá--lo recordar a aldeia onde cres-ceu: Graniti. Leva-o a abrir o baúdas memórias para daí retirarmomentos em que o cineastaFrancis Ford Cappolla gravavacenas do filme “O Padrinho. Par-te II”. Nessa aldeia «muito peque-nina», vivia Giovanni D’Amoreque, desses seus 6 anos, guarda«recordações fantásticas». Afir-ma-o. “Parla Piú Piano” é uma de12 músicas com significado parasi. Escolheu-as para formar oálbum “Íntimo” e, desta forma,assinalar 30 anos de carreira.Tem 44 anos. É cantor lírico.Tenor, assim define a voz.

Parque Dr. Manuel Braga,Coimbra. O Basófias terminoumais uma travessia pelo RioMondego. Atracou para permi-tir a um grupo de crianças des-cer em direcção a solo firme.Giovanni quis conversar ali, noRestaurante Itália, onde a línguaitaliana, aquela com que cres-ceu, se escuta sempre. «São can-tinhos como este onde, de vezem quando, gostamos de en-contrar as nossas raízes, tradi-ções», confessa. «Seria hipócrita

se dissesse que não tenho nos-talgia, saudades do meu país».Nasceu em Taormina. Cresceuem Graniti, onde residem ospais. Sicília.

«Engraçado, Portugal estavano meu destino», conta. Falhara,em 1991, uma viagem com o Co-ro Polifónico da Universidadede Parma que o levaria até Espa-nha e Portugal. Foi, então, em1993 que teve o primeiro contac-to com o país de Camões. «Nãocá, mas em Itália», já que foraconvidado a acompanhar a di-gressão do Coro Misto da Uni-versidade de Coimbra. «Aí, cru-zei-me com as tradições e usosdeste país». Surgiu a oportuni-dade de um coro italiano visitarPortugal. Com ele viria Giovan-ni. «Gosto muito de história. Vieste país tão pequenino. Apaixo-nou-me um sítio tão verde, comtanta riqueza». Vir para cá nãoera ainda uma possibilidade.«Sempre pensei, como artista emúsico, viver na América». Cer-to é que a vida dá voltas.

Deslocou-se a Portugal pordiversas vezes. «Aconteceram--me várias coisas», comenta.«Escolhi-o como país para pas-sar férias, vir cantar». O seu pri-

meiro recital aconteceu numasala que define como «magnífi-ca»: Teatro Académico de GilVicente. Passou pelo Teatro Pau-lo Quintela, na Faculdade deLetras. Foi convidado na inau-guração da Estátua de João deDeus, no Penedo da Saudade. Éem 1998 que vive um momentoque se percebe muito significati-vo: «fui convidado para cantarem Fátima, nas celebrações deMaio». Conhece, então, pessoal-mente o Papa João Paulo II.Construíram uma amizadeatravés da “palavra escrita”. Éneste mesmo ano que tambémconhece Amália. Estava «naPraça da Alegria, com Luís Gou-cha e Sónia Araújo, quando che-ga um telefonema em directo deAmália Rodrigues. Nem acredi-tava». Há contentamento naspalavras de Giovanni.

É em 2003 que decide ficar.«Orgulho-me de ser imigrante»,reforça. «Imigrante é alguémque tem a possibilidade de via-jar, ver e aprender». Recordauma canção que diz «que a vidaé um livro aberto, onde escreve-mos a nossa história». É por cáque compõe a sua. «Espero po-der contribuir com a minha voz

e música». Tem uma associaçãode solidariedade social, nacionale internacional, de seu nome“Giovanni D’Amore”. É con-frade da Academia de Bacalhaudo Porto.

Momento marcanteGiovanni manifesta um «obri-gado a todos os portugueses.Obrigado pelo carinho e calorhumano que me têm dado».Estabelece uma analogia entrePortugal e Itália, dois paísescujos povos emigraram. «Osportugueses lá fora dignificam opaís, bem como os italianos». Háalgo mais em comum: «quandoacontece algo vão ao encontropara ajudar», refere.

Expressa-se num claro portu-guês. Há palavras que nãoescondem ritmos próprios deum outro idioma. Ambas aslínguas têm na sua origem olatim. Foi ao ler as letras das can-ções e cantando que aprendeu.«Esforço-me», sublinha. Mas,para Giovanni, «a música é uma

linguagem universal. Tudo temuma ligação. Só se muda o nomedo país, a língua do povo».

Define Portugal como «umpaís pequenino. De uma ponta àoutra demora-se poucas horas».Contudo, «é um país com muitacoisa boa». Quer aqui deixar umconselho: «aproveitem o paísque têm. Protejam-no, desen-volvam-no». Acrescenta que éimportante «ter a coragem de seser verdadeiro e sincero» para«construir um país e um mundomelhor». Participou no movi-mento “Agora Sim, Coimbra!”nas últimas autárquicas. «Deci-di fazê-lo enquanto cidadão eimigrante. Para mim, represen-tou uma questão cívica».

Comunica que sempre que oseu maestro Stefano Nanni (oúltimo pianista de Pavarotti) vi-sita este país, «onde mais gostade estar é em Coimbra». Traba-lhar com ele fá-lo sentir-se«honrado». Foi, na cidade cujofado é cantado por homens, queviveu o que julga ter sido, até

hoje, «o momento mais marcan-te» da sua vida. «Nunca esque-cerei. Foi no dia do meu casa-mento, na capela da Universida-de de Coimbra». Presidia à ceri-mónia monsenhor Leal Pedrosa.«Por vários motivos não tiveaqui ninguém da minha famí-lia». Recebeu «uma bênção.Uma carta que foi lida no final eque me chegava de João PauloII». “Ciao, ci vediamo lunedi. Tiauguro una buona domenica”, omesmo será dizer, e agora emportuguês, “Adeus, vemo-nossegunda-feira. Desejo um bomdomingo”. Assim termina. l

28 DE MARÇO DE 2010 DOMINGO [email protected]

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LOCAL MIN MAXAVEIRO 12º 20ºBRAGANÇA 6º 17ºC. BRANCO 8º 20ºFARO 12º 19ºFIGUEIRA 10º 18ºGUARDA 3º 12ºLEIRIA 10º 18ºLISBOA 11º 19ºPORTO 11º 19ºVISEU 7º 17º

HOJE O TEMPO

HOJE: Céu pouco nublado,temporariamente muito nublado pornuvens altas com possibilidade deaguaceiros fracos no Interior. Ventofraco a moderado nas terras altas Neblina ou nevoeiro matinal. MARÉPORTO DA FIGUEIRA DA FOZPreia-Mar às 2h14 e às 14h42Baixa-Mar às 8h24 e às 20h38

COIMBRA 9º 21º

DADOS

� NOME: Giovanni D’Amore� IDADE: 44 anos� PAÍS: Itália� LOCALIZAÇÃO: Coimbra� PROFISSÃO: Cantor lírico� EM PORTUGAL: desde 2003

Giovanni D’Amore sublinha o quão importante é aproveitar e proteger o país

EM “ÍNTIMO”, Giovanni D’Amore reúne canções com significado

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Detidas 155 pessoas em operação nacional da PSP

� A Polícia de Segurança Públicadeteve 155 pessoas numa opera-ção nacional de 24 horas deno-minada “Nós ProvidenciamosSegurança”, segundo dados dogabinete de imprensa daquelaforça de segurança.

A operação, que decorreu das7h00 de sexta-feira às 7h00 deontem, envolveu todos os co-mandos nacionais, do continen-te e ilhas.

Mais de metade das deten-

ções foram motivadas por cri-mes como o tráfico de estupefa-cientes, posse ilegal de arma,mandados de detenção e furtos.

Segundo a PSP, em 24 horasforam realizadas 365 operaçõesem «zonas urbanas sensíveis,estabelecimentos de diversão noc-turna e em artérias de maior tráfe-go, que levaram a 155 detenções e àdetecção de 903 infracções.

Foram ainda identificadas 745pessoas e apreendidas sete armase 602 doses de estupefacientes.

A PSP detectou ainda 92 pes-soas a conduzir com excesso deálcool, 17 sem carta de condução,duas com armas ilegais e oitoque detinham mandados dedetenção. l

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TOTOLOTO

INICIATIVA DO WWF

“Apagão” em defesa do planeta� Luzes em todo mundo foramontem desligadas às 20h30 (horade Lisboa) num gesto simbólicoem defesa do planeta e numa ini-ciativa que registou um recorde deadesão em Portugal e no resto doglobo. Tratou-se de uma iniciativado Fundo Mundial para a Nature-za (WWF), sendo que até sexta--feira à tarde tinham aderido, emPortugal, 25 municípios – mais dodobro dos de 2009. O “apagão”, en-tre as 20h30 e as 21h30 de ontem,foi um gesto simbólico de luta con-tra as alterações climáticas. l

REDACÇÃO 239 499 900 PUBLICIDADE 239 499 999 ASSINATURAS 239 499 9504 DE ABRIL DE 2010 DOMINGO [email protected]áriodeCoimbra

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Hoje: Céu pouco nublado, temporariamente muitonublado no Norte até meio da tarde com possibilida-de de aguaceiros fracos. Sol: Nascimento às 7h15 e oacso às 20h03Lua: Lua Cheia. Quarto Minguante às 10h37 de 6 de Abril.

MARÉS

Porto da Figueira da FozPreia-Mar às 7h13 e às 19h33Baixa-Mar às 13h04

SUDOKU

TEMPO

O desporto “ensinacoisas para a vida”Conciliar o desporto com os estudos sempre foiuma prioridade para Paul

Carina Leal

� Foi em Dezembro de 1998 quePaul Alfonso Diaz Sanchezconheceu uma cidade de que mui-to gosta. «Ainda é daquelas cida-des que têm qualidade de vida». Éde Coimbra que fala, de onde nãodeseja sair.

Alto. A estrutura física logo odenuncia como um praticante dedesporto. «Jogo desde os 11 anos».O quê? Ténis de mesa. Foi o que otrouxe. Mas não só. «É uma histó-ria muito engraçada. Nunca metinha passado pela cabeça vir paraPortugal».

1998, então. Paul fazia parte daselecção colombiana de ténis demesa. Sim, é natural de Santiagode Cali, na Colômbia. «Estudavana universidade pública», conta.Arquitectura era a sua área. «Sóque um dia houve uma greve naminha universidade. Não se sabiaquanto tempo ia durar». Parado,foi quando recebeu um convite dealguém relacionado com a sua

modalidade. «Andava a convidaro pessoal da América latina paratreinar em Badajoz. Havia ainda apossibilidade de jogar nalgum clu-be durante três meses». Se Espa-nha era para ter sido o ponto dechegada, certo é que acabou poraportar no país vizinho. Mais doque treinar, permitir-lhe-ia com-petir. «Três meses era fixe. Umpaís novo. Era uma aventura»,continua.

Portugal, o país novo. A novacidade, Coimbra. Foi no ACM quecontinuou então a praticar ténisde mesa. Depois de um mês, «que-ria saber notícias da Colômbia».Continuaria em greve ou não?Perguntou a um colega: «onde éque há Internet?». O outro, estu-dante, não escondeu o espanto:«na Colômbia há Internet?». Per-cebia então que Paul não era ape-nas um jogador, mas tambémestudante. «Queremos que fiquescá connosco», foi o desafio.

Voltou à Colômbia. Tratou dospapéis. «Tive montes de dificulda-

des», conta. «Queria fazer a homo-logação das cadeiras, mas Colôm-bia e Portugal não têm nada quever». A resposta aos papéis de látrazidos foi sempre: «indeferido».Nem por isso desistiu. Lá estuda-vam até ao 11.0 ano. Cá até ao 12.0

ano. Das opções que, em Lisboa,lhe apresentaram – fazer o 12.0 anoou os exames de acesso à universi-dade – Paul optou pela segundapossibilidade. 2000. Foi quando ochamaram para a selecção. Em2001 repete-se “a história”. É em2002 que Paul decide: «tem de ser».Fez os exames. Concorreu à Uni-versidade de Coimbra. Entrou emEngenharia Mecânica. Foi estu-dante, professor e praticante deténis de mesa. Hoje é EngenheiroMecânico na Certenergia, profes-sor e praticante de ténis de mesa.

“Respeito mútuo”O desporto «ensina coisas para avida», explica hoje com 34 anos.Adora praticá-lo. Não deixa de ser«muito ingrato. Vai chegar a altu-

ra em que o corpo já não vai dar etens de ter opções», frisa. A opçãode Paul foi «aproveitar ao máximoo desporto, mas ter sempre aqueleplano B». Por isso, se empenhou.

Solta um largo «ah» quando aquestão é “como aprendeu portu-guês?”. Ri. «Uma coisa boa cá é queos filmes vêm com legendas».Teve outra “fonte”: «aprendi muitocom o Batatoon. A sério! Aquelevocabulário de crianças facilitamuito. E depois as conversas derua». Diz que «com os miúdos éassim. Tens de falar bem. São osprimeiros a corrigir-te. E se nãopercebem é logo “ahn, ahn”».Quando preciso fosse misturavaespanhol com português e «aca-bava a falar “portunhol”».

Ensina ténis de mesa a “peque-nos e graúdos” no ACM. A 9 deAbril inicia um novo projecto emCondeixa: uma Escola de Ténis deMesa. Considera importante

«manter aquele espírito jovem.Quando estou com crianças baixoo meu nível à idade deles, parapoder falar com eles, para quefalem comigo». A palavra deordem é: amigo. «Procuro que orespeito seja mútuo». Aliás, paraPaul, o desporto é como que “a fór-mula mágica” para a juventude.«Pensam sempre que sou maisnovo».

Colômbia. «Estamos um boca-do marcados por aquilo que é onarcotráfico, a droga». É o primei-ro ponto que aborda, salientandoque «a verdade é que as pessoasnão sabem como são as coisas». Éo país do café, «de grandes canto-res como Shakira e Juanes», doescritor Gabriel Gárcia Marquez.«Turisticamente, as pessoas nãoconhecem a parte mais bonita».Conhece quem lá tenha ido e dese-je voltar. «As pessoas são carinho-sas, amáveis». Sente-se um turis-

ta, cada vez que regressa à sua ter-ra. «As coisas estão diferentes. Osmeus amigos estão diferentes.Aconteceram coisas que não par-tilhámos». Sente-se já parte «destelado», onde traça o seu rumo eonde tem a namorada, uma espa-nhola geóloga de profissão.

É no ACM, junto às mesas ondepratica e ensina a arte de bemjogar (e de ter uma «atitude muitopositiva perante as coisas»), queconta a sua história. «Têm sido [noACM] espectaculares comigo. Sãocomo uma família. Quando tivedificuldades foram eles que meajudaram. Tenho muito que agra-decer a todos». Daí a breves ins-tantes houve jogo para o campeo-nato distrital. Antes ainda, o des-contraído e confiante professorensinou que, na sua terra, cuja lín-gua oficial é o espanhol, se expres-sa um “muy bacano” quando algoé “muito porreiro”. l

PAUL reconhecido à solidariedade do ACM

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DADOS

NOME:Paul Diaz SanchezIDADE:34 anosPAÍS:ColômbiaPROFISSÃO:Eng. Mecânico//Ténis de MesaEM PORTUGAL:desde 1998.F

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COIMBRA 12º 18º

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TOTOLOTO

Carina Leal

� O “mister” está à baliza. Dá in-dicações. Os desportistas correm.Lutam pela bola. Treinam comtodo o afinco, numa tarde em queo sol brilha de uma forma especi-al, ali, no polidesportivo do Bairroda Rosa, em Coimbra. A 24 deAbril, chega mais um desafio: oTorneio Coca Cola. Trabalhampara estar devidamente prepara-dos. Quem são eles? São os joga-dores da Fundação Miguel Esco-bar que “medem forças” no Cam-peonato Distrital Infantis de Fut-sal – Série B.

À fundação deu o nome. Mi-guel Escobar tem 53 anos. En-quanto em campo o treino conti-nua, ele, sentado no banco, refere--se inúmeras vezes ao quantogosta do que faz. «Realizado»,assim se sente. «Posso dizer quenão é preciso ter muito dinheiro eser rico para ser feliz». Um facto?Esboça o sorriso ao longo de todaa conversa.

É de Capiatá, no Paraguai. Che-gou a Coimbra em 1982. «Consi-

dero Portugal o meu segundopaís», afirma enquanto os gritosdeste e daquele jogador entoamna tarde. «Estudava na Universi-dade do Rio Grande do Norte, noBrasil», conta num jeito que nãoesconde traços próprios dessepaís. «Conheci alguns jogadoresque jogavam, na altura, no ClubeAcadémico de Coimbra. Tivecontacto com a direcção e o trei-nador, Mário Wilson, que meabriu a porta para vir aqui fazerprovas de experiência». Correubem. «Fiquei seis meses na Aca-démica», mas na altura, só podiajogar um estrangeiro. Esse “lugar”cabia então ao seu «amigo Beto».

Foi para norte. Jogou em Va-lença do Minho e Monção. Re-gressou à zona centro, à Mealha-da. Problemas no joelho leva-ram-no à reforma antecipada. «Jánão conseguia trabalhar em clu-bes grandes e, por isso, me dedicoa esta causa», declara. Qual? Em1996 começou, com os Missioná-rios Combonianos, a dedicar-seàs comunidades mais carencia-das. Em 2004, juntamente com a

Associação de Moradores doBairro da Rosa, deu continuidadeàs causas sociais na área do des-porto. «Estou a abraçar esse pro-jecto. Criei uma fundação, a Mi-guel Escobar, Escola de FutebolSocial». Oficializada em 2008,tem no futebol uma forma deintegração de crianças em risco.Ganhou já o Prémio Compro-misso com o Desporto Social, naIII Gala do Desporto Cidade deCoimbra.

Da América do Sul veio paraum país «maravilhoso». «Nãopassei muito frio», recorda. «Meadaptei logo ao país e à sociedadejogando na Académica». Confes-sa: «em todo o canto que visiteideixei muitos amigos». Assume--se como um privilegiado, «por-que faço aquilo que gosto, aquiloque quero e por minha conta. Aspessoas tratam-me bem e, comovê aqui, estas crianças me ado-ram». [Sentara-se, entretanto,um petiz ao seu colo. Ele e outros,entretanto do banco abeirados,desdobravam-se em feitos paraconquistar a sua atenção].

“Cidadãos para o futuro”Miguel tem três filhos. Ao falardeles o olhar irradia ainda maisfelicidade. «Têm 16, 14 e 11 anos»,partilha. É ao lado deles que, nopróximo dia 18, deseja assistir aoAcadémica X Benfica e «torcerpelos dois» clubes. «Quero ver láo meu patrício». Fala de Cardozo,o jogador benquista.

Treinador e agente social, estáa finalizar a licenciatura em Ser-viço Social, na Faculdade de Psi-cologia e de Ciências da Educaçãoda Universidade de Coimbra. EmSetembro, iniciou o estágio«numa universidade muito anti-ga da Europa, a Universidade deSalamanca». «”Hasta” Julho»,estará a estagiar na associaçãosem fins lucrativos ASDECOBA,cujo trabalho incide no “Bairro deBuenos Aires”. [O petiz curiosopergunta: “mister, isto é o quê?”.Já tentara perceber, de olho arre-galado, que coisa estranha era

aquela que registava o diálogo]. A última vez que esteve no

Paraguai foi em 2006. «As novastecnologias ajudam a não ter sau-dades», confirma. É, através, daInternet que se mantém em con-tacto com o pai e os irmãos. Dizque a sua terra natal é «muitoverde, com muita natureza. Temmuito sol». Se o espanhol é línguasocial, certo é que falam tambémguarani. «É uma língua indígena»,explica. «Todos os paraguaios afalam em território nacional. Naescola, colégio, universidade, osprofessores dão aulas em guara-ni». A aprendizagem, deste do-mingo, faz-se, assim, em guarani:“cherojaiy”, ou seja, “eu te amo”.

Miguel Escobar agradece aquem o apoiou. «A Câmara Mu-nicipal de Coimbra, CamiloFernandes da Académica/OAFque me tem ajudado no examemédico dos meus jogadores».Agradece igualmente aos filhos,

«estamos juntos», assim como «atodos estes miúdos que estão àminha volta. Foi graças a eles ga-nhámos o prémio». Define o quefaz como «magnífico». «Isso nãotem preço. São cidadãos para ofuturo que se estão a formar aqui.E a nossa missão é a integraçãoatravés do desporto, educação ecidadania na rua».

O “mister” regressa ao treino.A bola continua a rolar pelo cam-po. Estão felizes. l

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LOCAL MIN MAXAVEIRO 14º 26ºBRAGANÇA 6º 22ºCASTELO BRANCO 11º 22ºCOIMBRA 12º 25ºFARO 14º 20ºFIGUEIRA DA FOZ 13º 21ºGUARDA 6º 16ºLEIRIA 13º 23ºLISBOA 13º 22ºPORTO 12º 25ºVISEU 9º 21º

HOJE O TEMPO

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SUDOKU

“Não é preciso termuito dinheiro e serrico para ser feliz”A equipa da Fundação Miguel Escobar prepara-se para o Torneio Coca Cola

VIDA DE IMIGRANTE

DADOS

� NOME: Miguel Escobar� IDADE: 53 anos� PAÍS DE ORIGEM: Paraguai � LOCALIZAÇÃO: Coimbra� PROFISSÃO: Treinador/ /agente social�EM PORTUGAL: desde 1982

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TOTOLOTO

MIGUEL ESCOBAR está a finalizar a licenciatura em Serviço Social

HOJE: Céu pouco nublado, embora muitonublado no Sul, por nuvens altas. Vento fraco amoderado.

SOL - Nascimento às 7h04 Ocaso às 20h10LUA - Quarto Minguante. Lua Nova às 13h29 de14 de Abril.

MARÉSPORTO DA FIGUEIRA DA FOZPreia-Mar às 1h54 e às 14h17Baixa-Mar às 8h03 e às 20h13

COIMBRA 12º 25º7 9

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� O cadáver de um homemque aparenta ter mais de 50anos foi retirado ontem da al-bufeira da barragem de Caste-lo de Bode, disse uma fonte

dos Bombeiros Municipais deTomar.

O corpo, que já estava emdecomposição, a boiar junto àmargem, «foi descoberto por um

canoísta», que deu o alerta, adian-tou a fonte.

O cadáver foi transportadopelos bombeiros para o GabineteMédico-Legal do Hospital deTomar.

A GNR registou a ocorrência,passando a investigação para aalçada da Polícia Judiciária. l

TOMAR

Cadáver encontrado na barragem de Castelo de Bode

Incêndioconsumiu área florestal

� Um incêndio destruiu ontemuma área florestal no concelho de

Castanheira de Pêra, informouuma fonte do CDOS de Leiria.

O fogo começou a lavrar poucodepois das 11h00, junto à povoa-ção do Camelo, numa zona demato, pinhal e eucaliptal. Estive-ram no local 67 homens afectos acorporações de bombeiros, GNR

e Sapadores Florestais e outrasentidades, num total de 15 institu-ições apoiadas por 17 viaturas. Nocombate ao incêndio interveioainda um helicóptero. O fogo foicircunscrito ao fim de três horas,tendo-se prolongado pela tardeos trabalhos de rescaldo. l

EM CAMELO - CASTANHEIRA DE PÊRA

Carina Leal

� Um grupo de amigos quis testara sua veia aventureira. Rumarama Espiunca, em Arouca. Aguarda-va-os a Capitão Dureza, com oequipamento já pronto. Feito o“briefing”, dadas as indicações, osamigos entraram nos rafts. Doistroços do Rio Paiva os esperavam.Rafting era o desafio, mas antes:as dicas do monitor. DmitryAnishchyk era (é) um deles.

Se a paisagem e o percurso osdeslumbrou, certo é que o profis-sionalismo muito contribuiupara os sorrisos estampados nosrostos.”Oh, já terminou!” “Vamosrepetir!” Soltaram. Ana Santos foiuma das aventureiras. Quanto aoseu monitor, Dmitry: «é superdivertido e profissional. Não correriscos. Senti-me segura. Ensinou--nos umas palavras em russo».

Dmitry Anishchyk tem 31anos. Vem «da parte mais bela daRússia, a Bielorrússia», brincaele. É monitor de desportos deaventura. Faz, também, traba-lhos verticais. Trabalhos verti-cais? Se um dia vir alguém aexecutar um serviço – que deoutra forma seria difícil de con-cretizar – suspenso num prédio

por umas cordas poderá serDmitry. «Hoje estive a substituirumas telhas», explica. «Há trêssemanas estive a mudar luzes natorre do Fórum Coimbra. Hásempre trabalho».

É de Mogilev. «Sempre gostei devisitar sítios longe de casa». Chega-va a estar fora um mês. Portugal, opaís onde julgava haver «palmei-ras e macacos», foi «mais umaaventura», conta. O aventureiroveio em 2001. Encontrou o frio e«trazia só short’s e tshirt’s». Ri.

«Não foi muito fácil», recorda.«Não foi difícil. Há quem tenhapassado por pior». Dmitry tinhacá amigos. «Arranjaram-me tra-balho, casa e comida». Foi nasobras que começou. Sentia que«não era o trabalho que queriafazer toda a vida». Passou pela jar-dinagem e por uma casa de pneus.

Águas bravasEra treinador de slalom, na Bie-lossússia. As águas bravas eram(são) “o seu mundo”. Fazia alpi-nismo e escalada. Um dia, encon-trou a Capitão Dureza, no RioMondego. «Eles estavam a fazera descida. Pedi um barco, deiumas voltas. Vê-se logo quandose percebe ou não», acrescenta.

Pediu lá trabalho. Ficou. Primapor que os clientes se divirtam.«Com monitores experientes nãoé preciso ter medo», assegura.«Quando se confia, é tudo maisfácil». Gosta de rafting, porque«tem mais adrenalina». Para osprincipiantes, aconselha a desci-da do Mondego. «Há uma activi-dade muito fixe, de que gostomuito: o canyoning». A fotografiaestá, também, a seu cargo. «Che-go a tirar até mil fotos». Conheceos locais próprios para registar osmomentos de adrenalina e lazer.

Russo é a sua língua. Ao escu-tar o português chegou a pensar:«isso não é para mim». “Não bai-xou os braços”. «Percebi que sefalasse mal ficava toda a vida atrabalhar nas obras». O seu “cur-so” foi feito no próprio trabalho.«Tive uma pessoa que me ensi-nou muito. O Paulo. Há poucosassim. Tudo o que eu perguntava,ele respondia», frisa.

Este apreciador de leitão e chan-fana comunica que, por cá, as refei-ções são «sempre uma festa. Vãotodos juntos almoçar». Na sua ter-ra, «ir a restaurantes é um bocadocaro. Cá, vai-se pelo menos umavez por semana. Lá, uma vez pormês». No próximo mês de Maiovisita a Bielorrússia. Fá-lo a cadadois anos. Sente «sempre» sauda-

de. «Gostava de voltar, só que cátenho um bom trabalho, aquiloque gosto: os rios, as montanhas».Se um dia regressar, «gostava delevar alguns amigos» consigo. Háférias em que viaja com os amigospara outros países, rios e monta-nhas. Na Córsega fizeram 11 rios.Em 2009 estiveram no Chile.

É em Coimbra que vive. «Não

sei de que país podia gostarmais.Esta é a minha segundaterra», confirma. «Podia o orde-nado mínimo ser um bocaditomaior. O resto está tudo bem»,acrescenta. Se àquele grupo deamigos ensinou umas palavrasem russo, hoje fá-lo aqui:

(“Dobroe utro”). Oque diz? Bom dia. l

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LOCAL MIN MAXAVEIRO 14º 21ºBRAGANÇA 8º 14ºCASTELO BRANCO 11º 16ºFARO 14º 18ºFIGUEIRA DA FOZ 13º 17ºGUARDA 5º 11ºLEIRIA 13º 17ºLISBOA 13º 18ºPORTO 13º 21ºVIANA DO CASTELO 13º 19ºVISEU 9º 14º

HOJE O TEMPO

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SUDOKU

“Quando se confia,é tudo mais fácil”Encontrou frio num país que julgava de “palmeiras e macacos”

VIDA DE IMIGRANTE

DADOS

� NOME: Dmitry Anishchyk� Idade: 31 anos� País: Bielorrússia� Localização: Coimbra� Profissão: Monitor dedesportos aventura� Em Portugal: desde 2001

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TOTOLOTO

DMITRY ANISHCHYK gosta da adrenalina do rafting

Hoje: Céu muito nublado com aguaceiros, porvezes fortes e possibilidade de trovoadas. Ventofraco a moderado no litoral do Sul e nas terrasaltas.Sol: Nascimento às 6h53 e ocso às 20h17Lua: Lua Nova. Quarto Crescente às 19h20 de21 de Abril.

MARÉSPorto da Figueira da Foz

Preia-Mar às 5h59 e às 18h16Baixa-Mar às 11h51

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Carina Leal

� Mosteiro de Santa Clara-a--Velha. «É realmente espanto-so». Magdalena Hetmanska tementusiasmo nas palavras. Faladeste exímio lugar, onde bastatranspor a entrada para se res-pirar história, cultura. Verbalizaalgo mais: «antes de vir, en-quanto redigia o meu plano deestágio, tentei incluir o máximode coisas que queria fazer». Con-fessa que não esperava concreti-zá-lo na totalidade, até porquetinha ideia de que as suas tarefaspoderiam passar por «fazer café,escrever protocolos». Mas, «sim.Fizemos tudo e ainda mais». Hácontentamento no seu expressi-vo olhar.

Magdalena tem 25 anos. Oprimeiro contacto com Portu-gal aconteceu há sete anos, no

âmbito do programa Sócra-tes/Coménius. O segundo foiquando veio em Erasmus. Ti-nha já feito a grande maioriadas disciplinas na Polónia(sim, é esse o seu país). Comotal, sobrara-lhe tempo paradescobrir. «Fiz uma viagempor Portugal e apaixonei-me».Foi isso mesmo que a fez vol-tar. «Também tinha cá amigosde há sete anos. Sempre nosmantivemos em contacto.Mantive sempre Portugal nomeu coração». É, na sua tercei-ra chegada que se cruza comSanta Clara-a-Velha, no âmbi-to de um estágio. É lá que sededica à arte, enquanto histo-riadora de arte. Está, também,a escrever a sua tese. Optoupor estender o período de está-gio.«Estou por mim. Enquantotiver dinheiro para ficar, vou

fazê-lo», assegura quem gosta-ria de por cá permanecer.

«São dois países muito pareci-dos e, ao mesmo tempo, diferen-tes», comunica. Das semelhan-ças entre Portugal e Polóniaaponta «algo no ambiente, napaisagem, no convívio entre aspessoas que me relembra oslados bons do meu país». Consi-dera, contudo, ser a diferençaque a mantém ligada a Portugal.«Lembro que, nos primeirostempos, encontrei pessoas quemuito queriam ajudar, conhe-cer. Foi muito simpático e muitonovo. Não somos assim na Poló-nia. Gostamos de manter con-tacto, mas não somos tão extro-vertidos». A arte também a cati-vou. «É espantoso. Tão diferente.Influências africanas, árabes. Émuito estimulante». Quanto aSanta Clara-a-Velha, «está sem-

pre a produzir e desenvolvernovos projectos educativos,eventos». Enumera vários comvisível orgulho.

Natural de Opole, «uma cida-de pequenina», é de Wroclaw,onde estudou, que fala. «É o sítioque podemos comparar a Coim-bra, porque é uma cidade deestudantes». Por isso, não lhe éestranho quando, cá, encontramuitas nacionalidades e pessoasde diferentes pontos do país.«Wroclaw tem muitos monu-mentos. A cada esquina há algopara ver, de diferentes épocas.Acima de tudo temos o moder-nismo que, lá, é fantástico».

Se, por cá, «todos sorriem,querem falar e têm sempre tem-po para tomar café (a primeiracoisa que se faz), lá não é bemassim». Refere o rigor. «Os estu-dantes estão sobre alguma pres-são. Têm de estudar arduamen-te». Refere a competição.«Nãoestou a dizer que não é bom,estou habituada porque sou des-sa cultura». Há mesmo quemdiga que «nós, polacos, somosmuito rigorosos, nervosos, quetudo tem de estar a tempo».

Pierogi, Bigos e KietbasaAinda no início, Magdalena per-gunta se a conversa não podedecorrer em polaco. Dada aimpossibilidade, pede para dia-

logar em inglês. Nas poucaspalavras que arrisca em portu-guês faz-se entender na perfei-ção. «Acho que percebo melhordo que falo. E, depois, tambémsou um pouco tímida», segreda.Quando soube que viria deErasmus, quis preparar-se.«Comecei a estudar Filologiafrancesa». Na Universidade deCoimbra, frequentou um mêsde português para estrangeiros.Como havia tido latim, não lhefoi difícil a gramática. Certificaela: «o que aprendemos nasaulas não tem nada que ver coma língua que vocês falam. Pensa-va que sabia alguma coisa, quepoderia falar e as pessoas mecompreenderiam, mas...». Ri.

O «adoro» que lança é enérgi-co. Diz respeito à gastronomiaportuguesa. Embora não gosteda quantidade de óleo utilizada ede queijo fresco, aprecia as mis-turas, os molhos, as sopas.«Apaixonei-me». Uma vezmais. Magdalena sugere Pierogi,Bigos e Kietbasa, enquanto pra-tos típicos a experimentar noseu país.

No seu jeito simpático, con-fessa sentir saudades da família.«Não sinto falta do país, masdas pessoas», até porque «háalgo que me relembra a Poló-nia». Sempre que, com os ami-gos, por cá viaja encontra algo

semelhante. «Olhem, isto é aPolónia», costuma brincar. Épossível que, hoje, esteja na suaterra, de visita aos seus. Umavisita de apenas três dias, poistambém o seu voo foi afectadopela nuvem de cinza vulcânicaexpelida pelo Eyjafjallajökull,na Islândia.

O que nos vai ensinar hojeMagdalena? «Olá», comunica.Em polaco é "Czesc". «Aqui, alémde dizerem "olá", ainda pergun-tam "como estás?". Nós só o faze-mos com quem realmente co-nhecemos e com quem podere-mos ter uma conversa maior»,acrescenta. Então, "jak siemasz?", ou seja, "como estás?". l

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TOTOLOTO

VIDA DE IMIGRANTE

“Mantivesempre Portugalno meu coração”Estudou em Wroclaw, uma cidade de estudantes, à semelhança de Coimbra MAGDALENA HETMANSKA observa que há semelhanças entre Portugal e Polónia

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DADOS

� NOME: Magdalena Hetmanska� IDADE: 25 anos� PAÍS: Polónia� LOCALIZAÇÃO: Coimbra� PROFISSÃO: Historiadora de arte� EM PORTUGAL: desde o final de 2009

EXCESSO DE ÁLCOOL E FALTA DE CARTA DE CONDUÇÃO

Dois detidosem operação“stop” da GNR

� A operação “stop” que a GNRefectuou no distrito de Coimbradurante a madrugada de ontem,

entre a meia-noite e as 8h00,resultou na detenção de doishomens.

A zona de Condeixa foi a quemereceu a maior atenção dosmilitares. Primeiro, a GNR de-teve um homem com 1,95 gra-mas de álcool por litro de san-gue. O detido, com 39 anos, é

natural de Cernache. Maistarde, um homem que nasceuem Rio Maior, com 34 anos,foi apanhado sem carta en-quanto conduzia um ligeirode passageiros.

Os dois detidos estiveramontem presentes no Tribunal deCoimbra. B.V.

LOCAL MIN MAXAVEIRO 14º 23ºBRAGANÇA 10º 23ºCASTELO BRANCO 14º 23ºFARO 17º 23ºFIGUEIRA DA FOZ 16º 21ºGUARDA 9º 17ºLEIRIA 15º 23ºLISBOA 16º 22ºPORTO 13º 22ºVIANA DO CASTELO 14º 22ºVISEU 12º 21º

COIMBRA 15º 25º

Hoje - Céu pouco nublado, embora nubladodurante a manhã no litoral a norte do Cabo daRoca. Vento fraco a moderado. Pequena subi-da da temperatura máxima.

Sol - Nascimento às 6h43. Ocaso às 19h24

Lua - Quarto Crescente. Lua Cheia às 13h18de 28 de Abril.

MARÉSPorto da Figueira da Foz

Preia-Mar às 13h32Baixa-Mar às 7h13 e às 19h30

HOJE O TEMPO

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Carina Leal

� Brinca com a bola em jeito dequem a conhece há longa data. Econhece. Um toque após o outro,fá-la rodopiar com manifestadestreza. É pelo apelido que, aele, muitos se referem: Berger.Markus Berger, de seu nome.Hoje, há jogo em casa. A Acadé-mica recebe o Nacional da Ma-deira, às 20h15. «Espero quevenha muita gente», diz o cami-sola cinco. «É a nossa casa e esteum jogo importante para nós».

Foi a 18 de Agosto de 2007 queBerger se estreou na I Liga. Essa“primeira” partida fez-se frenteao Sporting, uma das equipas aque, à semelhança do Benfica e FC Porto, atribui o adjecti-vo “grande”. Chegara a Portu-gal para essa época: 2007/2008.Aliás, quando se lhe pergunta quemotivo o trouxe, é célere na res-posta em forma de interrogação:«por causa do futebol, não é?».

O convite para jogar no cam-peonato português (que, nassuas palavras, é «melhor que ocampeonato na Áustria») havia--lhe sido feito. Conheceu o clube,cuja negra camisola hoje veste.Gostou. «E decidi vir para cá».Quanto ao país, esse não lhe erade todo estranho. Estágios com aselecção no Algarve haviam-lhemostrado o mar, a praia. «Foimuito giro», partilha.

Depois de três épocas no aus-tríaco SV Josko Ried, alcançouCoimbra. «Gosto muito, é umacidade tranquila e eu também soumais tranquilo», afirma numapostura que o atesta. «Fui muitobem recebido na Académica».Lembra os jogadores, o directordesportivo, Luís Agostinho, e opresidente, José Eduardo Simões.

É, aliás, com manifesta alegriaque fala da Académica. «É umgrande clube. Tem uma grandetradição. É mesmo um orgulhoque tenho em poder continuaraqui mais dois anos». Sim, reno-vou recentemente o contrato e,por isso, se diz num momento

«muito bom» da sua carreira.«Estou a jogar regularmente. Euadoro futebol, não é? E quandonão se pode praticar o que segosta é muito difícil», observa.

Momentos especiais já osviveu. Mas há um que merecerelevo: «quando nós ganhámosna Luz contra o Benfica e eu fizum golo. Isto foi grande paramim». Foi aos 32 minutos. E, aoapito final, naquele 11 Abril de2008, o marcador não deixavamargens para dúvidas: 0-3, comBerger, Miguel Pedro e LuísAguiar a “invadir” as redes daságuias. A manutenção da Briosafoi garantida no passado do-mingo, numa contenda que,curiosamente, colocou frente afrente os irmãos Berger. O guar-da-redes do Leixões é o próprioHans-Peter Berger. «Foi a pri-meira vez que jogámos entrenós. Foi um bocado difícil, é omeu irmão», não esconde subli-nhando tratar-se de um jogo deimportância para os dois clubes.Mas, os irmãos acabaram pornão ter muitos duelos. «Foi bom.Foi um bom jogo», avalia.

“Contamos com o apoio”«Acho que muitas pessoas gos-tam mesmo da Briosa», declara odefesa. Sayuri Goda é uma delas.«Ela, quase todos os dias, querver os nossos treinos. É incrível,uma pessoa que vem de umoutro país [Japão] para viver emPortugal e tem uma paixão pelaAcadémica. É uma coisa especi-al». Acontece-lhe ser abordado,na rua, por adeptos. Perguntam-lhe: “como é? Vamos ganhar?Vamos perder? Como está aequipa?”. É para todos eles quedirige as palavras seguintes:«contamos com o apoio. Para aequipa é mesmo importante sen-tir que as pessoas gostam da Aca-démica, que gostam de nos ver.Num jogo, quando jogas é sem-pre bom quando tens uma casacheia e as pessoas te apoiam».

A forma como se refere a Por-tugal, permite antever que se sen-

te bem por cá. «Mas, a Áustria…».A frase inacabada deixa escaparsaudade. «Eu gosto muito do meupaís. Acho que é maravilhoso. Sóa grande diferença é que, aqui, hámar e isso é, para nós, algo muitolindo». Só pode reencontrar osseus, quando a equipa entra deférias. E aí sente-se «contente,porque posso ver a minha famíliaoutra vez». É de Salzburg, a cidadeque aconselha a integrar numroteiro turístico por terras austrí-acas. O que comer por lá? «Wie-ner schnitzel, é tipo panados emuito típico. Para sobremesa,marillen knödel», é a sugestão dequem, por cá, aprecia robalo.

Este mês chega um dia espe-cial para Berger. «Estou muitofeliz. Encontrei a mulher para aminha vida. Vamos casar aqui.Ela é brasileira, mas já vive cá háoito anos. Acho que vai ser umafesta muito linda».

Berger tem 25 anos. Expressa-se num português claro. Nãoesconde que lhe foi «muito, mui-to difícil» aprender a nova lín-gua. «Nós falamos alemão e eununca tinha ouvido ninguémfalar em português». Fez umcurso de três semanas, no Verão,que hoje considera ter sido fun-damental. Segundo ele, na Aca-démica, os dias de trabalho flú-em ao som da língua de Camões.«Mas, quando cheguei faleiinglês». Recorda jogadorescomo Nuno Piloto que ajuda-ram nesse primeiro contacto.«Ein Schönes Wochenende». Éassim que Berger deseja “umbom fim-de-semana”. l

REDACÇÃO 239 499 900 PUBLICIDADE 239 499 999 ASSINATURAS 239 499 9502 DE MAIO DE 2010 DOMINGO [email protected]áriodeCoimbraWWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT

VIDA DE IMIGRANTE

Aos 32 minutos…“Goooooooolo”!Académica trouxe vitória da Luz, em 2008. Berger foi um dos marcadores

MARKUS BERGER integra o plantel da Académica desde a época de 2007/2008

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DADOS

� NOME: Markus Berger� IDADE: 25 anos� PAÍS: Áustria� LOCALIZAÇÃO: Coimbra� PROFISSÃO: jogador de

futebol� EM PORTUGAL: há três

anos

Preencher os quadrados de9x9 de tal formaque cada linha,coluna e caixacontenha números de 1 a 9 sem serepetirem

Solução na página Agenda de hoje

SUDOKU

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TOTOLOTO

LOCAL MIN MAXAVEIRO 10º 19ºBRAGANÇA 3º 19ºCASTELO BRANCO 5º 21ºFARO 9º 22ºFIGUEIRA DA FOZ 10º 18ºGUARDA 0º 15ºLEIRIA 7º 19ºLISBOA 11º 20ºPORTO 8º 17ºVIANA DO CASTELO 8º 16ºVISEU 3º 17º

COIMBRA 6º 21º

Hoje: Céu muito nublado por nuvens altas.Vento fraco a forte no litoral e nas terrasaltas.Pequena descida de temperatura. Neblinamatinal.Sol: Nascimento às 6h34. Ocaso às 20h31

Lua: Lua Cheia. Quarto Minguante às 5h15de 6 de Maio.

MARÉSPorto da Figueira da Foz

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Carina Leal

� Tem 38 anos. Mamadou SaidouDiallo é natural da Guiné-Cona-cri. Foi há 18 anos que alcançouPortugal. Veio «porque estava anecessitar de emigrar», conta deforma pausada. «Lá, na África,como vocês sabem, é um bocadodifícil. A vida é completamente di-ferente. Aqui, na Europa, é umpouco melhor». A tarde dá lugar ànoite. Mamadou Saidou Dialloestá na mesquita que, no Bairrode Santa Apolónia, em Coimbra,abre portas desde 1992. É imam.«Estou a fazer reza aqui, comopadre», explica.

Saído de África, passou primei-ro pela Holanda. «Depois vim atéaqui», directamente para Lisboa.Passou pelo Algarve, Vila Real deTrás-os-Montes e Malveira. É em1996 que se estabelece em Coim-bra. «Sim, gosto muito. Não tenhorazão de queixa», diz, confirman-do que os portugueses o recebe-ram bem e que são pessoas «sim-páticas, muito simpáticas». «Por-tugal é como a África», compara.

«Posso dizer que me sinto maisou menos como na Guiné», onde

regressa a cada dois anos. Fê-lo noano passado. Tem saudades da fa-mília que por lá permanece,assim como do sítio onde cresceu:Poye. «Só que não dá para ir mui-tas vezes, porque a despesa égrande». É um país quente. «Temseis meses de Verão e seis mesesde Inverno. Mas, quando é Ve-rão…», deixa a frase em entrea-berto para explicar que o frio doInverno «não é como cá. Aqui, émuito mais». Agora que os anosforam passando, já se habituou.

É da opinião que, por cá resi-dir «há muitos anos», «devia fa-lar melhor». A língua portugue-sa, que diz ser «um bocado difí-cil», era-lhe estranha. «Não sabiadizer nem bom dia». Os colegasde trabalho, o dia-a-dia, ensina-ram-no. E hoje faz-se entenderclaramente. O francês, línguaoficial na Guiné-Conacri, aju-dou-o. «Aprendi assim, a poucoe pouco». Hoje, trabalha numarmazém.

Confirma que são muitos osque conhecem a mesquita, ali nacave do lote 201 da Rua BernardoSantareno. «Temos cinco oraçõesdiárias», conta. «Tem uma hora

fixa cada oração». A primeira faz--se às 4h50. Comunica que estesmomentos trazem tranquilidade.«Uma pessoa está habituada afazer oração e quando não faz nãose sente bem», afirma. Quandorezam, fazem-no virados paraMeca, a cidade sagrada que se si-tua na Arábia Saudita. São imen-sos os muçulmanos que, a cadaano, aí se deslocam em peregrina-ção. «Eu já fui», partilha Mama-dou. «Gostei. Gostei muito. Foi amelhor viagem que fiz. Gostariade repetir. É forte. Estando lá, apessoa fica tranquila».

“Só quer paz”«A nossa religião não é comomuitas pessoas pensam», assegu-ra. «É muito pacífica. A religião is-lâmica só quer paz, não querguerra». Sublinha ser importantenão confundir as coisas. «Tem dehaver amizade entre as religiões»,defende. Um dos momentos mar-cantes do calendário islâmico é oRamadão. Jejuam, durante ummês, entre o nascer e o pôr do sol.«Não é só impedir o estômago dacomida. São todas as coisas ilíci-tas. Fora do Ramadão também,

mas principalmente no Rama-dão» que, este ano, chega emAgosto. Se é difícil cumprir osrituais da sua religião em Portu-gal? «É um bocado. Mesmo as-sim, há pessoas, mesmo não mu-çulmanas, que facilitam», respon-de recordando um patrão que, noRamadão, não lhe permitia pegarem pesos. «Nem deixava nin-guém dar-me coisas pesadas»,lembra.

Quando questionado se querdeixar uma mensagem, apro-veita para destacar que «a religi-ão islâmica chama pela paz».Observa que «temos de dar uma

boa imagem. Uma pessoa nãopode ter a fé completa, enquantonão desejar o bem. Aquilo quedesejas para ti, deves desejarpara o outro irmão». Afirma que«o que conta é o íntimo. Se esti-ver limpo, então todas as acçõesestarão limpas. Muçulmanos ounão muçulmanos, têm de seportar bem e desejar o bem».Deixa um pedido. «Que não hajadiscriminação. Peço a todos osirmãos que sejam iguais. Isso éque é importante».

A conversa terminou. Daí abreves instantes, iniciar-se-ia aquinta hora de oração. l

REDACÇÃO 239 499 900 PUBLICIDADE 239 499 999 ASSINATURAS 239 499 9509 DE MAIO DE 2010 DOMINGO [email protected]áriodeCoimbraWWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT

VIDA DE IMIGRANTE

“Tem de haveramizade entreas religiões”Mamadou Saidou Diallo é quemfaz a reza na mesquita em Coimbra

MAMADOU SAIDOU DIALLO recordou a tranquilidade que encontrou em Meca

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DADOS

NOME:Mamadou Saidou DialloIDADE:38 anosPAÍS:Guiné-ConacriLOCALIZAÇÃO:CoimbraPROFISSÃO:Empregado de armazémEM PORTUGAL: há 18 anos

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Solução na página Agenda de hoje

SUDOKU

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TOTOLOTO

LOCAL MIN MAXAVEIRO 16º 19ºBRAGANÇA 6º 18ºCASTELO BRANCO 11º 16ºFARO 16º 21ºFIGUEIRA DA FOZ 14º 19ºGUARDA 5º 11ºLEIRIA 11º 18ºLISBOA 15º 20ºPORTO 15º 18ºVIANA DO CASTELO 14º 18ºVISEU 7º 15º

COIMBRA 11º 19º

HOJE: Céu muito nublado com aguaceiros, porvezes fortes e acompanhados de trovoada atémeio da tarde. Queda de neve nos pontos maisaltos da Serra da Estrela. Vento moderado aforte nas terras altas com rajadas até 80 km/h.Pequena subida da temperatura mínima.SOL - Nascimento às 6h26 e às 20h38LUAQuarto Minguante. Lua Nova às 2h04 de 14 deMaio.MARÉSPORTO DA FIGUEIRA DA FOZPreia-Mar às 12h54 Baixa-Mar às 6h36 e às 18h52

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9 1� O dispositivo especial de com-bate a incêndios florestais apre-sentado ontem, em Leiria, teveum aumento de 156 elementos,segundo informou fonte da Auto-ridade Nacional da Proteção Civil.

«Estamos preparados», garan-tiu Paulo Gil Martins, comandan-te operacional nacional da Auto-

ridade Nacional de Proteção Civil.«A partir de 15 de Maio, e logo

que as condições de risco o justi-ficarem, projectaremos no terre-no um dispositivo dedicado àdefesa da floresta contra incêndi-os», que contará, até final deSetembro, com «22 519 operacio-nais e 5002 veículos de comando,

intervenção e apoio». O númerode elementos tem um acréscimode 156 elementos humanos, emrelação a 2009.

O ministro da AdministraçãoInterna, Rui Pereira, manifestou“confiança” nos 9985 elementosque compõem o dispositivo,durante a fase Charlie, que com-preende um período entre 1 deJulho e 30 de Setembro, que terãoo apoio de 2177 veículos e 56 meiosaéreos. l

APRESENTADO ONTEM EM LEIRIA

Reforçado dispositivo especial de combate a incêndios florestais

Carina Leal

� Nancy Oliveira nasceu naVenezuela. O pai, português,emigrara para a América Latina«para ganhar a vida», conta elahoje nos seus 38 anos. «Voltou,porque se apercebeu de que aqui-lo podia ficar mau. Como ele diz,na altura certa». De quando emvez visita o país onde, em temposidos, teve uma padaria. Por cá,acabou por apostar nesse mesmonegócio. «Abriu padarias emAveiro», conta a filha.

São escassas as memórias queNancy guarda dos momentos emque crescia em Cumaná, a capitaldo estado de Sucre. Foi aos seisanos que partiu do mundo que,até então, conhecia como seu. Ostios, que por lá continuam, fazema ligação entre a Venezuela e Por-tugal. Comunicam através daInternet e, quando as férias che-gam, «trazem muitos chocolatesque não existem cá e que sãomuito bons», observa.

Nancy lembra as festas que,alegres, reuniam a família. Lem-bra, também, o calor que, noverão, aí se fazia sentir. Tanto que

desse clima gostava. «A fruta, umpaís tropical, muitas praias»,continua rematando que sim.Sim, sente saudades. «As pessoaslá são alegres. Fazem festa emtudo», acrescenta.

Em Portugal, a escola. Além doler e escrever – tarefas que cabi-am a quaisquer alunos da sala -,Nancy tinha de aprender a falar.A língua portuguesa era-lhe des-conhecida. «Foi muito complica-do», partilha. «Sempre fui umapessoa muito calada e, antiga-mente, não era como agora nasescolas. Tínhamos de saber e, senão soubéssemos, levávamosreguadas». Frequentara, aindaem Cumaná, uma escola particu-lar onde aprendera algumasletras, sons. Cá, quando teve deaprender o “nhe” e o “lhe”, não lhefoi fácil. «Cada erro, cada regua-da». Custou-lhe pronunciar aspalavras cujos sons eram dife-rentes daqueles que conhecia. Eos colegas? «Fartavam-se de rir».Foi tudo uma questão de tempo.«Ainda hoje digo algumas pala-vras em espanhol». Dá comoexemplo o “apurate” que lhe esca-pa quando pede a alguém que se

despache. Há quem lhe note osotaque.

“Arepa”, “Hallaca” e “cachitos”Gostou de vir para Portugal. «Fuipara uma aldeia pacata», ondeencontrou poucas pessoas. «NaVenezuela morávamos numapartamento. Aqui, com um pá-tio grande era uma festa». Nancy,nos seus seis anos, podia andarde bicicleta, «para trás e para afrente». Tinham quintal.

Reside em Vagos, perto deAveiro, onde segundo ela «hámuita gente da Venezuela». DeFrança também. Desloca-setodos os dias a Coimbra, ao Pão &Açúcar, uma padaria, pastelaria epizzaria, na Urbanização PortaSão Miguel, onde é empregada debalcão. É frequente encontrarquem tenha sido emigrante naVenezuela e que, por cá, tenhanegócio na área da panificação.«Quando vemos uma padaria,“aquele senhor esteve na Vene-zuela”», demonstra.

Muito comum em Vagos é umprato venezuelano que Nancyrecomenda: “Arepa”. «É muitobom». Há, também, “Hallaca”,

que aconselha vivamente. Nãoesquece os “cachitos” que, feitosde massa pão, têm direito «afiambre cortado aos bocaditos. Éenrolado. Sabe o que é?», pergun-ta olhando para a montra repletade verdadeiras iguarias. Doce ousalgado. Não falta o pão.

Sente-se «um bocadito» ligadaà terra que a viu nascer. Passa-

ram-se os anos. Tem as duasnacionalidades: venezuelana eportuguesa. Sente-se tristezaquando afirma que as coisas nãoestão fáceis por lá. Mas, Cumaná– e segundo os tios – continua cal-ma. «Ainda hei-de lá ir pararelembrar, as praias, a areiabranca, as palmeiras, o mar cal-minho». Sim, nestas palavras há

entusiasmo. Um entusiasmobanhado a alguma nostalgia pró-pria de quem gostaria de revivero que, noutros tempos, fez partedo seu dia-a-dia, o que continua aser parte integrante da sua histó-ria. Uma viagem de cerca de oitohoras, é esse o tempo que distan-cia os dois países. “Buenos dias”, obom dia dado por Nancy. l

REDACÇÃO 239 499 900 PUBLICIDADE 239 499 999 ASSINATURAS 239 499 95016 DE MAIO DE 2010 DOMINGO [email protected]áriodeCoimbraWWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT

VIDA DE IMIGRANTE

“As pessoas lásão alegres”Palavras em espanhol aindaescapam a Nancy

NANCY OLIVEIRA recorda as praias, o calor e as pessoas da Venezuela

FIGUEIREDO

DADOS

� NOME: Nancy Oliveira� IDADE: 38 anos� PAÍS: Venezuela� LOCALIZAÇÃO: Vagos� PROFISSÃO: Empregadade balcão� EM PORTUGAL: desde osseis anos

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Solução na página Agenda de hoje

SUDOKU

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TOTOLOTO

LOCAL MIN MAXAVEIRO 13º 21ºBRAGANÇA 7º 21ºCASTELO BRANCO 11º 21ºFARO 16º 22ºFIGUEIRA DA FOZ 14º 21ºGUARDA 5º 15ºLEIRIA 13º 21ºLISBOA 15º 20ºPORTO 12º 20ºVIANA DO CASTELO 12º 19ºVISEU 9º 18º

COIMBRA 12º 23º

Hoje: Céu pouco nublado. Formação de geadaem alguns locais do Interior. Vento fraco amoderado. Neblina matinal. Pequena subidada temperatura máxima.

Sol: Nascimento às 6h19. Ocaso às 20h45

Lua: Lua Nova. Quarto Crescente às 1h43 de21 de Maio.

MARÉSPorto da Figueira da Foz

Preia-Mar às 5h06 e às 17h24Baixa-Mar às 10h58 e às 23h31

HOJE O TEMPO

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Carina Leal

� Lera sobre este país à beira doAtlântico. O avô havia-lhe narra-do «histórias de portugueses quedescobriram grande parte domundo», conta. Escutara, assim,os feitos de «portugueses famososque viajaram pelos oceanos». Ele,Ahbab Gul, gosta de História.Sublinha-o. «Rica», é deste modoque descreve a de Portugal, deonde, há muitos séculos, partiuVasco da Gama rumo à Índia, aum território que, e segundo ele,abrangia também o, hoje, seupaís. É do Paquistão, mais preci-samente de Lahore.

São muitos os motivos que otrouxeram, há oito anos. A Histó-ria, sim. O irmão que, por cá,constituiu família e que o desafioua vir trabalhar consigo. «No restoda Europa, as pessoas não são tãosimpáticas quanto os portugues-es», diz Ahbab, acrescentado quenunca sentiu a diferença por serimigrante. Há algo mais que surgequando a conversa já vai maisadiantada: «em Portugal, as pes-soas estão ligadas às suas famí-lias. Gosto muito disso. Ainda háo respeito pelo sistema familiar».

A Avenida Emídio Navarroenche-se daquele aconchegantesol de final de dia. No mesmo edi-

fício que acolhe, o também histó-rico Hotel Avenida, está o Restau-rante Indo-Paquistanês Macguls.Falta pouco mais de uma horapara o jantar. Da cozinha já seouvem os preparativos. A sala dejantar é decorada com um aver-melhado tom que a torna quente,confortável. O tecto deslumbra oolhar. Ahbab é gerente desteespaço que “fala” da sua cultura,assim como da cultura cidadeonde está: na parede, por trás dobalcão, desenha-se a Coimbra deoutros tempos.

Falar português «é difícil», con-fessa. Uma palavra e outra, mas éem inglês que se sente mais con-fortável para conversar. «Com onegócio, temos de lidar com os cli-entes». E são muitos os portu-gueses que ali vão. No início,«falavam devagarinho e eu come-cei a perceber. Ajudaram-me. Sãopessoas muito prestativas». A lín-gua oficial do Paquistão é o Urdu.«Temos muitas palavras portu-guesas». Dá como exemplo“armário”.

Se os clientes fazem muitasperguntas? Fazem. «Perguntamsobre a nossa cultura, o nossopaís, o nosso sistema familiar»,explica. Há mesmo quem o ques-tione se o Paquistão é, efectiva-mente, um país perigoso. «Eudigo que não. É só em algumaspartes. Com os problemas noAfeganistão, perdemos muitosturistas», observa. Claro que sen-te saudades do país onde, porestes dias, faz muito calor. «Laho-

re é uma cidade muito famosa.Temos montanhas muito boni-tas, lindos rios». Sente Portugalcomo a sua segunda casa. «Estouhabituado, sinto-me confortá-vel». Teve a visita dos pais, noano passado. Levou-os porCoimbra, Figueira, Lisboa, Porto.Se gostaram? Ahbab confirma:«gostaram muito das pessoas».

País “perfeito”, mas…No restaurante “coexistem” duascozinhas: a indiana e a paquista-nesa. «Não são diferentes». Refereque é habitual o uso do termo“comida indiana” pelo simplesfacto de ser mais famosa. A cozi-nha paquistanesa tem mais pra-tos de carne. «Damos mais sabor».A indiana tem mais vegetais. Se ossabores são fortes? «É forte, masnão demasiado», responde. «Te-mos de olhar para o que o clientegosta. Os portugueses gostammuito de natas e nós usamo-las».Faz outra confirmação: muitosforam os que já provaram a comi-da típica e gostaram. Têm galinha,de várias formas, camarão, borre-go, vegetais. «As pessoas gostammuito de Chicken Tika Masala».Há ainda o pão, Garlic Naan, «algoque não se encontra facilmente».Ficam as sugestões. Para beber? Odelicioso Mango Lassi.

Outra coisa que aprecia emPortugal é a gastronomia. «Temuma das melhores comidas daEuropa», afirma um entendidono assunto. Fecham à segundapara descanso, é quando apro-

veita para se deliciar com os pra-tos portugueses. Cabrito. Chan-fana. Bacalhau. «Se abrisse umrestaurante no Paquistão, seriaportuguês. E, se o fizesse, achoque resultaria, porque a comidaé muito boa». Há ainda outroaspecto: «este país é muito famo-so pelo vinho». Costuma dizeraos turistas que o vinho portu-guês «é um dos melhores domundo».

Ahbab prima por dar desta-que aos produtos da zona.«Temos de representar o sítioonde estamos», frisa. É por issoque não entende o porquê, quan-do vai – e dá como exemplo as

cebolas – fazer compras, dosprodutos não serem nacionais.Se os houver, são esses mesmoque quer. «Portugal não temcebolas? Este país tem de crescer.Sim, somos imigrantes, estamoscá e temos de pensar no futurodo país». Não deixa de tocar noassunto burocracia. Sentiu difi-culdades quando quis a naciona-lidade portuguesa. «Trabalho cá,pago os impostos», sublinhainfindas vezes. «O país é perfeito.Têm o país, mas não têm bonspolíticos», comenta.

Sente que Coimbra, a cidade de«pessoas educadas», «mudoumuito, está mais bonita. É uma

cidade calma e boa. Já conheçomuito de Portugal e sinto-memais confortável aqui», partilha.«Estamos felizes aqui. Esperamoso melhor para o futuro destepaís». Ahbab ensina-nos como secumprimentam no Paquistão.«Só temos uma forma. É comouma pequena oração. Asalan-a--Akam (que Deus te dê uma boavida)». O retorno? «U-Akam--Aslam (que Deus também te dêuma boa vida)». É aqui que nosconta algo mais, tendo como pon-to de partida o “até amanhã” por-tuguês: «no nosso país, não temosa certeza de que nos vamosencontrar amanhã». l

REDACÇÃO 239 499 900 PUBLICIDADE 239 499 999 ASSINATURAS 239 499 95023 DE MAIO DE 2010 DOMINGO [email protected]áriodeCoimbraWWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT

VIDA DE IMIGRANTE

“Estamosfelizes aqui”Ouviu sobreum país dedescobridores

AHBAB GUL defende que se deve apostar nos produtos nacionais

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DADOS� NOME:

Ahbab Gul� IDADE:

31 anos� PAÍS:

Paquistão� LOCALIZAÇÃO:

Coimbra� PROFISSÃO: Gerente

de restaurante� EM PORTUGAL: Há 8 anos

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repetirem

Solução na página Agenda de hoje

SUDOKU

3 11 22 36 40 49 27

TOTOLOTO

LOCAL MIN MAXAVEIRO 19º 26ºBRAGANÇA 13º 28ºCASTELO BRANCO 16º 28ºFARO 18º 22ºFIGUEIRA DA FOZ 16º 26ºGUARDA 11º 21ºLEIRIA 16º 27ºLISBOA 15º 26ºPORTO 18º 26ºVIANA DO CASTELO 19º 26ºVISEU 14º 24º

COIMBRA 16º 30º

Hoje: Céu pouco nublado, mas aumentando denebulosidade com possibilidade de aguaceiros.Vento fraco a moderado. Descida da tempera-tura máxima, em especial no litoral.

Sol: Nascimento às 6h13. Ocaso às 20h51

Lua: Quarto Crescente. Lua Cheia à 1h07 de 28 de Maio.

MARÉSPorto da Figueira da Foz

Preia-Mar às 12h09Baixa-Mar às 5h47 e às 18h09

HOJE O TEMPO

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Carina Leal

� Dayamira Garcés Valerinonunca tinha equacionadovisitar Portugal. O espectá-culo, com que a companhiado Hotel Nacional percorria aEuropa, acabou por trazê-la àFigueira da Foz. Ao casino.«Chamou-me a atenção o idi-oma. Quando ia a França,Bélgica, não tinha nada quever. Aqui, era-me um poucofamiliar», lembra. Havia ain-da o mar. «Noutros paísesnunca o víamos. Tinha algoque me lembrava de Cuba.Mas, nunca pensei, tão pou-co, que fosse ficar». Quatromeses que se tornaram já emsete anos.

Tem 42 anos e nasceu emSantiago de Cuba. Que moti-vo a fez ficar? «Casei», res-ponde. «Mas não com umportuguês. Com um mexica-no». Dayamira ri num jeitode muita simpatia. Houveque ir a Cuba tratar de todosos processos. «Se não o fizes-se era como se fosse uma pes-soa ilegal. Casámos lá, paradepois voltar».

«Depois de bailarina e pro-fessora durante tantos anos, oque vou fazer em Portugal?»,questionou-se. Sim, Dayami-ra é bailarina e professora dedança. Em Cuba, trabalhounuma escola de artes. Inte-grou a Companhia NarcisoMedina e, mais tarde, a doHotel Nacional. «A vida esta-va difícil». Queria ajudar amãe e as irmãs. «Comecei atrabalhar ali, a viajar e a terflexibilidade monetária. Bonssapatos, comer melhor».

Ginasta desde pequena,Dayamira, a professora for-mada em clássico, moderno econtemporâneo, apercebeu-sede que, em Portugal, a salsa

estava na moda. Os ritmoslatinos. Pensou: «tenho defazer alguma coisa, em casanão vou ficar». Começaramas aulas de salsa, na CantinaSan Lorenzo, o restaurantemexicano que abre portas naFigueira e cuja gerência per-tence ao marido. «Entreguei ocurrículo nas escolas». No iní-cio sentiu alguma estranheza.«Percebo agora que vinha deuma escola diferente». Fala dosistema que lhe exigira muitadedicação, assim como o teras medidas exactas. Cá en-frentou as aulas duas vezespor semana, os muitos moti-vos apresentados pelos alu-nos como justificação parafaltar. «Foi complicado. Aspessoas diziam-me para nãoficar triste. À medida que otempo foi passando, fui-meadaptando».

Há satisfação, hoje, nassuas palavras. Ensina adul-tos, na “Kompassos Lati-nos”. Com um colega, tam-bém cubano, dá a conheceros segredos, ritmos e movi-mentos do Merengue, Sal-sa, Cha Cha Cha, Mambo,com uma atenção especialpara o Kizomba e Kúduro.Comunica que salsaerobicé uma modalidade que temtido muita aceitação. «É ae-róbica com ritmos latinos».Ensina, ainda, crianças apartir dos 3 anos, na “Kom-passitos”.

“Já temos coca-cola”E o português? «Ainda nãoconsigo muito bem», ri Daya-mira. Em Cuba, a língua ofici-al é o castelhano. Dá exem-plos de sons que lhe são difí-ceis, explicando que a filha,de sete anos, a ajuda na pro-núncia. «Trato de aprender.Vejo filmes». E, depois, há as

aulas de dança. «Tenho apren-dido com eles». Recordaaqueles tempos em que nãohavia dificuldade quanto atermos técnicos de dança eballet. «Agora, quando mediziam outra coisa qualquer,ficava no ar». Houve o dia emque, para explicar a posiçãode cócoras, a encenou. Foiuma aluna a ensinar-lhe otermo. «Fartei-me de rir».

Se lhe perguntam sobreCuba? «Sim, alguns dizemque sou espanhola. Pergun-tam-me sobre a minha famí-lia, quando vou». A últimavez que visitou os seus foi hátrês anos. Sublinha o quãocaras são as viagens. Sentiumuitas diferenças nesse paísque, apesar das dificuldades,tem pessoas alegres. «Muito,muito, muito. Havia épocasem que tiravam a luz duran-te horas. Sem luz, íamospara a marginal. A guitarra,a garrafa de rum e cantar».Quando no restaurante sereúnem, «o meu marido diz“oh, os cubanos que falamtão alto”».

«Há muitas pessoas quequerem ir a Cuba agora como Fidel Castro, porque dizemque depois vai mudar», afir-ma. Contudo, é da opinião deque essa mudança «não vaiser muito fácil». «Já temoscoca-cola», refere lembrandotempos em que bebê-la «eraestar contra Fidel». Assegu-ra que há de tudo. «Temosum grande avanço, mas issolá fica». Aconselha a que seconheça Trinidad, «está-semais perto do povo». Falados paladares, restaurantesde comida caseira.

«Gostas realmente da Fi-gueira?», pergunta-lhe a mãe.Dayamara confirma. «Eu gos-to mais da Figueira do que de

outra cidade, pela tranquilida-de e confiança com que possocaminhar». Se sente sauda-des? «Sinto. Sinto falta docalor. Quando chega o Verão, écomo se estivesse em Cuba», aterra de bebidas como Mojito,Daiquiri e Cuba Libre, onde acarne vermelha é cara e difícilde encontrar. «Nós cubanossomos quentes, carinhosos.Mas, vocês são mais educa-dos». Comunica que lá só secumprimentam com um beijo.«Te vere pronto». Então, “até àpróxima”. l

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VIDA DE IMIGRANTE

“Gostas realmenteda Figueira?”

DAYAMIRA GARCÉS dança desde pequena

FIGUEIREDO

DADOS

Nome: Dayamira Garcés ValerinoIdade: 42 anosPaís: CubaLocalização: Figueirada FozProfissão: professorade dançaEm Portugal: há sete anos

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TOTOLOTO

LOCAL MIN MAXAVEIRO 17º 25ºBRAGANÇA 14º 29ºCASTELO BRANCO 17º 29ºFARO 21º 26ºFIGUEIRA DA FOZ 18º 25ºGUARDA 13º 23ºLEIRIA 18º 26ºLISBOA 17º 24ºPORTO 16º 24ºVIANA DO CASTELO 16º 24ºVISEU 15º 24º

COIMBRA 17º 30º

HOJE - Céu pouco nublado, temporariamentemuito nublado e com neblina no litoral a nortedo Cabo Carvoeiro durante a manhã. Vento fra-co a moderado no litoral oeste. Pequena subi-da de temperatura, em especial da máxima.SOL – Nascimento às 6h09. Ocaso às 20h57LUA - Lua Cheia. Quarto Minguante às 23h15de 4 de Junho.

MarésPorto da Figueira da FozPreia-Mar às 5h11 e às 17h27Baixa-Mar às 11h02 e às 23h35

HOJE O TEMPO

Sente falta do calor próprio do país que lhe ensinou a arte da dança

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Hollis conheceuEmília numcruzeiro. A “viagem”hoje faz-se em Coimbra

Carina Leal

� São Vicente e Ilhas Granadi-nas. Onde fica? Nas Caraíbas.Hollis Roberts, de 37 anos, énatural desse lugar que muitostêm como destino de sonho.Mais concretamente de SãoVicente, «a ilha principal. AsGranadinas são pequenas ilhasà volta», explica. Quando lheperguntam sobre a sua origem éfrequente retorquirem com um:«então, o que é que está a fazeraqui?». O aqui é Coimbra. E seele gosta de cá estar? Sim, gosta.«É muito agradável».

Hollis sempre viajou muito. Esão tantos os sítios que já conhe-ce! Trabalhou durante anos emcruzeiros. Foi num navio queconheceu Emília. Depois, «vie-mos cá em férias. Decidimos ca-sar e aqui estou». Riem os dois.Sorriem os dois muito, num jei-to de muita sintonia e tranquili-dade. Também Emília trabalhouem cruzeiros. Também Emíliafoi emigrante. Chegou, contudo,aquele momento em que os doisquiseram, juntos, começar umaviagem diferente. «Sempre fize-mos e partilhámos tudo. Esta émais uma das aventuras emconjunto», afirma Emília.

Numa viagem por Portugalencontraram Coimbra. Dela na-da conheciam. Ficaram e não éque se apaixonaram pela cida-de? «Decidimos abrir aqui umnegócio», conta Hollis. É no 1.o B,do n.o 91, da Rua Ferreira Borgesque está o Zen Estetika. É – tam-bém o espaço – tranquilo. Mui-to. Hollis é quem, aí, se dedica aoserviço de hidrolinfa que con-siste no tratamento de edemas ede problemas do sistema linfá-tico. «Abrimos este espaço exac-tamente na altura em que come-

çou a crise. Não sou de Coimbra,ele também não. Não conhecía-mos cá ninguém. Apostámos.Foi difícil no início, mas o negó-cio está a avançar», observaEmília, vinda de Santarém.

Hollis tem ainda um hobbie.Dedica-se à construção de web-sites, sendo disso exemplo o daZen Estetika .

Afirma que o receberam bem.«São todos simpáticos, nuncative nenhuma má experiência».Emília acrescenta: «as senhorasde mais idade gostam sempremuito dele e as crianças tam-bém». Ele não esconde: «é bomestar aqui em Coimbra».

Embora com residência emPortugal há seis anos, está cá «amorar mesmo há cerca de três».«Costumava estar a viajar»,completa. Percebe o português.Complicado é quando lhe falammuito rápido. «É muito difícilfalar, mas a culpa é dela», brincaapontando para Emília. «Sempreque tento falar em português elari-se de mim». A pronúncia.

Sons como “nh”, “lh”, “ão”. Fazersoá-los correctamente é outraaventura. «Eu digo como vocês enão é igual porquê?», interrogarindo. «Hoje em dia já todosfalam inglês. Preferem falar comele em inglês, porque também éuma oportunidade de praticar»,conta Emília.

Aqui outro assunto se levanta:o conduzir. «Tem carta de condu-ção do país dele, mas há semprelimites cá», explica Emília, «seriamuito mais fácil ter a portuguesa.

Mas não pode fazer o exame, por-que é tudo em português».

“Uma forma de começar a vida”Confirma que lhe perguntamsobre o seu país, que tem comochefe de Estado a Rainha Isabel II.«Fazem perguntas sobre lo-caispara férias». Diz que foi na suailha, vulcânica e muito monta-nhosa, que decorreu parte das fil-magens de “Piratas das Caraíbas”.

Quanto a Emília, adora asilhas Granadinas, «têm a águado mar mais azul que se podever». Estar “longe” «acaba porser normal» para Hollis, porqueisso sempre foi inerente ao via-jar. Mas sim, sente saudades,sobretudo da mãe.

Nas Caraíbas, a temperaturaronda os 32/33 graus e é maisconstante. «Mas aqui…». A fra-se fica em entreaberto por ins-tantes. «Talvez pela humidade,sente-se mais o calor. É extre-mamente quente. É sempre umsubir e descer. Lá não é tão duro,não se sente tanto». E o frio por-tuguês? «Gosto», esclarecequem, num ponto mais avança-do da conversa, garante adorar acomida portuguesa. «Sopa dapedra, cozido à portuguesa,bacalhau à brás, bacalhau comnatas». É ele quem faz a enume-ração e entende-se na perfeição.Quanto a uma sugestão vindadas Caraíbas? «Roti», escreve nafolha, não sem antes dizer quehá tantas coisas boas para seprovar. «Sabe, lá também hámuitos indianos», informa, parajustificar as influências quemarcam aquela gastronomia.

Hollis pega na sua experiên-cia pessoal para deixar um con-selho: «recomendo a qualquerjovem. É também uma forma decomeçar a vida. Nós fizemo-lo».Refere-se ao trabalhar em cru-zeiros, ao viajar. A primeira vezque parou em Portugal foi há 12anos. E, hoje, é na Rua FerreiraBorges que os dois constroem osseus dias, a vida em conjunto.«Esta zona da baixa, do rio», ca-tivou-o. Emília conclui: «desde oParque Verde ao Choupal». l

REDACÇÃO 239 499 900 PUBLICIDADE 239 499 999 ASSINATURAS 239 499 9506 DE JUNHO DE 2010 DOMINGO [email protected]áriodeCoimbraWWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT

VIDA DE IMIGRANTE

“Então, o que é queestá a fazer aqui?”

HOLLIS ROBERTS diz que Coimbra é muito agradável

FIGUEIREDO

DADOS

� NOME: Hollis Roberts� IDADE: 37 anos� PAÍS: São Vicente

e Granadinas� LOCALIZAÇÃO: Coimbra� PROFISSÃO: trabalhador

por conta própria� EM PORTUGAL: há cerca

de 6 anos

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SUDOKU

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TOTOLOTO

HOJE: Céu pouco nublado, temporariamentenublado por nuvens altas. Vento fraco a forte nolitoral oeste durante a tarde. Neblina matinal.Pequena descida da temperatura mínima.

COIMBRA 11º 23º

HOJE O TEMPO

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SOL - Nascimento às 6h07 Ocaso às 21 h02LUAQuarto Minguante. Lua Nova às 12h15 de 12 de Junho.MARÉSPORTO DA FIGUEIRA DA FOZPreia-Mar às 10h53 e às 23h13Baixa-Mar às 4h33 e às 16h56

RUGBY

AcadémicaconquistaNacional de Sevens

� O rugby da Associação Acadé-mica de Coimbra conquistoumais um troféu para o seu pal-marés. Os “pretos” apresenta-ram-se em bom plano na quartaetapa da competição, realizadana Tapada, confirmando osucesso da sua aposta nestavariante da modalidade.

Depois de ter conquistado asprovas deste circuito realizadasem Arcos de Valdevez e Elvas (ado Algarve foi cancelada), o“sete” academista partia paraesta competição com boas pers-pectivas para assegurar a suaconquista até porque passou a

ser a única que participou nostrês certames.

Ontem, na Tapada da Ajuda,estrearam-se Agronomia, CDULe Belenenses, que juntaram o seunome a uma lista composta porBenfica, CRAV, RC Évora, Fama-licão, Técnico, Oeiras, FCT e Elvas.

Este circuito tem primado pelaausências da maioria das equipas,fruto das datas agendadas coinci-direm com outras provas. Porexemplo, a Selecção NacionalSevens encontra-se em Split, naCroácia, a disputar o Europeu.Ontem venceram Andorra (33-7)Bósnia (71-0) e Alemanha (31-0),esgrimindo hoje argumentoscom a Dinamarca.

A quinta e última etapa doNacional de Sevens realiza-seem Coimbra, onde a Académicairá jogar já com o estatuto decampeã nacional. R.F.S

POR MAIS UMA TEMPORADA

Nicola Godemèche renova com Naval

� Nicola Godemèche, médiofrancês, prorrogou o seu vínculocontratual com a Naval 1.0 deMaio por mais uma temporada,disse à agência Lusa AprígioSantos, presidente daquele clube

da Liga portuguesa de futebol.Chegaram assim a bom ter-

mo as negociações entre o repre-sentante do jogador e AprígioSantos, que assim garantiu oconcurso do médio gaulês pormais uma temporada.

«Godemèche está connosco hátrês anos, um jogador de grandecarácter e excelente profissional,dou por bem empregue o esforçoque fizemos para o manter entrenós», vincou o dirigente. l

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TEMPERATURAS

AVEIRO 14º 23º

BRAGANÇA 10º 24º

CASTELO BRANCO 15º 26º

FARO 18º 23º

FIGUEIRA DA FOZ 16º 22º

GUARDA 10º 19º

LEIRIA 16º 23º

VISEU 12º 21º

HOJE: Períodos de céu muito nubladocom aguaceiros fracos e pouco fre-quentes.SOL - Nascimento às 6h06 Ocaso às 21h06LUA - Lua Nova. Quarto Crescente às 5h29 de 19 de Junho.MARÉSPorto da Figueira da FozPreia-Mar às 4h10 e às 16h29Baixa-Mar às 10h03 e às 22h38

COIMBRA 15º 27º

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TEMPO

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“Se fosse hoje faria igual”Há quem tenha a coragem de se aventurar e fazer frente ao desconhecido. Jader fê-loCarina Leal

� Jader sorri ao vestir o rostodaquela expressão que tantoilustra o que diz: «essa parte édifícil. Brasil em primeiro lugar,mas torcendo por Portugal cla-ro». A questão era inevitável,sobretudo agora que a África doSul recebe o Mundial 2010. Quiso sorteio colocar o país que viunascer Jader Roratto frente aoque o recebe há cinco anos: Bra-sil e Portugal, respectivamente.Às 15h00 de 25 de Junho, as duasselecções vão medir forças. Emcampo poderão, porventura,estar os dois jogadores que estebrasileiro muito aprecia: Kaká eCristiano Ronaldo. Se ainda hábem pouco tempo, vestiam acamisola do mesmo clube, oReal Madrid, por estes dias cadaqual defende as cores do respec-tivo país. E, claro, Jader vai tor-cer pelo seu. Espera, contudo,«que os dois passem na fase dosgrupos». E depois? «Logo se vê».

Tem 27 anos e é chefe de salanum restaurante, cujas paredese ambiente muito falam sobre oBrasil. O Gauchão. Há rostos tãoconhecidos a rir nas paredes.Escuta-se Daniela Mercury. Oalmoço terminou há instantes.Agora, o espaço está tranquilo.Prepara-se uma noite que nãotardará.

Jader nasceu no Rio Grandedo Sul, mas morou duranteanos em São Paulo. Acompa-nhado pela esposa, quis procu-rar «novas oportunidades», emprol, e como diz, de «um futuromelhor». Contactos feitos comGonçalo Carvalho, o proprietá-rio do restaurante, veio aoencontro de uma terra que nãoconhecia. «Tive muitos colegasque inclusive me disseram queeu era maluco, que não teriamcoragem». Jader não conhecianinguém, nada. Mas, partiu.«Não me arrependo. Se fossehoje faria igual». «Essa casa,Coimbra, Portugal» acolhe-ram--no bem. Ele confirma enão faz parte dos seus planosregressar ao Brasil, «pelomenos para já».

Vindo para Coimbra, aindaesteve, mais tarde, em Braga.«Mas, não é como cá», afirma.

«Esta cidade em si é maravilho-sa. Tem gente do mundo inteiro.O povo daqui é muito educado esimples ao mesmo tempo».Assegura que há quem lhe façaperguntas sobre o país que tan-tos sonham (e outros chegammesmo a) visitar. «Perguntamcomo funcionam as coisas lá,que lugares bonitos tem paraconhecer». O nordeste é, segun-do ele, muito visitado pelos por-tugueses. «O sul já é diferente».É mesmo sobre o sul que querfalar: «é muito bonito também».Especifica nomeando a capitaldo estado de Santa Catarina, Flo-rianopolis. «É fabuloso. Tem umpovo acolhedor» E alegre?«Muito», responde. «O pessoalcostuma dizer que é a Europadentro do Brasil».

Família: “é o que me faz mais falta”Têm como língua oficial o portu-guês. Mesmo assim, «ao princí-pio é difícil. Não é igual. A formade falar as coisas é diferente»,comunica recorrendo a umapronúncia tão característica,quanto acentuada. Há traços demúsica em cada palavra. Braga,Coimbra, Aveiro, Viseu, Vianado Castelo, Porto, Lisboa, Sintra.«É um país muito bonito», afir-ma. «Gosto muito do Porto, jun-

to ao rio é fabuloso». E paraférias? «O Algarve» que «já seassemelha um pouco mais como Brasil». Sente muitas sauda-des.«Da minha família princi-palmente», até porque além daesposa, apenas cá tem umirmão. «É o país da gente. Há coi-sas com que a gente cresceu esente falta. Sinto falta o tempotodo, mesmo gostando daqui».Não esconde: «a gente lá é muitoapegado à família. É o que me fazmais falta».

Associar palavras como“comida” e “Brasil” faz muitospensar em rodízio. «É típico doRio Grande do Sul», explica. «Látodo o final de semana é churras-co. As festas é com churrasco».Conta que se foi aprimorando e,por estes dias, «todo o restauran-te de luxo tem um rodízio». Deque gostam os portugueses?

«Picanha, feijão preto, costela deboi». E para beber? «Caipirinha».A sugestão? «Caipirinha demorango é muito bom».

E de que gosta Jader? «Debacalhau. Lá é muito difícil deencontrar e muito caro». Équando tem folga que parte àdescoberta deste país, «paraconhecer, tirar muitas fotos» e,assim, provar a gastronomiaportuguesa que «tem muitospratos excelentes». Quanto aosvinhos, «sem comentários».Mas, faz um: «muito bom».

Brasil. É o país do samba. Opaís de onde, chegado o Carna-val, vêm imagens de muita ani-mação, folia e alegria. Essa altu-ra, lá, é vivida por «cada lugarde uma forma diferente. Nonordeste, é o Carnaval de rua, opessoal a pular a semana toda.Em São Paulo, são as escolas desamba. Em Santa Catarina, todoo mundo se junta, tomando cer-veja, fazendo festa». Essa cerve-ja é o “choop” tão conhecidodaquelas novelas que, há déca-das, trazem “esse mundo” a esteibérico país. O “Olá” hoje é “Oi”.O “até amanhã” dá lugar ao“tchau”. Todavia, o que Jaderquer mesmo dizer é «um bomdomingo. Vale a pena conhecero Gauchão e o Brasil». E no dia25 há Portugal-Brasil. l

VIDA DE IMIGRANTE

FIG

UEIR

ED

O

JADER RORATTO diz que vai primeiro torcer pelo Brasil e, depois, por Portugal

DADOS

� NOME: Jader Roratto� Idade: 27 anos� País: Brasil� Localização: Coimbra� Profissão: chefe de sala� Em Portugal: há 5 anos

POPULARES SOCORRERAM CONDUTOR

Despiste fazum ferido em Vil de Matos

� Um homem de 71 anos, resi-dente em Santo António dos Oli-vais, ficou ferido em consequên-cia de um acidente registadoontem, cerca das 14h30, na locali-dade de Rios Frios, em Vil deMatos. Segundo fonte dos Bom-beiros Voluntários de Brasfemestratou-se de um despiste de umaviatura ligeira que acabou porembater contra o muro de umaquinta existente no local.

Quando os bombeiros chega-ram ao local (com um carro defogo e uma ambulância) já o feri-do, condutor e único ocupante daviatura, estava fora do carro,«sentado no chão», com ferimen-tos na cabeça e no nariz e a quei-xar-se do tórax.

O indivíduo, que foi transpor-tado para os Hospitais da Uni-versidade de Coimbra, «partiu ovidro do carro com a cabeça» e foiajudado por populares a sair dedentro do carro, uma situaçãoque não é recomendada nestescasos, como explica a mesmafonte dos bombeiros, adiantandoque a retirada do ferido do interi-or da viatura obrigaria, nestecaso, à utilização de material dedesencarceramento. O que aca-bou por não acontecer.

Aliás, de acordo com a mesmafonte, o condutor terá, com a vio-lência do embate, partido ovolante da viatura contra o corpo,podendo explicar-se assim asdores no tórax de que se queixa-va. No local estiveram os Bom-beiros Voluntários de Brasfemes,com sete homens e duas viaturas(uma delas a ambulância quetransportou o ferido para osHUC) e a GNR de Cantanhede. l

COZINHA DESTRUÍDA EM INCÊNDIO

� Uma cozinha anexa a umahabitação ficou completamentedestruída em consequência deum incêndio ocorrido ontem,cerca das 15h30, na Rua dosCovões, em S. Martinho do Bis-po, a poucos metros da Blue-pharma.

Segundo fonte dos Bombei-ros Sapadores de Coimbra, aschamas terão tido origem nasbrasas de uma fogueira queficaram esquecidas junto àque-la divisão pelos proprietários,que a terão acendido para pre-parar o almoço. l

Carina Leal

� Imagine. Há alguém que lhe pe-de uma “palhinha”. Uma quê? Apergunta é inevitável, caso sedesconheça o termo. A dado ins-tante o cliente já recorre à mímicapara se dar a entender: dois de-dos seguram na “palhinha” ima-ginária, através qual se absorveuma bebida, também ela, imagi-nária. Rafael Venegas Lara ri aorecordar uma das muitas situa-ções engraçadas que viveu aquan-do da Expo 98. Pediam-lhe, então,uma palhinha que, no México, seapelida de “popote”.

Rafael trabalhava numa em-presa que, à Expo 98, deu a co-nhecer a gastronomia mexicana.À questão “quem quer ir a Por-tugal trabalhar?”, respondeu comum pronto “eu vou”. E veio. «Sóconhecia o Vinho do Porto. Sem-pre trabalhei na hotelaria e essaera uma bebida conhecida a nívelmundial». Confessa que a Expo98 foi uma experiência «muitoboa» que adorou e que lhe permi-tiu conhecer pessoas de muitospaíses.

«Nunca quis sair do México»,afirma. «Vim a Portugal semprelegal». Confirma ter-se tratado deum desafio, uma aventura. Veioao encontro de culturas e terrasnovas. O que o fez ficar? «Não sei.Se calhar o destino», partilha.Certo é que o convidaram a gerirum restaurante que, da mesmaempresa, ia abrir em Lisboa. Este-ve lá dois anos. Entretanto, «umapessoa daqui da Figueira da Fozconvidou-me para fazer este pro-jecto». Fala da Cantina San Lo-renzo, um restaurante que abreportas muito perto do Casino

Figueira. É um espaço quentepelas cores alegres que o preen-chem. Nas paredes há imensoselementos que logo lembram opaís de onde vêm. Há, ainda,imensas fotografias que relatammomentos que, de há 9 anos paracá, ali se viveram. Destaque parao acolhedor, e tipicamente mexi-cano, pátio. A música, latina emexicana, convida à “fiesta”.«Gosto de uma casa animada etem de ser assim para marcar-mos a diferença», destaca.

Diz que se adaptou bem aonovo país. Quanto à Figueira,«tem um encanto, cativa as pes-soas e não as deixa fugir. Ficas cápreso. Porquê? Não sei». Há visí-vel contentamento e conforto nassuas palavras. «Ainda temosqualidade de vida aqui». E a lín-gua portuguesa? Como foi? «Aoprincípio foi um pouco complica-do. Tem muitas palavras diferen-

tes em relação ao castelhano». Odia-a-dia foi-o ensinando.

Questionar Rafael sobre o Mé-xico é fazer o olhar brilhar de sau-dade. Tem consigo a Nossa Senho-ra de Guadalupe e peças de artesa-nato mexicano que tanto lhe re-cordam o sítio onde cresceu.«Tenho saudades das tradições,da família. Mas, estou bem aqui».Foi aqui que conheceu DayamiraGarces que, recentemente, contoua sua história nesta mesma pági-na. Foi aqui que ambos, ele mexi-cano e ela cubana, formaram umafamília. «Ui... Eu por mim ia a cadaano ao México. Há 5 anos que nãovou lá. Somos três, não é fácil. Eisso implica fechar o restauranteum mês». A última vez que visi-tou os seus sentiu muitas diferen-ças no país. «Achava que não ia tersaudades da Figueira, mas tive». Jásente esta terra como sua.

«As pessoas falam que há

muita violência, insegurança lá.Não é só no México. É em todasas grandes capitais do mundo».Deixa o reparo. Aconselha osturistas a descobrir a sua terra, aCidade do México, e Acapulco.«Há muitas mais coisas paraconhecer, não é só Cancún, Rivi-era Maya». As pessoas, essas, são«muito alegres, muito calorosas».«Entregamo-nos muito. Achoque somos muito bons».

Plato del patronDefine Portugal como um tran-quilo país. «É um conjunto de coi-sas que te fazem ficar», comunica.«Gosto muito da gastronomia».Refere-se à do interior que tem«comida mais requintada, elabora-da, mais caseira». Do que gosta?«Arroz de pato, cozido à portugue-sa, bacalhau com natas, bacalhauassado». A enumeração é vasta. NaCantina San Lorenzo «é só comida

mexicana, autêntica. Aqui não háenganos», sublinha. Uma sugestão?«Plato del patron». Responde à per-gunta “o que contém?” com a emen-ta onde se lê “não pergunte o queleva, peça-o”. Ri. «É o prato que maisse vende nesta casa. Não convémdizer o que tem, senão perde a pia-da», justifica. Afirma que «a comidanem sempre é picante. Isso é ummito» que, na sua opinião, se deveesquecer. Para beber? «Cervejamexicana e margaritas, claro».

Diz que o clima em Portugal émuito instável. «Aqui na Figueiranão falta nada. Chove, faz vento, jánevou. Hoje está frio, amanhãcalor. Mas, acho que isso está aacontecer em todo o lado». Rafaeltem 41 anos. Convida a «conhecer

esta casa mexicana, a cultura dopaís». O calendário marca o iníciodo Verão para amanhã. São mui-tos os que, nos próximos meses,elegerão a Figueira como destinode férias. Há quem nela faça praiaou aproveite para conviver com osamigos. Na Rua São Lourenço, há«ambiente com sabor a fiesta». «Vaun tequilla?». O quê? «Bebemosuma tequilla?», desafia hoje Rafael.E quanto ao mundial? «Temos detorcer pelos dois (Portugal e Méxi-co)»,defende. l

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VIDA DE IMIGRANTE

“Ficas cá preso. Porquê? Não sei”De Portugal apenas conhecia o Vinho do Porto. A Expo 98 fê-lo ficar

DADOS

NOME: Rafael LaraIDADE: 41 anosPAÍS: MéxicoLOCALIZAÇÃO: Figueirada FozPROFISSÃO: Empresário(restauração)EM PORTUGAL: há 11 anos

RAFAEL LARA aconselha a visitar a Cidade do México

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HOJE: Céu pouco nublado, embora muito nublado demanhã no litoral a sul do Cabo Carvoeiro e de tarde noInterior. Vento fraco a forte, com rajadas até 65 km/h,no litoral. Pequena subida da temperatura máxima.

PORTO DA FIGUEIRA DA FOZPreia-Mar às 10h29 e às 22h56Baixa-Mar às 4h06 e às 16h30

4 8 15 20 39 48 14

TOTOLOTO

Histórias de vida deram cor ao DC durante oito meses.Momentos, nomes, sorrisos de quem arriscou e quis “sentir a vida”

REDACÇÃO 239 499 900 PUBLICIDADE 239 499 999 ASSINATURAS 239 499 950

27 DE JUNHO DE 2010 DOMINGO [email protected]áriodeCoimbraWWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT WWW.DIARIOCOIMBRA.PT

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VIDA DE IMIGRANTE

“Nós por cá” dizemos: obrigado

PORTO DA FIGUEIRA DA FOZPreia-Mar às 4h16 e às 16h32Baixa-Mar às 10h08 e às 22h40

PORTO DE AVEIROPreia-Mar às 4h35 e às 16h51Baixa-Mar às 10h16 e às 22h46

1 3 17 18 19 38 25

TOTOLOTO

IRINA KORBUT

� RússiaHEINZ FRIEDEN

� AlemanhaKIRIL BAHCEVANDZIEV

� MacedóniaCONSTANTIN CIUVERCA

� RoméniaMYKHAYLO E HANNA

� Ucrânia

MOUNIR LARROUSSI

� MarrocosELLEN LANSER

� HolandaMARC RYON

� BélgicaLEILA SADEGHI

� IrãoKASEM ALEID

� Síria

IVAN COLESNIC

� MoldáviaALBINA GOVOROVA

� EstóniaLOURDES HIDALGO

� EspanhaZORNITSA ILIEVA

� BulgáriaSAYURI GODA

� Japão

JIN SHAOBO

� ChinaRAJKO BJELANOVIC

� CroáciaCAROLYN CEMLYN-JONES

� Reino UnidoKARINA GUERGOUS

� FrançaSHUHRAT MAJIDOV

� Uzbequistão

AHBAB GUL

� PaquistãoDAYAMIRA GARCES

� CubaHOLLIS ROBERTS

� São Vicente e GranadinasJADER RORATTO

� BrasilRAFAEL LARA

� México

DMITRY ANISHCHYK

� BielorrússiaMAGDALENA HETMANSKA

� PolóniaMARKUS BERGER

� ÁustriaMAMADOU DIALLO

� Guiné-ConacriNANCY OLIVEIRA

� Venezuela

SEBASTIAN ESPINOSA

� ArgentinaHUGO OVIEDO OCAMPO

� PeruGIOVANNI D’AMORE

� ItáliaPAUL DIAZ SANCHEZ

� ColômbiaMIGUEL ESCOBAR

� Paraguai

Carina Leal

� 25 de Outubro de 2009. Domin-go. Agora olha-se para trás. Con-tam-se as edições em que, na últi-ma página, se lia “Vida de Imi-grante”. Foram 35 domingos dehistórias. São, sobretudo, históri-as de vida de quem, um dia, fezfrente à incerteza e partiu rumo aum amanhã diferente. Para novocomeço, escolheram o país denavegadores: Portugal.

Sozinhos ou acompanhados.Com ou sem conhecimento desteibérico país. Por uns meses ouanos. Motivos? Vários: trabalho,música, desejo de mudança ou dedeixar a aventura acontecer. Odesporto trouxe alguns. E não foiapenas o futebol. Foi, também, oténis de mesa. Acontecimentosque marcam a história trouxe-ram outros, assim como a dançae, até mesmo, representar a gas-tronomia do país onde se nasceu.Claro, o amor. O amor moveucorações, fez atravessar frontei-ras e juntou quem já estava porcá. Ainda o amor pela guitarraportuguesa que, dias mais tarde,se estendeu a um clube de futebol.

É frequente escutar que “sau-dade” é um sentimento/palavramuito português. A grande maio-

ria não esconde que sente sauda-des do país de origem, das suasraízes, família e amigos.

Se quis o DC saber como che-garam, começaram e aprende-ram a língua de Camões (e con-tam-se algumas peripéciasengraçadas), também ouviu as“tristezas” que enfrentaram.Muitos apontam o excesso deburocracia de Portugal. Em con-traste, tantos sublinharam oquão bem os portugueses os rece-beram. Se está aprovada a cozi-nha nacional? Parece que sim.

Foi uma volta ao mundo esta.Não em 80 dias, mas em oito mes-es. Não se repetiram nacionalida-des, nem profissões. Foi um ir aoencontro de outros países, cultu-ras, línguas, tradições e gastrono-mias. Há expressões, momentos,nomes, sorrisos, lágrimas até, aperfazer esta página. A partilhafaz-se de tudo isso. E foi isso mes-mo que estes 35 se disponibiliza-ram a fazer: partilhar.

Hoje o DC agradece a todos. Semuito se escreveu, tanto maisficou pelo gravador. Recorde-se,em jeito, de conclusão (se é que sepode concluir) as palavras doprofessor Kiril Bahcevandziev:«quem não sabe arriscar, nãosabe o que é sentir a vida». I

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MARÉS