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UNIVERSIDADE DE SOROCABA Fichamentos “Jornada do Herói” “Para ler Vilém Flusser” “Introducción a la ciencia de la comunicación” Luiz Guilherme Amaral Abril de 2013

Fichamentos - Abril de 2013

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Textos: “Jornada do Herói” “Para ler Vilém Flusser” “Introducción a la ciencia de la comunicación”

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UNIVERSIDADE DE SOROCABA

Fichamentos

“Jornada do Herói”

“Para ler Vilém Flusser”

“Introducción a la ciencia de la comunicación”

Luiz Guilherme Amaral

Abril de 2013

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Jornada do Herói

Fichamento sobre o artigo produzido por Monica Martinez baseado no trabalho de Joseph Campbell acerca dos padrões narrativos em histórias míticas.

Autor

Monica Martinez é doutora em Ciências da Comunicação pela ECA-USP e docente da Universidade de Sorocaba – UNISO.

Obras

SQUIRRA, S. ; MARTINEZ, Monica ; LIMA, J. E. R. ; LIMA JR., W. T. ; CRUZ, R. ; SATHLER, L. ; PESSONI, Arquimedes ; GALINDO, D. ; NICOLA, R. ; DUARTE, L. G. ;

RENÓ, D. ; ALMEIDA, W. F. . Cibercoms - tecnologias ubíquas, mídias persuasivas. 1. ed. Porto Alegre (RS): Buqui, 2012. v. 1. 240p .

MARTINEZ, Monica . Professor de Ilusões (romance). 1. ed. São Paulo: Prumo, 2012. v. 1. 248p .

MARTINEZ, Monica (Org.) ; MENDEZ, R. B. (Org.) ; KUNSCH, Dimas (Org.) ; Pessoni, Arquimedes (Org.) ; HIME, Gisely (Org.) ; Pires, Paulo Sérgio (Org.) ;

Capella, Rodrigo (Org.) ; Vargas, Raul Osório (Org.) ; Romanini, Vinicius (Org.) . Mestres da Comunicação. 1. ed. São Paulo: Phorte Editora, 2010. v. 1. 208p .

MARTINEZ, Monica . Tive uma ideia! O que é criatividade e como desenvolvê-la. 1. ed. São Paulo: Paulinas, 2010. v. 1. 80p .

MARTINEZ, Monica . Jornada do Herói: Estrutura Narrativa Mítica para a Construção de Histórias de Vida em Jornalismo. São Paulo: Fapesp/Annablume,

2008. v. 1. 280p .

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O jornalista Thomaz Eloy Martinez, citando o ensaísta americano Hayden White, diz que “a única coisa que o homem realmente entende, a única coisa que ele de fato conserva na memória, são os relatos” (p.118).

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Ao analisar mitos, contos populares e de fadas de todo o mundo, o mitólogo norte-americano Joseph Campbell averiguou a existência de uma estrutura básica que permeia as narrativas míticas. Batizado de Jornada do Herói, este monomito é cerne do livro O Herói de Mil Faces, publicado em 1949 (p. 118).

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De forma sintética, Campbell propõe a aventura do herói em 17 etapas, que são divididas em três fases:

1) A Partida: O Chamado da Aventura; Recusa do Chamado; O Auxílio Sobrenatural; A Passagem pelo Primeiro Limiar; O Ventre da Baleia;

2) A Iniciação: O Caminho das Provas; O Encontro com a Deusa; A Mulher como Tentação; A Sintonia com o Pai; A Apoteose; A Benção Última;

3) O Retorno: A Recusa do Retorno; A Fuga Mágica; O Resgate com Auxílio Externo; A Passagem pelo Limiar do Retorno; Senhor de Dois Mundos; Liberdade para Viver.

A estrutura descoberta com Campbell é rica, relatando a evolução pela qual o herói passa durante sua jornada em direção a patamares ampliados de consciência. Além disto, é importante notar que este ganho ultrapassa a dimensão pessoal, refletindo-se em nível familiar, comunitário e, em alguns casos, humanitário (p. 118-119).

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Vogler sugere adaptações importantes: em primeiro lugar, rebatiza o personagem principal da história, chamado de herói por Campbell, de protagonista; em segundo, estabelece um elenco de co-atores de inspiração arquetípica, que acompanha o protagonista em seu desafio; além disto, simplifica o método das 12 etapas, dividindo-o na estrutura convencional de roteiros em três atos:

1) Primeiro Ato: Mundo Comum; Chamado à Aventura; Recusa do Chamado; Encontro com o Mentor, Travessia do Primeiro Limiar;

2) Segundo Ato: Testes, Aliados e Inimigos; Provação Suprema; Recompensa;3) Terceiro Ato: Caminho de Volta; Ressurreição; Retorno com Elixir (volta

ao cotidiano portando o alvo da busca).

Vogler cria, ademais, duas novas etapas. Na primeira, Mundo Comum, contrasta o cotidiano vivdo pelo protagonista com a aventura prestes a começar. Na segunda, Encontro com o Mentor, ressalta o papel de uma personagem mais

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experiente que induz o protagonista à ação. A etapa Testes, Inimigos e Aliados permite compreender também outro avanço proposto por Vogler: a definição clara de seis tipos de personagens secundárias ancoradas em modelos arquetípicos. São eles: Mentor; Guardião do Limiar; Arauto; Camaleão; Pícaro; Sombra (p. 119).

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Com o objetivo de torná-la mais funcional em termos jornalísticos, [o Prof. Dr. Edvaldo] Pereira Lima sintetiza a Jornada do Herói em oito etapas: Cotidiano; Recusa; Desafios; Caverna Profunda; Desafios; Recompensa; Retorno. O pesquisador sugere um elenco de co-atores mais definido que o sugerido por Vogler, propondo a terminologia Inimigo e Adversários (enquanto o primeiro é a principal motriz que testa o herói, os segundos são competidores que tentam bloquear seu caminho) (p. 120).

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O Experimento evidencia claramente que algumas etapas são encontradas com maior frequência, como a do Chamado da Aventura. Para efeito de estudo, foram selecionados alguns trechos como o do psicólogo Ivandélio Borges dos Santos, escrito pela irmã Margarida Ribeiro, da ordem das carmelitas: (...) (p. 121)

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A etapa Testes, Aliados e Inimigos apresenta ocorrência elevada. Visto que o ser humano é gregário, espera-se a presença de co-atores. O interessante é que a natureza destes auxiliares pode ser surpreendente, possivelmente em função do sincretismo típico da cultura brasileira (p. 121).

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Ainda sobre a etapa Testes, Aliados e Inimigos, uma surpresa foi a falta de vilões nas 12 histórias analisadas. O fato pode ter várias causas. Uma hipótese plausível é a de que, apesar de terem sido realizados vários encontros para apurar as informações, estes podem não ter sido suficientes para criar empatia entre os alunos e seus entrevistados, confiança que permitiria uma abertura maior para contar fatos traumáticos, uma vez que a figura do vilão evidencia os limites do perfilado (p.122).

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Evidentemente, este desafio atual reforça o esgotamento do modelo tradicional de jornalismo, abrindo espaço para propostas que contribuam para o resgate da humanização e do aprofundamento das descobertas jornalísticas (p. 123).

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A Jornada do Herói faz com que os aprendizes da área ampliem sua percepção e compreensão sobre si mesmos, sobre os seres humanos e, por extensão, sobre a realidade que os cerca. Ponto relevante é o de que seu emprego aumentou a autoconfiança dos alunos, uma vez que chegavam munidos de mais informação sobre as possíveis crises vividas pelo entrevistado (p. 124).

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Para Ler Vilém Flusser

Fichamento da obra “Para Ler Vilém Flusser”, sobre a produção literária e acadêmica do autor tcheco-brasileiro.

Autor

José Eugenio de O. Menezes é doutor em Ciências da Comunicação (ECA-USP) e professor de pós-graduação da Faculdade Cásper Líbero.

Obras

MENEZES, J. E. O. (Org.) ; CARDOSO, M. (Org.) . Comunicação e Cultura do Ouvir. 1. ed. São Paulo: Plêiade, 2012. v. 1. 494p .

MENEZES, J. E. O. (Org.) ; MARTINO, L. M. S. (Org.) . Processos e Produtos Midiáticos. 1. ed. São Paulo: Plêiade, 2010. v. 1. 170p .

MENEZES, J. E. O. . Rádio e Cidade. Vínculos Sonoros.. 1. ed. São Paulo: Annablume, 2007. v. 1. 155p .

BAITELLO JUNIOR, N. (Org.) ; GUIMARAES, L. (Org.) ; MENEZES, J. E. O. (Org.) ; PAIERO, D. (Org.) . Os símbolos vivem mais que os homens. Ensaios de

comunicação, cultura e mídia.. 1. ed. São Paulo: Annablume, 2006. v. 1. 264p .

MENEZES, J. E. O. (Org.) ; CANIZAL, E. P. (Org.) ; IASBECK, L. C. A. (Org.) ; SILVA, M. R. (Org.) ; BAITELLO JUNIOR, N. (Org.) ; CONTRERA, M. S. (Org.) ; UCHTMANN,

R. (Org.) ; SANTOS, T. C. (Org.) . Os meios da incomunicação. 1. ed. São Paulo: Annablume, 2005. v. 1. 128p .

DIDONÉ, I. M. (Org.) ; MENEZES, J. E. O. (Org.) . Comunicação e Política. A ação conjunta das ONGs. São Paulo: Paulinas, 1995. v. 1.

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Flusser assume sua condição de eterno migrante, de sujeito desenraizado; tanto de pátrias quanto de quaisquer sistemas (p. 19-20).

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(...) Flusser é um dos pensadores que permitem a compreensão dos processos de comunicação em uma ótica culturalista (p. 20).

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Flusser reflete em sintonia com uma corrente de estudos marcada por pesquisadores como o historiados de arte Aby Warburg (1886-1929), o jornalista e depois teórico de mídia Henry Pross (1923-2010), o filósofo e sociólogo Dietmar Kamper (1936-2001) e o historiador da arte Hans Belting (1935) (p. 20).

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Língua e Realidade

Na primeira parte o autor enfatiza que pretende investigar como a “realidade dos dados brutos é aprendida e compreendida por nós em forma de língua. Essa posição é radical, já que, se for aceita, a realidade em si dos dados brutos se torna inacessível e, neste sentido, vazia” (p. 20).

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O autor mostra que a correspondência entre língua e realidade é inarticulável, que o conhecedor é o produto e produtor da língua, que as múltiplas línguas representam diferentes cosmos e que o poliglotismo é um método para se ultrapassar os limites de uma língua e da visão de mundo expressa pela mesma.

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O filósofo alemão Ludwig Wittgenstein (1889-1951) define a filosofia como “um conjunto de contusões que o intelecto acumulou ao chocar-se contra os limites da língua”. Lembra que Wittgenstein fala em língua “como se existisse uma única, nunca considerada a pluralidade das línguas” (p. 20).

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Flusser argumenta que as chamadas realidade e conhecimento são “categorias da língua que variam de língua para língua” (p. 20).

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O autor mostra que a natureza é uma consequência da conversação, lembra que “aquilo que chamamos de fenômenos naturais, as pedras, as estrelas, a chuva, as

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árvores, a fome, são fenômenos reais, porque são conceitos, palavras. As relações entre os fenômenos são reais, porque formam pensamentos, frases (p. 20).

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A História do Diabo

A História do Diabo, redigido em alemão entre 1956 e 1957, não encontrou acolhida de editoras alemãs e foi traduzido para o português pelo próprio autor.

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Através de cenários, de imagens e da discussão a respeito das imagens, Flusser oferece uma grande contribuição à teoria da mídia, tratada a partir da concepção das relações espaciais, a partir da criação de vínculos. Lembra do mito do início do tempo e do tempo como dimensão do espaço (p. 21).

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O Diabo desempenha o papel de construtor da história porque, em contraste com Deus, passou a existir a partir de um determinado movimento e assim ter uma história (p. 21).

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O nacionalismo é uma máscara romântica da luxúria que conseguiu enganar a inibição e penetrou, assim, a superfície dos acontecimentos (p. 21).

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(...) as palavras, que na conversação autêntica são conceitos, transformam-se, na conversa fiada, em preconceitos (p. 21).

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Da Religiosidade

Publicado originalmente pela Imprensa Oficial para Comissão Estadual de Cultura do Estado de S. Paulo, em 1967, a última edição de Da Religiosidade recebeu um acréscimo em seu título na publicação da Editora Escrituras: Da religiosidade. A literatura e o senso de realidade.

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A literatura, para Flusser, é o lugar no qual se articula o senso de realidade. E senso de realidade é, sob certos aspectos, sinônimo de religiosidade (p. 21).

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Real é aquilo no qual acreditamos. Durante a época pré-cristã o real era a natureza, e as religiões pré-cristãs acreditam nas forças da natureza que divinizam. Durante a Idade Média o real era o transcendente, que é o Deus do cristianismo. Mas a partir do século XV o real se problematiza. A natureza é posta em dúvida, perde-se a fé no transcendente. Com efeito, nossa situação é caracterizada pela sensação do irreal e pela procura de um senso novo de realidade. Portanto, pela procura de uma nova religiosidade (p. 21-22).

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Natural:mente

Publicado em 1979 pela livraria Duas Cidades, o livro Natural:mente: vários acessos ao significado da natureza reúne um conjunto de ensaios que Flusser escreveu para diversas revistas brasileiras, americanas, alemãs, francesas e especialmente para o Suplemento Literário do jornal O Estado de S. Paulo.

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(...) o autor indica que a mesma pretende “ilustrar como a cultura, longe de libertar o homem da determinação pelas forças da natureza, se constitui (sic) em condição determinadora (p. 22).

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Pós-História

O Livro Pós-História. Vinte instantâneos e um modo de usar foi publicado em 1983 pela Editora Duas Cidades. O livro está organizado em pequenos textos que podem ser lidos em qualquer ordem (p. 22).

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Numerosas virtualidades ainda não foram realizadas. Em tal sentido, a ‘História do Ocidente’ ainda não acabou, o jogo ocidental continua[...]. O que nos resta é analisarmos o evento Auschwitz em todos os detalhes, para descobrirmos o projeto fundamental que lá se realizou pela primeira vez, para podermos nutrir a esperança de nos projetarmos fora do projeto. Fora da história do Ocidente. Tal o clima ‘pós-histórico’ no qual somos chamamos a viver doravante (p. 23).

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Filosofia da Caixa Preta

A obra hoje traduzida em quinze países foi publicada originalmente como Für eine Philosophie de Fotografie (Göttingen: European Photography, 1983). No Brasil, a versão traduzida pelo próprio autor foi publicada como Filosofia da Caixa Preta (1985).

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O autor usa a palavra fotografia como pretexto para compreender o funcionamento das sociedades pós-históricas que trabalham menos com textos e mais com imagens (p. 23).

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O livro mostra (...) que os fotógrafos atuam dentro de suas possibilidades: usar a máquina como um simples funcionário que não conhece o programa do aparelho (caixa preta) ou em uma perspectiva artística que insurge contra o programa e resgata artisticamente a liberdade (p. 23-24).

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Ao tratar as imagens como “superfícies que pretendem representar algo”, o autor está se referindo à subtração de algo, isto é, mostra que a imagem é a principal ferramenta de desmaterialização das coisas e dos corpos (p. 24).

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(...) aparelho: “brinquedo que simula um tipo de pensamento”, fotógrafo: “pessoa que procura inserir na imagem informações não previstas pelo aparelho fotográfico”, funcionário: “pessoa que brinca com o aparelho e age em função dele” e imagem: “superfície significativa na qual as ideias se inter-relacionam magicamente”. (p. 24).

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O gestos

Em 1991 o autor publicou Gesten. Versuch einer Phänomenologie pela editora alemã Verlag. A obra, inédita em português, foi traduzida para o espanhol pela editora Herder em 1994 como Los Gestos. Fenomenología y Comunicación.

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Para podermos escrever necessitamos – entre outras coisas – dos seguintes fatores: uma superfície (folha de papel), um instrumento (uma caneta, esferográfica), uns signos (letras), uma convenção (o significado das letras), umas regras (a ortografia), um sistema (a gramática), um sistema marcado pelo sistema da língua (um conhecimento semântico da língua em questão), uma mensagem para escrever (as ideias)e a escrita. A complexidade não está tanto na pluralidade dos fatores indispensáveis quanto na sua heterogeneidade (p. 24).

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Os gestos são movimentos que expressam uma intenção (p. 24).

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Dos gestos descritos por Flusser nasce a necessidade de se aprofundar os processos de percepção a partir, por exemplo, de trabalhos de Fenomenologia da Percepção de Maurice Merleau-Ponty.

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Fenomenologia do brasileiro

Publicada na Alemanha pela editora Bollman Verlag em 1994 e no Brasil em 1998 pela editora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, a obra reflete a respeito do Brasil dos “anos 70 para trás”.

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O autor propõe que o novo homem seja um homo ludens consciente que joga e de que jogam com ele. Neste contexto, descreve três estratégias de jogo. A estratégia um é a dos que, como os estadunidenses, jogam para vencer, mesmo arriscando a derrota. A estratégia dois é o jogo dos excluídos que jogam para não perder, buscando reduzir os riscos tanto da derrota quanto da vitória. Já a estratégia três é o jogo dos que jogam para mudar o jogo, atuam com certo distanciamento, como fazem os cientistas. O termo homo ludens integra o título de um livro do historiador medievalista Johan Huizinga; Homo ludens: o jogo como elemento de cultura. (p. 25).

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Flusser não se questiona sobre o que é o Brasil, mas sobre o que o poder do brasileiro, sobre a posse de sua ontologia poi-ética, num processo que começou a nível linguístico, não deliberado. (p. 25).

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Ficções Filosóficas

Publicado em 1998 pela Edusp, o livro Ficções Filosóficas reúne 35 artigos, a introdução da advogada Maria Lilia Leão e a apresentação de Milton Vargas, professor da USP. O livro reúne artigos publicados em periódicos brasileiros, cinco traduções de ensaios publicados na Europa e um texto inédito com o título Pontificar (p. 26).

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Vampyrotheutis Infernalis (...), trata-se de um monstro criado em colaboração com o ‘biólogo-fantasista’ francês Louis Bec, descrito sobre forma ‘fantasiosamente científica’, que vive isolado nas profundezas oceânicas (p.26).

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(...) o autor faz uma importante reflexão sobre a relação entre o ouvido e a política: mostra que o ouvido é muito mais político que a vista, que o silêncio é o maior dos luxos, que o engajamento político é um engajamento “em barulho”. Com suas palavras, a política “[...] pretende-se harmonizar com o barulho. Em alemão, voto é “voz” (stimme). Trata-se de harmonizar as esferas.” (p. 26).

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Bodenlos: uma autobiografia filosófica

A obra foi publicada na Alemanha logo após a morte do autor, resumindo textos escritos após sua volta para a Europa, em 1972 (p. 26).

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A obra está organizada em quatro seções: monólogo, diálogo, discurso e reflexões (p. 26).

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A Dúvida

O livro, uma versão ampliada e trabalhada de uma artigo chamado Da Dúvida, publicado em Da Religiosidade (1967), apresenta os seguintes capítulos: introdução, do intelecto, da frase, do nome, da proximidade e do sacrifício. Pode-se dizer que a dúvida é o mais espinhoso tema de Flusser, apresentado logo no início deste livro (p. 26).

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O Mundo Codificado

Publicado pela Cosac Naif em 2007, o livro reúne um conjunto de artigos sobre comunicação e design. (p. 26).

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Trata-se de uma obra fundamental para compreender o que pode ser chamado de “período europeu” da vida do autor, pois também reúne textos escritos entre 1973, um ano após seu retorno para a Europa, e 1991, ano de sua morte (p. 27).

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O filósofo mostra a importante diferença entre participar de um discurso e participar de um diálogo, considerando especialmente que um dos desafios da contemporaneidade é justamente “a dificuldade de produzir diálogo efetivos, isto é, trocar informações com o objetivo de adquirir novas informações (p. 27).

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O universo das imagens técnicas.Elogio da superficialidade.

O Elogio da Superficialidade era o título do original datilografado em português, publicado no Brasil em 2008 como O Universo das Imagens Técnicas – Elogio da Superficialidade. (p. 28)

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(...) Flusser percorre a história das transformações dos meios de comunicação e elabora o conceito de escalada da abstração, a subtração progressiva das dimensões dos objetos. O conceito é fundamental para o entendimento das relações entre comunicação tridimensional (o corpo e a gestualidade), comunicação bidimensional (a imagem), comunicação unidimensional (a escrita, o traço a linha...) e a comunicação nulodimensional (pontos ou números do universo digital, as imagens técnicas) (p. 28).

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A escrita. Há futuro para a escrita?

O livro foi redigido entre 1987 e 1989, dos anos antes do autor sofrer um acidente automobilístico e falecer em Praga, em 21 de dezembro de 1991. Em A alquimia da escrita: a passagem obrigatória das coisas para as não-coisas, a apresentação da edição brasileira do livro A escrita (p. 28).

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No sumário da obra percebe-se a perspectiva metodológica de busca das camadas mais profundas utilizadas pelo autor, tal como fazem os pesquisadores das ciências arqueológicas (p. 29).

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Um ensaio é uma tentativa de incitar os outros a refletirem, de levá-los a escrever complementos (p. 29).

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Introducción a la ciencia de la comunicación

Fichamento do texto “La classificación de los medios” contido na obra “Introducción a la ciência de la comunicación”, de Harry Pross, acerca da ciência

da comunicação.

Autor

Harry Pross (2 de setembro de 1923 – 11 de março de 2010) foi um cientista da comunicação alemão. Trabalhou como jornalista para vários jornais, incluindo

Ost-Probleme (1949-1952), Haagse Post (1953-1954) e foi professor da Hochschule für Arbeit, Politik und Wirtschaft en Wilhelmshaven e na Escola de

Desenho de Ulm.

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(...) figura como comunicação o que um determinado número de pessoas têm por tal depende de casualidades e acordo incalculáveis (p. 158).

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Se são perceptíveis e não são compatíveis não se reconhecem; pede-se demasiado entendimento. Se são compatíveis mas não perceptíveis, falta a capacidade de designação, cujo desenvolvimento progressivo devemos ao avanço das técnicas de comunicação e das explicações respectivas sobre a “nova revolução cultural”, a “revolução eletrônica” e coisas parecidas (p. 159).

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(...) a arte da sociedade livre consiste, primeiro, na manutenção do código simbólico e, segundo, na intrepidez de sua revisão para assegurar-se que o código simbólico serve aos fins que satisfazem a razão apresentada (p. 159).

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(...) os fins comunicativos buscam os meios adequados, mas a acessibilidade dos meios relativiza e modifica os fins (p. 159).

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O objetivo da teoria é proporcionar orientações para a participação prática no processo de comunicação. Não deve mediar “a essência” das coisas, tampouco “a coisa em si”, ou sequer a hipótese de “um mundo objetivo” fora dos processos de comunicação (p. 161).

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Recordemos que os meios de contato elementar humano permitem a comunicação sem instrumentos ou aparatos, pelo que denominamos meios primários, em analogia com o âmbito social primário que são os principais meios de entendimento (p. 162).

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A comunicação tem a tendência à franqueza, a ser aberta (p. 163).

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Desde a primeira transcrição fonética dos sumérios, a escrita se reforçou sobre todas as outras formas na duração da expressão (p. 163).

~//~A escrita põe à disposição dos membros de uma sociedade o resultados de um grande número de atividades linguísticas anteriores, mas aos membros futuros desta sociedade proporciona resultados do pensamento (talvez do pensamento

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sobre o futuro), para que o pensador não encontre talvez qualquer audiência, ou tão somente uma muito pequena entre seus contemporâneos (p. 164).

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Morris as chama “uma das formas secundárias de linguagem, cuja função principal reside em reter atos linguísticos e permitir sua reprodução; também há diversas formas de escrever que linguisticamente são ações registráveis, mas não retêm atos linguísticos como, por exemplo, o desenho de uma dança” (p. 164).

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A limitação é importante: nem tudo que se pode dizer pode-se também escrever, nem tudo que se pode escrever está “pronto para ser impresso” (p 164).

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Quando se requer um aparato a partir da produção mas não na recepção, proponho o termo meios secundários (p. 165).

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A tendência à tradição se proporciona regularmente com o registro também regularmente repetido, o que suporia um aporto essencial à integração da prova correspondente (p. 165).

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(...) Conduta humana é, em um grau muito elevado, comportamento simbolicamente controlado (p. 167).

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“Mediar” se utiliza geralmente em sentido de comunicar, relacionar-se; particularmente, “mediar” se utiliza para designar os sistemas bilaterais de comunicação, como os meios primários, por exemplo, frente ao “distribuir” dos meios secundários e terciários (comunicação em duas etapas e comunicação unidirecional) (p. 167).

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Pela perspectiva da teoria dos signos, pode-se denominar o jornal como um “super símbolo” por apresentar graficamente uma hierarquia de símbolos que deve representar ao “tempo” dentro de um ritual de calendário no modus material de papel e impressão.

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Por meios terciários entendemos os meios de tráfego de símbolos que pressupõem aparatos por parte do produtor e do consumidor (p. 170).

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Quanto maior é o número de participações especializadas em um meio de comunicação, mais fácil é a cristalização de sistemas que podem delimitar-se contra outros e perseguem seus próprios objetivos (p. 172).

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O aparente imediatismo da imagem desloca, em seu transcurso irrepetível, a questão das intenções e dos interesses diversos, frequentemente contraditórios, que cooperam para fazer possível a recepção (p. 172).

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