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PARECER Nº 07/2016 DA COMISSÃO DE FINANÇAS E ORÇAMENTO AO TCE Nº 1050068-6 – PRESTAÇÃO DE CONTAS DA PREFEITURA MUNICIPAL DE FLORESTA (EXERCÍCIO DE 2009). INTERESSADO: SRA. ROSANGELA DE MOURA MANIÇOBA NOVAES FERRAZ. Essa Comissão recebeu para analisar o Processo TCE nº 1050068-6, referente a prestação de conta da Prefeitura Municipal de Floresta-PE, exercício financeiro de 2009. Em relatório de autoria, datado de 06 de dezembro de 2010, o auditor Airton Mário da Silva emitiu julgamento de irregularidade da prestação de contas da Ordenadora de Despesas, a senhora Rosangela de Moura Maniçoba Novaes Ferraz. No entanto, esta Comissão de Finanças e Orçamento não comunga do referido entendimento posto pelo auditor do TCE, no que diz respeito às supostas irregularidades dos seguintes pontos: a) Ausência de assinatura do Controle Interno (valor passível de devolução 0,0); b) Recolhimento parcial da Contribuição Patronal (valor passível de devolução 0,0);

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PARECER Nº 07/2016

DA COMISSÃO DE FINANÇAS E ORÇAMENTO AO TCE Nº 1050068-6 – PRESTAÇÃO DE CONTAS DA PREFEITURA MUNICIPAL DE FLORESTA (EXERCÍCIO DE 2009). INTERESSADO: SRA. ROSANGELA DE MOURA MANIÇOBA NOVAES FERRAZ.

Essa Comissão recebeu para analisar o Processo TCE nº 1050068-6, referente a prestação de conta da Prefeitura Municipal de Floresta-PE, exercício financeiro de 2009.

Em relatório de autoria, datado de 06 de dezembro de 2010, o auditor Airton Mário da Silva emitiu julgamento de irregularidade da prestação de contas da Ordenadora de Despesas, a senhora Rosangela de Moura Maniçoba Novaes Ferraz.

No entanto, esta Comissão de Finanças e Orçamento não comunga do referido entendimento posto pelo auditor do TCE, no que diz respeito às supostas irregularidades dos seguintes pontos:

a) Ausência de assinatura do Controle Interno (valor passível de devolução 0,0);

b) Recolhimento parcial da Contribuição Patronal (valor passível de devolução 0,0);

c) Recolhimento atrasado da Contribuição Previdenciária do RPPS (valor passível de devolução 0,0);

d) Recolhimento atrasado da Contribuição Previdenciária do RGPS (valor passível de devolução R$ 23.429,86);

e) Repasse do duodécimo à Câmara dos Vereadores a menor (valor passível de devolução 0,0);

f) Coordenador do Controle Interno sem qualificação exigida (valor passível de devolução 0,0);

g) Ausência de informações obrigatórias (valor passível de devolução 0,0);

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h) Ausência de contabilização de débito (valor passível de devolução 0,0);

i) Excesso de contratação por excepcional Interesse Público (valor passível de devolução 0,0);

j) Pessoalidade na contratação por excepcional Interesse Público (valor passível de devolução 0,0);

k) Pagamento às viúvas de ex-prefeitos (valor passível de devolução R$ 49.289,50);

l) Pagamento de salário superior ao subsídio da Prefeita (valor passível de devolução R$ 197.407,94);

m) Frágil controle no consumo e aquisição de combustíveis (valor passível de devolução 0,0);

n) Licitação de Show Artísticos – inexigibilidade sem comprovação (valor passível de devolução 0,0);

o) Inexigibilidade de licitação para contratação de serviços contábeis (valor passível de devolução R$ 16.000,00).

Entendemos que não há irregularidades nos pontos supracitados, pois não se tratam de meras situações administrativas reversíveis, podendo ser solucionadas por meio de recomendações do próprio TCE. Vale salientar, que ao longo da gestão foram todas as sanadas as supostas irregularidades. Sem prejuízo ao erário municipal, e no mais o valor passível de devolução sugerido foi de R$ 286.127,30 (duzentos e oitenta e seis mil e cento e vinte e sete reais e trinta centavos).

Nesta Casa Legislativa já ocorreu aprovação de contas da prefeitura com valores 100% (cem por centos) maiores, por entender que os pareceres emitidos pelo TCE-PE não apresentava toda realidade, primando pela autonomia do Poder Legislativo a rejeitaram os referidos pareceres. Estes exercícios foram das prestações de contas do senhor Sergio Regis Jardim de 2003, valor passível de devolução R$ 330.648,48 (trezentos e trinta e três mil e seiscentos e quarenta e oito reais e quarenta e oito centavos); e da gestão do senhor Afonso Augusto Ferraz, nos anos de 2006 e 2007, com os valores passiveis de devolução R$ 2.133.740,80(dois milhões e cento e trinta e três mil e setecentos e quarenta reais e oitenta centavos) e R$ 2.599.439,00(dois milhões e quinhentos e noventa e nove mil e quatrocentos e trinta e nove reais), aprovadas nesta legislatura no ano de 2014. Criando precedente nesta Casa Legislativo e garantindo a autonomia deste Poder nas suas decisões.

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Para o Direito, os precedentes, mais propriamente os judiciais,  são “resoluções em que a mesma questão jurídica, sobre a qual há que decidir novamente, já foi resolvida uma vez por um tribunal noutro caso”.  São, do ponto de vista prático, decisões anteriores que servem como ponto de partida ou modelo para as decisões subsequentes.  Nesse sentido, o precedente judicial, neste caso LEGISLATIVO, abarca toda a decisão – relatório, fundamentos e dispositivo –, não discriminando as parcelas mais importantes para a concretização do direito. Precedente, aqui, é o mesmo que “decisão precedente” e tem um inegável aspecto relacional, na medida em que só pode ser aplicado quando existem casos análogos.

Portanto, rigorosamente, e tomando um sentido amplo, aproximado ao significado de “caso” – abarcando todo o ato decisório –, precedente é fonte do direito; ou seja, é fato jurídico continente de uma norma jurídica.  Pode-se dizer, então, que, a partir do precedente, através do trabalho dos juízes subsequentes/neste momento nós vereadores – juízes de fato, dar-se-á uma norma geral. Dessa forma, precedente é continente, é forma e não se confunde com a norma que dele exsurge. Com efeito, trata-se de instrumento para criação de normas mediante o exercício da jurisdição.

Assim sendo, e em síntese apertada, o precedente legislativo-judicial precisa ser compreendido como fonte do direito e como texto que precisa ser interpretado; é a norma do precedente, é o comando construído a partir do seu texto que vincula o jurisdicionado.

Quando se trata de contas do chefe do Poder Executivo, a Constituição confere à Casa Legislativa, além do desempenho de suas funções institucionais legislativas, a função de controle e fiscalização de suas contas, em razão de sua condição de órgão de Poder, a qual se desenvolve por meio de um processo político-administrativo, cuja instrução se inicia na apreciação técnica do Tribunal de Contas. No âmbito municipal, o controle externo das contas do prefeito também constitui uma das prerrogativas institucionais da Câmara de Vereadores, que o exercerá com o auxílio dos Tribunais de Contas do estado ou do município, onde houver. Portanto, que a competência para o julgamento das contas anuais dos prefeitos eleitos pelo povo é do Poder Legislativo (nos termos do artigo 71, inciso I, da Constituição Federal), que é órgão constituído por representantes democraticamente eleitos para averiguar, além da sua adequação orçamentária, sua destinação em prol dos interesses da população ali representada. Seu parecer, nesse caso, é opinativo, não sendo apto a produzir consequências como a inelegibilidade prevista no artigo 1º, I, g, da Lei complementar 64/1990.

Na seara municipal à rejeição do parecer prévio elaborado pelo Tribunal de Contas é uma disposição constitucional, contida no §2º do artigo 31, são necessários dois terços dos votos dos membros da Câmara Municipal para derrubar o referido

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parecer prévio, que opinou pela aprovação ou pela rejeição das contas de governo prestadas pelo Prefeito.

Com base nessa prerrogativa constitucional, consideramos passíveis de recomendações a prestação de contas da Ordenadora de Despesas, a senhora Rosangela de Moura Maniçoba Novaes Ferraz, como bem explanou a defesa da interessada.

Deste entendimento, estudando, analisando e discutindo cada matéria, esta Comissão foi CONTRÁRIA a decisão do TCE referente a prestação de contas da prefeitura municipal de Floresta-PE, exercício de 2009, base nos preceitos constitucionais deste Poder Legislativo e nos próprios precedentes de decisões anteriores desta Casa.

Este é o nosso Parecer.

Câmara Municipal de Floresta, 16 de novembro de 2016.

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Ézio Feitosa – Presidente

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José Giovanni Sampaio Novaes – Secretário

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Ana Beatriz Leal Numeriano de Sá - membro