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PUB ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DO DIÁRIO ECONÓMICO Nº 5621 DE 27 DE FEVEREIRO DE 2013 E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE Paulo Figueiredo Nova ligação ferroviária de mercadorias vai impulsionar exportações “A logística é crítica para a competitividade”, diz a presidente da APOL. Conheça a estratégia das empresas para vencer a crise. Cinco casos de sucesso de novas empresas que entraram no sector. Logística & DISTRIBUIÇÃO

Nova ligação ferroviária de mercadorias vai impulsionar exportações

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ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DO DIÁRIO ECONÓMICO Nº 5621 DE 27 DE FEVEREIRO DE 2013 E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE

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Nova ligação ferroviáriade mercadorias vai impulsionar

exportações◗ “A logística é crítica para a competitividade”, diz a presidente daAPOL.

◗ Conheça a estratégia das empresas para vencer a crise.◗ Cinco casos de sucesso de novas empresas que entraram no sector.

Logística &DISTRIBUIÇÃO

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II Diário Económico Quarta-feira 27 Fevereiro 2013

Empresas defendemnova ferrovia para cargaO projecto anunciado pelo Governo de uma Linha de Transporte deMercadorias é apoiado pelas empresas que falaram ao Diário Económico.IRINA MARCELINO

[email protected]

o último mês foram anuncia-dos dois grandes projectosque podem mudar a face dadistribuição de mercadoriase da logística em Portugal.O primeiro será o retomar dalinha de mercadorias ferro-

viária que ligaria os portos do Sul - Lisboa, Se-túbal e Sines - a Espanha numa primeira fase eos portos do Norte do país ao resto da Europanuma segunda fase.O segundo projecto anunciado na área da lo-gística foi a nova plataforma de carga na Tra-faria, Almada, que receberá os contentoresque hoje estão na margem Norte, sob a admi-nistração do Porto de Lisboa.Sobre a linha de transporte de mercadorias, asempresas exportadoras ouvidas pelo DiárioEconómico sentem-se, em geral, satisfeitas.Mesmo que não venham a utilizá-la, conside-ram que uma melhor ligação ferroviária à Eu-ropa será sempre vantajosa.Para quem ainda não usa este tipo de trans-porte, uma linha a funcionar bem poderá pas-sar a ser uma opção. É o caso da cortiça, cujaassociação representativa do sector disse aoDiário Económico que “uma linha que liguePortugal ao centro da Europa poderá ser umaopção viável e alternativo ao transporte rodo-viário” que utilizam.Também a Autoeuropa, uma das maiores ex-portadoras nacionais que já utiliza a ferroviapara transportar as suas cargas, afirma que “aexistência de uma ligação ferroviária eficienteque possa estabelecer a ligação de Portugalcom o centro da Europa tem impacto quer naactividade da Volkswagen Autoeuropa, querem todas as empresas portuguesas”. A Side-rurgia Nacional (SN Longos), por seu turno,também utiliza este meio de transporte, mastem tido dificuldades em operacionalizá-lo“por razões de preço associado ao trajecto queos comboios têm de fazer actualmente, porfalta de ligação mais directa e consequenteacréscimo de custo e, noutra parte, pela faltade operadores ferroviários capazes de organi-zar o transporte de ambos os lados da frontei-ra, de modo eficiente e competitivo, quer emcusto quer em tempo”, disse António Carva-lheiro, da empresa, ao Diário Económico. Umanova linha seria muito vantajosa para a em-presa, já que “iria encurtar significativamentea distância da fábrica do Seixal a Espanha”.No dia em que anunciou o projecto, o secretá-rio de Estado dos Transportes Sérgio Monteiro

N disse que este iria ajudar a reduzir os custospara os exportadores em 40% e aumentar acapacidade de carga para os transportadoresem 80%. Uma nova ferrovia permitiria au-mentar a capacidade e frequência dos com-boios de mercadorias, com realização de com-boios com cerca de 700 metros de compri-mento, o que actualmente não é possível.A linha seria construída já em bitola europeia -em vez da bitola ibérica utilizada actualmenteem Portugal -, que facilitará assim a ligação aEspanha e, posteriormente, a França e ao restoda Europa, evitando o transbordo na fronteira.

Ligação é “crucial”, diz Comissão EuropeiaOs custos do projecto chegarão aos 700 mi-lhões de euros. O valor foi comparado ao cus-to do projecto para o TGV que foi “enterrado”pelo executivo. “O anterior projecto do TGV,na ligação a Lisboa, tinha um custo de 4.276milhões”, disse recentemente o secretário deEstado dos Transportes, Sérgio Monteiro.A redução dos custos é assunto importantequer para o Governo quer para a Comissão Eu-ropeia (CE). Ao Diário Económico, Carlo deGrandis, coordenador das políticas europeiasda CE disse que “o projecto evoluiu e foi rede-senhado para assegurar poupanças substan-ciais”. O responsável considera ainda que a li-gação de mercadorias entre Sines/Lisboa eMadrid como “crucial”, já que está incluída noCorredor Atlântico e desempenha um papelmuito importante para as economias portu-guesa e europeia porque “liga o porto maisocidental do continente europeu ao coração daEuropa. De facto, os portos portugueses são osmais próximos do canal do Panamá, que estáactualmente a ser aumentado, e à América doSul, ficando na rota Suez-Gibraltar para osportos nórdicos”. Além disso, diz ainda Carlode Grandis, esta linha ligará as duas capitaisibéricas, cujas ligações deixam a desejar, deuma forma mais directa.“O que está agora a ser preparado prevê a liga-ção entre Évora e a fronteira, que se encontra-rá depois com uma linha mista na plataformada Extremadura e, parte em Castilla la Man-cha”, afirma. Em Espanha, a linha será “mis-ta” e evoluirá de bitola ibérica para uma bitolaeuropeia, que é usada em França. O terrenoplano entre Évora e Caia é adequado para otransporte de carga, mas também servirá, naeventualidade de se querer regressar ao com-boio de alta velocidade.■

LOGÍSTICA & DISTRIBUIÇÃO AÇORES E CABO VERDE querem ligações aéreas directasentre os dois arquipélagos, visando impulsionar as relaçõeseconómicas. “As ligações aéreas e marítimas são fundamentaispara trazer preços mais competitivos.Falar hoje em turismo e desenvolvimento económico sem haverligações competitivas não faz qualquer sentido”, disse Joãoda Ponte, presidente da Câmara de Lagoa (Açores), à Lusa.

>>90% do que é produzido pela indústriada cortiça é exportado. Deste valor, 50%considera os mercados europeus comolocais de destino destesprodutos. França,Itália, Espanha e Alemanha são os paísesprioritários. “Admitimos que a existênciade uma linha ferroviária que liguePortugal ao centro da Europa pode seruma opção viável e alternativa aotransporte rodoviário que a indústriada cortiça considera até à data, afirmaJoaquim Lima, director geralda Associação Portuguesa da Cortiça(APCOR).

APCOR

>>A construção duma linhade mercadorias pelo traçado anteriorprevisto para o TGV iria encurtarsignificativamente a distância de ligaçãoda fábrica do Seixal a Espanha, peloaumentaria a competitividade dotransporte ferroviário e permitiriacertamente o incremento desse modode transporte. A linha ferroviária seriaimportante, bem como toda a logísticaassociada à expedição de mercadoriasaos portos e dos próprios portos,na medida e possam diminuira componente de custos de exportação,defende António Carvalheiro.

SNLongos

Ao DiárioEconómico,Carlo de Grandis,coordenadordas políticaseuropeiasda CE afirmaque a ligaçãode mercadoriasentreSines/Lisboae Madrid como“crucial”.

OPoceirão fera uma das doze plataformas

logísticas integradas no Portugal Logístico,

projecto que estará ser reavaliado.

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Quarta-feira 27 Fevereiro 2013 Diário Económico III

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O GOVERNO DEVE LEGISLAR e fiscalizar, defende fonte oficialda Prio Energy. “O Governo poderá desenvolver um importantepapel na área da logística e transporte de mercadorias nãonecessariamente através de um investimento, mas atravésdo seu papel legislador e fiscal. Sendo os combustíveisum dos principais custos do negócio dos operadores,a equidade fiscal face a Espanha será fundamental.

A CARGA AÉREA nos principais aeroportos da ANAcresceu 3% em Lisboa e 2,3% no Porto em Janeiro.Já os números deste tipo de carga nos outros aeroportosdo Grupo cairam. Por tipo de voo, a carga transportadaem cargueiros expresso aumentou 2,7%, em aviõesde passageiros 5,6% e em outros cargueiros caiu 36,6%.Emirados Arabes Unidos registaram a principal subida.

>>A rodovia é uma solução esgotada comgrandes impactos ambientais que deveráser substituída para grandes distânciaspor meios mais sustentáveis.O investimento numa infraestruturaferroviária eficiente será uma prioridademas a par com o investimento há quedesbloquear questões técnicas daoperação tal como a impossibilidade deos maquinistas operarem fora do seu paísde origem por não haver uma língua decomunicações comum na UE, bem comoos diferente requisitosdocumentaise legais dos vários países, defendea directora de logística Sandra Augusto.

Autoeuropa

>>A Sonae Indústria, atravésda Euroresinas, não prevê qualquerimpacto” com a linha de mercadorias.“Iremos continuar a utilizar a soluçãorodoviária. Uma vez que os nossosdestinos, quer internamente querpara exportação, não podem aproveitara solução ferroviária, uma das medidasque consideramos importante seria poderaumentar a capacidade de cargados camiões” em circuitos bem definidos,como é o caso Mangualde/Portode Aveiro e Sines/Mangual, assim comoLisboa/Porto. Esta solução de transporterodoviário existe em vários países.

Sonae Indústria

>>Apesar de não virem a ser utilizadoresda linha Sines-Madrid, a Palmetalconsidera que a construção de unmaligação deste tipo tem “todo o interessenacional”, principalmente para viabilizaro Porto de Sines, “que tem imensaconcorrência dos portos do Sulde Espanha”. A empresa especializadaem logística automóvel trabalhacom a Autoeuropa e tem no seu terminalferroviário um serviço bi-semanalde Espanha para as suas instalações.A Palmetal, sediada em Palmela,é fornecedora da Autoeuropa,que também funciona naquele concelho.

Palmetal

>>Considerando que o transportemarítimo de mercadorias longe do litoralEuropeu é muito pouco competitivo,o transporte ferroviário surge comoa melhor alternativa ao rodoviário paraa entrega de mercadorias no centroda Europa. O Grupo considera que a linhaferroviária que ligará os portos a Sulde Portugal é positiva mas insuficientepor haver obstáculos a resolver. Alémdesta medida, devia haver um outrogrande eixo a partir do centro do País,via Vilar Formoso em bitola Europeia,com ligação ao porto da Figueira da Foz.

Portucel Soporcel

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IV Diário Económico Quarta-feira27Fevereiro2013

“A logística é críticapara a competitividade do país”A preocupação do executivo devia estar em acabar com os entraves aos operadores logísticos, defende a APOL.

RAQUEL CARVALHO

[email protected]

actividade dos operadoreslogísticos não vive uma fasepositiva. Em entrevista aoDiário Económico, CarlaFernandes, presidente daAssociação Portuguesa deOperadores Logísticos,

aponta o dedo à elevada burocracia, aos pre-ços pouco competitivos e às SCUT, que diz es-tarem a prejudicar o sector.

Como é que a crise está a afectar o sector?O desinvestimento no tecido económico e adiminuição do consumo interno, leva a menosvolume nas operações logísticas. Existe tam-bém uma grande redução das margens e umaelevada dificuldade de acesso ao crédito paraobter financiamento.Mas os operadores logísticos têm toda umaexperiência de resiliência e de adaptação àsnecessidades de cada cliente, que fazem comque a sub-contratação logística seja de factouma oportunidade para as empresas, sobretu-do, num cenário económico adverso.Em 2013 não se esperam grandes alterações oumelhorias pelo que defendemos que as em-presas estejam atentos à sub-contratação lo-gística de forma a estarem mais concentradosno seu ‘core business’.

Qual tem sido a estratégia seguida pelas empre-sas para contornar os efeitos da crise?A maioria dos operadores logísticos tem emPortugal o grosso da sua actividade e dos seusinvestimentos, e a situação económica desfa-vorável determina uma elevada pressão sobreas empresas. A internacionalização tem sidouma das opções para ultrapassar os efeitos dacrise, até porque muitas das empresas sãomultinacionais e já operam noutros países.Desta forma, os operadores logísticos já pos-suem uma vasta experiência que decorre dapré-existência de plataformas logísticas empaíses estrangeiros nomeadamente em Espa-nha, com quem mantém relações comerciaismuito fortes. Brasil, Angola e alguns países doMagreb são outros países com quem os opera-dores mantém relações comerciais.No sector da logística seremos mais bem suce-didos no processo de internacionalização seoptarmos por mercados com proximidadecultural e linguística à portuguesa.

O que pode ser feito pelo Executivo, por exem-plo a nível fiscal para tornar o sector mais com-petitivo?Consideramos que a preocupação do execu-tivo devia ser a eliminação de entraves àvida das empresas. E esse é o principal pro-blema. A logística é um factor crítico para acompetitividade de um país e Portugal tem

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ENTREVISTA CARLA FERNANDES, PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE OPERADORES LOGÍSTICOS (APOL)

Carla Fernandes, presidente da APOL, acredita

que o Governo não facilita a vida aos operadores logísticos.

LOGÍSTICA & DISTRIBUIÇÃO

Em 1 de Maio entramem vigor as alteraçõesao Regime de Bens emCirculação, as quais CarlaFernandes diz “suscitaremvárias dúvidas, por seremdúbias e poucoesclarecedoras, e quepodem comprometera entrega de mercadoriase de bens de consumoaos portugueses”. Uma dasalterações, é a necessidadede se fazer umacomunicação préviaà Autoridade Tributáriade qualquer transportede mercadoria, que depoisemitirá um código a figurarno documento de transporterespectivo. Carla Fernandescomentou ainda aestagnação do projectodas plataformas logísticas.Para a presidente da APOL,“era expectável queficassem em ‘stand by’pois a forma como foramestruturadas e pensadasnão se adequa à realidadeactual”, diz, afirmando que“se tratam de projectosimobiliários que iriamobrigar a deslocalizarprojectos consistentes,já implementados e comas suas redes criadas,para novas áreas logísticascriadas de raiz, cominevitáveis investimentos”.Porém, classificade positivo, o projectoda Janela Única Portuária“que poderá evoluirpara uma Janela ÚnicaLogística”, diz.

Outros pontosde interesse

vindo a descer nos rankings mundiais pornão respeitar os prazos de entrega. Essa si-tuação está directamente relacionada comos entraves que o Governo tem criado com onovo regime de circulação de bens nomea-damente ao nível do aumento da burocracia,que impedem-nos de sermos mais competi-tivos. Tudo isto tem consequências negati-vas no comércio internacional e no investi-mento estrangeiro em soluções logísticasportuguesas.Depois temos a introdução de SCUT ou o au-mento de portagens nas auto-estradas queafectam a actividade dos operadores logísticos.

A rodovia continua a ser a principal via de co-municação utilizada e os custos imputados aotransporte é um verdadeiro obstáculo ao co-mércio europeu. Por último, consideramos quea competitividade dos preços devia ter sido sal-vaguardada.

O que pode o Estado fazer para sensibilizar maisas PME para a importância da logística?Não é o Estado que deverá dizer o que é im-portante ou não para cada empresa. Achamosque cada vez mais devido às dificuldades quevivemos, as PME estão mais sensibilizadaspara os custos logísticos. ■

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VI Diário Económico Quarta-feira 27 Fevereiro 2013

Grupo Rangel entrou no Brasil em 2013A internacionalização é um dos segredos do sucesso do Grupo Rangel.Presente desde 2006 em Angola e Espanha, onde tem projectosrelevantes, o grupo está desde 2012 em Moçambique “onde temosum projecto ambicioso de investimento”, diz Eduardo Rangel,presidente do conselho de administração. Este ano, entrou no Brasil,onde está “de forma muito activa”. É esta a resposta da empresaà crise, pois Eduardo Rangel acredita que assim “continuará a crescerem 2013, como aconteceu em 2012, ano em que cresceu 8%”, diz.O ano passado, o Grupo aumentou a facturação para 118 milhõesde euros, tendo aumentado em 13% o número de colaboradores.

Mais procura, masmenos volumeAs empresas têm recorrido mais ao serviço de logísticaem regime de ‘outsourcing’ para reduzir custos.RAQUEL CARVALHO

[email protected]

queda do crescimento eco-nómico em Portugal, está acausar quebras no volume decomércio global e isto já sereflecte no sector logístico.Apesar de haver uma procuramaior pelos serviços, o in-

vestimento realizado é menor, pois as empre-sas estão a diminuir os custos, garantem todasas empresas contactadas pelo Diário Económi-co, que citam ainda o recurso ao ‘outsourcing’como solução de futuro.João Bernardo Carriço, CEO da Adicional Lo-gistics, diz que actualmente o sector logístico“evolui em dois sentidos divergentes. Por umlado temos clientes históricos com reduçõessignificativas de volume e, complementar-mente, muita pressão para redução dos seuscustos, tendo como consequência a reduçãodas condições contratuais”. Por outro lado, hámais procura de serviços de ‘outsourcing’,uma vez que, explica, “as empresas procuramexternizar custos fixos, variabilizando-os eentregando actividades não ‘core’ a especialis-tas”, frisa, acrescentando que outra preocupa-ção deverá ser “a procura por nichos de mer-cado antes esquecidos e pela diversificação”.Este último ponto é também, abordado pelaUrbanos. João Pecegueiro, presidente executi-vo, diz mesmo que o grupo “começou a anali-sar outras áreas de negócio e operações demaior escala”, diversificando a oferta, e en-trando na área da “electrónica de consumo,eletrodomésticos, vestuário, sector alimentar,e mais recentemente o sector farmacêutico”.Já Ricardo Sousa Costa, administrador da Gar-land é categórico. Além de defender que emépoca de crise tem que se fazer “mais com me-nos”, acredita igualmente que “o ‘outsour-cing’ logístico é cada vez mais reconhecidocomo uma mais-valia importante para as em-

A presas nacionais, permitindo que se concen-trem no seu ‘core business’ e simultaneamenteaumentem a sua competitividade”, diz, justi-ficando esta opção pela “flexibilidade, obtidapela transformação de custos fixos em variá-veis e, por uma ajustável capacidade de res-posta operacional, assim como a optimizaçãode recursos”. O responsável não tem dúvidasde que o ‘outsourcing’ assegura “a natural re-dução de custos e investimentos e uma melhorperformance logística”.A mesma linha de pensamento tem EduardoRangel, presidente do Conselho de Adminis-tração do Grupo Rangel. Acredita que a ten-dência, é para se “assistir a um crescimentocada vez mais normal do ‘outsourcing’ nasfunções de logística, sobretudo na gestão de‘stock’ e movimentações”. Aborda ainda a ac-tividade de gestão de ‘stocks’, considerandoque esta “vai crescer em moldes cada vez maistecnológicos na robotização e outras ferra-mentas que acrescentem qualidade ao proces-so”. Esta é, aliás, outra tendência abordada pe-las empresas.Sobre tendências, Vítor Enes, director-geral dalogística da Luis Simões, está convicto de que“o futuro está no desenvolvimento de uma ca-deia de abastecimento mais eficiente, rápida eadaptada a um modelo que permite às empre-sas responder às necessidades do cliente deforma efectiva e fiável”, passando ainda “peloaumento das exportações como forma de im-pulsionar os negócios e pela aposta do desen-volvimento de novos serviços que aportemvalor aos clientes”. Também Isabel Viçoso, daLOGIC, fala da opção de subcontratação, re-velando ”sentir uma maior procura do mar,como alternativa ao transporte rodoviário” e adecisão de muitas multinacionais “regressa-rem aos países de origem, deixando espaçopara as empresas nacionais”. ■

LOGÍSTICA & DISTRIBUIÇÃO

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LOGIC apostana especializaçãopara superar a crise

2012 foi um ano de crise, e por isso,também de desafios diários. IsabelViçoso, administradora da LOGIC,acredita que quem souber adaptar-setem sucesso e foi esse o focoda operadora logística em 2012.“Se o mercado muda, nós mudamoscom ele e reinventamos os nossosserviços e soluções para estarem linha com aquilo que o clienteprecisa”, diz. A estratégia da empresapara superar a crise e ter sucesso“tem sido a especializaçãoe a diferenciação, sobretudo,operações à medida dos clientese que se apresentem como valoracrescentado”, destaca a responsávelque assume que a internacionalizaçãonão está a ser considerada,o que contraria a tendência entreas outras operadoras. A prioridadeé “acompanhar os clientes, tendênciasde mercado e implementar inovaçõesque sustentem o crescimentonacional”.

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8%O Grupo rangelaumentou ovolume denegócios em 2012,para 118 milhõesde euros, mais 8%do que em 2011.

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Quarta-feira 27 Fevereiro 2013 Diário Económico VII

Novidades entre as empresas

Luis Simões apostana Península Ibérica

Dascher compraAzkar em 2012

2012 ficou marcado pela aquisiçãopor parte da Dascher Portugalda totalidade da Azkar, uma das maioresempresas de logística da PenínsulaIbérica. O ano passado, a Dascherefectuou mais de 231 mil envios pela viaterrestre e cerca de 6500 por via aéreae marítima, “valores que reflectemum crescimento de 10% no número totalde envios efectuados em 2011 “,revela Celestino Silva, procuradorda Administração da Dascher Portugal(na foto) e ‘country manager’da Azkar Portugal. Desde 2006que a empresa cresce a dois dígitosao ano (10%), tendo registado1,16 milhões de envios em 2012.

STEF cresce pelaexportação de produtos

Em 2012, a STEF “beneficiou de um conjuntode novas actividades e do reforço da relaçãocom muitos dos clientes em novos serviçosque lhe permitiram um crescimentorelevante das vendas”. Quem o diz é SérgioSoares, director-geral da empresa, que temtido nas suas linhas de suporte à exportaçãode produtos alimentares para a Europa“uma das áreas com mais forte expansão”,afirma. A empresa tem apostado aindana especialização, procurando “expandiro espectro de serviços oferecidos”,diz, acrescentando que “conciliar operaçõesde clientes com necessidades semelhantestem sido uma via importante para a ofertaao mercado das soluções mais eficientes”.

Em 2013, a Luis Simões quer continuar aapostar na estratégia que tem vindo aser seguida já há alguns anos. “Crescerna Península Ibérica, sendo que o nossofoco está no mercado espanhol, no qualqueremos conquistar novos clientes, emnovos segmentos de mercado,desenvolver e melhorar sistemas deinformação que resultem em inovaçãopara a gestão de operações”, diz VítorEnes, director-geral de logística para aPenínsula Ibérica. Sobre a crise, oresponsável diz que a melhor postura é“nunca parar de trabalhar e lutar”, o quetem permitido à Luis Simões ter umaactividade sustentável. Um doscaminhos a seguir na empresa é aaposta nas exportações mas também nodesenvolvimento de novos serviços.

Garland com novocentro logístico

O Grupo Garland investiuem 2012 oito milhões de euros,“na construção de um dos maismodernos centros logísticosnacionais, na Maia”, revela RicardoSousa Costa, administrador. Comcapacidade para 20 mil paletes,este equipamento está“apetrechado com as tecnologiasmais avançadas ao nívelda segurança geral e controlode operações, e que permitereceber qualquer tipo de produtoà temperatura ambente”, explica.Para 2013 e 2014, a Garland querprosseguir uma política decrescimento orgânico sustentado,estando a estudar a expansãodas instalações a Sul e a Norte,e a desenvolver uma novaplataforma de sistemasde informação de apoioà distribuição.

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10%A DascherPortugalaumentou em 10%o número deenvios efectuadosem 2012.

8 milhõesfoi quanto aGarland investiunum centrologístico na Maia,com capacidadepara 20 milpaletes.

Adicional ganha com novos negócios2012 foi o primeiro ano, desde 2007 que a Adcional logistics não cresceu.De acordo com João Carriço, CEO, a empresa “manteve o volume de negócios,por via de novos clientes e crescimento de novos negócios, o que compensouas reduções de volume muito significativas”. A estratégia da empresapassa pela “evolução do modelo de negócio. Estamos a migrar das soluçõeslogísticas simples de distribuição e armazenagem, para soluções verticaise completas que incluem operações comerciais, facturação de produto,logística de trademarketing”, entre outros.

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Urbanos está em Marrocos e AngolaAo adquirir duas empresas em 2012, o Grupo Urbanos viu a sua facturaçãoaumentar 20% face a 2011, sendo que em 2013 deverá crescer entre os 5%e os 10%. João Pecegueiro, Presidente Executivo do Grupo Urbanos,informa que a empresa quer investir em tecnologia e sistemasde informação. Destaca a criação do Gabinete de DesenvolvimentoEstratégico de Negócio, que promove “uma maior articulação entre asdiferentes unidades de negócio” e admite ainda que a internacionalização“é um aspecto importante na estratégia de crescimento”. Queremosapoiar e acompanhar o crescimento das exportações portuguesas.Começamos por Marrocos em 2011 e em 2012 em Angola”.

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20%A Urbanoscresceu 20% nafacturação com aaquisição de duasempresas em2012.

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VIII Diário Económico Quarta-feira 27 Fevereiro 2013

Empresas apostam na qualidade einternacionalização para vencer a criseAs exportações estão a crescer mas as empresas de entrega rápida estão a sentir a crise no mercado nacional.

ANTÓNIO DE ALBUQUERQUE E RAQUEL CARVALHO

[email protected]

crise económica e financeiraque se abateu na economianacional está a obrigar asempresas de entrega expres-so a redobrar a qualidade deserviço junto dos clientes.Outras apostaram na inter-

nacionalização para crescerem e todas recu-sam também uma política comercial assenteexclusivamente no preço. Apesar das expor-tações nacionais, nos últimos anos, regista-rem taxas de crescimento, os empresáriosquestionados pelo Diário Económico e quedão apoio às empresas exportadoras não fica-ram inumes à queda da riqueza gerada no país.Américo Fernandes, director geral da DHLExpress em Portugal, assume o crescimentona área de negócio internacional “principal-mente no Norte do País, onde se situam maio-ria dos exportadores nacionais”. Mas quandoquestionado sobre o transporte nacional nãohesitou em afirmar que houve um decréscimoque acompanhou a diminuição do poder decompra. “Houve menos transacções comer-ciais, pelo que o volume de carga transportadadiminuiu”, afirma o responsável.Eduardo Rangel, presidente do Conselho deAdministração do grupo Rangel, em declara-ções ao Diário Económico também reconheceperdas em alguns negócios da empresa, mas“compensados pela internacionalização que

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investimentos em certos segmentos de mer-cado dando o exemplo da “Rangel Pharma,que registou uma taxa de crescimento acimados 30%” (ver texto da página 10). Aliás, o ad-ministrador salienta a importância da inter-nacionalização para o sucesso do grupo ao as-sinalar - depois de Espanha, Angola e Mo-çambique - um novo projecto no Brasil. Eacrescenta: “A verdade é que a nossa decisãode internacionalização não resultou da criseeconómica, mas foi muito oportuna”.Isabel Viçoso, porta-voz da Logic, tambémquestionada sobre a estratégia da empresapara fazer face à crise, exclui um processo deinternacionalização pelo menos no curto pra-zo, mas é peremptória ao afirmar o “acompa-nhamento dos clientes, implementar inova-ções e tendências”. Sobre o mercado internoconfirma a “menor rotação de ‘stock’ dosclientes, mas também houve uma procura porserviços mais inovadores e flexíveis já que asempresas estão mais atentas aos custos”, sa-lienta a responsável.Olivier Establet, administrador delegado daChronopost, não esconde as dificuldades sen-tidas no ano passado e que levaram a umaqueda de 6% da actividade da empresa. Con-tudo, um resultado apenas possível com mui-to empenho e com novas soluções para osclientes, como confessou ao Diário Económi-

co. “A maioria dos nossos clientes sofreramuma grande redução do seu volume de activi-dade e foi devido ao desenvolvimento do ser-viço internacional e da nossa oferta B2C queminorámos a redução da nossa actividade”.Aliás, o mesmo reponsável salienta a estraté-gia da empresa em sensilbilizar os seus clien-tes para o custo da “não qualidade”.O responsável pelo mercado ibérico da multi-nacional UPS, Daniel Carrera, reconhece asdificuldades actuais do mercado nacional à se-melhança do que está a acontecer na Europa.Mas sem levantar o véu sobre a estratégia daempresa para o mercado português demonstraoptimismo quando ao futuro já que acreditanas exportações nacionais. Um dos “melhorescaminhos para estimular o crescimento é atra-vés de exportações já que obrigam as empresasa “optimizar cadeias de fornecimento e destocks”, salienta o responsável.Manuel Castelo Branco, presidente dos CTTExpresso, coloca o acento tónico na fideliza-ção e alerta para o facto da política comercial“não poder ser feito apenas através do preço”.O mesmo responsável salienta como estraté-gico para a empresa do Estado, “desenvolver aintegração ibérica e reforçar o posicionamen-to de grande grupo logístico do sul da Europa,com oferta de serviços de transporte urgente,grandes cargas, e-commerce e actividades delogística integrada”. ■

As empresasestão apostadasem prestarmelhores serviços,inovação einternacionalizaçãopara crescereme todas recusamuma políticacomercial assenteexclusivamenteno preço.

CTT Expresso querem desenvolver integração

ibérica e reforçar presença no Sul da Europa.

LOGÍSTICA & DISTRIBUIÇÃO

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Quarta-feira 27 Fevereiro 2013 Diário Económico IX

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É uma privatização comooutra qualquer ,e nãoprevejo que venhaafectar o sector na áreado transporte expressointernacional queé o nosso negócio.

O QUE DIZEM AS EMPRESAS SOBRE A PRIVATIZAÇÃO DOS TC

AMERICO FERNANDES

Managing director

Express Portugal

Algumas vezes,a distribuição expressoé uma das áreasde negócio de maiorexpressão no GrupoUrbanos, representandocerca de 20% do volumetotal de faturação. Poresta razão, estamosnaturalmente atentosà privatização dos CTT,em particular dos CTTExpresso, bem comoaos movimentosde consolidação quese espera neste sector.De forma generalizada,penso que estaprivatização vem criarpadrões concorrenciaismais equilibrados.

JOÃO PECEGUEIRO

CEO da Urbanos

A UPS congratula-secom a liberalizaçãodos serviços postaisna União Europeia.A liberalizaçãodos mercados mercadosgeralmente levaa serviços de melhorqualidade e mais opçõespara os consumidores.No entanto, a UPS operaem segmentos demercado muito abertosà concorrência e nestemomento não estáinteressada em novosnegócios.

DANIEL CARRERA

UPS Country Manager

for Portugal and Spain

Não conhecemos aindao modelo de privatizaçãopara nos podermospronunciar de formadefinitiva, mas será difícilprivatizar um negóciocujo “core business” cai5% ou mais ao ano. Oulhe juntam uma licençapara a constituição doBanco Postal ou serádifícil privatizar comsucesso. Outrapossibilidade também é,paralelamente com estadecisão do banco postal,privatizar separadamenteos CTT Expresso - aquivejo um panorama maisdifícil.

EDUARDO RANGEL

Presidente do Conselho de

Administração do grupo rangel

Apenas a nossa casa mãepode fazer comentáriosa esta temática.

OLIVIER ESTABLET

Administrador delegado

da Chronopost em Portugal.

>> A maioria dos empresários está indiferente em relação à privatização dos CTT que o Governo prometeu para este ano. O Grupo Urbanos é a excepçãoe ao Diário Económico demonstra estar atento ao processo, concretamente ao CTT Expresso.

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X Diário Económico Quarta-feira27Fevereiro2013

LOGÍSTICA & DISTRIBUIÇÃO

Conheça cinco casos que entrarampor novos caminhos no sectorSão empresas que apostaram em novas áreas que já dão ou que podem vir a dar cartas no sector da logística.RAQUEL CARVALHO E ANTÓNIO ALBUQUERQUE

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A especialização em nichos de negócio temsido um desafio para o Grupo Rangel e umaforma de continuar a crescer. EduardoRangel, administrador, frisa que estaaposta tem registado“alguma animaçãoque se vai manter ouaté melhorar em2013”. No casoparticular da logísticafarmacêutica, com aRangel Pharma, aempresa cresceumesmo 32% em 2012. O grupo está aapostar ainda na distribuição ao domicílio enas vendas por Internet, dois nichos demercado que Eduardo Rangel diz estarem“em grande crescimento, nos mercadosnacional e internacional”. De frisar que ogrupo está focado na gestão logística e nadistribuição de moda, High-tech, e‘outsourcing inside’ logística interna dasempresas.

Rangel no sectorfarmacêutico

A Univeg especializou-se na cadeia devalor de produtos parecíveis, posicionando-se “essencialmente na logística deprodutos alimentares num contexto multi-temperatura, multi-cliente e multi-fluxo”,explica Vítor Figueiredo, ‘country manager’da Univeg Portugal. Esta operadoralogística transporta frutas e verduras,

legumes, carnefresca, bacalhauseco, charcutaria,lacticínios e produtosultracongelados, daíque tenha uma infra-estrutura quepermite “oferecer asolução de qualidadeem qualquer tipo detemperatura desde -

25ºC, até à temperatura ambiente,passando pelos diversos níveis de friopositivos”, garante o responsável, queassume que a estratégia da empresa“passa por se tornar a primeira alternativapara um cliente que procure o ‘outsourcing’de parte ou totalidade dos processos dasua cadeia de abastecimento”.

Especializaçãoem produtos frescos

-25ºNos armazénsde frescosa temperaturapode ir de um frio‘siberiano’até à temperaturaambiente.

32%Foi quantoa Rangel cresceucom a apostana logísticafarmacêutica.

São cada vez mais as empresas de logística que estão atentas para aimportância dos negócios electrónicos. Isto porque, o sucesso de umnegócio nas plataformas electrónicas só é possível com uma logísticaeficiente. A satisfação dos clientes com entregas rápidas é essencial eas empresas de logística sabem disso. Olivier Establet, da Chronopostavança mesmo que a “área de B2C e das entregas internacionais são ossegmentos de negócio em crescimento”. Aliás, para o responsável osnegócios para o comércio electrónico permitiram minimizar o impactoda crise económica. Eduardo Rangel, presidente do conselho deadministração do grupo Rangel quando questionado sobre as tendênciado sector salienta precisamente o comércio electrónico como um“sector a não perder de vista”.

Logística é fundamentalpara o sucesso do comércio electrónico

B2CA áreade “Businessto Consumer”e de entregasinternacionaissão áreasem crescimento.

A NBCmedical, empresaportuguesa que se dedicaà exportação de produtosde saúde, criou aFarmalog, uma empresade importação edistribuição demedicamentos eprodutos na área dasaúde, que funcionatambém em Angola.

Sediada em Luanda, a empresa “veioresponder a uma necessidade crescente nomercado, já que apesar dos 180importadores registados na DirecçãoNacional de Medicamentos e Equipamentos,a distribuição e abastecimento é feita deforma incipiente”, conta Nuno Belmar daCosta. A Farmalog é a “primeira empresade distribuição em Angola com instalaçõesde acordo com os padrões mais rigorososda OMS no que respeita a boas práticas edistribuição”. A empresa garante entregasde remédios e produtos de saúde atemperaturas e humidade adequadas,controladas a partir de Portugal.

Distribuir em Angola,controlando em Portugal

180importadores demedicamentosestão registadosem Angola. Mas adistribuição éfeita de formaincipiente.

Há dois anos, AfonsoTainha quis trazer paraPortugal um carrinho debebé de Inglaterra, tarefaque se revelou umpesadelo. “Encontrarquem o fizesse e a bompreço foi bastantecomplicado”, diz,admitindo que as opçõese preços apresentadosforam muito elevados. Começou entãoa amadurecer a ideia de criar um site quepermitisse comparar todos os prestadoresde serviços expressos. Seis mesespassados, desenvolveu a plataformawww.envio-expresso.pt, “um comparadoronline de envios urgentes (nacionaise internacionais) que permite o pagamentoe agendamento de recolha em tempo realque permite descontos até 60%”, explica.Pensado para particulares e pequenasempresas, conta já “com mais de 350clientes activos”, diz Afonso Tainhaque revela que o Envio Expresso estáagora, “a integrar lojas online e a preparara internacionalização – provavelmentepara a América Latina”.

Site que permitecomparar serviços

350clientes é quantoesta empresaque criou um siteque compara ospreços de todosos prestadores deserviço expresso.

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Afonso Tainha fundou

a www.envio-expresso.pt

A esopecialização da Rangel fna distribuição de produtos

farmacêuticos tem trazido “alguma animação” à empresa.

A Farmalog tem

instalações em Angola.

Vítor Figueiredo, da Univeg

Portugal.

Áreas de comércio electrónico

permitiram minimizar o impacto

da crise económica.

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XII Diário Económico Quarta-feira27Fevereiro2013

LOGÍSTICA & DISTRIBUIÇÃO

Grande Portoà conquista daindustrializaçãoDesde o ano passado que a região do GrandePorto demonstra interesse dos investidores.ANTÓNIO DE ALBUQUERQUE

[email protected]

Grande Porto começa adespertar o interesse dosinvestidores empresariaise Lisboa está parada. ONorte do País sempre foiconhecido com a regiãomais industrializada e em

Lisboa a capital dos serviços. Nas últimas duasdécadas, o grande Porto foi perdendo indús-trias e simultaneamente poder de compra. Emcontrapartida Lisboa reforçou a liderança nosserviços. Agora, estão a surgir pequenos sinaisda recuperação da zona Norte como regiãopara atrair novos investimentos, nomeada-mente de logística. Isto a avaliar pelas tendên-cias de mercado para os terrenos industriaisdas consultoras imobiliárias.Ana Gomes, directora de Industrial e Terrenosda Cushman & Wakefield, quando questiona-da sobre as regiões do país que têm demons-trado maior interesse pelos investidores é pe-remptória: “o Grande Porto”. João Leite Cas-tro, responsável pela área de industrial e lo-gística da Predibisa, confrontado com a mes-ma pergunta afirma precisamente o mesmo.Ana Gomes salienta mesmo a emergência doGrande Porto no ano passado como uma loca-lização com potencial interesse para a logísti-ca. A mesma responsável justifica o interessedos investidores em primeiro lugar com os“custos de transporte (mais portagens e com-bustíveis mais caros) começaram a ter um im-pacto demasiado forte sobre os custos opera-cionais das empresas”. Depois, continua amesma responsável, a “logística de retalho so-freu uma forte quebra enquanto que a logísticaindustrial, associada ao crescimento de algu-ma produção industrial específica e à tentativade impulsionamento das exportações, ganhouum novo ânimo”. Já João Leite Castro, justificaa nova apetência com o início de projectos deconstrução de plataformas logísticas com vá-rias multinacionais, tais como Continental emFamalicão e TNT em Matosinhos”. O mesmoespecialista afirma ainda o “bom desempenhodo Porto de Leixões, que foi muito importantepara o desenvolvimento da logística do Nor-te”. João Leite Castro salienta ainda que Mato-sinhos\Maia continua a liderar a logística dadoa proximidade do aeroporto e Porto de Leixõese que “Valongo começa a ter alguma procurapor ser uma localização a Este do grande Portocom excelentes acessibilidades rodoviária paraNorte, Sul e Este. Por este caso a Chronopostinstalou-se em 2011 com uma nova unidade”.Ana Gomes, remata afirmando que o que“podemos vir a assistir a um novo ciclo de des-envolvimento logístico com mais apostas notransporte marítimo e ferroviário”. ■

O 1 Empresas procuramplataformasSegundo os responsáveiscontactados pelo DiárioEconómico Portugalpoderá assistir a umacréscimo da procurade grandes empresaslogística de querereminvestir em plataformasnas varias áreas taiscomo, pequena logística,grande logísticae logística alimentar.

2 Matosinhos e MaialideramMatosinhos e Maiacontinuam a liderara logística no Portodado a proximidadedo Aeroporto e Portode Leixões.

Tendênciasda logística

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“Podemos vir a assistir a um novo ciclo

de desenvolvimento logístico com mais apostas

no transporte marítimo e ferroviário”,

assegura Ana Gomes, da Cushman & Wakefiled.

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XIV Diário Económico Quarta-feira 27 Fevereiro 2013

A União Europeia e os EUA pretendem criar uma zona de comérciolivre. Acha que esta iniciativa reforça a centralidade de Portugal

no mundo e potencia a internacionalização das empresas do sector,bem como a economia nacional?

Fórum1

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LOGÍSTICA & DISTRIBUIÇÃO

JOÃO BERNARDO

CARRIÇO

CEO da Adicional

Logistics

1. A centralidade dePortugal no Mundotem de passar pelarenovação do nossotecido industrial e

pela especializaçãoem produtos de qualidade para segmen-tos de consumo elevados. Juntando ànossa capacidade natural a habilidadepara chegar longe e nos integrarmos co-mercialmente e logisticamente em mer-cados longínquos e em crescimento, po-deremos conseguir exportar mais e sedi-mentar o nosso protagonismo em algunssectores.

MIGUEL MAJOR

Diretor Geral

da Itautec Ibéria

1. Temos capaci-dade para assumirum papel relevan-te, pois, usufruí-mos de uma locali-

zação privilegiadaem termos intercontinentais. Não po-deria, contudo, defender um ponto devista sem dar exemplos. Na Itautec, in-vestimos com confiança em Portugal,tornando-o hub da empresa para aEMEA, concentrando também os re-cursos para a atuação nos PALOP. Onosso país tem também um laboratóriode inovação da empresa na área do re-talho, dado o ambiente de alta tecnolo-gia que carateriza o setor. A inovaçãodeve ser a palavra de ordem. Mas falta-nos a crença que permita ver os benefí-cios que temos, para começar a tirarpartido deles.

VITOR ENES

Director geral

de logística ibérica

da Luís Simões

1. Não temos muitainformação sobre otema. No entanto,consideramos queesta iniciativa teria

todo o interesse aopotenciar a economia de dois blocoseconómicos como são os Estados Unidose a União Europeia.

EDUARDO RANGEL

Administrador

do grupo Rangel

1. Antes de maisgostava de realçarque esta é uma ini-ciativa que há mui-tos anos deveria ter

acontecido. A con-cretizar-se, será a zona económica maisfértil do mundo, e a única capaz de fazerfrente à China. Portugal, fruto da nossamaior proximidade, poderá, se souberposicionar-se, ser uma das portas im-portantes de entrada e saída no grande

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Quarta-feira 27 Fevereiro 2013 Diário Económico XV

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crescimento comercial que se vai des-envolver. Pode com certeza potenciali-zar mais internacionalização nos EUA deempresas portuguesas. Quanto às donosso sector, será mais difícil, já que osEUA têm as maiores e mais eficazes em-presas do setor logístico.

ISABEL VIÇOSO

Porta-voz LOGIC

1. Portugal tem decriar vias diretas erentáveis para osnegócios, dadoque, apesar da suaposição privilegia-

da no mapa-mun-do, ainda é uma franja de negócio a ex-plorar. Estar na ‘ponta’ da Europa tam-bém pode ser bom. Tantas vezes referi-do como porta de entrada no continen-te europeu, Portugal pode ser visto in-versamente como uma porta de saídapreferencial para África e outros paísesonde a restante Europa não chega tãofacilmente. A nossa posição não noscoloca “à margem” mas sim no centrodo mundo, no centro da partilha de co-nhecimentos, de ferramentas e de pes-soas, que nos permitem continuar acrescer.

CARLA FERNANDES

Presidente da Associação

Portuguesa de Operadores

Logísticos

1. Esta iniciativa, sefor bem aproveita-da, pode certamen-te potenciar o movi-mento nos portos

nacionais, favore-cendo actividades de acabamento deproductos intermédios. E, por outrolado, também irá favorecer as exporta-ções portuguesas para os EUA.

JOÃO PECEGUEIRO

CEO da Urbanos

Diretor geral da STEF Portugal

1. Sempre conside-ramos que Portugalpoderá desempe-nhar um papel fun-damental nas trocas

comerciais de e para aEuropa. Teremos para isso que ter umavisão estratégica e nacional de longo pra-zo que terá que ser assumida pelo Estado epelos empresários nacionais. Precisamosde uma política articulada para o desen-volvimento da rede nacional de platafor-mas logísticas, via-férrea, rodovia e por-

tos. Além da qualidade de serviço, a nossaoferta terá que ser agressiva para que nospossamos sobrepor à oferta de algunspaíses nórdicos, muito evoluídos em ter-mos de soluções logísticas, e mesmo emrelação à oferta do nosso país vizinho. Aaposta continuada na formação de qua-dros superiores e intermédios no sectorda logística é essencial para este desígnio.

RICARDO SOUSA

COSTA

Administrador Garland

1. Sem dúvida quesim. Portugal temexcelentes condi-ções para se tornaruma das principais

portas de entrada naEuropa através dos seus portos. Em mui-tos deles assistimos já a esforços signifi-cativos para uma melhoria das condiçõespara receber e distribuir competitiva-mente as mercadorias para a Europa.Será fundamental a optimização do pro-cesso de desalfandegamento das merca-dorias, a nível de custos, burocracia pro-cessual e do tempo de execução e ques-tões fiscais. É essencial reforçar as liga-ções terrestres por via ferroviária com asprincipais linhas de circulação da Euro-

pa, o que felizmente parece vir a ser umaaposta nacional nos próximos anos.

SÉRGIO SOARES

Diretor geral da STEF Portugal

1. Esta centralidadegeográfica não si-gnifica uma centra-lidade económicanem mesmo logísti-ca. O trabalho deconferir competiti-

vidade aos produtosportuguseses, pelo caminho da qualida-de e da diferenciação é e será sempre umabatalha por conquistas que não ficará fa-cilitada com esta nova área de comérciolivre.

CELESTINO SILVA

Procurador da administração

da Dachser Portugal

1. O Grupo Dachserinibe-se de fazerqualquer comentá-rio em torno de pre-tensões de natureza

política e/ou econó-mica que ainda não tenham sido efecti-vadas.

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