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1 APOSTILA ELABORADA TENDO POR BASE: Manual de Redação da Presidência da Repú- blica, 2002. Apostila Curso de Redação Oficial Básica. Ela- boração: Janaína de Aquino Ferraz, Ormezinda M. Ribeiro Aya, Elda A. Oliveira Ivo, Paula Cobucci e Flávia M. Pires. Exercícios criados pela Professora Mestra Viviane Faria Sites: http://www.brasilescola.com/redacao http://www.infoescola.com http://www.mundovestibular.com.br http://www.portalsaofrancisco.com.br http://www.wikipedia.org Provas de concursos públicos (com as referências devidas) Fonte: <http://smharmon.blogspot.com>. Para ler e entender um texto é preciso atingir dois níveis de leitura: a informativa e a de reconhecimento. A primeira deve ser feita cuidadosamente por ser o primeiro contato com o texto, extraindo-se informações e se preparando para a leitura interpretativa. Contudo, quando se interpreta, deve-se adotar os seguintes passos: entender > compreender > analisar. Durante a leitura, grife palavras- -chave, passagens importantes; tente ligar uma palavra à ideia central de cada parágrafo. Concentre-se nas perguntas e opções de respostas. Marque palavras como NÃO, EXCETO, RESPECTIVAMENTE etc., pois fazem diferença na escolha adequada. Retorne ao texto, mesmo que pareça ser perda de tempo. Leia a frase anterior e posterior para ter a ideia do sentido global proposto pelo autor. INTERPRETAÇÃO TEXTUAL No caso de textos literários, é preciso conhecer a liga- ção daquele texto com outras formas de cultura, outros textos e manifestações de arte da época em que o autor viveu. Se não houver esta visão global dos momentos lite- rários e dos escritores, a interpretação pode ficar compro- metida. Além disso, não se podem dispensar as dicas que aparecem na referência bibliográfica da fonte e na identifi- cação do autor. COMUNICAÇÃO A comunicação ocorre quando interagimos com outras pessoas utilizando a linguagem. Palavras, gestos, movimen- tos, expressões corporais e faciais é linguagem. Linguagem é um processo comunicativo pelo qual as pessoas intera- gem entre si. stelalecocq.blogspot.com Além da linguagem verbal, cuja unidade básica é a palavra (falada ou escrita), existem também as linguagens não verbais, como a música, a dança, a mímica, a pintura, a fotografia e a escultura, que possuem outros tipos de uni- dade – o gesto, o movimento, a imagem etc.. Há, ainda, as linguagens mistas, como as histórias em quadrinho, o cinema, o teatro e os programas de TV, que podem reunir diferentes linguagens, como o desenho, a palavra, o figu- rino, a música e o cenário. Os interlocutores são as pessoas que participam do processo de interação por meio da linguagem. Mais recentemente, com o aparecimento da informá- tica, surgiu também a linguagem digital, que, valendo-se da combinação de números, permite armazenar e transmitir informações em meios eletrônicos.

Intepretação textual

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Interpretação textual

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GRAMÁTICA

APOSTILA ELABORADA TENDO POR BASE:

• Manual de Redação da Presidência da Repú-blica, 2002.

• Apostila Curso de Redação Oficial Básica. Ela-boração: Janaína de Aquino Ferraz, Ormezinda M. Ribeiro Aya, Elda A. Oliveira Ivo, Paula Cobucci e Flávia M. Pires.

• Exercícios criados pela Professora Mestra Viviane Faria

Sites: http://www.brasilescola.com/redacaohttp://www.infoescola.comhttp://www.mundovestibular.com.brhttp://www.portalsaofrancisco.com.brhttp://www.wikipedia.org

• Provas de concursos públicos (com as referências devidas)

Fonte: <http://smharmon.blogspot.com>.

Para ler e entender um texto é preciso atingir dois níveis de leitura: a informativa e a de reconhecimento. A primeira deve ser feita cuidadosamente por ser o primeiro contato com o texto, extraindo-se informações e se preparando para a leitura interpretativa. Contudo, quando se interpreta, deve-se adotar os seguintes passos: entender > compreender > analisar. Durante a leitura, grife palavras--chave, passagens importantes; tente ligar uma palavra à ideia central de cada parágrafo. Concentre-se nas perguntas e opções de respostas. Marque palavras como NÃO, EXCETO, RESPECTIVAMENTE etc., pois fazem diferença na escolha adequada. Retorne ao texto, mesmo que pareça ser perda de tempo. Leia a frase anterior e posterior para ter a ideia do sentido global proposto pelo autor.

INTERPRETAÇÃO TEXTUAL

No caso de textos literários, é preciso conhecer a liga-ção daquele texto com outras formas de cultura, outros textos e manifestações de arte da época em que o autor viveu. Se não houver esta visão global dos momentos lite-rários e dos escritores, a interpretação pode ficar compro-metida. Além disso, não se podem dispensar as dicas que aparecem na referência bibliográfica da fonte e na identifi-cação do autor.

COMUNICAÇÃO

A comunicação ocorre quando interagimos com outras pessoas utilizando a linguagem. Palavras, gestos, movimen-tos, expressões corporais e faciais é linguagem. Linguagem é um processo comunicativo pelo qual as pessoas intera-gem entre si.

stelalecocq.blogspot.com

Além da linguagem verbal, cuja unidade básica é a palavra (falada ou escrita), existem também as linguagens não verbais, como a música, a dança, a mímica, a pintura, a fotografia e a escultura, que possuem outros tipos de uni-dade – o gesto, o movimento, a imagem etc.. Há, ainda, as linguagens mistas, como as histórias em quadrinho, o cinema, o teatro e os programas de TV, que podem reunir diferentes linguagens, como o desenho, a palavra, o figu-rino, a música e o cenário.

Os interlocutores são as pessoas que participam do processo de interação por meio da linguagem.

Mais recentemente, com o aparecimento da informá-tica, surgiu também a linguagem digital, que, valendo-se da combinação de números, permite armazenar e transmitir informações em meios eletrônicos.

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Fonte: <http://brasilescola.com>.

ELEMENTOS

• Emissor: quem ou o que emite a mensagem. • Receptor: quem ou o que recebe a mensagem. • Mensagem: o conjunto de informações transmiti-

das. • Código: a combinação de signos utilizados na

transmissão de uma mensagem. A comunicação só se concretizará se o receptor souber decodificar a mensagem.

• Canal de Comunicação: meio pelo qual a mensa-gem é transmitida: TV, rádio, jornal, revista, cordas vocais, ar etc..

• Contexto: a situação a que a mensagem se refere, também chamado de referente.

• Ruído: qualquer perturbação na comunicação.

FUNÇÕES

O linguísta russo chamado Roman Jakobson caracte-rizou seis funções de linguagem, ligadas ao ato da comu-nicação: 1. Função Referencial: também chamada de denota-

tiva ou informativa, configura-se quando o objetivo é passar uma informação objetiva e impessoal no texto. É valorizado o objeto ou a situação de que se trata a mensagem sem manifestações pessoais ou persuasi-vas.

2. Função metalinguística: é quando a linguagem fala de si própria. Predominam em análises literárias, inter-pretações e críticas diversas.

3. Função fática: é o canal por onde a mensagem cami-nha de quem a escreve para quem a recebe. Também designa algumas formas que se usa para chamar aten-ção.

4. Função conativa/apelativa: é quando a mensagem do texto busca seduzir, envolver o leitor, levando-o a adotar um determinado comportamento. Na função conativa a presença do receptor está marcada sempre por pronomes de tratamento ou da segunda pessoa e pelo uso do imperativo e do vocativo.

Fonte: <http://activiadanone.com.br>.

5. Função expressiva/emotiva: também chamada de emotiva, passa para o texto marcas de atitudes pes-soais como emoções, opiniões, avaliações. Na função expressiva, o emissor ou destinador é o produtor da mensagem. O produtor mostra que está presente no texto mostrando aos olhos de todos seus pensamen-tos.

Fonte: <http://wayshiriu.com>.

6. Função poética: utiliza no texto marcas estruturais e mensagens variadas. Nessa função, o emissor ou destinador se comunica por meio de signos visuais ou sonoros que simbolizam a comunicação pretendida. Muitas vezes acompanha a função expressiva.

Fonte: <http://isacasaca.blogspot.com>.

INTENÇÕES

1. Lúdica: a intenção comunicativa é entreter o interlo-cutor.

2. Pragmática: a intenção comunicativa é convencer o interlocutor de uma ideia que interfira em seu compor-tamento.

3. Cognitiva: a intenção comunicativa é passar informa-ções ao interlocutor.

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4. Sintonizadora: a intenção comunicativa é atingir um certo perfil de interlocutor e, em seguida, apresentar outra intenção.

5. Engajadora: a intenção comunicativa é denunciar, pro-vocando o senso crítico do interlocutor sobre alguma questão, geralmente de caráter social e/ou político.

6. Catártica: a intenção comunicativa é arrebatar o inter-locutor a uma emoção extremada, agindo diretamente um sua sensibilidade emotiva.

7. Liberadora do “eu”: a intenção comunicativa é aguçar a imaginação do interlocutor, levando-o a uma evasão, a um escapismo.

CÓDIGO

É um conjunto de sinais convencionados socialmente para a construção e a transmissão de mensagens.

Língua é um código formado por signos (palavras) e leis combinatórias por meio do qual as pessoas se comuni-cam e interagem entre si.

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

São as variações que a língua apresenta, de acordo com as condições sociais, culturais, regionais e históricas em que é utilizada.

• Variedade padrão, norma culta, norma grama-tical, norma formal: é a variedade linguística de maior prestígio social.

• Variedade não padrão, norma coloquial, norma informal: são todas as variedades linguísticas dife-rente da padrão.

Fonte: <http://blog.educacional.com.br>.

O texto de humor que segue foi veiculado na internet no ano de 2003. Leia-o e perceba a variação presente:

Assaltante Nordestino – “Ei bichim... Isso é um assalto... Arriba os braço e num se bula num se cague e num faça munganga... Arrebola o dinheiro no mato e não faça pantim, se não eu enfio a peixeira no teu bucho e boto teu fato pra fora... Perdão, meu padim Ciço, mas é que eu tô com uma fome da moléstia...”

Assaltante Mineiro – “Ô sô, prestenção... Isso é um assarto, uai... Levanta os braço e fica quetin quesse trem na minha mão tá cheio de bala... Mió passa logo os trocados que eu num tô bão hoje.Vai andando, uai! Tá esperando o quê, uai?!”

Assaltante Gaúcho – “Ó, guri, ficas atento... Bah, isso é um assalto... Levantas os braços e te aquietas, tchê! Não tentes nada e cuidado que esse facão corta uma barbari-dade! Passa os pila pra cá... e te manda a la cria, senão os quarenta e quatro fala!”

Assaltante Carioca – “Seguiiiinte bicho... Tu te ferrô, isso é um assalto... Passa a grana e levanta os braços, rapá... Não fica de bobeira que eu atiro bem pra caraca, rapá... Vai andando e, se olhar pra trás, vira presunto.”

Assaltante Baiano – “Ô meu rei... (longa pausa), Isso é um assalto... (longa pausa) Levanta os braços e num se avexe não... (longa pausa) Se não quiser nem precisa levan-tar, pra não ficar cansado... (longa pausa) Vai passando a grana bem devagarzinho... (longa pausa) Num repara se o berro tá sem bala, é pra num ficá pesado... Num esquenta, irmãozinho... (longa pausa), vou deixar teus documentos na encruzilhada...”

Assaltante Paulista – “Ôrra, meu... isso é um assalto, meu... Levanta os braços, meu... Passa logo a grana, meu... Mais rápido, meu... Que eu ainda preciso pegar a bilheteria aberta pra comprar o ingresso do jogo do Corinthians, meu... Pô, se manda, meu...”

Assaltante de Brasília – “Querido povo brasileiro, estou aqui no horário nobre da TV para dizer que, no final do mês, aumentaremos as seguintes tarifas: de energia, água, esgoto, gás, passagem de ônibus, IPTU, IPVA, licen-ciamento de veículos, seguro obrigatório, gasolina, álcool, imposto de renda, IPI, CMS, PIS, COFINS, produtos alimen-tícios etc. Mas não se preocupem, porque somos PENTA!!!”

SIGNO LINGUÍSTICO

Na concepção da linguística estruturalista, o signo lin-guístico é uma entidade psíquica indivisível, composta por dois elementos: o significado, ou conceito, e o significante, ou a forma linguística na sua realização fonética ou gráfica. O signo linguístico é arbitrário porque não pretende asseme-lhar-se ao seu referente. Diversas línguas atribuem diversos significantes a um significado idêntico.

E X E R C Í C I O S

Fonte: <http://vidadeuniversitario.wordpress.com>.

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1. (FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE – FUNASA)

Na propaganda apresentada, o texto verbal que sinte-tiza corretamente as ideias presentes estritamente na imagem é que o cigarro é um(a)a. vício que leva as pessoas à morte.b. instrumento de prazer e desgosto, ao mesmo tem-

po.c. arma, e por meio dela você está se matando.d. forma de sociabilização das pessoas, mas mata.e. marca do desequilíbrio das pessoas, antes de tudo.

GABARITO: c.

2. (IBFC)Alguém Me Disse

Gal Costa

Alguém me disse que tu andas novamenteDe novo amor nova paixão toda contenteConheço bem tuas promessas outras ouvi iguais a

essasEsse teu jeito de enganar conheço bemPouco me importa que tu beijes tantas vezesE que tu mudes de paixão todos os mesesSe vais beijar como eu bem seiFazer sonhar como eu sonheiMas sem ter nunca amor igualAo que eu te dei

Considere as afirmações que seguem:

I – O eu lírico que se expressa na música dirige-se à pessoa amada, afirmando que não sente ciúmes e nunca se envolveu, de fato, com ela.

II – O eu lírico diz que a pessoa a quem se dirige tem o dom de iludir a fazer sonhar.

III – O eu lírico refere-se à pessoa amada na terceira pessoa do singular.

Está correto o que se afirma em:a. a) somente I.b. b) somente II.c. c) somente III.d. d) I e II.e. e) II e III.

GABARITO: b.

3. Preencha os parênteses das questões seguintes com a letra da função da linguagem predominante em cada texto.a. Emotiva/Expressivab. Conativa/Apelativac. Referenciald. Fáticae. Metalinguísticaf. Poética

1) ( ) “América do SulAmérica do SolAmérica do Sal” (Oswald de Andrade)

2) ( ) “Naquele momento não supus que um caso tão insig-nificante pudesse provocar desavença entre pessoas razoáveis.” (Graciliano Ramos)

3) ( ) “A transparência do sentido dos atos normativos, bem como sua inteligibilidade, são requisitos do próprio Es-tado de Direito: é inaceitável que um texto legal não seja entendido pelos cidadãos.” (Manual de Redação da Presidência da República)

4) ( ) Coloque três xícaras de açúcar e bata até adquirir con-sistência de suspiro.

5) ( ) – Olá, como vai?– Bem, obrigado, e você?

6) ( ) Os complementos verbais e nominais são termos inte-grantes da oração.

7) ( )“A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer pela escrita.” (Manual de Redação da Presidên-cia da República)

8) ( )Gosto de acreditar que Papai Noel existe, porque isso não deixa crescer a criança que salta em meu coração.

9) ( )“Gigante pela própria natureza. És belo, és forte, impávido colosso.” (Hino Nacional Brasileiro)

10) ( )A lua é o satélite natural da Terra.

11) ( )Como eu acho a lua maravilhosa!

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12) ( )Inspira-me, ó lua!

13) ( )Alô, alô, astronautas na lua... Vocês conseguem me ouvir?

14) ( )Em algumas noites, é possível ver a lua no céu.

15) ( )“Lua cheia, meia displicenteEstá presente aqui no coração...” (Fábio Jr.)

GABARITO: f, a, c, b, d, e, e, a, f, c, a, b, d, c, f.

4. (IBFC) Considere o diálogo abaixo.

– Oi, tudo bem?– Tudo. E você?– Também... Está tudo certo?– Sim. Com você também?– Sim.

A função de linguagem predominante é:a. a) referencial. b. c) metalinguística.c. b) emotiva. d. d) fática.

GABARITO: d.

Leia o texto a seguir e responda às questões 05 e 06.

Procura da poesia

Penetra surdamente no reino das palavras.Lá estão os poemas que esperam ser escritos,

Estão paralisados, mas não há desespero,há calma e frescura na superfície inata.

Ei-los nós e mudos, em estado de dicionário.Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.

Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam.Espera que cada um se realize e consume

com seu poder de palavra e seu poder de silêncio.Não forces o poema a desprender-se do limbo.Não colhas no chão o poema que se perdeu.

Não adules o poema. Aceita-ocomo ele aceitará sua forma definitiva

e concentrada no espaço.

(ANDRADE, Carlos Drummond de. In: Obra completa. 2. ed. Rio de Janeiro, Aguiar, 1967. p. 139.)

5. O trecho do poema acima representa (assinale a alter-nativa correta):a. um conselho ao jovem para que observe as regras

da gramática.b. um convite para explorar os valores virtuais e ima-

nentes das palavras.

c. um apelo para que as pessoas somente façam po-esia quando de posse da chave de ouro.

d. a valorização do dicionário para o conhecimento das palavras.

e. uma colocação cética quanto à inacessibilidade da poesia.

GABARITO: b.

6. Além da função poética, o texto apresenta a(s) função(ões):a. fática.b. metalinguística.c. referencial.d. conativa.e. emotiva.

GABARITO: b e d.

7. Julgue os itens a seguir, marcando como C os que se-guem a norma gramatical e como E os que seguem a norma coloquial.1) Maria se indignou por que num obteve a classifi-

cação?2) Depois de tuas explicação foi fácil entender por que

tomara aquela decisão.3) Não punem os homens maus porque não dispõe

de um Código Penal atualizado? Que nada! 4) Por que haveria de te ocupar daquele assunto, se

não era tua obrigação?5) O princípio de que o réu é inocente até se prová em

contrário é uma conquista da civilização; daí por que não tem ele que se preocupar.

GABARITO: E, E, E, E, E.

8. (ESAF) “Ainda ______ furiosa, mas com ________ violência, proferia injúrias ___________ para escan-dalizar todos.”a. a) meia, menos, bastante.b. b) meio, menos, bastante.c. c) meio, menos, bastantes.d. d) meia, menas, bastantes.

GABARITO: c.

9. (IBFC)Maldição

Baudelaire, Macalé, Luiz MelodiaQuanta maldição!O meu coração não quer dinheiro, quer poesia!Baudelaire, Macalé, Luiz MelodiaRimbaud – A missãoPoeta e ladrãoEscravo da paixão sem guiaEdgar Allan Poe tua mão na piaLava com sabão tua solidãoTão infinita quanto o diaVicentinho, Van Gogh, Luiza ErundinaVoltem pro sertão

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Pra plantar feijãoTulipas, para a burguesiaBaudelaire, Macalé, Luiz MelodiaWaly Salomão, Itamar AssumpçãoO resto é perfumaria

(Zeca Baleiro)

Considere as afirmações abaixo.

I – O título da música indica que o autor não gosta dos artistas citados na letra.

II – A música cita pessoas que não são consideradas bem sucedidas tendo como critérios a fama como grande público ou o enriquecimento.

Está correto o que se afirma em:a. somente I.b. somente II.c. I e II.d. nenhuma.

GABARITO: b.

10. (CESGRANRIO)

Autopiedade

Amar, amei. Não sei se fui amado,pois declarei amor a quem me odiarae a quem amei jamais mostrei a cara,

de medo de me ver posto de lado.Se serve de consolo, seja assim:

amor nunca se esquece, é que nem prece.Tomara, pois, que alguém reze por mim.

(Glauco Mattoso)

As palavras/expressões transcritas do texto estão acompanhadas de substituições. A substituição que NÃO mantém o mesmo sentido é:a. fui amado (l. 1) – me amaram.b. pois (l. 2) – quando.c. odiara (l. 2) – tinha odiado.d. posto de lado (l. 4) – descartado.e. que nem (l. 6) – como.

GABARITO: b.

11. (CESGRANRIO)

Bombando

Não voumorrer de enfarte

em plena festanem de fomenesta fartura.Quando sou

a última estrela que me resta,resolvo brilhar

e aí ninguém me segura.Bráulio Tavares

No texto, as palavras destacadas nos versos “nem de fome/ nesta fartura” indicam uma:a. a) comparação.b. b) consequência.c. c) contradição.d. d) finalidade.e. e) reformulação.

GABARITO: c.

12. (IADES)

Desenvolver sem agredir o meio ambiente.

Fonte: <http://www.brasilescola.com/geografia/desen-volvimento-sustentavel.htm>.

A propósito da organização das ideias do texto, assina-le a alternativa correta. a. Ocorre total incoerência entre a imagem e a oração

que constituem o texto, já que elas reproduzem in-formações opostas.

b. As partes que compõem o texto sugerem, em tom agressivo, o desrespeito humano para com a na-tureza.

c. O sentido de “agredir” sugerido pela oração está representado pela imagem.

d. A imagem expressa um conteúdo reforçado pela oração.

e. A imagem representa, principalmente, as consequ-ências de toda ação humana que não atende ao apelo contido na oração.

GABARITO: d.

ANÁLISES

ANÁLISE BÁSICA

• Semântica: estuda o significado e a interpretação do significado de uma palavra, de um signo, de uma frase ou de uma expressão em um determi-nado contexto. Nesse campo de estudo se analisa, também, as mudanças de sentido que ocorrem nas formas linguísticas devido a alguns fatores, tais como tempo e espaço geográfico.

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• Morfológica: é o estudo da estrutura, da formação e da classificação das palavras. A peculiaridade da morfologia é estudar as palavras olhando para elas isoladamente e não dentro da sua participação na frase ou período. A morfologia está agrupada em dez classes, denominadas classes de palavras ou classes gramaticais. São elas: Substantivo, Artigo, Adjetivo, Numeral, Pronome, Verbo, Advérbio, Pre-posição, Conjunção e Interjeição.

• Sintática: é a parte da gramática que estuda a dis-posição das palavras na frase e a das frases no dis-curso, bem como a relação lógica das frases entre si. Ao emitir uma mensagem verbal, o emissor pro-cura transmitir um significado completo e compre-ensível. Para isso, as palavras são relacionadas e combinadas entre si. A sintaxe é um instrumento essencial para o manuseio satisfatório das múltiplas possibilidades que existem para combinar palavras e orações.

• Estilística: estuda os processos de manipulação da linguagem que permitem a quem fala ou escreve sugerir conteúdos emotivos e intuitivos por meio das palavras. Além disso, estabelece princípios capazes de explicar as escolhas particulares feitas por indivíduos e grupos sociais no que se refere ao uso da língua.

ANÁLISE TEXTUAL

• Afirmação é dizer o que está explicitado no texto, o que está evidente.

• Inferência é uma dedução, uma suposição, conclu-ída pelas afirmações.

• Extrapolação é tomar por verdade algo que não está no texto.

ANÁLISE INTERTEXTUAL

Fonte: <http://alquimiadaspalavrassm.blogspot.com>.

• Intertextualidade é a relação entre dois textos caracterizada por um citar o outro.

• Interdiscursividade é a relação entre dois discur-sos caracterizada por um citar o outro.

• Paródia é um tipo de relação intertextual em que um dos textos cita outro, geralmente com o obje-tivo de fazer-lhe uma crítica ou inverter ou distorcer suas ideias.

• Epígrafe é um título ou frase curta, que, colocado no início de uma obra, serve como tema ou assunto para resumir ou introduzir a mesma. Constitui uma escrita introdutória a outra.

SIGNIFICADO DAS PALAVRAS

• Sinonímia é a relação que se estabelece entre duas palavras ou mais que apresentam significados iguais ou semelhantes, ou seja, os sinônimos.

• Antonímia é a relação que se estabelece entre duas palavras ou mais que apresentam significados diferentes, contrários, isto é, os antônimos.

• Homonímia é a relação entre duas ou mais pala-vras que, apesar de possuírem significados diferen-tes, possuem a mesma estrutura fonológica ou orto-gráfica. As homônimas podem ser: – Homógrafas: palavras iguais na escrita e dife-

rentes na pronúncia. Exemplos: gosto (substan-tivo) gosto / (1ª pessoa singular presente indi-cativo do verbo gostar) / conserto (substantivo) – conserto (1ª pessoa singular presente indica-tivo do verbo consertar);

– Homófonas: palavras iguais na pronúncia e diferentes na escrita. Exemplos: cela (subs-tantivo) – sela (verbo) / cessão (substantivo) – sessão (substantivo) / cerrar (verbo) – serrar (verbo);

– Perfeitas: palavras iguais na pronúncia e na escrita. Exemplos: cura (verbo) – cura (substan-tivo) / verão (verbo) – verão (substantivo) / cedo (verbo) – cedo (advérbio);

• Paronímia: É a relação que se estabelece entre duas ou mais palavras que possuem significados diferentes, mas são muito parecidas na pronúncia e na escrita, isto é, os parônimos: Exemplos: cavaleiro – cavalheiro / absolver – absorver / comprimento – cumprimento/ aura (atmosfera) – áurea (dourada) / conjectura (suposição) – conjuntura (situação decorrente dos acontecimentos) / descriminar (des-culpabilizar – discriminar (diferenciar) / desfolhar (tirar ou perder as folhas) – folhear (passar as folhas de uma publicação) / despercebido (não notado) – desapercebido (desacautelado) / geminada (dupli-cada) – germinada (que germinou) / mugir (soltar mugidos) – mungir (ordenhar) / percursor (que per-corre) – precursor (que antecipa os outros) / sobres-crever (endereçar) – subscrever (aprovar, assinar) / veicular (transmitir) – vincular (ligar) / descrição – discrição / onicolor – unicolor.

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• Polissemia: É a propriedade que uma mesma pala-vra tem de apresentar vários significados. Exem-plos: Ele ocupa um alto posto na empresa. / Abas-teci meu carro no posto da esquina. / Os convites eram de graça. / Os fiéis agradecem a graça rece-bida.

E X E R C Í C I O S

1. Máquina registradora

Um negociante acaba de acender as luzes de uma loja de calçados, quando surge um homem pedindo dinheiro. O proprietário abre uma máquina registradora. O conteúdo da máquina registradora é retirado e o homem corre. Um membro da polícia é imediatamente avisado.

Observando os critérios de interpretação textual co-nhecidos como afirmação, inferência e extrapo-lação, julgue os seguintes itens, de acordo com as afirmativas que podem ser feitas sobre o texto Máquina registradora.1) Um homem apareceu assim que o proprietário

acendeu as luzes de sua loja de calçados.2) O ladrão foi um homem.3) O homem não pediu dinheiro.4) O homem que abriu a máquina registradora era o

proprietário.5) O proprietário da loja de calçados retirou o conteú-

do da máquina registradora e fugiu. 6) Alguém abriu uma máquina registradora.7) Depois que o homem pediu o dinheiro apanhou o

conteúdo da máquina registradora, fugiu.8) Embora houvesse dinheiro na máquina registrado-

ra, a história não diz a quantidade.9) O ladrão pediu dinheiro ao proprietário.10) A história registra uma série de acontecimentos

que envolvem somente três pessoas: o proprietá-rio, um homem que pediu dinheiro e um membro da polícia.

11) Os seguintes acontecimentos da história são ver-dadeiros: – alguém pediu dinheiro; – uma máquina registradora foi aberta; – o dinheiro da máquina registradora foi retirado; – um homem fugiu da loja.

GABARITO: E, E, E, C, E, C, E, E, E, E, E.

2. Coração

CoraçãoPara que se apaixonou

Por alguém que nunca te amouAlguém que nunca vai te amar

Eu vou fazer promessas para nunca mais amarAlguém que só quis me ver sofrerAlguém que só quis me ver chorar

Preciso sair dessaDessa de me apaixonar

Por quem só quer me fazer sofrerPor quem só quer me fazer chorar

E é tão ruim quando alguém machuca a genteO coração fica doente

Sem jeito até para conversarDói demais, só quem ama sabe e sente

O que se passa em nossa menteNa hora de deixar rolar

Nunca mais eu vou provar do teu carinhoNunca mais vou pode te abraçar

Ou será que eu vivo bem melhor sozinhoE se for mais fácil assim pra perdoar

O amor às vezes só confunde a genteNão sei como você pode ser bem diferente

O amor às vezes confunde a genteNão sei como você pode ser diferente

Coração...

(Intérprete: Rapazolla; Autor: Fábio)

De acordo com o texto Coração, julgue os itens de in-terpretação.1) O eu-lírico está sofrendo porque a pessoa a quem

ele amou morreu, como comprova a 4ª estrofe.2) O eu-lírico está conversando com um amigo, que

o ouve em silêncio e penalizado por sua desgraça.3) A expressão “a gente”, presente em alguns versos

do poema, é marca de linguagem coloquial.4) O eu-lírico fala com duas pessoas no texto: em al-

guns momentos com seu próprio coração, em ou-tras com a pessoa que o magoou.

5) O eu-lírico está em depressão e não tem vontade de ficar melhor emocionalmente.

GABARITO: E, E, C, C, E.

3. (CESPE) O Brasil deve colher em 2009 a segunda maior safra de grãos e oleaginosas de sua história: 137,6 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), ou 136,4 milhões, de acordo com o IBGE. Confirmada qualquer das duas estimativas, a colheita será suficiente para garantir um abastecimento interno tranquilo, sem problemas para o consumidor, e um volume apreciável de exportações de produtos in natura ou processados. Pelos cálculos da Conab, a safra será 4,5% menor que a da tempora-da 2007-2008. Pelas contas do IBGE, a produção de 2009 será 6,5% menor que a da safra anterior.Apesar de alguns meses secos em algumas áreas e do excesso de chuvas em outras, o tempo, de modo geral, acabou contribuindo para uma produção satis-fatória, confirmada em estados do Centro-Sul, onde mais de 60% das lavouras de verão já foram colhidas. Nessas áreas, também já avançou ou foi concluído o plantio da segunda safra de milho e de feijão.

O Estado de S.Paulo. Editorial, 12.04.2009 (com adap-tações).

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Com base no texto acima, julgue os itens que se se-guem.1) Infere-se das informações do texto que a maior sa-

fra de grãos e oleaginosas colhida no Brasil até a data da publicação do texto foi a de 2007-2008.

2) Depreende-se das informações do texto que as es-timativas do IBGE, em relação à safra de 2009, são mais positivas e otimistas que as da CONAB.

3) Entre “e” e “um volume (...) processados”, é possí-vel subentender-se a forma verbal garantir.

4) Caso a expressão “Apesar de” seja substituída por Não obstante, será necessário eliminar a preposi-ção contida em “do excesso” para que o texto per-maneça gramaticalmente correto.

GABARITO: C, E, C, C.

(IBFC)Bom Conselho

Ouça um bom conselhoQue eu lhe dou de graçaInútil dormir que a dor não passaEspere sentadoOu você se cansaEstá provado, quem espera nunca alcançaVenha, meu amigoDeixe esse regaçoBrinque com meu fogoVenha se queimarFaça como eu digoFaça como eu façoAja duas vezes antes de pensarCorro atrás do tempoVim de não sei ondeDevagar é que não se vai longeEu semeio o ventoNa minha cidadeVou pra rua e bebo a tempestade

Provérbios populares:Quem espera sempre alcança.Quem semeia vento colhe tempestade.Pense duas vezes antes de agir.Devagar se vai ao longe.

(Chico Buarque)

4. (IBFC) Considere as afirmações abaixo.

I – Para compreender adequadamente o sentido da letra, o leitor dever perceber a intertextualidade com os provérbios populares.

II – Na música, o sentido de vários provérbios é inver-tido.

Está correto o que se afirma em:a. somente I.b. somente II.c. I e II.d. nenhuma.

GABARITO: c.

5. (IBFC) Assinale a alternativa que melhor expressa a ideia contida em “quem semeia vento colhe tempes-tade”.a. Consequência.b. Solidariedade.c. Consciência ambiental.d. Inveja.

GABARITO: a.

6. (ESAF) Leia o texto abaixo para responder à questão.

Quando surgiu a preocupação ética no homem? Em que momento da sua história sentiu o ser humano neces-sidade de estabelecer regras definindo o certo e o errado? Essas indagações, possivelmente existentes desde que o homem começou a pensar, têm ocupado o tempo e o esforço de reflexão dos filósofos ao longo dos séculos.

O fato é que, desde seus primórdios, as coletividades humanas não apenas pactuaram normas de convivência social, mas também foram corporificando um conjunto de conceitos e princípios orientadores da conduta no que tange ao campo ético-moral. Esta necessidade ética, sinalizando parâmetros de comportamento em todas as esferas da ativi-dade humana, naturalmente tinha que alcançar o exercício das profissões.

(Adaptado de Ivan de Araújo Moura Fé, Desafios Éticos – prefácio)

Analise as seguintes inferências:

I – O homem tem preocupação ética desde o início da história e, possivelmente, desde que começa a pensar.

II – Filósofos têm se dedicado a refletir sobre as regras que definem o certo e o errado ao longo dos sé-culos.

III – Profissões são resultados de conjuntos de concei-tos e princípios norteadores de conduta.

A argumentação do texto permite:a. todas as inferências.b. apenas a inferência I.c. apenas a inferência II.d. apenas as inferências I e II.e. apenas as inferências II e III.

GABARITO: d.

(PREFEITURA MUNICIPAL DE ABREU E LIMA) Leia o texto a seguir e responda às questões 07, 08, 09 e 10.

O Melhor amigo

A mãe estava na sala, costurando. O menino abriu a porta da rua, meio ressabiado, arriscou um passo para dentro e mediu cautelosamente a distância. Como a mãe não se voltasse para vê-lo, deu uma corridinha em direção de seu quarto.

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– Meu filho? – gritou ela.– O que é – respondeu com o ar mais natural que lhe

foi possível.– Que é que você está carregando aí?Como podia ter visto alguma coisa, se nem levantara a

cabeça? Sentindo-se perdido, tentou ainda ganhar tempo:– Eu? Nada... – Está sim. Você entrou carregando alguma coisa.Pronto: estava descoberto. Não adiantava negar – o

jeito era tentar comovê-la. Veio caminhando desconsolado até a sala, mostrou à mãe o que estava carregando:

– Olha aí, mamãe: é um filhote...Seus olhos súplices aguardavam a decisão.– Um filhote? Onde é que você arranjou isso?– Achei na rua. Tão bonitinho, não é, mamãe?Sabia que não adiantava: ela já chamava o filhote de

isso.– Trate de levar esse cachorro embora!O menino tentou enxugar uma lágrima, não havia

lágrima. Voltou para o quarto, emburrado: a gente também não tem nenhum direito nesta casa – pensava.

– Dez minutos – repetiu ela com firmeza.– Todo mundo tem cachorro, só eu que não tenho.– Você não é todo mundo.– Também, de hoje em diante eu não estudo mais, não

vou mais ao colégio, não faço mais nada.– Veremos – limitou-se a mãe, de novo distraída com

a costura.– A senhora é ruim mesmo, não tem coração!Conhecia bem sua mãe, sabia que não havia apelo:

tinha dez minutos para brincar com seu novo amigo, e depois... Ao fim de dez minutos, a voz da mãe inexorável:

– Vamos, chega! Leva esse cachorro embora.Ele saiu, e seus olhos prometiam vingança. A mãe

chegou a se preocupar. (...) Meia hora depois, o menino vol-tava da rua, radiante:

– Pronto, mamãe!E exibia-lhe uma nota de vinte e uma de dez: havia ven-

dido seu melhor amigo por trinta dinheiros.(Fernando Sabino apud Bender Flora, org. Fernando

Sabino: literatura comentada. São Paulo: Abril, 1980. p. 43-4)

7. (PREFEITURA MUNICIPAL DE ABREU E LIMA) Qual o melhor sinônimo para o termo “ressabiado”?a. Desconfiado.b. Honrado.c. Estimulado.d. Encantado.e. Alucinado.

GABARITO: a.

8. (PREFEITURA MUNICIPAL DE ABREU E LIMA) Após a leitura do texto acima, qual a palavra abaixo que me-lhor retrata a mãe do menino?a. Preocupada.b. Ineficiente.

c. Comedida.d. Introvertida.e. Intransigente.

GABARITO: e.

9. (PREFEITURA MUNICIPAL DE ABREU E LIMA) A ati-tude final do menino permite-nos associá-lo à seguinte personagem bíblica:a. Jacó.b. Judas.c. Labão.d. Tomé.e. Pedro.

GABARITO: b.

10. (PREFEITURA MUNICIPAL DE ABREU E LIMA) A per-sonagem assinalada na questão anterior também:a. respeitava a mãe.b. não aceitava as decisões da mãe.c. vendia animais.d. vendeu o amigo.e. adorava os animais.

GABARITO: d.

11. (ESAF) Indique a opção que preenche corretamente todas as lacunas das frases.

I – Na última _____ do grêmio, o orador foi brilhante.II – Comprei os livros na _____ de brinquedos.III – Solicitamos ao diretor a _____ de duas salas.

a. Sessão –seção – cessão.b. Seção – cessão – sessão.c. Cessão – seção – sessão.d. Sessão – cessão – seção.e. Seção – sessão – cessão.

GABARITO: a.

12. (IBFC)

Chapeuzinho Vermelho foi seguida pelo lobo ______.O Apocalipse será a batalha entre o Bem e o ______.

Assinale abaixo a alternativa que preenche correta-mente as lacunas.a. Mau/Mau.b. Mau/Mal.c. Mal/Mau.d. Mal/Mal.

GABARITO: b.

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13. (CESPE)

Fonte: <http://economidiando.blogspot.com>.

Em relação ao texto apresentado acima, julgue os itens seguintes.1) O texto constrói-se com base na sátira.2) Para o entendimento da crítica social presente no

texto, é crucial, além da interpretação das imagens com base no conhecimento histórico, o entendi-mento do sentido das preposições empregadas no título de cada imagem.

3) 3. O tema do texto pode ser sintetizado no ditado popular “aqui se faz, aqui se paga”.

4) 4. Em “Presente pra Grego”, o emprego da forma prepositiva “pra” é inadequado, dado o grau de for-malidade do texto.

5) 5. O texto, cuja mensagem é transmitida essencial-mente por meio da imagem, classifica-se como não verbal.

GABARITO: C, C, E, E, E.

Olívia se aproximou de Eugênio e com um lenço enxu-gou-lhe o suor da testa. Estava terminada a traqueostomia. A enfermeira juntava os ferros. Ruído de metais tinindo, de mesas se arrastando. Eugênio tirou as luvas e foi tomar o pulso do pequeno paciente. A criança como que ressusci-tava. A respiração voltava lentamente, a princípio superficial, depois mais funda e visível. O rosto perdia aos poucos a rigidez cianótica.

Eugênio examinava-lhe as mudanças do rosto com comovida atenção.

Vencera! Salvara a vida de uma criança! A vida é boa! – pensava Eugênio. Ele tinha salvo

uma criança. Começou a cantarolar baixinho uma canção antiga que julgava esquecida. Sorvia com delícia o refresco impregnado do cheiro da gasolina queimada. Sentia-se leve e aéreo. Era como se dentro dele as nuvens de tempestade se tivessem despejado em chuva e sua alma agora esti-vesse límpida, fresca e estrelada como a noite.

– Por que será – perguntou ele a Olívia – por que será que às vezes de repente a gente tem a impressão de que acabou de nascer... ou de que o mundo ainda está fresqui-nho, recém-saído das mãos de quem o fez?

VERÍSSIMO, Érico. Olhai os lírios do campo. Rio de Janeiro: Globo, 1987. (Fragmento)

14. (CESGRANRIO) Para descrever a sensação do per-sonagem em salvar a criança, no quarto parágrafo, o narrador emprega algumas estratégias como o uso de adjetivos, comparações, além de imagens poéticas. Qual dos substantivos a seguir expressa tal sensação do personagem?a. Cansaço.b. Angústia.c. Certeza.d. Empáfia.e. Alívio.

GABARITO: e.

15. (CESGRANRIO) Sinais de pontuação ajudam a revelar a expressividade de um texto. A exclamação presente no terceiro parágrafo do texto é empregada, sobretu-do, para revelar:a. assombro.b. indignação.c. surpresa.d. tensão.e. admiração.

GABARITO: e.

16. (FUNASA) O anúncio publicitário a seguir é uma cam-panha de um adoçante, que tem como seu slogan a fra-se “Mude sua embalagem”.

Fonte: <http://www.ccsp.com.br>.

A palavra “embalagem”, presente no slogan da campa-nha, é altamente expressiva e substitui a palavra:a. vida. b. corpo.c. jeito. d. história.e. postura.

GABARITO: b.

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(CESGRANRIO) A charge a seguir trata da situação crítica a que está submetido o país em relação à den-gue. Tendo-a por referência, assinale a alternativa cor-reta nas questões 17 e 18.

IQUE. Jornal do Brasil, 25 mar. 2008.

17. (CESGRANRIO) Essa charge:a. compara a luta contra a dengue a uma situação de

guerra.b. coloca em situação de oposição o homem e a so-

ciedade.c. suaviza a gravidade da questão a partir do humor.d. dá características humanas ao mosquito.e. propõe que forças bélicas sejam usadas na pre-

venção da doença.

GABARITO: a.

18. (CESGRANRIO) Uma charge tem como objetivo, por meio de seu tom caricatural, provocar, no leitor, uma dada reação acerca de um fato específico. De acor-do com a situação em que foi produzida, a charge de Ique, aqui apresentada, visa a provocar, no leitor, uma reação de:a. consternação.b. revolta.c. alerta.d. complacência.e. belicosidade.

GABARITO: c.

(CESGRANRIO)

A charge é um gênero textual que apresenta um caráter burlesco e caricatural, em que se satiriza um fato específico, em geral de caráter político e que é do conhecimento público.

Responda às questões.

19. (CESGRANRIO) No plano linguístico, o humor da charge:a. tem como foco a imagem antagônica entre a pala-

vra riqueza e a figura do homem maltrapilho.b. baseia-se no jogo polissêmico da palavra econo-

mia, ora empregada como ciência, ora como conter gastos.

c. baseia-se na linguagem não verbal, que apresenta um homem subnutrido como um exemplo de bra-sileiro.

d. está centrado na ironia com que é tratada a produ-ção de riquezas no Brasil.

e. reside na ideia de um morador de rua saber falar tão bem sobre assuntos como política, saúde e economia.

GABARITO: b.

20. (CESGRANRIO) A primeira frase do personagem pode ser lida como uma hipótese formulada a partir da fala que faz a seguir. Apesar de não estarem ligadas por um conectivo, pode-se perceber a relação estabeleci-da entre as duas orações. O conectivo que deve ser usado para unir essas duas orações, mantendo o sen-tido, é:a. embora.b. entretanto.c. logo.d. se.e. pois.

GABARITO: e.

(CESGRANRIO)

O menino doente

O menino dorme.Para que o meninoDurma sossegado,

Sentada ao seu ladoA mãezinha canta:

— “Dodói, vai-te embora!“Deixa o meu filhinho,

“Dorme... dorme... meu...”Morta de fadiga,Ela adormeceu.

Então, no ombro dela,Um vulto de santa,Na mesma cantiga,Na mesma voz dela,Se debruça e canta:

— “Dorme, meu amor.“Dorme, meu benzinho...”

E o menino dorme.

BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983.

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Tendo por referência o texto acima, responda às ques-tões 21, 22 e 23.

21. (CESGRANRIO) Em dois versos do poema há a ocor-rência do sufixo -inho. Nos dois casos, esse elemento assume um valor de:a. intensidade.b. tamanho.c. ironia.d. afeto.e. desrespeito.

GABARITO: d.

22. (CESGRANRIO) As reticências podem ser usadas com diferentes finalidades. No trecho “Dorme... dor-me... meu...”, encontrado no texto, as reticências fo-ram usadas para:a. marcar um aumento de emoção.b. apontar maior tensão nos fatos apresentados.c. indicar traços que são suprimidos do texto.d. deixar uma fala em aberto.e. assinalar a interrupção do pensamento.

GABARITO: e.

23. (CESGRANRIO) A palavra “debruça” (v. 15), presente no texto, pode ser substituída, sem alteração de sen-tido, por:a. recolhe. b. inclina.c. derrama. d. descobre.e. ajoelha.

GABARITO: b.

24. Observe o quadrinho a seguir para julgar os itens.

1) A linguagem presente no primeiro quadrinho tem traços de oralidade, isto é, de linguagem coloquial.

2) A resposta dada pelo personagem no último qua-drinho denota o desconhecimento do mesmo em relação às regras gramaticais.

3) A charge de Luiz Fernando Veríssimo traz uma crítica implícita à situação econômica do país ao afirmar que tal situação é antiga em nossa história.

4) A palavra que responderia corretamente à indaga-ção feita no primeiro quadrinho é inflação.

5) A linguagem presente no terceiro quadrinho é co-loquial.

GABARITO: E, E, C, C, C.

25. Utilize a palavra adequada em cada uma das frases abaixo.

a. (acender/ascender) O secretário __________ na empresa por meio de

muito esforço e dedicação. Os funcionários __________ as luzes externas do

edifício.

b. (cessão/seção/sessão) A __________ foi feita do diretor a seu subordi-

nado. A __________ foi prorrogada para a semana que

vem, a pedido dos deputados locais. A __________ deste andar ficou mal feita pelo

arquiteto.

c. (concerto/conserto) O __________ do prédio ficou a um preço absurdo. O __________ será no Teatro Nacional, às 20h.

d. (absolver/absorver) O acusado será __________ pelo júri popular. O pano não __________ toda a água derramada

aqui.

e. (comprimento/cumprimento) Feito o __________, o senador deu início a seu

discurso. O __________ da lei é essencial para que a ordem

permaneça. Analisou o __________ do corredor que levava ao

gabinete presidencial.

f. (deferir/diferir) Devemos sempre __________ a assinatura do pre-

sidente das demais. Ele __________ o pedido feito sem hesitar, já que

exigiam rapidez na resposta.

g. (descriminar/discriminar) O réu foi __________ pela falta de provas. O secretário __________ os documentos impor-

tantes dos supérfluos.

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h. (inflação/infração) Os jornais anunciam o aumento da __________. A __________ cometida pelo caseiro chocou o

Brasil.

i. (fragrante/flagrante) Pegou-se em __________ o estuprador. O local do crime estava iluminado, organizado e

__________.

j. (descrição/discrição) A __________ é uma virtude rara. Ele fez corretamente a __________ dos fatos.

k. (mal/mau) Você fez __________ vindo ao gabinete sem ter

marcado hora. O __________ exemplo corrompe os bons costu-

mes.

l. (senso/censo) Faltou __________ nos funcionários que analisa-

ram a situação. O governo local realizará um novo __________

este ano.

m. (deletar/delatar/dilatar) O asfalto __________ com o calor demasiado. O delegado disse à vítima que __________ seu

agressor. O novo secretário __________ todos os arquivos

guardados há anos no computador.

n. (ratificar/retificar) A afirmação a respeito do réu foi __________, pois

conseguiu-se provar sua inocência. A testemunha __________ que havia sido agre-

dida, já que as marcas da violência eram evidentes.

o. (pleito/preito) O __________ entre os candidatos foi escanda-

loso. Os deputados distritais organizaram um

__________ para o presidente da República.

p. (iminente/eminente) Sua carreira encontra-se hoje em total __________

graças a todo apoio que recebe dos colaboradores econômicos e dos grandes empresários.

Após análise minuciosa, notamos que é um pro-blema ainda __________ devido esforço de todos em não deixá-lo crescer e prejudicar os negócios.

GABARITO: ascendeu/acenderam; cessão/sessão/seção; conserto/concerto; absolvido/absorveu; cumpri-

mento/cumprimento/comprimento; diferir/deferiu; descri-minado/discriminou; inflação/infração; flagrante/fragrante; discrição/descrição; mal/mau; senso/censo; dilatou/dela-

tasse/deletou; retificada/ratificou; pleito/preito; eminência/iminente.

26. “E não sabem com que amor os estou escutando, como penso que este Brasil imenso não é feito só do que acontece em grandes proporções, mas destas pe-quenas, ininterruptas, perseverantes atividades que se desenvolvem na obscuridade e de que as outras, sem as enunciar, dependem.”

(Cecília Meireles)

Tendo por referência a passagem acima, assinale a opção que apresenta antônimos dos vocábulos subli-nhados, na ordem em que eles aparecem.a. pequenino, interruptas, inconstantes, claridade.b. enorme, seguidas, escuras, iluminação.c. ínfimo, fracionadas, umbrosas, famosa.d. insignificante, variadas, versáteis, luminosidade.e. grande, interrompidas, omissas, clareza.

GABARITO: a.

27. (ESAF) Assinale a opção que apresenta o sentido em que a palavra está sendo empregada no texto.

Se a primeira etapa da crise mundial, deflagrada por insolvências no mercado de hipotecas americano, serviu de álibi para o governo partir do diagnóstico correto de que era preciso aumentar os gastos para executar os gastos errados – por não poderem ser cortados depois, na hora de evitar pressões inflacionárias –, agora a crise na Europa mostra o outro lado dessas liberalidades fiscais: a quebra técnica de países.

Entre as causas dos desequilíbrios orçamentários acham-se injeções de recursos no mercado para evitar a desestabilização total do sistema financeiro, criando déficits agravados pela recessão de 2009 e a consequente retração na coleta de impostos. Mas há também muita irresponsa-bilidade na concessão de aumentos a servidores públicos, ampliação insensata de benefícios previdenciários e assis-tenciais. Os desequilíbrios europeus, mais graves na Grécia, na Espanha, em Portugal, na Irlanda e na Itália, funcionam como peça pedagógica para Brasília, onde muitos bilhões em aumento de despesas têm sido contratados.

(O Globo, Editorial, 28.05.2010)

a. deflagrada – terminada.b. insolvências – inadimplências.c. álibi – acusação.d. injeções – subtrações.e. pedagógica – deseducativa.

GABARITO: b.28.

Maria Berlini não mentira quando dissera que não tra-balhava, nem estudava. Mas trabalhara pouco depois da chegada ao Rio, com minguados recursos, que se evapora-ram como por encanto. A tentativa de entrar para o teatro fra-cassara. Havia só promessas. Não era fácil como pensara. Mesmo não tinha a menor experiência. Fora estrela estu-dantil em Guará, isso porém era menos que nada! Acabado o dinheiro, não podia viver de brisa! Em oito meses, fora sucessivamente chapeleira, caixeira de perfumaria, mani-

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cura, para se sustentar. Como chapeleira, não aguentar dois meses, que era duro!, das oito da manhã às oito da noite, e quantas vezes mais, sem tirar a cacunda da labuta. Não era possível! As ambições teatrais não haviam esmorecido, e cadê tempo? Conseguiria lugar de balconista numa perfu-maria, com ordenado e comissão. Tinha jeito para vender, sabia empurrar mercadoria no freguês. Os cobres melho-ravam satisfatoriamente. Mas também lá passara pouco tempo. O horário era praticamente o mesmo, e o trabalho bem mais suave – nunca imaginaria que houvesse tantos perfumes e sabonetes neste mundo! Contudo continuava numa prisão. Não nascera para prisões. Mesmo como seria possível se encarreirar no teatro, amarrada num balcão todo o santo dia? Precisava dar um jeito. Arranjou vaga de mani-cura numa barbearia, cujo dono ia muita à perfumaria fazer compras e que se engraçara com ela. Dava conta do recado mal e porcamente, mas os homens não são exigentes com um palmo de cara bonita. Funcionava bastante, ganhava gorjetas, conhecera uma matula de gente, era muito con-vidada para almoços, jantares, danças e passeios, e tinha folgas – uf, tinha folgas! Quando cismava, nem aparecia na barbearia, ia passear, tomar banho de mar, fazer compras, ficava dormindo...

(Marques Rabelo)

Maria Berlini é caracterizada de diferentes maneiras. Assinale a opção cuja qualidade não se aplica a ela.

a. Altruísta.b. Inexperiente.c. Ambiciosa.d. Esperta.e. Ingênua.

GABARITO: a.

(ESAF) Leia o texto para responder às questões.

Ainda que águas brasileiras não sejam diretamente atin-gidas pelos efeitos do gigantesco vazamento de petróleo no Golfo do México, onde milhares de barris de óleo são despe-jados por dia há mais de um mês, é sensato que o governo brasileiro e a Petrobras tratem de aprender com as ações técnicas para conter a tragédia ambiental provocada pelo acidente da British Petroleum. É recomendável também que as autoridades observem os procedimentos administrativos do governo americano para enquadrar os responsáveis pelo acidente, como a aplicação de uma multa de US$ 75 milhões à companhia, com base na Lei de Poluição Petrolífera.

Vale, no caso, um exercício de imaginação: transponha--se a tragédia no Golfo para águas brasileiras, onde há igualmente intensa atividade petrolífera. A realidade não recomenda otimismo, a começar pelos dispositivos existen-tes de prevenção de acidentes.

(O Globo, Editorial, 27.05.2010)

29. (ESAF) Em relação às estruturas do texto, assinale a opção correta.a. A expressão “Ainda que” (1º par.) poderia, sem pre-

juízo para a correção gramatical do período e para o sentido original, ser substituída por qualquer uma das seguintes: Mesmo que, Conquanto, Porquanto.

b. A substituição de “não sejam” (1º par.) por “não es-tejam sendo” altera a informação original do perío-do e prejudica a correção gramatical do texto.

c. As três ocorrências de “para” têm função grama-tical e semântica equivalentes, pois conferem ao contexto a noção de finalidade.

d. O emprego do sinal indicativo de crase em “à com-panhia” (1º par.) justifica-se pela regência de “apli-cação”, que exige preposição “a”, e pela presença de artigo definido feminino antes de “companhia”.

e. A substituição de “transponha-se” (2º par.) por “se for transposta” prejudica a correção gramatical do período.

GABARITO: d.

30. (ESAF) Em relação às ideias do texto, assinale a infe-rência incorreta.a. As águas brasileiras não serão diretamente preju-

dicadas pelos efeitos do desastre ecológico de va-zamento de petróleo no Golfo do México.

b. As providências técnicas do governo americano para conter a tragédia ambiental da British Petro-leum servem de exemplo para o governo brasileiro.

c. O Brasil deve observar que o governo americano aplicou uma alta multa para os responsáveis pelo acidente no Golfo do México.

d. O governo americano conta com uma lei acerca da poluição causada pelos acidentes com a explora-ção do petróleo.

e. O Brasil conta com dispositivos de prevenção de acidentes petrolíferos adequados e avançados para enfrentar um possível desastre ecológico.

GABARITO: e.

(CESPE) Cachorro se parece mesmo é com criança: vive o agora, alegra-se com o simples prazer de uma cami-nhada, corre, pula, brinca, diariamente. Aliás, o que mais incomoda o homem no comportamento canino é a cons-tante alegria do seu melhor amigo. Em geral, não estamos acostumados a viver 24 horas por dia de puro prazer, ainda mais quando levamos uma vida de cachorro. Sentimo-nos, talvez, desrespeitados pela impertinência de um contenta-mento desmesurado, principalmente quando algo ou alguém patrocinou-nos alguma desventura.

Laudimiro Almeida Filho. Vida de cachorro. In: Acon-tessências. Brasília: Gráfica e Editora Positiva, 1999, p.

37 (com adaptações).

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31. (CESPE) A expressão “do seu melhor amigo” remete a um ditado popular. Assinale a opção correspondente a esse ditado.a. Cão que ladra não morde.b. Cão picado de cobra tem medo de linguiça.c. Cão feroz, dono atroz.d. Quem não tem cão caça com gato.e. O cão é o melhor amigo do homem.

GABARITO: e.

32. (CESPE) De acordo com o texto, o comportamento dos cachorros a. evidencia que eles gostariam de ser crianças.b. revela o carinho deles pelas crianças.c. assemelha-se ao das crianças.d. provoca medo nas crianças.e. irrita as crianças.

GABARITO: c.

33. (CESPE) Assinale a opção correta de acordo com as ideias apresentadas no texto.a. A alegria das crianças é maior que a alegria dos

cachorros.b. Pessoas adultas são felizes só quando vivem “vida

de cachorro”.c. O adulto tem inveja da alegria das crianças.d. É mais fácil alegrar crianças que adultos.e. Aquilo que alegra a criança não alegra o adulto.

GABARITO: d.

34. (CESPE) No texto, há correspondência de sentido entrea. “comportamento canino” e “vida de cachorro”.b. “alegria” e “contentamento”.c. “constante” e “desmesurado”.d. “impertinência” e “desventura”.e. “diariamente” e “24 horas por dia”.

GABARITO: b.

(CESGRANRIO)

SORTE: TODO MUNDO MERECEAfinal, existe sorte e azar?

No fundo, a diferença entre sorte e azar está no jeito como olhamos para o acaso. Um bom exemplo é o número 13. Nos EUA, a expedição da Apollo 13 foi uma das mais desastrosas de todos os tempos, e o número levou a culpa. Pelo mundo, existem construtores que fazem prédios que nem têm o 13º andar, só para fugir do azar. Por outro lado, muita gente acha que o 13 é, na verdade, o número da sorte. Um exemplo famoso disso foi o então auxiliar técnico do Brasil, Zagallo, que foi para a Copa do Mundo de (19)94 (a soma dá 13) dizendo que o Mundial ia terminar com o Brasil campeão devido a uma série de coincidências envolvendo o número. No final, o Brasil foi campeão mesmo, e a Apollo 13 retornou a salvo para o planeta Terra, apesar de problemas gravíssimos.

Até hoje não se sabe quem foi o primeiro sortudo que quis homenagear a sorte com uma palavra só para ela. Os romanos criaram o verbo sors, do qual deriva a “sorte” de todos nós que falamos português. Sors designava vários processos do que chamamos hoje de tirar a sorte e origi-nou, entre outras palavras, a inglesa sorcerer, feiticeiro. O azar veio de um pouco mais longe. A palavra vem do idioma árabe e deriva do nome de um jogo de dados (no qual o criador provavelmente não era muito bom). Na verdade, ele poderia até ser bom, já que azar e sorte são sinônimos da mesma palavra: acaso. Matematicamente, o acaso – a sorte e o azar – é a aleatoriedade. E, pelas leis da probabilidade, no longo prazo, todos teremos as mesmas chances de nos depararmos com a sorte. Segundo essas leis, se você quer aumentar as suas chances, só existe uma saída: aposte mais no que você quer de verdade.

Revista Conhecer. São Paulo: Duetto. n. 28, out. 2011, p. 49. Adaptado.

35. (CESGRANRIO) De acordo com o texto, a pergunta feita no subtítulo “Afinal, existe sorte e azar?” é respon-dida da seguinte maneira:a. Depende das pessoas, umas têm mais sorte.b. A sorte e o azar podem estar, ou não, no número 13.c. Sorte e azar são frutos do acaso ou da aleatorie-

dade.d. Como são ocorrências prováveis, pode-se ter mais

azar.e. A fé de cada um em elementos, como os números,

pode dar sorte.

GABARITO: c.

36. (CESGRANRIO) O período em que a expressão no fundo está usada com o mesmo sentido com que é empregada na primeira linha do texto é:a. A horta está no fundo do quintal.b. Procure na mala toda, até no fundo.c. No fundo do corredor, está a melhor loja.d. No fundo, acredito que tudo sairá bem.e. No fundo do poço, ninguém vê saída para proble-

mas.

GABARITO: d.

37. (CESGRANRIO) No trecho “Os romanos criaram o verbo sors, do qual deriva a ‘sorte’ de todos nós que falamos português” (l.12-13), sorte designaa. a) uma ideia.b. b) uma palavra.c. c) um conceito.d. d) o contrário de azar.e. e) o adjetivo do verbo sortear.

GABARITO: b.

38. (CESGRANRIO) A oração “envolvendo o número” (l. 9) pode ser substituída, sem prejuízo do sentido original, pela seguinte oração:

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a. por envolver o número.b. que envolviam o número.c. se envolvessem o número.d. já que envolvem o número.e. quando envolveram o número.

GABARITO: b.

39. (CESGRANRIO) A palavra mesmo está sendo empre-gada com o sentido igual ao que se verifica em “o Bra-sil foi campeão mesmo” (l.9), na seguinte frase:a. O diretor preferiu ele mesmo entregar o relatório

ao conselho.b. Mesmo sabendo que a proposta não seria aceita,

ele a enviou.c. Fui atendido pelo mesmo vendedor que o atendeu

anteriormente.d. Você sabe mesmo falar cinco idiomas fluentemente?e. Ele ficou tão feliz com a notícia que pensou mesmo

em sair dançando.

GABARITO: d.

40. (CESGRANRIO) O trecho “apesar de problemas gra-víssimos” (l.10) é reescrito de acordo com a norma-pa-drão, mantendo o sentido original, se tiver a seguinte forma:a. ainda que houvessem problemas gravíssimos.b. apesar de que aconteceu problemas gravíssimos.c. a despeito de acontecesse problemas gravíssimos.d. embora tenham ocorrido problemas gravíssimos.e. não obstante os problemas gravíssimos que ocorreu.

GABARITO: d.

41. (CESGRANRIO) No texto, diz-se que “o criador pro-vavelmente não era muito bom [no jogo de dados]” (l. 16-17) porquea. o jogo deu origem à palavra azar.b. o jogo que criou continha imperfeições.c. só um árabe sabe jogar dados bem.d. em jogos de dados sempre alguém perde.e. as pessoas que criam não sabem jogar bem.

GABARITO: a.

(FUNCAB) Leia o texto abaixo e responda às questões propostas.

O salário dignifica o poeta

O sonho do poeta é viver de palavras. Viver no sentido material da palavra.

Já imaginou?O poeta faz um poema, tira umas cópias, distribui, e

este poema paga suas compras no supermercado. O poeta faz uma palestra sobre a beleza das palavras e recebe um salário com que paga a luz que o ilumina, a água que mata a sua sede, o telefone que o põe em contato com os amigos, a internet que o põe em contato com o universo, o teto que o abriga.

O poeta lê os poemas do livro de um outro, sugere mudanças, escreve prefácio, e a editora deposita na conta bancária o suficiente para o poeta comprar os brinquedos dos seus filhos.

O poeta pesquisa a poesia brasileira, escreve um ensaio, publica-o, e dão-lhe uma comissão com a qual pode saldar velhas dívidas.

[...]O poeta traduz um livro de poemas e lhe pagam bem

pela tradução, essa difícil arte de não trair dois idiomas, seu autor, os leitores, e o próprio tradutor. Recebe pela emprei-tada um montante que o ajuda a pagar a maternidade em que nasceu seu último filho.

O poeta não se envergonha de cobrar pelo seu poema. Se, é claro, as rimas, o ritmo, a melodia, se o poema, enfim, estiver íntegro, belo e forte.

O poeta come o pão que a musa amassou.O poeta se veste com seu poema, pode ir ao dentista

graças ao seu poema, paga o táxi, o metrô e o avião com o suor do seu rosto, com as lágrimas dos seus olhos e com o riso de sua boca.

(PERISSÉ, Gabriel. Correio da Cidadania, ed. 270. 1 set. 2003. Edição n. 49. Fragmentado. Acesso em 25 jan.

2012)

42. (FUNCAB) A alternativa que melhor resume a ideia central do texto – O Salário dignifica o Poeta – é:a. A profissão de ser poeta representa enorme esfor-

ço físico e mental.b. Todo poeta depende de uma musa inspiradora

para o seu fazer poético.c. O poeta deve receber um salário digno pelo seu

trabalho com as palavras.d. Ser poeta é sonhar com dias melhores e com uma

realidade ideal.e. A internet foi o meio que permitiu melhor divulga-

ção da poesia no mundo.

GABARITO: c.

43. (FUNCAB) O trecho “O poeta se veste com seu poe-ma, pode ir ao dentista graças ao seu poema, [...]” no último parágrafo significa que o poeta:a. cobra muito caro pelos seus serviços.b. precisa encontrar um outro emprego.c. não é reconhecido pela sua arte poética.d. deve sobreviver do seu trabalho, a poesia.e. desempenha diferentes funções em seu emprego.

GABARITO: d.

44. (FUNCAB) A palavra PREFÁCIO, no texto, em “O po-eta lê os poemas do livro de um outro, sugere mudan-ças, escreve prefácio, [...].” (4º parágrafo) tem o seu significado corretamente apontado em:a. texto preliminar escrito pelo escritor ou por outro

autor que se encontra no início do livro.b. declaração final do autor sobre o texto que foi escri-

to por ele mesmo em determinado livro.c. síntese de uma obra com comentários da editora

que se encontra na contracapa do livro.

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d. composição poética de um autor que introduz num livro o texto de outro escritor renomado.

e. conclusão resumida de um texto com a função de dar um arremate, um fim à história.

GABARITO: a.

45. (FUNCAB) A partir da leitura global do texto, assinale a opção em que se transcreveu um provérbio que me-lhor sintetiza sua ideia central.a. “A simples ideia de um salário mínimo é sinal de

ignorância máxima.” (Ludwig von Mises)b. “A justiça para os que trabalham deve começar

pelo salário.” (Ulysses Guimarães)c. “O trabalho é a coisa mais importante do mundo.

Por isso, devemos sempre deixar um pouco para o dia seguinte.” (Don Herald)

d. “O dinheiro do avarento duas vezes vai à feira.” (autor desconhecido)

e. “O que o dinheiro faz por nós não compensa o que fazemos por ele.” (Gustave Flaubert)

GABARITO: b.

(http://www.analisedetextos.com.br/2011/06/atividade--de-interpretacao-trabalho-e.html).

Leia o texto abaixo e responda às questões propostas.

TRABALHO E AVENTURA

Nas formas de vida coletiva podem assinalar-se dois princípios que se combatem e regulam diversamente as ati-vidades dos homens.

Esses dois princípios encarnam-se nos tipos do aven-tureiro e do trabalhador.

Já nas sociedades rudimentares manifestam-se eles, segundo sua predominância, na distinção fundamental entre os povos caçadores ou coletores e os povos lavradores. Para uns, o objeto final, a mira de todo esforço, o ponto de chegada assume relevância tão capital, que chega a dispen-sar, por secundários, quase supérfluos, todos os processos intermediários. Seu ideal será colher o fruto sem plantar a árvore.

Esse tipo humano ignora as fronteiras. No mundo tudo se apresenta a ele em generosa amplitude e, onde quer que se erija um obstáculo a seus propósitos ambiciosos, sabe transformar esse obstáculo em trampolim. Vive dos espaços ilimitados, dos projetos vastos, dos horizontes distantes.

O trabalhador, ao contrário, é aquele que enxerga pri-meiro a dificuldade a vencer, não o triunfo a alcançar. O esforço lento, pouco compensador e persistente, que, no entanto, mede todas as possibilidades de esperdício e sabe tirar o máximo proveito do insignificante, tem sentido bem nítido para ele. Seu campo visual é naturalmente restrito. A parte maior do que o todo.

Existe uma ética do trabalho, como existe uma ética da aventura. O indivíduo do tipo trabalhador só atribuirá valor moral positivo às ações que sente ânimo de praticar e, inversamente, terá por imorais e detestáveis as qualidades próprias do aventureiro – audácia, imprevidência, irresponsabilidade, instabilidade, vagabundagem – tudo, enfim, quanto se relacione com a concepção espaçosa do mundo, característica desse tipo.

Por outro lado, as energias e esforços que se dirigem a uma recompensa imediata são enaltecidos pelos aventu-reiros; as energias que visam à estabilidade, à paz, à segu-rança pessoal e os esforços sem perspectiva de rápido proveito material passam, ao contrário, por viciosos e des-prezíveis para eles. Nada lhes parece mais estúpido e mes-quinho do que o ideal do trabalhador.

(HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro, José Olympio, 1978, p. 13)

46. A respeito dos povos caçadores e dos povos lavrado-res, pode-se afirmar que: a. os caçadores esforçam-se mais do que os lavra-

dores. b. os lavradores têm vida mais dura que os caçadores. c. lavradores e caçadores, ambos são do mesmo tipo. d. os caçadores integram o tipo do aventureiro.

GABARITO: d.

47. Das afirmativas feitas abaixo, aquela que está em con-sonância com o texto é: a. O trabalhador apresenta desmotivação para o

triunfo. b. A vagabundagem é prova da falta de caráter do

aventureiro. c. O trabalhador desenvolve sua atividade num con-

texto espacial limitado. d. d) A paz, a segurança e a estabilidade são valores

absolutamente relevantes para o aventureiro.

GABARITO: c.

48. Levando em conta o perfil traçado pelo texto para os tipos do aventureiro e do trabalhador, pode-se afirmar que os navegantes ibéricos que conquistaram a Amé-rica encarnam o tipo: a. trabalhador, pois a expansão marítima visava o

aumento de produtividade agrícola para o Velho Mundo.

b. aventureiro, pois tinham absoluto controle da situa-ção em sua empreitada.

c. aventureiro, pois caracterizava-se a busca dos “ho-rizontes distantes”.

d. trabalhador, pois souberam dar desenvolvimento às terras conquistadas.

GABARITO: c.49. De acordo com o texto, só não se pode afirmar que:

a. a audácia e a imprevidência caracterizam o aven-tureiro.

b. a concepção espaçosa do mundo é típica do aven-tureiro.

c. os lavradores só existiram nas sociedades rudi-mentares.

d. o trabalhador não é afeito aos constantes desloca-mentos e ao proveito material imediato.

GABARITO: c.

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50. “Esses dois princípios encarnam-se nos tipos do aven-tureiro e do trabalhador.” Em cada alternativa abaixo, redigiu-se uma frase em continuação a esse trecho do texto. A alternativa cuja redação não está de acordo com o significado do texto é: a. Esses dois princípios encarnam-se nos tipos do

aventureiro e do trabalhador. Se tem aquele vi-são espaçosa do mundo, esse caracteriza-se pelo campo visual restrito.

b. Esses dois princípios encarnam-se nos tipos do aventureiro e do trabalhador. Deste lado, o objeto final é o fator relevante; daquele, apenas fruto do esforço pessoal.

c. Esses dois princípios encarnam-se nos tipos do aventureiro e do trabalhador. Enquanto uns empe-nham-se nos projetos vastos, outros tiram o máxi-mo proveito do insignificante.

d. Esses dois princípios encarnam-se nos tipos do aventureiro e do trabalhador. Se é cabível afirmar que, quanto ao primeiro, o ânimo é de romper bar-reiras, quanto ao segundo há que registrar-se a previdência e a responsabilidade.

GABARITO: b.

51. Ao afirmar que “existe uma ética do trabalho, como existe uma ética da aventura”, o autor do texto preten-de afirmar que: a. ambos, aventureiro e trabalhador, integram-se

numa comunhão ética. b. tanto na aventura quanto no trabalho erigem-se

princípios e normas de conduta. c. o que o trabalhador mais valoriza vai ao encontro

do que o aventureiro preconiza. d. os princípios éticos do trabalho estão em conso-

nância com as normas de comportamento do aven-tureiro.

GABARITO: b.

FIGURAS DE LINGUAGEM

CONOTAÇÃO E DENOTAÇÃO

http://diegomacedo.com.br

• Conotação é o uso da palavra com um significado diferente do original, criado pelo contexto. Exemplo: Você tem um coração de pedra.

• Denotação é o uso da palavra com o seu sentido original. Exemplo: A pedra é um corpo duro e sólido, da natureza das rochas.

LINGUAGEM FIGURADA

São recursos que tornam as mensagens que emitimos mais expressivas.

I – Figuras semânticas

1. Metáfora: consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão em lugar de outra, sem que haja uma rela-ção real, mas em virtude da circunstância de que o nosso espírito as associa e depreende entre elas certas semelhanças.Ex: Sua boca é um cadeado e minha boca é uma fo-gueira.

Fonte: <http://www.giovanipasini.com>.

2. Comparação: é a aproximação de dois termos entre os quais existe alguma relação de semelhança, como na metáfora. A comparação, porém, é feita por meio de um conectivo (com, como, parecia etc) e busca realçar determinada qualidade do meio termo (como, tal, qual, assim, quanto etc.).Ex: A chuva cai como lágrimas de um céu entriste-cido.

3. Prosopopeia (Personificação): atribuição de qua-lidades e sentimentos humanos a seres irracionais e inanimados.Ex: Com a passagem da nuvem, a lua se tranquiliza.

4. Catacrese: é o emprego impróprio de uma palavra ou expressão por esquecimento ou ignorância do seu real sentido.Ex: Sentou-se no braço da poltrona para descansar.

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5. Metonímia/Sinédoque: consiste em empregar um termo no lugar de outro, havendo entre ambos estreita afinidade ou relação de sentido.

5.1. Autor pela obraEx: Adoro ler José de Alencar.

5.2. Continente pelo conteúdoEx: Tomei uma garrafa de água para matar a sede.

5.3. Parte pelo todoEx: Temos procurado um teto para morar.

5.4. Singular pelo pluralEx: A criança tem o direito de estudar.

5.5. Abstrato pelo concretoEx: A juventude é aventureira.

5.6. Efeito pela causaEx: As indústrias despejam a morte nos rios.

5.7. Matéria pelo objetoEx: Os cristais tiniam na bandeja de prata.

5.8. Marca pelo produtoEx: Vou comprar um guaraná. Você quer Coca ou Spri-te?

6. Perífrase (Antonomásia): trata-se de uma expressão que designa um ser por meio de alguma de suas carac-terísticas ou atributos, ou de um fato que o celebrizou.Ex: O Rei do Futebol já foi ministro.

7. Antítese: consiste na utilização de dois termos que contrastam entre si. Ocorre quando há uma aproxima-ção de palavras ou expressões de sentidos opostos.Ex: Isso é para acordar os homens e adormecer as crianças.

8. Paradoxo: consiste numa proposição aparentemente absurda, resultante da união de ideias contraditórias.Ex: Seu beijo é um fogo gelado!

9. Ironia (Antífrase): consiste em dizer o contrário do que se pretende ou em satirizar, questionar certo tipo de pensamento com a intenção de ridicularizá-lo, ou ainda em ressaltar algum aspecto passível de crítica.Ex: Muito bonito, hein!

10. Eufemismo: consiste em empregar uma expressão mais suave, mais nobre ou menos agressiva para comunicar alguma coisa áspera, desagradável ou cho-cante.Ex: Ele foi dessa para uma melhor.

11. Hipérbole: é a expressão intencionalmente exage-rada com o intuito de realçar uma ideia.Ex: Quase morri de tanto rir.

12. Gradação: consiste em dispor as ideias por meio de palavras, sinônimas ou não, em ordem crescente ou decrescente.Ex: Você me cansa, me chateia, me enerva, me es-tressa, me enlouquece, me mata!

13. Apóstrofe: é assim denominado o chamamento do receptor da mensagem, seja ele de natureza imaginá-ria ou não. É utilizada para dar ênfase à expressão e realiza-se por meio do vocativo.Ex: Deus! Ó Deus! Onde estás que não respondes?

14. Paronomásia: consiste no emprego de palavras parônimas (com sonoridade semelhante) numa mesma frase, fenômeno que é popularmente conhecido como trocadilho.Ex: “Com os preços praticados em planos de saúde, uma simples fatura em decorrência de uma fratura pode acabar com a nossa fartura.”

15. Sinestesia: consiste em mesclar, numa mesma expres-são, as sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido. Ex: Ao chegar, percebi que ele tinha um olhar tão quente, que se confirmou com o abraço gostoso que me deu!

II – Figuras fonéticas

http://meganakas.blogspot.com

1. Onomatopeia: ocorre quando se tentam reproduzir na forma de palavras os sons da realidade.Ex: O cóim-cóim dos porcos irritava a todos.

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2. Aliteração: consiste na repetição de consoantes como recurso para intensificação do ritmo ou como efeito sonoro significativo.Ex: Ele era bruto, bravo, como a agreste região onde nascera e morrera.

3. Assonância: consiste na repetição ordenada de sons vocálicos idênticos.Ex: O ódio é horrendo como o olhudo homem do ou-tro lado, ali parado.

4. Cacofonia: A cacofonia é um som desagradável ou obsceno formado pela união das sílabas de palavras contíguas. Pode, também, ocorrer como resultado de uma translineação desatenciosa.Ex: Ele beijou a boca dela.

III – Figuras Sintáticas

1. Anacoluto: é a falta de nexo que existe entre o início e o fim de uma frase.Ex: O cachorro acordou, eu gosto de passear sozi-nho.

2. Elipse: consiste na omissão de um ou mais termos numa oração que podem ser facilmente identificados, tanto por elementos gramaticais presentes na própria oração, quanto pelo contexto.Ex: Na rua deserta, nenhum sinal da polícia.

3. Zeugma: ocorre quando é feita a omissão de um termo já mencionado anteriormente.Ex: À direita da estrada, sol, à esquerda, chuva.

4. Hipérbato/Anástrofe: consiste na inversão dos termos da oração.Ex: Dançava com a dama o bonitão.

5. Assíndeto: é uma figura caracterizada pela ausência, pela omissão das conjunções coordenativas, resul-tando no uso de orações coordenadas assindéticas.Ex: O vento soprava, a lua brilhava.

6. Polissíndeto: é uma figura caracterizada pela repeti-ção enfática dos conectivos.Ex: E falei, e gritei, e tentei, e gesticulei e pedi ajuda.

7. Anáfora: é a repetição de uma ou mais palavras no início de várias frases, criando assim, um efeito de reforço e de coerência. Pela repetição, a palavra ou expressão em causa é posta em destaque, permitindo ao escritor valorizar determinado elemento textual.Ex: Para que tanta luta, para que tanto esforço, para que tanta confusão, se não vai dar em nada?

8. Silepse: é a concordância que se faz com o termo que não está expresso no texto, mas sim com a ideia que ele representa. É uma concordância anormal, psicoló-gica, espiritual, latente, porque se faz com um termo oculto, facilmente subentendido.

8.1. GêneroEx: Vossa Excelência ficou cansado com tantas per-guntas.

8.2. NúmeroEx: Essa gente do interior costumavam ir à missa to-dos os domingos.

8.3. PessoaEx: Os brasileiros somos muito esquecidos.

9. Pleonasmo: consiste numa redundância inútil e desne-cessária de significado em uma sentença.Ex: Tenho certeza absoluta.

E X E R C Í C I O S

1. Escreva quais dos textos foram escritos em linguagem conotativa (emotiva) e quais foram escritos em lingua-gem denotativa (informativa).

a. “O homem velho deixa vida e morte para trás

Cabeça a prumo, segue rumo e nunca, nunca maisO grande espelho que é o mundo ousaria refletir os seus sinais, O homem velho é o rei dos animais”

(Caetano Veloso)

b. “Para o mundo, quando era quinhentos anos mais novo, os contornos de todas as coisas pareciam mais nitidamente traçados do que nos nossos dias. O contraste entre o sofrimento e a alegria, entre a adversidade e a felicidade aparecia mais forte.”

(Johan Huizinga)

c. “A rede de tricô era áspera entre os dedos, não íntima como quando a tricotara. A rede perdera o sentido e estar num bonde era um fio partido; não sabia o que fazer com as compras no colo. E como uma estranha música , o mundo recomeçava ao redor.”

(Clarice Lispector)

d. “Autoridades culturais italianas estão tentando le-vantar fundos (com participação internacional) para desenterrar e recuperar os tesouros arqueológicos da cidade de Herculano, destruída com Pompéia pelo vulcão Vesúvio (sul de Nápoles).”

(Folha de São Paulo)

e. “Os sapatos ficam entre os pés e o chão, no que são como as palavras. As meias entre os pés e os sapatos, como adjetivos. Os verbos, passos, ca-darços, laços. Os pés caminham lado a lado, cal-çados. Sapatos são calçados. Porque são e porque são usados. Palavras são pedaços. Os pés descal-ços caminham calados.”

(Arnaldo Antunes)

GABARITO: conotativa/ denotativa/ conotativa/ denotativa/ conotativa.

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2. (CESPE)O século

E vós, arcas do futuro, Crisálidas do porvir,

Quando vosso braço ousado Legislações construir,

Levantai um templo novo, Porém não que esmague o povo,

Mas lhe seja o pedestal. Que ao menino dê-se a escola,

Ao veterano – uma esmola... A todos – luz e fanal!

Basta!... Eu sei que a mocidade É o Moisés no Sinai;

Das mãos do Eterno recebe As tábuas da lei! – Marchai! Quem cai na luta com glória,

Tomba nos braços da História, No coração do Brasil!

Moços, do topo dos Andes, Pirâmides vastas, grandes,

Vos contemplam séculos mil!

Castro Alves, poeta do Romantismo brasileiro, há mais de cem anos compôs o poema do qual duas das estro-fes finais estão transcritas acima. A partir delas, julgue os itens.1) O texto é uma conclamação aos jovens no sentido

de que corrijam os erros que vêm sendo cometidos ao longo dos séculos.

2) Os versos 1 e 2 apresentam construções metafóri-cas associadas à mocidade.

3) Percebe-se, nos versos 15, 16 e 17, um sentimento de desesperança na capacidade que os moços têm de mudar os rumos da história do Brasil.

4) O fato de o texto haver sido escrito há mais de um século não impede o seu entendimento nos dias atuais.

5) A escolha do vocábulo “templo” (verso 5) permite dupla leitura: “levantai um templo novo” e levantai em tempo novo.

6) Um sentimento de religiosidade perpassa esses versos, o que pode ser confirmado pelos exemplos: “Moisés no Sinai” (verso 12) e “tábuas da lei” (verso 14).

7) A pontuação do texto denota o predomínio da fun-ção emotiva da linguagem.

GABARITO: C, C, E, C, C, E, E.

3. (CESPE)No baile da corte

No baile da corteFoi o conde d’Eu que disse

Pra Dona Benvindaque farinha de Suruí

pinga de ParatiFumo de Baependi

É cume, bebê, pitá, e caí.(Oswald de Andrade)

Julgue os itens que se seguem, tendo por referência o texto acima.1) No 2º verso, o título honorífico e a expressão “d’Eu”

reforçam a expectativa de ambiente palaciano, no-bre e requintado do verso anterior.

2) No último verso tem-se a presença de assíndeto.3) Há evidente degradação do nível culto da fala no

decorrer do poema, até levá-lo ao coloquial popu-lar, inculto.

4) A assertiva anterior justifica a conotação de de-cadência da burguesia, de seus hábitos, de seus valores, se relacionarmos as camadas morfossin-tático-semânticas.

5) A preocupação com a elaboração da mensagem e o entrosamento entre o significante e o significado são características da função poética.

GABARITO: C, C, C, C, E.

4. (IBFC)

Uma Canção No Rádio

Uma canção no rádioEu me lembro de nós doisPenso, rio, sofro, choroDeixo a vida pra depoisO amor é um filme antigoCoração ama e não dizTive prazer e ternuraMas eu nunca fui felizTenho um coraçãoRaso de razãoEu amei o quanto pudeDeixei pelo chão rastros de ilusãoMeu coração não se iludeTudo se desfaz, vida leva e trazFica só o pó da estradaQue o céu me roube a luzMas me reste a voz

(Fagner)

Considere as afirmações que seguem.

I – Há presença de conotação na letra.II – Nos versos “tenho um coração/raso de razão”, o

compositor afirma que não é capaz de sentimentos profundos.

Está correto o que se afirma em:a. somente I.b. somente II.c. I e II.d. nenhuma.

GABARITO: a.

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5. Leia o texto a seguir:

Cheque-Presente FnacUma boa maneira de acertar no presente.

Ofereça a escolhaLivros, CDs, áudio, vídeo, microcomputadores, filmado-

ras, softwares e games, celulares, TVs, bilheteria de espe-táculos...

O Cheque-Presente é válido para todos os produtos e em todas as seções da Fnac.

Ofereça a Fnac!Esta é a maneira simples e mais certa de agradar,

dando liberdade de escolha para quem recebe, quaisquer que sejam os seus interesses: música, tecnologia, literatura, espetáculos...

Uma boa ideia para todos os bolsos. Na Fnac, o Cheque-Presente vale dinheiro.

Disponível nos valores de R$20 e R$30.É válido em todas as lojas Fnac do Brasil e pode ser

adquirido nos caixas de sua loja Fnac.(Texto extraído do Catálogo de Presentes 2004 da Loja

Fnac de Brasília)

Julgue os itens referentes ao texto acima, consideran-do as ideias e as estruturas linguísticas.1) O texto acima seria uma propaganda, se não fosse

a ausência de imagens, que são essenciais para todo e qualquer texto desse gênero.

2) Por ser um texto em português, as palavras “sof-twares” e “games” deveriam vir em itálico, para marcar que são expressões estrangeiras.

3) As funções referencial e conativa estão presentes no texto.

4) Em “Uma boa ideia para todos os bolsos”, a figura de linguagem presente é metonímia.

5) O último parágrafo do texto deixa claro que a loja Fnac está instalada por todo o Brasil.

GABARITO: E, C, C, C, E.

6. (CESPE)

Não há vagas

O preço do feijãonão cabe no poema.

O preçodo arroz

não cabe no poema.Não cabem no poema o gás

a luz o telefonea sonegação

do leiteda carnedo açúcardo pão.

O funcionário públiconão cabe no poema

com seu salário de fomesua vida fechada

em arquivos.Como não cabe no poema

o operárioque esmerila seu dia de aço

e carvãonas oficinas escuras

– porque o poema, senhores,está fechado:

“não há vagas”Só cabe no poema

o homem sem estômagoa mulher de nuvensa fruta sem preço

O poema, senhores,não fede

nem cheira

(Ferreira Gullar)

Julgue os itens seguintes, relativos às ideias e a as-pectos linguísticos do poema acima.1) O poema associa, ironicamente, criação poética e

alienação social.2) O título do poema antecipa a crítica contundente

que o poeta dirige à falta de oportunidades no mer-cado de trabalho brasileiro.

3) O emprego do vocativo “senhores”, na terceira e na quarta estrofes, atenua o tom irônico do poema.

4) A expressão “não fede/nem cheira”, na última es-trofe, está empregada em sentido denotativo.

5) Depreende-se da leitura do poema uma crítica ao emprego dos vocábulos “preço” (v.1 e 2), “salário de fome” (v. 14) na poesia, que deve, sobretudo, segundo o poeta, priorizar o inusitado.

GABARITO: C, E, E, E, E.

7. Leia o texto abaixo e responda.

“As pessoas amadurecidas possuem poder de decisão; as pessoas não amadurecidas, incertezas e conflitos. Por essa razão, nossa empresa contrata apenas as pessoas prontas a tomarem atitudes firmes e rápidas, ou seja, con-trata pessoas amadurecidas.”

(Redação de um aluno do ensino médio)

Na segunda oração do texto acima, ocorreu a omissão do verbo possuir. Tal desvio constitui uma figura de lin-guagem, reconhecida comoa. assíndeto.b. pleonasmo.c. hipérbato.d. zeugma.e. anáfora.

GABARITO: d.

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8. Identifique a figura de linguagem predominante nas frases a seguir:a. Um grito áspero revelava tudo o que sentia. b. Como vai a turma? Estão bem?c. O vento fazia promessas suaves a quem o escutasse.d. O Poeta dos Escravos morreu muito jovem.e. Cócórócócó – fez o galo às seis da manhã.f. O corpo é grande e a alma é pequena.g. Vossa excelência está preocupado.h. No silêncio escuro do seu quarto, aguardava os

acontecimentos.i. Fernando faltou com a verdade.j. “Se você gritasse / Se você gemesse, / Se você

tocasse / a valsa vienense / Se você dormisse, / Se você cansasse, / Se você morresse... / Mas você não morre, / Você é duro José!” (Carlos Drummond de Andrade)

k. Como você foi bem na última prova, não tirou nem a nota mínima!

l. Sou um mulato nato no sentido lato mulato demo-crático do litoral.

m. “O trigo... nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, colheu-se.” (Padre Antônio Vieira)

n. Todos gostamos de você!o. Rios te correrão dos olhos, se chorares.p. As rosas florescem em maio, as margaridas em

agosto.q. No céu há estrelas; na terra, você.r. Dos meus problemas cuido eu!s. “Vozes veladas, veludosas vozes, / Volúpias dos

violões, vozes veladas / Vagam nos velhos vórtices velozes / Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.” (Cruz e Souza)

t. Sobre a mesa, apenas um copo d’ água e uma maçã

GABARITO: sinestesia / silepse de número / prosopopeia / perífrase / onomatopeia / antítese / silepse

de gênero / sinestesia / eufemismo / anáfora / ironia / assonância / gradação / silepse de pessoa / hipérbole /

zeugma / zeugma / hipérbato / aliteração / elipse.

(IBFC) Para responder às questões seguintes, leia a letra da música abaixo.

Só (Solidão)

Solidão...Solidão...

Que poeira leveSolidão

Olhe a casa é suaNa vida quem perde o telhadoEm troca recebe as estrelas

Pra rimar até se afogarE de soluço em soluço esperar

O sol que sobe na camaE acende o lençolSó lhe chamando

SolicitandoSolidão

Que poeira leve...

Se ela nascesse rainhaSe o mundo pudesse aguentar

Os pobres ela pisariaE os ricos iria humilhar.

Milhares de guerras fariaPra se deleitar

Por isso eu prefiroCantar sozinho...

SolidãoQue poeira leve

SolidãoOlhe a casa é sua

O telefone chamou, foi engano...

(Tom Zé)

9. (IBFC) Considere as afirmações abaixo.

I – O último verso reforça a ideia de solidão, expressa na música.

II – O autor mostra uma visão pessimista em relação à vida, pois vê apenas o lado negativo das perdas.

Está correto o que se afirma ema. somente I. b. somente II. c. I e II.d. nenhuma.

GABARITO: a.

10. (IBFC) No verso “e os ricos iria humilhar”, o sujeito éa. simples. b. oculto. c. indeterminado. d. inexistente.

GABARITO: b.

11. (IBFC) Nos versos, há o predomínio dea. metáfora. b. eufemismo. c. hipérbole. d. ironia.

GABARITO: a.

(IBFC) Para responder às questões seguintes, leia o texto abaixo, de Rubem Braga.

O PAVÃO

Eu considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um luxo imperial. Mas andei lendo livros e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minús-culas bolhas d’água em que a luz se fragmenta, como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas.

Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atin-gir o máximo de matizes com o mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade.

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Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! minha amada; de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz de teu olhar.

Ele me cobre de glórias e me faz magnífico.

12. (IBFC) Considere as afirmações abaixo.

I – O tema do texto é exclusivamente a natureza das cores e do esplendor do pavão.

II – A partir da observação da beleza do pavão, o nar-rador tece considerações sobre a natureza da arte e do amor que sente.

Está correto o que se afirma ema. somente I.b. somente II.c. I e II.d. nenhuma.

GABARITO: b.

13. (IBFC) Considere as afirmações abaixo.

I – Há a presença de linguagem conotativa no texto.II – O verbo “suscita” pode ser substituído, sem altera-

ção de sentido, por “desperta”.

Está correto o que se afirma ema. somente I.b. somente II.c. I e II.d. nenhuma.

GABARITO: c.

14. (CESPE)A lição de poesia

(...)A luta branca sobre o papel

que o poeta evita,luta branca onde corre o sanguede suas veias de água salgada.

A física do susto percebidaEntre os gestos diários;

Susto das coisas jamais pousadasPorém imóveis – naturezas vivas.

E as vinte palavras recolhidasNas águas salgadas do poetaE de que se servirá o poeta

Em sua máquina útil.

Vinte palavras sempre as mesmasDe que conhece o funcionamento,

A evaporação, a densidadeMenor que a do ar.

João Cabral de Melo Neto. A lição de poesia. In: Carlos Drummond de Andrade et al. O melhor da poesia brasi-

leira. Rio de Janeiro: José Olympio, 2004, p. 78.

Considerando o trecho selecionado do poema A lição de poesia, de João Cabral de Melo Neto, julgue os itens que se seguem.1) A segunda estrofe do poema sugere que, pelas leis

da física, aquilo que é pousado se torna imóvel.2) A flexão de singular na forma verbal empregada no

verso 14 indica que quem “conhece” é o poeta re-ferido no verso 2.

3) A relação entre poesia e ciência, evidenciada na escolha das palavras “física”, “evaporação” e “den-sidade”, indica que, para o poeta, o mundo do texto e o mundo natural são regidos pelas mesmas leis.

4) A expressão “física do susto” (v. 5) é uma metáfo-ra do gesto poético em sua capacidade de dar às palavras um sentido inédito, que se torna visível na forma poética.

5) Nos versos 9 e 13, os vocábulos são empregados em sentido denotativo, para expressar a dificulda-de do poeta frente ao número reduzido de palavras de que dispõe para expressar a complexidade do mundo real.

GABARITO: E, C, E, C, E.

15. (IBFC)

Flor da Pele

Ando tão à flor da peleQualquer beijo de novelaMe faz chorarAndo tão à flor da peleQue teu olhar “flor na janela”Me faz morrerAndo tão à flor da peleMeu desejo se confundeCom a vontade de não serAndo tão à flor da peleQue a minha peleTem o fogoDo juízo final... (2x)Barco sem portoSem rumo, sem velaCavalo sem selaBicho soltoUm cão sem donoUm menino, um bandidoÀs vezes me preservoNoutras, suicido!

(Zeca Baleiro)

Considere as afirmações abaixo.

I – A metáfora “barco sem porto, sem rumo, sem vela” indica o estado de fúria em que se encontra.

II – A expressão “flor da pele” indica o estado de extre-ma sensibilidade em que se encontra o eu-lírico.

Está correto o que se afirma em:a. somente I.b. somente II.c. I e II.d. nenhuma.

GABARITO: b.

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(CESPE) Leia o texto que se segue para responder às questões 16 e 17.

A epidemia de dengue no Rio de Janeiro trouxe à tona o Brasil medieval, contraponto do país moderno que queria delinear-se no horizonte com a industrialização. Enquanto avançava no campo da tecnologia, o país regredia no ter-reno social, notadamente na área da saúde pública.

O mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti, foi o mesmo que no início do século aterrorizara o Rio com a febre amarela, erradicada por Oswaldo Cruz. Voltou à carga em 1986, ano em que a febre purpúrica atingia o interior do Estado de São Paulo, um surto de poliomielite atacava nor-deste e uma epidemia de difteria se espalhava pelos bairros pobres de Florianópolis – isso sem falar na presença endê-mica da malária na região Norte.

Para completar o quadro, só faltou a cólera que viria depois, nos anos 90. O Brasil africano estava mais vivo do que nunca e era terreno fértil para a propagação de doenças já extintas.

16. (CESPE) Assinale a opção incorreta.a. O texto apresenta um panorama geral do Brasil

nos anos 80, quanto ao contraste entre a realidade desenvolvimentista e a ocorrência de surtos epidê-micos.

b. O autor, no primeiro parágrafo, utiliza como recurso estilístico uma antítese.

c. A apresentação das diversas endemias mostra que elas ocorrem na maioria das regiões do Brasil.

d. O autor pretendeu mostrar no texto que a ideia de desenvolvimento e de industrialização era utópica.

e. O autor compara o Brasil com a África pela seme-lhança entre ambos quanto à existência de ende-mias.

GABARITO: d.17. (CESPE) Assinale a opção correta.

a. São endemias citadas no texto: a dengue, a febre amarela, a febre purpúrica, o surto, a difteria e a malária.

b. A expressão “Aedes aegypti” está grafada em itá-lico para destacá-la das demais, por tratar-se de expressão estrangeira.

c. No terceiro parágrafo, as palavras “quadro” e “ter-reno” estão usadas em sentido denotativo.

d. O texto mostra que o Brasil tem progredido muito na área social.

e. De acordo com a norma culta, o pronome “se” (pri-meiro parágrafo) está colocado no único ponto da locução verbal em que é possível.

GABARITO: b.

18. (ESAF) Aponte a figura. “Naquela terrível luta, muitos adormeceram para sempre.”a. Antítese.b. Eufemismo.c. Anacoluto.d. Prosopopeia.e. Pleonasmo.

GABARITO: b.

(IBFC) Para responder às questões seguintes, leia o texto abaixo, de autoria de Patativa do Assaré:

Vaca Estrela e Boi Fubá

Seu dotô me dê licençaPra minha história contar

Hoje eu tô nu’a terra estranhaE é bem triste o meu penar

Mas já fui muito felizVivendo no meu lugarEu tinha cavalo bãoGostava de campearE todo dia aboiava

Na porteira do curráÊ, vaca Estrela! Ô, boi Fubá!

Eu sou fio do nordesteNão nego o meu naturáMas uma seca medonhaMe tangeu de lá pra cá

Lá eu tinha meu gadinhoNum é bão nem alembrarMinha linda vaca EstrelaE o meu belo boi FubáQuando era de tardinha

Eu começava aboiarÊ, vaca Estrela! Ô, boi Fubá!

Aquela seca medonhaFez tudo se atrapaiar

Não nasceu capim no campoPara o gado sustentarO sertão se esturricouFez os açude secar

Morreu minha vaca EstrelaSe acabou meu boi FubáPerdi tudo quanto tinhaNunca mais pude aboiar

Ê, vaca Estrela! Ô, boi Fubá!Hoje nas terra do sulLonge do torrão natá

Quando eu vejo em minha frente

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Uma boiada passarAs água corre dos óioComeço logo a chorar

Lembro minha vaca EstrelaE o meu belo boi Fubá

Com sodade do nordesteDá vontade de aboiar

Ê, vaca Estrela! Ô, boi Fubá!

19. (IBFC) Com base no texto apresentado, leia as afirma-ções a seguir.

I – O eu-lírico se sente feliz onde ele se encontra.II – O eu-lírico não se envergonha do seu lugar de ori-

gem.III – As condições geoclimáticas da terra natal do eu-

-lírico não interferiram diretamente no curso de sua vida.

IV – A nostalgia sobressai nos sentimentos do eu-lírico.

Estão corretas as afirmações:a. I, II e III.b. II, III e IV.c. II e IV.d. I e III.

GABARITO: c.

20. (IBFC) Ainda com base no texto, assinale abaixo a al-ternativa que apresenta uma palavra grafada de acor-do com a norma culta da língua portuguesa:a. a) Bão.b. b) Esturricou.c. c) Tardinha.d. d) Alembrar.

GABARITO: b.

21. (IBFC) A partir de exemplos extraídos do texto, assina-le abaixo a alternativa que apresenta correta concor-dância, em conformidade com a norma culta da língua portuguesa:a. “Não nego o meu naturá”.b. “Fez os açude secar”.c. “Hoje nas terra do sul”.d. “As água corre dos óio”.

GABARITO: a.

22. (IBFC) Com base na forma de tratamento dispensada pelo eu-lírico ao seu interlocutor, podemos concluir que o primeiro estabelece com o segundo uma relação:a. Informal.b. Rude.c. Impolida.d. Respeitosa.

GABARITO: d.

23. (IBFC) Assinale abaixo a alternativa que não substitui, sem alteração de sentido, a expressão “o meu penar” no verso “E é bem triste o meu penar”:a. O meu sofrimento.b. O meu comprazimento.c. O meu padecimento.d. A minha consternação.

GABARITO: b.

24. (IBFC) Assinale a alternativa que apresenta uma frase de sentido denotativo, isto é, cujo sentido não seja fi-gurado, mas literal.a. A vida deve ser preservada desde a aurora até o

seu natural ocaso.b. Saiu para trabalhar logo que raiou a aurora.c. És jovem ainda, estás na aurora da vida.d. Depois do apogeu de um império, logo vem o seu

ocaso.

GABARITO: b.(FUNCAB) Leia o texto abaixo e responda às questões propostas.

Tempos Modernos?

Não sei dizer que horas eram quando Javi deitou-se ao meu lado, de barriga para cima, naquela imensa duna de areia. Olhou para o teto de estrelas que cobre o deserto e, com seu doce sotaque madrilenho, entoou uma canção dos meus conterrâneos Tom e Vinicius: “tristeza não tem fim, felicidade sim”. Será que ainda era noite? Ou o dia seguinte já tinha chegado? Será que era domingo? Ou seria terça? Será que estávamos a 15 metros do chão? Ou seriam 100? O Sahara talvez seja como a própria tristeza: aqui não há começo, não há fim. Não se sabe onde nasce o céu ou onde morre o horizonte. E para mim, que moro em Manhattan, aquela ilha apertada, com começo, meio, fim e gente, muita gente, passar uma noite aqui, nesta imensidão, deve ser como pousar na Lua. No deserto, quem manda é o silêncio. Ele nos cala. E é ele que nos faz sentir o quão longe esta-mos de tudo o que conhecemos, e o quão perto estamos do que somos. “A Lua deve ser assim”, concordou Javi [...].

Sahara, em árabe, quer dizer deserto. Aqui, sente-se a vida mais longa, estirada – e as noites mais curtas. Impo-nentes e magistrais, as dunas nos intimidam. São gigantes de areia cujo tamanho não conseguimos decifrar. Dizem, porém, que algumas chegam a 150 metros de altura.

Em Nova York, a cidade mais populosa dos Estados Unidos, são os prédios que nos fazem sentir pequenos. Lá, as palavras “vazio”, “silencioso” ou “isolado” não têm vez. [...] Não ha um café despido de som ambiente, seja jazz, blues, hip-hop ou bossa-nova. Não há um táxi em que não haja uma rádio haitiana nas alturas ou um paquistanês con-versando pelo celular com um cidadão em Karachi. E uma cidade onde o silencio assusta; é como se algo estivesse errado. [...]

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Esta vastidão faz parte de poemas, lendas e batalhas dos tuaregues, povos tribais que até hoje fazem daqui a sua terra. É impressionante como eles sabem onde é norte, sul, e como calculam as distâncias se guiando pelas estrelas. É como se, para eles, tudo fosse sinalizado, como se hou-vesse placas por todos os lados neste mar de areia.

[...] Nesta noite, aqui no deserto, celebro dez anos do dia em que cheguei a Nova York. Dez anos. O tempo voou e eu nem percebi. Agora ele está congelado, petrificado. Iro-nicamente, foi preciso um deserto para tamanha façanha.

[...] Em Nova York, no auge do frio, ninguém vê a cara de ninguém. Nos escondemos debaixo de luvas, gorros e cachecóis – eu mesma, me enrolo até o nariz, só deixo os olhos de fora. A única notícia boa é saber que a tortura tem fim. Nos países do hemisfério norte não se fala em meses, fala-se em estações. Esta é uma forma incrível de marcar o tempo. Como será no deserto? Sei lá. Só sei que aqui, tenho tempo para pensar no tempo – no que passou, no que virá. Em Nova York, não há tempo para isso. Lá, tempo e luxo. Segundos são cronometrados, atrasos são pecados. Neste mundo de ponteiros, resta se jogar no gramado do Sheep Meadow, no Central Park, colocar o iPod no ouvido, devorar o New York Times e observar um bebê engatinhar. Momentos que fazem, nem que por poucos segundos, o tempo parar. Talvez tenhamos mesmo que aprender com estes “homens azuis”, que parecem viver como aquele soneto do velho Vini-cius: “Ando onde há espaço. Meu tempo é quando.”

MENAI, Tania. Tempos Modernos? Trip. São Paulo, ano 19, n.140, dez. 2005 (Fragmento).

25. (FUNCAB) Conforme o texto apresentado e correto afirmar que o silêncio:a. aponta a imensidão de Manhattan.b. intimida, por ser imponente e magistral.c. é um gigante que se consegue decifrar.d. ganha poder sobre os seres humanos.e. traça os mapas no Sahara.

GABARITO: d.

26. (FUNCAB) As palavras e expressões em destaque tem sentido conotativo, EXCETO:a. “Olhou para o teto de estrelas [...].”b. “[...] com seu doce sotaque madrilenho [...].”c. “Não se sabe onde nasce o céu [...].”d. “Aqui, sente-se a vida mais longa, estirada [...].”e. “São gigantes de areia[...].”

GABARITO: c.

27. (FUNCAB) Em “[...] placas por todos os lados neste mar de areia.”, a figura de linguagem predominante é:a. metáfora.b. pleonasmo.c. personificação.d. comparação.e. hipérbole.

GABARITO: e.

(FUNCAB) Leia o texto abaixo e responda às questões propostas.

Longo caminho

Referência em acessibilidade nos Jogos de Londres, a britânica Emily Yates se viu numa via-crúcis, com sua cadeira de rodas durante a passagem pelo Rio, no mês pas-sado. Para sair dos hotéis onde se hospedou, invariavel-mente contou com a ajuda de funcionários, que colocavam uma rampa nos degraus de entrada e ainda a auxiliavam na descida. Pegar táxi foi outra dificuldade frequente. Em geral, os motoristas recusavam a corrida porque o porta-malas do veículo era ocupado com o tanque de gás e não havia espaço para carregar a cadeira de rodas. Na avaliação de Emily, que está escrevendo um guia de turismo acessível sobre o Rio com vistas ao ciclo olímpico de 2016, ainda há muito por fazer nesse terreno. “A cidade tem muito a melho-rar em acessibilidade. Mesmo quando há rampas, elas são terríveis”, afirma ela, para depois atenuar: “Mas é impres-sionante a amabilidade do carioca, sempre com um sorriso oferecendo ajuda. Não fiquei desamparada em nenhuma situação”.

Paraplégica desde a infância em decorrência de um problema no cérebro, Emily ganhou notoriedade ao se tornar voluntária na Paralimpíada de Londres. Inicialmente, sua ideia era disputar o torneio de basquete, mas não foi convocada para a seleção e decidiu participar da compe-tição de outra forma. Acabou virando uma porta-voz sobre o tema da acessibilidade. Para seu espanto, o presidente do Comitê Organizador londrino, Sebastian Coe, citou em seu discurso na cerimônia de encerramento um diálogo que teve com Emily, ressaltando que o torneio serviu para “dis-sipar a nuvem de limitação” das pessoas com necessidades especiais. A referência a encorajou a procurá-lo semanas mais tarde com a ideia de escrever um guia de turismo com ênfase na acessibilidade para quem vem à competição de 2016, que deve trazer ao Rio mais de 4.000 atletas paralím-picos, boa parte deles com problemas de locomoção. Coe aprovou a ideia e viabilizou patrocinadores para o projeto, que já tem garantida a publicação em e-book na Inglaterra pela tradicional Rough Guide. O objetivo agora é conseguir financiadores para editar o livro em papel e traduzi-lo para outras línguas, entre elas o português.

Na primeira etapa da tarefa, em dezembro, Emily fez uma visita de vinte dias ao Rio e pôde avaliar determinados lugares. Além das praias, criticou a falta de infraestrutura para o cadeirante no Aeroporto Santos Dumont e no Trem do Corcovado. Em contrapartida, elogiou os acessos ao Pão de Açúcar. [...]

A Olimpíada é uma oportunidade de ouro para desen-cadear uma série de mudanças na cidade, da infraestrutura ao comportamento do cidadão. Assim ocorreu na capital inglesa, que revitalizou uma área urbana degradada e incre-mentou seu transporte público, entre outras benfeitorias. “Londres melhorou muito depois da Paralimpíada. Hoje entro e saio sozinha de qualquer estação do metrô”, diz Emily. [...]

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Ela planeja voltar depois da Copa do Mundo para dar sequ-ência a sua pesquisa e checar se houve algum avanço. “É uma pena que seja preciso uma estrangeira vir aqui apontar os problemas para que algo seja feito”, diz. “Mas é melhor do que nada acontecer”.

(Felipe Carneiro. in Veja Rio, 15.01.2014)

28. (FUNCAB) De acordo com a leitura do texto, pode-se afirmar que:a. as dificuldades de locomoção enfrentadas por Emi-

ly Yates no Rio se deveram à intolerância da socie-dade para com os cadeirantes.

b. grandes eventos como Jogos Olímpicos e Copas do Mundo acabam por acarretar melhorias nas ci-dades que os sediam.

c. o fato de ver desfeito o sonho de participar da Pa-ralimpíada revoltou a londrina que resolveu, então, apontar os problemas que impedem um cadeirante de participar de jogos olímpicos.

d. guias turísticos como o escrito pela londrina Emily Yates acabam por facilitar a acessibilidade de ca-deirantes, porque sensibilizam a sociedade.

e. várias autoridades internacionais se comoveram com o drama da londrina e a incentivaram a tra-balhar em prol de pessoas com necessidades es-peciais.

GABARITO: b.

29. (FUNCAB) No primeiro parágrafo do texto, a que se refere o termo destacado em: “[...] ainda há muito por fazer nesse terreno.”?a. solidariedade dos brasileiros com relação aos ca-

deirantes.b. acessibilidade das pessoas com necessidades es-

peciais.c. obras nos estádios em que se darão os jogos pa-

ralímpicos.d. guia de turismo que Emily Yates está escrevendo.e. transporte público para pessoas com necessidades

especiais.

GABARITO: b.

30. (FUNCAB) Assinale a opção em que a palavra desta-cada foi empregada em sentido conotativo.

a. “[...] ‘dissipar a nuvem de limitação’ das pessoas [...]”

b. “Para sair dos hotéis onde se hospedou [...]”c. “[...] colocavam uma rampa nos degraus de entra-

da [...]”d. “Paraplégica desde a infância em decorrência de

um problema no cérebro [...]”e. “[...] conseguir financiadores para editar o livro em

papel [...]”

GABARITO: d.

(FUNCAB) Leia o texto abaixo e responda às questões propostas.

A hora da estrela

Maio, mês das borboletas noivas flutuando em brancos véus. Sua exclamação talvez tivesse sido um prenúncio do que ia acontecer no final da tarde

desse mesmo dia: no meio da chuva abundante encon-trou (explosão) a primeira espécie de namorado de sua vida, o coração batendo como se ela tivesse englutido um pas-sarinho esvoaçante e preso. O rapaz e ela se olharam por entre a chuva e se reconheceram como dois nordestinos, bichos da mesma espécie que se farejam. Ele a olhara enxu-gando o rosto molhado com as mãos. E a moça, bastou-lhe vê-lo pra torná-lo imediatamente sua goiabada-com-queijo.

Ele...Ele se aproximou e com voz cantante de nordestino

que a emocionou, perguntou-lhe:– E se me desculpe, senhorinha, posso convidar a pas-

sear? [...]Eles não sabiam como se passeia. Andaram sob a

chuva grossa e pararam diante da vitrine de uma loja de fer-ragem onde estavam expostos atrás do vidro canos, latas, parafusos grandes e pregos. [...]

Da segunda vez em que se encontraram caía uma chuva fininha que ensopava os ossos. Sem nem ao menos se darem as mãos caminhavam na chuva

que na cara de Macabéa parecia lágrimas escorrendo.Da terceira vez que se encontraram – pois não é que

estava chovendo? – o rapaz, irritado e perdendo o leve verniz de finura que o padrasto a

custo lhe ensinara, disse-lhe:– Você também só sabe é chover!– Desculpe.Mas ela já o amava tanto que não sabia mais como se

livrar dele, estava em desespero de amor.Numa das vezes em que se encontraram ela afinal per-

guntou-lhe o nome.– Olímpico de Jesus Moreira Chaves – mentiu ele

porque tinha como sobrenome apenas o de Jesus, sobre-nome dos que não têm pai. Fora criado por um padrasto que lhe ensinara o modo fino de tratar pessoas para se aprovei-tar delas e lhe ensinara como pegar mulher.[...]

Olímpico de Jesus trabalhava de operário numa meta-lúrgica e ela nem notou que ele não se chamava de “ope-rário” e sim de “metalúrgico”. Macabéa ficava contente com a posição social dele porque também tinha orgulho de ser datilógrafa, embora ganhasse menos que o salário mínimo. Mas ela e Olímpico eram alguém no mundo. “Metalúrgico” e “datilógrafa” formavam um casal de classe. [...]

• englutido: engolido

LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p. 42-45. (Fragmento)

31. (FUNCAB) Das alternativas abaixo, assinale a que apresenta um trecho do texto que revela os sentimen-tos de Macabéa por Olímpico.

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a. “[...] o coração batendo como se ela tivesse engluti-do um passarinho esvoaçante e preso.” (1º parág.)

b. “[...] Sua exclamação talvez tivesse sido um pre-núncio do que ia acontecer no final da tarde desse mesmo dia [...]” (1º parág.)

c. “Eles não sabiam como se passeia. [...]” (5º parág.)d. “Maio, mês das borboletas noivas flutuando em

brancos véus. [...]” (1º parág.)e. “Numa das vezes em que se encontraram ela afinal

perguntou-lhe o nome.” (11º parág.)

GABARITO: a.

32. (FUNCAB) Nos três primeiros encontros dos dois jo-vens estava chovendo. A repetição desse fato provoca no leitor a sensação de:a. aconchego.b. relação harmoniosa.c. desagradável melancolia.d. afeto.e. equilíbrio amoroso.

GABARITO: c.

33. (FUNCAB) A ingenuidade de Macabéa é uma de suas características mais marcantes. Sobre como isso fica evidente no último parágrafo, analise as afirmativas a seguir.

I – Macabéa considera que ela e Olímpico formavam um casal de classe em razão da posição social que tinham.

II – O fato de Olímpico não se chamar de operário, pois ele trabalhava honestamente.

III – Ela acreditava que uma datilógrafa e um metalúrgi-co “eram alguém no mundo”.

Está(ão) correta(s) somente as afirmativas:a. I.b. II.c. III.d. I e II.e. I e III.

GABARITO: e.

34. (FUNCAB) A figura de linguagem presente em “[...] e se reconheceram como dois nordestinos [...]” (1º parág.) é:a. prosopopeia.b. comparação.c. sinestesia.d. hipérbole.e. metáfora.

GABARITO: b.

(FUNCAB) Leia o texto abaixo e responda às questões propostas.

Nosso espaço

Já somos 6 bilhões, não contando o milhão e pouco que nasceu desde o começo desta frase. Se fosse um pla-

neta bem administrado isto não assustaria tanto. Mas é, além de tudo, um lugar mal frequentado. Temos a ferti-lidade de coelhos e o caráter de chacais, que, como se sabe, são animais sem qualquer espírito de solidariedade. As megacidades, que um dia foram símbolos da felicidade bem distribuída que a ciência e a técnica nos trariam – um helicóptero em cada garagem e caloria sintética para todos, segundo as projeções futuristas de anos atrás –, se transformaram em representações da injustiça sem remédio, cidadelas de privilégio cercadas de miséria, uma réplica exata do mundo feudal, só que com monóxido de carbono.

Nosso futuro é a aglomeração urbana e as socieda-des se dividem entre as que se preparam – consciente-mente ou não – para um mundo desigual e apertado e as que confiam que as cidadelas resistirão às hordas sem espaço. Os jornais ficaram mais estreitos para economizar papel, mas também porque diminui a área para expansão dos nossos cotovelos. Chegaremos ao tabloide radical, duas ou três colunas magras onde tudo terá de ser dito com concisão desesperada. Adeus advérbios de modo e frases longas, adeus frivolidades e divagações superficiais como esta. A tendência de tudo feito pelo homem é para a diminuição – dos telefones e computadores portáteis aos assentos na classe econômica. O próprio ser humano trata de perder volume, não por razões estéticas ou de saúde, mas para poder caber no mundo.

No Japão, onde muita gente convive há anos com pouco lugar, o espaço é sagrado. Surpreende a extensão dos jardins do palácio imperial no centro de Tóquio, uma cidade onde nem milionário costuma ter mais de dois quar-tos, o que dirá um quintal. É que o espaço é a suprema deferência japonesa. O imperador sacralizado é ele e sua imensa circunstância.

Já nos Estados Unidos, reverencia-se o espaço com o desperdício. Para entender os americanos você precisa entender a sua classificação de camas de acordo com o tamanho: queen size, tamanho rainha, king size, para reis, e, era inevitável, emperor size, do tamanho de jardins impe-riais. É o espaço como suprema ostentação, pois – a não ser para orgias e piqueniques – nada é mais supérfluo do que espaço sobrando numa cama, exatamente o lugar onde não se vai a lugar algum.

Os americanos ainda não se deram conta de que, quando chegar o dia em que haverá chineses embaixo de todas as camas do mundo, quanto maior a cama, mais chineses.

VERÍSSIMO, Luis Fernando. (<www.sinprors.org.br/extraclasse/verissimo.asp>)

35. (FUNCAB) De acordo com o texto, apenas uma das alternativas abaixo é verdadeira. Assinale-a.a. A única característica que diferencia o período feu-

dal dos tempos atuais é a grande quantidade de monóxido de carbono que havia naquela época.

b. Um dos problemas mais graves que enfrentamos é o elevado índice populacional e a falta de solidarie-dade entre as pessoas.

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c. As grandes cidades, onde se encontram tecnologia de ponta e desenvolvimento científico, represen-tam o espaço de maior prosperidade.

d. Segundo o autor do texto, os japoneses, represen-tados pela figura do imperador, é o povo que me-lhor convive com o excesso de espaço físico.

e. Ao comparar Japão e Estados Unidos, o autor de-monstra sua admiração pela maneira com que os americanos se relacionam com o espaço físico.

GABARITO: b.

36. (FUNCAB) Em qual dos trechos abaixo, o autor emite um julgamento de valor a respeito de sua própria pro-dução escrita?a. “Já somos 6 bilhões, não contando o milhão e pou-

co que nasceu desde o começo desta frase.”b. “Mas é, além de tudo, um lugar mal frequentado.”c. “Adeus advérbios de modo e frases longas, adeus

frivolidades e divagações superficiais como esta.”d. “Para entender os americanos você precisa enten-

der a sua classificação de camas de acordo com o tamanho [...]”

e. “Chegaremos ao tabloide radical, duas ou três co-lunas magras onde tudo terá de ser dito com conci-são desesperada.”

GABARITO: c.

37. (FUNCAB) Que opção apresenta, respectivamente, os sinônimos das palavras destacadas nos trechos abaixo?

“[...] e as que confiam que as cidadelas resistirão às hordas sem espaço.”“É que o espaço é a suprema deferência japonesa.”“É o espaço como suprema ostentação [...]”

a. limites – variedade – respeito.b. cidades – divergência – habilidade.c. pessoas carentes – orgulho – imposição.d. bando indisciplinado – reverência – exibição.e. malfeitores – displicência – grandeza.

GABARITO: d.

38. (FUNCAB) O autor desenvolve sua tese com frases carregadas de ironia. Dentre as opções abaixo, iden-tifique o trecho em que se observa claramente essa figura de linguagem.a. “O próprio ser humano trata de perder volume, não

por razões estéticas ou de saúde, mas para poder caber no mundo.”

b. “No Japão, onde muita gente convive há anos com pouco lugar, o espaço é sagrado”.

c. “É que o espaço é a suprema deferência japonesa.”

d. “Nosso futuro é a aglomeração urbana e as so-ciedades se dividem entre as que se preparam – conscientemente ou não – para um mundo desi-gual e apertado e as que confiam que as cidadelas resistirão às hordas sem espaço.”

e. “Surpreende a extensão dos jardins do palácio im-perial no centro de Tóquio, uma cidade onde nem milionário costuma ter mais de dois quartos [...]”

GABARITO: a.GÊNEROS TEXTUAIS

É uma categoria de composição escrita. A classificação das obras pode ser feita de acordo com critérios semânticos, sintáticos, fonológicos, formais, contextuais e outros. A dis-tinções entre os gêneros e categorias são flexíveis, muitas vezes com subgrupos. Podem ser tanto literários quanto não-literários(informativos).

I – Concepção Antiga (IV a.C. – XVIII)

1. Lírico: produção literária, faz-se, na maioria das vezes, em versos e explora a musicalidade das palavras. É importante ressaltar que o gênero lírico trabalha bas-tante com as emoções, explorando os sentimentos.

1.1. Balada: poema narrativo de tema lendário e cará-ter melancólico.1.2. Idílio: em linguagem figurada, pode ser definido como sonho, fantasia, devaneio ou algum entreteni-mento amoroso. Não muito extensos, os idílios pas-sam-se entre pastores e pessoas do povo. Tratam de muitos temas, tais como a juventude, a época, a poe-sia e o amor.1.3. Elegia: é um texto de lamentação, de exaltação à morte de alguém, sendo que a morte é elevada como o ponto máximo do texto.1.4. Eptalâmio: é um texto relativo às noites nupciais líricas, ou seja, noites românticas com poemas e can-tigas.1.5. Bucólica: elogio à vida campestre e pastoril, à simplicidade, à ingenuidade.1.6. Hino: pode ser de espírito religioso, escrito espe-cificamente para louvor ou adoração tipicamente en-dereçado a um deus ou outra personalidade. Além dos hinos religiosos, existem hinos patrióticos, desportivos e outros.1.7. Sátira: é um texto de caráter ridicularizador, po-dendo ser também uma crítica indireta a algum fato ou a alguém.

2. Épico: produção literária, o texto épico relata fatos his-tóricos realizados pelos seres humanos no passado. É relatar um enredo, sendo ele imaginário ou não, situado em tempo e lugar determinados, envolvendo uma ou mais personagens, e assim o faz de diversas formas.• Epopeia: é uma narrativa em versos que apresenta

com maior qualidade os fatos originalmente conta-dos em versos. Os elementos dessa narrativa apre-sentam estas características: personagens, tempo, espaço, ação. Também pode conter factos heroicos muitas vezes transcorridos durante guerras.

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Fonte: <http://lutrevejo.blogspot.com>.

3. Dramático: é composto de textos que foram escritos para serem encenados em forma de peça de teatro. Para o texto dramático se tornar uma peça, ele deve primeiro ser transformado em um roteiro, para depois poder ser transformado então do gênero espeta. É muito difícil ter definição de texto dramático que o dife-rencie dos demais gêneros textuais, já que existe uma tendência atual muito grande em teatralizar qualquer tipo de texto.3.1. Tragédia: representa um fato trágico e tende a pro-vocar compaixão e terror.3.2. Comédia: é o uso de humor nas artes cênicas. Também pode significar um espetáculo que recorre in-tensivamente ao humor. De forma geral, “comédia” é o que é engraçado, que faz rir.3.3. Tragicomédia: é um subgênero teatral que alterna ou mistura comédia, tragédia, farsa, melodrama etc.3.4. Drama: de caráter “sério”, não cômico, que apre-senta um desenvolvimento de fatos e circunstâncias compatíveis com os da vida real.3.5. Farsa: é um gênero teatral que mistura comédia e crítica social dos comportamentos desviantes. 3.6. Auto: de linguagem simples, os autos, em sua maioria, têm elementos cômicos e intenção moraliza-dora. Suas personagens simbolizam as virtudes, os pe-cados, ou representam anjos, demônios e santos.

4. Crônica: uma das mais famosas crônicas da história da literatura luso-brasileira corresponde à definição de crônica como “narração histórica” – é a “Carta de Acha-mento do Brasil”. Escrita por Pero Vaz de Caminha, são narrados ao rei português, D. Manuel, o descobrimento do Brasil e como foram os primeiros dias que os mari-nheiros portugueses passaram aqui.

5. Discurso: produção não literária, é uma exposição metódica sobre certo assunto; um conjunto de ideias organizadas por meio da linguagem de forma a influir no raciocínio, ou quando menos, nos sentimentos do ouvinte ou leitor. Os discursos de Adolf Hitler são um exemplo de procedimento retórico orientado para a mobilização dos ouvintes.

6. Produções de Ensinamento:6.1. Parábola: significa narrativa curta, tendo por ca-racterística ser protagonizada por seres humanos e

possuir sempre uma razão moral que pode ser tanto implícita como explícita. Ao longo dos tempos vem sendo utilizada para ilustrar lições de ética por vias simbólicas ou indiretas.6.2. Fábula: é uma narrativa inverossímil, com fundo didático, um conjunto de pequenas histórias, de cará-ter moral e alegórico, cujos papéis principais eram de-senvolvidos por animais. Por meio dos diálogos entre os bichos e das situações que os envolviam, ele procu-rava transmitir sabedoria de caráter moral ao homem. Assim, os animais, nas fábulas, tornam-se exemplos para os seres humanos, onde cada animal simboliza algum aspecto ou qualidade do homem. 6.3. Lenda: é uma narrativa fantasiosa transmitida pela tradição oral através dos tempos. De caráter fan-tástico e/ou fictício, as lendas combinam fatos reais e históricos com fatos irreais que são meramente produ-to da imaginação aventuresca humana.6.4. Mito: é uma narrativa de caráter simbólico, rela-cionada a uma dada cultura. O mito procura explicar a realidade, os fenômenos naturais, as origens do Mun-do e do homem por meio de deuses, semi-deuses e heróis. Ao mito está associado o rito. O rito é o modo de se pôr em ação o mito na vida do homem – em ce-rimônias, danças, orações e sacrifícios.

Fonte: <http://diariodos3mosqueteiros.blogspot.com>.

II – Concepção Moderna

1. Poesia: é uma das sete artes tradicionais, pela qual a linguagem humana é utilizada com fins estéticos, ou seja, ela retrata algo que tudo pode acontecer depen-dendo da imaginação do autor como a do leitor. A poesia compreende aspectos metafísicos (no sentido de sua imaterialidade) e da possibilidade de esses ele-mentos transcenderem ao mundo fático. Para não haver dúvidas: o poema é um objeto literário

com existência material concreta, a poesia tem um carácter imaterial e transcendente.

1.1. Poema lírico: expressa emoções.1.2. Poema engajado: faz denúncias, geralmente so-ciais.1.3. Poema bucólico: exalta a vida no campo.

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1.4. Poema-piada: uma piada em forma de versos.1.5. Poema-pílula: tem linguagem dinâmica e irônica, com versos pequenos e concisos no significado. 1.6. Poema narrativo: caracteriza-se como a manifes-tação literária em verso na qual se realiza a narração ficcional de fatos ou de ações.

2. Teatro: é uma forma de arte em que um ator ou con-junto de atores, interpreta uma história ou atividades para o público em um determinado lugar.

3. Narrativa: é uma produção literária que costuma se apresentar em forma de prosa.3.1. Romance: há um paralelo de várias ações. No ro-mance, uma personagem pode surgir em meio a histó-ria e desaparecer depois de cumprir sua função.3.2. Novela: há uma concatenação de ações individua-lizadas. É uma narração em prosa de menor extensão do que o romance. Em comparação ao romance, pode--se dizer que a novela apresenta uma maior economia de recursos narrativos; em comparação ao conto, um maior desenvolvimento de enredo e personagens. A no-vela seria, então uma forma intermediária entre o conto e o romance, caracterizada, em geral, por uma narrati-va de extensão média na qual toda a ação acompanha a trajetória de um único personagem (o romance, em geral, apresenta diversas tramas e linhas narrativas).3.3. Conto: é uma obra de ficção que cria um universo de seres e acontecimentos, de fantasia ou imaginação. O conto tem uma estrutura fechada. Nessa narrativa, é melhor não dizer o suficiente do que dizer demais; para não dizer demais é melhor, então, “sugerir” como se tivesse de haver um certo “silêncio” entremeando o texto, sustentando a intriga, mantendo a tensão.3.4. Crônica:

3.4.1. literária: publicada em jornal ou revista onde é publicada, destina-se à leitura diária ou semanal e trata de acontecimentos cotidianos. A crônica se diferencia no jornal por não buscar exatidão da informação. Diferente da notícia, que procura relatar os fatos que acontecem, a crônica os analisa, dá-lhes um colorido emocional, mos-trando aos olhos do leitor uma situação comum, vista por outro ângulo, singular.3.4.2. jornalística: o leitor pressuposto da crônica é urbano e, em princípio, um leitor de jornal ou de revista. A preocupação com esse leitor é que faz com que, dentre os assuntos tratados, o cronista dê maior atenção aos problemas do modo de vida urbano, do mundo contemporâneo, dos pequenos acontecimentos do dia a dia comuns nas grandes cidades, criticando-os e denunciando o comporta-mento do homem social.

3.5. Fábula: uma aglomeração de composições lite-rárias em que os personagens são animais que apre-sentam características humanas, tais como a fala, os costumes etc. Tais histórias terminam com um ensina-mento moral de caráter instrutivo. É um gênero muito versátil, pois permite diversas maneiras de se abordar determinado assunto.

3.6. Apólogo: é uma narrativa que busca ilustrar lições de sabedoria ou ética, através do uso de personalida-des de índole diversa, imaginárias ou reais, com perso-nagens inanimados.

TIPOLOGIA TEXTUAL

1. Descrição: consiste na caracterização de pessoas, objetos ou lugares, particularizando o que se deseja ser ressaltado. Uma descrição completa inclui distin-ções sutis úteis para distinguir uma coisa de outra. A descrição caracteriza-se por ser um “retrato verbal” de pessoas, objetos, animais, sentimentos, cenas ou ambientes.

2. Narração/Prosa: tem por objetivo contar uma história real, fictícia ou mesclando dados reais e imaginários. Baseia-se numa evolução de acontecimentos, mesmo que não mantenham relação de linearidade com o tempo real. Sendo assim, está pautada em verbos de ação e conectores temporais.

3. Dissertação: é uma produção textual baseada em estudo teórico de natureza reflexiva, que consiste na ordenação de ideias sobre um determinado tema. Na dissertação, pode-se também Dissertar é debater, dis-cutir, questionar, expressar ponto de vista, qualquer que seja. É desenvolver um raciocínio, desenvolver argumentos que fundamentem posições. É polemizar, inclusive, com opiniões e com argumentos contrá-rios aos nossos. É estabelecer relações de causa e consequência, é dar exemplos, é tirar conclusões, é apresentar um texto com organização lógica das ideias.3.1. Exposição: na dissertação expositiva, é apresen-tada uma ideia, uma doutrina que expõe o que outros pensam sobre o tema ou assunto. Geralmente se faz a amplificação da ideia central, demonstrando sua natu-reza, antecedentes, causas próximas ou remotas, con-sequências ou exemplos. 3.2. Argumentação: na dissertação argumentati-va, o autor quer provar a veracidade ou a falsidade de ideias; pretende convencer o leitor ou ouvinte, dirige-se a seu raciocíneo através de argumentos, de provas evi-dentes, de testemunhas. 3.3. Exposição e Argumentação: tanto apresenta a ideia, quanto pretende convencer o leitor.

Fonte: <http://letraseexpressao.blogspot.com>.

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ELEMENTOS DA NARRATIVA

1. Narrador:1.1. Observador: é o que presencia a história, mas que não tem a visão de tudo, e sim, apenas de um ângulo. Comporta-se como uma testemunha dos fatos relata-dos, mas não faz parte de nenhum deles, e a sua única atitude é a de reproduzir as ações que enxerga a partir do seu ângulo de visão. Não participa das ações nem tem conhecimento a respeito da vida, pensamentos, sentimentos ou personalidade das personagens.1.2. Onisciente: é aquele que sabe de tudo. Há vários tipos de narrador onisciente, mas podemos dizer que são chamados assim porque conhecem todos os as-pectos da história e de seus personagens. Pode, por exemplo, descrever sentimentos e pensamentos das personagens, assim como pode descrever coisas que acontecem em dois locais ao mesmo tempo.

2. Pessoa da narrativa:2.1. 1ª pessoa: o narrador participa dos acontecimen-tos; é, assim, um personagem com dupla função: o personagem-narrador. Pode ter uma participação se-cundária nos acontecimentos, destacando-se, desse modo, seu papel de narrador, ou ter importância funda-mental, sendo mesmo o personagem principal. Nesse caso, a narração em primeira pessoa permite ao autor penetrar e desvendar com maior riqueza o mundo psi-cológico do personagem. 2.2. 3ª pessoa: o narrador está fora dos acontecimen-tos, contando uma história da qual não participa.

3. Personagem:3.1. Plana: a personagem plana comporta-se da mes-ma forma previsível ao longo de toda a narrativa. 3.2. Redonda: dotada de densidade psicológica, capaz de alterar o seu comportamento e, por conseguinte, de evoluir ao longo da narrativa.

4. Valor da personagem:

Fonte: <http://correiodeuberlandia.com.br>.

4.1. Principal:4.1.1. Protagonista: desempenha um papel cen-tral, a sua actuação é fundamental para o desen-volvimento da ação. 4.1.2. Antagonista: opositor; adversário. Perso-nagem que é contra a ação.

4.2. Secundária: assume um papel de menor relevo que o principal, sendo ainda importante para o desen-rolar da acção.

5. Discurso:

Fonte: <http://algosobre.com.br>.

5.1. Direto: o narrador transcreve as palavras da pró-pria personagem. Para tanto, recomenda-se o uso de algumas notações gráficas que marquem tais falas: travessão, dois pontos, aspas. Mais modernamente al-guns autores não fazem uso desses recursos.5.2. Indireto: apresenta as palavras das personagens através do narrador que reproduz uma síntese do que ouviu, podendo suprimir ou modificar o que achar ne-cessário. A estruturação desse discurso não carece de marcações gráficas especiais, uma vez que sempre é o narrador que detém a palavra. Usualmente, a estrutura traz verbo e oração subordinada substantiva com verbo num tempo passado em relação à fala da personagem.5.3. Indireto-livre: é usado como uma estrutura bas-tante informal de colocar frases soltas, sem identifica-ção de quem a proferiu, em meio ao texto. Traz, muitas vezes, um pensamento do personagem ou do narrador, um juízo de valor ou opinião, um questionamento re-ferente a algo mencionado no texto ou algo parecido.

6. Enredo:6.1. Cronológico: determinado pela sucessão cronoló-gica dos acontecimentos narrados.6.2. Psicológico: é um tempo subjetivo, vivido ou sen-tido pelo narrador, que flui em consonância com o seu estado de espírito.

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7. Tempo: refere-se à época ou momento histórico em que a ação se desenrola.

8. Espaço/Ambiente:8.1. Físico: é o espaço real, que serve de cenário à ação, onde as personagens se movem. 8.2. Imaginário: espaço interior da personagem, abar-cando as suas vivências, os seus pensamentos e sen-timentos, podendo ser fantasioso.

9. Clímax: é o ponto alto de tensão do drama. O clímax ocorre a partir do desenvolvimento de um conflito, imediatamente antes do desfecho. É o momento mais perigoso do herói, a crise mais iminente do protago-nista, o mais delicado ponto do conflito, onde não se sabe para que lado a história penderá.

10. Desfecho: é como os fatos (situação) se resolvem no final da narrativa. Pode ou não apresentar a resolução do conflito.

E X E R C Í C I O S

1. (CESGRANRIO)

Amar é...Noite de chuva

Debaixo das cobertasAs descobertas

(Ricardo Silvestrin)

De acordo com a tipologia textual, o texto éa. a) descritivo.b. b) expositivo.c. c) argumentativo.d. d) injuntivo.e. e) narrativo.

GABARITO: a.

2. (IBFC) Considere o trecho do texto de Celso Ming e as afirmações abaixo.

Ontem, o IPCA-15 (medido em 30 dias terminados no dia 15 de cada mês) veio muito acima do esperado: avanço de 0,33% em julho, contra 0,18% em junho.

Os números parecem baixos. O que preocupa é o que está por trás deles. Já dá para identificar, por exemplo, nova pressão sobre os preços dos alimentos. A origem disso está no Meio-Oeste dos Estados Unidos, o maior cinturão pro-dutor de grãos do mundo, que enfrenta a mais séria seca desde 1956.

Em apenas 30 dias (até ontem), as cotações do milho na Bolsa de Chicago sofreram um rali de 54%; as do trigo, 48%; e as da soja, 30%.

I – O autor utiliza-se de argumentos com base no real.II – Trata-se de um texto meramente expositivo, sem

posicionamento do autor.

Está correto o que se afirma em:a. somente I. b. somente II. c. I e II. d. nenhuma.

GABARITO: a.

(CESPE)

erro de português

Quando o português chegouDebaixo duma bruta chuva

Vestiu o índio

Que pena!Fosse uma manhã de sol

O índio tinha despido o português.(Oswald de Andrade)

Tendo por referência o poema anterior, responda às questões 03, 04 e 05.

3. (CESPE) De acordo com o texto, julgue os itens.1) A palavra “erro” aparece apenas uma vez, mas

está com dois sentidos no texto; um aplica-se ape-nas ao título e o outro, ao poema propriamente dito.

2) O terceiro verso significa que, chocados com a nu-dez dos índios, os portugueses lhes deram roupas.

3) O contraste entre a primeira e a segunda partes do poema mostra que, se a situação fosse diferente, se estivesse fazendo sol, os portugueses teriam ti-rado a roupa.

4) O autor utilizou uma expressão para deixar claro que lamenta o que os portugueses fizeram aos ín-dios.

5) Os substantivos “português” e “índio” são usados no singular e, como tal, têm, no texto, sentido de singular.

GABARITO: C, C, E, C, E.

4. (CESPE) A respeito do texto erro de português, assinale a opção em que a interpretação dada está incorreta.a. O primeiro verso está se referindo ao descobrimen-

to do Brasil.b. O autor deve ter-se fundamentado em dados histó-

ricos para dizer que estava chovendo quando es-ses fatos ocorreram.

c. O autor levanta a hipótese da inversão dos fatos históricos.

d. O terceiro verso é uma referência à colonização do Brasil pelos portugueses.

e. O poeta tem a intenção de praticamente ratificar as piadas que os brasileiros contam a respeito dos portugueses.

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GABARITO: e.

5. (CESPE) Ainda a respeito do texto erro de português, assinale a opção incorreta.a. O autor não segue as normas prescritas para a lín-

gua portuguesa.b. No poema, foram colocadas marcas características

da língua oral na escolha de algumas palavras.c. O autor cometeu um erro ao não usar letra maiús-

cula no início do título.d. A palavra “português” aparece duas vezes com ar-

tigo (no primeiro e no último versos) e uma vez sem artigo, no título. A falta de artigo trouxe ambiguida-de para essa palavra.

e. A proximidade de “Vestiu” (verso 3) e “tinha despi-do” (verso 6) traz para o texto um figura de estilo denominada antítese.

GABARITO: c.

A maioria das crianças ao completarem 11 anos espe-ravam uma coisa em comum, uma coisa que elas sabiam que nunca iria chegar, mas mesmo assim nunca perde-ram a esperança, uma coisa que mudaria a vida delas para sempre, e esperavam, com todo o coração, receber aquela carta, selada com um vermelho brasão, que nele havia um corvo, um texugo, um leão e uma cobra, e um grande ‘’H’’ no meio, e depois disso, ouvir a frase “Você é um bruxo!”. Como sabemos, isso realmente nunca aconteceu com nin-guém, mas pare pra pensar, isso nunca aconteceu mesmo? Afinal, quem estava com Harry quando ele derrotou o bruxo mais temido da historia? Quem o viu crescer no armário sob as escadas e ser maltratado pelos tios, até receber a carta que mudaria sua vida inteira? Você. Quem o viu embarca na plataforma nove três quartos, e lá conhecer seus futuros melhores amigos, Ron e Hermione? Quem o viu escolher a ir para a Grifinória? Você, você estava lá. Você estava com Harry, quando ele viu seus pais no espelho de Ojesed.

Um ano depois, você acompanhou Harry a entrar na câmara secreta, salvar a sua futura esposa e a escola inteira. Depois, você recebeu o Mapa Do Maroto dos gêmeos Weas-ley, e reencontrou seu padrinho, se lembra? Depois, você presenciou a aparição da Marca Negra no meio da Copa Mundial de Quadribol, e viu seu nome saindo das chamas azuis do Cálice de Fogo, e bem na sua frente viu o Lorde Das Trevas renascer, com o sangue de Harry, e Cedrico morto no chão. Você se rebelou com Harry contra as regras da ditadora Umbridge, e fundar a Armada de Dumbledore, e ouvir a profecia, e abraçar Sirius pela última vez, você estava lá. Você descobriu junto com Harry e Dumbledore, sobre as relíquias da morte, você os ajudou a achá-las, você mergulhou no passado do seu maior inimigo e viu Dumble-dore, o maior bruxo de todos os tempos, cair da Torre de Astronomia, morto. Se lembra quando deixou a Rua dos Alfeneiros, de número 4, em Little Whitning, pela ultima vez? E viu sua companheira de anos ser atingida por um feitiço, e morrer depois de cair da moto de Sirius com Hagrid? E aquela frase: ‘’O Ministério caiu, o Ministro da Magia está morto. Eles estão vindo’’, e saber que, não voltaria á sua verdadeira casa, ao lugar que pertencia, porque tinha algo

maior em jogo, não sua própria vida, mas seu mundo todo, seus amigos? Você estava lá, quando Harry andou em dire-ção a sua morte, e momentos depois sentiu a brisa da vitória do bem. Você sentiu a dor de ver, parte de seus amigos, com a honra ferida, perdas dolorosas; Fred, Lupin, Tonks, Sirius, Severo, Dumbledore, seus pais. Você estava lá, ao lado de Harry.

A luta do bem contra mal, o verdadeiro valor da ami-zade, a coragem, e o amor. Coisas que sem essa carta, que na verdade, é mais do que uma carta, são 7 cartas ao todo, você não teria presenciado. Porque é nisso, que para muitos, principalmente para mim, me ensinaram, os verda-deiros valores da vida. Meus melhores amigos, Harry, Ron e Hermione. Porque você nunca chegou a pensar, que have-ria um final, mesmo sabendo que tudo, algum dia acaba, a verdadeira magia esta dentro de nós, afinal, ela só existe, pra quem nela acredita. Essa é a nossa carta de Hogwarts, esse é o nosso trem, que nunca tem hora pra partir, essa é nossa infância. E quem queremos enganar, nada vai ser igual. Nós não podemos deixar essa mágica morrer. Mas isso não significa que não podemos abrir nosso mundo a qualquer hora, afinal, ele está lá na nossa prateleira, espe-rando, caso você queira voltar, e voltar. Tudo estava bem. Malfeito, feito.

(Complexo De Cinderela, ou Marina, que esteve com Harry, até o fim, em: http://complexodecinderela.tumblr.

com)

Tendo por referência o texto acima, de Marina, bem como todo o conteúdo sobre gêneros, conotação/denotação e plurissignificação de linguagem, responda às questões 06, 07, 08 e 09.

6. Julgue os itens seguintes:

1) No primeiro parágrafo do texto de Marina, a narra-dora, após três perguntas sobre a trama das his-tórias de Harry Potter, responde com um incisivo “Você”. Ao responder as próprias perguntas que faz, ele insere o leitor como participante da trama trazida pela obra. Tal envolvimento registra que tais histórias trazem a “função liberadora do eu” como uma das presentes nos livros.

2) Ao trazer mistério e fantasia, uma obra literária per-de seu poder cognitivo, tornando-se, assim, uma produção artística de valor somente lúdico.

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3) Ao iniciar o segundo parágrafo, a narradora con-tinua a inserir o leitor como participante da trama, mas, logo no segundo período, ela o transforma no próprio protagonista, atribuindo-lhe os feitos e sen-sações de vivência das histórias. Fazendo isso, ele reafirma o poder emotivo de uma produção escrita, que mais do que dar instantes de evasão ao leitor, podem levá-lo a experimentar sensações de catar-se e entorpecimentos, que são comuns a toda e qualquer obra literária.

4) No terceiro parágrafo, a narradora deixa claro acreditar no poder da magia, como algo não aliado somente à fantasia, mas mais do que isso, como a crença em sentimentos virtuosos e que tanto a ensinaram quanto a fizeram crescer como ser hu-mano.

5) O registro de melhora como pessoa, confessado pela narradora, comprova a cognição que sempre acompanha as produções literárias e o propósito dessas em contribuir para a aquisição de conheci-mento para o leitor.

6) No terceiro parágrafo, quando a narradora afirma “esse é o nosso trem”, ela utiliza tal metáfora com a finalidade de figurar a infância: época da vida em constante movimento e direcionada a descobertas e aventuras, contudo, claramente perigosa e sem destino certo.

7) O texto de Marina tem como funções da linguagem a referencial e a conativa, pelo conteúdo informa-tivo nele presente e por sua intenção e direciona-mento apelativo.

8) Apesar de possuir forte intertextualidade com a sé-rie da escritora britânica J. K. Rowling, Marina mes-cla denotação e conotação ao escrever um texto com marcas expressivas de emoção e, ao mesmo tempo, com informações.

9) No primeiro parágrafo, a expressão “com todo o coração” é uma metonímia, por representar a parte – coração – como sendo o todo – a pessoa.

10) No terceiro parágrafo, o período “Nós não podemos deixar essa mágica morrer.” tem a função poética como predominância, já que o foco da narradora está no apelo que ela faz ao leitor quanto à necessidade de perpetuar a fantasia à vida adulta.

11) No texto em análise, a preocupação em atingir a emoção do leitor se evidencia no modo verbal utili-zado com repetição – imperativo –, nas expressões em negrito e nas referências intertextuais à série citada, o que acaba por provocar uma catarse lite-rária naqueles que o leem, ao verificarem que sua espera pela “carta” que deveriam receber aos 11 anos de idade chegou ao fim sem a concretização do sonho infantil.

12) A autora – Marina – utiliza uma expressão ao as-sinar o texto, que traz a inferência de haver feito a leitura completa da série citada – 7 livros.

13) Ao assinar, registrar que acompanhou o protago-nista até o fim acaba sendo uma contradição com a forma que se apoderou para escrever o segundo parágrafo, onde a narradora se coloca no lugar do

próprio herói. Essa apropriação confirma o poder sintonizador da trama, mas, ao mesmo tempo, di-minui seu valor literário.

14) Em “Malfeito feito” há um evidente paradoxo, pois a segunda palavra nega a primeira, fornecendo uma ideia de oposição marcada pelo choque de seus significados.

15) No último parágrafo do texto, a narradora deixa claro que a leitura da série de Harry Potter inter-fere de tal modo no mundo criativo e fantasioso da criança, que sua vida não mais será a mesma, a ponto de ela necessitar retomar a essa leitura repe-tidas vezes para não perder a “magia” conquistada por meio das obras e que, por essa razão, acabou por tornar-se sua base emocional e espiritual.

GABARITO: C, E, E, C, E, E, C, C, C, E, E, C, E, E, E.

7. A primeira frase do terceiro parágrafo do texto de Mari-na traz uma figura de linguagem: a. Hipérbato.b. Metonímia.c. Paradoxo.d. Antítese.e. Hipérbole.

GABARITO: d.

8. O texto de Marina pertence à Concepção Moderna de Gêneros e, por sua vez, trata-se de um(a):a. Romance.b. Novela.c. Conto.d. Crônica.e. Lenda.

GABARITO: d.

9. O texto em questão é todo construído no critério de:a. epígrafe.b. intertextualidade.c. paródia.d. sátira.e. metalinguagem.

GABARITO: b.

10. (CESPE – com adaptações)

Manifesto do movimento nacional em defesa do serviço público

O lobo sempre diz que a culpa é do cordeiro.Reaja contra a destruição premeditada e criminosa dos serviços públicos.

Julgue os itens, referentes ao texto acima.

1) Nesse texto, a função conativa ou apelativa da lin-guagem predomina sobre a função referencial.

2) Apesar da modalidade escrita, o texto tem marcas de linguagem oral, informal, coloquial.

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3) Pelo contexto em que ocorre, o vocábulo “lobo” re-mete tanto a um animal que pode atacar o cordeiro como a uma força mais forte que pode destruir ou-tra mais fraca.

4) O fragmento remete intertextualmente a fábulas, lendas e contos populares em que o mais forte en-contra justificativas para atacar o mais fraco.

5) Quando se quer dizer que um órgão público está dividido em vários setores, pode-ser afirmar que nele há várias sessões.

GABARITO: C, E, C, C, E.

11.

(Curso Prof. Filemon)

O incêndio dos passos

Mas o homem,do incêndio dos passosaos canaviais do peito,

é um pretexto.depende(sempre)

do que mais lhe falta:o membro amputado

a data já findao dia que ainda

não veio.(Chico Leite)

Tendo por referência o texto acima, julgue os itens se-guintes.1) O homem depende, em qualquer tempo, daquilo

que não tem.2) Falta ao homem, entre outras coisas, o tempo fu-

turo. O homem torna-se um pretexto na vida, isto é, algo insignificante, quanto tem o membro am-putado.

3) Predomina, no texto acima, a função referencial da linguagem.

4) A linguagem usada no texto é predominantemente conotativa.

5) Não há no texto qualquer marca de função poética.6) Há, nos três últimos versos, uma antítese temporal,

ou seja, oposição entre passado e futuro.7) O fato de o texto não apresentar estrofes definidas

impede-nos de considerá-lo um poema.

GABARITO: C, C, C, E, C, E, C, E.

12. O texto a seguir, de Gregório de Matos Guerra, foi es-crito no século XVII à cidade da Bahia. Julgue os itens subsequentes, comparando o assunto do texto à situa-ção sociopolítica atual da capital brasileira.

Que falta nesta cidade?... Verdade.Que mais por sua desonra?... Honra.

Falta mais que se lhe ponha?... Vergonha.

O demo a viver se exponha,Por mais que a fama a exalta,

Numa cidade onde faltaVerdade, honra, vergonha.

1) Verifica-se no poema um jogo vocabular, muito co-mum em produções literárias. A serviço de uma crí-tica, em tom de sátira, o autor apresenta um perfil da cidade da Bahia.

2) É perceptível no texto de Gregório de Matos o ca-ráter de uma escolha verbal religiosa, sustentando piedosa lamentação pela falta de fé do povo baia-no.

3) A crítica do poeta feita à cidade da Bahia revela, entre outras coisas, seu descontentamento em relação à situação social e política da época, em especial, focalizada em sua moral.

4) Apesar do tom satírico, os apontamentos denun-ciativos refletem um posicionamento engajado, embasado no comportamento social de seus habi-tantes, já que no decorrer dos versos são apresen-tados delitos cometidos.

5) Diante dos últimos escândalos políticos vividos pela atual capital do Brasil, é possível fazer uma relação disso com o poema satírico em questão, o que aca-ba por provocar uma consciência temática e, por fim, uma infeliz verdade: o desgosto político dos brasileiros do século XVII se repete no século XXI.

6) Por estar estruturado em versos, pode-se afirmar que o texto de Matos Guerra pertença ao gênero poesia, contudo, misturado ao gênero narrativo, já que conta uma história sobre a cidade da Bahia.

7) A palavra final de cada um dos versos do terceto é recuperada no último verso do quarteto, com a intenção evidente de qualificar a cidade retratada. A figura de linguagem nesse caso é, então, a pro-sopopeia.

8) Além da função engajadora, está evidente a função catártica, melhor representada pelo terceiro verso.

9) A certeza do sentimento religioso do autor, bem como a falta de moral da cidade pela ausência dos valores cristãos, encontra-se na segunda parte do texto, principalmente no primeiro verso “O demo a viver se exponha”.

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10) No primeiro e no sexto versos, quando o autor uti-liza a palavra “cidade”, na verdade ele faz uso de uma metonímia, já que tal vocábulo está substituin-do o povo da cidade.

GABARITO: C, E, C, C, C, E, C, E, E, C.

13. (CESPE)

Nosso primeiro contato com os índios juruna falhou. Descíamos o Xingu e, abaixo do rio Maritsauá, vimos um acampamento na praia, muito bonito. Fomos até lá e os índios fugiram em canoas. Saímos com nossos barcos a motor atrás de uma canoa com dois índios. Quando perce-beram que estavam sendo seguidos, encostaram a canoa na margem e fugiram para a mata.

Visão, 10.02.1975.

Com base no texto, julgue os próximos itens.1) Pressupõe-se que houve mais de uma tentativa de

contato com os índios juruna.2) Seria mantida a correção gramatical do parágrafo

caso fosse inserida uma vírgula após a oração “Fo-mos até lá”.

3) O parágrafo acima é predominantemente argu-mentativo.

GABARITO: C, C, E.

14. (CESPE) A partir da leitura do poema de Pedro Xisto e das chaves léxicas propostas, julgue os itens que se seguem.

Epitalâmio

S = serpenteh = homeme = eva

S = she&h = He

Pedro Xisto. Caminho. Rio de Janeiro

1) Com base na chave léxica à esquerda, considera--se o poema como um resumo de um dos episódios iniciais do Gênesis, do Velho Testamento.

2) No texto, evidencia-se o domínio do elemento mas-culino sobre o feminino.

3) Ao entrelaçar os fragmentos h e e em um grande S, o poeta evidencia graficamente conceitos básicos do ciclo da vida.

4) Verifica-se que o objetivo do poeta Pedro Xisto era fazer da poesia uma experiência hermética, que atingisse facilmente as classes populares.

GABARITO: C, E, E, E.

(CESPE)

MÃOS DADAS

Não serei o poeta de um mundo caduco.Também não cantarei o mundo futuro.

Estou preso à vida e olho meus companheiros.Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.

Entre eles, considero a enorme realidade.O presente é tão grande, não nos afastemos.

Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da

janela,não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,

não fugirei para as ilhas nem serei raptado por sera-fins.

O tempo é minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, vida presente.

(Carlos Drummond de Andrade)

Tendo como referência o texto poético de Carlos Drum-mond de Andrade, responda às questões seguintes.

15. (CESPE) A compreensão de um texto passa, necessa-riamente, pela análise das circunstâncias que limitam o assunto em pauta. Com respeito às situações evi-denciadas no texto, julgue os itens abaixo.1) A circunstância temporal é mais enfatizada do que

a espacial.2) São expressões utilizadas para destacar o “mundo

caduco” (verso 1): “preso à vida” (verso 3), “tacitur-nos” (verso 4) e “cartas de suicida” (verso 10).

3) As situações expressas no texto referem-se, prin-cipalmente, às condutas consideradas pelo poeta inadequadas à “vida presente” (verso 13).

GABARITO: C, E, C.

16. (CESPE) Para apreender a ideia principal de um texto é necessário perceber as ideias secundárias que dão densidade ao propósito fundamental do autor. Consi-derando que o título do poema resume a ideia central do texto, julgue os itens seguintes.1) É preciso esquecer o passado, porque ele faz dos

homens seres taciturnos.2) Para enfrentar os desafios do momento atual é ne-

cessária a união de todos os homens.3) O “tempo presente” (verso 12) é tal qual uma “pai-

sagem vista da janela” (verso 9).

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4) Infere-se do texto um confronto entre duas concep-ções de poesia: uma poesia praticada como sonho e ilusão e outra comprometida com a realidade.

5) Uma obra literária em versos tem ritmo e metro dis-tintos do texto em prosa. O texto em questão é uma produção pertencente ao gênero poesia.

GABARITO: E, E, E, C, C.

17. (CESPE) A escolha vocabular, a organização sintática e o uso dos tempos e das flexões verbais constituem a estrutura textual do poema. Com o auxílio dessa infor-mação, julgue os itens abaixo.1) Na expressão “enorme realidade” (verso 5), o ad-

jetivo “enorme” reflete a complexidade da realida-de brasileira, decorrente da extensão territorial do país.

2) A expressão “mundo caduco” (verso 1) correspon-de semanticamente a “mundo futuro” (verso 2).

3) Embora apresentando repetidamente formas ver-bais no futuro, o poema refere-se ao tempo pre-sente.

GABARITO: E, E, C.

Leia os textos seguintes para responder às questões.

TEXTO I

A altura do homem não se mede por centímetros; o que importa é a dimensão dos seus atos, das suas ideias, das suas realizações, das suas palavras, dos seus sonhos.

(João Manuel Simões. Parágrafos escritos nas páginas do vento.)

TEXTO II

Sugestão

Sede assim — qualquer coisa serena, isenta, fiel.

Flor que se cumpre,sem pergunta.

Onda que se esforça,por exercício desinteressado.

Lua que envolve igualmenteos noivos abraçadose os soldados já frios.

Também como este ar da noite:sussurrante de silêncios,

cheio de nascimentos e pétalas.

Igual à pedra detida,sustentando seu demorado destino.

E à nuvem, leve e bela,vivendo de nunca chegar a ser.

À cigarra, queimando-se em música,ao camelo que mastiga sua longa solidão,ao pássaro que procura o fim do mundo,

ao boi que vai com inocência para a morte.

Sede assim qualquer coisa serena, isenta, fiel.

Não como o resto dos homens.(Cecília Meireles. Mar absoluto.)

TEXTO III

O circo o menino a vida

A moça do arameequilibrando a sombrinha

era de uma beleza instantânea e fulgurante!A moça do arame ia deslizando e despindo-se.

Lentamente.Só para judiar.

E eu com os olhos cada vez mais arregaladosaté parecendo dois pires.

Meu tio dizia:“Bobo!

Não sabesque elas sempre trazem uma roupa de malha por baixo?”

(Naqueles voluptuosos tempos não havia maiôs nem biquí-nis...)

Sim! Mas toda a deliciante angústia dos meus olhos virgenssegredava-me

sempre:“Quem sabe?...”

Eu tinha oito anos e sabia esperar.

Agora eu não sei esperar mais nada.Desta nem da outra vida,

No entantoo menino

(que não sei como insiste em não morrer em mim)ainda e sempreapesar de tudo

apesar de todas as desesperanças,o menino às vezes

segreda-me baixinho“Titio, quem sabe?...”

Ah, meu Deus, essas crianças!(Mário Quintana. Nova antologia poética.)

18. Julgue os itens que se seguem, tendo por referência os três textos anteriores:1) Os três textos apresentam características literárias.2) No primeiro texto, “dimensão” está para “altura”,

assim como “seus” está para “homens”.3) O segundo texto apresenta uma perspectiva oti-

mista tanto das naturezas mineral, vegetal e ani-mal, quanto da natureza humana.

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4) No terceiro texto, partindo-se de um mesmo fato, entrecruzam-se os pontos de vista de um adulto e de uma criança.

5) No primeiro texto, observando a sequência “atos”, “ideias”, “realizações”, “palavras”, “sonhos”, cons-tata-se que a dimensão do homem transcende à compleição física; por isso, a unidade de medida linear não é adequada a ela.

6) Diferentemente dos textos de Cecília Meireles e Mário Quintana, o texto de João Manuel Simões estrutura-se em forma de prosa.

GABARITO: C, C, E, C, C, C.

19. Julgue os itens que se seguem, tendo por referência o texto Sugestão.1) Ao lado da função poética, encontra-se a função

emotiva, marcada principalmente pelo emprego do verbo “ser”, no início do poema.

2) O sentido do segundo verso da quinta estrofe é re-forçado pelo emprego da assonância.

3) Pode-se substituir a sequência “serena, isenta, fiel” (versos 2 e 21), sem prejuízo de significação, pela sequência “calma, honrada, neutra”.

4) O título “Sugestão” liga-se ao texto devido à pre-sença de interlocutores plurais, a quem o falante se dirige, duvidando de que lhe seja dada uma res-posta.

GABARITO: E, E, E, E.

20. Julgue os itens que se seguem, tendo por referência o texto O circo o menino a vida.1) A equilibrista tinha consciência dos olhares volup-

tuosos do menino, o que fica evidente no sexto verso.

2) No texto, a circunstância temporal e os estados psíquicos do eu lírico aparecem associados; par-tindo do presente, o intelecto recupera e analisa as emoções do passado.

3) Perpassa o poema um sentimento desfavorável, porque é irreversível, quanto à permanência da infância no mundo adulto, “apesar de todas as de-sesperanças” (verso 26).

4) No último verso, enfatiza-se a religiosidade do au-tor, visto que “Deus” se refere, nessa circunstância, ao “Jesus Menino”.

GABARITO: E, C, C, E.

Fonte: <http://cristiandrovas.wordpress.com>.

(IBFC)Eduardo e Mônica

Quem um dia irá dizerQue existe razãoNas coisas feitas pelo coração?E quem irá dizerQue não existe razão?

Eduardo abriu os olhos, mas não quis se levantarFicou deitado e viu que horas eramEnquanto Mônica tomava um conhaqueNo outro canto da cidade, como eles disseram

Eduardo e Mônica um dia se encontraram sem quererE conversaram muito mesmo pra tentar se conhecerUm carinha do cursinho do Eduardo que disse“Tem uma festa legal, e a gente quer se divertir”Festa estranha, com gente esquisita“Eu não tô legal, não aguento mais birita”E a Mônica riu, e quis saber um pouco maisSobre o boyzinho que tentava impressionarE o Eduardo, meio tonto, só pensava em ir pra casa“É quase duas, eu vou me ferrar”

Eduardo e Mônica trocaram telefoneDepois telefonaram e decidiram se encontrarO Eduardo sugeriu uma lanchoneteMas a Mônica queria ver o filme do GodardSe encontraram então no parque da cidadeA Mônica de moto e o Eduardo de “camelo”O Eduardo achou estranho, e melhor não comentarMas a menina tinha tinta no cabelo

Eduardo e Mônica eram nada parecidosEla era de Leão e ele tinha dezesseisEla fazia Medicina e falava alemãoE ele ainda nas aulinhas de inglês

Ela gostava do Bandeira e do BauhausVan Gogh e dos Mutantes, de Caetano e de RimbaudE o Eduardo gostava de novelaE jogava futebol de botão com seu avô

Ela falava coisas sobre o Planalto CentralTambém magia e meditaçãoE o Eduardo ainda tava no esquemaEscola, cinema, clube, televisão

E mesmo com tudo diferente, veio mesmo, de repenteUma vontade de se verE os dois se encontravam todo diaE a vontade crescia, como tinha de ser

Eduardo e Mônica fizeram natação, fotografiaTeatro, artesanato, e foram viajarA Mônica explicava pro EduardoCoisas sobre o céu, a terra, a água e o ar

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Ele aprendeu a beber, deixou o cabelo crescerE decidiu trabalhar (não!)E ela se formou no mesmo mêsQue ele passou no vestibular

E os dois comemoraram juntosE também brigaram juntos, muitas vezes depoisE todo mundo diz que ele completa elaE vice-versa, que nem feijão com arroz

Construíram uma casa há uns dois anos atrásMais ou menos quando os gêmeos vieramBatalharam grana, seguraram legalA barra mais pesada que tiveram

Eduardo e Mônica voltaram pra BrasíliaE a nossa amizade dá saudade no verãoSó que nessas férias, não vão viajarPorque o filhinho do Eduardo tá de recuperação

E quem um dia irá dizerQue existe razãoNas coisas feitas pelo coração?E quem irá dizerQue não existe razão?

(Legião Urbana)

21. (IBFC) Considere as afirmações abaixo.

I – A tipologia textual presente na letra é a narrativa.II – Utiliza-se, na letra, a linguagem coloquial.

Está correto o que se afirma ema. somente I. b. somente II. c. I e II. d. nenhuma.

GABARITO: c.

22. (IBFC) Considere as afirmações abaixo.

I – A expressão “filhinho de Eduardo” sugere a ideia, já expressa na música, de que Eduardo não era um tipo intelectual.

II – A palavra “razão”, na música, pode ser compreen-dida em apenas um sentido.

Está correto o que se afirma em:a. somente I. b. somente II. c. I e II. d. nenhuma.

GABARITO: a.

23. (IBFC) Considere as afirmações abaixo.

I – A música reproduz várias marcas da oralidade.II – Na música, há uso do discurso direto.

Está correto o que se afirma em:a. somente I.b. somente II. c. I e II. d. nenhuma.

GABARITO: c.

(CESPE)Caso de secretária

Foi trombudo para o escritório. Era dia de seu aniversá-rio, e a esposa nem sequer o abraçara, não fizera a mínima alusão à data. As crianças também tinham se esquecido. Então era assim que a família o tratava? Ele que vivia para os seus, que se arrebentava de trabalhar, não merecer um beijo, uma palavra ao menos!

Mas, no escritório, havia flores à sua espera, sobre a mesa. Havia o sorriso e o abraço da secretária, que poderia muito bem ter ignorado o aniversário, e entretanto o lem-brara. Era mais do que uma auxiliar, atenta, experimentada e eficiente, pé-de-boi da firma, como até então a conside-rara; era um coração amigo.

Passada a surpresa, sentiu-se ainda mais borocochô: o carinho da secretária não curava, abria mais a ferida. Pois então uma estranha se lembrava dele com tais requintes, e a mulher e os filhos, nada? Baixou a cabeça, ficou rodando o lápis entre os dedos, sem gosto para viver.

Durante o dia, a secretária redobrou de atenções. Pare-cia querer consolá-lo, como se medisse toda sua solidão moral, o seu abandono. Sorria, tinha palavras amáveis, e o ditado da correspondência foi entremeado de suaves brinca-deiras da parte dela.

— O senhor vai comemorar em casa ou numa boate?Engasgado, confessou-lhe que em parte nenhuma.

Fazer anos é uma droga, ninguém gostava dele neste mundo, iria rodar por aí à noite, solitário, como o lobo da estepe.

— Se o senhor quisesse, podíamos jantar juntos – insi-nuou ela, discretamente.

E não é que podiam mesmo? Em vez de passar uma noite besta, ressentida — o pessoal lá em casa pouco está me ligando —, teria horas amenas, em companhia de uma mulher que — reparava agora — era bem bonita.

Daí por diante o trabalho foi nervoso, nunca mais que se fechava o escritório. Teve vontade de mandar todos embora, para que todos comemorassem o seu aniversário, ele princi-palmente. Conteve-se, no prazer ansioso da espera.

— Onde você prefere ir? – perguntou, ao saírem.— Se não se importa, vamos passar primeiro em meu

apartamento. Preciso trocar de roupa.Ótimo, pensou ele; – faz-se a inspeção prévia do ter-

reno, e, quem sabe?— Mas antes quero um drinque, para animar — ela reti-

ficou.Foram ao drinque, ele recuperou não só a alegria de

viver e fazer anos, como começou a fazê-los pelo avesso, remoçando. Saiu bem mais jovem do bar, e pegou-lhe do braço.

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No apartamento, ela apontou-lhe o banheiro e disse-lhe que o usasse sem cerimônia. Dentro de quinze minutos ele poderia entrar no quarto, não precisava bater — e o sorriso dela, dizendo isto, era uma promessa de felicidade.

Ele nem percebeu ao certo se estava se arrumando ou se desarrumando, de tal modo os quinze minutos se atrope-laram, querendo virar quinze segundos, no calor escaldante do banheiro e da situação.

Liberto da roupa incômoda, abriu a porta do quarto. Lá dentro, sua mulher e seus filhinhos, em coro com a secretá-ria, esperavam-no cantando “Parabéns pra você.”

(Carlos Drummond de Andrade)

Tendo por referência a leitura analítica do texto Caso de secretária, responda às questões.

24. (CESPE) Julgue os itens seguintes, de acordo a análi-se interpretativa do texto de Drummond.1) O personagem principal está ressentido com a fa-

mília ao chegar ao escritório.2) As relações afetivas com a secretária sempre ti-

nham ultrapassado os limites profissionais.3) A ansiedade e o nervosismo substituiram a frustra-

ção inicial do dia.4) A recuperação da autoestima anulou a sensação

de envelhecimento e de tristeza.5) Nenhuma das expectativas do personagem foi con-

firmada ao longo do dia.6) No texto de Drummond predomina a descrição no

primeiro parágrafo.7) Em o Caso de secretária, há apenas dois cenários

para a narração: o escritório e o apartamento.8) No texto, a narrativa é feita em primeira pessoa.9) Na narrativa em questão, ocorrem exemplos de

discurso direto, indireto e indireto livre.10) O tratamento dispensado pela secretária ao chefe

é informal em toda a narrativa.

GABARITO: C, E, C, C, C, E, E, E, C, E.

25. (CESPE) Tendo por referência o texto de Carlos Drum-mond, julgue como C o item que apresentar linguagem coloquial e como E o item que apresentar somente lin-guagem gramatical.1) “Foi trombudo para o escritório.”2) “Passada a surpresa, sentiu-se ainda mais boro-

cochô.”3) “Fazer anos é uma droga.”4) “Em vez de passar uma noite besta, ressentida.”5) “(...) ela apontou-lhe o banheiro e disse-lhe que o

usasse sem cerimônia.

GABARITO: C, C, C, C, E.

26. (CESPE)

Rinha de galos

Um sujeito vai assistir a uma rinha de galos. Quando ele entra no ringue, estão todos prontos para iniciar um embate entre dois galos, um branco e outro vermelho. O cara fica a fim de apostar e pergunta pra um capiau ao lado:

– Qual é o galo bom?– O bom é o branquinho – responde o capiau.O sujeito aposta no galo branco, e a rinha começa.

O galo vermelho sai enchendo o branquinho de bicadas. O cara fica surpreso e pergunta pro capiau:

– Tu não falou que o bom era o branquinho?– O branco é bom, mas o vermelho é mau pra caramba!

Revista Céu Azul, n. 7, p. 54 (com adaptações)

Considerando, no texto Rinha de galos, as variações linguísticas, bem como suas implicações nos níveis e aspectos de significação vocabular e textual, julgue os itens subsequentes.

I – Se for escrita em discurso indireto, a primeira fala do capiau fica assim: O capiau responde que o bonzinho é o branco.

II – No texto, o narrador é observador, a história é con-tada em 3ª pessoa e o discurso predominante é o indireto.

III – Em “O galo vermelho sai enchendo o branquinho de bicadas” há um exemplo de personificação.

IV – Na última linha há um exemplo claro de antítese.V – Na pergunta do sujeito para o capiau “Qual é o galo

bom?” tem-se um exemplo de personificação ou prosopopeia.

GABARITO: E, E, E, C, E.

27. (PREFEITURA MUNICIPAL DE ABREU E LIMA)

“A mulher lhe prevenira: domingo não haveria almoço. Era dia de folga da copeira, a cozinheira pedira para sair cedo: queria passar o aniversário do filho em Niterói. O casal tinha de almoçar fora. E depois, você sabe, sem feijão, sem açúcar, sem nada, o melhor é mesmo deixar o fogão em paz.

– Está bem, almoçamos fora, ótimo.Quando chegou domingo, chegou também a preguiça,

em forma de pijama, jornalada para ler, disco novo para botar na vitrola, e esse frio... Ele tentou fugir ao compromisso.(...)”

(Carlos Drummond de Andrade)

Marque C ou E, conforme sejam as afirmações verda-deiras ou falsas, respectivamente.1) “Domingo não haveria almoço”. É discurso direto.2) “– Está bem, almoçamos fora. Ótimo.” É exemplo

de discurso direto.3) “E depois,você sabe, sem feijão, sem açúcar, sem

nada, o melhor é mesmo deixar o fogão em paz.” É discurso indireto livre.

4) A expressão “deixar o fogão em paz” apresenta uma figura de linguagem conhecida como eufemis-mo.

GABARITO: E, C, C, E.

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(IBFC)

Resposta a uma moça 50 anos depois

OUTRO DIA, ESCREVENDO sobre meu passado, falei de uma menina da Urca que, de longe, eu considerava minha namorada, Silvinha, moreninha de olhos verdes. Dias depois, recebi um e-mail assim:

“Meu amigo Arnaldo,Lisonjeada fiquei ao ler sua coluna de 29/06 pp. por me

ver citada em suas reminiscências. Hoje, com 46 anos de casada, com dois filhos e dois netos, entristece-me pensar que a meninada atual não pode ter a infância livre e des-preocupada que tivemos e, portanto, não terá as lembran-ças das peripécias próprias de cada fase. Ah, bons tempos! Agradecendo as citações, deixo aqui um saudoso abraço. Hoje, sou a ‘grisalhinha’ de olhos verdes. Silvinha!”

Fiquei emocionado com o e-mail e agora respondo.“Querida Silvinha, Hoje, mais de 50 anos depois, vou dizer o que sentia

por você. Você foi o que eu imaginava o que seria uma “namorada”. Você despertou em mim um tremor novo, a pri-meira emoção do que mais tarde vi que chamavam “amor”. Em uma tarde cinzenta, em frente ao portão de sua casa, eu senti uma alegria inesquecível como se tudo ali estivesse no lugar perfeito: a brisa leve da tarde, a paz da rua, o silêncio sem pássaros, você encostada no portão marrom do jardim. Não sei por que, senti uma felicidade insuportável, como se ouvisse o calmo funcionamento no mundo. Percebi confu-samente que ali, no teu sorriso, ou olhos, ou boca, estava a explicação do sol filtrado em listras entre as folhas da árvore e a perfeição do som agudo que tirei da folha de fícus enro-lada como uma flautinha vegetal, instrumento que hoje os garotos não conhecem mais.

Esse foi um momento que me ficou nos últimos 50 anos. Depois, uma brincadeira também esquecida: “casa-mento japonês”, onde se escolhia uma menina a quem se perguntava: “Pêra, uva ou maçã”; você disse “uva” e eu beijei timidamente seu rosto, sentindo-me, em seguida, voar por cima do seu jardim, vendo as casas da Urca lá embaixo. E, assim, você ficou de namorada oficial de minha infância imaginária.

Não sei por que, Silvinha, sempre tive fascinação por meninas que me deixavam arrebatado e com medo ao mesmo tempo, sempre e algum modo as meninas que me atraíam me pareciam inatingíveis, etéreas, como se fossem destinadas a outros e não a mim... essa impossibilidade aumentava meu fascínio de pierrô.

Aliás, devo confessar hoje, 50 anos depois, que você não foi a única. Márcia corria de bicicleta pela pracinha e só tinha olhos para o Porcolino e olhava com desdém sorri-dente para minha tentativa de alcançá-la na bicicleta, e eu via suas pernas sob a saia que ventava e a bicicleta parecia deixar um rastro de cometa de Márcia; também, mais tarde, ainda sem te esquecer, confesso que me apaixonei por Cio-mara, que, percebendo meu interesse tímido, aplicou-se em me espezinhar, tendo eu sofrido muito vendo-a cantar pro-vocativamente “Vivo esperando e procurando Cervantes no meu jardim”, uma versão da música “Four-leaf clover”, um sucesso na época, que ela adaptou para conquistar Cervan-

tes, o belo half-back do time Arsenal. Ciomara me fez sofrer, vendo-a de mãos dadas com ainda outro, para espicaçar também Cervantes, não eu, debaixo dos flamboyants carre-gados de flores vermelhas.

Devo dizer também que fui crescendo e enlouqueci de um amor mais carnal por uma moça mais velha, Isadora, de pernas lindas no maiô roxo Catalina, alva, de boca rubra com muito batom. Daí para a frente, Silvinha, já adolescente, comecei minhas incursões pelo mundo do pecado, sempre instruído por meu professor de sacanagens, o saudoso pipo-queiro Bené, que você certamente conheceu, ele que me induzia às mais pecaminosas ações solitárias, dando-me revistinhas de mulher nua, ainda ingênuas, como Saúde e Nudismo, cheias de moças azuis, deitadas em praias remo-tas. Nessa época eu já vivia em Copacabana, na casa de meu avô, onde eu tinha mais liberdade que sob as ordens de mamãe. Lá no Posto Seis, no escuro dos cinemas, as primeiras namoradas se retorciam e se recusavam ao assé-dio a seus desejados peitinhos, me deixando enroscado em intrincados sutiãs cheios de presilhas e elásticos, que me impediam de chegar à maciez dos seios ocultos, enquanto tiroteios rolavam na tela e eu me embaraçava nas terríveis teias das alças, de onde saía desesperado com dores nos rins de tanto ardor insatisfeito.

Depois, Silvinha, continuei minha trilha pelos caminhos que se abriam para os jovens solitários daquela época: as casas de pecado do Catete, os famosos rendez-vous, o que me fez dividir as mulheres em “santas” e “prostitutas”, ficando as santas como você em minha memória e as outras sendo fonte de erros e sofrimentos. Todas, então, santas e bruxas, eram intangíveis, todas impossíveis. Veja como se formavam os jovens nos anos 50 para o amor.

Não conversamos nunca, Silvinha, você nem soube que era minha namorada secreta, e vivemos esse meio século em mundos diversos. Você deve ter sido feliz, com filhos e netos, seguindo a trilha natural que saía do seu jardim, enquanto eu tive um caminho mais torto, sempre meio fora das coisas que eu via acontecer. Tenho inveja das estradas largas e sadias e talvez eu tivesse sido mais feliz, se tivesse feito a Escola Naval como meu pai queria, e hoje fosse um orgulhoso almirante comandando cruzadores pelos mares do meu Brasil.

Mas não posso me queixar de nada, casei várias vezes, tive duas filhas e um filho maravilhosos, chorei muitas vezes de dor-de-corno e de desentendimento, mas não posso me queixar, pois, além do que vivi, vejo hoje que as memórias são tão sólidas quanto as realidades, que muitas vezes se esvaem mais rápido que aquelas. Você ficou como uma pri-meira sensação do que chamam “amor”. E como diz o poeta: “as coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão...”

Beijo tardio, do Jabor.

28. (IBFC) Considere as afirmações que seguem

I – Ao dizer que é a “grisalhinha” de olhos verdes, Sil-vinha faz alusão à “moreninha” citada por Jabor em sua crônica, mostrando que ela envelheceu.

II – Os termos no diminutivo, como “moreninha” e “gri-salhinha”, indicam que Silvinha é uma mulher pe-quena.

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III – O texto é constituído por uma carta pessoal, que não deveria ter sido publicada, mas passou a ser conhecida devido à falta de privacidade causada pela Internet.

Está correto o que se afirma em:a. somente I.b. somente II.c. somente III.d. I e II.e. I e III.

GABARITO: a.

29. (IBFC) Considere as afirmações que seguem.

I – A palavra “reminiscência” refere-se a lembranças de fatos pouco agradáveis, pois os dois se desen-contrarem.

II – Ao dizer que a menina era sua “namorada secre-ta”, o autor refere-se ao fato de que eles manti-nham o relacionamento escondido dos pais, pois eram crianças.

III – O autor mostra mágoa ao se referir à sua ex-namo-rada, pois ela não correspondeu a seu amor.

Está correto o que se afirma em:a. somente I.b. somente II.c. somente III.d. I e II.e. nenhuma.

GABARITO: e.

30. (IBFC) Considere as afirmações que seguem.

I – A expressão “com desdém” significa “com vergo-nha”.

II – A palavra “etéreas” pode ser substituída, sem alte-ração de sentido, por “esnobes”.

III – O verbo “espezinhar” significa “dar esperanças”, ainda que falsas.

Está correto o que se afirma em:a. somente I.b. somente II.c. somente III.d. I e II.e. nenhuma.

GABARITO: e.

31. (IBFC) Ao dizer que te “inveja das estradas largas e sadias”, o autor refere-sea. ao fato de que ele desejava ter viajado mais, co-

nhecido mais lugares.b. de forma figurada a uma forma de vida mais tradi-

cional, com menos caminhos tortuosos.

c. à forte vontade de ter vivido de forma diferente, uma vez que enfrentou muitos problemas por suas escolhas instáveis e ter se arrependido de tudo que viveu.

d. ao fato de não te seguido a carreira militar e ter en-contrado muitos problemas profissionais ao longo de sua carreira.

e. ao fato de ter seguido caminhos tortuosos, que só lhe trouxeram sofrimentos, tornando-o um homem amargo.

GABARITO: b.

32. (IBFC) Considere as afirmações que seguem.

I – A expressão “minhas incursões pelo mundo do pecado” faz referência à sua descoberta do sexo enquanto adolescente.

II – Ao dizer que sempre sentiu atração por meninas que lhe causavam medo, o autor afirma que gosta de mulheres bravas e pouco simpáticas.

III – O autor lembra-se da “namorada secreta” com ter-nura, pois ela foi a única a despertar nele o amor.

Está correto o que se afirma em:a. somente I.b. somente II.c. somente III.d. I e III.e. I e II.

GABARITO: a.

(IDECAN)

Céus e terras

Todos somos vítimas de ideias erradas a nosso res-peito. No meu caso, não sei por que, volta e meia apelam para mim em busca de conselhos sobre paixão. É um mal ou um bem? Devemos amar sem paixão? O limite entre o amor e o desvario é tênue ou profundo? Sinceramente, quem sou eu para responder a questão tão alienada, digna daquele concílio bizantino que discutia o sexo dos anjos?

O amor é necessário, a paixão é descartável. Mas é bom quando acontece. Todos os outros valores ficam irre-levantes – a fome que mata em Biafra, as torres do World Trade Center desabando, o nosso time sendo rebaixado à segunda divisão.

Tive um amigo que viveu uma paixão durante sete anos, como aquele Jacó do soneto de Camões, que se amarrou em Raquel, “serena e bela”. Não tomou conheci-mento do assassinato de Kennedy, do Golpe Militar de 64, dos Beatles, da morte de Guevara, do AI-5, do tricampeo-nato em 1970.

Possuído pela paixão, a Raquel dele chamava-se Mar-lene e morava no Méier. Ele vivia, respirava, sofria e gozava num só sentido, num único rumo: ela. O vestido que esta-ria usando, com quem sairia naquele sábado, a música que estaria ouvindo.

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Ele flutuava no espaço, como um ectoplasma bêbado, somente pensando nela, mesmo quando estava com ela.

Até que um dia a paixão acabou, despejando-o nova-mente na terra e no cotidiano de todos nós.

Encontrei-o então, furioso, queixando-se do ralo entu-pido de sua cozinha. Pagara adiantado a um bombeiro para fazer o serviço, o sujeito levara o dinheiro, esburacara o chão à procura do entupimento e desaparecera havia três dias. Como pode? Queria ir à polícia, escrever aos jornais, mover céus e terras, os mesmos céus e as mesmas terras que, por sete anos, não existiam para ele, muito menos um entupido ralo de cozinha.

A paixão tem isso de bom. Céus e terras deixam de existir, ficamos entupidos como um ralo que não escoa nosso desatino.

(Cony, Carlos Heitor. “Céus e terras”. In: PINTO, Manuel da Costa (Org.). Crônica Brasileira contempo-

rânea. São Paulo: Moderna, 2008.)

33. (IDECAN) No texto “Céus e terras”, o assunto principal tratado pelo autor é a. a importância do amor.b. o cotidiano de um casal.c. a transitoriedade do amor.d. a superficialidade dos sentimentos.e. o desligamento causado pela paixão.

GABARITO: e.

34. (IDECAN) O objetivo comunicativo principal da crônica éa. narrar um fato trivial.b. explicar a diferença entre amor e paixão.c. trazer uma informação sobre a realidade.d. orientar a realização de um procedimento.e. persuadir o leitor com argumentos subjetivos.

GABARITO: e.

35. (IDECAN) No trecho “[...] – a fome que mata em Biafra, as torres do World Trade Center desabando, o nosso time sendo rebaixado à segunda divisão.” (2º parág.), o travessão foi usado paraa. indicar uma citação.b. atribuir sentido irônico.c. separar orações intercaladas.d. introduzir a fala de uma pessoa.e. separar expressões explicativas.

GABARITO: e.

36. (IDECAN) Um amigo do narrador, durante um certo período de tempo, deixa de tomar conhecimento de vários acontecimentos importantes, porquea. se amarrou a Raquel.b. flutua no espaço como um fantasma.c. se encontra dominado por um sentimento.d. não percebe que o ralo da cozinha não está entupido.e. não se dá conta de que seu time foi rebaixado para

segunda divisão.

GABARITO: c.

37. (IDECAN) Qual das palavras destacadas NÃO retoma um elemento textual expresso anteriormente?a. “O vestido que estaria usando, [...]” (4º parág.)b. “[…] não sei por que, volta e meia apelam para mim

[…]” (1º parág.)c. “Tive um amigo que viveu uma paixão durante sete

anos, [...]” (3º parág.)d. “[…] digna daquele concílio bizantino que discutia o

sexo dos anjos?” (1º parág.)e. “[...] os mesmos céus e as mesmas terras que, por

sete anos, não existiam para ele, [...]” (6º parág.)

GABARITO: b.

38. (IDECAN) Ao afirmar “A paixão tem isso de bom.” (7º parág.), o autor introduz uma ideia dea. a) conclusão.b. b) explicação.c. c) concessão.d. d) contradição.e. e) comparação.

GABARITO: a.

39. (FUNCAB) Leia o texto abaixo e responda à questão proposta.

Tempos Modernos?

Não sei dizer que horas eram quando Javi deitou-se ao meu lado, de barriga para cima, naquela imensa duna de areia. Olhou para o teto de estrelas que cobre o deserto e, com seu doce sotaque madrilenho, entoou uma canção dos meus conterrâneos Tom e Vinicius: “tristeza não tem fim, felicidade sim”. Será que ainda era noite? Ou o dia seguinte já tinha chegado? Será que era domingo? Ou seria terça? Será que estávamos a 15 metros do chão? Ou seriam 100? O Sahara talvez seja como a própria tristeza: aqui não há começo, não há fim. Não se sabe onde nasce o céu ou onde morre o horizonte. E para mim, que moro em Manhattan, aquela ilha apertada, com começo, meio, fim e gente, muita gente, passar uma noite aqui, nesta imensidão, deve ser como pousar na Lua. No deserto, quem manda é o silêncio. Ele nos cala. E é ele que nos faz sentir o quão longe esta-mos de tudo o que conhecemos, e o quão perto estamos do que somos. “A Lua deve ser assim”, concordou Javi [...].

MENAI, Tania. Tempos Modernos? Trip. Sao Paulo, ano 19, n.140, dez. 2005 (Fragmento).

Em “[...] entoou uma canção dos meus conterrâneos Tom e Vinicius: ‘tristeza não tem fim, felicidade sim.’”, os dois pontos foram usados para:a. iniciar uma enumeração.b. indicar mudança de narrador.c. fazer uma citação.d. indicar fala de personagem.e. separar orações coordenadas.

GABARITO: c.

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40. (IADES)

Teoria Geral da Relatividade, 94 anos

As deduções de Einstein ajudaram a abalar as ideias sobre o mundo que herdamos da modernidade. E oferecem pistas para repensar, hoje, tempo, ciência, sociedade e utopia

Em 20 de março de 1916, Albert Einstein publicou sua Teoria Geral da Relatividade. As ideias gerais nela conti-das haviam sido apresentadas em novembro do ano anterior, na Academia Prussiana de Ciências, e ocupavam o físico desde 1907. Eram uma tentativa de colocar em diálogo sua Teoria Restrita da Relatividade (apresentada em 1905) e a física de Galileu e Newton, um dos fundamentos da ciên-cia moderna. Mas abalavam as certezas anteriores (e ainda hoje predominantes, no senso comum) sobre tempo, espaço e movimento.

A imensa série de desdobramentos científicos e filosó-ficos da teoria de Einstein não cabe, evidentemente nestas linhas. Mas seu sentido geral é radicalizar a noção de que não há pontos de referência universais – nem, portanto, verda-des únicas. Séculos antes, Galileu havia demonstrado que um mesmo fenômeno físico é visto de distintas maneiras, dependendo do ponto onde está o observador. Einstein acrescentou, a esta incerteza, muitas outras – relacionadas especialmente ao tempo. Também este, mostrou ele, dilata-se e se contrai. Não há um relógio universal, uma régua geral para todos os acontecimentos. Dois eventos que um obser-vador vê como simultâneos podem não o ser para outro.

O interessante é que esta quebra de paradigmas cientí-ficos seria seguida, décadas mais tarde, por mudanças que sacudiram as noções sociais de tempo e a percepção sobre o status da ciência.

Fonte: <http://diplo.org.br/Teoria-Geral-da-Relativi-dade-94>.

Considerando-se a tipologia textual, pode-se afirmar que:a. O gênero é apenas narrativo, uma vez que constrói

a história de Albert Einstein ao longo de um enredo dinâmico.

b. É apenas descritivo, já que detalha a vida de Eins-tein.

c. É informativo, pois utiliza predominantemente a lin-guagem referencial.

d. É dissertativo, porque tenta convencer o leitor por meio do discurso direto.

GABARITO: c

41. (IADES)

Estrutura do Metrô-DF

O projeto do Metrô-DF é composto por 29 estações, das quais 24 estão em funcionamento. Com uma frota de 32 trens, transporta em média 140 mil passageiros por dia. Toda a via tem extensão de 42,38 quilômetros (Km) e liga a

região administrativa de Brasília às de Ceilândia e Samam-baia, passando pela Asa Sul, Setor Policial Sul, Estrada Parque Indústria e Abastecimento (EPIA), Guará, Park Way, Águas Claras e Taguatinga.

A via do Metrô-DF possui o formato de Y. Dessa forma, 19,19 km constituem o eixo principal e interligam a Estação Central (localizada na rodoviária do Plano Piloto) à Estação Águas Claras. Outros 14,31 km compreendem o ramal que parte da Estação Águas Claras até Ceilândia Norte.

O outro ramal, com 8,8 km, abrange o trecho que liga a Estação Águas Claras à Samambaia.

Disponível em: <http://www.metro.df.gov.br/sobre--o-metro/estrutura.html>. Acesso em: 1/3/2014, com

adaptações.

Do ponto de vista da tipologia textual, o texto “Estrutu-ra do Metrô-DF” deve ser classificado, predominante-mente, como a. dissertativo, pois apresenta as impressões do autor

sobre o Metrô-DF. b. narrativo, pois relata episódios referentes ao Me-

trô-DF. c. descritivo, pois estabelece um debate a respeito da

estrutura do Metrô-DF. d. narrativo, pois desenvolve uma sequência de

ações ocorridas no Metrô-DF e que se desenrolam no tempo e no espaço.

e. descritivo, pois faz um registro de informações que caracterizam a estrutura do Metrô-DF.

GABARITO: e.

(FUNCAB) Leia o texto abaixo e responda às questões propostas.

A corretora de mar

A mulher entrou no meu escritório com um sorriso muito amável e olhos muito azuis. Desenrolou um mapa e come-çou a falar com uma certa velocidade, como é uso dos chi-lenos. Gosto de ver mapas, e me ergui para olhar aquele.

Quando percebi que se tratava de um loteamento, e a mulher queria me vender uma parcela, me coloquei na defensiva; disse que no momento suspendi meus negócios imobiliários, e até estava pensando em vender meus imen-sos territórios no Brasil; que além disso o Chile é um país muito estreito e sua terra deveria ser dividida entre seu povo; até ficaria mal a um estrangeiro querer especular com um trecho da faja angosta, que é como os chilenos chamam sua tira estreita de terra, que por sinal costumam dizer que é “larguíssima”, para assombro do brasileiro recém-chegado, que não sabe que isso em castelhano quer dizer “compri-díssima”.

Os olhos azuis fixaram-se nos meus, a mão extraiu de uma pasta a fotografia de um terreno plantado de pinheiri-nhos de dois ou três anos: não se tratava de especulação imobiliária; dentro de poucos anos eu seria um madeireiro, poderia cortar meus pinheiros... Ponderei que tenho uma pena imensa de cortar árvores.

– A senhora não tem?

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Também tinha. E então baixou a voz, sombreou os olhos de poesia, e me disse que ela mesma, corretora, também comprara duas parcelas naquele terreno. E tinha certeza confessava que também não tinha coragem de mandar cortar seus pinheiros; também adorava árvores e passarinhos, cortaria apenas os pinheiros necessários para fazer uma casinha de madeira: o lugar é lindo, em um pequeno planalto, dá para uns penedos junto ao mar; as árvores choram, e cantam com as ondas quando sopra o vento do oceano...

Confesso que paguei a primeira prestação: ela passou o recibo, sorriu, me disse muchas gracias e hasta lueguito e partiu com seus olhos azuis, me deixando meio tonto, com a vaga impressão de ter comprado um pedaço do Oceano Pacífico.

(BRAGA, Rubem. Ai de ti Copacabana. Rio de Janeiro, Record: 1987).

42. (FUNCAB) Assinale a opção correta de acordo com as ideias veiculadas no texto.a. A mulher só começou a fazer seu trabalho quando

percebeu o interesse do narrador pelo trecho de terra no Chile.

b. Todo o segundo parágrafo trata dos argumentos do narrador para se desvencilhar da corretora.

c. A palavra “Confesso”, que introduz o último pará-grafo, demonstra o arrependimento do narrador por não ter dado a devida atenção à corretora.

d. O narrador, com seus argumentos, acabou por se-duzir a mulher, que passou a ver o loteamento com outros olhos.

e. A corretora comprara duas parcelas de um terreno e agora tentava repassá-los ao narrador.

GABARITO: b.

43. (FUNCAB) Na conclusão da leitura, evidencia-se para o leitor:a. a capacidade de convencimento da corretora.b. a desonestidade da transação feita pelos dois.c. a pressa da corretora de voltar a seu país de origem.d. os problemas de comunicação entre pessoas de

línguas diferentes.e. o comprometimento do narrador com a ecologia.

GABARITO: a.

44. (FUNCAB) Em: “[...] as árvores choram, e cantam com as ondas quando sopra o vento do oceano ...”, identifi-ca-se uma figura de linguagem. Aponte-a.a. Metonímiab. Catacresec. Hipérboled. Prosopopeiae. Eufemismo

GABARITO: d.

COERÊNCIA E COESÃO

COERÊNCIA

A coerência textual é a relação lógica entre as ideias, pois essas devem se complementar. É o resultado da não contradição entre as partes do texto. Texto coerente é aquele do qual é possível estabelecer sentido; é entendido como um princípio de interpretabilidade.

Fonte: <http://fococidadao.blogspot.com>.

COESÃO

Coesão é a conexão, ligação, harmonia entre os ele-mentos de um texto. Percebemos tal definição quando lemos um texto e verificamos que as palavras, as frases e os parágrafos estão entrelaçados, um dando continuidade ao outro. Os elementos de coesão determinam a transição de ideias entre as frases e os parágrafos.

COESÃO GRAMATICAL

Faz-se por meio das concordâncias nominais e verbais, da ordem dos vocábulos, dos conectores, dos pronomes pessoais de terceira pessoa (retos e oblíquos), pronomes possessivos, demonstrativos, indefinidos, interrogativos, relativos, diversos tipos de numerais, advérbios (aqui, ali, lá, aí), artigos definidos, de expressões de valor temporal.

Coesão Frásica – este tipo de coesão estabelece uma ligação significativa entre os componentes da frase, com base na concordância entre o nome e seus determinantes,

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entre o sujeito e o verbo, entre o sujeito e seus predicadores, na ordem dos vocábulos na oração, na regência nominal e verbal.

Ex: Florianópolis tem praias para todos os gostos, desertas, agitadas, com ondas, sem ondas, rústicas, sofisticadas.

Coesão Interfrásica – designa os variados tipos de interdependência semântica existente entre as frases na superfície textual. É necessário, portanto, usar o conector adequado à relação que queremos expressar.

Ex: A baleia vem devagar, afunda a cabeça, ergue o corpanzil em forma de arco e desaparece um instante. Sua cauda, então, ressurge gloriosa sobre a água como se fosse uma enorme borboleta molhada.

Coesão Temporal – uma sequência só se apresenta coesa e coerente quando a ordem dos enunciados estiver de acordo com aquilo que sabemos ser possível de ocor-rer no universo a que o texto se refere, ou no qual o texto se insere. Se essa ordenação temporal não satisfizer essas condições, o texto apresentará problemas no seu sentido. A coesão temporal é assegurada pelo emprego adequado dos tempos verbais, obedecendo a uma sequência plausível, ao uso de advérbios que ajudam a situar o leitor no tempo (são, de certa forma, os conectores temporais).

Ex: Existem hoje mais de 50 canais em funcionamento, em todo o território brasileiro, e perto de 4 milhões de apa-relhos receptores.

Coesão Referencial – neste tipo de coesão, um com-ponente da superfície textual faz referência a outro compo-nente. Para esta referência são largamente empregados os pronomes pessoais de terceira pessoa (retos e oblíquos), pronomes possessivos, demonstrativos, indefinidos, inter-rogativos, relativos, diversos tipos de numerais, advérbios (aqui, ali, lá, aí), artigos. Exemplos:

Ex: Durante o período da amamentação, a mãe ensina os segredos da sobrevivência ao filhote e é arremedada por ele. A baleiona salta, o filhote a imita. Ela bate a cauda, ele também o faz. (Revista VEJA, no 30,julho/97)

COESÃO LEXICAL

Neste tipo de coesão, usamos termos que retomam vocábulos ou expressões que já ocorreram, porque existem entre eles traços semânticos semelhantes, até mesmo opos-tos.

Coesão por Reiteração – a repetição de expressões linguísticas; neste caso, existe identidade de traços semân-ticos. Este recurso é, em geral, bastante usado nas propa-gandas, com o objetivo de fazer o ouvinte/leitor reter o nome e as qualidades do que é anunciado.

Ex: A história de Porto Belo envolve invasão de aven-tureiros espanhóis, aventureiros ingleses e aventureiros franceses, que procuraram portos naturais, portos segu-ros para proteger suas embarcações de tempestades. (JB, Caderno Viagem, 25.08.93)

Fonte: <http://gartic.uol.com.br>.

Coesão por Substituição:

• Sinonímia: é a seleção de expressões linguísticas com traços semânticos semelhantes.

Ex: Na galeria do ídolos, Júnior Baiano coloca três craques: Leandro, Mozer a Aldair. “Eles sabem tudo de bola”, diz o jogador. O zagueiro da Seleção só questiona se um dia terá o mesmo prestígio deles.

• Antonímia: é a seleção de expressões linguísticas com traços semânticos opostos.

Ex: Chegou taciturno ao escritório ainda de madrugada, antes de todos. A ausência de alegria incomodou os funcionários e os clientes.

• Hiperonímia: a primeira expressão mantém com a segunda uma relação de todo-parte ou classe-ele-mento.

Ex: Sempre gostou de roupas íntimas, mas perce-beu que este sutiã já estava fora de moda.

• Hiponímia: a primeira expressão mantém com a segunda uma relação de parte-todo ou elemento-classe.

Ex: O rapaz declarou todo o seu amor à vizinha, pois esse sentimento lhe sufocava a vida tão calada.

VÍCIOS DE LINGUAGEM

Vícios de linguagem são, segundo Napoleão Mendes de Almeida, palavras ou construções que deturpam, des-virtuam, ou dificultam a manifestação do pensamento, seja pelo desconhecimento das normas cultas, seja pelo des-cuido do emissor.

AMBIGUIDADE

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Ambiguidade é a possibilidade de uma mensagem ter dois sentidos. Ela geralmente é provocada pela má orga-nização das palavras na frase. A ambiguidade é um caso especial de polissemia, a possibilidade de uma palavra apre-sentar vários sentidos em um contexto. Ambígua é a frase ou oração que pode ser tomada em mais de um sentido. Como a clareza é requisito básico de todo texto oficial, deve--se atentar para as construções que possam gerar equívo-cos de compreensão.

Observe as frases seguintes e perceba a ambiguidade presente:

• Deixe o cigarro correndo.• Vendo carne aos fregueses sem pelanca.• Meias para mulheres claras.• Camas para crianças de ferro.• Estudantes viram piranhas.• Corto cabelo e pinto.• A mãe olhava a filha sentada no sofá.• O dinheiro estava no banco.• Vou ler o livro de Paulo.• Os jogadores de futebol viram feras no jogo.

Fonte: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br>

As próximas frases foram extraídas de meios de comu-nicação. Em algumas, a ambiguidade foi provocada, para comercialização, em outras, foi relapso da revisão, o que gerou problemas diversos.

Observe e perceba:• “Além do dentista, eu uso e recomendo Senso-

dyne.” (propaganda)• “Sempre presente. Ferracini Calçados.” (propa-

ganda)• “Selton Mello responde ao manifesto contra a nudez

de Pedro Cardoso.” (Notícia na internet)• “Mãe de Eloá diz que perdoa Lindemberg durante o

velório.” (Notícia na internet)• “Gastou mais de 12 milhões de dólares herdados do

pai, cuja família fez fortuna no ramo de construção de estradas de ferro, com festas, viagens, bebidas e mulheres.” (Revista Veja)

• “O que faz uma boa metrópole.” (Revista Veja)• “As videolocadoras de São Carlos estão escon-

dendo suas fitas de sexo explícito. A decisão atende a uma portaria de dezembro de 91, do Juizado de Menores, que proíbe que as casas de vídeo alu-guem, exponham e vendam fitas pornográficas a menores de 18 anos. A portaria proíbe ainda os menores de 18 anos de irem a motéis e rodeios sem a companhia ou autorização dos pais.” (Jornal Folha Sudoeste)

BARBARISMO

Fonte: <http://bibliotecamindlin.blogspot.com>.

Barbarismo, peregrinismo ou estrangeirismo (para os latinos qualquer estrangeiro era bárbaro) é o uso de pala-vra, expressão ou construção estrangeira no lugar de equi-valente vernácula.

De acordo com a língua de origem, os estrangeirismos recebem diferentes nomes:

• galicismo ou francesismo, quando provenientes do francês (País de Gália, antigo nome da França);

• anglicismo, quando do inglês;• castelhanismo, quando vindos do espanhol;

Exemplos:• Mais penso, mais fico inteligente (galicismo: o mais

adequado seria “quanto mais penso, (tanto) mais fico inteligente”);

• Comeu um roast-beef (anglicismo: o mais adequado seria “comeu um rosbife”);

• Eles têm serviço de delivery. (anglicismo: o mais ade-quado seria “Eles têm serviço de entrega”).

• Premiê apresenta prioridades da Presidência lusa da UE (galicismo: o mais adequado seria Primeiro--ministro)

• Nesta receita gastronômica usaremos Blueberries e Grapefruits. (anglicismo: o mais adequado seria Mir-tilo e Toranja)

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• Convocamos para a Reunião do Conselho de DA’s (plural da sigla de Diretório Acadêmico). (angli-cismo: e mesmo nesta língua não se usa apóstrofo ‘s’ para pluralizar; o mais adequado seria DD.AA. ou DAs.)

• Irei ao toilette (galicismo: o mais adequado seria Banheiro).

Há quem considere barbarismo também divergências de pronúncia, grafia, morfologia etc., tais como “adevogado” ou “eu sabo”, pois seriam atitudes típicas de estrangeiros, por eles dificilmente atingirem alta fluência no dialeto padrão da língua.

Em nível pragmático, o barbarismo normalmente é indesejável porque os receptores da mensagem frequente-mente conhecem o termo em questão na língua nativa de sua comunidade linguística, mas nem sempre conhecem o termo correspondente na língua ou dialeto estrangeiro à comunidade com a qual ele está familiarizado. Em nível político, um barbarismo também pode ser interpretado como uma ofensa cultural por alguns receptores que se encon-tram ideologicamente inclinados a repudiar certos tipos de influência sobre suas culturas. Pode-se assim concluir que o conceito de barbarismo é relativo ao receptor da mensagem.

Em alguns contextos, até mesmo uma palavra da pró-pria língua do receptor poderia ser considerada como um barbarismo. Tal é o caso de um cultismo (ex: “abdômen”) quando presente em uma mensagem a um receptor que não o entende (por exemplo, um indivíduo não escolarizado, que poderia compreender melhor os sinônimos “barriga”, “pança” ou “bucho”).

CACOFONIA

Fonte: <http://gentedemidia.blogspot.com>.

A cacofonia é um som desagradável ou obsceno for-mado pela união das sílabas de palavras contíguas. Pode, também, ocorrer como resultado de uma translineação desatenciosa. Por isso temos que tomar cuidado ao falar para não ofendermos a pessoa que ouve.

Exemplos:• “Ele beijou a boca dela.”• “Bata com um mamão para mim, por favor.”• “Deixe ir-me já, pois estou atrasado.”

Não são cacofonia:• “Eu amo ela demais!!!”• “Eu vi ela.”• “Você veja.”

Como cacofonias são muitas vezes cômicas, elas são algumas vezes usadas de propósito em certas piadas, troca-dilhos e “pegadinhas”.

PLEBEÍSMO

O plebeísmo normalmente utiliza palavras de baixo calão, gírias e termos considerados informais.

Exemplos:• “Ele era um tremendo mané!”• “Tô ferrado!”• “Tá ligado nas quebradas, meu chapa?”• “Esse bagulho é ‘radicaaaal’!!! Tá ligado mano?”• ‘Vô piálá’ mais tarde ‘ !!! Se ligou maluco ?

Por questões de etiqueta, convém evitar o uso de ple-beísmos em contextos sociais que requeiram maior forma-lismo no tratamento comunicativo.

PROLIXIDADE

É a exposição fastidiosa e inútil de palavras ou argu-mentos e à sua superabundância. É o excesso de palavras para exprimir poucas ideias. Ao texto prolixo falta objetivi-dade, o qual quase sempre compromete a clareza e cansa o leitor.

A prevenção à prolixidade requer que se tenha atenção à concisão e precisão da mensagem. Concisão é a quali-dade de dizer o máximo possível com o mínimo de palavras. Precisão é a qualidade de utilizar a palavra certa para dizer exatamente o que se quer.

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PLEONASMO VICIOSO OU TAUTOLOGIA

Fonte: <http://leilacordeiro.blogspot.com>.

O pleonasmo é uma figura de linguagem. Quando con-siste numa redundância inútil e desnecessária de significado em uma sentença, é considerado um vício de linguagem. A esse tipo de pleonasmo chamamos pleonasmo vicioso.

Exemplos:• “Ele vai ser o protagonista principal da peça”. (Um

protagonista é, necessariamente, a personagem principal)

• “Meninos, entrem já para dentro!” (O verbo “entrar” já exprime ideia de ir para dentro)

• “Estou subindo para cima.” (O verbo “subir” já exprime ideia de ir para cima)

• “Tenho certeza absoluta “ – (Toda “certeza” é abso-luta)

Não é pleonasmo:• “Não deixe de comparecer pessoalmente.” É pos-

sível comparecer a algum lugar na forma de pro-curador.

O pleonasmo nem sempre é um vício de linguagem, mesmo para os exemplos supra citados, a depender do con-texto. Em certos contextos, ele é um recurso que pode ser útil para se fornecer ênfase a determinado aspecto da mensagem.

Especialmente em contextos literários, musicais e retóri-cos, um pleonasmo bem colocado pode causar uma reação notável nos receptores (como a geração de uma frase de efeito ou mesmo o humor proposital). A maestria no uso do pleonasmo para que ele atinja o efeito desejado no receptor depende for-temente do desenvolvimento da capacidade de interpretação textual do emissor. Na dúvida, é melhor que seja evitado para não se incorrer acidentalmente em um uso vicioso.

SOLECISMO

Fonte: <http://becodabee.blogspot.com>.

Solecismo é uma inadequação na estrutura sintática da frase com relação à gramática normativa do idioma. Há três tipos de solecismo:

• De concordância: – “Fazem três anos que não vou ao médico.” (Faz

três anos que não vou ao médico.) – “Aluga-se salas nesse edifício.” (Alugam-se

salas nesse edifício.)

• De regência: – “Ontem eu assisti um filme de época.” (Ontem

eu assisti a um filme de época.)

• De colocação: – “Me empresta um lápis, por favor.” (Empresta-

-me um lápis, por favor.) – “Me parece que ela ficou contente.” (Parece-me

que ela ficou contente.) – “Eu não respondi-lhe nada do que perguntou.”

(Eu não lhe respondi nada do que perguntou.)

E X E R C Í C I O S

1. Sublinhe os pleonasmos encontrados no texto a seguir:

O maior pleonasmo é um fato verídico

Conviver junto é algo muito difícil e deve ser encarado de frente. Há muito tempo atrás, numa casa campestre situ-ada no campo, entrei para dentro do recinto mais isolado a fim de escrever e melhor respirar um ar puro de verão, quando, numa surpresa inesperada, a esposa com a qual eu me casara, gritou alto ao meu ouvido:

- Vou decapitar sua cabeça, Joaquim! Onde já se viu? Esquecer o acabamento final!

Caramba, mas não é mesmo? Tive uma surpresa ines-perada com a notícia, pois meu esquecimento deixou por formar uma goteira no teto que pingava como uma hemor-ragia de sangue sobre os lindos cabelos loiros amarelados de minha mulher.

Larguei o que fazia, não sem antes mirar meu texto de tão bonita caligrafia, e cheguei à conclusão final de que ser-viço mal feito é serviço dobrado.

Fui ao quintal pegar as ferramentas e, ao caminhar a pé ao lado da janela da cozinha, pude sentir o cheiro da canja de galinha. O aroma quase me derrubou para baixo! O elo de ligação que havia entre eu e meu estômago era como uma fraternidade de irmãos gêmeos iguais! A humani-dade deveria chegar a um consenso comum de que é regra geral ser impossível a um senhor varão trabalhar sem estar alimentado com comida apropriada. Somente um demente mental não perceberia que, para subir para cima, o avião precisa de combustível.

Ergui os olhos para cima e fitei as estrelas no céu. Pedi a Deus a ajuda necessária para enfrentar minha mulher, pro-metendo-lhe que não repetiria de novo o incidente com o teto. Eu sei que a selva é o habitat natural de um leão, sendo assim, minha casa deveria ser o meu! Ali o rei era eu!

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Quando pude, enfim, sentir a coragem entrando dentro do meu peito, senti-me um verdadeiro almirante da Marinha, um digno general do Exército, líder da prefeitura municipal que era o meu lar! Sendo o protagonista principal daquela novidade inédita, na qual, em meus medos mais profundos, previa as labaredas de fogo que ela lançaria sobre minhas costas, tentei me manter o mesmo. Afinal, todos são unâni-mes em admitir que “um belo sorriso nos lábios faz abrandar qualquer fera”, como dizia meu amigo pessoal.

Ao mostrar a cara na porta da cozinha, uma novidade inédita se fez: Mariazinha ali não mais estava! Seria minha chance de ganhar grátis aquela oferenda aos deuses! Eu tinha a livre escolha de saborear a canja antes mesmo de ela voltar do banho – que foi para onde me pareceu ter ido minha mulher. Pegar a comida sem autorização seria um vandalismo criminoso ou simplesmente obedecer à velha tradição dos machos da espécie? Não sei... Ouvir depois o enxame de abelhas que era a reclamação dela... E eu tinha planos para o futuro! Não podia ser assassinado por haver me apossado de uma mera água temperada! Não valeria a pena torná-la a viúva de um falecido tão pomposo como eu! Mas comer sem autorização é abusar demais da própria sorte... Talvez, fazer um acordo amigável seria o ideal, pro-metendo, por exemplo, consertar o telhado após a janta, ou no dia seguinte, quando amanhecesse o dia. Ambos os dois ficaríamos contentes, pois, como éramos metades iguais, a alegria de um deveria ser a felicidade do outro e, introdu-zir para dentro aquela refeição, confesso que, com certeza absoluta, me daria a mesma sensação de viver uma utopia irrealizável.

Dei um passo adiante. Nenhum sinal dela. Mas o risco existe... O meu problema está em antecipar para antes o que ainda nem aconteceu! Imaginei em minha cabeça ela me surpreendendo inesperadamente e, com aquela cara de fera selvagem, provocando-me um ataque cardíaco do coração! Eu temia minha esposa com muito medo! Então... Pensei que consertar a goteira do teto não era algo que me tomaria tanto tempo assim! E, depois, viria a recompensa como prêmio: a canja, a saborosa canja de galinha que já me alimentava só pelo cheiro!

Sim, eu recuei para trás. Saí para fora e cheguei à con-clusão final de que, na vida moderna, não há pleonasmo maior que este: É A MULHER QUE MANDA! Não entendeu? Vou repetir de novo: É A MULHER QUE MANDA! Ainda não entendeu?! Então, releia de novo o texto!

(Viviane Faria Lopes)

GABARITO:

O maior pleonasmo é um fato verídico

Conviver junto é algo muito difícil e deve ser enca-rado de frente. Há muito tempo atrás, numa casa campestre situada no campo, entrei para dentro do recinto mais isolado a fim de escrever e melhor respirar um ar puro de verão, quando, numa sur-presa inesperada, a esposa com a qual eu me casara, gritou alto ao meu ouvido: - Vou decapitar sua cabeça, Joaquim! Onde já se viu? Esquecer o acabamento final!

Caramba, mas não é mesmo? Tive uma surpresa inesperada com a notícia, pois meu esquecimento deixou por formar uma goteira no teto que pingava como uma hemorragia de sangue sobre os lindos cabelos loiros amarelados de minha mulher.Larguei o que fazia, não sem antes mirar meu texto de tão bonita caligrafia, e cheguei à conclusão fi-nal de que serviço mal feito é serviço dobrado. Fui ao quintal pegar as ferramentas e, ao caminhar a pé ao lado da janela da cozinha, pude sentir o cheiro da canja de galinha. O aroma quase me derrubou para baixo! O elo de ligação que havia entre eu e meu estômago era como uma fraternida-de de irmãos gêmeos iguais! A humanidade deve-ria chegar a um consenso comum de que é regra geral ser impossível a um senhor varão trabalhar sem estar alimentado com comida apropriada. Somente um demente mental não perceberia que, para subir para cima, o avião precisa de combus-tível.Ergui os olhos para cima e fitei as estrelas no céu. Pedi a Deus a ajuda necessária para enfrentar minha mulher, prometendo-lhe que não repetiria de novo o incidente com o teto. Eu sei que a selva é o habitat natural de um leão, sendo assim, minha casa deveria ser o meu! Ali o rei era eu! Quando pude, enfim, sentir a coragem entrando dentro do meu peito, senti-me um verdadeiro almi-rante da Marinha, um digno general do Exército, líder da prefeitura municipal que era o meu lar! Sendo o protagonista principal daquela novidade inédita, na qual, em meus medos mais profundos, previa as labaredas de fogo que ela lançaria sobre minhas costas, tentei me manter o mesmo. Afinal, todos são unânimes em admitir que “um belo sor-riso nos lábios faz abrandar qualquer fera”, como dizia meu amigo pessoal. Ao mostrar a cara na porta da cozinha, uma novi-dade inédita se fez: Mariazinha ali não mais esta-va! Seria minha chance de ganhar grátis aquela oferenda aos deuses! Eu tinha a livre escolha de saborear a canja antes mesmo de ela voltar do ba-nho – que foi para onde me pareceu ter ido minha mulher. Pegar a comida sem autorização seria um vandalismo criminoso ou simplesmente obede-cer à velha tradição dos machos da espécie? Não sei... Ouvir depois o enxame de abelhas que era a reclamação dela... E eu tinha planos para o futuro! Não podia ser assassinado por haver me apossado de uma mera água temperada! Não valeria a pena torná-la a viúva de um falecido tão pomposo como eu! Mas comer sem autorização é abusar demais da própria sorte... Talvez, fazer um acordo amigável seria o ideal, prometendo, por exemplo, consertar o telhado após a janta, ou no dia seguinte, quando amanhecesse o dia. Ambos os dois ficaríamos contentes, pois, como éramos metades iguais, a alegria de um deveria ser a felicidade do outro e, introduzir para dentro aquela refeição, confesso que, com certeza absoluta, me daria a mesma sen-sação de viver uma utopia irrealizável.Dei um passo adiante. Nenhum sinal dela. Mas o risco existe... O meu problema está em antecipar para antes o que ainda nem aconteceu! Imaginei em minha cabeça ela me surpreendendo inespe-radamente e, com aquela cara de fera selvagem,

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provocando-me um ataque cardíaco do coração! Eu temia minha esposa com muito medo! En-tão... Pensei que consertar a goteira do teto não era algo que me tomaria tanto tempo assim! E, de-pois, viria a recompensa como prêmio: a canja, a saborosa canja de galinha que já me alimentava só pelo cheiro!Sim, eu recuei para trás. Saí para fora e cheguei à conclusão final de que, na vida moderna, não há pleonasmo maior que este: É A MULHER QUE MANDA! Não entendeu? Vou repetir de novo: É A MULHER QUE MANDA! Ainda não entendeu?! Então, releia de novo o texto!

O Cerco Total aos FumantesO estado de São Paulo aprova a lei antifumo maisrestritiva do país. É um grande passo para tentar

apagar o cigarro da vida moderna.

A vida de quem fuma só piora no Brasil e no mundo. Mas agora, em São Paulo, fumar virou um inferno. Daqui para a frente, será proibido acender cigarros, cachimbos e charutos em qualquer ambiente coletivo fechado em todo o estado. Isso significa que: 1) restaurantes não poderão mais ter alas para fumantes; 2) bares terão de aposentar seus cinzeiros; 3) hotéis passarão a fiscalizar seus hóspedes; e 4) empresas serão obrigadas a fechar as acinzentadas sali-nhas conhecidas como fumódromos. Quem quiser dar suas tragadas só poderá fazê-lo em casa, no carro ou ao ar livre. A lei é tão rigorosa que mesmo ambientes com teto alto e sem paredes, como marquises, serão vetados ao tabaco. Os empresários que não se adequarem à lei em noventa dias poderão ser multados em até 3,2 milhões de reais. É para deixar qualquer um sem fôlego. (...)

No Palácio dos Bandeirantes quem quer fumar um cigarro precisa andar 500 metros, cruzar o portão e sair para a rua. “Quando chove é pior, porque a gente precisa usar o guarda-chuva para chegar lá”, conta um funcionário da Casa Civil do governo. “Ficou tão difícil fumar que até decidi parar”, diz ele. (...)

Quem considera a lei exagerada deve saber que São Paulo apenas se alinha a uma tendência mundial. Em Lon-dres, desde 2007 não se pode fumar em espaços fechados, como pubs, cafés, restaurantes e escritórios. Lá, também foram extintos os fumódromos. Em Nova York, já é proibido fumar em lugares fechados, desde 2003. No estado ameri-cano da Califórnia, a lei é ainda mais dura. Há mais de um ano é vetado fumar dentro dos carros se um dos passagei-ros tiver menos de 18 anos. Na cidade de Belmont, também na Califórnia, a restrição chega aos lares. Não se podem acender cigarros em apartamentos que dividam chão, teto ou parede com outros. Os fumantes americanos têm outro problema com que se preocupar: eles pagam, em média, 25% a mais pelo plano de saúde, já que o cigarro está asso-ciado a um sem número de doenças. O caso mais radical é o do Butão, pequeno país espremido entre a Índia e a China, que simplesmente baniu a venda de tabaco em 2004. A brasa do tabagismo está-se apagando mundo afora. E a maioria não fumante não quer deixar que ela seja reavivada.

BRASIL, Sandra. Revista Veja, 15 abr. 2009. (Adaptado)

Responda às questões.

2. (CESGRANRIO) Na segunda frase do texto, o autor emprega uma imagem coloquial e impactante que tem como objetivoa. atrair a atenção do leitor ao apresentar, logo no

princípio, uma opinião defendida na matéria.b. contrastar de maneira jocosa o teor científico da

matéria e a leveza do veículo utilizado.c. ironizar a postura adotada em São Paulo acerca

do fumo.d. apresentar o argumento dos países estrangeiros

para, em seguida, contrapô-lo.e. revelar opiniões divergentes sobre o assunto proi-

bição do fumo no Brasil.

GABARITO: a.

3. (CESGRANRIO) O texto é uma matéria jornalística. Entretanto, emprega na sua estrutura construções que revelam um teor expressivo por meio do uso de figuras de linguagem, trocadilhos e ambiguidades. A passa-gem que NÃO serve de exemplo para essa afirmação éa. “Mas agora, em São Paulo, fumar virou um inferno.”b. “bares terão de aposentar seus cinzeiros;” c. “É para deixar qualquer um sem fôlego.”d. “Em Nova York, já é proibido fumar em lugares fe-

chados, desde 2003.”e. “A brasa do tabagismo está-se apagando mundo

afora.”

GABARITO: d.

4. (IBFC) Considere o trecho e as afirmações abaixo.

“Eu acho que a pena de morte deve ser adotada para os assassinos, pois ninguém tem o direito de tirar a vida de outra pessoa.”

I – Há, no enunciado, efeito de impessoalidade, pois o autor apresenta um argumento.

II – O argumento apresentado é coerente com a ideia que se defende.

Está correto o que se afirma ema. somente I. b. somente II. c. I e II. d. nenhuma.

GABARITO: d.

5. (CESPE)

Quando as caravelas atracaram nas límpidas águas e areias do litoral brasileiro, que em pequena distância pare-cia infinito, algo impressionou ainda mais aqueles inegáveis exploradores: uma enorme muralha verde parecia proteger aquelas terras. Densas árvores, rica fauna... Algo jamais

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visto, algo jamais imaginado. Aos poucos, os portugueses perceberam que ali estava a verdadeira riqueza daquela terra recém-conquistada. Naquela época, a Mata Atlântica, que leva esse nome por (nos tempos hoje ditos remotos) se estender por quase toda a costa litorânea, atingia 1,3 milhões de quilômetros quadrados, cerca de 12% do terri-tório brasileiro. Nela ocorrem sete das nove maiores bacias hidrográficas brasileiras. Suas florestas são fundamentais para a manutenção dos processos hidrológicos dessas regi-ões, assegurando a quantidade da água potável para mais de 150 milhões de brasileiros. Mais do que pura militân-cia, preservar esse ecossistema significa preservar a vida humana, já que sabemos que sem água potável não há vida.

Gabrielle Dainezi. Mata Atlântica: a biodiversidade em perigo. In: Revista Mãe Terra. Minuano, p. 23-25 (com

adaptações).

A partir do texto acima, julgue os itens subsequentes.1) No último período do texto, a flexão de singular

na forma verbal “significa” justifica-se pelo fato de “ecossistema” estar no singular.

2) No último período, preservam-se as relações signi-ficativas do texto, bem como sua correção gramati-cal, ao se substituir “há” por existe.

3) No primeiro período, depreende-se das ideias do texto que os “exploradores” nunca tinham visto ou imaginado “águas e areias” tão límpidas ou costa tão extensa como as que encontraram no litoral brasileiro.

4) No desenvolvimento do texto, “algo” corresponde a “uma enorme muralha verde” que parecia proteger as terras brasileiras.

5) O advérbio “ali” situa na “muralha verde”, constituí-da de “Densas árvores” e de “rica fauna”, a “verda-deira riqueza daquela terra”.

6) A preposição “por” introduz uma noção de causa ou justificativa para a denominação “Mata Atlânti-ca” atribuída à área descrita no texto.

7) A coerência textual e a correção gramatical admi-tem que os parênteses que demarcam a informa-ção “nos tempos hoje ditos remotos” possam ser substituídos por travessões.

8) Preservam-se a coerência e a correção gramatical do texto ao se substituir “ocorrem”, em “Nela ocor-rem sete das nove maiores bacias hidrográficas brasileiras.”, por situam ou localizam.

9) A oração iniciada por “assegurando” pode ser inter-pretada como fornecendo uma causa para a impor-tância da Mata Atlântica; por isso, seriam mantidas sua correção e sua coerência ao substituir o gerún-dio por porque asseguram.

GABARITO: E, C, E, C, C, C, C, E, C.

6. (CESPE)

O transporte hidroviário tem sido usado desde a anti-guidade. De custo operacional muito baixo, é utilizado no transporte, a grandes distâncias, de massas volumosas de produtos de baixo valor em relação ao peso, como minérios.

O uso adequado de uma rede hidroviária exige a constru-ção de uma infraestrutura de vulto, que envolve, entre outras medidas, a abertura de canais para ligação das vias fluviais naturais, a adaptação dos leitos dos rios para a profundidade necessária ao calado das embarcações, a correção do curso fluvial, a construção de vias de conexão com outras redes, como a ferroviária ou rodoviária, e a implementação de um complexo sistema de conservação de todo o conjunto. Os custos dos investimentos e da manutenção da infraestru-tura, no entanto, são rapidamente recuperados pela ampla rentabilidade desse modo de transporte, existente em todos os países de economia avançada.

Internet: <www.cepa.if.usp.br> (com adaptações).

Julgue os seguintes itens com relação à organização das ideias no texto.1) As vírgulas depois de “naturais”, “embarcações” e

“fluvial” separam termos de uma enumeração.2) Considerando-se a coerência entre os argumentos

apresentados no texto, verifica-se que o adjetivo “existente” faz referência a “rentabilidade”.

3) Na argumentação do texto, defende-se a ideia de que a construção e a manutenção de um sistema de “transporte hidroviário” eficiente envolvem cus-tos que só países de economia avançada podem suportar.

4) A ideia de continuidade no uso do transporte hidro-viário é marcada, no texto, tanto pelo emprego da preposição “desde” quanto pelo emprego da ex-pressão verbal “tem sido usado”.

5) Mantêm-se a correção gramatical e a coerência do texto ao se inserir um sinal indicativo de crase em “a grandes distâncias”, escrevendo-se: à grandes distâncias.

6) Depreende-se do texto que “minérios” são trans-portados em grandes quantidades e têm baixo va-lor relativamente ao peso.

7) Preservam-se a coerência e a correção gramatical do texto ao se substituir “ao calado das embarca-ções” por às dimensões das embarcações.

GABARITO: C, E, E, C, E, C, C.

(CESPE) Leia o texto para responder às questões.

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O administrador interino

Pádua era empregado em repartição dependente do Ministério da Guerra. Não ganhava muito, mas a mulher gastava pouco, e a vida era barata. Demais, a casa em que morava, assobradada como a nossa, posto que menor, era propriedade dele. Comprou-a com a sorte grande que lhe saiu num meio bilhete de loteria, dez contos de réis.

A primeira ideia do Pádua, quando lhe saiu o prêmio, foi comprar um cavalo do Cabo, um adereço de brilhantes para a mulher, uma sepultura perpétua de família, mandar vir da Europa alguns pássaros etc.; mas a mulher, esta D. Fortu-nata que ali está à porta dos fundos da casa, em pé, falando à filha, alta, forte, cheia, como a filha, a mesma cabeça, os mesmos olhos claros, a mulher é que lhe disse que o melhor era comprar a casa, e guardar o que sobrasse para acudir às moléstias grandes. Pádua hesitou muito; afinal, teve de ceder aos conselhos de minha mãe, a quem D. Fortunata pediu auxílio. Nem foi só nessa ocasião que minha mãe lhes valeu; um dia chegou a salvar a vida ao Pádua. Escutai; a anedota é curta.

O administrador da repartição em que Pádua tra-balhava teve de ir ao Norte, em comissão. Pádua, ou por ordem regulamentar, ou por especial designação, ficou subs-tituindo o administrador com os respectivos honorários. Esta mudança de fortuna trouxe-lhe certa vertigem; era antes dos dez contos. Não se contentou de reformar a roupa e a copa, atirou-se às despesas supérfluas, deu joias à mulher, nos dias de festa matava um leitão, era visto em teatros, chegou aos sapatos de verniz. Viveu assim vinte e dois meses na suposição de uma eterna interinidade. Uma tarde entrou em nossa casa, aflito e desvairado, ia perder o lugar, porque chegara o efetivo naquela manhã. Pediu a minha mãe que velasse pelas infelizes que deixava; não podia sofrer des-graça, matava-se. Minha mãe falou-lhe com bondade, mas ele não atendia a coisa nenhuma. Pádua enxugou os olhos e foi para casa, onde viveu prostrado alguns dias, mudo, fechado na alcova, — ou então no quintal, ao pé do poço, como se a ideia da morte teimasse nele. D. Fortunata ralhava:

— Joãozinho, você é criança? Mas, tanto lhe ouviu falar em morte que teve medo, e

um dia correu a pedir a minha mãe que lhe fizesse o favor de ver se lhe salvava o marido que se queria matar. Minha mãe foi achá-lo à beira do poço, intimou-lhe que vivesse. Que maluquice era aquela de parecer que ia ficar desgra-çado, por causa de uma gratificação a menos, e perder um emprego interino?

Machado de Assis. Dom Casmurro, cap. XVI (com adaptações).

7. (CESPE) Com relação à interpretação do texto e à significação das palavras nele empregadas, julgue os seguintes itens.1) No trecho “como se a ideia da morte teimasse

nele”, o verbo teimar é sinônimo de embirrar e está empregado em sentido conotativo.

2) Depreende-se, a partir do texto, que João era pre-nome de Pádua.

3) Depreende-se do texto que a vida de Pádua era financeiramente difícil.

4) O termo “Demais” (1º par.) tem o mesmo valor que a expressão Além disso.

5) Durante o período em que substituiu o administra-dor da repartição, Pádua foi remunerado pelo exer-cício dessa função.

6) Entre os trechos que justificam o título do texto, inclui-se o seguinte: “Pádua, ou por ordem regu-lamentar, ou por especial designação, ficou substi-tuindo o administrador” (3º par.).

7) A palavra “fortuna”, em “Esta mudança de fortuna” (3º par.), foi empregada no sentido de grande quanti-dade de dinheiro.

GABARITO: E, C, E, C, C, C, E.

8. (CESPE) Julgue os itens com relação a aspectos gra-maticais e ortográficos do texto.1) A expressão “salvar a vida ao Pádua” (2º par.) pode

ser adequadamente interpretada como salvar a vida do Pádua, literalmente.

2) A forma verbal “Escutai” (2º par.) está flexionada no modo subjuntivo e indica a incerteza do falante a respeito do que está dizendo.

3) A palavra “repartição” (3º par.) diz respeito a uma área administrativa específica do “Ministério da Guerra”. Com esse mesmo sentido, o autor poderia ter empregado a palavra cessão.

4) A substituição da preposição “em” por de na ex-pressão “era empregado em repartição” (1º par.) implica que a repartição onde Pádua trabalhava era necessariamente o órgão empregador.

5) A vírgula empregada imediatamente antes da ex-pressão “dez contos de réis” (1º par.) pode ser substituída por dois-pontos ou por travessão, sem prejuízo para a coerência e a correção do texto.

6) Em “mandar vir da Europa alguns pássaros” (2º par.), a forma verbal “vir” poderia concordar com a expressão nominal “alguns pássaros”, que é o su-jeito desse verbo.

7) No trecho “a mulher é que lhe disse” (2º par.), a expressão “é que” confere ênfase ao elemento que exerce a função de sujeito da oração.

8) A expressão nominal “D. Fortunata” é emprega-da, no texto, sem artigo. Por essa razão, caso a palavra frisada em “deu joias à mulher” (3º par.) fosse substituída por “D. Fortunata”, o acento gra-ve sobre o a que sucede “joias” não deveria ser empregado.

9) No trecho “foi para casa, onde viveu prostrado al-guns dias” (3º par.), o pronome relativo tem valor possessivo, indicando que a casa a que o autor se refere pertence a Pádua.

10) O último período do texto poderia ter sido introdu-zido por um travessão, uma vez que corresponde a uma transcrição literal de fala, denominada dis-curso direto.

11) Os pronomes empregados em “quando lhe saiu o prêmio” (2º par.) e “atirou-se às despesas supér-fluas” (3º par.) devem ser interpretados como re-flexivos.

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12) O verbo empregado em “chegara o efetivo” pode ser substituído pela locução verbal tinha chegado, sem prejuízo para a interpretação do texto.

13) Em “chegara o efetivo” (3º par.) e “velasse pelas infelizes” (3º par.), “efetivo” remete ao administra-dor da repartição e “infelizes”, à mulher e à filha de Pádua.

GABARITO: C, E, E, C, C, C, C, C, E, E, E, C, C.

9. (CESPE) O sentido original do texto seria mantido com a substituição.1) do conector “afinal” por portanto, em “Pádua hesitou

muito; afinal, teve de ceder aos conselhos de mi-nha mãe” (2º par.).

2) dos conectivos “ou (...) ou (...)” por tanto (...) quanto (...), em “Pádua, ou por ordem regulamentar, ou por especial designação, ficou substituindo o adminis-trador” (3º par.).

3) do conector “e” pela conjunção porque, em “mas a mulher gastava pouco, e a vida era barata” (1º par.).

4) do conector “posto que” por embora, em “a casa em que morava (...), posto que menor, era propriedade dele” (1º par.).

5) do conector “para” por a fim de, em “e guardar o que sobrasse para acudir às moléstias grandes” (2º par.).

GABARITO: E, E, E, C, C.

(CESPE) Leia o trecho abaixo para responder às ques-tões seguintes.

Não se sabia bem onde nascera, mas não fora decerto em São Paulo, nem no Rio Grande do Sul, nem no Pará. Errava quem quisesse encontrar nele qualquer regionalismo: Quaresma era antes de tudo brasileiro. Não tinha predileção por esta ou aquela parte de seu país, tanto assim que aquilo que o fazia vibrar de paixão não eram só os pampas do Sul com o seu gado, não era o café de São Paulo, não eram o ouro e os diamantes de Minas, não era a beleza da Gua-

nabara, não era a altura da Paulo Afonso, não era o estro de Gonçalves Dias ou o ímpeto de Andrade Neves – era tudo isso junto, fundido, reunido, sob a bandeira estrelada do Cruzeiro.

Logo aos dezoito anos quis fazer – se militar; mas a junta de saúde julgou-o incapaz. Desgostou-se, sofreu, mas não maldisse a Pátria. O ministério era liberal, ele se fez conservador e continuou mais do que nunca a amar a “terra que o viu nascer”. Impossibilitado de evoluir-se sob os dourados do Exército, procurou a administração e dos seus ramos escolheu o militar.

Era onde estava bem. No meio de soldados, de canhões, de veteranos, de papelada inçada de quilos de pólvora, de nomes de fuzis e termos técnicos de artilharia, aspirava diariamente aquele hálito de guerra, de bravura, de vitória, de triunfo, que é bem o hálito da Pátria.

Durante os lazeres burocráticos, estudou, mas estu-dou a Pátria, nas suas riquezas naturais, na sua história, na sua geografia, na sua literatura e na sua política. Qua-resma sabia as espécies de minerais, vegetais e animais, que o Brasil continha; sabia o valor do ouro, dos diamantes exportados de Minas, as guerras holandesas, as batalhas do Paraguai, as nascentes e o curso de todos os rios. Defendia com azedume e paixão a proeminência do Amazonas sobre todos os demais rios do mundo. Para isso ia até o crime de amputar alguns quilômetros ao Nilo e era com este rival do “seu” rio que ele mais implicava. Ai de quem o citasse na sua frente! Em geral, calmo e delicado, o major ficava agitado e malcriado, quando se discutia a extensão do Amazonas em face da do Nilo.

Havia um ano a esta parte que se dedicava ao tupi--guarani. Todas as manhãs, antes que a “Aurora, com seus dedos rosados abrisse caminho ao louro Febo”, ele se atra-cava até ao almoço com o Montoya, Arte y diccionario de la lengua guarani ó más bien tupi, e estudava o jargão caboclo com afinco e paixão . Na repartição, os pequenos empregados, amanuenses e escreventes, tendo notícia desse estudo do idioma tupiniquim, deram não se sabe por que em chamá--lo – Ubirajara. Certa vez, o escrevente Azevedo, ao assinar o ponto, distraído, sem reparar quem lhe estava às costas, disse em tom chocarreiro: “Você já viu que hoje o Ubirajara está tardando?”.

Quaresma era considerado no Arsenal: a sua idade, a sua ilustração, a modéstia e honestidade de seu viver impu-nham-no ao respeito de todos. Sentindo que a alcunha lhe era dirigida, não perdeu a dignidade, não prorrompeu em insultos. Endireitou-se, concentrou o pince-nez, levantou o dedo indicador no ar e respondeu:

– Senhor Azevedo, não seja leviano. Não queira levar ao ridículo aqueles que trabalham em silêncio, para a gran-deza e a emancipação da Pátria.

(Lima Barreto. Triste Fim de Policarpo Quaresma. Rio de Janeiro: Record. 2ª ed. 1998.).

10. (CESPE) Em Triste Fim de Policarpo Quaresma, romance publicado originalmente em 1915, Lima Barreto narra uma história ocorrida durante os primeiros anos da Re-pública brasileira. Com base no conteúdo do fragmen-to dessa obra apresentado acima, assinale a opção correta.

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a. Quaresma era, na verdade, carioca, pois vivia na cidade do Rio de Janeiro.

b. Quaresma gostava de comer carne do Sul e de to-mar café em São Paulo.

c. Quaresma era muito religioso, por isso imaginava o Brasil unificado “sob a bandeira estrelada do Cru-zeiro”.

d. Ao se ver recusado pela junta de saúde do Exérci-to, Quaresma tornou-se conservador, em oposição ao governo que era então liberal.

e. Quaresma queria ser militar por causa dos exce-lentes salários pagos pelo Exército.

GABARITO: d.

11. (CESPE) Tendo como referência às ideias contidas no texto, assinale a opção incorreta.a. Não obstante o seu modo pacato de viver, Qua-

resma perdia a calma quando se discutiam certos assuntos de seu interesse.

b. Quaresma passou a estudar o tupi-guarani para poder trabalhar junto aos índios, incutindo-lhes o sentimento patriótico que o dominava.

c. Infere-se do texto que os estudos feitos por Qua-resma sobre o Brasil poderiam tê-lo influenciado na assimilação de um sentimento ufanista.

d. No 4º parágrafo, o narrador usou aspas para enfa-tizar o sentimento de posse e de nacionalismo da personagem em relação ao rio Amazonas.

e. Quaresma antipatizava com o rio Nilo por ser este mais extenso que o rio Amazonas.

GABARITO: b.

12. (CESPE) Ainda com base no texto, assinale a opção correta.a. Todas as manhãs, Quaresma discutia com Mon-

toya, um colega de trabalho que vivia zombando do interesse do herói pelo tudo do tupi-guarani.

b. Infere-se do texto que o antropônimo “Ubirajara” é de origem indígena.

c. Quaresma não gostava da língua espanhola, por isso a classificava de “jargão caboclo”.

d. Foi o escrevente Azevedo que deu a Quaresma a alcunha de “Ubirajara”.

e. Por causa de suas excentricidades, Quaresma não gozava do respeito de seus colegas de trabalho.

GABARITO: b.

13. (CESPE) No texto, não constitui qualidade caracterís-tica de Quaresma a:a. modéstia;b. cultura;c. honestidade;d. jocosidade;e. respeitabilidade.

GABARITO: d.

14. (CESPE) No texto, por uma questão de elegância de estilo, alguns pronomes foram usados em substituição a seus referentes. Assinale a opção que apresenta associação incorreta entre o pronome negritado e o referente:a. “terra que o viu nascer” / Quaresma;b. “Ai de quem o citasse” / o rio Nilo;c. “deram não se sabe por que em chamá-lo” / Qua-

resma;d. “impunham-no ao respeito de todos” / Quaresma;e. “Sentindo que a alcunha lhe era dirigida” / escre-

vente Azevedo.

GABARITO: e.

15. (CESPE)

Agosto 1964

Entre lojas de flores e de sapatos, bares,mercados, butiquesviajonum ônibus Estrada de Ferro – LeblonVolto do trabalho, a noite em meio,fatigado de mentiras.O ônibus sacoleja. Adeus, Rimbaud,relógio de lilases, concretismo,neoconcretismo, ficções de juventude, adeus,que a vidaeu a compro à vista aos donos do mundo.Ao peso dos impostos, o verso sufoca,a poesia agora responde a inquérito policial-militar.Digo adeus à ilusãomas não ao mundo. Mas não à vida,meu reduto e meu reino.Do salário injusto,da punição injusta,da humilhação, da tortura,do terror,retiramos algo e com ele construímos um artefatoum poemauma bandeira.

Ferreira Gullar. Dentro da noite veloz. In: Toda poesia. Rio de Janeiro: José Olympio, 2000.

Considerando o poema e o texto acima como referên-cias iniciais e os aspectos marcantes da história da política brasileira da segunda metade do século XX, julgue os itens.

1) Os elementos em que se baseia a força lírica do poema podem ser, corretamente, esquematizados da seguinte forma:

dominante poética

elementos de esperança

elementos de desilusão

subjetividade/lirismo

“poema”/ “bandeira” “ficções da juventude”

objetividade/realismo

“mercados”/ “butiques” “humilhação”/“tortura”/ “terror”

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2) Nos versos “que a vida/eu a compro à vista aos do-nos do mundo” (v.10-11), o emprego de pleonasmo confere maior vigor ao que neles é expresso.

3) Ao propor, nos dois últimos versos, relação de equivalência entre “poema” e “bandeira”, o poeta nega a possibilidade de a poesia apresentar-se como veículo de protesto contra as ignomínias re-feridas no poema.

4) Diante dos fatos que relata, o eu lírico do poema manifesta otimismo, que não o deixa abandonar os sonhos e a poesia.

GABARITO: E, C, E, E.

16. (CESPE)

O direito e seu conjunto de atos e procedimentos podem ser observados como atos literários, e um dos fatores que pode explicar essa visão do direito como literatura é o fato de que, devido à tradição positivista do direito, os atos jurídicos são, via de regra, reduzidos a termo, isto é, transformam-se em textos narrativos acerca de um fato. Sob a ótica da lite-ratura, esses atos escritos do sistema jurídico são formas de contar e de repassar uma história. Assim, é perfeitamente possível conceber, por exemplo, uma sentença como uma peça com personagens, início, enredo e fim. Nessa esteira de raciocínio, a citação de jurisprudência e precedentes em uma petição seria um relato inserido em outro, adaptado à necessidade de um suporte jurídico. Dessa forma, o literário é intrínseco ao jurídico, que encerra traços da literatura pela construção de personagens, personalidades, sensibilidades, mitos e tradições que compõem o mundo social.

O direito é, por conseguinte, um contar de histórias. Assim como os antigos transmitiam o conhecimento por intermédio da oralidade, um processo judicial é, além de processo de conhecimento, um conjunto de histórias con-trapostas uma à outra. Sua lógica sequenciada permite ao juiz a compreensão do acontecimento dos fatos da mesma forma que uma boa obra literária reporta o leitor ao enten-dimento linear de sua narração. A correta narrativa judicial é, portanto, um meio de se assegurar uma decisão que res-ponda às expectativas lançadas pela parte em um procedi-mento judiciário.

Germano Schwartz e Elaine Macedo. Pode o direito ser arte? Respostas a partir do direito e literatura. Internet:

<www.conpedi.org.br> (com adaptações).

Com referência às ideias desenvolvidas no texto acima e às estruturas linguísticas nele empregadas, julgue os itens a seguir.1) O emprego da forma verbal “seria” (l. 10), na tercei-

ra pessoa do singular, deve-se à concordância com a expressão “a citação de jurisprudência” (l. 9-10), que exerce a função de núcleo do sujeito dessa for-ma verbal.

2) No primeiro parágrafo, as expressões “conjunto de atos e procedimentos” (l.1), “os atos jurídicos” (l.4) e “esses atos escritos do sistema jurídico” (l. 6) são parte de rede semântica construída no texto que in-clui, por exemplo, “sentença” (l. 8) e “petição” (l. 10).

3) Embora reconheçam a ligação entre direito e lite-ratura, os autores do texto compartilham uma vi-são do direito como ciência ligada a paradigmas positivistas, como demonstrado no trecho “tradição positivista do direito” (l. 3-4).

4) Depreende-se das informações veiculadas no se-gundo parágrafo que, para os autores, a obra lite-rária de qualidade deve permitir ao leitor compre-ender a sequência da narrativa.

5) Conclui-se da leitura do texto que, dado o impor-tante papel da escrita na ligação entre direito e literatura, interpretações de casos jurídicos como narrativas literárias são inconcebíveis em socieda-des ágrafas.

GABARITO: E, C, E, C, E.

17. (CESPE)

Eu resolvera passar o dia com os trabalhadores da estiva e via-os vir chegando a balançar o corpo, com a comida debaixo do braço, muito modestos. Em pouco, a beira do cais ficou coalhada. Durante a última greve, um delegado de polícia dissera-me:

— São criaturas ferozes! (...)Logo que o saveiro atracou, eles treparam pelas esca-

das, rápidos; oito homens desapareceram na face aberta do porão, despiram-se, enquanto os outros rodeavam o guincho e as correntes de ferro começavam a ir e vir do porão para o saveiro, do saveiro para o porão, carregadas de sacas de café. Era regular, matemático, a oscilação de um lento e for-midável relógio.

Aqueles seres ligavam-se aos guinchos; eram parte da máquina; agiam inconscientemente. Quinze minutos depois de iniciado o trabalho, suavam arrancando as camisas. Não falavam, não tinham palavras inúteis. Quando a pilha de sacas estava feita, erguiam a cabeça e esperavam nova carga. Que fazer? Aquilo tinha que ser até às 5 da tarde. (...)

Esses homens têm uma força de vontade incrível. Fize-ram com o próprio esforço uma classe, impuseram-na. Hoje, estão todos ligados, exercendo uma mútua polícia para a moralização da classe. A União dos Operários Estivadores consegue, com uns estatutos que a defendem habilmente, o seu nobre fim. (...)

Que querem eles? Apenas ser considerados homens dignificados pelo esforço e a diminuição das horas de traba-lho, para descansar e para viver.

João do Rio. Os trabalhadores de estiva. In: A alma encantadora das ruas. Paris: Garnier, 1908. Internet:

<www.dominiopublico.gov.br> (com adaptações).

Julgue os itens que se seguem, relativos às ideias do texto acima e às estruturas linguísticas nele utilizadas.1) O emprego da forma verbal “resolvera” (l. 1), no

pretérito mais-que-perfeito, indica que o narrador tomou a decisão de “passar o dia com os trabalha-dores da estiva” (l. 1) antes da ocorrência do even-to narrativo principal do texto.

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2) Com o período “Era regular (...) formidável relógio” (l. 10-11), o autor descreve a ida e vinda dos tra-balhadores entre o porão e o saveiro, em termos que aproximam o ritmo da atividade humana ao da atividade das máquinas.

3) A correção gramatical e o sentido original do texto seriam preservados caso o trecho “Esses homens têm (...) impuseram-na” (l. 18-19) fosse reescrito do seguinte modo: Esses trabalhadores eram de uma força de vontade extraordinária, porquanto esta-beleceram uma associação independente que se tornou de afiliação obrigatória.

4) Seriam mantidas a correção gramatical e a coerên-cia do texto caso o último parágrafo fosse reescrito da seguinte forma: O que quer essa união a não ser sua dignidade como trabalhadores e a redução das horas reconhecidas, para que possam descan-sar e viver?

5) O texto revela realidades jurídicas associadas, por exemplo, a relações de trabalho e a direitos sindi-cais.

GABARITO: C, E, E, E, C.

18. (CESPE)

De início, não existiam direitos, mas poderes. Desde que o homem pôde vingar a ofensa a ele dirigida e verificou que tal vingança o satisfazia e atemorizava a reincidência, só deixou de exercer sua força perante uma força maior. No entanto, como acontece muitas vezes no domínio bioló-gico, a reação começou a ultrapassar de muito a ação que a provocara. Os fracos uniram-se; e foi então que começou propriamente a incursão do consciente e do raciocínio no mecanismo social, ou melhor, foi aí que começou a socie-dade propriamente dita. Fracos unidos não deixam de cons-tituir uma força. E os fracos, os primeiros ladinos e sofistas, os primeiros inteligentes da história da humanidade, procu-raram submeter aquelas relações até então naturais, bio-lógicas e necessárias, ao domínio do pensamento. Surgiu, como defesa, a ideia de que, apesar de não terem força, tinham direitos. Novas noções de Justiça, Caridade, Igual-dade e Dever foram se insinuando naquele grupo primitivo, instiladas pelos que delas necessitavam, tão certo como o é o fato de os primeiros remédios terem sido inventados pelos doentes. No espírito do homem, foi se formando a cor-respondente daquela revolta: um superego mais ou menos forte, que daí em diante regeria e fiscalizaria as relações do novo homem com os seus semelhantes, impedindo-lhe a perpetração de atos considerados por todos como proibidos. (...) Na resolução de seus litígios, não mais aparecia o mais forte e musculoso diante do menos poderoso pelo próprio nascimento e natureza. Igualados pelas mesmas condições, afrouxados na sua agressividade de animal pelo nascimento do superego, fizeram uma espécie de tratado de paz, as leis, pelas quais os interesses e os “proibidos” não seriam vio-lados reciprocamente, sob a garantia de uma punição por parte da coletividade.

Clarice Lispector. Observações sobre o fundamento do direito de punir. In: Aparecida Maria Nunes (Org.). Cla-rice na cabeceira. Rio de Janeiro: Rocco, 2012, p. 67-8

(com adaptações).

A respeito do texto acima, julgue os próximos itens.1) Constrói-se no texto uma dicotomia que opõe fra-

queza, racionalidade e inteligência, de um lado, a força física, primitivismo e agressividade animales-ca, de outro, sendo a formação da sociedade en-tendida como o resultado do embate entre esses dois opostos das qualidades humanas.

2) Nos trechos “que a provocara” (l. 5-6) e “que daí em diante regeria” (l. 18), o pronome “que” exerce, em ambas as ocorrências, a função de sujeito.

3) A correção gramatical do texto seria prejudicada caso, na linha 18, a expressão “daí em diante” fosse isolada por vírgulas: (...) que, daí em diante, regeria (...).

4) Os elementos “Igualados” (l. 22) e “afrouxados” (l. 23), assim como “fizeram” (l. 24), estão ligados por relação que os associa à ideia de homem, descrito em linhas gerais, no texto, como “o mais forte e musculoso” (l. 21) e “menos poderoso pelo próprio nascimento e natureza” (l. 22).

5) Sem prejuízo para o sentido original do texto e para sua correção gramatical, o segundo período pode ser reescrito da seguinte forma: Assim que pôde se vingar da ofensa sofrida e perceber que essa vingança lhe era agradável e útil para repelir novos ofensores, o ser humano nunca deixou de impor sua força as pessoas mais fracas.

6) O princípio da explicação dada pela autora para a criação dos direitos é comparado àquele que moti-va a criação de remédios e pode ser expresso pelo seguinte dito popular: A necessidade e a fome agu-çam o engenho.

7) O texto tem caráter predominantemente dissertati-vo e argumentativo, embora nele possam ser iden-tificados trechos que remetam ao tipo narrativo.

GABARITO: C, C, E, C, E, C, C.

19. (CESPE)

O direito à privacidade já desapareceu faz tempo no mundo em que vivemos. Esse direito foi desmantelado, antes mesmo que pelos espiões, pela imprensa marrom e pelas revistas cor-de-rosa, pela ferocidade dos debatedores políticos — que, em sua ânsia de aniquilar o adversário, não hesitam em expor à luz suas intimidades mais secretas — e por um público ávido por invadir o âmbito do privado a fim de saciar sua curiosidade com segredos de alcova, escân-dalos de família, relações perigosas, intrigas, vícios, tudo aquilo que antigamente parecia vedado à exposição pública. Hoje, a fronteira entre o privado e o público se eclipsou e, embora existam leis que na aparência protegem a privaci-dade, poucas pessoas apelam para os tribunais a fim de reclamá-la, porque sabem que as possibilidades de que os juízes lhes deem razão são escassas. Desse modo, embora por inércia continuemos utilizando a palavra escândalo, a realidade a esvaziou do seu conteúdo tradicional e da cen-sura moral que implicava e passou a ser sinônimo de entre-tenimento legítimo.

Mário Vargas Llosa. Aposentem os espiões. Internet: <www.observatoriodaimprensa.com.br> (com adapta-

ções).

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Acerca da organização das ideias e da estruturação linguística do texto acima, julgue os itens seguintes.1) O texto está dividido em três partes – apresentação

de tese, apresentação de argumentos e conclusão –, demarcadas, respectivamente, assim: “O direito à privacidade já desapareceu faz tempo no mundo em que vivemos” (l. 1-2), “Esse direito (...) são es-cassas” (l. 2-13) e “Desse modo (...) entretenimen-to legítimo” (l. 13-16).

2) As relações semânticas textuais seriam mantidas caso, na linha 1, o vocábulo “já” fosse deslocado para imediatamente antes da expressão “faz tem-po”.

3) A substituição de “continuemos” (l. 14) por “conti-nuamos” não prejudicaria a coesão e a correção textual.

4) Na linha 1, o emprego do sinal indicativo de crase em “à privacidade” deve-se à presença do subs-tantivo “direito”, cujo complemento deve ser intro-duzido pela preposição “a” e, como o núcleo desse complemento é um substantivo feminino determi-nado pelo artigo feminino a, este deve receber o acento grave.

5) O pronome “a” em “a esvaziou” (l. 14-15) retoma a expressão “a palavra escândalo” (l. 14) e exerce a função sintática de objeto.

6) Das ideias apresentadas no texto, depreende-se que, nas sociedades atuais, é tácito o rompimen-to da fronteira da privacidade, não mais havendo, portanto, o direito à impetração de ações na justiça sob a alegação de invasão de privacidade.

GABARITO: C, E, E, C, C, E.

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