4
Como os fatos do conto O Alienista de Machado de Assis estão presentes hoje em dia? Paulo Ricardo Ulrich (UERGS;PIBID/CAPES) A história deste livro é de um médico Simão Bacamarte e suas experiências científicas em Itaguaí. O foco é a razão e a loucura. Ele constrói a casa verde que é um manicômio e começa a internar todos que tem comportamentos irracionais. Como o Dr. Bacamarte diz na página doze do livro: “ O principal nesta minha obra da Casa Verde é estudar profundamente a loucura, os seus diversos graus, classificar lhe os casos, descobrir enfim a causa do fenômeno e o remédio universal. Este é o mistério do meu coração. Creio que com isto presto um bom serviço a humanidade.” O alienista é uma crítica contra a burguesia da época. Mas o que é a loucura? Para refletir sobre isto encontramos na mesma página doze o relato da loucura de um rapaz que todos os dias depois do almoço, fazia regularmente um discurso acadêmico. Havia também os loucos por amor. Um rapaz de vinte e cinco anos que fazia uma estrela, abria os braços e alargava as pernas e ficava assim horas. O outro andava na sala, no pátio ou nos corredores procurando o fim do mundo. Todos os loucos da clínica manifestavam suas loucuras de diversas formas, porém em um mundo muito próprio, que os convém e afastado da sociedade. Mas como os fatos desta história permeiam e retratam a música e a literatura dos anos 70 até hoje? O que o Menino Maluquinho de Ziraldo, Balada do Louco dos Mutantes, Maluco

#3 paulo ulrich maio 2014

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: #3 paulo ulrich   maio 2014

Como os fatos do conto O Alienista de Machado de Assis estão

presentes hoje em dia?

Paulo Ricardo Ulrich (UERGS;PIBID/CAPES)

A história deste livro é de um médico Simão Bacamarte e suas experiências

científicas em Itaguaí. O foco é a razão e a loucura. Ele constrói a casa verde que é

um manicômio e começa a internar todos que tem comportamentos irracionais.

Como o Dr. Bacamarte diz na página doze do livro: “ O principal nesta minha

obra da Casa Verde é estudar profundamente a loucura, os seus diversos graus,

classificar lhe os casos, descobrir enfim a causa do fenômeno e o remédio universal.

Este é o mistério do meu coração. Creio que com isto presto um bom serviço a

humanidade.” O alienista é uma crítica contra a burguesia da época.

Mas o que é a loucura? Para refletir sobre isto encontramos na mesma página

doze o relato da loucura de um rapaz que todos os dias depois do almoço, fazia

regularmente um discurso acadêmico. Havia também os loucos por amor. Um rapaz

de vinte e cinco anos que fazia uma estrela, abria os braços e alargava as pernas e

ficava assim horas. O outro andava na sala, no pátio ou nos corredores procurando

o fim do mundo. Todos os loucos da clínica manifestavam suas loucuras de diversas

formas, porém em um mundo muito próprio, que os convém e afastado da

sociedade.

Mas como os fatos desta história permeiam e retratam a música e a literatura

dos anos 70 até hoje? O que o Menino Maluquinho de Ziraldo, Balada do Louco dos

Mutantes, Maluco Beleza de Raul Seixas e o disco Loki de Arnaldo Babtista que foi

considerado pela crítica um dos melhores, tem a ver com este conto? Quero aqui

dissertar sobre este ultimo.

O referido trabalho de Arnaldo expõe em várias letras a face da loucura. É

uma confissão um desabafo que demonstra uma dor profunda. O documentário Loki

é um grito, uma tentativa de sair do lugar comum, comportado e de todas estas

coisas que são muito controladoras. Louis Armstrong falava que o lado triste pode

ser muitas vezes mais comovente do que o alegre. O músico também passou por

uma etapa de sua vida que foi internado numa clínica psiquiátrica.

Para Foucault a loucura esta muito atrelada à ética social. Ele ilustra que:

Page 2: #3 paulo ulrich   maio 2014

Neste sentido, a loucura clássica não é uma doença mas “o extremo dos defeitos” (FOUCAULT, 1978, p. 136). Por exemplo, foram internados indivíduos considerados: “grande mentiroso”, “pregador de cartazes”, “espírito inquieto, triste e ríspido”, “homem que passa os dias e as noites a atordoar os outros com suas canções e a proferir as blasfêmias mais horríveis”. (FOUCAULT, 1978, p. 139)

E o que a educação musical pode contribuir para a vida? O professor Júlio Cesar

Pires Pereira acredita que:

Discutir no meio acadêmico o ensino da música nas escolas, a formação de futuros educadores musicais e a possibilidade do uso de instrumentos musicais como ferramentas de ensino, nos leva a fazer uma boa reflexão sobre educação musical, como ela pode influir no cotidiano das pessoas e de que forma ela pode contribuir para qualidade de vida e a felicidade do ser humano. (PEREIRA, Júlio Cesar Pires; NASCIMENTO, Flávia Marchi. 2013, p.77)

Neste sentido acredito que o foco da educação musical não é formar músicos,

no entanto se é este o desejo do estudante, muito bem, bem vindo a esta jornada.

Por outro lado o valor maior é passar o sentido ético e de um pensar crítico e de

autonomia sobre as situações da vida.

Page 3: #3 paulo ulrich   maio 2014

REFERÊNCIAS

ASSIS, Joaquim Maria Machado de. O Alienista. São Paulo: Ática, 1998.

FOUCAULT, M. História da loucura. Ed. Perspectiva - SP, 1978.

PEREIRA, Júlio Cesar Pires; NASCIMENTO, Flávia Marchi. O acordeom na educação musical: perspectivas para uma formação inicial no ensino superior Revista da Fundarte, v. 26, 2013.