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Memórias Póstumas de Brás Cubas Machado de Assis

Memórias póstumas de Brás Cubas

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Page 1: Memórias póstumas de Brás Cubas

Memórias Póstumas de Brás Cubas

Machado de Assis

Page 2: Memórias póstumas de Brás Cubas

Psicologismo

Pessimismo

Ironia

Crítica dos costumes

Ruptura com a narrativa linear

Leitor incluso

O AUTOR

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"Vós, que o conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer comigo que a natureza parece estar

chorando a perda irreparável de um dos mais belos caracteres que tem honrado a humanidade.

(...)

Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe deixei.”

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Senão do livro

Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer; e, realmente,

expedir alguns magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai um pouco da

eternidade. Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica; vício

grave, e aliás ínfimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor.

Page 5: Memórias póstumas de Brás Cubas

• A descrições dos objetos se limitam ao funcional.

• O estilo culto > exige a compreensão do leitor.

• A interpolação de episódio > afasta-se do tema central.

• A metalinguagem.

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Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver

dedico como saudosa lembrança estas MEMÓRIAS PÓSTUMAS

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Foco narrativo: 1ª pessoa > defunto-autor.

• O romance tradicional é posto em elipse.

“A pena da galhofa e a tinta da melancolia”

A proposta da obra: a vida igual a zero.

Obs: A narrativa obedece aos vaivéns da memória do narrador.

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“Machado de Assis inventou o narrador que, estando morto, ironiza a si mesmo enquanto

conta a sua história.”

Daniel Piza

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Óbito do autor: o início pela morte.

• Velório

• Discurso

• Virgília

• A ideia fixa: o emplasto

• Curar a melancolia do mundo.

• vaidade – fama.

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“Agora, porém, que estou cá do outro lado da vida, posso confessar tudo: o que me influiu

principalmente foi o gosto de ver impressas nos jornais, mostradores, folhetos, esquinas, e enfim nas caixinhas do remédio, estas três palavras:

Emplasto Brás Cubas. Para que negá-lo?”

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O delírio: encontro com Pandora.• A origem dos séculos.• A caixa com os bens e os males do mundo.

• O Menino é pai do homem

• A infância: menino diabo.• O retrato da mãe e do pai.• Dr. Vilaça e Dona Eusébia.

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A crítica ao Romantismo

Ao cabo, era um lindo garção, lindo e audaz, que entrava na vida de botas e esporas, chicote na mão e sangue nas veias, cavalgando um corcel nervoso, rijo, veloz, como o corcel das antigas

baladas, que o romantismo foi buscar ao castelo medieval, para dar com eles nas ruas do nosso

século. O pior é que o estafaram a tal ponto, que foi preciso deitá-lo à margem, onde o realismo o veio achar, comido de lazeira e vermes, e, por compaixão, o transportou para os seus livros.

Page 13: Memórias póstumas de Brás Cubas

Marcela

“De todas porém a que me cativou logo foi uma... uma... não sei se diga; este livro é casto, ao

menos na intenção; na intenção é castíssimo.”

“Era boa moça, lépida, sem escrúpulos, um pouco tolhida pela austeridade do tempo, que lhe não

permitia arrastar pelas ruas os seus estouvamentos e berlindas; luxuosa, impaciente, amiga de dinheiro e de rapazes. Naquele ano, ela

morria de amores por um certo Xavier, sujeito abastado e tísico, - uma pérola.”

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“Via-a sair de uma cadeirinha, airosa e vistosa, um corpo esbelto, ondulante, um desgarre, alguma coisa que nunca achara nas mulheres puras.”

Uma reflexão imoral

“Bons joalheiros, que seria do amor se não fossem os vossos dixes e fiados? Um terço ou um quinto

do universal comércio dos corações.”

“...Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos réis; nada menos.”

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A viagem à Europa

•Faculdade de Direito.•Passeios.

•A volta ao Brasil

•A morte da mãe.•Reflexões sobre a vida e a morte.“Talvez espante ao leitor a franqueza com que lhe exponho e realço a minha mediocridade; advirta

que a franqueza é a primeira virtude de um defunto.

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O Período na Tijuca

• O encontro com Dona Eusébia: conhece Eugênia.

• O passeio na chácara e a descoberta.

• A borboleta preta > associação com o estado físico de Eugênia.

• A reflexão sobre as botas apertadas.

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O pior é que era coxa. Uns olhos tão lúcidos, uma boca tão fresca, uma compostura tão senhoril; e

coxa! Esse contraste faria suspeitar que a natureza é às vezes um imenso escárnio. Por que bonita, se coxa? por que coxa, se bonita? Tal era

a pergunta que eu vinha fazendo a mim mesmo ao voltar para casa, de noite, e não atinava com a

solução do enigma.

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Olha que os homens valem por diferentes modos, e que o mais seguro de todos é valer pela opinião dos outros homens. Não estragues as vantagens

da tua posição, os teus meios...”

Virgília e Lobo Neves > a promessa do título.

• O desgosto e a morte do pai.

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•Virgília Casada.

•O reencontro no baile (valsa –olhares).

•O pensamento de posse (É minha!)

•A moeda e o embrulho com 5 contos de réis.

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O encontro com Quincas Borba

• A teoria do Humanitismo.

• Uma filosofia que se adapta a todas as filosofias.

“A transformação do homem em objeto do homem, que é uma das maldições ligadas à falta de liberdade verdadeira,

econômica e espiritual.“(Antônio Cândido)

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Das negativas

Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto. Mais; não

padeci a morte de Dona Plácida, nem a semidemência do Quincas Borba.

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Somadas umas coisas e outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, e conseguintemente que sai quite com a vida. E

imaginará mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a

derradeira negativa deste capítulo de negativas: - Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado

da nossa miséria.