1. MINAS GERAIS DO SCULO XXI INFRA-ESTRUTURA: SUSTENTANDO O
DESENVOLVIMENTO VOLUME III
2. MINAS GERAIS DO SCULO XXI VOLUME III INFRA-ESTRUTURA:
SUSTENTANDO O DESENVOLVIMENTO Banco de Desenvolvimento de Minas
Gerais
3. BANCO DE DESENVOLVIMENTO DE MINAS GERAIS S.A. - BDMG
Conselho de Administrao Jos Augusto Trpia Reis - Presidente Murilo
Paulino Badar - Vice-Presidente Edgard Martins Maneira Elvira
Fonseca Garcia Fbio Proena Doyle Jos Pedro Rodrigues de Oliveira
Diretoria Murilo Paulino Badar - Presidente Francisco Jos de
Oliveira - Vice-Presidente Jos Lana Raposo Igncio Gabriel Prata
Neto Jlio Onofre Mendes de Oliveira Coordenao do Projeto Tadeu
Barreto Guimares - Coordenao Geral Marco Antnio Rodrigues da Cunha
- Coordenao Executiva Marilena Chaves - Coordenao Tcnica Equipe
Tcnica do Departamento de Planejamento, Programas e Estudos
Econmicos D.PE Bernardo Tavares de Almeida Frederico Mrio Marques
Gislaine ngela do Prado Juliana Rodrigues de Paula Chiari Marco
Antnio Rodrigues da Cunha Marilena Chaves Tadeu Barreto Guimares -
Gerente Apoio Administrativo Cristiane de Lima Caputo Diully Soares
Cndido Gonalves Henrique Naves Pinheiro Hiram Silveira Assuno Marta
Maria Campos
4. As idias expostas nos textos assinados so de
responsabilidade dos autores, no refletindo necessariamente a
opinio do BDMG. BANCO DE DESENVOLVIMENTO DE MINAS GERAIS S.A. -
BDMG Rua da Bahia, 1600, Lourdes 30160.907 Caixa Postal 1.026 Belo
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de Textos IDM / Tcnica Composio e Arte Criao da Capa Fernando Fiza
de Filgueiras Projeto e Produo Grfica Fernando Fiza de Filgueiras
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30260-270 Belo Horizonte/ MG Telefax: (31) 3283-2123 Reviso e
Normalizao Dila Bragana de Mendona Elzira Divina Perptua
(Coordenao) Marlene de Paula Fraga Raquel Beatriz Junqueira
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Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais Minas Gerais do Sculo XXI
/ Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais. B213m 2002 Belo
Horizonte: Rona Editora, 2002. 10 v. : il. - Contedo: v.1 - O Ponto
de Partida. v. 2 - Reinterpretando o Espao Mineiro. v. 3 -
Infra-Estrutura: sustentando o desenvolvimento. v. 4 -
Transformando o Desenvolvimento na Agropecuria. v. 5 - Consolidando
Posies na Minerao. v. 6 - Integrando a Indstria para o Futuro. v. 7
- Desenvolvimento Sustentvel: apostando no futuro. v. 8 -
Investindo em Polticas Sociais. v. 9 - Transformando o Poder
Pblico: a busca da eficcia. v. Especial Uma Viso do Novo
Desenvolvimento 1. Condies econmicas Minas Gerais. 2.
Desenvolvimento econmico Minas Gerais. I. Banco de Desenvolvimento
de Minas Gerais. II. BDMG. III. Ttulo CDU: 338.92(815.1) Catalogao
na publicao: Biblioteca BDMG 4 Minas Gerais do Sculo XXI - Volume I
- O ponto de partida
5. VOLUME 3 INFRA-ESTRUTURA: SUSTENTANDO O DESENVOLVIMENTO
Coordenao do Projeto Tadeu Barreto Guimares - Coordenao Geral Marco
Antnio Rodrigues da Cunha - Coordenao Executiva Marilena Chaves -
Coordenao Tcnica Coordenador Tcnico do Volume Bernardo Tavares de
Almeida (D.PE/ BDMG)
6. SUMRIO 1. TRANSPORTE E LOGSTICA
................................................................................................................................
13 2. ENERGIA
..........................................................................................................................................................................
147 3. TELECOMUNICAES
............................................................................................................................................
181 4. SANEAMENTO
..............................................................................................................................................................
247 5. OS GARGALOS E OS ESPAOS PARA INTERVENO ESTADUAL
............................................. 303
7. MINAS GERAIS DO SCULO XXI VOLUME III INFRA-ESTRUTURA:
SUSTENTANDO O DESENVOLVIMENTO CAPTULO 1 TRANSPORTE E LOGSTICA Ramon
Victor Csar (Engenheiro Civil e Mestre em Tratamento da Informao
Espacial; Scio-Consultor da TECGIS Sistemas de Informaes e
Engenharia e Prof. da Escola de Turismo / Puc Minas) Co-autores da
seo 7 - Transporte Urbano na Regio Metropolitana de Belo Horizonte
Maurcio Eduardo Guimares Cadaval (Administrador e socilogo; Mestre
em Transporte Urbano; Consultor e Presidente do Instituto de
Desenvolvimento em Informaes em Transporte - ITRANS) Marcos
Fontoura de Oliveira (Engenheiro e Mestre em Administrao
Pblica)
8. SUMRIO 1. APRESENTAO
...........................................................................................................................................................
13 2. INTRODUO
................................................................................................................................................................
15 2.1. O papel da logstica de transporte no desenvolvimento
........................................................................................
15 2.2. Caracterizao bsica do sistema de transportes de Minas
Gerais
.........................................................................
17 3. TRANSPORTE E ECONOMIA EM MINAS GERAIS: 1985-2000
.............................................................. 21
3.1. Transportes e Produto Interno Bruto
........................................................................................................................
21 3.2. Populao ocupada nos servios de transportes
......................................................................................................
24 3.3. Os servios de transporte na estrutura produtiva de Minas
Gerais
.....................................................................
25 3.4. Consumo energtico do setor transportes
.................................................................................................................
27 4. CARACTERIZAO DA INFRA-ESTRUTURA MODAL
.........................................................................
30 4.1. Modalidade rodoviria
.................................................................................................................................................
30 4.2. Modalidade ferroviria
.................................................................................................................................................
47 4.3. Modalidade dutoviria
.................................................................................................................................................
59 4.4. Modalidade aeroviria
..................................................................................................................................................
61 5. LOGSTICA E INTEGRAO MODAL
..............................................................................................................
72 5.1. Reestruturao produtiva e logstica de transporte multimodal
..........................................................................
72 5.2. Instalaes e servios porturios
.................................................................................................................................
74 5.3. Outros terminais de integrao intra e intermodal
.................................................................................................
86 5.4. Terminais alfandegados de uso pblico
.....................................................................................................................
88 5.5. Centros de distribuio e operadores logsticos
.......................................................................................................
90 6. DEMANDA, DIVISO MODAL E DISTRIBUIO ESPECIAL DOS FLUXOS
............................. 92 6.1. Volume transportado, produo e
diviso modal das cargas
.................................................................................
92 6.2. Caracterizao setorial da demanda de transporte de cargas
.................................................................................
94 7. TRANSPORTE URBANO NA REGIO METROPOLITANA DE BELO HORIZONTE
.......... 109 7.1. Mudanas nos Padres de Mobilidade
.....................................................................................................................
109 7.2. Desafios
.........................................................................................................................................................................
109 7.3. Prioridade para o transporte coletivo
......................................................................................................................
110 7.4. Rede metropolitana integrada
...................................................................................................................................
114 7.5. Mudanas na gesto do transporte coletivo
...........................................................................................................
117 7.6. Coordenao transporte-trnsito
..............................................................................................................................
117 7.7. Articulao do transporte urbano com os sistemas de longa
distncia
.............................................................. 117
8. QUESTES SETORIAIS E PERSPECTIVAS
...................................................................................................
118 8.1. Questes setoriais relevantes
.....................................................................................................................................
118 8.2. Recomendaes para uma nova poltica estadual de transportes
.......................................................................
125 8.4. Desenvolvimento de uma rede integrada de plataformas
logsticas
...................................................................
136 9. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
...................................................................................................................
141
9. BDMG 40 anos 1. Apresentao A infra-estrutura item estratgico
na produo de praticamente todos os bens e servios de uma economia
e, em conseqncia, a ausncia de uma infra-estrutura adequada
restringe a capacidade de desenvolvimento econmico e social. Com
efeito, os principais setores de infra-estrutura transporte e
logstica, energia, telecomunicaes e saneamento so determinantes do
desenvolvimento econmico e social de Minas Gerais. A situao
infra-estrutural de Minas Gerais bastante heterognea. Tm-se, por um
lado, razovel acesso da sociedade aos servios bsicos de energia e
telecomunicaes, mas, de outro, carncias significativas no acesso
aos servios de saneamento e de transporte e logstica. Na proviso de
infra-estrutura, em geral, os governos em seus trs nveis tm
relevante participao, provendo diretamente ou regulando a proviso
privada dos bens e servios infra- estruturais. Observa-se no Pas, a
partir do incio da ltima dcada, uma alterao no papel do Estado na
infra-estrutura, de um Estado empreendedor, empresrio, para um
Estado regulador. Esta mudana implica a necessidade de alteraes no
desenho institucional, regulatrio e gerencial para os setores.
Existem espaos para atuao estadual e municipal nos setores de
infra-estrutura, seja complementarmente Unio, seja na definio de
polticas e estratgias para os setores. O Governo Federal est mais
adiantado nesta tarefa, pois j constituiu agncias reguladoras e vem
implementando os novos modelos setoriais. Os governos estaduais e
municipais, em especial em Minas Gerais, ainda no implementaram as
mudanas inerentes ao novo modelo. O Governo de Minas Gerais, ao
contrrio de algumas unidades federativas, controla duas importantes
empresas de infra-estrutura CEMIG e COPASA , ambas com reconhecida
capacidade tcnica e eficincia produtiva. No obstante, faz-se
necessrio adaptar estas empresas aos novos modelos setoriais, para
que, alinhadas aos objetivos nacionais, elas possam contribuir
decisivamente para o desenvolvimento do Estado de Minas Gerais.
Neste Volume so apresentados, nesta ordem, estudos sobre os setores
de Transporte e Logstica, Energia, Telecomunicaes e Saneamento. Os
trabalhos, de um modo geral, mostram a situao atual capacidade
instalada, qualidade dos servios e demanda destes setores e indicam
polticas para permitir a superao dos principais problemas. Ao final
do Volume so relacionadas as principais concluses, enfatizando
aquelas que ensejam atuao do Governo do Estado de Minas Gerais. 13
Captulo 1 - Transporte e logstica
10. BDMG 40 anos 14 Minas Gerais do Sculo XXI - Volume III -
Infra-estrutura: Sustentando o desenvolvimento
11. BDMG 40 anos 2. Introduo 2.1. O papel da logstica de
transporte no desenvolvimento Os servios de transporte e logstica1
, assim como outros servios infra-estruturais, tm se mostrado
essenciais para as atividades pessoais e a produo econmica.
facilmente constatvel que deficincias na infra-estrutura so capazes
de reduzir muito rapidamente a produtividade e deteriorar a
qualidade de vida, ao passo que a melhoria dos servios
infra-estruturais aumenta o bem estar e promove o crescimento
econmico. O relatrio do Banco Mundial sobre o Desenvolvimento
Mundial em 1994 Infra-estrutura para o Desenvolvimento enfatiza que
ainda no existe consenso sobre a magnitude ou a exata natureza do
impacto da infra-estrutura sobre o crescimento, mas destaca que
vrios estudos sobre o assunto concluram que o papel da
infra-estrutura [incluindo os transportes] no crescimento
expressivo e no raro mais importante que o do investimento em
outras formas de capital. Parece ser tambm consensual que a
infra-estrutura precondio necessria, porm no suficiente, para o
crescimento devendo ser complementada por outros recursos. A oferta
de infra-estrutura , geralmente, tanto uma resposta demanda como um
incentivo continuidade de seu uso. Segundo o mesmo relatrio, o
impacto dos investimentos em infra-estrutura sobre o crescimento
tambm depende do ensejo e da localizao dos acrscimos feitos
capacidade, bem como do desequilbrio existente entre oferta e
demanda (Banco Mundial, 1995). De toda sorte, sabido que a adequada
proviso de infra-estrutura de transporte tem mostrado ser capaz de
potencializar ganhos de eficincia no sistema produtivo,
contribuindo para o aumento do produto, o incremento da
produtividade e, simultaneamente, a reduo do custo por unidade de
insumo. Por sua vez, o incremento da produtividade aumenta a
remunerao dos fatores, estimulando o investimento e a gerao de
emprego. Ao contrrio, como ressaltam Caixeta- Filho e Martins
(2001), se os sistemas de infra-estrutura no funcionam
adequadamente, as atividades econmicas ficam comprometidas, com
adicional elevao de custos, o que leva perda de competitividade dos
produtos de exportao no mercado externo e ao aumento dos preos no
mercado domstico. A literatura especializada tem sido prdiga em
mostrar os efeitos benficos da oferta de uma eficiente
infra-estrutura de transportes, assim entendida como aquela que
possibilita, aos usurios do sistema, menores custos, confiabilidade
e rapidez. Mostra ainda que a eficincia do sistema logstico tem
sido um fator de fundamental importncia para que pases e regies
possam competir no mercado global, mesmo no de produtos bsicos
tradicionais, e que a eficincia da movimentao de bens e pessoas, de
e para diferentes lugares, afeta o custo relativo de consumir ou
produzir em distintas localizaes e, conseqentemente, a localizao
tima da indstria. A adequada proviso de infra-estrutura mostra-se,
portanto, capaz de gerar um processo de crowding in, ao criar
condies atrativas para a localizao de novos investimentos privados.
No presente texto, o termo logstica refere-se ao conjunto de
atividades que, gerenciadas numa perspectiva integrada, agregam
valor 1 de lugar, de tempo, de qualidade e de informao cadeia
produtiva, tornando um produto ou insumo disponvel no lugar certo e
no tempo adequado, com o objetivo de atender aos requisitos do
consumidor. Inclui, alm dos servios de transportes, que respondem
pela maior parcela dos custos logsticos, a armazenagem, a gesto de
inventrios, o manuseio de materiais, o processamento de pedidos, a
gesto da informao, etc. A nfase, contudo, recai sobre a logstica de
transporte, incluindo infra-estrutura e servios. 15 Captulo 1 -
Transporte e logstica
12. Nesse contexto, verifica-se que o transporte se relaciona
com o desenvolvimento econmico BDMG 40 anos de diferentes maneiras:
como fator de produo; como fator locacional; como consumidor de
recursos e outros servios; como gerador de empregos; como gerador
de externalidades negativas. De fato, um dos papis-chave do
transporte o de fator de produo. Trata-se do principal suporte
logstico ao suprimento de matrias primas e insumos para a indstria
e a distribuio de produtos acabados no mercado consumidor. Permite
tambm a movimentao da mo-de-obra entre os locais de residncia e de
trabalho, alm do deslocamento dos clientes at os pontos de venda2 .
Polticas e programas que alcanam resultados positivos no tocante
reduo dos custos de transporte contribuem para aumentar a
competitividade da produo nos mercados consumidores e o
desenvolvimento econmico nas regies impactadas. importante lembrar
que os custos de transporte variam de um tipo de indstria para
outro. Na maior parte das indstrias intensivas em recursos
naturais, eles representam uma parcela significativa dos custos
totais. Nessas, uma modesta reduo dos custos de transporte pode ter
um relevante impacto em sua rentabilidade. Por outro lado, o
transporte pode significar uma parcela pequena e apresentar
tendncia de queda de participao nos custos totais de outras
indstrias, normalmente produtoras de bens de alto valor agregado.
Melhorias introduzidas nos sistemas de transporte e logstica
visando reduzir seus custos de operao podem ter impactos
expressivos na produtividade, competitividade e rentabilidade das
empresas afetadas. Quando uma nova modalidade de transporte entra
em operao em uma regio antes isolada, pode-se esperar a reduo dos
custos de distribuio dos produtos regionais, permitindo aos
empresrios expandir a produo, empregar mais trabalhadores e
adquirir mais bens e servios no comrcio local, o que contribui para
o desenvolvimento regional. No se deve esquecer, contudo, que
polticas de reduo de custos de transporte baseadas em subsdios
governamentais, financiados por outras indstrias ou regies, alm de
diminuir os incentivos maior eficincia, costumam provocar um
declnio econmico global. De fato, melhorias nos sistemas de
transporte tm possibilitado o alargamento das reas de influncia e
de mercado dos centros nodais das redes virias, quanto ao
abastecimento de matrias- primas e distribuio de produtos finais.
Permitiram a produo espacialmente concentrada, com economias de
escala crescentes. A possibilidade de gerao de economias externas,
atravs de relaes de interdependncia industrial e uso comum de
servios, levou aglomerao da indstria e ao desenvolvimento urbano. A
minimizao dos custos logsticos permitiu a muitas indstrias a
ampliao do leque de escolha de localizaes alternativas vantajosas.
Paralelamente, reas mais vastas passam a ser aproveitadas para o
suprimento de insumos, enquanto os mercados consumidores podem ser
geograficamente expandidos, possibilitando um alargamento da escala
de produo. Por outro lado, o provimento e manuteno das
infra-estruturas e a operao dos servios de transporte se
caracterizam como importantes consumidores de bens e outros
servios, gerando uma demanda especfica que produz significativo
impacto positivo no sistema econmico como um todo, constituindo
importantes fontes geradoras de emprego e renda, como mostrado no
item 2 deste captulo para o caso especfico de Minas Gerais.
importante lembrar que mesmo o e-commerce no consegue abrir mo da
mobilidade fsica de bens e servios para obter os 2 recursos de que
necessita para seu funcionamento e para a distribuio dos produtos
que comercializa. 16 Minas Gerais do Sculo XXI - Volume III -
Infra-estrutura: Sustentando o desenvolvimento
13. De um outro ponto de vista, os transportes costumam
produzir externalidades negativas, BDMG 40 anos com ampla
repercusso econmica e social, a exemplo dos custos sociais
resultantes do congestionamento de trnsito, da emisso de poluentes
atmosfricos pelos veculos, alm das desapropriaes de terrenos e
remoo de pessoas para a implantao de novas infra-estruturas, de
indenizaes e gastos hospitalares por acidentes de trnsito, dentre
outros. Estes custos indesejveis tm contribudo para reduzir a
produtividade das indstrias afetadas e impactar o desenvolvimento
econmico regional. Congestionamentos de trnsito e despesas com
estacionamento costumam onerar os custos indiretos de muitos
negcios, enquanto que a poluio provocada pelos meios de transportes
pode ter efeitos negativos na indstria turstica, por exemplo. Ao
contrrio, polticas pblicas voltadas para a minimizao das
externalidades negativas geradas pelos sistemas de transporte
geralmente contribuem para aumentar o crescimento econmico em suas
reas de influncia e a qualidade de vida de suas populaes. 2.2.
Caracterizao bsica do sistema de transportes de Minas Gerais Um
sistema de transportes, movimentando pessoas e bens em um dado
territrio, apresenta duas dimenses principais, que respondem por
sua caracterizao: por um lado, a oferta de infra- estrutura,
representada pelas redes modais, interligadas por terminais de
transbordo e ou de armazenagem; por outro, a demanda pelos servios
de transporte, gerando fluxos de bens e pessoas entre diferentes
origens e destinos. Para se ter uma anlise cuidadosa desse sistema,
deve-se levar em conta essa combinao de aspectos simultaneamente
estticos e dinmicos. infra-estrutura de transporte (em sentido
estrito), enquanto estoque de ligaes virias e instalaes logsticas,
resultantes de investimentos historicamente acumulados e com vida
til geralmente longa, est associado um conjunto de fluxos de
pessoas e bens, de extenso e intensidade variveis, geograficamente
dispersos, balizados pelos operadores dos servios de transporte. A
abordagem integrada dessa dupla natureza do sistema de transportes
essencial para o seu correto diagnstico, assim como para a avaliao
das questes setoriais relevantes e de suas perspectivas. 2.2.1.
Quadro geral da demanda de transporte em Minas Gerais Em Minas
Gerais, os fluxos de transporte de mercadorias caracterizam-se pela
magnitude dos volumes movimentados, predominncia de bens de baixo
valor agregado e predomnio de viagens curtas e mdias (distncia mdia
de 345 km). Na primeira metade da dcada de 90, a movimentao anual
de cargas no sistema de transporte de Minas Gerais foi da ordem de
346,5 milhes de toneladas, gerando uma produo de transporte de
119,6 bilhes de TKU / ano3 . Vale notar que, agrupados em seis
setores, diferentes tipos de cargas, envolvendo matrias primas e
insumos, bens intermedirios e produtos finais quase sempre de menor
valor agregado, responderam por pouco mais de 2/3 da demanda de
transporte. Se acrescentarmos a movimentao de carga geral
industrializada, quase sempre de maior valor agregado, totalizando
cerca de 98 milhes de toneladas / ano, chega-se ao volume anual de
cargas transportadas, como mostra a tabela seguinte. TKU =
toneladas-quilmetro teis, uma medida de desempenho operacional,
indicadora da produo de transporte em um determinado 3 perodo de
tempo, calculada multiplicando o volume til transportado (em
toneladas) pela distncia percorrida (em quilmetros). 17 Captulo 1 -
Transporte e logstica
14. TABELA 1 BDMG 40 anos VOLUME DE TRANSPORTE POR PRINCIPAIS
AGRUPAMENTOS DE CARGA MINAS GERAIS - 1992 AGRUPAMENTO MILHES DE
TONELADAS % DO TOTAL Minero-siderrgico 171,3 49,4 Granis agrcolas,
acar e fertilizantes 26,9 7,8 Energticos lquidos e gasosos 24,4 7,0
Outras cargas do setor agrcola 12,0 3,5 Indstria da construo 10,8
3,1 Celulose e papel 3,2 0,9 Subtotal 1 248,6 71,8 Carga geral
industrializada 97,9 28,2 Total 346,5 100,0 FONTE: Matriz OD do
Plano Multimodal de Transporte, 1994. Os principais fluxos de
transporte de carga esto associados a um nmero restrito de cadeias
produtivas: minerao e siderurgia, indstria do petrleo, agricultura,
indstria da construo (basicamente cimento) e celulose e papel. O
subsistema ferrovirio atende predominantemente ao transporte de
minrios e divide com as rodovias a movimentao de produtos
siderrgicos, de cimento e de calcrio, alm de atender a parcelas
menores (menos de 20%) do transporte de combustveis lquidos e de
fertilizantes. O subsistema dutovirio movimenta pouco menos da
metade dos combustveis lquidos, alm de parcelas bem menores do
transporte de fertilizantes (em torno de 15%) e de minrio de ferro
(pouco menos de 10%). O transporte da carga geral industrializada,
geralmente de maior valor agregado e geograficamente mais disperso,
feito predominantemente por rodovia. Dados da pesquisa
origem/destino de 1992 (SEPLAN, 1994), os nicos disponveis, mostram
a modalidade rodoviria respondendo por pouco mais da metade (53%)
da produo estadual de transporte (medida em toneladas km/ano), o
modal ferrovirio por 42% e o dutovirio por 5%. Embora a pesquisa OD
de 1992 no tenha considerado o transporte areo de cargas, sabe-se
que esse modal bem pouco expressivo no tocante ao volume anual
movimentado (que foi de cerca de 41,2 mil toneladas em 2000,
equivalente a 3% da carga area total movimentada no Brasil naquele
ano). No incio dos anos 90, na ocasio da realizao da referida
pesquisa, o transporte hidrovirio, restrito hidrovia do So
Francisco, encontrava-se praticamente paralisado. O transporte
multimodal de cargas, particularmente o relacionado movimentao de
contineres, ainda incipiente e enfrenta uma srie de dificuldades
associadas problemas pendentes na oferta de terminais intermodais e
no soluo de entraves institucionais persistentes, relacionados
principalmente unificao da documentao do transporte e do seguro das
cargas. Ademais, trata- se de indstria nascente, ainda em fase de
estruturao empresarial e operacional em Minas Gerais. Os fluxos do
transporte interurbano de passageiros se concentram nos principais
corredores rodovirios, notadamente naqueles convergentes para a
capital do Estado, bem como em rotas interestaduais que se sobrepem
malha rodoviria interna. Automveis e utilitrios respondem por mais
da metade da produo de transporte rodovirio de passageiros (56%),
cabendo aos nibus cerca de 44% dessa produo (medida em passageiros
km/ano). O transporte ferrovirio interurbano de passageiros
encontra-se praticamente desativado, restando em operao apenas a
linha Belo Horizonte Vitria, explorada pela Estrada de Ferro Vitria
a Minas (EFVM). 18 Minas Gerais do Sculo XXI - Volume III -
Infra-estrutura: Sustentando o desenvolvimento
15. O transporte areo de passageiros est quase que totalmente
concentrado na rede de BDMG 40 anos aeroportos administrados pela
Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroporturia - INFRAERO
(aeroportos de Confins - Tancredo Neves, Belo Horizonte - Pampulha,
Uberlndia, Uberaba, Montes Claros e Juiz de Fora), que movimentaram
cerca de 3,4 milhes de passageiros (embarques e desembarques) em
2000, equivalentes a 5% do trfego areo de passageiros do Brasil.
Desse movimento de passageiros, 85% se concentram nos aeroportos da
Pampulha e de Confins, situados na regio metropolitana de Belo
Horizonte. 2.2.2. Rede multimodal de transportes A rede multimodal
de transportes de Minas Gerais tem a composio apresentada na tabela
seguinte: TABELA 2 REDE BSICA MULTIMODAL MINAS GERAIS - 2000
EXTENSO (em km) MODALIDADES Pavimentada No pavimentada Total
Rodovias 20.447 10.735 31.182 Federais 9.581 694 10.275 Estaduais
10.866 10.041 20.907 Ferrovias 5.059 Hidrovias (1) 688 Dutovias
1.800 Aeroportos (2) (unidades) 57 39 96 FONTES: Anurio estatstico
dos transportes 2000, GEIPOT, 2001; e Boletim rodovirio 2000,
DER/MG, 2001. (1) inclui o trecho navegvel do Rio So Francisco
localizado em Minas Gerais e os trechos navegveis dos Rios Paranaba
e Grande, localizados a jusante das barragens de So Simo e gua
Vermelha, respectivamente. (2) inclui apenas aeroportos pblicos e
homologados pelo DAC, com pistas pavimentadas ou no. A configurao
espacial dessa rede reflete o processo histrico de sua implantao,
que se caracterizou pela forte concentrao dos investimentos em
regies de maior desenvolvimento econmico, do que resulta uma maior
densidade viria abaixo do paralelo 18o. Por outro lado, sua
funcionalidade ressente da ausncia de poltica consistente com
vistas ao desenvolvimento integrado e multimodal da infra-estrutura
viria. A busca recorrente de solues isoladas para seus subsistemas
modais tem sido a causa principal dos srios problemas de conexo
intra e intermodal, que elevam os custos e diminuem a eficincia das
operaes logsticas. Essa situao agravada pelas condies atuais de
manuteno da infra-estrutura de transporte. Na modalidade rodoviria,
de um modo geral, o estado da rede no bom, com expressiva extenso
apresentando processos acelerados de desgaste da superfcie de
rolamento; deficincias, ou mesmo ausncia completa, de sinalizao
vertical e horizontal; alm da existncia de segmentos crticos, tanto
em relao s ocorrncias concentradas de acidentes quanto saturao da
capacidade de trfego. Nesse contexto, importante destacar que o
deficiente controle de peso por eixo dos caminhes, em uma economia
que gera pesados fluxos de carga, tem sido um dos principais
fatores responsveis pela deteriorao das rodovias mineiras. Tambm na
modalidade ferroviria, as condies de conservao das linhas no so as
desejveis. So excees alguns trechos que passaram por programas
recentes de recuperao e ou de aumento de capacidade de trfego, alm
das rotas tradicionalmente utilizadas para o transporte de minrio
de ferro, a exemplo das linhas da EFVM interligando a Regio Central
com o complexo porturio de Vitria (ES). 19 Captulo 1 - Transporte e
logstica
16. A frota de caminhes vem passando por um processo rpido de
envelhecimento, do que BDMG 40 anos resulta uma idade mdia acima da
desejvel, onerando custos em uma conjuntura de fretes deprimidos.
Concomitantemente, o material rodante ferrovirio, de uma maneira
geral, apresenta deficincias, em funo da postergao de sua manuteno
no perodo anterior privatizao das malhas regionais da Rede
Ferroviria Federal - RFFSA, o que vem sendo paulatinamente
solucionado pelas novas empresas concessionrias. Assim sendo, e
considerando que rede multimodal mineira, pela sua configurao
espacial e funcional, tem uma importncia estratgica que extrapola
os limites do Estado, pode-se afirmar que as condies atuais da
infra-estrutura de transportes mostram-se inadequadas no s para
atender aos fluxos presentes, mas principalmente para suportar
aqueles que sero gerados em um novo e desejvel ciclo de
desenvolvimento. 20 Minas Gerais do Sculo XXI - Volume III -
Infra-estrutura: Sustentando o desenvolvimento
17. 3. Transporte e economia em Minas Gerais: BDMG 40 anos
1985-2000 Os transportes esto presentes no dia-a-dia dos mineiros,
garantindo sua mobilidade e oferecendo acessibilidade s
oportunidades de trabalho e aos servios sociais bsicos. Ademais,
viabilizam os fluxos de mercadorias entre os municpios de Minas
Gerais e entre esses e os demais estados da Federao. Conectando as
diferentes regies do Estado, possibilitam a especializao produtiva
regional e interligam atividades espacialmente dispersas dentro do
sistema econmico. Por tudo isso, os transportes desempenham um
papel fundamental na dinmica da economia mineira. Contribuem para a
formao do Produto Interno Bruto (PIB), consomem expressiva
quantidade de bens e servios e ocupam mais de duas centenas de
milhar de trabalhadores. Os transportes so tambm importante fonte
de receita e um significativo item das despesas pblicas dos trs
nveis de governo. Utilizando os dados disponveis mais recentes,
esta seo busca demonstrar e avaliar alguns aspectos relevantes do
relacionamento dos transportes com a estrutura produtiva de Minas
Gerais. 3.1. Transportes e Produto Interno Bruto H vrias maneiras
de medir a importncia dos transportes na economia. Uma medida que
inclusse todas as aquisies de bens (a exemplo de veculos e
combustveis) e servios (fretes e seguros de veculos, dentre outros)
relacionados ao transporte seria uma boa aproximao do volume de
transaes envolvendo, direta ou indiretamente, o setor, mas
infelizmente no se dispe dos dados consolidados. Outra medida de
sua importncia econmica o valor adicionado economia pelos servios
de transporte de pessoas e bens. Em 2000, a contribuio dos servios
de transporte para o Valor Adicionado (VA) de Minas Gerais (ou
seja, o Produto Interno Bruto PIB a preos bsicos) foi de R$ 2,55
bilhes, correspondentes a 2,53% do valor adicionado total. A evoluo
das contas regionais no perodo de 1985 a 2000 (vide TAB. 3, a
seguir) demonstra uma participao percentual mdia dos servios de
transportes no PIB mineiro da ordem de 2,33%, com tendncia de
crescimento ao longo do perodo. Constata-se que, entre 1985 e 1992,
a participao dos servios de transporte no PIB de Minas Gerais foi,
em mdia, de 2,15%, elevando-se para 2,47% no perodo de 1993 a 2000.
Ao contrrio, as contas nacionais demonstram uma participao
percentual mais elevada dos servios de transportes no PIB
brasileiro (medido a preos bsicos), porm com tendncia de
progressiva reduo: em 1990, esta participao era de 3,97%, tendo
cado para 3,05% em 1996. A anlise das contas regionais mostra ainda
que o PIB dos servios de transporte tem apresentado taxas de
crescimento mais elevadas do que a mdia do Estado. Enquanto o PIB
mineiro apresentava crescimento mdio da ordem de 1,5% ao ano entre
1985 e 1992 e de 3,4% ao ano entre 1993 e 2000, as taxas mdias de
crescimento do PIB dos servios de transporte foram de 3,5% e 4,4%
ao ano, nos mesmos perodos. Vale tambm observar que o valor
adicionado pelos servios de transporte cresceu, nos mesmos perodos,
em ritmo mais acelerado que os setores agrcola e industrial. 21
Captulo 1 - Transporte e logstica
18. GRFICO 1 BDMG 40 anos FONTE: Anurio estatstico de Minas
Gerais 2000-2001, FJP, 2002. Os dados disponveis demonstram ser a
demanda pelos servios de transporte em Minas Gerais altamente
elstica em relao ao PIB estadual. Significa dizer que o setor
transporte responde mais do que proporcionalmente aos estmulos do
desenvolvimento, com efeitos multiplicadores na economia mineira.
TABELA 3 CONTAS REGIONAIS E INDICADORES DE TRANSPORTES - MINAS
GERAIS - 1985 A 2000 INDICADORES Unidade de MDIA POR PERODO Medida
1985-1992 1993-2000 1985-2000 PIB a preos bsicos (de 2000) R$
bilhes 75,0 91,1 83,1 PIB Transportes R$ bilhes 1,6 2,25 1,9
Contribuio dos Transportes ao PIB % do PIB 2,15 2,47 2,33 Taxas de
Crescimento: PIB Total % ao ano 1,50 3,44 2,58 PIB Agricultura % ao
ano 1,19 4,82 2,88 PIB Indstria % ao ano 0,42 4,08 2,37 PIB
Transportes % ao ano 3,55 4,41 4,25 Elasticidade: Transportes(*)
-PIB 1,78 1,41 1,71 Transportes-PIB Agrcola - 0,77 0,92
Transportes-PIB Industrial 1,50 1,16 1,55 FONTE: Anurio estatstico
de Minas Gerais 2000-2001, FJP, 2002; clculos da Consultoria.(*)
adotando o consumo de leo diesel em transportes como proxie da
produo setorial. 22 Minas Gerais do Sculo XXI - Volume III -
Infra-estrutura: Sustentando o desenvolvimento
19. importante notar que a elasticidade-produto dos servios de
transportes em Minas Gerais: BDMG 40 anos positiva e maior do que a
unidade; apresenta tendncia de queda ao longo do tempo considerado;
bem superior elasticidade-produto da produo brasileira de
transportes, que tem oscilado em torno de 1,2. Os coeficientes de
elasticidade-produto dos transportes, apresentados na tabela
anterior, indicam tambm que o desempenho dos servios de transportes
em Minas Gerais mais fortemente associado ao comportamento da
indstria do que da agricultura. GRFICO 2 FONTE: Anurio estatstico
de Minas Gerais 2000-2001, FJP, 2002.; Balano energtico ano base
1999, CEMIG, 2002. Tais indicadores refletem tanto a relativa
desconcentrao da atividade econmica, aliada ampliao geogrfica dos
mercados e expanso do comrcio inter-regional, quanto as
caractersticas especficas da demanda de transporte gerada pelo
parque produtivo de Minas Gerais. Com efeito, a forte concentrao da
estrutura produtiva mineira em bens intermedirios, com destaque
para as indstrias siderrgicas e de minerais no-metlicos, a elevada
importncia do setor extrativo-mineral e a expanso e modernizao da
agricultura, significam, por um lado, uma grande abertura da
economia mineira aos mercados nacional e internacional, e, por
outro, a gerao de volumosos e pesados fluxos de carga, impondo um
relevante papel estratgico aos servios de transporte. Alm disso,
cabe a esses servios atender expressiva demanda de transporte de
passageiros, seja entre os inmeros municpios mineiros, sejam fluxos
internos Regio Metropolitana de Belo Horizonte e s cidades mdias do
interior, sem falar dos fluxos interestaduais que, em virtude do
posicionamento geogrfico de Minas Gerais, percorrem seu vasto
territrio nas direes norte/sul e leste/oeste. 23 Captulo 1 -
Transporte e logstica
20. 3.2. Populao ocupada nos servios de transportes BDMG 40
anos Outro indicador representativo da relevncia econmica dos
servios de transportes o contingente populacional ocupado no setor.
Em Minas Gerais, no ano de 1998, cerca de 263 mil pessoas
encontravam-se trabalhando em servios de transportes, o que
representava cerca de 3,8% dos trabalhadores mineiros. Em relao ao
ano anterior, o pessoal ocupado nos servios de transportes
manteve-se praticamente no mesmo patamar, tendo ocorrido um
incremento mnimo de 0,07%. Entre 1985 e 1992, o pessoal ocupado nos
servios de transporte em Minas Gerais, que em mdia, correspondeu a
3,4% da populao ocupada total do Estado, cresceu cerca de 67,2%.
Contudo, pode-se observar a evoluo desse contingente passando por
trs fases temporais distintas: i) entre 1985 e 1992, a tendncia foi
de crescimento acelerado do contingente ocupado nos transportes, da
ordem de 8,16% ao ano; ii) entre 1992 e 1994, ao contrrio, ocorre
processo inverso, com a populao ocupada no setor sendo reduzida de
272,3 mil para 244,4 mil trabalhadores, o que representou uma perda
lquida da ordem de 27,9 pessoas em apenas dois anos4 ; iii)
finalmente, entre 1994 e 1998, ocorreu ligeiro aumento da populao
ocupada no setor, chegando a 263 mil pessoas no final do perodo,
com a criao de 18,6 mil postos de trabalho, porm ainda no
compensando a perda verificada na fase intermediria da srie
analisada. A taxa mdia de crescimento da populao ocupada em
transportes entre 1992 e 1998 foi, portanto, negativa, da ordem de
0,58% ao ano. GRFICO 3 FONTE: Anurio estatstico de Minas Gerais
2000-2001, FJP, 2002 e PNAD; clculos da Consultoria. interessante
comparar a evoluo da populao ocupada nos servios de transportes
pari passu o crescimento do valor adicionado por esses servios
entre 1985 e 1998, como mostram a figura anterior e a tabela
seguinte. As estatsticas disponveis no permitem detectar em quais
modalidades de transporte as redues do nmero de pessoas ocupadas 4
foram mais significativas, mas possvel supor que as empresas do
setor ferrovirio se incluem entre as mais impactadas, haja vista o
grande nmero de aposentadorias e adeses a planos de desligamento
voluntrio que ocorreram no perodo antecedente concesso das malhas
regionais da RFFSA ao setor privado. 24 Minas Gerais do Sculo XXI -
Volume III - Infra-estrutura: Sustentando o desenvolvimento
21. TABELA 4 BDMG 40 anos PESSOAL OCUPADO E VALOR ADICIONADO
PELOS SERVIOS DE TRANSPORTES MINAS GERAIS - 1985 A 1998 INDICADORES
Unidade de Em 1998 MDIA POR PERODO Medida 1985-1992 1992-1998
1985-1998 Pessoal Ocupado em mil 263,0 208,0 261,2 230,0 Participao
Relativa % do Total 3,75 3,23 3,75 3,44 0,07 (1) Taxa de
Crescimento % ao ano 8,16 -0,58 4,03 PIB Transportes R$ bilhes 2,43
1,61 2,11 1,85 0,51 (1) Taxa de Crescimento % ao ano 3,55 5,68 4,53
Por Pessoa Ocupada R$ mil 9,24 7,92 8,07 8,11 FONTE: Anurio
estatstico de Minas Gerais 2000-2001, FJP, 2002 e PNAD; clculos da
Consultoria. (1) em relao a 1997 Verifica-se que, entre 1985 e
1992, tanto o valor adicionado pelos servios de transporte quanto o
pessoal ocupado neste setor de atividade foram crescentes, porm,
enquanto o valor adicionado aumentou cerca de 27,7% no perodo, o
incremento do pessoal ocupado foi ainda maior, de 73,1% entre as
duas pontas da srie. Ao contrrio, entre 1992 e 1998, enquanto o
valor adicionado setorial continuou com sua trajetria de
crescimento (com uma taxa mdia anual mais alta), a populao ocupada
nos servios de transporte mostrou uma tendncia geral de estagnao.
Em conseqncia desses comportamentos dspares, o valor adicionado por
pessoa ocupada nos servios de transportes mostrou duas trajetrias
distintas entre 1985 e 1998. No primeiro perodo, que se estende de
1985 a 1992, esse indicador mostrou tendncia de queda contnua,
sendo reduzido em 26,2% entre as duas pontas da srie. Ao contrrio,
a partir de 1992, a tendncia invertida: a relao entre o valor
adicionado e o pessoal ocupado em transportes aumenta cerca de
44,2% em seis anos, sinalizando a ocorrncia de um expressivo ganho
de produtividade da mo-de-obra empenhada nos servios de transportes
em Minas Gerais ao longo da maior parte de dcada de 90. 3.3. Os
servios de transporte na estrutura produtiva de Minas Gerais O
Valor Bruto da Produo (VBP) de servios mineiros de transportes
atingiu, em 1998, o montante de R$ 4,94 bilhes (a preos de 1999),
equivalente a 3,8% do VBP total de Minas Gerais no mesmo ano. Vale
ainda ressaltar que, entre 1985 e 1998, os VBPs total e dos
transportes apresentaram elevada correlao positiva (rxy = 0,8), com
o VBP dos servios de transporte crescendo cerca de 25% entre as
duas pontas da srie anual (contra 18% de crescimento do VBP total),
como mostra o grfico seguinte. O VBP dos transportes manteve nesse
perodo participao relativa mdia no agregado da ordem de 3,5%, com
variaes no intervalo de 0,3%. Nesse contexto, a importncia econmica
dos servios de transportes pode ser tambm avaliada conhecendo sua
estrutura de relaes de troca com outros setores de atividade.
Duarte Filho e Chiari (2002) analisaram as caractersticas da
estrutura produtiva mineira e sua insero na economia nacional, a
partir da matriz inter-regional de insumo-produto Minas Gerais
Resto do Brasil5 , de 1996. Dentre os resultados desse estudo
destaca-se a anlise das relaes de compra e venda de insumos e bens
finais entre os diversos setores de atividade econmica, dentre eles
os servios de transportes. A Matriz Inter-regional de
Insumo-Produto Minas Gerais / Resto do Brasil 1996 analisada pelos
autores citados foi desenvolvida 5 em conjunto pelo Banco de
Desenvolvimento de Minas Gerais S.A. BDMG e Fundao Instituto de
Pesquisas Econmicas FIPE/USP. Essa matriz, dividindo a economia
brasileira em duas regies: Minas Gerais (MG) e resto do Brasil (RB)
e contemplando 42 setores de atividade econmica, descreve como
Minas Gerais se relaciona com a economia nacional, segregando, para
cada setor de atividade, o consumo intermedirio, o valor bruto da
produo, o valor adicionado, a demanda final e as importaes. 25
Captulo 1 - Transporte e logstica
22. Duarte Filho e Chiari (2002), ao construrem uma tipologia
dos setores de atividade BDMG 40 anos mineiros em funo de suas
relaes de compra (de seus insumos produtivos) e de venda (de seus
produtos) em Minas Gerais e no resto do Pas, mostraram que os
servios de transportes se incluem entre aqueles setores que
concentram suas transaes de compra e venda em Minas Gerais, sendo a
nica atividade de servios que no se caracteriza por baixas compras
e altas vendas dentro do Estado. GRFICO 4 FONTE: Fundao Joo
Pinheiro dados deflacionados pelo IPA (BDMG/FIPE, 2002). Um outro
importante indicador que pode ser obtido da anlise da matriz de
insumo-produto o multiplicador setorial de produo, o qual mede o
impacto total na economia brasileira devido elevao de uma unidade
monetria na demanda final pelo produto de um setor especfico em
determinada regio. O multiplicador setorial de produo dos servios
de transportes, para Minas Gerais, da ordem de 1,865, encontra-se
acima da mdia estadual (igual a 1,791). J no restante do Pas, os
efeitos multiplicadores dos servios de transporte so menos
expressivos, encontrando-se abaixo da mdia nacional (igual a
2,012). Avanando no estudo, Duarte Filho e Chiari (2002) procuraram
identificar os setores-chave da economia mineira, ou seja, aqueles
setores que possuem fortes efeitos de encadeamento em termos do
fluxo de bens e servios (numericamente, so os que apresentam,
simultaneamente, ndices de interligao para frente e para trs com
valores superiores unidade). Dentre os 42 setores de atividade
analisados, foram identificados como setores-chave para Minas
Gerais, em 1996, apenas o siderrgico e o de fabricao de outros
produtos metalrgicos, mas os dois autores no deixaram de ressaltar
a importncia para a economia mineira do setor de servios de
transporte, que encontra-se muito prximo do limite de classificao
de setores-chave, j que possui efeitos para frente maior que 1 e
efeito para trs igual a 0,9919. Foi tambm proposta (vide quadro
seguinte) uma classificao dos setores em termos de sua relevncia no
desenvolvimento regional, que, longe de esgotar a questo, deve ser
encarada como uma agenda de discusso. 26 Minas Gerais do Sculo XXI
- Volume III - Infra-estrutura: Sustentando o desenvolvimento
23. QUADRO 1 BDMG 40 anos SETORES RELEVANTES DA ECONOMIA
MINEIRA NVEL SETOR I Siderurgia; Fabricao de outros produtos
metalrgicos. II Fabricao de aparelhos e equipamentos de material
eltrico; Fabricao de mquinas e tratores; Fabricao de elementos
qumicos no petroqumicos; Servios de transportes [grifo nosso]. III
Indstria de produtos alimentcios, com destaque para caf, acar,
carne e leos vegetais e gorduras para alimentao; Fabricao de outros
servios, peas e acessrios; Servios. FONTE: Duarte Filho e Chiari
(2002). A classificao proposta estabeleceu uma escala hierrquica em
que os setores-chave ocupam o primeiro nvel de relevncia. No
segundo nvel esto includos aqueles setores de atividade, dentre
eles os servios de transporte, que concentram suas transaes
comerciais de compra de insumos e venda de produo em Minas Gerais.
No terceiro nvel, os autores incluram os setores que apresentam
elevados multiplicadores de produo e que no foram includos nos
nveis I e II, alm das outras atividades de servios. 3.4. Consumo
energtico do setor transportes A relevncia econmica dos transportes
em uma economia pode ser tambm aquilatada quando se analisa a sua
participao na matriz energtica. A demanda total de energia em Minas
Gerais, em 1999, chegou a 34,62 milhes de tEP (tonelada equivalente
de petrleo), o que corresponde a 13,6% da demanda total de energia
no Brasil (conforme o 16O. Balano Energtico de Minas Gerais Ano
Base 1999). Analisando-se setorialmente a matriz energtica mineira,
observa-se que o setor Transportes consumiu cerca de 5,37 milhes de
tEP, representando 15,5% da demanda total, o que o colocou em
segunda posio na classificao geral dos setores consumidores, abaixo
da Indstria, que respondeu por 57,8%, e seguido de perto pelo setor
Residencial, com 14,2%. No perodo 1985/1999, a demanda total de
energia cresceu, em Minas Gerais, a uma taxa mdia de 2,2% ao ano,
enquanto que a variao mdia anual da demanda energtica do setor
Transportes foi de 5,2% ao ano. Acompanhando-se a evoluo da demanda
de energia em Minas Gerais por setor, neste perodo, verifica-se
que, se a participao do setor Industrial vem se reduzindo
lentamente desde 1985 (passando de 67,2% para 57,8%), a participao
do setor Transportes (de 10,4%, em 1985) tem sido crescente,
atingindo seu mximo em 1999. 27 Captulo 1 - Transporte e
logstica
24. GRFICO 5 BDMG 40 anos FONTE: CEMIG, 16o Balano energtico de
Minas Gerais, 2002. Decompondo o perodo 1985/1999 em trs:
1985/1990, 1990/1995 e 1995/1999, verifica-se que as taxas mdias
anuais de evoluo do consumo energtico do setor Transportes foram
sempre positivas e superiores s taxas mdias da demanda total de
energia, como demonstra o grfico seguinte. GRFICO 6 FONTE: CEMIG,
16o Balano energtico de Minas Gerais, CEMIG, 2002 A anlise do
consumo energtico por modalidade de transporte mostra uma
participao preponderante do modal rodovirio, que em 1999 foi
responsvel por 93,6% da demanda energtica setorial. Em uma viso
retrospectiva, constata-se a tendncia de aumento contnuo da
participao dessa modalidade no consumo do setor (de 89,6% em 1985
para 93,6% em 1999). Ao contrrio, 28 Minas Gerais do Sculo XXI -
Volume III - Infra-estrutura: Sustentando o desenvolvimento
25. o consumo de energia do modal ferrovirio manteve-se, em
nmeros absolutos, praticamente BDMG 40 anos constante entre 1985 e
1999 (mdia 251,7 mil tEP no perodo), o que levou a uma reduo
progressiva da participao do transporte ferrovirio na demanda
energtica setorial (de 9,0% no incio do perodo, chegou a 4,4% em
1999). Concluindo a anlise, vale destacar que ao longo de todo o
perodo analisado, o setor Transportes manteve sua elevadssima
dependncia dos derivados de petrleo, os quais constituem sua
principal e preponderante fonte energtica. No perodo de 1985 a
1999, esta fonte representou, ano a ano, sempre mais de 84% da
energia consumida pelo setor de Transportes, atingindo seu mximo em
1999 (com 89%). Dentre seus componentes destacam-se o leo diesel e
a gasolina, com participaes mdias de 61,7% e 22,8%,
respectivamente, no consumo energtico do setor Transportes entre
1985 e 1999. 29 Captulo 1 - Transporte e logstica
26. BDMG 40 anos 4. Caracterizao da infra-estrutura modal 4.1.
Modalidade rodoviria 4.1.1. Configurao fsica da rede rodoviria Em
2001, a rede rodoviria mineira apresentava uma extenso total de
264.971 quilmetros dentre rodovias pavimentadas e no pavimentadas,
o que corresponde a 15,4% de toda a rede rodoviria brasileira. A
tabela seguinte apresenta a distribuio da extenso quilomtrica dessa
rede segundo o nvel de jurisdio institucional. TABELA 5 EXTENSO DA
REDE DE RODOVIAS - MINAS GERAIS - 2001 EXTENSO (em km) JURISDIO
Pavimentada No pav. Total Federal 9.581 694 10.275 No delegada
5.844 - 5.844 Delegada ao DER(1) 3.737 694 4.431 Estadual 10.866
10.041 20.907 Subtotal (Fed. e Est.) 20.447 10.735 31.182 Municipal
ND ND 233.789 Total 264.971 FONTES: Anurio estatstico dos
transportes 2000, GEIPOT, 2001; Boletim rodovirio 2000, DER/MG,
2001. (1) para fins de conservao. Verifica-se que apenas 20.447
quilmetros de rodovias se encontram pavimentados (7,7% da extenso
total da malha estadual). Da extenso total de rodovias
pavimentadas, cerca de 46,9% encontram-se sob a jurisdio do Governo
Federal, enquanto que 53,1% so de responsabilidade do Governo
Estadual. importante destacar que 39% da rede federal pavimentada
esto delegados ao Governo do Estado, o que eleva a 14.603
quilmetros a extenso total de rodovias pavimentadas sob a
administrao e conservao do Governo do Estado. As rodovias federais
no pavimentadas somam apenas 694 quilmetros (0,26% da malha
rodoviria mineira), enquanto as estaduais no pavimentadas chegam a
10.041 quilmetros (3,8%). Vale notar que as rodovias municipais no
pavimentadas correspondem a 88% de toda a malha rodoviria mineira.
Evidentemente, a malha rodoviria principal, integrante da rede
multimodal bsica, aquela composta pelas rodovias que se encontram
sob a jurisdio dos governos federal e estadual, totalizando 31.182
quilmetros de extenso, dos quais, cerca de 65,5% esto pavimentados
(vide Mapa 1). Essa malha principal corresponde, em extenso
quilomtrica, a pouco mais de 7% da malha rodoviria principal
(rodovias federais e estaduais) do Brasil. 30 Minas Gerais do Sculo
XXI - Volume III - Infra-estrutura: Sustentando o
desenvolvimento
27. MAPA 1 BDMG 40 anos MINAS GERAIS 2002: REDE DE RODOVIAS
FEDERAIS E ESTADUAIS, POR TIPO DE REVESTIMENTO FONTE: DER/MG
importante destacar que, em Minas Gerais, cerca de 80% do trfego
rodovirio interurbano esto concentrados na rede de rodovias sob
jurisdio federal, que corresponde a apenas 1/3 da extenso total da
rede bsica, enquanto 20% desse volume concentram-se na rede de
rodovias estaduais, que representam 2/3 da extenso total da rede
principal. A configurao espacial dos fluxos rodovirios estruturou
no territrio mineiro, nas ltimas dcadas, um conjunto de importantes
rotas de transporte. Essas rotas promovem a integrao das diferentes
regies mineiras e destas com outros estados da Federao, atendem s
logsticas de escoamento e distribuio interna da produo e importao e
exportao de mercadorias para outros estados e pases (nesse caso,
principalmente atravs dos portos martimos do Sudeste brasileiro),
alm de estruturarem corredores interestaduais de passagem,
principalmente nos sentidos norte-sul e leste-oeste. Destacam-se
seguintes rotas rodovirias: a) Belo Horizonte So Paulo: corresponde
ao trecho da rodovia BR 381 entre essas duas cidades, denominado
Rodovia Ferno Dias, ora em fase final de duplicao de sua pista de
rolamento. Tem fundamental relevncia no transporte da carga geral
industrial, de produtos siderrgicos e de cimento, dentre outros
produtos movimentados entre importantes plos de produo e consumo da
Regio Sudeste; b) Belo Horizonte Rio de Janeiro: um segmento da
rodovia BR 040 (Braslia / Rio de Janeiro), atende basicamente ao
transporte de produtos industrializados e insumos bsicos, entre os
dois plos principais e as microrregies que atravessa. O subtrecho
entre Juiz de Fora e o Rio de Janeiro, todo em pista dupla, mantido
e explorado por empresa concessionria; 31 Captulo 1 - Transporte e
logstica
28. c) Belo Horizonte Ipatinga Governador Valadares: trata-se
do prolongamento da rota BDMG 40 anos So Paulo Belo Horizonte na
direo do Vale do Ao, desempenha o papel de eixo de integrao dos
centros de produo e consumo do complexo metal-mecnico em territrio
mineiro. Todavia, apresenta configurao fsica, condio de pavimento e
desempenho operacional aqum de sua importncia funcional. Requer
intervenes de porte para sua adequao fsico-operacional; d) Braslia
Belo Horizonte Vitria: o principal corredor de escoamento da produo
de granis agrcolas nos Cerrados em direo ao complexo porturio de
Vitria. Em Minas Gerais, tem incio na microrregio de Paracatu, na
divisa MG/GO, atingindo Belo Horizonte atravs da BR 040, de onde
segue pelo Leste mineiro, pela BR 262, at o Esprito Santo; e)
Braslia Uberlndia So Paulo: trata-se de alternativa para o
escoamento de granis agrcolas das regies do Cerrado, em direo aos
portos de Santos e Paranagu (nesse caso, atravs da rodovia BR 153,
que toma a direo do Paran), em contraposio ao seu escoamento para o
complexo porturio capixaba. Atende, ainda, produo industrial que
circula entre So Paulo e o Tringulo Mineiro (atravs das rodovias SP
330 e BR 050) e, a partir do grande centro atacadista-distribuidor
que Uberlndia, em direo ao Centro-Oeste brasileiro. Vale registrar
que, em territrio paulista, este importante eixo rodovirio
encontra-se todo em pista dupla, sendo mantido e explorado por
empresas concessionrias; f) Rio de Janeiro Governador Valadares -
Salvador: parte do grande eixo longitudinal que liga o Sul/Sudeste
ao Nordeste brasileiro, atravessa toda a poro leste do territrio
mineiro, entroncando em Realeza, na microrregio de Manhuau, com a
BR 262, que estrutura a rota Braslia Belo Horizonte Vitria, e em
Governador Valadares, com a BR 381, estruturadora da rota Belo
Horizonte Ipatinga Governador Valadares. O trecho inicial dessa
rota, entre o Rio de Janeiro e a divisa RJ/MG (em Alm Paraba),
encontra-se sob a administrao e explorao de empresa concessionria;
g) Belo Horizonte Montes Claros - Ibotirama: trata-se do principal
eixo de integrao do Norte de Minas com a capital mineira, atravs
das rodovias BR 040 e BR 135. A partir de Montes Claros, atravs da
BR 122, toma a direo da regio central da Bahia, finalizando no
porto fluvial de Ibotirama, na hidrovia do So Francisco. Na situao
atual, esse eixo ressente, em sua maior parte, da falta de adequada
manuteno, o que levou a forte degradao do pavimento; h) Belo
Horizonte Passos Ribeiro Preto: estruturado pelas rodovias MG 050 e
BR 265, constitui-se como importante eixo de integrao
inter-regional, ligando Belo Horizonte com o Centro-Oeste mineiro e
com pores do Sul de Minas polarizadas por Passos e So Sebastio do
Paraso, de onde se direciona para o plo paulista de Ribeiro Preto,
entroncando com a rota Braslia Uberlndia So Paulo. O trecho mineiro
dessa rota est a requerer intervenes significativas no sentido de
adequar sua configurao fsico-operacional ao importante papel
funcional que desempenha no sistema rodovirio mineiro; i) Belo
Horizonte Uberlndia: permite, atravs da rodovia BR 262, a integrao
de Belo Horizonte com o Tringulo Mineiro, em Uberaba, seguindo,
pela BR 452, a partir do entroncamento em Arax, at Uberlndia; 32
Minas Gerais do Sculo XXI - Volume III - Infra-estrutura:
Sustentando o desenvolvimento
29. j) Uberlndia Montes Claros Salvador: liga o Tringulo
Mineiro ao Nordeste brasileiro, BDMG 40 anos atravs da rodovia BR
365 e, a partir de Montes Claros, da rodovia BR 251, at o
entroncamento com a BR 116 (rota Rio de Janeiro Governador
Valadares Salvador). No sentido inverso, a partir de Uberlndia,
segue, em direo ao Centro-Oeste brasileiro, at o entroncamento com
a BR 364, em So Simo, na divisa MG/GO; k) Varginha Juiz de Fora
Leopoldina: interliga o Sul de Minas Zona da Mata, atravs da
rodovia BR 267, constituindo-se como um elo das rotas Belo
Horizonte So Paulo (BR 381) e Rio de Janeiro Salvador (BR 116).
Atravessa microrregies com produes industrial e agrcola, est
voltada basicamente para a indstria de leite e derivados. No Sul de
Minas, a microrregio de So Loureno, conectada por essa rota,
caracteriza-se por atividades tursticas; l) Poos de Caldas Pouso
Alegre Itajub: em posio transversal rota Belo Horizonte So Paulo,
na poro extrema do Sul de Minas, a rodovia BR 459 a rota de
integrao de uma vasta rea polarizada por trs importantes cidades
mdias mineiras. A partir de seu entroncamento com a Via Dutra, em
Lorena (SP), permite a integrao dessa rea do Sul de Minas com a
dinmica Regio do Vale do Paraba. Contudo, as atuais condies de
traado e de conservao do pavimento da BR 459 mostram-se
incompatveis com a importncia funcional dessa rota, requerendo
intervenes significativas para a sua adequao operacional. 4.1.2.
Evoluo da rede rodoviria pavimentada Nos ltimos quarenta anos
ocorreram significativas mudanas na extenso da rede de rodovias
pavimentadas de Minas Gerais. A extenso quilomtrica pavimentada
evolui a taxa mdia de 5,9% ao ano, passando de praticamente dois
mil quilmetros, em 1960, para pouco mais de 20 mil quilmetros no
limiar do sculo XXI, como se pode ver na tabela seguinte. TABELA 6
EXPANSO QUILOMTRICA DA REDE PAVIMENTADA (1) - MINAS GERAIS - 1960 A
2001 ANO EXTENSO (km) PERODO INCREMENTO (km) TAXA DE CRESC. (%
a.a.) 1960 1.986 1960 - 1970 5.912 14,8 1970 7.898 1970 - 1980
4.083 4,3 1980 11.981 1980 - 1985 1.626 2,6 1985 13.607 1985 - 1990
3.694 4,9 1990 17.301 1990 - 1995 2.134 2,4 1995 19.435 1995 - 2001
1.012 0,8 2001 20.447 1960 - 2001 18.461 5,9 FONTES: Anurio
estatstico dos transportes 2000, GEIPOT, 2001; e Boletim rodovirio
2000, DER/MG, 2001. Levantamento e clculos da Consultoria. (1)
inclui rodovias federais e estaduais Os dados apresentados na
tabela anterior demonstram que as taxas de expanso da rede
pavimentada foram progressivamente se reduzindo. No incio do
rodoviarismo, os esforos governamentais estiveram concentrados na
pavimentao dos grandes eixos virios, o que permitiu 33 Captulo 1 -
Transporte e logstica
30. atender e consolidar os principais corredores de
transporte. Passada essa fase pioneira, os esforos BDMG 40 anos se
direcionaram para a pavimentao das vias coletoras, levando
estruturao de uma rede bsica que atingiu as diferentes regies de
Minas, ainda que de forma espacialmente desigual. Uma periodizao
simplificada desse processo histrico mostra que durante os anos 60
a atuao conjunta dos Governos Estadual e Federal viabilizou a
pavimentao de quase seis mil quilmetros de rodovias, o que
significou a expanso da rede pavimentada a taxa mdia de 14,8% ao
ano. Ao longo da dcada de 70, foram pavimentados mais quatro mil
quilmetros em Minas Gerais, de modo que, em 1980, a rede
pavimentada mineira chegou ao patamar de quase 12 mil quilmetros de
rodovias (crescimento mdio de 4,3% ao ano). J a dcada seguinte pode
ser dividida em dois perodos bem distintos: o primeiro, entre 1980
e 1985, ser marcado por uma brusca reduo da taxa de expanso da rede
pavimentada (que cresceu, em mdia, apenas 2,6% ao ano). Na segunda
metade da dcada, ao contrrio, o que se viu foi um forte e
concentrado aumento dos investimentos em pavimentao rodoviria, que
agregaram rede mais 3.694 quilmetros de rodovias pavimentadas em
apenas cinco anos (crescimento anual mdio da ordem 4,9%). Os anos
90, contudo, se caracterizaram por um novo ciclo de desacelerao dos
investimentos em pavimentao rodoviria, agregando-se rede pouco mais
de trs mil quilmetros de rodovias pavimentadas (crescimento mdio de
1,5% ao ano). Essa tendncia geral de investimentos decrescentes em
pavimentao rodoviria est associada no s ao trmino das aes pioneiras
visando alcanar maior integrao regional, mas tambm mudana de foco
que marcar a gesto rodoviria nos ltimos anos. Alm da forte reduo
dos recursos destinados ao financiamento do setor de transportes de
uma maneira geral6 , ocorreram alteraes significativas na composio
do gasto rodovirio, com uma forte diminuio das aplicaes na expanso
da rede (construo e pavimentao de rodovias) e concomitante
incremento dos gastos com conservao e restaurao viria (ainda que
esses tenham se mostrado aqum do necessrio), devido ao
envelhecimento da rede pioneira. Ademais, os investimentos em
expanso passaram a incluir obras de adequao e duplicao de rodovias
j pavimentadas, em funo do esgotamento da capacidade de trfego em
importantes corredores. Em Minas Gerais, os dois exemplos dessa
inverso de pauta que caracteriza os anos 90 no setor rodovirio so
as duplicaes das rodovias BR 040, entre Belo Horizonte e Sete
Lagoas (j concluda), e BR 381, entre Belo Horizonte e So Paulo (em
fase final). Apesar da significativa ampliao da rede de rodovias
pavimentadas, ocorrida nos ltimos 40 anos, vale ressaltar que cerca
de 10,7 mil quilmetros de rodovias federais ou estaduais ainda se
encontram sem pavimentao asfltica. Uma parcela expressiva dessas
rodovias (em torno de seis mil quilmetros) apresenta relativa
importncia econmica por desempenhar funes de via coletora de fluxos
de trfego com alguma expresso, direcionando-os rumo ao sistema
troncal e, assim, contribuindo para a integrao inter e
intra-regional. Nesse contexto, tambm importante considerar que 233
sedes municipais mineiras (27,3% do total) no dispem de acesso
pavimentado rede viria principal do Estado, sendo que, desse total,
133 cidades esto interligadas rede principal por estrada com
revestimento primrio e outras 100 atravs de estradas em leito
natural7. Analisando a evoluo dos investimentos em infra-estrutura
no Brasil a partir de 1970, Pego Filho et al. (1999, p. 14) atribui
a 6 constante queda dos investimentos que marcar o perodo entre o
incio dos anos 80 e meados da dcada de 90, ao modelo de
financiamento adotado, baseado em emprstimos externos (que
apresentaram elevadas taxas de juros e amortizaes de curto e mdio
prazos), alm da alocao dos recursos em um elevado nmero de projetos
de grande porte (longo prazo de maturao dos investimentos, alto
risco e baixa capacidade de retorno). Conforme Cadastro Geral dos
Municpios com Acessos No Pavimentados, do DER/MG, divulgado em
abril de 2002. 7 34 Minas Gerais do Sculo XXI - Volume III -
Infra-estrutura: Sustentando o desenvolvimento
31. MAPA 2 BDMG 40 anos MINAS GERAIS 2002: DISTRIBUIO ESPACIAL
DOS MUNICPIOS SEM ACESSO RODOVIRIO PAVIMENTADO FONTE: DER / MG Para
garantir acesso asfaltado a todo esse conjunto de municpios
necessria a pavimentao de 5.969 quilmetros de rodovias, assim
discriminados: rodovias estaduais (MG):
.............................................................................
1.983km; rodovias estaduais transitrias (MGT):
........................................................ 355km;
rodovias estaduais de ligao (LMG):
........................................................1.172km;
rodovias estaduais de acesso (AMG):
............................................................. 69km;
rodovias municipais em leito natural:
............................................................2.320km;
rodovias federais (BR):
......................................................................................
70km. Para tanto, seriam necessrios investimentos da ordem de R$
2,1 bilhes (a preos de abril de 2002) 8 , beneficiando diretamente
uma populao de 1,8 milhes de habitantes (cerca de 10% da populao
total de Minas Gerais). Esta estimativa baseia-se no custo unitrio
mdio padro do Banco Mundial para obras de pavimentao de rodovias
alimentadoras 8 no Brasil, da ordem de US$ 150,