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Sebenta de Geografia 9º ano | 2014/2015
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Domínio: As Atividades Económicas Subdomínio: A Agricultura Objetivo geral: Compreender a complexidade da agricultura em Portugal
Para compreendermos o que se passa com a agricultura em Portugal temos que colocar em evidência os
diferentes factores intervenientes, físicos e humanos. Comecemos por falar dos condicionalismos físicos.
Portugal localiza-se na
Por isso, Portugal está sob a influência de duas massas de ar principais: a massa de ar tropical, seca e
quente, que circula à latitude do Trópico de Câncer (23º 27´N), e a massa de ar polar, fria e húmida, que
circula à latitude do Círculo Polar Ártico (66º 33´N). Este facto leva a que, Portugal, tenha um clima instável,
quer pelos contrastes entre duas massas de ar diferentes, quer pelas influências locais.
Situado no canto sudoeste do continente europeu, Portugal sofre a acção da presença atlântica a Oeste, o
afastamento do mar a Este e a proximidade do Norte de África e do deserto do Saara a Sul. Localmente, e
com maior incidência no Norte e Centro, reflecte-se a influência da altitude.
A conjugação dos factores descritos justifica que, ao longo dos tempos e de acordo com as técnicas
disponíveis, os nossos agricultores tenham criado formas de ocupação do espaço que se diferenciam entre o
Norte Litoral e o Norte Interior, entre o Norte e o Sul e, dentro deste, assuma algumas particularidades no
Algarve.
Relembremos que, ao analisar uma paisagem agrária, há elementos visíveis que devem ser caracterizados:
- a morfologia agrária – forma, tamanho e limite das explorações;
- o sistema de cultura – a espécie ou conjunto de espécies seleccionadas pelo agricultor e as técnicas
adotadas;
- o povoamento rural – modo como se dispõem as habitações dos agricultores no espaço.
No mapa seguinte, surgem as três grandes divisões naturais que se consideram em Portugal continental e, a
elas associadas, as principais características em termos agrícolas incluindo espécies florestais dominantes e
criação de gado predominante.
entre os 37º N e os 42ºN
de latitude
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A caracterização feita para cada uma das regiões é muito genérica e respeita aos traços essenciais do NW,
do NE e do Sul. O aproveitamento dos campos, por exemplo, referem o que é mais tradicional. Porém, nas
últimas décadas, têm-se verificado grandes alterações.
Nos anos 60 do século XX, Portugal conheceu um período longo de forte emigração. Este movimento
causou, entre outras consequências, um grande abandono dos campos agrícolas. Dentro do país, registou-
se um movimento intenso de litoralização em resultado do êxodo rural. Com a revolução do 25 de Abril, o
país tornou-se uma economia aberta e negociou a sua adesão à ex-CEE, hoje, União Europeia. De país
rural, de economia agrícola de subsistência, o país procurou ser cada vez mais um país de serviços à medida
que, particularmente, neste século, foi assistindo à deslocalização geográfica de fábricas ou, mesmo, ao seu
encerramento.
Verões amenos e pouco chuvosos Invernos amenos e muito chuvosos Solos férteis Ocupação intensiva dos campos, minifundiários Policultura Povoamento disperso Predomínio de gado graúdo, leiteiro Predomínio do pinheiro bravo
Verões muito quentes e secos Invernos rigorosos, longos, chuvosos e, às vezes, com queda de neve Solos menos férteis Ocupação intensiva e policultural dos campos junto às aldeias Ocupação extensiva nos campos exteriores com prática de pousio e afolhamento Povoamento agrupado Predomínio de gado miúdo Carvalho, castanheiro, e oliveira
Verões muito quentes, muito secos e muito prolongados Invernos pouco chuvosos e amenos Solos pouco férteis Ocupação extensiva dos campos, sistema monocultural com pousio e afolhamento Predomínio de gado miúdo e gado suíno Pinheiro manso, sobreiro e azinheira
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Com uma população ativa maioritáriamente terciária, poucos são os ativos que se dedicam, ainda, à
agricultura. Contudo, os que se mantêm ou os que a ela regressam, procuram fazer diferente dos seus
antepassados.
Num recente estudo publicado pelo INE – Instituto Nacional de Estatística – sobre dados referentes ao ano
de 2013, podemos retirar que:
50,0% do território é ocupado por explorações agrícolas.
Houve uma redução de 15,4% no número de explorações agrícolas desde 2009 (305 200
explorações em 2009 contra 264 400 mil explorações em 20013).
Houve um aumento da dimensão média das explorações, que passou dos 12,0 hectares por
exploração em 2009 para os 13,8 hectares em 2013, aproximando-se da média da UE 28 (14,4
hectares por exploração).
O abandono da atividade agrícola ocorreu sobretudo nos pequenos produtores, sendo uma situação
residual nas explorações com mais de 20 hectares.
45,6% do efectivo pecuário é da responsabilidade das sociedades agrícolas.
As empresas agrícolas têm vindo a ganhar importância e desenvolvem uma actividade que visa o
lucro e, obviamente, apresentam resultados muito superiores aos das explorações de cariz familiar:
A Dimensão Económica das explorações agrícolas continua a ser inferior à média da UE 28: 17.1 mil
euros e 25 mil euros por exploração, respectivamente.
Continua a verificar-se a tendência para a adoção de sistemas de produção mais extensivos, com
reflexo no aumento das pastagens permanentes e na diminuição das terras aráveis.
Houve uma diminuição do número de explorações agrícolas com animais: -18,4% com bovinos,
suínos (-19,0%), ovinos (-14,9%) e caprinos (-12,5%). A população agrícola familiar, formada pelo produtor e pelos membros do seu agregado doméstico,
representa 6,5% da população residente em Portugal (-15,0% do que em 2009).
A população agrícola familiar tem maior expressão nas Regiões Autónomas da Madeira e dos
Açores e no Alentejo, enquanto em Lisboa apenas representa 0,5% da população residente.
Os produtores agrícolas singulares são mais velhos - em média 64 anos (63 anos em 2009) -
continuando a ser os mais idosos da Europa.
A grande maioria dos produtores agrícolas são ainda pouco qualificados – 70% têm o ensino básico
e só 5,5% possuem ensino superior. 84,6% contam unicamente com a sua experiência
Em média, cada sociedade agrícola explora: 114 hectares – 12 vezes mais
93 cabeças normais – 21 vezes mais
Do que cada produtor individual
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Para termo de comparação, 1 ha corresponde a 1 campo de futebol. O gráfico acima mostra que, em 2009 e
em 2013, mais de metade das explorações em Portugal tinham uma dimensão média entre 1 e 5 hectares,
isto é, mais de 50% das explorações são minifundiárias. Apenas 9% das explorações, em 2013, tinham mais
de 20 hectares e somente 2% podem ser consideradas como grandes latifúndios, mais de 100 hectares. O
estranho é que, estes 2% representam quase 60% da superfície agrícola utilizada.
“A superfície das culturas permanentes aumentou 2,6% entre
2009 e 2013, constituindo a vinha a única exceção, dado que
decresceu 8,8%. O olival aumentou 4,4 mil hectares e passou a
representar 48,0% da superfície de culturas permanentes. As
culturas permanentes que registaram as maiores variações neste
período foram os frutos de casca rija (+21,6%) e os frutos
pequenos de baga (+175,7%). Para esta evolução contribuiu
decisivamente o incentivo dado pelo ProDeR à fruticultura, uma
vez que foi um dos setores com maior relevância nas medidas de
apoio ao investimento.”
A diversidade de culturas agrícolas do
país, o resultado da combinação de
fatores físicos e humanos
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Entre 2009 e 2013 tanto o número de explorações como o número de cabeças de gado diminuíram em todas
as espécies criadas. Mas, analisando com pormenor o tamanho das barras do gráfico, vemos que foi maior a
redução no número de explorações do que o número de cabeças. Por isso, podemos concluir que, por cada
exploração, provavelmente, aumentou o número de cabeças de gado. Isso é mais notório nos bovinos e nos
suínos.
Reflexo do menor rendimento da terra e da produtividade mais
baixa de Portugal, o país tem uma dimensão económica média
das explorações inferior à média da UE 28, 17,1 contra 25 mil
euros por exploração.
Os Estados-Membros com melhores resultados económicos
dentro da União são a Suécia, Eslováquia, França, RU,
Luxemburgo, Alemanha, Rep. Checa, Bélgica e,
particularmente, a Dinamarca e a Holanda, todos com uma
dimensão económica média superior a 50 mil euros por
exploração.
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Em conclusão, podemos transcrever o que diz a fonte consultada
A comparação com os países da União Europeia revela ainda uma agricultura baseada em explorações de
pequena dimensão económica (17,1 mil euros de Valor de Produção Padrão Total por exploração, face aos
25 mil euros da UE 28), geridas por produtores envelhecidos (os mais idosos da UE 28) e que em larga
maioria têm apenas formação prática. Poucos produtores vivem exclusivamente da agricultura (6,2%),
sendo que a maioria complementa o seu rendimento com pensões e reformas (65,3%).
Fonte: INE, Inquérito à Estrutura das Explorações Agrícolas 2013, 28 de novembro de 2014
“Inquérito à estrutura das explorações agrícolas 2013: um retrato com duas realidades”