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HISTÓRIA DE SAPIRANGA Sapiranga tem mais de 200 anos de história.

História de Sapiranga

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Slide produzido pela professora Dóris Fernandes Magalhães para um trabalho realizado com os alunos do Instituto Estadual Coronel Genuíno Sampaio.

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Page 1: História de Sapiranga

HISTÓRIA DE SAPIRANGA

Sapiranga tem mais de 200 anos de história.

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Sapiranga é um município jovem. Possui cinqüenta anos de emancipação política. Porém seus antepassados remontam para mais de duzentos anos, quando os portugueses, lagunenses e paulistas por aqui passavam.

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POR SEUS JARDINS É CHAMADA CIDADE DAS ROSAS,

PELO MEIO DE TRANSPORTE MAIS POPULAR, DE CIDADE DAS BICICLETAS;PELA SUA NATUREZA ALIADA A PRÁTICA

DE ESPORTES É CONSIDERADA A CIDADE DO VÔO LIVRE NO MORRO FERRABRAZ;

E....

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SAPIRANGA

POR TER SIDO PALCO DE UM DOS MOVIMENTOS MAIS

SANGRENTOS DO PERÍODO IMPERIAL É A TERRA DE

JACOBINA.

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SAPIRANGA

O espaço onde hoje está Sapiranga era um “sertão” chamado de Padre Eterno que pertencia a Fazenda Mascarenhas, cuja sede se localiza onde hoje é a cidade de Montenegro. Essa fazenda fazia parte do distrito do Cahy, parte do termo de Triunfo.

Os moradores eram lusos, os Alves Pedroso, que aqui se estabeleceram para defender o território dos ataques dos espanhóis e garantir a terra aos portugueses.

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SAPIRANGA

Padre Eterno era um capelão negro muito velho, chamado Ignácio Coelho dos Santos, que vivia neste lugar antes de 1750. Ficou conhecido por suas atividades religiosas

(cantava, rezava, batizava e fazia enterros).

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No início do século XIX, um lagunense, Manoel José de Leão, vendeu seus bens e negócios, vindo para o sul. Entre seus bens estavam as

terras do Padre Eterno. Aqui estabeleceu uma fazenda escravocrata para criação de gado que era transportado por rio até sua charqueada, localizada nas terras do lugar

Triunfo e Charqueadas hoje.

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Leão morreu em 22 de dezembro de 1820, deixando um testamento e uma rica herança, na qual a própria Santa Casa era herdeira. Os filhos com a partida do pai administraram os bens e anos mais tarde abriram o testamento e fizeram o inventário dos bens. O inventário iniciou em 1831 e os herdeiros não concordaram com a partilha e entram na justiça contra a madrasta.

Em meio ao processo judicial, eclode a Revolução Farroupilha. Os filhos de Leão são mortos em uma emboscada em casa. O rumo do inventário muda. Como não havia dinheiro suficiente para pagamento das despesas, a justiça determinou o leilão em praça pública da Fazenda Padre Eterno, localizada em São Leopoldo e pertencente a parte correspondente a Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre e a falecida esposa de Leão, D. Bernardina Joaquina da Silva.

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FAZENDA LEÃO

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A Fazenda Padre Eterno foi arrematada em praça pública por João Pedro Schmidt, um

comerciante do Hamburgerberg em julho de 1842. Essa venda é importante porque marca

o início da colonização alemã. Três anos após a compra, o comerciante cria a

sociedade com seu vizinho João Kraemer.

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FAZENDA PADRE ETERNO

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Através da Sociedade Schmidt & Kraemer foram loteadas as áreas da Fazenda Padre Eterno, ocupando o lugar através da venda

de lotes chamados de prazos para colonos e seus filhos, que organizam pequenas

propriedades, policultoras, usando mão-de-obra familiar, para venda de sobras no

mercado interno regional.

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ÁREA COLONIAL

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Os primeiros colonos a comprarem terras (chamadas de prazos coloniais) são João Hofmeister e Henrique Pedro Müller, em 1845. Os primeiros lotes vendidos foram os próximos da encosta ( Morro Ferrabraz).

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Os colonos produziam mandioca, cana, frutas,verduras; criam aves, porcos, algumas cabeças de bovinos como vacas para produção de leite, bois para força de tração em carroças, arado e moendas.

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CAMPO COLONIAL

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Os agrimensores que vieram para medir e demarcar os prazos coloniais encontraram nos matos e capões uma fruta vermelha parecida com cereja, mas de tamanho maior, com o nome de araçá-pyranga. Esta fruta originou o nome do município. Inicialmente chamavam as áreas do Kraemer-eck de Araçá-pyranga, depois o nome rapidamente evoluiu para Sapiranga.

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NOMES DE SAPIRANGA

- Padre Eterno: nome dado ao lugar, ao sertão, ao cantão, a encosta durante o século XVIII.

-Fazenda Padre Eterno: por ocasião da compra por Manoel José de Leão, que transformou o lugar em fazenda.

- Fazenda Leão: nome dado a sede da Fazenda Padre Eterno e estendido para a área não loteada pela Sociedade Schmidt & Kraemer.

- Sapiranga: com a estação férrea ficou definitiva a denominação para toda a vila e depois cidade e município.

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CAPÕES NO KRAEMERECK

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EVOLUÇÃO POLÍTICA ADMINISTRATIVA DE SAPIRANGA

1754: Padre Eterno como parte da Fazenda Mascarenhas, localizado na freguezia de Triunfo, no distrito do Cahy.

1784: Rincão dentro da serra chamado Padre Eterno. 1791: concessão de datas a soldados em troca de soldo. Finais do século XVIII e início do XIX: Fazenda Padre Eterno como parte da Aldeia de

Nossa Senhora dos Anjos, pertencente a Porto Alegre. 1815: Leão solicita a sesmaria chamada de Fazenda padre Eterno. 1846: Fazenda Padre Eterno como parte do território do município de São Leopoldo. 1850: Fazenda Padre Eterno como distrito de São Leopoldo. 1874: Fazenda Leão como denominação dos colonos alemães. 1890: Em 28 de março foi criado o 5º distrito de São Leopoldo com o nome de Sapiranga

com o Ato municipal nº 154. A 2 de maio é elevada a categoria de freguesia pelo Ato Municipal nº 219.

1954: em 15 de dezembro deste ano pela Lei Estadual nº 2529 é criado o município de Sapiranga.

20 de fevereiro de 1955: eleições para o primeiro mandato municipal para prefeito, vice-prefeito e vereadores.

28 de fevereiro de 1955: instalação do município com posse dos vereadores e prefeito com seu respectivo vice.

1984: diminuição da área por anexação de parte do território a leste para Parobé. 1989: emancipação de Nova Hartz com diminuição do 3º distrito. 1997: emancipação de Araricá com diminuição do 2º distrito. Área inicial de 232km2 resultando em 135,38km2 em 1989.

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MORRO FERRABRAZ

Denominação dada ao Morro pelos tropeiros que passavam por estes pagos ao transportar gado para Sorocaba, sendo visto de Porto Alegre, de Santo Antônio da Patrulha, de São Francisco de Paula e de Gramado.

O nome é originário do português medieval e era o nome de um monstro Sarraceno das músicas de gesta dos castelos.

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FERRABRAZ

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No lugar da antiga estação férrea foi construído em um grande

jardim de rosas que simbolizam nossa cidade. Nestes canteiros que se estendem pela avenida 20 de setembro, formando o

canteiro central.

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ESTAÇÃO SAPYRANGA

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PRAÇA DAS ROSAS

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LEITO DA ANTIGA ESTAÇÃO

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NO LUGAR DOS TRILHOS....

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LARGO DA ESTAÇÃO HOJE: PRAÇA DOS BRINQUEDOS

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A CHEGADA DO TREM

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PRAÇA DAS ROSAS

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SAPIRANGA: CIDADE DAS ROSAS E DE JACOBINA

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MOVIMENTO MUCKER 26/04/1866 – Casamento de Jacobina Mentz com João Jorge

Maurer. 1867 - Primeiros desmaios de Jacobina. 1868 – Início da dedicação de Maurer aos tratamentos de saúde. 1869/70 – Hardes Fleck ensina a Bíblia para Jacobina. 1870/73 – Reação das igrejas ao casal Maurer. 1869/71 – Conflitos com o pastor Boeber. 28/10/72 – Última participação do casal Maurer na Igreja

Evangélica. 19/05/1872 – Ascensão de Jacobina. 11/01/73 – Nomeação de Lúcio Schreiner como subdelegado de 4º

distrito. 04/05/73 – Aparição de Jacobina após período de sono;

desligamento das igrejas na qual pertenciam (rompimento com as igrejas ).

05/05/73 – Nomeação dos apóstolos para explicar a opinião pública suas razões.

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MOVIMENTO MUCKER 08/05/73 – Denúncia do subdelegado Spindler. 10/05/73 – Abaixo-assinado dos moradores do Padre Eterno. Maio de 1873: Sindicância de Spindler, representação do Pastor Boeber, artigo no

jornal “A REFORMA”, depoimento de Carlos Einsfeld. 20/05/1873 – prisão de Maurer. Interrogatório do pastor- colono João Jorge Klein. 22/05/1873 – Prisão de Jacobina.. 24/05/1873 – Internação de Jacobina na Irmandade Santa Casa de Misericórdia

em Porto Alegre. 26/05/1873 – Auto de busca na casa de Maurer. 30/05/1873 – Pedido de internação de Jacobina para ser examinada. 02/06/1873 – Encaminhamento ao Presidente da Província do relatório sobre o

caso e encerramento do mesmo. 13/06/1873 – Pedido de alta para Jacobina pelo Dr. Sampaio. Possível soltura de

Maurer. O casal foi posto em liberdade num hotel sem direito à volta. 26/06/1873 – Consulta do chefe de polícia a Schreiner sobre a possibilidade de

retorno do casal ao Ferrabraz. 29/06/1873 – Resposta de Schreiner. 05/07/1873 – Assinatura do termo de bem viver por Maurer e Jacobina:

compromisso de cessar com as reuniões religiosas em sua casa. 29/10/1873 – Suicídio de João Pedro Hirt, sogro do subdelegado Spindler

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MOVIMENTO MUCKER

O5/11/1873 – Visita de Schreiner a casa dos Maurer.

22/11/1873 – Atentado à vida do inspetor João Lehn em sua própria casa.

28/11/1873 – Pedido, assinado pelos moradores de São Leopoldo, para deportação dos Maurer e seus adeptos.

10/12/1873 – Representação entregue pessoalmente ao Imperador Pedro II sobre as perseguições que os Mucker vinham sendo objeto.

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MOVIMENTO MUCKER 20/01/1874 – Despacho do ministro da Justiça, enviado para o chefe de polícia,

pedindo informações sobre as acusações dos Mucker. 29/01/1874 – Resposta ao despacho. 10/02/1874 – Encaminhamento das informações a respeito da representação

dos Mucker e seu arquivamento. 23/02/1874 – Notificação da formação de culpa pelo atentado ao inspetor a

Rodolfo e Jacó Sehn. 30/04/1874 – Assassinato do jovem Jorge Haubert. 01 a 09/05/1874 – Inquérito policial. 16/05/1874 – prisão e recrutamento para Marinha de Henrique Guilherme

Gaelzer e Cristiano Richter. 19/05/1874 – Data da carta escrita por Jacobina para seu primo Lúcio

Schreiner. 20/05/1874 – Data da carta de Jacobina a seu primo Matias Schroeder. 24/05/1874 – Anúncio público da substituição de João Jorge Maurer por

Rodolfo Sehn. 16/06/1874 – Chacina da família Cassel: Ana Maria, Luisa, Arnold, Regina e

João. 16 a 24/06/1874 – Prisão dos suspeitos

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MOVIMENTO MUCKER 20/01/1874 – Despacho do ministro da Justiça, enviado para o chefe de polícia,

pedindo informações sobre as acusações dos Mucker. 29/01/1874 – Resposta ao despacho. 10/02/1874 – Encaminhamento das informações a respeito da representação

dos Mucker e seu arquivamento. 23/02/1874 – Notificação da formação de culpa pelo atentado ao inspetor a

Rodolfo e Jacó Sehn. 30/04/1874 – Assassinato do jovem Jorge Haubert. 01 a 09/05/1874 – Inquérito policial. 16/05/1874 – prisão e recrutamento para Marinha de Henrique Guilherme

Gaelzer e Cristiano Richter. 19/05/1874 – Data da carta escrita por Jacobina para seu primo Lúcio

Schreiner. 20/05/1874 – Data da carta de Jacobina a seu primo Matias Schroeder. 24/05/1874 – Anúncio público da substituição de João Jorge Maurer por

Rodolfo Sehn. 16/06/1874 – Chacina da família Cassel: Ana Maria, Luisa, Arnold, Regina e

João. 16 a 24/06/1874 – Prisão dos suspeitos

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MOVIMENTO MUCKER 25/06/1874 – Início da reação e dos ataques dos Mucker (14 ataques) em

Campo Bom e no Ferrabraz. 26/06/1874 – Início da reação dos colonos, revidando aos ataques (Picada do

Hortênsio e Linha Nova). 28/06/1874 – Chegada das tropas do Cel. Genuíno Sampaio ( 3º e 12º Batalhão

de Infantaria) a casa de Pedro Serrano, no Padre Eterno. 1º combate. 02 a 07/07/1874 – ataques a casas de Mucker. 19/07/1874 – Segundo ataque de Genuíno resultando em torno de 28 mortos e

prisão de 52 pessoas entre mulheres e crianças. 20/07/1874 – Ataque noturno ao acampamento do Cel. Genuíno Sampaio. O

coronel está ferido, mas considerado sem risco de vida. 21/07/1874 – constatação da morte de Genuíno. 26/07/1874 – Reação dos colonos contra os Mucker. 28/07/1874 – Rendição do velho Luppa, manifestando sua intenção em

colaborar com as tropas. 02/08/1874 – Último combate: morte de 17 Mucker, entre eles Jacobina, que

estavam vivendo nos matos.

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“CAVERNA DE JACOBINA”

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CRUZ DE JACOBINA

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O movimento Mucker é uma reação de um grupo de colonos alemães (imigrantes e seus descendentes nascidos no Brasil), diante das mudanças sociais, políticas, econômicas e religiosas que enfrentavam no município de São Leopoldo, num lugarejo chamado Padre Eterno, na segunda metade do século XIX.

As causas são muitas e revelam um processo contínuo e em crescimento de desavenças, rixas, brigas corriqueiras, piadinhas, gozações, de “aprontar uma para o vizinho”, gerando um clima de tensão crescente. Roubos, mudança de cerca na divisa da propriedade, fuga da vaca ou de boi para o pátio do vizinho com danos nas roças, nas roupas quaradas ou estendidas, violação da sepultura no cemitério, corte do rabo do cavalo, levantamento de culpados sem comprovação...

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Os colonos que aqui se estabeleceram não vieram diretamente para o Padre Eterno. A grande maioria migrou de São Leopoldo, Hamburgo Velho, do Campo Bom, do Bom Jardim, de Picada Hortêncio, porque no local em que estavam não havia mais espaço para seus filhos terem sua casa, sua roça e, portanto, seu sustento. Vendendo sua propriedade no lugar em que estavam poderiam comprar outra num lugar mais afastado, por um preço mais acessível e de maior extensão, permitindo um início de vida para os filhos que já estavam iniciando sua própria família. Assim, quando novos loteamentos são abertos por empresas imobiliárias, os colonos compram terras e se mudam. Essas áreas são frentes de ocupação, são as fronteiras abertas para ocupação, tão necessárias à política externa brasileira, e, principalmente para as relações com o Prata. Como toda área de fronteira, essas frentes são pontos de conflito porque são lugares de encontro com propostas e interesses de vida diferentes.

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No Padre Eterno, os colonos ao adquirirem por compra suas terras (chamados de prazos coloniais), enfrentam problemas de legitimação de sua propriedade, por não terem registrado em cartório a compra realizada. Anos mais tarde, quando a terra possui benfeitorias, roças, arvoredos descobrem não serem mais seus donos e por não se conformarem vão a Justiça para garantir a compra que fizeram. Porém, a realidade se mostra dura: não são os donos da terra onde têm morada habitual e cultivo com criação para seu sustento porque não tem escritura pública. São expulsos da terra e devem uma indenização ao proprietário legítimo por terem derrubado a mata. Esse fato repetido criou entre os colonos uma postura de desconfiança e de medo, pois o colono queria que tudo fosse feito de forma correta e justa. Eles estavam aqui para terem uma vida estável, serem donos de uma área de terras e como proprietários terem um status social e em conseqüência respeito. Por outro lado, queriam viver aqui do modo de ser alemão como brasileiros.

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As terras da Fazenda Padre Eterno foram compradas em 8 de julho de 1842 por João Pedro Schmidt e transformada em picadas, que foram divididas em alas e estas em prazos coloniais. A Fazenda passou a ter outros nomes como Picada do Padre Eterno do Campo, Picada do Ferrabraz, Picada da Serra Ferrabraz e Picada da Bica. Na Picada Ferrabraz, local do conflito Mucker e que abarca grande parte da cidade de Sapiranga, os lotes foram vendidos entre 31 de maio de 1845 e 1º de dezembro de 1869. A família Mentz, por exemplo, adquiriu prazos coloniais em 1846 e 1847. Entre as empresas imobiliárias que atuaram no Padre Eterno estão a Schmidt & Kraemer e a Barão do Jacuí & Cia.

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Essa ocupação da Fazenda em pequenos lotes, com produção baseada na policultura e na mão-de-obra familiar, ao mesmo tempo em que servia aos interesses do Império dentro do processo de substituição da mão-de-obra escrava pela livre, significava uma modernização imensa para a colônia de São Leopoldo. O crescimento da Colônia foi tão intenso que a mesma estava lotada já nos primeiros anos, e a medida que os filhos cresciam era necessário novas áreas. Os colonos avançam em direção a serra, seguindo os rios. Os povoados, capelas, lugarejos se proliferam.

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O atendimento dessa população quanto a saúde, educação e assistência religiosa são precários, pois não há como atendê-los pelos órgãos públicos diante da rapidez do crescimento. Em 1846, São Leopoldo é município, mas isso não significa atendimento a todas as necessidades da população. Um outro problema se apresenta: os colonos não são totalmente católicos. A população protestante é grande e a dificuldade de receber um pastor com formação também. Os colonos estavam habituados a receberem do Estado atendimento religioso, escolar e de saúde.

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Ao se estabelecerem no Padre Eterno, ter assistência médica significava ir a São Leopoldo, pagar uma consulta, comprar remédios no boticário e muitas vezes ficar com dívidas com o farmacêutico. Por isso, é comum em todos os loteamentos do Brasil encontrarmos a figura de um “homeopata” que atende gratuitamente e indica chás e compressas que curam milagrosamente.

Aqui a escola é construída pelos colonos que escolhem entre eles quem tem mais afinidades com o processo de ensinar e quase sempre também presta atendimento religioso e cuida da comunidade que logo em seguida é erguida.

Isso acontece no Padre Eterno: a escola comunitária foi organizada pelos moradores e ainda existe com mais de 150 anos; o mesmo aconteceu com a comunidade religiosa. Os colonos não puderam esperar pelas autoridades para que suas necessidades básicas fossem satisfeitas. Os primeiros pastores eleitos foram João Jorge Klein, seguido pelo Pastor Friedrich Wilhelm Boeber, ambos com envolvimento no movimento Mucker. O nome do primeiro professor que se tem notícia é a de Klein, eleito pelos colonos para exercer tal atividade.

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Em 1865, chegam ao Padre Eterno o casal João Jorge Maurer e Jacobina Mentz Maurer recém-casados e vindos do Hamburgo Velho. Maurer conheceu um colono de nome Buchhorn, morador no Campo Bom, com quem aprendeu a técnica de curar através de chás e compressas. Maurer, em sua nova morada, passava a preparar chás e compressas para colonos vizinhos que estavam com problemas de saúde, de uma forma natural, solidária para com os de sua comunidade. Esse relacionamento de Maurer com os vizinhos logo se espalhou. Os colonos, mesmo morando longe, preferiam visitar João Maurer para resolver problemas de saúde que estavam a enfrentar. Era uma alternativa natural, barata e que não iria representar novas preocupações, dívidas ou alterações na rotina doméstica.

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Como o tratamento que Maurer dava aos que o procuravam necessitava de chás de hora em hora, de meia em meia hora ou de troca de compressas ou novos curativos em tempos regulares, os doentes ficavam na casa dos Maurer. Enquanto isso Jacobina, uma mulher muito piedosa, procurava consolar os visitantes lendo um trecho da Bíblia, contando uma das músicas do hinário usado no Domingo no culto, ou então, dizendo alguma mensagem da qual acreditava que por ser mulher de fé estava inspirada pelo Espírito Santo. Podemos dizer que Maurer tratava o corpo e Jacobina a mente, o espírito. Os resultados afastavam o medo da doença, da morte e do sofrimento. A gratidão era inevitável e muitas vezes era manifestada através da doação de mantimentos e de algumas economias em dinheiro que os colonos tivessem. Os colonos, juntamente com os Maurer, não eram abastados. Tinham apenas o necessário para viver e quando muito, algumas economias por terem tido colheitas favoráveis. Poderíamos dizer que eram iguais ajudando-se mutuamente. Dessa forma, o casal passou a atender a todos que buscavam a cura para seus problemas.

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CENÁRIO DA COLÔNIA JACOBINA

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COLÔNIA JACOBINA

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COLÔNIA JACOBINA

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COLÔNIA JACOBINA

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COLÔNIA JACOBINA

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O fato que determinou o rumo do movimento foi o abaixo-assinado encabeçado pelo Pastor Boeber e pelo professor Weis, pedindo a autoridades que verifiquem o que está acontecendo no Ferrabraz, pois cada vez mais membros da comunidade se afastam para participar do “conluio”.

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O nome Mucker é atribuído ao Pastor Boeber, que teria numa de suas prédicas, afirmado que quem não participa de sua comunidade, dos cultos e enviando seus filhos a escola estavam compactuando com o demônio e, portanto, era Mucker.

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Esse nome no século XIX ainda trazia presente todas as lembranças de bruxarias, da inquisição e das fogueiras. Por isso, soou forte e imediatamente se espalhou pelas comunidades através de seus fiéis e da imprensa através de Karl von Koseritz. Nos depoimentos do processo dos Mucker ninguém afirma ter ouvido diretamente que Jacobina se auto-denominava o “Cristo Mulher”, porém todos diziam ser ela.

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Foram vários atentados e acusações sem que os moradores e seguidores do Ferrabraz se manifestassem. Os Mucker se mantiveram fechados na sua comunidade sem revidar a nada até o momento da chacina da Família Cassel, quando percebem que não há mais condições de ficar calado e que se fazia necessário revidar porque então seriam mortos. Atacam comerciantes, autoridades locais, vizinhos atuantes no momento do abaixo-assinado ou nos ataques, sejam parentes ou não. Esses ataques foram de extrema violência. Ela se explica diante de uma repressão de vários anos em que procurando por meios legais a sua defesa não o conseguem e extravasam o ódio contido por tanta injustiça.

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Na literatura nacional e internacional especializada encontramos muitos exemplos de situações como essa do Ferrabraz. Sabe-se que no Brasil, a questão da terra gerou muitos movimentos messiânicos, pois foi pela via religiosa que as pessoas ou grupos conseguiam exprimir toda a opressão sentida, diante da expulsão da terra, da exploração de comerciantes e do domínio de fazendeiros e empresas de loteamento

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O revide dos Mucker ocorreu no momento em que o grupo não encontrou mais alternativas legais para solucionar seus problemas e defender seu direito de viver de forma alternativa ao progresso que a colônia vivia. O desespero de ambos os lados levou ao massacre, um dos poucos massacres comprovados na história de nosso país.

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Culpados: não precisamos procurá-los, pois eles próprios ao verem os resultados tratam de criar uma imagem extremamente negativa dos Mucker. Só os tiranos do Ferrabraz tinham culpa e o resultado disso era a morte. Por isso, ouvimos tantas histórias sangrentas e até pouco tempo se contavam as mesmas bem baixinho para que ninguém soubesse do que se falava.

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Até hoje temos uma espécie de síndrome de participação, pois todos aqueles que poderiam participar ativamente da comunidade não o fazem ou então dizem que tudo o que aqui se começa não dá certo. Outros não conseguem entender como tem gente que ainda pode pensar que eles não eram tão maus É o efeito Mucker que ainda persiste. Não devemos procurar buscar culpados ou inocentes, mas sim entender o que aconteceu e tirar uma mensagem de vida.

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Jacobina não era uma heroína, era apenas uma mulher como tantas mulheres nesse Brasil a buscar a sobrevivência de sua família com coragem. Os Mucker eram pessoas comuns, como quaisquer que viveram naquele período. Ao afirmarmos isso, não estamos querendo nos redimir ou eximir a culpa dos dois lados nem tornar uns heróis ou vândalos. É necessário reafirmar que são homens e mulheres que procuravam viver da sua forma encontrando alternativas para seus problemas.

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No entanto a simbologia que diziam traduzir Jacobina e seus asseclas continuou: hoje no lugar do massacre temos a pista de pouso do vôo livre, onde asas colorem o céu; as histórias contadas de uma mulher tão forte ou de colonos que à noite vem arar a terra do Ferrabraz ou mesmo das cavernas enormes escondidas no morro não deixam que a curiosidade morra. Não deixaram que Jacobina sobrevivesse e

ela continuou a viver pela mentira.

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Disso devemos fazer uma reflexão sobre os relacionamentos de família, de comunidade, de cidadãos, pois sempre situações em que se acirram os ânimos bons resultados não temos. O respeito aos diferentes, ao próximo, às idéias novas e as necessidades das comunidades, bem como, a solidariedade são lições desse movimento para que possamos viver num mundo melhor e mais humano. Devemos isso ao século XXI.

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