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Cadernos Didáticos Jul/Dez. 2014
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Ciências Humanas e suas tecnologias: novas
sensibilidades para pensar o ensino de História
CADERNOS
DIDÁTICOS PET
HISTÓRIA UFCG Ano I- Volume I – Nº 2 – jul./dez. 2014
ISSN 2358-4971
Campina Grande
PB - 2014
2 CADERNOS DIDÁTICOS PET HISTÓRIA UFCG - Ciências Humanas e suas tecnologias: novas sensibilidades para pensar o
ensino de História. Ano I- Volume I – Nº 2. Jul./dez. 2014. ISSN 2358-4971
Caro estudante,
Atualmente, o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) é utilizado como
critério de seleção para os estudantes que pretendem concorrer a uma bolsa no
Programa Universidade para Todos (ProUni). Além disso, cerca de 500 universidades já
usam o resultado do exame como critério de seleção para o ingresso no ensino superior,
seja complementando ou substituindo o vestibular. O ENEM tem o objetivo de avaliar
o desempenho do estudante ao fim da escolaridade básica. Podem participar do exame
alunos que estão concluindo ou que já concluíram o ensino médio em anos anteriores.
Foi pensando nessa abrangência, relevância para a formação do grupo e a
necessidade de estreitarmos os laços com o ensino básico que o PET Historia UFCG,
iniciou em 2011, o projeto “ENEM - Ciências Humanas e suas tecnologias: novas
sensibilidades para pensar o ensino de História”. E nesse sentido, este segundo módulo
foi elaborado com o objetivo de facilitar a compreensão da proposta do ENEM para a
área de CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS, melhorando o desempenho
dos participantes em seus estudos dentro e fora da oficina.
Contamos com sua participação para que possamos aprimorar este módulo em
edições futuras e esperamos que suas notas reflitam seu esforço, dedicação, tempo de
estudo e que seus sonhos e objetivos sejam alcançados.
Organizadoras
Regina Coelli Gomes Nascimento
Tutora/PET História
Rozeane Albuquerque Lima
Mestranda/PPGH/UFCG
Autores (as) Petianos PET História UFCG
Ana Carolina Monteiro Paiva
Elson da Silva P. Brasil
Janaína Leandro Ferreira
Jaqueline Leandro Ferreira
Jonathan Vilar dos S. Leite
José dos Santos C. Júnior
Maria Aline Souza Guedes
Paula Sonály N. Lima Paulo Montini de Assis Souza Júnior
Priscila Gusmão Andrade
Raquel Silva Maciel
Ronyone de A. Jeronimo
Silvanio de Souza Batista
Valber Nunes da Silva Mendes
3 CADERNOS DIDÁTICOS PET HISTÓRIA UFCG - Ciências Humanas e suas tecnologias: novas sensibilidades para pensar o
ensino de História. Ano I- Volume I – Nº 2. Jul./dez. 2014. ISSN 2358-4971
SUMÁRIO
ENEM 2014 – informações gerais.................................................................................04
Competência de área 1 – Compreender os elementos culturais que constituem
as identidades: “Identidades do/no Brasil”.....................................................................06
Competência de área 2 – Compreender as transformações dos espaços
geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder: “O
homem e o espaço geográfico”......................................................................................16
Competência de área 3 – Compreender a produção e o papel histórico das
instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes grupos,
conflitos e movimentos sociais: “os papéis da família, do estado e da igreja no século
XXI”................................................................................................................................25
Competência de área 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e
seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e na
vida social: “Novas técnicas o renascimento urbano e comercial”................................39
Competência de área 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender
e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo uma
atuação consciente do indivíduo na sociedade: “Cidadania e democracia”...................49
Competência de área 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo
suas interações no espaço em diferentes contextos históricos: As interações entre
sociedade e natureza: reflexos da modernidade nas espacialidades naturais..................57
4 CADERNOS DIDÁTICOS PET HISTÓRIA UFCG - Ciências Humanas e suas tecnologias: novas sensibilidades para pensar o
ensino de História. Ano I- Volume I – Nº 2. Jul./dez. 2014. ISSN 2358-4971
ENEM 2014 – INFORMAÇÕES GERAIS
08 E 09 DE NOVEMBRO DICAS
a) Cartão de confirmação:
O Cartão de Confirmação da Inscrição será enviado, pelos correios, para o endereço informado
pelo participante no ato da inscrição.
No Cartão de Confirmação da Inscrição estão contidas as seguintes informações:
- número de inscrição;
- data; hora; local de realização das provas;
- indicação do(s) atendimento(s) especializado(s) e/ou do(s) atendimento(s) específico(s), se for
o caso;
- opção de língua estrangeira; e
- solicitação de certificação, se for o caso.
O participante pode consultar ou imprimir o seu Cartão de Confirmação de Inscrição no
seguinte endereço eletrônicohttp://sistemasenem2.inep.gov.br/localdeprova, informando seu
CPF e senha.
b) Como são as provas:
O Enem é composto por quatro provas objetivas com 45 questões cada e uma redação.
Confira os dias da prova:
08 de novembro de 2014 (sábado)
- Ciências Humanas e suas Tecnologias e;
- Ciências da Natureza e suas Tecnologias.
Tempo para a prova: 4h30
09 de novembro de 2014 (domingo)
- Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, Redação e;
- Matemática e suas Tecnologias.
Tempo para a prova: 5h30
c) No dia da prova:
Os portões de acesso abrem às 12h e fecham às 13h, horário de Brasília. Recomenda-se que
todos os participantes cheguem ao local de prova até às 12h (horário oficial de Brasília), visto
que será estritamente proibida a entrada após o fechamento dos portões.
IMPORTANTE!
- Verificar com antecedência, na página de acompanhamento do Enem, a validação da inscrição
e o local de realização das provas.
- Fazer o trajeto até o local de prova antes do dia do Exame.
(Disponível em < http://www.enem.inep.gov.br/dicas.html > Acesso em 20\08\2014.)
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ensino de História. Ano I- Volume I – Nº 2. Jul./dez. 2014. ISSN 2358-4971
DÚVIDAS FREQUENTES
APLICAÇÃO DA PROVA
13 - Como serão as provas do Enem 2014?
Serão quatro provas objetivas, contendo, cada uma, 45 questões de múltipla escolha, e uma
redação.
14 - Quais são as Áreas de Conhecimento e Componentes Curriculares avaliados no Enem?
Ciências Humanas e suas Tecnologias (História, Geografia, Filosofia e Sociologia); Ciências da
Natureza e suas Tecnologias (Química, Física e Biologia); Linguagens, Códigos e suas
Tecnologias e Redação (Língua Portuguesa, Literatura, Língua Estrangeira - Inglês ou
Espanhol, Artes, Educação Física e Tecnologias da Informação e Comunicação); Matemática e
suas Tecnologias (Matemática).
OBJETIVOS E UTILIZAÇÃO DOS RESULTADOS
37 - Qual a finalidade do Enem?
A finalidade primordial do Enem é a avaliação do desempenho escolar e acadêmico ao fim do
ensino médio. As informações obtidas a partir dos resultados do Enem são utilizadas para
acompanhamento da qualidade do ensino médio no País, na implementação de políticas
públicas, criação de referência nacional para o aperfeiçoamento dos currículos do ensino médio,
desenvolvimento de estudos e indicadores sobre a educação brasileira e estabelecimento de
critérios de acesso do participante a programas governamentais. O Enem serve também para a
constituição de parâmetros para a autoavaliação do participante, com vistas à continuidade de
sua formação e à sua inserção no mercado de trabalho.
38 - O Enem tem como objetivo o acesso à educação superior?
Essa não é a única, mas é uma das funções. O Enem tem sido usado com sucesso como
mecanismo de acesso à educação superior, tanto em programas do Ministério da Educação –
como o Sisu, o Sisutec, o Ciência sem Fronteiras e o Prouni –, quanto em financiamento
estudantil – Fies. Também tem sido utilizado em processos de governos estaduais e da
iniciativa privada.
39 - O Enem 2014 poderá ser usado para certificação no ensino médio?
Sim, a certificação é mais uma das possibilidades que o Exame oferece. Os participantes
maiores de 18 anos que ainda não concluíram a escolarização básica podem participar
do Enem e pleitear a certificação no ensino médio junto a uma das instituições que aderiram ao
processo – secretarias estaduais e institutos federais de educação. A lista das instituições
certificadoras consta no Anexo I do edital.
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ensino de História. Ano I- Volume I – Nº 2. Jul./dez. 2014. ISSN 2358-4971
(Disponível em < http://www.enem.inep.gov.br/duvidas-frequentes.html> Acesso em
20\08\2014.)
Elson da Silva Pereira Brasil ([email protected] )
Priscila Gusmão Andrade ([email protected] )
IDENTIDADES DO/NO BRASIL
Ao longo do tempo a humanidade vem
tentando se identificar de modo que se
distinga do resto das espécies animais. Esses
processos são historicamente construídos e
mudam de acordo com cada sociedade.
Mesmo dentro de uma mesma organização
social é possível haver vários discursos sobre
a mesma “identidade”.
A mesma pessoa pode se dizer de muitas
formas. Pode ter várias identidades, ou até
preferir dizer-se não pertencente às categorias
de identidade existente.
Em certos casos as identidades são formadas
para abarcar um grupo que se diz, ou é dito
como, minoria e ás vezes pode ser composto por indivíduos que não estão dentro de um
padrão normativo social. Esse grupo, por sua vez, acaba sendo discriminado quer por
sua cor, classe social, gênero, etnias, religiões ou qualquer outra característica que fuja
das normas sociais. No processo de formação da identidade de um grupo se busca
anular a identidade individual em beneficio do coletivo. Assim como mostra a figura 1,
um grupo menos favorecido pode receber mais benefícios para que, assim, possa estar
em condição de igualdade com os que o rodeiam.
Competência de área 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as
identidades.
Disponível In: http://1.bp.blogspot.com/-NB0-
hRBht2A/UUDsSO0MIpI/AAAAAAAADDA/J
KjqMpCrqeY/s640/37093_406201599455300_71
4291077_n.jpg , acesso em 09/05/2014.
Disponível In: http://www.falouepontofinal.com.br/2012/09/expressoes-populares-1.html#.U8nzZeNdXCl, acesso em 19/07/2014.
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Mas tem um tipo de identidade que há muito
tempo é motivo de debate em nosso país: a
identidade nacional. O Brasil desde 1822, quando
se tornou uma nação independente, vem buscando
criar para o país uma identidade nacional, ou seja, juntar em uma mesma representação
festas, costumes, modos de ser, entre outros elementos que definam o que é ser
brasileiro; que despertem nos brasileiros um sentimento de patriotismo e de defesa da
nação, ou seja, o próprio sentimento de pertença a uma nação é construído
historicamente, e nesse processo são incluídos e excluídos saberes e fazeres, em geral
das minorias. A literatura, por exemplo, é escolhida em alguns momentos para
representar a identidade de um país: se elegem personagens, obras literárias e autores e
se nomeiam a “cara” do Brasil. Nesses quase duzentos anos de Brasil independente o
país usou de muitos personagens da literatura, assim como de festas para tentar definir o
que é ser brasileiro.
Na literatura, Iracema (de 1865), a índia dos lábios de mel, do romance de José de
Alencar (1829-1877), por muito tempo representou uma dita passividade dos nativos do
Brasil que teriam se entregue de corpo e alma aos colonizadores europeus que aqui
chegaram, no século XVI. Macunaíma (de 1928), personagem de Mário de Andrade
(1893-1945) é a proposta de representação do brasileiro pelos modernistas1, um
personagem sem disposição ao trabalho ou à rotina que busca dar um jeitinho para
resolver algumas situações em que se envolve na cidade grande em busca de seu
muiraquitã. Macuíma também representa um momento da história nacional em que
alguns intelectuais vão tomar o índio como legitimo representante da identidade
nacional, como a essência, a verdadeira brasilidade.
O Estado Novo representou a relação entre os índios e o Estado-nação numa
ótica romântica. Em 1934, consagrando um ícone cultural, Vargas decretou
que o dia 19 abril seria o Dia do Índio. Nos anos seguintes, o Dia do Índio
1 Modernistas são os artistas envolvidos no movimento artístico e cultural no país no início do século XX.
O modernismo no Brasil é marcado pela Semana de Arte Moderna de 1922. Saiba mais em:
http://www.mac.usp.br/mac/templates/projetos/seculoxx/modulo2/modernismo/index.html (acesso em
19/07/2014).
Disponível In:
http://kilombagem.org/wordpress/wp-
content/uploads/2013/03/UFJF-imagem.jpg ,
acesso em 09/05/2014.
8 CADERNOS DIDÁTICOS PET HISTÓRIA UFCG - Ciências Humanas e suas tecnologias: novas sensibilidades para pensar o
ensino de História. Ano I- Volume I – Nº 2. Jul./dez. 2014. ISSN 2358-4971
ocasionou numerosos eventos culturais e cerimônias públicas. Numa
verdadeira blitz, o Estado organizou exibições em museus, programas de
rádio, discursos e filmes sobre o índio - tudo isso com assistência do DIP.
(GARFIELD, 2000, p. 18).
Esses dois personagens, Iracema e Macunaíma, de épocas históricas diferentes foram
apropriados para dizer o que era o brasileiro. Isso não significa que exista um modo
único de ser brasileiro, mas que em cada momento as pessoas pensaram e escreveram o
ser brasileiro do modo que sua época permitia. Nós, no presente, não podemos julgar
esses modelos como certos ou errados, apenas tentar compreender sua construção.
Em meados do século XX outra forma de
representar a identidade nacional entrou em
evidência. Um caso no qual a literatura tenta
abarcar um personagem que represente a identidade nacional partindo de um olhar
regional, é o caso de João Grilo, personagem de O Auto da compadecida (de 1955) obra
de Ariano Suassuna (1928). O autor propõe uma identidade do brasileiro partindo do
seu olhar sobre os personagens dos sertões nordestinos. O personagem João Grilo,
embora tenha disposição ao trabalho, consegue burlar algumas situações, inclusive sua
ida quase certa ao inferno. Mas é possível localizar em cada personagem diferenças
quanto à forma de pensar a brasilidade. João Grilo aparece não mais como representante
de um país inteiro, mas como o representante de uma região. Se antes se buscava dizer
um tipo que representava a nação brasileira, neste momento Ariano Suassuna buscou
pensar uma identidade baseada nos tipos regionais. Mas, e no presente, como andam as
representações de nossa brasilidade?
Roberto da Matta (2004) antropólogo contemporâneo aponta algumas dessas
características como constituintes de nossas identidades no presente: a falta de cuidado
com o público, pouco engajamento político e uma corrupção que estaria presente em
nossas práticas diárias como: apropriação indevida de
coisas públicas, filar na prova, jogar lixo na rua, entre
outras.
“No duelo entre esses dois campeões,
fazemos voto para que o entrudo morra
de uma vez”. Revista Ilustrada, 1881.
In:
http://devotosdodragao.ucoz.com/index/
entrudo/0-8, acesso em 13/04/2014.
Disponível
,http://gilmaronline.zip.net/arch2011-
03-01_2011-03-31.html > Acesso em
13/04/2014.
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ensino de História. Ano I- Volume I – Nº 2. Jul./dez. 2014. ISSN 2358-4971
REFLEXÃO
Festas e identidade(s): o Carnaval
Um dos elementos usados para criar a identidade de uma nação são suas festas. No
Brasil uma das festas mais populares é o carnaval. Quem nunca ouviu a frase “No Brasil
o ano só começa depois do carnaval”? O carnaval é tido como a festa do samba, do axé
e do frevo, mas será que apenas esses ritmos são tocados em nossos carnavais? Caso
seja, como é o caso do frevo em Olinda - PE, como um único ritmo pode ser tocado em
uma festa caracterizada pela diversidade?
As nossas festas são uma demonstração da diversidade das identidades, assim como da
mistura de códigos e culturas em um mesmo espaço. O Carnaval pode ser pensado
como uma festa que alguns tomamos como representativa do que somos. Festa presente
no Brasil desde quando o país era uma colônia de Portugal, se caracteriza pela
diversidade com que é comemorada nas diferentes regiões do país. Atualmente as festas
nas cidades de Salvador, Olinda e Rio de Janeiro ocupam espaço na mídia, sendo
tomadas como as maiores do país.
No Rio de Janeiro as escolas de samba ganham destaque, sendo elemento identitário
destacado na mídia, como característica do carnaval carioca e uma tentativa de
representação da nação. Em Salvador o axé é o ritmo que toma conta nas representações
sobre o carnaval baiano.
Em Olinda-Recife é o frevo que é reina como ritmo
do carnaval, assim uma mesma festa é embalada por
ritmos diferentes. Mas além desses ritmos, outros
também podem compor o carnaval.
Não apenas de ritmos e sons é feito o carnaval
brasileiro, cada região, estado e cidade dá um toque
especial a essa data, algumas optam por não celebrar
a festa e aproveitar a data para promover debates
místicos, filosóficos, acadêmicos, encontros
religiosos, entre outros, é o caso do Encontro para a
Nova Consciência que ocorre sempre no período de
Carnaval em Campina Grande-PB.
Carnaval sem mela mela não existe. In:
http://lenilsonazevedo.com/?p=9062,
acesso em 13/04/2013.
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ensino de História. Ano I- Volume I – Nº 2. Jul./dez. 2014. ISSN 2358-4971
(Disponível em:< http://amaivos.uol.com.br/amaivos09
/noticia/noticia.asp?cod_canal=44&c
od_noticia=22765 >, acessado em:
30/04/2014).
Outra marca história do carnaval brasileiro é, para alguns, a fama de, durante os dias de
festa, reinar a permissividade. É permitido trair, andar seminu, homem pode vestir-se de
mulher. Mas será que é apenas no Carnaval que essas identidades de gênero, de raça ou
de classe social, ou quaisquer outras, entram em crise? Ou será que estamos passando
por um momento em que esses modelos enfrentam uma crise?
Não se engane em pensar que o carnaval é desprovido de disputas políticas e sociais.
Historicamente no Brasil o carnaval é fruto de discursos que pretenderam pretendem
controlar as formas de divertimento do povo. Um exemplo foram os conflitos entre as
associações carnavalescas no Rio de Janeiro do século XIX que buscavam combater o
entrudo2. No entrudo as pessoas costumavam sair às ruas jogando farinha e bolinhas de
cera contendo água, urina ou outros líquidos. Com a adesão aos costumes burgueses e à
modernidade, as associações carnavalescas buscam domesticar a festa e travam um
verdadeiro combate nos meios impressos até legitimar um modo de festejar o carnaval
com confete e serpentina. Mas, mesmo assim, em algumas regiões do país o costume de
se melar permanece até o presente. O mela-mela que ainda ocorre em alguns carnavais
de rua é reminiscência dessa prática.
TEXTO DE APOIO
A escravidão e as conquistas negras
Uma das características fundamentais do
sistema escravista era a prioridade jurídica
sobre o trabalhador cativo. Sendo assim, o
homem escravizado era subordinado a outro
ser humano.
Ao tornar-se propriedade privada, o escravo
perdia a sua humanidade?
(APOLINÁRIO, 2007. p.32).
A escravidão negra se iniciou no Brasil durante o
período em que o país ainda era colônia de Portugal,
foi uma experiência de longa duração (se iniciando
com a vinda dos primeiros africanos na primeira
metade do séc. XVI e terminando oficialmente em
1888, com a lei Áurea) deixando profundas marcas
na sociedade brasileira.
O trabalho do negro escravizado foi utilizado nas plantações de cana-de-açúcar no
Nordeste brasileiro, nas lavouras de café do interior paulista, nas minas de ouro de
Minas Gerais, nas cozinhas das casas grandes dos fazendeiros brasileiros, nas casas dos
2 Entrudo pode ser definido como uma série de jogos e brincadeiras populares, introduzidas no Brasil
pelos portugueses no século XVI, que também foram associadas ao carnaval brasileiro. Pode ser
considerado como a fase de gestação do carnaval popular de rua. (Disponível in:
http://www.suapesquisa.com/carnaval/entrudo.htm, acesso em 19/07/2014).
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ensino de História. Ano I- Volume I – Nº 2. Jul./dez. 2014. ISSN 2358-4971
brasileiros de classe média, etc. A escravidão estava, assim, acoplada à sociedade
brasileira no período colonial e em boa parte do período imperial, estando ligada não
apenas ao aspecto econômico como também aos aspectos político e cultural.
Ser escravo significava ser propriedade de outra pessoa, escravizar era tornar o ser
humano um objeto passível de venda, empréstimo, aluguel, hipoteca, etc. Mas essa
característica mercantil fazia o homem escravizado perder sua subjetividade de ser
humano? Fazia o individuo de fato tornar-se um objeto inanimado e sem vontades,
pensamentos e identidade própria?
Devemos ter em mente que não. Por ser escravo, o negro não deixava de possuir
vontades e sentimentos. Não deixava também de se revoltar contra o sistema ao qual
estava sujeito e de protagonizar diversas resistências contra as crueldades que o sistema
escravocrata impunha contra os mesmos. Vejamos o que Albuquerque coloca a esse
respeito:
Onde quer que o trabalho escravo tenha existido, senhores e governantes foram
regularmente surpreendidos com a resistência escrava. No Brasil, tal resistência assumiu
diversas formas. A desobediência sistemática, a lentidão na execução das tarefas, a
sabotagem da produção e as fugas individuais ou coletivas foram algumas delas. Fugir
sempre fazia parte dos planos dos escravos.
Os cativos fugiam por vários motivos e para muitos destinos. Castigo, trabalho
excessivo, pouco tempo para o lazer, desagregação familiar, impossibilidade de ter a
própria roça e, é obvio, o simples desejo de liberdade eram as razões mais freqüentes
que os levavam a escapar dos senhores. (ALBUQUERQUE, 2006, p. 117).
Percebemos assim que a escravidão não excluiu as identidades dos que foram
escravizados e que diversas maneiras foram encontradas pelos negros para resistir à
realidade que lhes estava imposta. Mas os problemas para esse grupo não se encerram
com a abolição da escravatura. Inúmeras foram as dificuldades sociais que os negros
enfrentaram após a liberdade e numerosos foram os preconceitos que se mantiveram
contra a sua figura.
Após a abolição não houve uma política de integração dos negros ex-escravos à
sociedade e ao mundo do trabalho, havendo assim uma marginalização desse grupo,
devido ao preconceito que sofria por ser negro e ex-escravo.
O preconceito contra os negros se manteve com os anos que se passaram, apesar da tese
sociológica de Gilberto Freire, em seu livro Casa Grande e Senzala, conhecida como
mito da democracia racial, na qual o autor vai dizer que o Brasil é um país miscigenado
(entre branco, negro e índio) e que o mestiço é o tipo do brasileiro.
Nos anos 1930, a Frente Negra Brasileira3 (FNB) chamou a atenção, a partir de jornais
e congressos, para os problemas que afligiam a população de cor, nos anos 1940 o
Teatro Experimental do Negro4 denunciou as práticas racistas a partir do teatro, já na
3 A frente negra brasileira foi um movimento social fundado em 16 de setembro de 1931 e que durou até
1937. Tinha como propósito lutar pelo direito dos afrodescendentes brasileiros. 4 O teatro experimental do negro, foi fundado em 1944 e durou até 1961, tinha como intenção a
valorização do negro no teatro e a criação de uma nova dramaturgia. Para saber mais sobre, acessar:
12 CADERNOS DIDÁTICOS PET HISTÓRIA UFCG - Ciências Humanas e suas tecnologias: novas sensibilidades para pensar o
ensino de História. Ano I- Volume I – Nº 2. Jul./dez. 2014. ISSN 2358-4971
década de 1990 houve um período mais promissor de participação política para a
sociedade civil e uma maior força para os movimentos sociais ligados a bandeiras
ideológicas, incluindo o Movimento Negro (Movimento Negro Unificado – MNU),
havendo uma maior luta contra a opressão racial, o alto índice de desemprego da
população negra, a violência policial, etc. (SANTOS, s.d., p.6).
A partir desse momento houve uma maior atenção direcionada aos problemas das
minorias étnicas, incluindo os negros. Uma das conquistas do MNU foi a lei 10.639/03,
que estabelece a inclusão da história da África e das culturas afro-brasileiras no
conteúdo programático do ensino fundamental das escolas brasileiras. Essa lei sofre
uma expansão com a Lei 11.645/08 que inclui nos conteúdos das escolas além da
temática negra, a indígena. A intenção dessas leis é contribuir para a mudança do
imaginário social brasileiro sobre a população negra e a indígena, um esforço para
diminuir o preconceito racial.
APRENDA FAZENDO...
ENEM 2013, questão 01
No final do século XIX, as grandes sociedades carnavalescas alcançaram ampla
popularidade entres os foliões cariocas. Tais sociedades cultivavam um pretensioso
objetivo em relação à comemoração carnavalesca em si mesma: com seus desfiles de
carros enfeitados pelas principais ruas da cidade, pretendiam abolir o entrudo
(brincadeira que consistia em jogar água nos foliões) e outras práticas difundidas entre a
população desde os tempos coloniais, substituindo-os por formas de diversão que
consideravam mais civilizadas, inspiradas nos carnavais de Veneza. Contudo, ninguém
parecia disposto a abrir mão de suas diversões para assistir ao carnaval das sociedades.
O entrudo, na visão dos seus animados praticantes, poderiam coexistir perfeitamente
com os desfiles. PEREIRA, C.S. Os senhores da alegria: a presença das mulheres nas Grandes Sociedades carnavalescas cariocas em
fins do século XIX. In: CUNHA, M.C.P. Carnavais e outras frestas: ensaios de história social da cultura.
Campinas: Unicamp; Cecult, 2002 (adaptado).
Manifestações culturais como o carnaval também têm sua própria história, sendo
constantemente reinventadas ao longo do tempo. A atuação das grandes sociedades,
descritas no texto, mostra que o carnaval representava um momento em que:
a) Distinções sociais eram deixadas de lado em nome da celebração.
b) Aspirações cosmopolitas de elite impediam a realização da festa fora dos clubes.
c) Liberdades individuais eram extintas pelas regras das autoridades públicas.
d) Tradições populares se transformavam em matéria de disputas sociais.
e) Perseguições policiais tinham caráter xenófobo por repudiarem tradições estrangeiras.
ENEM 2010, questão 02
http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_teatro/index.cfm?fuseaction=cias_biografia&cd
_verbete=649, acessado em 22/07/2014.
13 CADERNOS DIDÁTICOS PET HISTÓRIA UFCG - Ciências Humanas e suas tecnologias: novas sensibilidades para pensar o
ensino de História. Ano I- Volume I – Nº 2. Jul./dez. 2014. ISSN 2358-4971
Negro, filho de escrava e fidalgo português, o baiano Luiz Gama fez da lei e das letras
suas armas na luta pela liberdade. Foi vendido ilegalmente como escravo pelo seu pai
para cobrir dívidas de jogo. Sabendo ler e escrever, aos 18 anos de idade conseguiu
provas que havia nascido livre. Autodidata, advogado sem diploma, fez do direito o seu
ofício e transformou-se, em pouco tempo, em proeminente advogado da causa
abolicionista. AZEVEDO, E. O Orfeu de carapinha. In: Revista de História. Ano 1, nº3. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, jan.
2014 (adaptado).
A conquista da liberdade pelos afro-brasileiros na segunda metade do séc. XIX foi
resultado de importantes lutas sociais condicionadas historicamente. A biografia de Luiz
Gama exemplifica a
a) Impossibilidade de ascensão social do negro forro em uma sociedade escravocrata,
mesmo sendo alfabetizado.
b) Extrema dificuldade de projeção dos intelectuais negros nesse contexto e a utilização
do Direito como canal de luta pela liberdade.
c) Rigidez de uma sociedade, assentada na escravidão, que inviabiliza os mecanismos
de ação social.
d) Possibilidade de ascensão social, viabilizada pelo apoio das elites dominantes, a um
mestiço filho de pai português.
e) Troca de favores entre um representante negro e a elite agraria escravista que outorga
o direito advocatício ao mesmo.
SAIBA MAIS
Site:
Videoteca do CPFL – Cultura
Aqui você vai encontra professor@s de Universidades renomadas
do Brasil e do Mundo falando sobre temas como identidade,
cultura, história e outras questões da contemporaneidade.
Em especial indicamos os programas:
Feminilidades e pós-modernidade | Guacira Lopes Louro
(http://www.cpflcultura.com.br/wp/2009/10/28/feminilidades-e-
pos-modernidade-guacira-lopes-louro/, acesso em 13/04/2014).
Entre a luxúria e o pudor | Paulo Sérgio do Carmo
(http://www.cpflcultura.com.br/wp/2012/06/29/entre-a-luxuria-e-o-
pudor-cem-anos-de-vida-sexual-dos-brasileiros-paulo-sergio-do-
carmo/, acesso em 13/04/2014).
O mito da raça: em busca da pureza – Demétrio Magnoli (http://www.cpflcultura.com.br/wp/2011/05/10/o-mito-da-raca-em-
busca-da-pureza-demetrio-magnoli-2/, acesso em 13/04/2014).
Site:
Site do Instituto Luiz Gama – Site do Instituto Luiz Gama é uma
associação sem fins lucrativos, formada por um grupo de militantes
de movimentos sociais que atua na defesa de causas populares.
http://institutoluizgama.org.br/portal/, acessado em 08/05/2014.
14 CADERNOS DIDÁTICOS PET HISTÓRIA UFCG - Ciências Humanas e suas tecnologias: novas sensibilidades para pensar o
ensino de História. Ano I- Volume I – Nº 2. Jul./dez. 2014. ISSN 2358-4971
Livro:
Memórias do Cativeiro: família, trabalho e cidadania na pós-
abolição – Livro escrito a partir da experiência de ex-escravos
brasileiros, que trabalharam principalmente no antigo sudoeste
cafeeiro, contando a experiência coletiva e individual dessas
pessoas.
Filme:
Memórias do Cativeiro - Filme de 2005, dirigido por Guilherme
Fernandez e Isabel Castro, feito a partir do acervo oral do Labhoi e
com roteiro baseado em livro de mesmo nome.
Para assistir ao filme, acessar:
http://ufftube.uff.br/video/M2GWDYGDBYU7/Mem%C3%B3rias-
do-Cativeiro, acessado em 08/05/2014.
RESPOSTAS COMENTADAS
Questão 01
A questão pede que se perceba como a tradição popular de celebrar o entrudo, à medida
que ganha visibilidade, passa a ser motivo de conflitos e disputas sociais. No contexto
de fins do século XIX era muito forte no Brasil a vontade de parecer com a Europa, para
tanto era preciso disciplinar algumas práticas tradicionais que fugiam dos padrões
europeus. As outras alternativas não condizem com o texto base ou com a época a qual
o mesmo se refere, logo acabam sendo incorretas com o que o item pede.
Alternativa correta: Letra D.
Questão 02
A vida do abolicionista Luiz Gama indica possibilidade, embora muito limitada, de
ascensão social do negro no Brasil imperial e, ao mesmo tempo, revela a importância do
Direito e de alguns advogados na luta pelo fim da escravidão no país.
As demais alternativas não estão necessariamente erradas, mas a dificuldade de
ascensão dos negros na sociedade da época é a alternativa que mais se aproxima do
texto proposto para a questão.
Alternativa correta: Letra B.
REFERÊNCIAS
15 CADERNOS DIDÁTICOS PET HISTÓRIA UFCG - Ciências Humanas e suas tecnologias: novas sensibilidades para pensar o
ensino de História. Ano I- Volume I – Nº 2. Jul./dez. 2014. ISSN 2358-4971
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Fundação Cultural Palmares, 2006.
ALENCAR, José de. Iracema. 2ª ed. crítica de M. Cavalcanti Proença. São Paulo: ed.
Da USP/EDUSP, 1979.
ANDRADE, Mário de. Macunaíma. Ed. crítica coord. por Telê P. Ancona Lopez.
Paris, Association Archives de la Littérature latino-américaine, des Caraibes e africaine
du Xxe. Siècle; Brasília, CNPQ, 1988. (Col. Arquivos, 6)
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Goiania: Kelps, 2007.
BAUMAN, Zygmunt. Identidade. Tradução de Carlos Alberto Medeiros. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2005.
GARFIELD, Seth. As raízes de uma planta que hoje é o Brasil: os índios e o Estado-
Nação na era Vargas. Rev. bras. Hist.[online]. 2000, vol.20, n.39, pp. 13-36. ISSN
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HALL, Stuart. A identidade cultural na pós – modernidade. 11. Ed. Rio de Janeiro:
DP&A, 2006.
MATTA. Roberto. O modo de navegação social: a malandragem, o “jeitinho” e o “você
sabe com quem está falando?” In: DA MATTA, Roberto. O que é o Brasil? Rio de
Janeiro: Rocco, 2004. P. 13-20.
SANTOS, Márcio Andre de. Negritudes posicionadas: as muitas formas da identidade
negra no Brasil. Artigo cientifico, encontrado em:
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SUASSUNA, Ariano. O Auto da Compadecida. 34 ed. Rio de Janeiro: Agir, 2002.
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http://www.brasilcultura.com.br/antropologia/mulher-e-carnaval/, acesso em
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no-brasil.htm, acesso em 11/04/2014.
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HISTÓRIA DO CARNAVAL - Monique Cardoso. In:
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Kilombagem: http://kilombagem.org/, Acesso em 19/07/2014.
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http://www.mac.usp.br/mac/templates/projetos/seculoxx/modulo2/modernismo/index.ht
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13/04/2014.
16 CADERNOS DIDÁTICOS PET HISTÓRIA UFCG - Ciências Humanas e suas tecnologias: novas sensibilidades para pensar o
ensino de História. Ano I- Volume I – Nº 2. Jul./dez. 2014. ISSN 2358-4971
Competência de área 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e
valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo uma
atuação consciente do indivíduo na sociedade.
Ana Carolina Monteiro Paiva ([email protected] )
Jonathan Vilar dos S. Leite([email protected] )
PARA COMEÇAR A HISTÓRIA
O HOMEM E O ESPAÇO GEOGRÁFICO
Você consegue identificar o que essas três imagens tem em comum? É simples, todas
estão diretamente ligadas a conceitos bastante utilizados na Geografia e História: espaço
e território. De acordo com o geógrafo Milton Santos, é difícil atribuir uma definição
única para a categoria espaço, pois qualquer conceituação não é fixa, imutável, mas
Autoridades negociam com os índios da aldeia Maracanã sobre a desocupação do prédio para a
revitalização de um complexo esportivo. Disponível
em: < http://www.portalguaira.com/PG/wp-content/uploads/2013/03/indio2.jpg> Acesso em: 15 de
abr. 2014.
Chuva ameaça 128 mil pessoas em moradias de ocupação irregular da área, em Manaus. Disponível
em: < http://acritica.uol.com.br/manaus/Chuva-
ameaca-pessoas-risco-Manaus_0_1110488944.html>
Acesso em: 15 de abr. 2014.
Vista panorâmica da cidade de São Paulo – SP, Brasil. Classificada pelo IBGE como uma das metrópoles
globais. Disponível em:
<http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/t
vmultimidia/imagens/geografia/4saopaulo.jpg> Acesso em: 15 de abr. 2014.
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flexível, sujeita a mudanças ao longo da história, ganhando novos significados de
acordo com o contexto em que está inserida. Assim, o espaço corresponde às
transformações sociais feitas pelos seres humanos, e pode ser compreendido
principalmente por dois pontos: o espaço humano (morada do homem) e o espaço
geográfico (organizado pelo homem para produção). O espaço pode ser organizado de
diversas formas: pela divisão social do trabalho, urbanização, migrações, fatores
econômicos e sociais, entre outros. O território utilizado pelo povo seria aquele que se
transformaria na noção de espaço, pois por território se entende uma ideia de
delimitação, uma área fixada construída e desconstruída pelas relações de poder. Essa
representação dos diferentes territórios está presente em nosso cotidiano, desde a mais
simples cerca ou muro da sua casa que delimita seu território, até o território da aldeia
Maracanã, a qual os índios se apropriaram como símbolo de sua resistência perante a
desapropriação de suas verdadeiras terras para atender às necessidades do governo.
Alguns estudiosos partem do pressuposto de que são as relações de poder entre
“dominantes” e “dominados” que ditam o ritmo dessas divisões de espaço e território ao
longo do tempo e que isso historicamente possui um significado maior. Essa visão está
muito forte nos estudos sobre as questões de espaço, território e territorialidade sendo
mais defendida pelo viés marxista. Para exemplificar melhor essa relação não tomando
os “dominantes” e os “dominados”, mas levando em consideração que havia uma
relação de poder entre classes, vamos observar o caso do processo de colonização do
Brasil (a relação metrópole-colônia): o Brasil, no seu papel de colônia, era totalmente
dependente de sua metrópole Portugal.
O território do Brasil passou por um processo em que envolvia muitos tratados, acordos,
nos quais Portugal visava demarcar, limitar, criar fronteiras que foram acordadas com
outros países. Essa apropriação do território brasileiro ia além de uma posse de terra,
mexia também com o imaginário tanto dos nativos (submissos à Portugal) como dos
colonizadores (superiores, civilizados). Outros exemplos são as divisões regionais do
Brasil (Norte, Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste), uma divisão que leva em
consideração aspectos climáticos (uma região de clima tropical, outra de clima mais
ameno e etc), culturais (uma região que tenha práticas culturais em comum, como na
região amazônica que forma um conjunto cultural que representa a identidade daqueles
ali nascidos), econômicos (uma região onde a produção de café é mais intensa, outra em
que o ouro predomina, formando complexos econômicos). As próprias divisões
regionais dentro de uma cidade (zona sul, zona norte, zona leste...) também possuem um
significado dentro da própria sociedade: são divisões que na maioria das vezes são
determinadas por questões econômicas, como, por exemplo, uma antiga noção de que as
casas construídas próximo ao mar, litoral, seriam de pessoas com alto poder aquisitivo.
Porém, essa concepção vem se transformando devido à ascensão da classe média que
cada vez mais conquista seu lugar.
Assim, também é necessário comparar o significado histórico da formação dos
diferentes espaços. Para isso, deve-se entender que os espaços geográficos são
dinâmicos, ou seja, estão sempre em constante mudança devido aos processos
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migratórios. Provavelmente você já ouviu falar de uma pessoa próxima ou algum
conhecido que se mudou para outra cidade para trabalhar: isso faz parte do processo de
migração, um fluxo populacional atraído para um centro econômico em
desenvolvimento que pode proporcionar uma ascensão econômica e social para o
sujeito. São várias as cidades que atraem esse fluxo, porém quando se trata de migração
é inevitável não citarmos a metrópole global responsável pela grande quantidade de
pessoas que saem de sua terra natal para se destinarem a ela: São Paulo.
Os processos imigratórios também contribuem para o aumento populacional das grandes
cidades, como visto na charge.
Deve-se compreender que o que leva as pessoas a morarem em uma zona de risco são aspectos
econômicos e sociais, como a má distribuição de terra, um problema antigo no Brasil.
REFLEXÃO
Disponível em:
<http://2.bp.blogspot.com/_aJT3I8ICB-
8/TE_rvyZ5KzI/AAAAAAAAA9Q/4uYI3dIB
AD4/s1600/charge-imigrantes.jpg> Acesso
em: 19 mai. 2014.
Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/-
Wmj689NYuyg/Tsht70wQpRI/AAAAAAA
AAR4/Yg187IL-VKo/s1600/charge.gif>
Acesso em: 19 mai. 2014.
19 CADERNOS DIDÁTICOS PET HISTÓRIA UFCG - Ciências Humanas e suas tecnologias: novas sensibilidades para pensar o
ensino de História. Ano I- Volume I – Nº 2. Jul./dez. 2014. ISSN 2358-4971
Uma questão atual que tem despertado preocupação no cenário político internacional e
que tem gerado tensão na relação de vários países do globo é a crise na Crimeia.
Após um mês da destituição do presidente ucraniano Viktor Yanukovych em Maio de
2014 - aliado de Moscou –, a Rússia iniciou uma marcha em direção à região da
Crimeia, pertencente originalmente à Ucrânia – país independente e desanexado da
antiga União Soviética desde 1991 na tentativa de intervir e tomar posse destas terras
novamente (tendo em vista que até 1954 a Crimeia pertencia à URSS).
A Crimeia é uma península que fica ao sul da Ucrânia e dá acesso a todo o Mar Negro,
servindo também como ótimo ponto portuário para escoamento e fluxo neste local.
Mesmo após a independência da Ucrânia, em 1991, a Rússia ainda possui certa
influência lá, com base naval de livre acesso em Sevastopol, além da grande presença de
russos (cerca de 60%) na Crimeia como também o fato de cerca de metade de toda a
Ucrânia (principalmente a metade leste) falar russo. Todavia a influência russa passou a
se comprometer justamente após a retirada do presidente Viktor Yanukovych do poder
para dar lugar a Oleksandr Turchynov. Essa troca de presidente provocou uma série de
medidas políticas que tornaram as relações entre Rússia e Ucrânia mais tensas. Por um
lado os russos perderam um forte aliado na ampliação de sua influência política, o
Viktor, que foi substituído por um presidente que agora simpatiza com a União
Europeia e tem políticas mais congruentes com a política oeste europeia do que leste
europeias (leia-se aqui, russa).
Representada pela figura de Vladmir Putin, a Rússia se viu de certa forma ofendida com
o novo governo e as novas medidas políticas e decidiu ocupar regiões fronteiriças e a
Crimeia no intento de retomar esta última alegando que lá existe maioria russa e que
inclusive muitos deles – de fato – apoiam a reintegração com seus antigos governantes
por se sentirem constitucionalmente mais protegidos e culturalmente mais identificados.
Por fim esta tensão entre Ucrânia e Rússia tem chamado atenção da União Europeia que
já está ao lado da Ucrânia e também dos EUA que quase interferiu diretamente neste
conflito em favor da Ucrânia. Ambos exigem a retirada do exército russo das fronteiras
do leste e da região da Crimeia para evitar maiores intervenções e até mesmo o início de
uma possível guerra. Dia 19 de maio de 2014 Putin ordenou que as tropas evacuassem,
entretanto Otan e EUA, querem provas concretas de que esta desocupação está sendo
consolidada, pois afirmam que
ainda há tropas em várias
localidades.
TEXTO DE APOIO
Disponível em:
<http://4.bp.blogspot.com/_UxXEnLA9NJk/S_-
z5EVWGKI/AAAAAAAAAqQ/dm9eEOzwifk/s
1600/Charge+para+desmatamento.jpg> Acesso
em: 19 mai. 2014.
Crise na Criméia: manifestantes pró-rússia formam uma barricada. Disponível em:
<http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2014/03/19/crise-na-crimeia-pode-reacender-
conflitos-adormecidos-na-europa.htm> Acesso em: 15 de abr. 2014.
20 CADERNOS DIDÁTICOS PET HISTÓRIA UFCG - Ciências Humanas e suas tecnologias: novas sensibilidades para pensar o
ensino de História. Ano I- Volume I – Nº 2. Jul./dez. 2014. ISSN 2358-4971
Devido ao avanço tecnológico, o ser humano se utilizou de uma série de mecanismos
para facilitar a manipulação dos elementos da natureza, transformando-a em um espaço
de exploração. Máquinas, equipamentos e grandes estruturas facilitaram a vida do ser
humano, dinamizando o processo de exploração dos recursos minerais, energéticos
(como a construção de usinas hidrelétricas) e da produção agropecuária.
Tanto na extração mineral como na extração energética, grandes fontes de riqueza, o
espaço geográfico é bastante explorado, o que acaba levando a profundos impactos que
podem ser vistos agora ou daqui a alguns anos.
A extração mineral lida diretamente com o solo, o que provoca processos de erosão e
esgotamento. Já a construção de usinas hidrelétricas para a obtenção de energia, por
exemplo, altera o curso dos rios e modifica toda a estrutura da comunidade local que
depende do rio para sobreviver, a exemplo dos indígenas e das comunidades ribeirinhas.
Essas constantes intervenções humanas no espaço causam uma infinidade de
degradação que se volta contra o homem. Além das já citadas, o aquecimento global, o
efeito estufa e a escassez de água merecem destaque.
Essa busca do homem pela exploração da natureza para obter seu sustento não é nova,
pode ser vista em muitos momentos da história. Porém, a busca sem limites, uma
exploração irracional dos recursos leva a consequências que comprometem a natureza e
a própria vida do homem na Terra.
“(...) Doce morada bela, rica e única,
Dilapidada só como se fôsseis
A mina da fortuna econômica,
A fonte eterna de energias fósseis,
O que será, com mais alguns graus Celsius,
De um rio, uma baía ou um recife,
Ou um ilhéu ao léu clamando aos céus, se os
Mares subirem muito, em Tenerife?
E dos sem-água, o que será de cada súplica,
De cada rogo
É fogo... é fogo...”
Usina Belo Monte, Xingu. Disponível em:
<http://veja.abril.com.br/assets/images/2013/
1/122267/usina-belo-monte-20130124-0061-size-620.jpg?1359072664> Acesso em: 15 de
abr. 2014.
21 CADERNOS DIDÁTICOS PET HISTÓRIA UFCG - Ciências Humanas e suas tecnologias: novas sensibilidades para pensar o
ensino de História. Ano I- Volume I – Nº 2. Jul./dez. 2014. ISSN 2358-4971
Disponível em: < http://letras.mus.br/lenine/e-fogo/> Acesso em: 19 mai. 2014.
APRENDA FAZENDO
QUESTÃO 07 – ENEM 2013
Um gigante da indústria da internet, em gesto simbólico, mudou o tratamento que
conferia à sua página palestina. O site de buscas alterou sua página quando acessada da
Cisjordânia. Em vez de “territórios palestinos”, a empresa escreve agora “Palestina”
logo abaixo do logotipo.
BERCITO, D. Google muda tratamento dos territórios palestinos. Folha de S. Paulo. 4 de Maio de
2013(Adaptado).
O gesto simbólico sinalizado pela mudança no status dos territórios palestinos significa:
a) Surgimento de um país binacional.
b) Fortalecimento de movimentos antissemitas.
c) Esvaziamento de assentamentos judaicos.
d) Reconhecimento de uma autoridade jurídica.
e) Estabelecimento de fronteiras nacionais.
QUESTÃO 07 – ENEM 2013
Nos últimos decênios, o território conhece grandes mudanças em função de acréscimos
técnicos que renovam a sua materialidade, como resultado e condição ao mesmo tempo,
dos processos econômicos e sociais em curso.
SANTOS, M.; SILVEIRA; M.L. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. Rio de
Janeiro: Record, 2004 (adaptado).
A partir da última década, verifica-se a ocorrência no Brasil de alterações significativas
no território, ocasionando impactos sociais, culturais e econômicos sobre comunidades
locais, e com maior intensidade, na Amazônia Legal, com a:
a) Reforma e ampliação dos aeroportos nas capitais dos estados.
b) Ampliação de estádios de futebol para a realização de eventos esportivos.
c) Construção de usinas hidrelétricas sobre os rios Tocantins, Xingu e Madeira.
d) Instalação de cabos para a formação de uma rede informatizada de
comunicação.
e) Formação de uma infraestrutura de torres que permite a comunicação móvel
na região
22
Ano I- Volume I – Nº 2 – jul./dez. 2014 ISSN 2358-4971
SAIBA MAIS
VÍDEOS
Vídeos sobre geopolítica e território com o professor James
Carvalho, em que este aborda de maneira didática e prática
para você ficar por dentro dos assuntos concernentes à
Competência 02 do ENEM e suas habilidades. Video-aula
dividida em duas partes. Disponível em: Parte 1
<https://www.youtube.com/watch?v=bydW7S5laOw e Parte 2:
<https://www.youtube.com/watch?v=AtsXwl8apZU> Acesso em: 14 de
abr. 2014.
Vídeo sobre crise política na Ucrânia, elaborado pelo
professor Samir Lahoud, do canal “O QUE ROLOU” que
fala sobre o atual conflito na região da Crimeia e suas
implicações na política internacional, sua motivações e
possíveis consequências. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=7y19CjchzXA>
Acesso em: 14 de abr. 2014.
SITE
Site que trás dados sobre a construção da usina de Belo
Monte e as diversas implicações que giram em torno desta
questão, desde a relação com comunidades indígenas das
proximidades q aos impactos ambientais no local. Disponível em: <http://www.brasiloeste.com.br/especiais/usina-de-
belo-monte/> Acesso em: 14 de abr. 2014.
RESPOSTAS COMENTADAS
QUESTÃO 07 – ENEM 2013
A situação-problema da pergunta é sobre a situação da Palestina frente à ocupação de Israel,
conflito esse que se iniciou na metade do século passado e se arrasta até hoje. Até o final da
Segunda Guerra Mundial, os territórios palestinos eram de domínio da Coroa britânica em
razão do processo que foi denominado de “Neocolonialismo do século XIX”, impulsionado
pela busca por parte da Europa de matérias primas e mercado consumidor na Ásia e África,
que estava em plena Revolução Industrial. Ao término da Segunda Guerra, os judeus
receberam territórios para fundar o seu Estado por parte da Inglaterra, sendo utilizadas as
terras que já eram inglesas. E estes territórios doados foram justamente na região da Palestina.
Desta forma, estas terras foram doadas aos judeus para lá criarem o seu sonhado país. Esta
23
Ano I- Volume I – Nº 2 – jul./dez. 2014 ISSN 2358-4971
transferência de territórios por parte da Inglaterra para a criação do Estado de Israel pode ser
vista como uma forma de desculpas por parte da Europa frente ao genocídio de milhões de
judeus comandado por Adolf Hitler. De modo geral, as tropas israelenses, patrocinadas e
amparadas pelo exército dos Estados Unidos (U. S. Army) removeram as famílias palestinas e
assentaram famílias judaicas no lugar. Vale lembrar que um dos símbolos da resistência
palestina frente à ocupação de seus territórios é a chave de sua antiga casa, como prova de que
um dia lá estiveram fisicamente.
Assim como na questão relativa à Crimeia, na Ucrânia, podemos perceber que, para além das
disputas de caráter político, há questões culturais que interferem nestes processos. No caso da
Ucrânia, é de uma grande parcela de ucranianos que ainda estão arraigados a uma cultura e ao
idioma russo e que, no caso específico da Crimeia, correspondem a 60% da população e
apoiam a reintegração desta península à Rússia. Na Palestina a questão cultural – para além de
questões político-econômicas – tem bastante influência nas medidas e ações tomadas, assim
como a procedência do conflito, dado que para ambos os povos aquela é considerada uma
terra sagrada: tanto para judeus quanto para muçulmanos; há atrelado a estes dois casos uma
forte questão de sentimento de pertencimento e identidade cultural destes povos que deve ser
respeitada e levada em consideração para decisões políticas futuras.
Alternativa correta: Letra D.
Adaptado de: <http://www.infoenem.com.br/apostilas-enem-2014-do-infoenem-serao-lancadas-dia-28-de-
janeiro/> Acesso em: 19 mai. 2014.
QUESTÃO 37 – ENEM 2013
A problemática da questão se revela nos impactos sociais, culturais e econômicos que atingem
as comunidades da Amazônica Legal. Ora, na última década essa região tem sido marcada
pela sua constante exploração, principalmente no que se refere ao setor econômico para o
país. A principal fonte de economia da Amazônia Legal tem sido a obtenção de energia a
partir das construções de usinas hidrelétricas.
A fronteira econômica avançou sobre a Amazônia Legal, região abrangida pela floresta
amazônica, banhada pelas bacias hidrográficas do Tocantins-Araguaia e Amazônica (rio
Xingu e Madeira), com a construção de gigantescas hidrelétricas, onde diversos hectares estão
sendo destruídos pelos alagamentos das áreas de barragem. Além dos alagamentos, destaca-se
também a alteração de modos de vida tradicionais em aldeias indígenas e comunidades
ribeirinhas, e frequente necessidade de realojamento populacional das comunidades
localizadas no entorno das obras.
Alternativa correta: Letra C.
Adaptado de: <http://veja.abril.com.br/educacao/enem-resolvido-2013/Q037.pdf> Acesso em: 19 mai. 2014.
REFERÊNCIAS
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<http://www.mundoeducacao.com/geografia/transformacao-no-espaco-geografico.htm
Acesso em: 15 de abr. 2014.>
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globalizado: geografia geral e do Brasil: volume único. Org.: Elian Alabi Lucci, Anselmo
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geografia, espaço e território. Disponível em: <http://www.e-
publicacoes.uerj.br/index.php/geouerj/article/viewFile/1389/1179> Acesso em: 19 mai. 2014.
Conflito entre Rússia e Ucrânia. Disponível em:
<http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2014/03/19/crise-na-crimeia-pode-reacender-
conflitos-adormecidos-na-europa.htm> Acesso em: 15 de abr. 2014.
Imagem 1 - “Autoridades negociam com os índios da aldeia Maracanã sobre a desocupação
do prédio para a revitalização de um complexo esportivo”. Disponível em: <
http://www.portalguaira.com/PG/wp-content/uploads/2013/03/indio2.jpg> Acesso em: 15 de
abr. 2014.
Imagem 2 - “Chuva ameaça 128 mil pessoas em moradias de ocupação irregular da área, em
Manaus”. Disponível em: < http://acritica.uol.com.br/manaus/Chuva-ameaca-pessoas-risco-
Manaus_0_1110488944.html> Acesso em: 15 de abr. 2014.
Imagem 3 - “Vista panorâmica da cidade de São Paulo – SP, Brasil. Classificada pelo IBGE
como uma das metrópoles globais”. Disponível em:
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Charge 1 - Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_aJT3I8ICB-
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Charge 2 - Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/-
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em: 19 mai. 2014.
Imagem 4 – “Crise na Criméia: manifestantes pró-rússia formam uma barricada”. Disponível
em: <http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2014/03/19/crise-na-crimeia-pode-
reacender-conflitos-adormecidos-na-europa.htm> Acesso em: 15 de abr. 2014.
Imagem 5 – “Usina Belo Monte, Xingu.” Disponível em:
<http://veja.abril.com.br/assets/images/2013/1/122267/usina-belo-monte-20130124-0061-
size-620.jpg?1359072664> Acesso em: 15 de abr. 2014.
Imagem 6 - Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/_UxXEnLA9NJk/S_-
z5EVWGKI/AAAAAAAAAqQ/dm9eEOzwifk/s1600/Charge+para+desmatamento.jpg>
Acesso em: 19 mai. 2014.
Música “É fogo!”, de Lenine - Disponível em: < http://letras.mus.br/lenine/e-fogo/> Acesso
em: 19 mai. 2014.
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Competência de área 3 – Compreender a produção e o papel histórico das
instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes grupos, conflitos
e movimentos sociais.
José dos Santos Costa Júnior([email protected])
Raquel Silva Maciel ([email protected])
PARA COMEÇAR A HISTÓRIA
OS PAPÉIS DA FAMÍLIA, DO ESTADO E DA IGREJA NO SÉCULO XXI
Antes de nascermos já estamos submetidos a um conjunto de regras, conhecimentos e formas
de interação social que se baseiam em valores específicos. Se nascermos em uma sociedade
industrializada e com serviços de saúde ligados a hospitais, por exemplo, o nascimento será
possível a partir de sujeitos como médicos, enfermeiras, anestesistas, dentre outros que atuam
no espaço do hospital. Por outro lado, se nascemos em uma comunidade ou aldeia indígena,
esse mesmo acontecimento (o nascimento) será envolvido nas crenças, rituais e práticas
culturais desse grupo, assim, outros personagens poderão fazer parte da cena como o pajé e
demais mulheres indígenas que auxiliarão na hora do parto. Esse é um exemplo simples de
como a vida humana é, a todo o momento, construída a partir de valores, crenças, hábitos,
conhecimentos e saberes.
Neste capítulo iremos tratar da competência de área 03. Ela nos estimula a pensar sobre como
as instituições sociais foram produzidas ao longo do tempo. É objetivo dessa competência
“[...] que o aluno compreenda a evolução do Estado e do Direito no tempo, sendo capaz de
entender quando estão em sintonia com a vontade geral da população e quando funcionam
Imagem 02 - disponível em:
http://www.ufo.com.br/blog/pedro
decampos/30-crimes-contra-a-
honra-na-internet. Acesso em 17
de abr. 2014.
Imagem 03 - disponível
em:
https://www.10emtudo.com
.br/artigo/religiao-
islamica/. Acesso em 17 de
abr. 2014.
Imagem 01 - disponível em:
http://sociologiamelhormateria.blog
spot.com.br/2011/04/instituicoes-
sociais.html. Acesso em 17 de abr.
2014.
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para privilegiar determinados grupos de uma sociedade” (PRADO, 2011). Iremos focar no
que propõe a habilidade número 13: analisar a atuação dos movimentos sociais que
contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.
Mas o que é uma instituição social?
De acordo com o sociólogo Pérsio Santos de Oliveira, “o conjunto de regras e procedimentos
padronizados socialmente, reconhecidos, aceitos e sancionados pela sociedade e que têm
grande valor social é denominado instituições sociais” (OLIVEIRA, 2003, p.161). Mas você
pode estar se perguntando agora, existem instituições sociais que afetam a minha vida hoje? E
a resposta é: certamente sim. Três exemplos básicos de instituições sociais que podem exercer
influência sobre a nossa vida são: a família, a igreja e o Estado.
A família é o primeiro grupo social com o qual mantemos contato e a sua estrutura varia no
tempo e no espaço, dependendo da sociedade e da época a que nos referimos. Sobre o seu
formato, podemos dizer que a família pode ser monogâmica (quando o esposo e a esposa têm
apenas um cônjuge) e poligâmica (quando o esposo e a esposa podem ter mais que um
cônjuge). O casamento de uma mulher com dois ou mais esposos, como entre os esquimós,
chama-se poliandria. Já quando ocorre o casamento de um homem com duas ou mais
mulheres dá-se nome de poliginia, como entre os mórmons, os muçulmanos ou ainda algumas
comunidades ou etnias africanas (OLIVEIRA, 2003, p. 163). A primeira das imagens que
abrem este capítulo é a que retrata a família do seriado norte-americano Os Simpsons e ilustra
o modelo de família conjugal ou nuclear. Esse modelo é composto por marido, esposa e
filhos.
Algumas religiões pregam que este seria o modelo de família que deveria compor a nossa
sociedade, mas é fato que há muito tempo já existem outros formatos de família que podem
ser monoparentais (quando apenas uma pessoa chefia a família e a sustenta economicamente)
ou ainda composta por netos e avós, casais homossexuais femininos e masculinos, dentre
outras combinações. Se você já assistiu as aventuras da família Simpsons lembre como essa
família se comporta. Como é a relação dos pais (Homer e Marge) com os filhos e filhas
(Barth, Lisa e Maggie)? Qual a condição socioeconômica
dessa família?
É interessante observar como em um mesmo
seriado temos vários modelos de família que
ilustram as que compõem a nossa sociedade. Além
dos Simpsons temos os Flanders, família
comandada por Ned Flanders Jr. que é viúvo e pai
de dois filhos. Este é um exemplo de família
monoparental, isto é, quando apenas um indivíduo
Imagem 04 - Família Flanders do seriado norte-americano Os Simpsons. Disponível em
http://simpsonsworld.blogia.com/. Acesso em 19
de abr. 2014.
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é responsável legal pelos filhos. Ah, lembre ainda
que essa família mantém uma relação com a igreja,
instituição sobre a qual discutiremos adiante.
Atenção! É importante atentar para o fato de que muitas televisões brasileiras exibem esse
seriado como indicado para o público infantil, o que na verdade não é.
Outra instituição da qual trataremos neste texto é o Estado: uma instituição social que
historicamente foi sendo construída para regular a sociedade através de normas e formas de
controle organizadas através da lei. Isso marca uma diferença em relação à igreja e à família,
pois embora elas também construam regras e busquem organizar a vida em sociedade, a
primeira impõe dogmas e preceitos religiosos para seus seguidores e fiéis e a segunda coloca
regras que irão atingir os membros da família e não necessariamente a sociedade como um
todo. O Estado, assim, tem como uma das suas características a generalidade das suas formas
de controle, isto é, elas buscam atingir toda a sociedade. Mas é preciso deixar clara ainda uma
diferença importante entre Estado e governo. O Estado é uma estrutura abstrata que se
constitui formalmente a partir das leis. Por exemplo, o Estado brasileiro se constitui hoje a
partir da Constituição Federal, a lei maior que organiza a nossa sociedade, que foi promulgada
em 1988. Mas a primeira Constituição do Estado brasileiro foi assinada por D. Pedro II em
1824. Segundo Pérsio Santos de Oliveira (2003), o Estado é composto de três elementos:
Território: refere-se ao espaço físico sobre o qual o Estado exerce suas leis;
População: que é composta pelos habitantes que vivem no território;
Governo: é um grupo de pessoas eleitas para exercerem o poder público através do
momento em que assumem funções nos órgãos e instituições oficiais do Estado.
E então leitor, notou a diferença? Pode-se dizer que o Estado não existe, pelo menos
materialmente. Ele é abstrato e para que se torne efetivo e influencie na vida das pessoas é
preciso que exista um governo, que é o grupo de pessoas que irá pôr em prática as leis e as
formas de controle e proteção da sociedade. Na imagem 02, que abre este capítulo pode-se ver
o símbolo da justiça, que está presente em Brasília, como representativa do poder judiciário
brasileiro. Você sabe quantos e quais são os juízes que atuam no Supremo Tribunal Federal
(STF)? Você sabia que essa é a maior instituição brasileira no que se refere à justiça? Cabe ao
STF zelar o cumprimento da Constituição Federal. O Estado é composto pelos poderes
executivo, judiciário e legislativo. A imagem 02 ilustra apenas um desses poderes, o
judiciário. Pesquise sobre os demais e saiba como eles funcionam. Isso tem muita relação com
os temas que essa competência deseja que o estudante conheça.
Por fim, a última instituição que nos propomos a debater é a igreja: uma instituição social
que, no Ocidente, corresponde a algo que é comum a todas as sociedades: a religião. No
entanto, o filósofo Michel Foucault aponta que a única religião, no Ocidente, construída
enquanto igreja foi o cristianismo. Por isso, consideremos o termo “igreja” aqui não na
intenção de generalizar todas as religiões. Em todos os tempos os homens desenvolveram
formas diferentes de religiosidade e contato com o sagrado. Para a antropóloga Ruth Benedict
(apud OLIVEIRA, 2003) a religião é diferente de outros fenômenos sociais pelo fato de que
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outras instituições são fruto de uma necessidade muitas vezes física do ser humano, enquanto
a religião não é fruto de uma necessidade desse tipo. Ao longo do tempo a religião vem
passando por muitas transformações, principalmente após o Iluminismo que, no século XVIII,
questionou as bases do pensamento teológico e quis pôr em evidência a razão, não mais a fé.
Com isso a religião foi tendo sua influência nos espaços públicos de decisão cada vez mais
reduzida e relegada ao ambiente privado.
Certamente você já ouviu a expressão “Estado laico”. Ela significa que o Estado não deve
professar nenhuma fé, pois em uma democracia todas as formas de credo devem ser
respeitadas. Por isso é perigoso quando um grupo religioso deseja ocupar de forma
predominante os espaços de decisão da política. Ao fazer isso muitas outras vozes estarão
sendo caladas e, assim, onde vai parar a nossa democracia, na qual todas as vozes precisam ter
espaço? Temos no Brasil um governo que é realmente laico? Todas as formas de religiosidade
são respeitadas por esse Estado? Vale lembrar que, em alguns momentos históricos, o Brasil
foi um país que professava a religião católica como oficial. Na Constituição de 1824, por
exemplo, o artigo 5º afirmava o seguinte: “A Religião Catholica [sic] Apostolica [sic]
Romana continuará a ser a Religião do Império. Todas as outras Religiões serão permitidas
com seu culto domestico [sic], ou particular em casas para isso destinadas, sem fórma [sic]
alguma exterior do Templo” (Constituição do Império, 1824).
Na imagem 03 você pode perceber que há a representação de um indivíduo professando a fé
islâmica. Ao falar sobre religião e igreja é importante pensar que existem várias formas crer e
todas devem ser respeitadas. O islamismo tem crescido muito do século XX para cá. Mônica
Muniz afirma que “com quase um bilhão e meio de adeptos espalhados pelo mundo, os
muçulmanos representam perto de 25% da população mundial e não dá mais para dizer que
eles não são uma realidade social, política e religiosa. Muito se fala sobre o Islam, mas pouco
se sabe sobre ele”. Mas ao mesmo tempo em que o islamismo cresce pelo mundo, ainda são
presentes muitos preconceitos em relação a essa religião e um exemplo disso é o fato de
muitos a associarem com o terrorismo, a guerra do Oriente contra o Ocidente, os homens-
bomba, etc.
Busque saber mais sobre que religião é essa e não aceitar tudo o que os jornais ou outros
meios de comunicação dizem. Fica a dica! A comunidade islâmica cresce no Brasil, um dos
maiores países católicos do mundo, onde “[...] o Alcorão, livro sagrado do islã, atrai cada vez
mais adeptos (OLIVEIRA, 2003, p. 172)”. Outra religião que também possui um contingente
significativo de seguidores é o Protestantismo que em países como os Estados Unidos da
América (EUA) é dominante e no Brasil vem a cada dia se expandindo. Um exemplo disso é a
bancada representativa dos evangélicos no Congresso Nacional. Essa é uma questão
problemática visto que muitas religiões como o candomblé, umbanda e outras não contam
com essa representação política. Encontramos o mesmo problema na questão ambiental, pois
a bancada dos ruralistas tem muito mais força dentro desse espaço de poder do que a Frente
Parlamentar Ambientalista que, apesar de seu crescimento nos últimos anos, ainda encontra
dificuldades na sua atuação.
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REFLEXÃO
Os movimentos sociais hoje: a igreja, o Estado e a família sendo postos em questão
Vamos ver agora como alguns movimentos têm exigido, ao longo do tempo, que a família, a
igreja e, principalmente, o Estado mudem sua forma de lidar com as diferenças.
Mas uma pergunta inicial é interessante tentar responder: o que é um movimento social?
Historicamente várias manifestações questionaram o status quo das sociedades e provocaram
transformações. As revoluções burguesas do século XVII foram importantes na construção do
mundo contemporâneo, pautando princípios como liberdade, igualdade e fraternidade, tendo o
capitalismo como sistema econômico e as liberdades individuais como pontos importantes.
A socióloga Maria da Glória Gohn aponta que um dos elementos que caracterizam os
movimentos sociais é que eles são formas de renovação social e produzem saberes na medida
em que atuam. Os movimentos sociais criam possibilidades de organização da população para
buscar a realização de objetivos e a superação de certas necessidades vividas coletivamente.
Na ação prática, os movimentos “variam de simples denúncias, passando pela pressão direta
(mobilizações, marchas, concentrações, passeatas, distúrbios à ordem constituída, atos de
desobediência civil, negociações etc.) até as pressões indiretas” (GOHN, 2011, p. 333).
Atualmente a internet é um espaço de reinvindicação social e um meio eficaz na organização
de mobilizações, passeatas e outras formas de pressão social. No Brasil, em junho de 2013,
tivemos um exemplo da força da internet na divulgação e estímulo das pessoas para
participarem das passeatas nas cidades. Outros momentos como o Occupy Wall Street e a
Primavera Árabe também têm essa característica, retirando as pessoas “da segurança do
ciberespaço”, pois “pessoas de todas as idades e condições passaram a ocupar o espaço
público, em um encontro às cegas entre si e com o destino que desejam forjar, ao reivindicar
seu direito de fazer história – sua história -, em uma manifestação da autoconsciência que
sempre caracterizou os grandes movimentos sociais”. As redes sociais têm mostrado que são
rápidas na disseminação de informações e na construção de uma nova forma de participação
política. Se antes a urna era a máquina eletrônica usada para o exercício do voto como parte
da experiência cidadã, hoje os computadores, tablet‟s, Iphone‟s, Ipod‟s, e celulares são muito
Imagem 05 – Occupy Wall
Street. Disponível em:
http://afinsophia.com/2012/11/p
age/4/. Acesso em 18 de abr.
2014.
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usados para a cidadania virtual. Como isso pode influenciar as pessoas quando elas forem
depositar seus votos na urna em outubro de 2014?
Veja as três características de um movimento social: 1ª - ele tem uma „identidade”, pois é
formado a partir de valores, conceitos e direitos com os quais se identifica e nos quais
acredita; 2ª - tem um “opositor”, isto é, outro grupo social ou conjunto de ideias que são
contrários ao que ele defende; 3ª – tem um projeto de vida e de sociedade e é para pôr em
prática esse projeto que são realizadas diferentes ações.
Vamos a um exemplo.
O movimento comunista baseia-se na ideia de que os bens da sociedade não podem ser
apropriados individualmente na obtenção de lucros, mas que devem ser socializados com toda
a população. É com base nessa ideia que ele constrói a sua identidade. O comunismo tem o
capitalismo como seu principal opositor, já que ele prioriza a manutenção da sociedade
dividida em classes sociais e baseada no lucro, no qual quem trabalha não detém os meios de
produção. Por exemplo, um funcionário de uma indústria não é dono dos materiais,
equipamentos e recursos que usa para o seu trabalho. Ele apenas vende a sua força de trabalho
em troca do salário que receberá no fim do mês. O comunismo é mais um movimento social
dentro de muitos outros que existiram e existem hoje em dia.
Um dos movimentos recentes que atraiu a atenção da mídia é o Occupy Wall Street, iniciado
em 2011 na cidade de Nova York, nos Estados Unidos. Inspirado nas revoltas do Oriente
Médio e nas acampadas do Movimento dos Indignados, na Espanha, é uma voz que tem
criticado as consequências da crise financeira dos EUA que começou em 2008 (ARAÚJO,
2011, p. 01). Os manifestantes passaram a ocupar a Praça Zuccotti em 17 de setembro de
2011, situada em Wall Street, Manhattan, que é considerado o centro financeiro de Nova
York.
Um dos principais elementos que tem gerado análise sobre o movimento é que ele ganhou
uma repercussão muito grande, ocorrendo em outras cidades dos EUA. Essa grande
mobilização da população tem chamado a atenção porque os EUA, segundo Daniel Teixeira
C. Araújo, não é um país com histórico de grandes mobilizações de massa, exceto no período
da crise de 1929. Isso aponta que está ocorrendo uma grande crise institucional nessa nação,
pois o Estado não tem sabido lidar com as consequências da crise financeira que vem desde
2008. Nesse momento, e em outros, o Estado, como representante dos interesses da maioria, é
questionado e precisa dar uma resposta ao povo, demonstrando claramente como irá enfrentar
essa situação tensa.
Dentro desse contexto há ainda as várias manifestações sociais que surgiram a partir da
chamada Revolução de Jasmin iniciada na Tunísia em 2010 e finalizada no ano de 2011
com a derrubada do ditador que governava aquele país. Essa desencadeou o processo
conhecido como Primavera Árabe que se refere ao conjunto de manifestações sociais
ocorridas em nações do Oriente Médio e da África, como o Marrocos e o Egito. Nesses
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“[...] a população foi às ruas para derrubar ditadores ou reivindicar melhores condições
sociais de vida” (PENA, 2013).
No Brasil os movimentos sociais têm uma longa história. Desde o período colonial que uma
série de revoltas e motins aconteceu com a finalidade de questionar os privilégios da Coroa
portuguesa. Aquele momento foi marcado por conflitos entre paulistas e emboabas (Minas
Gerais), comerciantes e plantadores na Guerra dos Mascates (1710-1711), dentre outras
situações de tensão.
Uma diferença histórica importante é que na colônia havia um “motim” quando era rompido o
acordo pelo aumento de impostos ou abuso de poder por parte das autoridades da época.
Atualmente no Brasil ocorreram as chamadas “Jornadas de Junho”, em 2013, e levaram
milhões de pessoas para as ruas, com o intuito inicial de protestar contra o aumento na
passagem do transporte público em diferentes cidades. Posteriormente passaram a reivindicar
melhores condições de educação, saúde e segurança pública, ficando claro que a luta não era
“apenas por 20 centavos”.
TEXTO DE APOIO
Movimentos sem direção?
Algumas das principais críticas que têm sido feitas tanto ao movimento Occupy Wall Street,
nos EUA, quanto às Jornadas de Junho, no Brasil, refere-se ao fato de que estes movimentos
não teriam um programa definido, ou seja, que eles não teriam um objetivo claro. No entanto
é preciso que tenhamos cuidado com esse tipo de crítica se ela for feita no sentido de
menosprezar as ações coletivas que têm ocorrido. Em relação ao movimento nos EUA, o
filósofo esloveno Slavoj Zizek aponta que ele tem duas características importantes: a primeira
delas é que ele demonstra o “descontentamento com o capitalismo enquanto sistema” e o
segundo aspecto refere-se ao fato de que houve a percepção de que a “forma
institucionalizada da democracia representativa multipartidária não é suficiente para combater
os excessos capitalistas, isto é, a democracia precisa ser reinventada” (ZIZEK, 2012, p.92,
grifos no original).
Sobre o fato da manifestação não ter uma proposta firme Zizek comenta sobre a
particularidade desse movimento que foi o fato dele mostrar que a linguagem do povo pareceu
ser impotente para expressar as suas necessidades e vontades diante da imensa exploração a
que a população vem sendo submetida historicamente. Nesse sentido, podemos pensar
também sobre as manifestações de junho de 2013 no Brasil. Será mesmo que a manifestações
foram sem sentido? Quem tem dito isso? Na verdade, como diz Zizek, os manifestantes não
entraram no jogo da retórica política, ou seja, no jogo de negociação. Negociar, nesse sentido,
seria entrar no jogo de quem tem o poder político e possivelmente iria (e irá) fazer de tudo
para abafar o movimento.
Estes movimentos estão acontecendo ainda, seus efeitos estão sendo construídos no tempo
presente e cabe a cada um de nós ficarmos atentos para eles e compreender a sua lógica. É
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bom não comparar os movimentos de hoje com os do passado, buscando neles o que lhes
pode faltar. Vamos ver, ao contrário, o que estes movimentos têm de novo?
Um exemplo interessante de movimento social que atua
contra a globalização econômica e que vem usando as
redes sociais como forma de divulgação de suas ideias
e para fazer com que pessoas se associem aos seus
projetos é o dos zapatistas, no México. De acordo com
o sociólogo Manuel Castells os zapatistas são,
basicamente, “camponeses, a maioria índios tzeltales,
tzotziles e choles, em geral oriundos das comunidades
estabelecidas desde a década de 40 na floresta tropical
de Lacandon, na fronteira com a Guatemala”
(CASTELLS, 1999, p. 98, grifos no original).
O Exército Zapatista de Libertação Nacional é
considerado a primeira guerrilha informacional, pois usa a internet para denunciar e combater
a exploração econômica e política. A imagem 07 evidencia que há uma rede mundial de apoio
aos zapatistas. Qualquer indivíduo pode aderir à sua causa através da internet e fortalecer a
rede de apoio e solidariedade.
É bom lembrar...
A competência de área 03 espera que o estudante
compreenda não apenas os movimentos atuais e como
eles têm provocado mudanças nas instituições, mas
também que pense isso ao longo do tempo. Dessa
forma, é importante lembrar que durante o período
imperial houve a efervescência de inúmeros
movimentos sociais que se caracterizavam de diferentes
formas. Alguns se referiam apenas a conspirações que
não se efetivaram na prática, outros foram
desencadeados por diferentes motivos sejam eles de
cunho econômico, político, religioso ou social.
Entre esses movimentos podemos citar a Revolução Praieira (1848-1849) ocorrida na
província de Pernambuco envolvendo no conflito dois grupos políticos com diferentes
interesses: os liberais e os conservadores. A Revolução Farroupilha (1835-1845) ocorrida
na província de São Pedro do Rio Grande do Sul que tinha no início um caráter elitista, já
que envolvia uma disputa entre os caramurus e os chimangos, mas que posteriormente
envolveu algumas camadas populares.
A Cabanagem (1835-1840) foi outro movimento que
envolveu cabanos, negros, tapuios e índios que
protestavam contra a situação na qual a província de
Imagem 06 – Disponível em
http://txiapas.wordpress.com/2012/07/29/ec
o-mundial-en-apoyo-a-ls-zapatistas-justicia-y-libertad-para-san-marcos-aviles-y-
francisco-santiz-lopez/. Acesso em 20 de
abr. de 2014.
Imagem 07- Revolução Praieira. Disponível
em:
http://www.brasilescola.com/historiab/revolu
cao-praieira.htm. Acesso em 20 de abr. 2014.
Imagem 08- Cabanos invadindo e ocupando a cidade de Belém.
Disponível em:
http://www.suapesquisa.com/historiado
brasil/cabanagem.htm. Acesso em 20
33
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Grão-Pará estava inserida naquele período marcada pela
fome e proliferação de doenças. Grande parte dos
envolvidos foi morta, estima-se que cerca de 30 a 40% da
população de 100 mil habitantes do Grão-Pará tenha
morrido nesse conflito.
A Sabinada (1837-1838), ocorrida na província da Bahia,
envolveu sujeitos pertencentes a camadas médias de
comerciantes, militares e outros que criticavam os
privilégios concedidos aos portugueses sendo esses
aqueles que controlovam grande parte das atividades
comerciais e assumiam deliberadamente cargos públicos.
Os movimentos sociais ocorridos ao longo do período imperial evidenciam o quanto essas
manifestações se diferenciam, apesar de serem unidas pelo sentimento de insatisfação, no
tocante aos sujeitos envolvidos, nos resultados obtidos e nas suas reinvindiações.
Diversidade que existe dentro de um mesmo movimento, como exemplo disso podemos citar
o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Esse movimento surgiu na década
de 1980 a partir das Ligas Camponesas que tiveram seu auge de atuação entre os anos de 1950
a 1960. É um movimento de diferentes facetas, atuando em diversas regiões a partir das
demandas regionais.
No caso de grande parte dos estados do Norte do país esse movimento reinvindica questões
acerca das terras desmatadas pela expansão no cultivo de soja; em outros estados, como São
Paulo, refere-se à grilagem de terras por parte de multinacionais; há ainda campanhas como a
intitulada Fechar escola é crime! que afirma ter o objetivo de
[...] defender que a educação pública que seja um direito de todos os trabalhadores. Para que
isso se concretize, é importante mobilizar comunidades, movimentos sociais, sindicatos, enfim
toda a sociedade para se indignar quando uma escola for fechada e lutar para mudar esta
realidade .
Movimento dos trabalhadores rurais sem terra. Disponível em http://www.mst.org.br / . Acesso em 20 de abr. 2014.
e a que busca investigar possíveis crimes de racismo e homofobia cometidos pela bancada
ruralista em relação a indígenas e quilombolas.
Além disso, há em alguns espaços a associação desse movimento com entidades políticas
como fica evidente na CPMI instaurada em 2009 para investigação de repasses de recursos
públicos a líderes desse movimento. Vale lembrar que, assim como esse movimento temos
outros que também se associavam e se associam a entidades políticas.
Mas há também outros movimentos que aconteceram ao longo da história do Brasil. No
começo do século XX, por exemplo, aconteceu um movimento conhecido como Revolta da
Vacina, em 1904. Essa revolta consistiu na resistência da população ao modo violento como o
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Imagem 10 – Marcha da família em
Recife reúne seis pessoas. Disponível
em: http://www.portalafricas.com.br/march
a-da-familia-reune-6-pessoas-em-
recife/#.U1PRuRtOXIU. Acesso em 20
de abr. 2014.
governo quis colocar em prática a sua política de higiene e saúde pública dirigida por
Oswaldo Cruz.
Lembremos que naquela a época o Rio de Janeiro enfrentava epidemias de peste bubônica,
febre amarela e varíola. A resistência da população aconteceu motivada por uma questão
moral.
Para José Murilo de Carvalho, naquele momento, o Estado passava a querer dominar e atuar
sobre os corpos das pessoas e como até aquele momento cabia ao pai, chefe de família,
ordenar como os corpos de seus familiares deveriam ser medicados e higienizados, a
resistência aconteceu porque foi como se o Estado estivesse intervindo em uma coisa que não
seria da sua alçada (CARVALHO, 2005). Isso demonstra algo que a competência 03 e a
habilidade 13, especificamente, propõem para pensarmos: a relação de choque e tensão entre
duas instituições sociais: o Estado e a família, por exemplo. Pesquise sobre esse movimento e
outros, como a Revolta da Chibata, Guerra de Canudos que marcaram o período inicial da
República.
Na República Nova temos a eclosão do movimento militar em 1964 que, através de um golpe,
depôs o então presidente da República, João Goulart, e assumiu o poder. É interessante refletir
que o golpe empreendido em 1964, contou com o apoio, além de setores militares, de outros
segmentos da sociedade, como alguns jornalistas e integrantes dos partidos, UDN (União
Democrática Nacional) e PSD (Partido Social Democrático), incluindo também setores de
órgãos da mídia. Por isso o golpe não foi apenas militar, mas também civil.
Assim, “[...] pode-se dizer que a sociedade civil, como um
todo, posicionou-se totalmente favorável ao golpe militar
de 64, apoiando e aplaudindo os líderes do movimento,
considerados os restauradores da ordem, os guardiãs da
democracia” (CITADINO, 1998, p. 162). Temos, portanto,
uma associação positiva da imagem das forças armadas
que tomaram o poder através do golpe. Essas são
vislumbradas como as restauradoras da ordem, que a nação
estaria sendo redemocratizada e afastada do “perigo
vermelho”.
Essa aceitação por grupos sociais aparece nas “Marchas
da Família com Deus Pela Liberdade” nos anos 70 e 80 e
envolveram os conservadores, apoiados por setores da
igreja católica que assim como fizeram durante o Estado
Novo, apoiaram um regime autoritário naquele primeiro
momento. Manifestação essa que atualmente, 50 anos
após a deflagração do golpe, alguns indivíduos têm
tentado retomar, acreditando que uma volta ao sistema
ditatorial seria a solução para os atuais problemas do
país.
Imagem 09 – Disponível em:
http://www.pragmatismopolitico.com
.br/2014/03/marcha-da-familia-2014-vira-motivo-de-piadas-nas-redes-
sociais.html. Acesso em 20 de abr.
2014.
35
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Porém tal movimento é desacreditado e duramente criticado, haja vista o fato de ser é
fundado em uma concepção que evidencia o desconhecimento do passado histórico de nosso
país e tantos outros que foram duramente afetados por todos os males que um sistema
ditatorial traz para uma sociedade, mas deve se salientar que tal movimento é alarmante visto
que tudo “(...) que visa interromper o processo democrático é nocivo. Os movimentos
totalitários do século XX na Europa começaram com centenas de pessoas e terminaram com
milhões nas ruas” (FARAH, 2014).
Fiquem todos bem atentos (as)!
APRENDA FAZENDO
APRENDA FAZENDO
QUESTÃO 29 (ENEM 2010)
A política foi, inicialmente, a arte de impedir as pessoas de se ocuparem do que lhes diz respeito.
Posteriormente, passou a ser a arte de compelir as pessoas a decidirem sobre aquilo de que nada
entendem. VALÉRY, P. Cadernos. Apud BENEVIDES, M. V. M.
A cidadania ativa. São Paulo: Ática, 1996.
Nessa definição, o autor entende que a história da política está dividida em dois momentos
QUESTÃO 18 (ENEM 2011)
Na década de 1990, os movimentos sociais camponeses e as ONGs tiveram destaque, ao lado de
outros sujeitos coletivos. Na sociedade brasileira, a ação dos movimentos sociais vem
construindo lentamente um conjunto de práticas democráticas no interior das escolas, das
comunidades, dos grupos organizados e na interface da sociedade civil com o Estado. O
diálogo, o confronto e o conflito tem sido os motores no processo de construção democrática.
SOUZA, M. A. Movimentos sociais no Brasil contemporâneo: participação e possibilidades das práticas
democráticas. Disponível em: http//www.ces.uc.pt. Acesso em: 30 abr. 2010 (adaptado).
Segundo o texto, os movimentos sociais contribuem para o processo de construção democrática,
porque
A) determinam o papel do Estado não transformações socioeconômicas;
B) aumentam o clima de tensão social na sociedade civil;
C) pressionam o Estado para o atendimento das demandas da sociedade;
D) privilegiam determinadas parcelas da sociedade em detrimento das demais;
E) propiciam a adoção de valores éticos pelos órgãos do Estado.
Confira algumas dicas de estudo de Matheus Prado para essa competência: 1. Na música “Meu Guri”, de Chico Buarque, é apresentada a história de uma pessoa que possui
alguns conflitos com a lei. Analise atentamente a letra da música, buscando identificar qual
relação que a mulher e o homem da música tinham com o Estado.
2. O Brasil, a Rússia, a Índia e a China têm se organizado mundialmente em defesa de alguns
interesses. A união desses países é conhecida como BRIC‟s. Procure entender melhor esta
união, quais seus interesses e quais ações já praticaram.
3. Em 1980, o presidente Lula dirigia um sindicato e foi preso. Procure saber os motivos de sua
prisão. Hoje ele poderia ser preso pelos mesmos motivos? O que aconteceu com a lei que na
época possibilitou sua prisão?
Veja mais em: http://ultimosegundo.ig.com.br/colunistas/mateusprado/estado-e-direito-sao-
tema-da-prova-de-humanas-no-enem/c1597262563844.html. Acesso em 19 de abr. 2014.
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SAIBA MAIS...
SAIBA MAIS
O vídeo produzido pela Abril Editora referente ao curso
preparatório Pré-ENEM apresenta a discussão conduzida
pelo professor Marcelo Hansen em relação a forma como os
movimentos sociais são cobrados na prova de Ciências
Humanas do ENEM. São respondidas questões como: O que
são os movimentos sociais? Como esses são caracterizados?
Quais são os principais movimentos da atualidade?
Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=bVWCdgvSnuA. Acesso
em 19 de abr. 2014.
Veja a palestra “Manifestações sem direção”, na qual o
sociólogo Demétrio Magnoli reflete sobre as diferenças das
jornadas de junho de 2013 em relação a outras
manifestações que ocorreram no Brasil ao longo de sua
história.
Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=69Ja5FDg3bo. Acesso
em 20 de mai. 2014.
O documentário brasileiro “O dia que durou 21 anos”, que
estreou em 2013, é dirigido pelo cineasta mexicano Camilo
Considerando o texto, qual é o elemento comum a esses dois momentos da história política?
A) A distribuição equilibrada do poder.
B) O impedimento da participação popular.
C) O controle das decisões por uma minoria.
D) A valorização das opiniões mais competentes.
E) A sistematização dos processos decisórios.
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Tavares e retrata os bastidores do golpe militar de 1964.
Enfatiza tanto o apoio norte-americano ao movimento
ditatorial quanto os conflitos políticos, econômicos e sociais
que envolveram esse período histórico.
O filme intitulado “O ano em que meus pais saíram de
férias” estreou nas telas de cinema em 2006. Ele é dirigido
por Cao Hamburguer e retrata a estória de Mauro, um garoto
de 12 anos que na década de 1970 tem sua vida
completamente transformada pelo regime ditatorial. A partir
desse filme podemos perceber como algumas das
instituições que discutimos nesse capítulo são impactadas
pelos interesses de determinados grupos sociais.
Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=fnrhYwuxaTs. Acesso
em 19 de abr. 2014.
RESPOSTAS COMENTADAS
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda & MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de Filosofia. 3ª ed. São
Paulo: Moderna, 2005.
QUESTÃO 29 –
A questão condiciona a resposta à interpretação do excerto proposto. Segundo o texto, nos dois
momentos da história da política, o poder de decisão nas sociedades, com ou sem legitimação
das maiorias, é restrito a grupos organizados que representam minorias dominantes.
Disponível em: http://guiadoestudante.abril.com.br/vestibular-enem/enem-2010-questao-29-
ciencias-humanas-prova-azul-607687.shtml. Acesso em 19 de mai. 2014.
Alternativa correta: Letra C
QUESTÃO 18 –
O texto trata da importância das Organizações Não Governamentais (ONGs) que, ao lado de
outros movimentos sociais, têm sido um motor do processo de consolidação da democracia. Tais
organizações contribuem para a conscientização e mobilização da sociedade em torno de
determinados temas e demandas. Além disso, criam um canal de diálogo (eventualmente
conflituoso) com as instituições do Estado.
Assim, as ONGs formam grupos de pressão que impulsionam a ação dos agentes públicos
para o atendimento das reivindicações sociais.
Disponível em: http://veja.abril.com.br/educacao/enem-resolvido/Q18.pdf. Acesso em 19 de
abr. 2014.
Alternativa correta: Letra C
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ARAUJO, Daniel Teixeira da Costa. Ocuppy Wall Street e a crítica da representação política.
Disponível
em: http://www.pucminas.br/imagedb/conjuntura/CNO_ARQ_NOTIC20120117150026.pdf?PHPSES
SID=9787a3b1e70db8e27538927fc3299251. Acesso em 18 de abr. 2014.
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CHAUÍ, Marilena. O que é ideologia. 2ª ed. São Paulo: Brasiliense, 2006.
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Ano I- Volume I – Nº 2 – jul./dez. 2014 ISSN 2358-4971
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Imagem 03 - Disponível em: https://www.10emtudo.com.br/artigo/religiao-islamica/. Acesso em 17 de
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Imagem 04 - Família Flanders do seriado norte-americano Os Simpsons. Disponível em
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Imagem 05 – Ocuppy Wall Street. Disponível em: http://afinsophia.com/2012/11/page/4/,. Acesso em
18 de abr. 2014.
Imagem 06 – Disponível em http://txiapas.wordpress.com/2012/07/29/eco-mundial-en-apoyo-a-ls-
zapatistas-justicia-y-libertad-para-san-marcos-aviles-y-francisco-santiz-lopez/. Acesso em 20 de abr.
2014.
Imagem 07 - Revolução Praieira. Disponível em: http://www.brasilescola.com/historiab/revolucao-
praieira.htm. Acesso em 20 de abr. 2014.
Imagem 08- Cabanos invadindo e ocupando a cidade de Belém. Disponível em:
http://www.suapesquisa.com/historiadobrasil/cabanagem.htm. Acesso em 20 de abr. 2014.
Imagem 09 – Disponível em: http://www.pragmatismopolitico.com.br/2014/03/marcha-da-familia-
2014-vira-motivo-de-piadas-nas-redes-sociais.html. Acesso em 20 de abr. 2014.
Imagem 10 – Marcha da família em Recife reúne seis pessoas. Disponível em:
http://www.portalafricas.com.br/marcha-da-familia-reune-6-pessoas-em-recife/#.U1PRuRtOXIU.
Acesso em 20 de abr. 2014.
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Janaina Leandro Ferreira ([email protected] )
Jaqueline Leandro Ferreira ([email protected] )
PARA COMEÇAR A HISTÓRIA...
NOVAS TÉCNICAS: O RENASCIMENTO URBANO E COMERCIAL.
Observe as imagens acima, o que elas destacam? Qual a relação entre elas?
Durante o século XI algumas inovações técnicas na agriculta modificaram o cenário da
Europa medieval. Observe a primeira imagem. Nela podemos perceber o uso do arado de
tração animal. Essa nova técnica estimulou a produção agrícola, já que antes essa tarefa era
feita manualmente pelos homens e mulheres. A utilização do arado de tração animal facilitou
o trabalho agrícola, encurtando seu tempo e proporcionando a possibilidade de uma maior
produção de alimentos. Outras melhorias técnicas contribuíram para o aumento da produção
agrícola na Europa medieval, dentre estas a propagação dos moinhos de vento, a rotação do
uso das terras, etc. O aumento da produção agrícola, o crescimento populacional, a conquista
de territórios nas cruzadas (sob o dominío mulçumano), deram um novo impulso ao ambiente,
desenvolvendo um segmento urbano. Emergia assim o comércio, dando uma nova dinâmica
ao espaço urbano. ( FRANCO JÚNIOR,2001)
Disponível em: http://mecanizacao2011.blogspot.com.br/2011/
05/o-periodo-de-mil-anos-entre-queda-de.html
Acesso: 15/04/2014
Disponível em:
http://www.brasilescola.com/historiag/transformacoes-
sociedade-feudal.htm Acesso: 15/04/2014
Competência de área 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e
seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e na
vida social.
41
Ano I- Volume I – Nº 2 – jul./dez. 2014 ISSN 2358-4971
Agora, observando a segunda imagem, o que identificamos? Na sua opinião, em que ela se
diferencia da primeira? Quais atividades podem ser observadas na segunda imagem? O que
levou essas pessoas a estarem nesse ambiente?
Então, vamos lá. É possível observar uma maior quantidade de pessoas em relação a primeira
imagem? Vamos prestar mais atenção em outros detalhes: elas se concentram no campo ou
em um espaço urbano? Pois, bem, em primeiro lugar é importante destacar que as duas fotos
possuem uma relação. Na primeira imagem temos algumas inovações tecnológicas, como o
arado a tração animal, e dissemos que isso provocou um aumento na produção, esses alimento
excedentes foram direcionados para o comércio urbano.
Podemos perceber na segunda imagem um maior número de pessoas, de barracas, de
comércios que refletem a comercialização da produção de excedente, é isso que chamamos de
renascimento comercial e urbano. Isso porque as vendas passaram a se concentrar nas cidades
para alcançar um número maior de pessoas. Percebam ainda na segunda imagem que aí são
representados os espaços das feiras medievais, onde era possível encontrar as mais diversas
atividades: além da venda de alimentos, artesãos, profissionais que fabricavam rodas para
carroças, entre outras coisas. Neste sentido uma representação do renascimento urbano e
comercial. O espaço urbano ganhava assim uma nova dinâmica.
Você Sabia?
Na cidade de Campinas (SP) é realizada a Feira Medieval Europeia de Campinas. Circulando
nas praças, feiras de artesanato e ruas, um grupo de artistas e equipes de apoio, caracterizados
como na Idade Média reproduzem o cenário europeu medieval vestindo-se de damas e
cavaleiros. Ainda são feitas apresentações de peças teatrais pertinentes à época, como Dom
Quixote baseada no livro de Miguel de Cervantes e Sonho de Uma Noite de Verão adaptada da
obra de William Shakespeare.
Imagens disponíveis em: http://viagensyoukai.blogspot.com.br/2013/11/feira-medieval-europeia-em-campinas.html
Acesso: 15/04/2014.
Informações disponíveis em: http://cartacampinas.com.br/2013/11/atracoes-da-feira-medieval-europeia-de-campinas-comecam-no-proximo-fim-de-semana/ Acesso: 15/04/2014 .
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REFLEXÃO:
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL: “OS TEMPOS MODERNOS”
Observe as imagens acima. Elas são bastante conhecidas quando o tema é Revolução
Industrial. Trata-se do personagem Carlitos, do filme de Charles Chaplin Tempos modernos
(1936). Perceba que o personagem Carlitos trabalha em uma fabrica apertando parafusos.
Essa era sua rotina estafante e repetitiva: apertar parafusos! De tanto cumprir essa tarefa,
Carlitos, mesmo ao sair do espaço da fabrica, passa a apertar tudo que vê pela frente. O filme
é uma sátira bem-humorada que retrata o cotidiano do trabalhador no contexto da Revolução
Industrial.
Na última década do século XVIII mudanças que já vinham ocorrendo anteriormente se
intensificaram alterando o modo de vida dos trabalhadores. Grande parte destes trabalhava no
campo; com as mudanças econômicas e tecnológicas que estavam ocorrendo desde os séculos
XV e XVI, dentre elas a expansão marítima, houveram transformações no mundo ocidental.
Especialmente na Inglaterra, a máquina a vapor utilizada na produção de mercadorias,
modificaria o cotidiano do trabalhador. Com o cerceamento, (enclosures) que consistiu em
medidas tomadas pelos monarcas ingleses a partir do século XVI para privatização de terras
comunais camponesas, os campos passaram a ser arrendados a criadores de ovelhas, que
submetiam seu trabalho, quando podiam pagar pelas terras, para suprir o mercado de lã em
expansão.
Na segunda metade do século XVIII esse movimento impulsionou a população pobre que
vivia no campo para as cidades à procura de sobrevivencia uma vez que haviam sido expulsos
Disponível em: http://literaturaedialogos.blogspot.com.br/2010/05/charlie-
chaplin-tempos-modernos.html Acesso: 15/04/2014
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de suas terras. A partir de então esta população teria que buscar trabalho, normalmente, em
fábricas nas cidades que recebiam um contigente enorme de pessoas.
Essas mudanças transformaram gradativamente as relações de trabalho. Se antes os
trabalhadores sobreviviam das tarefas no campo, agora o trabalho nas fábricas obrigava-os a
outra dinâmica. O tempo era outro, as jornadas de trabalho podiam chegar até 16 horas por
dia nas cidades, em condições precárias de higiene e ventilação, homens, mulheres e crianças
trabalhavam na mesma condição com baixos salários. O trabalho era repetitivo e mecânico.
Observe, por exemplo, o personagem Carlitos, do filme Tempos Modernos (1936). Seu
serviço durante toda a jornada de trabalho diária era apertar parafusos, repetidamente. Isto
porque a produção nas industrias passou a ser feita em série, ou seja, a produção era feita de
modo que cada trabalhador tinha uma função específica na linha de montagem, aumentando
assim o número de produtos produzidos e barateando a mercadoria final.
NOVAS MUDANÇAS TECNOLÓGICAS EM CURSO: OS MEIOS DE
TRANSPORTE E AS FERROVIÁRIAS.
Durante o século XIX algumas transformações tecnológicas podem ser observadas como as
mais revolucionárias do mundo ocidental. Muitas dessas modificações seriam mais evidentes
no século XX. Em meio a estas inovações podemos citar o telefone, a ferrovia, o automóvel, o
uso da eletricidade, o navio a vapor, etc,. Isso não significa que essas modificações e
aperfeiçoamentos tecnológicos tenham ocorrido apenas do século XIX para o XX. O ser
humano sempre fabricou e alterou instrumentos para o desenvolvimento do trabalho, para sua
mobilização, para atender suas necessidades. Mas, o que devemos perceber é como as
transformações do século XIX impactaram os processos de produção e deram grande impulso
ao comércio e à vida urbana. O estabelecimento das ferrovias foi uma das mais importantes
revoluções no campo dos transporte, mercadorias e pessoas podiam ir e vir mais rápido de um
lugar a outro. Encurtando as distâncias, o cotidiano das pessoas também foram modificados.
A partir de 1840 a Inglaterra foi a grande pioneira da técnica e da construção de ferrovias. A
distribuição e o transporte de mercadorias foi facilitada, o comércio possibilitou um novo
impulso tanto comercial quanto de mudança de valores aos habitantes das cidades inglesas
(Disponível em: http://portogente.com.br/portopedia/historia-das-ferrovias-80519 Acesso:
14/04/2014 ). Dominando tal técnica, a Inglaterra pôde exportar locomotivas, trilhos, ferros
para outros países. O Brasil, que possuia um intenso contato comercial com a Europa e mais
particularmente com a Inglaterra, não demorou muito a empreender ferrovias em nosso
território. A implementação da linha férrea que ligaria o Rio de Janeiro a Petrópolis foi um
dos primeiros empreendimentos neste setor inaugurados no Brasil. Essa tecnologia no campo
dos transportes caracterizou uma verdadeira revolução no país encurtando as distâncias e
dando uma maior dinâmica ao comércio e ao transporte de mercadorias e alimentos, que antes
era feito em carroças de tração animal ou nos lombos de burros.
GLOBALIZAÇÃO E NOVAS FRONTEIRAS
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Nos últimos anos do século XX o capitalismo experimentou um novo impulso em uma fase
de grande expansão técnica, o que ocasionou uma aceleração no processo de
desenvolvimento, conhecida como globalização. O século XXI tem o computador como
símbolo maior desse desenvolvimento técnico que trouxe mudanças bastante significativas no
que diz respeito à sociabilidade dos indivíduos. As fronteiras se entreitaram tanto no ponto de
vista cultural como no político e econômico. Os ciberespaços surgem como novos lugares
para o contato entre pessoas, novas formas de desenvolver movimentações comerciais, de
expressar insatisfações políticas e articular movimentos sociais.
Esses fatores fazem dos espaços virtuais novos lugares para se pontencializar e compartilhar
experiências com o que se convenciona chamar tecnologias de comunicação. Grandes debates
porém, surgem em relação às problemáticas que esse novo espaço de coletividade
proporcionam a seus usuários e ao estabelecimento dos seus limites. No Brasil a Lei do Marco
Civil da Internet ( Lei 12.965/2014) aprovada em abril, pretende estabelecer regras no que
diz respeito aos direitos e deveres no espaço virtual. Considerada uma “Constituição da
Internet”, a lei obriga o respeito a alguns princípios básicos já assegurados pela Constituição
Federal tais como: liberdade de expressão, proteção da privacidade e estabelecimento da
neutralidade na rede, definindo as responsabilidades de cada um no ambiente virtual.
A charge acima demonstra uma situação bem presente em nossos dias. Muitos especialistas
afirmam que o uso da internet e das mídias sociais transformam as relações pessoais. E você,
o que acha? As redes sociais aproximam ou afastam as pessoas?
APRENDA FAZENDO:
QUESTÃO 11 – ENEM 2013 – Caderno Branco
De todas as transformações impostas pelo meio técnico-científico-informacional à logística de
transporte, interessa-nos mais de perto a intermodalidade. E por uma razão muito simples: o
Disponível em: http://eddiegomes.com.br/mkt_blog/?p=1517
Acesso: 15/05/2014 .
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potencial que tal “ferramenta logística” ostenta permite que haja, de fato, um sistema de
transportes condizente com a escala geográfica do Brasil.
HUERTAS, D.M. O papel dos transportes na expansão da fronteira agrícola brasileira. Revista Transporte y
Território.Universidade de Buenos Aires, n. 3, 2010 (adaptado).
A necessidade de modais de transportes interligados, no território brasileiro, justifica-se
pela(s)
a) Variações climáticas no território, associadas à interiorização da população.
b) Grandes distâncias e a busca da redução dos custos de transportes.
c) Formação geológica do país, que impede o uso de um único modal.
d) Proximidade entre a área de produção agrícola intensiva e os portos.
e) Diminuição dos fluxos materiais em detrimento de fluxos imateriais.
Questão 15 – Caderno Branco – ENEM 2013
Disponível em: http://tv-video-edc.blogspot.com. Acesso em: 30 maio 2010.
A charge revela uma crítica aos meios de comunicação, em especial à internet, porque:
A) Questiona a integração das pessoas nas redes virtuais de relacionamento.
B) Considera as relações sociais como menos importantes que as virtuais.
C) Enaltece a pretensão do homem de estar em todos os lugares ao mesmo tempo.
D) Descreve com precisão as sociedades humanas no mundo globalizado.
E) Concebe a rede de computadores como o espaço mais eficaz para a construção de
relações sociais.
PARA SABER MAIS
Disponível em: http://veja.abril.com.br/educacao/enem-
resolvido-2013/Q015.pdf Acesso 14/04/2014
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Tempos Modernos (1936), Direção de Charles Chaplin. Um operário
fica louco com o ritmo intenso do trabalho braçal pelo qual consegue o seu
ganha pão. Demitido, acaba parando em um hospital. Quando sai, é
confundido durante um protesto comunista e acaba preso. Em meio a toda
essa confusão, ainda arruma tempo para ajudar uma jovem órfã. Disponível
em: http://www.cineplayers.com/filme/tempos-modernos/598 Acesso:
14/04/2014.
Matrix (trilogia), EUA, 1999. Direção: Larry Wachowski e Andy
Wachowski. Em um mundo destruído e dominado por máquinas, os
humanos, sem saber, vivem suas vidas com base em ilusões programadas
por softwares. Um grupo de rebeldes luta contra as máquinas e tenta
encontrar o “escolhido” que libertará a humanidade.
in: VAINFAS, Ronaldo. História: o mundo por um fio: do século XX ao
XXI, volume 3/Ronaldo Vainfas... [et al]. São Paulo: Saraiva, 2010.
Livros: CARVALHO, Bernardo de A. A globalização em xeque.
Incertezas para o século XXI. São Paulo: Atual, 2000. A obra de Bernardo
Carvalho é um livro introdutório que pode auxiliar aqueles que estão
começando a adentrar no tema “globalização”. Com uma linguagem
acessível, o livro traz os aspectos fundamentais da atualidade e temas como
expansão comercial e industrial, modelos europeu e norte-americano.
Exemplificando esses temas a partir de situações concretas. Disponível em:
http://www.skoob.com.br/livro/81457-a_globalizacao_em_xeque Acesso:
25/07/2014.
HOBSBAWN, Eric. “A era dos extremos: o breve século XX. 1941-1991.
São Paulo: Companhia das Letras, 1995. Para entender o século 21, é
preciso conhecer o século 20. Eric Hobsbawm, em Era dos Extremos,
detalha esse período com a autoridade de quem viveu a época. Segundo ele,
o século 20 começa em 1914, com a Primeira Guerra Mundial, e termina
em 1991, com o fim da União Soviética. Este breve século caracterizou-se
por extremos. De um lado, o povo alcançou um padrão de vida até então
inimaginável. Paradoxalmente, foi o período em que aconteceram as
maiores catástrofes da História.” Resenha completa, disponível em:
http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/era-extremos-
vivendo-limite-434222.shtml Acesso: 25/07/2014.
O site da Cultura Brasil disponibiliza um texto bastante esclarecedor sobre
a Revolução industrial, Confira!
http://www.culturabrasil.org/revolucaoindustrial.htm > Acesso:
25/07/2014.
Com a popularização da internet, a partir dos anos 2000, novos tipos de
diversão, comunicação e entretenimento começaram a ganhar força. As
redes sociais emergem como uma revolução, principalmente, nas
comunicações e sociabilidades. Quer saber mais como tudo começou?
Acesse: http://www.tecmundo.com.br/redes-sociais/33036-a-historia-
das-redes-sociais-como-tudo-comecou.
Acesso: 25/07/2014.
47
Ano I- Volume I – Nº 2 – jul./dez. 2014 ISSN 2358-4971
RESPOSTAS COMENTADAS
QUESTÃO 11 – ENEM 2013 – Caderno Branco.
As dimensões continentais do Brasil, o grande potencial hídrico, o potencial ferroviário e a
existência de grandes rodovias deveriam levar à integração dos sistemas de transportes.
Assim, teríamos a diminuição dos custos de transporte, sua maior eficiência e a consequente
diminuição de um dos gargalos de desenvolvimento do país.
Disponível em: http://mestresdahistoria.blogspot.com.br/2013/10/enem-2013-parte-1.html
Acesso: 10/04/2014.
O Brasil, por apresentar um território continental, ou seja, de grande extensão, necessita que
os diferentes meios de transportes sejam conectados (modais), diminuindo os gastos de
transporte de mercadorias pelas empresas, reduzindo o tempo de deslocamento das partes
interiores até o litoral, para a exportação, e aos grandes centros urbanos.
Disponível em: http://educacao.globo.com/provas/enem-2013/questoes/9.html Acesso:
10/04/2014.
Artigo completo usado no texto base:
HUERTAS, D.M. O papel dos transportes na expansão da fronteira agrícola brasileira.
Revista Transporte y Território. Universidade de Buenos Aires, n. 3, 2010.
Disponível em: http://www.rtt.filo.uba.ar/RTT00309145.pdf Acesso: 10/04/201O texto
utilizado como base para resolução da questão é uma adaptação do artigo “O papel dos
transportes na expansão das fronteiras agrícolas brasileiras” do autor Daniel Monteiro
Huertas, o trecho é bastante claro e significativo para o problema que foi proposto. No que diz
respeito à situação, é expressiva: a relação entre a “logística de transporte” de mercadorias e a
extensão do território nacional. O enunciado apresenta diretamente a problemática que deve
ser respondida com a utilização dos itens, ou seja, qual deles melhor responde a questão, quais
seriam os “modais” que beneficiariam as necessidades de transporte de mercadoria no
território. O termo utilizado -modal- é bem específico e deve ser pensado como importante
para o entendimento do enunciado, o termo basicamente se refere à logística dos meios
básicos de transporte que são: rodovias, ferrovias, aerovias, hidrovias e dutos. Cada um desses
modais sugere o “custo-beneficio” no transporte de mercadorias. Deve se considerar na
escolha de cada um desses meios de transporte, a necessidade específica de cada material a
ser transportado e distribuído, o ritmo e urgência da distribuição e o custo logístico. Neste
sentido, todas as alternativas trazem relação com a temática e com o texto base, extensão
equivalente e paralelismo semântico. Mas a resposta se faz como mais adequada para
resolução do item, com mais coerência com trecho.
Alternativa correta: Letra B
Questão 15 – Caderno Branco – ENEM 2013
48
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A utilização cada vez mais ampla das novas tecnologias de telecomunicações disponíveis tem
sido objetos de estudos, haja vista o paradoxo gerado no plano da chamada globalização. Se,
por um lado, as redes sociais criadas na internet viabilizam a maior aproximação entre os
indivíduos, por outro lado, as relações pessoais têm se caracterizado por distanciamentos
acentuados e o isolamento das pessoas, fato frequentemente constatado na atualidade.
Disponível em: http://veja.abril.com.br/educacao/enem-resolvido-2013/Q015.pdf Acesso:
14/04/2014.
Devido ao uso das redes sociais, muitas pessoas acabam deixando suas interações sociais do
mundo real em segundo plano, pois a internet acaba promovendo conexão com um número
maior de pessoas em tempo real e que estão em diferentes locais do planeta. Disponível em:
http://educacao.globo.com/provas/enem-2013/questoes/25.html Acesso: 14/04/2014.
Por apresentar uma visão crítica acerca da disseminação de redes sociais na sociedade
contemporânea, a charge transmite a ideia de que as relações sociais estão cada vez mais em
segundo plano, substituídas pelas relações virtuais. Disponível em:
http://estaticog1.globo.com/2013/Vestibular/enem/oficina/Q25.pdf Acesso: 14/04/2014.
O texto base (imagem) apresenta referência de acesso completa “Disponível em: http://tv-
video-edc.blogspot.com. Acesso em: 30 maio 2010.” É adequado em termos de coesão e
coerência, o vocabulário e as situações são presentes do cotidiano, por isso são nacionalmente
conhecidas. A imagem é pertinente, com uma linguagem simples e clara e de boa qualidade.
O enunciado apresenta de forma clara a problemática e o que deve ser solucionado pelo aluno.
As alternativas se relacionam com o texto base, especialmente por se tratar de uma charge na
qual as possibilidades de interpretações são as mais variadas possíveis. Os enunciados não
possuem atrativos para a resolução, contudo a questão se caracteriza como de fácil resolução
uma vez que traz uma crítica pertinente e presente nos dias atuais sobre como os meios de
comunicação, em especial a internet, podem tornar as relações sociais mais frágeis,
aproximando as pessoas e ao mesmo tempo afastando-as. As alternativas apresentam
extensão equivalente.
Alternativa correta: Letra A
REFERÊNCIAS
HUERTAS, D.M. O papel dos transportes na expansão da fronteira agrícola brasileira.
Revista Transporte y Território. Universidade de Buenos Aires, n. 3, 2010. Disponível em:
http://www.rtt.filo.uba.ar/RTT00309145.pdf Acesso: 10/04/2014.
FRANCO JÚNIOR, Hilário, 1948 - A Idade Média: nascimento do ocidente / 2. ed. São
Paulo: Brasiliense, 2001. Disponível em:
http://www.letras.ufrj.br/veralima/historia_arte/Hilario-Franco-Jr-A-Idade-Media-PDF.pdf
Acesso: 15/04/2014.
49
Ano I- Volume I – Nº 2 – jul./dez. 2014 ISSN 2358-4971
A fábrica e os trabalhadores. Disponível em: http://revolucao-
industrial.info/mos/view/As_f%C3%A1bricas_e_os_trabalhadores/
Acesso: 15/04/2014.
http://literaturaedialogos.blogspot.com.br/2010/05/charlie-chaplin-tempos-modernos.html
Acesso: 15/04/2014.
DNIT: http://www1.dnit.gov.br/ferrovias/historico.asp Acesso em: 15/04/2014
http://www.culturabrasil.org/revolucaoindustrial.htm Acesso em: 16/04/2014.
http://mecanizacao2011.blogspot.com.br/2011/05/o-periodo-de-mil-anos-entre-queda-de.html
Acesso: 15/04/2014.
http://www.brasilescola.com/historiag/transformacoes-sociedade-feudal.htm Acesso:
15/04/2014.
http://viagensyoukai.blogspot.com.br/2013/11/feira-medieval-europeia-em-campinas.html
Acesso: 15/04/2014.
http://cartacampinas.com.br/2013/11/atracoes-da-feira-medieval-europeia-de-campinas-
comecam-no-proximo-fim-de-semana/ Acesso: 15/04/2014 .
http://literaturaedialogos.blogspot.com.br/2010/05/charlie-chaplin-tempos-modernos.html
Acesso: 15/04/2014.
http://portogente.com.br/portopedia/historia-das-ferrovias-80519 Acesso: 14/04/2014.
http://eddiegomes.com.br/mkt_blog/?p=1517 Acesso: 15/05/2014 .
http://veja.abril.com.br/educacao/enem-resolvido-2013/Q015.pdf Acesso: 14/04/2014.
http://www.cineplayers.com/filme/tempos-modernos/598 Acesso: 14/04/2014.
http://www.skoob.com.br/livro/81457-a_globalizacao_em_xeque Acesso: 25/07/2014.
http://mestresdahistoria.blogspot.com.br/2013/10/enem-2013-parte-1.html Acesso:
14/04/2014.
http://estaticog1.globo.com/2013/Vestibular/enem/oficina/Q25.pdf Acesso: 14/04/2014.
50
Ano I- Volume I – Nº 2 – jul./dez. 2014 ISSN 2358-4971
Competência de área 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e
valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo uma atuação
consciente do indivíduo na sociedade.
Paulo Montini ([email protected])
Silvanio Batista ([email protected] )
PARA COMEÇAR A HISTÓRIA
CIDADANIA E DEMOCRACIA
Imagem 01. Em época de Ditadura Militar, versos de música de Chico Buarque traduziam a luta pela liberdade
nas ruas pelo país. Disponível em: < http://www.osensato.com.br/protestos-atuais-e-do-passado-similaridades-e-
diferencas/ > Acesso em 19 de jul. 2014.
O que é cidadania? Na escola, nos dizem que cidadania é não jogar papel na rua, respeitar
sinais e placas, respeitar o próximo, saber dizer obrigado, por favor, desculpe e bom dia...
Mas aprendemos que é, também, saber lidar com a exclusão das pessoas necessitadas, com o
direito de crianças carentes e outros problemas do nosso cotidiano. Podemos compreender a
cidadania como o exercício de direitos e cumprimento dos deveres nos quais todos buscam
benefícios comuns e igualdade dentro da nossa sociedade.
A ideia de cidadania tal qual a entendemos hoje percorreu um longo percurso ao longo dos
tempos para encontrar-se nessa representação atual. Sua história, porém, não está definida:
está em constante processo de construção e mudanças. Seu surgimento pode ser delimitado no
período historicamente conhecido como antiguidade, no qual os gregos montaram uma
sociedade em que alguns que eram considerados livres e iguais, praticavam o exercício de
tomada de decisões em comunidade na chamada Pólis. Um dos grandes filósofos da Grécia
deste período, Aristóteles, a definia como uma prática na qual o cidadão seria todo aquele que
tem os direitos e deveres de formar um governo. A cidadania grega, porém, ao mesmo tempo
51
Ano I- Volume I – Nº 2 – jul./dez. 2014 ISSN 2358-4971
em que assumia um ineditismo em relação às tomadas de decisões bastante singular, dentro do
mundo conhecido à sua época, também apresentava um caráter excludente: o cidadão com
direito era apenas o homem adulto natural de Atenas. Dessa maneira, eram colocados às
margens da sociedade mulheres, estrangeiros e crianças.
Atualmente, o ser cidadão compreende respeitar e participar das decisões da sociedade no
intuito de melhorar sua vida e a de sua comunidade, exercendo seus direitos e deveres com
liberdade e responsabilidade, buscando a prática do bem comum. Conceitos como soberania
do povo, nacionalidade, liberdade, fraternidade e igualdade apenas vieram a se relacionar com
a cidadania em uma história muito recente. O historiador Eric Hobsbawn, ao analisar a
Revolução Francesa de 1789, observa a atualidade do movimento, mesmo passados já mais de
200 anos:
Felizmente, a Revolução Francesa ainda está viva. Pois liberdade, Igualdade e Fraternidade e
os valores da razão e do Iluminismo – os valores que construíram a civilização moderna (...) –
são mais necessários do que nunca, na medida em que o irracionalismo, a religião
fundamentalista, o obscurantismo e a barbárie estão, mais uma vez, avançando sobre nós. É,
portanto, uma coisa boa que, no ano de seu bicentenário (1989), tenhamos a ocasião de pensar
novamente sobre os acontecimentos históricos que há dois séculos transformaram o mundo.
Para melhor (Hobsbawn, 1996, p.127)..
Não ocasionalmente a academia delimita os estudos históricos a partir da Revolução Francesa
como o início da era contemporânea. Passados mais dois séculos, não há dúvidas sobre o seu
significado histórico e a sua particular importância para o mundo ocidental. Direitos à vida, à
propriedade, à liberdade, à igualdade, enfim, direitos políticos e sociais agora se faziam
presentes como deveres estatais para com sua população.
A história da cidadania confunde-se com a história dos direitos humanos e a história das lutas
das gentes para a afirmação de valores éticos. Existe, mesmo que estreito, um relacionamento
entre a cidadania e a luta por justiça, democracia e outros direitos fundamentais asseguradores
de condições dignas de sobrevivência.
TEXTO DE APOIO
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Imagem 02. Criança ucraniana vai às urnas em época de votação sobre o futuro da Criméia. . Disponível em: <
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/03/140316_crimeia_entenda_referendo_atualizacao_lgb.shtml>
Acesso em: 4de jul. 2014.
O embate diplomático entre Ucrânia e Rússia pelo controle da Criméia (território localizado
no leste ucraniano e de população, em sua maioria, de origem russa) vem sendo
constantemente abordado pela mídia. A disputa geopolítica pela pequena península já vem de
longa data, envolvendo intricados interesses econômicos, políticos e culturais. O estopim para
o atual desentendimento entre os dois vizinhos foi a deposição do ex-presidente da Ucrânia,
Víktor Yanukovich, retirado do poder pelo Congresso Nacional em 22 de fevereiro de 2014,
após uma onda de manifestações pró-democracia que, entre outras coisas, se exigia a
aproximação do país com o Ocidente e a União Europeia.
Esses eventos de protesto acabaram por levar o governo ucraniano ao colapso, à
desestabilização da economia local e ao ressurgimento de antigas desavenças, como no caso
do desejo de separatismo dos cidadãos da Criméia. A Rússia, que nos tempos de União
Soviética exercia domínio na Ucrânia, optou por intervir no país vizinho, alimentando grupos
separatistas da região e alegando que uma adesão seria o ideal no momento, em uma tentativa
de atrair o grande número de russófonos (pessoas que se comunicam na língua russa) da
região. Nesse conturbado contexto político, questões sobre soberania e o papel efetivo da
democracia acabaram por eclodir neste cenário de disputa entre as duas nações.
Por soberania entende-se: “O fundamento, de todo e qualquer tipo de estado, democrático ou
territorial, monárquico, republicano, federativo ou unitário, porque esse traço é característico
de independência na órbita externa ou internacional‟‟(MORE, p.2)¹. Ou seja, o cuidado e
proteção com o seu território das ameaças advindas de outras nações (como o atual caso da
Criméia) ou mesmo internamente, quando tem-se disputas no interior do país pela
independência de uma região (como é o caso da Chechênia, na Rússia, que busca há décadas
sua separação de Moscou) deve ser objeto de preocupação dos países para a manutenção de
sua soberania. Quanto à cidadania, Clovis Gorczevski, usando-se das análises de Soledad
García e Steven Lukes, chega à seguinte compreensão:
Como uma conjunção de três elementos: 1) a garantia de certos direitos, assim como a
obrigação de cumprir certos deveres para com uma sociedade especifica; (2) pertencer a uma
comunidade política determinada (normalmente um Estado); e (3) a oportunidade de contribuir
na vida pública desta comunidade através da participação (GORCZEVSKI, CLOVIS, 2011,
p.29).
Portanto, a compreensão de tal conceito, principalmente pesando os dois últimos pontos,
tange a problemática discutida neste texto no sentido de que os cidadãos da Criméia estavam
discutindo sobre que cidadania seguir: a russa ou a ucraniana, haja vista que, através do
referendo ocorrido em 16/03/2014, os cidadãos optaram em seguir a russa, assim como ter sua
região anexada. Tanto o Ocidente, quanto a Ucrânia se manifestaram contra tal referendo,
anunciando que ele não era legítimo, que era contrário à democracia. Levando-se em
consideração a democracia sob o prisma de:
53
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Entender sob que bases se exerce a soberania popular, em que medida há a eficácia da
representação e que perspectivas se colocam para repensar o sistema político não só do ponto
de vista da sua institucionalidade, mas da forma como os sujeitos sociais
__________________________________
¹ Disponível em:< http://more.com.br/artigos/Soberania.pdf > Acesso em 26 de jul. 2014
elaboram mecanismos de participação política para além da esfera formal de intermediação de
interesses (DE FREITAS, p.1)².
Pode-se inferir que o referendo realizado na Crimeia, onde a maior parte de sua população é
de origem russa, foi uma tentativa de exercício de democracia de forma representativa pelo
voto (por mais que tenha havido objeções acerca do fato da Rússia apoiar e,
consequentemente, influenciar o resultado), pois houve participação política, na qual uma
maioria optou por anexar o território ao russo, em detrimento de Kiev.
REFLEXÃO
Imagem 03. Na foto de 1985, Tancredo Neves discursa como presidente já eleito para restaurar a
democracia no Brasil. Disponível em: < http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/tag/eleicao-de-
tancredo-neves/ > Acesso em: 19 de jul. 2014.
A construção da cidadania no Brasil confunde-se com a própria história dos movimentos
sociais e patrióticos do país, na qual eventos como a Inconfidência Mineira, a guerra de
Canudos e a abolição da escravidão acabariam por fornecer, de certo modo, influência no
processo. Ao lutar pela independência, liberdade ou melhoria da sua qualidade de vida os
participantes desses movimentos davam os primeiros passos na conquista dos direitos
humanos para a cidadania brasileira.
Um marco para sua história, a promulgação da Constituição de 1988 teve sua elaboração após
um período obscuro na história do país, a ditadura militar, marcada pelo autoritarismo do
Estado e pela desconstrução de todo um processo de cidadania construído ao longo do tempo.
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A partir de 1988 novas ferramentas foram colocadas à disposição do cidadão, dentre elas o
Código de Defesa do Consumidor (conjunto de direitos e deveres destinados ao consumidor),
um novo Código de Trânsito e um novo Código Civil que está relacionado com normas
concernentes às relações jurídicas. A mídia, que no período da ditadura foi duramente
censurada, hoje exerce um papel _________________
²Disponível em: <
http://www.dhnet.org.br/direitos/militantes/fabiofreitas/fabio_freitas_democracia_conceito_disputa.pdf > Acesso
em: 26 de Jul. 2014.
cidadão fundamental principalmente pela divulgação de informações e de denúncias, tendo
sua liberdade de expressão assegurada pela Constituição.
Mas em nosso cotidiano percebemos que ainda temos muito a conquistar no que concerne ao
desempenho da cidadania. O Brasil é um país de muitas injustiças e contrastes sociais, e onde
muitos ainda são desrespeitados enquanto cidadãos. A principal ferramenta da cidadania é o
voto. Ele é o meio pelo qual o próprio indivíduo participa do processo de construção dos
destinos da sua nação. Mas não basta votar, é necessário que tenhamos consciência que
devemos participar da vida democrática. Devemos nos sentir responsáveis pelo bom
funcionamento das instituições, além de verificarmos o bom andamento das atividades do
Estado, exigindo, com postura de cidadão, que este seja coerente com os seus fundamentos,
razoável no cumprimento das suas finalidades e intransigente em relação aos seus princípios
constitucionais.
E o que é ser cidadão? Ser cidadão envolve um conjunto de direitos e deveres. Como
cidadãos, temos o direito de sermos livres, de ter nossa casa e principalmente de ser
respeitados em relação a nosso gênero, origem, raça ou condição social. Ao mesmo tempo, é
dever do cidadão trabalhar em prol de uma sociedade melhor praticando a solidariedade, a
responsabilidade social e tendo a compreensão dos fatos ao nosso redor.
APRENDA FAZENDO
Questão 58 ENEM 2009
Segundo Aristóteles, “na cidade com o melhor conjunto de normas e naquela dotada de
homens absolutamente justos, os cidadãos não devem viver uma vida de trabalho trivial ou de
negócios – esses tipos de vida são desprezíveis e incompatíveis com as qualidades morais ,
tampouco devem ser agricultores os aspirantes à cidadania, pois o lazer é indispensável ao
desenvolvimento das qualidades morais e à prática das atividades políticas‟‟.
VAN ACKER, T. Grécia. A vida cotidiana na cidade-Estado. São Paulo: Atual. 1994
O trecho, retirado da obra Política, de Aristóteles, permite compreender que a cidadania:
55
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a) Possui uma dimensão histórica que deve ser criticada, pois é condenável que os
políticos de qualquer época fiquem entregues à ociosidade, enquanto o resto dos
cidadãos tem que trabalhar.
b) Era entendida como uma dignidade própria dos grupos sociais superiores, fruto de
uma concepção política profundamente hierarquizada da sociedade.
c) Estava vinculada, na Grécia Antiga, a uma percepção política democrática, que levava
todos os habitantes da pólis a participarem da vida cívica.
d) Tinha profundas conexões com a justiça, razão pela qual o tempo livre dos cidadãos
deveria ser dedicado às atividades vinculadas aos tribunais.
e) Vivida pelos atenienses era, de fato, restrita àqueles que se dedicavam à política e que
tinham tempo para resolver os problemas da cidade.
Questão 45 ENEM 2010
Democracia: “regime político no qual a soberania é exercida pelo povo, pertence ao conjunto
dos cidadãos.‟‟
JAPIASSÚ, H.; MARCONDES, D. Dicionário Básico de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar,
2006.
Uma suposta “vacina‟‟ contra o despotismo, em um contexto democrático, tem por objetivo:
a) Impedir a contratação de familiares para o serviço público.
b) Reduzir a ação das instituições constitucionais.
c) Combater a distribuição equilibrada de poder.
d) Evitar a escolha de governantes autoritários.
e) Restringir a atuação do Parlamento.
SAIBA MAIS
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SITES
O Instituto de Cidadania Brasil é uma ONG mantida pelo
estado de São Paulo que atua na área de conscientização da
população sobre seus poderes e deveres. No site, pode-se
encontrar data de palestras, notícias e áreas de atuação do
Instituto. Disponível em <
http://www.institutocidadania.org.br/index.php> Acesso em: 19 de
jul. 2014.
O portal das Nações Unidas traz diversas informações sobre a
tentativa da organização pela expansão da cidadania pelo
mundo, além de cobrir as ações dos diversos segmentos da
entidade pelo planeta. A página tem uma versão em português
para os brasileiros. Disponível em < http://www.onu.org.br/> Acesso em: 19 de jul. 2014.
De maneira didática, o vídeo da série “Telecurso‟‟ faz um
apanhado do que é cidadania e de quais são os deveres do
cidadão. Disponível em
<https://www.youtube.com/watch?v=JAvnKzqDsc4 > Acesso
em: 19 de jul. 2014.
RESPOSTAS COMENTADAS
QUESTÃO 58–
A problemática da questão se refere, em um contexto geral, ao que correspondia ser cidadão
na Grécia Antiga. Apontada como “berço” da cidadania e da democracia, a Grécia, nas suas
cidade-estados, encontrava-se em um momento de consolidação dessa forma de governo até
então inédita. Por isso, filósofos dos mais variados territórios gregos (seja das chamadas
colônias espalhadas pelo Mediterrâneo ou da região peninsular) buscavam argumentos que
justificassem tal estilo de governo, afirmando o lugar social de cada um da sociedade neste
novo momento político.
Apesar da própria palavra “democracia‟‟ significar, literalmente, governo do povo, o “povo‟‟
na sociedade grega não era qualquer indivíduo. Aristóteles, ao abordar o dever do cidadão
ateniense de sua época, acaba por explicitar esse método de hierarquização social: apenas o
homem adulto ateniense seria passível de decidir o futuro de sua comunidade.
Adaptado de: < http://educacao.globo.com/provas/enem-2009/questoes/58.html > Acesso em: 20 jul. 2014.
Alternativa correta: Letra B
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QUESTÃO 45 –
A problemática da questão se refere a uma das funções primordiais da democracia: o combate
ao autoritarismo. Levando-se em consideração que o regime democrático, em sua
fundamentação teórica, consiste em manter a soberania do povo a partir da ação de seus
cidadãos, fica evidente o papel da democracia em evitar que se chegue ao poder indivíduos ou
grupos despóticos. O despotismo, caracterizado pela centralização de poder nas mãos de um
único indivíduo, era o estilo de governar mais comum na época da implantação da democracia
em Atenas. Nota-se, então, a particularidade grega que, com uma democracia única em meio a
despóticos, viveria uma ascensão que acabaria por marcar este recorte como um dos grandes
períodos da antiguidade.
Adaptado de: < http://educacao.globo.com/provas/enem-2010/questoes/45.html > Acesso em: 20 jul. 2014.
Alternativa correta: Letra D
REFERÊNCIAS
FREITAS, F. F. Democracia: um conceito em disputa. Disponível em
http://www.dhnet.org.br/direitos/militantes/fabiofreitas/fabio_freitas_democracia_conceito_di
sputa.pdf. Acesso em: 20 de jul. 2014.
GORCZEVSKI, C., & Martin, N. B. A Necessária Revisão do Conceito de Cidadania:
Movimentos Sociais e Novos Protagonistas na Esfera Pública Democrática. Santa Cruz do
Sul: EDUNISC, 2011.
HOBSBAWM, Eric. Ecos da Marselhesa: Dois Séculos Revêem a Revolução Francesa.
São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
MORE, Rodrigo Fernandes. O Moderno Conceito de Soberania no Âmbito do Direito
Internacional. Disponível em: http://more.com.br/artigos/Soberania.pdf. Acesso em: 20 de
jul. 2014.
TEIXEIRA, Ricardo Marandino. Desrespeito à Cidadania. Disponível em:
http://www.vivaterra.org.br/vivaterra_cidadania.htm#. Acesso em: 20 de jul. 2014.
Imagem 01 – Disponível em: http://www.osensato.com.br/protestos-atuais-e-do-passado-
similaridades-e-diferencas/. Acesso em: 26 de jul. 2014.
Imagem 02 – Disponível em:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/03/140316_crimeia_entenda_referendo_atuali
zacao_lgb.shtml. Acesso em: 26 de jul. 2014.
Imagem 03 – Disponível em: http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/tag/eleicao-de-
tancredo-neves/. Acesso em: 26 de jul. 2014.
58
Ano I- Volume I – Nº 2 – jul./dez. 2014 ISSN 2358-4971
Maria Aline
Guedes([email protected])
Ronyone
Araújo([email protected])
Valber Nunes da Silva Mendes
PARA COMEÇAR A HISTÓRIA...
AS INTERAÇÕES ENTRE SOCIEDADE E NATUREZA: REFLEXOS DA
MODERNIDADE NAS ESPACIALIDADES NATURAIS.
Competência 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações
no espaço em diferentes contextos históricos e geográficos.
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Uma das maiores construções arquitetônicas da contemporaneidade, as Palm Islands são um
conjunto de três ilhas artificiais (Jumeirah, Jabel Ali e Deira) construídas nos Emirados Árabes
Unidos, na cidade de Dubai. Estas „„maravilhas da arquitetura moderna‟‟ correspondem a um
dos planos mais arrojados de edificações pelo mundo, que tem como objetivo erguer ilhas com
o formato de palmeiras no Golfo Pérsico. Tal iniciativa pensada pelo Xeique Mohammed bin
Rashid Al Maktoum, teve o intuito de expandir o setor de turismo e serviços da economia
local. (Adaptado. Maravilhas da Engenharia: Palm Islands, as palmeiras gigantes. Disponível em:
http://construcaocivilpet.wordpress.com/2012/12/05/maravilhas-da-engenharia-5-palm-islands-as-palmeiras-
gigantes/. Acesso em 13 de Abril).
Esta região localizada no deserto da Arábia foi durante a década de 1970, um dos maiores
centros produtores de petróleo, o que atraiu uma série de propostas em urbanização,
investimentos imobiliários e um crescente processo de imigração proveniente de regiões
como: Índia, China, Paquistão e Irã. Com isso, a cidade de Dubai passou por um processo de
Imagens disponíveis em: http://architectureintlprogram.wordpress.com/2011/06/13/the-dubai-palm-islands/
Acesso em: 12 de Abril de 2014.
http://construcaocivilpet.wordpress.com/2012/12/05/maravilhas-da-engenharia-5-palm-islands-as-palmeiras-
gigantes/
Acesso em: 12 de Abril de 2014.
http://lih.ae/property/siganture-villa-european-great-rotunda-palm-jumeirah/ Acesso em: 12 de Abril.
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aglomeração urbana, que acarretou em um acréscimo de sua população, um contínuo processo
de verticalização e modernização da cidade.
Aliado a esta guinada econômica proporcionada
pelo petróleo, outros setores da economia se
desenvolveram, por exemplo, as zonas de
comércio, isso porque que Dubai está situado em uma área estratégica de entreposto
comercial com demais localidades. Outro setor que recepcionou investimentos foi o de
turismo, que começou a ser incentivado devido às construções artificiais, como as Palm
Islands, o arquipélago The World – que reproduz o desenho do mapa mundi em espaços bem
definidos de mini ilhas correspondente à cada país – e o Burj Khalifa, o edifício mais alto do
mundo atualmente.
No que concerne às ilhas artificiais da Palm Islands, a primeira delas, Jumeirah, começou a
ser construída em 2001, sendo concluída em 2009. Em comparação com o projeto das demais,
ela é a menor, possuindo as dimensões de 5 km de comprimento e 5,5 km de largura. No
entanto, comporta cerca de quatro mil imóveis entre residências, restaurantes, hotéis e centros
comerciais. A segunda, Jabel Ali, que teve o início das obras em 2002, hoje tem seu desenho
já concluído, mas ainda não está com todas as habitações concluídas e contém nas suas
dimensões: 7,0 km de comprimento por 7,5 km de largura. A terceira ilha, Deira, prevê o
projeto mais audacioso, por ser a maior delas, com dimensões de 14 km de comprimento e 8,5
km de largura. Além destas dimensões estima-se que, quando concluída, poderá ter uma
população de um milhão de habitantes.
Localização geográfica. Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Dubai. Acesso
em: 13 de Abril de 2014.
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Mundo Estranho. Pelo mundo, há no mínimo
10 biomas que estão em níveis críticos de
devastação ocasionada pela ação antrópica.
Disponível em:
http://planetasustentavel.abril.com.br/infografico
s/#planeta-sustentavel Acesso em: 01 de Maio
de 2014.
Relação Sociedade-Natureza na modernidade
As construções em Dubai exemplificam a relação que o homem tem estabelecido com a
natureza na contemporaneidade. O avanço da construção civil em espaços naturais,
incentivados pelo mercado do turismo tem sido realizado de maneira que não visa respeitar e
preservar o domínio natural ocasionando desequilíbrios ambientais e desastres ecológicos. Na
construção das ilhas artificiais, a areia utilizada provém do próprio Golfo Pérsico, que teve
regiões que precisaram ser dragadas, ou seja, retiraram-se porções de areia em determinados
lugares para depositá-la em regiões específicas, ocasionando alterações no solo marinho. Este
fator contribuiu para que a fauna marinha também fosse afetada, no sentido de que a
reprodução de corais e a circulação de outras espécies aquáticas fossem alteradas, pois a
maneira como estas ilhas artificiais foram construídas isolou o fluxo de circulação da água em
algumas áreas evitando que algumas espécies consigam se alojar e desenvolver.
O ser humano tem transformado o espaço sem pôr em questão as degradações que são
ocasionadas pelas ocupações desordenadas e mensurar em que nível sua interferência irá
transformar sua espacialidade. Por isso, tende a se comportar como um “dominador”
(correspondente à sua postura antropocêntrica) dos elementos naturais, sem mensurar os
impactos que suas atitudes podem ocasionar no presente e para as próximas gerações.
Em outros tempos...
Cabe ressaltar que a relação entre sociedade e natureza é formada considerando a interação
que cada cultura exerce no espaço que ocupa. Ou seja, outras culturas presentes em espaços e
temporalidades diferentes, construíram outras relações com a natureza. Ao longo da história, o
ser humano modificou constantemente o espaço em que vivia para moldá-lo às suas
necessidades. Práticas como a caça, pesca, coleta e atividades posteriores como agricultura,
construção de habitações e atividades econômicas, impulsionaram novas formas de interação
com a natureza.
Algumas culturas atribuíram à natureza um significado sagrado, pois retiravam dela o que
precisavam para seu sustento, a exemplo da maioria das comunidades indígenas no Brasil.
Com o decorrer do tempo, em que o caráter antropocêntrico do homem e o avanço das
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atividades mercantis tornaram-se os principais veículos da transformação do espaço, a
natureza também foi significada de outra maneira, perdendo para algumas culturas ocidentais,
o valor sagrado, e sendo um lugar de transformação e deterioração para as necessidades
econômicas.
Com o decorrer das transformações tecnológicas e científicas assistiu-se a uma necessidade
crescente de preservação dos espaços naturais, buscando alternativas para conter a expansão
de algumas atividades degradantes como o desmatamento, bem como soluções para empenhar
o desenvolvimento sustentável.
REFLEXÃO
Os grandes problemas tão divulgados pelos veículos de comunicação, tais como: os
desmatamentos, a desertificação, a perda da biodiversidade, a depleção da camada de ozônio, o
efeito estufa, o superaquecimento global, a crise da água potável, o crescimento demográfico e
a cultura consumista, a produção de enormes quantidades de lixo, a biopirataria e tantos outros
complicadores, surgem pela autodesignação do homem como dominador da natureza.
(GONÇALVES, 2007, p. 171-172)
A relação dos seres humanos com a natureza já foi bem diferente do que observamos hoje. No
período Paleolítico os seres humanos eram nômades, não possuíam moradia fixa, até porque
estes dependiam dos recursos que a natureza oferecia para poderem sobreviver. Nesse
momento o ser humano ainda não possuía o conhecimento para manusear a natureza ao seu
favor, apenas retirar da natureza os frutos que eram ofertados, para sua subsistência. Para
estes indivíduos a diminuição dos recursos necessários já era um sinal para partir em retirada
para outro ambiente que oferecesse uma maior oportunidade de sobrevivência.
Após a descoberta de como manusear a natureza a favor de si, os seres humanos iniciaram o
seu processo de sedentarização. Esse período é conhecido para História como período
Neolítico. Os seres humanos deixavam de ser coletores e predadores para desenvolver
culturas agrícolas e domesticação de animais para seu consumo. As longas travessias feitas
pelos grupos nômades, já não eram mais interessantes para a sociedade neolítica que estava se
construindo nesse período. Foi nesse momento histórico da sociedade, que começaram a
surgir as primeiras vilas e posteriormente, as primeiras cidades.
Segundo Gonçalves (2007) esses indivíduos que começavam a vivenciar uma vida em
sociedade, possuíam uma relação com a natureza de caráter mística, por acreditar na presença
de deuses que na sua maioria eram ligados a fenômenos naturais. Temendo a ira desses
deuses, os homens e as mulheres do Neolítico moderavam seus comportamentos diante da
natureza. Um exemplo para enfatizar o caráter místico dessa sociedade é que para o corte de
uma árvore era necessário ter uma justificativa, como a construção de uma casa ou de um
barco, algo que fosse servir como fonte de sobrevivência para esses indivíduos e não para
motivos fúteis. Mesmo com a justificativa que explicava o ato, alguns povos antigos ainda
temiam algum tipo de retaliação por parte dos deuses, e por isso era comum a realização de
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“rituais de desculpas” pelos atos cruéis provocados à natureza. Aos poucos, a mentalidade
humana referente à natureza foi mudando e as relações com a mesma também, sobre esse o
assunto Gonçalves destaca que
Com a evolução da espécie humana, o homem arrancou os deuses da natureza e passou a
destruí-la como se ele próprio fosse divino, cheio de poderes absolutos. A partir de então, a
natureza começou a perder o seu status de mãe da vida. O desejo desenfreado pelo poder e pelo
dinheiro, fez com que o homem mudasse sua concepção como parte do natural. Natureza e
homem passaram a ser duas coisas distintas. (GONÇALVES, 2007, p.172)
A fala de Gonçalves reflete o nosso momento atual, e explica a situação em que vivemos, no
qual assistimos a destruição das matas, florestas e ecossistemas. Estes recursos só representam
para os indivíduos que os destroem, fonte de riqueza. A autossuficiência humana proclamada
no período do Renascimento, fez do homem o centro da terra (antropocentrismo) concedendo
a este o domínio da natureza, que a utilizou muitas vezes de forma exacerbada em seu favor,
visando apenas lucrar com os recursos naturais extraídos.
TEXTO DE APOIO
HISTORIA & NATUREZA
O livro História e Natureza da historiadora Regina Horta é composto por três capítulos: os
historiadores em diálogo com seu tempo, o segundo sociedade, natureza e história e por
último Historia e história ambiental (ALBUQUERQUE JUNIOR, 2005).
No primeiro capítulo do seu livro a autora tenta desmistificar a ideia que parece prevalecer
até hoje, da qual a disciplina história descreve o passado sem qualquer diálogo com o
presente. Dessa forma, a história não significa nada para uma juventude preocupada com o
futuro, sobretudo com a questão ambiental, posta hoje como um problema prioritário devido
ao estado atual de degradação ambiental. A disciplina história defendida pela autora tem um
sentido mais amplo, que não se reduz apenas a descrever o passado, mas tentar fazer uma
Imagem disponível em:
http://ohomemrevoltado.blogspot.com.br/2
010_10_01_archive.html .Acesso em 10
de Maio de 2014)
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ponte com o presente, ou seja, entender os fatos passados como um problema que pode ser
resolvido por meio do diálogo com o presente (ALBUQUERQUE JUNIOR, 2005).
Com a questão ambiental esse olhar é fundamental. Tentar rever nossas práticas e valores
com o intuito de nos ajudar a compreender a poluição e degradação da natureza que implicou
na modificação dos ecossistemas. É com esse olhar que autora escreve o segundo capítulo do
seu livro, mencionando as diferentes sociedades e suas práticas culturais. Assim, ela vai
deixar claro que desde as formas de organização mais simples dos grupos humanos até hoje,
houve devastação da natureza (ALBUQUERQUE JUNIOR, 2005).
Alguns estudiosos da área acreditam que a forma como os indígenas vivem não traz nenhum
dano nocivo à natureza. A autora discorda desse aspecto da mesma forma que não acredita
no retorno da vida simples e natural. Segundo ela esses discursos servem para alimentar a
indústria capitalista (ALBUQUERQUE JUNIOR, 2005).
No terceiro e último capítulo a auto Regina Horta menciona alguns clássicos e suas
contribuições para a disciplina de historia ambiental destacando, por exemplo, o historiador
Marc Bloch com sua tentativa de descrever as práticas agrárias no feudalismo; e Georges
Duby com os estudos voltados para a história dos camponeses medievais. No Brasil, ela
destaca alguns autores como Sergio Buarque de Holanda, sobretudo com sua obra Monções
publicada em 1945. Nela o autor estuda os obstáculos naturais que as expedições
enfrentavam como a correnteza dos rios; e Caio Prado Jr. que também escreveu sobre esse
período em sua obra Formação do Brasil Contemporâneo, publicada em 1942 na qual
denunciava a exploração devastadora na natureza realizada pelos portugueses no período
colonial.
Ela aponta também algumas discussões contemporâneas interdisciplinares das diferentes
áreas do conhecimento que colocam em foco, a natureza e sua biodiversidade. Como é o
caso da caso da geografia, zoologia, botânica, climatologia entre outros.
O livro Historia e Natureza é uma leitura agradável, de fácil compreensão, com valiosas
informações históricas e que traz à tona uma leitura crítica e problematizada da relação seres
humanos – natureza.
(Adaptado. ALBUQUERQUE JUNIOR, Durval Muniz. A sabedoria vegetal. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-87752006000100014. Acesso em: 15 de Abril
de 2014).
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APRENDA FAZENDO.
Questão 81. ENEM 2009 – Caderno Azul.
No presente, observa-se crescente atenção aos efeitos da atividade humana, em diferentes
áreas, sobre o meio ambiente, sendo constante, nos fóruns internacionais e nas instâncias
nacionais, a referência à sustentabilidade como princípio orientador de ações e propostas que
deles emanam. A sustentabilidade explica-se pela
(A) incapacidade de se manter uma atividade econômica ao longo do tempo sem causar danos
ao meio ambiente.
(B) incompatibilidade entre crescimento econômico acelerado e preservação de recursos
naturais e de fontes não renováveis de energia.
(C) interação de todas as dimensões do bem-estar humano com o crescimento econômico,
sem a preocupação com a conservação dos recursos naturais que estivera presente desde a
Antiguidade.
(D) proteção da biodiversidade em face das ameaças de destruição que sofrem as florestas
tropicais devido ao avanço de atividades como a mineração, a monocultura, o tráfico de
madeira e de espécies selvagens.
(E) necessidade de se satisfazer as demandas atuais colocadas pelo desenvolvimento sem
comprometer a capacidade de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades nos
campos econômico, social e ambiental
Questão 80. ENEM 2009 – Caderno Azul.
O homem construiu sua história por meio do constante processo de ocupação e transformação
do espaço natural. Na verdade, o que variou, nos diversos momentos da experiência humana,
foi a intensidade dessa exploração. Disponível em:
http://www.simposioreformaagraria.propp.ufu.br. Acesso em: 09 jul. 2009 (adaptado).
Uma das consequências que pode ser atribuída à crescente intensificação da exploração de
recursos naturais, facilitada pelo desenvolvimento tecnológico ao longo da história, é
(A) a diminuição do comércio entre países e regiões, que se tornaram autossuficientes na
produção de bens e serviços.
(B) a ocorrência de desastres ambientais de grandes proporções, como no caso de
derramamento de óleo por navios petroleiros.
(C) a melhora generalizada das condições de vida da população mundial, a partir da
eliminação das desigualdades econômicas na atualidade.
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Ano I- Volume I – Nº 2 – jul./dez. 2014 ISSN 2358-4971
(D) o desmatamento, que eliminou grandes extensões de diversos biomas improdutivos, cujas
áreas passaram a ser ocupadas por centros industriais modernos.
(E) o aumento demográfico mundial, sobretudo nos países mais desenvolvidos, que
apresentam altas taxas de crescimento vegetativo
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Ano I- Volume I – Nº 2 – jul./dez. 2014 ISSN 2358-4971
PARA SABER MAIS
Imagem
disponível
em:
http://suste
ntabilidade
eaccao.blo
gspot.com.
br/2013/04
/dia-da-
terra.html
HOME – NOSSO PLANETA, NOSSA CASA.
Home é um documentário que traz uma abordagem das
atuações que o homem realizou, e tem realizado na
relação com a natureza, demonstrando como esta
interação tem se tornado cada vez mais danosa para o
meio ambiente. Ecossistemas, biomas, flora, fauna
(terrestres e marinhos) têm sido degradados e extintos
devido à ação humana, que movida pelos interesses da
indústria alimentícia e farmacêutica, por exemplo, tem
deteriorado os espaços naturais. Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=jvXTCpwU_YA.
Acesso em: 20 de Maio de 2014.
Imagem disponível em: http://destino-
alternativo.blogspot.com.br/2012/06/fil
me-into-wild-na-natureza-selvagem.html
Acesso em 20/05/2014
NA NATUREZA SELVAGEM
É um longa-metragem de 2007, produzido nos Estados
Unidos que mostra a relação de um jovem com a natureza
“Início da década de 90. Christopher McCandless (Emile
Hirsch) é um jovem recém-formado, que decide viajar
sem rumo pelos Estados Unidos em busca da liberdade.
Durante sua jornada pela Dakota do Sul, Arizona e
Califórnia ele conhece pessoas que mudam sua vida,
assim como sua presença também modifica as delas. Até
que, após dois anos na estrada, Christopher decide fazer a
maior das viagens e partir rumo ao Alasca.”
Disponível http://www.adorocinema.com/filmes/filme-
110101/ acesso em 20/05/2014
Vídeo:
Imagem disponível em
https://www.youtube.com/
A História das Coisas (versão brasileira)
“Da extração e produção até a venda, consumo e descarte,
todos os produtos em nossa vida afetam comunidades em
diversos países, a maior parte delas longe de nossos
olhos.
História das Coisas é um documentário de 20 minutos,
direto, passo a passo, baseado nos subterrâneos de nossos
padrões de consumo.
História das Coisas revela as conexões entre diversos
problemas ambientais e sociais, e é um alerta pela
urgência em criarmos um mundo mais sustentável e
justo.”
Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=7qFiGMSnNjw
Acesso em 21 de maio de 2014.
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RESPOSTAS COMENTADAS
81. Resposta correta: “E”. Necessidade de se satisfazer as demandas atuais
colocadas pelo desenvolvimento sem comprometer a capacidade de as gerações
futuras atenderem suas próprias necessidades nos campos econômico, social e
ambiental
Partindo da noção de que todas as atividades humanas incidem de maneira direta ou
indireta na natureza, independentemente das culturas que ocupam determinado espaço,
o conceito de sustentabilidade indica que
Sustentabilidade ambiental e ecológica é a manutenção do meio ambiente
do planeta Terra, é manter a qualidade de vida, manter o meio ambiente
em harmonia com as pessoas. É cuidar para não poluir a água, separar o
lixo, evitar desastres ecológicos, como queimadas, desmatamentos. O
próprio conceito de sustentabilidade é para longo prazo, significa cuidar
de todo o sistema, para que as gerações futuras possam aproveitar.
(Sustentabilidade Ambiental e Ecológica. Disponível em:
http://www.significados.com.br/sustentabilidade/. Acesso em 15 de Abril
de 2014.)
Portanto, a assertiva que se aproxima do conceito de sustentabilidade é a alternativa
“E”. Para você se inteirar acerca de atitudes sustentáveis, acesse o link:
http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/atitude/dez-atitudes-ensinar-seu-filho-
cuidar-planeta-567455.shtml. Lá, você confere todo um espaço destinado ao
conhecimento que gravita em torno de atitudes sustentáveis.
80. Resposta Correta: “B”. A ocorrência de desastres ambientais de grandes
proporções, como no caso de derramamento de óleo por navios petroleiros.
O item possui uma temática muito discutida atualmente no que se refere ao elevado
produtivismo das economias internacionais realizado de maneira irresponsável e que
não visa a conservação e preservação dos ambientes naturais, explorando-os
desmedidamente sem mensurar quaisquer tipos de consequências que os atos atuais
podem significar no presente e no futuro. Portanto, as bases em que se processam esse
crescimento econômico: desmatamentos, processos de extinção de espécies vegetais e
animais, emissão desenfreada de gases poluentes, índices de poluição do ar por gases
tóxicos elevados, etc.; devem ser repensados e alterados.
Em 2010, um acidente envolvendo a emprese British Petroleum, em que espalhou uma
macha de óleo com um tamanho equivalente a onze vezes a cidade do Rio de Janeiro,
colocou em na agenda das discussões ambientais, este tipo de transporte, a segurança, e
os impactos que podem ocasionar. No link: http://vestibular.uol.com.br/resumo-das-
disciplinas/atualidades/desastre-ambiental-consequencias-do-vazamento-de-petroleo-
no-golfo-do-mexico.htm. Ao longo da reportagem, você acompanha o desfecho deste
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desastre ambiental ocorrido em 2010, e algumas implicações ambientais decorrentes
desse tipo de exploração dos recursos naturais.
As demais assertivas não estão em correspondência com o comando do item, tratando
de outras temáticas, como crescimento vegetativo, globalização, tratando-os de maneira
errônea e fora de contexto para complementar a questão.
REFERÊNCIAS
DUARTE, Regina Horta. História e Natureza. Belo Horizonte: Autêntica, 2005, 108p.
ALBUQUERQUE JR. Durval M. A Sabedoria Vegetal The vegetal wisdom; Scielo,
2006. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
87752006000100014> 24 de Julho de 2014
GONÇALVES, Julio Cesar. Homem-Natureza; Uma relação conflitante ao longo da
história. Revista Multidisciplinar da Uniesp, Saber Acadêmico, N° 6, 2008.
FOLADORI, Guillermo. Taks Javier. Um olhar antropológico sobre a questão
ambiental. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010493132004000200004&script=sci_arttext&t
lng=pt>.
História das Palm Islands. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Palm_Islands>
20 de Maio de 2014.
Relação entre Homem X Natureza. Disponível em:
<http://www.portaleducacao.com.br/biologia/artigos/19309/relacao-do-homem-x-
natureza#!3>. Acesso em: 21 de Maio de 2014.
Imagem. Disponível em:<
http://architectureintlprogram.wordpress.com/2011/06/13/the-dubai-palm-islands/>
Acesso em: 12 de Abril de 2014.
Imagem. Disponível
em:<http://construcaocivilpet.wordpress.com/2012/12/05/maravilhas-da-engenharia-5-
palm-islands-as-palmeiras-gigantes/> Acesso em: 12 de Abril de 2014.
Imagem. Disponível em: <http://lih.ae/property/siganture-villa-european-great-rotunda-
palm-jumeirah/> Acesso em: Acesso em 12 de Abril de 2014.
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de 2014.
Imagem. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Dubai> Acesso em: 12 de Abril
de 2014.
Imagem. Disponível em: <http://www.cotur.co.mz/?page_id=317> Acesso em 13 de
Abril de 2014.
Provas e gabaritos do ENEM. Disponível em:
<http://vestibular.brasilescola.com/enem/provas-gabaritos-enem.html> Acesso em 14 de
Abril de 2014.
Sustentabilidade Ambiental e Ecológica. Disponível em:
<http://www.significados.com.br/sustentabilidade/> Acesso em 15 de Abril de 2014.
Desastre ambiental: consequências do vazamento de petróleo no Golfo do México.
Disponível em: < http://vestibular.uol.com.br/resumo-das-
disciplinas/atualidades/desastre-ambiental-consequencias-do-vazamento-de-petroleo-
no-golfo-do-mexico.htm>