O nascimento da FilosofiaProf.ª Doutora Andreia Regina Moura Mendes

O que perguntavam os primeiros filósofos

Duração da vida Geração de semelhantes Geração de diferentes Duração do dia

O que perguntavam os primeiros filósofos

As idades da vida As estações do ano A saúde e a doença A origem das coisas A transformação na natureza

As primeiras explicações

Causas da mudança, da permanência, da repetição, da desaparição e do ressurgimento dos seres.

Mitos Religiões Tradições

O nascimento da filosofia

Final do século VII e início do século VI a. C. Colônias gregas da Ásia Menor (Turquia). Tales de Mileto: considerado o primeiro filósofo. Primeiro conteúdo da filosofia: cosmologia. Conhecimento racional da ordem do mundo ou da Natureza. A Filosofia teria nascido das transformações que os gregos fizeram dos conhecimentos

orientais: agrimensura, astrologia, genealogia, purificação da alma. Origem das ciências: aritmética, geometria, astronomia e meteorologia, história e

geografia. Defesa da origem oriental da filosofia durante o apogeu do império romano pelos

pensadores judeus e os padres da igreja católica. A tese da filosofia como “milagre grego”: surgimento inesperado e espantoso, de forma

espontânea a partir da excepcionalidade do povo grego.

Nem oriental, nem milagre Final do século XIX ocorreu a correção dos exageros da tese orientalista e do “milagre

grego”. De fato, os gregos mantiveram um intercâmbio intenso com os povos orientais, daí se

apropriando de diferentes elementos das culturas antigas. No lugar de milagre, houve uma mudança profunda realizada pelos gregos sobre os

elementos tomados das outras culturas. Principais mudanças: 1- retiraram os aspectos apavorantes e monstruosos dos deuses e do início do mundo,

humanizaram as divindades, racionalizaram as narrativas. 2- Transformaram em ciência os saberes próprios da vida cotidiana. 3- Inventaram a política enquanto prática marcada pela discussão e debates públicos

aprovados ou revogados em assembleia pública. A lei e a justiça são expressões da vontade coletiva. Separaram o poder político, do poder do patriarca e do sacerdote.

4- Inventaram o conceito de razão enquanto pensamento sistemático, sujeito às regras, normas e leis de valor universal.

Mito e filosofia

Narrativa sobre a origem de alguma coisa. Palavra de origem grega: mythos deriva de dois verbos mytheyo (contar, narrar) e mytheo (conversar,

anunciar). Discurso pronunciado e aceito como verdadeiro. Narrador do mito: poeta-rapsodo. Crença na escolha pelos deuses para transmissão de uma mensagem

revelada de forma divina. Mitos sobre a origem do mundo e das coisas: 1- Narrativa da geração dos seres: Titãs, deuses e heróis. Exemplo: Lenda de Eros (cupido). 2- Encontrando uma rivalidade ou uma aliança entre os deuses que origina algo. Exemplo: A guerra de Tróia. 3- Encontrando as recompensas ou castigos que os deuses dão a quem os desobedece ou a quem os obedece. Exemplo: Prometeu e Pandora. O mito narra a origem das coisas por meio de lutas, alianças, relações sexuais.

Os mitos sobre a origem do mundo são genealogias: cosmogonias e teogononias. Cosmogonia é a narrativa sobre o nascimento e a organização do mundo a partir de forças geradoras (pai e

mãe) divinos. Teogonia é a narrativa da origem dos deuses a partir de seus pais e antepassados. A filosofia é a primeira explicação científica da realidade produzida no ocidente. Nasceu de forma lenta do interior dos próprios mitos, como uma racionalização deles. “A Filosofia percebendo as contradições e limitações dos mitos, foi reformulando e racionalizando as narrativas

míticas, transformando-as numa outra coisa, numa explicação inteiramente nova e diferente”. p.31 Principais diferenças entre mito e filosofia: 1- O mito explica as origens a partir do passado distante. A filosofia se preocupa com a explicação da origem

das coisas na totalidade do tempo. 2- O mito narrava as origens através de lutas e rivalidades. A filosofia explica a partir da causalidade presente

na natureza. 3- O mito não se importava com as contradições, o fabuloso e o incompreensível. A filosofia não admite

contradições. Exige que a explicação seja racional, lógica e coerente.

Condições históricas para o surgimento da filosofia As viagens marítimas. A invenção do calendário. A invenção da moeda. Surgimento da vida urbana. Invenção da escrita alfabética. Invenção da política: Lei como expressão da vontade do coletivo. Surgimento de um espaço público e do discurso político: palavra humana

compartilhada. O pensamento e o discurso na política é para compreensão de todos.

Principais características da Filosofia

Tendência à racionalidade. Tendência a oferecer respostas conclusivas para os problemas. Exigência de que o pensamento apresente suas regras de funcionamento. Recusa de explicações preestabelecidas. Tendência à generalização. Fato para análise: mobilizações de junho no Brasil. “Separando as diferenças, o pensamento realiza, nesse caso, uma análise”. p.33

Referência

CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 1995.