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Atividade de Sociologia – Ética e Cultura
Nome:........................................................................ Turma:..................Data:...../....../......
Para responder às questões, leia primeiramente os textos e assista à palestra TED
indicada.
Texto 01:
EU, ETIQUETA
(Carlos Drummond de Andrade)
Em minha calça está grudado um nome
que não é meu de batismo ou de cartório,
um nome... estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida
que jamais pus na boca, nesta vida.
Em minha camiseta, a marca de cigarro
que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produto
que nunca experimentei
mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido
de alguma coisa não provada
por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
minha gravata e cinto e escova e pente,
meu copo, minha xícara,
minha tolha de banho e sabonete,
meu isso, meu aquilo, desde a cabeça ao bico dos
sapatos,
são mensagens,
letras falantes;
gritos visuais,
ordens de uso, abuso, reincidência,
costume, hábito, premência,
indispensabilidade,
e fazem de mim homem-anúncio itinerante,
escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É doce estar na moda, ainda que a moda
seja negar minha identidade,
trocá-la por mil, açambarcando
todas as marcas registradas,
todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser
eu que antes era e me sabia
tão diverso de outros, tão mim-mesmo,
ser pensante, sentinte e solidário
com outros seres diversos e conscientes
de sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio,
ora vulgar ora bizarro,
em língua nacional ou em qualquer língua
(qualquer, principalmente).
E nisto me comprazo, tiro glória
de minha anulação.
Não sou - vê lá - anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago
para anunciar, para vender
em bares festas praias pérgulas piscinas,
e bem à vista exibo esta etiqueta
global no corpo que desiste
de ser veste e sandália de uma essência
tão viva, independente,
que moda ou suborno algum a compromete.
Onde terei jogado fora
meu gosto e capacidade de escolher,
minhas idiossincrasias tão pessoais,
tão minhas que no rosto se espelhavam,
e cada gesto, cada olhar,
cada vinco da roupa
resumia uma estética?
Hoje sou costurado, sou tecido,
sou gravado de forma universal,
saio da estamparia, não de casa,
da vitrina me tiram, recolocam,
objeto pulsante mas objeto
que se oferece como signo de outros
objetos estáticos, tarifados.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
de ser não eu, mas artigo industrial,
peço que meu nome retifiquem.
Já não me convêm o título de homem.
Meu nome novo é coisa.
Eu sou a coisa, coisamente.
(Corpo, 10a ed. Record, 1987, p. 85-87)
Texto 02:
Entrevista com Mary Del Priore (Istoé nº 2104, março de 2010)
Em 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de Nova York declararam guerra aos patrões. Elas
exigiam trabalhar dez horas por dia, em vez de 16, e ganhar mais do que apenas um terço do salário dos
colegas do sexo masculino. Como resposta, foram trancadas no imóvel, incendiado em seguida.
Resultado: 130 delas morreram. Em 1975, a Organização das Nações Unidas (ONU) fez da data o Dia
Internacional da Mulher. Trata-se de uma homenagem a essas que foram as primeiras mártires da luta
feminista, movimento que ganhou força nos anos 1960 e 1970 nos Estados Unidos e na Europa e que
mudaria a vida das brasileiras a partir da década de 80. Desde então, uma grande parcela da população
feminina foi absorvida pelo mercado de trabalho, conquistou liberdade sexual e hoje, cada vez mais, se
destaca na iniciativa privada, na política e nas artes – mesmo que a total igualdade de direitos entre os
sexos ainda seja um sonho distante. Mas, para a historiadora Mary Del Priore, uma das maiores
especialistas em questões femininas, apesar de todas as inegáveis conquistas, as mulheres não se saíram
vitoriosas. Autora de 25 livros, inclusive “História das Mulheres no Brasil”. Mary, 57 anos, diz que a
revolução feminista do século XX também trouxe armadilhas.
Istoé - Neste 8 de março de 2010, há motivos para festejar?
Mary Del Priore - Não tenho nenhuma vontade. O diagnóstico das revoluções femininas do século XX é
ambíguo. Ele aponta para conquistas, mas também para armadilhas. No campo da aparência, da
sexualidade, do trabalho e da família houve benefícios, mas também frustrações. A tirania da perfeição
física empurrou a mulher não para a busca de uma identidade, mas de uma identificação. Ela precisa se
identificar com o que vê na mídia. A revolução sexual eclipsou-se diante dos riscos da Aids. A
profissionalização, se trouxe independência, também acarretou stress, fadiga e exaustão. A
desestruturação familiar onerou os dependentes mais indefesos, os filhos.
Istoé - Por que é tão difícil sobreviver a essas conquistas?
Mary Del Priore - Ocupando cada vez mais postos de trabalho, a mulher se vê na obrigação de buscar o
equilíbrio entre o público e o privado. A tarefa não é fácil. O modelo que lhe foi oferecido era o
masculino. Mas a executiva de saias não deu certo. São inúmeros os sacrifícios e as dificuldades da
mulher quando ela concilia seus papéis familiares e profissionais. Ela é obrigada a utilizar estratégias
complicadas para dar conta do que os sociólogos chamam de “dobradinha infernal”. A carga mental, o
trabalho doméstico e a educação dos filhos são mais pesados para ela do que para ele. Ao investir na
carreira, ela hipoteca sua vida familiar ou sacrifica seu tempo livre para o prazer. Depressão e isolamento
se combinam num coquetel regado a botox.
Istoé - A mulher também gasta muita energia em cuidados com a aparência. Por que tanta neurose?
Mary Del Priore - No decorrer deste século, a brasileira se despiu. O nu, na tevê, nas revistas e nas
praias incentivou o corpo a se desvelar em público. A solução foi cobri-lo de creme, colágeno e silicone.
O corpo se tornou fonte inesgotável de ansiedade e frustração. Diferentemente de nossas avós, não nos
preocupamos mais em salvar nossas almas, mas em salvar nossos corpos da rejeição social. Nosso
tormento não é o fogo do inferno, mas a balança e o espelho. É uma nova forma de submissão feminina.
Não em relação aos pais, irmãos, maridos ou chefes, mas à mídia. Não vemos mulheres liberadas se
submeterem a regimes drásticos para caber no tamanho 38? Não as vemos se desfigurar com as
sucessivas cirurgias plásticas, se negando a envelhecer com serenidade? Se as mulheres orientais ficam
trancadas em haréns, as ocidentais têm outra prisão: a imagem.
Istoé - Na Inglaterra, mulheres se engajam em movimentos que condenam a ditadura do rosa em roupas e
brinquedos de meninas. Por que isso não ocorre aqui?
Mary Del Priore - Sem dúvida, elas estão à frente de nós. Esse tipo de preocupação está enraizado na
cultura inglesa. Mas aproveito o mote para falar mal da Barbie. Trata-se de impor um estilo de vida cor-
de-rosa a uma geração de meninas. Seus saltos altos martelam a necessidade de opulência, de despesas
desnecessárias, sugerindo a exclusão feminina do trabalho produtivo e a dependência financeira do
homem. Falo mal da Barbie para lembrar mães, educadoras e psicólogas que somos responsáveis pela
construção da subjetividade de nossas meninas.
Istoé - O que a sra. pensa das brasileiras na política?
Mary Del Priore - Elas roubam igual, gastam cartão corporativo igual, mentem igual, fingem igual.
Enfim, são tão cínicas quanto nossos políticos. Mensalões, mensalinhos, dossiês de todo tipo, falcatruas
de todos os tamanhos, elas estão em todos!
Istoé - Temos duas candidatas à Presidência. A sra. acredita que, se eleitas, ajudarão na melhoria das
questões relativas à mulher no Brasil?
Mary Del Priore - Pois é, este ano teremos Marina Silva e Dilma Rousseff. Seria a realização do sonho
das feministas dos anos 70 e 80. Porém, passados 30 anos, Brasília se transformou num imenso esgoto.
Por isso, se uma delas for eleita, saberemos menos sobre “o que é ter uma mulher na Presidência” e mais
sobre “como se fazem presidentes”: com aparelhamento e uso da máquina do Estado, acordos e propinas.
Istoé - Pesquisa Datafolha divulgada no dia 28 de fevereiro apontou que a ministra Dilma é mais aceita
pelos homens (32%) do que pelas mulheres (24%). Qual sua avaliação?
Mary Del Priore - Estamos vivendo um ciclo virtuoso para a economia brasileira. Milhares saíram da
pobreza, a classe média se robusteceu, o comércio está aquecido e o consumo de bens e serviços cresce.
Sabe-se que esse processo teve início no governo FHC. Para desespero dos radicais, o governo Lula
persistiu numa agenda liberal de sucesso. Os eleitores do sexo masculino não estarão votando numa
mulher, numa feminista ou numa plataforma em que os valores femininos estejam em alta, mas na
permanência de um programa econômico. Neste jogo, ser ou não ser Dilma dá no mesmo. No Brasil, o
voto não tem razões ideológicas, mas práticas.
Istoé - Ou seja, o sexo do candidato não faz a menor diferença?
Mary Del Priore - O governo criou um ministério das mulheres (a Secretaria Especial de Políticas para
as Mulheres) que não disse a que veio. A primeira-dama (Marisa Letícia), hábil em fazer malas e sorrir
para o marido e para as câmaras, se limita a guardar as portas do escritório do presidente, sem estimular
nenhum exemplo. O papel de primeira dama é mais importante do que parece. É bom lembrar que,
embora elas não tenham status particular, representam um país. Daí poderem desenvolver um papel à
altura de seus projetos pessoais e sua personalidade. A francesa Danielle Mitterrand, que apoiou
movimentos de esquerda em todo o mundo e nunca escondeu suas opiniões políticas, ou Hillary Clinton,
pioneira em ter uma sala na Casa Branca, comportando-se como embaixatriz dos EUA, são exemplos de
mulheres que foram além da “cara de paisagem”.
Istoé - Por que as políticas brasileiras não têm agenda voltada para as mulheres?
Mary Del Priore - Acho que tem a ver com a falta de educação da mulher brasileira de gerações atrás e
isso se reflete até hoje. Tem um pouco a ver com o fato de o feminismo também não ter pego no Brasil.
Istoé - Por que o feminismo não pegou no Brasil?
Mary Del Priore - Apesar das conquistas na vida pública e privada, as mulheres continuam marcadas por
formas arcaicas de pensar. E é em casa que elas alimentam o machismo, quando as mães protegem os
filhos que agridem mulheres e não os deixam lavar a louça ou arrumar o quarto. Há mulheres, ainda, que
cultivam o mito da virilidade. Gostam de se mostrar frágeis e serem chamadas de chuchuzinho ou
gostosona, tudo o que seja convite a comer. Há uma desvalorização grosseira das conquistas das
mulheres, por elas mesmas. Esse comportamento contribui para um grande fosso entre os sexos,
mostrando que o machismo está enraizado. E que é provavelmente em casa que jovens como os alunos da
Uniban aprenderam a “jogar a primeira pedra” (na aluna Geisy Arruda).
Istoé - O que nos torna tão desconectadas?
Mary Del Priore - As mulheres brasileiras estão adormecidas. Falta-lhes uma agenda que as arranque da
apatia. O problema é que a vida está cada vez mais difícil. Trabalha-se muito, ganha-se pouco, peleja-se
contra os cabelos brancos e as rugas, enfrentam-se problemas com filhos ou com netos. Esgrima-se contra
a solidão, a depressão, as dores físicas e espirituais. A guerreira de outrora hoje vive uma luta miúda e
cansativa: a da sobrevivência. Vai longe o tempo em que as mulheres desciam às ruas. Hoje, chega a doer
imaginar que a maior parte de nós passa o tempo lutando contra a balança, nas academias.
Istoé - Há saída para a condição da mulher de hoje?
Mary Del Priore – Em países onde tais questões foram discutidas, a resposta veio como proposta para o
século XXI: uma nova ética para a mulher, baseada em valores absolutamente femininos. De Mary
Wollstonecraft, no século XVIII, a Simone de Beauvoir, nos anos 50, o objetivo do feminismo foi provar
que as mulheres são como homens e devem se beneficiar de direitos iguais. Todavia, no final deste
milênio, inúmeras vozes se levantaram para denunciar o conteúdo abstrato e falso dessas ideias, que
nunca levaram em conta as diferenças concretas entre os sexos. Para lutar contra a subordinação feminina,
essa nova ética considera que não se devem adotar os valores masculinos para se parecer com os homens.
Mas que, ao contrário, deve-se repensar e valorizar os interesses e as virtudes femininas. Equilibrar o
público e o privado, a liberdade individual, controlar o hedonismo e os desejos, contornar o vazio da pós-
modernidade, evitar o cinismo e a ironia diante da vida política. Enfim, as mulheres têm uma agenda
complexa. Mas, se não for cumprida, seguiremos apenas modernas. Sem, de fato, entrar na modernidade.
Istoé - O que as mulheres do século XXI devem almejar?
Mary Del Priore - O de sempre: a felicidade. Só com educação e consciência seremos capazes de nos
compreender e de definir nossa identidade.
Texto 03: Boris Casoy, os garis e o “politicamente correto” (Blog do Ozaí da Silva 09/01/2010)
O âncora do Jornal da Band ofendeu os garis, e extensivamente, aos profissionais que
desempenham tarefas essenciais à sociedade, mas geralmente desvalorizados. (Durante um telejornal,
próximo das festas de fim de ano, vazou o áudio de Boris Casoy dizendo: “Que merda, dois lixeiros
desejando felicidades, do alto de suas vassouras.”) No fundo, faz-se de conta que não existem, são
trabalhadores “invisíveis”. Eles estão diante de nós, mas são desumanizados e reduzidos à função que
praticam. Quando lembrados pela mídia sedenta de ibope, o ato revela-se pura demagogia. Cai a máscara!
Em seguida, o pedido de desculpas (No outro dia, devido a grande repercussão negativa de sua
frase, o jornalista pede desculpas públicas).
Palavras pronunciadas mecânica e jornalisticamente; uma face que se assemelha a um robô de
um desse filmes trash – sem trocadilho – de ficção científica. Os lábios que se mexem, porém, são de
carne e sangue; é uma boca humana. É possível acreditar na sinceridade de quem fala? A fala espontânea
que humilha os garis, essa sim soa sincera. Ela expressa algo próprio do humano, dos que se consideram
superiores. O discurso pelo perdão, também é humano, mas soa falso. São palavras literalmente lançadas
ao ar. Hipocrisia!
Mas, por que desculpar-se?! Exigências patronais para manter a audiência? Obediência ao
politicamente correto? O pedido de desculpas não muda absolutamente nada. Pelo contrário, revela-se
mera formalidade diante da repercussão negativa.
Claro, a gafe deste senhor merece críticas. E muitas foram feitas! Não obstante, também cabe
um agradecimento. Antes que me compreendam mal, que os “diretores da consciência”, também
conhecidos modernamente como “patrulha ideológica”, me critiquem, devo esclarecer o sentido do meu
“elogio”. É simples: ao manifestar seu pensamento e, por uma falha técnica suas palavras terem se
tornado públicas, o renomado jornalista expôs cruamente o que muitos pensam neste país, mas não têm a
coragem de assumir. Ele manifestou o pensamento elitista, conservador e socialmente preconceituoso: um
preconceito de classe contra os pobres; contra os que moram em favelas; contra os que não tiveram a
oportunidade de estudar em universidades; contra os profissionais socialmente não reconhecidos e
desqualificados. É uma herança da nossa formação colonial escravagista que permeia boa parte dos
grupos sociais esclarecidos, diplomados, titulados e economicamente favorecidos.
A sinceridade deste senhor contribui para romper o véu de hipocrisia presente nas relações
sociais no cotidiano e em espaços considerados “nobres”. É ilusório acreditar que muitos não se sentiram
representados em suas palavras – e, provavelmente, ele até os decepcionou ao pedir “desculpas”. Sua fala
expressa o pensamento e sentimento de muitos que andam por aí encobertos pela máscara dos
“civilizados”; dos que, em público, se pautam pelo “politicamente correto”. Boris Casoy nos prestou um
serviço ao desvelar a realidade que os hipócritas não ousam reconhecer.
A onda do “politicamente correto” também oculta a realidade social em torno de um discurso
que se revela falso à primeira prova prática. O discurso “politicamente correto” paga um tributo à tirania
da opinião da maioria, estabelece falsas unanimidades, além de, em alguns casos, beirar o ridículo. Ora, a
exigência social, ética e humanista de respeito às pessoas que cuidam do lixo que a sociedade produz – e
quanto maior o poder econômico, mais lixo –, e às profissões como a dos lixeiros, não anula o
preconceito social e de classe. O “politicamente correto”, muitas vezes, encobre práticas e
comportamentos inaceitáveis. É precisamente por isto que é melhor que venham à tona, que se
manifestem. Assim, passamos a saber quem é quem. O pacto dos hipócritas pode até estabelecer uma
certa harmonia social, mas esta se revelará falsa. A gafe do senhor Boris Casoy comprova-o.
Palestra TED de Ronaldo Lemos:
Assista a palestra TED de Ronaldo Lemos de 2009 que está disponível em: http://vimeo.com/12031008
Leia as questões e encontre a única alternativa correta, ao final anote o seu
gabarito:
1) Na palestra de Ronaldo Lemos, há um conceito de globalização cultural que informa
que pode não haver uma assimilação passiva das informações e conteúdos culturais que
chegam dos países centrais do capitalismo às populações dos países mais pobres. Do
mesmo modo, o sociólogo Reinaldo Dias escrevendo sobre as diversas faces da cultura
global, afirma que: “Não há uma assimilação passiva de influências globais e
estrangeiras por parte das diferentes populações. Ou ocorre uma resistência ou há
incorporação contextualizada e local. Tomando-se um exemplo da etapa anterior do
processo de globalização, o “forró brasileiro”, considerado prática musical identificada
com as raízes populares nacionais, surgiu de evento criado por ingleses no século XIX,
durante a construção de estradas de ferro no Brasil, quando em certo período se abriam
os salões (para todos) “for all”; dessa atividade, não só a palavra foi assimilada, como a
atividade foi incorporada como prática cultural típica. Em períodos mais recentes estão
a incorporação e a utilização de instrumentos eletrônicos na música sertaneja,
popularizando-a por meio dos grandes veículos de comunicação de massa.” Assim,
interpretando o texto de Reinaldo Dias, juntamente com a palestra de Ronaldo lemos,
pode-se afirmar que:
I – As informações globais não encontram qualquer reelaboração por parte das
populações dos países mais pobres, ou seja, são assimiladas e imitadas acriticamente
por estas populações;
II – O forró brasileiro foi inventado por ingleses que estavam no Brasil no século XIX
para a construção de estradas de ferro, sem qualquer participação da população local
que se limitava a ir aos bailes;
III – As populações mais pobres podem ser ativas no consumo de bens culturais vindos
de países mais ricos e, assim, reelaboram as informações que recebem de outras
culturas, transformando-as em produtos culturais novos.
Das afirmações acima:
(A) estão corretas apenas as afirmações I e II;
(B) está correta apenas a afirmação III;
(C) somente a afirmação II está incorreta;
(D) somente a afirmação I está incorreta.
2) Na palestra de Ronaldo Lemos encontra-se alguns exemplos de hibridismo cultural,
ou seja, a mescla de diferentes traços culturais de diferentes épocas, lugares e
funcionalidades que são misturados formando um produto cultural novo, inesperado ou
surpreendente. Do mesmo modo, o sociólogo Reinaldo Dias afirma que a construção de
uma nova diversidade cultural na globalização é facilitada pelo aumento do fluxo de
informações, pessoas e tecnologia: “O que se constata cada vez mais é que a imagem de
um mundo constituído por culturas com limites claramente demarcados e separadas,
está rapidamente sendo substituída pela ideia de comunidades que se multiplicam,
difundem-se, recriam-se a todo o momento, em um fluxo constante e que apresenta
como limite, unicamente, o planeta como um todo.” Assim, a partir das mesclas
culturais e a aproximação de pessoas pelo uso da tecnologia que são vivenciadas na
atualidade, perde espaço identidades culturais bastante fixas, como aquelas baseadas na
ideia de país ou nação. Refletindo sobre a noção de hibridismo ou mistura cultural,
assinale a alternativa que apresenta uma foto que menos expressa a mescla de diferentes
traços culturais.
(A)
(B)
(C)
(D)
3) No texto, Boris Casoy, os garis e o “politicamente correto”, o sociólogo Antônio
Ozaí afirmou que houve um lado bom no áudio vazado de Boris Casoy. Assinale a
alternativa que melhor expresse esse aspecto positivo da fala vazada do jornalista.
(A) a obediência aos preceitos do politicamente correto, pois o jornalista veio
a público se desculpar;
(B) a sinceridade com que Boris Casoy se desculpou por sua fala infeliz;
(C) a fala do jornalista abriu espaço para uma maior patrulha ideológica;
(D) Boris Casoy expôs cruamente o que muitos pensam neste país, mas não
têm a coragem de assumir.
4) Segundo a historiadora Mary Del Priore, o que as mulheres do século XXI no Brasil
precisam almejar é:
(A) a felicidade;
(B) um corpo mais bonito;
(C) uma carreira promissora combinada com a realização solitária dos
afazeres domésticos;
(D) uma melhor apropriação dos valores culturais masculinos.
5) Conforme a historiadora Mary Del Priore: “o diagnóstico das revoluções femininas
do século XX é ambíguo. Ele aponta para conquistas, mas também para armadilhas. No
campo da aparência, da sexualidade, do trabalho e da família houve benefícios, mas
também frustrações. A tirania da perfeição física empurrou a mulher não para a busca
de uma identidade, mas de uma identificação.” Para analisar esta citação da
historiadora, define-se brevemente a diferença entre moral e ética assim: “entende-se a
moral como o conjunto de preceitos que informam a forma como um indivíduo deve
agir socialmente e a ética enquanto uma reelaboração pessoal desses preceitos, naquilo
que é possível, sempre visando o viver bem”. Assim, assinale a alternativa que melhor
interpreta a citação de Mary Del Priore conforme as definições de moral e ética
apresentadas:
(A) A moral atual sobre o corpo da mulher é muito satisfatória para o viver
bem feminino, conforme a historiadora, já que qualquer corpo feminino é socialmente
aceito;
(B) Não há nenhuma moral estabelecida no Brasil que normatize uma
suposta ditadura da beleza feminina, segundo Mary Del Priore, o que facilita o viver
bem feminino;
(C) A mulher tem dificuldades de reelaborar eticamente os preceitos morais
sobre o corpo que se impõem sobre ela, por isso a historiadora relata sobre a dificuldade
da mulher brasileira em construir uma identidade;
(D) Para Mary Del Priore existe um princípio ético importante para o viver
bem feminino: buscar a qualquer custo uma identificação com a perfeição física
alardeada pela mídia.
6) Leia a citação de Mary Del Priore e encontre a alternativa que apresenta as melhores
palavras para completar o pensamento da historiadora. “O nu, na tevê, nas revistas e nas
praias incentivou o corpo a se desvelar em público. A solução foi cobri-lo de creme,
colágeno e silicone. O corpo se tornou fonte inesgotável de ______________.
Diferentemente de nossas avós, não nos preocupamos mais em salvar nossas almas, mas
com a rejeição social _______________. Esta é uma nova forma de ________________
feminina.”
(A) Ansiedade, da falta de escolaridade, libertação.
(B) Ansiedade, do corpo, submissão.
(C) Satisfação, do corpo, libertação.
(D) Satisfação, do corpo, submissão.
7) Segundo o pensamento da historiadora Mary Del Priore expresso na entrevista acima,
atribua falso ou verdadeiro (F ou V) nas afirmações abaixo:
(__) A mídia impõe às mulheres brasileiras muitas exigências em relação à
aparência;
(__) A boneca Barbie é uma excelente representação de corpo para a educação
moral das meninas, devendo ser incentivado dentro das famílias;
(__) As mulheres brasileiras não alimentam o machismo dentro de casa,
aprenderam a serem críticas a ele com o movimento feminista e, em geral, ensinam seus
filhos a respeitarem as diferenças;
(__) Uma nova ética para as mulheres deve valorizar os interesses femininos,
sem imitar o comportamento masculino ou buscar nele um padrão.
A alternativa que apresenta a sequência (de cima para baixo) correta das respostas é:
(A) V; F; F; V
(B) F; F; V; F
(C) V; V; V; V
(D) F; V; F; V
8) Segundo a entrevista da historiadora Mary Del Priore, a mulher brasileira deveria
almejar, enquanto reelaboração ética visando o viver bem:
(A) o equilíbrio entre sua vida pública e privada;
(B) ser feliz em ser dona de casa e, assim, servir sua família;
(C) parecer cada vez mais com os homens, assumindo para si a moral
masculina;
(D) resignar-se com a submissão e a frustração, pois viver se lamentando não
é bom.
9) Leia novamente os versos abaixo da poesia “Eu, Etiqueta” de Carlos Drummond de
Andrade e encontre a alternativa que melhor expressa a interpretação deles conforme o
conjunto da poesia. “Com que inocência demito-me de ser
eu que antes era e me sabia
tão diverso de outros, tão mim-mesmo,
ser pensante, sentinte e solidário
com outros seres diversos e conscientes
de sua humana, invencível condição”.
(A) A condição humana, enquanto ser pensante, é sempre invencível e por
isso nunca será subjulgada pelo consumismo;
(B) A solidariedade humana é sempre mais importante que o consumo, que
não passa de um fator de saciedade das necessidades básicas humanas;
(C) O poeta percebe a prevalência do consumismo sobre a condição
existencial humana, assim, o consumismo passa a ser mais importante que o
pensamento;
(D) O poeta percebe que sem o consumismo ele não seria tão diferente dos
outros, dessa forma, ele está exaltando o consumismo como forma de celebração da
alteridade humana.
10) Leia com atenção os versos abaixo da poesia “Eu, Etiqueta” de Carlos Drummond
de Andrade. Os versos estão criticando atitudes e sentimentos humanos ligados ao
consumismo, marque a alternativa que melhor sintetize a intenção dos indivíduos ao
usar produtos “em qualquer língua” de acordo com a crítica da poesia: 1 Agora sou anúncio,
2 ora vulgar ora bizarro,
3 em língua nacional ou em qualquer língua
4 (qualquer, principalmente).
5 nisto me comprazo, tiro glória
6 de minha anulação.
(A) usa-se produtos importados pelo status social que representam, conforme
o verso 5;
(B) usa-se produtos importados para buscar a própria anulação, conforme o
verso 6;
(C) usa-se produtos importados para parecer vulgar e bizarro, conforme o
verso 2;
(D) usa-se produtos importados que estão em língua portuguesa, conforme o
verso 3.
11) Assinale a alternativa que apresente a melhor interpretação da noção de moda
conforme a crítica presente na poesia “Eu, etiqueta” de Carlos Drummond de Andrade.
(A) A moda busca massificar qualquer pessoa, anulando as diferenças
individuais, fazendo com que todos se tornem menos conscientes de si mesmos;
(B) A moda faz parte de uma atividade econômica importante, pois assegura
pelo envelhecimento cultural das roupas a geração de muitos empregos;
(C) A moda sempre individualiza e, com isso, ajuda qualquer pessoa a
expressar sua identidade;
(D) A moda massifica as pessoas, mas ajuda a torná-las mais conscientes do
mundo e de si mesmas, pois sempre há na moda preocupações ecológicas.
12) Na palestra TED de Ronaldo Lemos, ele divulga os seguintes dados sobre o
consumo de informações no Brasil: “O Brasil tem 2.000 salas de cinema. O Brasil tem
2.600 livrarias espalhadas em todo o país. Tem, mais ou menos, 5.000 bibliotecas
públicas. E tem 90.000 lan houses”. Sobre estes dados divulgados, assinale a alternativa
que melhor os interpreta, conforme as conclusões da palestra:
(A) as pessoas mais pobres certamente prefeririam ir ao cinema do que em
lan houses, mas encontram poucas opções disponíveis;
(B) as bibliotecas públicas são, atualmente, o meio preferencial de acesso à
informação para as pessoas mais pobres;
(C) as lan houses transformaram-se numa espécie de novo espaço público,
tanto real, quanto virtual, que está trazendo conectividade para o Brasil inteiro.
(D) as livrarias por estarem concentradas nas grandes capitais do país,
encontrariam nas periferias um bom espaço para aumentar seus negócios.
13) Ronaldo Lemos em sua palestra TED afirma que: “O open business começou há
mais ou menos três, quatro anos, e ainda vai continuar por mais dois anos, e a gente
investigou essa apropriação da tecnologia em lugares, não só aqui no Brasil, mas
também na Colômbia, no México, na Argentina, e na Nigéria. Então, a gente queria
entender, o que acontece quando os lugares que a gente não espera, que são mais
inusitados, se apropriam da tecnologia, e qual o impacto daquilo, que tipo de indústria
cultural, que tipo de relações surgem entre as pessoas quando a tecnologia chega em
lugares que para a gente, pelo menos, seria inesperado.” Dessas informações é possível
concluir que:
(A) não há apropriação de qualquer tecnologia nas regiões mais pobres do
mundo;
(B) as populações dos países mais pobres são totalmente controladas pela
mídia global;
(C) há populações em países pobres que começam a vender suas elaborações
culturais para todo o mundo, tendo alto lucro nesse comércio;
(D) há impactos culturais na chegada da tecnologia em populações de países
mais pobres que podem se apropriar desses novos recursos de forma criativa.
14) Leia a passagem do texto do sociólogo Antônio Ozaí: Boris Casoy, os garis e o
“politicamente correto”. “Palavras pronunciadas mecânica e jornalisticamente; uma
face que se assemelha a um robô de um desses filmes trash – sem trocadilho – de ficção
científica. Os lábios que se mexem, porém, são de carne e sangue; é uma boca humana.
É possível acreditar na sinceridade de quem fala? A fala espontânea que humilha os
garis, essa sim soa sincera. Ela expressa algo próprio do humano, dos que se consideram
superiores. O discurso pelo perdão, também é humano, mas soa falso. São palavras
literalmente lançadas ao ar. Hipocrisia!”. Sobre o texto do sociólogo podemos concluir
que:
(A) Boris Casoy não tem culpa por ter ofendido os garis, pois apenas
transmitia uma notícia;
(B) Boris Casoy transmitiu seu pedido de desculpas de forma mecânica, mas
no áudio que vazou ele expressou seu verdadeiro pensamento;
(C) o pedido de perdão de Boris Casoy foi suficiente para superar qualquer
mal entendido, mesmo que feito de forma mecânica;
(D) Boris Casoy é sempre verdadeiro na transmissão de notícias, porém não
foi sincero quando pediu desculpas aos garis.
15) Leia a passagem do texto do sociólogo Antônio Ozaí: Boris Casoy, os garis e o
“politicamente correto”. “Ele manifestou o pensamento elitista, conservador e
socialmente preconceituoso: um preconceito de classe contra os pobres; contra os que
moram em favelas; contra os que não tiveram a oportunidade de estudar em
universidades; contra os profissionais socialmente não reconhecidos e desqualificados.
É uma herança da nossa formação colonial escravagista que permeia boa parte dos
grupos sociais esclarecidos, diplomados, titulados e economicamente favorecidos.”
Sobre o texto podemos concluir que:
(A) a fala de Boris Casoy não é uma herança de nossa formação escravagista
no Brasil;
(B) as opiniões preconceituosas sempre são expressas em nossa sociedade;
(C) o pensamento de Boris Casoy é normalmente progressista, mas ele teve
um deslize conservador e elitista;
(D) as opiniões preconceituosas do pensamento elitista muitas vezes não são
conhecidas devido à censura do “politicamente correto”.
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