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FILOSOFIA Aula 5 Os Romanos, o Início da Era Cristã e a Patrística Prof. Ms. Elizeu N. Silva

Aula 05 filosofia início da era cristã e patrística

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FILOSOFIAAula 5 – Os Romanos, o

Início da Era Cristã e a Patrística

Prof. Ms. Elizeu N. Silva

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O Direito constitui-se na grande contribuição romana à

Filosofia. Diferentemente dos gregos, cujas leis estavam

sujeitas a votações influenciadas pelas circunstâncias

políticas, os romanos desenvolveram um direito com caráter

impessoal e técnico. Trata-se de um sistema coerente, de

forma que cada parte não conflita com as demais.

Antes do período republicano as leis confundiam-se com os

preceitos religiosos e os costumes. No início da República, com

as contínuas revoltas dos plebeus por mais direitos, tornou-se

necessário o estabelecimento de leis básicas escritas, que

pudessem ser aplicadas a todos os casos.

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Ao proclamar Júlio César (101–44 a.C.) como imperador, o

Senado romano lançou a ideia de concentração de poderes em

uma só pessoa, esvaziando as demais instituições políticas

atuantes em Roma.

Esta decisão interessou à aristocracia da época, pois a partir

de então esta ficava livre da onerosa participação no negotium

(negócio, que significava a administração pública) da res

publica (coisa pública, de todos).

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A aristocracia romana pode, então, gozar o otium (ócio) da vida

sem trabalho mantida pela riqueza do Império e pela adoção de

mão-de-obra escrava. Pode, desta forma, dedicar-se à cultura

e às artes, até então valores de pequena prioridade para os

romanos.

O pensamento romano floresce, portanto, num ambiente de

ócio. Ao contrário do que ocorre na Grécia, não se trata de uma

produção original, mas de uma série de fusões e adaptações

de diversas correntes de pensamento. Desenvolvem um

pensamento eclético.

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Marco Túlio Cícero (106–43 a.C.) foi o primeiro a produzir

filosofia em latim. Tratava-se de um político romano

importante, opositor de Júlio César – o que o levou ao exílio.

De volta a Roma após a morte de César, opôs-se também a

Otaviano e acabou assassinado.

A preocupação básica de Cícero é a convivência dos homens

em sociedade. Embora admitindo a impossibilidade de se

alcançar o conhecimento absoluto, concentra suas buscas

numa forma de conhecimento que assegure o consenso.

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Lúcio Aneu Sêneca (4a.C. – 65d.C.), também político, foi

preceptor do imperador Nero, e conselheiro quando ele se

tornou imperador. Discordando dos métodos do antigo

discípulo, acabou sendo obrigado a suicidar-se.

Para Sêneca, a Filosofia divide-se em três partes: ética, física e

lógica. Por objetivar um conhecimento útil para a vida em

sociedade, concentra suas pesquisas na ética. A exemplo de

Cícero, busca um pensamento que ensine os homens a viver

bem.

Defende a ideia de um Deus que transcende o mundo, estando

acima do Universo. Ao homem, cabe praticar o bem, para que

possa ser ajudado por Deus.

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Epicteto (50–130 d.C.), ex-escravo que após liberto se dedicou

à filosofia, compartilha as ideias de Sêneca quanto ao Deus

transcendente.

Ensina que é necessário separar as coisas que dependem de

nós, das que não dependem. “Dependem de nós”, afirma, “a

opinião, a tendência, o desejo, a aversão, tudo que seja obra

nossa”. Não dependem do homem o corpo, a riqueza, os altos

cargos. Trata-se, portanto, de conduzir corretamente tudo que

depende de nós e permanecer indiferentes ao resto.

Nisto residiria a felicidade da alma e a felicidade.

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Epicteto (50–130 d.C.), ex-escravo que após liberto se dedicou

à filosofia, compartilha as ideias de Sêneca quanto ao Deus

transcendente.

Ensina que é necessário separar as coisas que dependem de

nós, das que não dependem. “Dependem de nós”, afirma, “a

opinião, a tendência, o desejo, a aversão, tudo que seja obra

nossa”. Não dependem do homem o corpo, a riqueza, os altos

cargos. Trata-se, portanto, de conduzir corretamente tudo que

depende de nós e permanecer indiferentes ao resto.

Nisto residiria a felicidade da alma e a felicidade.

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Plotino (205–270) surge no cenário da filosofia no século

III, quando o Império já está em declínio. Em viagens à Pérsia

aprendeu sobre o pensamento místico oriental. No

entanto, será em Platão que encontrará fundamento para

construir a sua filosofia.

Busca, a exemplo de Platão, um princípio para tudo que

existe, ao qual dá o nome de Uno. No entanto, o Uno é

indizível: ou seja, sobre ele não se pode dizer nada = não pode

ser traduzido em palavras.

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Denota, desta forma, inspirar-se em Platão que afirmava que o

Bem, a Ideia das ideias, a Virtude das virtudes, só poderia ser

alcançada pela intuição intelectual silenciosa, sendo possível

falar dele apenas por aproximações.

Sobre o Uno de Plotino só é possível falar por aproximações e

por negações. (Ao que o Uno pode ser comparado, embora em

escalas diferentes; o que não é, definitivamente, o Uno).

Para Plotino, o Belo é manifestação do Uno. No entanto, o Uno

não pode ser acessado pelos sentidos e nem mesmo pelo

intelecto. Ele está além disso tudo: é transcendente e absoluto.

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Na tradição filosófica então predominante, o infinito era

considerado sintoma de imperfeição. Por isso, a ideia de

divindade estava sempre associada a algo finito, cuja

expressão pictórica era a esfera. A partir de Plotino, a noção de

infinitude deixa de repugnar ao pensamento.

O Uno transcendente não está no tempo: não tem

passado, nem presente, nem futuro.

Ainda para Plotino, a razão é a perfeição da alma pois lhe

permite contemplar as ideias perfeitas da inteligência. Já a

matéria, inerte e estéril, incapaz de contemplação, é

completamente imperfeita: é o mal.

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O cristianismo, como religião nascente, não se limitou ao

terreno da fé e buscou fundamentar-se na Filosofia. Se por um

lado, a fé cristã acabou por assimilar, desta

forma, procedimentos racionais, por outro, a Filosofia ocidental

acabou encampada pela religião cristã por mais de 1.000 anos.

O encontro entre fé e razão começou no Império Romano e

prolongou-se por toda a Idade Média, quando a Igreja

predominou como instituição política e cultural.

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A religião não apenas redefiniu a Filosofia, como alterou o lugar

desta na hierarquia das prioridades intelectuais. Dos primeiros

anos da Era Cristã até o fim da Idade Média, a Filosofia fica

sob as ordens da Teologia. Deus toma o lugar da razão como

foco do discurso dos filósofos.

O apelo à Filosofia decorre da necessidade da religião de

oferecer respostas às indagações das camadas mais

intelectualizadas da sociedade, recolhidas em mosteiros ou

habitando cidades litorâneas.

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O cristianismo triunfa oficialmente em 313, quando o imperador

Constantino (primeiro imperador a se converter à nova religião)

concede liberdade de culto aos cristãos. As doutrinas cristãs

foram estabelecidas no Concílio de Niceia, no ano

325, convocado pelo próprio Constantino. Nesta e em outras

reuniões similares, estabeleceu-se a ortodoxia (= opinião

correta) da doutrina cristã.

No entanto, a ortodoxia precisa ser convincente para ser aceita

igualmente tanto por ignorantes como por letrados. Precisa

revestir-se duplamente de revelação (fé) e de raciocínio

(razão).

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Para enfrentar o desafio da conciliação entre fé e razão, surge

dentro da igreja cristã uma nova corrente filosófica que irá

tornar-se predominante nos séculos seguintes: Filosofia

Patrística, ou elaborada pelos “pais” (padres) da igreja.

Santo Agostinho (354–430) é figura

central desta corrente filosófica. Embora

os pais não fossem ricos, recebeu

educação primorosa para tornar-se

advogado ou professor.

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Os séculos IV e V, em que Agostinho vive, são uma época em

que a Filosofia perdeu a confiança na razão. O ceticismo

quanto a qualquer ideia que não fosse cristã leva à convicção

da impossibilidade de se alcançar a verdade por meio da razão.

Agostinho toma para si o encargo de restabelecer a confiança

na razão – paradoxalmente tendo a fé como padrão.

Para ele, o conhecimento da verdade é uma realidade fática –

ou seja, algo concreto, como provam as irrefutáveis

demonstrações matemáticas e lógicas. Resta descobrir como

tal conhecimento é possível, e o que os avaliza como

conhecimento.

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O intelecto humano, mutável e perecível, não pode ser avalista

do conhecimento. A verdade não pode depender de referências

tão frágeis. A verdade só pode ser assegurada por algo que se

coloque acima dos homens e das coisas.

Deus é a referência para o conhecimento. Deus é o padrão

para a verdade.

Se a razão, na busca da certeza, se depara com a fé em

Deus, é também a fé que permite resgatar a dignidade da

razão.

“Compreender para crer, crer para compreender”, afirma Santo

Agostinho.

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Agostinho dirá que o conhecimento é dado pela presença

íntima, em cada homem, do Verbo feito carne (Cristo), cuja

verdade e certeza o ser humano expressa por meio das

palavras.

Agostinho adota o Uno de Plotino como expressão de Deus.

Assim como Plotino, desenvolve mais negativa que afirmativa:

“Se não podeis compreender o que Deus é, compreendei ao

menos o que Ele não é...”.

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Agostinho discutirá à exaustão a ideia de trindade.

Deus Pai = Existência

Deus Filho = Conhecimento

Espírito Santo = Vontade.

Feito à semelhança de Deus, o homem traz em si também a

tríade corpo, alma e espírito.

O mundo, criação de Deus, também constitui uma tríade:

coisas inanimadas, seres viventes e seres inteligentes.

A ordem do mundo é bela e boa, pois é criação de Deus. O mal

não existe como substância: trata-se do afastamento em

relação a Deus.

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Fontes bibliográficas:

ABRÃO, Bernadette Siqueira. A história da filosofia. São

Paulo, Ed. Nova Fronteira, 2004

CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo, 13ª

edição, Ed. Ática, 2005

GHIRALDELLI JR., Paulo. Introdução à filosofia. Barueri, Ed.

Manole, 2003