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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
CURSO DE ENFERMAGEM
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA EM
RELATO DE CASO – ALTA COMPLEXIDADE
SAMIRA RAHAAMID PAZ - 201308189621
RESENDE, 2013
RESUMO ID: N. M masculino, 37 anos, pardo, Resende - RJ
QP: “Dispnéia, Distensão abdominal, taquicardico”
HDA: Paciente admitido no setor proveniente do P.S. vítima de acidente automobilístico há 6 dias encontrando-se alcoolizado, com ferimento de coxa direita, infectada com secreção fétida em grande quantidade. Dispnéia, Distensão abdominal, taquicardico, ansioso; exibia mucosa oral hipocorada, desidratação, cianose, perfusão capilar diminuída impossibilitado de andar. Realizado curativo em ferida operatória medindo aproximadamente 30cm de comprimento em MID, sendo utilizado soro fisiológico e sulfadiazina de prata, ferida apresentando tecido de granulação e bordas regulares e feito curativo oclusivo. Realizado curativo corto contuso de aproximadamente 10cm também utilizado soro fisiológico e sulfadiazina de prata, apresentando tecido de granulação e bordas irregulares e feito curativo oclusivo, administrado medicações conforme prescrição médica, realizado cuidados. Recebeu o diagnóstico de septicemia secundária a provável foco CUTANEO infeccioso, acompanhado de acidose metabólica e distúrbios de coagulação. Evoluiu, apesar dessas medidas, em confusão mental, piora do padrão respiratório, choque refratário, colapso circulatório (extremidades frias e pálidas, pressão arterial indetectável, ausência de pulsos periféricos, perfusão capilar muito lenta), anúria, progredindo rapidamente para falência orgânica múltipla. O paciente foi reanimado depois de parada cardiorrespiratória, porém não houve sucesso na reanimação falecendo 12 dias após admissão.
EXAME FÍSICO
Ao exame físico apresentou-se gemendo, obnubilado, palidez de pele e
mucosas, taquipnéico, Dispnéico, pele fria, hipocorado, em ventilação
mecânica com modalidade vcv (ventilação ciclada por volume) via tubo
endotraqueal. Pupilas isocóricas, com tamanho e formato normais,
fotorreagentes..
PA: 110x50mmHg FC:1290bpm FR: 27 ipm
AR: presença de tiragem. Expansibilidade e MV diminuídos.
ACV: RCR 2T BNF s/s. Perfusão periférica maior que 10s. Extremidades frias.
Pulsos finos bilateralmente e quase impalpáveis.
Abdome: Globoso, abdome quente, hipotenso, sem visceromegalias. RHA
ausentes.
MMII: Edema em ferida em coxa direita com alteração de cor de pele e de
calor local.
1. INTRODUÇÃO
CHOQUE SÉPTICO
Definições: SIRS: Síndrome da resposta inflamatória sistêmica, acompanhado
pelo menos de dois dos seguintes sintomas: T: >38o ou < 36o FC: >90 FR: >20
PaCO2: <32 mmHg Leuc: > 12.000 ou < 4.000 SÉPSE: SIRS + foco de infecção.
SÉPSE GRAVE: SÉPSE + hipoperfusão tecidual e disfunção orgânica, que pode
ser caracterizada por acidose lática, alteração do nível de consciência, oligúria,
pressão sistólica < 90. CHOQUE SÉPTICO: hipotensão ou hipoperfusão tecidual
induzida pela sepse, não responde a volume, com necessidade de
administração de agentes vasopressoras. O choque é um distúrbio complexo
(ou síndrome), ameaçador à vida caracterizada pelo insuficiente suprimento
de sangue para tecidos e células do corpo. O fluxo sanguíneo apresenta-se
ameaçado ou interrompido quando houver o comprometimento de um dos
seguintes componentes: bomba cardíaca, sistema circulatório e volume
sanguíneo. Por isso quando pensamos em choque, temos a diminuição da
pressão arterial, hipoperfusão tecidual e a disfunção orgânica. O Choque
séptico é o choque distributivo mais comum, que tem como causa a infecção
disseminada. Os estados de choque são classificados em três grupos conforme
o seu estágio evolutivo. CHOQUE COMPENSADO: (Fase I) Nesta fase a pressão
pode apresentar níveis aceitáveis, a manutenção do débito cardíaco ocorre
por meio da vasoconstrição, aumento da contratibilidade e freqüência
cardíaca. O sangue é desviado de órgãos “não essenciais” como pele, rins e
trato gastrointestinal, promovendo redistribuição do fluxo sanguíneo e
assegurando suprimento adequado para o coração e cérebro. CHOQUE
DESCOMPENSADO: (Fase II) Ocorre falência dos mecanismos compensatórios
e as disfunções orgânicas tornam-se acentuadas são: cardiovascular, renal,
metabólica, pulmonar e neurológica. Neste estágio todos os sistemas
orgânicos sofrem hipoperfusão. O coração sobrecarregado torna-se
isquêmico, gerando insuficiência cardíaca, mesmo que o choque não seja de
origem cardiogênico. O prognóstico do paciente piora. CHOQUE
IRREVERSÍVEL: Estágio caracterizado pela ausência da resposta cardiovascular
à infusão de volume e drogas vasoativas. Os mecanismos de reserva para
novos suprimentos foram distribuídos, as reservas de ATP mostram-se
esgotados e o metabolismo anaeróbico contribui para a piora da acidose
lática.
2. RELATO DE CASO
(D1)Paciente admitido no setor proveniente do P.S. vítima de acidente
automobilístico há 6 dias encontrando-se alcoolizado, com ferimento de coxa
direita, infectada com secreção fétida em grande quantidade. Dispnéia, Distensão
abdominal, taquicardico, ansioso; exibia mucosa oral hipocorada, desidratação,
cianose, perfusão capilar diminuída impossibilitado de andar. Vinha
acompanhado, posteriormente, de febre persistente., ao primeiro instante devido
ao choque, foi iniciada administração de drogas vasopressoras, antibioticoterapia
por OXACILINA, e diagnosticado Sepse em foco cutâneo, e o mesmo apresentava
Insuficiência respiratória. (D2) sendo admitido ao Serviço de Ortopedia para
drenagem de coxa direita, proveniente de CTI, acompanhado por Dr. José
Roberto e Enf. Sarita, sob ventilação em AMBU, veia profunda com acesso
subclávio direito, entubado, sonda vesical de demora, diurese presente com
média diária de 1300 mL, asséptico, realizado anestesia geral, pelo Dr. Felipe,
cirurgião ortopedista, e colhido material para cultura, e Suspenso OXACILINA e
iniciado Metronidazol + Ceftazidima, apresentava-se hemodinamicamente
instável. (D3) dor abdominal difusa Começou a apresentar picos febris diários,
astenia. (D4) Realizado curativo em ferida operatória medindo aproximadamente
30cm de comprimento em MID, sendo utilizado soro fisiológico e sulfadiazina de
prata, ferida apresentando tecido de granulação e bordas regulares e feito
curativo oclusivo. Realizado curativo corto contuso de aproximadamente 10cm
também utilizado soro fisiológico e sulfadiazina de prata, apresentando tecido de
granulação e bordas irregulares e feito curativo oclusivo, administrado
medicações conforme prescrição médica, realizado cuidados. (D5) Eliminações
fisiológicas presentes, débito urinário sendo controlado em sonda vesical de
demora, sedado. Escala de ramsay 5, Escala de Braden 10, altos níveis de uréia e
creatina em exames complementares, oligúria, pele fria, nefrologista pediu para
avaliar função renal, O paciente estava em antibioticoterapia. Realizado curativo,
sendo observado fluido com bom aspecto, ainda com alguns sinais de necrose,
melhorando de odor fétido, pouca secreção purulenta no curativo. Os exames
complementares mostravam: Gasometria arterial pH: 7,40 PcO2: 32 HCO3: 20,00
PO2: 78,00 Sat: 95% / hemoglobina 7,80g/dL, hematócrito 23,00%, plaquetas
342.000mm3, global de leucócitos 22.500mm3 (-/-/-/-/7/81/10/2) segmentados
78%, Glicose 255mg/dl, Uréia 152,00 mg/dl, Creatinina 1,80 mg/dl, proteínas
totais 5,11/dl e neutrófilos bastonetes 6%, Albumina 2,00, TTP=48S, TAP=
21s/42,6% , INR = 1,75, k+=4,7, G= 145 TGO= 25 TGP = 23, Ptra = 5,0, Ca++ = 1,0,
G= 3,2 , Bb = 0,2 , FA = 6, Na++= 143. (D6) Paciente evoluindo
hemodinamicamente instável, sendo realizado curativo, paciente sendo
acompanhado por equipe multidisciplinar (Fisioterapeuta, Ortopedista,
nefrologista, e etc,) , apresentando Alcalose respiratória, edema generalizado
.(D11) paciente evoluiu com parada cardiorrespiratória, realizado manobras de
reanimação e reverssão com sucesso. (D12) Recebeu o diagnóstico de septicemia
secundária a provável foco cutâneo infeccioso, acompanhado de acidose
metabólica e distúrbios de coagulação. Evoluiu, apesar dessas medidas, em
confusão mental, piora do padrão respiratório, choque refratário, colapso
circulatório (extremidades frias e pálidas, pressão arterial indetectável, ausência de
pulsos periféricos, perfusão capilar muito lenta), anúria, progredindo rapidamente
para falência orgânica múltipla. O paciente foi reanimado depois de parada
cardiorrespiratória, porém não houve sucesso na reanimação falecendo 12 dias
após admissão.
3. PRESCRIÇÕES MÉDICAS REALIZADAS EM PACIENTE NO SETOR,
HOUVE ALGUMAS MODIFICAÇÕES DESDE A SUA ADMISSÃO ATÉ
O SEU FALECIMENTO, SEGUE EM ANEXO:
MEDICAÇÕES REALIZADAS
D1 D 2 D 3 D 4 D 5 D 6 D 7 D 8 D 9 D 10 D11 D 12
Dieta enteral por SNG – 1500ML
1500ML EM 8/8 HORAS
Água filtrada por SNG 200 ML DE 4/4 HORAS
SG 5% 2000 ML – IV EM 24 HORAS
Nacl 20% 10 ml em cada etapa de SG 5%
GLUCONAL DE Ca++ 10% em cada etapa SG 5%
Omeprazol 40mg + Ab 100ml – IV DE 3 EM 3 DIAS
VANCOMICINA 1G + SF0,9% 100ML –IV DE 3EM 3 dias
Midazolan 50 mg + 30 ml + SF 0,9 % 120 ML – IV EM Bl cm
Hidrocortisona 100mg – IV -1X ao dia
HGT 4x dia
Insulina regular SC – CONFORME ESQUEMA – 180-240: 4Ui; 241-300: 8Ui;301-360 12 Ui; > 360 16 Ui
Glicose 50% 6 ampolas –VV – se HGT < 60mg, 60%
Dipirona 4ml + AD 10 ml IV até de 4/4 horas
- Fisioterapia respiratória e motora
- Ventilação mecânica TAKAOKA –FONTE DE O²
- CABEÇEIRA ELEVADA A 30º
Monitor cardíaco + oxímetro de pulso+ ANI Sinais vitais
Furosemida 20 mg – EV DE 12/12 HORAS
Polivitaminas 01 comprimido CNE 1X AO DIA
Ácido fólico 01 comprimido CNE 1X AO DIA
Sulfato Ferroso 01 comprimido CNE 1X AO DIA
Noripurum 01 01 ampola + SF 100 ml – EV – 1X AO DIA
4. NIC= INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM
DIAGNOSTICOS DE ENFERMAGEM NIC =INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM
• Integridade da pele prejudicada relacionada a destruição do tecido secundária a lesão, caracterizado por ferida de grande extensão;
Fazer curativo asséptico em ferida, efetuando as trocas de acordo com as indicações da cobertura utilizada;(Enfermeiro) Proteger proeminências ósseas; (Técnico de Enf.)
• Excesso de volume de líquido, mais do que as necessidades corporais relacionado a infecção, caracterizado por edema generalizado;
Fazer balanço hídrico rigoroso; (técnico de enf./enfermeiro); Aspirar TOT sempre que necessário; (técnico + Enfermeiro);
Processos familiares alterados relacionado a hospitalização
Dar apoio emocional aos familiares; Informar o quadro clínico do paciente e ser otimista com os familiares;; Esclarecer aos pais e familiares e tirar dúvidas sobre o tratamento oferecido ao paciente;
• Risco de piora para choque séptico relacionado a ferida de grande extensão e dispositivos externos;
Observar sinais de infecção (rubor, odor, secreção e calor local) no local de inserção do CVC e colônias em SVD; (Equipe); Lavar as mãos antes e depois de qualquer manuseio com o paciente; Realizar desinfecção com clorexidina alcoólica a 0,5% no local de conexão do equipo com o cateter venoso antes e após manipulação;
Ventilação espontânea
prejudicada
monitorar parâmetros respiratórios.; Adequar parâmetros respiratórios do ventilador de acordo com as necessidades do paciente; Manter higiene bucal adequada; Avaliar gasometria arterial; Verificar sinais vitais de 4/4 horas; (téc. Enf./ Enfermeiro).
NIC= INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM
DIAGNOSTICOS DE ENFERMAGEM
NIC =INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM
Risco de aspiração relacionada à alimentação por sonda, motilidade gastrintestinal diminuída, nível de consciência reduzido, reflexos de vômito e tosse diminuídos
Realizar testes para comprovação da localização da sonda antes de instalar a alimentação; Controlar gotejamento da dieta; Observar a temperatura adequada da dieta, observar a embalagem, avaliar consistência da dieta e averiguar se possui alguma anormalidade; manter a paciente em posição elevada, mínimo 45º, principalmente durante e após a ingesta alimentar e hídrica; verificar resíduo da sonda antes de instalar a dieta; lavar a sonda com água filtrada após o término da dieta; observar e notificar anormalidades como: obstrução da sonda e hipóxia; aspirar as vias aéreas sempre que necessário.
• Risco de baixa auto-estima crônica caracterizado por ferida de grande extensão em MID.
Se o paciente progredir em melhora, encaminhá-lo para cirurgião plástico para realizar enxerto; Dar suporte emocional, nutricional e clínico para cicatrização da ferida;
Risco de sentimento impotência
Informar ao paciente todos procedimentos que serão realizados, informando a importância de cada um, sendo otimista com o paciente transmitindo segurança, mesmo ele estando responsivo ou não.
Conforto prejudicado relacionado a sepse, caracterizado por ventilação mecânica
Proporcionar ao paciente posição favorável preferencialmente semi-fowler; Se sinais de dor administrar medicação conforme prescrição médica; Informar ao paciente todos procedimentos que serão realizados, mesmo ele estando responsivo ou não.
Déficit no auto-cuidado banho/ higiene relacionado á aumento de secreções caracterizado pela mobilidade e locomoção afetada
Realizar banho de Leito 1x ao dia preferencialmente pela manhã, com sabonete liquido; Hidratar pele com Dersani 2x ao dia; Realizar higiene Bucal 2x ao dia; Fazer a troca de lençóis protetor de colchão 2x ao dia.
Óbito caracterizado por falência de múltiplos órgãos relacionado à choque séptico
Cercar o leito com biombo; Retirar sondas, TOT e cateteres; Proceder à limpeza do corpo; Fixar queixo, pés e mãos com atadura de crepe; Envolver o corpo no lençol; Fazer o tamponamento dos orifícios com algodão e auxilio da pinça Pean; Fazer curativos se necessário; Prender braços e pernas com atadura Colocar o cadáver identificado no saco para óbito; Transferir o corpo para maca já forrada e cobri-lo; Encaminhar o corpo para o necrotério; Fazer as anotações de enfermagem, descrevendo todos os procedimentos realizados com o paciente desde o ínicio até o término do preparo do corpo; Entregar os pertences do paciente aos seus familiares, informado o prognóstico clínico do paciente; Solicitar limpeza terminal do leito.
5. Intervenções de enfermagem
O estudo de caso clínico do paciente crítico apresentando falência de múltiplos órgãos, permitiu-nos identificar os seguintes diagnósticos de Enfermagem ; Processos familiares alterados relacionado a hospitalização; Integridade da pele prejudicada relacionada a destruição do tecido secundária a lesão, caracterizado por ferida de grande extensão; Excesso de volume de líquido, mais do que as necessidades corporais relacionado a infecção, caracterizado por edema generalizado; Déficit no auto-cuidado banho/ higiene relacionado á aumento de secreções caracterizado pela mobilidade e locomoção afetada; Conforto prejudicado relacionado a sepse, caracterizado por ventilação mecânica; Risco de piora para choque séptico relacionado a ferida de grande extensão e dispositivos externos; Ventilação espontânea prejudicada ; Risco de baixa auto-estima crônica caracterizado por ferida
de grande extensão em MID. Risco de sentimento impotência; Óbito caracterizado por falência de múltiplos órgãos relacionado à choque séptico. Evidenciamos que a identificação dos diagnósticos e adequação do mesmos, facilita a sistematização dos cuidados prestados ao paciente.
6. Conclusão A identificação dos diagnósticos de enfermagem permitiu o conhecimento das necessidades de cuidados de enfermagem e o direcionamento da assistência, possibilitando o estabelecimento do plano de cuidados individual e também reconhecimento da equipe de enfermagem. Cabe ressaltar que o desenvolvimento de instrumentos de fácil preenchimento viabiliza a aplicação desta metodologia. É necessário ressaltar que para o sucesso desta metodologia de cuidado é necessário não somente o envolvimento dos profissionais, mas principalmente, das instituições de saúde no sentido de promover as condições necessárias para que a metodologia de trabalho obtenha sucesso.
Amado não imites o que é mau, senão o que é bom. Aquele que pratica o bem
procede de Deus; Aquele que pratica o mal Jamais viu a Deus
3 João 11