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PROFESSOR: SÉRGIO ROSA N° 3 Arcadismo, Interpretação e Gramática LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS OSG.: 41380/11 1. Vários poetas árcardes mineiros eram, também, inconfidentes, o que mostra que já àquela época germinavam: a) anseios libertários, presentes na famosa sátira de Tomás Antônio Gonzaga, as Cartas chilenas. b) anseios libertários, tal como se nota ao ler Suspiros poéticos e saudades, de Gonçalves de Magalhães. c) convicções abolicionistas, o que se percebe lendo os poemas declamatórios de Castro Alves. d) convicções republicanas, o que se percebe nas crônicas políticas do fim do século XIX. e) protestos contra a opressão dos nativos, tal como se vê em textos de José de Alencar e Gonçalves Dias. Texto I “É a vaidade, Fábio, nesta vida, Rosa, que da manhã lisonjeada, Púrpuras mil, com ambição dourada, Airosa rompe, arrasta presumida.” Texto II “Fatigado de calma se acolhia Junto o rebanho à sombra dos salgueiros; E o sol queimando os ásperos oiteiros, Com violência maior no campo ardia.” 2. A natureza, para os poetas ................., era fonte de símbolos (rosa, cristal, água) que transcediam do material para o espiritual (texto I); para os poetas ........................., era, sobretudo, o cenário idealizado, dentro do qual se podia ser feliz (texto II). a) românticos – parnasianos b) parnasianos – simbolistas c) arcádicos – românticos d) simbolistas – barrocos e) barrocos – arcádicos 3. “Se estou, Marília, contigo não tenho um leve cuidado; nem me lembra se são horas de levar à fonte o gado. Se vivo de ti distante, ao minuto, ao breve instante, finge um dia o meu desgosto; jamais, pastora, te vejo que em teu semblante composto não veja graça maior.” Pelas características da linguagem, da forma e do tema, é possível reconhecer a estrofe acima como fragmento de um poema: a) barroco. b) arcádico. c) simbolista. d) parnasiano. e) modernista. 4. Tanto na poesia satírica quanto na lírica, Tomás Antônio Gonzaga revelou-se um artista e um cidadão de seu tempo, pois: a) não poupa, na sátira, os corruptos conselheiros baianos, enquanto louva, no lirismo de outros versos, os encantos naturais das mulheres mineiras. b) a primeira parte de suas liras revela o ressentimento que nutria por sua amada pastora, ao passo que, na segunda parte, entrega-se de modo religioso à devoção daquele amor. c) nos sonetos satíricos, insurge-se contra a violência dos militares portugueses, e, nos poemas sentimentais, revela a permanência do barroquismo ao final do século XVIII. d) Marília de Dirceu é genuinamente uma obra romântica, enquanto que as Cartas chilenas são um manifesto patriótico de exaltação de nossos melhores valores. e) as Cartas chilenas têm o peso da indignação política, e Marília de Dirceu reflete a inclinação pela lírica bucólica e ilustrada. 5. Assinale (V) para verdadeiro e (F) para falso. ( ) A natureza, por ser a vida pastoril o ideal de felicidade no século XVIII, entra na poesia arcádica como tema central, impregnada dos sentimentos humanos, que ela reflete. ( ) A exuberante natureza tropical, impressionando a sensibilidade de brasileiros e portugueses, está presente na literatura brasileira dos séculos coloniais, com uma conotação ufanística. ( ) A natureza, no Arcadismo, é apenas um cenário impessoal, insensível e estereotipado, distante – com raras exceções – da realidade física brasileira. Texto III S. Paulo, 13-XI-42 Murilo São 23 horas e estou honestissimamente em casa, imagine! Mas é doença que me prende, irmão pequeno. Tomei com uma gripe na semana passada, depois, desensarado, com uma chuva, domingo último, e o resultado foi uma sinusitezinha infernal que me inutilizou mais esta semana toda. E eu com tanto trabalho! Faz quinze dias que não faço nada, com o desânimo de após-gripe, uma moleza invencível, e as dores e tratamento atrozes. Nesta noitinha de hoje me senti mais animado e andei trabalhandinho por aí. (...) Quanto a suas reservas a palavras do poema que lhe mandei, gostei da sua habilidade em pegar todos os casos “propositais”. Sim senhor, seu poeta, você até está ficando escritor e estilista. Você tem toda a razão de não gostar do “nariz furão”, de “comichona” etc. Mas lhe juro que o gosto consciente aí é da gente não gostar sensitivamente. As palavras são postas de propósito pra não gostar, devido à elevação declamatória do coral que precisa ser um bocado bárbara, brutal, insatisfatória e lancinante. Carece botar um pouco de insatisfação no prazer estético, não deixar a coisa muito bem-feitinha (...) De todas as palavras que você recusou só uma continua me desagradando “lar fechadinho”, em que o carinhoso do diminutivo é um desfalecimento no grandioso do coral. Mário de Andrade. Cartas a Murilo Miranda.

linguagens para o enem n 3

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Professor: sérgio rosa N° 3

Arcadismo, Interpretação e Gramática

Linguagens, Códigos e suas TeCnoLogias

OSG.: 41380/11

1. Váriospoetasárcardesmineiroseram,também,inconfidentes,o que mostra que já àquela época germinavam:a) anseios libertários, presentes na famosa sátira de Tomás

Antônio Gonzaga, as Cartas chilenas.b) anseios libertários, tal como se nota ao ler Suspiros poéticos

e saudades, de Gonçalves de Magalhães.c) convicções abolicionistas, o que se percebe lendo os poemas

declamatórios de Castro Alves.d) convicções republicanas, o que se percebe nas crônicas

políticasdofimdoséculoXIX.e) protestos contra a opressão dos nativos, tal como se vê em

textos de José de Alencar e Gonçalves Dias.

Texto I“É a vaidade, Fábio, nesta vida,Rosa, que da manhã lisonjeada,Púrpuras mil, com ambição dourada,Airosa rompe, arrasta presumida.”

Texto II“Fatigado de calma se acolhiaJunto o rebanho à sombra dos salgueiros;E o sol queimando os ásperos oiteiros,Com violência maior no campo ardia.”

2. A natureza, para os poetas ................., era fonte de símbolos (rosa, cristal, água) que transcediam do material para o espiritual (texto I); para os poetas ........................., era,sobretudo, o cenário idealizado, dentro do qual se podia ser feliz(textoII).a) românticos – parnasianosb) parnasianos – simbolistasc) arcádicos – românticosd) simbolistas – barrocose) barrocos – arcádicos

3.“Se estou, Marília, contigonão tenho um leve cuidado;nem me lembra se são horasde levar à fonte o gado.Se vivo de ti distante,ao minuto, ao breve instante,fingeumdiaomeudesgosto;jamais, pastora, te vejoque em teu semblante compostonão veja graça maior.”

Pelas características da linguagem, da forma e do tema, é possível reconhecer a estrofe acima como fragmento de um poema:a) barroco.b) arcádico.c) simbolista.d) parnasiano.e) modernista.

4. Tanto na poesia satírica quanto na lírica, Tomás Antônio Gonzaga revelou-se um artista e um cidadão de seu tempo, pois:a) não poupa, na sátira, os corruptos conselheiros baianos,

enquanto louva, no lirismo de outros versos, os encantos naturais das mulheres mineiras.

b) a primeira parte de suas liras revela o ressentimento que nutria por sua amada pastora, ao passo que, na segunda parte, entrega-se de modo religioso à devoção daquele amor.

c) nos sonetos satíricos, insurge-se contra a violência dos militares portugueses, e, nos poemas sentimentais, revela a permanênciadobarroquismoaofinaldoséculoXVIII.

d) Marília de Dirceu é genuinamente uma obra romântica, enquanto que as Cartas chilenas são um manifesto patriótico de exaltação de nossos melhores valores.

e) as Cartas chilenas têm o peso da indignação política, e Marília de Dirceurefleteainclinaçãopelalíricabucólicaeilustrada.

5. Assinale (V) para verdadeiro e (F) para falso.( ) A natureza, por ser a vida pastoril o ideal de felicidade

noséculoXVIII,entranapoesiaarcádicacomotemacentral, impregnada dos sentimentos humanos, que ela reflete.

( ) A exuberante natureza tropical, impressionando a sensibilidade de brasileiros e portugueses, está presente na literatura brasileira dos séculos coloniais, com uma conotação ufanística.

( ) A natureza, no Arcadismo, é apenas um cenário impessoal, insensível e estereotipado, distante – com raras exceções – da realidade física brasileira.

Texto IIIS.Paulo,13-XI-42Murilo

São 23 horas e estou honestissimamente em casa, imagine! Mas é doença que me prende, irmão pequeno. Tomei com uma gripe na semana passada, depois, desensarado, com uma chuva, domingo último, e o resultado foi uma sinusitezinha infernal que me inutilizou mais esta semana toda. E eu com tanto trabalho! Faz quinze dias que não faço nada, com o desânimo de após-gripe, uma moleza invencível, e as dores e tratamento atrozes. Nesta noitinha de hoje me senti mais animado e andei trabalhandinho por aí. (...)

Quanto a suas reservas a palavras do poema que lhe mandei, gostei da sua habilidade em pegar todos os casos “propositais”. Sim senhor, seu poeta, você até está ficandoescritor e estilista. Você tem toda a razão de não gostar do “nariz furão”, de “comichona” etc. Mas lhe juro que o gosto consciente aí é da gente não gostar sensitivamente. As palavras são postas de propósito pra não gostar, devido à elevação declamatória do coral que precisa ser um bocado bárbara, brutal, insatisfatória e lancinante. Carece botar um pouco de insatisfação no prazer estético, não deixar a coisa muito bem-feitinha (...) De todas as palavras que você recusou só uma continua me desagradando “lar fechadinho”, em que o carinhoso do diminutivo é um desfalecimento no grandioso do coral.

Mário de Andrade. Cartas a Murilo Miranda.

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arCadismo, inTerpreTação e gramáTiCa

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6. “... estou honestissimamente em casa, imagine! Mas é doença que me prende, irmão pequeno.”

No trecho acima, o termo destacado indica que o autor da carta pretende:a) revelar a acentuada sinceridade com que se dirige ao leitor.b) descrever o lugar onde é obrigado a ficar em razão da

doença.c) demarcar o tempo em que permanece impossibilitado de

sair.d) usar a doença como pretexto para sua voluntária inatividade.e) enfatizar sua forçada resignação com a permanência em

casa.

7. No texto, as palavras sinusitezinha e trabalhandinho exprimem, respectivamente:a) delicadeza e raiva.b) modéstia e desgosto.c) carinho e desdém.d) irritação e atenuação.e) euforia e ternura.

8. No trecho “... o gosto consciente aí é da gente não gostar sensitivamente.”, apresenta-se um jogo de ideias contrárias, que também ocorre em:a) “dores e tratamento atrozes”.b) “reservas a palavras do poema”.c) “insatisfação no prazer estético”.d) “a coisa muito bem-feitinha”.e) “o carinhoso do diminutivo”.

● Textoparaasquestões9 e 10.

Texto IV

Há muitas, quase infinitas, maneiras de ouvir música.Entretanto, as três mais frequentes distinguem-se pela tendência que em cada uma delas se torna dominante: ouvir com o corpo, ouvir emotivamente, ouvir intelectualmente.

Ouvir com o corpo é empregar no ato da escuta não apenas os ouvidos, mas a pele toda, que também vibra ao contato com o dado sonoro: é sentir em estado bruto. É bastante frequente, nesse estágio da escuta, que haja um impulso em direção ao ato de dançar.

Ouvir emotivamente, no fundo, não deixa de ser ouvir mais a si mesmo que propriamente a música. É usar da música a fimdequeeladesperteoureforcealgojálatenteemnósmesmos.Sai-se da sensação bruta e entra-se no campo dos sentimentos.

Ouvir intelectualmente é dar-se conta de que a música tem, como base, estrutura e forma. Referir-se à música a partir dessa perspectiva seria atentar para a materialidade de seu discurso: o que ele comporta, como seus elementos se estruturam, qual a forma alcançada nesse processo.

Adaptado de J. Jota de Moraes. O que é música.

9. DeacordocomotextoIV,quandoumatendênciadeouvirsetorna dominante, a audição musical:a) supõe a operação prévia da livre e consciente escolha de um

dos três modos de recepção.b) estabelece uma clara hierarquia entre as obras musicais, com

base no valor intrínseco de cada uma delas.c) privilegia determinado aspecto da obra musical, sem que

isso implique a exclusão de outros.d) ocorre de modo a propiciar uma combinação harmoniosa e

equilibrada dos três modos de recepção.e) subordina os modos de recepção aos diferentes propósitos

dos compositores.

10. Nesse texto, o primeito parágrafo e o conjunto dos demais articulam-se de modo a constituir, respectivamente:a) uma proposição e seu esclarecimento.b) um tema e suas variações.c) uma premissa e suas contradições.d) uma declaração e sua atenuação.e) um paradoxo e sua superação.

11. Em “... mirando sempre com os olhos cheios de espanto a lida dos heróis desconhecidos, cuja história é escrita, com a linguagem do amor, na toalha viva das águas...”, as palavras destacadasclassificam-se,respectivamente,como:a) Substantivo – substantivo – adjetivo – loc. adjetiva.b) Substantivo – adjetivo – adjetivo – loc. adjetiva.c) Verbo – adjetivo– verbo – loc. adjetiva.d) Verbo – substantivo – verbo – loc. adverbial.e) Substantivo – adjetivo – verbo – loc. adverbial.

12. Em “Direi umas boas verdades a ele.”, as palavras destacadas classificam-secomo:a) artigoindefinidoepronomepessoalreto.b) artigoindefinidoepronomeoblíquotônico.c) numeral adjetivo e pronome pessoal reto.d) numeral adjetivo e pronome oblíquo tônico.e) artigoindefinidoepronomeadjetivo.

13. Em “As pessoas bonitas dizem que os feios são infelizes.”, as palavras destacadas classificam-se, morfologicamente,como:a) adjetivo – adjetivo – adjetivo.b) substantivo – substantivo – substantivo.c) adjetivo – substantivo – adjetivo.d) substantivo – substantivo – adjetivo.e) adjetivo – substantivo – substantivo.

14. Em qual das alternativas a palavra que classifica-se,morfologicamente, como pronome relativo em todos os casos?a) Queria que vocês participassem das aulas e que

conseguissem boas notas.b) O automóvel que vendi é velho, mas o que comprei é novo.c) Gostaria de que vocês alcançassem a posição privilegiada

que eles alcançaram.d) Venha rápido, que eu tenho a pressa dos que habitam os

grandes centros.e) a e b estão corretas.

15. Em “A criança da capital gosta de televisão.”, a expressão destacadaclassifica-se,morfologicamente,como:a) locução adverbial.b) locução substantiva.c) locução adjetiva.d) preposição + adjetivo.e) locução prepositiva.

16.Em“Elesfizeramtudoàs claras.”, a expressão destacada é:a) umalocuçãoadjetiva,modificandoapalavratudo.b) umadvérbio,modificandooverbofazer.c) umalocuçãoadverbial,modificandoapalavratudo.d) umalocuçãoadverbial,modificandooverbofazer.e) umalocuçãoadjetiva,modificandooverbofazer.

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arCadismo, inTerpreTação e gramáTiCa

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OSG.: 41380/11Dig.: Vic. 01/02/11 / Rev.: AR

Anotações17.Em “Está claro que o jogo é uma profissão, emboracensurável, mas o homem que bebe jogando não tem juízo.”, a palavra que é, respectivamente:a) pronome relativo (sujeito), conjunção causal.b) conjunção causal, pronome relativo (sujeito).c) conjunção integrante, pronome relativo (sujeito).d) conjunção integrante, pronome relativo (objeto direto).e) conjunção concessiva, conjunção integrante.

18. Em “... e não é difícil antever o que poderá sair desse conúbio...”, a palavra destacada é:a) conjunção integrante.b) pronome relativo com função de objeto direto.c) pronome relativo com função de sujeito.d) pronome interrogativo com função de objeto direto.e) pronome interrogativo com função de sujeito.

19. Em “Nós somos os primeiros alunos da sala.”, as palavras destacadasclassificam-se,respectivamente,como:a) pronome adjetivo – numeral substantivo – locução

adverbial.b) pronome substantivo – numeral substantivo – locução

adjetiva.c) pronome adjetivo – numeral adjetivo – locução adjetiva.d) pronome substantivo – numeral adjetivo – locução adverbial.e) pronome substantivo – numeral adjetivo – locução adjetiva.

20. Em “Estudei as lições com interesse.”, a expressão destacada classifica-secomo:a) locução adverbial de modo.b) locução adjetiva.c) locução adverbial de interesse.d) locução verbal.e) locuçãoadberbialdefinalidade.

GABARITO – Nº 21 2 3 4 5 6 7 8c c a b e a b d9 10 11 12 13 14 15 16d c e c e a c b17 18 19 20c c b c