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ESCOLA SECUNDÁRIA DE SANTA MARIA DA FEIRA HISTÓRIA DA CULTURA E DAS ARTES ARTE PORTUGUESA CONTEMPORÂNEA Junho de 2012

Arte portuguesa contemporânea 1

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ESCOLA SECUNDÁRIA DE SANTA MARIA DA FEIRAHISTÓRIA DA CULTURA E DAS ARTES

ARTE PORTUGUESA CONTEMPORÂNEA

Junho de 2012

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Nas décadas de 50 e 60, do século XX, Portugal manteve-se isolado, com o peso da Guerra Colonial e com acensura e a polícia política que tudo controlavam.Em 1952 a Sociedade de Belas-Artes foi encerrada e areforma do ensino superior artístico de 1957 consideradaineficaz.

Apesar desta situação, surgiram algumas iniciativas queperspetivavam uma mudança:Criação do Salão Artistas Hoje, (1956) em queparticiparam artistas modernos do pós-guerra;Criação da Cooperativa de Gravadores Portugueses quecontribuiu para a divulgação de correntes surgidas no pós-guerra, através de cursos, exposições, oficinas;Estabelecimento da sede da Fundação CalousteGulbenkian, que praticou política “cultural arejada”atribuindo bolsas para o estrangeiro e organizandoexposições. Muitos artistas intervieram na decoração doedifício sede.Os Salões de Arte Moderna que mostravam obras dastendências - nova figuração e conceptualismo.

Comício de apoio a Humberto Delgado

HISTÓRIA

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Surgimento de mercado especulativo de arte, com intervenção de instituiçõesprivadas que financiavam prémios em exposições de arte contemporânea;

Assiste-se ao surgimento de produção criativa no cinema, romance, músicavanguardista e realizam-se os primeiros happenings;

Início do Curso de Formação Artística (1965-66) que leciona matéria novas e ensaiapedagogias vanguardistas;

Vieira da Silva foi distinguida com o prémio de pintura na bienal de S. Paulo, em1961;

Alguns artistas frequentaram escolas de arte europeias;

Finais anos 60, inícios anos 70, assiste-se a uma progressão de correntesvanguardistas, a par de novas galerias, algumas associadas a livrarias;

Crescimento das publicações sobre arte a atividade crítica.

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Vieira da Silva, Cartaz

Com a instauração da democracia, as artestornaram-se um veículo de crítica e deconstrução, desde as artes plásticas aocinema, à literatura, à dança, à música …

As artes invadem o espaço público, sobretudoem Lisboa e Porto, com grafitti, murais,happenings.

Chegou a liberdade, mas numa fase inicial aeconomia ressentiu-se afetando o mercado daarte.

Fundação do MDAP, (Movimento Democráticode Artistas Plásticos) em 1974, com papelimportante no debate das questões artísticas;

Organização exposição “Alternativa Zero”, em1977, reclamando a participação do público.

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Anos 80 e 90 Proliferação de galerias de arte; Realização de feiras de arte, oficinas de cultura, utilização de espaços alternativospara realização de eventos;Maior atividade ao nível da crítica de arte em jornais e revistas, especializações emhistória e sociologia da arte;

NOVOS ESPAÇOS CULTURAIS

Centro de Arte Moderna José Azeredo Perdigão, 1983; Centro Cultural de Belém, 1989-93; Nova Sede da Caixa Geral de Depósitos/Culturgest, 1994; Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, 1990;Museu de Arte Contemporânea de Serralves, 1991-99;Fundação Berardo, 1996; A Expo 98, realizada em Lisboa.

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Maior pluralidade expressiva; Espírito de experimentação aliado à criatividade facilitada pelas inovaçõestecnológicas; Projeção internacional de autores e obras e mais atenção à salvaguarda dopatrimónio; Preocupação com o desenvolvimento urbano e suburbano, surgimento de ummaior número de arquiteturas de autor; Abordagem de problemáticas versando o corpo/comportamento e tradiçõesculturais; Utilização do multimédia, promoção dos valores ambientais, na produçãoartística; Artista é poliapto, trabalha diversos materiais, formas, técnicas e áreas, emsintonia como o que se faz no estrangeiro.

ARTE CONTEMPORÂNEA PORTUGUESA CARACTERÍSTICAS GERAIS

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ARQUITECTURA

Na arquitectura, antes do 25 de Abril, destacam-se, pela criação de obrasmodernas, os seguintes ateliers:

Em Lisboa – Nuno Teotónio Pereira, Nuno Portas, Conceição Silva; No Porto – Viana de Lima, Arménio Losa, Cassiano Barbosa;

Após o 25 de Abril, destacam-se:

Projeto SAAL que visava construir novas casas e infraestruturas embairros degradados. Nele participaram Siza Vieira, Fernando Távora, G.Byrne, entre outros; Produção pós-moderna, nos anos 80, no Complexo das Amoreiras deTomás Taveira; Atualmente persiste uma arquitetura entre o neo-racionalismo e a NovaModernidade, em projetos que valorizam a qualidade de vida e aintegração urbanística. Destacam-se os arquitectos Siza Vieira, SoutoMoura, Alcino Soutinho, Vitor Figueiredo; Programa Polis.

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PROJECTOS MARCANTES

Alberto Pessoa, Pedro Cid, Ruy Athouguia, Fundação Calouste Gulbenkian, 1969, Lisboa

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Fernando Távora, Reconstrução do Barredo/Ribeira, 1973

F. Távora prestou sempreatenção às paisagensoriginais, utilizando-ascomo dados culturais queintegrou na construçãofinal. Foi pioneiro nareabilitação dopatrimónio arquitetóniconacional, “aliou oclassicismo ao movimentomoderno com um toquede inovação. Para estearquiteto, a conceção denovos espaços é “umtrabalho feito pelohomem para o homem”.

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Fernando Távora, Mercado Municipal de Santa Maria da feira

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Fernando Távora, MercadoMunicipal de Santa Maria daFeira

O Edifício destaca-se por um conjunto de coberturas, “desenhadas como asas protetoras pairando sobre oterreno que é ordenado em plataformas…” A estrutura modulada em pequenos pavilhões e a agregação doselementos é feita em volta de uma fonte. “O aproveitamento da morfologia do terreno, a inserção no contexto,definindo a frente de caráter urbano elevada sob plataforma em terraço fronteiro à rua abrigando corrente delojas , refletem a ideia de criar um "lugar" em diálogo com o sítio e o castelo.: "lá em cima e sempre presente“”.A construção remete para os padrões do movimento moderno, a conceção global, organizada significativamenteem torno de uma fonte que dá sentido ao pátio, representa uma evidente libertação dos princípios ortodoxosdos CIAM (Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna), propondo a noção de espaço aberto deacolhimento.“ Ana Tostões

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Tomás Taveira, (n. Lisboa, 1938)

Formou-se na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, fez pós graduação nosEUA, lecionou na Universidade da Califórnia e na Faculdade de Arquitetura daUniversidade Técnica de Lisboa.Segue o “estilo pós-moderno, com edifícios espelhados e elementos geométricosde cores garridas”.

Obras mais conhecidas:

Complexo comercial e residencial das Amoreiras;Edifício sede do BNU (hoje CGD);Estádios para o EURO 2004 – Alvalade XXI, Municipal de Aveiro, Municipal deLeiria

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TOMÁS TAVEIRA, Complexo Amoreiras, 1980-86; Estádio Municipal de Aveiro, 2003

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Manuel Graça Dias e Egas José Vieiraprojetaram o pavilhão Português paraa Exposição Universal de Sevilha,1992.De forma semielíptica e desmontável.A construção é de planta livre esentido lúdico e destacam-se asformas retilíneas e curvas,“expressivas e coloridas”.

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SIZA VIEIRA

Nasceu em Matosinhos, em 1933, é o arquiteto português mais famoso econsagrado internacionalmente. Representante da chamada Escola de Arquitetura doPorto, realizou obras emblemáticas como o Pavilhão de Portugal da Expo'98, a Igrejade Santa Maria, em Marco de Canaveses, ou o Museu de Arte Contemporânea daGaliza.

O seu trabalho já foi exposto em muitas cidades do mundo e já recebeu os maisprestigiados prémios de arquitetura:

Leão de Ouro na Bienal de Veneza, Medalha de Ouro da Fundação Alvar Aalto, oPrémio Europeu de Arquitetura da C.C. Europeias, o Prémio Pritzker da FundaçãoHyatt, de Chicago, o Premium Imperiale da Japan Art Association, o Prémio deArquitetura da Wolf Foundation, de Israel, a Medalha Internacional das Artes 2002,atribuída em Madrid, a 'Royal Gold Medal for Architecture 2009', atribuída pelo RoyalInstitute of British Architects, em nome da Rainha Isabel II.

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OBRAS"É um arquiteto que consegue aliar um racionalismo, que tem a sua origem nomovimento moderno da arquitetura, a uma sensibilidade espacial rara. É uma grandefigura da arquitetura mundial", diz Delfim Sardo, professor universitário.

SIZA VIEIRA, CASA de CHÁ da BOA NOVA, Leça da Palmeira, 1958, 63

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«Acima de tudo, é um arquiteto profundamente completo e que desafiaqualquer catalogação. Forjar uma arquitetura poderosa e que parece inevitávelde entre todas as possibilidades de ocupação de um terreno é uma dascaracterísticas supremas do trabalho de Álvaro Siza Vieira. Ele manipula a sualeitura dos locais de uma forma que nunca é previsível ou comum e a que noentanto nunca é permitido dominar sobre a utilização ou a inteligibilidadetipológica», lia-se na decisão de atribuição da “Royal Gold Medal for Architecture2009”, atribuída pelo Royal Institute of British Architects, em nome da RainhaIsabel II.

SIZA VIEIRA, Museu de Serralves, 1999

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"Siza Vieira tem uma capacidade inovadora e uma determinação em relação à sua estética 'minimal' que é espantosa", refere o produtor de moda Mário Matos Ribeiro.

SIZA VIEIRA, BibliotecaMunicipal de Viana doCastelo, 2004-2008

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EDUARDO SOUTO MOURAEduardo souto Moura projeta edifícios que “refletem uma procura de simplicidade

e de integração da paisagem. Apesar de os seus edifícios não possuírem um caráterexclusivo de adaptação às condições do meio em que se encontram, os seusprojetos geram novas condições de inserção, quase como que impondo uma novaordem topológica. Assim, as suas obras projetam novos significados para a própriapaisagem”. As suas obras caracterizam-se por linhas direitas, “inserção de granito,madeiras e vidro, materiais simples com que consegue exibir uma obra de eternamonumentalidade”.

Adaptado de http://arquitetcura.110mb.com/arqnacionais.html

Souto Moura, Estádio Municipal de Braga

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ESCULTURAALBERTO CARNEIRO – (nasceu em 1937)O corpo, a vida e a natureza são referências essenciais - as grandes linhasconceptuais do trabalho do artista, “fortemente ligado a uma espiritualidadeoriental que dá sentido à sua obra”.Produz uma arte ecológica, próxima da land art, utiliza madeiras preciosas (buxo ecedro).Numa fase inicial elaborou escultura figurativa, mas depois adotou registosabstratos.

Mântrica, (1987-88) é, “um exercício místico, natentativa constante de “se reencontrar nas raízes de simesmo”.

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JOÃO CUTILEIRO(n. 1937) Faz escultura figurativa, explorando uma”estética do fragmento”, com expressividade eestilo muito pessoal.

Influenciado por Henri moore e Brancusi.

Utiliza máquinas elétricas e trabalha sobretudo omármore.

Na obra reproduzida, questiona o academismo doEstado Novo, procurando renovar a escultura.

D. Sebastião, figura importante da históriaportuguesa, representado como um bonecoarticulado.

João Cutileiro, D. Sebastião, 1973, Lagos

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JOSÉ RODRIGUES (n. 1938) – adotou inicialmente um estilo abstrato-geométrico,usando materiais em bruto e com “objectivos simbólicos”. Atualmente dedica-seà escultura figurativa.

ZULMIRO DE CARVALHO (n. 1940) – Produz escultura minimalista, com caráterabstrato-geométrico, valoriza os materiais, as formas elementares, a escala e a“localização em grandes espaços”.

PEDRO CABRITA REIS (n. 1957) – Pintou e continua a valorizar muito o desenho,mas foi na escultura e instalação que se distinguiu. Cria ambientes “inquietantese enigmáticos” usando materiais como pedaços de pedra, de madeira, vidros eestruturas metálicas.“Os seus trabalhos procuraram mostrar a evidência física dos materiais utilizadose dos processos construtivos”. Atualmente têm-se definido por “um ascetismoformal e um progressivo pendor minimal”.

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JOSÉ PEDRO CROFT – (n. 1957) - Trata a sua obra de modo fragmentado usandopedra, gesso e bronze em esculturas e instalações. Nos últimos anos, empregafrequentemente materiais como ferro, vidro e espelho, “implicando-nos numconfronto directo com problemas espaciais e temporais”

José Pedro Croft, Sem título, 1987, mármore e bronze

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RUI CHAFES (n. 1966) – Escultor,desenhador, tem publicado várioslivros.Produziu peças utilizando o ferro(máscaras, coroas, peças detortura…).

Em Despertar, duas hastes cilíndricase lisas elevam-se no espaço,paralelas. No topo vemos as formasesféricas de duas flores, umafechada em botão, mas já a anunciarabrir-se, e outra aberta, “com umsequência regular de lâminas oupétalas num movimento que parecequerer resistir ao fim do seu ciclo devida”. Ambas pintadas de negro, emferro.Destaca-se a elegância e a integraçãono espaço.

«Despertar», dupla escultura em ferro, com setemetros de altura, diante da fachada do hospital SantaMaria

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PINTURAMarcada por uma grande diversidade de tendências.

Numa exposição representativa da pintura portuguesa contemporânea, ocrítico e pintor Eurico Gonçalves afirmou:

“Numa abordagem, ressaltam nas obras desses artistas algumascaracterísticas comuns derivadas de uma nova atitude perante a arte: aBad-painting, o neo-expressionismo selvagem, a nova figuração narrativa,fauve e pop, a nova abstração, o conceptual, o elementarismo emblemáticoe minimal, o decorativismo deliberado, o kitsch, o neonaturalismo, adissolução de fronteiras estéticas, a utilização de técnicas mistas emdiversos suportes, quer à escala monumental quer no pequeno formato e,sobretudo, uma grande vitalidade associada à expressão direta edespreconceituada de certa irreverência”

ALGUNS NOMES QUE SE DESTACARAM:Ângelo de Sousa, José de Guimarães, Batarda Fernandes, Pedro Chorão,Graça Morais, Julião Sarmento, Fernando Calhau, Mário Botas, Xana, AnaVidigal, Pedro Portugal

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XANA 4 esculturas, cidade universitária, 1991, madeira pintada:Pavimento em Calçada, Cais português, Lisboa, 1998.Interior da discoteca Phoenix, Lagos, 1998