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Goleiro Aranha do Santos é vítima de insultos racistas depois durante a derrota do Grêmio que jogava em casa A partida de ida entre Grêmio e Santos, pelas oitavas de final da Copa do Brasil, nesta quarta-feira, ficou manchada pelos insultos racistas dirigidos ao goleiro santista Aranha. O atleta teve ótima atuação e contribuiu para que o time paulista vencesse por 2 x 0. Nos minutos finais da partida em Porto Alegre, passou a ser insultado por parte da torcida tricolor. Um grupo de cerca de 10 pessoas localizadas atrás do gol santista imitou sons de macaco. Além disso, uma câmera do canal ESPN flagrou um torcedora claramente xingando Aranha de "macaco". Segundo a Zero Hora , uma pessoa chegou a atirar um celular contra o atleta aos 42 minutos do segundo tempo. Aos 47, a Brigada Militar

Goleiro aranha do santos é vítima de insultos racistas depois durante a derrota do grêmio que jogava em casa

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Goleiro Aranha do Santos é vítima de insultos racistas depois durante a derrota do Grêmio que jogava em casa

A partida de ida entre Grêmio e Santos, pelas oitavas de final da Copa do Brasil, nesta quarta-feira, ficou manchada pelos insultos racistas dirigidos ao goleiro santista Aranha. O atleta teve ótima atuação e contribuiu para que o time paulista vencesse por 2 x 0. Nos minutos finais da partida em Porto Alegre, passou a ser insultado por parte da torcida tricolor. Um grupo de cerca de 10 pessoas localizadas atrás do gol santista imitou sons de macaco. Além disso, uma câmera do canal ESPNflagrou um torcedora claramente xingando Aranha de "macaco". Segundo a Zero Hora, uma pessoa chegou a atirar um celular contra o atleta aos 42 minutos do segundo tempo. Aos 47, a Brigada Militar entrou na arquibancada para tentar retirar alguém, o que gerou uma confusão entre os torcedores.

"Eu estava no gol, a torcida xinga, pega no pé, é normal. Mas começaram com palavras racistas, chamando de preto fedido. Fizeram corinho de macaco... Fico nervoso mesmo quando essas coisas acontecem, é algo que dói. Quando me chamaram de macaco, de preto, bati no braço e disse que sou preto sim", cobrou o jogador, ao deixar o gramado. 

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Questionado se pretende fazer ocorrência policial, Aranha preferiu não responder diretamente. "Mais do que a ocorrência, é eu dar entrevista e as pessoas saberem disso e lutarem contra. Não são todos, mas sempre tem um racista. Está dado o recado, para ficarem espertos para a próxima partida (na Arena do Grêmio)", afirmou.

Quando ouviu as manifestações, Aranha reagiu e cobrou a arbitragem. O jogo chegou a ficar parado por conta do incidente. O goleiro gesticulou para o árbitro Wilton Pereira de Sampaio, que não tomou qualquer atitude no momento.

No Brasil, o racismo é crime imprescritível e inafiançável e cabe ao Ministério Público a legitimidade para processar o ofensor. 

É o terceiro caso recente de ofensas na Arena do Grêmio. A morte do pai de Ronaldinho Gaúcho virou motivo de cântico quando o Atlético-MG visitou o estádio, em jogo válido pelo Campeonato Brasileiro. No último clássico contra o Internacional, torcedores gritaram a morte de Fernandão. A viúva e os filhos do ídolo colorado estavam no estádio.

Aranha é chamado de 'Branca de Neve' por torcedor gaúcho

Se no jogo das oitavas de final da Copa do Brasil, alguns torcedores do Grêmio cometeram atos racistas contra Aranha - que culminaram na eliminação do clube do Sul na competição -, nessa quinta-feira, no reencontro do time gaúcho e o arqueiro, pela 22ª rodada do Brasileiro, na Arena Grêmio, a maioria da torcida tricolor cometeu atos lamentáveis, novamente com o goleiro como alvo.

Desta vez, Aranha não foi chamado de 'macaco', como aconteceu no jogo do torneio mata-mata. Mas nem por isso deixou de haver preconceito. Na quinta-feira, a torcida utilizou a ironia e as vaias para manifestar o racismo. Um aficionado tricolor foi flagrado pela TV Globo gritando 'vai, Branca de Neve' para o goleiro.

Durante a transmissão, era possível ouvir também, em meio às vaias, alguns gritos de “branquelo” e ofensas homofóbicas.

“Eu, sinceramente, esperava ser recebido de outra maneira. Acreditava que a grande maioria tinha repudiado as atitudes. Pelo que vi hoje (quinta-feira), concordam com tudo. Acham isso bonito. Eles seguem a vida deles, e eu a minha”, afirmou Aranha, ao fim da partida.

Por outro lado, muitos torcedores seguravam faixas e cartazes contra o racismo. “Gremistas sim, racistas não”, dizia um dos cartazes.

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Casa de torcedora gremista que xingou Aranha é incendiada em Porto Alegre

Segundo o jornal Zero Hora, a casa da torcedora gremista Patrícia Moreira, flagrada pelas câmeras da ESPN chamando o goleiro Aranha, do Santos, de "macaco" durante partida pela Copa do Brasil, foi incendiada nesta sexta-feira em Porto Alegre.

Os bombeiros foram chamados às 4h (horário de Brasília) para apagar o fogo, que queimou principalmente o assoalho da habitação.

"Não temos ideia dos autores, mas o que está acontecendo é um absurdo. Estão tendo atos muito mais criminosos do que qualquer crime que ela tenha cometido", disse o advogado de Patrícia, Alexandre Rossato, à ZH.

Desde que o episódio de racismo ocorreu, a gremista não está morando mais no imóvel, mas sim na casa de familiares. O caso foi registrado na Polícia Civil, que irá investigar.

Na semana passada, Patrícia foi à polícia prestar depoimento sobre o caso de injúria racial. Por causa de sua atitude, o Grêmio foi excluído da Copa do Brasil pelo STJD.

"A palavra de 'macaco' não foi racismo, foi no calor do jogo, estávamos perdendo. Peço desculpas ao Grêmio, à nação tricolor. Não queria prejudicar o Grêmio. Eu amo o Grêmio. Desculpa, Aranha. Perdão, perdão, perdão, mesmo. Eu não sou racista", limitou-se a dizer a torcedora gremista, que chorou muito e não respondeu perguntas.

Quem atendeu à imprensa foi seu advogado. Segundo o profissional, chamar um jogador de "macaco" no estádio não configura racismo.

"Falar 'macaco' no contexto do jogo de futebol não á racismo. É apenas um xingamento, como inúmeros outros. A própria mãe dos árbitros vêm sofrendo historicamente com xingamentos", discursou Rossato.

O advogado também revelou que Patrícia, que perdeu o emprego após o episódio, queria se encontrar com Aranha para pedir desculpas pessoalmente ao arqueiro do Santos. O goleiro, disse que perdoava a gremista pelo incidente, mas que não gostaria de participar do encontro.

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MAJESTOSO: O INÍCIO DA POLÊMICA

A torcida do Corinthians deu início aos gritos de “bicha” contra goleiros rivais justamente em um clássico contra o São Paulo, disputado no último dia 9 de março, no Pacaembu, válido pelo Paulistão. O alvo inicial foi Rogério Ceni, mas a prática acabou se transformando em rotina nas partidas do Timão.

Preocupado com possíveis punições no STJD, o Corinthians emitiu na semana passada um manifesto direcionado aos torcedores, pedindo o fim dos gritos homofóbicos vindos da arquibancada.

Mas as provocações também poderão partir da torcida do São Paulo hoje à tarde na Arena Corinthians. Os são-paulinos prepararam uma música ironizando o arquirrival.

“Gambá, me diz como se sente, por que gosta de beijar. Ronaldo saiu com dois travecos, o Sheik selinho ele foi dar. Vampeta posou pra G, Dinei desmunhecou, na Fazenda de calcinha ele dançou. Não adianta argumentar, todo mundo já falou que gavião virou beija-flor”.