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Agenda da apresentação Introdução Conceitos do sistemismo (esp. CESM) Regras metodológicas gerais Aplicação às teses de Divino e Rita Por que CESM Tempo de apresentação: 30 min Introdução ao sistemismo bungeano aplicado à engenharia do conhecimento Por: Vinícius Kern, para orientandos UFSC/EGC, 12.mar.2009, 18:30-19:00, Auditório 2 do LED/EGCLabs OBJETIVO: Apresentar os principais conceitos e diretrizes metodológicas do sistemismo bungeano com vistas à sua aplicação no delineamento de teses e dissertações no EGC.

Introdução ao sistemismo bungeano aplicado à engenharia do conhecimento

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Apresentação dos principais conceitos e diretrizes metodológicas do sistemismo bungeano com vistas à sua aplicação no delineamento de teses e dissertações no EGC/UFSC.

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Agenda da apresentação

Introdução Conceitos do sistemismo (esp. CESM)

Regras metodológicas gerais Aplicação às teses de Divino e Rita

Por que CESM

Tempo de apresentação: 30 min

Introdução ao sistemismo bungeano aplicado à engenharia do conhecimento

Por: Vinícius Kern, para orientandosUFSC/EGC, 12.mar.2009, 18:30-19:00, Auditório 2 do LED/EGCLabs

OBJETIVO: Apresentar os principais conceitos e diretrizes metodológicas do sistemismo bungeano com vistas à sua aplicação no delineamento de teses e dissertações no EGC.

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Introdução

• Sobre Mario Bunge• Físico e filósofo argentino-canadense (1919), autor do Treatise on

Basic Philosophy (1974-89, 8 volumes–2 sobre ontologia)

• Realista, sistemista, autor de Emergence and Convergence (2003)

• Criou a Universidad Obrera aos 18 aninhos (fechada por Perón)• Mais: Blog GrupoBunge, página na McGill, aulas filmadas em 1995,

kern.ispeople.org

• Bunge detonadetona• Obscuridade e verborragia (Heidegger, Husserl et al.)

• Pseudociência (astrologia, psicanálise...) e pós-modernismo

• Chutes malucos (Steven Pinker & friends) (mas admite chutes educados e dá exemplos)

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Introdução

• Bunge critica, questiona• Fenomenalismo ("explicações" baseadas em correlações em vez de

mecanismos)

• Rational choice theory (pelo viés individualista racional equivocado), hermenêutica/interpretativismo (por não ser falseável)...

• "Sistêmicos" (Bertallanffy & friends): são holistas

• Porque se negam a analisar, apenas sustentam que “tudo está conectado” e erram ao afirmar que não é possível explicar o todo a partir das partes (sem analisar, não dá, mesmo)

• Reducionismos

• Individualismo (microrredução). Virtude: tudo o que a ciência [micro-]reducionista produziu

• Holismo (macrorredução): Virtude: reconhecer o todo

O sistemismo bungeano nega e reconcilia os 2 reducionismos.

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Conceitos do sistemismo*

• Sistema: Objeto estruturado. Objeto complexo que tem propriedades que seus constituintes ou precursores não têm.

Caracterizações, tipologias, classificações de sistemas

• Quanto à dicotomia ideal/material:

• Sistema concreto: Tem energia, existência material.

• Sistema ideal ou abstrato: Não tem energia, é conceptual.

* Fonte principal: Emergence and convergence (2003)

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Conceitos do sistemismo

Tipologias (cont.)

• Tipologia não-classificatória (muitos sistemas aderem a vários desses tipos) para uma ontologia materialista emergentista:

• Natural: Sistema em que todos os componentes e ligações são naturais (i.e., pertencem à natureza, não são construídos). Exemplos: átomo, sistema nervoso.

• Social: Sistema composto por pessoas e possivelmente artefatos inanimados ou vivos. Exemplos: fazenda, família, fábrica.

• Técnico: Sistema construído por pessoas com conhecimento técnico. Exemplos: máquina, rede de TV, hospital high-tech.

• Conceptual: Sistema composto por conceitos. Exemplos: sistema hipotético-dedutivo (teoria*), sistema de equações.

• Semiótico: Composto por símbolos artificiais. Exemplos: língua, planta de engenharia.

* Note que a acepção de “teoria” neste exemplo é específica (teoria hipotético-dedutiva)

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Conceitos do sistemismo

Tipologias (cont.)

• Quanto ao caráter natural/artificial:

• Natural: (def. anterior: Sistema em que todos os componentes e ligações são naturais (i.e., não construídos). Exemplos: átomo, sistema nervoso.).

• Artificial: Sistema cujos componentes são fabricados (i.e., construídos).

• A classe de sistemas artificiais compreende os sistemas técnicos, conceptuais e semióticos, bem como as organizações sociais formais, tais como escolas, empresas e governos.

• Todas as línguas são artificiais.• O caráter “natural” atribuído às línguas surgidas “espontaneamente”

as diferencia das línguas projetadas (e.g., esperanto, interlingva), mas ainda assim elas são fabricadas.

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Conceitos do sistemismo

Modelo de um sistema : () = <C(σ), E(σ), S(σ), M(σ)>, onde:• Composição (composition): Coleção dos elementos que compõem o sistema.

• A coleção dos componentes que mantém ligação com itens do ambiente chama-se fronteira do sistema. [correção ao Emergence and convergence]

• Ambiente (environment): Coleção de itens que não são parte do sistema mas atuam ou recebem ação de componentes.

• Todos os sistemas, exceto o universo, têm um ambiente.

• Estrutura (structure): Coleção de ligações entre componentes e entre esses e itens do ambiente.

• As ligações são fundamentais para a auto-organização.

• Endoestrutura: Coleção das ligações entre componentes.

• Exoestrutura: Coleção das ligações dos componentes com itens do ambiente.

• Mecanismo (mechanism): Coleção de processos que geram mudança qualitativa no sistema, i.e., emergência.

• Apenas sistemas concretos têm mecanismo.

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Conceitos do sistemismo

• Modelo CESM reduzido abcd(σ) = <Ca(σ), Eb(σ), Sc(σ), Md(σ)>.

• O modelo CESM é simples, mas impraticável.

• Na prática, os modelos são construídos em certo nível a da composição, nível b do ambiente, nível c da estrutura e nível d do mecanismo.

• Exemplos de delineamento de nível da composição: composição atômica de uma molécula, composição celular de um órgão, composição individual de uma sociedade.

• Exemplo de delineamento da estrutura: ao conceber os componentes de um sistema social como pessoas, faz sentido limitar a endoestrutura a relações interpessoais (desprezando gravitacionais, elétricas etc.).

• Pode-se construir diferentes modelos de uma mesma sociedade variando os níveis abcd da análise para construir modelos de subsistemas (e.g., família, empresa, escola). Procedimento similar pode ser adotado em todos os campos do conhecimento.

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Regras metodológicas geraisBunge, M. (1997) Mechanism and explanation. Phil Soc Sci 27, p. 410-465.

O contexto é o das ciências sociais, mas vejamos o que rende para sistemas de informação e conhecimento, que são sociotecnológicos (numa visão interdisciplinar). Nas pp. 457-8 Bunge apresenta as “general methodological rules” do sistemismo (sublinhados meus):

• Ml Place every social fact into its wider context (or system).

• M2 Break down every system into its composition, environment, and structure.

• M3 Distinguish the various system levels and exhibit their relations.

• M4 Look for the mechanism(s) that keep(s) the system running or lead(s) to its decay or growth.

• M5 Make reasonably sure that the proposed mechanism is compatible with the known relevant laws and norms and, if possible, check the mechanismic hypothesis or theory by wiggling experimentally the variables concerned.

• M6 Ceteris paribus, prefer mechanismic (dynamical) to phenomenological (kinematical) hypotheses, theories, and explanations and in turn prefer such kinematical accounts to both equilibrium models and data summaries.

• M7 In case of system malfunction, examine all four possible sources - composition, environment, structure, and mechanism - and attempt to repair the system by altering some or all of them.

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Aplicação: proposta de tese (Divino)M1: Sistema: Rede de pesquisa (aplicada, modo 2, interdisciplinar)

M2:Composição: Pesquisadores seniores P e juniores J, técnicos T, estudantes de doutorado D,

estudantes de mestrado M, estudantes de graduação G

Ambiente: agências de fomento f, empresas e, escritórios e órgãos de propriedade intelectual p, infra-estrutura para pesquisa i, instituição(ões)-sede s, associados/parceiros (ex. labs, pesquisadores colaboradores) a, journals j, cultura (esp. da comunidade científico-tecnológica) c, leis, regras e normas (ex. regimentos institucionais, Lei de Inovação, avaliação da Capes) l

Estrutura: ENDO: liderança de rede e de projeto, compartilhamento de vocabulário e comunicação propriamente dita, co-autoria, depósito de registro/patente, orientação, tutoria, mentoria, subordinação funcional, EXO: financiamento a-P|J, contratação e-P|J, transferência de tecnologia e-P|J, lotação s-PJT, matrícula s-DMG, networking, submissão de proposta ou artigo, influência cultural, sujeição às normas, regulamentos e avaliações.

M3:Macrossistemas: sistema de avaliação da PG (Capes), sistema de fomento, sistema nacional

de inovaçãoMicrossistemas: Pesquisador (indivíduo), grupos de orientação

(Falta relacionar sistema a macro- e micronível, conjeturar mecanismo(s)... M3 a M7)

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Aplicação: proposta de tese (Rita)

M1: Sistema: Comunidade de Prática apoiadas por tecnologia

M2:Composição: Membros, moderador, ambiente CoP

Ambiente: Comunidade geral na qual a CoP está inserida (inclusive cultura e normas), infra-estrutura TIC

Estrutura: ENDO: autoria e leitura de mensagens, moderação, processamentos das mensagens pelo ambiente, uso das ferramentas do ambiente, EXO: links para fora da CoP, influência de e para a comunidade geral, technoliteracy (ligação emocional-cognitiva entre membros e infra TICs)

M3:Macrossistemas: Comunidade geral, webMicrossistemas: Cliques na CoP, algoritmos do ambiente CoP

(Falta relacionar sistema a macro- e micronível, conjeturar mecanismo(s)... M3 a M7)

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Por que/para que desenhar o modelo CESM em uma tese

• Estamos falando de pesquisa com fundamento em visão realista (existe uma realidade objetiva, externa ao sujeito)

• CESM é um modelo de sistema, uma ontologia de sistema

• Tudo o que existe é sistema ou componente de sistema (Bunge)

• Logo, se eu pesquiso coisas que existem, é melhor que eu saiba descrevê-las (e o modelo CESM oferece uma forma concisa e clara para faze-lo)

Benefícios da modelagem CESM

• Descrever o sistema em foco de forma clara e concisa (a falta disso é frequente e costuma dificultar a tarefa de compreender a partir da leitura da tese – requisito do texto científico – em vez de (tentar entender) após a leitura, coisa típica e válida na literatura (artística)).

• Explicar, defender com argumentos (necessariamente associados aos conceitos de C, E, S e M) a origem da idéia (tecnologia) proposta (pois a pergunta “De onde veio?” ou “Por que esta ‘boa idéia’?” costuma ser respondida (?) de forma pouco convincente, quando não com uma “cara de paisagem”)

• Criticar e priorizar com clareza (por exemplo, decidir qual próximo passo é o mais essencial a partir da visão sistemista; entender se o repertório de temas da revisão da literatura é adequado ou enviesado – considerando a visão sistemista)

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Obrigado!

Contato:

Vinícius Medina Kern

Pesquisador (Instituto Stela), professor (EGC/UFSC)

kern.ispeople.org, [email protected]