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ISECUB/IMES 2013 LEGISLAÇÃO DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL Eduardo Luis Vieira Oliveira 1 RESUMO Este artigo tem como proposta discutir a Legislação do Ensino Religioso - ER na escola brasileira, que longo da história passou por diferentes fases até sua consolidação como área de conhecimento desde os Parâmetros Curriculares Nacionais. Será discutida a Lei Estadual e a ausência da elaboração de um currículo básico comum que atenda à disciplina e a limitação para o reconhecimento de docentes de ER. Por último é apresentada a proposta do ER desde a Escola em Tempo Integral dentro na perspectiva do Eixo Temático Identidade e Diversidade e a formação exigida para os docentes da área. Desta forma a discussão do ER será em torno do reconhecimento da diversidade cultural e religiosa brasileira desde a perspectiva de respeito e tolerância no Estado Laico. PALAVRAS – CHAVE: Ensino Religioso, Identidade, Diversidade e Estado Laico. 1 Bacharel Licenciado em Filosofia pela Puc Minas/Ista 2003 . Especialista em Teologia e Ensino Religioso IMES. Email: [email protected]

Artigo legislação do ensino religioso

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ISECUB/IMES 2013LEGISLAÇÃO DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL

Eduardo Luis Vieira Oliveira1

RESUMO

Este artigo tem como proposta discutir a Legislação do Ensino Religioso - ER

na escola brasileira, que longo da história passou por diferentes fases até sua

consolidação como área de conhecimento desde os Parâmetros Curriculares

Nacionais. Será discutida a Lei Estadual e a ausência da elaboração de um

currículo básico comum que atenda à disciplina e a limitação para o

reconhecimento de docentes de ER. Por último é apresentada a proposta do

ER desde a Escola em Tempo Integral dentro na perspectiva do Eixo Temático

Identidade e Diversidade e a formação exigida para os docentes da área. Desta

forma a discussão do ER será em torno do reconhecimento da diversidade

cultural e religiosa brasileira desde a perspectiva de respeito e tolerância no

Estado Laico.

PALAVRAS – CHAVE: Ensino Religioso, Identidade, Diversidade e Estado

Laico.

LAW OF RELIGIOUS EDUCATION IN BRAZIL

1Bacharel Licenciado em Filosofia pela Puc Minas/Ista 2003 . Especialista em Teologia e Ensino Religioso IMES. Email: [email protected]

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ABSTRACT

This article aims to discuss the Law of Religious Education - ER in Brazilian

school, which throughout history has gone through different phases until its

consolidation as a knowledge area since the National Curriculum. State Law will

be discussed and the lack of development of a common core curriculum that

meets the discipline and limited to the recognition of teachers of RE. Finally it is

submitted the ER from the School Full-Time within the perspective of the

Thematic Axis Identity and Diversity and training required for teachers in the

area. Thus the discussion of the ER will be around the recognition of cultural

and religious Brazil from the perspective of respect and tolerance in the Secular

State.

KEY - WORDS: Religious Education, Identity, Diversity and Secular State.

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INTRODUÇÃO

Este estudo tem como objetivo a discussão acerca da legislação do

Ensino Religioso E.R na escola brasileira tendo como base teórica de

documentos oficiais como Constituição Federal, PCNs, LDB, Lei Estadual e

Municipal de Educação.

A contextualização histórica da legislação no que se refere ao E.R

permite o entendimento da sua legitimidade e importância como disciplina

curricular e área do conhecimento. Os temas identidade e diversidade serão

discutidos como elementos imprescindíveis das aulas de E.R.

O E.R passou por diferentes fases, desde a vinculação entre Igreja e

Estado e a consolidação de um Estado Laico, sem monopólios religiosos e

práticas de proselitismo.

A proposta curricular do Estado de Minas Gerais ainda está por ser

elaborada, enquanto isso, docentes de Ensino Religioso na Rede Estadual de

Ensino segue as linhas gerais apresentadas na Lei 15434/ 2005: aspectos da

religiosidade em geral, da religiosidade brasileira e regional, da fenomenologia

da religião, da antropologia cultural e filosófica e da formação ética.

A Rede Municipal de Ensino de Governador Valadares trouxe junto com

a Escola em Tempo Integral uma proposta bem elaborada dentro do Eixo

Temático Identidade e Diversidade e seus descritores de aprendizagem.

Desta forma, serão discutidos os princípios, aspectos e elementos que

contemplam a legislação do Ensino Religioso no sentido de conscientização da

disciplina dentro do contexto do Estado Laico.

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1. HISTÓRIA DA LEGISLAÇÃO DO ENSINO RELIGIOSO

Historicamente o Ensino Religioso nas escolas brasileiras passou por

várias fases de abordagem metodológica e curricular. A escola e o Ensino

Religioso foi reinterpretado ao longo de sua história assumindo hoje a forma de

área de conhecimento e o repúdio ao proselitismo.

Na primeira fase de 1500 a 1800 a ênfase era a integração entre escola,

igreja (católica), sociedade política e econômica. o objetivo básico era ativar os

alunos para se integrarem nos valores da sociedade. Assim se desenvolve

como Ensino Religioso o ensino da Religião Oficial, como evangelização dos

gentios e catequese dos negros, conforme acordos estabelecidos entre o Sumo

Pontífice e o Monarca de Portugal. (BRASIL, 1997).

Na segunda de 1800 a 1964 o religioso submete-se ao Estado, onde a

educação religiosa vinculada ao projeto da sociedade. Escola e professor

continuaram sujeitos a um projeto amplo, unitário e sobre a direção do Estado.

(BRASIL, 1997).

Com a imposição da Monarquia Constitucional de 1823 a 1889 a religião

Católica e declarada oficial do império, assim nas escolas era permitido

somente o ensino dos princípios de tal grupo religioso. Nesse sentido,

A religião passa a ser um dos principais aparelhos ideológicos do Estado, concorrendo para o fortalecimento da dependência ao poder político por parte da Igreja. Dessa forma, a instituição eclesial é o principal sustentáculo do poder estabelecido, e o que se faz na Escola é o Ensino da Religião Católica Apostólica Romana. (BRASIL, 1997, p.13).

Em 1889 com a separação entre o Estado e a Igreja, o Ensino Religioso

passou a conciliar e estatuto laico da nova socidade, no entanto “o ensino da

religião esteve presente pelo zelo da fidelidade dos princípios estabelecidos

sob a orientação da Igreja Católica” (BRASIL, 1997, p.14).

No período chamado de transição de 1930 a 1937 o Ensino Religioso é

tratado como caráter facultativo. Na Constituição de 1934, artigo 153 o ensino

deve estar de acordo com a confissão religiosa de cada aluno: O ensino religioso será de freqüência facultativa e ministrado de acordo com os princípios da confissão religiosa do aluno manifestada pelos pais ou responsáveis e constituirá matéria

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dos horários nas escolas públicas primárias, secundárias, profissionais e normais. (BRASIL, 1934, Art. 153).

Durante o Estado Novo de 1937 a 1945 o Ensino Religioso deixa de ser

obrigatório e somente após o período republicano o Ensino Religioso volta a

compor o currículo escolar embora permaneça em caráter facultativo. O

rompimento com a democracia tornou o Ensino Religioso obrigatório, no

entanto, a sua frequência continua sendo optativa. (BRASIL, 1997).

Na terceira fase de 1964 a 1996 o projeto unitário, pois a escola deixa de

ser um espaço de um grupo privilegiado, com a maior universalização do

ensino. Entre o processo de redemocratização brasileira (1986) e a nova

LDBN (1996) a discussão sobre o Ensino Religioso foi acentuada desde a

laicidade do Estado e seus princípios de liberdade de pensamento e culto.

As propostas curriculares do Ensino Religioso devem estar de acordo

com a legislação brasileira, esta desde os princípios do Estado Laico, das

convenções internacionais e a interpretação da legislação educacional no que

se refere ao Ensino Religioso.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos defende que:

Toda pessoa tem o direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular. (AGNU, 1948, Art. XVIII)2

O Direito à liberdade religiosa está em estreita relação com o direito à

liberdade de pensamento. Nesse sentindo, os países signatários da

Assembleia Geral das Nações Unidas procuraram introduzir estes princípios

em suas constituições nacionais, como é o caso do Brasil na CF /1988. Assim,

É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias.(BRASIL, 1988, Art. 5º, inciso VI).

2 AGNU – Assembleia Geral das Nações Unidas. Declaração Universal dos Direitos

Humanos. Adotada e proclamada pela resolução 217 A (III) da  Assembléia Geral das Nações

Unidas em 10 de dezembro de 1948.

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A garantia da liberdade de consciência e do livre exercício da religião no

Brasil permite o entendimento do respeito à prática religiosa de cada cidadão

brasileiro, não sendo aceitas atitudes de intolerância por parte das maiorias

religiosas. Desse modo, o Estado brasileiro é Laico e por este princípio não

pode haver privilégios a qualquer religião, pois todas tem sua mesma garantia

de direitos perante a lei.

O programa nacional dos direitos humanos na proposta 110 define como

meta as ações em relação à religião no Brasil: “prevenir e combater a

intolerância religiosa, inclusive no que diz respeito a religiões minoritárias e a

cultos afro-brasileiros.” (BRASIL, 2000, Proposta 110).

A prevenção e o combate à intolerância são atitudes irrenunciáveis na

prática docente do Ensino Religioso, desta forma, projetos que visam a

promoção do entendimento e do respeito à diversidade cultural e religiosa

permitem a maior conscientização em relação à convivência positiva entre os

diversos grupos religiosos no Brasil.

A LDBN (1996) define o caráter do Ensino Religioso e de como serão

definidos seus conteúdos curriculares:

O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo. § 1º. Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos para a definição dos conteúdos do ensino religioso e estabelecerão as normas para a habilitação e admissão dos professores. § 2º. Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída pelas diferentes denominações religiosas, para a definição dos conteúdos do ensino religioso. (BRASIL, 1996, Art. 33).

Com a nova proposta das leis de diretrizes e bases o Ensino Religioso

passa ser constituído disciplina, área de estudo que prescinde do repeito da

diversidade cultural religiosa brasileira, sem promover proselitismo, ou intento

de converter pessoas a uma determinada crença e ou religião. A definição dos

conteúdos curriculares começou a ser discutida nos PCNs e nas propostas de

cada secretaria de educação.

Neste artigo será feita uma abordagem da legislação educacional do

Estado de Minas Gerais e da Secretaria Municipal de Educação de Governador

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Valadares – SMED/GV que tem status de rede e autonomia própria junto ao

MEC.

1.1 Ensino Religioso em Minas Gerais Lei 15434/ 2005

A Secretaria Estadual de Educação – SEE não concluiu os trabalhos de

elaboração de um Currículo Básico Comum – CBC de Ensino Religioso,

atualmente a rede estadual conta como norteamento pedagógico e legal a Lei

15434/ 2005:

O ensino religioso, de matrícula facultativa, respeitará a diversidade cultural e religiosa, sendo vedadas quaisquer formas de proselitismo e de abordagens de caráter confessional. (MINAS GERAIS, 2005, Art. 1º ).

Os princípios da legislação nacional, tanto da Constituição Federal e

Leis de Diretrizes e Bases são reafirmados, mas houve uma limitação quanto à

definição clara dos conteúdos a serem ensinados nas aulas de Ensino

Religioso, são apresentados campos de estudos da filosofia da religião tais

como:

Art. 2º O ensino religioso será ministrado de forma a incluir aspectos da religiosidade em geral, da religiosidade brasileira e regional, da fenomenologia da religião, da antropologia cultural e filosófica e da formação ética. Parágrafo único. Cabe ao órgão competente do Sistema Estadual de Ensino estabelecer as diretrizes curriculares para o ensino religioso, ouvidas entidade civil constituída pelas diferentes denominações religiosas, cultos e filosofias de vida e entidades legais que representem educadores, pais e alunos. . (MINAS GERAIS, 2005, Art. 2º ).

A elaboração de uma proposta efetiva do Ensino Religioso ficou em

aberto e sob a responsabilidade da SEE/MG e diálogo com as representações

religiosas. Desde a definição primária dos conteúdos há uma aproximação com

a disciplina Filosofia no que diz repeito à fenomenologia da religião,

antropologia cultural e filosófica e da ética, bem como a discussão com a

História na contextualização da religiosidade brasileira regional. A falta de um

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diretriz curricular pré-estabelecida dificulta a definição dos conteúdos da aulas

de Ensino Religioso no Estado de Minas Gerais.

Outro fator que precisa ser revisto da referida da Lei 15434/ 2005 é a

questão da habilitação do professor de Ensino religioso, uma vez que o acesso

à licenciaturas nesta área especifica é bem precário.

A solução seria os cursos de especialização Lato Sensu, no entanto a lei

somente aceita as pós-graduações até a data da lei. Assim, a rede estadual

conta um grande déficit de professores habilitados ou autorizados em Ensino

Religioso, fato que se agrava com o fim de carreira dos professores que se

aposentam. Atualmente, as aulas de Ensino Religioso são vivenciadas em

projetos interdisciplinares por falta de professor habilitado.

1.2 Ensino Religioso na Escola em Tempo Integral

Ao contrário da SEE/MG, a SMED de Governador Valadares em sua

modalidade de Escola em Tempo Integral – ETI tem uma postura avançada na

defesa da legislação nacional em educação, na definição dos conteúdos

curriculares e na questão da habilitação e autorização da docência em Ensino

Religioso. A atual Resolução Nº. 9, de 29 de novembro de 2010 postula que:

O Ensino Religioso nas Escolas da Rede Municipal de Ensino em Governador Valadares favorecerá a Educação para a cidadania e a socialização dos valores humanos, fundamentais no âmbito da escola, da família e da sociedade, ou seja, a humanização e a personalização do educando, como sujeito de seu desenvolvimento e protagonista da construção de um novo mundo. (SMED/GV, 2010, Art. 2º.).

O Ensino Religioso é entendido no processo de humanização e

personalização do educando, na promoção de valores humanos e construção

da cidadania e da sociedade melhor. O papel das aulas de Ensino Religioso

tem um papel importante na formação de atitudes primordiais para a

convivência grupal e social.

O currículo do Ensino Religioso, bem como todas as demais disciplinas

da ETI, faz parte de um eixo temático especifico Identidade de Diversidade,

desde a nova proposta curricular implantada em 2010. Assim,

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Compreendemos que este Eixo Identidade e Diversidade proporciona a formação do ser humano como sujeito social na sua individualidade e no respeito às diferenças, valorizando cada um e buscando o bem comum. (SMED/GV, 2010, ETI, p.7.).

O trabalho do Ensino Religioso desde o Eixo Identidade e Diversidade é

articulado com as disciplinas “História, Sociologia, Filosofia, Ensino Religioso,

Educação Física, Movimento e o Brincar, numa estrutura multidisciplinar.”

(SMED/GV, 2010, ETI, p.7.).

Os temas identidade e diversidade que deram origem ao Eixo Temático

das disciplinas voltadas para a formação humana e os valores éticos para a

construção da sociedade mais justa e igualitária são fundamentais para a

compreensão do fenômeno religioso brasileiro.

A identidade do Brasil está relacionada à cultura e esta traz os nuances

da diversidade religiosa. A identidade do povo brasileiro é constituída pelas

misturas promovidas pela colonização, imposição cultural, escravidão e os

fluxos imigratórios. Desta forma,

Para que a escola seja um espaço privilegiado de referências para os alunos, é preciso que conheça os sujeitos que ela atende para ampliar seu campo de possibilidades, reflexões e mudanças. A constituição da identidade e do projeto de vida implica se apropriar de um conjunto de valores que oriente a perspectiva de vida: quem sou eu, quem eu quero ser, o que quero para mim e para a sociedade. Isso exige busca de autoconhecimento, de compreensão da sociedade e do lugar social a que pertence. (SMED/GV, 2010, ETI, p.7).

O Ensino Religioso deve ser uma disciplina que contextualize e promova

o conhecimento, discussão, contextualização da identidade brasileira, partindo

das características locais, regionais e por fim das heranças culturais.

A diversidade surge da identidade brasileira, mostrando que o Brasil é composto por diferentes grupos culturais e que a cultura nacional é um mosaico de diferentes povos, costumes, crenças e formas de expressão. Assim,

Do ponto de vista cultural, a diversidade pode ser entendida como a construção histórica, cultural e social das diferenças. Essa construção ultrapassa as características biológicas, observáveis a olho nu. Essas diferenças são também construídas pelos sujeitos sociais ao longo do processo histórico e cultural, nos processos de adaptação do homem e

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da mulher ao meio social e no contexto das relações de poder. Sendo assim, mesmo os aspectos tipicamente observáveis, que aprendemos a ver como diferentes desde o nosso nascimento, só passaram a ser percebidos dessa forma, porque nós, seres humanos e sujeitos sociais, no contexto da cultura, assim os nomeamos e identificamos. (SMED/GV, 2010, ETI, p.9).

O Ensino Religioso traz o tema da diversidade de forma peculiar, uma

vez que a composição religiosa Brasileira é marcada por diferentes modos de

crenças, mesmo dentro da religião majoritária, o cristianismo. O respeito à

diversidade cultural religiosa é uma máxima cada vez mais defendida na ETI.

Para concretizar as diretrizes curriculares da ETI o Ensino Religioso

conta com descritores de aprendizagem e sobre estes são organizados os

conteúdos do planejamento das aulas. A seguir serão apresentados os

principais descritores divididos em grandes temas como:

Definição de papéis, troca e exercício da empatia: Conhecer as

características dos papéis sociais que devem ser assumidos pelos indivíduos

na família, na escola e na comunidade. Participar de debates sobre temas

diversos: fraternidade, solidariedade, cooperação, vida em comunidade, amor

ao próximo, dentre outros. (SMED/GV, 2010).

Relações – diferentes formas de saber e ser: Compreender a diferença

do SER e do TER na sociedade. Reconhecer a importância do SER sobre o

TER. Compreender a importância do consumo consciente nos dias atuais.

Reconhecer benefícios e males causados pelo bom e/ ou mau uso das ciências

e da tecnologia. (SMED/GV, 2010).

A condição humana como diversidade, equilíbrio e contradições: Ampliar

os conceitos de identidade, beleza, mídia e estética. Identificar as influências

da mídia na construção da identidade do adolescente/jovem. Trabalhar em

grupos interagindo para atingir um objetivo comum. Utilizar, com criticidade,

diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para construir

conceitos. Identificar e relacionar as grandes transformações tecnológicas e

os impactos que elas produzem na vida da sociedade. (SMED/GV, 2010).

Jogos para desenvolvimento do juízo e valores: Compreender a

adolescência como fase de dúvidas e afirmação de sua própria forma de

pensar, julgar e agir. Elaborar seu Projeto de Vida e suas expectativas em

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relação ao seu crescimento pessoal e social. Compreender a necessidade

de vivenciar uma cultura de paz Construir o conceito de bullying. Pesquisar e

diagnosticar o índice de incidência de bullying na sala de aula e na escola.

(SMED/GV, 2010).

Apropriação cultural do corpo e do movimento: Caracterizar o corpo, sua

postura, aptidões, necessidades, construindo sua auto-imagem. Participar de

debates, seminários, júri simulado sobre sexualidade, solidariedade,

fraternidade, sobriedade, entre outros. Construir o conceito de afetividade.

Construir o conceito de sexualidade. Estabelecer relação entre afetividade e

sexualidade. Posicionar-se criticamente em relação a certos padrões de beleza

veiculados pela mídia, principalmente a propaganda. (SMED/GV, 2010).

Religião e religiosidade: Conhecer a evolução da estrutura religiosa no

decorrer dos tempos, assim como as ideologias religiosas que perpassam a

redação dos textos sagrados orais e escritos. D18 Conhecer as possíveis

respostas dadas à vida além-morte pelas diversas tradições religiosas. Analisar

as diferentes mudanças culturais que determinaram as ideologias religiosas e

influenciaram na redação dos textos sagrados. Comparar a idéia do

Transcendente nos textos orais e escritos expressa pelas diferentes religiões.

Analisar o papel das tradições religiosas na estruturação e manutenção das

diferentes culturas e manifestações socioculturais. (SMED/GV, 2010).

Comportamentos e atitudes: Conviver em grupo, considerando as

capacidades, limitações e anseios do outro. Respeitar e valorizar a fala e a vez

do outro. Elaborar e cumprir normas e combinados. Reconhecer, respeitar e

valorizar a pluralidade de manifestações culturais/religiosas. Praticar a

solidariedade e a cooperação. Valorizar as qualidades individuais além da

aparência física. Valorizar e praticar o diálogo, como a forma de resolver

conflitos de maneira eficaz e, principalmente inteligente. (SMED/GV, 2010).

A formação exigida para a docência do Ensino Religioso é amparada

pela Resolução Nº. 09/2010, licenciatura plena em Ensino Religioso e outros

requisitios como: curso de pós-graduação lato sensu em Ensino Religioso ou

Ciências da Religião e curso em pedagogia. O avanço da legislação corrente

em Governador Valadares tem estimulado a especialização de professores

para o exercício efetivo em Ensino Religioso.

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CONCLUSÃO

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A discussão deste estudo foi o enfoque da a Legislação do Ensino

Religioso na escola brasileira, partindo das leis constitucionais e sua evolução

histórica. No Brasil Colônia e Império havia certo monopólio católico na

legislação sobre o E.R, entretanto, com o surgimento do Estado Laico, na

separação jurídica entre Estado e Igreja o E.R passou a se interpretado de

forma diferenciada, mesmo que os princípios católicos ainda prevalecessem na

metodologia e conteúdo das aulas.

O processo de redemocratização da sociedade brasileira trouxe

consideráveis avanços para o reconhecimento do Ensino Religioso como

disciplina e área de conhecimento reconhecido com legislação própria nas

propostas curriculares, resguardando os princípios estabelecidos na hierarquia

das leis. O E.R passou por diferentes fases até sua consolidação nos

Parâmetros Curriculares Nacionais.

Mesmo com todos estes avanços a Lei Estadual sobre E.R ainda

continua com a ausência da elaboração de um currículo básico comum que

atenda à disciplina e a limitação para o reconhecimento de docentes de ER.

Na Rede Municipal de Ensino de Governador Valadares há uma

formulação clara das diretrizes da Escola em Tempo Integral dentro na

perspectiva do Eixo Temático Identidade e Diversidade e a formação exigida

para os docentes da área.

Desta forma a discussão do ER será em torno do reconhecimento da

diversidade cultural e religiosa brasileira desde a perspectiva de respeito e

tolerância no Estado Laico. O E.R tem um papel fundamental na construção de

uma sociedade mais igualitária, fraterna e cidadã.

REFERÊNCIAS:

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MINAS GERAIS. SEE. Lei 15434/ 2005. DISPOSITIVOS, FACULTATIVIDADE, MATRÍCULA, DISCIPLINA ESCOLAR, ENSINO RELIGIOSO, CURRÍCULO, ENSINO FUNDAMENTAL, ENSINO PÚBLICO ESTADUAL. REQUISITOS, DIREITOS, GARANTIA, PROFESSOR, ENSINO RELIGIOSO, ENSINO PÚBLICO ESTADUAL. Belo Horizonte: Assembleia Legislativa, 2005. Disponível em: < http://www.mp.mg.gov.br/portal/public.> Acesso em 29 dez. 2012.

SMED/GV. Secretaria Municipal de Educação de Gov. Valadares. Caderno 02 ETI. Governador Valadares: SMED, 2010.

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