4
2016 Sofia de Matos Pedrosa, n.º 24, 11.º B Escola Básica e Secundária de Anadia A vida do Homem é como a de um rio

2016 09-21 - gl m honrosa - a vida do homem é como a de um rio - sofia pedrosa 24 - 11 b

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: 2016 09-21 - gl m honrosa - a vida do homem é como a de um rio - sofia pedrosa 24 - 11 b

2016

Sofia de Matos Pedrosa, n.º 24, 11.º B

Escola Básica e Secundária de Anadia

A vida do Homem é como a de um rio

Page 2: 2016 09-21 - gl m honrosa - a vida do homem é como a de um rio - sofia pedrosa 24 - 11 b

1

A vida do Homem é como a de um rio

Eu sou um grande rio,

tal sábio que aprendeu

o que a vida lhe ensinou.

Nasci um ínfimo fio de água,

puro e límpido.

Brotei daí para a minha longa vida.

Deambulei por entre campos verdejantes,

ora tranquilo e pacato,

ora agreste e violento,

esquecendo bons modos,

derrubando tudo e todos,

tal criança irrequieta

que, sem pensar,

usa e abusa da sua sorte.

Atingi a minha juventude,

mais maduro,

mais robusto.

Dei-me ares de sapiente!

No meu deambular,

por terras de ninguém

também feri, errei,

magoei, destruí!

Page 3: 2016 09-21 - gl m honrosa - a vida do homem é como a de um rio - sofia pedrosa 24 - 11 b

2

Houve quem me usasse

e, de mim, até abusasse!

Houve quem me fez frente!

Houve quem me reinventou!

Houve quem me tentou travar,

quem me pôs a mão,

e me ensinou a caminhar

entre penhascos íngremes.

Desfiz rochedos,

ultrapassei barreiras,

movi montanhas…

Mas a idade avança.

A irrequietude acalma.

Hoje, já mais idoso,

sem pressas para chegar…

Reflito na minha viagem,

com calma estou a abrandar.

Viajo sereno pela planície,

deleito-me mirando subtilmente

a paisagem verdejante que ajudo a criar.

Espraio-me sobre a areia,

vendo o Sol a aquecer a Terra

que me deu este viver.

Sorrio aos peixes

que nadam nas minhas águas profundas,

Page 4: 2016 09-21 - gl m honrosa - a vida do homem é como a de um rio - sofia pedrosa 24 - 11 b

3

agito-os e embaraço-os.

Sem querer, mudo-lhes o rumo.

É nesta deambulante

e memorável lassidão

que recordo o momento

em que deixei a minha nascente,

lá no cimo da montanha.

Ouço, então, o chilrear dos pássaros

que esvoaçantes cruzam o azul celeste,

que rivaliza com a minha cor.

Olho para o alto e pesa-me

o longo caminho percorrido…

Alegra-me e dá-me alento

a grande sabedoria alcançada!

É com este pensamento

que me deixo envolver,

calmo e sereno,

pelas agitadas águas do mar.