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CONCEITO DE CULTURA Cultura é um conjunto complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes e várias outras aptidões e hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade. Incluis, pois, todo o comportamento humano. De acordo com DE NAPOLI (1985/86: p. 1), “cultura é um conjunto de significado de valores partilhados e aceites por uma comunidade”. Resumindo, é a maneira de viver de um grupo humano, valores e comportamentos. DINAMISMO CULTURAL A cultura pode ser dinâmica ou estável. Ela é estável (identidade, tradição) enquanto se sublinha a tradição e a institucionalização de padrões de comportamento. Tradição não significa repetição (BOKA DI MPASI, 1986). De acordo com MARTINEZ (2003: p. 42), a cultura é dinâmica pois este em constante transformação, obedecendo os seguintes aspectos: Ø Lei de vida: a cultura muda, como um ser vivo (exemplo do corpo…); as mudanças podem ser pequenas ou grandes, despercebidas ou violentas; Ø Mudanças despercebidas: a própria natureza da aprendizagem lhe determina uma transformação lenta; Ø Mudança consciente: a cultura também experimenta a mudança desejada e consciente; Ø Mudanças violentas: encontros culturais: a mudança ocorre em razão de novas necessidades provocadas pelas novas situações. MUDANÇA CULTURAL Conceito É qualquer alteração na cultura, sejam traços, complexos, padrões ou em toda a cultura (o que é mais difícil) As culturas mudam continuadamente assimilam novos traços, ou abandonam os antigos [ou reelaboram os já existentes] através de diferentes formas.

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CONCEITO DE CULTURA

Cultura é um conjunto complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis,

costumes e várias outras aptidões e hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma

sociedade. Incluis, pois, todo o comportamento humano.

De acordo com DE NAPOLI (1985/86: p. 1), “cultura é um conjunto de significado de

valores partilhados e aceites por uma comunidade”. Resumindo, é a maneira de viver de um

grupo humano, valores e comportamentos.

DINAMISMO CULTURAL

A cultura pode ser dinâmica ou estável.

Ela é estável (identidade, tradição) enquanto se sublinha a tradição e a institucionalização de

padrões de comportamento. Tradição não significa repetição (BOKA DI MPASI, 1986).

De acordo com MARTINEZ (2003: p. 42), a cultura é dinâmica pois este em constante

transformação, obedecendo os seguintes aspectos:

Ø Lei de vida: a cultura muda, como um ser vivo (exemplo do corpo…); as mudanças podem

ser pequenas ou grandes, despercebidas ou violentas;

Ø Mudanças despercebidas: a própria natureza da aprendizagem lhe determina uma

transformação lenta;

Ø Mudança consciente: a cultura também experimenta a mudança desejada e consciente;

Ø Mudanças violentas: encontros culturais: a mudança ocorre em razão de novas

necessidades provocadas pelas novas situações.

MUDANÇA CULTURAL

Conceito

É qualquer alteração na cultura, sejam traços, complexos, padrões ou em toda a cultura (o que

é mais difícil)

As culturas mudam continuadamente assimilam novos traços, ou abandonam os antigos [ou

reelaboram os já existentes] através de diferentes formas.

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Crescimento

Transmissão

Difusão

Estagnação

Declínio

Fusão

[reelaboração]

Fatores causadores de mudanças na Cultura

a) aumento ou diminuição de população

b) Migrações;

c) Contatos com povos de cultura diferentes

d) Catástrofes

e) Crises econômicas

f) Descobertas fortuitas

g) Mudanças violentas [ou não] de governo

ACULTURAÇÃO

É a fusão de 2 culturas diferentes que entrando em contato contínuo originam mudanças nos

padrões de cultura de ambos os grupos.

Padrão de Cultura – é um comportamento generalizado, estandardizado e regularizado. Ele

estabelece o que é aceitável ou não na conduta das pessoas em uma dada cultura. Na troca

recíproca [relativizar] entre as duas culturas, um grupo pode dar mais e receber menos.

Exemplo

Povos indígenas do Brasil e o restante da Sociedade Nacional Um grupo pode

receber mais elementos culturais do que transmitir

Exemplo – povos indígenas e a cultura da população não indígena [índios Guatós] A

aculturação é uma forma especial de Mudança.

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Assimilação significa

Processo pelo qual um grupo social, geralmente minoritário ou subordinado, perde suas

características culturais distintivas, sendo integrado, ou absorvido pelo grupo maior, ou mais

poderoso, ou que constitui a sociedade envolvente. Assimilar - tornar-se semelhante ou igual

Aculturação pode significar, também, resultado do processo de adaptação de um individuo a

uma outra cultura. Exemplo- índio aculturado, aculturação do imigrante.

A Aculturação

O termo aculturação pode ser usado como sinonimo de socialização, educação ou

condicionamento. Porém, alguns autores preferem usar o termo transculturação em

detrimento de aculturação.

2.3.1. Definição

Considera a cultura algo estático e congelado, e as influências de um grupo social sobre outro

um processo de desconstrução da identidade, deformação. Está associado à ideia de extinção,

descaracterização/desestruturação social, cultural e perda de identidade. Conceito pouco

apropriado para o contexto actual, pois pelas correntes antropológicas contemporâneas, a

cultura não morre, ela se ressignifica.

São aqueles fenómenos surgidos onde grupos de indivíduos que têm culturas diferentes

entram em contacto contínuo de primeira-mão, com subsequentes mudanças nos padrões da

cultura original de um dos grupos ou de ambos (MARTINEZ, citando Herskovits, 2003:67).

ENDOCULTURAÇÃO (ENCULTURAÇÃO)

É o processo de aprendizagem e educação em uma cultura desde a infância. Cada individuo

adquire as crenças, o comportamento, os modos de vida da sociedade a que pertence.

Ninguém aprende toda a cultura, mas está condicionado a certos aspectos particulares da

transmissão de seu grupo.

As sociedades não permitem que seus membros ajam de forma diferenciada. Todos os atos,

comportamentos e atitudes de seus membros são controlados por ela. [através de punições ou

premiações, vide Normas sociais]

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ENCULTURAÇÃO

De acordo com MARTINEZ (2003: p. 51), citando BERNARDI, enculturação é um processo

educativo pelo qual os membros de uma cultura se tornam conscientes e comparticipantes da

própria cultura.

HERSKOVITS, citado por MARTINEZ (2003: p. 51), diz que enculturação são os aspectos

da experiência de aprendizagem que distinguem o homem das outras criaturas e por meio dos

quais, inicialmente, e mais tarde na vida consegue ser competente em sua cultura.

Aspectos Gerais Estabilidade Sócio-Cultural

Os estudiosos (antropólogos e sociólogos) ao tentarem explicar o porquê da estabilidade

sócio- cultural das populações, concluíam que as mesmas são dirigidas por uma normativa

garantizada pelas sanções sociais. Estabilidade Normativa

As normas sociais (usos e costumes e as leis) são impostas aos membros da sociedade; é

necessário ter em conta a distinção entre pessoa e padrão (igual a norma), entre sociedade e

cultural. Função de Controlo Social

Consequentemente, a cultura teria como uma das suas funções mais importantes a do controlo

social, tendo em vista o funcionamento da sociedade. Carácter Institucional

É possível constatar o carácter institucional padronizado, repetitivo e relativamente fixo da

cultura; podemos constatá-lo nos usos, costumes e leis de um determinado grupo; o mesmo

acontece na linguagem e na simbologia: temos modos consagrados, estáveis, de agir e de

dizer as coisas; a própria comunicação entre os membros de um determinado povo exige um

padrão bastante fixo de símbolos, de modo a permitir a compreensão das mensagens. Padrões

de Comportamento

A manutenção de padrões de comportamento atende à necessidade de prover à sobrevivência

das populações.

Seria exagerado afirmar que a cultura é a única responsável pela manutenção da estabilidade

da sociedade ou do convívio social (exemplo dos animais que vivem em convívio amigável

sem eles serem depositários de cultura). Devemos reconhecer que seria superestimar o

carácter normativo e continuista da cultura, atribuindo- lhe a exclusividade nesta tarefa.

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Processo de Enculturação

A criança, ao nascer, tem um comportamento 100% biológico. Mas logo passa a receber o

impacto da cultura. Dão-se os seguintes passos:

Assimilação: Assimilação de comportamentos padronizados que a criança observa à

sua volta.

Conformação: a tendência é absolver o máximo de cultura e conformar o

comportamento a ela.

Aprendizagem dos símbolos: aprender todo dispositivo simbólico que lhe permitirá à

criança comunicar-se com os outros membros da sociedade e tornar-se apta para o

processo intelectual, sensitivo e volitivo.

Aquisição de hábitos: adquire hábitos e costumes, disciplinará seus movimentos

biológicos e sofrerá uma mudança progressiva que transformará seu comportamento

de 100% biológico até ao ponto máximo de 100% cultural.

Mas nenhum ser alcança tal extremo, embora todos os recém-nascidos seguem o rumo

indicado, do nascimento à maturidade.

Interpenetração: no homem, todos os fenómenos inorgânicos, biologicoe e psicológicos

estão marcados pelo selo da cultura; dá-se uma interpenetração de todos eles; e não é fácil

distinguir até aonde vão uns e outros; todos esses fenómenos tornam-se humanos, isto é,

fenómenos especiais e típicos da vida humana conformados pela cultura.

Duração: o processo da enculturação estende-se por toda vida do indivíduo e apresenta

variações e intensidades diversas:

Na infância: revestem-se de muita importância as primeiras experiências e contactos

com a cultura (os condicionamentos fundamentais, tais como comer, dormir, falar,

etc.); com este processo a criança vai modelando a sua personalidade;

Na idade adulta: o processo torna-se mais consciente, pelo que pode dar-se a aceitação

ou a repulsa.

A endoculturação é muito importante para tornar o indivíduo membro ajustado à sociedade.

Rigorosamente, o processo que estudamos, especialmente nos primeiros anos, reveste-se de

um carácter impositivo, isto é, a cultura sobrepõem-se ao indivíduo: os recém-nascidos

jamais escolhem os valores culturais que vão assimilando; isto seria a todas luzes impossível,

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porque não podemos conceber opção em uma criancinha que não conhece sequer o

dispositivo simbólico da sua cultura. g. Determinismo: pode-se falar de um determinismo

cultural ao falarmos do comportamento humano; uma criança recebe todo um conjunto de

experiências já consagradas pela cultura; tem que aprender o idioma que se usa no seu grupo

e comportar-se como o fazem os outros membros da sociedade. No momento em que ela

começa a fazer uso das suas faculdades mentais, o faz segundo os valores culturais

interiorizados, isto é, baseada na sua cultura aprendida. Mesmo já adulta, a conduta pessoal e

consciente do individuo não deixa de ser uma expressão da cultura.

O homem uma vez enculturado, jamais deixara de ser um agente da sua própria cultura. Mas,

mesmo assim, na idade adulta este processo torna-se maleável, fazendo um conjunto

misturado de formação e reformulação. A cultura penetra toda a vida do individuo, pois ela

modela não só o seu comportamento biológico, mas também o psicológico.

Três etapas:

- Infância: aceitam-se todas as mensagens da cultura,

- Maturidade: aceitam-se em função da cultura anterior (ou reformulada);

- Velhice: raramente se aceita uma reformulação, pois a cultura interiorizada esta como

cristalizada, tornando-se impermeável a novas sugestões.

HISTÓRIA DA ANTROPOLOGIA

Antropologia Cultural: é a Ciência que estuda os processos e as acções dos seres humanos;

comportamento social, costumes, cultura, rituais, parentesco, vida quotidiana, cultura

material e tecnológica. É de referir e mostrar que as culturas estão sempre em movimento,

mesmo aquelas que parecem estabilizadas e inertes, também estão em permanente

movimento, vibram, palpitam e têm vida. Nelas, pode-se ver toda uma população que nasce,

cresce e morre. Em cada membro e em todos eles, estão presentes os valores culturais embora

nuns predomine o ódio e noutros o amor: a felicidade é cultuada e traída. Os alimentos, a arte

e o artesanato são produzidos e modificados; a linguagem, apesar da sua estabilidade também

passa por modificações subtis. É preciso não esquecer que a cultura é um modo colectivo de

provar a sobrevivência de todos e de cada membro da população. Esta é tão antiga como a

existência do próprio Homem, e compreende quatro épocas:

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Período de Formação (1835)

Período de Convergência (XIX)

Período de Construção (XIX)

Período de Crítica (até aos nossos dias)

1) Período de Formação (1835): este período da História da Antropologia começa com a

própria cultura da humanidade, pois que na qual o Homem não é um ser passivo, este possui

muitas necessidades, pois que cada uma destas necessidades é uma forma de comportamento

cultural (dança, vestuário, tatuagem, sexualidade), pois que o homem fazia a reflexão de si e

do universo que o rodeava. Todas as manifestações culturais do homem ao longo dos tempos

serviram de subsídio para a formação da própria Antropologia, manifestações estas que eram:

gravuras, cultura, desenhos, ferramentas, forma de organização, formas de vida. Neste

período eram uma Antropologia Espontânea.

2) Período de Convergência (XIX):

Período de ambição, e necessidade de viajar para africa de modo a espalhar e buscar

conhecimentos e de ir estudar os outros lugares e a tendência era de levar tudo para a

metrópole, despertado pelas revistas e associações científicas que tinham como objectivo a

união dos viajantes e fácil manuseamento dos dados colhidos com vista a obter melhor

intercâmbio. Foi uma antropologia de escritório.

3) Período de Construção (XIX): Este período é continuação do segunda. Os fenómenos

assumem apenas uma intensidade mais afectiva. O que distingue este período do anterior é o

aparecimento da obra clássica sobre a evolução biológica, a Evolução das Espécies de

Charles Darwin, com a teoria evolucionista. Também surge o livro Cultura Primitiva de

Edward Tylor. Com o tempo o estudo de campo do Evolucionismo cai para uma actividade

arqueológica.

4) Período Crítico: este período teve início em 1900 e se arrastou até hoje é, sem dúvida o

período mais fecundo da Antropologia. As regras gerais do início da Antropologia foram

criticadas. Novas abordagens foram propostas, pois que nota-se também um progresso no

desenvolvimento das ciências paralelas VIAJENS MARITIMAS E DESENVOLVIMENTO

DA COMUNICAÇÃO. Pois que a Antropologia passa a ser uma disciplina obrigatória nas

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universidades. Em 1908 na universidade de Liverpool é introduzida a primeira catedral de

Antropologia Social na Grã- Bretanha. Com o desaparecimento dos povos primitivos surge a

preocupação por parte de alguns estudiosos em se empenhar numa tarefa aparentemente

menos importante de colheita e registo de dados sem uma maior preocupação teórica. Este

trabalho passa a ser conhecido como Etnografia – que é a descrição dos costumes dos povos.

Em suma o que se pode dizer desse período, e portanto do momento actual dos estudos

antropológicos, é que ele se apresenta em completa ebulição. Muitas frentes de estudo se

abrem e a crítica é ainda um símbolo dominante e muito ainda se pode esperar nos países do

Terceiro Mundo, um campo na sua maior parte a ser estudado, servindo como uma forma de

reflexão sobre as suas próprias culturas, esperando uma ocasião oportuna do renascer dos

estudos de Aculturação.

Teorias modernas sobre a cultura

Keesing considera a cultura como um processo de adaptação difundida por Neo-

Evolucionista

1 – Culturas como sistemas: que serve para adaptar as comunidades humanas em

embasamentos biológicos.

2 – Mudança cultural: está relacionado ao processo de se adaptar que equivale a seleção

natural.

Em segundo momento temos as teorias Idealistas de Cultura, que subdivide em 3:

Cultura como sistema cognitivo - a análise dos modelos da comunidade a respeito do seu

próprio universo.

Cultura como sistemas estruturais – que define a cultura como sistemas simbólicos que é uma

criação acumulativa da mente humana.

Cultura como sistemas simbólicos que afirma que o ser humano possui escolhas diversas e é

capaz de vivenciar uma delas, mas que segue somente uma até ao fim da sua vida, que é

limitado pelo contexto no qual está inserido.

Keesing refere-se, inicialmente, às teorias que consideram a cultura como um sistema

adaptativo. Difundida por neo-evolucionistas como Leslie White, esta posição foi

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reformulada criativamente por Sahlins, Harris, Carneiro, Rappaport, Vayda e outros que,

apesar das fortes divergências que apresentam entre si, concordam que:

1. "Culturas são sistemas (de padrões de comportamento socialmente transmitidos) que

servem para adaptar as comunidades humanas aos seus embasamentos biológicos. Esse modo

de vida das comunidades inclui tecnologias e modos de organização econômica, padrões de

estabelecimento, de agrupamento social e organização política, crenças e práticas religiosas, e

assim por diante."

2. "Mudança cultural é primariamente um processo de adaptação equivalente à seleção

natural.” ("O homem é um animal e, como todos animais, deve manter uma relação

adaptativa com o meio circundante para sobreviver. Embora ele consiga esta adaptação

através da cultura, o processo ê dirigido pelas mesmas regras de seleção natural que

governam a adaptação biológica." B. Meggers, 1977)

3. "A tecnologia, a economia de subsistência e os elementos da organização social

diretamente ligada à produção constituem o domínio mais adaptativo da cultura. É neste

domínio que usualmente começam as mudanças adaptativas que depois se ramificam.

Existem, entretanto, divergências sobre como opera este processo. Estas divergências podem

ser notadas nas posições do materialismo cultural, desenvolvido por Marvin Harris, na

dialética social dos marxistas, no evolucionismo cultural de Elman Service e entre os

ecologistas culturais, como Steward."

4. "Os componentes ideológicos dos sistemas culturais podem ter consequências

adaptativas no controle da população, da subsistência, da manutenção do ecossistema etc."

Em segundo lugar, Roger Keesing refere-se às teorias idealistas de cultura, que subdivide

em três diferentes abordagens.

A primeira delas é a dos que consideram cultura como sistema cognitivo, produto dos

chamados "novos etnógrafos". Esta abordagem antropológica tem-se distinguido pelo estudo

dos sistemas de classificação de folk, (2) isto é, a análise dos modelos construídos pelos

membros da comunidade a respeito de seu próprio universo. Assim, para W. Goodenough,

cultura é um sistema de conhecimento: "consiste em tudo aquilo que alguém tem de conhecer

ou acreditar para operar de maneira aceitável dentro de sua sociedade." Keesing comenta que

se cultura for assim concebida ela fica situada epistemologicamente no mesmo domínio da

linguagem, como um evento observável. Daí o fato de que a antropologia cognitiva (a

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praticada pelos "novos etnógrafos") tem-se apropriado dos métodos linguísticos, como por

exemplo a análise componencial.

A segunda abordagem é aquela que considera cultura como sistemas estruturais, ou seja, a

perspectiva desenvolvida por Claude Lévi-Strauss, "que define cultura como um sistema

simbólico que é uma criação acumulativa da mente humana. O seu trabalho tem sido o de

descobrir na estruturação dos domínios culturais — mito, arte, parentesco e linguagem — os

princípios da mente que geram essas elaborações culturais."

Lévi-Strauss, a seu modo, formula uma nova teoria da unidade psíquica da humanidade.

Assim, os paralelismos culturais são por ele explicados pelo fato de que o pensamento

humano está submetido a regras inconscientes, ou seja, um conjunto de princípios — tais

como a lógica de contrastes binários, de relações e transformações — que controlam as

manifestações empíricas de um dado grupo.

A última das três abordagens, entre as teorias idealistas, é a que considera cultura como

sistemas simbólicos. Esta posição foi desenvolvida nos Estados Unidos principalmente por

dois antropólogos: o já conhecido Clifford Geertz e David Schneider.

O primeiro deles busca uma definição de homem baseada na definição de cultura. Para isto,

refuta a ideia de uma forma ideal de homem, decorrente do iluminismo e da antropologia

clássica, perto da qual as demais eram distorções ou aproximações, e tenta resolver o

paradoxo de uma imensa variedade cultural que contrasta com a unidade da espécie

humana. Para isto, a cultura deve ser considerada "não um complexo de

comportamentos concretos mas um conjunto de mecanismos de contr ole, planos,

receitas, regras, instruções (que os técnicos de computadores chamam programa) para

governar o comportamento". Assim, para Geertz, todos os homens são geneticamente

aptos para receber um programa, e este programa é o que chamamos de cultura. E esta

formulação — que consideramos uma nova maneira de encarar a unidade da espécie —

permitiu a Geertz afirmar que "um dos mais significativos fatos sobre nós pode ser

finalmente a constatação de que todos nascemos com um equipamento para viver mil

vidas, mas terminamos no fim tendo vivido uma só!" Em outras palavras, a criança

está apta ao nascer a ser socializada em qualquer cultura existente.

Esta amplitude de possibilidades, entretanto, será limitada pelo contexto real e específico

onde de fato ela crescer.

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Voltando a Keesing, este nos mostra que Geertz considera a abordagem dos novos

etnógrafos como um formalismo reducionista e espúrio, porque aceitar simplesmente os

modelos conscientes de uma comunidade é admitir que os significados estão na cabeça tias

pessoas. E, para Geertz, os símbolos e significados são partilhados pelos atores (os membros

do sistema cultural) entre eles, mas não dentro deles. São públicos e não privados.

MÉTODOS NA PESQUISA EM ANTROPOLOGIA

Considerando os dois campos de pesquisa de investigação da Antropologia (o biológico e o

cultural), é necessário distinguir entre método e técnicas pertinentes a cada um deles. O que é

método? É “um conjunto de regras úteis para a investigação, é um procedimento

cuidadosamente elaborado, visando provocar respostas na natureza e na sociedade

gradativamente; Sintetizaremos os métodos desta forma:

1. MÉTODO HISTÓRICO: Consiste em investigar eventos do passado, a fim de

compreender os modos de vida do presente, que só podem ser explicados a partir da

reconstrução da cultura e da observação das mudanças ocorridas ao longo do tempo.

Nessa análise histórica, a cultura do homem é desvendada.

Ex: Origem e mudança da sociedade Xavante.

2. MÉTODO ESTATÍSTICO: Método muito utilizado tanto no campo biológico,

verificando as variabilidades das populações, quanto no campo cultural, levantando

diversificações nos aspectos culturais. Os dados, depois de coletados, são reduzidos a termos

quantitativos, demonstrados em tabelas, gráficos, quadros etc. Dessa maneira, podem-se

verificar a natureza, a ocorrência e o significados dos fenômenos e das relações entre eles,

tanto de natureza biológica quanto cultural.

Ex: Dimensão do corpo humano, grupos sanguíneos, variedades de religiões, diversificações

de habitações.

3. MÉTODO ETNOGRÁFICO: Refere-se à análise das sociedades, principalmente das

primitivas, ou ágrafas e de pequena escala. Mesmo o estudo descritivo requer alguma

generalização e comparação implícita ou explícita. Tem a finalidade de conhecer melhor o

estilo de vida ou a cultura específica de determinados grupos.

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Ex: Estudo dos índios do Alto Xingu e dos Yanomami de Roraima.

4. MÉTODO ETNOLÓGICO OU COMPARATIVO: Amplamente empregado tanto pelos

antropólogos físicos quanto pelos culturais. Este método permite verificar diferenças e

semelhanças apresentadas pelos materiais coletados. A Antropologia Física compara aspectos

físicos, populações extintas, através dos fósseis, ou grupos humanos existentes, analisando

características anatômicas: Cor da pele, dos cabelos, grossura dos lábios etc.

Ex: Através do estudo dos fósseis, é possível verificar a evolução dos hominídeos, a distinção

entre o homem e o primata. A análise de populações vivas possibilita constatar as diferenças

raciais.

O método comparativo, utilizado pelo antropólogo cultural, compara padrões, costumes,

estilos de vida, cultura do passado e do presente, ágrafas ou letradas. (para obter melhor

compreensão desses grupos). Ex: populações indígenas, rurais e urbanas. Instituição (família,

religião, política, economia), usos e costumes, linguagem, habitações, meios de transportes

etc.

5. MÉTODO GENEALÓGICO: Permite o estudo do parentesco com todas as suas

implicações sociais: Estrutura familiar, relacionamento de marido e mulher, pais e filhos, e

demais parentes; informações sobre o cotidiano, a vida cerimonial (nascimento, casamento,

morte) etc. Através do levantamento genealógico, não apenas o pesquisador terá a

confirmação dos dados já observados, mas também novas informações poderão vir à luz.

Obs.: É necessária a presença de um informante que revele nomes das pessoas, a filiação

clânica, sua posição dentro da estrutura social, e o relacionamento entre as pessoas,

indivíduos ausentes ou já falecidos.

6. MÉTODO FUNCIONALISTA: Refere-se ao estudo das culturas sob o ponto de vista da

função, ou seja, ressalta a funcionalidade de cada unidade da cultura no contexto cultural

global. Ex: Verificar as funções de usos e costumes de determinada cultura que levam a uma

identidade cultural.