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Negativa de Crédito Não Gera Dever de Indenizar Consumidor

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A Empresa, dentro de sua política, pode negar crédito a consumidor, ainda que o mesmo não esteja negativado junto a órgãos de proteção.

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3/2/2014 ConJur - Negativa de concessão de crédito não gera dever de indenizar consumidor

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Texto publicado sábado, dia 1º de março de 2014

Negativa de crédito não gera dever de indenizarconsumidor

POR JOMAR MARTINS

A concessão de crédito configura prerrogativa do credor, que pode determinar as regrasde forma subjetiva. Ocorrendo o enquadramento do consumidor nos requisitosestabelecidos, o crédito é concedido. Caso contrário, pode ser negado, nãocaracterizando conduta ilícita, mas exercício regular de um direito, como prevê o artigo188, inciso I, do Código Civil.

Baseada nesse entendimento, a 6ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande doSul manteve, integralmente, sentença que negou pedido de indenização por dano moralmovido contra a TIM Celular. O consumidor queria reparação porque seu crédito não foiaprovado, em virtude de já ter sido cadastrado no Serviço de Proteção de Crédito poroutra operadora.

Nas duas instâncias da Justiça, entretanto, o autor da ação não conseguiu provar que arecusa de crédito tenha se dado de forma ofensiva ou discriminatória, a ponto de macularseus direitos de personalidade. Ou seja, a alegação não foi acompanhada por nenhumdepoimento a seu favor. Para o relator da Apelação, juiz convocado Niwton Carpes daSilva, o autor deu um "colorido especial" a uma situação normal do cotidiano, visando àobtenção de reparação pecuniária, situação que não se pode aceitar.

"O dano moral não pode estar no subjetivismo das pessoas, caso em que vira ‘loteria’ epassa ao perigoso campo das conjecturas e pessoalidades. Ao contrário, para ensejardano moral, deve ficar plasmado nos autos o sentimento de dor, desprezo, menoscabo,diminuição pessoal, sofrimento e um padecimento extraordinário capaz de levar a vítima aser ressarcida pecuniariamente por esse apequenamento", escreveu o relator. A decisãomonocrática foi tomada na sessão do dia 24 de fevereiro.

O casoNo dia 10 de junho de 2010, o autor se dirigiu a uma das lojas da TIM Celular em PassoFundo, a fim de aproveitar promoção largamente divulgada na imprensa. Sua intenção eracomprar um aparelho celular em um plano "pós-pago". A aprovação do negócio dependiade análise de crédito.

Após preencher o cadastro, ele foi informado pelo vendedor que a compra não seriaefetivada, em função de uma restrição de crédito. Surpreso com a negativa, o autor sedirigiu até o Serviço de Proteção de Crédito e tirou um extrato, que não apontou qualquerrestrição ao seu nome.

De posse do documento, retornou à loja da TIM para fechar a compra. No entanto, ovendedor insistiu na negativa, dizendo que este já tivera seu nome inscrito no SPC. Comisso, justificou o vendedor, era política da empresa não aceitar a contratação.

Sentindo-se abalado pelo fato, o autor ajuizou ação indenizatória de danos morais contraa empresa de telefonia, afirmando ter sido expulso da loja. Alegou que a única inscriçãonegativa que teve foi feita de forma indevida pela Brasil Telecom.

A sentençaO juiz de Direito João Marcelo Barbiero de Vargas, da 3ª Vara Cível daquela comarca,afirmou que o fato do autor não ter conseguido adquirir seu celular, em face de

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3/2/2014 ConJur - Negativa de concessão de crédito não gera dever de indenizar consumidor

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negativação errônea no SPC, não é suficiente para a caracterização do dano moral, já

que não atenta contra seus direitos de personalidade.

Ao contrário do que consta na inicial, rebateu o juiz, não houve nenhuma situação deconstrangimento ou mesmo vexame a qual tenha sido submetido o autor, decorrente danegativa de contratação. Assim, sem ilicitude, não se poderia cogitar de reparação moral.

"Em momento algum, [a prova que veio aos autos] evidencia que o funcionário da loja dademandada tenha exposto o autor a qualquer situação vexatória. Note-se que a própriaesposa do autor afirma que o vendedor sequer fez referência a eventual restriçãonegativa de crédito em nome do demandante e nem lhe tratou mal", escreveu nasentença.

No entendimento do magistrado, o fornecimento de crédito ou mesmo a contratação doserviço de telefonia móvel pós-paga não é uma obrigação da empresa, que pode se valerde seus critérios, desde que razoáveis, para aprovar ou não a contratação.

"O dano moral somente pode ser reconhecido se comprovado que o meio pelo qual acomunicação da recusa foi feita teve caráter ofensivo ou discriminatório à pessoa doconsumidor, situação não evidenciada no caso em apreço", registrou, julgandoimprocedente a ação indenizatória.

Clique aqui para ler a sentença.Clique aqui para ler o acórdão.

JOMAR MARTINS é correspondente da revista Consultor Jurídico no Rio Grande do Sul.