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Apresentação1

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Page 1: Apresentação1

Trabalho realizado por Nízia Costa

P.I.L.

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Lembro-me de começar a minha primeira introduçãodo P.I.L. por dizer que a maioria dos livros que seencontram á venda não me chamam á atenção e pormais estranho que isto possa parecer, a leitura de cinco obras não mudou em nada o meu ponto de vistasobre o assunto. Este ano está a ser novamente um grande desafio mas felizmente devido á experiência adquirida no anopassado este ano sinto-me mais preparada. Ao longo do P.I.L. vão estar expostos a minha criativi-dade e o meu gosto pela escrita. Os meus principais objectivos são ler todas as devidasobras e poder constatar uma melhoria geral em relação ao ano passado.

INTRODUÇÃO

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CALENDARIZAÇÃO

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Nunca fui como todosNunca tive muitos amigos

Nunca fui favoritaNunca fui o que meus pais queriam

Nunca tive alguém que amasseMas tive somente a mim

A minha absoluta verdadeMeu verdadeiro pensamento

O meu conforto nas horas de sofrimentonão vivo sozinha porque gostoe sim porque aprendi a ser só...

POEMA ESCOLHIDO

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No mundo sou só mais uma pétala de uma florUma espécie no meio de muitasUma brisa passageira num dia de calorA dor é minha amiga pois nunca me deixa sóE tal como a minha alma, a minha simples almaQue o meu amor amou, também a luz me abandonouVagueio sem rumo neste sitio a que chamam mundoNa esperança de me sentir viva outra vezNem que seja por um segundo

CRIAÇÃO DE UM POEMA

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Mãe:Que desgraça na vida aconteceu,Que ficaste insensível e gelada?Que todo o teu perfil se endureceuNuma linha severa e desenhada?

Como as estátuas, que são gente nossaCansada de palavras e ternura,Assim tu me pareces no teu leito.Presença cinzelada em pedra dura,que não tem coração dentro do peito.

POEMA ESCOLHIDO

Chamo aos gritos por ti - não me respondes.Beijo-te as mãos e o rosto - sinto frio.Ou és outra, ou me enganas, ou te escondesPor detrás do terror deste vazio.

Mãe:Abre os olhos ao menos, diz que sim!Diz que me vês ainda, que me queres.Que és a eterna mulher entre as mulheres.Que nem a morte te afastou de mim!

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-Lembras-te de quando eu te levei ao zoo pela primeira vez? Estavas tão contente que nem querias ir embora.- disse a minha mãe durante a nossa última conversa. O rosto da minha mãezinha de tão velinho que estava já não lhe permitia sorrir pois as dobras do seu sorriso misturavam-se com as suas rugas. Foi um dia triste, dia esse em que ela tentou atenuar a minha dor contando-me histórias de quando eu era criança. Mal ela sabia de que agora também elas ficaram para me assombrar juntamente com o vazio que ficou dentro de mim quando ela me abandonou. Naquela cama de hospital eu não via a minha mãe e sim algo que se apoderou dela e fez dela o que ela se tornou.

CRIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA

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Por mais que ela tentasse, nenhuma história foi capaz de me adverter do facto de que passado algumas horas, dias ou até semanas ela já não estaria comigo. Tentei ficar distante e manter uma postura de indiferença mas de tão distante que estava acabei por me aproximar. Falhei?Sim, falhei. Não consegui fazer com que o seu desaparecimento deste mundo fosse uma coisa banal. Quando ela deu o seu último suspiro chorei. Chorei como nunca tinha chorado antes. Mais uma vez quebrei uma promessa que lhe tinha feito, a promessa de viver como se nenhuma tragédia tivesse acontecido. Ela disse-me que estaria comigo mesmo que não fosse fisicamente mas se isso é verdade então porquê que me sinto tão só?

CRIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA

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Cheguei a uma conclusão, uma mãe também mente. Mente para proteger, mente porque tem de ser mas acima de tudo mente porque sente que o tem de fazer para não ver os que ama sofrer. A minha mãe foi embora com um ar contente mas sei que no fundo ela sofreu e foi quando lhe fechei os olhos que o meu amor pelo mundo morreu.

CRIAÇÃO DE UMA HISTÓRIA

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Felicidade, agarrei-te Como um cão, pelo cachaço! E, contigo, em mar de azeite Afoguei-me, passo a passo... Dei à minha alma a preguiça Que o meu corpo não tivera. E foi, assim, que, submissa,

Vi chegar a Primavera... Quem a colher que a arrecade (Há, nela, um segredo lento...)

Ó frágil felicidade! — Palavra que leva o vento, E, depois, como se a ideia De, nos dedos, a ter tido

Bastasse, por fim, larguei-a, Sem ficar arrependido...

ESCOLHA DE DOIS POEMAS

Miguel Torga, “Súplica”

Agora que o silêncio é um mar sem ondas, E que nele posso navegar sem rumo,

Não respondasÀs urgentes perguntas

Que te fiz.Deixa-me ser feliz

Assim,Já tão longe de ti como de mim.

Perde-se a vida a desejá-la tanto. Só soubemos sofrer, enquanto

O nosso amor Durou.

Mas o tempo passou, Há calmaria...

Não perturbes a paz que me foi dada. Ouvir de novo a tua voz seria

Matar a sede com água salgada.

Pedro Homem de Mello, in "Eu Hei-de Voltar um Dia"

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Ó frágil felicidade! Não respondas

Às urgentes perguntasQue te fiz.

Não perturbes a paz que me foi dada.Dei à minha alma a preguiça Que o meu corpo não tivera

Agora que o silêncio é um mar sem ondas, E que nele posso navegar sem rumo,

E, contigo, em mar de azeiteDeixa-me ser feliz

Assim,Já tão longe de ti como de mim.

JUNÇÃO DE DOIS POEMAS