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SETEMBRO DE 2006 (DOCUMENTO PRELIMINAR) UMA ESTRATÉGIA DE LISBOA PARA A REGIÃO DE LISBOA Lisboa 2020

Informação para a União Europeia sobre a Estratégia de Lisboa para a Região de Vale do Tejo

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SETEMBRO DE 2006 (DOCUMENTO PRELIMINAR)

UMA ESTRATÉGIA DE LISBOA PARA A REGIÃO DE LISBOA

Lisboa 2020

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FICHA TÉCNICA

Título Estratégia Regional: Lisboa 2020

Coordenação Geral António Fonseca Ferreira

Coordenação Executiva Paula Cunha João Afonso

Equipa Interna António Marques Moura de Campos Eurídice Pereira Fernanda do Carmo

Coordenadores por Áreas Temáticas

Competitividade e Internacionalização Augusto Mateus Paulo Madruga

Coesão Social Isabel Guerra

Requalificação Metropolitana Carlos Pina Isabel Guerra

Mobilidade José Manuel Viegas Hélder Cristovão

Recursos Humanos António Marques

Ambiente Álvaro Martins

Cultura Catarina Vaz Pinto

Turismo Vítor Costa

Inovação & Desenvolvimento Tecnológico Manuel Laranja

Comissão de Coordenação e Desenvolvimento de Lisboa e Vale do Tejo

Morada Rua Artilharia Um, 33, 1269-145 Lisboa

Telefone 21 383 71 00

Fax 21 383 12 92

Endereço Internet www.gestaoestrategica.ccdr-lvt.pt

www.ccdr-lvt.pt

Data Setembro de 2006

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Índice

Documento Base: 1. Diagnóstico 2. Cenários de desenvolvimento 3. Visão 4. Eixos Estratégicos 5. Projectos Estruturantes 6. Governabilidade e Governança Documentos Sectoriais:

1. Inovação 2. Ambiente 3. Turismo 4. Requalificação Metropolitana 5. Cultura 6. Recursos Humanos 7. Mobilidade

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1.DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO

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ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO 1 2. LISBOA – Capital e motor do desenvolvimento do país 8

a) A Região no Mundo b) Lisboa no país

b.1) A contínua tendência polarizadora de população da Região no país b.2) Uma Região multicultural: entre o risco da segregação e a riqueza da

diversidade

c) Lisboa: da metropolização à metapolização c.1) Uma Região de diversidades e de disparidades c.2) Estrutura Metropolitana Distendida com Tendência para a Nucleação

c.3.) A Metrópole das duas margens

d) Lisboa, mobilidades e ambientes d.1) As dinâmicas actuais de mobilidade regional e nacional d.2) Mobilidades internacionais: Portos, Aeroporto e TGV d.3) O meio ambiente: distintivo e constrangedor

3. LISBOA: COMPETITIVIDADE E CONTEXTO INTERNACIONAL – para um maior protagonismo na Europa das Regiões

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a) A posição ainda periférica na Europa das Regiões b) Um modelo económico disperso: Aumentar a competitividade, a inovação e a

internacionalização da Região

c) A especialização produtiva da Região: forte representatividade na industria e serviços

d) Inovação e Desenvolvimento Tecnológico

4. O DESAFIO DO INVESTIMENTO NAS PESSOAS e na modernização dos processos e eficácia do fazer

45

a) Avanços nas politicas sociais mas grande insuficiência de resultados b) Qualificações da população: o potencial da mão-de-obra regional mas défices

estruturais a corrigir

c) Fortes Investimentos aos níveis da cultura e do desporto mas ainda com resultados incipientes

d) Questões de governância e governabilidade

5. Análise SWOT(T) 58 . Pontos Fortes/ Pontos Fracos

. Ameaças/ Oportunidades

. Tendências Positivas/ Tendências Negativas

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1. INTRODUÇÃO A Região de Lisboa evoluiu no sentido da modernização e crescimento económico, particularmente, a partir do período de plena integração de Portugal na União Europeia - percorrendo um caminho de sucesso em termos da convergência com a Europa - culminando com o regime de “phasing-out” e admissão no grupo mais restrito das regiões “Competitividade Regional e Emprego” o que, mais do que uma realidade formal, traduz uma nova realidade substancial. A partir de 2007, a “nova” Região de Lisboa – para efeitos de Quadro de Referência Estratégica Nacional – passa a corresponder à Grande Área Metropolitana de Lisboa (Grande Lisboa e Península de Setúbal) - integrando o Objectivo 2 da Política de Coesão – Competitividade Regional e Emprego – e sintoniza-se com a “Agenda de Lisboa” ao mesmo tempo que vê decrescer de forma assaz significativa os fundos estruturais, situação que constitui um desafio para a Região e para o país. A agenda das políticas públicas em Portugal não pode deixar de contemplar, no horizonte da conclusão do actual ciclo de programação financeira dos fundos estruturais (2006) e de execução do próximo (2007-2013), um conjunto de iniciativas e acções - coerentes, concentradas e selectivas - que permitam realizar as reformas e os ajustamentos estruturais necessários para uma renovação profunda do modelo competitivo da economia portuguesa abrangendo, não só a qualificação, inovação e diferenciação nas actividades tradicionais de especialização, como a entrada em novas actividades mais intensivas em tecnologias avançadas, apoiadas por novas competências em recursos humanos e em I&D.

“Teremos de reaprender a ver, a conceder, a pensar e a agir. Não conhecemos o caminho, mas sabemos que o caminho se faz andando. Não temos promessas, mas sabemos que o impossível se torna possível na mesma medida em que o possível se torna impossível. Temos uma necessidade: revolucionar para conservar e conservar para revolucionar.” (((EEEdddgggaaarrr MMMooorrr iiinnn)))

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A grande questão que se perfila na agenda portuguesa das políticas económicas numa Europa alargada é a do reforço da coordenação das políticas macroeconómicas e estruturais, por um lado, e das políticas regionais e sectoriais, por outro lado, por forma a prosseguir rigorosamente os esforços de consolidação orçamental e de melhoria da eficácia e selectividade da gestão dos fundos estruturais e do investimento público sob o comando estratégico de uma plena e realista inserção na “Estratégia de Lisboa”, isto é, de uma profunda renovação do modelo competitivo da economia portuguesa.

As questões centrais colocadas pelo alargamento da União Europeia às políticas públicas em Portugal, decorrem das grandes linhas identificadas para as políticas de base comunitária mas trazem desafios específicos que necessitam, também, de respostas particulares. A consolidação orçamental surge em Portugal como uma condição necessária da estabilidade macroeconómica, tal como a especialização territorial, isto é, a “montagem” de dinâmicas diversificadas de descentralização e “clusterização” de base regional emerge como um factor indispensável para a obtenção de níveis mais avançados de coesão económica e social, como se traduz na figura anterior.

Atenta esta nota de enquadramento nacional – importante, porque condicionador - importa deixar uma síntese, pontuada pelos aspectos cruciais, sobre o equacionamento estratégico que se formula para a Região de Lisboa.

A Região de Lisboa apresenta uma situação ímpar no país – e, por isso, saiu do designado Objectivo Convergência ao nível dos apoios comunitários – não deixando, contudo, de ser palco de diversas e profundas disparidades e diversidades, devendo estabelecer como desiderato potenciar as segundas para ultrapassar as primeiras.

Desde já uma nota para precisar a utilização da expressão Lisboa no contexto do presente documento: refere-se “Lisboa”, “AML” ou a “Região de Lisboa” para uma realidade coincidente com a actual Grande Área Metropolitana de Lisboa (Grande Lisboa e Península de Setúbal). No entanto,

Figura n.º1 - Políticas Públicas numa perspectiva Portuguesa

CapacidadeConcorrencial

AumentoProdutividade

RenovaçãoRenovaçãodo Modelodo Modelo

CompetitivoCompetitivo

Crescimentoeconómico

Convergênciaestrutural

Coesão SocialCoesão SocialEspecializaçãoEspecialização

TerritorialTerritorial

ConsolidaçãoConsolidaçãoOrçamentalOrçamental

ReequilíbrioInserçãoExterna

Fonte: CCDRLVT, 2005 – Augusto Mateus & Associados

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porque se torna impossível efectuar a análise da Região fora do contexto da sua inserção geográfica e territorial mais alargada – até por força da sua função de polarização igualmente se menciona, quando oportuno a Região de Lisboa e Vale do Tejo (RLVT) que traduz uma realidade geográfica mais vasta (Oeste, Grande Lisboa, Península de Setúbal, Médio Tejo e Lezíria do Tejo).

Lisboa actualmente suporta os custos da sua centralidade, da sua função polarizadora – nos mais diversos domínios – ao nível regional e nacional e urge que defina as políticas adequadas para superar o desafio da modernidade que, claramente, se lhe coloca nos dias de hoje.

Uma ideia que importa, desde já, reter prende-se com o facto de ser uma Região potente a nível nacional mas ainda frágil – desafio a superar nesta próxima década - na cena europeia.

A Região de Lisboa, como Região mais competitiva e coesa do país – embora “condenada” a ficar para trás no terreno da coesão social relativa – tem que eleger como prioridade quase absoluta promover a competitividade, num esforço claro de convergência para os modelos europeus mais exigentes da “economia baseada no conhecimento”.

A consolidação qualitativa da competitividade da Região deve igualmente focalizar-se em duas dimensões estruturais: a produção de externalidades positivas sobre outras regiões nacionais – pelo efeito de arrastamento a montante e a jusante das suas actividades de produção e consumo, bem como de intermediação internacional – e a preocupação com a gestão da coesão económica e social, designadamente, no que respeita à sua coesão interna, buscando a melhoria progressiva dos seus níveis de qualidade e aproximando-se dos níveis europeus.

Uma das batalhas decisivas para a Região é a internacionalização, afirmando-se a nível mundial de um modo inequívoco, valorizando os seus aspectos positivamente distintivos e percebendo que tal desiderato se plasma em diversos factores, numa perfeita articulação de domínios – ambiental, cultural, desportivo, educacional, tecnológico, sócio-urbanístico - com uma visão integrada e coerente sobre o modelo de desenvolvimento a adoptar.

Assimetrias internas, fragmentação sócio-urbanística, problemas de exclusão com tendência a agravar face às recentes dinâmicas sociais e económicas passíveis de gerar situações de forte descontrolo, sobretudo, em zonas com altos níveis de stress social, níveis muito baixos do ensino médio – mantendo altas taxas de insucesso e abandono generalizadas a todos os níveis de ensino - e forte debilidade na oferta de ensino profissional e tecnológico, aumento do desemprego, sobretudo, dos mais jovens, agravamento das condições de acesso a alguns serviços básicos, são algumas das fragilidades que ainda se apontam na Região.

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Fica claro, do diagnóstico realizado, que a coesão social na próxima década deve passar, essencialmente, pelo investimento nas “Pessoas”, focalizado nas dimensões de qualificação científica, cultural e social, prestando particular atenção aos grupos actores dos principais protagonismos sociais e das dinâmicas demográficas da sociedade actual: jovens, imigrantes e desempregados e promovendo mecanismos indutores da capacidade de acolhimento da diversidade social e cultural que se postula, crescentemente, como marca desta Região que se quer moderna e universal.

A promoção do desenvolvimento sustentável passa, igualmente, pela definição de políticas urbanísticas claras e corajosas ao nível nacional e por um comprometimento ao nível regional e local, configurando – com a consciência de que se atingiu o ponto de não retorno - um “pacto” institucional e geracional de mudança.

De referir as estratégias imobiliárias de ocupação do solo que, sem uma adequada gestão urbanística – com pensamento estratégico - à escala local (acompanhada pela assumpção plena do PROT-AML) não só contribuem para desqualificar o território, como tendem a promover uma certa depredação ambiental.

Mas a Região tem, por outro lado, singularidades excepcionais que lhe conferem significativas vantagens competitivas no panorama internacional: a orla costeira e as frentes ribeirinhas – espaços de lazer e recreio, ligados ao mar (recurso estratégico) e aos estuários –, os estuários do Sado e Tejo – geográfica, histórica, económica e ambientalmente importantes – e o espaço rural e os recursos naturais, a que deverão ser atribuídas novas funções (novos padrões de ocupação e novas formas de gestão).

Saber transformar estes recursos naturais e ambientais – preservando, valorizando e até utilizando-os numa óptica de especialização económica – numa vantagem competitiva efectiva constitui um dos principais desafios que se colocam à Região de Lisboa, demonstrando que a sustentabilidade ambiental pode – e deve - ser um factor de modernização e de modernidade.

Por outro lado, a existência de níveis superiores de ensino e de investigação relativamente elevados, a concentração do maior número de laboratórios a nível nacional, bem como o facto de ser a Região do país com maior volume de despesas ao nível de I&D e com maior diversificação de perfil de actividades neste domínio, constituem igualmente factores importantes para o desafio da competitividade internacional.

Contudo, trata-se de um caminho que ainda urge percorrer – Lisboa, também neste domínio da I&D e do conhecimento, é grande para o país mas ainda relativamente insignificante para a Europa e para o

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Mundo, tendo que claramente apostar num sistema de inovação regional orientado para a transferência internacional de conhecimento científico e tecnológico (e depois saber transformá-la em inovação!) – e, para isso, entre outros factores, importa desenvolver eficazmente as infraestruturas e equipamentos de suporte – tentando maximizar as adicionalidades induzidas externamente.

Naturalmente que este desiderato da competitividade internacional não se consuma sem a existência de uma politica de ensino, a começar no ensino básico – factor crucial - , verdadeiramente orientada para a qualificação científica e técnica que, a par de uma crescente sensibilização empresarial para a matéria, aceite frontal e descomplexadamente o desafio da excelência e assuma a necessidade de ter Recursos Humanos qualificados (facto que ainda está longe de se verificar, em termos dos padrões europeus).

Importa igualmente equacionar o desenvolvimento do sistema de ensino superior na Região relativamente à sua excelência de âmbito internacional em domínios como a engenharia e tecnologia, ciências exactas, ciências da vida e biotecnologia ou a nanotecnologia – no ensino ou na investigação, a existência de um pólo regional de excelência internacional através de uma articulação entre os diferentes estabelecimentos de ensino poderá assumir um papel relevante.

A valorização precisa e rigorosa na obtenção de patamares regionais de massa crítica ao nível da educação e qualificação dos recursos humanos, em estreita articulação com a aceleração da entrada “a sério” na utilização intensiva e generalizada das tecnologias de informação e com a adopção de modelos de especialização suficientemente enraizados nos factores avançados de competitividade, surge como uma alavanca fulcral para a obtenção de uma eficácia acrescida no desenvolvimento económico e social da região.

A aposta na sociedade do conhecimento, a par de um bom posicionamento nas Tecnologias de Informação, tem que se constituir como forte objectivo na estratégia de desenvolvimento da Região. Mas nela deve igualmente desempenhar um papel fundamental a capacidade de saber tirar partido da sua posição geo-estratégica e cultural, bem como perceber que pode assumir um papel de destaque no multiculturalismo emergente na Europa, sabendo fazer do turismo outro dos motores na sua rota de clara afirmação internacional.

Uma última nota para abordar uma questão essencial para a concretização de tudo o que temos vindo a expor – as questões da governância e da governabilidade, comum a todos os elementos em análise destacam-se como um aspecto fundamental a equacionar.

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A cidade não é feita pelos seus administradores, pelos construtores, é fruto de uma miríade de actores de interesses e formas de uso e apropriação diferenciada que têm um papel fundamental na criação do clima e identidade regional. No caso de Lisboa, a ausência de políticas integradas, salientando-se a perspectiva de que estamos perante um território - de acentuadas interdependências funcionais de actividades, redes e fluxos - que anda a ser (des) governado por dezenas de entidades é flagrante e já vai sendo explicitada em todos os fóruns de debate. Re-inventar as formas de gestão e assumir a importância não apenas do que se faz mas dos processo, das formas de fazer – torna urgente promover e desenvolver novas formas de governabilidade e governança, assentes na cooperação inter-institucional, na concertação de políticas e na capacitação institucional.

Para além da definição das medidas de política correctas e adequadas, importa que todo o aparelho do Estado (ao nível central e local) as percepcione e se reestruture por forma a se constituir num factor de desenvolvimento e não um obstáculo – disfarçado em pretextos de natureza jurídico-administrativa – à modernização dos processos e das formas de gestão.

Uma nota final para uma breve reflexão comparativa em termos das proposições fundamentais expressas no PERLVT para o período 2000-2010 e o que agora – em consequência da alteração das NUT’s e do novo quadro de programação europeia - se apresenta.

Para o horizonte de 2020 emerge claramente a tónica colocada na sociedade e na economia do conhecimento, de um modo mais acutilante do que o Plano anterior indiciava no sentido da inovação e da internacionalização, bem como a importância que se confere ao sistema de ensino, factor estratégico para a renovação das competências das gerações actuais e vindouras.

Acentuam-se as questões ligadas ao ambiente e aos recursos naturais – agora ainda mais explicitamente assumidas como factor de competitividade – destacando-se a sua riqueza, diversidade e necessidade de preservação e de utilização.

Acentua-se a importância conferida à actividade desportiva e cultural, sobretudo, no que respeita à necessidade de se qualificarem as formas e os processos de utilização das infra-estruturas e ao seu contributo para a projecção da Região a nível internacional.

Acentua-se a emergência do turismo – já indiciada no PERLVT - como um dos motores do desenvolvimento, particularmente, no que diz respeito ao segmento residencial e de lazer.

Mantém-se a preocupação em torno das questões da inclusão social – se alguns aspectos foram um pouco atenuados, designadamente, os relacionados com a requalificação urbana, outros, como os

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focos de marginalidade expressa ou latente em certas áreas urbanas, surgem de um modo bastante acutilante.

Mantém-se a preocupação com as assimetrias internas e as disparidades que persistem na Região.

Diminui a tónica nas acessibilidades mas aumenta, em contrapartida, a focalização colocada em torno das questões relacionadas com a utilização do transporte público, associadas ao ambiente e à logística.

Em síntese, para o horizonte de 2020, a Região de Lisboa tem condições endógenas para vencer os desafios que se lhe colocam, consciente de que se encontra num momento único e verdadeiramente decisivo da sua história, para cujo enfrentamento se encontra suficientemente capacitada, desde que saiba centrar-se no que é verdadeiramente estratégico e essencial – pensar global para agir regional - numa articulação perfeita entre competitividade e coesão, através de políticas públicas de base regional adequadamente ancoradas em territórios - em detrimentos de questões marginais e menos relevantes.

Importa que a Estratégia Regional: Lisboa 2020, agora proposta, venha a ser cabalmente assumida pelos diversos actores que, no terreno, serão co-responsáveis pela sua implementação, através de sinergias e complementaridades, o que se afigura tanto mais necessário quanto em causa está uma Região relativamente desenvolvida que conta, primordialmente, com as suas próprias forças de região bem sucedida na construção de uma economia coesa e inovadora, ambientalmente responsável e globalmente envolvida na criação de riqueza a partir do conhecimento, do desenvolvimento tecnológico e de competências profissionais alimentadas ao longo da vida activa.

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2. LISBOA – Capital e motor do desenvolvimento do país A Região de Lisboa destaca-se no território nacional pelo seu papel como região capital do país, centralidade - política e administrativa – que provoca fortes impactos socio-urbanisticos, económicos e culturais resultantes da concentração espacial de determinadas funções e equipamentos e do papel que desempenha na estruturação da rede urbana portuguesa. O diagnóstico, se permite situar a Região de Lisboa como um pólo central, único pela sua especialização e papel estruturador no país, chama igualmente a atenção para:

• Dificuldades de integração na rede de cidades europeias mais significativas e contínua periferização geográfica, funcional e económica.

• A manutenção da dinâmica geográfica da Região, que representa mais ¼ da população

do país, mas agora num contexto demográfico marcado pela forte imigração compensando a quebra da natalidade e conferindo um cunho marcadamente multicultural à capital portuguesa.

• Uma Região de grandes diversidades estruturais e funcionais no seu território, com fortes

disparidades e desigualdades, cuja lógica de crescimento tem sido mais extensiva do que intensiva, mais quantitativa do qualitativa, mais espontânea do que planeada.

• Uma profunda desarticulação das estruturas e serviços que suportam a mobilidade e

acessibilidade e uma viragem estratégica provocada pelos novos equipamentos estruturantes em fase de planeamento (designadamente, TGV, novo aeroporto, nova ponte).

• A relevância das questões ambientais - que apenas agora começam a ser equacionadas

em termos de modelos de uma metrópole sustentada. aaa))) AAA RRReeegggiiiãããooo nnnooo mmmuuunnndddooo Em Março de 2000,1 a Comissão Europeia estabeleceu um compromisso que ficou conhecido como a Estratégia de Lisboa: até ao final da década a União Europeia será a economia baseada

no conhecimento mais dinâmica do Mundo, capaz de um crescimento económico sustentado, com

mais e melhores empregos, e assente numa forte coesão social. A Estratégia de Lisboa advoga para a Europa uma sociedade mais competitiva baseada num conjunto de pressupostos – inovação tecnológica, formação dos recursos humanos (em termos académicos e profissionais), respeito pelas regras ambientais e laborais, e por último, como importante factor de sustentabilidade, a coesão social.

1 Reforçado em 2001 em Gotemburgo, com a vertente da sustentabilidade

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As áreas metropolitanas são territórios por excelência da organização do tecido económico e cultural e centro de desenvolvimento de competências e interacções sociais, tornando-se os actores centrais dos processos de globalização a tal ponto que, frequentemente, se transformam nos principais protagonistas dos países. Todas as cidades europeias aspiram a estar no centro da direcção económica e cultural das dinâmicas de desenvolvimento, almejando vantagens competitivas singulares e estruturantes, mas Lisboa, sendo uma cidade muito atractiva, tem tido dificuldade em se afirmar no ranking das cidades europeias, em virtude das debilidades competitivas, logísticas e de eficiência organizativa.

No contexto europeu muitas são as cidades que se pretendem associar ao comando do “eixo Paris/Londres/Bona” e são crescentes os estudos que tentam posicionar o “ranking” das cidades, Evidenciamos em seguida uma proposta elaborada pela Comissão das Regiões Periféricas Marítimas.

Figura n.º1 - Estrelas Emergentes na Europa

Fonte: CRPM; Étude sur la construction d’un modèle de développement polycentrique et équilibré du territoire,

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A “nova Região”, surgida no quadro estatístico e institucional posterior ao “phasing-out”, - Região de Lisboa - possui uma área de 2 865 km², concentrando 26% da população nacional(2,6 milhões de habitantes) com uma densidade populacional de 929 hab/km², e com 38% do PIB nacional.

A Região de Lisboa – pelas singularidades patrimoniais e naturais e ao concentrar a gestão político-administrativa do país, o emprego, as sedes sociais das empresas mais significativas, a maioria dos estudantes do ensino superior, etc. – adquire, indiscutivelmente, uma dimensão impar no país mas longe da performance europeia. A sua centralidade carece, não só de descobrir qual o seu contributo especifico para a diversidade europeia, mas também de estruturar uma rede de mobilidades e intercomunicações que ultrapassam a periferização da sua situação geográfica e a forte concorrência e pujança das cidades espanholas.

bbb... LLLiiisssbbboooaaa nnnooo pppaaaííísss

A Região de Lisboa e Vale do Tejo alcançou, na última década, importantes progressos em termos de crescimento e convergência, que a colocaram numa posição de destaque no panorama nacional. Tal não impede, contudo, que se continuem a registar fortes disparidades internas à própria Região – cuja tendência se afigura de redução – que importa apreciar de forma atenta e crítica.

PinhalLitoral

AlentejoLitoral

AlentejoCentral

LezíriaTejo

Oeste

LISBOAMega-Região de

PolarizaçãoPenínsulaSetúbal

MédioTejo

GrandeLisboa

Lisboa(NUT II)

LisboaVale do Tejo

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PIB per capita 2000-02 (Portugal=100)[ A "bolha" representa a População da Região ]

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FONTE : Avaliação Intercalar PORLVT – Augusto Mateus & Associados (cálculos com base em Augusto Mateus & Associados(2005), A Competitividade e a Coesão Económica e Social das Regiões Portuguesas, Lisboa, Estudo para o Observatório do QCAIII

Figura n.º2 - Convergência: O desempenho da Região de Lisboa no contexto Nacional e Europeu

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Trata-se de uma “mega” Região, polarizadora dos modelos de habitação, educação, transporte, produção, distribuição e consumo, bem como de população, que enfrenta como um dos principais desafios atenuar os fortes desequilíbrios internos que nela se verificam caminhando no sentido de uma verdadeira modernidade. (fazer referência à área da região, envolvente e influência – as 3 áreas) A evolução da coesão e competitividade confirma as disparidades internas, revela uma diferenciação qualitativa no desempenho do núcleo central do território regional (com ganhos significativos em matéria de competitividade) no desempenho das sub-regiões polarizadas, (com ganhos significativos em matéria de coesão, mas sem progressos efectivos em matéria de competitividade).

Figura n.º3 - Coesão e Competitividade: Região de Lisboa no contexto Nacional (1991-95/ 2000-02)

Médio Tejo2000-02

Oeste1991-95

Oeste 2000-02

Médio Tejo1991-95

Alentejo Central 1991-95

Lezíria Tejo 1991-95

Lezíria Tejo 2000-02

Pinhal Litoral 1991-95

Alentejo Central 2000-02

Pinhal Litoral 2000-02

Alentejo Litoral2000-02

Alentejo Litoral1991-95

LISBOA2000-02

LISBOA1991-95

LISBOAVALE TEJO

1991-95

LISBOAVALE TEJO

2000-02

MEGA-REGIÃOPOLARIZAÇÃO

1991-95

MEGA-REGIÃOPOLARIZAÇÃO

2000-02

Península Setúbal 1991-95

Península Setúbal 2000-02

Grande Lisboa2000-02

Grande Lisboa 1991-95

75

100

125

150

50 75 100 125 150 175

Indice Sintético de Competitividade (Portugal=100)

Indi

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Fonte: Avaliação Intercalar PORLVT – Augusto Mateus & Associados (cálculos com base em Comissão Europeia (2005), statistical Annex of European Economy, ECFIN/REP/50886/2005, Eurostat (2005), regional GDP per capita in EU25, STAT/05/13 e de múltiplas informações e documentos de trabalho elaborados pela DG régio e o Eurostat)

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b.1. A contínua tendência polarizadora de população da Região no país As dinâmicas demográficas da Região - embora em ritmo mais lento - continuam a ter um sentido positivo que se demarca da maioria das regiões de Portugal. Repare-se, no entanto, que o crescimento demográfico da Região é largamente tributário dos movimentos migratórios o que lhe confere características de multiculturalidade muito próprias. A população da Região de Lisboa registou uma taxa de variação de 5,5% entre 1991 e 2001, em resultado de um saldo migratório relativamente elevado (equivalente a 4,2% da população em 1991), que contrasta com a estabilização do crescimento natural na Região (apenas 0,5% da população de 1991). O crescimento populacional foi particularmente forte na segunda coroa exterior a Lisboa, enquanto a primeira coroa manifesta uma tendência para a estagnação e mesmo perda da população, com particular destaque para a cidade capital. Na década final do século passado torna-se clara uma tendência de alastramento da área metropolitana - que extravasa os seus limites administrativos - e estende a sua influência muito para além da região dita metropolitana

Figura n.º4 - Variação populacional na Região de

Lisboa – 1991/2001

Fonte: Atlas da Área Metropolitana de Lisboa, 2003

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Tabela n.º1 - Indicadores territoriais e demográficos A próxima década será marcada pela emergência de um novo quadro demográfico para o país, com tendências já previsíveis do crescimento da população, apresentando os dados disponíveis para a Região de Lisboa tendências de continuidade do seu crescimento demográfico. Segundo as previsões do INE, de 2003 a 2015 a Região terá mais 5,79% do que a sua actual

Fonte: CCDRLVT; INE Censos de 1991 e 2001

População Residente Zona geográfica

Área 2003 (Km²)

Freguesias 2003 2001 1991

Taxa de variação da população 1991 - 2001 (%)

Densidade populacional (Hab/Km²)

Portugal 91 946,7 4 257 10 356 117 9 867 147 5,0 113 RLVT 11 656 525 3 467 483 3 289 486 5,4 297 Região de Lisboa 2 865 211 2 661 850 2 520 708 5,5 929 Grande Lisboa 1 346,8 153 1 947 261 1 880 215 3,5 1 446 Amadora 23,3 11 175 872 181 774 -3,2 7 553 Cascais 97,1 6 170 683 153 294 11,3 1 758 Lisboa 84,6 53 564 657 663 394 -14,9 6 673 Loures 168,5 18 199 059 192 143 3,6 1 181 Odivelas 26,6 7 133 847 130 015 2,9 5 027 Oeiras 45,8 10 162 128 151 342 7,1 3 538 Sintra 313,6 20 363 749 260 951 39,4 1 160 Vila Franca de Xira 295,6 11 122 908 103 571 18,7 416 Mafra 291,6 17 54 358 43 731 24,3 186 Península de Setúbal 1 517,8 58 714 589 640 493 11,5 471 Alcochete 94,5 3 13 010 10 169 27,9 138 Almada 70,2 11 160 825 151 783 6,0 2 291 Barreiro 31,8 8 79 012 85 768 -7,9 2 487 Moita 55,3 6 67 449 65 086 3,6 1 221 Montijo 340,8 8 39 168 36 038 8,7 115 Palmela 462,9 5 53 353 43 857 21,7 115 Seixal 95,5 6 150 271 116 912 28,5 1 573 Sesimbra 195,0 3 37 567 27 246 37,9 193 Setúbal 172,0 8 113 934 103 634 9,9 663

Figura n.º5 - Saldo Migratório na Região de Lisboa (1991/ 2001)

Fonte: Atlas da Área Metropolitana de Lisboa, 2003

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população o que significa que, face ao total de população nacional, continuará a aumentar a percentagem de população que aí reside (em 2003 a Região de Lisboa acolhia 26,16% da população nacional e em 2015 passará para 27,38%).

Apesar do crescimento positivo, as novas projecções demográficas lançadas para a Região apontam para uma ligeira tendência de envelhecimento da população (na base e no topo). No entanto, quando comparada a pirâmide etária na Região de Lisboa e em Portugal, conclui-se que ao nível nacional esse envelhecimento tenderá a ser mais acentuado. Mas o envelhecimento da população poderá ter implicações sérias no futuro da Região, quer a nível social, quer ao nível económico, sendo necessário rejuvenescer a população e contrariar a tendência verificada até aqui.

População Total Variação % face ao total nacional

2003 2010 2015 2003-2010 2010-2015 2003-2015 2003 2010 2015

Portugal 10474685 10626062 10586682 1,45 -0,37 1,07

Região de Lisboa 2740237 2877178 2898903 5,00 0,76 5,79 26,16 27,08 27,38

Norte 3711797 3759372 3753063 1,28 -0,17 1,11 35,44 35,38 35,45

Centro 2366691 2324619 2281495 -1,78 -1,86 -3,60 22,59 21,88 21,55

Alentejo 767549 731455 703520 -4,70 -3,82 -8,34 7,33 6,88 6,65

Algarve 405380 435488 446316 7,43 2,49 10,10 3,87 4,10 4,22

R.A. Açores 240024 247860 251868 3,26 1,62 4,93 2,29 2,33 2,38

R.A. Madeira 243007 250119 251514 2,93 0,56 3,50 2,32 2,35 2,38

Figura n.º6 - Índice de envelhecimento da população - 2001

Fonte: INE - Censos 2001

O índice de envelhecimento da população é muito semelhante na Região e no país: para cada 100 jovens existem 103 idosos na Região de Lisboa e 102 no país. Destaque para o concelho de Lisboa, com o valor mais elevado (203)

] 123; 203 ]

] 100; 123 ] ] 95; 100 ] ] 81 ; 95 [

] 67; 81 [ ] 57; 67 [

Fonte: INE – Estimativas demográficas, 2003

Tabela n.º2 - Previsão Demográfica

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b.2. Uma região multicultural: entre o risco de segregação e a riqueza da diversidade As diversidades e as especificidades da Região não se verificam apenas ao nível da estrutura territorial e económica – como veremos adiante – mas igualmente no que refere aos traços de dinâmicas sócio-culturais – positivas e negativas – características da principal região metropolitana do país.

A Região distingue-se, em primeiro lugar, pela sua multiculturalidade. A Região de Lisboa convive com uma grande diversidade de culturas pela imigração que acolhe, pelas inúmeras actividades que oferece, pela importância do turismo, pela atracção que exerce, pelas rotas que aqui convergem. Esta diversidade, introduzindo uma enorme riqueza cultural, proporciona – pela tolerância e abertura que induz – a promoção de interacções positivas e o aprofundamento dos mecanismos democráticos da sociedade portuguesa.

Por outro lado, e em reforço dessa multiculturalidade, existe uma característica muito sublinhada por aqueles que nos visitam: uma sociabilidade de proximidade, um valor de vizinhança nas relações com todos, incluindo visitantes.

] 5.5 ; 7.1 ]

] 3.5 ; 5.5 ] ] 2.5 ; 3.5 ] ] 2.0 ; 2.5 [

] 1.4 ; 2.0 [

Percentagem

Figura n.º 7 - Proporção de população de nacionalidade estrangeira - 2001

Fonte: INE - Censos 2001

A importância da população estrangeira na Região é mais do dobro da importância que esta população assume no país, tendo-se acentuado a tendência de concentração de estrangeiros na Região de Lisboa na última década. Destaque para os concelhos da Amadora, Loures, Sintra e Cascais, com uma maioria de residentes estrangeiros de nacionalidade dos PALOP.

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ccc... LLLiiisssbbboooaaa::: dddaaa mmmeeetttrrrooopppooolll iiizzzaaaçççãããooo aaa mmmeeetttaaapppooolll iiizzzaaaçççãããooo A importância da Região de Lisboa faz com que ela organize um território de hinterland muito mais alargado e que integre a rede de capitais europeias como a maior metrópole portuguesa.

O PNPOT afirma claramente a importância da Região de Lisboa no contexto das regiões europeias e na estruturação regional do país, considerando que o seu modelo de povoamento e de urbanização está fortemente influenciado pela estruturação da AML e reconhece que “o seu papel estruturante

extravasa os limites administrativos e se prolonga por espaços adjacentes polarizando funcionalmente

um vasto território que vai de Leiria a Évora e a Sines”.2

A Região de Lisboa é, hoje, uma entidade territorial alargada cuja polarização se estende, ao longo do Vale do Tejo, do Litoral Centro e do Alentejo, muito para além dos seus limites administrativos, com um modelo territorial expresso na interdependência de três dimensões territoriais.

A melhoria das condições de acessibilidade proporcionadas pela expansão e modernização das infra-estruturas de transportes tem constituído um dos principais indutores da reconfiguração da Região de Lisboa e do seu alargamento e da sua área de influência.

2 PNPOT, pág. 92

Área Metropolitana

Central

Contínuos urbanos que envolvem as duas margens do Tejo e pelos espaços mais directamente dependentes e articulados com o núcleo central metropolitano - a cidade de Lisboa

Periferia Metropolitana

Estrutura urbana com tendência e bases para a polinucleação, descontínua, fortemente interdependente, com uma estreita relação entre espaços urbanos e rurais, na qual se destaca - pela dimensão demográfica, dinâmica económica e relativa autonomia funcional em relação à Área Metropolitana Central - um conjunto de centros

Região de

Polarização Metropolitana

Vasto espaço do território nacional, palco de relações económicas, sociais e culturais em grande parte induzidas e polarizadas pela Área Metropolitana Central

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Nesta nova dimensão territorial, a Região tende a passar, de uma estrutura centrada e quase exclusivamente dependente de Lisboa, a um sistema territorial complexo no qual a Periferia Metropolitana desempenha, cada vez mais, funções de articulação inter-regional e um papel importante na organização e equilíbrio da Região Metropolitana.

Figura n.º 8 - Dinâmicas Territoriais na Região de Lisboa

Fonte: PROT - CCDRLVT

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c.1. Uma Região de diversidades e de disparidades Hoje, a metrópole de Lisboa, fruto das alterações estruturais recentes, associadas às novas acessibilidades e à relocalização de actividades e funções anteriormente concentradas na cidade de Lisboa – atente-se, como exemplo, nos parques de escritórios – gera e potencia novas dinâmicas territoriais alargadas que originam sete tipos de espaços que o PROTAML define como: Espaços motores, Espaços emergentes, Áreas dinâmicas periféricas, Espaços naturais protegidos, Espaços problema, Áreas com potencialidades de reconversão/inovação e Áreas críticas urbanas.

A Região de Lisboa está longe de ser um espaço homogéneo, em termos naturais, funcionais, culturais, ou económicos, confrontando-se com aspectos complexos e de particular relevância para a concretização de uma estratégia de desenvolvimento sustentável: a forte heterogeneidade existente no seu interior e a presença de uma metrópole que é, simultaneamente, a capital e a cidade mais importante do país. Assenta essa heterogeneidade em situações de natureza muito distinta: umas, traduzindo a existência de diversidades - potencialmente positivas – outras, reflectindo a ocorrência de disparidades – potencialmente negativas. Pelas economias de complementaridade que permite explorar, a diversidade patrimonial (natural, paisagística, histórica e cultural), económica e organizacional (empresas e instituições) representa um potencial benéfico para o desenvolvimento da Região que, todavia, não deixa de se confrontar com diversas limitações:

• em primeiro lugar – e não raras vezes - por tensões em torno de estratégias concorrenciais de ocupação do solo, com consequências gravosas ao nível da degradação ambiental e dos mercados fundiário e mobiliário

• em segundo lugar, a diversidade não foi ainda acompanhada por processos de articulação

suficientemente intensos em termos de diferenciação de funções e de tipos de uso do solo para promover a complementaridade situação que, agravando as tensões referidas no ponto anterior, não tem permitido beneficiar plenamente das sinergias e das economias de escala potencialmente existentes.

Capazes de se transformarem numa real fonte de desenvolvimento, as diversidades existentes no interior da Região deverão ser mais interactivas, coerentes e coesas e, simultaneamente, integrarem-se em estratégias explícitas de complementaridade.

Considerando a ocorrência de disparidades, colocam-se problemas complexos de coesão social, económica e territorial e a Região acumula quatro tipos de situações, distintas e problemáticas:

• Manutenção de bolsas significativamente deficitárias em infraestruturas e equipamentos sociais básicos em diversas áreas, nomeadamente, suburbanas e rurais

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• Desenvolvimento de novas formas de marginalidade e de exclusão, típicas das crescentes

fragmentações sócio-urbanísticas que caracterizam as grandes metrópoles contemporâneas

• Existência de problemas associados à reconversão ou declínio de actividades tradicionais relacionadas com agricultura, pesca ou com certo tipo de indústrias caídas em desuso.

• Diversidade social e das condições de vida entre a Grande Lisboa e a Península de Setúbal

A gestão criativa e inteligente das diversidades e das disparidades que é possível encontrar no interior da Região constitui um dos grandes desafios a vencer com vista ao estabelecimento de um espaço de modernidade e coesão metropolitana.

c.2. Estrutura Metropolitana Distendida com Tendência para a Nucleação A Região reflecte, hoje, o crescimento acelerado das décadas de 60 e 70 marcado pelas migrações campo-cidade e fluxos migratórios vários do exterior, traduzido no crescimento residencial suburbano com base na rede urbana pré-metropolitana e na ocupação dispersa do espaço rural, tendo como principais consequências:

• grande dispersão das implantações residenciais e das actividades,

• forte consumo de solo rural,

• forte presença de crescimento não licenciado,

• acentuada diversidade morfológica e tipológica das áreas urbanizadas nem todas de qualidade mínima,

• deficiente infra-estruturação e equipamento,

• forte interpenetração dos espaços urbanos com os espaços rurais,

• dispersão e fragilidade do sistema de transporte público,

• concentração e densificação habitacional sobre os eixos de transportes radiais em relação a Lisboa..

As fracturas sócio-urbanísticas – não directamente provocadas pelo território mas nele incidentes - existentes devido às dinâmicas de exclusão que representam, podem tornar-se numa ameaça real, se não forem compensadas por mecanismos de inclusão mais poderosos. São exemplos, entre outros, destas situações, o desemprego, a debilidade das estruturas e dinâmicas de educação e formação profissional, o enfraquecimento dos laços familiares, a delinquência.

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Outras, bem mais especificamente territoriais - como a desintegração do tecido urbano e consequentes dificuldades nas acessibilidades, as “bolsas de pobreza” e degradação do parque habitacional ou a degradação do património cultural – originam manchas de habitação precária, áreas de construção tradicional degradadas, zonas de origem clandestina ou áreas centrais em desertificação. Em larga medida, essas debilidades são tributárias da não modernização e da desadequação crescente das infra-estruturas de suporte à vida urbana e, muito especialmente, da inexistência de equipamentos descentralizados de desporto, lazer, cultura e participação cívica. Essa “não modernização” é ainda reforçada pela insuficiência das formas de participação e usufruto da cidade – ao serviço dos cidadãos – e pela exclusão de um número crescente de habitantes dos benefícios do desenvolvimento – salientando-se aqui, além dos jovens, os idosos e as populações rurais isoladas.

Estes factores, porque se reforçam mutuamente, induzem formas sócio-urbanísticas problemáticas especialmente fortes e perigosas enquanto causadoras de degradação dos espaços urbanos, do desemprego, das carências e degradação da habitação, do insucesso escolar, do baixo nível de habilitações da população residente e da marginalização juvenil. Mas a Região vem adquirindo uma nova estruturação (potenciada nos últimos anos pelas infra-estruturas de transporte criadas), proporcionando melhores e mais qualificados padrões de vida à generalidade da população, através da fixação de actividades, reforço das redes de equipamentos e serviços e melhoria geral do quadro de vida fora da cidade de Lisboa. O novo período de crescimento deve regular o crescimento extensivo e disperso, adoptando um modelo territorial baseado nos princípios da cidade compacta (com maior importância atribuída à reabilitação e qualificação dos espaços construídos existentes, centrais e periféricos) e da polinucleação (complementaridade interna qualificando as relações entre espaços urbanos e rurais, emergência de novas centralidades, garantia de uma organização territorialmente mais sistémica) e afirmando-se como uma Região metropolitana polinucleada em substituição do actual modelo radiocêntrico e fragmentado. Face ao cenário de acumulação dos factores sociais e urbanísticos geradores de exclusão social, de fortes assimetrias e de fragmentação territorial - comprometendo claramente os fundamentos da coesão social e podendo tornar-se uma ameaça real – importa buscar um novo caminho assente em estratégias de desenvolvimento que coloquem as pessoas e a coesão socio-territorial nas prioridades.

Page 26: Informação para a União Europeia sobre a Estratégia de Lisboa para a Região de Vale do Tejo

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c.3. A Metrópole das duas margens

Com as novas acessibilidades construídas em finais do século passado, tende a reforçar-se a integração e a coesão entre as margens Norte e Sul do Tejo, entre a Grande Lisboa e a Península de Setúbal. Contudo, ainda se verificam significativas diferenças e disparidades entre estes dois territórios, administrativamente reunidos na Área Metropolitana de Lisboa. Essas diversidades resultam das especificidades dos territórios (factor positivo) e da tradicional subalternização da Península de Setúbal relativamente a Lisboa (factor negativo), Relativamente à margem Norte, a Península de Setúbal apresenta condições naturais que a qualificam para o turismo e o lazer; para acolher deslocalizações industriais da Grande Lisboa; para a localização da logística de articulação com o Alentejo, a Espanha e o Algarve; e um valioso potencial de expansão do Porto de Setúbal face à saturação (em termos das mercadorias) do Porto de Lisboa.

] 2 189 ; 3 463 ] ] 1 314 ; 2 189] ] 722 ; 1 314] ] 285 ; 722] ] 47 ; 285]

Alojamentos por Km²

Fonte: INE - Censos 2001

A Região de Lisboa apresenta uma densidade de alojamentos 8 vezes superior à do país. Ao nível da ocupação urbana, a densidade de alojamentos diminui do centro (Lisboa) para a periferia.

Figura n.º 9 - Densidade dos alojamentos - 2001

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De salientar o papel de charneira que esta sub-região pode desempenhar na articulação da Área Metropolitana de Lisboa com o Alentejo, a Estremadura Espanhola e o Algarve, em particular através da logística e do turismo. Por outro lado, destaca-se a igualmente a função da logística metropolitana (eixo Marateca/Pegões/Porto Alto) que, assumindo dimensão e relevância aos níveis regional, nacional e ibérico, pode funcionar como eixo de coesão territorial. A Estratégia regional aposta na valorização das singularidades da Península de Setúbal, com particular destaque para a qualidade dos seus recursos ambientais - os espaços rurais, a serra da Arrábida, os Estuários do Sado e do Tejo e a orla costeira - e na atenuação das disparidades com vista a reforçar a unidade, a coesão e a governabilidade metropolitanas. As reuniões realizadas e o diálogo encetado com os actores da Península de Setúbal visam concertar ideias e projectos tendo em conta esse objectivo.

Indicadores – R.L.V.T. / A.M.L. / PENÍNSULA SETÚBAL

9 78618 18316 40512 460PIB per capita (Euros) 2003

6 25742 75749 252106 993VAB pb (milhões de Euros) 2003

76 571313 883413 5881 085 004Empresas333 6061 284 6731 637 1204 450 711

Emprego (pop. Empregada em 2001)

366 3501 389 9391 783 1004 778 115População Activa714 5892 661 8503 534 07610 356 117Habitantes

1 5182 86511 65691 947Superfície (Km2)

PENÍNSULAAMLRLVTCONTINENTE

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Em termos sintéticos podemos apontar, relativamente esta sub-região os seguintes: PONTOS FORTES

Qualidade e singularidade dos recursos naturais – uma das mais ricas regiões do país e da Europa em biodiversidade e com o mais extenso aquífero do Continente (bacia Tejo/Sado)

Tradição industrial – Recursos Humanos qualificados Condições portuárias com possibilidades de expansão (faixa contínua de expansão de cerca

de 12 Km) Dinâmica associativa

PONTOS FRACOS

Monoindustria (fraca diversificação da actividade económica e emprego – forte centramento nas áreas da Metalomecânica e nos Serviços de estruturação urbano/turística)

Excessiva e tradicional dependência de Lisboa Acessibilidades internas

TENDÊNCIAS

Emergência do Turismo (residencial e de lazer) Reforço das ligações Norte/Sul, quebrando a barreira do Tejo (TVG, Comboio 25 Abril, nova

ponte?) Diversificação industrial Estratégia de coordenação/ articulação entre os portos de Setúbal / Lisboa e Sines com

Administração conjunta para os Portos de Lisboa e Setúbal

ddd))) LLLiiisssbbboooaaa,,, mmmooobbbiii lll iiidddaaadddeeesss eee aaammmbbbiiieeennnttteeesss

d.1. As dinâmicas actuais de mobilidade regional e nacional

Se, em todo o mundo, a questão das mobilidades internas e externas estão no centro de atenção da estruturação metropolitana e das cidades modernas, por maioria de razão em Lisboa a questão das mobilidades e acessibilidades deve assumir um lugar central no equacionar do futuro da Região. A centralidade da Região, a especificidade da localização das actividades politico-administrativas e económicas - a par da crescente expansão das áreas de influência da Região num pais de pequena dimensão como Portugal - devem estruturar uma Região cada vez mais polinucleada onde cada espaço encontra um lugar próprio dentro da rede urbana metropolitana e nacional.

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A cidade de Lisboa é, indiscutivelmente, o pólo central e federador da Região que, apesar da perda de população residente - com consequências sociais e urbanísticas negativas, sobretudo, nas áreas centrais e com impactes ambientais significativos nos vários descritores em virtude da expansão urbana em áreas periféricas e da inevitável perda de património natural e paisagístico - continua a concentrar a maior parte do emprego e a sede das empresas da Região sofrendo, com isso, uma crescente pressão dos movimentos pendulares diários (a maior parte dos quais se fazem em transporte individual).

No entanto, há que registar que a melhoria das infra-estruturas de transportes na última década tem vindo a desenhar uma tendência para a localização de empresas de serviços e de grandes superfícies comerciais nos concelhos periféricos de Lisboa, o que contribuirá para reduzir a polarização da cidade de Lisboa na Região, bem como para reforçar novas centralidades metropolitanas e novas dinâmicas territoriais. No domínio da mobilidade, o actual modelo de ordenamento do território origina consequências a dois níveis:

• no alongamento das distâncias e no aumento das viagens motorizadas, em virtude da deslocalização de população para as áreas periféricas

• na redução da funcionalidade dos transportes colectivos e na crescente concentração das deslocações no transporte individual, cujas causas são:

a pulverização de origens e destinos - com deslocação de habitação,

emprego e serviços para áreas periféricas afastadas dos principais eixos de transporte colectivo

o facto das melhorias ao nível das infra-estruturas rodoviárias não terem

sido acompanhadas de perto por similar aumento de qualidade ao nível dos transportes públicos

O aumento da taxa de motorização, o melhor ajuste do automóvel à poli-actividade e aos horários de actividade atípicos (maior flexibilidade, disponibilidade e comodidade), a deficiente percepção dos custos sociais dos diferentes modos de transporte - que se continua a traduzir numa imagem excepcionalmente favorável do transporte privado - e as dificuldades do sector público na gestão da mobilidade, na fiscalização da utilização do espaço público e na transmissão de mensagens claras e coerentes de política de transportes, são factores que acentuam os efeitos do crescimento suburbano acima referidos nas últimas décadas.

A elevada pressão sobre a procura de transporte individual (resultado da conjugação destes factores) conduziu à degradação do serviço das infra-estruturas rodoviárias, com situações de elevado

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congestionamento e de carência de estacionamento (sobretudo nas áreas centrais) o que, na falta de investimento na afectação prioritária das infra-estruturas aos transportes públicos e de esquemas de desincentivo ao transporte privado, contribui para a degradação da qualidade do sistema de transportes públicos de superfície (em particular, dos autocarros).

Desta forma, regista-se um aumento significativo das deslocações em transporte individual na Região de Lisboa – num movimento inversamente proporcional ao da utilização de TC - que em 2001 contava já com mais de metade das viagens motorizadas. A par da redução da quota dos modos de transporte colectivo e das deslocações a pé, registaram-se perdas em valor absoluto na utilização do sistema de transportes públicos3 – Metro, Caminho de Ferro, Transportes Fluviais, Autocarros.

Esta situação de intenso tráfego automóvel origina o aumento do nível de poluentes atmosféricos, nomeadamente, partículas inaláveis, com fortes impactes em termos de qualidade do ar urbano e igualmente ao nível das emissões de gases com efeito de estufa. As novas acessibilidades construídas na Região no passado recente consistiram em infra-estruturas rodoviárias, ferroviárias e na melhoria de serviços prestados pelo sistema de transporte público. Estas novas acessibilidades desenvolvem-se tanto a nível interno da Região, com a construção da rede viária estruturante (CRIL – cuja conclusão se impõe com urgência -, CREL, Radiais, Ponte Vasco da Gama) e com o alargamento e melhoria da rede ferroviária, como na articulação da Região com o país (auto-estradas do Oeste, de Évora e do Sul, caminho-de-ferro do Norte). 3 Um dos exemplos mais dramáticos dessa perda é o da Carris que, entre 1997 e 2001, perdeu cerca de 20% dos passageiros.

Outro Meio

TransportePrivado

TransporteColectivo

Nenhum-apé

1991 2001

Figura n.º 10 – Principal meio de transporte utilizado nos movimentos

pendulares na Região de Lisboa

Fonte: INE - Censos 2001

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A melhoria global da infra-estrutura de transportes reflecte-se, sobretudo, na melhoria das acessibilidades transversais - rompendo com a tradicional predominância dos eixos radiais centrados em Lisboa - e no reforço das acessibilidades entre as duas margens do Tejo, criando novas condições de mobilidade na Região e centrando áreas que até há bem pouco tempo eram marcadamente periféricas.

Contudo, há que assinalar as diferenças quanto ao tipo de acessibilidades criadas pelas novas infra-estruturas de transporte, na medida em que as condições de acessibilidade em transporte público e em transporte individual mantêm significativas diferenças territoriais, fazendo-se sentir em sectores fortemente urbanizados da margem norte que não dispõem ainda do modo de transporte público pesado (eixo de Loures) e da margem sul, onde a linha Barreiro/Pinhal Novo/Setúbal presta um serviço desadequado às necessidades do sistema urbano, uma vez que a nova linha “Ponte 25 de Abril/Fogueteiro” serve, sobretudo, a concentração populacional em Almada/Seixal.

As tensões existentes no domínio da mobilidade urbana na Região de Lisboa prejudicam a fluidez das deslocações e a interacção entre as pessoas, o que representa uma barreira à funcionalidade urbana, à competitividade4, à qualidade de vida e ao desenvolvimento sustentável da Região.

A complexidade da mobilidade urbana na Região de Lisboa e a falta de articulação entre as diferentes componentes do sistema, exige uma intervenção global, articulada, clarificadora e persistente na resolução destes problemas.

d.2. Mobilidades Internacionais: Os Portos, o Aeroporto e o TGV

O PROT equaciona - para um futuro de curto e médio prazo - infra-estruturas de mobilidade de grande porte que vão reconfigurar a região e a sua área envolvente pelo enorme impacte sócio-urbanistico que comportam, nomeadamente, o novo aeroporto, a construção do TGV, uma nova ponte de travessia do Tejo, a que se acrescenta a revitalização dos portos de Lisboa e Setúbal (podendo ainda considerar-se o de Sines).

O Sistema Logístico Para a Região de Lisboa a logística e os transportes traduzem uma oportunidade fundamental no sentido do fomento da competitividade económica uma vez que, aliado a uma série de desenvolvimentos a nível global (que estão a tornar mais relevantes os factores associados aos transportes, logística e acessibilidades), existe um conjunto de investimentos estruturantes que

4 Qualquer economia de serviços, como é o caso da AML, depende fortemente das interacções entre as pessoas e da fluidez nas deslocações.

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apontam para a criação de um sistema logístico nacional integrado – entre outros, o desenvolvimento do porto de Sines como uma grande plataforma internacional de tráfego de contentores, a criação da rede de plataformas logísticas, a melhoria da rede nacional de acessibilidades, as questões da integração da ferrovia nas redes transeuropeias de transporte.

A posição da Região de Lisboa como um importante pólo de geração de tráfego, o seu posicionamento geográfico, as condições naturais dos seus portos, o facto de estar dotada de um sistema portuário desenvolvido e da melhor rede de acessibilidades do país, são factores que favorecem o aproveitamento das dinâmicas de desenvolvimento mundial na área da logística.

Todavia, nessa perspectiva há factores que terão de ser minimizados, de que se destacam:

• os constrangimentos físicos ao crescimento do Porto de Lisboa e à articulação entre Lisboa e Setúbal (travessia do Tejo)

• a insuficiente articulação do sistema de infra-estruturas intermodais e o atraso no desenvolvimento da rede de plataformas logísticas - como seu reflexo observa-se no sistema de transporte de mercadorias da Região de Lisboa um predomínio do transporte rodoviário, apenas quebrado no transporte internacional, onde a primeira posição é ocupada pelo transporte marítimo (em termos de carga transportada mas não em termos de valor), enquanto que a quota do transporte ferroviário é quase insignificante, sobretudo no transporte internacional.

• a posição periférica de Portugal na Europa em termos de acessibilidades terrestres

• a dependência relativamente à estratégia Espanhola de transportes, e acessibilidades e de logística, são factores que terão de ser encarados e minimizados.

A existência e desenvolvimento de plataformas logísticas e centros de transporte tem contribuído em larga medida para reduzir os custos logísticos das empresas. Nesse sentido, o desenvolvimento das acessibilidades rodoviárias e ferroviárias às redes transeuropeias de transporte, do aeroporto de Lisboa, dos Portos de Lisboa e Setúbal, da articulação com Sines e das principais áreas logísticas da Região de Lisboa5, são aspectos fulcrais no aproveitamento das dinâmicas de desenvolvimento na logística.

Os Portos A Região de Lisboa dispõe no seu território de duas infra-estruturas portuárias de âmbito nacional – os Portos de Lisboa e de Setúbal. A posição geográfica e as condições naturais do Porto de Lisboa tiveram uma importância decisiva no desenvolvimento da cidade, na afirmação da região como a mais 5 Bobadela/Alverca, Carregado/Azambuja, Coina/Palmela e Pegões/Marateca

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dinâmica do país e como a principal metrópole do Oeste Peninsular. Porém, o contínuo crescimento urbano e portuário suscitou a ocorrência de conflitos – restrições na relação da cidade com o rio, no desenvolvimento do porto e na respectiva acessibilidade terrestre. Não obstante o estudo de variadas soluções de ordenamento com vista à optimização das actividades no porto de Lisboa e à resolução dos estrangulamentos de acessibilidade, a maioria dos problemas continua sem resposta, resultando daí a perda de importância relativa do Porto de Lisboa no contexto nacional e europeu e a afirmação do Porto de Setúbal como porto comercial. Entre as dificuldades do sector marítimo-portuário em Portugal, com reflexo nos portos da Região de Lisboa, contam-se a complexidade de procedimentos entre autoridades, deficiências nos meios de produção e a indefinição ao nível da estratégia do sector e da forma de articulação entre as várias componentes do sistema logístico (em particular, entre os dois portos existentes na região e destes com o Porto de Sines e ligações internacionais em estudo). No quadro da resolução destes problemas assume especial relevo a definição do Plano Nacional de Plataformas Logísticas.

Os Aeroportos A Região de Lisboa conta no seu território com vários aeródromos (militares e civis) e com um único aeroporto utilizado pelas companhias aéreas comerciais – Aeroporto da Portela. Localizado dentro do concelho de Lisboa, o aumento de capacidade da Portela enfrenta fortes restrições, dada a inexistência de espaço livre para a sua expansão. Atendendo ao aumento esperado do tráfego aéreo e à previsão de que na próxima década a capacidade da Portela ficará esgotada, foi recentemente assumida a decisão estratégica de construir um novo aeroporto (NAL). Considerando os impactes ambientais das diferentes alternativas e os inconvenientes operacionais e comerciais associados à operação conjunta de dois aeroportos, a decisão estratégica assume ainda a construção do NAL na Ota e o encerramento simultâneo da Portela. A deslocalização do aeroporto do Concelho de Lisboa para o de Alenquer terá fortes impactes sobre o território nas suas múltiplas vertentes, com particular destaque para as actividades que interagem directamente com o transporte aéreo (como é o caso do turismo, dos transportes e da logística), cujas consequências importa atempadamente equacionar.

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O TGV A mobilidade internacional da Região de Lisboa em modo ferroviário é assegurada pela linha do Norte em articulação com as linhas da Beira Alta (para França e Norte de Espanha), do Minho (para Vigo) e do Leste e Ramal de Cáceres (para Madrid). A reduzida capacidade das ligações existentes e a posição geográfica periférica motivaram a inclusão de um conjunto de projectos de ligação de Portugal à Europa na lista de projectos prioritários no âmbito da Rede Trans-Europeia de Transportes, que inclui as ligações Lisboa-Madrid e Lisboa-Porto em comboio de alta velocidade. A redução dos tempos de viagem (e do custo generalizado de transporte) proporcionada pela exploração de linhas de alta velocidade tem induzido aumentos significativos na mobilidade, nos contactos sociais e nas relações intermetropolitanas, promovendo a integração dos mercados, a dinamização da actividade económica (turismo, etc.) e a expansão da área de influência das metrópoles abrangidas. O carácter prioritário atribuído à concretização destas ligações confere-lhes um papel central na estratégia da Região de Lisboa. Para a viabilidade do projecto do TGV e para a maximização dos potenciais benefícios na região serão determinantes questões como o nível de articulação com o sistema logístico, a interoperabilidade com a rede existente, a integração vertical com o sistema de transportes metropolitano (e nacional) e a inserção territorial da infra-estrutura, com particular destaque para a localização da estação de TGV em Lisboa, para a localização da travessia do Tejo e para os respectivos efeitos sobre o ordenamento do território e sobre a gestão do espaço urbano. Em síntese, persiste na Região de Lisboa:

• ausência de planeamento e de uma gestão integrada dos sistemas de transportes

metropolitanos

• insuficiência e deficiências de qualidade na intermodalidade

• inadequação dos sistemas de informação e de bilhética

• insuficiente oferta de transportes colectivos para os eixos e horários de procura elevada

• estacionamento (e cargas/descargas) em Lisboa com grave indisciplina e oferta insuficiente em alguns locais

• deficiente acesso aos transportes colectivos para pessoas de mobilidade reduzida

• alguns “missing links”, rodoviários, ferroviários, marítimos e até pedonais

• carência de zonas de actividade logística nos terminais marítimos e aéreos.

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d.3. O meio ambiente: distintivo e constrangedor Um pouco por todo o lado a nível mundial, a preocupação ambiental assume, nos nossos dias, novo fulgor e atenção, em larga medida devido aos fortes impactos negativos que a cidade e as actividades humanas em geral têm sobre as condições ambientais - seja a poluição do ar, o desperdício e qualidade de recursos não renováveis como a água ou o excesso de recurso ao petróleo como base de funcionamento das cidades modernas. É também a este nível que as cidades modernas têm inovado, incorporando na gestão urbanística quotidiana mecanismos e formas de reciclagem com efeitos quase imediatos sobre o ambiente mas cuja efectivação exige uma adesão alargada de vários parceiros sociais - públicos e privados. Lisboa sofre já de impactos muito significativos a este nível, para os quais precisam de ser equacionadas e encontradas novas soluções inovadoras e sustentáveis.

Também neste domínio Lisboa evidencia as contradições inerentes ao papel que ocupa no panorama nacional: se, por um lado, possui excelentes condições ao nível do património natural e paisagístico – verdadeiro trunfo num quadro de competitividade territorial – por outro enferma dos males modernos de uma região capital.

A Região de Lisboa precisa de passar do ciclo da cobertura universal ao ciclo da qualidade, eficiência, segurança e reutilização ao nível das infra-estruturas ambientais, percepcionando que a aposta na qualidade do ambiente se constitui claramente como uma vantagem competitiva, geradora de fortes impactos positivos aos mais diversos níveis.

O ar, a água e o ruído No actual contexto, os grandes desafios ambientais da Região de Lisboa situam-se ao nível das emissões de poluentes atmosféricos, incluindo partículas, com origem no sistema de transportes da gestão de resíduos sólidos urbanos, da utilização da água, da gestão de espaços verdes e da recuperação ambiental de zonas degradadas ligadas no passado a zonas industriais em declínio ou áreas de construções clandestinas. Mas colocam-se igualmente em torno das questões da eco-eficiencia e da eficiência energética, porquanto elas vêm assumindo acuidade crescente, particularmente, num território com o perfil de ocupação que este apresenta.

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Em comparação com a situação nacional, a Região de Lisboa é medianamente rica em recursos hídricos superficiais, e singularmente rica em recursos hídricos subterrâneos: o aquífero profundo da bacia sedimentar do Tejo e Sado representa o maior reservatório de água doce da Península Ibérica. Neste contexto, a poluição (e.g. efluentes domésticos e industriais, escorrências agrícolas e urbanas) dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos tem vindo a colocar em risco os sistemas ambientais e a saúde pública. Apesar de algumas melhorias verificadas nos últimos anos, os resultados obtidos ficam aquém do desejado, persistindo situações a exigir medidas urgentes que eliminem ou mitiguem estes problemas. Especificamente em relação à qualidade das águas subterrâneas os progressos são pouco significativos, continuando as situações de extracção de águas subterrâneas sem qualquer controlo ou deposição clandestina de resíduos perigosos.

Para efectivar a gestão dos recursos hídricos regionais os Planos de Bacia Hidrográfica e os Planos de Ordenamento de Albufeiras constituem instrumentos fundamentais, pelo que urge assegurar a sua implementação e articulação.

Em 2003, 92% da população portuguesa (9,6 milhões de pessoas) tinha abastecimento público domiciliário de água (INE, 2005), verificando-se um aumento progressivo entre 2001 e 2003. A Região de Lisboa apresenta um valor que reflecte o bom desempenho alcançado, quase a atingir 100% Saliente-se ainda que ao nível do abastecimento de água subsiste o problema da contaminação das fontes de abastecimento superficiais e subterrâneas, com implicações na qualidade da água captada. De acordo com os dados mais recentes, referentes ao ano de 2003, a maioria da população portuguesa já é servida por sistemas de drenagem e tratamento de águas residuais (cerca de 74% e 60%, respectivamente) resultados que, sendo positivos, estão ainda muito longe das metas ambicionadas para este indicador, isto é atingir 100% de população servida e ficar a par com o panorama europeu.

90.4 91.4 92 99.1 99.1 99.1

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

2001 2002 2003

Portugal Região de Lisboa

Figura n.º 11 – Evolução da população residente servida com abastecimento de água no domicilio

Fonte: INE – Anuário Estatístico da R.L. 2004

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Quanto ao ambiente sonoro, os estudos mais recentes revelam uma tendência desfavorável, verificando-se um número crescente de situações de afectação das populações por ruído6. Os centros urbanos, incluindo os da Região de Lisboa, são cada vez mais afectados por situações de perturbações no ambiente sonoro, com impactes significativos na qualidade do ambiente urbano.

Os resíduos Na sequência de Directivas Comunitárias, Portugal tem vindo a adoptar práticas mais adequadas para a gestão de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), bem como dos Resíduos Industriais (RI) e hospitalares (RH). As lixeiras foram erradicadas e substituídas por aterros sanitários e a incineração está implantada e a produzir resultados, bem visíveis na Região de Lisboa. A filosofia de recolha, gestão e tratamento dos RSU está definida para a Região de Lisboa, centrando-

se em três empresas com filosofias diferentes. O destino final de RSU revela que na Região de Lisboa a maioria dos resíduos são ainda depositados em aterros sanitários, logo seguido pela incineração (Tabela n.º3). Este cenário demonstra os esforços que terão de ser empreendidos para desviar esta fracção maioritária de resíduos que é encaminhada para aterro e possibilitar um destino final que maximize a valorização, particularmente a reciclagem e a compostagem.

Os recursos naturais: paisagem, solos, ambientes marinhos e costeiros A Região de Lisboa integra um conjunto significativo de valores naturais que urge preservar e gerir. Não obstante as pressões humanas, que se fazem sentir de forma intensa (e.g. áreas urbanas crescentes; tráfego rodoviário e emissões atmosféricas), existem locais de especial biodiversidade e de interesse para a conservação da natureza, nomeadamente, Áreas Protegidas e Sítios da Rede Natura 2000. Assinale-se os Parques Naturais de Sintra-Cascais, da Arrábida, das Serras de Aire

6 20% da população portuguesa encontra-se exposta a ruído incomodativo por residir em locais com níveis superiores a 65 dB(A), e cerca de 3 milhões de pessoas (30% do total da população residente em Portugal) são afectadas pelo ruído de tráfego, nomeadamente, pelo tráfego rodoviário, de acordo com um estudo efectuado pela ex-Direcção Geral do Ambiente (actual Instituto do Ambiente)

Compostagem Recolha Selectiva

Incineração Aterro Lixeira Total

Portugal 134 714 235 032 943928 3 276 257 27 766 4 617 697 Lisboa e Vale do Tejo 43 093 92 491 523 660 1 068 267 – 1 727 511

Tabela n.º3 - Destino final dos Resíduos Sólidos Urbanos no ano de 2002 (toneladas)

Fonte: Instituto Nacional dos Resíduos - 2005

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Candeeiros e do Montejunto, a Área de Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa da Caparica ou ainda as Reservas Naturais do Estuário do Tejo, do Estuário do Sado, do Paul do Boquilobo e das Berlengas.

Estas áreas têm proporcionado a protecção da paisagem, da biodiversidade, do património cultural e dos recursos naturais no seu conjunto e Lisboa – com uma posição ímpar a nível nacional - destaca-se das restantes capitais europeias por estar enquadrada por um conjunto especial de valores ecológicos e paisagísticos.

A erosão é um factor de degradação dos solos portugueses que tem tido um acentuado incremento nas últimas décadas, em especial no litoral onde a concentração de construção e de população é maior. Após os grandes incêndios, a floresta é muitas vezes substituída por plantações de eucalipto originando também uma perda significativa da fertilidade dos solos. Ao nível da poluição do solo verifica-se que as causas fundamentais são o uso excessivo e/ ou inadequado de fertilizantes e pesticidas na agricultura e a deposição não controlada de resíduos, clandestinos ou não, que existem espalhados por todo o território. A Região de Lisboa não constitui excepção, apresentando locais potencialmente contaminados, nomeadamente, pela deposição clandestina de resíduos industriais. De acordo com IA (2005), desde 1993 que é possível observar uma evolução positiva na qualidade das águas balneares costeiras. Esta melhoria deve-se, sobretudo, ao controlo das fontes de poluição existentes nas áreas de influência e aos avultados investimentos realizados a nível de implementação de infra-estruturas de tratamento de águas residuais. A aprovação dos Planos de Ordenamento da Orla Costeira (POOC) foi também um passo importante. Mas falta a sua implementação a qual pode constituir um contributo decisivo para a qualificação, ordenamento e salvaguarda da orla costeira e para a qualidade dos espaços balneares e de recreio. Na Região de Lisboa a maioria das zonas balneares apresenta boa qualidade da água, reflectindo um cenário marcadamente favorável. A atribuição do galardão Bandeira Azul tem também presença expressiva nas praias desta Região. De referir ainda que a orla costeira e as frentes ribeirinhas têm uma presença determinante na Região, não só pela sua grande extensão como também por força da importância que nela assumem, designadamente, como grandes espaços de lazer e recreio, ligados ao mar e aos estuários.

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3. LISBOA: COMPETITIVIDADE E CONTEXTO INTERNACIONAL – para um maior protagonismo na Europa das Regiões

O conceito de competitividade repousa, fundamentalmente, em duas vertentes: por um lado a produtividade, que reforça a importância do valor acrescentado e do emprego e, por outro a atractividade, que sublinha “…o crescente poder do território com impacto na localização e deslocalização das empresas…” 7.

A internacionalização como Objectivo Estratégico: A estratégia de Região de Lisboa e Vale do Tejo, no horizonte 2020, não pode, neste quadro, deixar de colocar a internacionalização como um dos seus principais objectivos, e, sobretudo, de o fazer de uma forma acertada com o tempo e o espaço das acções a desenvolver. Para a Região de Lisboa o objectivo estratégico da internacionalização deve ser um objectivo de (re)qualificação das funções desempenhadas à escala nacional, ibérica, europeia e mundial, construindo vantagens competitivas duradouras através de escolhas pragmáticas e especializadas.

aaa... AAA pppooosssiiiçççãããooo aaaiiinnndddaaa pppeeerrr iii fffééérrr iiicccaaa nnnaaa EEEuuurrrooopppaaa dddaaasss RRReeegggiiiõõõeeesss

Se é verdade que não é possível planear inteiramente o desenvolvimento das cidades, também não é menos certo que os esforços de competitividade são indispensáveis. Do ponto de vista demográfico, a hierarquia do sistema urbano europeu não tem sofrido grandes alterações – é estruturado por Paris e Londres, a que se associa a grande dorsal europeia de Londres a Milão e que atravessa a conurbação urbana constituída pelas cidades renanas (Essen, Colónia, etc.…). É o desenho da famosa “banana azul” que concentra o poderio económico europeu. O desenvolvimento suscitado pela abertura a leste vem beneficiar a transformação desta estrutura apoiando cidades como Berlim, Munique ou Viena e abrindo caminho para o reforço de cidades continentais que esperam os novos competidores que são as capitais da Europa central e oriental.

A estruturação destas hierarquias faz surgir o discurso da defesa de uma Europa mais multipolar – em prol do reforço do papel de espaços menos valorizados ao sul como, a Europa mediterrânica (Roma, Milão, Turim, Barcelona e Madrid) e, sobretudo, Lisboa.

7Jacquier, 2004

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O «estar no mapa» europeu não significa um poderio demográfico, mas cada vez mais uma procura de fixação das grandes funções metropolitanas que abrangem uma grande diversidade de actividades - desde as sedes das grandes empresas a manifestações culturais de grande valor atractividade, passando pela função de inovação e produção cientifica ou pela centralidade das acessibilidades ao coração decisional europeu.

Céline Rozenblat e Patricia Cicille8 propõem uma actualização da banana azul através da repartição de 15 funções que analisam em 180 cidades europeias de mais 200 000 habitantes. Essas funções são tão diversas quantas as funções metropolitanas e contemplam a dinâmica demográfica, o trafico de passageiros, as acessibilidades às cidades europeias, as sedes sociais de empresas, as feiras de congressos internacionais, o número de museus., etc. Neste conjunto Lisboa emerge no 13º lugar.

8 Patrick Poncet, "Les Villes européennes, analyse comparative. ", EspacesTemps.net, Mensuelles, 05.10.2003 - http://espacestemps.net/document438.html

FONTE : Patrick Poncet, 2003 : « Les Villes européennes, analyse comparative »

Figura n.º 12 – Mapa da mégalopole europeia

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A distanciação em relação aos padrões nacionais permite à Região de Lisboa um espaço relativamente avançado de desenvolvimento económico e social no quadro europeu - embora ainda numa posição inferior, ocupando uma posição de aproximação a um espaço central feita ainda “em baixa”.

Note-se que a convergência da maioria das regiões capitais, particularmente as da UE a 15 fez-se com base numa dupla aproximação dos desempenhos em matéria de competitividade – nível de vida relativo no referencial europeu – e de coesão interna – nível de vida relativo no respectivo referencial nacional.

bbb... UUUmmm mmmooodddeeelllooo eeecccooonnnóóómmmiiicccooo dddiiissspppeeerrrsssooo::: AAAuuummmeeennntttaaarrr aaa cccooommmpppeeettt iii ttt iiivvviiidddaaadddeee,,, aaa iiinnnooovvvaaaçççãããooo eee aaa

iiinnnttteeerrrnnnaaaccciiiooonnnaaalll iii zzzaaaçççãããooo dddaaa RRReeegggiiiãããooo

A Região de Lisboa, quando analisada de acordo com os diferentes factores de competitividade em termos de concorrência internacional, faz sobressair uma significativa diferenciação em relação às outras regiões que polarizam a maior parte da base industrial do país:

• Uma presença mais forte das indústrias que se organizam em torno da exploração da economia de escala, do esforço de investigação e desenvolvimento, ou da diferenciação do produto como factores competitivos

Mazowiecki (PL)

Uusimaa (FI)

Noord-Holland (NL)

Lazio(IT)

Madrid(ES)

Southern & Eastern (IE)

Közép Magyarország

(HU)

Lisboa (PT)

Wien(AT)

Stockholm(SE)

Île de France(FR)

London (GB)

Attiki (EL)

Berlin (DE)

Bratislavský (SK)Praha (CZ)

Bruxelles(BE)

75

100

125

150

175

200

225

50 75 100 125 150 175 200 225

PIB per capita em PPC (UE25=100)[ A "bolha" representa a dimensão económica da região (PIB, €) ]

PIB

per

cap

ita e

m P

PC (P

aís=

100)

145,0

139,1

Posição médiaRegiões Capitais

Figura n.º 13 – Posição das Regiões Capitais ma Europa Alargada (o contexto nacional e europeu)

FONTE : Avaliação Intercalar PORLVT – Augusto Mateus & Associados (cálculos com base em Comissão Europeia (2005), statistical Annex of European Economy, ECFIN/REP/50886/2005, Eurostat (2005), regional GDP per capita in EU25,

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• Uma presença muito mais fraca das indústrias que se organizam, enquanto factor competitivo, em torno do baixo custo da mão-de-obra.

No entanto, esta supremacia é mais resultado da actuação dispersa e desencontrada dos agentes económicos do que assente numa estratégia de desenvolvimento económico fruto de parcerias alargadas entre o privado e o público num esforço de concentração e maximização das oportunidades.

A passagem de um modelo competitivo predominantemente extensivo, caracterizado pela produção indiferenciada, utilizando recursos genéricos pouco qualificados em dinâmicas de oferta, com fraco poder de venda e reduzidas, em muitos casos, a formas de subcontratação dependente com reduzida incorporação de valor acrescentado, para um novo modelo competitivo predominantemente intensivo, caracterizado pela produção qualificada e diferenciada, utilizando recursos mais avançados e específicos em dinâmicas de resposta a procuras globais (internacionais e domésticas) crescentemente sofisticadas, com capacidades de venda acrescidas, exprime a dimensão da tarefa a cumprir para enfrentar com sucesso os desafios colocados à economia portuguesa pela articulação entre aprofundamento e alargamento da União Europeia. Os desafios do desenvolvimento económico português numa Europa alargada têm o seu grande ‘terreno de batalha” na materialização atempada de uma profunda renovação do modelo competitivo e do modelo de crescimento. O essencial dessa renovação reside na materialização paciente e continuada de um novo posicionamento competitivo da economia portuguesa, apoiada em factores mais sustentáveis e dinâmicos de criação de riqueza e em reformas estruturais que permitam entrar em formas intensivas de crescimento (lógica de criação de valor alavancada por ganhos de eficiência e de produtividade, isto é, “melhor e diferente), abandonando progressivamente as formas extensivas de crescimento ainda prevalecentes (centradas em já não tão baixos custos salariais e não incorporando níveis de educação e formação suficientemente elevados, isto é, “mais do mesmo”). A estratégia global de resposta a estes desafios passa, neste quadro, pela adopção de medidas, iniciativas e acções articuladas, quer entre as politicas publicas e as estratégias empresariais, quer entre a organização interna da economia e a sua projecção externa na Europa alargada. A região de Lisboa deve assumir um papel de comando no impulsionar desse novo modelo de crescimento de forma a desenvolver:

• Uma estratégia “ interna” de renovação e requalificação competitiva visando uma melhoria do padrão de especialização, apoiada num esforço efectivo de inovação e criação de

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competências, susceptível de alimentar a correcção, tão rápida quanto possível, das principais fraquezas e debilidades competitivas;

• Uma estratégia “externa” de diferenciação sustentável visando a obtenção de uma posição concorrencial mais favorável na Europa alargada e na economia mundial, da economia portuguesa no seu conjunto, mas também das suas regiões (com base em especializações diferenciadas de produção e distribuição de bens e serviços), apoiada numa aceleração da internacionalização.

Os grandes desafios “internos” da renovação do modelo competitivo dizem respeito à viabilização e catalisação de um vasto conjunto de ajustamentos de natureza estrutural onde a qualificação, diferenciação, diversificação e inovação da produção de serviços - no quadro de fileiras produtivas e de cadeias de valor mais alargadas e geradoras de valor acrescentado - assumem um papel privilegiado. Os grandes desafios “externos” de uma posição concorrencial melhorada e de uma presença mais directa e activa nos mercados europeu e mundial dizem respeito a uma aceleração das iniciativas de internacionalização.

A grande prioridade a conferir aos objectivos da competitividade deve – considerando que se trata da Região capital do país – articular, de forma global, os processos de terciarização e globalização da economia portuguesa, procurando consumar uma alteração da sua própria dimensão, fazendo-a “crescer” em termos internacionais e “emagrecer” em termos nacionais, através: - do reforço da especialização em serviços avançados às famílias e empresas e, muito especialmente, em actividades centradas no conhecimento - do desenvolvimento de plataformas de intermediação qualificada do relacionamento internacional do país – com ênfase nos planos produtivo, comercial, financeiro, científico, artístico e cultural – colocadas ao serviço do país e não somente da Região.

A internacionalização da Região de Lisboa atinge valores expressivos, bem acima da média nacional, com mais de 15% do emprego em empresas com participação de capital estrangeiro, combinando dinâmicas de inserção em cadeias de valor internacionalizadas orientadas para a exportação com dinâmicas de modernização e expansão enquanto pólo de consumo ou dinâmicas mistas de alimentação destas duas sob o primado da logística.

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A economia portuguesa enfrenta agora desafios ainda mais exigentes em matéria de promoção da competitividade e do crescimento económico – onde importa responder à pressão de uma concorrência internacional crescente – e de renovação dos modelos e formas de promoção da coesão social e territorial – onde urge consagrar definitivamente uma lógica de especialização, rede e serviço na expansão e gestão das infra-estruturas e equipamentos colectivos.

ccc... AAA eeessspppeeeccciiiaaalll iii zzzaaaçççãããooo ppprrroooddduuuttt iiivvvaaa dddaaa RRReeegggiiiãããooo::: fffooorrrttteee rrreeeppprrreeessseeennntttaaattt iiivvviiidddaaadddeee nnnaaa iiinnnddduuusssttt rrr iiiaaa eee ssseeerrrvvviiiçççooosss A análise da especialização produtiva da Região, no plano específico das actividades considerando os grandes segmentos competitivos e de qualificação/remuneração, em acção na organização industrial, permite revelar uma especialização bastante mais favorável da Região que a do país, isto é, portadora de uma menor vulnerabilidade nos factores que condicionam a capacidade concorrencial das empresas.

Mas o posicionamento favorável da Região face ao espaço nacional continua a contrastar com as debilidades da Região quando se utilizam como termos comparativos regiões capitais, não só da EU15, mas também alguns novos países da UE25.

Médio Tejo1991-95

Médio Tejo 2000-02Oeste 1991-95

Oeste 2000-02

Lezíria Tejo 2000-02

Alentejo Central 1991-95

Alentejo Central 2000-02

Pinhal Litoral 2000-02

Pinhal Litoral 1991-95

LISBOAVALE TEJO

2000-02

"MEGA LISBOA"2000-02

Lezíria Tejo 1991-95

LISBOA1991-95

Grande Lisboa 1991-95

LISBOA VALE TEJO 1991-95

"MEGA LISBOA"1991-95

Grande Lisboa 2000-02

LISBOA2000-02

Alentejo Litoral 1991-95

Alentejo Litoral2000-02

Península Setúbal2000-02

Península Setúbal 1991-95

Portugal1991-95

Portugal 2000-02

0

5

10

15

0 200 400 600 800 1000 1200

Exportações per capita da Região (€ por habitante)

Peso

do

IDE

na R

egiã

o (%

Em

preg

o)

Figura n.º 14 – A diferenciação qualitativa da Região de Lisboa (internacionalização e capacidade exportadora)

FONTE : Avaliação Intercalar PORLVT – Augusto Mateus & Associados (cálculos com base em Augusto Mateus & Associados(2005), A Competitividade e a Coesão Económica e Social das Regiões Portuguesas, Lisboa, Estudo para o Observatório do QCAIII

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O perfil de especialização produtiva da Região apresenta uma forte relevância de actividades do sector de serviços, entre os quais se destacam as actividades financeiras, as actividades imobiliárias, aluguer e serviços prestados às empresas de transportes, armazenagem e comunicações, alojamento e restauração, bem como serviços avançados. De destacar que, relativamente a estes últimos, a sua maior expressividade (quase metade do VAB desta actividade é gerado na Região) prende-se, não tanto, com a dimensão específica do sector mas com a insipiência que o mesmo assume fora da área da Região. Refira-se, complementarmente, que uma parcela significativa dos principais recursos e infra-estruturas imprescindíveis às actividades directamente alicerçadas na utilização de TIC se concentra em Lisboa (em 2000 o peso do emprego afecto às TIC atingia 4,5% em Lisboa e 2,5% a nível nacional).

Figura n.º 15 – Especialização produtiva dominante nas principais cidades das regiões europeias

FONTE : Patrick Poncet, 2003 : « Les Villes européennes, analyse comparative »

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No que diz respeito à actividade industrial, é de destacar a expressividade do VAB industrial gerado pelos sectores de média e alta tecnologia (33,1%), resultado influenciado pelas industrias de fabricação de material de transporte e de equipamento eléctrico e electrónico na Península de Setúbal. De referir ainda que, em termos de produtividade na Região de Lisboa, se deve salientar que, de um modo geral, os níveis de produtividade sectoriais regionais são mais elevados do que as produtividades médias nacionais A nível internacional existe uma grande diversidade dos modelos urbanos que aparecem através do leque das suas funções estratégicas de abertura internacional, muitas destas surgindo em fenómenos cumulativos ligados à dimensão das cidades. O seu peso, relativizado pela dimensão de cada cidade, constitui um bom indicador de especialização relativa denotando-se que, de um modo geral, as cidades localizadas na periferia da Europa desenvolvem menor grau de especialização do que as cidades mais centrais.

Figura n.º 16 – A diversidade industrial nas principais cidades das regiões europeias

FONTE : Patrick Poncet, 2003 : « Les Villes européennes, analyse comparative »

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Lisboa aparece, no estudo em causa, numa posição ligeiramente acima da tabela, associada a cidades cujos movimentos de transformação globais e níveis de funções se desenvolveram como por toda a parte, mas sem dominante específica. No que concerne à especialização em termos de comércio internacional a Região apresenta, face ao espaço nacional, um perfil bastante diversificado, no qual assumem relevo as exportações de material de transporte, das indústrias químicas e de produtos minerais. A análise da inserção da economia regional no contexto dos mercados externos e na sua capacidade de penetração permite realçar a capacidade regional para criar valor internacional. Existe na Região uma clara superioridade da dimensão da actividade exportadora o que significa a existência de um tecido empresarial com maior grau de abertura ao mercado externo do que a média nacional, provavelmente devido à maior dimensão média das empresas e da sua igualmente maior capacidade de obtenção de financiamento e capital. ddd... IIInnnooovvvaaaçççãããooo eee DDDeeessseeennnvvvooolllvvviiimmmeeennntttooo TTTeeecccnnnooolllóóógggiiicccooo

Mais uma vez, não é de estranhar a posição de Lisboa no contexto do Pais no que se refere á posição de I & D. Nos últimos anos, o peso das despesa I&D na Região relativamente ao PIB regional - de 0,72 em 1999 para 0,88 em 2001 – merece destaque. Se considerarmos só a Grande Lisboa (NUTS II), o peso das despesas com I&D em 2001 atingiu 1,17% do PIB regional, o que a transforma na primeira Região nacional a ultrapassar os 1% do PIB regional em despesas com I&D.

Figura n.º 17 – Evolução das despesas em I&D nas regiões portuguesas na despesa nacional (em %)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

1988 1990 1992 1995 1997 1999 2001

Norte Centro RLVT Alentejo

Algarve Açores Madeira

% d

a des

pesa

nac

iona

l com

I&D

FONTE : CCDRLVT – Manuel Laranja; “Inovação e Conhecimento na Estratégia da Região de Lisboa”, 2005

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Atente-se no gráfico seguinte, que revela o esforço público e empresarial de I&D na Região:

Médio Tejo 1995

Médio Tejo2000-02

Oeste 1995

Oeste 2000-02

Lezíria Tejo2000-02

Alentejo Central Alentejo Litoral

1995 Alentejo Central 2000-02

Pinhal Litoral 2000-02

Pinhal Litoral 1995

LISBOAVALE TEJO

2000-02

"MEGA LISBOA"2000-02

Lezíria Tejo 1995

LISBOA1995

Grande Lisboa 1995

LISBOA VALE TEJO

1995

"MEGA LISBOA"1995

Grande Lisboa 2000-02

LISBOA 2000-02

Alentejo Litoral 2000-02

Península Setúbal2000-02

Península Setúbal

1995 Portugal1995

Portugal 2000-02

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,00 0,25 0,50 0,75 1,00 1,25

Despesas Totais I&D na Região (% PIB)

I&D

Empr

esar

ial n

a Reg

ião (%

VAB

) O esforço de I&D da Região de Lisboa atinge valores significativos no panorama nacional - ultrapassando a barreira do 1% do PIB - embora ainda insuficientes no quadro dos desafios da construção europeia e da globalização - com a afirmação de uma tendência de crescimento do esforço de I&D de base empresarial, em contraste com a realidade nacional - onde persiste um predomínio do financiamento público e a debilidade do financiamento empresarial privado.

Figura n.º 18 – I&D empresarial na Região alargada de Lisboa (mega-região)

FONTE : Avaliação Intercalar PORLVT – Augusto Mateus & Associados (cálculos com base em Augusto Mateus & Associados(2005), A Competitividade e a Coesão Económica e Social das Regiões Portuguesas, Lisboa, Estudo para o Observatório do QCAIII

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No que se refere à dimensão das actividades a Região, medida pelos recursos humanos, na década de 90 aumentou, também, significativamente. Passou de um total de 7800 pessoas em 1990 para 12600 em 2001. Mantém-se também na Região um maior peso dos Laboratórios de Estado, relativamente às outras regiões, o que equivale a um maior peso de “outro pessoal afecto a I&D” e, portanto, um menor peso dos investigadores.

Mantém-se a polarização do sistema nacional de I&D na Região, após 1999 a Região de Lisboa volta a concentrar cerca de 60% dos recursos nacionais de I&D.

A Região de Lisboa é a única Região do país onde as empresas são o principal sector executor de actividade I&D (em 2001 a Região registava 37% do total de despesas das empresas com I&D) mas, relativamente a outras regiões da Europa, continua a evidenciar resultados significativamente baixos.

No entanto, apesar de uma evolução positiva ao longo dos últimos dez anos, persistem debilidades importantes:

● fracos níveis de colaboração entre as empresas e o ensino superior no domínio das actividades de I&D

● fracos níveis de prestação de serviços das infra-estruturas às empresas ● reduzida eficiência na transferência de tecnologia. ● Sistema de Educação / Formação desajustado entre as competências produzidas no sistema de

ensino e as necessidades das empresas.

De salientar que se afigura primordial promover uma muito maior articulação entre os sistemas de ensino e formação profissional e de inovação e desenvolvimento tecnológico, por forma a permitir a entrada – ou o reforço – da especialização produtiva da economia portuguesa em sectores mais exigentes ao nível do conhecimento e/ou em domínios em que é expectável a ocorrência de mutações tecnológicas aceleradas.

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4. O DESAFIO DO INVESTIMENTO NAS PESSOAS e na modernização dos processos e eficácia do fazer A Europa e Portugal estão perante novos desafios estratégicos que advêm, em larga medida, do impacte dos fenómenos de globalização, nomeadamente, com a entrada do continente asiático na mesa dos países em franco desenvolvimento, situação que se estrutura num contexto em que a Europa traz já consigo novos desafios com o alargamento e que significa forte impacte em países como Portugal. A política de coesão europeia é considerada como um dos pilares da UE e visa expressamente a atenuação das desigualdades económicas e sociais entre – e intra - os estados-membros, na defesa de que não se trata apenas de uma redistribuição de rendimentos mas de uma politica dinâmica, visando a capacidade nacional de criação de recursos, de competitividade e de emprego. Nesta lógica, as políticas europeias de coesão estão, sobretudo, centradas na capacidade de gerar desenvolvimento económico (incluindo as infra-estruturas territoriais, de mobilidade, de educação/formação e investigação que o permitem), bem como em facilitar o acesso ao mercado de trabalho de pessoas com maiores dificuldades, nomeadamente, os trabalhadores desqualificados, as mulheres, emigrantes, deficientes, etc.

aaa))) AAAvvvaaannnçççooosss nnnaaasss pppooolll iii ttt iiicccaaasss sssoooccciiiaaaiiisss mmmaaasss gggrrraaannndddeee iiinnnsssuuufff iiiccciiiêêênnnccciiiaaa dddeee rrreeesssuuulll tttaaadddooosss Em Portugal, embora o ritmo de crescimento das despesas sociais se mantenha positivo9 - bem como os indicadores relativos ao crescimento dos rendimentos médios - os indicadores sociais monitorizados manifestam a “crise” que decorre desde 2000. A nova questão social exige do Estado um discurso e meios políticos mais elaborados, clareza nos objectivos e nos processos, capacidade para mobilizar energias e para procurar alianças na sociedade civil, nos eleitos, nos interventores, etc., para uma condução conjunta da sociedade para o progresso social, definido como o máximo de conforto para o máximo de pessoas. Não havendo lugar a uma análise regionalizada da diversidade das politicas sociais e dos equipamentos que são hoje apanágio da qualidade de vida urbana 10, os elementos disponíveis permitem verificar a manutenção do esforço do Estado na disponibilização de bens e serviços públicos mas, paradoxalmente, o agravamento das condições de acesso.

9 O mesmo sinal positivo não têm as despesas com investimentos, podendo esperar-se um agravamento a médio prazo. 10 A dispersão das várias politicas sociais e a existência de pouca informação disponível e detalhada, prejudica esta análise. Acrescente-se que a informação existente tem geralmente uma base técnica que está longe de ser consensual.

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Em Portugal, embora o ritmo de crescimento das despesas sociais se mantenha positivo11 - bem como os indicadores relativos ao crescimento dos rendimentos médios - os indicadores sociais monitorizados manifestam a “crise” que decorre desde 2000. Por outro lado, a forte aposta financeira no sistema de formação/educação está longe de ter um efeito positivo quer quantitativo quer qualitativo pois a região, embora seja a mais qualificada do país, mostra claramente a sua distância na comparação internacional.

11 O mesmo sinal positivo não têm as despesas com investimentos , podendo esperar-se um agravamento a médio prazo.

Salientam-se neste domínio os seguintes traços:

● Um contexto de desaceleração do crescimento populacional endógeno, só compensado pelos forte surtos migratórios para a região num contexto crescente de crescente diversidade cultural;

● Um esforço de manutenção das políticas sociais traduzidas na manutenção de elevados investimentos públicos nestas áreas mas um claro agravamento das condições de acesso da população a alguns dos serviços básicos nomeadamente a saúde;

● A manutenção de pessoas, grupos e áreas-chave de grande vulnerabilidade nomeadamente um elevado índice de pobreza, condições de vida e de habitação muito degradadas e frágil evolução dos serviços de resposta às novas doenças como o SIDA e toxicodependência;

● Um razoável controle das situações de insegurança e de marginalidade mas que tende a evoluir negativamente nas áreas mais urbanizadas;

● Um forte tecido associativo mas demasiado “localista” e sem impacte na maturidade das formas de participação e gestão democrática das comunidades e cidades;

● Um forte aumento de imigração – de diversas proveniências geográficas, étnicas e culturais – para a Região, nos anos recentes, que coloca um grande desafio para a respectiva integração, sob pena de se desenvolverem fenómenos de conflitualidade e, mesmo xenofobia, com reflexos na insegurança e na coesão.

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Tabela n.º4 - Beneficiários do Rendimento Social de Inserção na Região de Lisboa em 2003

Grupos vulneráveis: como garantir a igualdade de oportunidades? Os indicadores de Coesão social são atravessados, por um lado, pela “crise das políticas sociais” em Portugal e, por outro, pelas diferentes realidades na Região de Lisboa dando conta das disparidades já existentes e daquelas que se vislumbram.

A coesão, medida pelo peso dos beneficiários do RSI, salienta que tendem a aumentar, constituindo franjas de situações de exclusão na Região a não minimizar, pelo que a criação de medidas articuladas que possibilitem a saída desse processo de exclusão ao nível dos beneficiários do RSI se torna indispensável.

Zona Geográfica

N.º de beneficiários

Peso dos beneficiários no

conjunto da população (%)

Portugal (continente) 342 162 3,3 Região de Lisboa 79 779 3,0

Grande Lisboa 64 878 3,3

Amadora 9 856 5,6

Cascais 5 295 3,1

Lisboa 23 545 4,2

Loures 9 426 2,8 Odivelas x x

Oeiras 3 798 2,5

Sintra 9 324 2,6

Vila Franca De Xira 2 749 2,2

Mafra 885 1,6 Península de Setúbal 14 901

2,0

Alcochete 164 1,3

Almada 3 134 1,9

Barreiro 1 774 2,2

Moita 2 259 3,3

Montijo 598 1,5

Palmela 1 045 2,0

Seixal 1 983 1,3

Sesimbra 321 0,8

Setúbal 3 623 3,2

Fonte: INE – Anuário Estatístico da Região de Lisboa 2003

A população beneficiária do RSI representa 3% da população total da Região de Lisboa, valor que se tem mantido nos últimos anos. Destaque para os concelhos de Lisboa e Amadora a norte e para os concelhos da Moita e Setúbal a Sul, com valores que ultrapassam a média regional.

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As dificuldades de acesso aos serviços com particular realce para a saúde A referida crise fiscal do estado emerge num contexto ainda de não completado o edifício da protecção social português e os fracos índices de crescimento têm sido um obstáculo à melhoria da protecção social. Os fortes investimentos na saúde não conseguem compensar o aumento dos custos da prestação de cuidados e a deterioração da oferta de alguns serviços. A situação de crise económico-social não deixa de se reflectir nestes indicadores:

● a evolução negativa dos médicos por 1.000 habitante ● a instabilidade manifestada pelas tendências da taxa de mortalidade infantil embora em melhoria. ● evolução dos casos de Sida e na incidência da toxicodependência

FONTE : EUROSTAT, 2004

Médicos por 1000 habitantes nas regiões capitais europeias e regiões portuguesas (2003)

1,7

1,9

2,0

2,1

2,4

2,4

2,5

2,6

2,7

2,8

2,8

3,2

3,2

3,8

4,0

4,3

4,7

5,0

5,6

6,0

7,0

7,2

8,2

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0

Alentejo

Região Autónoma da M adeira

Algarve

Região Autónoma dos Açores

Centro

Norte

Luxemburgo

Chipre

Portugal

Letónia

Dinamarca

Estonia

M adrid

Lisboa

Lituânia

Paris

Berlin

Viena

Budapeste

Bruxelas

Brat islava

Praga

Roma

Fonte: Eurostat

Figura n.º 19 - Médicos por 1000 habitantes nas regiões capitais europeias e regiões portuguesas (2003)

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Criminalidade com forte concentração na Grande Lisboa Um factor de vulnerabilidade é a presença de criminalidade geralmente associada a sentimentos de insegurança da população. As cidades são cada vez mais palco de fenómenos deste tipo havendo mesmo quem defende a existência de uma criminalidade específica de cariz urbano. Embora nas comparações internacionais a região de Lisboa se apresente ainda hoje como uma região pacificada, não são despicientes os sintomas de agravamento desta situação. È na Grande Lisboa – com 52% - e na Península de Setúbal – com 45,2% - que a criminalidade se apresenta mais elevada, o que constitui apanágio de concelhos mais densos.

bbb))) QQQuuuaaalll iii fff iiicccaaaçççõõõeeesss dddaaa pppooopppuuulllaaaçççãããooo::: ooo pppooottteeennnccciiiaaalll dddaaa mmmãããooo---dddeee---ooobbbrrraaa rrreeegggiiiooonnnaaalll mmmaaasss dddéééfff iiiccceeesss eeessstttrrruuutttuuurrraaaiiisss aaa cccooorrrrrr iiigggiii rrr

Qualificação da mão-de-obra e níveis de emprego Uma reflexão mais especifica sobre a qualificação da mão de obra e os níveis de emprego aponta alguns elementos positivos, particularmente, o aumento da oferta de ensino pré-escolar e de ensino superior, mas a informação mais saliente comprova uma preocupação de há algum tempo, que se relaciona com os frágeis níveis de investimento das famílias na frequência de ensino para além da escolaridade obrigatória o que se torna muito evidente na perda de alunos dos 9º para os 12º anos de escolaridade e tem como manifestação:

• A não ultrapassagem do deficit estrutural de qualificação da população e mesmo um agravamento nas situações de insucesso, abandono e não prosseguimento do estudo

Figura n.º 20 - Taxa de Criminalidade (2003 e 2004) Taxa de Criminalidade (2003 e 2004)

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

%

2003 39,8 34,4 52,1 43,4 25,0 33,9

2004 39,5 35,3 52,0 45,2 27,9 33,3

Portugal Oeste Grande LisboaPenínsula de

SetúbalMédio Tejo Lezíria do Tejo

FONTE : Anuários Estatísticos da Região de Lisboa (2004; 2005)

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• Um deficit na estrutura de oferta da formação profissional

• Um já elevado nível de população licenciada que constitui um claro potencial subaproveitado no contexto da Região mais qualificada do país.

As actuais dinâmicas do sector da Educação reflectem, simultaneamente, o decréscimo demográfico e o aumento da oferta em alguns sectores do sistema de ensino (pré-escolar e superior), mas também o agravamento do cumprimento da escolaridade obrigatória.

A Região de Lisboa continua a apresentar níveis de ensino médio muito baixos, ao contrário do registado em outros países da UE. O ensino superior, embora tenha aumentado de uma forma lenta nos últimos anos, continua a apresentar níveis inferiores aos da Europa.

■ Baixo ■ Médio ■ Elevado

Figura n.º21 - 2004 Níveis de instrução da população residente na RLVT e noutras regiões da EU, com idades entre os 25-59 anos (% face ao total)

Fonte: CCDR-LVT – “Lisboa e Vale do Tejo na Europa das Regiões” - 2003

-

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%

100%

RLVT Lazio Média 10 novos

países Prov. Alpes

Côte d'Azur Attiki Cataluña South

and Eastern Ireland

Manchester Berlin Stockholm Madrid

■ Baixo ■ Médio ■ Elevado

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A polarização dos níveis de escolaridade não sendo um factor positivo manifesta, no entanto, as potencialidades de uma percentagem significativa de população bem preparada. A fragilidade da situação da educação na Região não apresenta sintomas de melhorias se considerarmos os indicadores de resultado (sucesso, abandono, etc.) a mostrarem cada vez mais dificuldades e a apresentarem uma evolução negativa.

Embora cada vez mais no centro das atenções, o ensino profissional ainda ocupa uma posição muito tímida na Região. Se, ao nível do ensino secundário, a percentagem de alunos inscritos no ensino profissional já assume um papel importante, com tendência de aumento, o mesmo não se pode dizer do ensino profissional ao nível do 3º ciclo.

Tendo em conta os escalões profissionais da população empregada, a Região de Lisboa apresenta ainda um número relativamente baixo de quadros médios.

Profissão Região de Lisboa (milhares)

Portugal (milhares)

População empregada (total) 1 294,2

5 122,8 Quadros Superiores (na Adm. Pública e empresas)

144,6 458,8

Especialistas/Profissões científicas e intelectuais

185,1 434,5

Quadros Médios (profissionais de nível intermédio)

154,6 423,2

Pessoal Administrativo e similares 188,5 516,1 Pessoal dos Serviços e vendedores 189,6 676,5 Restantes trabalhadores qualificados e forças armadas

264,1 1984,1

Trabalhadores não qualificados 167,9

629,6

Tabela n.º5 - População empregada segundo a profissão principal

Fonte: INE – Anuário Estatístico da Região de Lisboa (2004)

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Numa visão síntese das tendências de evolução recente, constata-se a existência e persistência de:

• níveis de insucesso escolar elevados, resultantes da persistência do abandono escolar precoce e dos índices de retenção nos vários graus de ensino

• níveis de habilitação escolar da população empregada reduzidos e bastante inferiores à média dos países da União Europeia

• níveis de participação em acções de formação profissional muito baixos, reflectindo um acesso limitado à aprendizagem ao longo da vida

• dificuldades de reintegração no mercado de trabalho a partir de situações de desemprego e inactividade que atingem também pessoas dotadas de qualificações médias e superiores, confrontadas com a impossibilidade de nele validarem as competências escolares adquiridas; expansão dos segmentos de actividade e emprego informal condicionadores dos níveis de produtividade económica, com reflexos na pressão para as saídas precoces do sistema escolar e sobre os salários

• acresce que os processos de reestruturação produtiva e de reconversão económica de inúmeros ramos de actividade que estruturam o modelo de especialização do emprego na Região de Lisboa se encontram bastante atrasados com consequências gravosas a prazo sobre a composição absoluta e qualitativa do contingente de desempregados

• desadequada concertação entre as instituições do ensino superior e o sector empresarial

• mercado da formação desorganizado e instituições do sector burocratizadas

• ensino profissional - e escolas profissionais em particular - não suficientemente apoiado nem reconhecido

• baixa frequência de estudantes no ensino superior relativamente a outras Regiões da Europa

• desmotivação dos estudantes para frequentarem áreas tecnológicas vitais como as TIC’s (as taxas de insucesso no ensino superior, em áreas tecnológicas, são das mais elevadas da Europa).

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A forte aposta financeira no sistema de formação/educação está longe de ter um efeito positivo quer quantitativo quer qualitativo pois a Região - embora seja a mais qualificada do país - mostra claramente a sua distância na comparação internacional. Deve apostar-se na melhoria efectiva da qualidade do capital humano como a principal alavanca de sustentabilidade da convergência económica do país no espaço europeu, o que obriga a um planeamento estratégico das actividades de formação profissional, em estreita ligação com o desenvolvimento da educação, visando concretizar acções sistemáticas de melhorias das qualificações e de aquisição de competências chave necessárias.

ccc))) FFFooorrrttteeesss IIInnnvvveeesssttt iiimmmeeennntttooosss aaaooosss nnnííívvveeeiiisss dddaaa cccuuulll tttuuurrraaa eee dddooo dddeeessspppooorrr tttooo mmmaaasss aaaiiinnndddaaa cccooommm rrreeesssuuulll tttaaadddooosss

iiinnnccciiipppiiieeennnttteeesss Os domínios da cultura e do desporto são hoje decisivos para o desenvolvimento dos países, das regiões e dos territórios em geral, contribuindo fortemente para a sua competitividade e atractividade. Tem-se verificado, desde o início dos anos 90, um fenómeno de expansão destes sectores, quer ao nível das políticas públicas e dos investimentos de âmbito central, quer em termos do protagonismo crescente das autarquias locais, em parte possíveis pela captação de financiamento externo, nomeadamente, com recurso aos fundos estruturais comunitários (Programas Operacionais Regionais, Programa Operacional da Cultura e Programa Operacional do Desporto) e que têm permitindo a correcção de algumas assimetrias regionais. A promoção, recepção ou participação em eventos internacionais (e nacionais de grande dimensão) teve, sem dúvida, uma capacidade significativa de alavancagem de dinâmicas de internacionalização e de reforço dos sectores culturais e desportivos, quer na Região de Lisboa (hoje a melhor equipada e infraestruturada ao nível nacional), quer no país. De registar, por outro lado, as alterações que decorrem das transformações de natureza económica destes sectores, quer ao nível da oferta, quer dos consumos, e da sua influência e contributo a outros sectores, como o turismo, a educação e a coesão social e territorial.

A persistência de assimetrias ao nível da cobertura territorial da rede de infra-estruturas culturais e desportivas de proximidade, dificultam por um lado as políticas de descentralização e difusão artística e cultural, e por outro as práticas de actividades físico-desportivas informais pela maioria da população.

Ao nível desportivo, a prática de actividades físico-desportivas na Região de Lisboa não demonstra diferenças em relação aos valores presentes num país que ainda é de sedentarismo (70% da

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população). Portugal, ao nível da prática de actividades físicas pela população, ocupa o último lugar no quadro da UE25.

Apesar dos fortes investimentos em equipamentos e infra-estruturas desportivas, a Região continua a demonstrar falta de equipamentos desportivos de base e de proximidade, com implicações negativas ao nível da saúde pública.

Ao nível da cultura reconhece-se ainda uma insuficiente capacidade de criação, renovação e/ou produção, em termos quantitativos e qualitativos, dos artistas, criadores e outros agentes culturais, que acaba por ter repercussões ao nível da internacionalização, dado ser insuficiente a projecção externa da maioria das organizações e agentes deste sector. Não menos importante é a inadequação do ensino e formação em especial ao nível artístico, em termos organizativos e curriculares, e a articulação entre as estruturas culturais e o sistema escolar.

Faltam estratégias estruturantes desenvolvidas por quem gere os equipamentos e as infra-estruturas (e competências de coordenação e gestão), com carácter de continuidade (de médio e longo prazo) de modo a fomentar a sedimentação e estruturação das suas actividades, e a articulação e criação de sinergias entre eventos e infra-estruturas, que promovam a sua qualificação, uma utilização mais abrangente e uma actuação concertada no seio de redes. Assim, reconhece-se ainda uma fragilização em termos de dotação de recursos humanos, organizativos e financeiros que inviabiliza um maior desenvolvimento destes sectores. Apesar destes factores, que diagnosticam uma situação ao nível cultural e desportivo ainda aquém do desejado, não podemos deixar de focar a particular situação da cidade de Lisboa, que se demarca do resto do país e da AML, ao concentrar o maior número de equipamentos desportivos e culturais. Mas a Região de Lisboa, na sua globalidade, tem equipamentos desportivos e culturais em quantidade e qualidade suficientes para atrair e captar eventos e competições de relevo internacional, bem como experiência em organização, o que lhe permite posicionar-se ao nível de outras cidades europeias.

Importa dar uma atenção muito especial à promoção das condições de internacionalização global da região e dos seus agentes económicos, culturais e científicos – o que ainda não foi conseguido de forma satisfatória, apesar do forte investimento do QCA III – equilibrando as iniciativas centradas no desenvolvimento das infraestruturas avançadas de suporte às actividades económicas de produção e distribuição de bens e serviços transaccionáveis como as iniciativas centradas no estímulo e promoção de realizações que permitam enriquecer as funções desempenhadas pela região no contexto europeu e mundial.

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ddd))) QQQuuueeessstttõõõeeesss dddeee gggooovvveeerrrnnnââânnnccciiiaaa eee gggooovvveeerrrnnnaaabbbiii lll iiidddaaadddeee Provavelmente o maior obstáculo a um quadro de governabilidade e de governança eficazes, no momento histórico em que se prepara a estratégia de transformações estruturantes 2006/2020 para a Região de Lisboa é identificável no caos institucional que embaraça as diversas, intrincadas e muitas vezes cruzadas tutelas estatais que impendem sobre os vários interesses que hão-de ser reformados com os projectos a executar. O enviesamento de atribuições e competências que se atropelam, paralisam - e até contradizem - corporiza barreiras institucionais extraordinariamente desgastantes, desmotivadoras e, afinal, potencialmente inviabilizantes do processo reformador conclusivo. No estudo “Caracterização Territorial da Administração Central Desconcentrada da Região de Lisboa e Vale do Tejo”, terminado em Abril de 2006, foram contabilizadas nada menos do que 180 entidades públicas com actuação na Região de Lisboa, em áreas tão diferentes mas tão decisivas como administração do território; energia; segurança; turismo; bombeiros e protecção civil; incêndios florestais; pescas e agricultura; desenvolvimento regional; meteorologia; política agro-alimentar; veterinária; defesa do consumidor; património; qualidade; acreditação; educação; saúde; equipamento de saúde; transportes terrestres e fluviais; aviação civil; ordenamento do território; água; ambiente e conservação da natureza; resíduos; emprego; reabilitação; minorias éticas; igualdade das mulheres; desporto; administração dos portos; estradas; justiça... Nesta floresta de entidades e de atribuições imbrincadas e sem uma arbitragem clara de prioridades de competências, isto é, de resolução previsional de conflitos institucionais de intervenção – o milagre seria que o cenário não fosse obscurecido pela indefinição virtualmente paralisante. Este emaranhado de atribuições cruzadas e por vezes confusas coabita com outro mal endémico do país e da Região - a burocracia que impera em cada um dos organismos concorrentes, a qual pode sintetizar-se nestes efeitos perversos:

• Processos pesados e arrastados que demoram anos ou até, por vezes, dezenas de anos • Teia complexa e labirintica de procedimentos, de papéis e de reuniões

• Acentuada opacidade de processos e arbítrio nas decisões

Vícios que acarretam, como consequências forçosas:

• Incidências negativas de ordem económica e financeira • Desgaste material e psicológico quer dos cidadãos em geral quer dos agentes económicos

• Degradação da imagem da Administração Pública e do Estado

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E que determinam a urgência de medidas drásticas que terão de ir no sentido de:

• Alterações legislativas e regulamentares que aligeirem e racionalizem os processos; • Designadamente, simplificação de procedimentos e conceitos de planeamento e

licenciamento;

• Descentralização, reorganização e modernização da Administração Pública, seja central seja municipal;

• Alteração da cultura dos vários agentes, em especial incutindo uma disciplina de rigor,

cumprimento e serviço público nos dirigentes e funcionários públicos intervenientes nas diversas fases de decisão intermédia que viabilizam os projectos de que se trata.

A crise da governabilidade e da governança padece também do deperecimento de funções motoras do Estado na sociedade moderna, fenómeno que suscita um equívoco de liderança em que nem o Estado já assegura suficientemente a coordenação útil dos movimentos reformuladores, sobretudo na economia, nem outras forças emergentes o conseguiram substituir completamente, embora lhe disputem o protagonismo. Mas a dignificação do papel do Estado num registo não burocrático postula uma coordenação, dir-se-á mesmo que quanto mais se vencer a burocracia inútil mais a coordenação se torna indispensável. Ora, o território é a síntese de uma multiplicidade de vertentes sectoriais implicando que o respectivo planeamento seja efectivamente participado pelas entidades que tutelam esses sectores. Mas, questão decisiva, impõe-se que o processo se faça numa base objectiva, expressa pelas respectivas políticas e orientações e no quadro precisamente de uma coordenação exercida por entidade que esteja institucional e juridicamente habilitada para o efeito e seja encarada sem hesitações pelo conjunto dos actores sociais como efectivamente coordenante. As demoras, a paralisia e o confusionismo burocrático são de tal modo absurdos e desencorajadores que atingem por vezes situações caricaturais e com graves consequências aos mais diversos níveis. Emerge ainda outra questão decisiva que urge enfrentar sem embaraços, a da desadequação da Junta da Grande Área Metropolitana para uma função efectivamente executiva, tendo em vista a sua actual estrutura, assente no protagonismo e na cultura de autarcas, os quais estão tradicional e inevitavelmente voltados para um trabalho local, sectorial, balizado na resolução de interesses de horizonte geograficamente circunscrito.

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A Área Metropolitana de Lisboa tem 18 Municípios de grande diversidade em termos de dinâmica socio-económica, liderança política e mobilização metropolitana e a prática demonstrou que o processo de Planeamento Estratégico do Plano anterior – Plano Estratégico para a Região de Lisboa, Oeste e Vale do Tejo, 2000/2010 – embora tendo sido participado na sua fase inicial de concepção, se traduziu depois por uma forma de gestão muito dirigida e estruturada a partir das alianças necessárias à aplicação dos fundos. Por outro lado, o Conselho Regional - cumprindo as funções legais - tem uma organização funcional e razoavelmente restrita não se debruçando, na prática, sobre as grandes questões que atravessam a Região. Como consequência deste relativo auto-centramento, o Plano Estratégico da Região de Lisboa nunca teve o impacte público e programático de outros planos estratégicos, dos quais o de Barcelona surge sempre como exemplo paradigmático. Como é máxima do planeamento estratégico “plans are nothing, planning is everything”, pretende-se alterar substantivamente as formas de fazer tornando o Plano Estratégico da AML, que agora se configura, o dinamizador chave das temáticas da Região, através da organização de uma estrutura sistemática de acompanhamento com objectivos e tarefas definidas, com larga participação da sociedade civil, com visibilidade pública e com compromisso directo dos órgãos máximos de gestão.

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5. ANÁLISE SWOT (T)

PONTOS FORTES PONTOS FRACOS • Existência de um conjunto de áreas de especial valor

ecológico e de elevada qualidade paisagística e ambiental como o Atlântico, os estuários do Tejo e Sado, os parques naturais e as Serras da Arrábida e Sintra, permitindo uma oferta rica e diversificada, combinando património e recursos paisagísticos, história e modernidade.

• Surtos migratórios positivos e multiculturais crescentes com relevância do factor cultural como elemento de inclusão e coesão

• Aumento da oferta do ensino em pré-escolar, melhoria dos equipamentos escolares e uma percentagem significativa de população licenciada

• Dinâmica económica regional assente num conjunto de sectores muito diversificado e sedeação e “densidade” dos elementos mais dinâmicos do desenvolvimento económico (sistema de ciência e tecnologia, grupos financeiros, multinacionais, categorias sócio-profissionais mais qualificadas e com maior capacidade de consumo)

• Maior volume de despesas e de recursos humanos em I&D a nível nacional e perfil de actividades de I&D mais diversificado

• Bons níveis de atendimento das populações no que se refere ao abastecimento de água e drenagem de águas residuais

• Reforço muito acentuado da rede de infra-estruturas artísticas e culturais e consequente efeito indutor de novas e mais intensas dinâmicas de produção e de procura em todo o território, bem como protagonismo crescente das autarquias em matéria de políticas culturais e diversificação de fontes de financiamento no sector

• Equipamentos culturais e desportivos de espectáculo de nível internacional em quantidade e qualidade suficientes, bem como experiência na organização de acontecimentos desportivos de dimensão internacional e massa crítica para garantir a sua sustentabilidade

• Concentração de funções político-administrativas de âmbito nacional (Região capital) e respectiva localização das principais infra-estruturas logísticas do sistema de transportes e de internacionalização da economia portuguesa (aeroportos, portos, plataformas logísticas)

• Elevado índice de pobreza, condições de vida degradadas, agravamento das condições de acesso a alguns dos serviços básicos (em especial na saúde), a par de evolução negativa da marginalidade nas zonas mais urbanas.

• Acentuado desordenamento urbanístico e territorial, existência de zonas pouco qualificadas e de grande número de bairros clandestinos. Degradação do parque habitacional dos bairros sociais mais antigos. Desertificação e degradação dos centros históricos

• Manutenção de altas taxas de insucesso e abandono em todos os níveis de ensino, continuando deficiente o apetrechamento das escolas públicas.

• Forte debilidade na oferta de ensino profissional e tecnológico, desarticulação e sub-financiamento da rede de escolas de ensino profissional e insuficiente articulação entre as estruturas culturais e o sistema escolar, prejudicando a ligação das artes ao ensino

• Aumento do desemprego e dificuldade de reintegração no mercado de trabalho de pessoas com de qualificações médias e superiores

• Em I&D, níveis ainda muito insuficientes de recursos humanos e volume de despesas face à UE25, reduzida eficiência na transferência de tecnologia e fracos níveis de colaboração empresas/ universidades

• Concentração, nas áreas urbanas, de elevado nível das emissões de poluentes atmosféricos, incluindo partículas, com origem no sistema de transportes

• Baixos níveis de reciclagem dos resíduos sólidos urbanos, obrigando a direccionar para aterros uma quantidade muito elevada de resíduos

• Rede local de equipamentos desportivos informais de proximidade insuficiente ou quase inexistente, levando a uma baixa taxa de participação da população em actividades físico-desportivas e má utilização e gestão dos equipamentos existentes

• Desarticulação e ineficiência do sistema de transportes, tendo em conta as necessidade geradas pelo tipo de crescimento urbano, com uma clara intensificação e crescente amplitude dos movimentos pendulares diários, gerando um aumento da utilização do transporte individual a par da diminuição proporcional do transporte público.

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OPORTUNIDADES AMEAÇAS • Capacidade de desenvolver um sistema de inovação

regional orientado para a transferência internacional de tecnologia e possibilidade de melhorar a interacção entre os actores do sistema de inovação – “ligar os actores” de forma a promover a coerência interna do sistema

• A mobilização da Região para o progresso tecnológico poderá igualmente ser utilizada como divisa de modernidade, progresso e criação de ambiente para atracção de investidores e para a inovação tecnológica

• Existência de áreas industriais degradadas e em declínio que desfrutam de localizações de excelência e que podem ser requalificadas para aproveitamento turístico e atracção de novos turistas, como de lazer para a população.

• Plano Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa - existência de um instrumento de gestão territorial de nível regional, com uma visão de conjunto e orientador no sentido de uma maior qualificação do território

• Atracção de campeonatos europeus e mundiais de diversas modalidades e captação de taças europeias de modalidades populares na Região

• Situação periférica de Portugal no contexto europeu e potencial de funcionamento como plataforma de interface daí decorre

• Crescimento no âmbito do mercado turístico, internacional e nacional, do segmento de turismo cultural e desportivo (potenciação da oferta cultural e desportiva), e possibilidade de reforçar a Região como destino de turismo residencial (2ª residência) para nacionais e estrangeiros

• Emergência crescente, a nível internacional, da importância das questões ligadas ao ambiente e aos recursos naturais

• A saída do Objectivo 1, que obriga à concentração de esforços nos domínios ligados à inovação e competitividade, em detrimento dos tradicionais investimentos assentes nas obras públicas, e induz uma maior articulação com as regiões Centro e Alentejo

• Uma nova delimitação regional que poderá ser aproveitada em termos de criação de uma nova rede de governança

• Aumento da concorrência de outras regiões Ibéricas, regiões do sul da Europa e dos novos países de Leste membros da União Europeia., no que respeita à atracção de empresas estrangeiras tecnologicamente avançadas

• Forte pressão sobre zonas ambientalmente preservadas para alteração do seu uso e disseminação de forma desregrada dos loteamentos turístico-habitacionais, ocupando áreas de elevado potencial e sensibilidade paisagístico e ambiental.

• Situações de extracção de águas subterrâneas sem qualquer controlo ou deposição clandestina de resíduos perigosos

• Políticas sócio-urbanísticas inadequadas e desarticuladas, por vezes, inconsequentes, potenciando a acumulação de um “stress social” que no futuro poderá degenerar em situações de conflito (bairros de realojamento de grandes dimensões e com reduzidas acções de tipo social).

• Diminuição da qualidade de vida com aumento das doenças relacionadas com o sedentarismo: obesidade, diabetes e coronárias

• Insuficiente flexibilidade dos mecanismos e instrumentos de gestão de actividades e de serviços na administração pública, com consequências internas em matéria de eficiência de serviços, e com impactos externos em matéria de estrangulamento do mercado de prestação de serviços, especialmente em sectores em que o mercado público é dominante

• Fragilidade do tecido empresarial nacional no financiamento e no investimento em projectos estruturantes e em parcerias público-privadas, bem como no apoio às artes e ao desporto.

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TENDÊNCIAS POSITIVAS TENDÊNCIAS NEGATIVAS • Evolução da cobertura da Região com infraestruturas e

equipamentos vários • Redução das assimetrias intra-regionais • Expansão das infraestruturas, recursos humanos e

despesas em I&D • Modernização das empresas • Expansão dos serviços (terciarização) • Crescente sensibilização para as questões da

governabilidade e governância dos territórios

• Aumento das carências do sistema de ensino e formação profissional

• Agravamento das desigualdades nos rendimentos e precariedades sociais

• Manutenção/agravamento das pressões urbanísticas (solo/ambiente)

• Desequilíbrios na produção/consumo de energia

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2. CENÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO

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1. INTRODUÇÃO A prospectiva é uma representação com três objectivos fundamentais: desenhar cenários entendidos como representação de futuros possíveis; gerar visões passíveis de serem partilhadas pelo conjunto dos actores procurando um cenário considerado mais desejável; e identificar as estratégias mais potenciadoras desse acordo colectivo. A construção de cenários prospectivos de desenvolvimento no âmbito da elaboração do Plano Estratégico para a Região de Lisboa pretende promover uma discussão sobre as variáveis potencialmente estruturantes para a mudança nas próximas décadas. Esta reflexão é fundamental devido à convicção de que o futuro não é um mero prolongamento das tendências do passado – neste caso, as tendências traçadas no diagnóstico. Nesse sentido, o futuro não se encontra “escrito” e conhecido. Por outro lado, estamos perante profundas transformações das dinâmicas mais estruturantes da sociedade actual, com um forte impacte sobre a Região de Lisboa. Assim, a definição de “Cenários” para Lisboa assenta na identificação das variáveis motoras da mudança e na organização de uma série de possibilidades plausíveis da sua evolução. Uma vez estabilizados os cenários prováveis, será mais fácil à Administração dialogar com os vários actores sobre os cenários mais desejáveis, bem como organizar a capacidade de acção face à diversidade dos mesmos. Como afirma Vítor Correia1, o interesse do exercício de prospectiva não é o de afirmar que se vai verificar tal cenário, mas responder a uma de duas questões: se vier a materializar-se um determinado cenário, que decisões se deverão tomar; ou que decisões se deverão tomar para que se materialize um determinado cenário considerado desejável. No âmbito deste processo de planeamento estratégico, pretende-se acima de tudo que a reflexão prospectiva permita orientar os esforços dos agentes regionais no sentido de atingir um cenário desejável, simultaneamente ambicioso e exequível, realista e mobilizador.

2. AS TENDÊNCIAS PESADAS O contexto europeu não está ainda sedimentado, nem no seu alargamento nem na sua matriz organizativo-política, o que representa profundos desafios para a sociedade portuguesa em função da sua história própria, da estrutura de especialização produtiva ou dos factores competitivos que detém para negociar a sua presença e afirmação nesse contexto internacional.

1 Vítor Correia, 2010 – Cinco Cenários para a Europa: uma reflexão da Célula de Prospectiva da

Comissão Europeia, site do DPP.

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Sendo o País uma economia aberta e a Região de Lisboa o seu motor, é natural que o futuro desta Região se encontre fortemente ligado quer ao contexto internacional, quer ao contexto nacional, obrigando a uma reflexão alargada que ultrapassa as suas próprias fronteiras. Em larga medida, muito do futuro da Região de Lisboa depende do contexto internacional – nomeadamente europeu – que escapa ao seu controle. Não se trata nesta abordagem de fazer depender os cenários da Região da sua envolvente externa. Todavia, parece útil identificar as tendências e os desafios que a esse nível se situam.

a) Na Europa

■ A economia europeia encontra-se hoje sujeita a uma forte pressão competitiva devido aos fenómenos

de globalização que se aprofundam intensamente e cujos resultados são largamente imprevisíveis. A capacidade da Europa se manter como um bloco competitivo e aliado dos EUA, a reconversão dos seus factores competitivos e uma nova ordem económica internacional são cenários possíveis mas não garantidos;

■ O envelhecimento demográfico europeu tem fortes impactes na produtividade e nos modelos de

protecção social. A população mundial terá cerca de 7 mil milhões de pessoas em 2010 e a Europa tende a perder o seu peso relativo;

■ O modelo social Europeu encontra-se fragilizado devido às mutações anteriormente referidas e a maior

“liberalização” ou protecção social serão ainda factores decisivos até porque o mal-estar gerado pela inserção no mundo laboral tende a agravar-se;

■ A imigração tem vindo a ser gerida em função de acordos entre os Estados Membros mas as

dificuldades para o seu controlo, nomeadamente, em países vizinhos de Portugal - como a Espanha - deverão ser equacionadas;

■ As formas de gestão da identidade europeia estão também em questão, escalando-se as opiniões de

modelos mais intergovernamentais que corresponderiam a uma organização reduzida deixando as iniciativas económicas aos Estados-membros; ao cenário federalista dos Estados Unidos da Europa no seio do qual o “território europeu” é pensado em conjunto; passando por uma Europa de “geometria variável” que daria lugar a diferentes “velocidades” em função dos ritmos e oportunidades de desenvolvimento

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b) Em Portugal ■ Os desafios europeus não têm conseguido orientar a economia portuguesa no sentido da consolidação

do seu processo de convergência nominal e estrutural no seio da UE, quer ao nível do ajustamento do seu modelo competitivo quer da sua estrutura de especialização;

■ Do ponto de vista social e cultural o país sofreu uma notável evolução em quase todos os campos, em

larga medida fruto de uma grande permeabilidade à mudança e à interacção em tempo real com o resto do mundo: declínio dos valores tradicionais; reforço de um individualismo cosmopolita; mudanças nas estruturas familiares; emergência de novos actores para além dos partidos políticos, etc.;

■ Apesar dessas mudanças, os níveis de qualificação dos recursos humanos ao nível qualitativo e

quantitativo são deficientes, fruto quer das dificuldades de inovação do sistema de ensino, quer da falta de expectativas de mobilidade de jovens e famílias;

■ Os aparelhos organizacionais e muito particularmente os da administração pública sofrem de claras

lacunas culturais e de eficiência, correspondendo a uma administração “dormente” e fortemente centralizada e burocrática;

■ O país é fortemente marcado por desigualdades nas condições de vida, quer de certos grupos sociais,

quer de regiões, e as fracturas têm vindo a aumentar gerando segmentações sociais cada vez mais geradoras de mal-estar social, nomeadamente, nas áreas mais urbanizadas:

c) Na Região de Lisboa

O novo ciclo de programação estrutural exige, cada vez mais, uma renovada capacidade estratégica e operacional quer no plano nacional, quer no plano regional, onde a nova Região de Lisboa assume uma importância qualitativa inteiramente nova e decisiva por três razões fundamentais:

i) É a Região do país melhor preparada, dotada dos recursos mais avançados e mais intensamente

mergulhada nas dinâmicas de “economia de procura” que correspondem aos desígnios da chamada “Estratégia de Lisboa” ;

ii) É uma Região que, nos seus novos contornos, comporta desafios de equilíbrio interno e projecção

externa, nacional e internacional, que nenhuma outra região portuguesa comporta;

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iii) É, também, uma Região que, plenamente fora da lógica da coesão, enfrenta, até pela redução dos

níveis de apoio estrutural previsíveis, os desafios mais relevantes de desenvolvimento de uma nova geração de parcerias público-privado e de níveis mais elevados de eficiência e selectividade na gestão dos incentivos e das políticas estruturais. As tendências mais estáveis da Região não são muitas, tendo-se a clara percepção de que uma parte significativa do devir se poderá jogar num futuro próximo cujo horizonte será o novo quadro de programação comunitária:

■ A posição da Região no país e na Europa sujeitá-la-á a uma forte competição internacional, de onde

poderá sair ganhadora ou perdedora. No primeiro caso, Lisboa representará com Madrid e Barcelona uma das regiões interlocutoras da Comunidade a nível peninsular, no segundo caso será mais uma “aldeia ibérica” que transfere para Madrid o poder negocial;

■ A Região está fora do Objectivo 1, registando uma perda significativa de fundos disponíveis no próximo

período 2007-2013, o que só poderá ser compensado no reconhecimento do seu papel motor, no reforço de fundos públicos nacionais e, particularmente, dos investimentos privados;

■ A Região concentra uma parte significativa dos recursos do país em termos de recursos produtivos, de

inovação e investigação, de atracção de turismo e lazer, de equipamentos sociais e de gestão e de administração pública;

■ A próxima década será marcada pela emergência de um novo quadro demográfico para o país, com

tendências já previsíveis do crescimento da população. Os dados disponíveis para a Região de Lisboa apresentam tendências de continuidade do seu crescimento demográfico. Segundo as previsões do INE, de 2003 a 2015 a Região de Lisboa terá uma variação de 5,79%. Face ao total de população nacional, a Região continuará a aumentar a percentagem de população que aí reside (em 2003 a LVT acolhia 26,16% da população nacional e em 2015 passará para 27,38%).

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3. CENÁRIOS PARA LISBOA

Tabela de Identificação das Variáveis-Chave

DIMENSÕES SUB-DIMENSÕES VARIÁVEIS

Internacionalização - Orientação do comércio internacional - Rede de infra estruturas de suporte às actividades económicas - Incentivos à internacionalização

Coerência das Políticas e Formas de Fazer

- Modelo de investimento público e de utilização dos fundos estruturais: Clareza e consistência dos programas - Selectividade na atribuição dos investimentos - Eficácia e controle da gestão publico/privado

Redes e Infra-Estruturas Internas

- Infra-estruturas avançadas de suporte às actividades empresarias

Qualificação - Estrutura e exigência da formação profissional - Articulação entre sistemas de ensino, formação profissional, desenvolvimento tecnológico e inovação

1. A Região no País e no Mundo

Inovação

- Investimento empresarial em I & D - Transferência e adaptação da tecnologia internacional - Recursos na área da inovação e tecnologia - Pólos regionais de excelência e tecnologia

Inserção Geo-Estratégica - Redes e infra-estruturas de interacção internacional - Relação com País e Região

Redes de Mobilidade - Eixos e Modos de transporte - Mobilidade AML

2. Organização e Estruturação

Territorial Ambiente

- Qualidade do Ar, água e ruído - Protecção e valorização das zonas costeira

Emprego e Recursos Humanos

- Qualidade do Emprego e Trabalho - Empregabilidade

Coesão Territorial e Inserção Social

- Coesão AML e Península de Setúbal - Zonas Criticas

3. Coesão Socio-Territorial

Qualidade de Vida e Bem-estar Urbano

- Equidade no acesso a equipamentos e serviços - Bem-estar urbano

3.1. A Região no País e no Mundo Concebe-se uma diversidade de soluções no processo de internacionalização e ganhos de competitividade que desenhariam a posição de Portugal no Mundo. Estamos certos que é nesta dimensão que se jogará mais fortemente o futuro da Região pois ela é estruturante do papel da região no conjunto das “regiões ganhadoras” na Europa e no Mundo:

■ Num primeiro cenário, uma situação de “Subcontratação Dependente” caracteriza-se por fraca

capacidade de internacionalização estrutural mas com abertura aos sistemas de sub-contratação. Uma

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parte significativa das transacções são feitas por intermediários, nomeadamente a Espanha e a Inglaterra. Do ponto de vista das infra-estruturas, estas não acompanham a internacionalização ou fazem-no de forma muito funcional face às necessidades. O investimento em inovação é reduzido e fundamentalmente importado. A gestão pública está relativamente ausente e sem estratégia afirmativa.

■ Num segundo cenário, caracterizado de “Polivalência Activa” o processo de internacionalização

desenvolve-se por via de esforços individuais e dispersos mas com relativa abertura a uma grande diversidade de países e continentes. Coexistem sectores internacionalizados e tradicionais sem articulação. As transferências de tecnologia são resultado dessas transacções e embora não atingindo dimensões de transferibilidade rápida são adaptadas e incorporadas no processo produtivo, aos sistemas de subcontratação. O investimento em inovação é reduzido e fundamentalmente importado. A gestão pública acompanha a dispersão dos esforços com programas dispersos e de lógica relativamente “importada” do exterior.

■ Concebe-se ainda um terceiro cenário de “Lisboa com Projecto”, onde há uma concertação activa

entre a iniciativa privada e os poderes públicos para uma intervenção coerente face quer às estratégias de internacionalização quer de inovação e qualificação das actividades produtivas regionais. Pressupõe-se que o Estado e a Administração intervêm a partir das definições estratégicas da ENDS com clara selectividade nos investimentos e uma aposta na inovação e certificação. A concertação implica um forte investimento privado em sectores motores quer ao nível da indústria, quer do turismo e a abertura de novas frentes de captação de investimento e qualificação, nomeadamente, nos sectores da Cultura e do Ambiente.

3.2. Organização e Estruturação Territorial Relativamente às formas de Organização e Estruturação Territorial é possível conceber também três cenários em função das variáveis-chave já identificadas. Estas três dimensões estão fundamentalmente centradas no desafio da presença da Região externa e internamente como uma Região de forte qualidade urbanística e ambientalmente sustentada mas também garantindo a coesão social e territorial.

■ Num primeiro cenário - “Lisboa a Várias Velocidades” - a Região apresenta uma grande

diversidade interna modernizando certos territórios e mantendo em desvitalização outros. O modelo territorial radiocêntrico e fragmentado reforça-se e a tendência de crescimento extensivo com ocupação de novos territórios prossegue. Acentua-se a clivagem entre a Grande Lisboa e a Península de Setúbal, bem como entre os territórios mais afastados das cidades sedes de concelho e as zonas de forte implantação de grupos oriundos da migração e/ou com problemas de inserção no mercado de trabalho.

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As dificuldades de gestão ambiental das zonas mais urbanizadas vão de par com a deterioração das zonas costeiras. A crise fiscal das autarquias faz também empobrecer o tecido associativo e cultural e gera problemas de acesso aos equipamentos e mobilidades.

■ Num segundo cenário - “Localismo Partilhado” - a concertação metropolitana permite a atenuação

de desigualdades territoriais e uma crescente implementação de sistemas de monitorização das acessibilidades, acesso aos equipamentos e melhoria na gestão ambiental. Não havendo propriamente uma alteração estrutural das redes internacionais há uma melhoria dos sistemas de transporte e comunicações internacionais bem como a modernização de zonas históricas e patrimoniais. A Região continua a manter prestígio e concentração de actividades motoras, mas não conquista um lugar relevante na Europa das Regiões.

■ Um terceiro cenário - “Lisboa em Rede” - leva ao reforço de Lisboa no conjunto das regiões

europeias e no país através de um novo modelo de desenvolvimento territorial assente no paradigma do desenvolvimento sustentável protagonizado pelo PROT-AML. O salto qualitativo é realizado através de uma aposta forte na cidade compacta e polinucleada, da qualificação de espaços centrais, da correcção de assimetrias regionais e da implementação de fortes componentes de inovação na gestão do ar e da água. Estes elementos são introduzidos através de incentivos à inovação ecológica, fruto de politicas concertadas interministerialmente que permitem ultrapassar os limites de financiamento da Região. As intervenções públicas ao nível da provisão de infra-estruturas e equipamentos colectivos evoluem do ciclo da cobertura para o ciclo da eficiência, qualidade e segurança dos serviços prestados. A governância territorial permite melhorar a coerência horizontal e vertical entre estratégias e políticas com impacte decisivo no modelo de desenvolvimento territorial, através da introdução de formas de gestão eficazes, acessíveis e democráticas.

3.3. Coesão Socio-Territorial O desenvolvimento sustentado exige um esforço consciente e voluntarista de promoção das condições de equidade social e territorial, de controlo dos “factores de exclusão” e uma procura incessante de garantia dos mecanismos de inclusão social, laboral e territorial. Considera-se que a coesão social passará essencialmente por um investimento nas “Pessoas” com especial relevância para as dimensões de qualificação científica, cultural e social e com particular atenção aos grupos sociais que as protagonizam. Estas três dimensões estão fundamentalmente centradas no desafio de cumprimento de dimensões básicas dos direitos humanos e de acesso ao conforto da vida colectiva.

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■ Num primeiro cenário, caracterizado pelas “Rupturas Sócio-Territoriais”, o aumento do

desemprego e a liberalização das políticas de revitalização urbana podem gerar bolsas de pobreza sócio-territorial, fonte de mal-estar urbano e de claras dificuldades de integração de populações mais pobres e culturalmente heterogéneas. Simultaneamente a crise fiscal do Estado e o enfraquecimento das políticas públicas torna mais difícil o acesso aos serviços públicos nomeadamente à habitação, saúde e qualificação de profissional. A Região apresenta zonas enobrecidas e recuperadas coexistentes com zonas precarizadas. Sem uma política de cidade ou uma politica de integração, nomeadamente pelo trabalho, a estrutura social e urbana tende a “guetizar-se” emergindo como uma Região/cidade fragmentada.

■ Num segundo cenário, que se caracteriza pela coexistência entre “Aldeias e Cidades”, as medidas

de intervenção, e os programas de acção, são pontuais e desintegrados mas assentam em pressupostos correctos de desenvolvimento integrado e participado. Permitem assim controlar algum mal-estar urbano que deriva de factores maioritariamente para além da cidade mas que a cidade tenta integrar. O modelo territorial assenta numa visão da cidade como compartimentos estanques apoiada por uma gestão autárquica demasiado municipalista e etnocentrada; a península de Setúbal tende a afastar-se das médias da Grande Lisboa.

■ O que caracteriza um terceiro cenário de “Metrópole Activa” é um olhar integrado sobre a

metrópole, a pró-actividade e a inovação, nomeadamente não se separando a intervenção sobre o edificado, das apostas nas organizações e nas pessoas. Neste cenário as medidas de intervenção rentabilizam a diversidade dos territórios metropolitanos aumentando as interacções, as mobilidades e os fluxos de informações, pessoas, mercadorias e culturas.

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CENÁRIO 1

LISBOA PERIFÉRICA

CENÁRIO 2

LISBOA ADAPTADA

CENÁRIO 3

LISBOA EURO-REGIÃO

4. OS CENÁRIOS E A COMBINAÇÃO DE MICROCENÁRIOS

BLOCOS MICRO-CENÁRIOS

A Região no País e no Mundo - Competitividade

e Infra-estruturas

Sub-contratação Dependente

Polivalência Activa Lisboa com Projecto

Organização e Estruturação Territorial

Lisboa a Várias Velocidades

Localismo Partilhado

Lisboa em Rede

Coesão Socio-territorial

Rupturas Socio-Territoriais

Aldeias e Cidades Metrópole Activa

CENÁRIO 1 – LISBOA PERIFÉRICA As circunstâncias e a evolução histórica não permitirão que se passe uma década e Lisboa se mantenha inalterável. Neste cenário, a região de Lisboa tem um desenvolvimento ao sabor das circunstâncias mas numa dimensão de dependência quer do ponto de vista económico quer sócio-cultural. O aparelho produtivo regional estrutura-se em função de sub-contratações com grande incidência da mediação da Espanha, da Alemanha e da França, sem acrescento de mais valias produtivas ou técnicas. O mercado de emprego encontra-se fragilizado com baixos salários e precariedade dos vínculos laborais. Não havendo estímulo à inovação e ensino qualificado, as universidades e centros de formação e I&D tendem a estagnar e a burocratizar-se. Do ponto de vista da organização territorial, a lógica individual e de mercado permite que manchas de modernidade coexistam com amplas zonas criticas. O desenvolvimento de um urbanismo extensivo e pouco qualificado fará coexistir populações e espaços com atritos que se podem estruturar com mais intensidade.

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Dentro deste cenário não se previu a situação mais pessimista que coloca a hipótese de uma crise económica e social mais grave que provoque o crescimento das desigualdades e uma rejeição da vida em comum, sendo a região palco de conflitos sociais e de inseguranças que a tornariam rapidamente numa capital ultraperiférica.

Neste cenário, Lisboa voga um pouco à deriva. A prostração generaliza-se entre agentes económicos e sociais exaustos. A decadência torna-se uma evidência para todos; o atraso uma inevitabilidade cujo agravamento não gera reacções. É o cenário de uma Lisboa que se apaga à sombra de regiões europeias tutelares, e aceita a relegação para a categoria das cidades irrelevantes ao nível europeu e mundial.

CENÁRIO 2 - LISBOA ADAPTADA Este cenário caracteriza-se pela existência de energias internas que aos diferentes níveis – economia, urbanismo e ordenamento territorial, associativismo e cidadania – permitem iniciativas voluntariosas que accionam alguns níveis de inovação e de desenvolvimento. No entanto, a ausência de estratégias claras, a incapacidade de concertação entre os vários agentes e uma administração provinciana e conflitual não permitem encontrar sinergias colectivas e a maioria dos esforços, sendo estimáveis e esforçados, não obtêm o desenvolvimento necessário para ter impacte na rota do desenvolvimento sustentável. Coexistem assim, empresas modernas e internacionalizadas descoladas dos territórios regionais com o tecido das pequenas empresas tradicionais. O mercado de trabalho sofre da mesma fragmentação nas condições de remuneração, de protecção social e de gosto pelo trabalho. Do ponto de vista do território, coexistem na Região zonas de alguma modernidade cuja fragmentação social e territorial obrigará a defesas (condomínios privados, actividades selectivas pelo preço e localização, etc.). No entanto, estes níveis de intervenção - não estando articulados - não incorporam perspectivas mais englobante e sistémicas para a região de Lisboa e os projectos ficarão confinados ao espaço metropolitano.

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Uma intervenção dispersa da administração e as dificuldades de financiamento das politicas públicas não são suficientes para gerar um aumento da qualidade de vida urbana para a maioria dos cidadãos e, face aos riscos de contestação, a gestão da cidade tem tendência a fechar-se. Neste cenário, Lisboa rema sem sair do sítio. Os agentes económicos e sociais conformam-se com os fracos resultados dos seus esforços descoordenados e dispersos. A região mantém periclitantemente o seu nível de desenvolvimento, sem conseguir assegurar trunfos duradouros que a arranquem da mediania. É o cenário de uma Lisboa banal que vai a reboque das regiões congéneres sem conseguir aproximar-se delas.

CENÁRIO 3 - LISBOA EURO-REGIÃO O que caracteriza este cenário, que obviamente se considera o cenário desejável, é o grande impulso na presença internacional da Região de Lisboa. Este impulso concretiza-se numa economia internacionalizada que encontra o seu lugar próprio – original , competitivo e moderno – mas também numa sociedade coesa , aberta, multicultural e cosmopolita. Este cenário exige um claro e inequívoco reconhecimento do papel motor da região no quadro de um reforço solidário da sua relação com as restantes regiões e muito particularmente com as Regiões do Alentejo e do Centro. A alavanca deste processo reside na capacidade de concertação entre os Actores para a concretização de um Projecto para a Região reforçada através da legitimidade da administração regional que permite a mediação das redes de interacção e de conectividade entre os vários responsáveis (públicos, semi-públicos e privados) dos serviços de interesse público mais centrais. Esta capacidade de gestão regional e local assenta num claro apoio do Governo e da Administração Central (e não só) que dão ao Projecto para Lisboa a legitimidade, visibilidade e viabilidade indispensáveis. Uma contratualização activa e uma articulação de competências entre actores asseguram a necessária cooperação para gerir as decisões sobre o território sem as tradicionais sobreposições de decisões e níveis das autoridades regionais. A coerência do projecto para a Região de Lisboa não deriva, essencialmente, dos documentos consistentes do plano estratégico mas das formas de gestão e monitorização dos planos, financiamento e projectos através de uma clara (e aceite) selectividade dos projectos mais estruturantes. O Conselho Regional, a Junta Metropolitana, as Associações de Municípios e Empresarial do Distrito de Setúbal são

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actores fundamentais desta estratégia gerando grupos de trabalho e responsabilizando-se por alguns dos programas. A Visão para a Região ultrapassa o espaço regional estrito da área metropolitana para gerar instâncias de concertação mais vastas tentando reequilibrar a metropolização e as dinâmicas territoriais da Região. Do ponto de vista económico, há uma larga aposta na internacionalização e no desenvolvimento sustentável e durável através de:

► Reforço e alargamento da cadeia de valor em fileiras de actividades, com base em pólos fortemente competitivos em termos internacionais, assegurando uma combinação de actividades convergentes, de conhecimentos e de competências, de projecção internacional e de inovação, aumentando o conteúdo em I&D e a capacidade de diferenciação nas indústrias e serviços, atraindo investimento externo e reforçando a criação endógena de novas empresas e grupos empresariais. ► Orientação da acção dos poderes públicos e dos agentes privados para grandes prioridades, devidamente contratualizadas, a saber: 1º. combinar adequadamente as lógicas de aglomeração e especialização de actividades; 2º. promover as actividades de alcance transversal no suporte à competitividade; 3º. desenvolver serviços financeiros inovadores e abertos ao investimento de risco; 4º. desenvolver agressivamente os serviços e as plataformas logísticas. ► Aposta na diversificação de indústrias e serviços puxadas por mercados dinâmicos, valorizando estrategicamente o papel do consumo de bens diferenciados e de qualidade superior, a relevância central das actividades de informação e comunicação, a função fertilizadora das actividades ligadas à saúde e as oportunidades das "fileiras" já presentes na RLVT, em busca de novos nós de valor acrescentado, nomeadamente no turismo/lazer, no automóvel / material de transporte, na construção / habitat e no agro-alimentar. ► Ampliação da dinâmica de criação de empregos, potenciando a passagem progressiva de um modelo demasiado extensivo (mais do mesmo) para um modelo claramente intensivo (novas actividades e qualificações), melhorando o perfil da relação entre produtividade e remuneração do trabalho e favorecendo a mobilidade e a flexibilidade para reduzir o tempo de resposta aos estímulos da procura e optimizar os horários de trabalho, consumo e lazer. ► Promoção, com voluntarismo sustentado, a criação de um ambiente favorável ao surgimento de novos agentes e iniciativas, com expressão privilegiada na capacidade empreendedora, na

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proliferação de serviços de apoio às empresas e na eliminação rápida das barreiras administrativas e fiscais a uma cultura de risco e de responsabilidade na sociedade civil. ► Desenvolvimento de novas práticas de concorrência e cooperação, que permitam construir abertamente uma compatibilização entre actividades plenamente inseridas nos desafios dos mercados globalizados e actividades menos expostas, mais ancoradas no tecido económico-social nacional e regional, com maior potencial para associar, no curto prazo, crescimento económico e emprego.

Valores como o crescimento, o emprego e a coesão social e territorial articulam-se através da noção de desenvolvimento sustentável. A coesão intra-metropolitana, o controle da extensividade urbana e a sustentabilidade ambiental encontram-se na ordem do dia. A atenção às escalas micro-locais e o repensar de politicas outrora centrais e hoje desprezadas são retomados (lei de solos, reserva fundiária, perequação fundiária, etc.) Através da reforma da Administração Pública assiste-se a uma desconcentração territorial dos serviços adequando-os a uma gestão de proximidade. Esta não se concretiza apenas no nome e na localização, mas também através de uma cuidadosa revisão das funções e competências dos serviços públicos, de forma a orientá-los para novas necessidades, para formas mais eficazes de servir, e para uma gestão por objectivos. A participação cidadã, facilitada pelos novos meios de comunicação e de acesso à informação é promovida e potenciada. Neste cenário, Lisboa abre velas em alto mar. Um espírito de atrevimento galvaniza os agentes económicos e sociais, que comungam numa dinâmica de acção cooperativa e coordenada. A região mobiliza-se para uma trajectória de franca ascensão do seu nível de desenvolvimento, colocando-se na vanguarda das dinâmicas globais de qualificação económica. É o cenário de uma Lisboa exuberante, que se assume sem complexos como uma região polarizadora no espaço europeu e relevante a nível mundial.

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3. VISÃO

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Uma visão de futuro deve dar conta de que cada vez mais as pessoas e organizações agem independentemente das fronteiras físicas e administrativas e as cidades desenvolvem extensas redes de interacção, materiais e imateriais, suportadas por transportes rápidos e tramas de comunicação. Neste sentido, torna-se mais importante trabalhar com fluxos do que com zonas funcionais, com acessibilidades do que com plataformas fixas, com de processos de planeamento em vez planos, não só com os moradores mas também com os visitantes. Assim, o imaterial, o pensamento colectivo, o projecto, a relação, a circulação, a articulação, tornam-se elementos centrais do pensamento urbano e são bem mais exigentes face às necessidades de gerar sistemas complexos, integrados e aprendentes.

No próximo período de programação Lisboa sai definitivamente do objectivo 1 e assume claramente este novo processo de estruturação de objectivos, metas e formas de fazer. O próximo período de programação, quer face ao decréscimo dos financiamentos disponíveis quer face às necessidades detectadas no diagnóstico, estrutura as estratégias-chave através de duas ideias centrais:

● investimento nas pessoas e nos processos; ● selectividade nos investimentos com clara prioridade para as acções estruturantes.

LISBOA CENTRADA NAS PESSOAS

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Uma Região Interactiva Centrada nas Pessoas O que caracteriza a sociedade actual é a mudança de paradigma cultural e organizacional num mundo cada vez mais globalizado e exigente face às novas formas de pensar e gerir os territórios e pretende-se que a área metropolitana de Lisboa dê esse salto civilizacional na próxima década, em nome da eficácia da acção e da qualidade de vida a proporcionar aos residentes. Os desafios são simultaneamente externos - hoje os processos de desenvolvimento exigem a presença activa no espaço internacional - e internos - a criação de processos de desenvolvimento sustentável tem as suas raízes em movimentos nacionais, regionais e locais. A nova máxima é agora “agir global, pensar local” .

LISBOA EURO-REGIÃO como visão para a próxima década, visa a indispensável presença numa

economia globalizada e num mundo de crescente concertação global, assente numa nova cultura das formas de pensar, de decidir, de organizar, de agir nos processos a implementar e na forma de condução das acções.

A estratégia regional em curso, agora elaborada fora do âmbito da "convergência", deve ser pensada para uma Região Europeia , evitando a ameaça de dois perigos que parecem existir . Por um lado o facto de, subindo à 1ª divisão na Europa não se conseguir a manutenção dessa posição, correndo o risco de se não atingir os objectivos - ou de não atingir o desenvolvimento necessário para se estar ao lado dos outros parceiros europeus, por outro, o perigo da Região não conseguir descolar do todo nacional e, em consequência, falhar a indispensável abertura ao exterior.

LISBOA EURO-REGIÃO

REGIÃO COSMOPOLITA

REGIÃO COMPETITIVA REGIÃO CONECTADA

REGIÃO COESA

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Assim, a visão para Lisboa, mais do que buscar novos investimentos materiais e rotineiros, aposta num outro horizonte cultural e institucional, assente no reforço da interactividade e da conectividade entre Actores e Instituições (a networking society) com vista à construção de uma região moderna, competitiva e claramente ancorada nas capacidades das Pessoas, do Território e das Organizações.

Os quatros “CÊS”:

♦ Região Competitiva: Região singular e competitiva no sistema das regiões europeias, através

de um território de elevada qualidade ambiental e patrimonial e o reforço da intermediação nacional e internacional, com actividades de perfil tecnológico avançado;

♦ Região Cosmopolita: espaço privilegiado e qualificado de relações euroatlânticas,

apresentando um património histórico, urbanístico e cultural singular, e emergindo como terra de intercâmbio, de bom acolhimento migratório, de solidariedades e de encontro de civilizações e culturas;

♦ Região Coesa: que passará essencialmente por um investimento nas “Pessoas” com especial

relevância para as dimensões de qualificação e empregabilidade cientifica, cultural e social e com particular atenção a grupos sociais que protagonizam parte significativa das dinâmicas sociais, culturais, e demográficas da sociedade actual - idosos, jovens , imigrantes e desempregados - assegurando condições de igualdade de oportunidades e de equidade social e territorial, de controlo dos factores de exclusão e uma procura incessante de garantia dos mecanismos de inclusão social, informacional e territorial.

♦ Região Conectada: com forte aposta na modernização da administração, na solidariedade

institucional, na inovação dos processos de gestão, na participação dos cidadãos, no controle e avaliação dos resultados dos investimentos e, sobretudo, que aposte na criação de mais valias do funcionamentos em rede.

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NO HORIZONTE DE 2020:

No início do séc. XXI, a Região Metropolitana de Lisboa apresenta padrões e modelo territoriais marcados pelo desordenamento, fortes constrangimentos à mobilidade, riscos ambientais e patentes desconexões da administração e governabilidade. A inserção da Região nas rotas mundiais da competitividade e inovação é ainda elementar mas com tendências positivas nos domínios da atractividade, de um forte aumento dos congressos e reuniões de relevo internacional, do aumento do investimento em C&T, e da participação em redes tecnológicas. A inserção geo-estratégica da Região e o seu património de relações históricas, culturais e diplomáticas vocacionam-na para funções - cruciais na nova época da globalização - de charneira e de intermediação.

Assim, o potencial de recursos naturais singulares, o capital humano [a (re) qualificar] e a qualidade e posicionamento do território abrem boas oportunidades de desenvolvimento, nas próximas décadas, se forem desencadeados os projectos adequados e necessários à criação de sinergias singulares e colectivas que relancem a região-capital do país para o lugar que pode - e deve – ocupar no contexto ibérico, europeu e mundial.

Recursos Humanos

Recursos Naturais

Salvaguardar Valorizar

Atrair

Formar Qualificar

Cultura

Qualificar Inovar

Internacionalizar

a REGIÃO DE LISBOA transformar-se-á numa metrópole cosmopolita, de dimensão e capitalidade europeias relevantes, plenamente inserida na sociedade do conhecimento e na economia global, muito atractiva pelas suas singularidade e qualidade territoriais, natureza e posicionamento euro-atlânticos. A sustentabilidade social e ambiental, o reforço da coesão sócio-territorial, a valorização da diversidade étnica e cultural e a eficiência da governação são, nesse horizonte, condições e metas do desenvolvimento económico e social da Região.

Organizações

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No horizonte de 2020, a Região de Lisboa enfrenta o decisivo desafio de passar do ciclo da infraestrutura física – casas, escritórios, estradas, fábricas – ao ciclo do conhecimento – capital humano, comunicações, investigação e desenvolvimento de novos produtos:

● “densa” em recursos humanos qualificados, instituições de ensino, designadamente uma rede de escolas de ensino básico que se distinga pela elevada qualidade dos professores, dos equipamentos e da gestão, investigação e desenvolvimento tecnológico; ● com apreciadas qualidade e facilidades de vida urbanas e rurais para os seus habitantes; ● fortemente internacionalizada e competitiva no sistema das regiões europeias, com funções económicas e culturais de intermediação entre o Norte-atlântico e industrial e o Sul-mediterrâneo e turístico; e entre a Europa, a América do Sul e algumas regiões de África; ● de serviços qualificados às famílias e às empresas ● de actividades de perfil tecnológico avançado, mas também de actividades turísticas e residencial, apostando na 3ª idade activa e nos clusters do lazer/saúde/cultura/desposrto; ● de encontros, tolerância e igualdade de oportunidades; ● com instituições e formula de governo eficientes, conjugadas com modalidades de governança activas.

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O modelo territorial acentuará a natureza de Região de Polarização Metropolitana, consolidado através da sua estruturação e qualificação na dupla lógica centro-periferia – coroas de desenvolvimento – e radiocêntrica – corredores multimodais. A construção do novo aeroporto internacional facultará – através de uma política voluntarista de ordenamento do território – a consolidação e emergência de novas centralidades urbanas e de actividades, reequilibrando os padrões de uso do solo e da mobilidade

Região de Polarização Metropolitana

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Os quatro corredores multimodais que irradiam de Lisboa constituem charneiras de desenvolvimento e de articulação com as Regiões Centro (eixo 1 e eixo 2) e Alentejo (eixo 3 e eixo 4)

Axe of development in the West Axe of development in the Tagus Valley Axe of development for Lisbon-Evora A f d l t f Li b

Railways Freeways Complementary Itinerary

Main network Complementary network Secondary network

Corredores Multimodais da RLVT

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AS GRANDES METAS DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL

METAS/INDICADORES 2013 2020 Percentagem do PIB investido em C&T 3,0% 3,5%

PIB per capita em paridade de poder de compra Ultrapassar o nível de PIB per capita médio do conjunto das regiões capitais da região Europeia (considerando apenas os países com mais do que uma única NUTS II)

Produtividade do emprego (PIB em euros /Emprego) Atingir o nível de produtividade médio da UE 25 Taxa de Emprego Alcançar estabilizar a taxa de emprego em torno dos 70% População residente Estabilizar a % de população residente na região em

torno dos 25% do total nacional População servida com sistemas públicos de drenagem e tratamento das águas residuais urbanas

90% 100%

Ambiente - Eficiência energética Alcançar os níveis de eficiência energética das regiões capitais da União Europeia

Ambiente - Eficiência energética dos edifícios Aumentar em 40% a eficiência térmica dos edifícios

Ambiente: Utilização de energias renováveis Utilizar as energias renováveis para substituir as fontes de energia convencionais em 20%

Turismo – Posição da Região no ranking europeu do turismo

Ocupar um lugar acima da média das capitais europeias de atractividade turística da “primeira divisão” (Berlim, Madrid, Barcelona, Viena, Atenas, ...)

Educação – Cobertura pré-escolar Garantir que 100% das crianças entre os 3 e os 5 anos frequentem a educação pré-escolar

Educação – Ensino técnico e profissional Alcançar a média da EU de proporção de jovens até aos 22 anos com cursos técnicos e profissionais de nível secundário

Educação – Ensino superior Aumentar o n.º de novos graduados em áreas científicas e tecnológicas ao nível médio da UE

Coesão Social – rendimentos? Aproximar o nível médio na União Europeia

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4.EIXOS ESTRATÉGICOS

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A Estratégia de desenvolvimento para “Lisboa 2020” decorre de uma ideia chave: Partindo desta ideia chave é possível estruturar quatro eixos estratégicos e onze domínios que lhe dão sustentabilidade:

O essencial do desafio do futuro da Região ganha-se ou perde-se na capacidade de construir novos factores de competitividade, baseados na qualidade das pessoas, das organizações e do território, no quadro de uma presença activa a nível supra-nacional.

COMPETITIVIDADE

DINÂMICA TERRITORIAL

DINÂMICA SOCIAL

GOVERNABILIDADE

DOMÍNIOS Inovação e Conhecimento / Turismo / Internacionalização / Empresas / Requalificação Metropolitana / Ambiente / Mobilidade / Qualificação, Formação e Empregabilidade / Cultura / Qualidade de Vida / Governabilidade e Governança

EIXOS

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1. COMPETITIVIDADE – A Internacionalização como Objectivo Estratégico para o Desenvolvimento Competitivo da Região de Lisboa

O processo de globalização, enquanto integração em profundidade de espaços económicos onde a legitimidade política democrática continua a fundamentar-se, no essencial, em referenciais nacionais, embora no quadro de uma crescente afirmação das realidades infranacionais (regionais e urbanas) e supranacionais na construção de novos modelos de governança, tem sido moldado por três grandes princípios:

Princípio de diferenciação territorial, ancorado pela afirmação de vantagens competitivas específicas em espaços regionais que se configuram como “distritos industriais”, onde redes de cooperação empresarial, nomeadamente de PME’s, alimentam modelos de especialização na produção para o mercado mundial de bens transaccionáveis diferenciados segundo formas de concorrência monopolística;

Princípio de desintegração vertical, ancorado pelo desdobramento das múltiplas actividades de produção e distribuição ao longo de cadeias de valor globalizadas ou, pelo menos, “continentalizadas”, onde conglomerados empresariais transnacionais ou, pelo menos, multi-mercado, vão optimizando custos e tempos de resposta às necessidades dos mercados através de sucessivas deslocalizações e relocalizações dessas mesmas actividades parciais subordinadas, acompanhando as oportunidades de custos dos factores abertas pelas sucessivas vagas de economias emergentes e/ou em transição;

Princípio de modularidade de processos e produtos, ancorado pela capacidade de empresas e instituições de I&D de partilharem referências e códigos científicos e tecnológicos numa perspectiva “forward-looking”, onde empresas inovadoras, integradoras vão dando corpo a novas formas de produção global (“made in world”) de produtos que chegam aos mercados através de cadeias de actividades polarizadas pela mobilização do conhecimento no quadro de lógicas de dominante técnica e comercial, simultaneamente mais complexas e equilibradas.

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O processo de globalização acelerou-se, por outro lado, com base na:

► Afirmação de actividades logísticas complexas e integradas, que se traduziram numa redução muito significativa dos custos e tempos de transporte;

► Generalização da utilização das tecnologias de informação e comunicação, e das redes que a suportam, que se traduziram numa revolução profunda, quer nas condições de produção, difusão e acesso ao conhecimento, quer nas possibilidades de interactividade económica e empresarial em tempo real;

► Progressiva consolidação do turismo como primeira e mais relevante “indústria global”, em termos quantitativos, gerando novos mercados a um ritmo ainda em aceleração (os fluxos turísticos globais devem mais do que duplicar nas duas primeiras décadas do século XXI)

► Liderança da esfera financeira em termos de dinamismo económico, arrastada, nomeadamente, quer pela financiarização dos activos impulsionada, também, pelo envelhecimento da população e pelas novas formas de gestão dos fundos de pensões, quer pela globalização dos mercados imobiliários, gerando uma conjuntura sem precedentes de inflação baixa e disponibilidade de acesso às poupanças à escala mundial.

A estratégia da Região de Lisboa, no horizonte 2020, não pode, neste quadro, deixar de colocar a internacionalização como um dos seus principais objectivos, e, sobretudo, de o fazer de uma forma acertada com o tempo e o espaço das acções a desenvolver. Para a Região de Lisboa o objectivo estratégico da internacionalização deve ser um objectivo de (re)qualificação das funções desempenhadas à escala nacional, ibérica, europeia e mundial, construindo vantagens competitivas duradouras através de escolhas pragmáticas e especializadas.

As grandes linhas dessas escolhas são, em nossa opinião, as seguintes:

■ Prestar grande atenção à participação nos movimentos de globalização assentes no princípio de modularidade de processos e produtos, isto é, participar no “made in world”, como forma de acelerar a sua emergência na economia baseada no conhecimento;

■ Prestar grande atenção às actividades logísticas, seja como forma de defender as actividades assentes no princípio de desintegração vertical (a indústria automóvel e a Península de Setúbal constituem os melhores exemplos na região), seja como forma de encontrar funções internacionais globais qualificadas no terreno da intermediação (Portugal e a Região de Lisboa têm uma aptidão histórica e futura muito relevante para este tipo de posicionamento – “Flandres do Sul”);

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■ Prestar uma atenção global decisiva ao turismo como grande alavanca de internacionalização da região em articulação, quer com a afirmação de iniciativas e estruturas de negócios, congressos, feiras e exposições, quer o desenvolvimento das indústrias criativas e culturais, quer com uma aposta de grande qualidade arquitectónica e ambiental no sector imobiliário;

■ Acelerar drasticamente a internacionalização das instituições de ciência, educação, investigação e serviços avançados, em particular das universidades, utilizando a harmonização europeia em curso como alavanca para a sua afirmação internacional na produção de conhecimentos e na captação de alunos.

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2. DINÂMICA TERRITORIAL – Articular e Conectar Lisboa, Interna e Externamente, através de um Desenvolvimento Territorial Sustentado e Qualificado A Região de Lisboa deve adoptar um novo modelo territorial de desenvolvimento favorável à dupla convergência: intra-regional e comunitária. Deve assumir decididamente o paradigma do desenvolvimento sustentável através da promoção de estratégias económicas ambientais (eco-eficientes), atraindo novas oportunidades de mercado e investimentos, favorecendo uma maior eficácia de recursos. Este modelo territorial, deve basear-se nos princípios da cidade compacta (maior importância atribuída à reabilitação e qualificação dos espaços construídos existentes, controlo do crescimento urbano extensivo, etc.) e da polinucleação (complementaridade interna, emergência de novas centralidades, organização mais sistémica), afirmando-se como uma Região metropolitana polinucleada em substituição do actual modelo radiocêntrico e fragmentado. O paradigma do desenvolvimento sustentável tem como corolário a inversão da actual tendência de urbanização expansiva com forte concentração nas zonas suburbanas e litorais. É também necessário que as intervenções públicas ao nível da provisão de infra-estruturas e equipamentos colectivos evoluam do ciclo da cobertura para o ciclo da eficiência, qualidade e segurança dos serviços prestados. Ao forte crescimento desordenado há que contrapor a protecção de recursos fundamentais, como os solos, as águas subterrâneas, as zonas ribeirinhas e a faixa litoral, bem como valores patrimoniais únicos, nos domínios ecológico, paisagístico, cultural e geo-estratégico, corporizados nas áreas protegidas, Rede Natura 2000 e monumentos nacionais. O modelo territorial a adoptar neste período deve garantir o funcionamento sistémico e sustentável dos sistemas hídricos e das estruturas ecológicas, preservando o potencial ecológico e de biodiversidade do território regional. Deve apostar também no funcionamento sistémico das redes e infra-estruturas de mobilidade que promovam a multimodalidade, interconectividade e a conectividade internacional, de forma a garantir a sustentabilidade ambiental e a eficiência energética. O desenvolvimento sustentado exige um esforço consciente e voluntarista de promoção das condições de equidade social e territorial, de controlo dos factores de exclusão e uma procura incessante de garantia dos mecanismos de inclusão social, informacional e territorial.

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Assim, informam os princípios da intervenção territorial: Principio da integração dinâmica da região no contexto internacional, ibérico e nacional através da articulação e reforço de infra-estruturas (viárias, rodoviárias, portuárias, aeroportuárias), de acessibilidades alargadas e qualificadas incluindo o alargamento das capacidades logísticas e funcionais conquistando um lugar mais proeminente na rede europeia de cidades Principio da eficiência e sustentabilidade ambiental que pretende desenvolver estruturas de gestão ecológica dos recursos naturais e paisagens da região através do seu uso racional, da despistagem de alternativas amigas do ambiente e garantindo qualidade e eficácia; Principio da requalificação e revitalização do território, do património habitacional e patrimonial assegurando a coerência territorial, controlando o uso extensivo do solo, apoiando uma renovação de funções e formas de apropriação da terra e sobretudo conjugando tradição e modernidade no uso da cidade. Incluem-se o apetrechamento e modernização de “infra-estruturas” avançadas de investigação, apoio à produção e exportação, desenvolvimento de tecnologias de informação, comunicação e reforço das redes imateriais, etc.

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3. DINÂMICA SOCIAL - Uma Região Centrada nas Pessoas e na Oferta de Oportunidades que permitam processos de Mobilidade Social, de Aumento da Qualidade de Vida e da Equidade Social A coesão social no próximo decénio deverá passar essencialmente por um investimento nas “Pessoas” com especial relevância para as dimensões de qualificação cientifica, cultural e social e com particular atenção a grupos sociais que protagonizam parte significativa dos protagonismos sociais e culturais e das dinâmicas demográficas da sociedade actual: jovens, imigrantes e desempregados. Á luz dos desafios da Cimeira de Lisboa, o principal desafio estratégico da coesão social, é a qualificação dos recursos humanos, que deverá assentar na capacidade de encetar uma política de ensino e de formação profissional articulada, inovadora e original, assente nos estabelecimentos e instituições já existentes. Este desafio exige um planeamento estratégico das actividades de formação profissional em estreita ligação com o ensino, que a partir da identificação das carências de qualificação das empresas, e nas respectivas actividades económicas, e dos referenciais de competências chave necessárias, permita concretizar acções sistémicas de melhoria das mesmas, nomeadamente nos sectores e empresas mais expostos à concorrência internacional. A articulação entre o sistema de ensino, a formação profissional e a inovação e desenvolvimento tecnológico, deve ter como objectivo permitir a modernização e actualização dos sistemas organizacional e produtivo e a especialização em sectores mais exigentes em conhecimento, como ainda, na criação de referenciais de competências-chave nos domínios em que são previsíveis as mutações tecnológicas mais avançadas. É necessário aumentar a qualificação e a adaptabilidade dos trabalhadores e das empresas, melhorando o acesso à formação, ao emprego e ao mercado de trabalho, especialmente através da promoção e reforço da inclusão social de pessoas com desvantagens e o combate à discriminação. Mas é também necessário, preparar a cidade para um bom acolhimento da diversidade social e cultural que é cada vez mais o apanágio da Região. Torna-se particularmente relevante enfoque nos espaços públicos, equipamentos de proximidade e de requalificação urbana através de processo integrados e participados de intervenção que fomentem uma coexistência positiva na cidade e aumentem a sua democraticidade interna. Acredita-se que a cidade é o espaço colectivo de pertença a todos os cidadãos que aí têm de encontrar condições e oportunidades para a sua realização pessoal, social, politica e económica. Na diversidade das culturas e modos de vida a cidade deve permitir a todos, e a cada um, um espaço de pertença

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simbólica mas também de enraizamento material em condições de qualidade e acessibilidade aquilo que é hoje o bem-estar urbano de uma cidade moderna. É na diversidade das funções urbanas – trabalho, lazer, cultura e convivência – e na diversidade social e cultural apanágio dos tempos modernos que a cidade encontra a sua verdadeira dimensão cosmopolita e cada um se sente com o “direito à cidade”. Assim, a intervenção ao nível das Pessoas deve centrar-se nos princípios: Principio da pertença e do direito à cidade através do desenvolvimento de uma identidade urbana, culturalmente dinâmica assente na oferta qualificada de espaços e equipamentos colectivos muito particularmente de educação e formação, permitindo a melhoria da qualidade de vida e a geração de referentes colectivos, patrimoniais e culturais para Lisboa reforçando a auto-estima pela Região. Principio da equidade e coesão sócio-territorial estabelecendo mecanismos que garantam a igualdade de oportunidades no acesso ao conforto urbano e corrijam os desequilíbrios de partida e dos processos segregacionistas, reforçando quando necessário, medidas de discriminação positiva para garantir a coesão social e territorial Principio da diversidade, multiculturalidade e inovação desenvolvendo e apoiando iniciativas inovadoras em todas as áreas de suporte da vida social, da produção de bens e serviços, à educação e formação passando pela cultura, desporto e convivencialidade urbana, manifestando publicamente a modernidade e multiculturalidade da Região.

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4. GOVERNABILIDADE – A Governabilidade e a Governança na Estratégia para a Região de Lisboa (a refazer) A Estratégia Regional: Lisboa 2020, defronta uma dificuldade prática, que rapidamente se transformará em fragilidade pragmática se não for adequadamente resolvida. Estamos a falar de governabilidade e de governança, isto é, da capacidade de executar os projectos planeados, passando dos cenários à realidade. Sem a exequibilidade, a estratégia não passa de um exercício de mera especulação, que pode ser intelectualmente interessante mas é politicamente nulo. E a exequibilidade tem de contornar os enormes e múltiplos escolhos que hoje em dia enleiam a governabilidade e a governança. A governabilidade é o conjunto de meios políticos, jurídicos, administrativos e técnicos atinentes à consecução de um projecto aprovado. Já a governança tem a ver com os instrumentos sociais, cooperativos, interactivos e outros, formais e informais, que permitem identificar as ideias/projectos, debatê-las, desenvolvê-las e levá-las a cabo. É sabido como actualmente entre a fixação de um projecto e a sua efectivação medeia um caminho burocrático altamente arriscado e aleatório, eriçado de decisões intermédias, pareceres, regulamentos necessários, reformas viabilizadoras, compatibilizações técnicas, etc., que as mais das vezes paralisam ou pura e simplesmente inviabilizam a boa marcha e a conclusão dos mesmos. Isto num universo em que numerosos responsáveis, seja do Estado (centralizado, desconcentrado ou descentralizado) seja da sociedade civil, se acotovelam no interior de normativos pletóricos e não raro contraditórios, em ordem a deixarem as suas marcas no percurso crescentemente atribulado dos processos de alegada modernização estruturante das sociedades. É aqui que a governabilidade e a governança periclitam, impedindo ou atrasando as mudanças indispensáveis. ....

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5. PROGRAMAS ESTRUTURANTES

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Um Plano sem projectos e sem responsáveis concretos não passa de um documento de intenções, destinado ao esquecimento, e não resistirá para além da sua redacção

Manuel de Forn1 Tendo em vista a sua execução, os projectos constituem o “coração” de qualquer Estratégia. O presente Capítulo é, assim, a parte fundamental da “Lisboa 2020 – Estratégia Regional”. Impõem-se, então, algumas prevenções e precisões sobre o conteúdo e a organização das propostas. Na Estratégia regional “Lisboa 2020” o conceito de “Projecto Estruturante” cobre um número restrito de projectos, suficientemente integradores e transversais, susceptíveis de explicitar as grandes prioridades estratégicas - numa lógica de concentração de esforços e meios – e de exprimir, também, as principais motivações e compromissos em matéria da mudança ambicionada. Os “Projectos Estruturantes” não se confundem, assim, nem com “projectos prioritários” ou “projectos importantes” definidos pela sua “urgência” económica, social ou política, nem em função da sua dimensão quantitativa, mas antes em função da sua dimensão “de resultados”, isto é, da sua capacidade para produzir mudanças duradouras e sustentáveis na competitividade e na coesão territorial da Região, convertendo-se na condição necessária de êxito da estratégia definida. O conjunto dos Projectos é organizado em Programas e Subprogramas visando reforçar a transversabilidade e sinergias das realizações, mas também a sua sistematização por domínios territoriais e institucionais com vista à definição das responsabilidades de operacionalização e execução. Necessariamente que se contemplam os projectos considerados indispensáveis para a concretização da “Lisboa 2020 – Estratégia Regional”, sejam da responsabilidade da Administração Pública ou dos agentes privados. A respectiva especificação – em termos de entidades e de fontes de financiamento – é feita nas Fichas de Projectos que se apresentam em sequência. Tipologia de Projectos ● Projectos Estruturantes ou Estratégicos (E) - são os projectos susceptíveis de provocarem rupturas com a situação existente e as tendências de desenvolvimento “instaladas,” conduzindo às mudanças no sentido da construção do modelo de território desejado, “plasmado” na Visão. ● Projectos Complementares (C) - são aqueles que asseguram certas condições de resultado aos projectos Estruturantes ou que associados criam sinergias entre si, desencadeando impactos importantes. ● Projectos Necessários (N) - não sendo projectos estratégicos caracterizam-se por serem indispensáveis à concretização de determinados objectivos do Plano e garantem limiares (de competitividade, de sustentabilidades, etc.) aos territórios. ● Projectos de Demonstração (D) - são acções ou conjuntos de acções que, pela sua exemplaridade, natureza pedagógica ou de experimentação, proporcionam visibilidade e credibilidade ao processo de mudança que se pretende realizar visando, fundamentalmente, a mobilização das populações e dos actores para esse processo.

1 de Forn, Manuel; Estratégias y Territórios – Los Nuevos Paradigmas, Diputació Barcelona, 2005.

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PPRROOGGRRAAMMAA 11.. RREEDDEESS DDEE IINNOOVVAAÇÇÃÃOO EE CCOONNHHEECCIIMMEENNTTOO

Na economia global contemporânea, a Inovação e o Conhecimento são as verdadeiras alavancas do desenvolvimento constituindo, desse modo, factores essenciais da competitividade territorial. A Região de Lisboa, estando bem posicionada, em termos nacionais, no que se refere a infra-estruturas, recursos humanos e despesa dedicada à I&D, tem que incrementar, decisivamente, a aposta nestes domínios para se tornar competitiva na Europa das Regiões e na sociedade global.

Este Programa – cujo sucesso se afigura crucial para o futuro da Região (e do país) – abrange vários domínios de intervenção e visa criar redes de inovação e conhecimento, institucionalizadas de forma flexível mas efectivamente activas, numa perspectiva de articulação entre os diversos agentes e unidades que operam no território. Articular, nomeadamente, as Universidades, os Centros de Investigação, os Parques empresariais, os Parques de Ciência e Tecnologia e organismos da Administração Central, com vista a intensificar a utilização da ciência, das tecnologias, da informação e do conhecimento nas actividades económicas e empresariais e nos serviços públicos.

O Programa estrutura-se em três Sub-programas: “Capacitação Institucional”, “Inserção activa na Sociedade do Conhecimento” e “Apoio ao desenvolvimento de Clusters”.

O primeiro Sub-programa assenta na capacitação institucional regional de Inovação, através da criação de uma Agência Regional de Desenvolvimento Tecnológico e de acções que visam uma melhor coordenação entre entidades e a facilitação do acesso aos serviços da ciência e tecnologia.

O segundo Sub-programa promove a inserção activa na Sociedade de Informação, através de infra-estruturas e equipamentos de apoio à Inovação, bem como o reforço da Formação avançada destinada, por um lado, a estimular as competências e qualificações dos Recursos Humanos, por outro, a atrair pessoas qualificadas, designadamente, estrangeiras, para actividades de investigação, desenvolvimento e inovação, condições indispensáveis para atingir os objectivos fixados.

O terceiro Sub-programa assenta nas actividades/funções susceptíveis de incrementar a cadeia de valor dos clusters estratégicos para a Região, quer se baseiem nos sectores tradicionais, quer se tratem de sectores emergentes.

A criação de vantagens competitivas duradouras num mercado global exige uma requalificação das funções desempenhadas pela Região – requalificação essa que só pode provir de uma capacidade significativamente acrescida de produção e transferência de conhecimento e tecnologia para o tecido económico. A dimensão formativa e os benefícios económicos resultantes deste Programa constituirão, também, um poderoso contributo para a coesão sócio-territorial da Região.

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PPRROOGGRRAAMMAA 22.. UUMMAA RREEGGIIÃÃOO AAMMBBIIEENNTTAALLMMEENNTTEE IINNTTEELLIIGGEENNTTEE

A Estratégia Regional “Lisboa 2020” faz uma aposta decidida no Ambiente ou, se preferirmos, no desenvolvimento “durável”. Tal aposta justifica-se porque a qualidade – e a quantidade - dos recursos naturais e ambientais constitui o factor distintivo da região no quadro das regiões capitais europeias. Assim, os recursos ambientais são, eles próprios, factor de atractividade e de competitividade.

Em termos práticos, e face aos nossos hábitos, estamos perante uma equação de solução complexa mas absolutamente necessária: como salvaguardar e valorizar, de forma “durável,” os recursos ambientais da região, ao mesmo tempo que esses recursos apoiam a criação de riqueza económica. Daí a proposta de realização de Estudos e de Avaliação de Impacto de Sustentabilidade (EIS/AIS), e da criação e aplicação de um Sistema de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável (SIDS).

A água e a natureza constituem os extraordinários recursos distintivos da Região contemplados nos projectos e acções deste Programa. Os Oceanos como património do futuro – a equacionar e cuidar desde já – e a qualificação das grandes massas de água – superficiais e subterrâneas constituem os Sub-Programas 1 e 2. O primeiro visa equacionar a importância da valiosa Zona Económica Exclusiva (ZEE), quer sob o ponto de vista do seu conhecimento e preservação, quer relativamente ao seu aproveitamento para “velhas” – pesca, transportes, etc. – e “novas” – energia, turismo, biotecnologia, etc. – actividades económicas.

O Sub-programa “Água Doce” visa proteger e requalificar os recursos hídricos da região, com um enfoque particular na valorização dos estuários do Sado e do Tejo – riquezas ímpares que importa ordenar, cuidar e explorar adequadamente - mas também proteger os valiosos aquíferos (preservando e reforçando) e concluir o saneamento básico da região.

O Sub-programa “Aplicação do PROT-AML” contempla as acções que dão expressão prática às orientações e normas deste importante instrumento de planeamento regional. Visa, em particular, a salvaguarda e revitalização dos espaços naturais e rurais – ainda abundantes na região, mas fortemente ameaçados pelas pressões urbanísticas.

O Sub-programa “Inovação e Gestão Ambiental” assenta na promoção de projectos e acções destinadas a mudar hábitos, comportamentos e processos com o desenvolvimento de energias renováveis e aposta na eficiência energética e na valorização dos recursos locais. Pedagogia, projectos de demonstração, mas, também, responsabilização cívica. De salientar ainda, neste Sub-programa, o projecto “Eco-bairros”, com o qual se pretende realizar experiências piloto em dois ou três bairros/freguesias – para posterior replicação -, demonstrando a viabilidade da sustentabilidade, designadamente ao nível da mobilidade, dos transportes, e da eficiência energética.

Estamos perante um Programa singularmente estratégico e transversal a todos os sectores da sociedade e do território. Para os seus objectivos contribuiu, também, em particular, o Sub-Programa 5.1. pelo que

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só poderá ser cumprido através de uma mobilização activa das entidades públicas e privadas, bem como dos cidadãos, na certeza de que aqui se joga o futuro de gerações. A sua concretização traduzir-se-á em benefícios significativos relativamente aos quatro eixos estratégicos definidos na Estratégia Regional. A competitividade regional beneficiará de um processo de investimento naquele que é um factor de mais-valia territorial; o posicionamento da Região como charneira do espaço euro-atlântico sairá reforçado; e a dinâmica social será melhorada pela qualidade de vida dele resultante.

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PPRROOGGRRAAMMAA 33.. UUMMAA MMEETTRRÓÓPPOOLLEE CCOONNEECCTTAADDAA

Os constrangimentos à mobilidade têm sido sistematicamente apontados – por exemplo, no Relatório da Avaliação Intercalar do PORLVT – como uma das maiores debilidades da Região metropolitana, inibidores de melhor qualidade de vida e redutores da produtividade do trabalho, das organizações e das empresas. A logística, uma das vertentes fundamentais da mobilidade – mas também da produtividade e da inserção nas cadeias de valor nacionais e internacionais – permanece arcaica e desorganizada.

Nestes domínios há questões elementares a resolver, na Região e no País. Questões simples em termos técnicos, mas cuja solução exige, da parte dos gestores e dos decisores políticos, a capacidade de visão e determinação que não têm existido.

O crescimento do comércio internacional e o alongamento geográfico de cadeias de valor, crescentemente modulares, têm vindo a estimular o desenvolvimento da logística à escala global. A posição da Região de Lisboa como pólo gerador de tráfego, dotada de um sistema portuário de grandes potencialidades e da melhor rede de acessibilidades do País, favorece o aproveitamento dessa dinâmica de âmbito mundial.

O Sub-programa “Planeamento e Gestão da Logística” visa a criação das bases da logística moderna na Região, favorecendo a conquista de novas e mais enriquecidas funções de intermediação no contexto das relações da Europa alargada com as Américas e África. Está estruturado em três projectos: ordenamento e gestão, redes e projectos de internacionalização; e (re) ordenamento da micro-logística.

O crescimento urbano extensivo e desordenado tem levado a um forte aumento das deslocações pendulares, mas também à crescente predominância do transporte individual, situação que cria fortes impactos ao nível da qualidade do ar e das emissões de gases com efeito de estufa. Com o sub-programa “Mobilidade Inteligente”, investe-se em projectos que contribuam para uma profunda alteração dos equipamentos, processos e gestão da mobilidade, tornando-a mais eficiente, inteligente, amiga do ambiente e das pessoas.

No que se refere ao Novo Aeroporto, para além da construção de uma moderna e capacitada infraestrutura de transporte aéreo, torna-se necessário encarar essa construção como oportunidade para organizar, na sua envolvente de influência, uma nova área de actividades produtivas e logísticas avançadas e viradas para a internacionalização. E aproveitar a oportunidade para construir o melhor – o mais moderno e funcional - aeroporto da Europa. Este é um Programa que contribui, decisivamente, para a concretização de todos os Eixos Estratégicos.

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PPRROOGGRRAAMMAA 44 –– IINNVVEESSTTIIRR NNAASS PPEESSSSOOAASS

Se o Objectivo Central da Estratégia “Lisboa 2020” é a plena inserção da Região na sociedade do Conhecimento e da Informação, uma sociedade de actividades produtivas e de serviços avançados, o principal capital que esse caminho requer é capital humano qualificado. Sendo esta, embora, uma perspectiva “funcionista” e “produtiva” dos recursos humanos, ela deve ser assumida sem complexos e de forma determinada. Por outro lado, os recursos humanos além de recursos produtivos são pessoas com a sua dimensão humana, familiar, social e de cidadania. É a esta perspectiva integrada – dimensão humanista e produtiva – que devem responder os sistemas de Educação e de Formação, consubstanciados no Programa Regional “Investir nas Pessoas”.

O Programa estrutura-se em três Sub-programas: “Qualificar”, “Cumprir Lisboa” e “Vida Saudável”.

Com o primeiro, pretende-se garantir que a Educação seja um direito, assegurando o acesso ao ensino obrigatório e ao longo da vida, combatendo o insucesso escolar, apoiando as famílias ou concluindo a Rede Regional de Bibliotecas Públicas. Mas este Sub-Programa visa, igualmente, incentivar a “Ciência Quotidiana”, assente no investimento tecnológico e no reforço do ensino científico e profissionalizante.

O Sub-programa “Cumprir Lisboa” centra-se no contributo para os objectivos da Agenda de Lisboa, promovendo o emprego e incentivando o empreendedorismo, inclusive, no domínio da economia social.

O Sub-programa “Vida Saudável” visa garantir o acesso à saúde, preventiva e curativa, assentando numa lógica de estabelecimento de redes de proximidade e promovendo as actividades desportivas que possam contribuir para essa dimensão.

Os impactos esperados deste Programa são consideráveis pela sua profundidade e pela sua transversalidade. Torna-se analiticamente irrelevante e praticamente impossível operar a distinção entre o seu contributo para a coesão social e para a competitividade económica dado que a Sociedade do Conhecimento e o desenvolvimento tecnológico requerem elevadas competências profissionais e científicas.

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PPRROOGGRRAAMMAA 55 –– UUMMAA MMEETTRRÓÓPPOOLLEE QQUUAALLIIFFIICCAADDAA

Sendo a Região metropolitana de Lisboa aquela que mais riqueza produz, ela é, também, a região do país onde actualmente se concentram os mais graves problemas sócio-urbanísticos.

A acelerada metropolização ocorrida nos últimos 30 anos provocou fracturas sócio-urbanísticas detectáveis pela persistência de bolsas deficitárias em infra-estruturas e equipamentos sociais básicos, pelas manchas de habitação precária, pelas áreas de construção degradadas, pelas zonas de origem “clandestina” e pelas áreas centrais em desertificação. Em suma, um território que se foi desqualificando. É nestas zonas de precaridade urbanística que, por regra, se concentram os imigrantes, os desempregados e as populações mais desfavorecidas. Imigração – legal e ilegal – que nos últimos anos aumentou e se diversificou em termos de proveniência geográfica, étnica e cultural. Se tivermos em conta as incidências sociais do ciclo recessivo da economia, esta situação demonstra a urgência de agir e investir na reabilitação e revitalização destas áreas.

Torna-se necessário avaliar os processos e resultados de programas como o Urban, o Proqual e o PER, definir áreas geográficas e funcionais críticas, e avançar para intervenções inclusivas com a forte participação municipal, uma rigorosa coordenação interdepartamental da AC e ONG’s e a participação de privados.

O Programa “Uma Metrópole Qualificada” está estruturado em três Sub-programas: “Qualificação Urbanística”, “Frentes Ribeirinhas” e “(Con)Viver (n)a Metrópole”. O primeiro visa promover a qualificação urbana, intervindo nos Centros Históricos, nas Áreas Consolidadas e nas Áreas Degradadas.

O Sub-programa “Frentes Ribeirinhas” visa projectar um modelo urbano revalorizado (Lisboa como cidade de duas margens) e constitui um instrumento específico de internacionalização da Região com forte potencial, revitalizando os espaços “em crise” na margem Sul, com atracção de novas indústrias, articulando com a requalificação e revitalização da margem Norte e com a implementação dos Planos de Ordenamento da Orla Costeira (Alcobaça/Mafra/Sintra/Sado e Cidadela/S. Julião da Barra).

Com o Sub-programa “(Con)Viver (n)a Metrópole” pretende-se assegurar as condições de convivialidade, inclusão e participação de todos na cidade. O projecto Peões e Cidadãos visa preparar, adaptar e revitalizar os espaços públicos para uma apropriação generalizada; o projecto Dómus procura o reequilíbrio da oferta e da procura, adaptando o habitat a especificidades de procura, nomeadamente em relação a populações que manifestem novas necessidades; o projecto Inclusão assenta na promoção de práticas que conduzam à inclusão de comunidades com dificuldades especiais, particularmente centrado nos imigrantes; o projecto Participação em Rede promove a participação cidadã e estimula o aparecimento de projectos integrados de proximidade.

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Os impactos esperados deste Programa são consideráveis pela sua profundidade e pela sua transversalidade e incidem nos Eixos da dinâmica territorial, da dinâmica social e igualmente da Competitividade.

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PPRROOGGRRAAMMAA 66 –– PPLLAATTAAFFOORRMMAA TTUURRIISSMMOO,, PPAATTRRIIMMÓÓNNIIOO EE CCUULLTTUURRAA

O turismo é das actividades económicas que mais contribui, e pode contribuir, para o reforço da internacionalização da Região de Lisboa. A atractividade do património natural, histórico e cultural da Região proporciona as condições para o crescimento do sector, mas, por si só, não permite sustentar uma dinâmica ascendente num contexto marcado pela forte competição à escala continental e global.

É, por isso, essencial mobilizar (e articular) os agentes regionais para uma estratégia que permita reforçar duradouramente a posição competitiva da Região através de uma aposta decisiva na valorização de um “Turismo alargado”, diversificado e enriquecido nos seus produtos e nas suas formas de comunicação e relacionamento com os mercados. São estes os propósitos do Programa estratégico “Turismo, Património e Cultura”.

Este Programa divide-se em três Sub-programas: “Coordenação/Contratualização Institucional”, “Novos Segmentos e Produtos Turísticos” e “Produção Nacional”.

O primeiro Sub-programa destina-se a suscitar, organizar e apoiar parcerias nos domínios da programação e da promoção culturais e turísticas.

O segundo Sub-programa destina-se a alargar o leque da oferta turística na Região, através do desenvolvimento de produtos inovadores destinados a diferentes segmentos de mercado.

O terceiro Sub-programa tem como objectivo potenciar a atractividade turística regional através da organização regular de eventos marcantes à escala internacional e da criação de projectos especiais.

O impacto esperado do Programa “Turismo, Património e Cultura” é, sobretudo, notável no que concerne ao eixo estratégico Competitividade, visto que se trata de reforçar um sector de actividade capaz de propulsionar a internacionalização da economia regional. Contudo, não podem ser ignoradas as fortes ligações entre este Programa e as dinâmicas territorial e social, que condicionam fortemente o sucesso da aposta num turismo alargado, diversificado e enriquecido.

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PROGRAMA 1. - REDES DE INOVAÇÃO E CONHECIMENTO

SUB-PROGRAMAS PROJECTOS TIPOLOGIA ENTIDADES RESPONSÁVEIS ACÇÕES

1.1.1. Fundo regional de apoio à inovação de base científica em PME's

1.1.2. Rede regional de capital semente, business angels e acções de formação em gestão para criação de novas empresas

1.1.3. Intermediação activa para PME's

1.1. Agência Regional de Desenvolvimento Tecnológico

E AC/ CCDR/ Privados

1.1.4. Cooperação internacional e nacional no domínio da inovação, ciência e tecnologia 1.2.1. "Rede de Competências": sistemas de atendimento e fornecimento de serviços de assistência tecnológica 1.2.2. Unidades ou Centros de I&D nas empresas ou em articulação com entidades do sistemas científico e tecnológico

1.2.3. Apoio a empresas regionais que procurem certificações empresariais

1.2.4. Patentes e modelos de utilidade nas empresas da Região

1.2.5. Protótipos de produtos/ serviços novos nas empresas

1.2.6. Reforma dos Laboratórios do Estado: valorização de competências e aquisição de novas aptidões

1. Capacitação Institucional

1.2. Inovação de Base Territorial E/D AC/ CCDR/ JML/ Privados

1.2.7. "Setúbal-Península Digital"

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2.1.1. Rede de banda larga entre Parques de Ciência e Tecnologia

2.1.2. Rede digital de banda larga na AML 2.1.3. Experiências piloto em "comunidades digitais" como resposta a movimentos pendulares

2.1. Infra-estruturas e Equipamentos de Apoio à Inovação

N/D AC/ CCDR/ JML/ Instituições de Ensino/ Privados

2.1.4. "Corredores de Ciência e Tecnologia" no interior da cidade 2.2.1. "INSEAD" Lusófono - referência de pós graduações em I&D no espaço da Lusofonia

2.2.2. Escola Superior de Turismo e Inovação de referência internacional 2.2.3. Rede de prospectiva científica e tecnológica para definição de programas formativos

2. Inserção Activa na Sociedade de

Informação

2.2. Formação avançada E AC/ CCDR/ JML/ Instituições de Ensino/ Privados

2.2.4. Programas formativos dirigidos aos dirigentes da Administração Pública

3.1.1. Cluster automóvel 3.1. Clusters baseados em Sectores Tradicionais E AC/ CCDR/ Privados

3.1.2. Cluster da "casa"

3.2.1. Cluster da electrónica, robótica e automação

3.2.2. Cluster do software

3. Apoio ao Desenvolvimento de Clusters com incremento na cadeia de valor

3.2. Clusters baseados em Sectores Emergentes E AC/ CCDR/ Privados

3.2.3. Cluster da saúde, química fina e da biotecnologia

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PROGRAMA 2 - UMA REGIÃO AMBIENTALMENTE INTELIGENTE

SUB-PROGRAMAS PROJECTOS TIPOLOGIA ENTIDADES

RESPONSÁVEIS ACÇÕES

1.1. Auto-Estradas do Mar N UE/ Governo/ AC/ AESM/

Instituições Ensino/ Privados 1.1.1. Conclusão dos estudos em curso (UE e Portugal) e implementação das principais acções

1.2.1. Educação ambiental ligada ao Mar 1.2. Sensibilização e Mobilização da Sociedade para as questões dos Oceanos

N AC/ CCDR/ JML/ AESM/ ATL/Privados

1.2.2. Evento de dimensão internacional ligado à temática

1.3.1. Investigação e desenvolvimento de aplicações industriais (cosmética, alimentar, farmacêutica, etc.) 1.3.2. Implementação da Rede Natura 2000 no meio marinho

1. Redescobrir os Oceanos

1.3. Valorização do património natural marinho e subaquático

E AC/ CCDR/ JML/ AESM/ Privados

1.3.3. Aproveitamento da energia das ondas e turismo

2.1.1. Planos de Ordenamento

2.1.2. Despoluição e Limpeza

2.1.3. Circulação e Estacionamento

2.1.4. Actividades produtivas associadas aos desportos náuticos e às culturas biogenéticas

2.1. Ordenamento e Valorização dos Estuários do Tejo e Sado

E ICN/ CCDR/ JML/ AMRS/ AIP/ AERSET/ AESM/ ATL/ Adm. Portos Lisboa e Setúbal

2.1.5. Utilização para fins turísticos

2.2.1. Limitação das captações e da utilização de fertilizantes 2.2. Protecção dos aquíferos N INAG/JML/

2.2.2. Recarga e estabilização

2. Água Doce

2.3. Saneamento e Tratamento de Águas N CCDR/ JML/ Municipios 3.3.1. Concluir Sistemas de abastecimento de água em "alta"

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Residuais 3.3.2.Tratamento evoluído dos resíduos sólidos

3.1.1. Padrões de uso do solo

3.1.2. Salvaguarda dos elementos da Rede Ecológica Metropolitana 3.1. Estrutura de Protecção e Valorização Ambiental

N CCDR/ JML/ Instituições Ensino/ Privados 3.1.3. Avaliação do estado dos principais ecossistemas metropolitanos e suas relações com as

áreas urbanas, infra-estruturas e equipamentos, de acordo com o seu conteúdo, dinâmica, heterogeneidade e complexidade

3.2.1. Monitorização da aplicação do PROT-AML

3.2.2. Revisão dos PDM's, adaptando-os ao PROT-AML

3. Aplicação do PROT-AML

3.2. Articulação dos Instrumentos Municipais de Gestão Territorial com o PROT-AML

E CCDR/ JML/Municípios

4.1.1. Práticas, soluções e processos de melhoria do desempenho energético - edificios públicos e privados

4.1.2. Metodologia "Matriz dos Materiais" aplicada à Área Metropolitana

4.1.3. Certificação ambiental das empresas da Região

4.1. Energias Renováveis e Eficiência Energética

N/D AC/ CCDR/ JML/ Instituições Ensino/ ONG'S/ Lisboa E-Nova/ AIP/ AECOPS/ CCP/ Privados

4.1.4. Concurso de ideias para a utilização racional de energia e da redução de emissões de gases

4.2. Eco-Bairros D AC/ CCDR/ JML/ Instituições Ensino/ ONG'S/ Privados 4.2.1. Experiência piloto em 2/3 bairros ou freguesias

4.3.1. Manual para o sistema de compras sustentáveis

4.3.2. Sistema de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável

4. Inovação e Gestão

Ambiental

4.3. Eficiência Ambiental na Administração Pública

N/D AC/ CCDR/ JML/ Municípios/ Privados

4.3.3. Estudos e Avaliação de Impactos de Sustentabilidade (EIA/AIS)

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4.3.4. Agenda Local XXI

4.3.5. Monitorização da Qualidade do Ar na AML- Concretização das medidas de redução da poluição atmosférica - Planos Específicos

4.3.6. Prevenção, vigilância e monitorização de riscos naturais e tecnológicos.

4.4.1. Preservação e Salvaguarda das Áreas de Floresta e espaços rurais

4.4.2. Utilização eficiente da água

4.4.3. Redução das emissões de carbono na actividade industrial

4.4.4. Valorização do espaço rural

4.4. Valorização dos recursos locais D AC/ CCDR/ JML/ Municípios/

Privados

4.4.5. "Escuteiros do Ambiente" - monitorização ambiental voluntária

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PROGRAMA 3. - UMA METRÓPOLE "CONECTADA"

SUB-PROGRAMAS PROJECTOS TIPOLOGIA ENTIDADES

RESPONSÁVEIS ACÇÕES

1.1.1. Definição das Componentes e ordenamento territorial

1.1.2. Plano de Reconversão da Micro-Logística da AML

1.1.3. Gestão integrada da logística

1.1. Sistema de Ordenamento e Gestão Integrada de Plataformas Logísticas

N Governo/ IT/ CCDR/ AIP/ APLOG/ Administrações Portuárias/ Privados

1.2.1. Centros de apoio ao comércio a Países da Lusofonia (Brasil, Angola, etc.)

1.2.2. Rede de cooperação empresarial para a exportação e o comércio internacional de produção nacional, designadamente noutras regiões 1.2.3. "Porto Único" - Estratégia conjunta e gestão articulada dos Portos de Lisboa e Setúbal 1.2.4. Novo Aeroporto Internacional da OTA

1.2. Logística Nacional/ Internacional E

Governo/ AC/ CCDR/ NAER/ RAVE/ AIP/ APLOG/ Administrações Portuárias/ Privados

1.2.5. TGV

1.3.1. Coina-Palmela

1.3.2. Aveiras-Carregado em articulação com o NAL

1. Planeamento e Gestão da Logística

1.3. (Re)ordenamento da Micro-Logística metropolitana

C/D Governo/ AC/ CCDR/ JML/ APLOG/ Privados

1.3.3. Reordenamento urbano-logístico de zonas locais - experiências piloto

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2.1.1. Plano Metropolitano de Mobilidade e Transportes 2.1.2. Autoridade Metropolitana de Mobilidade e Transportes 2.1.3. Plano Director de Infra-Estruturas

2.1. Planeamento E Governo/ IT/ CCDR/JML/Operadores de Transportes

2.1.4. Planos Municipais de Mobilidade

2.2.1. Observação remota e reporte, em tempo real, das condições de desempenho operacional dos sistemas de transportes e de cada um dos veículos

2.2.2. Recomendação dinâmica dos caminhos óptimos 2.2. Sistemas Inteligentes de Transportes N/D AC/ CCDR/ JML/ Instituições

Ensino/ Privados

2.2.3. Tarifação pelo uso de infra-estruturas e serviços sem paragem de veículos

2.3.1. Acções de pedonalização locais

2.3.2. Eliminação de barreiras à mobilidade

2.3.2. Conforto e segurança dos peões 2.3. Mobilidade Local D JML/ Municípios/ Privados

2.3.3. Limitação gradual da circulação automóvel nas cidades

2.4.1. Substituição gradual da frota de veículos da Administração Pública por veículos não poluentes

2.4.2. "Transportes Urbanos "Limpos"

2.4.3. Metro Ligeiro de Superfície - Algés/ Odivelas/ Sacavém

2. Mobilidade Inteligente

2.4. Mobilidade amiga do Ambiente N AC/ CCDR/ Operadores de

Transportes/ Privados

2.4.4. Metro Sul do Tejo (extensão a Sesimbra?)

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PROGRAMA 4. - INVESTIR NAS PESSOAS

SUB-PROGRAMAS PROJECTOS TIPOLOGIA ENTIDADES

RESPONSÁVEIS ACÇÕES

1.1.1. Infância e ocupação de tempos livres dos jovens - apoio às famílias

1.1.2.Requalificação do parque escolar do ensino básico - edificado, centros de recursos, equipamentos e espaço público 1.1.3. Acessibilidades físicas e imateriais para populações com necessidades especiais de ensino 1.1.4. Rede Regional de Bibliotecas Públicas - finalização da cobertura infra-estrutural do território

1.1. Educação como Direito N Governo/ JML/ Instituições de Ensino/ IPSS's/ Associações Moradores/ Privados

1.1.5. Acções piloto de combate ao insucesso escolar, associadas aos processos de reconhecimento, validação e certificação de competências não formais e adquiridas via formação contínua

1.2.1 Rede Regional de Escolas Profissionais de Excelência

1.2.2. Apoio à investigação em áreas-chave: escola/emprego/serviços 1.2.3. Formação avançada em áreas científicas prioritárias 1.2.4. Produção de recursos e materiais didácticos inovadores partilháveis pela rede de estabelecimentos de proximidade territorial e/ou sectorial

1. Qualificar

1.2. Ciência Quotidiana E Governo/ JML/ Instituições de Ensino/ Privados

1.2.5. "E-Escola" - apoio a iniciativas de educação à distância

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2.1.1. Informação e Orientação escolar e profissional

2.1.2. Facilitação da transição escola-trabalho 2.1. "Insert +" - projecto de inserção na vida activa N AC/ CCDR/ JML/ Instituições de

Ensino/ AIP/ Privados 2.1.3. Estágios profissionais para diplomados com habilitações médias e superiores

2.2.1. Financiamento de capital de risco para a geração de pequenas iniciativas empresariais 2.2.2. Empreendedorismo suportado por parcerias estratégicas entre Associações Empresariais, de Estudantes, Escolas Profissionais, Instituições de Ensino Superior e unidades de apoio à incubação de empresas

2. Cumprir Lisboa

2.2. Empreendedorismo e Novas Economias N IAPMEI/ JML/ Instituições de Ensino/

AIP/ Privados 2.2.3. Formação contínua em áreas críticas de reconversão de actividades económicas da especialização da Região - adaptabilidade das empresas e dos activos empregados e desempregados

3.1.1. Articulação entre serviços de saúde, instituições de apoio social e famílias 3.1.2. Portais de saúde (contacto médico/paciente facilitado) 3.1.3. Adopção de modos de vida saudáveis 3.1. Redes de saúde N JML/ Instituições de Ensino e de

Saúde/ IPSS'S/ Privados/ ... 3.1.4. Programas educativos nas Escolas para prevenção de doenças e de comportamentos de risco 3.2.1."Mexa-se" - Programa de Promoção da actividade física e "desporto de "bairro"

3. Vida saudável

3.2. Desporto de proximidade C JML/ Instituições Desportivas/

IPSS's/ Privados/ ...

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PROGRAMA 5. - UMA METRÓPOLE QUALIFICADA

SUB-PROGRAMAS PROJECTOS TIPOLOGIA ENTIDADES RESPONSÁVEIS ACÇÕES

1.1.1. Cidades XXI

1. Qualificação urbanística

1.1. Qualificação subúrbios, áreas consolidadas e

centros históricos E/N JML/AC/CCDR/Municípios/Privados

2.1.1. Almada Nascente (Margueira)

2.1.2. Seixal (Siderurgia)

2.1.3. Zona industrial do Barreiro (Quimiparque) 2.1. Requalificação do Arco Ribeirinho Sul E AC/ CCDR/ JML/ AMRS/AERSET/

AESM/ Adm. Portos Lisboa e Setúbal

2.1.4. Conclusão do Polis da Caparica e Fonte da Telha

2.2.1. Algés (Docapesca)/ Belém

2.2.2. Baixa-Chiado/Cais do Sodré/Stª Apolónia 2.2. Requalificação do Arco Ribeirinho Norte N

AC/ CCDR/ JML/ AIP/ Privados/ Adm. Portos Lisboa e Setúbal/Privados

2.2.4. Braço de Prata/ Cabo Ruivo

2.3.1. Modernização dos apoios de praia

2.3.2. Acessos e estacionamentos

2. Frentes Ribeirinhas

2.3. Implementação dos POOC's da Orla Costeira N AC/ CCDR/ JML/ AMRS/ AERSET/

2.3.3. Consolidação e valorização de dunas e arribas

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3.1.1. Revitalização de espaços públicos centrais para zonas de fruição

3.1.2. Mobiliário urbano de convívio e lazer 3.1.Peões e Cidadãos C CCDR/ JML/ Associações Moradores/ Privados

3.2.1. Adaptação de habitação ao envelhecimento da população e a necessidades de pessoas e famílias com características especiais

3.2. Dómus N Governo/AC/ CCDR/ JML/ IPSS's/ Associações Moradores/ Privados

3.2.2. Apoio domiciliário a cidadãos com necessidades especiais

3.3.1. Ensino de Português a comunidades imigrantes

3.3.2. Validação aos imigrantes de competências adquiridas no estrangeiro 3.3. Inclusão E AC/ CCDR/ JML/ Instituições de Ensino/ IPSS's/ Associações Moradores/ Privados 3.3.3. Inclusão pelo emprego de populações com especiais dificuldades de

integração

3.4.1. Projectos integrados de gestão de proximidade

3.4.2. Serviços e equipamentos de proximidade ao nível de bairro e centros comunitários, estimuladores da sociabilização de vizinhança

3. (Con)Viver (n)a

Metrópole

3.4. Participação em Rede D CCDR/ JML/ IPSS's/ Associações Moradores/ Privados

3.4.3. Iniciativas de participação cidadã

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PROGRAMA 6 - PLATAFORMA TURISMO, PATRIMÓNIO E CULTURA

SUB-PROGRAMAS PROJECTOS TIPOLOGIA ENTIDADES RESPONSÁVEIS ACÇÕES

1.1.1.Consolidação e renovação da oferta museológica e patrimonial, através da revalorização dos espaços, espólios e conteúdos existentes

1.1.2. Percursos temáticos

1.1.3. Roteiros culturais

1. Coordenação/Contratualização

Institucional

1.1. Estabelecimento de parcerias para a programação e promoção

N M.Cultura/ITP/ ATL/ Privados

1.1.4. Melhoria e diversificação dos canais de informação e promoção

2.1.1. Revisão da legislação de enquadramento no sentido da clareza, coerência e qualificação 2.1. Turismo

Residencial N Governo/ AC/ CCDR/ ATL/ JML/AMRS/ AERSET/ Privados 2.1.2. Articulação/contratualizações entre ITP, CCDR-LVT, Municípios

e promotores

2.2.1.Integração dos parques naturais da Região (Sintra, Cascais, Arrábida Tejo) no produto Turismo da Natureza

2. Novos Segmentos e Produtos Turísticos

2.2. Novos Segmentos e Produtos N AC/ CCDR/ ATL/ JTCE/ Privados

2.2.2. Reforço do golfe, cultural, negócios e cruzeiros

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3.1.1. "Belém Redescobertas"

3.1.2. Evento-marca anual de projecção internacional

3.1.3. Mega evento(s) âncora para a plataforma permanente de difusão internacional nas artes do espectáculo, performativas e plásticas vocacionadas para o triângulo Europa-África-América (Lisboa multicultural) 3.1.4. Parque Temático dos fortes da Costa ancorado na Cidadela de Cascais

3.1.5. Feira Internacional de referência

3.1. Eventos e Atracções E Governo/ AC/ CCDR/JML/ ATL/

JTCE/ Privados

3.1.6. Jogos Olímpicos

3.2.1. Criação de um Pólo de ensino artístico avançado de natureza pluridisciplinar

3. Produção Nacional

3.2. Projectos Especiais N ITP/M.Cultura/ JML/ Privados 3.2.2. Criação de uma plataforma permanente de co-produção internacional na área das indústrias culturais, vocacionada para o triângulo Europa-África-América

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6. GOVERNABILIDADE E GOVERNANÇA

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“Finalmente, será criado um quadro institucional específico para as grandes áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, de forma a criar uma autoridade efectiva à escala metropolitana, dotada dos poderes, dos recursos e da legitimidade necessários para enfrentar os complexos problemas e desafios que naquelas áreas se colocam. Para tanto, estas entidades deverão ter competências subsidiárias próprias em domínios específicos (mobilidade, gestão ambiental e energética, gestão de resíduos, estratégias de ordenamento do território, habitação, desenvolvimento económico, etc.) e para intervenções de âmbito supramunicipal”.

(Do Programa do XVII Governo Constitucional)

Os Novos Desafios A governação dos territórios, tradicionalmente conduzida pelos poderes públicos de uma forma centralizada e normativa, tem vindo a conhecer mutações aceleradas induzidas pela própria evolução da sociedade. Responder aos desafios da governação regional contemporânea é uma condição necessária para o sucesso da Estratégia Regional Lisboa 2020. Mas para isso torna-se necessário, por um lado, partilhar de um entendimento claro dos processos sócio-políticos que afectam a governação dos territórios em geral, e, por outro lado, definir um diagnóstico ajustado às realidades, institucionais, administrativas e da sociedade civil regionais.

Toda a estratégia, e, portanto, também a estratégia regional, defronta uma dificuldade prática, que se transforma em óbice pragmático se não for adequadamente resolvida. Estamos a falar de governabilidade e de governança, isto é, da capacidade de executar os projectos planeados, passando dos cenários à realidade. Sem a exequibilidade, a estratégia não passa de um exercício de mera especulação, que pode ser intelectualmente interessante mas é politicamente nulo. E a exequibilidade tem de contornar os múltiplos escolhos que hoje em dia enleiam a governabilidade, favorecendo a governança. É sabido como actualmente entre a fixação de um projecto e a sua efectivação medeia um caminho burocrático altamente arriscado e aleatório, eriçado de decisões intermédias, pareceres, autorizações subsidiárias, regulamentos necessários, reformas viabilizadoras, compatibilizações técnicas, etc., que muitas vezes paralisam ou pura e simplesmente inviabilizam a boa marcha e a conclusão dos mesmos. Isto num universo em que os vários responsáveis, seja do Estado (centralizado, desconcentrado ou descentralizado) seja da sociedade civil, se acotovelam no interior de normativos não raro contraditórios, em ordem a deixarem as suas marcas no percurso dos processos de alegada modernização estruturante das sociedades. É aqui que a governabilidade e, sobretudo, a governança periclitam, impedindo ou atrasando as mudanças indispensáveis. Falemos da Região de Lisboa. Para além da Administração Central, com uma forte presença no território da Área Metropolitana, com 18 municípios de dimensões e poderes significativos, a gestão deste espaço, pela sua natureza própria pautada por interdependências funcionais e de fluxos, exige uma administração regional com

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autoridade efectiva, competências, recursos e legitimidade para enfrentar e resolver os complexos problemas que se colocam à região, na senda do prometido no Programa do Governo (ver epígrafe). Ora a instituição metropolitana, criada em 1991, não tem revelado as capacidades necessárias para enfrentar os desafios da governabilidade metropolitana, fundamentalmente porque os autarcas, eleitos para governarem os seus municípios, não têm tempo para se dedicarem às tarefas da governação metropolitana, cujas dimensão e especificidades pressuporiam exclusividade e especialização funcional. A ligação de autarcas, eleitos para uma determinada responsabilidade municipal, a um objectivo (metropolitano) completamente distinto da sua obrigação original, carece de lógica, “tolhendo” a operacionalidade do modelo e prejudicando decisivamente o seu êxito.

Da Governabilidade À Governança A problemática de que estamos a falar assenta na constatação de que o Estado já não é o que era pelo menos até às décadas de 60 ou 70 do Século XX. Isto é, já não monopoliza as alavancas de decisão, execução e escrutínio dos grandes (e até dos pequenos e médios) projectos de reforma e modernização das sociedades. O Estado contemporâneo reflecte a tensão crescente entre os organismos oficiais e as estruturas tradicionais de regulação e de representatividade das comunidades e ainda os agentes económicos e sociais implicados1. Mas se o Estado perdeu aquele monopólio impulsionador, a sociedade civil ainda não mostra a capacidade, a maturidade e a experiência suficientes para se responsabilizar pela realização das tarefas de parceria que, à luz da moderna realidade, lhe deveriam caber. O Estado já não pode tudo, mas a sociedade civil ainda não pode o que devia – este o dilema não resolvido da governança nos nossos dias. A noção e a prática da governança surgiram precisamente a partir da crise da governabilidade, isto é, face à verificação da incapacidade dos governos para responderem aos problemas que lhes são submetidos e para se adaptarem a diferentes formas de organização social, económica, e política. Governar, numa acepção que parecia fixada para sempre, era tomar decisões, resolver conflitos, produzir bens públicos, coordenar os comportamentos privados, regular os mercados, organizar eleições, promover a exploração de recursos, cobrar impostos, afectar despesas. Ora a diferenciação das sociedades, a sofistificação dos interesses e da economia, a europeização e a globalização transformaram essa realidade que dir-se-ia imutável. Novas realidades suscitam novas necessidades e, logo, a teorização das novas questões emergentes.

1 Segundo João Cabral “a questão da governabilidade dos territórios e, portanto, da implementação das políticas

urbanas adequadas, estará assim associada ao crescente desajustamento na relação entre as estruturas

tradicionais de regulação e de representatividade das comunidades e os agentes económicos e sociais

implicados, obedecendo a lógicas mais diferenciadas e abertas, quando não conflituais, com consequências

positivas ou negativas para os modelos de desenvolvimento dos territórios”. Acrescenta o mesmo autor que

“neste contexto, o conceito de governância tem sido utilizado para definir formas de governo mais abertas e

participadas, e relações de cooperação entre Estado e parecerias económicas ou cívicas”.

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As quatro grandes rubricas que determinam as referidas mudanças (com as inevitáveis dificuldades que toda a inovação sócio-política introduz) na governação partilhada do nosso tempo poderiam assim esquematizar-se: alargamento da democracia, poder local e regionalização, integração europeia; e globalização. O alargamento da democracia tornou irreversível o aperfeiçoamento da dinâmica de participação da sociedade civil nas decisões e no acompanhamento da coisa pública. A democracia não se restringe hoje a gestos formais esporádicos, como o voto, a democracia tem de ser, e será cada vez mais proactiva e intervencionista. Quanto ao poder local e à regionalização, eles são alavancas da realização de obrigações do Estado que ganharam um enorme protagonismo desde o último terço do século passado, o que levou igualmente à redefinição das competências estatais com o deferimento de muito maiores responsabilidades aos políticos e às políticas de proximidade, crescentemente detentores de novas legitimidades políticas, de novos saberes e de novos instrumentos que lhes reforçaram o prestigio e a capacidade. Finalmente, a integração europeia e a globalização, com a progressiva complexização das relações sócio/político/económicas na Europa e no mundo, introduziram no nexo das governações valores e intervenientes que representam interesses transversais até há duas ou três gerações ausentes das governações tradicionais, o que trouxe evidentemente virtualidades de progresso até então inexistentes mas também a necessidade de compatibilizar fontes de comando diferentes, operacionalizando as soluções e prevenindo os perigos de burocratização que a coabitação de numerosos decisores (de diferentes natureza e legitimidade) sempre acarretam. No que concerne à génese da importância da democracia real na governação contemporânea, cite-se a seguinte reflexão de Gilles Penson: “Um dos fenómenos que explicam os problemas da governabilidade das sociedades contemporâneas é que os actores e os grupos sociais estão cada vez mais reticentes face às lógicas do comando hierárquico, da imposição de valores e de representações do mundo, por parte de um agente institucional que protagoniza, no processo de acção colectiva, um papel de educador ou de tutor do social. Eles conformar-se-ão tanto melhor a regras e a normas de comportamento quanto mais elas sejam o fruto de uma institucionalização assente em interacções sociais e não o efeito de uma imposição de um ente coercivo. Isto significa, não que o comando hierárquico desapareceu da paleta dos instrumentos de direcção política, mas sim que ele coabita sem dúvida crescentemente com outras lógicas de intervenção pública” E, centrando-nos na governança de zonas metropolitanas, o ponto que importa abordar na presente sede, abonemo-nos no pensamento de Daniel Kubler, que diz a propósito: “Na sua essência, a capacidade para governar um arco metropolitano consiste na capacidade de produzir acção colectiva, quer dizer, comportamentos de actores coordenados uns com os outros. Em teoria, essa coordenação pode resultar seja da “mão invisível” de um mecanismo de mercado, seja de decisões tomadas e postas em prática por uma hierarquia burocrática, seja ainda de um processo de negociação em que os actores acordam em cooperar. (…). Pode assim considerar-se a capacidade para governar nas aglomerações como sendo a capacidade para produzir uma coordenação negociada. Num contexto de interdependência não hierárquico, o voluntarismo dos actores é absolutamente crucial para o êxito dessas negociações. Este voluntarismo depende de três factores:

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- Uma atitude positiva dos actores quanto à coordenação à escala de aglomeração, isto é, a convicção de que a coordenação produz benefícios; - Os instrumentos postos em prática pelos níveis de governo superiores, como os governos regionais ou nacionais, mas também a União Europeia, fornecendo motivos suplementares aos actores para se envolverem na coordenação à escala da aglomeração; - A emergência de uma liderança política, permitindo mobilizar os actores à volta de uma visão ou de um projecto político comum”.

No domínio das comunidades europeias, Anne Marie Sigmund recorda que “no seu livro branco, a Comissão descreve a ‘governança’ como sendo o ‘conjunto das regras, dos procedimentos e das práticas que caracterizam a maneira como os poderes são exercidos no seio da União Europeia’. A justo título, a governança é também definida como uma ’cultura de governo e de administração’. O conceito de governança é – contrariamente ao modelo vertical de governo, a pirâmide goverrnamental – um modelo horizontal de cooperação e de participação”. E a mesma Anne Marie Sigmund vai mais longe quando, ultrapassando o simples registo conceptualizador, precisa que “a governança europeia deve, antes do mais, assegurar a representação oficial dos interesses dos cidadãos pelo reconhecimento de direitos concretos de participação dos seus representantes, melhorando e modificando, se necessário, a colaboração entre as instituições existentes, a fim de garantir uma transparência, uma eficácia e uma obrigação acrescida de prestar contas”.

E nunca se enfatizará em excesso que a crise da governabilidade e a incipiência da governança padecem também da fragilização das funções motoras do Estado nas sociedades modernas, fenómeno que suscita um equívoco de liderança em que nem o Estado, assegura já suficientemente, a coordenação útil dos movimentos reformuladores, sobretudo na economia, nem outras forças emergentes o conseguiram substituir completamente, embora lhe disputem o protagonismo. Susan Strange, citada por Maria Eduarda Gonçalves, frisa mesmo, no seu “Recuo do Estado”, que na sociedade contemporânea as forças impessoais dos mercados mundiais estão a ser integradas mais por empresas privadas da finança, da indústria e do comércio, do que por adesão dos governos, sendo aquelas hoje mais poderosas que os Estados, aos quais, em última análise, a autoridade política sobre a sociedade e a economia deveria pertencer. E conclui, assim, esta reflexão “Onde costumavam ser os Estados a mandar nos mercados, são agora os mercados, em domínios cruciais, a mandar nos governos e nos Estados”. Ou seja, a memorização do papel político do Estado na lógica reformadora vem acentuar a debilidade da governabilidade e a urgência da governança no universo da estratégia regional.

De um ponto de vista teórico, estamos pois perante uma realidade difícil de caracterizar, como tudo o que é novo e movente, e que deve ser associada à dinâmica de transformação do Estado e das democracias contemporâneas. Assim, se a governabilidade tem a ver com a compatibilização das atribuições, competências e funcionalidade dos diversos órgãos do estado clássico, a governança pode ser definida, seguindo Patrick Le Galès, como “um processo de coordenação de actores, de grupos sociais, de instituições, em ordem a atingir objectivos discutidos e definidos colectivamente”. Esclarecendo ainda o mesmo autor que “a

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governança tem a ver com o conjunto de instituições de redes, de directivas, de regulamentações, de normas, de práticas políticas e sociais, de agentes públicos e privados que contribuem para a estabilidade de uma sociedade e de um regime político, para a sua orientação, para a sua capacidade de dirigir, de fornecer serviços e de assegurar a sua legitimidade”. O próprio Le Galès relativiza a validade do conceito, apontando para que se trata de uma realidade em mutação e em interrogação: “A governança não é uma solução milagre para resolver problemas. Depois de se terem tornado evidentes as deficiências do Estado, do mercado, ninguém duvida de que as deficiências da governança acabarão igualmente por vir ao de cima. O interesse actual por estas questões de governança deriva da transformação do papel do Estado e dos modos de regulação política que estavam ligados a esse papel”.

São estas dinâmicas de transformação e de preocupação que, entrelaçadas, pressupõem a realidade moderna da governança, implicando a formação de novos laços de parceria, contratualização e ligações transversias que hão-de permitir uma melhor organização da sociedade e uma melhor taxa de realização dos projectos reformadores. O Labirinto Administrativo

O maior obstáculo à governabilidade e governança eficazes, no momento histórico em que se prepara a estratégia de transformações estruturantes 2006/2020 para a Região de Lisboa, é identificável no labirinto institucional que embaraça as intrincadas e tantas vezes cruzadas tutelas que impendem sobre os vários interesses que hão-de ser reformados com os projectos a executar. Labirinto não é uma qualificação exagerada. O conjunto de atribuições e competências que se cavalgam, paralisam e até contradizem, corporiza barreiras institucionais extraordinariamente desgastantes, desmotivadoras e, afinal, potencialmente inviabilizantes do processo reformador conclusivo. No estudo “Caracterização Territorial da Administração Central Desconcentrada da Região de Lisboa e Vale do Tejo”, de Abril de 2006, promovido pela CCDR-LVT contabilizam-se nada menos do que 180 entidades públicas com actuação na Região de Lisboa, em áreas tão diferentes mas tão decisivas como (a lista evidentemente não é exaustiva): administração do território; energia; segurança; turismo; bombeiros e protecção civil; incêndios florestais; pescas e agricultura; desenvolvimento regional; meteorologia; política agro-alimentar; veterinária; defesa do consumidor; património; qualidade; acreditação; educação; saúde; equipamentos de saúde; transportes terrestres e fluviais; aviação civil; ordenamento do território; água; ambiente e conservação da natureza; resíduos; emprego; reabilitação; minorias éticas; igualdade das mulheres; desporto; administração dos portos; estradas; justiça. Nesta floresta de entidades e de atribuições imbrincadas e sem uma arbitragem clara de prioridades de competências, isto é, de resolução previsional de conflitos institucionais de intervenção – o milagre seria que o cenário não fosse obscurecido por uma indefinição virtualmente paralisante. Este emaranhado de atribuições cruzadas e inevitavelmente confusas coabita com outro mal endémico do país e da Região, a burocracia que se

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verifica em cada um dos organismos concorrentes, a qual genericamente pode sintetizar-se nestes efeitos perversos:

• Processos pesados e arrastados que demoram anos, quando não dezenas de anos; • Teia complexa e labiríntica de procedimentos, de papéis e de reuniões;

• Acentuada opacidade de processos e de arbítrio nas decisões;

Vícios que acarretam, como consequências:

• Incidências negativas de ordem económica e financeira; • Desgaste material e psicológico quer dos cidadãos em geral quer dos agentes económicos;

• Degradação da imagem da Administração Pública e do Estado.

E que determinam a urgência de medidas drásticas que terão de ir no sentido de:

• Alterações legislativas e regulamentares (cirúrgicas) que aligeirem e racionalizem os processos,

designadamente, • Simplificação de procedimentos e conceitos de planeamento e licenciamento;

• Descentralização, reorganização e modernização da Administração Pública, seja central seja municipal;

• Alteração da cultura dos vários agentes, em especial incutindo uma disciplina de rigor, cumprimento e

serviço público nos dirigentes e funcionários públicos intervenientes nas diversas fases de decisão intermédia.

Mas a dignificação do papel do Estado num registo não burocrático postula uma coordenação, dir-se-á mesmo que quanto mais se vencer a burocracia inútil mais a coordenação se torna indispensável. Ora o território é a síntese de uma multiplicidade de vertentes sectoriais implicando que o respectivo planeamento seja efectivamente participado pelas entidades que tutelam esses sectores. Contudo, questão decisiva, impõe-se que o processo se faça numa base objectiva, expressa pelas respectivas políticas e orientações e no quadro precisamente de uma coordenação exercida por entidade que esteja institucional e juridicamente habilitada para o efeito e seja encarada sem hesitações pelo conjunto dos actores sociais como efectivamente coordenante.

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Para melhor identificação deste emaranhado de competências, anexa-se no final uma síntese (exemplificativa) de entidades e organismos com funções na Grande Lisboa, sempre de acordo com o citado estudo, centrada naquelas que se afigura mais influentes nas matérias que têm a ver com a modernização.

As demoras, a paralisia e o confusionismo burocrático são de tal modo absurdos e desencorajadores que atingem por vezes situações caricatas – por exemplo, a simples abertura de um quiosque numa praia tem de defrontar a tutela de pelo menos cinco entidades condicionantes, mas estas serão sete se se estiver numa área protegida e em zona de responsabilidade de uma administração portuária. Não há modernização que resista a semelhante labirinto entorpecedor das iniciativas das empresas e dos cidadãos. Na circunstância, emerge uma questão importante para a qual já acima se chamou a atenção, a da desadequação da Junta da Grande Área Metropolitana para uma função executiva, tendo designadamente em vista uma vocação que, sem embargo da sua inestimável valia e serviços prestados à comunidade, tem sido, até por imposições legais e institucionais, confinada sobretudo a um universo local de mosaicos sectorizados, que a têm impedido de se expandir para uma potencialidade de âmbito efectivamente regional, importando desde agora modificar os instrumentos legais e operativos que dificultam a evolução da acção da Junta no sentido desejado, passando-se a assumir uma óptica verdadeiramente regional, que, no caso, será metropolitana. Voltar-se-á a este tema no capítulo das propostas. A Prioridade Da Governança

“O governo das cidades dá, assim, lugar à governança urbana, que podemos definir como um sistema de dispositivos e de modos de acção, associando às instituições os representantes da sociedade civil, para conceber e por em prática as políticas e as decisões públicas”

(Ascher)2 O desiderato fulcral de todo este processo transformador, sem cujo êxito nada avançará realmente, é manifestamente o incremento da governança na área metropolitana. Sem esta reforma de fundo (que envolve alterações normativas, técnico-científicas e de mentalidades), transversal e potenciadora, todas as mudanças pontuais, incluindo aquelas que surgem como tipicamente estruturantes do tecido económico/social de Lisboa, ficarão muito aquém do resultado estimado e não atingirão patamares de realização notórios e muito menos satisfatórios. A governança é o grande desafio da modernização estratégica do nosso tempo, sobremaneira em regiões e sub-regiões de concentração urbana e suburbana extensiva e com persistente tradição de desordenamento territorial, baixa taxa de execução de projectos estruturantes, dispersão irracional dos centros de decisão e de fiscalização públicos, excessiva burocracia estatal, descoordenação dos meios disponíveis

2 ASCHER, François; Les Noveaux Príncipes de l’Urbanisme, Editions de l’Aube, Paris, 2001, pág.95

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(públicos e privados), insuficiente e não programado investimento na inovação e no desenvolvimento e sociedade civil fraca, com pouca autonomia social. Num panorama como este, os bons projectos não vingam apenas pelo mérito próprio. Eles estão dependentes de um conjunto de condicionalismos de adequação cujos pressupostos constituem afinal a governança, Numa óptica dinâmica, e repleta de questões e interrogações de risco, a governança é um valor de resto já compreendido pela estratégia dos governantes, de tal modo que o próprio Programa do XVII Governo Constitucional salienta (Capítulo III “Promover a eficiência do investimento e das empresas”) a importância de parcerias para o futuro da inovação e do emprego, frisando a propósito que “Um dos principais obstáculos com que hoje se defrontam as empresas reside na excessiva regulamentação que afecta as diferentes actividades económicas. A legislação e regulamentação, mesmo quando concebida com as mais válidas finalidades do bem-estar colectivo (segurança de pessoas e bens, qualidade de vida, defesa do consumidor, etc), por vezes não pondera o impacto que tem sobre o exercício das actividades económicas, sobre os custos envolvidos e sobre as dificuldades de acesso de novas empresas. Torna-se, pois, essencial promover a simplificação da legislação e dos procedimentos em áreas centrais à actividade das empresas, bem como desenvolver práticas de avaliação sistemática do seu impacto”. Semelhante objectivo estratégico corporiza um tópico inegável da melhoria da governança. E é igualmente este pensamento que preside à Resolução que aprova o Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado, Resolução do Conselho de Ministros nº 39/2006, de 21 de Abril, que expressamente visa “a promoção da cidadania, do desenvolvimento económico e da qualidade dos serviços públicos, com ganhos de eficiência, pelas simplificação, racionalização e automatização que permitam a diminuição do número de serviços e dos recursos a ele afectos” e que aponta para as seguintes orientações gerais: a) Reorganização dos serviços centrais dos ministérios para o exercício de funções de apoio à governação, de gestão de recursos, de natureza consultiva e coordenação interministerial e operacionais; b) Reorganização dos serviços desconcentrados de nível regional, sub-regional e local; c) Descentralização de funções”. E também no quotidiano da Administração se sente crescentemente a necessidade de impor critérios de governança enquanto arma de modernização de procedimentos em ordem a conseguir melhores e mais rápidos resultados. Veja-se a este título o texto de apresentação do Manual de Gestão da CCDR de Lisboa e Vale do Tejo : “O peso da burocracia, os obstáculos técnicos e administrativos, os longos tempos de resposta, o frequente “vai e vem” de dossiers, num intenso “ping-pong” de departamento para departamento e as desencontradas interpretações legais, transformam muitas vezes os processos de planeamento e licenciamento territoriais num verdadeiro “calvário” para os cidadãos, para as empresas e para a Administração, tanto ao nível municipal como central, constituindo também um grande obstáculo ao desenvolvimento económico”. É claro que isto não é apenas reflexo de um único “mal” mas antes de um conjunto de “tendências pesadas” de que enferma a sociedade portuguesa, nomeadamente: o centralismo, a segmentação e desconexão departamental, que torna a Administração Pública labiríntica, e o excesso de legislação.

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A verdade é que apesar das inegáveis melhorias introduzidas no quadro legal do planeamento e gestão administrativa, em anos recentes, a realidade quotidiana continua a revelar a existência de procedimentos labirínticos, circuitos e métodos de trabalho complexos e desadequados, com sérias limitações de meios humanos e materiais ao nível dos diferentes serviços da Administração, bem como de um elevado grau de subjectividade e discricionaridade por parte da “máquina” do Estado. Tudo isto em consequência de uma cultura centralista e “fechada” e de arcaísmo dos processos e instrumentos de trabalho, designadamente a insuficiente informatização dos serviços, a falta de cartografia digital, de normativos tipificados e de prazos imperativos de decisão. Como resultado, a aprovação de um plano de pormenor ou o licenciamento de um projecto de investimento público ou privado, arrasta-se por vários anos, o que tem como consequências : investimentos perdidos ou adiados; fundos comunitários desaproveitados; tendência para a violação ou fuga aos procedimentos legais e, em última instância, o desordenamento do território, patente de norte a sul do país”. De resto, a governança é já um elemento detectável designadamente na relação da CCDR-LVT com os municípios, por exemplo na implementação de protocolos de colaboração firmados no âmbito das orientações do Plano Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa e da sua transposição para os instrumentos de planeamento do território, em especial os PDM. Esta colaboração, inserindo-se num registo desburocratizado e simplificador, inspirado na disponibilização articulada de apoio e de informação assente sobretudo nas novas tecnologias, representa um importante exemplo de governança que pode e deve reproduzir-se no futuro. Outro exemplo deste caminho são os Protocolos celebrados entre a CCDR-LVT e os Municípios de Cascais e de Mafra para cooperação na implementação dos POOC’s designadamente na modernização dos apoios de praia, reposição da legalidade e obras de qualificação. Estes esforços e estas tentativas têm decerto em conta e interiorizam os episódios e cenários de ruptura que a modernidade provoca, sobremaneira nas áreas metropolitanas, que se tornaram num cadinho de conflituosidade institucional paralisante. Ora o conflito é inevitável e até benéfico nas sociedades abertas e democráticas do nosso tempo, não se lhe deve virar a cara. Ele pode até representar uma vantagem, se se conseguir transformar as dificuldades em oportunidades, o labirinto em governança. Este é o desafio. Em síntese, a governança deixou de ser exclusiva ou até principalmente um mero instrumento de estratégia, ela tornou-se num fim em si mesma, num tema material ou substancial de mudança, num sector autónomo da doutrina e da prática da modernização de todo em todo prioritário. Mas com dificuldades, interrogações e dúvidas, como é natural numa estrada eriçada de escolhos que só começou a ser percorrida há sensivelmente duas ou três décadas.

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A Governança Não É Um Caminho Fácil É que a governança, enquanto formulação de transformação principalmente das grandes metrópoles, tem já uma tradição com algumas ilustrações emblemáticas, pelo que não se restringe hoje em dia a um debate teórico – tem uma prática, tem um passado, tem um espelho onde as suas realizações e os seus limites podem ser analisados, criticados e tidos como inspiração. O exemplo de Barcelona é um dos mais conhecidos e representa um caso de planificação e acção estratégica inovadora, distinguindo-se pelos seus planos moventes, ou, dito por outras palavras, por uma planificação estratégica de continuidade. Do que se trata nesta experiência é de um longo processo de mobilização do conjunto da sociedade barcelonesa à volta da ideia e da comunidade citadina a fim de produzir uma estratégia comum. Dois elementos característicos desta planificação impõem-se como centrais ao modelo. O primeiro é o território do seu exercício, o qual, basicamente, se confina à cidade/centro. O segundo elemento é a mobilização em redor e em proveito de certas empresas e estruturas de representação do mundo económico. O peso das associações e da população é aqui ainda relativamente fraco, pois os conselhos que dirigem as estruturas dirigentes dos planos estratégicos são dominados pelas câmaras de comércio e pelas grandes empresas. Assim, se a planificação estratégica é potenciadora em termos de gestão do futuro, terá todavia de passar por um longo caminho enquanto instrumento de democratização da cidade. Aponta contudo um caminho de governança interessante e incontornável que tem suscitado a atenção dos especialistas e dos estudiosos. Quanto ao Quebec, o respectivo governo provincial anunciou a implementação de uma vasta reforma das instituições locais no final dos anos 90. A reforma, que incidiu primordialmente na cidade de Montreal, pode ser designada como “de aprendizagem”, ou “proactiva”, no sentido em que as principais redes de agentes nela implicados tiveram que trabalhar na construção de um consenso político inédito. Numa primeira fase, o governo quebequense definiu um pacto fiscal com as uniões municipais (federações dos municípios) para assim enquadrar as regras de financiamento das colectividades locais. Este período implicou várias dificuldades que atrasaram o processo, confirmando reticências que têm a ver com a inércia política favorecida pelo status quo. Na segunda fase da reforma, a partir de 2001, Montreal salientou-se claramente na frente da reforma. Tinha sido decidido criar para cada grande cidade uma estrutura ad hoc cuja missão consistiria em definir nas suas grandes linhas a arquitectura humana, administrativa e financeira da nova instituição. Em Montreal o comité privilegiou um método voluntarista, assente na ideia de que era necessário emancipar a cidade, dotando-a de meios de arbitragem, de decisão e de gestão próprios. O comité seguiu a direcção de privilegiar os seus contactos com o mundo dos negócios, fragilizando comparativamente a influência dos políticos, ao contrário do que sucedeu nas outras cidades canadianas. O comité tem simultaneamente, caracterizado o seu estilo de acção por escolher técnicos e assessores de origens muito variadas, com uma forte intervenção comunitária. O processo está a decorrer, tendo de ser acompanhado com maior cuidado. Em Berlim, um episódio de governança começou imediatamente a seguir à reunificação alemã, em 1990. Com a intenção de mobilizar o máximo de apoio e de evitar oposições anquilosadas ao novo rumo a seguir, o Senado da cidade abriu diversos espaços de discussão, de que o mais representativo é o Stadtform. A ideia deste espaço de discussão era permitir a emergência de um interesse público negociado e de relações informais entre os

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membros das administrações, os peritos e os representantes dos diferentes grupos de interesses. Esta experiência não teve contudo um êxito significativo, ao privilegiar relações individuais que impediram ou dificultaram a institucionalização de mecanismos de coordenação eficazes à escala metropolitana. O Senado estava, neste período, virtualmente desacreditado como factor de eclosão do interesse público face aos investidores e às redes de interesses sectoriais. E a enorme pulsão de cidadania que se verificara ao longo dos anos 80 na cidade tendeu, após a queda do muro de Berlim, a institucionalizar-se e a perder a espontaneidade. No entanto, os comités saídos da sociedade civil berlinense que sobreviveram e que eram os mais fortes e mais ligados a interesses reais, os Berjike, multiplicaram os seus partenariados sobretudo em áreas como a saúde ou o acolhimento de idosos e jovens. O Senado enveredou então pela procura dessas parcerias, mas de início numa óptica de disseminar mais os riscos do que o acesso aos financiamentos. No entanto, a sociedade civil tem procurado aproveitar as faculdades assim abertas por um poder político em transição, sujeito à pressão de numerosos interesses herdeiros da sociedade rígida proveniente da guerra fria. Como se vê, mesmo nas situações que, de certo modo, podem ser reputadas como study cases, as dificuldades e as meias decepções são talvez por enquanto mais visíveis do que os êxitos no universo da moderna governança. Razão acrescida para não desistir e persistir no caminho de reformas sustentadas, na convicção de que as soluções fáceis não são nunca as que conduzem à mudança. A governança é uma atitude de procura, não o resultado de uma receita conhecida de antemão. As Propostas Em conclusão, a obtenção de resultados credíveis na fase da passagem da concepção à realização de projectos estruturantes que alterem a sociedade de forma autenticamente reformista, reformulando as condições de vida da Região de Lisboa e dos seus habitantes em ordem à modernização e à construção do futuro exige modificações institucionais e de cultura que adeqúem os instrumentos políticos aos resultados desejados, Assim, importa,

I. Dotar a entidade metropolitana de meios legais e operativos e fórmula gestionária que lhe permitam

executar as tarefas de coordenação que lhe serão cometidas; II. Dotar a CCDR de efectiva capacidade de arbitragem a nível da administração desconcentrada e de

uma diferente cultura de intervenção, que a preparem para uma nova liderança designadamente na supervisão dos projectos e parcerias de modernidade que lhe cabe na filosofia reformadora em vista;

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III. Fixar metas claras, finais e intermédias, de efectivação dos projectos, assegurando à Junta Metropolitana e à CCDR os meios políticos, jurídicos e técnicos adequados para certificar e impulsionar o andamento e o terminus atempado dos mesmos;

IV. Assumir uma prática renovada de colaboração potenciadora com a sociedade civil, em sede de

projectos concretos, através de protocolos, convénios, parcerias, em que o Estado (através da Administração Central, da AML e dos Municípios) partilhe e coordene responsabilidades, envolvendo inclusive funções e obrigações de carácter público, com entidades privadas e mistas, de forma a acelerar e aprofundar as realizações de progresso mas também a criar solidariedades continuadas e automatizadas entre o Estado clássico e a sociedade organizada nas suas diversas manifestações sociais económicas, culturais e jurídicas.

V. Disponibilizar para a Junta da Grande Área Metropolitana de Lisboa um executivo tecnicamente apetrechado, de forma a ultrapassar a presente falta de eficácia e a poder, nomeadamente, acompanhar a elaboração dos projectos estruturantes fixados para a Região, no âmbito de novas atribuições deferidas por lei àquela Junta, que lhe concedam uma diferente agilidade em áreas como o planeamento e o licenciamento territorial, eliminando assim a intervenção dispensável de entidades e organismos do Estado Central, reduzindo a burocracia e cometendo à Junta responsabilidades legais eficazes na execução das suas competências;

A formatação desta reforma das Juntas Metropolitanas está em aberto, admitindo-se em abstracto três alternativas possíveis. A primeira baseia-se numa mera profissionalização do executivo da Junta, mas sem alterações de estrutura em profundidade. A segunda alternativa seria conferir uma legitimidade política ao executivo da Junta, com eleição de um Executivo através da Assembleia Metropolitana. A terceira, a maximalista, somente poderia ser efectuada com a regionalização (que inspiraria a sua configuração legal e constitucional), a qual como se sabe está dependente da realização de um novo referendo acerca desta questão, de âmbito constitucional. E, acrescidamente, a CCDR deverá assumir efectivamente um feixe de atribuições de escrutínio e arbitragem, em âmbitos como o planeamento e o licenciamento, que, centralizando o nódulo de tutela central indispensável, simultaneamente confira eficiência e celeridade aos processos, assegurando a sua realização em adequados termos técnicos e legais. A explicitação de funções da CCDR deverá ser feita em termos que clarifiquem o seu relacionamento com as Direcções-Gerais e os Institutos, assegurando à CCDR a possibilidade de, nas áreas que são da sua competência, assumir a efectiva coordenação da condução dos processos. Em suma há que recentrar o actual quadro de actuação das áreas metropolitanas e da CCDR, de molde a inserir no universo dos poderes legais das juntas (e, portanto, da Junta da Grande Área Metropolitana de Lisboa), bem como na supervisão da CCDR, a capacidade conjugada para que, relativamente a determinados projectos estruturantes,

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considerados de relevante e/ou excepcional interesse público regional, as respectivas competências de gestão estratégica possam sobrepor-se à intervenção de entidades e organismos do Estado em princípio competentes.

Do que se trata, portanto, nesta sede, não é de prever novas atribuições e competências ou funções totalmente inovadoras, mas sim de, considerando o quadro das obrigações de coordenação estatal vigentes (e imputadas a numerosas entidades da Administração Central e Local, ou seja, da responsabilidade do Estado) deslocá-las, para duas entidades responsáveis, aperfeiçoando a racionalidade, a eficácia e a tempestividade da intervenção estatal. Concentração e operacionalidade são os dois pólos inovadores deste movimento transformador, o qual, naturalmente, incidiria sobretudo em funções de autorização, fiscalização e regulação, isto é, em funções que constituem pressupostos de uma actividade sobretudo económica – mas também social, cultural e inovadora – adequadamente fluente. As características que recomendam as Juntas Metropolitanas como protagonistas de preferência são a simplificação, a proximidade e a legitimidade (de momento não directamente eleitoral, mas de qualquer modo estribada no voto que elegeu os autarcas que a constituem). Faltaria ainda assegurar um aspecto também decisivo desta mudança, o da dotação das Juntas com meios humanos, técnicos e financeiros apropriados para responsabilidades tão diferenciadas. Por outro lado, os indicadores que recomendam a liderança da CCDR assentam na especialização, no profissionalismo e na unificação da análise e dos procedimentos, inspirado na cultura do planeamento, do ordenamento do território e de utilização sustentável dos recursos que é e deve continuar a ser a sua. Nomeadamente, deverá ser explorado e desenvolvido o sentido normativo do Decreto-Lei nº 265/2001, de 28 de Setembro, através de uma regulamentação que operacionalize as atribuições concedidas por aquele diploma aos Presidentes das Comissões de Coordenação Regional, hierarquizando a relação das CCDR’s com as Direcções-Gerais e os Institutos em matérias da sua competência com presteza e de forma responsabilizante, designada e principalmente na articulação dos serviços públicos regionalmente desconcentrados, sobretudo no que se refere à concretização de políticas públicas nacionais com incidência regional, em matéria de desenvolvimento económico e social, bem como na dinamização e acompanhamento da desconcentração administrativa de âmbito regional e de procedimentos administrativos da administração desconcentrada do Estado. A CCDR deve assumir um papel decisivo na lógica de modernização e de aperfeiçoamento efectivo do acompanhamento e da execução dos projectos estruturantes que vão corporizar a entrada de Lisboa no Século XXI. Uma vez que, a partir de agora, Lisboa deixa de estar no objectivo 1 dos apoios estruturais da União Europeia, e que por conseguinte os recursos de origem comunitária irão ser profundamente reduzidos para esta sub-região, haverá que, inevitavelmente, substituir esse défice de investimento por uma superior capacidade de decisão e execução. A redução dos apoios comunitários tem que dar lugar, em Lisboa, a um poder acrescido de gestão regional desburocratizada e esta função de “pivot” da mudança só pode ser desempenhada por uma entidade que, com larga autonomia administrativa e financeira, e meios e instrumentos adequados, esteja preparada para, em articulação com a Junta Metropolitana, e respeitando as respectivas atribuições, intervir de forma abrangente em domínios que priveligiem, designadamente, o planeamento, o ordenamento do território, as políticas do ambiente e

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da conservação da natureza e da biodiversidade, a requalificação urbana e a utilização sustentável dos recursos naturais. E esta entidade é a CCDR. Importa reduzir a descomunalidade da pirâmide institucional que condiciona o desenvolvimento regional em Lisboa, conferindo à CCDR e à Junta, nos seus arcos de competência própria, os requisitos de agilização indispensáveis - instrumentos de governança, afinal – atinentes a uma Lisboa de futuro, desburocratizada, em rede e em permanente ligação com a sociedade civil. No que se relaciona com a melhoria de governança, as Câmaras Municipais têm de ter um papel liderante, envolvendo-se com prioridade em projectos que no passado não constituíram o seu múnus próprio. Têm de assumir uma função catalizadora e dinamizadora de projectos de impacto regional/local de inovação, assegurando, reunindo e coordenando esforços públicos e privados, inclusive na área de desbloqueamento de situações de exclusão social de grande melindre, com o objectivo da realização dos projectos regionais e municipais de efectivo desenvolvimento. Só assim cumprirão o seu desiderato de representantes de proximidade de populações que querem o progresso e estão preparadas para o promover e para o usufruir.

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Anexo: Síntese exemplificativa de entidades e organismos com funções na Região de Lisboa

Entidades de âmbito nacional Direcção-Geral de Viação Gabinete de Estudos e de Planeamento de Instalações Inpsecção-Geral da Administração do Território Direcção-Geral de Recursos Florestais Instituto Nacional de Investigação Agrícola e das Pescas Laboratório Nacional de Investigação Instituto Geográfico do Exército Instituto Hidrográfico Direcção-Geral de Geologia e Energia Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos Instituto de Apoio às PME e ao Investimento Instituto Nacional de Propriedade Industrial Instituto Português da Qualidade Instituto Português de Acreditação Instituto da Qualidade em Saúde Instituto Nacional de Emergência Médica Direcção-Geral do Património Autoridade Nacional de Comunicações Instituto Portuário e de Transportes Marítimos Instituto Nacional da Aviação Civil Laboratório Nacional de Engenharia Civil Direcção-Geral do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano Instituto da Água Instituto do Ambiente Instituto dos Resíduos Instituto Geográfico Português Instituto Nacional de Habitação Instituto Regulador de Águas e Resíduos Secretariado Nacional para Reabilitação de Pessoas com Deficiência Centro de Estudos e Formação Autárquica Direcção-Geral da Administração do Território Direcção-Geral das Autarquias Locais Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil Inspecção-Geral da Agricultura Instituto de Meteorologia

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Entidades de âmbito regional

Governo Civil de Lisboa Governo Civil de Setúbal Região de Turismo Setúbal (Costa Azul) Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo Autoridade Metropolitana de Transportes de Lisboa

Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional

Organismos públicos autónomos e empresariais

Administração do Porto de Lisboa Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra Agência Portuguesa para o Investimento Águas de Portugal Águas do Sado ANA – Aeroportos de Portugal BRISA – Autoestradas de Portugal DOCAPESCA EPAL Estradas de Portugal, EPE Galp Energia, SGPS SA GDP, Gás de Portugal, SGPS SA RAVE, Rede Rodoviária de Alta Velocidade, SA REFER, Rede Ferroviária Nacional REGIA, Resíduos e Gestão de Indústrias do Ambiente, SA REN, Rede Eléctrica Nacional SIMAB, Sociedade Instaladora de Mercados Abastecedores, SA SIMARSUL SIMTEJO VALORSUL

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VOLUME II

DOCUMENTOS SECTORIAIS

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1. INTRODUÇÃO

Neste documento apresenta-se um conjunto de questões chave para a reflexão necessária acerca do novo enquadramento da região de Lisboa no domínio das políticas de apoio à Ciência, Tecnologia e Inovação. Começa-se na secção 2 por um enquadramento face às alterações na configuração territorial da região e na passagem da região a objectivo 2 no quadro dos apoio estruturais, enunciando algumas das consequências e alternativas para a região neste domínio. Em seguida, na secção 3, apresentam-se os factos mais salientes na evolução da ciência, tecnologia e inovação da Lisboa (e Vale do Tejo) na última década. Na secção 4 enunciamos o que nos parecem ser as principais debilidades do actual sistema de inovação da região. Na secção 5 explicamos a estratégia regional recente neste domínio, em particular aquela que resulta do actual Plano de Inovação Regional e respectivas Acções Inovadoras. Na secção 6 resumimos as principais questões e conclusões que resultaram do Workshop e debate de 15 de Dezembro 2004 “Inovação e Conhecimento na região de Lisboa”. Na secção 7, avançamos com novos objectivos e pistas para reflexão sobre a estratégia desejável no período 2007-2013. Finalmente na secção 8 propomos um vasto conjunto de novos projectos para a região.

2. AS QUESTÕES CHAVE NO NOVO ENQUADRAMENTO

No seguimento da “Estratégia de Lisboa” as orientações da Comissão Europeia sobre Política de Competitividade e Emprego, que podem ser consultadas nos documentos Questões chave na

Competitividade Europeia – uma abordagem integrada 1 e Iniciativa Europeia para o Crescimento 2, estabelecem o pano de fundo para se dar prioridade ao domínio da Ciência, Tecnologia e da Inovação. As estratégias declaradas no Plano de Acção para o Investimento em Investigação 3 na Agenda para o

Empreendedorismo 4 e no plano de acção Inovar para uma Europa Competitiva – um novo Plano de

Acção para a Inovação 5 , vêm concretizar essa prioridade apontando medidas e acções concretas a considerar no próximo quadro comunitário de apoio 2007-2013.

1 Industrial Policy in an Enlarged Europe”, COM (2002) 714 final 2 An European Initiative for Growth – Investing in Networks and Knowledge for Growth”, COM (2003) 690, final 3 Investing in Research: An Action Plan for Europe (3% Target)”, COM (2003) 226 final 4 Action Plan: The European Agenda for Entrepreneurship”, COM (2004) 70 final 5 Innovate for a Competitive Europe: a new action Plan for Innovation” draft for public consultation, 2-4-2004

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Por outro lado, o próximo período de programação dos fundos estruturais traz para a região de Lisboa um novo enquadramento. Desde logo há a considerar a nova configuração territorial NUTS II de Lisboa (apenas a área metropolitana e península de Setúbal) e a concentração de muitas e diversificadas infraestruturas e actividades de ciência. Tecnologia e inovação na nova região que representam cerca de metade do potencial científico e tecnológico do país. Em segundo lugar, Lisboa passará a integrar o novo objectivo 2, agora denominado “Competitividade Regional e Emprego”. O objectivo 2 visa, reforçar a competitividade e a atractabilidade das regiões, bem como o emprego, através da antecipação das mudanças económicas e sociais baseadas na inovação, através da melhoria do ambiente e da acessibilidade, da adaptabilidade dos trabalhadores e das empresas e do desenvolvimento de mercados de trabalho inclusivos. Na sua componente FEDER o objectivo 2 terá três prioridades:

1. Inovação e economia do conhecimento, através do apoio à concepção e implementação de estratégias de inovação regional que conduzam a sistemas de inovação regional eficientes;

2. Ambiente e prevenção de riscos; 3. Acesso, fora dos centros urbanos principais, a serviços de transportes e de telecomunicações de

interesse económico geral. Na sua componente FSE o objectivo 2 terá como prioridades:

1. Aumentar a adaptabilidade dos trabalhadores e das empresas; 2. Melhoria do acesso ao emprego e ao mercado de trabalho.

Será contudo no domínio da prioridade 1 da componente FEDER que se encontram os objectivos específicos que enquadram a política regional de ciência, tecnologia e inovação e que são os seguintes:

i. Melhorar as capacidades regionais de inovação e de C&TD directamente relacionadas com os objectivos de desenvolvimento económico regional através do apoio a centros de competência específica de indústria e tecnologia, da promoção da transferência de tecnologia e do desenvolvimento tecnológico prospectivo e benchmarking internacional das políticas de promoção da inovação.

ii. Estimular a inovação nas PME através da promoção de redes de cooperação universidade – empresa, do apoio a redes de empresas e a clusters de PME e da facilitação do acesso das PME a serviços avançados de apoio.

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iii. Promover o empreendedorismo através da facilitação da exploração económica de novas ideias e da promoção da criação de novas empresas pelas universidades e pelas empresas existentes.

iv. Criar novos instrumentos financeiros e centros de incubação que conduzam à criação ou expansão de empresas de base tecnológica.

O novo enquadramento no objectivo 2, significa para Lisboa uma redução significativa nos financiamentos estruturais comunitários (cerca de 9 vezes menos). Contudo, no domínio da Ciência Tecnologia e Inovação, a região poderá compensar parcialmente essa perda de fundos, através de uma articulação criteriosa com outras fontes de financiamento, nomeadamente: Através do acesso ao objectivo 3 “Cooperação Territorial Europeia” em objectivos específicos como por exemplo:

1. Estabelecimento e desenvolvimento da cooperação transnacional, incluindo cooperação bilateral entre regiões marítimas, através do financiamento de redes e de acções que conduzam ao desenvolvimento integrado de nas áreas da gestão serviços da água e recursos marinhos;

2. Melhoria das acessibilidades e do acesso local e regional a redes e plataformas nacionais e transnacionais, melhoria da interoperabilidade de sistemas regionais e nacionais e promoção de comunicações avançadas e tecnologias de informação;

3. Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Tecnológico, incluindo a criação de redes científicas e tecnológicas em questões relacionadas com o desenvolvimento equilibrado de áreas transnacionais, o estabelecimento de redes entre universidades e de ligações de acesso ao conhecimento científico e à transferência de tecnologia entre instituições de I&D e centros internacionais de excelência em I&D, o desenvolvimento de consórcios internacionais para a partilha de recursos de I&D, o desenvolvimento de instituições de transferência de tecnologia, o desenvolvimento de instrumentos conjuntos de engenharia financeira direccionados para o apoio à I&D em PME.

Para além do acesso ao objectivo 3 nas prioridades atrás enunciadas, quer na sua componente FEDER quer no âmbito do FSE, a região de Lisboa pode também compensar a perda fundos para a ciência, tecnologia e inovação, através de uma maior participação das empresas e outras entidades regionais no 7º Programa Quadro de IDT. Como se sabe a participação de Lisboa (e de Portugal em geral) tem vindo a diminuir do 5º para o 6º Programa Quadro e é portanto importante inverter

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essa tendência, sobretudo quando se prevê que o orçamento do 7º Programa Quadro seja grandemente reforçado. Para isso Lisboa deverá utilizar de forma criteriosa os menores financiamentos FEDER objectivo 2, de forma complementar aos do Programa Quadro e tendo em vista efeitos de alavanca que permitam potenciar uma maior participação das entidades regionais no 7º Programa Quadro. A articulação entre os dois quadros de apoio à I&D científica e tecnológica pode também passar por uma estratégia regional de participação na ERA-Net que deverá também ver o seu orçamento reforçado. Uma outra forma de compensar a perda de fundos no próximo período 2007-2013, pode ser através da utilização na região e para o domínio da ciência, tecnologia e inovação de uma parte considerável dos reembolsos que resultaram dos apoios concedidos no actual quadro comunitário de apoio. Finalmente, a União Europeia prevê a possibilidade de participar como parceira dos Estados Membros em Programas (artigo 169 do tratado) ou em Plataformas Tecnológicas (artigo 171 do tratado) versando temáticas de interesse prioritário como por exemplo: a saúde, a protecção dos consumidores; a energia; a agricultura e as pescas; os transportes; a educação e formação; a biotecnologia.; as tecnologias de informação e comunicação, etc.

3. FACTOS MAIS RELEVANTES DA EVOLUÇÃO RECENTE NA INOVAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA REGIÃO DE LISBOA (E VALE DO TEJO) Da evolução da região nos últimos anos neste domínio podemos destacar os seguintes factos relevantes. O peso das despesas com I&D em Lisboa e Vale do Tejo, relativamente ao PIB regional passou de 0,72 em 1990 para 0,88 em 2001. Se considerarmos a nova NUTS II Lisboa, o peso das despesas com I&D é em 2001 cerca de 1,17% do PIB regional o que faz com Lisboa seja a primeira região nacional a ultrapassar os 1% do PIB regional em despesas com I&D. Por outro lado, a dimensão das actividades de I&D da região (Lisboa e Vale do Tejo) medida pelos recursos humanos, aumentou também significativamente ao longo dos anos 90. Assim, a região passou de um total de 7800 pessoas em 1990 (incluindo investigadores e outro pessoal afecto a I&D, em Equivalentes de Tempo Integral) para cerca de 12600 em 2001. Mantém-se a polarização do sistema nacional de I&D por LVT, em particular pela Grande Lisboa e Setúbal (i.e. pela nova NUTS II Lisboa). A evolução até 1999 mostra alguma perda de peso da região, que não resulta da redução da actividade I&D na região, mas sim do desenvolvimento mais

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rápido de outras regiões, em particular da Madeira e do Algarve. Após 1999 a região de Lisboa volta a concentrar cerca de 60% dos recursos nacionais de I&D (ver figura 1 e figura 2). Mantém-se também na região um maior peso dos Laboratórios de Estado, relativamente às outras regiões, o que equivale a um maior peso de “outro pessoal afecto a I&D” e, portanto, um menor peso dos investigadores no total do pessoal total em I&D, relativamente a outras regiões (figura 3).

Figura 1 – Polarização do Sistema nacional de I&D por LVT – peso das despesas de I&D das regiões na despesas nacional com I&D

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1988 1990 1992 1995 1997 1999 2001

% d

a de

spes

a na

cion

al c

om I&

D

Norte Centro Lx V.Tejo AlentejoAlgarve Açores Madeira

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Inovação e Conhecimento na Estratégia da Região de Lisboa

114

Figura 2 - Polarização do Sistema nacional de I&D por LVT. Concessão de patentes e modelos de utilidade no INPI, por regiões

Figura 3 – Maior peso dos Laboratórios de Estado na região equivale a um maior peso de “outro pessoal” afecto a I&D

A região de Lisboa, relativamente às outras regiões nacionais mantém um perfil de I&D por domínios científicos mais diversificado, também devido a dispor de um conjunto mais diversificado de instituições. As áreas científicas mais fortes na região são as Ciências da Vida (incluindo a biotecnologia), Ciências e Tecnologia do Software e Telecomunicações, Ciências Sociais e Humanas, e Ciências dos Materiais (figuras 4 e 5).

Concessão de Modelos de Utilidades no INPI, por regiões (nº de modelos de utilidade)

0 5 10 15 20 25

Alentejo

Algarve

Lx V. Tejo

Centro

Norte

Madeira

Açores

1999 2000 2001 2002 2003

Concessão de patentes no INPI, por regiões (nº de patentes)

0 10 20 30 40 50

Alentejo

Algarve

Lx V.Tejo

Centro

Norte

Madeira

Açores

1999 2000 2001 2002 2003

Recursos Humanos em I&D, Perfil da Região e do País por sector de execução

0

20

40

60Inst Privadas s/f Lucrativos

Estado

Ensino Superior

Empresas

Região LVTPaís

Racio Investigadores/Outro Pessoal

0

2

4

6

8Alentejo

Norte

CentroLisboa e V. Tejo

Algarve

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Inovação e Conhecimento na Estratégia da Região de Lisboa

115

Figura 4 – Perfil de I&D por domínios científicos mais diversificado (despesas com I&D)

Figura 5 – Perfil de I&D por domínios de registo de patentes submetidas ao EPO

Despesa com I&D, 1997, por domínios de Ciência e Tecnologia e por NUTS II, % do total de cada região

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

CiênciasExactas

CiênciasNaturais

Ciências daEngenharia eTecnologia

Ciências daSaúde

CiênciasAgrárias e

Veterinárias

CiênciasSociais eHumanas

Norte Centro Lx.V.Tejo Alentejo

Nº de patentes submetidas ao EPO em 2001 por domínios IPC e NUTS III

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

NecessidadesHumanas

Operações eTransportes

Química eMetalurgia

Texteis ePapel

Construções Engenhariamecânica,

luminosidade,aquecimento,

armas eexplosivos

Física Electricidade

Cávado Grande Porto Douro Baixo Vouga

Baixo Mondego Dão-Lafões A Cova da Beira Grande Lisboa

Península de Setúbal Alentejo Central

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Inovação e Conhecimento na Estratégia da Região de Lisboa

116

Na região de Lisboa existem cerca de 250 empresas que declaram actividades de I&D num montante total de cerca de 230 Milhões de Euros (dados de 2001). Esse montante representa cerca de 37% do total de despesas com I&D em 2001 na região, o que coloca Lisboa como a única região do País onde as empresas são o principal sector executor de actividades de I&D; Apesar de ser a região líder a nível nacional e de ter conhecido um forte crescimento nos seus recursos de I&D ao longo dos anos 90, a região de Lisboa e Vale do Tejo continua, porém, relativamente a outras regiões da Europa, a evidenciar níveis de recursos e resultados significativamente mais baixos (figura 6 e tabela 1).

Figura 6 – Posição da região de Lisboa e Vale do Tejo relativamente a outras regiões europeias em termos de despesas e recursos humanos em I&D

Île de France (F)

Cataluña (ES)Ipeiros (Gr)

Uusimaa (suuralue) (F)

Noord-Holland (NL)Provence-Alpes-Côte d'Azur (F)

Comunidade de Madrid (ES)Aquitaine (F)

Lx V.Tejo Lx (nova NUTS II)

Lazio (I)

EU15

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

0 1 2 3 4 5 6

Pessoal total em I&D em %o da Pop Activa

Des

pesa

s co

m I&

D e

m %

do

PIB

regi

ona

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Inovação e Conhecimento na Estratégia da Região de Lisboa

117

Tabela 1 - n.º de patentes registadas no Instituto Europeu de Patentes (EPO) por milhão de habitantes 1990 1995 1997 1999 2001 Uusimaa (suuralue) (Helsinquia) 533,93 Îlha de France (Paris) 216,83 205,83 230,61 296,29 311,79 Luxemburgo 86,48 72,26 138,61 200,51 211,33 Berlim 93,69 106,46 142,46 171,83 217,28 Viena 97,63 110,52 109,25 128,35 156,15 Noord-Holland (Amesterdão) 89,16 85,72 103,05 114,71 140,38 Londres 67,80 91,75 112,54 Catalunha (Barcelona) 21,93 30,46 36,07 54,64 61,55 Comunidade de Madrid 15,16 23,99 26,26 40,45 36,07 Lazio (Roma) 31,20 28,37 37,79 49,34 41,48 Atenas 4,57 8,74 12,73 17,30 12,65 Lisboa e Vale do Tejo 1,32 2,54 4,11 7,52 6,84 Fonte: Eurostat New Cronos, junho 2004

A dinâmica de competitividade e inovação da região continua assente num conjunto relativamente diversificado de sectores (ou fileiras), nomeadamente: - a fileira agro-alimentar; - turismo e lazer; - logística, transportes e distribuição; - fileira da construção e materiais de construção - sector dos serviços financeiros; - química, farmacêutica, biotecnologia; - software, telecomunicações, multimédia;

- material de transporte, automóvel, aeronáutica. Os diferentes sectores da região apresentam diferentes trajectórias de acumulação de conhecimentos e de inovação e requerem, portanto, diferentes tipos de apoios, bem como diferentes formas de se “ligarem” às infra-estruturas tecnológicas locais de apoio. Ou seja, continua a haver na região dois

sistemas de inovação com trajectórias de acumulação e transformação de conhecimentos perfeitamente distintas. Existem sectores onde a I&D e as parcerias com universidades locais são fundamentais (p.e. os sectores do software, telecomunicações e biotecnologia) e outros onde a inovação estará mais dependente da prestação de pequenos serviços de apoio técnico (p.e. sectores agro-alimentar e turismo).

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Inovação e Conhecimento na Estratégia da Região de Lisboa

118

4. PRINCIPAIS DEBILIDADES DO(S) SISTEMA(S) DE INOVAÇÃO EM LVT

Apesar da evolução muito positiva ao longo dos últimos dez anos, persistem porém algumas debilidades importantes, a saber: - Fracos níveis de colaboração entre as empresas e as universidades no domínio das actividades de I&D A elevada concentração relativa de universidades, laboratórios públicos e outro tipos de infraestruturas de Investigação e Desenvolvimento Científico e Tecnológico – I&D na região, traduz-se como atrás se viu num volume considerável de recursos empregues com I&D. Contudo, e apesar das infraestruturas de apoio existentes, há uma grande margem de evolução para melhorar o aproveitamento das competências científicas regionais em benefício económico e social. Sobretudo nos sectores onde a inovação é induzida por actividades de I&D, como é o caso do software, telecomunicações, multimédia, biotecnologia, continua, portanto, a ser necessário promover maiores níveis de colaboração entre universidades e empresas da região. Para ilustrar o fraco nível de colaboração entre empresas e universidades (e/ou laboratórios do Estado) no âmbito da I&D refira-se que os apoios aos consórcios de I&D com empresas na região representam apenas cerca de 17 Milhões de Euros, o que comparado com os 230Milhões de gastos declarados pelas empresas em 2001, constitui uma pequena proporção. - Fracos níveis de prestação de serviços das infraestruturas às empresas; Sobretudo nos sectores onde a inovação está mais associada à gestão dos serviços e das operações, ao design, à engenharia e embalagem de produtos, ou ao acesso a novas formas de colocação dos produtos em mercados internacionais, continua a haver um défice de interacção entre as empresas (nos sectores agro-alimentar, construção, financeiro, turismo por exemplo) e centros ou institutos com capacidade de fornecimento de serviços técnicos de apoio. Este défice é patente nos reduzidos volumes de facturação de serviços que as infraestruturas

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Inovação e Conhecimento na Estratégia da Região de Lisboa

119

tecnológicas apresentam, sendo que na maioria dos casos os subsídios à exploração representam a principal fonte de receita das infraestruturas tecnológicas. Sistema de Educação / Formação Para além do fraco nível colaboração em I&D, existe também na região um desajuste entre as competências produzidas no sistema de ensino e as necessidades das empresas. Em primeiro lugar, no escalão etário correspondente e relativamente a outras regiões da Europa, a região de Lisboa continua apresentar uma menor proporção de alunos a frequentar o ensino superior (ver figura 7). Em segundo lugar, relativamente ao total de alunos que frequentam o ensino superior na região, os alunos em áreas tecnológicas vitais como as TICs representam uma menor proporção, relativamente a outras regiões da Europa. Acresce ainda que as taxas de insucesso no ensino superior em alunos em áreas tecnológicas é das mais elevadas da Europa.

Figura 7 – Níveis de instrução da população residente em Lisboa e Vale do Tejo

Nivel de instrução da população com idades entre 25-59 anos (% face ao total de 2001)

0%

10%20%

30%

40%50%

60%

70%

80%90%

100%

Lx e V.Tejo Lazio Média 10novospaíses

Prov. AlpesCôte d'Azur

Attiki Cataluña South andEasternIreland

Manchester Berlin Stockholm Madrid

Baixo Médio Elevado

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Inovação e Conhecimento na Estratégia da Região de Lisboa

120

Reduzida eficiência na transferência de tecnologia Se por um lado os recursos humanos e as despesas com I&D atingiram já um nível considerável (relativamente ao nível atingido por outras regiões portuguesas), por outro lado, existe um défice de “transformação de conhecimentos” gerados pela I&D em produtos ou serviços inovadores e com mais valia económica e social. Em parte isso resulta de, no passado recente, as intervenções (a nível nacional ou mesmo comunitário) no domínio da transferência de informação serem ainda demasiado associadas ao modelo linear da inovação. Assume-se que depois de as universidades ou outras entidades públicas do sistema de ciência e tecnologia realizarem projectos de I&D, os resultados podem ser “valorizados” ou vendidos a quem neles esteja interessado. Ora o facto é que só muito raramente isso acontece. A transferência de tecnologia pode ser mais eficaz se promovida através de grandes projectos mobilizadores de colaboração entre várias entidades. Por outro lado, existe na região um nível considerável de actividades empreendedoras de base tecnológica (mais de 30 novas empresas de base tecnológica formadas todos os anos) mas em muitos casos as empresas recém formadas carecem de apoios orientados à qualificação dos seus conhecimentos em gestão, sobretudo no que respeita a planeamento de marketing no contexto dos mercados internacionais, mas também na áreas de contabilidade, finanças e fiscalidade. A existência de múltiplos parques tecnológicos e centros de incubação na região visa atenuar esse défice mas é necessário estimular uma maior eficácia no processo de transferência de tecnologia entre as infraestruturas locais e o mercado, criando mecanismos explícitos de procura de oportunidades de criação de novas empresas de base tecnológica.

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Inovação e Conhecimento na Estratégia da Região de Lisboa

121

Análise SWOT

PONTOS FORTES PONTOS FRACOS A região com maior volume de despesas de I&D e recursos humanos a nível nacional, com particular concentração na área metropolitana e na península de Setúbal A região com o maior número de Laboratórios do Estado nível nacional A região com um perfil de actividades de I&D mais diversificado a nível nacional A região do País onde as empresas são o principal sector executor de actividades de I&D, à frente das entidades públicas nomeadamente Universidades e Laboratórios do Estado Dinâmica económica regional assente num conjunto de sectores muito diversificado.

Uma região com ainda níveis muito insuficientes de volume de despesas de I&D e recursos humanos a nível Europeu Uma região dois sistemas de inovação. Um sistema centrado em torno das indústria de ponto. Outro sistema centrado em torno dos sectores menos desenvolvidos. Fracos níveis de colaboração entre as empresas e as universidades no domínio das actividades de I&D Fracos níveis de prestação de serviços das infraestruturas às empresas; desajuste entre as competências produzidas no sistema de ensino e as necessidades das empresas.

Reduzida eficiência na transferência de tecnologia

OPORTUNIDADES AMEAÇAS Desenvolver um sistema inovação regional orientado para a transferência internacional de tecnologia; Fazer crescer do sistema regional de I&D; Melhorar a interacção entre os actores do sistema de inovação – “ligar os actores” de forma a promover a coerência interna do sistema; Promover a difusão de tecnologias, e a utilização de diferentes instrumentos de apoio dirigidos a empresas com diferentes capacidades.

Desenvolvimento de um pólo regional de excelência internacional no ensino e na investigação

A nova classificação da região como objectivo 2 pode interromper o forte crescimento dos recursos empregues em I&D e inovação que vinha a ser conseguido nos últimos anos Aumento da concorrência de outras regiões Ibéricas, regiões do sul da Europa e dos novos países de Leste membros da União Europeia., no que respeita à atracção de empresas estrangeiras tecnologicamente avançadas A expansão da ERA-Net se constituir como uma rede para participação das regiões mais avançadas e mais dotadas de recursos científicos excluindo progressivamente as que têm menos recursos.

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Inovação e Conhecimento na Estratégia da Região de Lisboa

122

5. A ESTRATÉGIA RECENTE 2000-2006

No exercício de planeamento prospectivo orientado para a definição da estratégia da região de Lisboa e

Vale do Tejo até 2010 6, a inovação de tecnológica foi eleita como um dos domínios principais. A

componente de estratégia de inovação nesse exercício resultou do trabalho efectuado no quadro do Projecto LISTART (projecto RITTS - 1998-2001) e apontava para a necessidade da região de Lisboa e Vale do Tejo procurar:

desenvolver um sistema inovação regional orientado para a transferência internacional de tecnologia suportada por uma elevada capacidade local de adopção de inovações com proveito económico e social para a região.

Isto é, a estratégia da região foi definida em torno de uma visão onde a investigação científica contribui para o crescimento das competências e das infraestruturas do sistema regional de inovação, por um lado, e a difusão local através do reforço das ligações entre as infra-estruturas e as empresas, contribui para o crescimento económico e social. Os objectivos estratégicos para este período são, portanto:

• Crescimento do sistema regional de I&D; • Melhorar a interacção entre os actores do sistema de inovação – “ligar os

actores” de forma a promover a coerência interna do sistema; • Promover a difusão de tecnologias, e a utilização de diferentes instrumentos

de apoio dirigidos a empresas com diferentes capacidades. Os objectivos definidos estão a ser prosseguidos através de diferentes tipos de Medidas/Acções em Programas Operacionais Sectoriais com incidência na ciência, tecnologia e inovação da região, no Programa Operacional da Região e através do programa de Acções Inovadoras o LISACTION 2002-2004.

6 Ver Plano Estratégico da Região de Lisboa, Oeste e Vale do Tejo 2000-2010: O Horizonte da Excelência, CCRLVT, Janeiro de 2000 (disponível em www.ccdr-lvt.pt)

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Inovação e Conhecimento na Estratégia da Região de Lisboa

123

6. A MISSÃO E OS OBJECTIVOS PARA A UMA ESTRATÉGIA DE INOVAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA NA REGIÃO DE LISBOA PARA O PRÓXIMO PERÍODO 2007-2013

A estratégia aqui apresentada resulta da uma análise diagnóstico da situação actual, acrescida de contribuições específicas de um conjunto alargado de actores e de debate acerca das questões mais relevantes encontradas. O processo percorrido permitiu-nos chegar à formulação de uma missão explícita para a política regional de inovação, ciência e tecnologia em Lisboa. Sair do phasing out com uma estratégia mais agressiva i.e. mais orientada às oportunidades de inovação

de base científica de forma a colocar a região de Lisboa entre as principais regiões europeias no domínio

da inovação, ciência e tecnologia.

Objectivos Os objectivos estratégicos relacionados com o sistema de inovação, ciência e tecnologia em Lisboa são: 1 – aumentar significativamente a qualidade os recursos empregues em actividades de inovação, ciência

e tecnologia praticadas na região;

Uma forma de fixar os objectivos de longo prazo para a uma estratégia de inovação na região de Lisboa, é utilizar para Lisboa as metas definidas pela “Estratégia de Lisboa” para a Europa. Ou seja, um objectivo ambicioso será chegar em 2010 aos 3% do PIB regional em despesas com I&D. Trata-se de um aumento significativo e muito ambicioso, já que a região terá de mais que duplicar o pessoal e as despesas com I&D, num contexto em que os apoios públicos serão menores do que foram no período 2000-2006. Porém, mesmo pensando que no futuro o crescimento possa ser menor do que foi no passado (sobretudo porque haverá um menor volume de financiamento), parece ser possível, ainda assim, à região de Lisboa chegar aos 3% do PIB regional em despesas com I&D em 2010(ver figura 8) 7.

7 Os nossos cálculos são baseados numa regressão não linear dos valores de despesa com I&D e de recursos humanos em I&D para a região no período 1988-2001. Utilizamos depois a curva assim obtida para prever se seria possível atingir a meta desejada dos 3% do PIB regional em despesas com I&D em 2010.

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Inovação e Conhecimento na Estratégia da Região de Lisboa

124

Figura 8 – Objectivos para o crescimento de recursos regionais empregues com I&D – A extrapolação da curva de crescimento de Lisboa comparada com a extrapolação da curva de crescimento do país.

Partindo do actual nível de despesas, de cerca de 1,17% do PIB regional da nova região NUTS II – Lisboa, isso significa que em 2010 Lisboa deverá ter: - um montante total de despesas com I&D na ordem dos 1400 Milhões de Euros (em 2001 tinha cerca de 600 Milhões de Euros); - um total de Pessoal em I&D na ordem das 28000 pessoas (equivalentes de tempo integral, em 2001 tinha cerca de 12500 pessoas);

A questão que se pode agora colocar é como é que este objectivo pode ser atingido. Isto é: como é que cada sector executor de I&D (Empresas, Universidades, Laboratórios do Estado e Instituições privadas sem fins lucrativos) pode contribuir para o objectivo global que será, grosso modo, aumentar a despesas com I&D realizada na região em cerca de 800 Milhões de Euros. As empresas da região

serão quem deverá aumentar mais o seu esforço. A sua contribuição para o total cifra-se

0,0

200 000,0

400 000,0

600 000,0

800 000,0

1000 000,0

1200 000,0

1400 000,0

0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000

Pessoal total em ID (ETI)

Des

pesa

tota

l em

I&D

(x10

00 E

uros

)

LX 2001 PT 2001

LX 2010

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Inovação e Conhecimento na Estratégia da Região de Lisboa

125

em cerca de 37% (em 2001) mas nas regiões avançadas da Europa o sector

empresarial normalmente contribui em cerca de 60% ou mesmo 70%. Um objectivo

ambicioso é propor que as empresas da região de Lisboa possam ultrapassar em 2010

uma contribuição para o total de despesas com I&D na região de cerca de 45%. Ou

seja, nas actividades de I&D os objectivos estratégicos para 2007-2013 passam por

(figura 9):

• fazer crescer o volume de actividades de I&D executadas pelas empresas;

• fazer crescer também de forma significativa o volume de I&D executado nas

Universidades quer em parceria com as empresas quer em parcerias

internacionais;

• fazer crescer a um ritmo mais moderado as actividades de I&D nos laboratórios

do estado e nas instituições privadas sem fins lucrativos.

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Inovação e Conhecimento na Estratégia da Região de Lisboa

126

Figura 9 – Objectivos para o crescimento nas despesas com I&D nos diferentes sectores de execução: empresas, ensino superior, estado, instituições privadas sem fins lucrativos

2 – Reforçar a colaboração internacional da inovação, ciência e tecnologia da região de Lisboa, em

especial no que se refere ao Espaço Europeu de Investigação

Para financiar o desejado aumento das actividades de I&D deverão ser privilegiados os projectos em parceria ou no âmbito da promoção da participação das empresas da região no 7º Programa Quadro. Resulta do que atrás foi exposto que o enquadramento da região no objectivo 2 deixa antever uma forte diminuição nos apoios estruturais à I&D geridos pela região. Será necessário portanto explorar com grande eficácia as prioridades no âmbito do objectivo 3 para projectos transnacionais em áreas específicas e sobretudo as possibilidade que se irão abrir num reforçado 7º Programa Quadro e na ERA-Net.

0

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

2001 2004 2006 2008 2010

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0 Eu

ros) Empresas

Ensino Superior

Estado

IPSLs

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Inovação e Conhecimento na Estratégia da Região de Lisboa

127

3 - Reforçar os mecanismos de transferência e “transformação” de tecnologia

Um outro objectivo estratégico de importância vital parece ser o necessário aumento da eficácia do processo regional de “transformação” de conhecimento científico e tecnológico em inovação. O aumento dos recursos de I&D e das actividades de I&D básico acima preconizados contribuem certamente para o aumento das competências científicas e tecnológicas regionais, mas estas não se transformam de foram automática em mais valias económicas e sociais, sem o apoio de um eficaz sistema local de apoio à transferência e difusão de tecnologias. Face às debilidades do sistema regional de inovação neste domínio e tendo em conta a ineficácia das actuais medidas e estruturas de mediação e valorização de I&D há que procurar novos métodos de apoio. O que está em causa é uma mudança fundamental relativamente à forma de operacionalizar os apoios. É necessário começar a segmentar as acções de apoio por níveis de capacidade tecnológica dos beneficiários alvo, no sentido em que para empresas de menor capacidades tecnológica a transferência de tecnologia eficaz e com adicionalidade, requer mecanismos de apoio com uma forte intervenção de serviços (e não subsídios) de apoio ao receptor de tecnologia. Por outro lado é necessário começar a ter medidas cujo alvo é o sistema (não actores

individuais) como por exemplo projectos mobilizadores “umbrela” de projectos de menor dimensão, ou

processos de colectivos de prospectiva tecnológica relevantes envolvendo actores de vários tipos e

diferentes sectores.

4 - Desenvolvimento de um pólo regional de excelência internacional no ensino e na investigação em

áreas estratégicas

Um outro objectivo que importa também equacionar é o do desenvolvimento do sistema de ensino superior na região no que respeita à sua excelência de âmbito internacional em áreas da engenharia e tecnologia, ciências exactas, ciências da vida e biotecnologia e dos materiais e nanotecnologia. Quer no ensino quer na investigação a criação de um pólo regional de excelência internacional através de consórcios de colaboração e articulação entre diferentes estabelecimentos de ensino superior poderá tornar-se vital para o aumento da participação das entidades da região em projectos internacionais.

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Inovação e Conhecimento na Estratégia da Região de Lisboa

128

8. AS LINHAS DE ORIENTAÇÃO E OS PROJECTOS ESTRUTURANTE PARA A UMA ESTRATÉGIA DE INOVAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA REGIÃO DE LISBOA PARA O PRÓXIMO PERÍODO 2007-2013

A estratégia proposta assenta no essencial em vários tipos de intervenção e ideias estruturantes: 1- Programas de I&D mobilizadores e integrados em áreas prioritárias

Na identificação de áreas científica e tecnológicas prioritárias para a região de Lisboa, teve-se em conta uma perspectiva temática relacionada com o objectivo de reforçar a I&D fundamental em áreas que podem proporcionar aplicações práticas a médio e longo prazo, e uma perspectiva sectorial associada aos interesses tecnológicos estratégicos das principais fileiras/sectores da região. As áreas prioritárias serão portanto:

1. Tecnologias da produção, electrónica, robótica e automação; 2. Ciências e tecnologias da computação, tecnologias da informação, telecomunicações,

bilhética e multimédia; 3. Ciências da Saúde, farmacêutica, biotecnologia, química fina, consumíveis médicos; 4. Ciências dos materiais nanotecnologia.

O âmbito das áreas atrás definidas em sentido lato deverá ser melhor definido pelos potenciais proponentes da região de acordo com os seus interesses científicos e/ou empresariais Esta áreas cruzam com as tecnologias utilizadas nas fileiras regionais, nomeadamente: - a fileira agro-alimentar; - turismo e lazer; - logística, transportes e distribuição; - fileira da construção e materiais de construção - sector dos serviços financeiros; - química, farmacêutica, biotecnologia; - software, telecomunicações, multimédia;

- material de transporte, automóvel, aeronáutica.

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Inovação e Conhecimento na Estratégia da Região de Lisboa

129

O lançamento de grandes programas mobilizadores estruturantes numa lógica temática envolve uma harmonização das convocatórias regionais com as europeias, no âmbito do programa quadro, de forma a que possa criar algum efeito de aumento da colaboração internacional. Envolve também uma necessária harmonização dos critérios de elegibilidade regionais com os de nível europeu no programa quadro e podem incluir investimentos em equipamento e infraestruturas necessárias para reforço da capacidade de participação da I&D regional em parcerias internacionais. Os programas mobilizadores deverão constituir-se como conjuntos de projectos de I&D relacionados e integrados, com objectivos comuns e duração de médio a longo prazo, i.e. 3 a 5 anos. Poderá haver programas mobilizadores com temas mais latos apelando a I&D de maior risco e longo prazo e programa de mobilizadores mais orientados à inovação tecnológica de aplicação empresarial, apelando a projectos de menor risco e médio prazo. Em ambos os casos este tipo de iniciativas responde à necessidade de manter o ritmo de crescimento de despesas de I&D até 2013. 2 – Formação de recursos humanos para inovação, ciência e tecnologia

Uma linha de orientação estratégica fundamental para se atingir os objectivos propostos em termos de percentagem do PIB regional dedicados a I&D, será a continuação do financiamento do crescimento acelerado de formação de recursos humanos a trabalhar em processos de inovação e de investigação e desenvolvimento. Nesta linha de orientação a estratégia será a de fornecer bolsas de estudo para mestres e doutores. Pretende-se também actuar no mercado de inserção de investigadores nas infraestruturas e nas empresas fomentando a contratação de jovens investigadores por parte das infraestruturas da região ou fomentando a sua inserção em empresas. A mobilidade de pessoas qualificadas na área da I&D entre as infraestruturas e as empresas, em qualquer dos sentidos deverá igualmente ser uma prioridade estratégica. 3 - Apoio à inovação, transferência de tecnologia e competitividade empresarial

Incluem-se nesta linha de orientação projectos que incidam nos processos de transferência de tecnologia e/ou inovação empresarial. A resposta ao objectivo de reforçar a transferência de tecnologia na região deve, no entanto, fazer apelo a uma variada tipologia de projectos e mecanismos, nomeadamente:

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Inovação e Conhecimento na Estratégia da Região de Lisboa

130

• Projectos de apoio à gestão/realização de patentes e modelos de utilidade nas empresas da região.

• Projectos de I&D nas empresas ou liderados por empresas em colaboração com entidades regionais, nacionais ou internacionais do sistema de ciência e tecnologia.

• Projectos de criação de unidades ou centros de I&D dentro das empresas (ou centros de participação mista entre empresas e entidades do sistema científico e tecnológicos regional).

• Projectos de apoio à construção de protótipos de produtos/serviços novos nas empresas.

• Projectos de criação de novas empresas de base tecnológica, em particular criação de spin-offs das entidades/actividades públicas de I&D. Para maximizar a adicionalidade estes projectos devem ser apoiados por fases (p.e. ideia, criação, consolidação), considerando investimentos progressivamente maiores e acompanhados por formação em gestão aos empreendedores e possível entrada do capital de risco.

No que respeita a intervenções orientadas para PMEs de menores capacidades tecnológicas a nova abordagem a implementação dos apoios passa por projectos do tipo:

• Projectos diagnóstico prospectivo seguido de acção de resolução de problemas.

• Projectos de sistemas de atendimento e encaminhamento para resolução de problemas tecnológicos, p.e. Lançamento de uma Rede de Competências regional (extensão do centro TagusPark).

• Projectos de apoio a empresas regionais que procuram certificações técnicas e de qualidade a nível internacional.

4 – Infraestruturas e equipamentos de suporte à inovação nas organizações

O aumento do número de pessoas e projectos de I&D deve ser acompanhado por um aumento das condições de trabalho em termos das infraestruturas e equipamentos necessários. Nesse sentido considera-se também a criação de uma linha de orientação que fomente a melhoria das infraestruturas e/ou dos seus equipamentos. Nesta vertente prevêm-se os seguintes tipos de projectos:

• Projectos para grandes equipamentos científicos, normalmente associados a actividades de I&D em áreas concretas Sujeitos a convocatória para chamada de propostas.

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Inovação e Conhecimento na Estratégia da Região de Lisboa

131

• Projectos de compra de pequenos e médios equipamentos para institutos, centros tecnológicos ou empresas;

• Projecto de criação ou reforço infraestruturas de I&D, em particular infraestruturas que envolvam ou queiram passar a envolver parcerias com empresas.

5 – Infraestruturas e equipamentos regionais/urbanos de apoio à inovação

Do mesmo modo, mas agora à escala do território, ao aumento dos recursos financeiros e humanos empregues com I&D e com inovação deve corresponder uma melhoria significativa das infraestruturas e equipamentos colectivos de suporte a actividades associadas à inovação e à I&D. Podem aqui incluir-se:

• Projecto de equipamentos de apoio às actividades científicas e tecnológicas, p.e. lançamento de uma rede de banda larga entre Parques de Ciência e Tecnologia na Região.

• Projectos de infraestrutura para melhoria do acesso das empresas à Sociedade de Informação. Por exemplo, lançamento de uma rede digital banda larga na área metropolitana em articulação com zonas de instalação de empresas “Internet” 22@.

• Projectos de infraestrutura para melhoria do acesso das empresas à Sociedade de Informação.

• Lançamento de experiências piloto em zonas fora da área metropolitana, consideradas como “comunidades digitais” ex: Almada, Setúbal, Mafra, Cascais – comunidades digitais como resposta a movimentos pendulares.

• Projectos de infraestrutura e intervenção e melhoria dos território urbano tendo em vista criação de zonas científicas no interior da cidade (inner-city campus) ou zonas especiais de escritórios para empresas inovadoras. Exemplos: requalificação do corredor urbano “campus universitário de Lisboa (de Palma de Baixo à Av. Do Brasil) como pólo urbano de excelência científica e tecnológica; criação de “zonas” especiais para instalação de empresas de base tecnológica no espaço urbano de Alcântara como escritórios para empresas de base tecnológica.

6 – Governança regional da inovação e transferência de tecnologia

A estratégia regional para o próximo período não deve concentrar-se apenas num conjunto de acções específicas e coordenadas entre si de forma coerente. Sobretudo devido à forte redução de fundos para financiamento na região, a estratégia deve também promover condições para que, em

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Inovação e Conhecimento na Estratégia da Região de Lisboa

132

articulação com outros domínios e/ou com programas no mesmo domínio mas de âmbito nacional e europeu, se possa efectivamente maximizar a adicionalidade das intervenções. Por outro lado, a estratégia não deve ser vista como rígida, fechada ou inalterável. Ao contrário, deve ter uma evolução própria ao longo do tempo, de forma a estar permanentemente actualizada e aberta a alterações quando necessário. Propõe-se portanto, o lançamento de dois projectos estruturantes na área da governabilidade do sistema regional.

• Criação de uma estrutura organizacional que acompanhe a execução do Plano e que facilite o funcionamento das medidas e acções propostas articulando-as com iniciativas e investimentos de grande relevância na região. Por exemplo: Criação de uma Sociedade Regional de Desenvolvimento Tecnológico.

• Lançamento do projecto regional de rede de universidades – “Lisboa Cidade do Conhecimento”, Pólo de Excelência no Ensino e na Investigação.

Note-se que no plano da política regional de inovação, que se quer complementar à política nacional, a existência de uma Agência ou Sociedade Regional de Desenvolvimento Tecnológico LX-Inovação deve centrar-se nas acções onde a instância regional tem necessariamente maior adicionalidade relativamente às intervenções da instância nacional. Essas acções de intervenção são todas as que dependem das relações de proximidade entre os actores para alcançar resultados e/ou indução de novos comportamentos de maior risco. Por exemplo na linha de orientação “3 -Apoio à inovação, transferência de tecnologia e competitividade empresarial”, uma boa parte do sucesso depende do estabelecimento de melhores relações de “intermediação” e “aprendizagem” entre os actores, conduzindo a um aumento de eficácia na transferência de tecnologia. A instância regional para implementação de medidas de apoio à inovação justifica-se, não só por questões de governança do sistema regional mas também por motivos que têm a ver com a necessidade de trabalhar a qualificação da procura e fomentar maiores níveis de interacção local (e inter-regional) entre diferentes actores. Por outras palavras ao mesmo tempo que a “Lx Inovação” serve para estimular a criação de um espaço próprio de investigação aplicada pode também actuar com na integração de fontes externas de conhecimento – ligando as universidades e centros a outras regiões, promovendo a internacionalização da actividades tecnológicas das empresas a sua inserção em redes de cooperação internacionais.

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2. O Ambiente na Estratégia para a Região de Lisboa

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O Ambiente na Estratégia para a Região de Lisboa

134

1. INTRODUÇÃO A qualidade do ambiente deverá ser encarada como uma vantagem comparativa para as regiões, com impactos positivos ao nível da atracção de novas indústrias, do fomento do turismo, da criação de emprego e, em geral, na melhoria das condições de vida das populações. Em áreas predominantemente metropolitanas os grandes desafios ambientais situam-se ao nível das emissões de poluentes atmosféricos, incluindo partículas, com origem no sistema de transportes, da gestão de resíduos sólidos urbanos da utilização da água, da gestão de espaços verdes e da recuperação ambiental de zonas degradadas, ligadas no passado a zonas industriais em declínio ou a áreas de construções clandestinas De registar igualmente a grande pressão existente sobre zonas ambientalmente preservadas para a alteração do seu uso, apesar da existência de vários instrumentos de ordenamento do território, nomeadamente o Plano Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa (PROT-AML) e os vários Planos Directores Municipais (PDM), designadamente para a definição do modelo de estrutura espacial do território municipal, incluindo a implantação de zonas habitacionais. Importa assegurar a preservação do território através da imposição de regulamentos e de sistemas de qualidade e de gestão ambiental que limitem os impactes negativos das actividades humanas.

2. DIAGNÓSTICO

2.1. Ar e Clima As emissões gasosas de poluentes, resultantes da actividade humana, estão no centro da agenda ambiental a nível mundial, com reflexos nos países e nas regiões. A definição de sustentabilidade duma região engloba esta vertente, pela interacção entre as actividades económicas e o bem estar das populações. Numa Região como Lisboa com o potencial de desenvolvimento turístico que apresenta, a vertente ambiental assume uma grande sensibilidade, podendo influenciar a sua competitividade face a outras regiões.

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O Ambiente na Estratégia para a Região de Lisboa

135

2.1.1. Qualidade do ar na Área Metropolitana de Lisboa O aumento do nível de poluentes atmosféricos, nomeadamente partículas inaláveis, provenientes do tráfego automóvel, exigem programas de monitorização e de mitigação rigorosos a desenvolver no curto e médio prazo. A qualidade do ar nas cidades está intimamente ligada ao tráfego automóvel, cujo ordenamento em termos de repartição modal racional tarda em acontecer, devido à lenta progressão em qualidade e quantidade da oferta de transportes colectivos. As campanhas de monitorização e as medidas de gestão de tráfego constituem prioridade, não só pelo impacte em termos de qualidade do ar urbano mas igualmente pelo impacte a nível das emissões de gases com efeito de estufa. De acordo com o Relatório do Estado do Ambiente em Portugal para o ano de 2003 (IA, 2005), a qualidade do ar em Portugal não apresenta problemas para alguns dos poluentes considerados na legislação, quer nacional, quer europeia, como é o caso do chumbo ou do monóxido de carbono. Fora dos maiores aglomerados populacionais a qualidade do ar pode ser considerada boa. Todavia, nas grandes áreas urbanas surgem algumas situações de fraca qualidade do ar. Segundo a mesma fonte, verifica-se que o ozono troposférico (ou de superfície) – poluente que se forma a partir de outros poluentes emitidos pelo tráfego automóvel e pela indústria em condições de temperaturas elevadas e radiação solar intensa –, apresenta valores preocupantes nalgumas áreas, registados no verão. A qualidade do ar na Região de Lisboa revela algumas situações de poluição atmosférica assinalável, traduzidas por ultrapassagem dos limiares legais estabelecidos, nomeadamente ao nível de (Nogueira, 2004):

Excedência do limite para a média anual e média diária de partículas PM10 em diversas estações;

Algumas excedências ao valor limite para a média anual de dióxido de azoto (NO2) em estações de tráfego;

Situações localizadas de excedências ao valor limite horário e diário para o dióxido de enxofre (SO2) em estações industriais (Lavradio em 2002);

Excedências ao limiar de informação ao público para o ozono troposférico (O3) na Primavera/Verão.

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O Ambiente na Estratégia para a Região de Lisboa

136

2.1.2. Alterações Climáticas As alterações climáticas são actualmente um dos problemas ambientais mais preocupantes a nível global, com fortes impactes nos ecossistemas, na qualidade da água, na saúde humana e nas actividades económicas, sendo um dos temas mais marcantes da agenda nacional e internacional do ambiente e do desenvolvimento sustentável (IA, 2005). Com a entrada em vigor do Protocolo de Quioto e a situação Portuguesa em matéria de cumprimento das metas de emissão para o primeiro período de cumprimento, constituem um desígnio nacional os esforços de redução, a empreender pelos agentes, através do enquadramento de políticas, medidas e instrumentos dado pelo Programa Nacional para as Alterações Climáticas (PNAC). Não faltam exemplos de regiões em diferentes países que estão já a utilizar a divisa “carbono zero” para estruturar uma política regional tendente à redução de emissões de gases com efeito de estufa e ao consequente desenvolvimento do potencial de energias renováveis a nível regional.

2.1.3. Rarefacção da Camada de Ozono Em 2002 o valor médio anual da quantidade total de ozono estratosférico observada em Lisboa foi cerca de 4% inferior ao valor médio anual do período 1968-2001. Durante o período de 8 a 11 de Janeiro de 2004 foram registados valores extremamente baixos da quantidade total de ozono sobre a Península Ibérica (IA, 2005).

2.2. Água A qualidade das reservas de água, superficiais e subterrâneas, é ameaçada em zonas de grandes concentrações de população e de grande intensidade agrícola ou industrial. A regulação deste recurso tarda no que se refere aos instrumentos essenciais: planos de bacia e Decreto-Lei sobre Protecção dos Recursos Hídricos, este último transpondo para o direito interno a Directiva-Quadro da Água. Só recentemente foi apresentada a Proposta de Lei que aprova a Lei-Quadro da Água, transpondo a referida Directiva Europeia. Em comparação com a situação nacional, a Região de Lisboa, Oeste e Vale do Tejo é medianamente rica em recursos hídricos superficiais. Em termos de recursos hídricos subterrâneos

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O Ambiente na Estratégia para a Região de Lisboa

137

a Região apresenta uma situação singularmente rica: o aquífero profundo da bacia sedimentar do Tejo e Sado representa o maior reservatório de água doce da Península Ibérica (CCDR-LVT, 1999). Neste contexto a poluição (e.g. efluentes domésticos e industriais, escorrências agrícolas e urbanas) dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos tem vindo a colocar em risco os sistemas ambientais e a saúde pública. Apesar de algumas melhorias verificadas nos últimos anos, continuam a persistir situações que exigem medidas urgentes que eliminem ou mitiguem estes problemas. De acordo com CCDR-LVT (1999) os resultados obtidos ficam aquém do desejado, tendo presente o esforço financeiro aplicado. Especificamente em relação à qualidade das águas subterrâneas os progresso são pouco significativos, persistindo as situações de extracção de águas subterrâneas sem qualquer controlo ou deposição clandestina de resíduos perigosos.

A avaliação do estado trófico das albufeiras é uma das áreas importantes a ter em conta na gestão dos recursos hídricos. No estudo elaborado por Pereira (2005), dirigido a albufeiras e lagoas de transição na região de Lisboa e Vale do Tejo, concluiu-se que as águas mais eutrofizadas são as das albufeiras de Belver, S. Domingos, Patudos e Magos. Rio da Mula, Castelo de Bode e Negrelinho, apresentam um estado de mesotrofia. Este cenário exige medidas activas de avaliação e gestão do estado trófico, em particular das águas das albufeiras destinadas a consumo humano.

Para efectivar a gestão dos recursos hídricos regionais os Planos de Bacia Hidrográfica (em particular o do Tejo e o das Ribeiras do Oeste) e os Planos de Ordenamento de Albufeiras constituem instrumentos fundamentais. Urge assegurar a implementação e articulação destes planos.

2.2.1 Água de Abastecimento Em 2003, 92% da população portuguesa, 9,6 milhões de pessoas, tinha abastecimento público domiciliário de água (INE, 2005), verificando-se um aumento progressivo entre 2001 e 2003. A Região de Lisboa apresenta um valor que reflecte o bom desempenho alcançado, quase a atingir 100% (Figura 1)

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O Ambiente na Estratégia para a Região de Lisboa

138

90.4 91.4 9299.1 99.1 99.1

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

2001 2002 2003

Pop

ulaç

ão S

ervi

da (%

)

Portugal Lisboa

Figura 1 - População residente servida com abastecimento de água no domicílio (Fonte: INE, 2005a;2005b).

Em Portugal o caudal de água de abastecimento que é sujeito a tratamento ainda está aquém dos valores desejáveis. Na Região de Lisboa a situação é relativamente melhor que o panorama nacional, ainda que necessite de melhorar e inverter a tendência negativa dos últimos três anos (Figura 2).

Figura 2 - Caudal de água de abastecimento tratado e não tratado

(Fonte: INE, 2005a; 2005b).

87.4 90.7 86.5 86.2 84.0 86.0

12.6 9.3 13.5 13.8 16.0 14.0

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Portugal Lisboa Portugal Lisboa Portugal Lisboa

2 001 2002 2003

Cau

dal d

e ág

ua d

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aste

cim

ento

(%)

Tratado Não tratado

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O Ambiente na Estratégia para a Região de Lisboa

139

A Região de Lisboa continua a apresentar o maior consumo total de água (213 milhões de m3 em 2003), apresentando um menor consumo per capita do que aquele que é verificado para Portugal. O consumo para uso “residencial e serviços” permanece dominante, quer à escala nacional, quer na Região de Lisboa.

75.1 72.7 74.1 73.2 73.9 72.9

9.3 10.2 9.2 10.8 9.1

18.15.317.715.818.15.7

9.2

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Portugal Lisboa Portugal Lisboa Portugal Lisboa

2001 2002 2003

Con

sum

o de

águ

a po

r tip

o de

uso

(%)

Residencial e serviços Industrial Outros

Figura 3 - Abastecimento de água por tipo de usos

(Fonte: INE, 2005a; 2005b).

Saliente-se ainda que ao nível do abastecimento de água subsiste o problema da contaminação das fontes de água, superficiais e subterrâneas (CCDR-LVT, 1999), com implicações na qualidade da água captada. Pereira (2004) apresenta um estudo sobre a qualidade das águas superficiais destinadas à produção para consumo humano que demonstra contaminação por matéria orgânica e microrganismos. Este trabalho sublinha as pressões antropogénicas existentes nesses sistemas aquáticos, sublinhando a necessidade de medidas de controlo da poluição, incluindo também medidas de ordenamento do território.

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O Ambiente na Estratégia para a Região de Lisboa

140

2.2.2 Drenagem e Tratamento de Águas Residuais De acordo com os dados mais recentes, referentes ao ano de 2003, a maioria da população portuguesa já é servida por sistemas de drenagem e tratamento de águas residuais (cerca de 74% e 60%, respectivamente) (Figura 4 e 5). Contudo estes resultados estão ainda muito longe das metas ambicionadas para este indicador, isto é atingir 100 % de população servida e ficar a par com o panorama europeu. A Região de Lisboa evidencia melhores resultados, atingindo 97% e 76 %, respectivamente para drenagem e tratamento de águas residuais. Este cenário reflecte, de forma generalizada, o fraco desempenho ambiental de Portugal, e respectivas regiões, num domínio ambiental prioritário.

71.1 72.5 73.5

91.496.6 96.5

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

2001 2002 2003

Pop

ulaç

ão S

ervi

da (%

)

Portugal Lisboa

Figura 4 - População servida com sistemas de drenagem de águas residuais

(Fonte INE, 2005a; 2005b).

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O Ambiente na Estratégia para a Região de Lisboa

141

54.9 56.960.4

67.173.7 76.1

0.0

10.0

20.0

30.0

40.0

50.0

60.0

70.0

80.0

2001 2002 2003

Pop

ulaç

ão S

ervi

da (%

)

Portugal Lisboa

Figura 5 - População servida com estações de tratamento de águas residuais

(Fonte INE, 2005a; 2005b).

2.3. Ambientes Marinhos e Costeiros De acordo com IA (2005), desde 1993 que é possível observar uma evolução positiva na qualidade das águas balneares costeiras. Nesta última década, a percentagem de águas balneares não conformes com o Valor Máximo Admissível (VMA) passou de 42% para cerca de 1,6%. As oscilações por vezes verificadas resultaram de problemas pontuais de poluição que têm vindo a ser ultrapassados. Esta melhoria deve-se, sobretudo, ao controle das fontes de poluição existentes nas áreas de influência, aos avultados investimentos realizados a nível de implementação de infraestruturas de tratamento de águas residuais e à entrada em vigor dos Planos de Ordenamento da Orla Costeira (POOC).

Na Região de Lisboa e Vale do Tejo a maioria das zonas balneares apresenta boa qualidade da água, reflectindo um cenário marcadamente favorável. A atribuição do galardão Bandeira Azul tem também presença expressiva nas praias desta Região.

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O Ambiente na Estratégia para a Região de Lisboa

142

2.4. Solos e Ordenamento do Território A população portuguesa vive cada vez mais em zonas urbanas, estando a maior parte delas localizadas no litoral. A área construída aumentou de forma marcante entre 1990 e 1999, registando um aumento de 16 % para 18 % do território ocupado, valores dos mais elevados da União Europeia (DGA, 2001).

Segundo CCDR-LVT (1999), um dos problemas mais importantes no contexto do ordenamento do território da região de Lisboa está associado ao sobredimensionamento das áreas de expansão urbana, especialmente nas zonas litorais. Esta situação conduz a impactes ao nível do desordenadamento, dispersão e encarecimento de infra-estruturas, bem como a degradação das funções agrícolas, ecológicas e sociais nos espaços intercalares.

Uma área prioritária no domínio do ordenamento do território é a existência de áreas urbanas de origem ilegal, exigindo todo um processo complexo de recuperação, com impactes sociais, económicos e ambientais.

A erosão é um factor de degradação dos solos portugueses que tem tido um acentuado incremento nas últimas décadas. Após os grandes incêndios, a floresta é muitas vezes substituída por plantações de eucalipto originando uma perda significativa da fertilidade dos solos.

Ao nível da poluição do solo verifica-se que as causas fundamentais são o uso excessivo e/ou inadequado de fertilizantes e pesticidas na agricultura e a deposição não controlada de resíduos, clandestinos ou não, que existem espalhados por todo o território. A existência de locais potencialmente contaminados no território nacional é numerosa e incide muitas vezes em áreas com especial valor ecológico (Rede Natura e Áreas Protegidas). A Região de Lisboa não constitui excepção, apresentando locais potencialmente contaminados, nomeadamente pela deposição clandestina de resíduos industriais.

2.5. Natureza e Biodiversidade A Região de Lisboa integra um conjunto significativo de valores naturais que urge preservar e gerir. Não obstante as pressões humanas, que se fazem sentir de forma intensa (e.g. áreas urbanas crescentes; tráfego rodoviário e emissões atmosféricas), existem locais de especial biodiversidade e de interesse para a conservação da natureza, nomeadamente Áreas Protegidas e Sítios da Rede Natura 2000. Assinale-se os Parques Naturais de Sintra-Cascais, da Arrábida, das Serras de Aire Candeeiros e do Montejunto, a Área de Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa da Caparica ou ainda as Reservas Naturais do Estuário do Tejo, do Estuário do Sado, do Paul do Boquilobo e das

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O Ambiente na Estratégia para a Região de Lisboa

143

Berlengas. Estas áreas têm proporcionado a protecção da paisagem, da biodiversidade, do património cultural e dos recursos naturais no seu conjunto. Tal como sublinhado em CCDR-LVT (1999), Lisboa destaca-se das restantes capitais europeias por estar enquadrada por um conjunto de áreas de especial valor ecológico e paisagístico.

Estas áreas de especial sensibilidade ecológica têm sido frequentemente ameaçadas, pelo que é fundamental garantir a implementação de medidas que garantam a integridade ambiental destes locais. A efectiva gestão destes territórios através de planos de Ordenamento de Áreas Protegidas e Plano de Gestão dos sítios da Rede Natura são duas das vias fundamentais na prossecução dos objectivos da conservação da natureza e da biodiversidade

2.6. Resíduos Na sequência de Directivas comunitárias Portugal tem vindo a adoptar práticas mais adequadas para a gestão de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), bem como dos Resíduos Industriais (RI) e Hospitalares (RH). As lixeiras foram erradicadas e substituídas por aterros sanitários e a incineração está implantada e a produzir resultados, bem visíveis na Região de Lisboa. Contudo, as metas fixadas para Portugal no Plano Estratégico de Resíduos Sólidos Urbanos (PERSU) para 2005 estão longe de serem cumpridas, quer no que se refere à produção de RSU, ainda em fase de crescimento em termos de capitação, quer no que se refere à reciclagem de embalagens. O princípio do poluidor pagador foi instituído embora não sejam enviados sinais claros para os produtores de RSU. Não foi instituído em Portugal qualquer projecto de PAYT (pay as you through), já largamente utilizado com sucesso em alguns países. A filosofia de recolha, gestão e tratamento dos RSU está definida para a Região de Lisboa, estando centrada em três empresas, Valorsul, Tratolixo e Amarsul, com filosofias diferentes. A Tratolixo, abarcando os concelhos de Oeiras, Cascais, Sintra e Mafra, e a Amarsul, cobrindo alguns concelhos da Península de Setúbal, excluem a incineração e assentam a sua prática na separação para compostagem e reciclagem. A Valorsul apresenta um sistema integrado de gestão e tratamento de resíduos, assente na incineração, triagem e valorização orgânica.

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O Ambiente na Estratégia para a Região de Lisboa

144

O destino final de RSU revela que na Região de Lisboa a maioria dos resíduos são ainda depositados em aterro sanitário, logo seguido pela incineração (Tabela 1). Este cenário demonstra os esforços que terão de ser empreendidos para desviar esta fracção maioritária de resíduos que é encaminhada para aterro e possibilitar um destino final que maximize a valorização, particularmente a reciclagem e a compostagem.

Tabela 1 - Destino final dos Resíduos Sólidos Urbanos no ano de 2002 (toneladas) (INR, 2005)

Compostagem Recolha Selectiva

Incineração Aterro Lixeira Total

Portugal

134 714 235 032 943928 3 276 257 27 766 4 617 697

Lisboa e Vale do

Tejo 43 093 92 491 523 660 1 068 267 – 1 727 511

A capitação de RSU reflecte o assinalável grau de desenvolvimento da região de Lisboa (Tabela 2), apresentando no entanto valores inferiores à região do Algarve, que apresenta a maior capitação nacional (1,96 kg/hab.dia). Paralelamente a capitação média diária de recolha selectiva de RSU indica que é a região que apresenta o melhor desempenho nacional (Tabela 3).

Tabela 2 - Capitação média diária de Resíduos Sólidos Urbanos no ano de 2002 (INR, 2005).

Capitação de RSU (kg/hab.dia) Máximo Mínimo

Portugal (continental) 1,96 0,68 Lisboa e Vale do Tejo 1,53 0,96

Tabela 3 - Capitação média diária de recolha selectiva de Resíduos Sólidos Urbanos no ano de 2002 (INR, 2005).

Capitação de recolha selectiva (kg/hab.dia) Máximo Mínimo

Portugal (continental) 0,13 0 Lisboa e Vale do Tejo 0,13 0,02

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O Ambiente na Estratégia para a Região de Lisboa

145

2.7. Ruído De acordo com um estudo efectuado pela ex-Direcção Geral do Ambiente (actual Instituto do Ambiente) concluiu-se que 20% da população portuguesa se encontra exposta a ruído incomodativo por residir em locais com níveis superiores a 65 dB (A), e cerca de 3 milhões de pessoas (30% do total da população residente em Portugal) são afectadas pelo ruído de tráfego, nomeadamente pelo do tráfego rodoviário, com níveis de exposição no período diurno superiores a 55 dB(A). A maioria destes casos ocorre nos centros urbanos e em zonas próximas das rodovias, sendo que o tráfego ferroviário afecta cerca de 10 vezes menos pessoas (300 mil pessoas) que o tráfego rodoviário, com valores diurnos superiores a 55 dB(A). Esta relação verifica-se também para o tráfego aéreo (DGA, 2001). O número de queixas relativas ao ruído é tradicionalmente alto, embora não existam estatísticas nacionais. Nas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional as reclamações têm vindo a diminuir nos últimos anos, provavelmente porque, de acordo com a legislação introduzida em 2001, a fiscalização deve ser efectuada pela entidade licenciadora, logo as reclamações são dirigidas, em primeiro lugar, a essas entidades (IA, 2005). Os dados mais recentes sobre o ambiente sonoro em Portugal revelam uma tendência desfavorável, verificando-se um número crescente de situações de afectação das populações por ruído. Os centros urbanos, incluindo os da Região de Lisboa e Vale do Tejo, são cada vez mais afectados por situações de perturbações no ambiente sonoro, com impactes significativos na qualidade do ambiente urbano. Segundo Canêdo (2005) a análise da distribuição dos níveis sonoros na Cidade de Lisboa revela que mais de 59% da população está exposta a mais de 65 dB(A). Várias medidas são apontadas tendo em vista a redução do ruído, designadamente: instalação de barreiras acústicas nas principais vias de atravessamento, aplicação de piso “anti-ruído”, condicionamento de velocidade e de tráfego.

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O Ambiente na Estratégia para a Região de Lisboa

146

2.8 Análise SWOT

PONTOS FORTES PONTOS FRACOS

Bons níveis de atendimento das populações no que se refere ao abastecimento de água e drenagem de águas residuais

Enquadramento por um conjunto de áreas de especial valor ecológico e paisagístico

Bons níveis de recursos em águas subterrâneas

A maioria das zonas balneares apresenta boa qualidade da água

Em áreas predominantemente metropolitanas, elevado nível das emissões de poluentes atmosféricos, incluindo partículas, com origem no sistema de transportes

Baixos níveis de reciclagem dos resíduos sólidos urbanos, obrigando a direccionar para aterros uma quantidade muito elevada de resíduos

Problemas significativos de ordenamento do território, em particular nas zonas litorais; persistência de zonas com elevado nível de degradação ambiental e paisagista, algumas delas de carácter urbana

Os níveis de população servida por sistemas de tratamento de águas residuais ainda está aquém das metas desejáveis

OPORTUNIDADES AMEAÇAS

recuperação ambiental de zonas degradadas, ligadas no passado a zonas industriais em declínio ou a áreas de construções clandestinas

utilização da divisa “carbono zero” para estruturar uma política regional tendente à redução de emissões de gases com efeito de estufa e ao consequente desenvolvimento do potencial de energias renováveis a nível regional

A mobilização da região para o progresso tecnológico poderá igualmente ser utilizada como divisa de modernidade, progresso e criação de ambiente para atracção de investidores e para a inovação tecnológica

Adopção dum política de compras públicas a nível da região, face à importância dos serviços da administração central e local aqui sedeados

Desenvolvimento de um programa de incentivo e apoio à implementação generalizada da Agenda 21 local nas autarquias da região

Forte pressão sobre zonas ambientalmente preservadas para alteração do seu uso

Situações de extracção de águas subterrâneas sem qualquer controlo ou deposição clandestina de resíduos perigosos

Aumento dos níveis de poluição atmosférica e de ruído associados ao sistema de transportes

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3. PROJECTOS ESTRUTURANTES A definição dos projectos estruturantes deverá ter como referência o diagnóstico, efectuado no capítulo 2, e uma visão do futuro no que se refere à situação ambiental considerada ideal e coerente com os objectivos de desenvolvimento preconizados para a Região Não vamos deter-nos muito na caracterização de uma visão de longo prazo para o sector ambiental que incorpore as ideias de sustentabilidade, tal como este conceito é hoje entendido. As linhas de força dessa visão abarcariam, entre outros, os vectores seguintes: - preservação dos recursos hídricos, em qualidade e em quantidade - ordenamento de zonas degradadas, do ponto de vista paisagístico e de poluição dos solos - eficiência no que se refere às emissões gasosas - eficiência nas políticas de recolha, tratamento e reciclagem de resíduos sólidos urbanos - saneamento e distribuição de água abarcando a totalidade da população Todos estes vectores encontram expressão nas políticas do Governo para o ambiente, tendo associados projectos de grande dimensão, como é o caso dos projectos de infraestruturas de água e saneamento, da recuperação de zonas degradadas de que a zona da Expo é um exemplo paradigmático. Estas políticas e projectos são em geral da responsabilidade da Administração Central, cabendo às CCDR o seu acompanhamento e, em muitos casos, a elaboração de pareceres. O projecto 3.5 é um exemplo desta tipologia de projectos, que foi decidido considerar dados os impactos em termos de valorização das regiões abrangidas. No que se refere a grandes projectos nas áreas apontadas, todos eles são considerados projectos estruturantes, sendo difícil neste contexto proceder à sua definição precisa. Daí que a opção tenha sido no sentido de identificar projectos de sensibilização, normativos e/ou organizativos, mais virados para a alteração de comportamento dos agentes. Ao mesmo tempo trata-se de projectos que poderão ser conduzidos e ou dinamizados pela CCDR-LVT, com um orçamento limitado.

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Apresenta-se de seguida o conjunto de projectos estruturantes na área do ambiente, tendo em vista consubstanciar a Estratégia Regional e respeitando os constrangimentos acima apontados. Com base nesta selecção de projectos dever-se-á considerar posteriormente a possibilidade de aplicar um sistema de prioridades, em função de critérios a definir, gerido pela CCDR-LVT, permitindo optar pelos projectos com maior significância estratégica. Complementarmente, encontram-se em anexo as fichas síntese dos projectos caracterizados nas secções seguintes deste capítulo.

Os projectos seleccionados respondem a preocupações variadas:

- maior eficiência ambiental da administração pública (projecto 3.1) - desenvolvimento sustentável das comunidades locais (projectos 3.2) - informação ambiental (projectos 3.3 e 3.4) - valorização dos recursos locais (projecto 3.5) - mobilização dos agentes (projecto 3.6)

3.1 Sistema de aquisições/compras sustentáveis

Propõe-se o desenvolvimento de directrizes para a integração de critérios ambientais, sociais e económicos no sistema de compras/aquisições da Administração pública regional. À semelhança do que acontece em vários sectores da economia os contractos de aquisições poderão vir a contemplar cláusulas que reflictam critérios de protecção e gestão ambiental, equidade social e eficiência económica. Incluem-se neste âmbito as normas para a construção sustentável de edifícios.

Neste âmbito poder-se-á dinamizar a utilização e demonstração de novas tecnologias na área do ambiente, permitindo optar por aquisições que optimizem critérios de inovação tecnológica e de boas práticas ambientais. Para a prossecução dos objectivos deste programa deverão ser estabelecidas parecerias envolvendo os agentes do sector privado, particularmente os envolvidos no desenvolvimento e aplicação destas tecnologias, bem como as universidades e laboratórios do Estado. A mobilização da região para o progresso tecnológico poderá igualmente ser utilizada como divisa de modernidade, progresso e criação de ambiente para atracção de investidores e para a inovação tecnológica.

O projecto terá como objectivo principal o desenvolvimento de um manual que apresente as principais directrizes para implementar um sistema de compras sustentável na Administração regional, podendo também servir de elemento de apoio à Administração local.

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3.2 Programa de Implementação da Agenda 21 local

Desenvolvimento de um programa de incentivo e apoio à implementação generalizada da Agenda 21 local nas autarquias da região. Este programa poderá equacionar formas de articular a Agenda 21 local com os instrumentos (e.g. planos, programas e estratégias regionais) no domínio do ambiente e do ordenamento do território, de forma a maximizar sinergias e evitar conflitos de incompatibilidades.

A implementação de uma agenda 21 Local integra um conjunto de passos que integram a componente ambiental, social e económica e que são suportados por uma estrutura fundamental de participação pública, envolvendo assim todas as partes interessadas. Este instrumento equaciona a definição de uma estratégia, a identificação dos problemas (diagnóstico do estado ambiente), a formulação dos objectivos, a hierarquização de problemas, a definição de metas – acções, o estabelecimento de um programa para alcançar as metas, a formalização do plano e a elaboração de um programa de monitorização e revisão, suportado por indicadores.

Como parte integrante deste projecto será dinamizada uma Agenda Local 21 em região a seleccionar, que será considerada experiência piloto.

3.3 Programa de Monitorização Ambiental Voluntária

À semelhança do que acontece noutras regiões do mundo (e.g. nos Estados Unidos da América) este programa procurará criar uma estrutura que envolva todos os agentes interessados, e em particular as comunidades locais, em programas de monitorização ambiental voluntária de determinadas áreas específicas do território (e.g. áreas sensíveis ou de especial valor ambiental; áreas de lazer sujeitas a grande pressão humana, tais como as zonas balneares fluviais ou costeiras). Este tipo de monitorização tem por base a recolha de dados ambientais (qualitativos e quantitativos) através da participação voluntária dos diferentes actores socais envolvidos. Algumas das medidas implicam apenas a observação e vigilância, sem recurso à utilização de equipamentos, enquanto outras poderão envolver a utilização de kits simples de amostragem (e.g. para avaliar a qualidade da água).

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Entre as variáveis de monitorização a seleccionar apontam-se, a título de exemplo: o nível de separação de resíduos sólidos urbanos, os níveis de qualidade do ar, o potencial de água potável para ocorrer a situações de crise, o potencial de energias renováveis e o seu aproveitamento.

3.4 Sistema de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável (SIDS-LVT)

Tendo presente a primeira versão do SIDS nacional publicado em 2000 (DGA, 2000 – resultante dos trabalhos iniciados em 1997, Ramos et al., 1998), bem como a iniciativa regional que se seguiu na região do Algarve (CCDR-Algarve, 2005), propõe-se o desenvolvimento de um Sistema de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável (SIDS) para Lisboa e Vale do Tejo de forma reforçar as estruturas de informação, monitorizar o desenvolvimento sustentável e viabilizar objectivos de comunicação com as partes interessadas e de apoio à tomada decisão. Este projecto tem como objectivo principal a identificação e produção de um conjunto de indicadores ambientais, sociais, económicos e institucionais, que permitam a medição do desempenho da sustentabilidade a nível regional. Concretamente, a utilização de indicadores, ao permitir a quantificação e a simplificação da informação relativa a realidades e fenómenos complexos, e ao facilitar a melhoria da comunicação quanto à evolução do desenvolvimento sustentável, possibilita à governação central e local, aos agentes económicos, às organizações não governamentais, aos técnicos/especialistas e ao público em geral, a tomada de decisões e a execução de medidas e acções que vão de encontro aos objectivos preconizados. A tarefa de desenvolvimento e selecção dos indicadores deverá ter por suporte uma metodologia específica que integre um modelo conceptual para esse efeito, nomeadamente o modelo DPSIR, PSR ou outro que venha a ser seleccionado ou adaptado à realidade em questão. Para a prossecução dos objectivos deste projecto será necessário definir um quadro de cooperação entre os vários órgãos da administração pública (regional e local), as empresas e as organizações não

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governamentais. O envolvimento destas entidades no processo de selecção dos indicadores é determinante. Acresce a isto a necessidade de realizar workshops de participação pública, envolvendo o público em geral nas grandes linhas do projecto. A título demonstrativo apresentam-se de seguida alguns indicadores de desenvolvimento sustentável, associados à vertente ambiental, que poderão resultar do trabalho a desenvolver:

Consumo de água Qualidade da água para consumo humano Qualidade da água em zonas balneares Qualidade do ar Emissão de poluentes atmosféricos População servida por sistemas de abastecimento de água População servida por sistemas de drenagem e tratamento de águas residuais Área ardida Acções de gestão e conservação da natureza Espécies de fauna e flora ameaçadas Espécies de fauna e flora protegidas Uso do solo Evolução da população Solo potencialmente contaminado Produção de resíduos Valorização de resíduos

Além dos indicadores afectos à vertente ambiental serão também seleccionados e desenvolvidos indicadores económicos e sociais, nomeadamente, o Produto Interno Bruto, o Índice de Criminalidade ou a Taxa de Desemprego.

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3.5 Requalificação ambiental de zonas críticas A requalificação ambiental de zonas críticas (e.g. Costa da Caparica, Barreiro, Seixal) procurará recuperar e valorizar áreas especialmente degradadas do ponto de vista ambiental, nomeadamente ao nível de ordenamento do território, qualidade do ambiente urbano e níveis de poluição atmosférica e ruído. Destaque-se também, neste âmbito, a requalificação ambiental de áreas contaminadas, nomeadamente locais de deposição de resíduos industriais perigosos. A descontaminação destes locais assume particular prioridade em face dos impactes ambientais e na saúde pública. Este tipo de projecto deverá ser articulado em estreita colaboração entre a Administração central, regional e local. Deverá ainda criar parcerias de colaboração com entidades não governamentais de ambiente, especiais conhecedoras da realidade prática, bem como com as organizações que conhecem particularmente bem a situação no terreno, designadamente o Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente da Guarda Nacional Republicana (SEPNA/GNR)

3.6 Concurso de ideias de projecto no âmbito da Utilização Racional de Energia e da redução de emissões de gases (acidificantes e com efeito de estufa)

Portugal enfrenta actualmente desafios de grande relevância em matéria de emissões gasosas e de dependência de combustíveis de origem fóssil. As duas problemáticas estão ligadas, dado que mais de 80% das emissões de CO2, o principal gás de efeito de estufa, e os gases acidificantes com impacto a nível local (SOx e NO2) têm origem em processos de combustão de recursos de origem fóssil (gás natural, carvão e derivados do petróleo).

No âmbito do Protocolo de Quioto Portugal não deverá exceder em mais de 27% as emissões de gases com efeito de estufa em relação às emissões registadas em 1990. Ora, de acordo com o Programa Nacional das Alterações Climáticas publicado em 2004 este máximo foi excedido em 2002, correndo Portugal o risco de ter de mobilizar avultados recursos para a aquisição de licenças de emissão no mercado internacional. Do mesmo modo, é possível apontar zonas da região onde a qualidade do ar se tem vindo a degradar, por efeito da intensificação do tráfego automóvel.

A utilização racional de energia, o desenvolvimento das energias renováveis e o ordenamento do tráfego constituem vectores fulcrais para o combate às alterações climáticas.

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A nível local é possível apontar inúmeras ideias de projecto com impacto relevante a nível de utilização racional de energia e de redução de emissões de gases, a desenvolver nos edifícios, em explorações pecuárias, no fomento dos recursos energéticos endógenos de natureza renovável.

Para sensibilizar os agentes e as populações a CCDR-LVT promoverá anualmente um concurso de ideias, tendo por objectivo seleccionar projectos relevantes para a problemática enunciada.

Neste âmbito será preparado um manual técnico, para informação às populações e aos agentes económicos, sobre boas práticas, com apresentação de casos de estudo.

Será igualmente preparado o regulamento do concurso, definindo as condições de elegibilidade e as categorias de projectos elegíveis. Para mobilizar um maior número de organizações e agentes existirão prémios específicos para escolas, empresas e ONG. O âmbito dos projectos será variado, podendo contemplar a separação de resíduos, a utilização racional de energia em edifícios, a gestão da água, o aproveitamento de energias renováveis e soluções tendentes à redução do tráfego automóvel, com a consequente economia de carburantes.

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Referências Bibliográficas Canêdo, J. (2005). Caracterização Acústica de Lisboa. Seminário Ambiente em Lisboa e Vale do Tejo, 23 de Junho de 2005. Comissão de Coordenação da Região de Lisboa e Vale do Tejo. Lisboa. CCDR-LVT (1999). Plano Estratégico da Região de Lisboa, Oeste e Vale do Tejo.2000-2010 Horizonte de Excelência. Comissão de Coordenação da Região de Lisboa e Vale do Tejo. Lisboa. CCDR-Algarve (2005). Sistema de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável do Algarve: Componente Ambiental. Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve. Faro. DGA (2001). Relatório de Estado do Ambiente 2000. Direcção Geral do Ambiente, Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território. Lisboa.

DGA (2000). Proposta para um Sistema de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável. Direcção Geral do Ambiente, Serviço de Informação e Acreditação. Lisboa. European Parliament and the Council of the European Union (2001). Regulation (EC) No 761/2001 of the European Parliament and of the Council of 19 March 2001 allowing voluntary participation by organisations in a Community eco-management and audit scheme (EMAS). Official Journal L 114 page 1, 24 April 2001. IA( (2005). Relatório do Estado Ambiente 2003. Instituto do Ambiente. Lisboa. INE (2005a). Estatísticas do Ambiente 2003. Instituto Nacional de Estatística. Lisboa. INE (2005b). Anuário Estatístico da Região de Lisboa e Vale do Tejo 2002. URL: http://www.infoline.pt/prodserv/quadros/quadro.asp. Acesso: Maio de 2005. INR (2005). Síntese de Dados (Resíduos Sólidos Urbanos). URL: http://www.inresiduos.pt/portal/page?_pageid=53,31723&_dad=portal&_schema=PORTAL&id_doc=120&id_menu=114. Acesso: Maio de 2005. International Organisation for Standardization (ISO). (2004). International Standard ISO 14001: Environmental management systems - Requirements with guidance for use. International Organisation for Standardization, Geneva. International Organisation for Standardization (ISO). (1999). International Standard ISO 14031: Environmental management: environmental performance evaluation: guidelines. International Organisation for Standardization, Geneva. Nogueira, L. (2004). Avaliação da Qualidade do Ar na Região de Lisboa e Vale do Tejo. In: Workshop Medidas de Gestão da Qualidade do Ar na AML. Organização da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo, 3 Novembro de 2004, Lisboa Pereira, L. (2005). Avaliação do Estado Trófico das Águas nas Albufeiras da Região de Lisboa e Vale do Tejo – 1999 a 2003. Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo, Direcção de Serviços de Monitorização Ambiental. Lisboa.

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Pereira, L. (2004). Qualidade das águas doces superficias destinadas à Produção de Água para Consumo Humano – 2003. Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo, Direcção de Serviços de Monitorização Ambiental. Lisboa. Ramos, T.B., Rodrigues, V. & Gomes, L. (1998). Sistema de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável para Portugal. Editado pelo Ministério do Ambiente, Direcção Geral do Ambiente, Serviço de Informação e Acreditação. Lisboa.

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3. Turismo e Lazer na Região de Lisboa

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1. PRESSUPOSTOS

O presente documento procura sintetizar várias contribuições para a definição, no horizonte de 2020, de uma estratégia, de um conjunto de medidas de política e de outras iniciativas dirigidas à produção da competitividade e ao desenvolvimento do Turismo e Lazer, a incluir no Plano Regional da CCDR-LVT, cujo território vai passar a coincidir com o da Área Metropolitana de Lisboa. Necessariamente, foi elaborado tendo subjacentes alguns pressupostos fundamentais, a saber:

São garantidos à Área Metropolitana de Lisboa os equipamentos e meios necessários para o tráfego aéreo turístico, com melhoria dos padrões de qualidade e competitividade e sem afectar a acessibilidade aos principais “clusters” de atracção de Turistas, incluindo a criação a curto prazo de uma infra-estrutura aeroportuária que sirva adequadamente a operação das companhias “low cost” e proporcione a competitividade da região neste importante segmento de mercado, assim como a manutenção e eventual melhoria da infraestrutura já existente para voos de recreio e executivos;

O Porto de Lisboa será equipado de um terminal de barcos de cruzeiro e objecto de uma total reorganização por forma a potenciar a respectiva funcionalidade e operação de carga e descarga de mercadorias, libertando áreas e locais de reduzida utilização para transformação em áreas de lazer e entretenimento; idêntico procedimento de alargamento do espaço de turismo e lazer, sem prejuízo das actividades portuárias normais, deverá ser seguido na zona ribeirinha de Setúbal;

A CCDR-LVT e os municípios da área de influência deste documento irão manter e reforçar a prioridade já concedida ao Turismo e ao Desenvolvimento Turístico, no âmbito das suas estratégias e políticas infraestruturais, de acessibilidades e transportes, segurança, serviços, etc.;

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2. DIAGNÓSTICO O nosso País encontra-se dividido em 5 Áreas Turístico-Promocionais (mais as 2 Regiões Autónomas), constituindo a de Lisboa uma das mais importantes, destacadamente, com o Algarve. Em termos territoriais, a Área de Lisboa inicia-se, a Norte, na Região de Turismo de Leiria Fátima e estende-se a sul até à Costa Azul, nos limites do Estuário do Sado. Em termos de receitas da hotelaria, a Área Promocional de Lisboa disputa com o Algarve o primeiro lugar entre os destinos turísticos nacionais tendo, nos últimos dois anos, confirmado ser aquele que mais receitas gera. A Grande Lisboa e Península de Setúbal, área territorial correspondente à Área Metropolitana de Lisboa, objecto territorial deste documento, domina a oferta turística da Região, com cerca de 90% da economia gerada. A Cidade de Lisboa é a marca turística mais conhecida internacionalmente e tem uma representatividade bem expressa no facto de gerar cerca de 73% das receitas de hotelaria da Área Metropolitana. Estoril, a outra marca turística internacional do território, tem forte representatividade a nível nacional (é a 4ª marca turística, em termos económicos, do País), Sintra e a Península de Setúbal têm potencialidades relevantes em alguns segmentos. A Grande Lisboa regista (dados de 2003) mais de 6 milhões de dormidas por ano e a Península de Setúbal mais de meio milhão. Trata-se de uma quota da ordem dos 20% das dormidas em Portugal, a que corresponde uma quota de receitas de cerca de 29%. Potenciando as tendências mais modernas da procura turística internacional, a Região de Lisboa é, fundamentalmente, um destino de City Breaks, Turismo de Negócios e Cruzeiros, e beneficia de uma imagem de urbe com dimensão humana e a possibilidade de complementaridade entre diversas motivações, atracções e produtos. O Estoril, uma das marcas turísticas mais antigas da Europa, é expressiva em produtos como os Short Breaks, o Golfe, o produto Turismo de Negócios. Sintra e a Península de Setúbal/Tróia são significativas em termos de Golfe, Turismo Residencial, de Sol & Mar, Turismo da Natureza. O Turismo de Negócios representa 44% das receitas turísticas da Região e corresponde a 88% do conjunto nacional; o produto City Breaks, centrado na Cidade de Lisboa, representa 33% das receitas turísticas e tem um peso de 97% no conjunto nacional. O peso dos restantes produtos

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turísticos é expressivo, sendo alguns importantes para a oferta da Grande Lisboa e Península de Setúbal como o Golfe, Cruzeiros, Turismo Activo e Sol & Mar. Nos últimos anos tem-se assistido ao crescimento de empreendimentos de 1ª e 2ª residência (Turismo Residencial) na região envolvente da cidade, que – designadamente – têm atraído estrangeiros que trabalham em Portugal e acabam por aqui se fixar, tornando-se verdadeiros “embaixadores” do destino. Esta riqueza da oferta foi sobressaída pela realização da Expo’98, um evento estruturante que, além da repercussão internacional directa da sua realização, proporcionou o desenvolvimento de uma imagem mais moderna para a Região. A alteração do perfil turístico, daí decorrente, assim como o nascimento de novas atracções (como o Oceanário, a nova FIL e o alargamento e modernização do Centro de Congressos da Junqueira) e um programa de eventos de relevo internacional (quer em Lisboa, quer no Estoril) colocaram a Região na linha da frente da oferta turística europeia quer em termos de “pausas em cidade” quer em termos de “turismo de negócios” (MICE).

O impacto regional da atracção internacional de Lisboa e a crescente interacção turística entre a Cidade e as restantes Regiões da Área levaram, em 2001, a um processo de integração regional, reforçado com a contratualização da promoção turística internacional a uma Agência Regional abrangendo toda a Área, o Turismo de Lisboa. Desta forma foi possível concertar a aplicação dos recursos disponíveis para a promoção, com impacto internacional nos principais mercados emissores. Em correspondência produziram-se investimentos privados de considerável importância, sobretudo na indústria hoteleira, provocando um crescimento na oferta de quartos da ordem dos 50% entre a Expo’98 e o Euro’2004, tendência que se continua a verificar após este evento. Embora complementado com projectos de tipo “resort” em outras áreas da Região, assim como com equipamentos específicos como campos de golfe, o crescimento da oferta hoteleira centralizado sobretudo na Cidade de Lisboa (cerca de 20% da oferta hoteleira do País) tem estado a acentuar o desequilíbrio regional e a colocar novos problemas à gestão do destino.

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As disparidades entre Concelhos são consideráveis. Na Grande Lisboa, enquanto os concelhos de Lisboa e Cascais (dados de 2003) têm respectivamente 75 e 23 hotéis, Sintra, Mafra, Oeiras e Vila Franca de Xira têm 8, 4, 2 e 1, e Odivelas e Amadora não têm qualquer hotel. Mesmo ao nível de outros estabelecimentos, a Cidade detém 81,2% da oferta de alojamento turístico. No que respeita à Península de Setúbal, dos 14 hotéis existentes, 6 estão em Setúbal, 3 em Almada, 2 em Sesimbra, 1 no Seixal, 1 em Alcochete e 1 no Montijo. Considerando outros estabelecimentos hoteleiros, num total de 19, 7 estão em Setúbal e 6 em Almada. O Barreiro e a Moita não têm qualquer oferta de alojamento qualificado.

Análise SWOT

PONTOS FORTES PONTOS FRACOS - A Capital é pólo de atracção local e regional de turistas - Oferta rica e diversificada, combinando património e recursos paisagísticos, história e modernidade - Atlântico, estuários do Tejo e Sado e parques naturais - Modernas estruturas e equipamentos de alojamento e entretenimento - Amabilidade das pessoas e segurança - Clima, luz e charme - Qualidade de vida para residentes - Relação competitiva de qualidade e preço

- Concentração da oferta e da procura turística na Capital - Fraca integração turística entre Cidade e Região - Necessidade de requalificação do património edificado para fins turísticos - Zonas envolventes dos núcleos urbanos não têm vocação turística - Alguns espaços urbanos degradados e com fraca qualidade de serviços - Frentes de mar e rio desaproveitadas ou degradadas - Falta de animação para dinamizar a relação com o mar e com o rio -Insuficiência de eventos culturais e desportivos de projecção internacional e apelo turístico

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OPORTUNIDADES AMEAÇAS - Aumento da concorrência de outros destinos turísticos mais próximos dos mercados emissores - Sinais de amadurecimento do produto/destino Lisboa face à “chegada” e à renovação de apelo de produtos/destinos concorrentes - Dificuldade em dar resposta ao aumento de exigência dos novos turistas - Falta de criação de condições específicas para atrair companhias aéreas de custos baixos - Deslocalização do Aeroporto de Lisboa

- Integração da oferta Cidade/Região e articulação da vocação “Cidade” e “Resort” - Região de Lisboa como destino de turismo residencial (2ª residência) para nacionais e estrangeiros - Promoção da Região de Lisboa como destino turístico para visitar e conhecer ao longo do ano, com oferta que responde a várias motivações em simultâneo - Estimular o aproveitamento turístico das frentes de mar e rio e dos parques naturais reforçando a vocação “outdoor” do destino e captando novas gerações que turistas - Atracção de investimento hoteleiro na desconcentração da oferta, utilização do património edificado e reconversão de espaços degradados - Aproveitamento e potenciação da oferta cultural para atracção turística e usufruto por visitantes nacionais e estrangeiros

3. TERRITÓRIO A reorganização regional subjacente ao âmbito do Plano Lisboa 2020, criando uma autonomização para a Área Metropolitana de Lisboa (Grande Lisboa e Península de Setúbal), constitui uma oportunidade para rever os pressupostos territoriais da oferta turística da Região, procedendo-se a um enquadramento territorial diferente do que vigora, hoje em dia, para a Área Turístico-Promocional de Lisboa. Tendo em conta os diferentes estágios de desenvolvimento considera-se que, nesta fase, é mais útil reduzir a Área Promocional de Lisboa ao território da Área Metropolitana, juntando também a oferta de Tróia dada a íntima relação desta com a Península de Setúbal. A decisão final sobre esta matéria compete à Secretaria de Estado do Turismo. Independentemente desta redefinição da área turístico-promocional, e relativamente a certos produtos, especialmente Golfe e Turismo Residencial, considera-se que a promoção turística deve ser mais abrangente, incluindo a oferta existente nas restantes regiões actualmente integradas na Área Promocional de Lisboa.

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Quanto ao território da Área Promocional de Lisboa agora proposto ele caracteriza-se por ser, sob o ponto de vista do Turismo, uma Região polinucleada, na qual coexistem centralidades de importância diversa. A primeira centralidade, a centralidade estratégica, é constituída pela Cidade de Lisboa, marca internacional de grande notoriedade e impacto. Dentro da Cidade de Lisboa podem, ainda, ser consideradas três micro-centralidades turísticas, articuladas entre si pelo eixo ribeirinho que constitui um elemento estruturante. Estas micro-centralidades, que concentram o essencial da oferta e das motivações turísticas são: o centro histórico, a alma de Lisboa; Belém, o bairro dos descobrimentos; e o Parque das Nações, a Lisboa moderna. Fora da Cidade de Lisboa existem três macro-centralidades – Estoril/Cascais, Setúbal/Tróia e Sintra, todas elas fundamentais para a proposta de valor da Região. A macro-centralidade Estoril/Cascais é a mais relevante por corresponder a uma marca turística internacional – a marca Estoril – e está desenvolvida e amplamente consolidada como um destino turístico completo e relevante. Por sua vez, a macro-centralidade Setúbal/Tróia tem um enorme potencial de desenvolvimento nas vertentes de resort como o Golfe, Turismo Residencial e Sol & Mar, dispondo já de uma oferta considerável e de inúmeros projectos em curso. Finalmente, a macro-centralidade Sintra tem um forte reconhecimento internacional e contribui para a proposta de valor da Região com várias valências, principalmente a cultural e de natureza, mas não possui oferta turística relevante nalgumas valências, sobretudo na oferta hoteleira. O desenvolvimento da região de Lisboa passa pelo desenvolvimento integrado e sustentado de todas estas centralidades – Estratégica, Macro e Micro – de forma a potenciar a proposta de valor da Região, verdadeiramente distintiva da concorrência internacional. Na verdade, é o conjunto, complementaridade e interacção destas centralidades que dá conteúdo à proposta de valor turístico da Região de Lisboa.

4. PROPOSTA DE VALOR

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A proposta de valor da Região de Lisboa enquanto destino turístico tem sido, nos últimos anos, desenvolvida com base nalguns pilares fundamentais: a nossa história, em especial os valores ligados ao multiculturalismo resultantes de aqui se ter iniciado a primeira experiência de globalização; a escala humana que é conferida pelas características da população, pela segurança, pela morfologia urbana; e a componente de resort que é aportada essencialmente pelas macrocentralidades Estoril/Cascais, Setúbal/Tróia e Sintra, mas também pela própria Cidade de Lisboa em virtude da sua relação com o Rio, da sua luminosidade, do apelo para uma vivência ao ar livre. Estas componentes da proposta de valor não só se mantêm válidas, como se têm acentuado ao longo dos anos. Entretanto, outros elementos diferenciadores se têm evidenciado, em virtude da evolução verificada. São eles, a componente da modernidade, da autenticidade e da experiência. A modernidade que se traduz na melhoria da eficiência da Região, na abertura e crescente presença das novas tendências, na presença de todas as culturas. A autenticidade que provém da preservação e revitalização das culturas locais, das populações, da continuidade e reinvenção das tradições. Finalmente, a possibilidade de nesta Região cada visitante poder ter a sua experiência pessoal, sem os condicionalismos que outros destinos turísticos apresentam. É o conjunto destes elementos que nos permite definir a proposta de valor turístico da Região de Lisboa como um destino de cidade “resort” moderno e autêntico, com importância histórica e escala humana, que providencia uma diversidade de experiências únicas ao longo de todo o ano.

5. VISÃO Lisboa combina a atracção de uma Cidade rica em história, património e dimensão humana com uma Região de beleza natural e culturas genuínas marcada pelos Estuários do Tejo e do Sado e pelo Oceano Atlântico.

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Turismo e Lazer na Região de Lisboa

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A Cidade tem projecção internacional. A sua atracção como Capital, em matéria de negócios, comércio e outros motivos, é complementada por uma evidente vocação turística e de lazer. A Região favorece a instalação de condomínios e áreas de resort destinadas a primeira residência ou a residência temporária (2ª residência) de estrangeiros, dadas as facilidades de acessibilidade e circulação. Este mix Lisboa-Cidade e Lisboa-Região, com especial relação com os Rios Tejo e Sado e o Oceano Atlântico, projecta “comportamentos típicos” dos visitantes estrangeiros:

Alojamento preferencial em hotéis de 4 e 5 estrelas;

Visita a áreas monumentais de interesse histórico e cultural;

Usufruto das estruturas da “Frente de Rio” e dos equipamentos postos à disposição para passeios pelo Tejo, Sado e desportos náuticos;

Visita às áreas de vocação turística envolventes;

Usufruto das estruturas e equipamentos de lazer e desporto;

Participação em programas e eventos culturais e desportivos de projecção e divulgação internacional;

Animação nocturna em zonas privilegiadas e especialmente vocacionadas para o efeito;

Utilização das praias ribeirinhas e atlânticas. Em conclusão, temos:

Destino turístico para visitar e conhecer ao longo do ano; Destino turístico para entreter e usufruir da animação e entretenimento; Destino turístico para residir temporária ou definitivamente.

6. POSICIONAMENTO COMPETITIVO A Europa tem 3 cidades que, pela sua dimensão turística e reconhecimento internacional, são, de algum modo, “Grandes Capitais do Mundo” – Londres, Paris e Roma.

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Turismo e Lazer na Região de Lisboa

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Lisboa pugna por uma posição liderante no grupo das capitais da atractividade e dimensão da “primeira divisão”, como Berlim, Madrid, Barcelona, Viena, Amesterdão, Milão, Atenas, Copenhaga, Dublin. Para tal conta com especiais atractivos:

Condições únicas de clima e ambiente

Charme – bairros históricos, o Oceano Atlântico, os Estuários, os parques naturais

Dimensão Humana – cascos urbanos com gente verdadeira, raízes culturais próprias e fortes, uma região de contrastes facilmente visitável

Segurança e Afectividade – sem especiais problemas de segurança, com um povo amável

Boa Vida – bom clima, cosmopolitismo, modernidade, animação permanente, vida nocturna

Destino para viver – onde é agradável residir temporária e definitivamente. Lisboa atrai os potenciais visitantes que, na Europa, já conhecem as “Grandes Capitais do Mundo” e os que, vindos de fora da Europa, procuram algo mais da Europa do que as “Grandes Capitais do Mundo”. 7. A ESTRATÉGIA PARA O TURISMO Para prosseguir o objectivo atrás enunciado a par com o desenvolvimento regional equilibrado, deve-se adoptar as seguintes linhas de desenvolvimento estratégico:

Reforçar a atractividade turística da Cidade e da Região num contexto muito competitivo em que surgem novos concorrentes e os tradicionais também se renovam e fazem investimentos significativos

Prosseguir políticas de qualificação e promocionais que visem melhorar a rentabilidade da hotelaria da Cidade e da Região e o incremento do índice REVPAR em termos idênticos ao que ocorreu no período posterior à EXPO’98

Desenvolver a vocação de resort de qualidade das macro-centralidades turísticas do Estoril/Cascais, de Setúbal/Tróia e de Sintra

Articular a “atracção Cidade” e a “vocação resort”, fazendo com que as mesmas concorram para o mesmo objectivo e se potenciem mutuamente

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Turismo e Lazer na Região de Lisboa

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Afirmar a atractividade da Região enquanto destino turístico, principalmente em alguns produtos como golfe, turismo activo e turismo residencial.

Desenvolver e melhorar a natureza turística das frentes atlânticas e reconverter as frentes ribeirinhas para uma vocação turística e de lazer.

A Região de Lisboa tem condições únicas para se tornar num destino especial da vida urbana ao ar livre. Possui clima adequado, ambientes e paisagens estimulantes, acessibilidades fáceis e agradáveis, população residente afável. Já detém equipamentos e atracções em qualidade e quantidade suficientes para essa classe de motivações – como bairros históricos, passeios ribeirinhos, praias, campos de golfe. Precisará de os organizar em termos turísticos, lançar algumas infra-estruturas complementares e desenvolver acções de promoção em torno de conceitos associados à fruição de uma vida urbana e semi-urbana passada ao ar livre.

8. OBJECTIVOS Objectivos a atingir no período de vigência do Plano:

ALOJAMENTO ■ Fomento à desconcentração da oferta

Perante um cenário de “macrocefalia” da oferta hoteleira na Cidade, devem criar-se condições para o desenvolvimento da oferta de alojamento fora do principal núcleo urbano da Região, isto é, nas “macro-centralidades” turísticas do Estoril, Sintra e Península de Setúbal, fundamentalmente através de empreendimentos de resort, de qualidade incluindo turismo residencial e golfe. ■ Fomento à requalificação do património e à associação da oferta hoteleira com a percepção da Cidade

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Turismo e Lazer na Região de Lisboa

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Estímulo à transformação em hotéis de charme de edifícios de interesse arquitectónico e patrimonial ou situados em bairros históricos, designadamente no Centro Histórico de Lisboa, assim como em outros núcleos urbanos com características semelhantes.

OCEANO ATLÂNTICO E ESTUÁRIOS ■ Estímulo ao aproveitamento turístico das frentes ribeirinhas Reconversão de áreas obsoletas de interesse paisagístico e ambiental nas margens dos Rios Tejo e Sado para funções turísticas, criando alojamento, equipamentos turísticos e de lazer, estruturando e desenvolvendo a actividade marítimo-turística, melhorando as condições e equipamentos para a náutica de recreio, e fomentando o aproveitamento desportivo e lúdico destas áreas.

INTEGRAÇÃO CIDADE/REGIÃO ■ Prosseguir, potenciando e aperfeiçoando, a estratégia de integração entre a “oferta Cidade” e a “oferta Região”

Desenvolvimento de produtos turísticos integrados. Criação de itinerários regionais dirigidos a segmentos de consumidores.

Melhoria da sinalética turística com homogeneidade regional. Desenvolvimento do portal turístico regional.

EVENTOS ■ Enriquecer o posicionamento das marcas turísticas da Região e gerir as suas notoriedades internacionais, através de uma estratégia de eventos a vários níveis. Procurar viabilizar a realização a médio/longo prazo de um evento estruturante – capaz de modernizar o posicionamento turístico da Região de Lisboa (como ocorreu com a Expo’98), ao mesmo tempo que requalifique o território. Criação de um evento-marca anual – tipo “festival” – que contribua para a captação de novos turistas e, sobretudo, para a mediatização de Lisboa nos principais mercados emissores. Programar a captação de eventos não regulares que tenham em conta a relação custo-benefício e a melhoria das performances em épocas baixas Promover nos mercados emissores um calendário anual de eventos a partir das iniciativas de animação, espectáculos, equipamentos culturais e artísticos da Região. Para todas estas iniciativas promover ter em conta a sazonalidade da Cidade e da Região.

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Turismo e Lazer na Região de Lisboa

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MELHORIA DA ATRACTIVIDADE ■ Criação de equipamentos e outras medidas infraestruturais que reforcem, progressivamente, a atractividade turística de Lisboa. Aprofundamento da “noção de turismo” da Cidade de Lisboa, desenvolvendo nas micro- centralidades (Centro Histórico, Belém. Parque das Nações e Eixo Ribeirinho) planos de qualificação urbana adequados e dinamizando-os com espaços artísticos, museológicos, gastronómicos e animação.

REFORÇO DA PROMOÇÃO ■ Num mercado fortemente concorrencial e perante a chegada de novos actores (por exemplo, cidades dos novos países da União Europeia), devem ser desenvolvidos programas de marketing internacional que rejuvenesçam a imagem das marcas turísticas da Região. Aprofundamento dos programas de promoção internacional de Lisboa – a Região, as suas Marcas, os seus Produtos, os Serviços e Equipamentos Turísticos –, em parceria entre entidades públicas e privadas e no âmbito da Agência Regional de Promoção Turística. Desenvolvimento de programas de utilização da Internet e das novas técnicas de marketing viral na promoção da Região de Lisboa. Promoção da região como destino de Turismo Residencial, incluindo a organização nos mercados de eventos promocionais deste produto.

9. PROJECTOS ESTRUTURANTES Com base nas medidas enunciadas, identificam-se como base de trabalho para discussão pública, os seguintes projectos estruturantes, que reforçam a capacidade competitiva:

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Turismo e Lazer na Região de Lisboa

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Evento Estruturante para a Região Viabilização de um Evento Estruturante tendo como centro os terrenos da Docapesca e as zonas adjacentes. Implicará a reconversão urbana das áreas abrangidas (exemplo Expo’98). Servirá de estímulo e “âncora” para a criação do programa de aproveitamento turístico das frentes ribeirinhas.

Estaleiros de Náutica de Turismo na Costa Azul Criação de um pólo de atracção e desenvolvimento de embarcações de recreio e desportos náuticos na margem sul do Tejo, incluindo estaleiros de construção e reparação deste tipo de embarcações. Atracção de actividades empresariais relacionadas com a construção e a manutenção de embarcações ligeiras de utilização turística.

Parque da Cidadela (Estoril) Fazer da Cidadela de Cascais o núcleo central de uma atracção que integre os oito fortes na costa da nossa Região, constituindo um “super parque temático”. Adopção do espaço, em zona nobre do Concelho de Cascais, para a oferta turística com uma abordagem que garanta a coabitação entre a vivência dos naturais da Região e o lazer dos turistas.

Parques Naturais da Região (Sintra, Cascais e Arrábida)

Enriquecer a oferta turística internacional da Região potenciando a integração no produto Turismo da Natureza dos seus parques naturais, gerando novas procuras e reforçando a ideia de “resort” associada ao posicionamento de Lisboa. Utilizar a referência dos Parques Naturais, associada ao clima generoso e aos equipamentos desportivos de alta qualidade existentes na Região, para a promoção do seu potencial no Desporto.

Evento-marca anual na Cidade

Criação de um evento-marca anual – tipo “festival” – que contribua para a captação de novos turistas e, sobretudo, para a mediatização de Lisboa nos principais mercados emissores.

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Turismo e Lazer na Região de Lisboa

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Novo Museu de Lisboa

Criação de um novo espaço museológico, com apelo internacional, que renove a oferta artística da Cidade. Poderá servir para realçar a motivação monumental e museológica da zona de Belém ou para diversificar a atracção de zonas como o Parque das Nações.

Escola Superior de Turismo e Inovação na Região Criação de uma Escola de Turismo e Inovação, que se venha a constituir em referência internacional, seguindo um modelo moderno que integre valências de divulgação do Turismo e constitua um centro de aplicação das novas tecnologias às actividades turísticas.

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4. Requalificação Metropolitana

na Região de Lisboa

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Requalificação Metropolitana na Região de Lisboa

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1. INTRODUÇÃO

A Comissão Europeia em Março de 20001 estabeleceu um compromisso que ficou conhecido como a Estratégia de Lisboa – até ao final da década a União Europeia será a economia baseada no

conhecimento mais dinâmica do Mundo, capaz de um crescimento económico sustentado, com mais e

melhores empregos, e assente numa forte coesão social. A Estratégia de Lisboa advoga para a Europa uma sociedade mais competitiva baseada num conjunto de pressupostos – inovação tecnológica, formação dos recursos humanos (em termos académicos e profissionais), respeito pelas regras ambientais e laborais, e por último, como importante factor de sustentabilidade, a coesão social. O conceito de competitividade vagueia entre dois limites, por um lado, o da produtividade, que reforça a importância do “…pleno emprego e a preservação do modelo social…” (Jacquier, 2004), e, por outro, o da atractividade, que sublinha “…o crescente poder do território com impacte na localização e deslocalização das empresas…” (Jacquier, 2004). Após os Conselhos de Lisboa (2000) e de Gotemburgo (2001), e na sequência da Estratégia de Lisboa, o conceito de competitividade torna-se mais vasto: “… capacidade para melhorar o nível de vida da população de uma forma sustentável e para criar um nível elevado de emprego e de coesão social …” (Jacquier, 2004, citando Debonnueil e Fontagne, 2003). Nos conceitos anteriormente referenciados sublinhamos dois termos - COESÃO SOCIAL e TERRITÓRIO. As grandes cidades, ou concentrações urbanas, exercem um poder de atracção sobre as actividades económicas, em particular sobre aquelas que se baseiam em capital humano qualificado e em novas tecnologias. Em paralelo a esta realidade, vão-se desenvolvendo igualmente bolsas de pobreza e de exclusão, onde se concentra uma população pouco qualificada e com uma forte dimensão étnica, que colocam em causa a coesão social e, consequentemente, a sua própria competitividade territorial.

1 Reforçado em 2001 em Gotemburgo.

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Requalificação Metropolitana na Região de Lisboa

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Esta realidade vem relembrar a importância que a (re)qualificação urbana, física e social, ainda representa para a Área Metropolitana de Lisboa2, contribuindo para o reforço da competitividade, em particular da sua dimensão territorial.

2. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO A Área Metropolitana de Lisboa (AML), caracterizada por um forte dinamismo sócio-económico e por uma profusa oferta em equipamentos e serviços, é também fortemente marcada por factores sociais e urbanísticos geradores de assimetrias e de exclusão social. O crescimento urbano em mancha, decorrente da suburbanização da cidade de Lisboa, e a inexistência de um planeamento urbanístico eficaz a uma escala regional3, ou mesmo municipal, conduziram a uma ocupação por vezes anárquica, profundamente delapidadora do património natural e consumidora de Território e de recursos. Estas tendências com origem nos anos 60 e 70 do século XX, geraram assimetrias e desequilíbrios sócio-urbanísticos e funcionais, hoje ainda bem presentes no território da Área Metropolitana de Lisboa (clandestinos e bairros degradados, por exemplo). As alterações estruturais recentes associadas às novas acessibilidades e à relocalização de actividades e funções anteriormente concentradas na cidade de Lisboa, onde os parques de escritórios são bons exemplos, geram e potenciam novas dinâmicas territoriais. O Plano Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa (PROTAML), publicado em 2002, identifica sete tipos de espaços que decorrem precisamente deste dinamismo. Os Espaços Motores, com capacidade para atraírem e fixarem novas actividades e funções de nível superior, integram a Coroa de Transição da cidade de Lisboa, o eixo Oeiras-Cascais, Almada-Seixal, Setúbal-Palmela e a Zona Industrial e de Serviços de Coina. Os Espaços Emergentes, que correspondem a áreas com potencialidades para protagonizarem transformações positivas na AML, tanto em novos usos e funções especializadas como na reestruturação

2 E mesmo para grandes concentrações urbanas de outros países europeus. 3 Apenas recentemente consagrado no Plano Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa (PROTAML)

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Requalificação Metropolitana na Região de Lisboa

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e qualificação urbana. Estes espaços integram os espaços ribeirinhos dos Estuários do Tejo e do Sado, o espaço Odivelas-Loures, o eixo Cascais-Sintra, os concelhos de Alcochete e Montijo, e a área de Belas.

Dinâmicas Territoriais, PROTAML 2002

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Requalificação Metropolitana na Região de Lisboa

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As Áreas Dinâmicas Periféricas, que se caracterizam por possuir uma boa capacidade de atracção de actividades e de residência, constituindo núcleos com alguma autonomia funcional em relação ao espaço central da AML. Estão neste caso as áreas de Malveira-Mafra, Carregado-Azambuja, Samora Correia-Benavente, Marateca-Pegões e Sesimbra-Santana Os Espaços Naturais Protegidos, são as áreas classificadas e integradas em Parques ou Reservas Naturais, a Rede Natura e as áreas definidas em legislação específica de âmbito nacional, que se procuram proteger das dinâmicas urbanas metropolitanas. Registe-se a pressão urbanística existente sobre estas áreas, em particular na Península de Setúbal, por vezes a coberto de operações de cariz turístico, importando aqui acautelar a distinção entre os verdadeiros projectos turísticos, e de qualidade, das operações de construção de condomínios residenciais. Os Espaços Problema, correspondem a áreas periféricas fragmentadas e desestruturadas com tendência para a desqualificação urbana e ambiental, mas também correspondem a áreas centrais da AML que registam um declínio urbano e fortes processos de degradação. Integram esta classificação a área central de Lisboa, os espaços intersticiais entre os eixos Oeiras-Cascais e Amadora-Sintra, o arco Belas-Bucelas, e áreas do interior da Península de Setúbal com loteamentos clandestinos. As Áreas com Potencialidades de Reconversão/Renovação, concentram ocupações obsoletas ou em desactivação, essencialmente associadas a antigas ocupações industriais – Margueira (Almada), Quimiparque (Barreiro) e Siderurgia (Seixal). Estes espaços apresentam um bom potencial de utilização que decorre de dois factores essenciais – grande disponibilidade de terreno e qualidade paisagística, dada a vizinhança com o Estuário do Tejo. As Áreas Críticas Urbanas, caracterizadas por apresentarem uma elevada desqualificação urbanística e social, registam ainda carências em infra-estruturas e equipamentos, e uma elevada concentração residencial. A forma casuística e desintegrada como têm sido abordados os problemas destas áreas, privilegiando a intervenção física e negligenciando a dimensão social, não contribui para a sua resolução, mas antes para uma minimização esporádica dos mesmos de acordo com as intervenções pontuais desenvolvidas.

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Requalificação Metropolitana na Região de Lisboa

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Estas áreas distribuem-se pelo Centro Histórico de Lisboa, pelos eixos de Algueirão-Cacém-Amadora e Sacavém-Vila Franca de Xira, Lavradio-Baixa da Banheira-Vale da Amoreira e pelos bairros problemáticos de Setúbal. Nos últimos anos estas áreas têm registado uma evolução quantitativa significativa ao nível das condições de habitação, em larga medida em resultado dos Programa Especial de Realojamento (PER) e dos realojamentos resultantes da criação de novas acessibilidades. Esta evolução não significa que os problemas sócio-urbanísticos estejam definitivamente afastados, uma vez que os bairros de realojamento implementados nos últimos anos em Portugal enfermam de diversos, e recorrentes, problemas – desadequação das soluções urbanísticas às características da população, espaços público pouco cuidado e reduzido envolvimento da população nas operações de realojamento, colocando em causa a sustentabilidade destas acções. Nestas Áreas Críticas esboçam-se algumas dinâmicas que no médio prazo se podem vir a revelar preocupantes, como seja o caso do eixo Algueirão-Cacém-Amadora. A grande concentração habitacional e populacional associada às transformações do tecido social já em curso, poderá gerar no futuro grandes tensões e transformar-se na grande área-problema da AML. Nas Áreas Críticas Urbanas estão em curso actualmente três Programas de Requalificação Sócio-Urbanística – Programa de Iniciativa Comunitária URBAN II Amadora (Damaia-Buraca) e Lisboa (Vale de Alcântara), e Programa Integrado de Qualificação das Áreas Suburbanas da Área Metropolitana de Lisboa (PROQUAL), tendo este incidido sobre sete áreas em outros tantos concelhos. Estes Programas têm registado na sua aplicação um conjunto variado de virtudes e de vicissitudes, que importa conhecer num momento de reflexão sobre: o tipo de intervenções a desenvolver nos próximos 10 anos, e a forma de as implementar.

2.1. PROGRAMA DE INICIATIVA COMUNITÁRIA URBAN II Na Região de Lisboa e Vale do Tejo estão em curso até ao final de 2006 dois PIC URBAN II em duas áreas distintas – Lisboa (Vale de Alcântara) e Amadora (Damaia-Buraca) -, tendo decorrido em 2003 um primeiro momento de avaliação cujos resultados se apresentam de seguida.

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Requalificação Metropolitana na Região de Lisboa

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a) PIC URBAN II Lisboa (Vale de Alcântara) Pertinência e coerência da estratégia

• Exemplos positivos de estratégias ofensivas baseadas em estímulos às associações locais (aparentemente frágeis, mas que se posicionam como uma oportunidade) e na promoção das actividades económicas (constituídas por residentes ou resultantes da atracção de investidores externos), que procuram tirar partido do processo de requalificação, da localização e da presença de população jovem;

• A tipologia de intervenções responde globalmente aos objectivos das medidas embora, nalguns casos devesse ser mais concreta e específica.

Eficácia e impactes socioeconómicos esperados

• Essencial a mobilização de candidaturas que cubram todas as medidas e respectivos objectivos, no sentido de garantir o cumprimento efectivo do Programa;

• A entidade promotora (Câmara Municipal de Lisboa) ainda não assegurou a apresentação de um “plano de acção”, de forma a dar garantias de uma correcta articulação e coerência interna entre as várias intervenções.

Qualidade dos dispositivos de gestão e acompanhamento

• Criação de uma estrutura, ou reconfiguração de uma já existente, que garanta um eficaz acompanhamento e coordenação no terreno;

• Maior envolvimento da Câmara Municipal de Lisboa no acompanhamento e avaliação do Programa.

b) PIC URBAN II Amadora (Damaia-Buraca) Pertinência e coerência da estratégia

• Défice de focalização no apoio aos grupos desfavorecidos que não os imigrantes (mulheres e desempregados, p.e.) e diluição do propósito de reforçar a iniciativa empresarial;

• Participação cívica insuficientemente.

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Eficácia e impactes socioeconómicos esperados

• Conjunto de objectivos associados às medidas, tenuemente recobertos, tendo por referência a produção de resultados pelos projectos, ou completamente ausentes.

Qualidade dos dispositivos de gestão e acompanhamento

• Elevados níveis de satisfação por parte da Câmara Municipal da Amadora, tanto com a aplicação dos procedimentos de candidatura e posterior desenrolar do projecto, como com o apoio prestado pela gestão;

• Envolvimento positivo das associações locais, que se reflecte em projectos em parceria.

2.2. PROGRAMA INTEGRADO DE REQUALIFICAÇÃO DAS ÁREAS SUBURBANAS DA ÁREA METROPOLITANA

DE LISBOA (PROQUAL) Tendo por base as Áreas Críticas Urbanas identificadas no âmbito do PROTAML, foram seleccionadas sete áreas de intervenção PROQUAL - Baixa da Banheira/Vale da Amoreira (Moita), Belavista (Setúbal), Brandoa (Amadora), Bom Sucesso-Arcena (Vila Franca de Xira), Odivelas, Outurela-Portela/Algés (Oeiras) e Sacavém-Prior Velho (Loures). O PROQUAL, apesar de ainda não ter sido objecto de um estudo de avaliação, a apreciação seguinte resulta de uma reflexão interna por parte da equipa que assegura o acompanhamento do Programa.

Aspectos Positivos Abordagem integrada e coerente a áreas com graves problemas sócio-urbanísticos – o

PROQUAL, ao obrigar à apresentação de um documento estratégico e de um programa de acção para cada uma das Operações, promove o desenvolvimento de uma metodologia de trabalho onde as várias dimensões das questões urbanas são abordadas de uma forma integrada;

Melhoria da qualidade de vida urbana – considerando que as áreas onde decorrem as Operações PROQUAL apresentam carências várias - equipamentos, espaços verdes ordenados, espaço público qualificado, ... -, os projectos já concretizados constituem uma importante mais-valia para as populações;

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Envolvimento Directo das Associações Locais e da População – tentando evitar erros cometidos no passado, algumas Câmaras Municipais optaram por contratualizar com as associações locais a gestão de equipamentos e/ou o aproveitamento de espaços verdes. Desta forma, as populações sentem-se envolvidas nos projectos, assegurando elas próprias a vigilância e a manutenção destes locais, evitando ou minimizando eventuais actos de vandalismo.

Aspectos Negativos

Constrangimentos orçamentais - as restrições orçamentais impostas a partir de 2002 têm efeitos quer do lado da Administração Central (ao nível do PIDDAC) quer do lado dos municípios (limites ao endividamento), inviabilizando a concretização de projectos ao ritmo desejado pela Gestão do Programa e pelas Câmaras Municipais;

Consolidação de algumas Operações – a expectativa que o Programa criou junto de Câmaras Municipais e de técnicos levou a que uma dose excessiva de voluntarismo se tenha sobreposto à necessidade de uma maior consolidação dos projectos e das equipas técnicas envolvidas. Desta forma, em algumas das Operações o necessário período de reflexão e de concretização de ideias consumiu parte do triénio 2001-2003, o que também terá contribuído para alguns dos atrasos que se registam;

Envolvimento de outros sectores – ao contrário dos princípios e dos objectivos do Programa, o envolvimento de sectores fundamentais em acções de requalificação sócio-urbanística – saúde, ensino, acção social, ... – tem sido praticamente inexistente, reduzindo o impacte das Operações PROQUAL;

Concretização do modelo de gestão – na quase totalidade das Operações a implementação do modelo de gestão definido não foi além da criação de uma Equipa Técnica Local, sendo raras as situações que optaram pela sua instalação in situ. Relativamente ao Conselho Local de Parceiros, apesar de praticamente nenhuma Operação ter implementado este órgão, destaca-se aqui a opção da Câmara Municipal de Setúbal que discutiu abertamente o Programa de Acção com a população local, envolvendo-a nas decisões da autarquia.

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Análise SWOT

PONTOS FORTES PONTOS FRACOS - Região com elevada qualidade paisagística e ambiental (Serras da Arrábida e de Sintra, Estuários do Tejo e Sado, …). - Rede de acessibilidades intra e inter-regional, apesar de incompleta possui já uma estrutura bem definida. - Boas práticas em acções de (re)qualificação sócio-urbanística, PRU no Vale da Amoreira (Moita), URBAN I Casal Ventoso (Lisboa), PRU Almada Velha, … - Tecido associativo, étnico e social diversificado, potenciando acções variadas e com um bom envolvimento das comunidades locais.

- Existência de grande número de bairros clandestinos, e na maior parte das situações pouco qualificados. I- Insuficiente concretização do PROQUAL. - Desarticulação sectorial na intervenção em zonas urbanas sensíveis.

OPORTUNIDADES AMEAÇAS - Plano Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa, existência de um instrumento de gestão territorial de nível regional, com uma visão de conjunto e com orientações no sentido de uma maior qualificação do território. - Antigas áreas industriais que desfrutam de localizações de excelência (Margueira, Siderurgia e Quimiparque). - Intervenções Polis no Cacém e na Costa da Caparica, que per si poderão polarizar acções mais globais em áreas desqualificadas da AML.

- Disseminação de forma desregrada dos loteamentos turístico-habitacionais, ocupando áreas de elevado potencial e sensibilidade paisagístico e ambiental. - Políticas sócio-urbanísticas inadequadas e, por vezes, inconsequentes, potenciando a acumulação de um “stress social” que no futuro poderá degenerar em situações de conflito (bairros de realojamento de grandes dimensões e com reduzidas acções de tipo social). - Alteração do padrão social e étnico no eixo Algueirão-Cacém-Amadora, que poderá gerar no futuro grandes tensões

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3. VISÃO ESTRATÉGICA As cidades, entendidas na sua dimensão regional, polarizam actividades económicas, emprego e instituições de investigação e de ensino superior, assumindo um papel central na criação de riqueza e de conhecimento a nível nacional. A competição entre as cidades europeias e mundiais é, nas últimas décadas, uma realidade incontornável, constituindo a sustentabilidade económica, sócio-urbanística e ambiental aspectos centrais na sua valorização. A exclusão social, a degradação ambiental, a expansão urbana vs abandono de áreas em crise, e a governabilidade, estão entre os primeiros desafios à “performance” económica, à atractividade e à competitividade das cidades, tal como é salientado num documento recente da Comissão Europeia4. A região metropolitana de Lisboa foi alvo nas últimas décadas de um conjunto de intervenções que lhe permitiu reforçar a competitividade no quadro do sistema urbano europeu, das quais se destacam a reconversão de espaços obsoletos (Parque das Nações, p.e.), a erradicação de “bairros de barracas” (tarefa ainda incompleta) e a melhoria de toda a rede de acessibilidades rodoviárias. Apesar de todo este esforço, permanecem ainda algumas bolsas de exclusão, tanto em termos sociais como urbanísticos, já não tanto associadas a “bairros de barracas” mas a urbanizações de realojamento; mantém-se o crescimento em mancha, consumindo território e recursos, ao mesmo tempo que o núcleo central da área metropolitana perde população; verifica-se uma forte pressão urbanística sobre os espaços naturais, por vezes a coberto de iniciativas no âmbito do turismo; e, por último, continua por concretizar um modelo de gestão efectivo da Área Metropolitana, que permita o desenvolvimento de políticas coerentes à escala regional em sectores como os transportes ou a (re)qualificação urbana. A Área Metropolitana de Lisboa enfrenta um período de transição marcado pela perda do “conforto” dos Fundos Estruturais, importando concretizar um modelo de desenvolvimento sustentável no qual os sectores público e privado sejam cada vez mais parceiros na materialização de projectos/intervenções estruturantes.

4 “Cohesion Policy and Cities: the urban contribution to growth and jobs in the regions”. Commission Staff Working Paper, Bruxelas, Novembro de 2005.

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Requalificação Metropolitana na Região de Lisboa

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O Novo Aeroporto de Lisboa e a Linha de Alta Velocidade constituem grandes oportunidades para o reforço da internacionalização da Área Metropolitana de Lisboa, mas tal não acontecerá exclusivamente por via da concretização destas infra-estruturas, a região deve procurar resolver os estrangulamentos que se colocam no imediato e desenvolver uma postura mais pró activa relativamente ao médio prazo, antecipando alguns dos problemas que se poderão vir a colocar. Estas novas infra-estruturas de transporte também poderão representar um risco para a Área Metropolitana de Lisboa caso esta não consolide a sua qualificação em termos globais, uma vez que a melhoria da acessibilidade também poderá vir a potenciar a deslocalização das sedes de algumas multinacionais. À luz do diagnóstico estratégico, a Área Metropolitana de Lisboa deverá possuir no final da segunda década do século XXI uma sustentabilidade sócio-urbanística ao nível das principais urbes europeias, reforçando a coesão social e a qualificação territorial, contribuindo para um reposicionamento da região em termos ibéricos e europeus. A Visão para a Área Metropolitana de Lisboa enquadra-se num dos novos objectivos da Política de Coesão da União Europeia – Competitividade Regional e Emprego -, que pretende “… reforçar a competitividade e a atractividade das regiões da União Europeia (…) fomentando a inclusão social e as comunidades sustentáveis”5. A concretização desta visão decorrerá de intervenções em torno de três domínios prioritários:

1. Reforçar a inclusão social em três dimensões – qualificação sócio-profissional, habitação e urbanismo;

2. Valorizar os recursos paisagísticos, territoriais e ambientais; 3. Conceber um modelo de governabilidade para a região que aposte no envolvimento de toda a

comunidade, reforçando as parcerias público-privadas.

5 “Uma política de coesão para apoiar o crescimento e o emprego: orientações estratégicas comunitárias”. Comunicação da Comissão. Bruxelas. Julho de 2005.

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Requalificação Metropolitana na Região de Lisboa

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4.OBJECTIVO ESTRATÉGICO Recuperando uma das linhas estratégicas do Plano Estratégico da Região de Lisboa e Vale do Tejo (PERLVT) de 1999, e que no presente quadro se considera manter actualidade, a Área Metropolitana de Lisboa deverá constituir, no horizonte do presente Plano Estratégico, um espaço de excelência para viver, trabalhar e visitar, projectando-se ao nível internacional. Este objectivo estratégico enquadra-se nas orientações da Comissão Europeia para o desenvolvimento urbano, recentemente vertidas em documento6, que apontam para o estabelecimento de “comunidades sustentáveis”. De acordo com o conceito desenvolvido pelo Reino Unido, visam dar resposta às necessidades dos residentes e utilizadores actuais e futuros, contribuindo para uma maior qualidade de vida. A concretização destas metas passa pelo uso racional dos recursos naturais, pela protecção ambiental, pela promoção da coesão social e pelo fortalecimento da prosperidade económica. Desta forma, e enquadrados nestas realidades que passam pelo reforço da atractividade e da competitividade social e territorial, a concretização do objectivo estratégico assenta nas seguintes medidas:

1. Qualificar as áreas críticas urbanas da Área Metropolitana de Lisboa, através do desenvolvimento de operações integradas que contemplem as dimensões imateriais (apoio social, formação, integração no mercado de trabalho, …) e materiais (habitação, espaço público, equipamentos, …);

2. Incentivar a “desguetização” das novas áreas urbanas, promovendo a oferta de habitação a custos controlados;

3. Fomentar o surgimento de áreas de excelência, em termos urbanísticos, arquitectónicos e de utilização de novas tecnologias construtivas que permitam melhorar a performance ambiental;

4. Conter a expansão em mancha, direccionando as novas ocupações para áreas de oportunidade/reconversão;

5. Assumir as potencialidades ambientais e paisagísticas como importantes factores de competitividade;

6 “Cohesion Policy and Cities: the urban contribution to growth and jobs in the regions”. Commission Staff Working Paper, Bruxelas, Novembro de 2005.

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Requalificação Metropolitana na Região de Lisboa

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6. Promover a criação de um modelo de gestão racional, que resulte de parcerias alargadas envolvendo a Administração Central, a Administração Local e o Sector Privado.

5. PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO A Área Metropolitana de Lisboa, apesar do esforço e das transformações desenvolvidas nos últimos anos, continua a apresentar deficits ao nível da sustentabilidade sócio-urbanística e territorial, que se reflectem na sua competitividade em termos globais. No arranque de um novo ciclo associado ao período de programação da Comissão Europeia, 2007-2013, importa de uma forma criteriosa identificar as principais acções a desenvolver, e sempre numa perspectiva de envolvimento dos parceiros privados. Decorrentes da análise efectuada anteriormente, as propostas de intervenção serão organizadas em três grandes grupos – Coesão Sócio-Urbanística, Requalificação Territorial, e Governabilidade.

5.1. COESÃO SÓCIO-URBANÍSTICA O Governo Português consagrou recentemente numa Resolução de Conselho de Ministros7 algumas orientações relativamente à política de cidades a prosseguir, que se deverá sustentar em quatro pilares complementares:

1. Qualidade de vida e funcionalidade; 2. Competitividade e inovação; 3. Reabilitação e valorização dos espaços urbanos consolidados; 4. Qualificação e reinserção urbana de áreas críticas.

No que respeita às Áreas Críticas, sobre as quais a Resolução se centra, é reconhecida a sua sensibilidade em termos sociais pelos riscos que representa para a qualidade de vida e a competitividade das áreas metropolitanas.

7 RCM nº 143/2005, de 7 de Setembro.

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Requalificação Metropolitana na Região de Lisboa

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A intervenção nestas áreas apresentou dificuldades variadas no passado, que determinaram o fracasso de algumas operações. Dos trabalhos preliminares de preparação da presente estratégia, resultaram algumas recomendações que se traduzem em princípios organizacionais a considerar nas acções de requalificação sócio-urbanística. a) A Nível Regional

Definição de uma Estratégia Regional de Requalificação Sócio-Urbanística A estratégia regional deverá estabelecer objectivos e resultados comuns a atingir, mas flexibilizando os meios que deverão ser adequados à especificidade das problemáticas a abordar. A estratégia a definir deverá possuir um carácter não só reactivo, ou seja dirigido à resolução de problemas já existentes, mas também proactivo, minimizando os riscos em áreas que se poderão vir a revelar problemáticas a médio prazo (bairros de realojamento recente, por exemplo).

Criação de um único Programa Para a Área Metropolitana de Lisboa e para a Requalificação Sócio-Urbanística deverá ser criado um único Programa que poderá, e deverá, utilizar mecanismos financeiros distintos (Programas Nacionais, Programas Regionais, PIDDAC, …). A criação de um único Programa enquadrador permite rentabilizar os recursos financeiros e articular os diferentes tipos de intervenções, evitando a concorrência irracional e a sobreposição de programas.

Sistema de Gestão Regional A implementação de um sistema de gestão regional permite: um acompanhamento dos vários projectos com uma perspectiva sempre global, um funcionamento em rede com ganhos importantes ao nível da aprendizagem partilhada, e uma maior capacidade de estabelecimento de parcerias alargadas quer com o sector público quer com o sector privado.

b) A Nível Local Estratégia Global e Pluridisciplinar

Definição de uma estratégia a nível local que deverá contemplar de forma articulada e coerente aspectos urbanísticos, arquitectónicos, sociais, culturais, económicos, ensino e

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Requalificação Metropolitana na Região de Lisboa

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formação, …. Apesar de a Câmara Municipal ser a entidade responsável pelas opções de desenvolvimento a nível local, as populações devem também ser envolvidas nesta fase de forma estruturada, percepcionando e interiorizando as suas expectativas, de forma a enriquecer e a aproximar da realidade a estratégia a adoptar.

Projecto Esta é uma das fases mais sensíveis, que deverá implicar projectos sólidos com um modelo de financiamento bem consolidado. A falha de algum destes aspectos compromete a concretização de todo o programa, tendo estado na origem de muitos dos problemas do actual PROQUAL. Os projectos materiais e imateriais devem ser concebidos de forma articulada e coerente, reforçando as hipóteses de sucesso da intervenção. Logo à partida, os programas locais devem contemplar uma definição das relações entre a equipa de acompanhamento local e a estrutura da Câmara Municipal, evitando os pontos de conflito que possam comprometer a concretização do programa.

Equipa de Gestão Local Os resultados do workshop comprovam-no, a presença de equipas no terreno aumenta as probabilidades de sucesso das intervenções – reforço da proximidade às populações, acompanhamento permanente e em todas as fases dos projectos, desenvolvimento permanente de parcerias, formais e informais, com as associações locais…

Governabilidade A população local e as ONG´s no terreno devem ser envolvidas em permanência por uma questão de sustentabilidade das intervenções.

c) O poder político – nacional e local – que deverá assumir de uma forma continuada as opções estratégicas, pois as zonas urbanas sensíveis são cada vez mais focos de conflitualidade violenta que podem colocar em causa o bem-estar e a segurança comum.

No que respeita ao financiamento das intervenções deverá ser concebido um modelo que assente na parceria público-privado, de forma a garantir rigor e sustentabilidade nos investimentos.

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Requalificação Metropolitana na Região de Lisboa

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A Comissão Europeia reconhecendo a dificuldade de financiamento de iniciativas de negócios em Áreas Críticas, o que implica o envolvimento de capital de risco, tem previsto uma iniciativa desenvolvida em conjunto com o Banco Europeu de Investimentos visando a melhoria do acesso ao financiamento por parte de Pequenas, Médias Empresas e Micro-Empresas – Iniciativa Jeremie. O Jeremie será um crédito disponível para os Gestores dos Programas. Ao contribuírem com recursos dentro dos Programas tendo em vista a capitalização do Jeremie, beneficiarão de um sistema “turn-key” que acredita intermediários financeiros experientes no desenvolvimento de negócios e em micro-crédito. Áreas preferenciais de intervenção da Área Metropolitana de Lisboa:

Centro Histórico de Lisboa; Chelas; Belavista, em Setúbal.

Para além destas áreas, deverão ser equacionadas intervenções no eixo Amadora-Cacém-Sintra e em toda a periferia imediata da cidade de Lisboa, nomeadamente a confinante com os concelhos de Odivelas (em particular o Vale do Forno) e de Loures (Camarate e Prior Velho), pela reduzida qualidade urbanística de muitos bairros, quer sejam de realojamento quer sejam de génese clandestina, e pela complexidade do tecido social aí residente. Os acontecimentos recentes nas periferias francesas devem servir como exemplos do que podem vir a ser áreas urbanas críticas em completa desregulação, com uma elevada capacidade de gerar conflitos graves que no limite podem degenerar em pequenas guerras civis.

5.2. REQUALIFICAÇÃO TERRITORIAL O reforço da sustentabilidade e da competitividade da Área Metropolitana de Lisboa está também associada à forma como a região assegura o seu crescimento urbano, contendo a expansão em mancha, e como reabilita/reutiliza os espaços devolutos. Tendo em vista a concretização deste duplo objectivo, os ingleses desenvolveram o conceito de brownfields que correspondem a áreas que já acolheram outro tipo de actividades - industriais, portuárias, mineiras, … - mas que, em resultado de alterações estruturais, entraram em declínio e libertaram extensas superfícies. A expansão urbana é direccionada para os brownfields, opção que

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Requalificação Metropolitana na Região de Lisboa

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permite conter a expansão em mancha. Um dos exemplos mais recentes é o Millenium Greenwich em Londres, projecto desenvolvido junto ao Millenium Dome. A Área Metropolitana de Lisboa apresenta alguns espaços que se enquadram nesta tipologia – Margueira, em Almada, Siderurgia, no Seixal, e a Quimiparque, no Barreiro -, que desfrutam de localizações privilegiadas junto ao Estuário do Tejo. A disponibilidade de três áreas com estas características e separadas por distâncias relativamente curtas, implica que o sector público em parcerias com os privados equacionem a(s) filosofia(s) que deverá(ão) estar associada(s) a cada uma das áreas, bem como a articulação que deverá existir entre elas, sempre enquadradas pelos objectivos estratégicos definidos para o desenvolvimento da Área Metropolitana de Lisboa. As intervenções a desenvolver nestes espaços deverão ser marcadas pela excelência do urbanismo, pela qualidade e o arrojo da arquitectura e do espaço público, e pela utilização de materiais diferentes e de novas tecnologias na construção dos edifícios, tornando-os menos consumidores de energia e, consequentemente, mais sustentáveis. Num capítulo onde é abordada a requalificação territorial importa reflectir sobre uma realidade que se impõe de forma cada vez mais marcante – a segmentação social do espaço, assumindo por vezes a forma guetos -, e que poderão vir a constituir factores determinantes na fracturação da sociedade, aumentando os riscos de confrontos sociais. Com o objectivo de responder a esta preocupação, os ingleses no Millenium Greenwich impuseram uma determinada cota para habitação a custos controlados, contribuindo para uma maior homogeneização da população aí residente. No caso da Área Metropolitana de Lisboa algo de semelhante está a ser tentado na Alta de Lisboa mas com a introdução de realojamentos, o que se poderá revelar de maior complexidade dada a distância social entre os estratos em presença.

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Requalificação Metropolitana na Região de Lisboa

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Para além das três áreas de intervenção identificadas anteriormente outras se perspectivam, importando por isso equacionar as estratégias/opções a adoptar:

Belém-Algés, marcadas pela monumentalidade de alguns espaços, o sector mais ribeirinho é caracterizado ainda por alguma indefinição de usos. A sua requalificação permitiria reequilibrar a frente ribeirinha de Lisboa, fortemente marcada a oriente pelo Parque das Nações;

Áreas Industriais no eixo Sacavém-Vila Franca de Xira, a eventual relocalização de algumas indústrias poderá criar áreas de oportunidade cujo uso futuro importa equacionar, evitando que sejam absorvidas em exclusivo pelas lógicas imobiliárias;

Aeroporto da Portela, da decisão recente do Governo resulta que esta infra-estrutura virá a ser desactivada a médio/longo prazo. Caso seja cumprida a calendarização definida, no horizonte do presente Plano Estratégico entrará em funcionamento o novo Aeroporto da Ota, devendo a cidade e a região possuir nessa altura soluções concretas para o novo uso a afectar a esse espaço, que deverão resultar de debates e consensos o mais alargados possíveis.

5.3. GOVERNABILIDADE Da análise efectuada em sede de Diagnóstico Estratégico ressalta de imediato como um dos principais obstáculos à concretização de algumas das Operações ainda em curso, a inexistência de um efectivo modelo de gestão. A intervenção desenvolvida pela Câmara Municipal da Moita no Vale da Amoreira serve precisamente de exemplo para uma intervenção requalificação correctamente concebida e levada à prática, que assentou nos seguintes aspectos – definição de uma estratégia continuada, criação de uma pequena mas eficiente equipa técnica local e capacidade de execução, tendo sempre beneficiado do apoio dos Fundos Estruturais. A continuação de uma intervenção deste tipo implicará o desenvolvimento de parcerias público-privado, dada a progressiva escassez dos fundos públicos, nacionais e comunitários. Desempenhando a sustentabilidade sócio-urbanística e territorial um importante papel na competitividade da Área Metropolitana de Lisboa, será relevante a criação de uma agência para a requalificação com capitais mistos e que de uma forma abrangente e integrada estabelecesse as linhas estratégicas, ao mesmo tempo que monitorizava a concretização das diferentes intervenções.

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Requalificação Metropolitana na Região de Lisboa

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No documento da Comissão Europeia “Cohesion Policy and Cities: the urban contribution to growth and jobs in the regions”, datado de Novembro de 2005, são apresentadas algumas guidelines que importa aqui transcrever:

Para aumentar a sua competitividade à escala global, as cidades europeias necessitam de ganhar massa crítica. Esta situação requer uma grande cooperação entre as cidades e as áreas envolventes;

As cidades necessitam de apoio na criação e na manutenção de uma cadeia alargada de capacidades, de forma a abranger a totalidade dos aspectos associados ao desenvolvimento urbano;

Os Estados-Membros, tanto quanto possível, devem delegar nas cidades a gestão dos Fundos Estruturais, tendo em vista a sua maior responsabilização.

A Comissão Europeia considera ainda fundamental para o sucesso das operações de requalificação metropolitana: o estabelecimento de uma estratégia coerente e duradoura, a definição de um modelo de gestão e de financiamento, a criação de uma equipa técnica de acompanhamento e um apoio político continuado. Por último, será de destacar a importância que deverá assumir o envolvimento em permanência da população local e das ONG´s no terreno, partilhando responsabilidades na gestão/implementação dos programas tendo em vista a sustentabilidade das intervenções.

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5. A Cultura na Estratégia da Região de Lisboa

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A Cultura na Estratégia da Região de Lisboa

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1. INTRODUÇÃO

No âmbito dos trabalhos de preparação do próximo Quadro Comunitário de Apoio, a

Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo

(CCDR-LVT) está a promover uma reflexão global sobre a estratégia a prosseguir

pela Região de Lisboa no período 2005-2015 que inclui a definição de uma visão

estratégica para este território, com base na qual se deverão definir os objectivos e

projectos estruturantes a integrar o próximo período de programação financeira 2007-

2013 (QREN - Quadro de Referência da Estratégia Nacional).

A partir de 2007, a Região de Lisboa passará a incluir as sub-regiões da Grande

Lisboa e da Península de Setúbal, ou seja, será uma região de natureza

marcadamente urbana, e passará a integrar o objectivo 2 dos Fundos Estruturais

Europeus denominado ‘Competitividade Regional e Emprego’, objectivo esse que visa

reforçar a competitividade e a atractividade das regiões, bem como o emprego,

através da antecipação das mudanças económicas e sociais baseadas na inovação,

através da melhoria do ambiente e da acessibilidade, da adaptabilidade dos

trabalhadores e das empresas e do desenvolvimento dos mercados de trabalho

inclusivos.

Na sequência deste exercício de reflexão estratégica, encontra-se já relativamente

consolidada como visão estratégica para a Região de Lisboa pós 2006 a ideia de

Dar dimensão e centralidade ibérica à Área Metropolitana de Lisboa, espaço

privilegiado e qualificado de relações euro-atlânticas, com recursos produtivos,

científicos e tecnológicos avançados, um património histórico, urbanístico e

cultural singular, terra de intercâmbio e solidariedade, especialmente atractiva

para residir, trabalhar e visitar.

Sendo hoje unanimemente reconhecido que a cultura é um factor decisivo para o

desenvolvimento dos países, das regiões, dos territórios, importa analisar de que

forma a dimensão cultural deve ser integrada na estratégia a definir para o

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A Cultura na Estratégia da Região de Lisboa

193

período 2007-2020 e que contributo podem os recursos e projectos de natureza

cultural dar para a implementação da visão estabelecida.

2. DIAGNÓSTICO E PROSPECTIVA

Acompanhando as tendências gerais, também no nosso país se tem verificado um

fenómeno de expansão do sector cultural, muito embora ele revista características

muito particulares e tenha sido fortemente marcado, quer pelo contexto político que

Portugal viveu até à revolução de Abril, quer pela instabilidade político-económica dos

anos que se seguiram, sendo que só a partir de finais de 80, princípios da década de

90, se começaram a delinear estratégias de intervenção com um potencial de

estruturação mais claro e duradouro.

No que respeita às tendências de fundo mais recntes em matéria política e

institucional são sobretudo de destacar a expansão constante das políticas culturais

públicas de âmbito central, bem como o protagonismo crescente das autarquias locais

no domínio da cultura, cuja viabilização foi, em parte, possível em resultado da

crescente captação de financiamento externo para este domínio, nomeadamente

através dos fundos estruturais comunitários (Programas Operacionais Regionais,

Programa Operacional da Cultura/POC, já no 3º Quadro Comunitário de Apoio).

No que à administração central se refere, e para além do aumento progressivo dos

orçamentos para a área da cultura, a sua actuação traduziu-se numa preocupação

crescente com a estruturação da sua intervenção ilustrada, nomeadamente através do

conjunto de instrumentos de natureza jurídica e normativa que tem vindo a produzir,

que correspondem às diversas funções que na tradição portuguesa se tem entendido

competir ao Estado no domínio da cultura e se prendem, fundamentalmente com

funções de enquadramento e regulação geral do sector (em aspectos tão

diversificados como, por exemplo, as leis de base de enquadramento dos vários

subsectores, a classificação de monumentos, o licenciamento e as condições

técnicas e de segurança dos recintos culturais), funções de redistribuição para o

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A Cultura na Estratégia da Região de Lisboa

194

sector privado através do co-financiamento às actividades e organizações de iniciativa

privada, funções de estruturação e dinamização do sector (igualmente de natureza

muito diversificada, podendo abranger tanto a correcção das assimetrias regionais,

como a correcção das disfunções do mercado nomeadamente no que respeita à

fixação do preço fixo do livro ou à fixação de compensação remuneratória para os

autores no caso da regulamentação da cópia privada, ou ainda a estimulação de um

ambiente valorizador das actividades culturais mediante a celebração de dias mundiais, a

instituição de prémios, etc.).

Igualmente de referir a criação ou participação em mega-eventos de dimensão interna

e internacional, como a XVII Exposição do Conselho da Europa, a Europália 91, a

Exposição Universal de Sevilha de 1992, Lisboa 94 – Capital Europeia da Cultura, a

Feira do Livro de Frankfurt em 97, a Expo 98, a Bienal Internacional de Veneza, o

Salon du Livre de Paris, em 2000, a Porto 2001 – Capital Europeia da Cultura, bem

como a recuperação ou criação de importantes infra-estruturas culturais como o Teatro

Nacional de S. João, o Centro Cultural de Belém, o Museu de Serralves, a Casa da

Música, o Teatro Camões. A promoção destes grandes eventos e obras teve sem

dúvida uma capacidade significativa de alavancagem de dinâmicas de

internacionalização e de reforço do tecido artístico e de produção cultural.

Relativamente à administração local, a relevância crescente da sua intervenção resulta

sobretudo da obtenção de condições mínimas de satisfação das necessidades básicas

das populações que permitiu a libertação de recursos para outras áreas de acção,

bem como do já referido acréscimo de meios financeiros que passaram a ter à

disposição através dos instrumentos comunitários para o desenvolvimento regional e

da progressiva transferência de competências da administração central para a local

também neste domínio.

O aumento da despesa pública a nível local tem sido sobretudo canalizado para a

criação e/ou requalificação de equipamentos culturais – bibliotecas, cine-teatros,

museus – sob tutela municipal, para a recuperação e salvaguarda dos bens

patrimoniais, para o apoio crescente à realização de espectáculos, exposições e

outros eventos de natureza efémera.

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A Cultura na Estratégia da Região de Lisboa

195

Para além dos fenómenos e realizações directamente induzidas pelas políticas

públicas, são ainda de referir dinâmicas que resultam indistintamente de iniciativas

públicas e privadas, designadamente a consolidação de uma programação regular

oferecida pelas várias companhias, estruturas de produção e exibição públicas e

privadas do sector; a multiplicação de acontecimentos efémeros, mas também

regulares, de âmbito nacional e internacional, como festivais, encontros e outros

eventos nas várias áreas de expressão artística, que têm contribuído de forma

decisiva para a modelação do sector, quer do ponto vista artístico propriamente dito

(permitindo o confronto de visões, linguagens e técnicas), quer do ponto de vista da

formação de públicos, quer do ponto de vista da sua economia e profissionalização; a

dinamização crescente do mercado da arte contemporânea; a proliferação de

estruturas museológicas e de iniciativas de salvaguarda e promoção do património; a

multiplicação de serviços educativos nos museus, monumentos, teatros e outros

espaços culturais.

Igualmente de registar parece-nos ser a progressiva introdução a partir dos anos 80 de

uma lógica de mercado no funcionamento da cultura e traduzida, quer na existência de

novos actores neste domínio, nomeadamente as empresas através da Lei do

Mecenato publicada em 1986, quer nas preocupações com os públicos, a

sustentabilidade económica e o auto-financiamento das organizações culturais, tanto

públicas, como privadas, o marketing e a promoção, a necessidade de gestores e

administradores, profissionais especializados para implementar estas novas práticas

empresariais no sector.

Finalmente, parece-nos ser fundamental relevar a existência de outros factores de

natureza exógena ao sector cultural que têm condicionado de forma decisiva as suas

dinâmicas de evolução

Referimo-nos primeiramente à progressiva inserção do nosso país num contexto

internacional mais alargado, processo que teve o seu marco inicial com a adesão

de Portugal à Comunidade Económica Europeia e que hoje se assume na sua

verdadeira plenitude com o fenómeno da globalização e que tem viabilizado a

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A Cultura na Estratégia da Região de Lisboa

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circulação e internacionalização de pessoas, ideias e bens culturais de forma e

intensidade até há poucos anos desconhecidas no nosso país, exigindo de todos os

actores, públicos e privados, um novo posicionamento no quadro destas dinâmicas

alargadas e intrinsecamente internacionalizadas do sector.

Não menos importante é a relevância da televisão no quotidiano dos portugueses,

fenómeno que tem na abertura dos canais privados de televisão na década de 90 um

marco fundamental e as consequências que daí decorrem, quer em termos da criação

e produção cultural propriamente ditas, quer em termos das práticas de recepção e

consumo cultural, quer em termos da configuração da economia do sector.

No que se refere às práticas culturais é ainda de registar a alteração significativa entre

as práticas de consumo outdoors (fora de casa) e as de consumo indoors

(domésticas), que passaram a ser as predominantes (e que os novos media e

suportes, como a Internet ou os DVD, tornam ainda mais preponderantes), bem como

o impacte que estas últimas têm não apenas sobre a frequência de salas de cinema e

de espectáculos ao vivo, mas também sobre os hábitos de leitura, por exemplo.

De registar, por outro lado, as alterações que decorrem das transformações da

natureza da economia e aos fenómenos designados como ‘culturalização da

economia’ e da emergência da sociedade do conhecimento , bem como as que

decorrem da dimensão intrinsecamente cultural num sentido amplo e de natureza

antropológica das questões da(s) identidade(s), qualidade de vida, coesão e que

conferem aos bens e serviços culturais uma nova centralidade e relevância, tornando-

os recursos fundamentais para o desenvolvimento dos países e das comunidades.

Neste contexto, a cultura é transversal , vale por si, mas também pelos contributos que

dá a outros sectores como a economia, o turismo, o emprego, a educação, a imagem,

a coesão social e territorial, transformando-se num domínio de intervenção de

fronteiras mais híbridas e indefinidas, mas potencialmente mais inovadoras e mais

ricas do que as existentes numa abordagem mais tradicional exclusivamente

relacionada com a criação, produção, difusão, valorização dos bens e serviços

culturais nos domínios das artes e do património.

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A Cultura na Estratégia da Região de Lisboa

197

Não obstante estas tendências de expansão clara do sector, há, no entanto que

registar fragilidades e disfuncionamentos vários, perceptíveis designadamente nos

seguintes aspectos:

- descontinuidade estratégica das políticas públicas para o sector;

- irregular cobertura do território em termos de infra-estruturas físicas: nalguns casos,

como no das bibliotecas públicas ou centros de arte contemporânea, ainda

insuficiente, noutros casos (sobretudo museus e espaços de apresentação de

espectáculos), satisfatória, por vezes, desregulada e/ou sobredimensionada;

- insuficientes condições de funcionamento destas infra-estruturas físicas em virtude

do desfazamento entre o financiamento do investimento e o financiamento à

exploração e consequente desajustamento entre o esforço de intervenção e

assistência e o da dinamização e financiamento da sua actividade e exploração, que

mantêm as assimetrias básicas em termos de oferta e procura cultural e dificultam a

estruturação artística e económica do sector à escala nacional;

- predomínio crescente da oferta cultural de origem internacional, sobretudo nos

eventos mais qualificados;

- deficiências recorrentes no sistema do ensino artístico fundamentalmente

relacionadas com o desfazamento entre os seus curricula e o contexto artístico e

cultural da actualidade;

- insuficiências que, não obstante alguns projectos e iniciativas pontuais e a

importância e actividade crescentes dos serviços educativos das várias instituições

culturais públicas e privadas verificadas em anos muito recentes, persistem no que

respeita à ligação entre as artes e o ensino e à fruição das artes no quotidiano das

crianças e dos jovens.

Sintetizando e nalguns casos detalhando as questões enunciadas anteriormente,

poderemos então apontar no sector cultural os seguintes:

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A Cultura na Estratégia da Região de Lisboa

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Análise SWOT

PONTOS FORTES PONTOS FRACOS - Reforço muito acentuado da rede de infra-estruturas artísticas e culturais e consequente efeito indutor de novas e mais intensas dinâmicas de produção e de procura, não apenas nos centros urbanos mais importantes, mas em todo o território - Protagonismo crescente das autarquias em matéria de políticas culturais, contribuindo para uma maior articulação com o tecido cultural (privado e associativo) e para a diversificação de fontes de financiamento no sector - Promoção de grandes eventos no país e a participação em eventos estrangeiros e seu efeito de alavancagem de dinâmicas de internacionalização e de reforço do tecido artístico e de produção cultural - Relevância crescente de redes, formais e informais, como instrumentos de cooperação, organização e gestão - Evolução e modernização tecnológica progressiva do sector, designadamente ao nível da criação artística, do acesso ao património digitalizado, das questões organizativas e de produção, da comunicação com os públicos, das condições técnicas de apresentação de espectáculos -Internacionalização crescente, embora insuficiente, das actividades artísticas e culturais

- Capacidade crescente de atracção de turistas, essencialmente no subsector do património cultural e artístico e dos grandes eventos culturais

- Descontinuidade estratégica das políticas públicas para o sector, com consequências ao nível da sua regulamentação, financiamento e capacidade de adopção de estratégias estruturantes de médio e longo prazo por parte de entidades públicas e privadas - Assimetrias e/ou desordenamento ao nível da cobertura territorial em termos da rede de infra-estruturas culturais, que dificultam políticas de descentralização e difusão artística e cultural, bem como a existência de mecanismos de mercado com adequadas dimensão e estruturação - Insuficiente capacidade de criação, renovação e/ou produção de obras e imaginários, dificultando a afirmação e preservação de uma identidade e de um espaço próprios no quadro de circulação de bens e serviços culturais à escala global - Insuficientes internacionalização e projecção externa da maioria das organizações e agentes do sector - Inadequação do ensino e formação artística, em termos organizativos e curriculares, face ao contexto artístico e cultural da actualidade e às necessidades, exigências e/ou oportunidades que daí decorrem em termos de valorização artística e pessoal e de trabalho - Insuficiente articulação entre as estruturas culturais e, em especial, dos seus serviços educativos, e o sistema escolar, prejudicando a ligação das artes ao ensino e dificultando formas de fruição das artes no quotidiano das crianças e jovens

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A Cultura na Estratégia da Região de Lisboa

199

OPORTUNIDADES AMEAÇAS - Reconhecimento crescente do papel das actividades artísticas e culturais no processo de afirmação da(s) identidade(s) aos vários níveis em que ela pode operar: internacional, nacional, regional, local - Situação periférica de Portugal no contexto europeu e potencial de funcionamento como plataforma de interface que daí decorre - Emergência da economia do conhecimento, de base cultural, incluindo o crescimento acentuado do segmento das industrias criativas, e oportunidades que daí advêm para os artistas e outros profissionais do sector - Crescimento no âmbito do mercado turístico, internacional e nacional, do segmento de turismo cultural - Multiculturalismo crescente da sociedade portuguesa e relevância do factor cultural como elemento de inclusão e coesão - Tendência continuada de aumento da esperança de vida das populações e do aumento dos seus tempos livres - Capacidade crescente de captação de recursos financeiros não especificamente direccionados para a área cultural

- Reforço no âmbito do processo de descentralização em curso de condições favoráveis ao desenvolvimento de competências no sector cultural nas autarquias e nas novas configurações administrativas supra-municipais

- Falta de articulação entre as políticas culturais públicas e as outras políticas públicas, nomeadamente nas áreas da educação, social, economia, emprego, turismo, ambiente - Processo de globalização e expansão acentuada das leis e princípios do mercado e suas consequências ao nível da diversidade cultural - Crescimento e diversificação expressivos das oportunidades e práticas de lazer (desporto aventura, turismo activo, práticas de convívio e sociabilidade em espaços públicos, etc.), nomeadamente em contexto “de saída” (outdoor) - Insuficiente flexibilidade dos mecanismos e instrumentos de gestão de actividades e de serviços na administração pública, com consequências internas em matéria de eficiência de serviços, e com impactos externos em matéria de estrangulamento do mercado de prestação de serviços, especialmente em sectores em que o mercado público é dominante - Fragilidade do tecido empresarial nacional e insuficiente reconhecimento pelo mesmo do financiamento das artes e da cultura como investimento estratégico

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A Cultura na Estratégia da Região de Lisboa

200

Com o intuito de validar o diagnóstico efectuado e a partir dele chegar a algumas

pistas sobre a estratégia a adoptar nos anos vindouros foram auscultados cerca de

vinte peritos e personalidades ligados às diversas áreas do sector cultural,1 aos quais

foram colocadas, como base para o debate, as seguintes questões:

1. Poderá existir um tema/uma ideia que permita sustentar culturalmente a Região e

lhe dê um sentido de futuro?

2. Quais os factores e que estratégias que poderão tornar, nos próximos anos, a

Região de Lisboa (mais) dinâmica e criativa?

3. Como desenhar, hoje, (num contexto de forte pressão identitária e de algum

desgaste dos modelos vigentes), eventos culturais periódicos que permitam fortalecer

a criação artística nacional e dar visibilidade aos artistas e criadores, à região e ao

país (conteúdos, formatos organizativos, parcerias internacionais)?

4. Deverá a Região de Lisboa ter algum posicionamento privilegiado com outras

regiões da Europa e do Mundo?

Em relação à primeira questão e face à evidente necessidade que qualquer cidade ou

região do mundo hoje tem em definir o seu traço diferenciador face às demais, vários

participantes na reunião referiram que a futura Região de Lisboa deveria ser

dinamizada e promovida como uma plataforma de passagem entre a Europa, a África

e a América do Sul, valorizando esta sua situação semi-periférica no contexto europeu

e transformando-a numa placa giratória activa à escala global, potenciadora de um

novo cosmopolitismo, de novas dinâmicas culturais, urbanas e sociais.

Foi ainda referido, que para um segmento de público mais erudito e ocidentalizado

‘Fernando Pessoa’ poderia constituir uma marca a promover, devendo nesse sentido

ser implementado um projecto exemplar em torno desta figura ímpar da literatura

1 Reunião realizada em 05.06.03 na fundação Cidade de Lisboa

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A Cultura na Estratégia da Região de Lisboa

201

portuguesa e a Casa Fernando Pessoa dotada dos meios financeiros, humanos e

logísticos indispensáveis para ser o agente estratégico neste domínio.

Relativamente aos temas incluídos na segunda questão, referiram os participantes

que, no que respeita aos equipamentos e à excepção das bibliotecas, se deveria

adoptar uma atitude de contenção face a novos projectos de construção.

Dadas as diferentes natureza e valor do financiamento dos projectos – mais fácil e

barato o do investimento físico do que o do funcionamento – torna-se prioritário, nos

próximos anos, criar condições de sustentabilidade mínima das infra-estruturas físicas,

promover a sua qualificação, nomeadamente através de uma actuação concertada no

seio de redes de pessoas, técnicas e de conteúdos, fomentar a existência de

competências de coordenação e gestão nas diversas organizações culturais.

No caso específico dos museus, e tendo em conta que a Área Metropolitana de

Lisboa, congrega ¼ de todos os museus pertencentes à Rede Portuguesa de Museus,

foi referido que se deveriam constituir no âmbito da rede uma sub-rede de núcleos

com funções específicas de apoio: apoio à conservação, digitalização, programação e

produção de exposições, projectos educativos, edição, etc.

No caso das bibliotecas, e contrariamente ao que se verifica nos outros domínios, o

problema da cobertura territorial não está ainda resolvido, existindo desigualdades

significativas na AML, pois a construção dos designados ‘anexos bibliotecários’, que

permitem uma mais correcta adequação à densidade populacional de cada município,

não está concluída.

Por outro lado, seria desejável e necessária a estruturação em rede das várias

bibliotecas da AML, devendo a Biblioteca Central de Lisboa nela desempenhar um

papel central, questão que não é clara neste momento. Por outro lado, a articulação

das bibliotecas municipais com as bibliotecas escolares é um aspecto fulcral a

promover e privilegiar.

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A Cultura na Estratégia da Região de Lisboa

202

Acresce que, também nas bibliotecas, há uma necessidade imperiosa de qualificação

do respectivo funcionamento: existem desigualdades significativas ao nível dos fundos

bibliográficos (sua dimensão, actualização e crescimento), da oferta de serviços ao

público e seu relacionamento com a população local, da relação com as demais

instituições municipais. É necessário apostar em estratégias de divulgação e

comunicação sobre a leitura e os livros, as bibliotecas municipais podem ter uma

intervenção muito mais activa e abrangente como agentes de dinamização local –

identificar e investigar os talentos literários locais, efectuar a recolha dos ex-libris

municipais, servir como postos de informação turística, por exemplo – desde que

disponham de meios humanos, tecnológicos e financeiros para tal, o que raramente é

o caso.

Finalmente, outra questão a necessitar de uma intervenção mais empenhada é a da

digitalização do património bibliográfico, que está muito atrasada relativamente à dos

demais países europeus. Tal situação deve-se também ao facto de a maior parte dos

municípios não terem capacidade da conceberem projectos consistentes na área da

digitalização.

Em relação às artes visuais, existem já estruturas sedimentadas ao longo dos anos,

que se articulam em torno de dois eixos geográficos - zona ribeirinha, que vai desde o

Museu do Chiado ao CCB, zona entre a Culturgest e o Centro de Arte

Moderna/Fundação Calouste Gulbenkian - aos quais urge dar maior protagonismo e

visibilidade, já que, não carecendo de tradução específica, permitem dinamizar fluxos

de visitantes internos e externos. Por outro lado, urge igualmente decidir um contexto

e um espaço para acolher a colecção Berardo, colecção de referência a nível europeu

e que poderá constituir um importante pólo de atracção cultural e turística.

No subsector das artes performativas deveria existir uma aposta clara nas redes, de

forma a criar sinergias e articulações, quer entre obras e espectáculos (permitindo que

uma criação tivesse assegurada à partida a sua apresentação em 4 ou 5 locais

distintos), quer entre os vários espaços e equipamentos (permitindo colmatar

carências fundamentais, por exemplo, ao nível dos espaços de ensaio). Neste

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A Cultura na Estratégia da Região de Lisboa

203

contexto foi mencionada a figura do ‘programador-artista’ como constituindo um

obstáculo ao funcionamento eficiente das redes.

No caso do cinema, foi apontada a necessidade de criar uma rede de difusão de

cinema independente e alternativa ao circuito comercial à escala nacional, cujos

principais agentes de dinamização deveriam ser os cine-clubes, entidades já

presentes no terreno e que deveriam poder obter outro tipo de apoios para a sua

actividade. Este seria um meio fundamental promover o cinema português,

incentivando a sua circulação.

Por outro lado, é fundamental fomentar a criação neste domínio, existindo actualmente

um deficit claro de produção cinematográfica nacional, justificado em parte, pela

ausência em Portugal de agentes, públicos e privados (nomeadamente televisões),

com capacidade de resposta às iniciativas do mercado, bem como de criação de

condições para a viabilização de projectos, quer de iniciativa nacional, quer de

iniciativa externa.

Nesse sentido, também na área da produção cinematográfica e audiovisual faria

sentido fazer da Região de Lisboa uma plataforma de co-produção internacional,

aproveitando, para além da situação geográfica, as vantagens competitivas em termos

naturais, custo e qualificação da mão-de-obra especializada, reforçando os

necessários meios humanos, técnicos e logísticos e com uma aposta clara no triângulo

Europa/África/América do Sul.

A questão dos públicos – como ter públicos e não os perder, como atrair novos

públicos, como responder às mutações sócio-demográficas em curso (envelhecimento

da população, novas comunidades imigrantes: africanas, brasileira, de leste) – é um

dos aspectos fundamentais que atravessa todos os subsectores culturais e que

merece reflexão e mecanismos de intervenção específicos no quadro mais amplo das

estratégias de qualificação a implementar.

Também como aspecto transversal a desenvolver, foi defendida a necessidade

de uma maior ligação da cultura à escola, bem como a necessidade de formação

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A Cultura na Estratégia da Região de Lisboa

204

específica dos professores, o que poderá passar, por exemplo, por uma oferta

formativa pioneira em Portugal, resultante de uma parceria entre a Fundação Calouste

Gulbenkian e o Ministério da Cultura.

Quanto ao urbanismo e espaço público, foi salientada a importância da faixa ribeirinha

e a necessidade da sua requalificação, dotando-a de uma mais-valia urbana e

arquitectócnica, quer revitalizando os fluxos de utilizadores (por exemplo, através de

roteiros para residentes e visitantes), quer recuperando e/ou promovendo a

reutilização de edifícios e espaços arquitectónicos degradados e/ou mal utilizados.

Finalmente, como questão não despicienda para os temas em discussão, foi referida a

falta de sensibilidade ainda existente em grande parte dos responsáveis autárquicos

para as questões culturais e para o facto de também relativamente a estas ser

necessária uma cultura de gestão e de avaliação: ou seja, conhecimentos das

realidades próximas e da Região, necessidade de programação funcional dos

equipamentos, necessidade de estudos de rentabilidade.

Ao nível da Região foi ainda salientada a existência de significativas assimetrias inter-

regionais.

Relativamente aos festivais e outros eventos periódicos - tema incluído na terceira

questão colocada aos participantes na reunião - , foi, por um lado, referido o

sistemático generalismo das políticas culturais e como contraponto a necessidade de

segmentar as estratégias culturais e de criar eventos absolutamente focados nos seus

objectivos, por exemplo, arte contemporânea, fotografia, etc..

Por outro lado, foi relevada a necessidade de estes eventos partirem de uma

plataforma internacional como elemento de diferenciação, mas terem simultaneamente

uma forte inserção no tecido cultural da cidade, nas estratégias de intervenção

desenvolvidas pelos equipamentos e infra-estruturas que nela operam com carácter de

continuidade, de modo a fomentar sedimentação e estruturação da actividade

destas últimas, a articulação e a criação de sinergias entre eventos e infra-

estruturas, a produção de efeitos multiplicadores. Assim, se poderão também

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A Cultura na Estratégia da Região de Lisboa

205

criar condições para o desenvolvimento e fortalecimento da criação portuguesa e dos

artistas nacionais, já que, também em termos culturais, a tendência nos últimos anos é

a de um deficit de internacionalização e a de Portugal se afirmar como país sobretudo

‘importador’, em vez de ‘exportador.’

3. A MISSÃO E OS OBJECTIVOS PARA UMA ESTRATÉGIA CULTURAL NA REGIÃO DE LISBOA

Assumindo que a visão estratégica global para Região de Lisboa pós 2006 é a referida

no ponto 1 deste documento e que a partir dela se definiram como eixos estratégicos

de intervenção os da (1) competitividade e internacionalização, (2) coesão territorial e

(3) coesão social (4) governabilidade, pensamos que a visão para uma estratégia

cultural no âmbito da Região deveria ser a seguinte:

Afirmar a Região como um território multicultural de ligação entre a Europa, a África e a América, capaz de gerar dinâmicas qualificadas, inovadoras e sustentáveis de criação, produção e difusão cultural de âmbito nacional e internacional

A implementação desta visão deverá passar pela prossecução dos seguintes

objectivos:

a) promover a criação artística, fortalecendo a capacidade de criação e produção dos

artistas e demais agentes culturais da Região, contribuindo para a sua

competitividade e internacionalização

As cidades e regiões são hoje tanto mais ricas, competitivas e atractivas quanto maior

for a sua capacidade de invenção, de criação e produção de imaginários, de bens

artísticos, de obras de arte e de cultura que contribuam para alimentar e reactualizar a

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A Cultura na Estratégia da Região de Lisboa

206

produção de novos sentidos para os destinos individuais e colectivos dos seus

residentes, e que simultaneamente constituam elementos caracterizadores dos seus

traços identitários e diferenciadores do território em causa à escala global.

Por outro lado, na era da economia do conhecimento em que vivemos, a criatividade e

a criação artística são as novas matérias-primas da produção de riqueza e valor

acrescentado, sendo fundamental promover o reposicionamento, quer das instituições

de investigação e ensino, quer das instituições e agentes de criação, produção e

difusão, tanto no domínio artístico, como no domínio empresarial em geral, no sentido

de criar espaços e contextos com condições artísticas, tecnológicas e organizativas

que viabilizem a criação de bens e serviços de qualidade e internacionalmente

competitivos no domínio das indústrias criativas, nomeadamente cinema (ficção,

documentário, animação), audiovisual, multimédia, design, edição, música.

b) promover a distribuição e o acesso aos bens e serviços de conhecimento e cultura,

dotando a Região de uma rede de infra-estruturas culturais espacialmente

equilibrada e adequadamente dotada em termos humanos e financeiros,

contribuindo para a sua coesão social, competitividade e internacionalização

A vitalidade de um território promove-se também criando condições adequadas de

difusão e acesso ao conhecimento e à cultura, o que exige uma intervenção que

assegure uma cobertura espacialmente equilibrada em termos de infra-estruturas

físicas - bibliotecas, cine-teatros, centros de arte contemporânea, museus,

monumentos, etc. -, que garanta condições de organização e funcionamento

consentâneas com a missão e objectivos que lhes foram atribuídos, bem como

condições de recepção dos bens e serviços prestados através, quer de mecanismos

de divulgação e promoção apropriados, quer do fornecimento ao(s) respectivo(s)

público(s) de meios e instrumentos de descodificação e leitura.

No caso da Região de Lisboa, que é simultaneamente o centro nevrálgico do país e o

seu ponto principal de abertura ao mundo, há que considerar a questão da

distribuição e acesso na tripla dimensão que a caracteriza - internacional,

nacional e regional - e a partir daí clarificar a missão de cada uma das

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A Cultura na Estratégia da Região de Lisboa

207

instituições culturais responsável por aquela questão e as competências e funções

que da referida missão decorrem.

Assim, no plano estritamente regional e essencial à prossecução dos objectivos

globais, quer da competitividade, quer da coesão social, é a adopção de um conceito

de cultura como 'bem essencial e de proximidade', o que pressupõe a correcção das

assimetrias ainda existentes ao nível da cobertura territorial nalguns equipamentos

culturais específicos (como é, por exemplo, o caso das bibliotecas), bem como o

ordenamento espacial, programático e organizativo das infra-estruturas culturais já

existentes, criando condições para a dinamização e qualificação da sua actividade,

nomeadamente dotando-as dos meios humanos e financeiros indispensáveis e

promovendo a cooperação e o funcionamento em rede entre elas.

Só deste modo poderá a cultura 'invadir' e penetrar o dia-a-dia dos cidadãos e das

comunidades, humanizar os espaços que atravessam e habitam, dar respostas e

sentido às mutações e complexidades do nosso tempo, designadamente as que

resultam das alterações demográficas de natureza etária ou étnica ou dos fenómenos

de violência juvenil em comunidades suburbanas, por exemplo.

Na perspectiva da afirmação nacional e internacional da Região, do seu património e

recursos culturais, importa consolidar, reforçar e articular a actuação das instituições e

eventos culturais mais significativos e emblemáticos nela sedeados, promovendo a

cooperação estratégica entre os vários organismos e agentes, públicos e privados, de

natureza cultural ou outra, com capacidade para interferir no respectivo

funcionamento, nomeadamente na área do turismo, de modo a rentabilizar e valorizar

todo o potencial de intervenção, dinamização e projecção que possuem.

c) reforçar a internacionalização da Região, tornando-a uma plataforma de criação,

produção e difusão no domínio da cultura

Complementarmente a uma estruturação e ordenamento internos, o futuro da

Região de Lisboa deverá passar pelo reforço e aprofundamento da sua vocação

internacional e pela enfatização, como traço claramente único e diferenciador, da

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A Cultura na Estratégia da Região de Lisboa

208

sua condição geográfica simultaneamente semi-periférica e euro-atlântica, que é

sustentadora de um posicionamento geo-estratégico específico à escala global e

concomitantemente de uma actuação como plataforma de ligação entre a Europa,

África e América nos diversos domínios de actividade: política, económica, social,

cultural.

Aliás, é também neste âmbito que a dimensão cultural ganha hoje uma relevância

acrescida, pois que, não só é fundamental para promover externamente a projecção e

imagem da Região, como deverá ser considerada a matriz a partir da qual os demais

fluxos e intercâmbios, de natureza, comercial, política ou outra, acontecem e frutificam.

Por outro lado, qualquer iniciativa de âmbito internacional deve assentar e promover

activamente uma ideia de reciprocidade das trocas: pressupor uma atitude de

acolhimento e abertura ao mundo, mas ser simultaneamente capaz de garantir aos

artistas, agentes e organizações culturais portuguesas condições de inserção e

circulação nos circuitos internacionais.

Condição essencial para que tal aconteça é que estas iniciativas sejam

estrategicamente concebidas em termos programáticos e organizativos,

nomeadamente no que respeita à sua periodicidade e encaradas como instrumentos

de estruturação e consolidação do sector também do ponto de vista interno, através da

sua inserção no tecido artístico e cultural da Região considerado nas suas diversas

escalas territoriais: nacional, regional, local.

d) promover a articulação de recursos e competências

A interligação.crescente das várias dimensões do desenvolvimento, bem como a

insuficiência previsível dos recursos disponíveis para a dimensão e complexidade das

tarefas e projectos a implementar, exige a adopção de uma nova cultura de acção e

organização por parte de todas as instituições públicas, empresas e outras

organizações privadas e cidadãos do nosso país.

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A Cultura na Estratégia da Região de Lisboa

209

Assim, também no domínio da cultura é essencial promover a concertação estratégica

e operacional das várias entidades e pessoas com responsabilidades políticas,

financeiras e organizativas nesta área e definir claramente as respectivas

competências e funções.

4. OS PROJECTOS ESTRUTURANTES Finalmente, tendo em conta a visão e os objectivos enunciados nos pontos

antecedentes, consideram-se como sendo os projectos estruturantes mais relevantes

para a respectiva prossecução e nessa medida, necessitando a sua concepção ser

aprofundada e desenvolvida, os seguintes:

1. Criação de um pólo de ensino artístico avançado de natureza pluridisciplinar

2. Criação de uma plataforma permanente de co-produção internacional na área do

cinema, audiovisual e multimédia vocacionada para o triângulo Europa – África -

América

3. Realização de evento(s) de periodicidade regular, com dimensões e públicos-

alvo específico(s) que constitua o evento-âncora de uma plataforma permanente

de co-produção e difusão internacional na área das artes do espectáculo,

performativas e plásticas vocacionada para o triângulo Europa – África - América

4. Consolidação e renovação da oferta museológica e patrimonial da cidade de

Lisboa, através da revalorização dos espaços, espólios e conteúdos existentes

(podendo eventualmente incluir a criação de novo espaço museológico), bem

como da melhoria e diversificação dos respectivos canais de informação e

promoção

5. Criação e dinamização de uma rede regional de bibliotecas públicas, que

contemple a finalização da cobertura infra-estrutural do território, bem como a

articulação com a rede das bibliotecas escolares

6. Criação de projectos inovadores que relevem a importância da dimensão artística

e cultural como factor de inclusão e valorização das comunidades migrantes

Page 242: Informação para a União Europeia sobre a Estratégia de Lisboa para a Região de Vale do Tejo

6. Os Recursos Humanos

na Região de Lisboa

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Os Recursos Humanos na Região de Lisboa

211

1. DIAGNÓSTICO

É hoje comummente aceite que uma parte significativa do atraso português se deve à debilidade da estrutura dos Recursos Humanos. Considera-se aqui nesta dimensão de “recursos humanos” não a mera qualificação da mão-de-obra mas o conjunto de capacidades culturais, técnicas e organizacionais que um conjunto de cidadãos dispõe e que são transversais a todas as actividades da vida colectiva. Nem todas essas capacidades se aprendem nas estruturas formais de ensino e, hoje a valorização da formação ao longo da vida e dos processos de certificação de competências são bem sintoma da diversidade de formas e percursos de aprendizagem. A cimeira de Lisboa e mais recentemente a sua revisão vem mais uma vez colocar o enfoque na qualificação científica e tecnológica como uma pedra basilar do desenvolvimento. Em Portugal, e muito particularmente na região de Lisboa, assiste-se a um duplo fenómeno de polarização de formações que vão a par com alguma desadequação de formações de topo ao mercado de trabalho.

De facto, o pais mantém níveis muito reduzidos de população com a escolaridade até ao secundário ao mesmo tempo que oferece já um nível elevado de população com ensino superior estando assim os níveis intermédios de formação- geralmente mais técnico e profissionais - a ser preteridos. Por outro lado, as taxas de licenciados coloca o país já no meio da escala comparativa ao nível europeu, mas a desadequação das formações ao mercado de trabalho está patente nos níveis elevados de desemprego dos licenciados.

Claro que estas constatações estão articuladas com problemáticas complexas e com uma grande diversidade de variáveis que estão fundamentalmente relacionadas não tanto com a procura dos níveis de ensino mas com as fortes debilidades quantitativas e qualitativas da oferta.

Assim, o diagnóstico realizado para a área metropolitana de Lisboa aponta como traços fundamentais:

a persistência de níveis de insucesso escolar elevados, resultantes do abandono escolar precoce e dos índices de repetência nos vários graus de ensino. Estes índices têm tido tendência a agravar-se e elevam-se à medida que se consideram os vários graus de ensino;

forte debilidade na oferta de ensino profissional e tecnológico, deficiente apetrechamento das escolas públicas e sobretudo desarticulação e sub-financiamento da rede de escolas de ensino profissional;

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Os Recursos Humanos na Região de Lisboa

212

níveis de participação dos activos em acções de formação profissional muito baixos, reflectindo um acesso limitado à Aprendizagem ao Longo da Vida;

dificuldades de reintegração no mercado de trabalho a partir de situações de desemprego e inactividade que atingem também pessoas dotadas de qualificações médias e superiores, confrontadas com a impossibilidade de validar no mercado de trabalho as competências escolares adquiridas;

expansão dos segmentos de actividade e emprego informal condicionadores dos níveis de produtividade da economia, com reflexos na pressão para as saídas precoces do sistema escolar e sobre os salários.

Acrescente-se que os processos de reestruturação produtiva e de reconversão económica de inúmeros ramos de actividade que estruturam o modelo de especialização do emprego da Grande Lisboa e da Península de Setúbal se encontram bastante atrasados, com consequências a prazo sobre a composição absoluta e qualitativa do contingente de desempregados.

Análise SWOT

PONTOS FORTES PONTOS FRACOS - Aumento de oferta do ensino pré-escolar - Melhoria dos equipamentos escolares - Qualificação crescente dos activos - Uma Percentagem significativa de população licenciada

- Manutenção de altas taxas de insucesso e abandono em todos os níveis de ensino - Forte debilidade na oferta de ensino profissional e tecnológico, deficiente apetechamento das escolas públicas e sobretudo desarticulação e sub-financiamento da rede de escolas de ensino profissional;

- Desarticulação dos vários níveis de ensino - Fracos níveis de participação dos activos em acções de formação profissional - Aumento do desemprego que penaliza sobretudo os mais novos e as mulheres - Dificuldades de emprego de pessoas com alguns níveis de deficiência não impeditivos de actividade Dificuldades de reintegração no mercado de trabalho de pessoas dotadas de qualificações médias e superiores

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Os Recursos Humanos na Região de Lisboa

213

2. ORIENTAÇÕES ESTRATÉGICAS

A natureza e o peso das necessidades prioritárias decorrentes deste diagnóstico continuarão a estabelecer uma pressão acentuada sobre os recursos de financiamento público.

Justifica-se, assim, ter presente e equacionar (na óptica dos interesses estratégicos da Região) o quadro de referência de domínios de intervenção prioritária desenhado pelos novos objectivos Competitividade Regional e Emprego e Convergência, que enquadram a reforma das políticas de coesão, bem como as orientações específicas que enformam a 2ª fase da Estratégia Europeia para o Emprego e dão sequência aos compromissos de relançamento da Estratégia de Lisboa (investimento nas áreas-achave para a sociedade do conhecimento; concretização da estratégia de aprendizagem ao longo da vida; e construção da Europa da educação e da formação).

Neste quadro de referência, importa salientar as orientações seguintes:

Objectivos específicos associados à reforma das políticas de coesão reforçar a qualificação dos recursos humanos para aumentar o potencial de emprego e a produtividade

do trabalho (objectivo convergência); capacidade de adaptação dos trabalhadores e das empresas e acesso ao mercado de trabalho

(objectivo competitividade); inclusão social dos mais desfavorecidos; luta contra as discriminações; desenvolvimento de parcerias e

de redes para o emprego e a inclusão (objectivo competitividade).

Orientações estratégicas EEE/PNE fomento e desenvolvimento do capital humano e da aprendizagem ao longo da vida; criação de emprego e espírito empresarial; fazer face à mudança e promover a adaptabilidade e a mobilidade no mercado de trabalho; medidas activas e preventivas dirigidas aos desempregados e aos inactivos; promover a inserção no mercado de trabalho de pessoas desfavorecidas e combater a discriminação

de que são alvo.

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Os Recursos Humanos na Região de Lisboa

214

3. PRIORIDADES DE INTERVENÇÃO

No horizonte dos próximos dez anos o perfil de modalidades de intervenção dos sub-sistemas de formação escolar e profissional não deverá sofrer transformações muito acentuadas tendo em conta a densidade (nomeadamente, em termos de escala)as necessidades prioritárias que decorrem das dimensões-problema sistematizadas no ponto 1.

As propostas estratégicas incluem três níveis de prioridades. Em primeiro lugar a qualificação e o reforço das instituições e organizações de ensino de forma a garantir a qualidade da formação mas também a adequação do perfil da formação oferecida às necessidades do tecido produtivo:

diversificação de ofertas de cursos de nível secundário e pós- -secundário;

oferta de formação inserida nos níveis tecnológicos exigidos bem como 1 formação associada ao desenvolvimento estratégico das organizações e à produção de investigação e desenvolvimento;

reforço da associação entre formação profissional e apoio a investimentos de modernização no tecido empresarial;

qualificação dos agentes educativos, inovação das metodologias de intervenção, renovação dos recursos e materiais didácticos,...).

apoio à formação em contexto de trabalho e a centros de formação empresarial;

apoio à inserção de quadros nas empresas uma vez a formação concluída;

Uma segunda prioridade orienta-se para a procura adequando as ofertas do sistema de ensino à sua diversidade

apoio à diversificação dos percursos escolares dos jovens com prioridade para a dupla certificação escolar e profissional e apoio aos percursos individuais, articulando competências profissionais e escolares;

1 Ver a identificação dos níveis necessários em Organizações.

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Os Recursos Humanos na Região de Lisboa

215

difusão da educação/formação de adultos (competências básicas e reconversão de enquadramento da mão-de-obra de competências) e ao reconhecimento, validação e certificação de competências;

apoios à reinserção social e profissional dos desempregados e de outros grupos com especiais dificuldades de inserção sócio-profissional;

Uma terceira prioridade relaciona-se com o indispensável esforço de inserção da população com mais dificuldades de inserção no mercado de trabalho;

integração entre a formação pessoal, social e profissional;

apoio a formas temporárias de “emprego protegido” que integra níveis de formação certificados

implementação de sistema de incentivos à formação de instituições espaciais como Lares, prisões, hospitais, etc.

implementação de um sistema alargado de bolsas de estudo

3.1. Critérios a salvaguardar nas prioridades de intervenção

A preocupação de estabelecer prioridades e apostas estratégicas num contexto de redução de recursos de financiamento, sugere haver vantagem na definição de abordagens selectivas ainda que o enunciado dos pontos anteriores evidencie que existe uma banda larga de modalidades de intervenção que é necessário comportar, em face da necessidade de assegurar respostas geradoras de um efeito massa para a solução dos problemas em presença e anunciados.

No elenco de critérios, e em formulação preliminar, apontam-se os seguintes:

relevância e prioridade a projectos e intervenções que contribuam para melhorar os interfaces entre as acções de qualificação dos recursos humanos e os projectos de investimento económico, inovação e modernização empresarial;

relevância e prioridade a projectos e intervenções que contribuam para dar racionalidade à articulação entre as modalidades de formação escolar e profissional tanto dos segmentos jovens como dos grupos de activos adultos;

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Os Recursos Humanos na Região de Lisboa

216

prioridade ao estabelecimento de parcerias de projecto envolvendo recursos logísticos, técnicos, financeiros e humanos e privilegiando a presença de empresas entre as entidades parceiras;

prioridade à concepção e desenvolvimento de projectos com carácter regional, abrangendo a Área Metropolitana, susceptíveis de gerar um efeito rede de modo a ampliar os efeitos pretendidos;

prioridade à estruturação de redes de unidades formativas com características temáticas e/ou integrando estabelecimentos de vários graus de ensino.

A atribuição de carácter estruturante a um determinado Projecto, pressupõe a maximização dos critérios que o mesmo preenche, ou seja, o Projecto é tanto mais estruturante quanto mais critérios reunir.

4. PROJECTOS ESTRUTURANTES

A partir do conjunto de iniciativas organizado pela CCDR de Lisboa, designadamente o “brainstorming” de peritos em 16/02/2005 e o Seminário do CCB em 05/05/2005, foi possível sistematizar elementos de visão prospectiva e ideias de projectos e intervenções-tipo, com relevância estratégica no horizonte 2015.

Os projectos/intervenções a seguir enunciados correspondem a um exercício preliminar que abrange situações com graus de amadurecimento distinto constituindo uma base de trabalho para aprofundamento/afinação gradual.

PE1. Programa-piloto de combate ao insucesso escolar associado aos processos de reconhecimento, validação e certificação de competências não formais e adquiridas via formação contínua, nomeadamente em articulação com o cumprimento da cláusula de formação.

PE2. Rede Regional de Escolas Profissionais de Excelência estruturando ofertas de nível III e IV em articulação activa com a procura empresarial de quadros intermédios e com as instituições de ensino superior, politécnico e universitário, em áreas técnicas inovadoras de forte conteúdo tecnológico.

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Os Recursos Humanos na Região de Lisboa

217

PE3. Criação de Núcleos de Investigação Cientifica e Tecnológica associados a Agrupamentos de Escolas Secundárias e Profissionais, com o objectivo de estimular a produção de recursos e materiais didácticos inovadores partilháveis pela rede de estabelecimentos de proximidade (territorial e sectorial). A estes Núcleos deverão estar acoplados:

financiamento de capital de risco para a geração de pequenas iniciativas empresariais.

Programas Estímulo ao Empreendedorismo suportado por uma parceria estratégica entre Associações Empresariais, Associações de Estudantes, Escolas Profissionais, Instituições de Ensino Superior e unidades de apoio à incubação de empresas.

PE4. INOVENSINO – o enquadramento e apoio a projectos com inovações pedagógicas adquiridas deverá beneficiar interactivamente dos resultados e mais-valias geradas pelos Núcleos de Investigação Tecnológica.

PE5. “Investigação e Ensino apoiados” em áreas-chave do desenvolvimento científico e tecnológico e assentes no estímulo à investigação e à frequência de formação avançada em áreas científicas prioritárias (em termos prospectivos), definidas pela articulação entre escolas, empresas e serviços.

PE7. Projecto “INSER+” orientado para a inserção na vida activa compreendendo intervenções em matéria de informação e orientação escolar e profissional; facilitação de transição escola-trabalho; dinamização de estágios profissionais para diplomados com habilitações médias e superiores; inclusão pelo emprego de populações com especiais dificuldades de integração no mercado de trabalho.

PE8. Projecto de rejuvenescimento e qualificação dos agentes da administração pública regional e local, subordinado ao enquadramento em projectos de modernização dos serviços, com prioridade formativa às temáticas da gestão e ordenamento do território, intervenções de reabilitação urbana e gestão de projectos em parceria.

Page 250: Informação para a União Europeia sobre a Estratégia de Lisboa para a Região de Vale do Tejo

Os Recursos Humanos na Região de Lisboa

218

PE9. Concepção e desenvolvimento de programas de formação contínua em áreas críticas de reconversão de actividades económicas da especialização de Lisboa, na óptica da adaptabilidade das empresas e dos activos empregados e desempregados.

Page 251: Informação para a União Europeia sobre a Estratégia de Lisboa para a Região de Vale do Tejo

7. Estratégia de Mobilidade e Transportes para a Região de Lisboa

Page 252: Informação para a União Europeia sobre a Estratégia de Lisboa para a Região de Vale do Tejo

Estratégia de Mobilidade e Transportes Para a Região de Lisboa

220

1. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO

1.1 Enquadramento

O processo de definição da estratégia de Mobilidade e Transportes na Região de

Lisboa para o período 2007-2013 decorre num contexto em que são múltiplas as

mudanças (ou tensões que provocarão mudanças) com influência nessa definição:

■ A Região de Lisboa passa a conter apenas os NUTS III da Grande Lisboa e da

Península de Setúbal, tornando-se assim uma região quase exclusivamente urbana;

■ Esta mesma Região deixa de poder aceder ao antigo Objectivo I, decorrendo agora

as suas possibilidades de financiamento FEDER no âmbito do antigo Objectivo II, que

se passa a designar de “Competitividade Regional e Emprego”, com dotações

financeiras anuais médias que na melhor das hipóteses se situarão em cerca de 8

vezes menos que anteriormente;

■ Portugal é um dos signatários do Protocolo de Kyoto e todas as projecções apontam

para uma situação de quase inevitável emissão excedentária de Gases com Efeito de

Estufa pelo nosso país, com as correspondentes penalizações financeiras. Uma parte

importante dessas emissões é originária das actividades de transportes, e uma parte

significativa dessa actividade decorre nesta Região, pelo que deverá procurar-se

atingir uma redução significativa das emissões em excesso, desejavelmente sem

danificar a competitividade económica da região;

■ O país encontra-se em situação económica muito difícil, quer no que respeita ás

contas do Estado, quer no que respeita ao crescimento económico. Sendo as

exportações o principal motor do crescimento económico, e não sendo mais viável o

suporte dessas exportações na prática de salários baixos, a Região de Lisboa, pela

sua forte concentração de actividades de I&D, tem especiais obrigações em contribuir

para esse crescimento através da criação de produtos e serviços capazes de competir

no exterior pelo seu factor de novidade e valor acrescentado, e não tanto pelo preço

mais baixo. É importante cruzar esta situação com a prioridade que o actual

Governo atribui à inovação tecnológica, e assinalar que poderá encontrar-se aqui

Page 253: Informação para a União Europeia sobre a Estratégia de Lisboa para a Região de Vale do Tejo

Estratégia de Mobilidade e Transportes Para a Região de Lisboa

221

alguma capacidade adicional, não só de financiamento mas sobretudo de

alavancagem e aceleração, através de esquemas de cooperação com regiões mais

desenvolvidas a financiar no quadro do novo Objectivo de “Cooperação Territorial

Europeia”.

Nos anteriores períodos de financiamento (QCA I, II e III) os programas operacionais

de Acessibilidades e Transportes absorveram sempre componentes significativas do

investimento global e da comparticipação comunitária, com particular destaque para as

infra-estruturas. No QCA III (2000 – 2006) os valores aprovados e executados até ao

final de 2003 para a Região de Lisboa e Vale do Tejo foram (em milhões de Euros)1:

Quadro 1

Valores financeiros [milhões de Euros] dos investimentos em Acessibilidades e

Transportes na Região de Lisboa e Vale do Tejo no período 2000 – 2006 (não inclui

investimentos públicos não comparticipados nem investimentos privados em redes

concessionadas)

Total Aprovado

Compart. EU Aprovada

Executado até final 2003

Compart. EU até final 2003

FEDER – POAT (Programa Operacional Acessibilidades e Transportes)

405,8 164,8 318,5 130,6

Prog. Regionalizado (Acessibilidades e Transportes)

270,5 122,0 139,6 60,6

Total FEDER (Acessibilidades e Transportes)

676,3 286,8 458,1 191,2

Fundo de Coesão (Transportes) 1035,9 839,8 308,1 251,6

Total geral com participação EU 1712,2 1126,6 766,2 442,8

Para além das mudanças e tensões acima identificadas, a Região de Lisboa defronta-

se com uma situação difícil no domínio da mobilidade e transportes, decorrente de

múltiplas falhas acumuladas ao longo dos anos, decorrentes antes do mais da

1 Não se inclui neste quadro qualquer parcela dos valores do POAT não regionalizáveis

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Estratégia de Mobilidade e Transportes Para a Região de Lisboa

222

ineficácia dos esforços tendentes à afirmação de uma política regional de

ordenamento do território, e sucessivamente agravadas pela dispersão e incoerência

das medidas tomadas no domínio da mobilidade e transportes pelos múltiplos agentes

públicos com competências para tal. Na ausência de mensagens e práticas claras e

coerentes de política de transportes, os agentes privados vão tentando satisfazer os

seus requisitos de mobilidade da forma mais conveniente, o que na prática significa

com base em veículos privados logo que isso lhes seja economicamente possível.

Assim, e apesar dos vultuosos investimentos feitos nos últimas décadas nos sistemas

de transportes colectivos – quer em infra-estruturas quer em renovação de frotas –

tem-se continuado a acentuar a conquista de parte de mercado pelo transporte

individual, no caso dos passageiros.

Também no caso do transporte de mercadorias há situações de grave ineficiência

operacional, cuja projecção sobre os recursos públicos se manifesta sobretudo pela

realização sistemática das operações de carga e descarga nas pistas de circulação

(paragem em segunda fila), mas também pela presença excessiva de camiões em

algumas das estradas da Região, o que decorre da quota de mercado muito elevada

do modo rodoviário nas trocas comerciais com as outras regiões nacionais e com o

estrangeiro. Neste domínio há carências significativas a nível dos instrumentos de

apoio à intermodalidade e à eficiência do transporte de mercadorias em geral, bem

como da fiscalização da utilização do espaço público.

Há múltiplas outras tensões e desafios importantes no domínio dos transportes e nas

suas implicações sobre a economia e o ambiente, em que as respostas (do lado do

Estado) exigem actuação a nível de Governo, ainda que em várias frentes essas

actuações devam ser coordenadas com outras a cargo dos municípios da região, por

vezes isoladamente e por vezes em conjunto.

No que respeita à Região de Lisboa, embora haja ainda algumas carências de infra-

estruturas de custo elevado, as maiores dificuldades não podem ser resolvidas por

recurso a esse tipo de solução, exigindo pelo contrário medidas de políticas e

organização da mobilidade, e da sua melhor articulação com os usos de solo.

Quer no domínio específico da mobilidade, quer no da sua articulação com os

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Estratégia de Mobilidade e Transportes Para a Região de Lisboa

223

usos de solo, há necessidade de intervenção a todas as escalas territoriais, desde a

mais local (bairro) até à mais ampla (Região).

Refira-se por último que à data de produção deste documento (Outubro de 2005), a

União Europeia não aprovou ainda as suas Perspectivas Financeiras para o período

2007-2013, o que impossibilita a estimação dos valores de financiamento disponíveis

para todos os programas comunitários, e adiciona portanto um elemento de incerteza

à definição desta Estratégia.

1.2 Domínios de Actuação Elegíveis e Níveis de Comparticipação no Objectivo “Competitividade Regional e Emprego”

De acordo com os regulamentos em vigor, o novo Objectivo 2, designado

“Competitividade Regional e Emprego” tem como objectivos principais no domínio do

Desenvolvimento regional (FEDER) “a competitividade e a atractividade das regiões,

antecipando as mutações económicas e sociais e apoiando a inovação, a sociedade

do conhecimento, o espírito empresarial, a protecção do ambiente e a prevenção de

riscos”. A assistência deste programa será centrada nas seguintes prioridades:

a) inovação e sociedade do conhecimento,

b) ambiente e prevenção de riscos,

c) acesso, fora dos centros urbanos principais, a serviços de transportes e de

telecomunicações de interesse económico geral

Por outro lado, e em relação a cada eixo prioritário dos programas operacionais, a

participação dos fundos nas despesas públicas, deverá representar pelo menos 20%

destas e está sujeita ao limites máximo de 50% no que respeita ao FEDER no

objectivo competitividade.

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Estratégia de Mobilidade e Transportes Para a Região de Lisboa

224

1.3 O Financiamento das Infra-Estruturas de Transportes no Novo Quadro Comunitário de Apoio

Este sector tem sido tradicionalmente um dos principais receptores de fundos

estruturais, sobretudo para aplicação em infra-estruturas, agora não elegíveis no

Âmbito do FEDER e na Região de Lisboa.

Na definição de uma estratégia para o sector de mobilidade e transportes na Região

de Lisboa no período 2007-13 não pode no entanto deixar de se assinalar que há

ainda algumas lacunas significativas de infra-estruturas na Região: dois grandes eixos

rodoviários por completar com financiamento integral de capitais públicos (CRIL e Eixo

N/S, este já com a sua conclusão programada), alguns outros eixos rodoviários a

executar em regime de concessão, e ainda uma extensão considerável da rede do

Metropolitano de Lisboa e alguns projectos de metro ligeiro.

A possibilidade de financiamento destas obras em prazos razoáveis implica recurso ao

Fundo de Coesão e a formas mais criativas de financiamento, com maior recurso aos

beneficiários, quer directos (viajantes), quer indirectos.

No âmbito do objectivo 2 são elegíveis alguns projectos de infra-estrutura no âmbito da

terceira prioridade acima descrita, mas apenas (cf. Regulamento) para reforço das

redes secundárias. Em todo o caso, considera-se desejável evitar a afectação de

meios para esse fim, a menos de dificuldades de execução da despesa autorizada,

porque a absorção de fundos que certamente ocorreria podia pôr em risco o atingir da

escala mínima de viabilização das restantes iniciativas adiante propostas.

1.4. Metodologia Adoptada para a Preparação da Estratégia

Perante a situação de inevitável mudança do principal ponto de aplicação dos fundos

comunitários (FEDER) na Região de Lisboa, deixando de passar a dispor de um

sorvedouro óbvio e potente (infra-estruturas), e passando a ter de mobilizar uma maior

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Estratégia de Mobilidade e Transportes Para a Região de Lisboa

225

dose de engenho e exigência para a identificação e selecção dos projectos a propor

para financiamento, considerou-se importante iniciar o processo com um exercício de

reflexão organizada envolvendo os principais stakeholders do sector.

Esse exercício foi estruturado em 3 fases:

i) Auscultar, através de inquérito, um conjunto de stakeholders do sector, quer do

lado da oferta quer da procura, acerca das suas queixas, diagnóstico de causas

e sugestões de projectos. Foram inquiridas cerca de 60 entidades, das quais 10

responderam;

ii) Consideração dessa informação, a par com ideias próprias, pelo Grupo de

Reflexão constituído pelo Presidente da CCDR, seguido da elaboração de um

draft de Proposta de Estratégia regional neste sector

iii) Discussão desse draft em seminário com os mesmos stakeholders, e sua

eventual revisão para apresentação superior

As entidades auscultadas e que responderam foram as seguintes:

● SECTOR PORTUÁRIO

- ADMINISTRAÇÃO DO PORTO DE LISBOA

- ADMINISTRAÇÃO DOS PORTOS DE SETÚBAL E SESIMBRA

- COMUNIDADE PORTUÁRIA DE LISBOA

● SECTOR AEROPORTUÁRIO

- NAER

- PORTWAY (HANDLING AEROPORTUÁRIO)

- (NAV – respondeu indicando que não tinha ligação directa com os assuntos em

questão)

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Estratégia de Mobilidade e Transportes Para a Região de Lisboa

226

● TRANSPORTES COLECTIVOS DE PASSAGEIROS

- ANTROP

● CONSUMIDORES

- AUTOMÓVEL CLUBE DE PORTUGAL

- DECO

- ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA

As respostas ao inquérito foram naturalmente variadas, mas é possível agrupar as

queixas dominantes e ou mais interessantes foram as seguintes:

■ Insuficiência e má qualidade na intermodalidade

■ Inadequação dos sistemas de informação e de bilhética

■ Insuficiente oferta de TC de passageiros fora dos eixos e horários de procura

elevada

■ Deficiente acesso aos TC para pessoas de mobilidade reduzida

■ Estacionamento (e cargas / descargas) em Lisboa com grave indisciplina e oferta

insuficiente em alguns locais

■ Alguns “missing links”, rodoviários, ferroviários e marítimos e até pedonais

■ Falta de segregação dos acessos rodoviários a grandes geradores relativamente ao

tráfego geral da AML, com perdas graves de eficiência nas funções associadas a

esses grandes geradores

■ Carência de zonas de actividade logística nos terminais marítimos e aéreos

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Estratégia de Mobilidade e Transportes Para a Região de Lisboa

227

Uma leitura conjunta destas queixas indicia como factores dominantes da perda de

qualidade do sistema de transportes, por um lado a falta ou insuficiência de integração

dos vários modos e operadores, quer no transporte de passageiros quer de

mercadorias – que se manifesta por lacunas a nível as funções de nível superior de

complexidade – e por outro a indisciplina de utilização do sistema de tráfego

rodoviário, resultante da dispersão de autoridades de fiscalização e da falta de

directrizes estratégicas e regras claras (e entendidas como justas) quanto às formas

aceitáveis de utilização do espaço viário.

De uma forma geral as sugestões apresentadas eram demasiado genéricas (do estilo

“promover a criação de…” ou “”definir os princípios para…”) para poderem representar

um contributo eficaz para a produção deste documento de estratégia.

Page 260: Informação para a União Europeia sobre a Estratégia de Lisboa para a Região de Vale do Tejo

Estratégia de Mobilidade e Transportes Para a Região de Lisboa

228

1.5. Análise SWOT

PONTOS FORTES PONTOS FRACOS ● BOA BASE DE PARTIDA DA REGIÃO EM TERMOS DE POTENCIAL CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO ● FORTE CONCENTRAÇÃO DE ACTIVIDADES DE I&D NA REGIÃO ● EXPERIÊNCIA DE INOVAÇÃO CONCRETA E SIGNIFICATIVA NOS DOMÍNIOS DO PLANEAMENTO E GESTÃO DOS SISTEMAS DE TRANSPORTES E DA ELECTRÓNICA E COMUNICAÇÕES

● DISPERSÃO E INCOERÊNCIA DE MEDIDAS TOMADAS NO DOMÍNIO DA MOBILIDADE E TRANSPORTES ● INEXISTÊNCIA DE UM PLANO METROPOLITANO DE MOBILIDADE E TRANSPORTES DE LISBOA E DE UMA AUTORIDADE METROPOLITANA DE TRANSPORTES ● DEFICIENTE INTEGRAÇÃO DOS VÁRIOS MODOS E OPERADORES E CARÊNCIAS A NÍVEL DOS INSTRUMENTOS DE APOIO À INTERMODALIDADE E À EFICIÊNCIA DOS TRANSPORTES ● INDISCIPLINA NA UTILIZAÇÃO DO SISTEMA DE TRÁFEGO RODOVIÁRIO - CARÊNCIAS A NÍVEL DA FISCALIZAÇÃO DA UTILIZAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO (DISPERSÃO DE AUTORIDADES), FALTA DE DIRECTRIZES ESTRATÉGICAS E DE REGRAS CLARAS QUANTO À UTILIZAÇÃO DO ESPAÇO VIÁRIO ● DEGRADAÇÃO DA SEGURANÇA PEDONAL E DA EFICIÊNCIA OPERACIONAL DOS TRANSPORTES COLECTIVOS ● CARÊNCIAS DE ALGUMAS INFRA-ESTRUTURAS, NÃO ELEGÍVEIS NO PRÓXIMO PERÍODO DE PROGRAMAÇÃO

OPORTUNIDADES AMEAÇAS ● POSSIBILIDADE DE ATACAR UM NÚMERO SIGNIFICATIVO DE PROBLEMAS DO SECTOR ATRAVÉS DUMA UTILIZAÇÃO SOFISTICADA DE TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO ● PRIORIDADE ATRIBUÍDA PELO GOVERNO À INOVAÇÃO TECNOLÓGICA, EM PARTICULAR, NO DOMÍNIO DOS TRANSPORTES ● NECESSIDADE DE ABANDONAR UM PADRÃO DE EXPORTAÇÕES E DE CRESCIMENTO ECONÓMICO BASEADO NA PRÁTICA DE SALÁRIOS BAIXOS

● FALTA DE AFIRMAÇÃO DA POLÍTICA REGIONAL DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO E FALTA DE ARTICULAÇÃO ENTRE POLÍTICAS DE MOBILIDADE E USOS DO SOLO ● TENDÊNCIA DE CONQUISTA DE MERCADO PELO TRANSPORTE INDIVIDUAL ● PERSPECTIVA DE APLICAÇÃO DE PENALIZAÇÕES FINANCEIRAS EM VIRTUDE DO SIGNIFICATIVO CONTRIBUTO DAS ACTIVIDADES DE TRANSPORTES NA REGIÃO PARA A SITUAÇÃO DE EMISSÃO EXCEDENTÁRIA DE GASES DE EFEITO DE ESTUFA ● REDUÇÃO DE DOTAÇÕES FINANCEIRAS EM VIRTUDE DA SAÍDA DA REGIÃO DE LISBOA DO OBJECTIVO I ● DIFÍCIL SITUAÇÃO ECONÓMICA DO PAÍS EM VIRTUDE DO FRACO CRESCIMENTO E DO DESEQUILÍBRIO DAS CONTAS DO ESTADO

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Estratégia de Mobilidade e Transportes Para a Região de Lisboa

229

2. A VISÃO

Pretende-se nesta secção do documento elaborar um conceito director do que possam

ser as intervenções a incluir no próximo QCA regionalizado para a Região de Lisboa,

tendo como base por um lado as prioridades estabelecidas no novo regulamento dos

Fundos Estruturais para as regiões que se inserem no Objectivo “Competitividade

Regional e Emprego” e por outro os diagnósticos elaborados em múltiplas instâncias e

as queixas apresentadas pelos stakeholders consultados.

Começando por estas últimas, verifica-se que algumas das questões mais marcantes

das respostas têm a ver com a falta de um Plano Metropolitano de Mobilidade e

Transportes de Lisboa (PMMTL), que aborde de forma integrada estas questões e

evite as decisões avulsas, e com a falta de uma Autoridade Metropolitana de

Transportes que possa, como mínimo, proceder à contratualização dos serviços de TC

numa lógica integrada, que favoreça a articulação entre operadores.

A Autoridade está constituída mas não operacional, mas a resolução dessa carência

não cabe neste domínio (nem neste tempo), sendo de esperar que a sua plena

operacionalidade possa estar atingida durante o ano de 2006. Por outro lado, a

elaboração do PMMTL é essencial para melhorar a eficácia e eficiência dos

investimentos, devendo nesse plano (e no processo subjacente) ser assegurado que

haja um tratamento igualmente atento da mobilidade de pessoas e de mercadorias.

Há que reconhecer por outro lado que o sucesso deste Plano exige uma montagem

muito cuidadosa da representação dos municípios e do Estado central na sua

elaboração e na tomada de decisão, sem o que será difícil assegurar o envolvimento

forte das instituições na fase de elaboração, e mais ainda o respeito destas pelos

compromissos estabelecidos através do PMMTL.

Mas, ainda que o PMMTL seja um elemento fulcral para permitir uma melhor

coordenação das políticas do Governo e das várias autarquias e das acções das

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Estratégia de Mobilidade e Transportes Para a Região de Lisboa

230

múltiplas instituições intervenientes sobre o sistema, o conceito director que vai dirigir

a estratégia de Mobilidade e Transportes deve ser mais amplo e mais alinhado com os

objectivos da Competitividade Regional e Emprego.

De facto, se se cruzar os diagnósticos de problemas e os domínios de actuação

elegíveis, verifica-se que um número significativo dos problemas apresentados pode

ser atacado através duma utilização sofisticada de tecnologias de informação,

nomeadamente:

■ Para melhor articulação física e tarifária entre vectores de oferta (intermodalidade)

■ Para melhor capacidade de utilização da oferta existente pelos clientes, ou para

melhor adaptação da oferta às necessidades dos clientes, sobretudo em períodos de

procura menos intensa

■ Para melhor capacidade de utilização selectiva dos recursos físicos (por ex.

afectação dinâmica de corredores exclusivos a fluxos preferenciais, sistemas de car-

pooling)

■ Para melhor fiscalização remota dos regimes de uso dos sistemas, nomeadamente

do estacionamento e das cargas e descargas

Esta constatação leva à selecção como elemento central da Visão pretendida como

suporte à estratégia da afirmação da região de Lisboa como Pólo de

Desenvolvimento, Demonstração e Aplicação de Sistemas Inteligentes de

Transportes.

Esta escolha permite o reforço da competitividade da Região em dois domínios:

■ Na vertente “Desenvolvimento e Demonstração”, pela criação de uma fonte de valor

acrescentado significativo e diferenciado, com elevado potencial de exportação:

equipamentos e sistemas inteligentes de transportes;

■ Na vertente “Aplicação”, pela utilização desses próprios sistemas na Região,

com o que se consegue condições mais eficientes de mobilidade de pessoas e

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Estratégia de Mobilidade e Transportes Para a Região de Lisboa

231

mercadorias, e por essa via uma redução dos custos de produção na economia em

geral e uma melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.

Esta conjugação de efeitos benéficos seria em princípio aplicável a qualquer região,

mas não basta querer ser um pólo de desenvolvimento de novas tecnologias para o

ser em níveis competitivos à escala internacional. Há que dispor das condições para

conseguir atingir esse nível de competitividade e sustentá-lo. Mas esta é de facto uma

região que dispõe de uma boa base de partida no domínio do potencial científico e

tecnológico – quer nos domínios do planeamento e da gestão dos sistemas de

transportes, quer nos domínios da electrónica e telecomunicações – e mesmo de

experiência concreta e significativa de inovação, o que permite esperar que, com o

estímulo que este programa possa representar – desde que bem formulado e gerido –

haja de facto condições para o sucesso desta aposta.

Sendo este o elemento central da visão e da estratégia correspondente, há que

reconhecer que existem na situação actual da região muitos problemas relacionados

com as prioridades de Ambiente e Prevenção de Riscos e que não ficam

adequadamente respondidos, havendo por isso vantagem em apontar um outro

conceito director, complementar do primeiro, e que esteja especificamente dirigido

àquelas prioridades.

Esse conceito corresponde a apoiar um conjunto potencialmente vasto de projectos à

escala local (a elaborar pelos municípios, à escala dos bairros ou de partes de

aglomerado), devidamente enquadrados em Planos de Mobilidade concelhios e

especificamente dirigidos às condições de segurança na mobilidade pedonal e de

serviço pelos transportes colectivos.

Alguns destes projectos serão essenciais para aproveitar plenamente os efeitos

positivos dum eventual investimento pesado, numa via rápida rodoviária, num metro

pesado ou ligeiro, tendo ainda de uma forma geral a vantagem de contribuir para

ultrapassar algumas das maiores debilidades dos nossos sistemas de transportes, e

ajudar à sua escala, para a transferência modal a favor da marcha a pé e dos

transportes colectivos.

Page 264: Informação para a União Europeia sobre a Estratégia de Lisboa para a Região de Vale do Tejo

Estratégia de Mobilidade e Transportes Para a Região de Lisboa

232

Também quanto aos actores que mobilizam, estes projectos podem ser importantes,

por atenderem a segmentos da oferta (de estudos e de obras físicas) mais tradicionais

e com maior disseminação no território da Região, logo com maior facilidade de

mobilização rápida e de equidade na distribuição de fundos nos vários municípios.

A Visão que aqui se propõe, e a estratégia correspondente, estão assim firmemente

centradas na afirmação da Região de Lisboa como um Pólo de Desenvolvimento de

Sistemas Inteligentes de Transportes, com duas vertentes complementares, uma no

domínio da concertação entre os principais agentes públicos com competências no

domínio – a elaboração do Plano Metropolitano de Mobilidade – e outra no domínio

das acções locais de micro-gestão do espaço dedicado à mobilidade, tendo em vista a

melhoria das condições de segurança de peões e de eficiência dos transportes

públicos.

Cobrem-se assim múltiplas escalas territoriais de intervenção e estimula-se a

mobilização de múltiplos tipos de agentes, o que corresponde também a uma ideia

central desta estratégia. Por último, saliente-se que o elemento central da estratégia

se situa em alinhamento perfeito com a prioridade à inovação tecnológica que o

Governo definiu, quer em geral quer mesmo no domínio dos Transportes, conforme

anunciado pelo Ministério das Obras Publicas, Transportes e Comunicações nos

últimos dias do mês de Julho de 2005.

3. PROJECTOS E LINHAS DE ACÇÃO

A estratégia acima apontada contém três linhas de acção de natureza diversa mas

muito complementar e que se reforçam mutuamente: Sendo a linha principal, em

visibilidade e necessidade de financiamento, a da constituição de um Pólo de Inovação

em Sistemas de Transportes Inteligentes (cobrindo as vertentes de desenvolvimento e

de instalação), ela é complementada por uma linha no domínio da articulação

institucional, táctica e funcional, com a realização do Plano Metropolitano de

Mobilidade e Transportes de Lisboa (PMMTL), abarcando toda a Região, e por

uma linha de acção que abre espaço à realização de vários projectos de âmbito

Page 265: Informação para a União Europeia sobre a Estratégia de Lisboa para a Região de Vale do Tejo

Estratégia de Mobilidade e Transportes Para a Região de Lisboa

233

local, dirigidos à segurança pedonal e à eficiência operacional dos transportes

colectivos.

Como foi dito acima, há ainda necessidade de realização de investimentos de infra-

estruturas em montantes significativos, que só podem ser co-financiados através do

Fundo de Coesão. A visão estratégica e a programação devem ser no entanto

comuns, na medida em que, nos termos do próprio Regulamento dos fundos da

política regional, “o Fundo de Coesão e o FEDER terão um único sistema de

programação no que respeita às infra-estruturas de transportes e de ambiente”.

Para a concretização eficaz desta estratégia é necessário dispor das instituições que a

possam assumir com legitimidade política, competência técnica e capacidade

financeira:

■ Para a realização do PMMTL essa instituição será naturalmente e tão cedo quanto

possível a Autoridade Metropolitana de Transportes, cuja missão deverá ser alargada

por forma a incluir a orientação estratégica do sistema de mobilidade, abrangendo

todos os modos de transporte e sua articulação, bem como a validação das medidas

tomadas pelos municípios quanto à sua coerência face àquela orientação. Sendo

muito importante que a AMTL desempenhe um papel de liderança forte na

organização e contratualização dos serviços de transporte colectivo na região, ela não

deve limitar-se a esse papel, sob pena de o sistema de mobilidade e transportes da

região continuar a funcionar sem uma visão e uma gestão que promovam a integração

dos requisitos de mobilidade e a mobilização eficiente dos recursos públicos e

privados necessários para o seu atendimento. As formas de envolvimento financeiro e

orgânico (e portanto de peso decisional) dos municípios e do Governo serão

determinantes para os bons resultados a nível da legitimidade política e capacidade

financeira desta Autoridade. Mas a sua competência técnica tem de ser resolvida,

recorrendo em parte a recrutamento de pessoal experiente (proveniente de municípios

e de operadores de transporte colectivo), e em parte a novas contratações, em ambos

os casos com uma acção forte de capacitação desse corpo técnico para o exercício de

funções de elevada complexidade técnica e de interface institucional que até ao

presente não são executadas (em Portugal) por nenhuma instituição.

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Estratégia de Mobilidade e Transportes Para a Região de Lisboa

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Esse programa de capacitação institucional deve fazer parte desta estratégia, podendo

aparentemente ser as respectivas despesas inscritas para co-financiamento pelo FSE,

na medida em que (citando de novo o Regulamento) “contrariamente aos actuais

programas plurifundos, as futuras intervenções do FEDER e do FSE terão por

objectivo funcionar com um único fundo por programa”.

Ainda que seja certamente urgente a realização do PMMTL, poderá ser no entanto

preferível a constituição e consolidação mínima da AMTL como instituição de suporte

à especificação dos seus termos de referência (ou no mínimo validação de um

trabalho iniciado ou realizado sobre uma estrutura alternativa, funcionando em base

mais voluntarista), lançamento do processo de procurement para a sua realização, de

acompanhamento da mesma em articulação com os municípios e Governo, e de

discussão dos resultados finais e sua transformação em directrizes plenamente

assumidas.

■ A constituição de um Pólo de Inovação em Sistemas Inteligentes de Transportes que

satisfaça os objectivos estratégicos que aqui lhe são cometidos exige a montagem de

uma estrutura que seja capaz de mobilizar e seleccionar iniciativas de elevado

potencial de valor acrescentado, e que não consuma na sua própria gestão uma parte

significativa dos fundos que venham a ser afectos a esta linha de acção.

Essa estrutura deverá preferencialmente começar por ser integrada numa instituição já

existente, possivelmente na própria CCDR, mobilizando parcerias “à medida” com

outras instituições que possam revelar-se importantes, quer para a mobilização dos

contributos financeiros e tecnológicos nacionais, quer para viabilizar as acções de

demonstração e instalação no terreno dos Sistemas Inteligentes de Transportes. Não

cabe aqui a análise detalhada das parcerias desejáveis, mas valerá a pena referir que

a experiência do programa LISACTION pode ser importante para o diagnóstico do

potencial de várias soluções e potenciais parceiros.

Uma vez aprovada a estratégia, e para além desta questão de configuração

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Estratégia de Mobilidade e Transportes Para a Região de Lisboa

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institucional, há que desenvolver cuidadosamente os termos de referência de cada

uma das linhas de acção, tendo em vista a capacidade de atrair propostas de

qualidade por parte dos potenciais proponentes.

LINHAS DE ACÇÃO E PROJECTOS PARA A MOBILIDADE NA AML 1. PLANEAMENTO ● PMMT – PLANO METROPOLITANO DE MOBILIDADE E TRANSPORTES ● PDI – PLANO DIRECTOR DE INFRA-ESTRUTURAS ● PLANOS MUNICIPAIS DE MOBILIDADE 2. REGULAÇÃO / COORDENAÇÃO ● IMPLEMENTAÇÃO DA AUTORIDADE METROPOLITANA DE MOBILIDADE E TRANSPORTES 3. PÓLO DE DESENVOLVIMENTO, DEMONSTRAÇÃO E APLICAÇÃO DE SISTEMAS INTELIGENTES DE TRANSPORTES 4. MOBILIDADE LOCAL ACÇÕES INTEGRADAS NOS PLANOS MUNICIPAIS DE MOBILIDADE DIRIGIDAS À SEGURANÇA DAS DESLOCAÇÕES PEDONAIS E À EFICIÊNCIA OPERACIONAL DOS TRANSPORTES PÚBLICOS (A TÍTULO DE EXEMPLO): ● PEDONALIZAÇÃO ● CONFORTO E SEGURANÇA DE PEÕES 5. Potenciar e ordenar a logística no eixo Marateca/Pegões/Porto Alto