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Instituto Estadual de Educação Ética Deontológica André Borba Mondo Iggy Nunes da Silva Maicon Francisco 352 Florianópolis, 03 de setembro de 2012

Deontologia pronto

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Instituto Estadual de Educação

Ética Deontológica

André Borba Mondo

Iggy Nunes da Silva

Maicon Francisco

352

Florianópolis, 03 de setembro de 2012

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Introdução

Para entender o homem e o diferenciar de algum outro animal, a filosofia estuda os

problemas fundamentais relacionados à existência, ao conhecimento, à verdade, aos

valores morais e éticos, à mente e à linguagem. Ela busca a compreensão da vida

humana e sua interpretação. Entre essas buscas ao que se diz respeito aos valores

éticos e morais, há varias teorias que os englobam para defini-los, dentre elas a

deontologia, também conhecida como "Teoria do Dever", que justifica o dever através

da formação de condutas e regras e indefere das consequências. Immanuel Kant,

principal expoente desta teoria, a dividiu em dois conceitos: razão prática e liberdade,

onde, para Kant, agir por dever é a maneira de dar à ação o seu valor moral; e por sua

vez, a perfeição moral só pode ser atingida por uma livre vontade.

O imperativo, formulado por Immanuel Kant justifica o porquê de haver regras

formadas para com sociedade e esse imperativo se propagava em dois tipos: o

categórico e o hipotético.

O categórico é o dever de toda pessoa agir conforme os princípios que ela quer que

todos os seres humanos sigam, ela deverá confrontar-se realizando pra si mesmo o

que deseja para o outro. O imperativo categórico ainda pode ser classificado em lei

universal, fim em si mesmo e legislador universal.

Já o Imperativo hipotético ao contrário do outro tem como base uma condição para

chegar a um determinado fim. Este não se relaciona com ações necessárias por si só,

podendo depender de outras finalidades maiores para serem realizadas.

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1. Conceituando Ética Deontológica

1.1 Ética

Moral e ética são conceitos bem diferentes, porém a confusão entre seus sentidos é

muito comum já que elas se completam, havendo um inter-relacionamento entre elas.

A própria etimologia dos termos gera uma confusão, sendo que ética vem da palavra

grega “ethos” que significa modo de ser, e moral tem origem no latim, da palavra

“mores”, significando costumes.

Então moral é o conjunto de regras concretas, e

obrigatórias, que regulam o comportamento do homem

na sociedade, diferente da ética que é o principio que

orienta o comportamento do homem no seu meio social.

Logo a ética é individual, enquanto a moral é universal.

De uma forma mais didática a moral é o ”TU DEVES”. E a ética é a “vida moral

pensada”, pois pensa e critica o que a moral estabelece.

Sabendo o que é ética vamos para o que é deontologia.

1.2 Deontologia

Deontologia (do grego δέον, translit. deon "dever, obrigação" + λόγος, logos, "ciência",

logo ciência do dever), é uma das teorias normativas da filosofia moral

contemporânea, segundo as quais as escolhas são moralmente necessárias, sendo elas

proibidas ou permitidas. Portanto a deontologia inclui-se entre as teorias morais que

orientam nossas escolhas sobre o que deve ser feito.

O termo foi utilizado primeiramente por Jeremy Bentham, em 1834, para se referir ao

ramo da ética cujo objeto de estudo é os fundamentos do dever e as normas morais. É

também conhecida como "Teoria do Dever", sendo um dos dois principais ramos da

Ética Normativa, junto com a axiologia.

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Quando se fala que a Deontologia é uma das éticas normativas, significa dizer que é

uma investigação racional, ou uma teoria, sobre os padrões do correto e incorreto, do

bom e do mau, sempre respeitando o caráter e a conduta, que uma classe de

indivíduos tem o dever de aceitar. Os resultados dessa investigação ou teoria não

descrevem como as pessoas pensam ou se comportam, o seu objetivo principal é

formular normas válidas de conduta e de avaliação do caráter.

2. Ética Deontológica

“Age de tal modo que a máxima da tua vontade possa valer sempre ao mesmo tempo

como princípio de uma legislação universal”

KANT, Immanuel. A Metafísica dos Costumes. 1797

Sendo assim, ética deontológica é o conjunto de princípios e regras de conduta que

valoriza a ação de acordo com o dever, independentemente das consequências. Ela

valoriza primeiramente o conceito de dever e só posteriormente o conceito de bem e

as consequências d da ação. Significa que os juízos morais da ação humana não têm

como justificação a obtenção de bons resultados ou sua utilidade. Esta teoria avalia as

ações do homem em função do seu princípio implícito e independente dos seus

efeitos, tratando-se assim de ma ética formal, de uma ética do dever.

Esta teoria ética obtém uma peculiaridade com Immanuel Kant, um dos principais

expoentes da ética deontológica, onde somente a boa vontade é boa em si mesma, ou

seja, uma boa vontade é uma vontade que age por dever e não conforme ao dever,

agir por dever é uma ação praticada pelo indivíduo pela pura vontade ou puro respeito

à lei moral, em que ele não busca nenhum fim ou objetivo com a sua ação, por

exemplo:

Um ônibus lotado, quando uma pessoa idosa entra no ônibus e não tem lugar para ela

sentar-se, e um indivíduo cede o seu lugar para essa pessoa sentar, mas com o

objetivo de receber um elogio ou mostrar que é educado, está agindo conforme o

dever, agora se ele ceder o lugar sem querer nada em troca, simplesmente por deixar

o idoso se sentar, ele está, segundo Kant, agindo da forma certa, agindo por dever.

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Uma boa ação é determinada pela sua moralidade, essa que não é determinada pelo

propósito a ser atingido, mas sim o querer que a origina.

A ética deontológica constitui-se numa ética pura, devido a sua universalidade,

imposta pelo imperativo categórico que veremos a seguir. É uma ética que não dita

conteúdos, mas normas formais. Ela não diz o que você pode ou não fazer, mas como

você deve fazer. Também é autônoma já que a vontade do sujeito de tomar decisões

submetesse unicamente à lei da sua razão, sendo ele legislador e sujeito dessa lei.

Porém a ética deontológica afasta-se um pouco das condições de vida concretas, por

ser algo demasiadamente exigente.

Mas também tem seu lado bom, como a pessoa pode ter domínio apenas sobre si e

não das situações exteriores, é uma ética que valoriza a pessoa e a perspectiva da

intenção, além de impedir a instrumentalização das pessoas, visto que exige respeito

pelos princípios morais como vida.

O agir deve, todavia, ser conformado com a boa vontade, isto é, a pessoa tem a boa

vontade e age com base naquilo que é correto, independentemente das

consequências de sua decisão. Sendo assim, a mentira é totalmente excluída da ética

deontológica, já que mentir sempre tem um fim, não importa se é para fazer o bem ou

o mal. Por exemplo:

Digamos que um Pai não tem condições de comprar um remédio para o filho doente,

ele rouba de uma farmácia esse remédio e você viu tudo, então vem a polícia para

descobrir que roubou o remédio e pergunta para você, segundo Kant, você terá que

falar a verdade, apenas por agir sem um propósito, porque se você mentir estará

fazendo isso com o fim de ajudar o Pai a salvar seu filho.

3. Imperativos

Essa vontade ou razão prática das ações atua segundo imperativos de ações

necessárias, formulados por Immanuel Kant. Esses imperativos podem ser de duas

naturezas:

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1. Hipotético – particular e contingente

2. Categórico – universal e necessário

Enquanto um imperativo (categórico) possui um conteúdo final em si mesmo, o outro

imperativo (hipotético) tem como finalidade externa, como assinala Alexandre

Travessoni Gomes:

"Surge a necessidade de a razão impor regras à conduta humana, o que fará através

dos imperativos. Para Kant, os imperativos ordenam ou hipotética ou

categoricamente. Os imperativos hipotéticos representam a necessidade de uma ação

possível como um meio de se alcançar um fim. Os imperativos categóricos mandam

uma ação objetivamente, necessária por si mesma, sem relação com qualquer

finalidade: uma ação que é boa em si mesma."

GOMES, Alexandre Travessoni. O Fundamento de Validade do Direito: Kant e Kelson

3.1 Imperativo Categórico

"Um imperativo categórico (incondicional) é aquele que representa uma ação como

objetivamente necessária e a torna necessária não indiretamente através da

representação de algum fim que pode ser atingido pela ação, mas da mera

representação dessa própria ação (sua forma) e, por conseguinte, diretamente."

KANT, Immanuel. A Metafísica dos Costumes. 1797

Complementando:

"O imperativo categórico, que como tal se limita a afirmar o que é a obrigação, pode

ser assim formulado: age com base em uma máxima que também possa ter validade

como uma lei universal."

KANT, Immanuel. A Metafísica dos Costumes. 1797

Essas duas frases tratam-se do imperativo categórico (imperativo porque ordena e

categórico, pois se opõe ao hipotético ou condicional), que determina a moralidade

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dos atos, devendo-se agir sempre baseado naqueles princípios que desejaria veres

aplicados universalmente. Essa lei fundamental garante universalidade, devido ao seu

caráter formal fundado em uma constrição interna da razão, mas alicerçado na

liberdade. E não depende de qualquer fim concreto ou empírico.

Um bom exemplo seria o seguinte: um homem, pela necessidade, vê-se forçado a

pedir dinheiro emprestado sabendo que não conseguirá pagá-lo, mas também sabe

que ninguém lhe emprestará se ele não prometer pagar a divida num prazo

previamente determinado. Supondo que ele escolha por fazer a tal promessa, a

máxima da sua ação seria: quando preciso de dinheiro peço-o emprestado

prometendo pagar, sabendo que jamais o farei. Agora a questão, o que aconteceria se

esta máxima se tornasse universal? Logo se vê que essa não pode tornasse lei

universal, contradizendo o imperativo categórico, já que ao fazer a promessa

enganadora ao outro homem, utiliza-o como um simples meio para atingir seu

objetivo.

Esta atitude só estaria correta se fosse guiada pelo imperativo hipotético.

3.2 Imperativo Hipotético

Diferente do imperativo categórico o imperativo hipotético não é uma obrigação, mas

sim uma condição para chegar a um determinado fim. Este não se relaciona com ações

necessárias por si só, podendo depender de outras finalidades maiores para serem

realizadas, ou seja, trata que uma ação é boa se for um meio necessário para realizar

algum fim ou desejo, nos obrigando, de certa forma, a exercer a nossa vontade já que

uma ação boa sempre almeja um fim.

Um bom exemplo é o seguinte: se queremos cursar uma universidade, devo

reconhecer o percurso que me ajudará a alcançar meu desejo, que no exemplo seria

prestar o vestibular, e seguir este meu plano. A pessoa que não quisesse cursar a

universidade não teria qualquer razão para fazer o vestibular, já que a obrigatoriedade

do dever depende se temos ou não o desejo, podendo escapar dessa obrigatoriedade

renunciando o desejo. Assim se eu deixar de desejar ir para a universidade escapo da

obrigação de fazer o vestibular.

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Ao contrário do imperativo categórico, as obrigações morais do imperativo hipotético

dependem dos desejos específicos que possamos ter.

3.3 Diferenças entre os Imperativos Categórico e Hipotético

Basicamente a grande diferença entre Imperativos Categórico e Hipotético é que o

categórico é uma ação sem qualquer interesse, agindo apenas para realizar a pura lei

moral, sem desejo, fim ou objetivo quanto à finalidade do agir, é universal (todos) e

necessário (tudo), já o hipotético tem um meio para satisfazer algum fim ou desejo,

sempre busca um objetivo, uma finalidade quanto o agir, ele é particular (técnico) e

contingente (pragmático).

Neste trecho do livro Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Kant apresenta a

distinção dos termos:

“No caso de a ação ser apenas boa como meio para qualquer outra coisa, o imperativo

é hipotético; se a ação é representada como boa em si, por conseguinte, como

necessária em uma vontade conforme a razão como princípio dessa vontade, então o

imperativo é categórico.”

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ConclusãoPodemos entender hoje que o homem é formado por um agrupamento de idéias e

teorias que o classificam como tal, a filosofia busca abordar essa tese. Kant sem

sombra de dúvidas foi um grande filósofo, sendo responsável pela abordagem da

teoria deontológica e pelos imperativos.

Segundo a teoria deontológica, somente a boa vontade é boa em si mesma, ou seja,

uma boa vontade é uma vontade que age por dever e não conforme ao dever, ou seja,

agir por dever é uma ação praticada pelo indivíduo pela pura vontade ou puro respeito

à lei moral, em que ele não busca nenhum fim ou objetivo com a sua ação. Mas essa

teoria é pouco botada em prática visto que o seu sistema é muito rígido e exigente.

O imperativo tanto categórico (o ser humano age pela obrigação, pois se deve agir

sempre baseado naqueles princípios que desejaria ver aplicados universalmente)

quanto hipotético (depende dos desejos específicos e particulares que se possa ter,

onde quando se quer algo simplesmente se faz) refletem as ações aplicadas pelas

pessoas assim como seus objetivos.

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Bibliografia

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http://jus.com.br/revista/texto/5175/o-ser-humano-como-fim-em-si-mesmo

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