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Psicologia e Educação 19 Vol. Branco (1, 2), 2011 A influência da Escolaridade na lateralização inter-hemisférica da linguagem Susana Araújo* Alexandra Reis* Luís Faísca* Resumo: Uma questão crítica no entendimento da assimetria inter-hemisférica para a linguagem diz respeito ao desenvolvimento da especialização hemisférica esquerda para o processamento do discurso em função da idade. Numerosas investigações realizadas sobre esta temática têm oscilado entre uma perspectiva inata e estanque da lateralização cerebral e uma perspectiva que preconiza ser o seu desenvolvimento progressivo e passível de influências externas. No âmbito do debate recente sobre a influência de factores ambientais neste processo, propusemo-nos investigar o efeito da escolaridade no processo de lateralização inter-hemisférica, recorrendo à técnica da escuta dicótica e comparando crianças que ainda não iniciaram a escolaridade com crianças que frequentam diferentes níveis do ensino básico. No nosso estudo, ma- nipulamos a orientação da atenção (focada à direita ou à esquerda) e a carga verbal dos estímulos utilizados (elevada e baixa carga verbal). Os resultados mostram uma diminuição progressiva das diferenças entre ouvidos com a escolaridade, remetendo para duas explicações possivelmente complementares: 1) uma atenuação com a es- colaridade da lateralização cerebral da linguagem; 2) uma melhoria progressiva na capacidade de orientar a atenção exigida pela prova de escuta dicótica. Palavras-Chave: Lateralização Hemisférica, Linguagem, Desenvolvimento, Escuta Dicótica. The influence of schooling on inter-hemispheric language lateralization Abstract: A critical question in understanding the brain lateralization for language concerns the development of a left hemispheric specialization for speech as a function of age. Several investigations on this topic have considered either a perspective of innate brain lateralization or, rather, a perspective that considers its progressive development and susceptibility to external influences. Our study aims to contribute to the recent debate about the external influences on language hemispheric specialization. We investigated the effect of literacy in hemispheric lateralization, examining the dichotic listening test performance in children before the beginning of formal reading instruction and children at the elementary school (2 nd and 4 th grade). In the dichotic listening task, we manipulated the allocation of attentional resources (directed-left vs. directed- right) and the load of the verbal stimuli (high and low lexical workload). The results showed that the right-ear advantage diminishes as the child advances in school, suggesting two possibly complementary explanations: 1) literacy seems to attenuate laterality differences in language processing; 2) children ability to make attentional shifts during dichotic listening tasks increases through schooling. Keywords: Hemispheric lateralization, Language, Development, Dichotic Listening Task. _______________ * Departamento de Psicologia, Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Universidade do Algarve, Faro, Portugal.

A influência da escolaridade na lateralização inter hemisférica da linguagem

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A influência da Escolaridade na lateralização inter-hemisférica dalinguagemSusana Araújo*Alexandra Reis*Luís Faísca*

Resumo: Uma questão crítica no entendimento da assimetria inter-hemisférica paraa linguagem diz respeito ao desenvolvimento da especialização hemisférica esquerdapara o processamento do discurso em função da idade. Numerosas investigaçõesrealizadas sobre esta temática têm oscilado entre uma perspectiva inata e estanqueda lateralização cerebral e uma perspectiva que preconiza ser o seu desenvolvimentoprogressivo e passível de influências externas. No âmbito do debate recente sobrea influência de factores ambientais neste processo, propusemo-nos investigar o efeitoda escolaridade no processo de lateralização inter-hemisférica, recorrendo à técnicada escuta dicótica e comparando crianças que ainda não iniciaram a escolaridade comcrianças que frequentam diferentes níveis do ensino básico. No nosso estudo, ma-nipulamos a orientação da atenção (focada à direita ou à esquerda) e a carga verbaldos estímulos utilizados (elevada e baixa carga verbal). Os resultados mostram umadiminuição progressiva das diferenças entre ouvidos com a escolaridade, remetendopara duas explicações possivelmente complementares: 1) uma atenuação com a es-colaridade da lateralização cerebral da linguagem; 2) uma melhoria progressiva nacapacidade de orientar a atenção exigida pela prova de escuta dicótica.Palavras-Chave: Lateralização Hemisférica, Linguagem, Desenvolvimento, Escuta Dicótica.

The influence of schooling on inter-hemispheric language lateralization

Abstract: A critical question in understanding the brain lateralization for languageconcerns the development of a left hemispheric specialization for speech as a functionof age. Several investigations on this topic have considered either a perspective ofinnate brain lateralization or, rather, a perspective that considers its progressivedevelopment and susceptibility to external influences. Our study aims to contributeto the recent debate about the external influences on language hemispheric specialization.We investigated the effect of literacy in hemispheric lateralization, examining the dichoticlistening test performance in children before the beginning of formal reading instructionand children at the elementary school (2nd and 4th grade). In the dichotic listeningtask, we manipulated the allocation of attentional resources (directed-left vs. directed-right) and the load of the verbal stimuli (high and low lexical workload). The resultsshowed that the right-ear advantage diminishes as the child advances in school, suggestingtwo possibly complementary explanations: 1) literacy seems to attenuate lateralitydifferences in language processing; 2) children ability to make attentional shifts duringdichotic listening tasks increases through schooling.Keywords: Hemispheric lateralization, Language, Development, Dichotic Listening Task.

_______________* Departamento de Psicologia, Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Universidade do Algarve, Faro, Portugal.

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Introdução

As diferenças funcionais e anatómicas entreos dois hemisférios cerebrais são uma dasdescobertas mais robustas no âmbito dasNeurociências Cognitivas. A especializa-ção do hemisfério esquerdo para as fun-ções linguísticas despoletou desde sempreparticular interesse, gerando um vastonúmero de investigações. Uma questãocrítica no entendimento da lateralizaçãocerebral e, mais especificamente, dalateralização da linguagem, diz respeito aoseu desenvolvimento com o decorrer daidade e ao momento em que o hemisférioesquerdo se torna especializado para asfunções de discurso. Lenneberg (1968)sugeriu que o processo de lateralizaçãohemisférica para a linguagem decorreriadurante o denominado “período crítico”,com início aos dois anos de idade e estandoconsolidado na altura da puberdade. Outrosautores deslocam o momento em quesurgem as assimetrias hemisféricas parauma idade mais tardia na infância (Vargha-Khadem, Watters, & O’Gorman, 1985).Contudo, o modelo tradicional dalateralização progressiva da linguagem coma idade começa a ser posto em causa pelacomunidade científica na década de seten-ta, por não receber sustentação dos resul-tados encontrados em estudos que recor-riam quer à técnica de escuta dicótica querao registo electroencefalográfico. Começa-se a assumir como mais adequada umaperspectiva inata da lateralizaçãohemisférica, considerando que o cérebrojá está equipado com centros especializadospara a linguagem localizados no hemisfé-rio esquerdo mesmo antes de se adquirircompetências linguísticas (Berlin, Hughes,Lowe-Bell, & Berlin, 1973; Eling,Marshall, & Galen, 1981; Mehler &Christophe, 1996; Molfese, 1998). Para-lelamente, vários estudos começam a dar

conta de uma diminuição com a idade damagnitude da assimetria inter-hemisféricada linguagem, provavelmente devido a ummaior envolvimento do hemisfério direito(ver por exemplo, Bellis, Nicol, & Kraus,2000).Outra questão relevante, que contraria umaperspectiva inata e estanque dalateralização da linguagem, pouco suscep-tível a factores externos (ver por exemplo,Thompson et al., 2001), diz respeito àinfluência dos factores ambientais naespecialização hemisférica esquerda dalinguagem. De entre as variáveisambientais, a literacia tem recebido par-ticular atenção. A este respeito, algunsresultados têm corroborado uma influên-cia da escolaridade em vários processoscognitivos, nomeadamente ao nível dosprocessos linguísticos (Petersson, Reis, &Ingvar, 2001; Petersson & Reis, 2006).Um contributo importante para o esclare-cimento da influência da escolaridadederivou de estudos comparativos entresujeitos letrados e iletrados, dando contade um maior envolvimento do hemisfériodireito no processamento da linguagem oraldos primeiros comparativamente aos nãoescolarizados (Tzavaras, Kaprinis, &Gatzoyas, 1981; Tzavaras, Phocas,Kaprinis, & Karavatos, 1993). À luz dosresultados destes estudos, o processamentoda linguagem nos indivíduos letradosparece recrutar mais regiões de ambos oshemisférios cerebrais do que nos iletrados.No entanto, alguns estudos com resultadoscontrários aos descritos tornam ambíguaa influência da escolaridade na especia-lização hemisférica da linguagem. Porexemplo, no estudo realizado por Damásioe colaboradores (Damásio, Damásio, Cas-tro-Caldas, & Hamsher, 1979), onde secomparou o desempenho de sujeitos letra-dos e iletrados em diferentes provas deescuta dicótica, observou-se uma vantagem

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do ouvido direito para ambos os gruposquando os estímulos apresentados eramdígitos e pares de palavras dissimilares.Contudo, para pares de palavras similares,os iletrados mostravam uma vantagem doouvido esquerdo, levando a supor que arepresentação cerebral para a linguagem émais bilateral neste grupo. A favor destainterpretação estão os resultados deCameron, Currier e Haerer (1971), aoverificaram uma maior probabilidade dehaver afasia após lesão hemisférica esquer-da em sujeitos letrados comparativamenteaos iletrados, indicando assim uma maiorparticipação da hemisfério direito noprocessamento das funções linguísticas nosiletrados.Contrariamente, Castro e Morais (1987)não encontram diferenças entre os sujeitosletrados e iletrados em provas de escutadicótica, sugerindo que a dominância dohemisfério esquerdo para a linguagem nãoé influenciada pela literacia e educaçãoformal. Também os resultados de Damásioe colaboradores (1976) vão no mesmosentido, uma vez que não encontraramdiferenças relativamente à incidência deafasia, entre sujeitos escolarizados e nãoescolarizados com lesão cerebral focal(Damásio, Castro-Caldas, Grosso, & Fer-ro, 1976).Em suma, o impacto da escolaridade naorganização funcional dos processoslinguísticos entre os dois hemisférioscontinua a ser uma questão em aberto.Partindo desta problemática, propusemo-nos explorar se existem diferenças ao nívelda lateralização hemisférica da linguagementre crianças que ainda não iniciaram asua escolaridade e crianças com diferentesgraus de escolaridade do primeiro ciclo doensino básico, recorrendo a provas deescuta dicótica e manipulando a cargaverbal dos estímulos. Assumindo que aescolaridade poderá equipar ambos os

hemisféricos com maior número de recur-sos linguísticos, esperamos que as crian-ças mais escolarizadas apresentem ummenor grau de lateralização hemisféricapara a linguagem, expressa numa menordiferença entre ouvidos e num menornúmero de intrusões. Esperamos igualmen-te, à semelhança dos resultados encontra-dos por Lamm e Epstein (1997), que aassimetria hemisférica para os estímuloslinguísticos seja menos acentuada quandoestes apresentam uma carga verbal maisbaixa.

Método

ParticipantesParticiparam neste estudo setenta e duascrianças de diferentes níveis de escola-ridade, de nacionalidade portuguesa e semproblemas auditivos: 24 do pré-escolar(média de idades desvio-padrão: 5.3 0.5; amplitude: 5-6 anos), 24 do segundoano do primeiro ciclo do ensino básico(média de idades desvio-padrão: 7.4 0.5; amplitude: 7-8 anos) e 24 do quartoano do primeiro ciclo do ensino básico(média de idades desvio-padrão: 9.2 0.4; amplitude: 9-10 anos). Uma vez queo género parece estar correlacionado coma organização funcional da linguagem (verpor exemplo, Gazzaniga, Ivry, &Mangum, 1998), cada um dos grupos foicomposto por igual número de participan-tes do sexo feminino e do sexo mascu-lino.

MaterialOs estímulos utilizados nas provasdicóticas do presente estudo foram primei-ramente seleccionados, de acordo com aclassificação de Lamm e Epstein (1994),em função da sua carga verbal. Segundoestes autores, as palavras apresentam ele-

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vada carga verbal e os dígitos, pelo con-trário, apresentam uma baixa carga verbal.Esta diferença encontra-se estritamenteligada ao facto da prova de dígitos incluirapenas nove estímulos diferentes, o quepoderá ajudar a criança no desempenhoda prova, quer por aumentar a probabi-lidade de acertar ao acaso, quer porque,ao ouvir palavras repetidas de um grupomuito limitado e definido, ensaio apósensaio, a activação preparatória no sis-tema de processamento lexical semânticopoderá facilitar a resposta (Lamm &Epstein, 1994). A prova de escuta dicóticacom palavras foi constituída por 48 paresde substantivos dissilábicos, distribuídospor duas listas (24 pares em cada lista).Para a construção dos pares escolhemospalavras concretas e familiares,dissimilares fonologicamente e com acen-tuação na primeira sílaba (p.e., guerra/sapo). A prova de escuta dicótica comdígitos foi igualmente constituída por 48pares distribuídos por duas listas de igualnúmero. Na construção desta prova fo-ram utilizados os dez dígitos (de zero anove). Os pares de dígitos foram selec-cionados de modo a que cada um ocor-resse com a mesma frequência em todaa prova.Para ambas as provas dicóticas foramconstruídas duas versões que se distingui-am pelo ouvido em que os estímulos eramapresentados (p.e., versão a: ouvido direi-to – neve / ouvido esquerdo – fome;; versãob: ouvido direito – fome / ouvido esquer-do - neve). Os estímulos foram gravadosem formato digital por uma voz feminina,com entoação e intensidade constantes,sendo posteriormente processados numprograma de edição áudio de forma asincronizar o início e fim de cada estímulonos canais direito e esquerdo e a manterum intervalo de cinco segundos entre osestímulos.

ProcedimentoPara o nosso estudo recorremos à técnicade escuta dicótica desenvolvida por Kimura(1967), que consiste na apresentação si-multânea de dois estímulos auditivos di-ferentes, sendo pedido ao sujeito para osevocar de seguida. O paradigma clássicoda escuta dicótica assume que as viasauditivas que conectam os ouvidos aoshemisférios contralaterais são mais desen-volvidas e apresentam um acesso prefe-rencial ao córtex, comparativamente às viasipsilaterais (Kimura, 1967).Em cada uma das provas de escuta dicóticarecorreu-se ao “paradigma da atençãofocada”, visto que permite controlar melhoros enviesamentos ao nível da atenção dossujeitos (Obrzut, Boliek, & Obrzut, 1986).Os participantes eram instruidos adireccionar a sua atenção unicamente parao estímulo apresentado em um dos ouvi-dos (esquerdo ou direito), evocando-o deseguida. Previamente à aplicação dasprovas foi realizado um treino, constituídopor seis pares de estímulos, de modo agarantir que todas as crianças avaliadascompreendessem o que lhes era pedido.Os 24 participantes de cada grupo de es-colaridade foram distribuídos, dentro de cadagénero, de forma a garantir o equilíbrio dosseguintes aspectos: (a) o ouvido atendido emprimeiro lugar; (b) a ordem de realizaçãodas duas provas (palavras e dígitos); (c) aversão da lista utilizada (versões a e b); e(d) ordem de apresentação das listas, de modoa evitar o efeito da ordem de apresentaçãodos pares de estímulos.Em ambas as provas de escuta dicóticaforam registadas todas as respostas dosparticipantes (acertos e erros), consideran-do-se como resposta correcta a evocaçãoda palavra do par correspondente ao ouvidoa atender. A pontuação máxima de cadaprova é de 24 pontos para cada condiçãoatencional.

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Resultados

Acuidade nas provas de escuta dicóticaO desempenho dos participantes em cadaum das provas foi avaliado atendendo aonúmero de respostas correctamenteevocadas nas condições de atenção focadaà esquerda e à direita.

Na Tabela 1 podemos observar as médiase os desvios-padrão do desempenho dosparticipantes dos três grupos de escolari-dade para as duas provas (dígitos e pa-lavras) nas condições de atenção focadaà direita e à esquerda. As diferenças entreos grupos de escolaridade caracterizam-se,em geral, por um aumento significativo dodesempenho em ambas as provas napassagem do pré-escolar para o grupo dosegundo ano de escolaridade, não havendodiferenças significativas entre participantescom dois e quatro anos de escolaridade.No que respeita à assimetria entre o ouvidoesquerdo e direito, realizou-se uma com-paração entre condições de atenção, ob-servando-se vantagem do ouvido direito emtodos os grupos e para ambas as provas.No entanto, relativamente à prova de

dígitos, essa vantagem só é estatisticamentesignificativa para os participantes do pré-escolar (teste de Wilcoxon: Pré-escolar p= .011; 2º ano p = .167; 4º ano p = .317),enquanto que na prova de palavras a van-tagem do ouvido direito é estatisticamentesignificativa para as crianças do pré-esco-lar e do segundo ano (p = .000 e p = .006,

respectivamente), mas não para as doquarto ano (p = .242).A fim de aprofundar o efeito das condi-ções experimentais na lateralidade, efec-tuou-se uma análise da variância (ANOVA)considerando o grupo de escolaridade comofactor entre-sujeitos, o tipo de prova (ele-vada e baixa carga verbal) como factorintra-sujeito, e o índice de lateralidadecomo variável dependente. Este índicebaseia-se no coeficiente proposto porMarshall, Caplan e Holmes (1975) econsiste na diferença do número de res-postas correctas entre a condição de aten-ção focada no ouvido direito e a condiçãode atenção focada no ouvido esquerdo,dividindo esta diferença pelo total derespostas correctas e multiplicando o valorresultante por 100. Um índice de

omocodrocaed,acitócidatucseedsavorpsaudsanohnepmeseD-1alebaTaidém(edadiralocseedlevín satcerrocsatsopseredoremúnodoãrdap-oivsed

edetsetodsévartasopurgertneoãçarapmoC.)edadilaretaledecidníode.odreuqseodivuo–EO;otieridodivuo–DO.sillaW-laksurK

ralocsE-érPedonAº2edadiralocsE

edonAº4edadiralocsE

(W-K p)

sotigíD

DOadacoF 4.02 a 7.3 7.22 b

7.1 6.22 b 3.1 340.

EOadacoF 1.61 a 7.7 0.12 b

0.5 0.22 b 9.1 000.

edadilaretaLedecidnÍ 2.71 a 2.33 7.5 a

3.12 3.1 a 7.41 221.

sarvalaP

DOadacoF 7.61 a 0.4 4.91 b

2.3 a4.71 b 2.4 730.

EOadacoF 8.8 a 0.5 2.51 b

8.5 3.61 b 6.4 000.

edadilaretaLedecidnÍ 4.43 a 5.92 0.51 b

5.52 0.4 b 9.12 000.

etnemavitacifingislartnecaicnêdnetmocsopurgmacidnisatnitsidsartelmocsadalanissasaidémsA:atoN(etnerefid .yentihW-nnaMedetsetodsévartacoh-tsopesilána;)50.0=

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lateralidade positivo indica uma vantagemdo ouvido direito, o que remete para asuperioridade do hemisfério esquerdo,enquanto um índice de lateralidade nega-tivo, por sua vez, revela uma vantagemdo ouvido esquerdo e remete para a su-perioridade do hemisfério direito.Os resultados mostram um efeito de fortemagnitude do Grupo de Escolaridade sobrea variação do índice de lateralidade [F (2,69) = 6.5; p = .003; 2 parcial = 0.16],efeito que se deve sobretudo ao grupo pré-escolar apresentar um índice de lateralidadesignificativamente superior ao dos restan-tes grupos, indicando uma maior superi-oridade do ouvido direito em ambas asprovas para as crianças neste nível deescolaridade. Verifica-se igualmente umefeito de forte magnitude da Carga Verbal[F (1, 69) = 17.2; p = .000; 2 parcial= 0.20]: a vantagem do ouvido direitomanifesta-se mais acentuadamente quandoos estímulos utilizados na prova têm maiorcarga verbal (palavras). Finalmente, obser-va-se uma interacção significativa demagnitude moderada entre estes dois fac-tores [F (2, 69) = 3.2; p = .048; 2 parcial= 0.09], ilustrada pela Figura 1.

A análise da Figura 1 permite observar umadiminuição progressiva da vantagem doouvido direito com aumento da escolari-dade em ambas as provas, sendo essadiminuição mais marcada na prova commaior carga verbal. É importante referirque a diferença entre provas para o índicede lateralidade se manifesta de forma clarano grupo de participantes do ensino pré-escolar (d de Cohen = 0.55, teste deWilcoxon: p = .001) e que se atenua pro-gressivamente com o aumento da escola-ridade (2º ano: d de Cohen = 0.40, p =.017; 4º ano: d de Cohen = 0.17, p = .331).Procurou-se ainda averiguar se o índice delateralidade se distinguia de forma signi-ficativa de zero (valor indicador de ausên-cia de vantagem de qualquer ouvido).Verificou-se que nos participantes do pré-escolar a vantagem do ouvido direito ésignificativa para ambas as provas (Dígi-tos: p = .018; Palavras: p = .000); no grupodo segundo ano de escolaridade o índicede lateralidade registado na prova dedígitos não é suficientemente elevado parase considerar haver vantagem do ouvidodireito, apesar de sê-lo para a prova depalavras (Dígitos: p = .214; Palavras:

Figura 1 - Efeito do Grupo de Escolaridade no Índice de Lateralidadeem função da Carga Verbal da prova de escuta dicótica

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p = .000). Por último, no grupo do quartoano de escolaridade os valores do índicede lateralidade indicam que não existe, paranenhuma das provas, vantagem significa-tiva de qualquer um dos ouvidos nodesempenho dos participantes (Dígitos: p= .212; Palavras: p = .390).

Análise dos erros

Os erros cometidos pelos participantesforam divididos pelas seguintes categori-as: 1) Não resposta (o sujeito não evocaqualquer resposta); 2) Intrusão total (osujeito evoca o estímulo apresentado noouvido que se indicou para não atender);e 3) Outros erros (todas as outras respos-tas diferentes dos estímulos apresentados).Dado que a distribuição dos diferentes tiposde erro na prova de dígitos é semelhantenos três grupos de escolaridade (testes deKruskal-Wallis: p > .35), registando-sediferenças entre os grupos apenas na provacom maior carga verbal (palavras), pro-cedemos somente à análise desta última.Assim, na prova de palavras registou-se

um efeito significativo do grupo de esco-laridade [F (2, 67) = 13.7; p = .000; 2

parcial = 0.29] e do foco da atenção [F(1, 67) = 35.4; p = .000; 2 parcial = 0.35],assinalando-se maior incidência de errosno nível pré-escolar e quando a atençãoé focada ao ouvido esquerdo. No querespeita ao tipo de erro cometido, observa-se maior ocorrência de Outros erros e deIntrusões totais [F (2,134) = 41.8; p = .000;2 parcial = 0.38]. Embora os diferentestipos de erro ocorram mais frequentemen-te quando se foca a atenção à esquerda,é na incidência das Intrusões totais queo efeito desta condição se manifesta deforma mais nítida [interacção: Foco deatenção x Erro: F (2,134) = 5.2; p = .007;2 parcial = 0.07]. A distribuição dos errosvaria também de acordo com o grupo deescolaridade dos participantes [interacçãosignificativa Grupo Erro: F (4, 134) =4.7; p = .001; 2 = 0.12]: no grupo nãoescolarizado predominam os Outros errose as Intrusões totais, diminuindo a suaincidência com o aumento da escolarida-de, especialmente para as Intrusões totais.As Não respostas, por sua vez, não apa-

Figura 2 - Efeito do grupo de escolaridade na ocorrência dos diferentes tiposde erros cometidos na prova de palavras, segundo o foco da atenção (tipos de

erro: NR – não resposta; IT – intrusão total; OT – outros erros)

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rentam ser influenciadas pela escolaridade. Finalmente, a interacção de terceiraordem também é significativa [interacçãoGrupo Tipo de Erro Foco de Atenção:F (4,134) = 2.8; p = .027; 2 parcial =0.08], verificando-se um decréscimo acen-tuado com a escolaridade do número deIntrusões totais para a condição de aten-ção focada à esquerda, contrariamente aoverificado para a condição de atençãofocada à direita, onde a incidência dasIntrusões totais não é afectada pela esco-laridade. Paralelamente, verifica-se umadiminuição de Outros erros nos sujeitosescolarizados quando é pedido parafocarem a atenção à esquerda. Na condi-ção de atenção focada à direita, esta ten-dência expressa-se apenas na passagem dopré-escolar para o segundo ano de esco-laridade.

Discussão

No presente estudo procurámos exploraro impacto da escolaridade na lateralizaçãohemisférica da linguagem, comparando odesempenho de crianças não escolarizadascom crianças de diferentes graus do pri-meiro ciclo do ensino básico. Recorremosà técnica da escuta dicótica, como medidaque permite inferir sobre a lateralizaçãodos processos linguísticos, e manipulámosa carga verbal dos estímulos, no sentidode verificar se a diferente exigência emtermos de recursos verbais imposta pelotipo de estímulo afectaria as diferenças delateralidade.A maioria das crianças que participaramno presente estudo apresentou vantagemdo ouvido direito nas duas provas dicóticas,resultado que corrobora a concepçãoamplamente aceite da dominância dohemisfério esquerdo para o processamentode estímulos verbais (para uma revisão ver

Josse & Tzouriou-Mazoyer, 2004), e quesugere estar esta vantagem já fixada nogrupo do pré-escolar (por volta dos cincoanos). No entanto, verifica-se que a su-perioridade do ouvido direito diminui coma escolaridade, esbatendo-se as diferençasentre ouvidos no grupo do quarto ano, oque vai de encontro aos resultados apre-sentados por diversos estudos (ver porexemplo, Petersson, Reis, & Ingvar, 2001).A acentuada vantagem do ouvido direitoencontrada nas crianças mais jovens po-derá sugerir uma perda da informaçãovinda do ouvido esquerdo, provavelmentedevida à menor eficiência do processo detransmissão inter-hemisférica (passagem dainformação do hemisfério direito para ohemisfério esquerdo, onde será processa-da), tal como proposto por Larsen (1984).Assumiu-se neste estudo que os dígitos sãoestímulos verbais mais fáceis de processarque as palavras, não só por serem maisprevisíveis, pois repetem-se ao longo daprova, mas também por a sua descodifica-ção fonológica e semântica poder serauxiliada por expectativas top-down(Obrzut et al., 1986). Atendendo a que umaprova de escuta dicótica implica armaze-nar na memória a curto prazo estímulosque serão posteriormente evocados, sendoportanto sensível ao “peso” desses estímu-los (Bode, Nicol, & Kraus, 2007), osdígitos constituem estímulos mais fáceisde reter. Um aspecto adicional a referiré que provas de escuta dicótica que exijammaior discriminação semântica (portanto,mais exigentes em termos deprocessamento linguístico) geram maioractivação unilateral do hemisfério esquer-do, produzindo, assim, um efeito delateralização mais pronunciado(Christianson, Saisa, Hugdahl, &Asbjornsen, 1992). Neste sentido, seriapossível prever que os sujeitos dos dife-rentes grupos de escolaridade apresentas-

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sem na prova de dígitos desempenhossemelhantes para ambos os ouvidos (econsequentemente, menor assimetria entreouvidos) comparativamente à prova depalavras (que exigiria mais recursos ver-bais).Em concordância, no presente estudo aanálise do índice de lateralidade de acordocom o tipo de estímulo apresentadomostrou que os participantes apresentaramdesempenhos equivalentes entre ouvidosquando os estímulos tinham menor cargaverbal (dígitos), comparativamente à pro-va com maior carga verbal (palavras), ondese assiste a uma maior magnitude dadiferença entre ouvidos. Observámos ain-da que a diminuição da assimetria entreouvidos com a escolaridade é mais marcadana prova de palavras do que na dos dí-gitos. Fazendo uma análise mais atenta dosdados, verificamos que, na verdade, osresultados da prova de dígitos mostram quea vantagem do ouvido direito deixa de sernotória nos grupos escolarizados mas nãono grupo pré-escolar. Por outro lado,verificamos que os grupos se comportamde forma diferente na prova de palavras,observando-se igualdade entre ouvidosapenas no grupo do quarto ano de esco-laridade. Os resultados podem indicar quea diminuição da lateralização hemisféricada linguagem se manifesta mais precoce-mente em provas com menor exigênciaprocessual e que a escolaridade formalparece contribuir para uma crescenteparticipação bi-hemisférica noprocessamento de informação verbal.De realçar que as evidências apresentadasnão excluem a hipótese de que a diminui-ção da assimetria entre ouvidos reflicta,pelo menos parcialmente, e tal comosugerido por alguns autores (Lamm &Epstein, 1997; Hugdahl, 2000; Hugdahl,Carlsson, & Eichele, 2001), o contributode uma capacidade de orientação da aten-

ção mais desenvolvida nos sujeitosescolarizados. A análise dos erros come-tidos pelos participantes contribuiu paraesclarecer o papel dos mecanismosatencionais nos desempenhos observados.O facto dos participantes não escolarizadosterem cometido maior número de intrusõestotais de palavras apresentadas ao ouvidodireito quando focavam a atenção à es-querda, parece assinalar uma dificuldadeem seguir a instrução de atender ao ou-vido não preferencial. Os participantes nãoescolarizados (mais jovens) parecemmostrar-se menos capazes de inibir ainterferência da informação verbal que lheschega ao hemisfério esquerdo pela viadominante (ouvido direito); deste modo,os seus recursos verbais irão contribuirsobretudo para o sucesso da prova quandoa atenção se dirige para o ouvido queveicula directamente a informação aohemisférico linguístico. Pelo contrário, ossujeitos mais escolarizados (mais velhos)conseguem controlar melhor a orientaçãoda atenção e, portanto, são capazes deseguir mais facilmente as instruções paraatender a qualquer um dos ouvidos. As-sim, os recursos verbais destes sujeitospodem ser distribuídos mais bilateralmen-te, atenuando-se o índice de lateralidade.Outros autores têm sugerido que a capa-cidade para atender ao ouvido contralateralao hemisfério esquerdo aumenta à medidaque as crianças melhoram a competênciade leitura (Hugdahl & Andersson, 1987;Kershner & Morton, 1990). Portanto, umainferência possível é que a diminuição dadiferença entre ouvidos observada nopresente estudo, reflecte tanto o progres-sivo domínio das estratégias atencionaisdos sujeitos como o efeito da crescenteparticipação bi-hemisférica noprocessamento de informação verbal,ambos os efeitos podendo estar dependen-tes da escolaridade.

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Em resumo, os resultados encontradosrevelam que a vantagem do ouvido direitonas provas de escuta dicótica parece ate-nuar-se com a escolarização, sugerindo quea aprendizagem da leitura e da escrita nosdois primeiros anos de escolaridade inter-fere na redistribuição bi-hemisférica dosprocessos linguísticos. Contudo, é derealçar que uma explicação alternativapertinente para a atenuação da vantagemdo ouvido direito relaciona-se com umpossível envolvimento crescente do he-misfério direito no processamentolinguístico com o aumento da idade(Springer & Deutsch, 1994). De facto,reconhecemos que o nosso estudo nãopermite uma distinção clara entre a in-fluência da escolaridade e a influência daidade nos resultados observados. Noentanto, o facto de os nossos resultadosterem sido concordantes com estudosprévios com provas de escuta dicóticaefectuados com adultos letrados eiletrados, e que revelam vantagem maisténue do ouvido direito nos sujeitos quesabem ler e escrever (Tzavaras et al.,1981; Bramão, Mendonça, Faísca,Petersson, & Reis, 2005), parece favore-cer efectivamente uma explicação à luzdo contributo da escolarização (em de-trimento da idade) na bilateralização. Esteefeito da escolaridade na diminuição davantagem do ouvido direito é também ex-plicado por Waldie e Mosley (2000,2000a), que consideram que a aquisiçãoda leitura torna menos expressivo o graude lateralização cerebral. Sugere-se, as-sim, que no processamento da linguagemhaja uma integração progressiva dos he-misférios esquerdo e direito, integraçãoessa incentivada pela escolaridade. Noentanto, as diferenças entre níveis deescolaridade reportadas neste estudoparecem depender também de um factoratencional, também ele sensível à escolari-

dade. Assim, para além da atenuação dalateralização hemisférica da linguagemcom a escolaridade, é importante consi-derar o aumento progressivo da capaci-dade para distribuir a atenção, aspectofundamental sempre que se utiliza oparadigma da escuta dicótica para estudara lateralização das funções cerebrais.

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