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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS NÚCLEO DE PESQUISAS EM LIMNOLOGIA, ICTIOLOGIA E AQÜICULTURA RELATÓRIO FINAL: LEVANTAMENTO PRELIMINAR DO ICTIOPLÂNCTON DA BACIA DO RIO IVAÍ PR. (Período: Janeiro/99 a Abril/99) Maringá Maio de 1999

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

NÚCLEO DE PESQUISAS EM LIMNOLOGIA, ICTIOLOGIA E

AQÜICULTURA

RELATÓRIO FINAL:

LEVANTAMENTO PRELIMINAR DO

ICTIOPLÂNCTON DA BACIA DO RIO IVAÍ –

PR. (Período: Janeiro/99 a Abril/99)

Maringá

Maio de 1999

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

NÚCLEO DE PESQUISAS EM LIMNOLOGIA,

ICTIOLOGIA E AQÜICULTURA - NUPÉLIA

Relatório Final

“LEVANTAMENTO PRELIMINAR DO

ICTIOPLÂNCTON DA BACIA DO RIO IVAÍ – PR.”

Projeto desenvolvido entre a

Companhia Paranaense de

Energia (COPEL) e o Núcleo de

Pesquisas em Limnologia,

Ictiologia e Aqüicultura da

Universidade Estadual de

Maringá (Nupélia/UEM).

MARINGÁ

MAIO DE 1999

Page 4: Relatorioivai

COPEL

COMPANHIA PARANAENSE DE ENERGIA

UEM

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

Antonio Fonseca dos Santos Neuza Altoé

Gerente da área de Meio Ambiente Reitora

Milton Ferreira José Jesus Previdelli

Gerente Assistente Vice-Reitor

Sérgio Augusto Morato Sandra Regina Stabille

Biólogo Diretora do CCB

Izabel de Fátima Andrian

Vice Diretora do CCB

Fábio Amodêo Lansac Tôha

Coord. Geral do Nupélia

Sidinei Magela Thomaz

Vice-Coord. do Nupélia

Jair Gregoris

Coord. Admin. do Nupélia

Angelo Antônio Agostinho

Coord. Cient. do Nupélia

Keshiyu Nakatani

Coord. Geral do Projeto

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EQUIPE EXECUTORA

Dr. Keshiyu Nakatani (Biólogo, Doutor em Zoologia, Professor Associado no Departamento de Biologia e

Pesquisador do Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aqüicultura

(Nupélia) da Universidade Estadual de Maringá; Pesquisador do Conselho Nacional

de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq)

Dr. Angelo Antônio Agostinho (Biólogo; Doutor em Ecologia, Professor Titular no Departamento de Biologia e

Pesquisador do Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aqüicultura

(Nupélia) da Universidade Estadual de Maringá; Pesquisador do Conselho Nacional

de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq)

M.Sc. Gilmar Baumgartner (Biólogo, Doutorando em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais e

Pesquisador do Nupélia da Universidade Estadual de Maringá)

M.Sc. Paulo Vanderlei Sanches (Biólogo, Doutorando em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais da

Universidade Estadual de Maringá)

M.Sc. Andréa Bialetzki (Bióloga, Doutoranda em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais da

Universidade Estadual de Maringá)

Econ. Jair Gregoris

(Economista, Pesquisador do Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e

Aqüicultura (Nupélia) da Universidade Estadual de Maringá)

Page 6: Relatorioivai

EQUIPE DE APOIO

Michelli Eliane Gatti Felis (Bióloga/Estagiária Voluntária/Nupélia)

Marta Eliane Echeverria Borges (Bióloga/Estagiária Voluntária/Nupélia)

Érika Neumann (Acadêmica/Bolsista do Nupélia/DBI)

Miriam Rodrigues Suiberto (Acadêmica/Bolsista do Nupélia/DBI)

Vanessa de Melo Peres (Estagiária Voluntária/Lab. de Ictioplâncton/Nupélia)

Valmir Alves Teixeira (Técnico de Laboratório/Nupélia)

Sebastião Rodrigues (Marinheiro fluvial/Nupélia/UEM)

Page 7: Relatorioivai

AGRADECIMENTOS

À Prof. Drª. Carla Simone Pavanelli pelo auxílio na identificação do material

coletado.

A Jaime Luiz Lopes Pereira pela confecção do mapa e editoração das fotos.

A Angelo Henrique Pantoja Agostinho pelo apoio no processamento de

dados.

À equipe da secretaria, Marcos Antônio de Morais, Marilda Schnaider,

Marlyze Corrêa Tenório e Maria Cecília Olher Moreira.

À bibliotecária Maria Salete Ribelatto Arita pela normalização da

bibliografia.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO............................................................ ............................. 01

CARACTERIZAÇÃO DAS ESTAÇÕES DE AMOSTRAGEM... .......... 03

Rio Ivaí............................................................................................ ........ 05

Estação Tereza Cristina.................................................................... 05

Estação Cândido de Abreu............................................................... 06

Estação Porto Ubá............................................................................ 07

Estação Vila Rural............................................................................ 07

Estação Floresta................................................................................ 08

Estação Copacabana......................................................................... 09

Estação Paraíso................................................................................. 10

Estação Tapira.................................................................................. 10

Estação Herculândia......................................................................... 12

Estação Pontal do Tigre.................................................................... 12

Rio Alonso .................................................................................. ............ 13

Estação São José............................................................................... 13

Estação Grandes Rios....................................................................... 14

Rio Corumbataí............................................................................. .......... 15

Estação Corumbataí.......................................................................... 15

MATERIAL E MÉTODOS............................................................. .......... 16

SÍNTESE DE ESTUDOS ANTERIORES..................................... ........... 22

RESULTADOS..................................................... ..................................... 25

Coletas de Ictioplâncton................................................................. ............ 30

Estação Tereza Cristina............................................... .................... 32

Estação Cândido de Abreu................................................... ............ 33

Estação Grandes Rios........................................................... ........... 36

Estação São José.................................................................. ... .........38

Estação Porto Ubá............................................... ..............................40

Page 9: Relatorioivai

Estação Corumbataí.............................................................. ........... 42

Estação Vila Rural................................................................... ........ 44

Estação Floresta....................................................................... ........ 46

Estação Copacabana.................................................................. ...... 48

Estação Paraíso........................................................................ ........ 50

Estação Tapira.................................................................................. 52

Estação Herculândia................................................................ ........ 54

Estação Pontal do Tigre...................................................... ............. 56

Coletas com redes de arrasto, espera e espinhéis................................ ....... 58

DISCUSSÃO..................................................... ........................................ 63

CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................... 67

RECOMENDAÇÕES..................... ........................................................... 71

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................. ......... 82

ANEXOS........................................................................................... ........ 88

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Ictioplâncton do Rio Ivaí 1

INTRODUÇÃO

Os impactos causados pelas barragens constituem a maior fonte

pontual de interferência humana nos regimes hídricos naturais

(AGOSTINHO, 1992). Os represamentos têm como conseqüências

inevitáveis alterações na composição específica e na estrutura das

comunidades de peixes nativos, sendo que as mais atingidas são aquelas

espécies reofílicas. Os impactos sobre as espécies migradoras normalmente

resultam da fragmentação do habitat (áreas de desova, alimentação e

crescimento) ou do isolamento de segmentos populacionais (redução da

heterogeneidade genética).

No processo de ocupação do novo ambiente pelas espécies é

esperado que ocorra a redução de algumas espécies reofílicas e proliferação

de espécies oportunistas. Assim, em reservatórios, onde os impactos

negativos sobre a diversidade biológica são decorrências inevitáveis de sua

formação, a prática do manejo da fauna aquática visando sua recomposição e

manutenção da diversidade deve ser um compromisso permanente da sua

administração (AGOSTINHO, 1992).

De maneira geral, as espécies que constituem a comunidade

ictíica de um rio, podem ser enquadradas em dois grandes grupos: 1) aquelas

que cumprem todo o seu ciclo de vida na região, ocorrendo indivíduos em

todas as fases de desenvolvimento, e 2) aquelas que cumprem apenas uma

fase do seu ciclo de vida na região, utilizando as cabeceiras como área de

reprodução e a foz como área de crescimento inicial, ou como áreas

temporárias de alimentação e recuperação na fase adulta (VAZZOLER et al.,

1997). Assim, numa bacia hidrográfica, para garantir a manutenção do

equilíbrio da estrutura populacional da ictiofauna, a condição primária é

manter a integridade das áreas de desova e permitir a dispersão dos ovos e

larvas dos peixes.

Page 11: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 2

A identificação precisa das áreas de desovas tem importância

fundamental para a implementação de medidas de orientação e proteção

destas áreas. Estas informações constituem um dado precioso na fase de

inventário, pois fornece subsídios importantes à partição de quedas. Nas

fases de estudo de viabilidade e de projeto básico, estes conhecimentos

auxiliam na avaliação dos impactos específicos do empreendimento e do

detalhamento dos planos e programas ambientais. Além disso, outros

conhecimentos, como áreas de reprodução, alimentação e crescimento

inicial, também são elementos necessários para uma avaliação dos custos

sócios-ambientais associados às diferentes alternativas na escolha do local

do eixo da barragem a ser construída. Assim, a posição de um afluente em

relação à barragem pode ser decisiva sobre a preservação de grupos de

espécies.

No rio Ivaí, a escassez de informações acerca dos peixes,

particularmente no que se refere às suas organizações em assembléias e

mesmo a bionomia, indica urgência de estudos mais detalhados sobre os

aspectos básicos da biologia e ecologia das espécies, para que possam ser

adotadas medidas atenuadoras dos impactos decorrentes da ação antrópica.

Neste sentido, o presente projeto tem grande relevância como uma avaliação.

Constitui objetivo deste relatório e do projeto que lhe deu

origem (Ictioplâncton da bacia do rio Ivaí/PR), identificar a importância do

rio Ivaí no recrutamento de juvenis aos estoques de peixes da região e

fornecer evidências preliminares acerca de afluentes ou trechos de rios com

importância nesse processo. Procurou-se durante a análise dos resultados,

contemplar as abordagens discutidas nos relatórios do Comitê Coordenador

das Atividades de Meio Ambiente do Setor Elétrico (COMASE-

ELETROBRÁS) e apresentados durante os seminários sobre a fauna

aquática durante os anos de 1994-95.

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Ictioplâncton do Rio Ivaí 3

CARACTERIZAÇÃO DAS ESTAÇÕES DE AMOSTRAGEM

A sub-bacia do rio Ivaí cobre 35.845km2, pertencente ao Estado

do Paraná. O curso principal tem extensão de 695km, dirigindo-se de sudeste

para noroeste e depois de leste para oeste, entre as altitudes de 1.220 e 227

metros, com desnível total de 893 metros. Suas nascentes são as do rio dos

Patos (seu prolongamento natural), próximas à Ignácio Martins na Serra da

Boa Esperança, e o rio São João que nasce perto de Bananas (PAIVA, 1982)

(Fig. 01)

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Rio Ivaí

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ESCALA GRÁFICA0 50 100km

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PARANÁRIO

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HERCULÂNDIA

TAPIRA

PARAÍSO

FLORESTA

VILA RURAL

GRANDES RIOS

SÃO JOSÉ

COPACABANA

CORUMBATAÍPORTO UBÁ

TEREZA CRISTINACÂNDIDO DE ABREU

Figura 01 – Localização das estações de amostragem.

Os principais afluentes do rio Ivaí de montante para jusante,

são: margem direita – rio Ubazinho, rio Alonso, rio Bom, ribeirão Keller, rio

Bandeirantes do Sul e rio Anhuma; margem esquerda – rio Marrecas, rio

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Ictioplâncton do Rio Ivaí 4

Marrecazinho, rio da Bulha, rio Corumbataí, rio Mourão, rio Ligeiro, rio dos

Índios, rio Tapiracuí e rio das Antas.

O trecho amostrado compreendeu a região do alto rio Ivaí até a

sua foz. Para o presente estudo, foram determinadas 13 estações de

amostragem, distribuídas ao longo dos rios Ivaí (10 estações), Alonso (2

estações) e Corumbataí (1 estação) (Tab. 1).

Tabela 01 - Relação das estações de amostragens em função de sua

localização.

Subáreas Número Estações

Alto Ivaí 01 Tereza Cristina

02 Cândido de Abreu

03 Grandes Rios (Alonso)

04 São José (Alonso)

05 Porto Ubá

06 Corumbataí (Corumbataí)

07 Vila Rural

Médio Ivaí

08 Floresta

09 Copacabana

10 Paraíso

11 Tapira

Baixo Ivaí

12 Herculândia

13 Pontal do Tigre

As subáreas demarcadas ao longo do rio Ivaí foram baseadas

nas descrições de PAIVA (1982) conforme segue:

Ivaí superior – das nascentes do rio dos Patos (Km 74) até a confluência

com o rio São João (Km 0), com 74Km de extensão e

desnível de 542m;

Alto Ivaí – da confluência dos rios dos Patos e São João (Km 621) até a foz

do rio Bandeirantes do Sul (Km 228), com 393Km de

extensão e 309 metros de desnível;

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Ictioplâncton do Rio Ivaí 5

Médio Ivaí – da foz do rio Bandeirantes do Sul (Km 228) até 2,5Km abaixo

do ribeirão Taquara e Córrego do Horácio (Km 60), com

168Km de extensão e 37m de desnível;

Baixo Ivaí – desde o Km 60 até sua foz (Km 0), com 60Km de extensão e

desnível de 5m.

Descrição das estações de amostragem

Rio Ivaí:

Tereza Cristina (Fig. 2): Estação localizada nas proximidades

da balsa que liga o distrito de Tereza Cristina, pertencente ao município de

Cândido de Abreu, ao município de Prudentópolis.

Figura 2 – Estação de amostragem Tereza Cristina localizada no rio Ivaí.

No trecho amostrado o rio apresenta largura de 78 metros,

profundidade média de 1,39m e velocidade média de corrente 0,8914m/s. As

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Ictioplâncton do Rio Ivaí 6

margens são muito íngremes em ambos os lados; a vegetação é composta de

gramíneas, árvores e arbustos. Apresenta um despraiado logo abaixo da

desembocadura do rio Ivaizinho (nome local) e uma ilha no centro do rio a

qual divide o canal em dois, seu fundo é pedregoso com muito cascalho

rolado (seixo). A atividade principal nas encostas é a pecuária.

Cândido de Abreu (Fig. 3): Localizada próximo a ponte que

liga os municípios de Cândido de Abreu e Manoel Ribas. No local de

amostragem o rio apresenta largura média de 159 metros, profundidade

média de 4 metros e velocidade média de 0,2761m/s.

Figura 3 – Estação de amostragem Cândido de Abreu localizada no rio Ivaí.

As margens são íngremes, com vegetação arbórea e arbustiva

em uma pequena faixa de aproximadamente 15 metros. Nos morros ocorre

predomínio de mata nativa e nas encostas a pecuária é a atividade principal.

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Ictioplâncton do Rio Ivaí 7

Porto Ubá (Fig. 4): Situada entre os municípios de Faxinal e

Jardim Alegre na localidade chamada Porto Ubá, abaixo da ponte que liga

estes dois municípios. O rio neste trecho apresenta largura de 144 metros, a

profundidade média é de 6,62m e a velocidade média de corrente de

0,1631m/s. As margens neste ponto são menos íngremes com uma faixa de

aproximadamente 20 metros de vegetação arbórea-arbustiva; nas encostas

predomina o cultivo de milho e em alguns locais a pecuária.

Figura 4 – Estação de amostragem Porto Ubá localizada no rio Ivaí.

Vila Rural (Fig. 5): Localizada no município de Fênix,

aproximadamente 5Km abaixo da confluência com o rio Corumbataí, na

estrada Vila Rural deste município. A água apresenta muitos remansos com

somente um local onde a água é corrente, neste ponto o rio apresenta largura

de 340 metros, profundidade média de 4,25m, velocidade média de corrente

de 0,3853m/s e fundo rochoso. As margens são pouco íngremes cobertas por

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Ictioplâncton do Rio Ivaí 8

uma estreita faixa de vegetação arbórea-arbustiva (15 metros). Nas encostas

da margem esquerda predomina o cultivo de soja, e na direita existe uma

reserva de mata aparentemente nativa.

Figura 5 – Estação de amostragem Vila Rural localizada no rio Ivaí.

Floresta (Fig. 6): Localizada entre os municípios de Floresta e

Ivailândia, aproximadamente 5Km abaixo da ponte. A estação localiza-se a

500 metros abaixo do salto Bananeiras, cuja transposição por peixes é

possível com águas altas. As águas são rápidas com velocidade de

0,2246m/s. O rio apresenta várias ilhas, sendo sua largura aproximadamente

de 173m e profundidade média de 11,67m. As margens são pouco íngremes

e as ilhas são cobertas por árvores, arbustos e gramíneas.

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Ictioplâncton do Rio Ivaí 9

Figura 6 – Estação de amostragem Floresta localizada no rio Ivaí.

Copacabana (Fig. 7): Situada no distrito de Copacabana do

Norte, aproximadamente 10Km abaixo da desembocadura do rio Ligeiro, no

município de São Jorge do Ivaí. Nesta área o rio apresenta largura de 205m,

profundidade média de 4,62m e velocidade média de corrente é de

0,4900m/s. As margens muito íngremes são de difícil acesso, sendo cobertas

de gramíneas, e acima do platô ocorrem algumas árvores na margem

esquerda, enquanto na direita existe uma grande reserva de floresta nativa. A

atividade na encosta da margem esquerda é predominantemente o cultivo de

soja.

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Ictioplâncton do Rio Ivaí 10

Figura 7 – Estação de amostragem Copacabana localizada no rio Ivaí.

Paraíso (Fig. 8): Localizada entre os municípios de Paraíso do

Norte e Rondon aproximadamente 1Km acima da ponte que liga estes dois

municípios. O rio neste trecho apresenta largura de 190 metros e

profundidade média de 4,97m, sendo que a velocidade média da água foi de

0,6148 m/s. As margens íngremes são tomadas de gramíneas, alguns

arbustos e poucas árvores. Nas encostas predomina o cultivo de soja e em

alguns locais a pecuária.

Tapira (Fig. 9): Situada entre os municípios de Santa Mônica e

Tapira, aproximadamente 5Km abaixo da balsa de Tapira. O rio apresenta

neste trecho largura de 150 metros, a profundidade média é de 3,94m e a

velocidade média da água de 0,9160m/s. As margens íngremes são tomadas

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Ictioplâncton do Rio Ivaí 11

por gramíneas e vegetação arbustiva, não apresentando mata ciliar. As

encostas são ocupadas exclusivamente com pecuária.

Figura 8 – Estação de amostragem Paraíso localizada no rio Ivaí.

Figura 9 – Estação de amostragem Tapira localizada no rio Ivaí.

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Ictioplâncton do Rio Ivaí 12

Herculândia (Fig. 10): Localiza-se entre os municípios de

Querência do Norte e Ivaté, próximo a balsa São Marcos. O rio apresenta

largura de 146m, profundidade média de 6,08m e velocidade média de

corrente de 0,5850m/s. As margens íngremes apresentam pequena faixa de

vegetação marginal bastante impactada. Na encosta da margem esquerda o

predomínio é de pecuária, e na direita o cultivo de soja.

Figura 10 – Estação de amostragem de Herculância localizada no rio Ivaí.

Pontal do Tigre (Fig. 11): Situada entre os municípios de

Querência do Norte e Icaraíma aproximadamente 500 metros acima da foz

do rio Ivaí no rio Paraná, em uma localidade denominada de Porto Novo. A

água apresenta baixa velocidade, sendo a largura do rio de 282m, a

profundidade média de 7,94m e a velocidade média de 0,2684m/s. O fundo é

lodoso e as margens são cobertas principalmente por gramíneas e alguns

arbustos. Não apresenta vegetação nativa e nenhum indício de conservação.

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Ictioplâncton do Rio Ivaí 13

Figura 11 – Estação de amostragem de Pontal do Tigre localizada no rio Ivaí.

Rio Alonso

São José (Fig. 12): Situada entre os municípios de Grandes

Rios e Faxinal, nos fundos da Fazenda São José, em um local denominado

“Poço da mulher”. O rio é muito encaixado com largura de 28,0m,

profundidade média de 1,62m e velocidade média de corrente de 0,9901m/s.

As margens muito íngremes são cobertas por mata nativa, sendo que a

esquerda apresenta pequena faixa ocupada por este tipo de vegetação,

enquanto na direita esta área é bem mais extensa. A pecuária é a atividade

dominante na região.

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Ictioplâncton do Rio Ivaí 14

Figura 12 – Estação de amostragem São José localizada no rio Alonso.

Grandes Rios (Fig. 13): Localizada no município de Grandes

rios acima da ponte que liga este município à Faxinal. Apresenta

profundidade de 1,68m e largura de 70,5m, velocidade média da corrente é

0,4693m/s e o fundo lodoso. O rio encaixado com margens muito íngremes

cobertas por mata nativa e uma plantação de eucalipto, sendo uma grande

faixa nas encostas ocupada por vegetação. A atividade predominante é a

pecuária.

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Ictioplâncton do Rio Ivaí 15

Figura 13 – Estação de amostragem Grandes Rios localizada no rio Alonso.

Rio Corumbataí

Corumbataí – (Fig. 14): Localizada entre os municípios de

Fênix e São João do Ivaí, aproximadamente 2Km acima da foz do rio

Corumbataí, no local denominado recanto dos magnatas. A água é bastante

represada com somente um ponto de correnteza. Neste trecho o rio apresenta

largura de 79,0m, profundidade média de 1,42m e velocidade de corrente de

0,2043m/s. As margens bem íngremes são tomadas de vegetação, sendo a

direita com gramíneas e arbustos e a esquerda por uma reserva de mata

nativa.

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Ictioplâncton do Rio Ivaí 16

Figura 14 – Estação de amostragem Corumbataí localizada no rio Corumbataí.

MATERIAL E MÉTODOS

As coletas foram realizadas no período de 11 a 31 de janeiro de

1999, nas 13 estações de amostragem acima descritas. Para a coleta de ovos

e larvas foram utilizadas redes de plâncton cônico-cilíndricas de malhagem

0,5mm com área de boca de 0,06605m2, fixadas a um cabo estendido

perpendicularmente à superfície da água, sendo uma rede de superfície (Fig.

15) e uma de fundo (Fig. 16) em cada margem e no centro das estações (Fig.

17). Na estação Pontal do Tigre, devido a baixa velocidade de fluxo, as

amostragens foram realizadas arrastando-se as redes com o barco à baixa

velocidade. Na estação Vila Rural, em virtude da grande largura do rio, a

coleta foi realizada com o barco ancorado. Todas as redes foram equipadas

com fluxômetro para a obtenção do volume de água filtrada.

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Ictioplâncton do Rio Ivaí 17

As coletas foram realizadas durante 24 horas com intervalos 3

horas entre as amostragens, sendo as redes expostas durante 30 minutos em

todas as estações com exceção de Vila Rural e Pontal do Tigre. Na estação

Vila Rural a duração da amostragem foi de 15 minutos para cada margem e

centro e na estação Pontal do Tigre foi de 10 minutos.

As amostras de plâncton coletadas foram acondicionadas em

frascos de polietileno e fixadas em formol a 4% tamponado com carbonato

de cálcio. No laboratório, os ovos e larvas foram separados do restante do

plâncton sob microscópio-esteroscópio em aumento de 10 vezes, sobre placa

de acrílico do tipo Bogorov. As amostras de ovos e larvas foram

padronizadas para um volume de 10m3 de água filtrada, utilizando-se a

seguinte equação:

Y = (X/V).10

onde: Y = número de ovos ou larvas por 10m3;

X = número de ovos ou larvas coletados;

V = volume de água filtrada.

Para o cálculo do volume de água filtrada utilizou-se a seguinte fórmula:

V = a.r.f.

onde V = volume de água filtrada (m3);

a = área da boca da rede (m2);

r = número de rotações do fluxômetro;

f = fator de calibração do fluxômetro (0,026873).

A densidade de deriva de ovos e larvas foi obtida através da

equação:

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Ictioplâncton do Rio Ivaí 18

D = C/B

onde: D = densidade relativa de ovos ou larvas;

C = número total de ovos ou larvas capturados;

B = número de amostras positivas (considerou-se amostras

positivas aquelas onde foram verificadas capturas de ovos ou larvas).

Em todas as estações foram tomadas as medidas de velocidade

da água através de Molinete hidrométrico e de fluxômetro General Oceanics.

Para cada estação foi realizada batimetria onde foram obtidos a largura do

rio e profundidade (tomados dez valores) para a obtenção da área.

Figura 15 - Draga utilizada para amostragem do ictioplâncton no fundo.

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Ictioplâncton do Rio Ivaí 19

Figura 16 - Rede cônico-cilindrica utilizada

nas amostragens de ictioplâncton na

superfície da água.

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Ictioplâncton do Rio Ivaí 20

Figura 17 – Esquema de instalação das redes estacionárias.

Para coleta de peixes adultos e juvenis, foram instaladas em

todas as estações baterias de redes de 10 metros de comprimento, sendo que

as malhas simples foram 6, 7, 8, 9, 10, 12, 14, 16 e as de três malhos 6, 7 e 8,

bem como espinhel com 30 anzóis iscados com isca viva. O período de

exposição destes equipamentos foi de 24 horas com coletas ao entardecer e

amanhecer. Exceto nas estações Cândido de abreu, Grandes rios e São José

foram efetuados também arrastos noturnos com redes de arrastos de 5mm de

abertura de malha e com 20 metros de comprimento.

Para os exemplares capturados nas redes de espera, espinhel e

arrasto foram realizadas as seguintes observações: comprimento padrão,

sexo, estágio de desenvolvimento gonadal, turno e equipamento de captura,

bem como local de coleta. Para a análise do desenvolvimento gonadal dos

Page 30: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 21

indivíduos adultos utilizou-se a classificação proposta por VAZZOLER

(1971).

Após a separação dos ovos e das larvas do restante do plâncton

as larvas foram identificadas de acordo com a técnica de seqüência de

desenvolvimento proposta por AHLSTROM & MOSER (1976) e com base

no manual de identificação de ovos e larvas de peixes de água doce

brasileiros (FUEM/ELETROBRÁS, 1998).

A diversidade específica (H’) em cada estação de amostragem

foi determinada utilizando-se o índice de Shannon-Wiener, que baseia-se na

teoria da informação, e, é descrito pela equação: H’ = - Ni/N.log2Ni/N,

onde Ni é o número de indivíduos da espécie i, e N é o número total de

indivíduos (PIELOU, 1975).

A uniformidade ou equitabilidade (E), componente da

diversidade, foi avaliada através da equação E = H’/Hmáx; onde: H’ é a

diversidade de Shannon e Hmáx a diversidade sob condição máxima de

uniformidade (PIELOU, 1966).

Durante o período foram obtidas amostras de água através de

garrafa de Van Dorn, para a determinação de parâmetros limnológicos

referentes às características físicas (temperatura) e químicas (pH,

condutividade elétrica e oxigênio dissolvido). Os valores de temperatura

foram obtidos através de termômetro comum com bulbo de mercúrio e seus

valores expressos em graus celcius. Os valores de pH e condutividade

elétrica foram determinados em laboratório de campo através de pHmêtro e

condutivímetro portáteis (valores expressos em µS/cm). O oxigênio

dissolvido foi determinados através de oxigenômetro portátil, e os valores

expressos em mg/l.

Page 31: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 22

SÍNTESE DE ESTUDOS ANTERIORES

Período: outubro de 1991 a janeiro de 1992 e outubro de 1994 a janeiro

de 1995 (FUEM/Itaipu Binacional, 1995).

Durante o período de 1991/1992 e 1994/1995, foram amostradas os

rios Ivinhema, Amambai, Iguatemi, Ivaí, Piquiri, Paraná e o Reservatório de

Itaipu, onde foram coletados um total de 103.060 indivíduos; 68.358 ovos

(66,33%), 31.399 larvas (30,47%) e 3.303 juvenis/adultos (3,20%). A maior

freqüência de captura de ovos, foi no rio Ivaí com 29,83%, seguido do

Amambai com 24,70%, e para larvas, os rios Ivaí e Paraná com 39,33 e

19,78%, respectivamente. O rio Paraná foi responsável pela maior captura de

juvenis/adultos, com 66,45%, seguido do Ivaí, com 18,35% (Fig. 18).

IVI AMA IGU IVA PIQ PAR RES0

20

40

60

80

100

Fre

qüê

nci

a (%

)

ovos larvas juv/adultos

Figura 18 – Ocorrência de ovos, larvas e

juvenis/adultos nos rios Ivinhema (IVI), Amambai

(AMA), Iguatemi (IGU), Ivaí (IVA), Piquiri (PIQ),

Paraná (PAR) e Reservatório de Itaipu (RES)

pertencentes a bacia do rio Paraná, capturados

durante os períodos de outubro de 1991 a janeiro de

1992 e outubro de 1994 a janeiro de 1995 (Fonte:

FUEM/Itaipu Binacional, 1995).

Durante amostragens realizadas no rio Ivaí no período de

outubro de 1994 a janeiro de 1995, foram capturados 3.224 ovos, 1319

larvas e 212 juvenis. Do total de ovos obtidos neste período, a estação Tapira

Page 32: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 23

foi responsável pela maior captura com 56,9%, seguida das estações Pontal

do Tigre (24,4%) e Bananeira (18,7%). Com relação as larvas, as maiores

ocorrências foram verificadas na estação Pontal do Tigre com 72,0%,

seguida da estação Tapira (16,2%) e Bananeira (11,7%). A estação Pontal do

Tigre foi a responsável também pela maior captura de juvenis/adultos com

96,7%, sendo que nas demais estações as freqüências mantiveram-se abaixo

de 2% (Fig. 19).

BAN

18,7%

TAP

56,9%

TIG

24,4%

BAN

1,9%TAP

1,4%

TIG

96,7%

BAN

11,8%

TAP

16,2%

TIG

72,0%

A

C

B

Figura 19 – Freqüência de A) ovos, B) larvas e C)

juvenis/adultos capturados nas estações Bananeira (BAN),

Tapira (TAP) e Pontal do Tigre (TIG) localizadas no rio Ivaí,

durante o período outubro de 1994 a janeiro de 1995.

Analisando globalmente os dados do período 94/95 para o rio

Ivaí, constatamos que as maiores capturas de ovos ocorreram nos meses de

outubro e janeiro com 8,84 e 6,98 ovos/10m³, respectivamente, enquanto que

para larvas as maiores densidades foram verificadas em janeiro com 4,63

ind/10m³, e outubro com 4,54 ind/10m³. Observamos um padrão de redução

na densidade de ovos e larvas de outubro para novembro, com aumento em

dezembro e janeiro. Em todos os meses os ovos foram capturados em

maiores densidades que as larvas (Fig. 20).

Page 33: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 24

OUT NOV DEZ JAN0

2

4

6

8

10

Ind

/10

OVOS LARVAS

Figura 20 – Densidades relativas mensais de ovos e

larvas de peixes capturados no rio Ivaí, no período

de outubro de 1994 a janeiro de 1995.

Com relação à composição ictiofaunística encontrada no

plâncton, foram identificados 27 grupos taxonômicos (Fig. 21), sendo os

mais capturados Auchenipterus nuchalis, Pimelodinae, Rhamdia quelen,

Bryconamericus stramineus. Neste período podemos destacar a captura de

várias espécies de peixes migradores, entre elas, Pseudoplatystoma

corruscans, Salminus maxillosus, Sorubim lima, Astyanax sp., Leporinus

spp. e ainda os Pimelodinae e Anostomidae, que incluem os mandis e outros

piaus.

Page 34: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 25

A. nuchalis

Pimelodinae

R. quelen

B. stramineus

A. affinis

Hypostomus sp

Anostomidae

P. corruscans

H. malabaricus

R. vulpinus

I. labrosus

G. carapo

N. schubart

A. albifrons

S. maxillosus

R. paranensis

Paravendelia sp

Loricaria sp

S. lima

L. platymetopon

P. gobioides

Pimelodus spp

S. marginatus

Cheirodon sp

Characiformes

Siluriformes

Gymnotiformes

Recém-eclodidas

0 5 10 15 20 25 30

Freqüência (%)

Hypostomus sp.

Pimelodus spp.

Paravandellia sp.

Loricaria sp.

Cheirodon sp.

Figura 21 – Grupos taxonômicos capturados no rio Ivaí durante o

período de outubro de 1994 a janeiro de 1995 (Destacadas em azul

grupos de espécies migradoras).

RESULTADOS

Janeiro de 1999

Durante o mês de janeiro de 1999 foram capturadas 81 espécies

de larvas, jovens e adultos de peixes, distribuídas em 24 famílias. O

enquadramento taxonômico é apresentado a seguir, segundo chaves

propostas por BRITSKI (1972), GÉRY (1977), Itaipu Binacional (1981) e

BRITSKI et al. (1988).

Page 35: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 26

Classe CHONDRICHTHYES

Sub-Classe ELASMOBRANCHII

Super ordem HYPOTREMATA

Ordem RAJIFORMES

Família POTAMOTRYGONIDAE

Potamotrygon motoro - "raia"

Potamotrygon sp. - "raia"

Classe OSTEICHTHYES

Ordem CHARACIFORMES

Subordem CHARACOIDEI

Família CHARACIDAE

Subfamília TETRAGONOPTERINAE

Astyanax bimaculatus - "lambari"

Astyanax fasciatus - "lambari"

Astyanax sp. - "lambari"

Bryconamericus stramineus - "pequira"

Bryconamericus sp. - "pequira"

Hemigrammus marginatus - "lambari"

Piabina argentea - "piaba"

Subfamília CHEIRODONTINAE

Aphyocharax nasutus - "piqui"

Cheirodon sp. - "pequira"

Subfamília GLANDULOCAUDINAE

Planaltina cf. myersi

Subfamília ACESTRORHYNCHINAE

Acestrorhynchus lacustris - " peixe-cachorro"

Subfamília CYNOPOTAMINAE

Galeocharax knerii - "peixe-cadela"

Subfamília CHARACINAE

Roeboides paranensis - "dentudo"

Subfamília SERRASALMINAE

Serrasalmus marginatus - "piranha"

Serrasalmus spilopleura - "piranha"

Page 36: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 27

Subfamília MYLEINAE

Myloplus cf. tiete - "pacu-prata"

Família ANOSTOMIDAE

Leporinus amblyrhynchus - "canivete"

Leporinus friderici - "piau"

Leporinus obtusidens - "piau"

Leporinus octofasciatus - "ferreirinha"

Leporinus sp. - "piau"

Schizodon altoparanae - "piava"

Schizodon borellii - "piava"

Schizodon knerii - "piau"

Família PARODONTIDAE

Apareiodon affinis - "canivete"

Apareiodon piracicabae - "canivete"

Família CURIMATIDAE

Steindachnerina insculpta - "saguiru"

Família PROCHILODONTIDAE Prochilodus lineatus - "curimba"

Família ERYTHRINIDAE

Hoplias aff. malabaricus - "traíra"

Família CYNODONTIDAE

Rhaphiodon vulpinus - "dourado-cachorro"

Ordem SILURIFORMES

Subordem GYMNOTOIDEI

Família GYMNOTIDAE

Gymnotus carapo - "morenita"

Família STERNOPYGIDAE

Eigenmania sp. - "tuvira"

Sternopygus macrurus - "sarapó"

Família APTERONOTIDAE

Apteronotus albifrons - "ituí-cavalo"

Porotergus ellisi

Sternarchorhyncus sp.

Page 37: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 28

Família RHAMPHICHTHYDAE

Rhamphichtys rostratus - "peixe-espada"

Subordem SILUROIDEI

Família DORADIDAE

Pterodoras granulosus - "armado"

Trachydoras paraguayensis - "armadinho"

Família AUCHENIPTERIDAE

Auchenipterus nuchalis - "surumanha"

Parauchenipterus galeatus - "cangati"

Tatia neivai - "jundiá"

Glanidium cf. cesarpintoi

Família AGENEIOSIDAE Ageneisosus ucayalensis - "manduvê"

Ageneiosus cf. valenciennesi - "manduvê"

Família CETOPSIDAE

Pseudocetopis gobioides - "candiru"

Família PIMELODIDAE

Subfamília PIMELODINAE

Iheringichthys labrosus - "mandi"

Nannorhamdia schubarti - "bagre"

Pimelodella sp. - "chorão"

Pimelodus maculatus - "mandi"

Pimelodus ornatus - "mandi"

Pimelodus fur - "mandi"

Pimelodus paranensis - "mandi"

Pimelodus sp. "mandi"

Pseudopimelodus mangurus - "bagre-sapo"

Pariolius sp.

Rhamdia quelen - "bagre"

Subfamília SORUBIMINAE

Hemisorubim platyrhynchos - "jurupoca"

Pseudoplatystoma corruscans - "pintado"

Sorubim lima - "chinelo"

Steindachneridion scripta - "sorubim"

Subfamília LUCIOPIMELODINAE

Pinirampus pirinampu - "barbado"

Page 38: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 29

Família HYPOPHTHALMIDAE

Hypophthalmus edentatus - "mapará"

Família TRICHOMYCTERIDAE

Paravandellia sp. - "candiru"

Trichomycterus sp. - "candiru"

Família CALLICHTHYIDAE

Corydoras sp. - "coridoras"

Hoplosternum littorale - "tamboatá"

Família LORICARIIDAE

Loricariichthys platymetopon - "cascudo-chinelo"

Rineloricaria sp. - "cascudo"

Subfamília HYPOPTOPOMATINAE

Isonotus sp. - "cascudo"

Subfamília PLECOSTOMINAE

Hypostomus aff. derbyi - "cascudo"

Hypostomus sp. - "cascudo"

Hypostomus sp.1 - "cascudo"

Hypostomus sp.2 - "cascudo"

Megalancistrus aculeatus - "cascudo-abacaxi"

Subfamília LORICARIINAE

Loricaria sp. - "cascudo-chinelo"

Super Ordem ACANTHOPTERYGII

Ordem SYNBRANCHIFORMES

Família SYNBRANCHIDAE

Synbranchus marmoratus - "mussum"

Ordem PERCIFORMES

Subordem PERCOIDEI Família SCIAENIDAE

Plagioscion squamosissimus - "curvina"

Família CICHLIDAE

Crenicichla britskii - "joaninha"

Geophagus brasiliensis - "cará"

Page 39: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 30

Coletas no Plâncton

Durante o período de 10 a 31 de janeiro de 1999, foram

coletados com redes de plâncton 28.208 ovos e 3.638 larvas. A região do

alto rio Ivaí foi responsável pela maior captura de ovos (91%) e de larvas

(90,7%), seguido do médio e baixo que apresentaram aproximadamente a

mesma freqüência de captura, tanto de ovos quanto de larvas (Fig. 22).

As maiores densidades de ovos foram verificadas nas estações

Vila Rural (38,78 ovos/10m³), seguida das estações Tereza Cristina (36,80

ovos/10m³) e Corumbataí (24,96 ovos/10m³). Com relação as larvas, as

maiores densidades são observadas nas estações Cândido de Abreu, com

37,11 ind/10m³, seguida das estações Tereza Cristina e Grandes Rios com

2,72 e 1,96 ind/10m³, respectivamente. Na maior parte das estações foram

verificadas maiores densidades de ovos, exceto nas estações Cândido de

Abreu, Herculândia e Pontal do Tigre (Fig. 23).

Alto

98,6%

Médio

1,3%Baixo

0,1%

Alto

90,7%

Médio

4,9%

Baixo

4,4%

Figura 22 – Freqüência de A) ovos e B) larvas de peixes, nas

diferentes regiões do rio Ivaí.

Page 40: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 31

T . Crist inaC. Abreu

G. RiosS. JoséP. Ubá

CorumbataíV. RuralFloresta

CopacabanaParaísoT apira

HerculândiaP. T igre

010203040 0 10 20 30 40

ovos larvas

Ind/10m3

Figura 23 – Densidade de ovos e larvas de peixes

verificados nas 13 estações de amostragens

localizadas no rio Ivaí.

Quando comparamos as densidades de captura observadas em

janeiro de 1995 e janeiro de 1999 nas estações Bananeira, Tapira e Pontal do

Tigre, verificamos que houve uma redução acentuada na captura de ovos e

larvas nessas três estações de amostragem (Fig. 24).

BAN95

BAN99

TAP95

TAP99

TIG95

TIG99

04812 0 4 8 12

ovos larvas

Ind/10m3

Figura 24 – Densidades de ovos e larvas de peixes

verificados em janeiro de 1995 (Fonte:

FUEM/Itaipu Binacional, 1995) e janeiro de 1999.

Page 41: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 32

Estação Tereza Cristina:

Foram coletados nesta estação 21.674 ovos e 1.869 larvas.

Tanto ovos como larvas foram capturados em todos os horários de

amostragem, sendo que as densidades de ovos geralmente foram maiores que

as de larvas (Fig. 25A e B). Na maioria dos horários os ovos foram

0,1

1

10

100

1000

Ind/

10m

3

0,1

1

10

100

1000

Ind/

10m

3

15

25

35

45

tem

pera

tura

4

5

6

7

8

pH

40

60

80

100

mS

/cm

9 12 15 18 21 0 3 6

6

7

8

9

10

mg/

l

A

B

E

F

D

C

sup fun

Figura 25 – Densidade de ovos (A) e larvas (B), valores de

temperatura da água (C), pH (D), condutividade elétrica

(E) e oxigênio dissolvido (F), verificados na estação Tereza

Cristina nos dias 12 e 13 de janeiro de 1999.

Page 42: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 33

capturados em maiores densidades no fundo, exceção feita às 12:00, 15:00 e

0:00 horas. As maiores densidades de ovos na superfície foram verificadas

às 0:00 e 21:00 com 92,25 e 75,52 ovos/10m3, respectivamente, enquanto

que no fundo foram verificadas as maiores densidades às 21:00 (172,77

ovos/10m³) e às 9:00, com 39,25 ovos/10m³. Em todos os horários de coleta,

a captura de larvas foi maior na superfície, sendo as maiores densidades

verificadas às 9:00 e às 15:00 horas com 7,88 e 6,09 ind/10m³,

respectivamente. Enquanto para ovos as maiores densidades são verificadas

a noite, para larvas estas ocorreram, principalmente, durante o dia.

Os valores das variáveis não apresentaram diferenças entre

superfície e fundo, porém ao longo da coleta a temperatura da água variou

entre 20,0 e 25,7ºC; o pH entre 6,55 e 7,11; a condutividade elétrica

apresentou valores entre 45 e 69µS/cm. Os valores de oxigênio dissolvido

variaram de 8,08 e 9,46mg/l (Fig. 25C, D, E e F).

Nesta estação foram identificados 19 grupos taxonômicos,

sendo que as maiores freqüências foram de P. coruscans (41,94%),

Pimelodinae (34,85%) e Bryconamericus stramineus (2,28%) (Fig. 26).

Entre as espécies capturadas podemos destacar que 7 grupos são de espécies

migradoras.

Estação Cândido de Abreu:

Nesta estação foram coletados 287 ovos e 912 larvas. Ambos

ocorreram em todos os horários, sendo que as larvas foram capturadas em

maiores densidades. Durante todo o período os ovos foram mais capturados

no fundo, sendo que as maiores densidades na superfície foram verificadas

no período noturno, com pico à 21:00 (7,86 ovos/10m³), enquanto que no

Page 43: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 34

Tereza Cristina

P. corruscans

Pimelodinae

A. affinis

B. stramineus

R. quelen

T. neivae

H. malabaricus

L.platymetopom

Anostomidae

C. aneus

G. brasiliensis

G. carapo

Trychomicterus sp.

P. gobioides

S. spilopleura

N. schubarti

Siluriformes

Characiformes

Gymnotiformes

Recém-eclodida

0 20 40 60 80 100

Freqüência (%)

Trychomicterus sp.

Figura 26 – Freqüência de captura para os diferentes

grupos taxonômicos encontrados na estação Tereza

Cristina, nos dias 12 e 13 de janeiro de 1999 (Destacadas em

azul grupos de espécies migradoras).

fundo as maiores densidades foram observadas no período diurno, com pico

às 9:00 e 12:00 horas, com 23,95 e 18,42 ovos/10m³, respectivamente (Fig.

27A). Assim como os ovos, as maiores densidades de larvas foram

verificadas no fundo em todos os horários. Na superfície, foram observadas

maiores densidades à noite, com pico às 3:00 (5,19 ind/10m³). No fundo

foram verificadas maiores densidades no período noturno, com pico às 0:00

e 21:00 horas (119,91 e 110,14 ind/10m³, respectivamente) (Fig. 27B).

Os valores de temperatura da água oscilaram entre 20,7 e

26,9ºC, o pH entre 6,71 e 7,10 e a condutividade elétrica apresentou valores

entre 39 e 51µS/cm. Os valores de oxigênio dissolvido variaram de 7,42 e

8,86mg/l (Fig. 27C, D, E e F).

Page 44: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 35

0,1

1

10

100

1000

Ind/

10m

3

0,1

1

10

100

1000

Ind/

10m

3

15

25

35

45

Tem

pera

tura

5

6

7

8

9

pH

20

50

80

110

mS

/cm

9 12 15 18 21 0 3 6

6

7

8

9

10

mg/

l

A

B

C

D

E

F

sup fun

Figura 27 – Densidade de ovos (A) e larvas (B), valores de

temperatura da água (C), pH (D), condutividade elétrica (E)

e oxigênio dissolvido (F), verificados na estação Cândido de

Abreu nos dias 13 e 14 de janeiro de 1999.

Nesta estação foram encontrados 12 grupos taxonômicos (Fig.

28), destacando-se Pimelodinae com 87,66%, seguido de P. coruscans

(1,91%) e Characiformes (1,35%), podemos observar ainda que foram

capturados 8 grupos aos quais pertencem espécies migradoras, representando

30% dos grupos capturados.

Page 45: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 36

Pimelodinae

P. corruscans

A. affinis

Bryconamericus sp

Anostomidae

Astyanax spp

B. stramineus

Hypostomus spp

S. marmoratus

Leporinus spp

Characiformes

Siluriformes

Recém-eclodida

0 20 40 60 80 100

Freqüência (%)

Byconamericus sp.

Astyanax spp.

Hypostomus spp.

Leporinus spp.

Figura 28 – Freqüência de captura de larvas por grupo

taxonômico, encontrados na estação Cândido de Abreu

nos dias 13 e 14 de janeiro de 1999 (Destacadas em azul

grupos de espécies migradoras).

Estação Grandes Rios:

Durante o período amostrado foram capturados 1.485 ovos e

349 larvas. Em quase todos os horários, foram verificadas maiores

densidades tanto de ovos como de larvas no fundo, exceto às 12:00 e 18:00

horas, quando somente foram capturados ovos na superfície. Para a

superfície o maior pico de captura de ovos ocorreu às 9:00, com 13,68

ovos/10m³, enquanto para o fundo as maiores capturas deram-se no período

noturno, com pico às 6:00 (41,22 ovos/10m3) e 3:00 (29,88 ovos/10m³)(Fig.

29A). Para larvas as maiores capturas ocorreram no período diurno, sendo o

horário de maior captura às 15:00 horas tanto para superfície como fundo,

com 2,29 e 4,78 ind/10m³, respectivamente (Fig. 29B).

Page 46: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 37

0,1

1

10

100

1000

Ind/

10m

3

0,1

1

10

100

1000

Ind/

10m

3

15

25

35

45

Tem

pera

tura

5

6

7

8

9

pH

20

50

80

110

mS

/cm

9 12 15 18 21 0 3 6

6

7

8

9

10

mg/

l

A

B

C

D

E

F

sup fun

Figura 29 – Densidade de ovos (A) e larvas (B), valores de

temperatura da água (C), pH (D), condutividade elétrica (E)

e oxigênio dissolvido (F), verificados na estação Grandes Rios

nos dias 15 e 16 de janeiro de 1999.

Os valores de temperatura da água variaram entre 23,2 e

27,6ºC, o pH entre 7,04 e 7,31 e a condutividade elétrica apresentou valores

entre 64 e 85µS/cm. Os valores de oxigênio dissolvido variaram de 6,90 e

8,78mg/l (Fig. 29C, D, E e F).

Page 47: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 38

Foram identificados nesta estação 9 grupos taxonômicos, sendo

que Pimelodinae foi capturado com maior freqüência, seguido de P.

coruscans e Characiformes. 8 destes nove grupos apresentam indivíduos

migradores. Entre os grupos encontrados, 66,46% são larvas recém-

eclodidas, o que denota a proximidade deste local com alguma área de

desova (Fig. 30).

Pimelodinae

P. corruscans

R. quelen

Anostomidae

T. neivae

A. affinis

B. stramineus

Characiformes

Siluriformes

Recém-eclodida

0 20 40 60 80 100

Freqüência (%)

Figura 30 – Freqüência de captura de larvas por grupo

taxonômico, capturados na estação Grandes Rios nos

dias 15 e 16 de janeiro de 1999 (Destacadas em azul

grupos de espécies migradoras).

Estação São José:

Nesta estação foram coletados 1.036 ovos e 79 larvas. Na

maioria dos horários, a captura de ovos e de larvas foi maior no fundo. Tanto

para superfície como fundo, elevadas densidades de ovos foram verificadas

no período noturno, sendo as maiores capturas observadas na superfície às

6:00 (5,02 ovos/10m³), e no fundo às 3:00 (9,56 ovos/10m³)(Fig. 31A). Para

as larvas a maior captura na superfície ocorreu no período noturno, sendo o

pico de captura às 21:00, com 0,46 ind/10m³, enquanto no fundo as maiores

Page 48: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 39

densidades são observadas durante o dia, com maior captura às 9:00 horas,

com 1,11 ind/10m³ (Fig. 31B).

0,1

1

10

100

1000

Ind/

10m

3

0,01

0,1

1

10

100

1000

Ind/

10m

3

15

25

35

45

Tem

pera

tura

5

6

7

8

9

pH

20

50

80

110

mS

/cm

9 12 15 18 21 0 3 6

6

7

8

9

10

mg/

l

A

B

C

D

E

F

sup fun

Figura 31 – Densidade de ovos (A) e larvas (B), valores de

temperatura da água (C), pH (D), condutividade elétrica (E)

e oxigênio dissolvido (F), verificados na estação São José nos

dias 16 e 17 de janeiro de 1999.

Os valores de temperatura da água variaram entre 24,3 e

27,0ºC, o pH entre 7,23 e 7,60 e a condutividade elétrica apresentou valores

entre 92 e 109µS/cm. Os valores de oxigênio dissolvido variaram de 7,09 e

Page 49: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 40

8,42mg/l (Fig. 31C, D, E e F). Os valores destas variáveis não apresentaram

diferenças entre a superfície e fundo.

Nesta estação foram identificados 10 grupos taxonômicos,

sendo que Pimelodinae apresentou a maior freqüência com 16,05%, seguido

de P. coruscans (11,11%) e B. stramineus (9,88%). As larvas recém-

eclodidas somaram 23,22%. Dentre estes grupos 70% são de espécies

migradoras (Fig. 32).

Pimelodinae

P. corruscans

B. stramineus

A. nuchalis

T. neivae

R. quelen

A. affinis

Anostomidae

Characiformes

Siluriformes

Recém-eclodida

0 20 40 60 80 100

Freqüência (%)

Figura 32 – Freqüência de captura de larvas por

grupo taxonômico, encontrados na estação São José

nos dias 16 e 17 de janeiro de 1999 (Destacadas em

azul grupos de espécies migradoras).

Estação Porto Ubá:

Nesta estação foram registrados apenas 53 ovos e 5 larvas,

sendo que estes ocorreram somente em alguns horários do turno da noite. As

maiores densidades de ovos foram verificadas no fundo, enquanto que as

larvas foram capturadas somente na superfície. As maiores densidades de

ovos foram verificadas às 0:00 horas tanto para a superfície (2,51

Page 50: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 41

ovos/10m³) como o fundo (19,52 ovos/10m³)(Fig. 33A). A maior captura de

larvas ocorreu às 3:00 horas, com 0,47 ind/10m³ (Fig. 33B).

A temperatura da água variou entre 24,2 e 27,8ºC, o pH entre

7,35 e 7,65 e a condutividade elétrica apresentou valores entre 61 e

69µS/cm. Os valores de oxigênio dissolvido variaram de 6,68 e 8,40mg/l

(Fig. 33C, D, E e F).

0,1

1

10

100

1000

Ind/

10m

3

0,1

1

10

100

1000

Ind/

10m

3

15

25

35

45

Tem

pera

tura

5

6

7

8

9

pH

20

50

80

110

mS

/cm

9 12 15 18 21 0 3 6

6

7

8

9

10

mg/

l

A

B

C

D

E

F

sup fun

Figura 33 – Densidade de ovos (A) e larvas (B), valores de

temperatura da água (C), pH (D), condutividade elétrica (E)

e oxigênio dissolvido (F), verificados na estação Porto Ubá

nos dias 17 e 18 de janeiro de 1999.

Page 51: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 42

Somente 4 grupos taxonômicos de larvas foram

encontrados nesta estação, sendo Anostomidae o mais freqüente com

40%, os demais grupos (Hoplias malabaricus, Auchenipterus

nuchalis e Pimelodinae) apresentaram freqüência de 20% (Fig. 34).

Entre estes grupos, dois são compostos por espécies migradoras.

Anostomidae

H. malabaricus

A. nuchalis

Pimelodinae

0 20 40 60 80 100

Freqüência (%)

Figura 34 – Freqüência de captura de larvas

por grupo taxonômico, encontrados na

estação Porto Ubá nos dias 17 e 18 de janeiro

de 1999 (Destacadas em azul grupos de

espécies migradoras).

Estação Corumbataí:

Nesta estação foram capturados 959 ovos e 72 larvas. Os ovos

ocorreram somente no período noturno, sendo que em todos os horários

foram registradas maiores densidades no fundo. Tanto a superfície como o

fundo apresentaram maiores densidades às 21:00 horas (76,43 e 79,94

ovos/10m³, respectivamente)(Fig. 35A). As larvas em menores densidades

que os ovos, foram mais capturadas no período noturno tanto na superfície

como no fundo, sendo o pico de captura às 3:00 horas (2,56 ind/10m³) para a

superfície, e 6:00 horas (4,65 ind/10m³) para o fundo (Fig. 35B).

Com exceção do pH, os valores das outras variáveis não

apresentaram diferenças entre a superfície e fundo, sendo que a temperatura

Page 52: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 43

da água variou entre 29,0 e 31,0ºC. O pH variou entre 6,78 e 8,04, enquanto

que a condutividade elétrica apresentou valores entre 79 e 91µS/cm. Os

valores de oxigênio dissolvido variaram de 6,54 e 7,68mg/l (Fig. 35C, D, E e

F).

0,1

1

10

100

1000

Ind/

10m

3

0,1

1

10

100

1000

Ind/

10m

3

15

25

35

45

Tem

pera

tura

5

6

7

8

9

pH

20

50

80

110

mS

/cm

9 12 15 18 21 0 3 6

6

7

8

9

10

mg/

l

A

B

C

D

E

F

sup fun

Figura 35 – Densidade de ovos (A) e larvas (B), valores de

temperatura da água (C), pH (D), condutividade elétrica (E)

e oxigênio dissolvido (F), verificados na estação Corumbataí

nos dias 19 e 20 de janeiro de 1999.

Page 53: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 44

Nesta estação foram identificados 8 grupos taxonômicos,

sendo que Pimelodinae foi mais freqüente com 67,2%, seguido de

Anostomidae com 16,9%. Entre os grupos encontrados, 6 apresentam ou

são espécies migradoras. Poucas larvas recém-eclodidas foram

capturadas (Fig. 36).

Pimelodinae

Anostomidae

A. affinis

P. coruscans

Siluriformes

T. neivae

Gymnotiformes

Characiformes

Recém-eclodida

0 20 40 60 80 100

Freqüência (%)

Figura 36 - Freqüência de captura de larvas por grupo

taxonômico, encontrados na estação Corumbataí nos

dias 19 e 20 de janeiro de 1999 (Destacadas em azul

grupos de espécies migradoras).

Estação Vila Rural:

Foram obtidos nesta estação 2.309 ovos e 13 larvas. A exemplo

da estação Corumbataí, a captura de ovos ocorreu somente no período

noturno, sendo que em todos os horários foram verificadas maiores capturas

no fundo. O pico de captura foi registrado às 0:00 horas tanto para a

superfície como fundo com 35,27 e 196,09 ovos/10m³, respectivamente (Fig.

37A). Nesta estação as larvas foram capturadas em menores densidades que

os ovos, sendo que na superfície foram registradas somente larvas no

Page 54: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 45

período noturno, com maior captura às 3:00 horas (0,44 ind/10m³), enquanto

no fundo as capturas se deram durante todo o período, com maior densidade

às 6:00 horas (1,13 ind/10m³) (Fig. 37B).

A temperatura da água variou entre 25,1 e 30,6ºC, o pH entre

6,83 e 7,47, enquanto a condutividade elétrica apresentou valores entre 60 e

72µS/cm. Os valores de oxigênio dissolvido variaram de 6,76 e 7,95mg/l

(Fig. 37C, D, E e F).

0,1

1

10

100

1000

Ind/

10m

3

0,1

1

10

100

1000

Ind/

10m

3

15

25

35

45

Tem

pera

tura

5

6

7

8

9

pH

20

50

80

110

mS

/cm

9 12 15 18 21 0 3 6

6

7

8

9

10

mg/

l

A

B

C

D

E

F

sup fun

Figura 37 – Densidade de ovos (A) e larvas (B), valores de

temperatura da água (C), pH (D), condutividade elétrica (E)

e oxigênio dissolvido (F), verificados na estação Vila Rural

nos dias 20 e 21 de janeiro de 1999.

Page 55: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 46

Nesta estação dos 6 grupos capturados, 4 são compostos

por espécies migradoras. A. nuchalis e Pimelodinae foram os mais

freqüentes com 35,71%, seguido de A. affinis com 14,29% (Fig. 38).

A. nuchalis

Pimelodinae

A. affinis

T. neivae

Anostomidae

Siluriformes

0 20 40 60 80 100

Freqüência (%)

Figura 38 – Freqüência de captura de larvas por

grupo taxonômico, encontrados na estação Vila

Rural nos dias 20 e 21 de janeiro de 1999

(Destacadas em azul grupos de espécies migradoras).

Estação Floresta:

Nesta estação baixas densidades de ovos e larvas foram

constatadas durante o período amostrado O número total de ovos capturados

foi 198 e de larvas 46, sendo que as maiores foram observadas no fundo. A

maior densidade de ovos na superfície foi às 3:00 horas (2,12 ovos/10m³), e

às 0:00 horas (2,95 ovos/10m³) para o fundo (Fig. 39A). Para as larvas a

maior densidade na superfície foi verificada às 21:00 horas (0,51 ind/10m³),

e no fundo às 9:00 horas (1,67 ind/10m³) (Fig. 39B).

A temperatura da água variou entre 26,0 e 30,5ºC, o pH entre

7,03 e 7,52, enquanto que a condutividade elétrica apresentou valores entre

66 e 86µS/cm. Os valores de oxigênio dissolvido variaram de 7,20 e

7,79mg/l (Fig. 39C, D, E e F).

Page 56: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 47

0,1

1

10

100

1000In

d/10

m3

0,1

1

10

100

1000

Ind/

10m

3

15

25

35

45

Tem

pera

tura

5

6

7

8

9

pH

20

50

80

110

mS

/cm

9 12 15 18 21 0 3 6

6

7

8

9

10

mg/

lA

B

D

E

F

sup fun

C

Figura 39 – Densidade de ovos (A) e larvas (B), valores de

temperatura da água (C), pH (D), condutividade elétrica (E)

e oxigênio dissolvido (F), verificados na estação Floresta nos

dias 22 e 23 de janeiro de 1999.

Foram identificados para esta estação 8 grupos

taxonômicos, entre estes, 5 são ou apresentam espécies migradoras. As

maiores freqüências foram de Pimelodinae 45,45%, P. corruscans

22,73% e Anostomidae 9,1% (Fig. 40).

Page 57: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 48

Pimelodinae

P. corruscans

Anostomidae

B. stramineus

Leporinus spp

A. nuchalis

Gymnotiformes

Characiformes

Recém-eclodida

0 20 40 60 80 100

Freqüência (%)

Leporinus spp.

Figura 40 – Freqüência de captura de larvas por grupo

taxonômico, encontrados na estação Floresta nos dias 22 e

23 de janeiro de 1999 (Destacadas em azul grupos de

espécies migradoras).

Estação Copacabana:

Nesta estação foram capturados 85 ovos e 48 larvas. Em todos

os horários do período noturno foram registrados ovos, enquanto que no

diurno somente às 9:00 horas. As maiores capturas ocorreram no fundo,

sendo as maiores densidades observadas às 6:00 (5,56 ovos/10m³), e às 3:00

horas (1,09 ovos/10m³) na superfície (Fig. 41A). Foi verificada captura de

larvas na superfície somente à noite, com maior densidade às 6:00 horas

(0,52 ind/10m³). No fundo as larvas foram capturadas em quase todos os

horários, com maior densidade às 6:00 horas(7,51 ind/10m³) (Fig. 41B).

Os valores das variáveis não apresentaram diferenças entre a

superfície e fundo, porém ao longo da coleta a temperatura da água variou

entre 29,0 e 31,0ºC, o pH entre 7,01 e 7,56 e a condutividade elétrica

Page 58: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 49

apresentou valores entre 64 e 77µS/cm. Os valores de oxigênio dissolvido

variaram de 6,80 e 7,13mg/l (Fig. 41C,D, E e F).

0,1

1

10

100

1000

Ind/

10m

3

0,1

1

10

100

1000

Ind/

10m

3

15

25

35

45

Tem

pera

tura

5

6

7

8

9

pH

20

50

80

110

mS

/cm

9 12 15 18 21 0 3 6

6

7

8

9

10

mg/

l

A

B

D

E

F

C

sup fun

Figura 41 – Densidade de ovos (A) e larvas (B), valores de

temperatura da água (C), pH (D), condutividade elétrica (E)

e oxigênio dissolvido (F), verificados na estação Copacabana

nos dias 23 e 24 de janeiro de 1999.

Nove grupos taxonômicos foram identificados nesta

estação, sendo que o mais freqüente foi A. nuchalis 41,3%, seguido de

Page 59: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 50

Pimelodinae (28,26%) e Gymnotiformes (4,35%). Entre os grupos

encontrados, apenas dois apresentam espécies migradoras (Fig. 42).

A. nuchalis

Pimelodinae

Hypostomus sp

A. affinis

T. neivae

P. galeatus

Gymnotiformes

Characiformes

Recém-eclodida

0 20 40 60 80 100

Freqüência (%)

Hypostomus sp.

Figura 42 – Freqüência de captura de larvas por grupo

taxonômico, encontrados na estação Copacabana nos dias

23 e 24 de janeiro de 1999 (Destacadas em azul grupos de

espécies migradoras).

Estação Paraíso:

Nesta estação foram capturados 68 ovos e 32 larvas. Os ovos

foram capturados apenas em alguns horários, não sendo possível determinar

um padrão diferencial de captura entre superfície e fundo, sendo a maior

densidade verificada para a superfície às 0:00 horas, com 12,26 ovos/10m³, e

para o fundo às 3:00 horas, com 7,89 ovos/10m³ (Fig. 43A). Em relação as

larvas, observamos que na superfície estas foram capturadas somente no

período noturno, com maior densidade às 0:00 horas (3,06 ind/10m³),

enquanto que para o fundo as capturas foram verificadas quase que

Page 60: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 51

exclusivamente no período diurno, sendo o pico de captura observado às

9:00 horas, com 4,01 ind/10m³ (Fig. 43B).

A temperatura da água variou entre 26,8 e 31,0ºC, o pH entre

7,14 e 7,45, enquanto que a condutividade elétrica apresentou valores entre

59 e 74µS/cm. Os valores de oxigênio dissolvido variaram de 6,83 e

7,15mg/l (Fig. 43C, D, E e F).

0,1

1

10

100

1000

Ind/

10m

3

0,1

1

10

100

1000

Ind/

10m

3

15

25

35

45

Tem

pera

tura

5

6

7

8

9

pH

20

50

80

110

mS

/cm

9 12 15 18 21 0 3 6

6

7

8

9

10

mg/

l

A

B

D

E

F

C

sup fun

Figura 43 – Densidade de ovos (A) e larvas (B), valores de

temperatura da água (C), pH (D), condutividade elétrica (E)

e oxigênio dissolvido (F), verificados na estação Paraíso nos

dias 25 e 26 de janeiro de 1999.

Page 61: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 52

Neste ambiente foram identificados 4 grupos taxonômicos

(Fig. 44), cuja maior freqüência foi de A. nuchalis (70,0%), seguido de

Pimelodinae (16,67%) e P. corruscans (6,66%), as larvas recém-

eclodidas representaram apenas 3,33% do total capturado neste ponto.

Entre os 4 grupos identificados 3 apresentam migradores.

A. nuchalis

Pimelodinae

P. corruscans

Characiformes

Recém-eclodida

0 20 40 60 80 100

Freqüência (%)

Figura 44 – Freqüência de captura de larvas por

grupo taxonômico, encontrados na estação Paraíso

nos dias 25 e 26 de janeiro de 1999 (Destacadas em

azul grupos de espécies migradoras).

Estação Tapira:

No período amostrado foram capturados 20 ovos e 54 larvas. Os

ovos ocorreram somente em 4 horários, sendo que a maior densidade na

superfície foi de 0,31 ovos/10m³, às 9:00 horas, enquanto que no fundo foi às

6:00 horas, com 6,76 ovos/10m³ (Fig. 45A). As larvas foram verificadas

principalmente, no período noturno e em alguns horários durante o dia. As

maiores densidades na superfície foram registradas às 0:00 e 3:00 horas com

0,86 e,78 ind/10m³, respectivamente. Para o fundo as maiores densidades

ocorreram às 21:00 e 6:00 horas com 0,78 e 0,56 ind/10m³, respectivamente

(Fig. 45B).

Page 62: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 53

A temperatura da água variou entre 26,0 e 32,0ºC, o pH entre

6,84 e 7,15, enquanto que a condutividade elétrica apresentou valores entre

53 e 68µS/cm. Os valores de oxigênio dissolvido variaram de 6,84 e

7,21mg/l (Fig. 45C, D, E e F).

0,1

1

10

100

Ind/

10m

3

0,1

1

10

100

1000

Ind/

10m

3

15

25

35

45

Tem

pera

tura

5

6

7

8

9

pH

20

50

80

110

mS

/cm

9 12 15 18 21 0 3 6

6

7

8

9

10

mg/

l

A

B

D

E

F

C

sup fun

Figura 45 – Densidade de ovos (A), e, larvas (B), valores de

temperatura da água (C), pH (D), condutividade elétrica (E)

e oxigênio dissolvido (F), verificados na estação Tapira, nos

dias 26 e 27 de janeiro de 1999.

Page 63: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 54

Nove grupos taxonômicos foram capturados nesta estação,

sendo A. nuchalis o mais freqüente com 75,41%, seguido de Anostomidae

(7,54%) e Pimelodinae (5,66%)(Fig. 46). Entre os grupos capturados 3

apresentam representantes migradores.

A. nuchalis

Anostomidae

Pimelodinae

S. marmoratus

G. carapo

A. albifrons

H. littorale

S. spilopleura

Characiformes

0 20 40 60 80 100

Freqüência (%)

Figura 46 – Freqüência de captura de larvas por grupo

taxonômico, encontradas na estação Tapira nos dias 26 e 27

de janeiro de 1999 (Destacadas em azul grupos de espécies

migradoras).

Estação Herculândia:

A amostragem nesta estação resultou em 11 ovos e 32 larvas. A

captura de ovos nesta estação restringiu-se a dois horários durante o período

noturno; 0:00 e 3:00 horas; sendo que às 3:00 horas foi registrada a maior

densidade de ovos, tanto para a superfície (0,35 ovos/10m³) como para o

fundo (0,64 ovos/10m³) (Fig. 47A). As larvas ocorreram em 6 dos oito

horários amostrados. Na superfície as maiores capturas ocorreram entre 3:00

e 0:00 horas, com densidade de 0,55 e 0,47 ind/10m³, respectivamente. Para

Page 64: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 55

o fundo a maior densidade foi registrada às 15:00 horas com 2,44 ind/10m³,

as outras capturas neste estrato ocorreram no período noturno (Fig. 47B).

A temperatura da água variou entre 27,0 e 30,0ºC, o pH entre

6,45 e 7,07, enquanto que a condutividade elétrica apresentou valores entre

53 e 64µS/cm. Os valores de oxigênio dissolvido variaram de 6,44 e

6,83mg/l (Fig. 47C, D, E e F).

0,1

1

10

100

1000

Ind/

10m

3

0,1

1

10

100

1000

Ind/

10m

3

15

25

35

45

Tem

pera

tura

5

6

7

8

9

pH

20

50

80

110

mS

/cm

9 12 15 18 21 0 3 6

6

7

8

9

10

mg/

l

A

B

D

E

F

C

sup fun

Figura 47 – Densidade de ovos (A) e larvas (B), valores de

temperatura da água (C), pH (D), condutividade elétrica (E)

e oxigênio dissolvido (F), verificados na estação Herculândia

nos dias 28 e 29 de janeiro de 1999.

Page 65: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 56

Foram identificados nesta estação 10 grupos taxonômicos, entre

estes 5 são migradores. A maior freqüência foi de A. nuchalis (51,43%),

seguida de Loricariidae (8,57% ), S. lima (5,71%) e outros Siluriformes

(5,71%) (Fig. 48).

A. nuchalis

Loricariidae

Siluriformes

S. lima

P. corruscans

G. carapo

T. neivae

Pimelodinae

Gymnotiformes

Characiformes

Recém-eclodida

0 20 40 60 80 100

Freqüência (%)

Figura 48 – Freqüência de captura de larvas por grupo

taxonômico, encontrados na estação Herculândia nos dias

28 e 29 de janeiro de 1999 (Destacadas em azul grupos de

espécies migradoras).

Estação Pontal do Tigre:

Nesta estação foram capturados 23 ovos e 127 larvas. Conforme

a figura 49A, verificamos que os ovos apresentaram baixas densidades nos 5

dos 8 horários amostrados. Na superfície observamos ovos somente às 6:00

horas (0,13 ovos/10m³), enquanto no fundo a maior densidade foi verificada

às 3:00 horas, com 5,62 ovos/10m³. As larvas na superfície foram coletadas

somente no período noturno, com a maior densidade observada às 6:00 horas

(3,46 ind/10m³). No fundo estas ocorreram em todos os horários amostrados,

Page 66: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 57

com maior densidade às 9:00 e 12:00 horas, com 3,01 e 2,35 ind/10m³,

respectivamente (Fig. 49B).

A temperatura da água variou entre 29,0 e 31,5ºC, o pH variou

entre 6,62 e 7,29, enquanto que a condutividade elétrica apresentou valores

entre 57 e 64µS/cm. Os valores de oxigênio dissolvido variaram de 6,34 e

6,60mg/l (Fig. 49C, D, E e F).

0,1

1

10

100

1000

Ind/

10m

3

0,1

1

10

100

1000

Ind/

10m

3

15

25

35

45

Tem

pera

tura

5

6

7

8

9

pH

20

50

80

110

mS

/cm

9 12 15 18 21 0 3 6

6

7

8

9

10

mg/

l

A

B

D

E

F

C

sup fun

Figura 49 – Densidade de ovos (A) e larvas (B), valores de

temperatura da água (C), pH (D), condutividade elétrica (E)

e oxigênio dissolvido (F), verificados na estação Pontal do

Tigre nos dias 29 e 30 de janeiro de 1999.

Page 67: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 58

Foram identificados 8 grupos taxonômicos nesta estação, sendo

que apenas um grupos não realizam migrações. A maior freqüência foi de

Anostomidae com 24,58%, seguido de S. lima (23,73%) e Pimelodidade

(18,64%) (Fig. 50).

Anostomidae

S. lima

Pimelodinae

Characiformes

P. corruscans

R. vulpinus

Siluriformes

A. nuchalis

Recém-eclodida

0 20 40 60 80 100

Freqüência (%)

Figura 50– Freqüência de captura de larvas por grupo

taxonômico, encontrados na estação Pontal do Tigre nos

dias 29 e 30 de janeiro de 1999 (Destacadas em azul grupos

de espécies migradoras).

Coletas com redes de arrasto e espera e espinhéis

Nas coletas de arrasto, redes de espera e espinhel foram

capturadas 2.502 indivíduos, sendo 67,6% no alto Ivaí, 19,66% no médio e

12,71% no baixo. Este indivíduos foram enquadrados em 73 espécies, sendo

53 no alto, 49 no médio e 30 no baixo Ivaí.

No alto Ivaí constatamos que as maiores freqüências foram de

P. argetea com 73,40%, seguida de A. piracicabae (6,50%), R. paranensis

(2,84%) e H. derbyi (1,77%), as demais espécies apresentaram freqüência

abaixo de 1,5% (Fig. 51).

Page 68: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 59

P. argenteaA. piracicabaeR. paranensis

H. derbyiG. cf. cesarpintoi

B. stramineusP. maculatus

Bryconamericus sp.S. knerii

Hypostomus spIsonotus sp

S. borelliiHypostomus sp2

R. vulpinusT. neivai

H. aff. malabaricusPimelodus sp.

A. nasutusBryconamericus sp1

G. kneriiG. brasiliensis

L. octofasciatusP. fur

P. cf. myersiP. lineatus

A. albifronsA. bimaculatus

A. nuchalisP. ornatus

P. granulosusS. scripta

S. spilopleuraM. cf. tieteA. lacustris

Eigenmannia sp.H. platyrhynchos

Pimelodella sp.P. motoro

P. gobioidesRineloricaria sp.

S. marginatusS. insculptaA. fasciatus

C. britskiiG. carapo

Hypostomus sp.1I. labrosus

L. amblyrhynchusL. obtusidensPariolius sp.

P. paranensisR. quelen

S. altoparanae

0,01 0,1 1 10 100

Freqüência (%)

Figura 51 - Freqüência de indivíduos das espécies encontradas no alto Ivaí

(Destacadas em azul grupos de espécies migradoras).

Page 69: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 60

Para o médio Ivaí, a espécie que apresentou maior freqüência de

captura foi B. stramineus, com 31,91%, seguida de P. argentea (7,11%), P.

galeatus (6,50%), A. nasutus (5,69%) e S. insculpta (5,08%) (Fig. 52).

B. stramineusP. argenteaP. galeatus A. nasutusS. insculpta

Hypostomus sp.A. nuchalis

Eigenmannia sp.R. vulpinus

R. paranensisS. borelliiG. knerii

P. ornatusP. motoro

A. bimaculatusH. platyrhynchos

P. granulosusH. cf. marginatus

H. derbyiHypostomus sp2

I. labrosusL. friderici

L. obtusidensS. marginatusLoricaria sp.P. gobioidesA. fasciatus

G. cf. cesarpintoiP. lineatus

A. albifronsH. aff. malabaricus

R. rostratusS. altoparanae

S. macrurusA. ucaylensis

C. britskiiH. marginatus

L. octofasciatusM. cf. tiete

Pimelodella sp.P. fur

P. maculatusP. ellisi

Potamotrygon sp.P. mangurus

S. kneriiSternachorhynchus sp.

T. neivaiT. paraguayensis

0,01 0,1 1 10 100

Freqüência (%)

Figura 52 - Freqüência de indivíduos das espécies encontradas no médio Ivaí

(Destacadas em azul grupos de espécies migradoras).

Page 70: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 61

No Baixo Ivaí a maior freqüência de captura também foi de B.

stramineus (33,01%), seguido de P. galeatus (22,64%), I. labrosus (5,66%) e

P. squamosissimus (5,03%) (Fig. 53).

B. stramineusP. galeatusI. labrosus

P. squamosissimusA. bimaculatus

R. paranensisR. vulpinus A. nasutus

T. paraguayensisL. fridericiA. nuchalis

S. marginatusA. fasciatus

Hypostomus sp.Pimelodella sp.

P. ornatusH. edentatusP. pirinampu

P. granulosusA. cf. valenciennesi

Cheirodon sp.Eigenmannia sp.

H. aff. malabaricusHypostomus sp2

Loricaria sp.M. aculeatusP. maculatus

Potamotrygon sp.R. quelenS. borellii

0,01 0,1 1 10 100

Freqüência (%)

Figura 53 - Freqüência de indivíduos das espécies encontradas no baixo Ivaí

(Destacadas em azul grupos de espécies migradoras).

Os valores do índice de diversidade (H'), assim como a

equitabilidade e o número de espécies são mostrados na figura 54. Nela

podemos verificar que o índice foi maior nas estações Floresta, Corumbataí,

Paraíso e Grandes Rios, enquanto o menor índice foi verificado nas estações

Porto Ubá e Copacabana.

Page 71: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 62

TCRIS

CA

BRE

GRIO

S

SAJO

SE

PUBA

CO

RU

M

VIR

UR

FLOR

CO

PACA

PARA

IS

TAPIR

A

HER

CU

L

PON

TAL

Estações

0

1

2

3

4

5

Bit

s/in

d.

0

5

10

15

20

25

30

35

N. d

e espécies

Diversidade Equitabilidade número de espécies

Figura 54 – Índice de diversidade,

equitabilidade e número de espécie

encontrados nas estações de amostragem do

rio Ivaí.

Na análise dos indivíduos capturados com redes de espera (Fig.

55), observamos que 32,7% dos indivíduos capturados estavam em

reprodução, 28,6% em repouso, os estágios iniciais de maturação e

esgotados representaram cada um 13,7% das capturas. Observa-se ainda a

ausência de indivíduos imaturos nas estações Teresa Cristina, Cândido de

Abreu, Grandes rios, São José, Corumbataí e Paraíso. O predomínio de

indivíduos em reprodução e repouso foi verificado nas estações T. Cristina,

São José, Porto Ubá, Floresta, Tapira, Herculândia, Pontal do Tigre. Nas

estações Cândido de Abreu e Grandes rios predominaram indivíduos em

início de maturação e maturação, enquanto que na estação Vila rural

predominaram nas capturas indivíduos em reprodução. Nas estações

Corumbataí, Copacabana e Paraíso houve maior captura de indivíduos em

reprodução e esgotados.

Page 72: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 63

T.c

ris

C.a

brG

.rio

S.j

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Cor

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Flo

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0%

20%

40%

60%

80%

100%

imt

rep

ini

mat

rpd

esg

IMT

2,1%

REP

28,6%INI

13,7%

MAT

9,3%

RPD

32,7%

ESG

13,7%

Figura 55 - Freqüência dos estágios de desenvolvimento

gonadal, para os indivíduos capturados com redes de

espera nas diferentes estações de amostragem, no mês

de janeiro de 1999.

DISCUSSÃO

A grande quantidade de ovos e larvas capturada, ressalta a

extrema importância do rio Ivaí para a reprodução de várias espécies de

peixes, tanto migradoras como residentes, haja visto que este rio contribuiu

com aproximadamente 30% do total do ictioplâncton capturado entre os anos

de 1991 a 1995 (FUEM/Itaipu Binacional, 1995).

Considerando que a bacia do rio Paraná, na qual o rio Ivaí está

inserido, é a bacia sul-americana com maior incidência de represamentos, o

que restringe os movimentos migratórios dos peixes, a importância dos

afluentes como o rio Ivaí na reprodução e desenvolvimento das espécies fica

mais evidente. Este fato é acentuado, quando analisa-se os resultados obtidos

por FUEM/Itaipu Binacional (1995), onde é demonstrado que as maiores

capturas de ovos são obtidas justamente nos afluentes e que estes ovos,

Page 73: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 64

juntamente com as larvas, são carreados pela correnteza para a calha

principal do rio Paraná e reservatório de Itaipu.

Sob um ponto de vista local, no período de 94/95 nas três

estações estudadas no rio Ivaí, houve tendência de diminuição do número de

ovos e aumento do número de larvas em direção a foz. Este fato sugere que

as larvas eclodem ao longo do caminho percorrido. Esta tendência também é

observada no período 99, embora não seja tão evidente. Provavelmente

devido a maior quantidade de pontos amostrados neste período e a influência

dos tributários rio Alonso e rio Corumbataí, os quais contribuíram com

grande quantidade de ovos e larvas. Esta tendência já pôde ser observada em

outros ambientes estudados anteriormente, como nos rios Ivinhema,

Amambai e Piquiri (NAKATANI et al., 1997).

A redução nas densidades de captura de larvas, verificadas

quando comparadas as estações Bananeira, Tapira e Pontal do Tigre no mês

janeiro de 1995 e janeiro de 1999, pode estar associada a alguma alteração

no ciclo reprodutivo das espécies, tendo em vista que em 1995 as maiores

capturas de ovos e larvas ocorreram em janeiro. Outra hipótese seria a

diminuição da atividade reprodutiva em função da pouca preservação deste

rio. De igual maneira, com relação à periodicidade das capturas, não foi

possível constatar se houve ou não um deslocamento do pico reprodutivo

entre os períodos, uma vez que no ano de 1999 houve apenas um mês de

amostragem.

De maneira geral, a captura de ovos foi verificada

principalmente no período noturno e no fundo, exceto nas estações Tereza

Cristina, Grandes Rios e São José onde as capturas ocorreram em ambos

turnos e estratos. Segundo GODOY (1954), as maiores ocorrências no

período noturno podem ser explicadas pela maior atividade reprodutiva ao

entardecer, quando a temperatura da água atinge maiores valores. Com

relação às larvas, a falta de um padrão definido quanto a captura por turno e

Page 74: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 65

estrato pode ser devido a uma série de fatores, entre os quais hábito

alimentar, migração e estágio de desenvolvimento (BAUMGARTNER et al.,

1997; BIALETZKI et al., 1999) .

As maiores capturas tanto de ovos como de larvas na região da

cabeceira do rio (estação Tereza Cristina) e no afluente rio Alonso (estações

Grandes Rios e São José), podem ser explicadas pelo comportamento

migratório apresentados pelas espécies que procuram estes ambientes para

desovarem. Isto pode ser evidenciado pelo grande número de táxons

identificados nesta região, onde várias espécies conhecidamente migradoras,

entre eles o pintado (P. coruscans), várias espécies de piaus (Anostomidae) e

mandis (Pimelodinae) foram capturados. Além disso, as características

apresentadas por estes ambientes, como alta velocidade de fluxo e tipo de

substrato favorecem a presença de espécies como coridoras (Corydoras sp.),

os cascudos (Loricariidae, L. platymetopon) e o guasco (Trychomicterus sp.).

A captura de larvas recém-eclodidas nesta área demonstra que estas são ou

estão próximos a um local de desova, tendo em vista que as larvas neste

estágio apresentam apenas algumas horas de vida.

Vale ressaltar que apesar da grande quantidade de ovos e larvas

encontrada na região de cabeceira e afluentes, foi observada a captura de

larvas de várias espécies em todos os pontos de amostragem, demonstrando

haver atividade reprodutiva em toda a extensão do rio.

A elevada densidade de ovos coletados na estação Vila Rural

pode estar relacionada a atividade reprodutiva no rio Corumbataí (maior

afluente do rio Ivaí na margem esquerda), que desemboca apenas alguns

quilômetros acima desta estação.

Na estação Porto Ubá a baixa captura de ovos e larvas

possivelmente esteja relacionada ao baixo fluxo de água apresentado no

local, o que para a metodologia utilizada não é muito adequado, tendo em

vista que as redes permaneceram estacionárias.

Page 75: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 66

Comparando o número de espécies capturadas no dois períodos,

verificou-se que o segundo apresentou maior captura, o que se deve

provavelmente, ao maior número de estações amostradas, sendo desta forma

contemplado um maior número de habitat. Algumas espécies não foram

capturadas em janeiro de 1999, provavelmente, em função do curto espaço

de tempo de amostragem, possivelmente se o período tivesse compreendido

um ciclo reprodutivo completo estas espécies teriam sido capturadas.

Os fatores ambientais não apresentaram grandes variações tanto

por estações de amostragem como por turno e estrato, não atingindo valores

extremos. Deste modo, aparentemente estes fatores não influenciaram a

captura dos indivíduos.

A bacia do rio Paraná tem uma fauna de peixes composta por

cerca de 600 espécies (BONETTO, 1986), a maioria das quais no alto rio

Paraguai. Os levantamentos recentes realizados entre o reservatório de Itaipu

e a foz do rio Paranapanema, revelam uma ictiofauna de 170 espécies

(AGOSTINHO et al., 1997). Segundo este mesmo autor, são registradas 100

espécies na calha principal do rio Paraná.

Embora tenha sido realizada amostragem somente durante um

mês, o rio Ivaí apresentou elevado número de espécies (81 espécies), quando

comparado com a calha principal do rio Paraná. Este número é maior que

aquele encontrado para os rios Iguaçu (64 espécies), Piquiri (57 espécies) e

Iguatemi (77 espécies), entretanto menor que o rio Ivinhema (91 espécies)

(AGOSTINHO et al., 1997b).

Page 76: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 67

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Generalidades sobre estratégias reprodutivas e impactos de

represamentos:

A reprodução das espécies de peixes dos rios brasileiros é,

independentemente da modalidade de estratégia utilizada, altamente sazonal.

A maioria desova entre os meses de setembro e abril, com maior intensidade

entre outubro e fevereiro. Os grandes migradores, geralmente de maior porte

e valor comercial, têm ovos pequenos, numerosos, que são eliminados em

um curto intervalo de tempo. Têm maior sazonalidade reprodutiva,

desovando na calha dos rios durante o período de elevação do nível de água.

Seus ovos derivam rio abaixo enquanto se desenvolvem, sendo lançados,

geralmente na forma de larva para as depressões laterais durante o

transbordamento da calha. Isto tem sido amplamente documentado por

GODOY (1975) e descrito por AGOSTINHO et al. (1993) no segmento livre

do alto rio Paraná, a montante do reservatório de Itaipu. NAKATANI et al.

(1997) relatam um gradiente longitudinal na densidade de ovos e larvas de

peixes a partir da cabeceira de alguns afluentes do rio Paraná, sendo os ovos

mais abundantes na cabeceira e as larvas nos trechos inferiores. Entre os

membros desta categoria destacam-se os prochilodontídeos, surobimíneos,

pimelodíneos e alguns characídeos e anostomídeos de grande porte.

As espécies sedentárias, por outro lado, mais freqüentes em lagoas

e canais de planícies de inundação, apresentam adaptações respiratórias a

condições adversas de oxigenação e toleram grandes variações térmicas. A

reprodução ocorre, geralmente, durante um período prolongado, sendo a

desova do tipo parcelada. Incluem-se nesta categoria as espécies com

ovócitos grandes, baixa fecundidade e cuidado parental (SUZUKI &

AGOSTINHO, 1993). A reprodução destas espécies parece ter menos

dependência do regime de cheias e alguns membros desta categoria de

Page 77: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 68

peixes veêm sendo bem sucedidos na ocupação dos novos ambientes

formados pelo barramento dos rios ou mesmo em rios de vazão controlada.

Destacam-se entre estes peixes, alguns ciclídeos, loricarídeos e eritrinídeos.

Os migradores moderados constituem um grupo composto por um

grande número de espécies, geralmente, de médio e pequeno porte, e que

apresentam estratégias intermediárias entre os dois grupos anteriormente

mencionados. Alguns membros deste grupo têm sido bem sucedido na

ocupação dos reservatórios, especialmente após os primeiros anos de sua

formação. Destacam-se entre eles, os characídeos de pequeno porte.

Os represamentos afetam principalmente os grandes peixes

migradores, não apenas pelas modificações impostas aos habitats naturais,

más, principalmente por interceptar a rota dos peixes em direção aos seus

ambientes de desova e alterarem o regime de cheias à jusante (efeitos na

atenuação e retardamento no pico de cheia, ou sua modificação por

procedimentos operacionais visando atender demandas energéticas). Séries

contíguas de reservatórios afetam também as espécies com moderada

capacidade de migração, que poderiam ocupar seu trecho inicial e reproduzir

à montante.

Limitações dos estudos objeto desse relatório:

Embora com uma abrangência espacial adequada, o presente

levantamento apresentou uma restrição relevante: o curto período de

amostragem. Como mencionado anteriormente, o período reprodutivo da

ictiofauna do rio Paraná estende-se de setembro a abril, especialmente entre

outubro e fevereiro. Nesse período, as espécies reproduzem em épocas

distintas, particularmente as grandes migradoras, que têm reprodução mais

sazonal. A limitação das amostragens ao mês de janeiro, embora forneça um

bom quadro das áreas críticas à reprodução das espécies que tem pico de

Page 78: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 69

desova nesse mês, é uma restrição relevante à identificação dessas áreas para

o conjunto das espécies. Os estudos realizados em períodos anteriores, por

outro lado, apresentam limitações espaciais.

Áreas mais relevantes à desova de peixes:

Os resultados apresentados nesse relatório evidenciam claramente

que os trechos altos do Ivaí são os mais importantes à desova das espécies

com pico reprodutivo em janeiro. Os valores médios obtidos para a

densidade no trecho alto, embora com alto desvio, foi de 19,2ovos/10m3 e

6,5ind/10m3 . Nos trechos médios e baixos as densidades médias de ovos

foram de 2,3 e 0,9, respectivamente, e os de larvas 0,9 e 1,1.

(i) As estações Tereza Cristina e Cândido de Abreu,

localizadas na calha principal do rio, acima da foz do

rio Alonso, apresentaram as maiores densidades de

ovos e larvas, respectivamente, indicando importantes

áreas de desova em trechos próximos à montante. Isso

é corroborado pela elevada densidade de larvas recém

eclodidas na primeira. As espécies com maior

contribuição no total amostrado foram o pintado

P.corruscans e pimelodinae, a primeira reconhecida

pelo grande porte, valor comercial e a realização de

grandes deslocamentos para a desova e a segunda por

comportar diversas espécies migradoras.

(ii) A área compreendida pelas estações Corumbataí e Vila

Rural, no rio Corumbataí e no canal do Ivaí,

respectivamente, foi a segunda mais importante entre

as analisadas, como demonstram as densidades de

ovos. Embora com baixa abundância de larvas de

Page 79: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 70

pintado, mostrou grande densidade daquelas de

pimelodíneos e, na primeira, de anostomídeos, ambos

com espécies migradoras.

(iii) A terceira área em importância para a desova

(considerando-se as espécies que desovam em janeiro)

foi a de Grandes Rios, no rio Alonso. Isso pode ser

evidenciado pela abundância de ovos, larvas recém

eclodidas e larvas de Pimelodinae.

Destaca-se, entretanto, que embora com baixas densidades de

ovos e larvas, os trechos médios e baixos constituem rotas para a ascensão

dos grandes migradores até as áreas de desova e de dispersão dos juvenis que

são recrutados aos estoques do rio Paraná e reservatório de Itaipu. Esse fato

evidencia a importância do rio Ivaí e seus tributários na manutenção das

populações do trecho ainda livre do rio Paraná, na área hoje ocupada pela

Área de Proteção Ambiental das Ilhas e Várzeas do Rio Paraná e do Parque

Nacional de Ilha Grande, criados em 1997 por Decreto Federal e Parque

Estadual do Ivinhema, recém criado.

As alternativas para a partição de quedas:

Os resultados, pelo seu caráter preliminar, não permitem

recomendações com a consistência requerida num processo de definição de

partição de quedas. Estudos temporalmente mais abrangentes poderiam

evidenciar outras áreas de relevância igual ou maior para a conservação.

Espécies que reconhecidamente reproduzem mais cedo (outubro a

dezembro) e que são particularmente afetadas pelos represamento, como o

dourado Salminus maxillosus, piracanjuba Brycon orbignyanus, pacu

Piaractus mesopotamicus, entre outros, não foram contempladas nesse

estudo.

Page 80: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 71

Os resultados preliminares permitem também em caráter

preliminar, antever quatro cenários:

1. Represamentos abaixo da foz do rio Corumbataí e nesse

rio: grande impacto sobre a fauna do trecho livre do rio

Paraná, já prejudicada pela construção de Porto

Primavera. A manutenção da rota migratória entre o

rio Paraná e o Corumbataí é o mínimo necessário para

a atenuação dos impactos dos aproveitamentos

hidrelétricos na bacia.

2. Represamentos no canal principal do rio Ivaí, em seu

trecho a montante da foz do Alonso: impacto relevante

sobre a fauna, especialmente o pintado P.corruscans,

que tem nesse trecho sua principal área de desova.

3. Represamento no canal principal do Ivaí, a montante

do rio Corumbataí, e no rio Alonso: impacto relevante

4. Represamentos apenas no rio Alonso: impactos

moderados e, a priori, aceitáveis sobre a ictiofauna

regional.

RECOMENDAÇÕES:

Fundamentação

O “Seminário Sobre a Fauna Aquática e o Setor Elétrico

Brasileiro”, promovido pelo COMASE – Comitê Coordenador das

Atividades de Meio Ambiente do Setor Elétrico/Eletrobrás/MME e os

documentos produzidos em suas reuniões preparatórias analisa a situação

Page 81: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 72

vigente desses estudos na etapa de inventário: “A grande maioria dos

estudos de inventários já realizados pelo Setor Elétrico não incorpora

adequadamente aspectos da fauna aquática relevantes para subsidiarem a

escolha da melhor alternativa de divisão de quedas”, e enumera os aspectos

prioritários a serem considerados nos estudos e levantamentos, entre os quais

“a necessidade de classificação dos cursos d’água que compõem a bacia

em estudo por sua importância como áreas de desova de espécies

migratórias” e “o levantamento das áreas relevantes como criadouros

naturais de espécies migradoras, através dos dados de distribuição de

juvenis obtidos em amostragens realizadas em canais e lagoas marginais”

(COMASE/ELETROBRÁS, 1995).

Pelo caráter virtualmente irreversível dos represamentos, as

decisões acerca da localização do eixo das barragens revestem-se da maior

importância. Informações mais concisas são desejáveis para a avaliação das

alternativas em empreendimentos que visem um desenvolvimento

economicamente viável, socialmente desejável e ecologicamente compatível.

Embora o presente estudo seja o primeiro no Brasil a identificar áreas

críticas à procriação de peixes com base na distribuição de ovos e larvas, o

tempo restrito para a realização do trabalho de campo lhe confere limitações.

Na ausência de dados consistentes sobre áreas críticas para a

conservação da fauna aquática na etapa de inventário, o setor elétrico não

tem considerado esses componentes no processo decisório acerca da partição

de quedas. Os dados obtidos em etapas subseqüentes, agora a nível de

empreendimento, são, muitas vezes, precários e pouco úteis como subsídios

às ações de atenuação de impactos e manejo dos recursos. Na busca desses

objetivos, o gerente ambiental no Brasil aplicou-se, durante anos, a ações de

manejo baseadas no controle da pesca e no repovoamento, ambos com

eficácia reduzida. A essas ações são acrescidas a construção de facilidades

para transposição de peixes pelas barragens, também equivocada.

Page 82: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 73

Embora a ausência de monitoramento dos estoques nos primeiros

20 anos não permita conclusões definitivas acerca da eficiência das

iniciativas de controle da pesca e do repovoamento, o baixo rendimento da

pesca profissional nos reservatórios do Sul-Sudeste do Brasil (CESP, 1996;

PETRERE JR. & AGOSTINHO, 1993) e o virtual desaparecimento das

espécies de maior porte naqueles do alto rio Paraná (AGOSTINHO et al.,

1994) demostram que os resultados não foram satisfatórios.

O controle da pesca realizado com o objetivo de proteger formas

jovens, áreas de reprodução e períodos de desova dos estoques pesqueiros,

tem-se mostrado pouco eficiente, tanto pela escassez de informações acerca

do objeto do controle, como pelas limitações de recursos financeiros e

humanos relacionados a essa atividade. A ausência de um monitoramento

permanente da explotação e do recurso, exigido pela dinâmica do sistema, e

a falta de uma definição clara do que se pretende proteger, são outros

aspectos que afetam a eficiência do controle. A carência de dados

satisfatórios de captura e esforço na pesca profissional, exceto para situações

localizadas (OKADA et al., 1996), não permite sequer o estabelecimento dos

valores do rendimento máximo sustentável, que forneceria alguma referência

acerca do estado de explotação dos estoques e uma base para o controle da

atividade pesqueira.

A estocagem ou peixamento realizada com espécies exóticas ou

autóctones, marcou a ação da maioria das concessionárias hidrelétricas nas

últimas décadas. Inicialmente como uma alternativa às escadas de peixes,

tidas como onerosas e ineficientes entre os técnicos, essa atividade ganhou a

adesão de várias concessionárias.

No bojo do pragmatismo, geralmente com a alegação de que a

produção nos reservatórios não poderia esperar os resultados da pesquisa,

que é lenta e cara, grandes somas de recursos financeiros foram aplicadas na

construção de estações de piscicultura e na manutenção de equipes para

Page 83: Relatorioivai

Ictioplâncton do Rio Ivaí 74

operacionalizá-las, sempre na expectativa de restaurar a pesca através da

estocagem.

Mais de 30 espécies oriundas de outras bacias, geralmente com um

estágio nas estações de piscicultura do Nordeste, foram disseminadas nos

grandes reservatórios das bacias dos rios Paraná e São Francisco.

Na maioria dos casos de introduções, os espécimes liberados

jamais foram capturados, e, quando capturados, sua importância na pesca

jamais alcançou relevância. Isso, obviamente significa equívoco na alocação

de esforços e recursos.

Constitui notável exceção o caso da curvina Plagioscion

squamosissimus, vinda do Norte do país, e que proliferou, virtualmente, nas

bacias do rio Paraná e do São Francisco, tendo importante participação na

pesca comercial (AGOSTINHO & JÚLIO JR., 1996). Destaca-se, entretanto,

que os prejuízos ambientais decorrentes da introdução desse predador não

são ainda conhecidos. Há evidências de que essa espécie tem impactos

negativos sobre a pesca do reservatório de Itaipu, onde preda intensivamente

os jovens de primeiro ano do mapará, Hypophthalmus edentatus, principal

espécie nos desembarques pesqueiros (AGOSTINHO, 1995).

Nos casos de estocagem com espécies nativas, uma tendência

recente nas estações de piscicultura de hidrelétricas, não existe, no Brasil,

tecnologia disponível para aferir o sucesso do empreendimento nem dos

impactos genéticos decorrentes da endogenia.

Os constantes insucessos nos programas de estocagem têm levado

algumas companhias hidrelétricas a redirecionar suas atividades,

aproveitando a infra-estrutura montada. Assim, algumas delas têm-se

dedicado ao fomento à piscicultura e/ou a investigações limnológicas e

ictiológicas de seus reservatórios.

No primeiro caso, a atividade tenta compensar os impactos

econômicos negativos que a formação do reservatório provocou a nível

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Ictioplâncton do Rio Ivaí 75

regional, não tendo qualquer significado positivo do ponto de vista da

conservação dos estoques pesqueiros.

No segundo, entretanto, os resultados podem orientar a

administração pesqueira sobre quais, como, quando e onde as medidas de

manejo devem ser aplicadas, sendo, portanto, uma tendência promissora sob

a perspectiva do manejo conservacionista e da atividade pesqueira.

As escadas para a transposição de peixes a montante da barragem,

a exemplo das estações de piscicultura, são consideradas como um fim em si

mesmas e não como um instrumento para operacionalizar o manejo,

instaladas em vários pequenos reservatórios foram também iniciativas, em

geral, equivocadas.

Sua instalação era exigida pela legislação da primeira metade do

século (Lei n° 2250, de 28.12.1927; Decreto n° 4390, de 14.03.1928 e

Decreto Lei n° 794, de 19.10.1938), que prescrevia: “todos quantos, para

qualquer fim, represarem as águas dos rios, ribeirões e córregos são

obrigados a construir escadas que permitam a livre subida dos peixes”.

Ao se generalizar a obrigatoriedade de uma obra, cujo

funcionamento resulta de interações entre suas características técnicas (tipo,

declividade, vazão, posição em relação ao eixo da barragem, etc.) e a

natureza da ictiofauna presente, sem o necessário conhecimento técnico-

científico do empreendimento ou dos peixes, incorreu-se no risco de

insucesso e desperdício de recursos, esforços e oportunidades.

Nesse período, foram construídas escadas de peixes logo acima de

cachoeiras de até 70 metros de altura, como a edificada no córrego dos

Negros (São Carlos-SP), ou em riachos onde a ictiofauna era composta

apenas por espécies sedentárias (CHARLIER, 1957).

Após a construção das escadas, nenhuma avaliação sistemática foi

realizada nesses empreendimentos. Alguns estudos, com conclusões distintas

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Ictioplâncton do Rio Ivaí 76

em relação à eficiência dessas facilidades, são, no entanto, encontrados na

literatura.

Assim, GODOY (1957, 1975) relata a grande eficiência daquela

construída em Cachoeira de Emas (Pirassununga-SP), que, embora de altura

reduzida, foi objeto de amplos estudos. BORGHETTI et al. (1993, 1994)

relatam que grande número de espécies ascenderam uma escada

experimental localizada logo abaixo da barragem do reservatório de Itaipu,

com uma altura aproximada de 27,3 metros.

GODINHO et al. (1991), por outro lado, informam acerca da baixa

eficiência da escada (10,8m) instalada junto à barragem do reservatório de

Salto Morais, no rio Tijuco.

Esses estudos informam, no entanto, sobre a eficiência na

transposição de barragens ou capacidade de ascensão das escadas. Não

tratam da importância e efetividade dessa transposição para a preservação

dos estoques na bacia.

Embora não haja dúvida quanto à habilidade de muitas espécies

migradoras em ascenderem as escadas, mesmo com alturas de 20,0cm ou

mais e alcançarem o reservatório (BORGHETTI et al., 1994) ou de, uma vez

no reservatório, se orientarem em direção aos trechos livres a montante

(AGOSTINHO et al., 1993; AGOSTINHO et al., 1994), a seletividade das

escadas à transposição da barragem é consenso nos estudos realizados.

Alguns indicadores mostram que essas obras teriam eficiência

duvidosa na preservação ou conservação dos estoques em um cenário de

barragens em série, como o da bacia do rio Paraná ou mesmo do médio e

baixo São Francisco.

Mesmo que alguns rios tributários dessa bacia possam se constituir

em áreas promissoras para a desova, as grandes espécies migradoras da bacia

requerem áreas sazonalmente alagadas para o desenvolvimento inicial, e a

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Ictioplâncton do Rio Ivaí 77

maioria dessas áreas estão reguladas pelos reservatórios ou foram drenadas

para o aproveitamento agrícola.

Outra questão fundamental refere-se ao recrutamento nos estoques

de peixes a jusante. Mesmo que as escadas ou elevadores possibilitem a

transposição da barragem pelos reprodutores de várias espécies de peixes,

parece pouco provável que a prole faça o movimento oposto. Já os

salmonídeos voltam com tamanhos maiores e, portanto, menos vulneráveis à

predação.

Diferentemente dos salmonídeos do hemisfério Norte, com base

nos quais as escadas são, geralmente, projetadas no Brasil, os grandes

migradores da América do Sul, especialmente os da bacia do rio Paraná, têm

um deslocamento descendente passivo de seus ovos e larvas a partir do local

de desova, geralmente as partes mais altas de grandes tributários, até as

partes mais baixas, onde a várzea é mais extensa (se não alagada pelo

reservatório).

É difícil imaginar que essas larvas atravessem as águas lênticas do

reservatório, onde a visibilidade e o número de pequenos predadores são

elevadas. Mesmo na suposição de amplas áreas ainda livres à montante,

como ocorre com o reservatório de Itaipu, que permitem o desenvolvimento

inicial dos alevinos, seria difícil imaginar uma migração descendente por

dezenas e, às vezes, centenas de quilômetros dos jovens de grandes

migradores, com hábitos essencialmente reofílicos.

Embora faltem dados precisos sobre esse assunto, é esperado que

as escadas subtraiam do estoque de jusante um grande número de

reprodutores, não promovam sua reposição pelo recrutamento e tenham

benefícios duvidosos aos estoques do trecho à montante, especialmente

quando inexistem áreas relevantes de várzeas (criadouros naturais).

Os tanques-redes utilizados na criação confinada de peixes em

ambientes represados, representam uma nova modalidade de demanda no

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Ictioplâncton do Rio Ivaí 78

elenco dos usos múltiplos tradicionais. Embora já tenha sido objeto de

experimentação há mais de 20 anos (COPEL), sua difusão ocorreu nos

últimos 10 anos. Nenhum resultado que permita uma avaliação dessa

modalidade de cultivo em reservatórios é conhecido.

Os primeiros resultados obtidos pelo Departamento de Meio

Ambiente da Itaipu Binacional, aliado ao sucesso do cultivo de salmonídeos

no Chile, foram responsáveis por essa difusão. Informações pessoais revelam

que o programa foi desativado naquela empresa, basicamente pelo fato das

técnicas com espécies nativas não estarem dominadas e pelos prejuízos que

alguns produtores tiveram com a destruição de suas estruturas de cultivo

com vendavais.

Em Volta Grande (CEMIG), os cultivos experimentais, que

também apresentaram problemas com vendavais, ainda continuam. Entre os

reservatório da bacia do rio Paraná, Furnas é o que apresenta maior número

de unidades de tanques-redes instalados. Nenhuma informação técnica é,

entretanto, conhecida.

De um modo geral, os problemas operacionais básicos enfrentados

com esse tipo de cultivo em reservatórios brasileiros foram (a) as variações

de níveis, especialmente as aleatórias, que podem deixar os tanques fora da

água em algumas ocasiões; (b) os ventos fortes e a formação de marolas, que

podem danificar as estruturas de cultivo; (c) o domínio tecnológico

insuficiente sobre o cultivo de espécies nativas, visto que o uso de espécies

exóticas representa ameaças de introduções ilegais de espécies, e (d) os

impactos ambientais prováveis.

Geralmente concebidos para viabilizar uma nova atividade rentável

aos pescadores, as experiências atuais demonstram que esses objetivos não

estão sendo realizados. Os tanques-redes do reservatório de Itaipu, em razão

do alto investimento inicial necessário, não permitiu que os pescadores

fossem envolvidos na atividade. Além disso, os pescadores estão afetos a

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Ictioplâncton do Rio Ivaí 79

uma atividade cuja remuneração é diária ou semanal, o que não se coaduna,

culturalmente, com um empreendimento cujo retorno só ocorrerá após meses

ou anos de trabalho.

Tendo como base as informações colhidas de outros países, essa

atividade, ao ser planejada, deverá considerar os seguintes impactos sobre o

ambiente e demais usos:

i. Presença física: as áreas tecnicamente mais favoráveis à

instalação dos tanques-redes são aquelas rasas (litorâneas), protegidas de

ventos e correntes. Esses locais são os de mais fácil acesso por terra e,

portanto, sujeito a vandalismo e roubo. São geralmente utilizados para a

pesca, passagem das embarcações e desembarque, gerando conflitos entre a

pesca profissional e a atividade de cultivo. Além disso, são as mais afetadas

pela operação da barragem, especialmente em reservatórios com amplas

zonas de depleção de cotas. A presença dos tanques-redes alteram também

os padrões de circulação local da água, com reflexos no transporte de

oxigênio, sedimento, plâncton e larvas de peixes.

ii. Alterações na qualidade da água e biota: O fato dos efluentes

dos tanques-redes não poderem ser tratados pode implicar em grandes

entradas de nutrientes (alimento e excrementos), levando a problemas

localizados com a eutrofização das águas. Além das implicações que isso

pode ter sobre o próprio cultivo, podem afetar os estoques nativos, visto que

as áreas litorâneas dos reservatório constituem locais de abrigo e

alimentação das formas iniciais de desenvolvimento de várias espécies de

peixes e de posturas de outras. A atração que os alimentos fornecidos aos

peixes em cativeiro exercem sobre a fauna nativa leva a grandes

concentrações de animais na área de cultivo (peixes, aves e mamíferos

aquáticos). Altas concentrações desses animais elevam a predação,

aumentam os riscos de avarias por animais às telas dos tanques redes

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Ictioplâncton do Rio Ivaí 80

(mustelídeos), aumentam a incidência de parasitas (pela maior probabilidade

de fechamento de ciclo de vida), atrai pescadores (gerando conflitos).

iii. Introdução de espécies: Os escapes de peixes dos tanques-redes

são inevitáveis, visto que suas malhas são altamente susceptíveis a danos

provocados por vendavais, predadores e objetos flutuantes. Assim, o cultivo

de espécies exóticas pode representar alto risco aos estoques locais. Além

disso, a possibilidade de instalação de doenças introduzidas com as espécies

de cultivo é elevada, em razão das altas densidades de organismos dentro e

fora dos tanques.

A carência de informações explica esses resultados desalentadores

no esforço do setor elétrico na atenuação dos impactos ou na tomada

medidas compensatórias.

Decisões sobre a partição de quedas sem considerar as áreas

críticas para a conservação da fauna aquática, por exemplo, deveu-se, em

grande parte, à carência de metodologias apropriadas e rápidas para a

identificação dessas áreas. O Nupélia, ciente do problema e em parcerias

com o setor elétrico, especialmente com a Eletrobrás, desenvolveu essas

técnicas de amostragem e preparou um manual de identificação de ovos e

larvas que tornaram mais precisos e rápidos esses trabalhos.

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Ictioplâncton do Rio Ivaí 81

Estudos recomendados

Em face dos resultados apresentados recomenda-se estudos

específicos imediatos, com a duração de, pelo menos, um ciclo reprodutivo e

destinados a responder as seguintes questões:

Questão 1.

A importância relativa do rio Ivaí na manutenção das populações de peixes

migradores do trecho livre da bacia do rio Paraná ?

Estratégia metodológica: marcadores genéticos / ovos e larvas / folículos

pós-ovulatórios / índice de atividade reprodutiva.

Questão 2.

Localização das áreas críticas de procriação de peixes migradores

(desova e criadouros naturais) na bacia do rio Ivaí, com ênfase nas

áreas passíveis de serem represadas.

Estratégia metodológica: ovos, larvas e juvenis / folículos pós-ovulatórios /

índice de atividade reprodutiva.

Questão 3.

Época de desova das espécies migradoras presentes na bacia do rio Ivaí

Estratégia metodológica: ovos e larvas / índice de atividade reprodutiva /

folículos pós-ovulatórios.

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